7
CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO # 14 I Abril 2012 Newsletter Retail e Sales & Marketing CENÁRIO POSITIVO Há oportunidade de crescimento no mercado interno FUSÕES E AQUISIÇÕES NO VAREJO Quais as perspectivas e impactos no mercado de trabalho O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Como as novas tecnologias podem influenciar os hábitos de compra ENTREVISTA - “A falta de investimento no marketing é uma ilusão de curto prazo” Diretora da BR Foods fala sobre importância da atuação estratégica do profissional de marketing HOSPITALIDADE EM ALTA Setor impulsiona crescimento econômico do Brasil BRASIL

CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

  • Upload
    lydang

  • View
    218

  • Download
    4

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

# 14 I Abril 2012

Newsletter Retail e Sales & Marketing

CENÁRIO POSITIVOHá oportunidade de crescimento no mercado interno

FUSÕES E AQUISIÇÕES NO VAREJOQuais as perspectivas e impactos no mercado de trabalho

O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Como as novas tecnologias podem influenciar os hábitos de compra

ENTREVISTA - “A falta de investimento no marketing é uma ilusão de curto prazo”Diretora da BR Foods fala sobre importância da atuação estratégica do profissional de marketing

HOSPITALIDADE EM ALTASetor impulsiona crescimento econômico do Brasil

BRASIL

Page 2: CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

ASCENSÃO DA CLASSE C E INVESTIMENTO EM TECNOLOGIA PROVOCAM MUDANÇAS NO MERCADO DE VENDASO ambiente de negócios passa por um momento cauteloso diante da instabilidade econômica mundial. No Brasil, no entanto, o cenário é de otimismo. Esse bom momento tem como um de seus pilares o consumo interno e, por isso, o varejo é um dos setores que deve continuar crescendo. Para conquistar uma fatia maior no mercado e alavancar as margens, as organi-zações da área investirão ainda mais na expansão de suas atividades. De acordo com a projeção indicada pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), o setor deve regis-trar um crescimento médio de 7% neste ano.

A ascensão da classe C, a geração de emprego e renda, além da alta competitividade no mundo corporativo são alguns dos ingredientes impulsionadores do crescimento e da pro-fissionalização do setor. A tecnologia também provoca uma grande mudança na área. Até 2016, mais de 3 bilhões de pessoas passarão a usar a internet pelo mundo afora — hoje esse contingente é de aproximadamente 2 bilhões de usuários. Os dados são da consultoria The Boston Consulting Group (BCG).

O varejo brasileiro está amadurecendo, tornando-se mais versátil e aprendendo a usar tecnologia como aliada dos negócios. Com as novas mídias, as lojas inovam na comuni-cação com seus clientes, aumentando canais de venda e gerando cada vez mais comodi-dade para o consumidor. Hoje é possível ter acesso a uma vasta gama de produtos, nas mais variadas opções de cores, formas e preços, sem sair de casa. Já nas lojas, é possível testar combinações de roupas sem ao menos ter que prová-las.

Nesse contexto, as empresas buscam mais conhecimento para lidar com as mídias sociais e agregar valor à sua marca. A intenção é estreitar o contato com o cliente por meio desses canais, que permitem um modelo de consumo com resposta imediata e refinam a experiên-cia do consumidor no ato da compra.

A participação de fundos de investimentos no capital das empresas do varejo e a explora-ção de novos nichos, com atenção redobrada aos hábitos de consumo de todos os segmentos de público (idoso, jovem, masculino e feminino), são fenômenos que prometem se intensificar ainda mais neste cenário.

A mudança no varejo reflete-se também no perfil do profissional de vendas. Posiciona-mento adequado de marca, identificação de oportunidades de negócios, planeja-mento estratégico e inteligência de mercado, assim como a excelência na interface com os clientes, são práticas que devem constar na lista de competências. Além de todas essas características, é preciso saber utilizar as ferramentas disponíveis pelas novas tecnologias para inovar. Esse é o profissional que as empresas buscarão no mercado em 2012.

Amanda OliveiraGerente da prática de Marketing em São Paulo

[email protected]

Oshry VidalGerente de Sales & Retail em São Paulo

[email protected]

Adriana ViannaExpertise Leader de Sales & Marketing no Rio de [email protected]

Cesar RegoHead of Office da HAYS Curitiba

[email protected]

Rodrigo SoaresHead of Office da HAYS Campinas

[email protected]

A EQUIPE

Newsletter Sales & Marketing - #14 Abril 2012 02

Page 3: CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

FUSÕES E AQUISIÇÕES NO SETOR VAREJISTAPERSPECTIVAS E IMPACTOS

Com a elevação do consumo interno, a queda das margens de lucro e a alta competitividade (promovida pela entrada de capital estrangeiro), as fusões e aquisições passaram a ser determinantes para o ganho de escala e a manutenção dos resultados no varejo.

