Classificação de Solos e seu emprego Agrícola e Não Agrícola

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  • 8/3/2019 Classificao de Solos e seu emprego Agrcola e No Agrcola

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    CLASSIFICAO DE SOLOS E SEU EMPREGO AGRCOLA E NO AGRCOLA.

    Joo Bertoldo de Oliveira1

    1. Apreciaes gerais

    A histria da humanidade mostra que o homem sempre conviveu intimamente com osolo, inicialmente colhendo frutos atravs de prticas extrativistas, e, com o passar do tempo,como agricultor, pecuarista, silvicultor. Desde pocas remotas ele aprendeu tambm a usar osolo para cermica, para vidraria e como material para construo. Mais recentemente, o solo passou a representar para o homem no apenas um constituinte do meio fsico no qual elepratica a agricultura, a pecuria, o florestamento ou o usa como material para fins artsticos(cermica...) ou como material de construo, mas tambm como substrato para obras deengenharia civil e sanitria, e ainda como reas de lazer: campos de golfe, " camping", etc.

    Ao longo do tempo o homem tambm percebeu que os solos variavam bastante napaisagem e se comportavam de maneira muito diversa segundo o uso a que se destinavam.Isso levou-o a agrupar os solos em classes semelhantes. Assim, ele empiricamente separava ossolos secos dos solos midos, os solos pobres (fracos) dos solos ricos (terra gorda), os solosleves (arenosos) dos solos pesados (argilosos e esmectticos) e para facilitar a transmisso deseu conhecimento, cunhou nomes de classes: Massap, Salmoro, Sangue de tatu, Terraroxa......

    O entendimento de Dokuchaev nos idos de 1883 de que os solos eram corpos naturaisindependentes, cada qual com uma morfologia nica, resultante da ao combinada do relevo,do material de origem, dos organismos, do clima e do tempo foi um conceito revolucionrio e

    que tornou possvel a cincia do solo, e consequentemente o surgimento das classificaes desolos ditas pedolgicas.

    O homem (e em especial os pedlogos) percebeu que das mais diversas combinaesde efeitos daqueles fatores de formao resultava uma multido de solos diferenciados na paisagem, com comportamentos particularizados, e que, o entendimento das relaesexistentes entre eles, requeria que fossem agrupados em classes homogneas. A necessidadede classific-los tornou-se evidente.

    Qualquer classificao de solos um espelho que reflete os conhecimentos existentesna poca. Assim, desde as classificaes de Whitney estabelecida em 1903 at o Soil

    Taxonomy, verso 1999 (Estados Unidos, 1999), enormes progressos foram feitos naconcepo das classes estabelecidas nos Estados Unidos, para citar o pas ocidental onde ataxonomia sempre foi objeto de muito interesse. Entre ns tambm, pode-se ressaltar assignificativas diferenas existentes entre o " Segundo esboo parcial de classificao de solosbrasileiros" de Bennema & Camargo (1964) e o recentemente publicado Sistema Brasileiro deClassificao de Solos (1999).

    1 Pesquisador voluntrio de Instituto Agronmico de Campinas, professor credenciado na FEAGRI/UNICAMP,membro do Comit Executivo do Sistema Brasileiro de Classificao de solos, bolsista do CNPq.

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    A classificao dos solos mostrou-se muito til pois permite entre outros aspectos: a)entender as relaes entre os indivduos, b) relembrar propriedades dos objetos classificados,c) predizer o comportamento dos indivduos, d) identificar o melhor uso do solo em um

    determinado lugar para um determinado uso, e) estimar a produtividade de um talho, e)prover temas para pesquisa, f) extrapolar dados de pesquisa ou de observaes, g) facilitar acomunicao. Mas, a classificao de solos por si s no tem significado. Ela porm, torna-seextremamente importante quando empregada para identificar a ocorrncia de solos na paisagem, como por exemplo, nos mapas pedolgicos. Nesses, fica estabelecida a ligaodireta entre a legenda (classes de solos) e os delineamentos do mapa. A legenda faz a ponteentre as classes de solos referidas a um determinado sistema de classificao criadosubjetivamente pelo homem (solo conceito) e os delineamentos contidos no mapa, cada umdeles representando uma rea contendo um (ou mais) solo real existente na paisagem (figura1), sobre o qual o homem atua atravs da agricultura, pecuria, silvicultura ou atravs de obrasde engenharia civil e sanitria ou mesmo como reas de lazer, etc (figura 2). Portanto, ao se

