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Classificação de medicamentos quanto à dispensa ao público Artigo 113º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto 1 - Os medicamentos são classificados, quanto à dispensa ao público, em: a) Medicamentos sujeitos a receita médica; b) Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM). 2 - Os medicamentos sujeitos a receita médica podem ainda ser classificados como: a) Medicamentos de receita médica renovável; b) Medicamentos de receita médica especial; c) Medicamentos de receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados.

Classificação de medicamentos quanto à dispensa ao público

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Classificação de medicamentos quanto à dispensa ao público

Artigo 113º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

1 - Os medicamentos são classificados, quanto à dispensa ao público, em:

a) Medicamentos sujeitos a receita médica;

b) Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM).

2 - Os medicamentos sujeitos a receita médica podem ainda ser classificados

como:

a) Medicamentos de receita médica renovável;

b) Medicamentos de receita médica especial;

c) Medicamentos de receita médica restrita, de utilização reservada a certos

meios especializados.

Classificação de medicamentos quanto à dispensa ao público

Artigo 113º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

5- Os medicamentos homeopáticos e os medicamentos tradicionais à base de

plantas são classificados como MNSRM, salvo se estiverem preenchidos

quaisquer dos requisitos previstos no artigo 114.º.

Medicamentos sujeitos a receita médica

Artigo 114º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

1 - Estão sujeitos a receita médica os medicamentos que preencham uma das

seguintes condições:

a) Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente,

mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem

vigilância médica;

b) Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam

utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes

daquele a que se destinam;

c) Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja

atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

d) Destinem-se a ser administrados por via parentérica.

Medicamentos sujeitos a receita médica

Artigo 114º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

2 - As indicações, modelos ou formato a que devem obedecer as receitas médicas

são aprovados por portaria do membro do Governo responsável pela área da

saúde.

Medicamentos não sujeitos a receita médica

Artigo 115º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

1 - Os medicamentos que não preencham qualquer das condições previstas no

artigo anterior não estão sujeitos a receita médica.

2 - Os medicamentos não sujeitos a receita médica não são comparticipáveis,

salvo nos casos previstos na legislação que define o regime de comparticipação do

Estado no preço dos medicamentos.

Receita médica renovável

Artigo 116º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

São passíveis de receita médica renovável os medicamentos sujeitos a receita

médica que se destinem a determinadas doenças ou a tratamentos prolongados

e possam, no respeito pela segurança da sua utilização, ser adquiridos mais de

uma vez, sem necessidade de nova prescrição médica.

Receita médica especial

Artigo 117º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

Estão sujeitos a receita médica especial os medicamentos que preencham uma

das seguintes condições:

a) Contenham, em dose sujeita a receita médica, uma substância classificada como

estupefaciente ou psicotrópico, nos termos da legislação aplicável;

b) Possam, em caso de utilização anormal, dar origem a riscos importantes de

abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins

ilegais;

c) Contenham uma substância que, pela sua novidade ou propriedades, se

considere, por precaução, dever ser incluída nas situações previstas na alínea

anterior.

Receita médica restrita

Artigo 118º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

1 - Estão sujeitos a receita médica restrita os medicamentos cuja utilização deva

ser reservada a certos meios especializados por preencherem, designadamente,

uma das seguintes condições:

a) Destinarem-se a uso exclusivo hospitalar, devido às suas características

farmacológicas, à sua novidade, ou por razões de saúde pública;

b) Destinarem-se a patologias cujo diagnóstico seja efetuado apenas em meio

hospitalar ou estabelecimentos diferenciados com meios de diagnóstico

adequados, ainda que a sua administração e o acompanhamento dos pacientes

possam realizar-se fora desses meios;

c) Destinarem-se a pacientes em tratamento ambulatório, mas a sua utilização

ser suscetível de causar efeitos adversos muito graves, requerendo a prescrição

de uma receita médica, se necessário emitida por especialista, e uma vigilância

especial durante o período de tratamento.

