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Cláusulas contratuais Cláusulas contratuais Gerais Gerais Dever de Dever de informação informação e e Dever de comunicação Dever de comunicação

Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

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Cláusulas contratuais Cláusulas contratuais GeraisGerais

Dever de Dever de informaçãoinformação

ee

Dever de comunicaçãoDever de comunicação

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Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Processo n.º de 30 de Junho de 2009, Processo n.º

2770/06.3TBCBR.C1 2770/06.3TBCBR.C1 SínteseSíntese::

““A Autora para fundamentar a sua pretensão A Autora para fundamentar a sua pretensão alegou, que explora inertes para a construção alegou, que explora inertes para a construção civil e que comprou à Ré uma mini-escavadora civil e que comprou à Ré uma mini-escavadora usada, marca Pel Job modelo 25.4, a qual usada, marca Pel Job modelo 25.4, a qual parou, por avaria, no parou, por avaria, no primeiro dia de primeiro dia de trabalhotrabalho. Mais tarde acabaram por fazer outro . Mais tarde acabaram por fazer outro negócio nos termos do qual a Ré prometeu negócio nos termos do qual a Ré prometeu retomar a máquina pelo mesmo valor e vender retomar a máquina pelo mesmo valor e vender à Autora uma outra, o que não chegou a à Autora uma outra, o que não chegou a acontecer porque a Ré não cumpriu o negócio e acontecer porque a Ré não cumpriu o negócio e vendeu essa mesma máquina a terceiros. Este vendeu essa mesma máquina a terceiros. Este incumprimento causou-lhe prejuízos, incumprimento causou-lhe prejuízos, designadamente ao nível da sua actividade designadamente ao nível da sua actividade profissional e daí os pedidos formulados.”profissional e daí os pedidos formulados.”

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Acórdão do Tribunal da Relação de Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1

Pedidos da Autora:Pedidos da Autora:““a) Declarar-se que a Ré não cumpriu, de a) Declarar-se que a Ré não cumpriu, de

forma definitiva, o contrato promessa de forma definitiva, o contrato promessa de compra e venda celebrado com a Autor em compra e venda celebrado com a Autor em 22 de Fevereiro de 2006(...)”22 de Fevereiro de 2006(...)”

““b) Condenar-se a Ré, por via desse b) Condenar-se a Ré, por via desse incumprimento, a pagar à Autora a quantia incumprimento, a pagar à Autora a quantia de €23.595,00 euros, correspondente ao de €23.595,00 euros, correspondente ao dobro da importância que, a título de sinal dobro da importância que, a título de sinal e por força do aludido contrato esta lhe e por força do aludido contrato esta lhe havia entregue.”havia entregue.”

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Acórdão do Tribunal da Relação de Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1

Pedidos da Autora:Pedidos da Autora:““c) Condenar-se a Ré a pagar à Autora a quantia c) Condenar-se a Ré a pagar à Autora a quantia

total de € 69.016,00, a título de indemnização total de € 69.016,00, a título de indemnização pelos restantes danos causados e que descreve pelos restantes danos causados e que descreve na petição.”na petição.”

““d) Tudo com juros à taxa legal e desde a citação d) Tudo com juros à taxa legal e desde a citação e até efectivo paga mento.”e até efectivo paga mento.”

““e) Condenar-se a Ré a suportar o custo da e) Condenar-se a Ré a suportar o custo da reparação da máquina Pel Job, modelo 25.4, reparação da máquina Pel Job, modelo 25.4, constante da sua factura 1650004, de 15 de constante da sua factura 1650004, de 15 de Maio de 2006, no montante total de € Maio de 2006, no montante total de € 4.563,16.” 4.563,16.”

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ContestaçãoContestação:: Regularmente citada a Ré contestou, Regularmente citada a Ré contestou,

impugnando a versão dos factos, impugnando a versão dos factos, apresentada pela Autora e formulando apresentada pela Autora e formulando pedido reconvencional.pedido reconvencional.

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Acórdão do Tribunal da Relação de Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1

A Ré alega que os factos narrados pela Autora A Ré alega que os factos narrados pela Autora não ocorreram como aquela os relata e que a Ré não ocorreram como aquela os relata e que a Ré só soube da alegada avaria passados quase dois só soube da alegada avaria passados quase dois anos após a venda, tendo recebido a máquina nas anos após a venda, tendo recebido a máquina nas suas instalações toda desmontada e sem algumas suas instalações toda desmontada e sem algumas peças.peças.Foram estabelecidas negociações entre as partes Foram estabelecidas negociações entre as partes com a finalidade da Autora adquirir outra com a finalidade da Autora adquirir outra máquina, ao mesmo tempo que esta mandou máquina, ao mesmo tempo que esta mandou reparar à Ré a máquina em causa.reparar à Ré a máquina em causa.As conversações só não se concretizaram em As conversações só não se concretizaram em negócio definitivo porque a Autora não obteve negócio definitivo porque a Autora não obteve financiamento bancário para adquirir a nova financiamento bancário para adquirir a nova máquina, mais cara que a primeira, sendo certo máquina, mais cara que a primeira, sendo certo que a Ré retomava a máquina pelo mesmo preço que a Ré retomava a máquina pelo mesmo preço da venda à Autora.da venda à Autora.