    fazer a leitura dos mapas pedolgicos, est-se partindo da classificao (legenda) para sechegar ao solo real contido nos delineamentos. O termo VERTISSOLO CROMADO Slicoglico soldico, por exemplo contido em uma legenda, est indicando a presena de solos reaiscontidos em um delineamento (poro da paisagem) e que apresentam implicitamente umdeterminado comportamento regido pelas qualidades e limitaes inerentes eles edecorrentes da composio e espessura de cada um de seus horizontes. No caso a simplesdenominao VERTISSOLO CROMADO Slico glico soldico, implica entre muitos outrosaspectos, na presena de solo muito plstico, muito pegajoso, muito coeso, difcil de ser preparado para o plantio, com grande capacidade de expanso e contrao, com baixacondutividade hidrulica saturada, provavelmente no muito profundo, com elevadaconcentrao de sais, muito corrosivo, com drenagem interna imperfeita, com elevada

    saturao em sdio. A semntica contida na denominao do solo j traz, portanto, em simesma, a indicao de uma srie de atributos que se refletem em seu comportamento.Depreende-se ento que quanto mais familiarizado com um sistema de classificao estiverum profissional que utiliza os mapas pedolgicos, mais facilmente ele poder entender arelao legenda-delineamentos e consequentemente melhor desempenhar sua misso.

    Figura 1. Relao entre o solo real (cobertura pedolgica) e o solo conceito (horizontes eatributos de diagnstico/legenda).

    Figura 2. O solo um corpo real da paisagem oqual o homem utiliza para variados fins:agricultura, pecuria, construes, como agente

    depurador, etc.

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    Historicamente, as classificaes de solos sempre estiveram intimamente ligadas ao usoagrcola da terra, pois elas foram inicialmente estabelecidas para tais fins. No quadro 1 soapresentados alguns atributos diagnsticos de grande interesse agrcola empregados em

    sistemas de classificao. .

    Quadro 1. Alguns atributos e horizontes de diagnsticos usados em sistemas declassificao de solos e com grande significado agronmico.

    Atributo SignificadoSaturao por bases Solos ricos (eutrficos) e pobres

    (distrficos)Carter alumnico; carter lico Toxicidade Al3+Atividade da frao argila Poder tampo do solo; preparo do solos

    para plantioCarter crico Baixssima CTC; preparo do solos para

    plantioContato ltico Profundidade efetivaCarter sdico e soldico Na+ trocvel em excessoCarter slico e salino Sais em excessoCarter carbontico e com

    carbonatoIndisponibilidade micronutrientes

    Materiais sulfdricos ehorizonte sulfrico

    PH < 3,5

    Minerais facilmenteintemperizveis

    Disponibilidade "potencial" de nutrientes.

    Mudana textural abrupta ErodibilidadeDurip Profundidade efetivaCaractersticas vrticas.

    Horizonte vrticoElevada CTC; preparo do solos para plantio

    Horizonte glei Ambiente redutorHorizonte litoplntico Profundidade efetiva

    Vrios dos atributos e horizontes de diagnstico tradicionalmente empregados emsistemas de classificao tem tambm interesse no agrcola, da o reconhecimento cada vezmais generalizado da grande importncia que a classificao pedolgica, e por extenso, os

    mapas de solos, tem para outros usos do solo que no apenas o agrco-silvo-pastoril.Alguns atributos diagnsticos so particularmente importantes devido o amplo espectro

    de correlaes que apresentam com aspectos agronmicos e por vezes no agronmicostambm. O carter crico2, por exemplo, est associado : a) alta friabilidade econsequentemente fcil preparo de terreno para plantio, b) baixssima CTC o que implica emfracionamento de insumos, c) carga lquida negativa muito baixa ou carga lquida positivas oque demanda manejo diferenciado, d) virtual ausncia de Al3+, e) baixos valores de soma de

    2 Carter crico: capacidade efetiva de troca de ctions < 1,5 cmolc/ 100 gr argila e pH positivo ou nulo

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    bases, f) suprimento satisfatrio de micronutrientes, especialmente nos solos derivados derochas bsicas, g) elevada reteno de P, h) excelente permeabilidade interna, i) timomaterial para piso de estrada.