Receita médica restrita

Artigo 118º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

2 - Os medicamentos sujeitos a receita médica restrita que não sejam de uso

exclusivo hospitalar podem ser vendidos nas farmácias de oficina em termos a

definir por regulamento do INFARMED, I.P.

Prescrição de medicamentos

Artigo 120º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

1 - A prescrição de medicamentos inclui obrigatoriamente a DCI da substância

ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a posologia.

2 - A prescrição de medicamentos pode ainda incluir uma denominação

comercial, por marca ou indicação do nome do titular da AIM.

3 - O médico pode indicar, na receita, de forma expressa, clara e suficiente, as

justificações técnicas que impedem a substituição do medicamento prescrito

com denominação comercial, nos seguintes casos:

a) Prescrição de medicamento com margem ou índice terapêutico estreito, de

acordo com informação prestada pelo INFARMED, I.P.;

b) Fundada suspeita, previamente reportada ao INFARMED, I.P., de intolerância

ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas

identificado por outra denominação comercial;

c) Prescrição de medicamento destinado a assegurar a continuidade de um

tratamento com duração estimada superior a 28 dias.

Prescrição de medicamentos

Artigo 120º do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

4 - A prescrição de medicamentos é feita por via eletrónica ou, em casos

excecionais, por via manual, sendo definidas por portaria do membro do Governo

responsável pela área da saúde as regras de prescrição e modelos de receita

médica, a informação sobre os medicamentos de preço mais baixo

disponíveis no mercado, bem como a indicação da opção por parte do

doente, face a eventual alteração do medicamento a ser vendido na farmácia.

Dispensa de medicamentos

Artigo 120º-A do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

1 - No ato de dispensa do medicamento, o farmacêutico, ou o seu colaborador

devidamente habilitado, deve informar o doente da existência dos medicamentos

disponíveis na farmácia com a mesma substância ativa, forma farmacêutica,

apresentação e dosagem do medicamento prescrito, bem como sobre aqueles que

são comparticipados pelo SNS e o que tem o preço mais baixo disponível no

mercado.

2 - As farmácias devem ter sempre disponíveis para venda no mínimo 3

medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e

dosagem, de entre os que correspondem aos 5 preços mais baixos de cada grupo

homogéneo, devendo dispensar o de menor preço, salvo se for outra a opção do

doente.

Dispensa de medicamentos

Artigo 120º-A do Decreto-Lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto

3 - O doente tem direito a optar por qualquer medicamento que contenha a mesma

DCI da substância ativa, forma farmacêutica e dosagem do medicamento

constante da prescrição médica, salvo nos casos de:

a) O medicamento prescrito conter uma substância ativa para a qual não exista

medicamento genérico ou para a qual só exista original de marca e licenças;

b) O médico prescritor ter justificado tecnicamente a insusceptibilidade de

substituição do medicamento prescrito, nos termos das alíneas a) e b) do n.º 3 do

artigo 120.º

4 - No caso previsto na alínea c) do n.º 3 do artigo 120.º, o doente pode exercer o

direito de opção, mediante assinatura da receita médica, quando pretender

medicamento de preço inferior ao do medicamento prescrito, sendo vedado, na

farmácia, proceder-se a qualquer substituição por medicamento de preço superior

ao medicamento prescrito.

Situações passíveis de automedicação

Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

A automedicação é a utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se

destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem

gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de

saúde.

A utilização de MNSRM é hoje uma prática integrante do sistema de saúde.

Contudo, esta prática de automedicação tem de estar limitada a situações

clínicas bem definidas e deve efetuar-se de acordo com as especificações

estabelecidas para aqueles medicamentos.

Para alcançar este desiderato tem vindo a ser desenvolvido, pelo grupo de

consenso sobre automedicação, um trabalho permanente e sistemático na

definição de critérios a serem aplicados a estes medicamentos de forma a

uniformizar as regras de utilização. Nesta sequência, o grupo de consenso sobre

automedicação elabora e atualiza periodicamente lista de situações passíveis de

automedicação.

Lista de situações passíveis de automedicação Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

Sistema Situações passíveis de automedicação

Digestivo

- Diarreia.