Embora as operações realizadas no Brasil atualmente apre-sentem um perfil multisetorial, segmentos varejistas se des-tacam no País. Para Oshry Vidal, gerente das expertises Hays Retail e Hays Sales em São Paulo, o setor supermercadista é um modelo de dinamismo: “O Walmart, por exemplo, é um player de peso no mercado americano e em 2004 adquiriu a rede de supermercados Bompreço no Nordeste e em 2005 o grupo Sonae no Sul, o que representou o aumento de sua penetração em diversas localidades brasileiras”, aponta.

Atentos à mudança do perfil do consumidor brasileiro, os supermercados aproveitaram o momento de sucesso das operações para investirem em produtos com marcas própri-as. “O segmento também apostou em lojas voltadas ao público ‘C’ e ‘D’, como o Dia%”, acrescenta Oshry.

O Pão de Açúcar também expandiu por meio de fusões e aquisições e captação de recursos externos. Em 2003 firmou uma parceria com o grupo Sendas a fim de conquistar con-sumidores no Rio de Janeiro. Em 2005, ampliou os termos de um acordo fechado em 1999 com o grupo francês Casino e recebeu injeção de capital estrangeiro para investimentos.

Newsletter HAYS Brasil - 13 Fevereiro 2012 10

Dois anos depois, criou uma joint venture com o Assai Ata-cadista e desde então opera com diversas marcas pelo País.

O Grupo Pão de Açúcar também controla atualmente as redes Ponto Frio e Casas Bahia, mostrando que os proces-sos de fusões e aquisições não estão concentrados apenas no varejo alimentar, como ressalta Rodrigo Vianna, diretor da HAYS em São Paulo. As indústrias da moda, cosméticos e farmacêutica também aderiram ao movimento. Transações envolvendo empresas como Arezzo, Riachuelo, Renner, Boticário, Drogasil e Drogaria São Paulo são alguns dos casos mais simbólicos do passado recente. “Magazine Luiza também é sinônimo de sucesso neste tipo de empreitada”, afirma Vianna.

Para o diretor da HAYS, estas operações não se limitam a compra e venda do controle acionário entre corporações. A formação de parcerias por meio de joint ventures e a presença de investidores do tipo Private Equity também se popularizaram ao longo do tempo.

De acordo com a percepção de Alessandro Cosin, sócio da Cosin Consulting (consultoria que oferece serviços terceiriza-dos para a viabilização de fusões e aquisições), o ano de 2012 não terá grandes transações no setor varejista quando comparado ao movimento registrado nos últimos cinco anos no Brasil. “Os processos devem ocorrer em organizações médias e provavelmente no mercado financeiro”, aposta.

Newsletter HAYS Brasil - 13 Fevereiro 2012 09

- O ano de 2011 foi marcado por 746 transações anunciadas de fusões e aquisições no País. Embora apresente número infe-rior a 2010 (redução de 6%), o movimento permanece aquecido no País, o que confirma uma menor sensibilidade frente às instabilidades e incertezas do mercado internacional;- Do total das transações anunciadas, 7% são originárias do setor de varejo;- Das transações anunciadas que ocorreram no Brasil, 73% foram realizadas na região Sudeste do País;- Grupos nacionais lideram as transações de compra de participação (controladora ou não). Os investidores nacionais foram responsáveis por 400 negócios;- Aquisições de controle predominam como modelo de negócio. Representam 56% das transações anunciadas em 2011;- O investidor tipo Private Equity quadriplicou nos últimos cinco anos a sua participação nas atividades de fusões e aquisições no País. Em 2011, o mesmo patamar do ano anterior foi mantido, 42%;- Do total de transações anunciadas, 36% tiveram o seu valor divulgado em 2011 e somam o corresponde a US$ 49,9 bilhões.

FUSÕES E AQUISIÇÕES EM 2011UM RETRATO DAS OPERAÇÕES NO BRASIL

Newsletter Sales & Marketing - #14 Abril 2012 03

Page 4: CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

IMPACTOS NO MERCADO DE TRABALHOFusões e aquisições podem interferir na geração de novas oportunidades de trabalho e também no ambiente e políti-cas das empresas em questão. Garantir a sinergia entre as culturas de cada companhia é um dos desafios durante esse processo.