    Existem inmeras classificaes de solos j estabelecidas, sendo a mais difundida aconhecida como Soil Taxonomy (Estados Unidos 1975, 1999). Desde 1999 contamos noBrasil com sistema taxonmico prprio para classificar nossos solos: Sistema Brasileiro deClassificao de Solos (SiBCS). As classes de solos mencionadas neste texto sero s destesistema.

    2. A classificao de solos e seu emprego agrcola e no agrcola

    Como j assinalado, a classificao de solos de per si no tem significado prtico,contudo, nos mapas de solos, se reveste de grande importncia posto que faz a ligao entre a

    legenda (semntica) e o corpo real existente na paisagem (tema) expresso pelos delineamentoscontidos nos mapas. Assim, um profissional ao fazer uso de um mapa de solos, estvisualizando uma distribuio de volumes reais que ocupam uma certa rea na paisagem, cadaum deles apresentando organizao, constituio e comportamento diferenciados, demandandoportanto, usos e manejos particularizados.

    O profissional usa portanto os mapas de solos porque esses lhe do uma visualizaoda distribuio dos solos na paisagem, e, em conjunto com outros elementos que possam sefazer necessrios, lhe municia de dados imprescindveis para estabelecer a planificao de seutrabalho e de uso do solo na referida rea. Cada vez mais, nesta planificao de uso do solo, sefaz presente a concepo de uso sustentvel, de preservao do meio ambiente, para o que, o

    solo deve ser encarado na totalidade de seu volume e no apenas considerado a sua camadaarvel. Atributos presentes em horizontes ou camadas subsuperficiais podem lhes conferircomportamento completamente distinto daquele apresentado pelo horizonte superficial,resultando portanto em comportamento do solo como um todo totalmente diferente daqueleque poderia ser imaginado levando-se em conta apenas o apresentado pelo horizontesuperficial. Isto particularmente importante na interpretao de solos para fins de engenharia

    sanitria e ambiental.

    Vejamos agora alguns exemplos de como a classificao de solos (mapa pedolgico)pode auxiliar o profissional. Entende-se que tais informaes interessam usurios desde onvel de propriedade agrcola, como a nvel municipal (planos diretores), regional, estadual e

    nacional (macro-planejamentos). claro que a preciso e exatido das informaes nelecontidas esto diretamente relacionadas com sua escala, o que obviamente deve ser levado emconta quando de sua interpretao . Neste texto estaremos nos abstraindo desse fato, deixandoclaro contudo que quando necessrio, informaes mais detalhadas (ou localizadas) devemser obtidas.

    1) A classificao de solos d idia da profundidade de ocorrncia de atributos e dehorizontes de diagnstico orientando portanto o profissional sobre a intensidade da limitao esobre prtica(s) agrcolas ou aes de engenharia a serem usadas. Os trs exemplos a seguirilustram tal fato.

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    1.1. Seja por exemplo uma rea na qual ocorrem os seguintes subgrupos: ARGISSOLO....planosslico textura arenosa/mdia; ARGISSOLO...arnico e ARGISSOLO...espessoarnico. Sabemos que todos esses solos apresentam acentuada reduo da

    condutividade hidrulica no topo do horizonte Bt a qual tem significativos reflexos nocomportamento desses solos, requerendo para cada caso, manejo diferenciado. A classificaodos mesmos contudo, nos informa que o Bt ocorre a menos de 50cm no primeiro caso, entre50-100cm no segundo e a mais de 100cm no terceiro caso.

    1.2. O conceito de contato ltico empregado no SiBCS advm dos conceitos de contatoltico e litide do Soil Taxonomy (Estados Unidos, 1975) os quais foram estabelecidos com o propsito de diferenciar materiais que podiam ser removidos com uma retroescavadeira(bulldozer) ou com dinamite (SMITH, 1986), dando desta forma suporte ao engenheiro civil,especialmente na fase de pr-projeto. Neste particular, Thornburn (1966) apresentainteressante trabalho assinalando que o mapa pedolgico permitiu a reduo de 36% no custo

    de movimento da terra em projeto de construo de estrada realizado em Illinois, EEUU.

