Clarice Lispetor

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CONGREGAO DE SANTA DOROTEIA DO BRASILFACULDADE FRASSINETTI DO RECIFECURSO: LETRAS PORTUGUS/ESPANHOL TURMA: 5 D

LITERATURA PERNAMBUCANA

LISPECTOR, Clarice. Laos de Famlia: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Alunos: Elba Bonifcio; Leandro Gonalo; Maria do Bom Despacho; Mirella Barbosa; Rebecca Alves; Victor Paixo.

IntroduoO presente trabalho tem como objetivo, realizar uma anlise de forma estrutural e reflexiva dos contos Amor e Uma galinha, ambos inseridos na obra Laos de Famlia da autora Clarice Lispector. Este livro composto por treze contos, nos quais a autora revela claramente uma literatura caracterizada pelos aspectos intimistas, introspectivos, sociais e principalmente o gosto de falar sobre temas feministas.

Contexto HistricoClarice Lispector nasceu na Ucrnia. Em 1924 a famlia se mudou para Recife. Clarice passa a frequentar o grupo escolar Joo Barbalho. Aos oito anos , perdeu a me. Trs anos depois, transferiu-se com seu pai e suas irms para o Rio de Janeiro.Em 1939 Clarice Lispector ingressou na faculdade de direito, formando-se em 1943. Trabalhou como redatora para a Agncia Nacional e como jornalista no jornal "A Noite". Casou-se em 1943 com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem viveria muitos anos fora do Brasil. Seu primeiro romance foi publicado em 1944, "Perto do Corao Selvagem.Separou-se de seu marido, radicou-se no Rio de Janeiro. Em 1960 publicou seu primeiro livro de contos, "Laos de Famlia", seguido de "A Legio Estrangeira..Reconhecida pelo pblico e pela crtica, em 1976 recebeu o prmio da Fundao Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto de sua obra.No ano seguinte publicou "A Hora da Estrela", seu ultimo romance, que foi adaptado para o cinema, em 1985.Clarice Lispector morreu de cncer, na vspera de seu aniversrio de 57 anos.

BiografiaObras Principais: Escreveu romances, contos, crnicas e literatura infanto-juvenil.

Prosa:Perto do corao selvagem Laos de famliaA paixo segundo GH A imitao da rosa A hora da estrelaA bela e a feraA descoberta do mundo

Livros infantis:O mistrio do coelhinho pensante A mulher que matou os peixes A vida ntima de Laura Quase de verdade Como nasceram as estrelas

Anlise do Conto AmorAna Personagem protagonista;Uma mulher com a rotina tpica de uma dona- de-casa de classe mdia burguesa;Casada e com () filhos, Ana vive uma vida sem grandes emoes.

No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir a raiz firme das coisas. E isso um lar perplexamente lhe dera. Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se estivesse inventando.O homem com quem casara era um homem verdadeiro, os filhos que tivera eram filhos verdadeiros( LISPECTOR, 1998,p. 20).

Personagensntima relao com o eu da personagem e as prticas scias relativas ao tempo o cotidiano o espao - o lar em que estas coisas se movimentam.

Saa ento para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da famlia revelia deles. Quando voltasse era o fim da tarde e as crianas vindas do colgio exigiam-na. Assim chegaria a noite, com sua tranqila vibrao. De manh acordaria aureolada pelos calmos deveres. Encontrava os mveis de novo empoeirados e sujos, como se voltassem arrependidos. Quanto a ela mesma, fazia obscuramente parte das razes negras e suaves do mundo. E alimentava anonimamente a vida. Estava bom assim. Assim ela o quisera e escolhera. (ibid, p.21)

O cotidiano da personagem AnaAna, em um determinado dia voltando para casa das compras se impressiona com um cego mastigando chicles.

Inclinada, olhava o cego profundamente, como se olha o que no nos v. Ele mascava goma na escurido. Sem sofrimento, com os olhos abertos. O movimento da mastigao fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir como se ele a tivesse insultado, Ana olhava-o. (ibid, p. 21, 22)

Ana x CegoDecomposio da vida de Ana;Desequilbrio interior;Fluxo da conscincia.

A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido; no sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranha msica, o mundo recomeava ao redor. O mal estava feito. Por qu? Teria esquecido de que havia cegos? A piedade a sufocava, Ana respirava pesadamente. Mesmo as coisas que existiam antes do acontecimento estavam agora de sobreaviso, tinham um ar mais hostil, perecvel... O mundo se tornara um mal estar. Vrios anos ruam, as gemas amarelas.(ibid, p. 22)

Momento EpifnicoCronolgico: A narrativa acontece em um dia;Espera o bonde na parada;Volta para casa depois das compras.

Tempo na narrativaO conto marcado por fatos psicolgicos, em que Ana realiza um dialogo consigo mesma.

Segundo Moiss (2004, p.309), no monlogo interior os pensamentos e os demais componentes psquicos so ainda captados como se estivessem fluindo na mente, antes de se transformar em fala deliberada.PsicolgicoQuando Ana pensou que havia crianas e homens grandes com fome, a nusea subiu-lhe garganta, como se ela estivesse grvida e abandonada. A moral do Jardim era outra. Agora que o cego a guiara at ele, estremecia nos primeiros passos de um mundo faiscante, sombrio, onde vitrias-rgias boiavam monstruosas. ( LISPECTOR, 1998, p. 25)Espao bem delimitado, sem tantas amplitudes.