Para Alessandro Cosin, sócio da Cosin Consulting, a opera-ção pode ser conturbada se não houver planejamento. A compra ou a venda de uma organização não é repentina e entre os sinais emitidos dentro da própria empresa, o anúncio da operação e a sua concreti-zação há um caminho a ser percorrido. “O quadro funcional, se bem preparado pela liderança e orientado de forma transparente, pode vir a enfrentar todos os desafios com muita serenidade e maturidade”, diz. O executivo aponta ainda que o turn over mais intenso, na maioria das vezes, ocorre antes mesmo do anúncio da fusão ou aquisição, pois muitos profissionais ficam receosos com o que lhes reserva o futuro e optam por mudar de emprego. “O funcionário deve tentar compreender que uma fusão ou aquisição pode representar excelentes

perspectivas de crescimento na carreira a médio ou longo prazo”, completa ele.

Quanto aos conflitos culturais, Cosin é enfático ao afirmar que cada processo tem características próprias. “Acompa-nhamos algumas transações em que prevaleceu a cultura do comprador e outras em que o melhor de cada uma perma-neceu. No varejo percebemos que este conflito é menos intenso porque cada loja já opera sob a cultura do servir, at-ender bem e ter foco na produtividade. Com deci-sões muito centralizadas, na matriz pode surgir algum tipo de atrito”.

Para Rodrigo Vianna, diretor da HAYS, nas operações cujo principal comprador é um fundo de investimento, uma nova cultura tende a ser criada. Segundo ele, os fundos não trazem no DNA valo-res enraizados. “Muitos varejistas têm uma origem familiar, o que torna esse entendimento mais complexo. No entanto, já começamos a observar a busca pela profissionalização e pela rentabilidade, mesmo por parte das estruturas mais tradicionais”, aponta.

O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E O FUTURO DO VAREJOA popularização da banda larga, smartphones e tablets e a grande afinidade dos brasileiros com as mídias sociais aumentou a interação dos consumidores com marcas e produtos. O mercado de varejo busca soluções inovadoras em plataformas interativas ou digitais para acompanhar o movimento e não perder oportunidades de negócio como promoções online e aplicativos que fidelizam o cliente. Mas o mercado indica que é preciso ir além, investir em inovação e agir rápido para cativar o cliente.

Rodrigo Vianna percebe a influência da cultura digital no varejo: “As redes sociais são hoje formadoras de opinião, inclusive no que tange ao consumo. Além da troca de informações sobre a qualidade dos produtos e preços, o usuário das redes também está mais sensível às opiniões emitidas por outros internautas”. Segundo o executivo, além das ações de marketing em Twitter e Facebook, iniciativas sustentáveis das empresas também despertam atenção dos consumidores.

Outro aspecto estratégico que não pode ser esquecido é a compra online, que deve ter meios de pagamento facilitados - um trabalho a ser feito ainda por algumas organizações. Para Oshry Vidal, gerente das práticas de varejo e vendas da HAYS em São Paulo, o investimento em e-commerce tende a se tornar prioritário para grande parte das redes de varejo. O foco na satisfação do cliente, cada vez mais acostumado com a praticidade e economia da compra pela internet, deve se multiplicar. “A compra online é, a princípio, vantajosa para as duas partes. Para a loja, simplifica e barateia a operação na cadeia logística. Já para o cliente, representa economia de tempo e mobilidade”, explica.

O investimento em recursos digitais e interativos vai além do e-commerce, já que os pontos de venda físicos não podem ser esquecidos. Há muito espaço para incrementar o con-tato visual com o produto e a relação interpessoal com o vendedor. “O que muda é a experiência que o consumidor

LEVI’S INOVAÇÃO MARCA HISTÓRIA NO MUNDO DA MODAA Levi’s está utilizando novas ferramentas no relacionamento de seu ícone, a calça jeans, com seus clientes. Algumas lojas da empresa já disponibilizam iPads para que o comprador pesquise mais informações sobre os produtos e tenha acesso a projetos musicais por meio de uma rádio online. Outro exemplo de inovação da marca é o jeans chamado “Curve ID”, que promete um ajuste adequado aos diferentes tipos de corpo. Isso acontece por meio de um sistema de medi-das que pode ser feito nas lojas ou online. Nos dois casos, o Facebook é usado para agendar a medição, realizar as per-guntas que ajudam a descobrir a curva do corpo e também a divulgar fotos na rede social. “Buscamos sempre oferecer ao consumidor uma experiência completa”, afirma Mauricio Busin, diretor de marketing da Levi’s LATAM.

pode vivenciar nestes locais, proporcionada por microchips, sensores, dispositivos eletrônicos. A interação adequada e a maior agilidade no atendimento também podem ser fatores de encantamento”, destaca Oshry.