    O contato ltico, alm de estar originalmente relacionado com a engenharia civil temtambm grande importncia agronmica e em engenharia sanitria posto que sua presenaindica presena de restries ao aprofundamento do sistema radicular das plantas e limitaesa para uso com aterros sanitrios, lagoas de decantao, cemitrios, etc.

    Consideremos que em uma rea ocorramos seguintes solos: NEOSSOLOS LITLICOS,CAMBISSOLOS lticos, CAMBISSOLOSlpticos e CAMBISSOLOS tpicos situados em

    condies de relevo semelhantes. Por definioo dois primeiros solos podero ser englobadosem uma mesma classe de uso pois ambosapresentam a restrio principal: presena derocha s, a menos de 50 cm de profundidade(figura 3), os solos lpticos apresentam talrestrio entre 50 e 100cm enquanto nos tpicosela se encontrar sempre uma maiorprofundidade.

    1.3. O horizonte glei indica presena de

    ambiente redutor (lenol fretico elevado)durante significativo perodo do ano, fato que serelaciona diretamente com aspectos agrcolas eno agrcolas. O ambiente redutor limitante para grande parte das plantas cultivadas e a presena de lenol fretico elevado, limita ossolos para fins de uso com aterro sanitrio,cemitrios, reas de lazer, etc. Nas plancies aluviais comum ocompartilhamento em uma mesma rea desolos como os GLEISSOLOS HAPLICOS, os

    Figura 3. Os NEOSSOLOS LITLICOSapresentam a rocha s a menos de 50 cm de

    profundidade, tendo por isso severas restries ao

    uso agrcola e no agrcola.

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    CAMBISSOLOS HPLICOSglicos e os CAMBISSOLOSHPLICOS tpicos. Os primeiros

    solos apresentam horizonte glei amenos de 50 cm de profundidade(figura 4), os segundos entre 50 e100cm e os ltimos, caso ocorraesse horizonte, ele estar sempre maior profundidade. Destaforma pode-se estabelecer aseguinte ordem de limitao porexcesso de gua: GLEISSOLOHPLICO > CAMBISSOLOHPLICO glico >

    CAMBISSOLO HPLICOtpico.

    2) Carter alumnico. Segundo Segalen (1973), desde 1904, pelos trabalhos deVeitch, conhecida a propriedade do alumnio de se fixar sob forma inica no complexoabsorvente dos cidos e a possibilidade de extra-lo com sais neutros. Seu emprego comocritrio diagnstico em classificao de solos contudo, s aconteceu aps ficar demonstrado,atravs de extensa bibliografia, seus efeitos prejudiciais para as plantas e microorganismos,

    sua capacidade de retrogradar o fsforo dos adubos fosfatados, e de liberar, quando na soluodo solo, ions hidrognio. A maioria das plantas cultivadas apresentam dificuldade decrescimento em solos cidos, fato que se deve principalmente a presena de alumnio solvelem nveis txicos.

    Nas regies intertropicais quentes e midas, onde os processos de lixiviao sointensos e constantes, a presena de solos com teores apreciveis de alumnio trocvel somuito comuns. Silva (1976), avalia que 50% da superfcie do Brasil, apresenta solos comnveis de alumnio trocvel no aceitveis para a maioria das plantas cultivadas e Melfi &

    Pedro (1977) assinalam que mais de 80% dos solos brasileiros so fortemente dessaturados emarcados pela presena de alumnio em seu complexo de troca. Estes fatos ressaltam aimportncia que tal atributo diagnstico tem na classificao dos solos brasileiros e nautilizao agrcola dos mesmos. Para fins no agrcolas, nveis txicos de alumnio no solo notem aparentemente importncia, a no ser, que tal situao, possa dificultar a vegetao detaludes de cortes de estradas e da cobertura final de aterros sanitrios.

    O carter alumnico empregado no SiBCS para identificar solos que apresentamsignificativo teor de Al3+ associado baixa saturao por bases.

    Figura 4. Nos GLEISSOLOS o lenol fretico se encontra grandeparte do ano a menos de 50cm de profundidade. O ambiente redutor limitante para a maioria das plantas cultivadas, e a presena dolenol fretico elevado, limita esses solos para fins no agrcolastambm.