- Hemorroidas (diagnóstico confirmado).

- Pirose, enfartamento, flatulência.

- Obstipação.

- Vómitos, enjoo do movimento.

- Higiene oral e da orofaringe.

- Endoparasitoses intestinais.

- Estomatites (excluindo graves) e gengivites.

- Odontalgias.

- Profilaxia da cárie dentária.

- Candidíase oral recorrente com diagnóstico médico prévio.

- Modificação dos termos de higiene oral por desinfeção oral.

- Estomatite aftosa

Lista de situações passíveis de automedicação Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

Sistema Situações passíveis de automedicação

Respiratório

- Sintomatologia associada a estados gripais e constipações.

- Odinofagia, faringite (excluindo amigdalite).

- Rinorreia e congestão nasal.

- Tosse e rouquidão.

- Tratamento sintomático da rinite alérgica perene ou sazonal com diagnóstico médico

prévio.

- Adjuvante mucolítico do tratamento antibacteriano das infeções respiratórias em

presença de hipersecreção brônquica.

-Prevenção e tratamento da rinite alérgica perene ou sazonal com diagnóstico médico

prévio (corticóide em inalador nasal).

Lista de situações passíveis de automedicação Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

Sistema Situações passíveis de automedicação

Cutâneo

- Queimaduras de 1º grau, incluindo solares.

- Verrugas.

- Acne ligeiro a moderado.

- Desinfeção e higiene da pele e mucosas.

- Micoses interdigitais.

- Ectoparasitoses.

- Picadas de insetos.

- Pitiriase capitis (caspa).

- Herpes labial.

- Feridas superficiais.

- Dermatite das fraldas.

- Seborreia.

- Alopécia.

- Calos e calosidades.

- Frieiras.

- Tratamento da pitiríase versicolor.

- Candidíase balânica.

- Anestesia tópica em mucosas e pele nomeadamente mucosa oral e rectal.

-Tratamento sintomático localizado de eczema e dermatite com diagnóstico médico

prévio.

Lista de situações passíveis de automedicação Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

Sistema Situações passíveis de automedicação

Nervoso/Psique

- Cefaleias ligeiras a moderadas.

- Tratamento da dependência da nicotina para alívio dos sintomas de privação desta

substância em pessoas que desejem deixar de fumar.

- Enxaqueca com diagnóstico médico prévio.

- Ansiedade ligeira temporária.

- Dificuldade temporária em adormecer.

Muscular/Ósseo

- Dores musculares ligeiras a moderadas.

- Contusões.

- Dores pós-traumáticas.

- Dores reumatismais ligeiras moderadas (osteartrose/osteoartrite).

- Dores articulares ligeiras a moderadas.

- Tratamento tópico de sinovites, artrites (não infeciosa), bursites, tendinites.

- Inflamação moderada de origem músculo esquelética, nomeadamente pós-traumática

ou de origem reumática.

Geral

- Febre (menos de três dias).

- Estados de astenia de causa identificada.

- Prevenção de avitaminoses.

Lista de situações passíveis de automedicação Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

Sistema Situações passíveis de automedicação

Ocular

- Hipossecreção conjuntival, irritação ocular de duração inferior a três dias.

- Tratamento preventivo da conjuntivite alérgica perene ou sazonal com diagnóstico

médico prévio.

- Tratamento sintomático da conjuntivite alérgica perene ou sazonal com diagnóstico

médico prévio.

Ginecológico

- Dismenorreia primária.

- Contraceção de emergência.

- Métodos contracetivos de barreira e químicos.

- Higiene vaginal.

- Modificação dos termos de higiene vaginal por desinfeção vaginal.

- Candidíase vaginal recorrente com diagnóstico médico prévio. Situação clínica

caracterizada por corrimento vaginal esbranquiçado, acompanhado de prurido vaginal e

habitualmente com exacerbação pré-menstrual.

- Terapêutica tópica nas alterações tróficas do trato geniturinário inferior

acompanhadas de queixas vaginais como dispareunia, secura e prurido.