Nesse contexto, o perfil do profissional de vendas deve as-sumir novos contornos, aponta Adriana Vianna, Expertise Leader das áreas de Sales & Marketing. “A figura do colabo-rador é essencial para toda a cadeia do varejo e o que muda neste novo cenário diz respeito à qualificação e atualização. As oportunidades de crescimento não devem desaparecer em função das inovações tecnológicas porque nada substi-tuirá em definitivo o relacionamento cara a cara”, diz.

Page 5: CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

Newsletter HAYS Brasil - 13 Fevereiro 2012 10

Luciane Matiello é formada em Engenharia Eletrônica e Administração de empresas com ênfase em Finanças. Trabalhou em empresas multinacionais de grande porte do mercado de consumo como Unilever e KraftFoods, atuou na Nokia por cinco anos e, desde 2010, está na BRF-Brasilfoods.

Quando a empresa enfrenta uma instabilidade financeira ou incertezas em função da economia mundial, é natural que alguns projetos e gastos sejam cortados ou engavetados. É nesse momento que setores como marketing precisam mostrar resiliência, visão ampla e comprometimento com os resultados do negócio. Luciane Matiello, diretora de marketing da BR Foods, fala em entrevista à HAYS sobre o profissional de marketing com essa visão estratégica e quais características são valorizadas pelo mercado de trabalho.

HAYS: Em que momento o profissional de marketing se faz mais necessário para a empresa?

Luciane Matiello: O profissional de marketing completo se faz necessário em todos os momentos de uma empresa, esteja ela em uma fase de start up, maturidade ou até de turn around. Não importa se a empresa é nacional ou multinacional, o que muda são suas ações estratégicas e táticas e não a sua relevância ao negócio.

HAYS: Como em outras áreas, é importante para o profissional de marketing conhecer as estratégias da empresa e o mercado em que ela está inserida. Como você percebe esse diferencial hoje no mercado?

“A FALTA DE INVESTIMENTO NO MARKETING É UMA ILUSÃO DE CURTO PRAZO”Diretora de marketing da BR Foods fala sobre as estratégias usadas para resistir a crises ou cortes e trazer resultados.

Luciane Matiello: O profissional de marketing tem que ter por obrigação a capacidade de se manifestar com alguma propriedade sobre todos os assuntos relacionados ao business que ele gerencia, desde a originação das matérias primas, passando pela cadeia de produção e distribuição e pela atuação no pondo de venda. Esse é o seu diferencial: enquanto ele consegue transitar em todas as áreas, ainda tem o domínio do conhecimento do consumidor final e o seu relacionamento com o produto. Tudo isso com bases sólidas de entendimento do P&L do negócio.

HAYS: Você pode citar estratégias inovadoras, e não necessariamente com alto custo, do marketing que trouxeram excelentes resultados para a empresa durante sua carreira?

Luciane Matiello: Eu já tive a oportunidade de participar de empresas em diferentes fases e todas foram gratificantes, mas gostaria de ressaltar dois exemplos. O primeiro é o lançamento de Bis Branco LAKA: a marca Bis era e é extremamente consolidada no mercado de chocolates, com altíssima penetração. No entanto, existia o paradigma que não havia nenhuma oportunidade de inovação, pois na cabeça do consumidor não seria viável uma extensão de linha. Após algumas pesquisas quantitativas e qualitativas, porém, não só se mostrou um ganho para a marca o lançamento de um novo sabor em termos de vendas, pois aumentou o volume médio comprado, como trouxe modernidade para a marca. O outro exemplo foi a campanha de lançamento do primeiro celular de música da Nokia. O filme era desenvolvido globalmente, mas em teste no Brasil teve grande rejeição. Como o País não tinha autorização para criar um novo filme, conseguimos autorização para trabalhar com as imagens brutas da filmagem e reeditar o material. Além disso, propusemos estratégias de mídia inovadoras que

Newsletter Sales & Marketing - #14 Abril 2012 05

Page 6: CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

geraram resultados fantásticos: celular líder no segmento de MusicPhones, primeiro em importância do faturamento, prêmio de melhor campanha de revista (quando juntamos páginas da Veja e da Veja SP para materializar o conceito “A música nos conecta”) e prêmio de campanha mais inovadora em canal pago.