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    a classificao de solos tambm fornece indicaes importantes que auxiliam no planejamentodo uso da terra. Por exemplo, os VERTISSOLOS slicos, os PLANOSSOLOS slicos e osLUVISSOLOS vrticos salinos apresentam problemas de drenagem interna, sugerindo maior

    dificuldade de recuperao do que outros solos salinos. Os CAMBISSOLOS HPLICOSSlicos, por sua vez, os CAMBISSOLOS HPLICOS Sdicos salinos, os NEOSSOLOSFLVICOS Slicos so exemplo de solos salinos situados tambm em plancies aluviaisporm, apresentando melhores condies de drenagem do que os acima mencionados, sendo por isso, normalmente considerados como menos limitantes do que aqueles no que tange salinidade.

    A grande maioria dos solos brasileiros com problemas de salinidade esto situados emplancies aluviais imperfeitamente a mal drenadas com lenol fretico acima de 120 cm o queos torna inadequados para uso com aterro sanitrio e cemitrios.

    4) Carter sdico e soldico. Nas regies semi-ridas comum tambm a ocorrncia

    de solos com expressivos teores de Na+ no complexo sortivo. A porcentagem de saturao porsdio (PSS) utilizada no SiBCS para identifica trs situaes de solos com essa condio: a)os solos com carter soldico (PSS entre 6 e 15%), b) solos com carter sdico (PSS > 15%) esolos com horizonte plnico com carter sdico (antigamente denominado de horizontentrico).

    Os solos com carter sdico e, com menor expresso os com carter soldico,apresentam importantes distrbios nutricionais pois o sdio interfere no crescimento deplantas devido inibir a absoro do clcio e magnsio Para a maioria das culturas, o clciocomea a se tornar indisponvel quando a saturao por sdio se aproxima a 50% (Hayward &Wadleigh, 1949).

    A recuperao dos solos sdicos e soldicos requer a substituio do sdio por outroction, em geral clcio e a remoo do sdio contido na soluo do solo por irrigao. Osucesso do empreendimento depende, portanto, da permeabilidade do solo. Em alguns solos,como os VERTISSOLOS HIDROMRFICOS Sdicos a condutividade hidrulica nulasendo impossvel o processo de lavagem; devido a este fato tem sido recomendada que airrigao de tais solos seja feita de forma a molhar apenas os seus 30-40 cm superficiais*. Demaneira geral a presena do horizonte plnico com carter sdico (horizonte ntrico) presentenos PLANOSSOLOS NTRICOS constitui srio impedimento permeabilidade interna,dificultando igualmente o processo de saneamento de tais solos. Este horizonte constitutambm impedimento ao aprofundamento do sistema radicular das plantas.

    A nomenclatura dos solos constantes das legendas dos mapas pedolgicos d idia dagravidade da sua limitao. Assim, as limitaes decorrentes da presena do Na+ so, demaneira geral, maiores em solos com carter sdico do que nos com carter soldico. Demaneira geral o horizonte B ntrico (PLANOSSOLOS NTRICOS) apresenta-seextremamente duro quando seco (Figura 6), ou muito firme quando mido, dificultando apenetrao das razes, e a escavao, o que pode ser uma limitao importante para us-loscomo cemitrio, ou na passagem de fiao subterrnea, em localidades onde no existamquinas que possam escav-los.

    * Informao verbal do professor Mateus Rosas Ribeiro

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    Figura 6. O horizonte B dos PLANOSSOLOS NTRICOS (Solonetz-Solodizados) so

    muito coesos, apresentando-se extremamente duros quando secos, dificultando sua escavao

    e a penetrao das razes.

    5) Material sulfdrico e horizonte sulfrico. Os materiais sulfdricos socomponentes de solos orgnicos ou minerais formados em sedimentos marinhos recentes, emambiente redutor, geralmente associados reas com influncia de mars. Tais materiaisquando drenados sofrem violenta oxidao e seus compostos de enxofre formam cidosulfrico provocando drstico abaixamento do pH do solo o qual pode chegar ento, a valoresinferiores a 3,5 indicando a presena de horizonte sulfrico.

    Solos com materiais sulfdricos ou horizonte sulfrico apresentam uma srie de

    restries do ponto de vista agrcola e noagrcola. Com exceo de solos construdosem reas de minerao, todos os solos commaterial sulfdrico ou horizonte sulfricodescritos no Brasil apresentam sriaslimitaes ao uso agrcola e no agrcoladevido a presena de lenol fretico elevado,a excessiva acidez produzida (pH em gua