Vascular

- Síndrome varicoso — terapêutica tópica adjuvante.

- Tratamento sintomático por via oral da insuficiência venosa crónica (com descrição de

sintomatologia).

A automedicação é o estabelecimento de um tratamento medicamentoso por

iniciativa própria do doente e é, nos dias de hoje, uma prática habitual, como

resultado do maior acesso dos indivíduos à informação sobre saúde,

nomeadamente sobre medicamentos.

No entanto, a prática da automedicação pode acarretar alguns problemas de

saúde que decorrem, essencialmente, da utilização inadequada dos

medicamentos, como consequência de uma informação inadequada e insuficiente.

Desta forma, o farmacêutico deve orientar a utilização ou não do medicamento

solicitado pelo utente, contribuindo para que a automedicação se realize sob uma

indicação adequada e segundo o uso racional do medicamento.

Lista de situações passíveis de automedicação Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

Na cedência de medicamentos por indicação farmacêutica, o farmacêutico toma

a responsabilidade de selecionar um ou mais MNSRM ou, eventualmente, um

tratamento não farmacológico com a finalidade de aliviar ou resolver o problema de

saúde apresentado pelo utente.

A dispensa de MNSRM por parte do farmacêutico apenas pode ser considerada

quando é confrontado por um utente com transtornos ou sintomas menores, ou

seja, com um problema de saúde não grave, considerado auto-limitante e de

curta duração e que não apresente qualquer tipo de relação com outros

problemas de saúde do utente.

Caso estas premissas não se verifiquem, o farmacêutico deve avaliar a situação e

proceder ao reencaminhamento do utente para o seu médico.

Lista de situações passíveis de automedicação Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)

Qualquer medicamento que não preencha qualquer das condições referidas para

os MSRM pode ser classificado como MNSRM. Contudo, estes medicamentos têm

que conter indicações terapêuticas que se incluam na lista de situações

passíveis de automedicação.

Os MNSRM não comparticipados são dispensados nas Farmácias e nos Locais

de Venda autorizados para o efeito, sendo o seu Preço de Venda ao Público

(PVP) sujeito ao regime de preços livres, ou seja, fixado a nível dos canais de

distribuição e comercialização.

Fora das unidades de saúde, a dispensa dos MNSRM comparticipados pelo

SNS pode ser efetuada nas Farmácias ou nos Locais de Venda de

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica, sendo o seu PVP fixado. Caso

sejam dispensados nos Locais de Venda, não há lugar a comparticipação.

Lista de situações passíveis de automedicação Despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho

“Terceira lista de medicamentos”

Lista de situações passíveis de MNSRM –

Venda exclusiva em farmácias

“Terceira lista de medicamentos”

Lista de situações passíveis de MNSRM –

Venda exclusiva em farmácias

“Terceira lista de medicamentos”

Lista de situações passíveis de MNSRM –

Venda exclusiva em farmácias

“Terceira lista de medicamentos”

Lista de situações passíveis de MNSRM –

Venda exclusiva em farmácias

“Terceira lista de medicamentos”

Lista de situações passíveis de MNSRM –

Venda exclusiva em farmácias

“Terceira lista de medicamentos”

Lista de situações passíveis de MNSRM –

Venda exclusiva em farmácias

“Terceira lista de medicamentos”

Subclassificação dos medicamentos quanto à dispensa, passando a existir uma

subcategoria de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) que

devem apenas ser dispensados exclusivamente em farmácias (MNSRM-DEF).

Medicamentos de uso prolongado ou que contêm substâncias ativas que, pela

sua natureza, perfil de segurança ou pelas suas indicações terapêuticas, exigem

aconselhamento e acompanhamento farmacêutico, devendo apenas ser

dispensados nas farmácias.

Entre os 12 Estados-membros (do total de 28) em que os MNSRM estão

disponíveis fora das farmácias, somente em 3 (Itália, Bulgária e Roménia) ainda

não está instituída uma terceira lista.

Lista de situações passíveis de MNSRM –

Venda exclusiva em farmácias