HAYS: Quais os maiores riscos que uma empresa pode correr quando deixa de investir no setor de marketing?

Luciane Matiello: A falta de investimento no Marketing é uma ilusão de curto prazo. Pode até proporcionar um saving financeiro para compor alguma necessidade de imediato e, neste cenário, o investimento passa a ser considerado apenas um “gasto”. Isso difere totalmente do conceito original que é o de investir para poder gerar e agregar valor a médio e longo prazo. Os investimentos em marketing devem ser canalizados para diferenciar as marcas e seus produtos, trazendo vínculos com o consumidor que passa a considerá-los acima de variáveis puramente racionais (como o preço), conseguindo manter uma competitividade de longo prazo no mercado.

HAYS: Pesquisa da Amcham (Câmara Americana de

Comércio) aponta que só 24% das empresas estão satisfeitas com as métricas usadas para estimar os resultados de seus investimentos em marketing. Você acredita que essa dificuldade de mensurar os resultados contribui para a fragilidade do setor frente ao board das empresas?

Luciane Matiello: Claramente, em momentos de crise ou instabilidade, todo e qualquer suporte ao negócio que não traga resultados de curto prazo fica mais ameaçado e isso passa não só por marketing, mas em áreas como RH, IT etc. No entanto, cabe ao profissional trabalhar com argumentos racionais em suas propostas, tentando minimizar os “achismos” e propor ações que consigam trabalhar conceito e volume para manter sua marca na cabeça do consumidor. Além disso, algumas metodologias de projeção de mercado já conseguem considerar o impacto dos investimentos em marketing de uma maneira pragmática, mensurando os impactos diretos na performance da marca e também no crescimento de mercado. Além disso, as novas ferramentas digitais de comunicação permitem acompanhamentos praticamente em tempo real do comportamento do consumidor e as suas respostas aos estímulos da comunicação.

PERFIL DO PROFISSIONAL DE MARKETINGQuem busca desenvolver uma longa carreira na área de marketing, deve buscar mais informações sobre as atividades desse profissional e olhar para o que o mercado deseja. “O grande equívoco é que muitos não conhecem detalhadamente o ‘guarda-chuva’ de marketing e as inúmeras possibilidades de desenvolvimento profissional oferecidas. O setor não é calcado apenas em criação e branding”, alerta Amanda Oliveira, gerente da prática de Marketing em São Paulo.

Adriana Vianna, Expertise Leader de Sales & Marketing no Rio de Janei-ro, dá uma dica importante para os mais jovens que desejam ingressar neste universo: empregar tempo e dedicação para atingir a qualificação adequada. “Geralmente as movimentações para novas posições ou para ascensão de cargo são realizadas dentro da própria corporação em que estão empregados”, explica.

Perfil estratégico e sinergia com as áreas comerciais são características exigidas pelas companhias hoje em dia. “O profissional de marketing deve ser multidisciplinar. Só obtêm sucesso aquele que possui uma história para contar e que consegue pensar ‘fora da caixa’. Maturidade só se constrói com uma trajetória de trabalho consistente e realista”, defende Adriana Vianna.

Newsletter Sales & Marketing - #14 Abril 2012 06

Page 7: CLASSE C E TECNOLOGIA MUDAM O MERCADO

HOSPITALIDADE IMPULSIONA CRESCIMENTO ECONÔMICO DO BRASILO Brasil possui em torno de 5,5 mil meios de hospedagem entre hotéis, flats, pousadas, apart-hotéis e outros. Cerca de 50% deles estão no Estado de São Paulo e somam um faturamento anual de aproximadamente R$ 7 bilhões ao ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Ho-téis (ABIH). Com todo este potencial de mercado, especia-listas acreditam que esse é o momento para o setor focar em qualidade do serviço.

O cenário de hospitalidade no Brasil é otimista e deve cres-cer significantemente até 2016. “Isso se deve não somente pelos eventos esportivos, mas principalmente em decorrên-cia da alta demanda. O País é referência de turismo de negó-cios”, analisa Bruno Omori, presidente da ABIH.

Para o gerente da filial da HAYS em Campinas, Rodrigo Soares, o foco em turismo de negócios deve sair do circuito Rio - São Paulo, que já é bastante desenvolvido. “O investi-mento deve escoar para outras regiões do Brasil que pegam carona no estabelecimento de grandes corporações, como o interior de São Paulo e o Sul”, diz.