Ambientes: 1 O bonde / 2 Jardim Botnico / 3 Casa da personagem.

Segundo Gancho (2006, p.27), O espao tem como funes principais situar as aes dos personagens e estabelecer com eles uma interao, quer influenciando suas atitudes, pensamentos ou emoes, quer sofrendo eventuais transformaes provocadas pelas personagens.

Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tric, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde comeou a andar. Recostou-se ento no banco procurando conforto, num suspiro de meia(LISPECTOR,1998,p.19).

EspaoAndando um pouco mais ao longo de uma sebe, atravessou os portes do Jardim Botnico. Andava pesadamente pela alameda central, entre os coqueiros. No havia ningum no Jardim. Depositou os embrulhos na terra, sentou-se no banco de um atalho e ali ficou muito tempo. (ibid, p. 24)

Abriu a porta de casa. A sala era grande, quadrada, as maanetas brilhavam limpas, os vidros da janela brilhavam, a lmpada brilhava que nova terra era essa? E por um instante a vida sadia que levara at agora pareceu-lhe um modo moralmente louco de viver. (ibid, p. 26)Anlise do Conto Uma Galinha

A Galinha

PERSONIFICAO: uma forma possvel de animismo, que resulta da atribuio de caractersticas prprias dos seres animados (humanos) a seres inanimados e animais; H caractersticas humanas presente na personagem;

A narrativa oscila entre a humanizao e a animalizao da galinha;

O conto Uma galinha, de Clarice Lispector, pode ser considerado um texto figurativo, no qual a figura da galinha, dos habitantes da casa e do espao da trama , so elementos concretos, isto , remetem a algo presente no mundo natural;

A galinha em sua figura simblica carrega traos femininos que de forma crtica faz meno ao contexto social da mulher na dcada de 60.

Personagens

CARACTERSTICAS HUMANAS PRESENTE NA PERSONAGEM

Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque no passava de nove horas da manh.Parecia calma.Desde sbado encolhera-se num canto da cozinha. No olhava para ningum, ningum olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferena, no souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio. Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vo, inchar o peito e, em dois ou trs lances, alcanar a murada do terrao.(...) e em breve estava no terrao do vizinho, de onde, em outro vo desajeitado, alcanou o telhado.

O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoar, vestiu radiante um calo de banho e resolveu seguir o itinerrio da galinha: em pulos cautelosos alcanou o telhado onde esta, hesitante e trmula, escolhia com urgncia outro rumo. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxlio de sua raa. O rapaz, porm, era um caador adormecido. E por mais intima que fosse a presa o grito de conquista havia soado. Sozinha no mundo, sem pai nem me, ela corria, arfava, muda, concentrada.

E ento parecia to livre. Estpida, tmida e livre . No vitoriosa como seria um galo em fuga. Que que havia nas suas vsceras que fazia dela um ser? A galinha um ser.

verdade que no se poderia contar com ela para nada. Nem ela prpria contava consigo, como. o galo cr na sua crista. Sua nica vantagem que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra to igual como se fora a mesma.

A galinha na figura da maternidade, representao simblica da passividade da mulher, privada a uma vida domstica, de procriao, sem possibilidades de tomar suas prprias decises.

(...) por uma asa atravs das telhas e pousada no cho da cozinha com certa violncia. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. (...) De pura afobao a galinha ps um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha me habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos.

Todos correram de novo cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta no era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, no era nada, era uma galinha. O que no sugeria nenhum sentimento especial.

A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terrao dos fundos, usando suas duas capacidades: a da apatia e a do sobressalto.

Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmes com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado s fmeas cantar, ela no cantaria mas ficaria muito mais contente.

At que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

TempoTodos correram de novo cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta no era nem suave nem arisca, nem alegre nem triste, no era nada, era uma galinha. O que no sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a me e a filha olhavam j h algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ningum acariciou uma cabea de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquido: Se voc mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida! Eu tambm! jurou a menina com ardor. A me, cansada, deu de ombros. CENA DIVISORA DE AGUASEspao27Portanto, a autora Clarice Lispector utiliza-se de uma linguagem simblica repleta de multissignificaes e criticidade de forma intimista para tratar de temas feministas. Nos contos analisados observamos claramente a figura da mulher como smbolo de resistncia e inquietude, defendo os ideias de liberdade igualitria. Assim, a autora com seu estilo singelo de escrever, narra os fatos de uma forma simples como a vida se apresenta.Consideraes finaisFIORIN, Jos Luiz.Elementos de anlise do discurso. So Paulo: Contexto/ EDUSP, 1990.GANCHO, Vilares Cndida. Como analisar narrativas. 9. ed. So Paulo: tica, 2006.LISPECTOR, Clarice. Laos de Famlia: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.MOISS, Massaud. Dicionrio de termos literrios. 12. ed. So Paulo: Cultrix, 2004.IMAGENS DA GALINHA:Uma animao de/Animated by: Rafael AflaloDisponvel em: < http://educacao.uol.com.br/biografias/clarice-lispector.jhtm > Acesso em: 09 maio. 2013.Disponvel em: < http://www.paralerepensar.com.br/c_lispector.htm> Acesso em: 09 maio. 2013.Referncias