Na rede hoteleira, a maior demanda é percebida em cargos de gerente de hospedagem, recreação, eventos, lazer e ali-mentos e bebidas. Para atração e retenção dos profissionais, muitos hotéis já estão investindo em treinamentos e parceri-as com escolas técnicas e organizações não governamentais. “A abordagem de profissionais vindos de outros segmentos ou que já atuam com hospitalidade no exterior continuam sendo estratégias para suprir às necessidades do mercado”, expõe Adriana Vianna, Expertise Leader das áreas de Sales &

Marketing no Rio de Janeiro.

Hospitalidade além dos hotéisÉ importante lembrar que o mercado de hospitalidade não considera apenas a expansão de redes hoteleiras. A previsão é que nos próximos quatro anos cerca de 120 mil novas va-gas sejam abertas em hotéis, bares, restaurantes, entreteni-mento, cultura e clubes. O número inclui oportunidades de trabalho para todos os níveis hierárquicos e já há escassez de mão de obra especializada para atuar no setor: os profis-sionais devem ter, além de formação técnica, o domínio de idiomas como inglês e espanhol.

Formação e treinamentoA Faculdade de Tecnologia em Hotelaria, Gastronomia e Turismo (Hotec) forma em média 100 alunos por ano com habilidades e competências para assumirem cargos operaci-onais e de gestão em hotéis. De acordo com o coordenador William Ladeia, a instituição tem recebido um retorno de ex-alunos para complementar a formação com cursos de aperfeiçoamento. “O mercado oferece melhores posições para quem faz atualização constante na área”, diz.

Ainda como parte deste movimento de capacitação, o Rio Centro, um dos principais espaços de eventos do Rio de Ja-neiro, deve inaugurar um hotel escola com 350 apartamen-tos até 2013. “O objetivo é ampliar a quantidade de quartos na cidade não só para os Jogos Olímpicos de 2016, como também para atender a demanda de encontros corporativos que já acontecem com intensidade na cidade”, observa Rodrigo Soares.

Fabrício Muzzio, Diretor de Investimentos da Brazil Hospi-ta-lity Group (BHG), terceira maior rede hoteleira do Brasil, fala sobre perspectivas e desafios do setor de hospitali-dade no Brasil.

HAYS: Como a BHG avalia o setor de hospitalidade bra-sileiro? Fabrício Muzzio: A BHG enxerga no momento uma oportu-nidade para consolidação. Os hotéis do País ainda são, em grande parte, negócios familiares, com administração pouco profissional e sem afiliação a redes ou bandeiras (nacionais ou internacionais). Para a rede, que atualmente tem acesso a capital e alinhamentos estratégicos com uma rede/bandeira internacional (Golden Tulip), o mercado está pronto para esta transição. HAYS: Existem investimentos específicos sendo realizados pela BHG com foco nos grandes eventos esportivos espera-dos para os próximos quatro anos?Fabrício Muzzio: Nosso modelo de negócio, e mais es-pecificamente de crescimento, não depende da Copa do Mundo de 2014 ou dos Jogos Olímpicos de 2016. O Brasil

COM BOAS PERSPECTIVAS DE CRESCIMENTO, REDE BHG INVESTE NA FORMAÇÃO DE SEUS COLABORADORES

está passando por uma fase de expansão em vários setores, entre eles óleo e gás, agribusiness, construção civil e infra-estrutura. Nossos empreendimentos estão ligados a este crescimento e escolhemos projetos próximos a pólos que estão recebendo investimentos nestas áreas. HAYS: Vocês estão sentindo dificuldade para recrutar mão de obra especializada? Fabrício Muzzio: Sim, o apagão de talentos é uma realidade na hotelaria. Hoje não disputamos bons profissionais apenas com outros hotéis, mas também com outras indústrias. O mercado de trabalho no Brasil está muito aquecido.

HAYS: Conte um pouco sobre o projeto “Hotel Escola” e seus principais objetivos.Fabrício Muzzio: O “Hotel Escola” é uma ferramenta que a BHG criou para preparar internamente os seus colaborado-res, tendo em vista as dificuldades de encontrar profissionais já preparados no mercado. Nesta estrutura, instalada no Hotel Golden Tulip Belas Artes em São Paulo, realizamos diversos programas de capacitação e workshops para todos os níveis hierárquicos de profissionais da rede.

Newsletter Sales & Marketing - #14 Abril 2012 07