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(Continuação)(Continuação) A Autora não pagou a reparação da mini-A Autora não pagou a reparação da mini-

escavadora que está pronta para ser entregue à escavadora que está pronta para ser entregue à Autora.Autora.Concluiu pela improcedência dos pedidos.”Concluiu pela improcedência dos pedidos.”

Pedido ReconvencionalPedido Reconvencional:: “ “Em reconvenção peticionou a condenação da Em reconvenção peticionou a condenação da

Autora a pagar-lhe o preço da reparação e juros Autora a pagar-lhe o preço da reparação e juros desde a data da emissão da factura, bem como a desde a data da emissão da factura, bem como a quantia de € 1790,00, a título de custos de quantia de € 1790,00, a título de custos de parqueamento da mini-escavadora nas suas parqueamento da mini-escavadora nas suas instala ções, acrescida de € 10,00  diários, instala ções, acrescida de € 10,00  diários, futuros, até ao levantamento da máquina.”futuros, até ao levantamento da máquina.”

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Sentença:Sentença: Veio a ser proferida sentença que julgou a Veio a ser proferida sentença que julgou a

acção nos seguintes termos:acção nos seguintes termos:Considerando o exposto.Considerando o exposto.

1 - Julgo a acção i1 - Julgo a acção improcedentemprocedente e e absolvo a absolvo a Ré dos pedidosRé dos pedidos. Custas da acção pela . Custas da acção pela Autora.Autora.

2 - Julgo a reconvenção parcialmente 2 - Julgo a reconvenção parcialmente procedente e condeno a Ré a pagar à Autora procedente e condeno a Ré a pagar à Autora a quantia de € 4.563,16 (quatro mil, a quantia de € 4.563,16 (quatro mil, quinhentos e sessenta e três euros e quinhentos e sessenta e três euros e dezasseis cêntimos), acrescida de juros à dezasseis cêntimos), acrescida de juros à taxa comercial desde 15 de Junho de 2006 taxa comercial desde 15 de Junho de 2006 até pagamento(.até pagamento(...)..)

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Acórdão do Tribunal da Relação de Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1

A Autora interpõe RecursoA Autora interpõe Recurso

Do objecto do recursoDo objecto do recurso

a)...a)... b) A cláusula 3ª das condições gerais do contrato b) A cláusula 3ª das condições gerais do contrato celebrado entre a Autora e a Ré não é válida?celebrado entre a Autora e a Ré não é válida?

c) A Autora tem direito a receber uma indemnização c) A Autora tem direito a receber uma indemnização correspondente ao sinal em dobro pelo incumprimento do correspondente ao sinal em dobro pelo incumprimento do contrato-promessa?contrato-promessa?d) A Autora tem direito a receber uma indemnização pela d) A Autora tem direito a receber uma indemnização pela impossibili dade da máquina devida à sua avaria?impossibili dade da máquina devida à sua avaria?e) A Ré deve ser condenada a pagar o valor da reparação da e) A Ré deve ser condenada a pagar o valor da reparação da máquina?máquina?f) Os pedidos reconvencionais devem ser julgados f) Os pedidos reconvencionais devem ser julgados improcedentes?improcedentes?

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Acórdão do Tribunal da Relação de Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1

Validade da cláusula 3ª do escrito apresentado pela Autora:

“Em 22 de Fevereiro de 2006, a Autora e um funcionário da Ré assinaram um acordo intitulado «Proposta de Compra e Venda» no qual a Autora prometia comprar à Ré e esta prometia vender uma máquina marca Fermec, modelo 860T, cor amarela, com o quadro n.º A445COV86.00869, pelo preço de € 18.500,00, acrescido do respectivo IVA no valor de € 3.885,00.”

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Consta do ponto 3 das Condições Gerais Consta do ponto 3 das Condições Gerais deste acordo o seguinte:deste acordo o seguinte:  «O presente contrato de compra e venda só «O presente contrato de compra e venda só é é vinculativovinculativo para a promitente vendedora para a promitente vendedora depois de depois de aprovado por umaprovado por um dos seus dos seus GerentesGerentes. Contudo, enquanto tal aprovação . Contudo, enquanto tal aprovação não ocorrer o não ocorrer o promitente-comprador não se promitente-comprador não se pode libertar do presente contrato»,pode libertar do presente contrato», estando estando este texto escrito em letras que, quanto às este texto escrito em letras que, quanto às minúsculas, têm um minúsculas, têm um milímetromilímetro de altura» de altura». .

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Acórdão do Tribunal da Relação de Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Coimbra, de 30 de Junho de 2009, Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1Processo n.º 2770/06.3TBCBR.C1

““Pretende a Autora que a cláusula cujo Pretende a Autora que a cláusula cujo preenchimento determinou que a decisão preenchimento determinou que a decisão recorrida não considerasse o acordo em recorrida não considerasse o acordo em questão um contrato-promessa seja questão um contrato-promessa seja considerada nula.”considerada nula.”

““A cláusula em questão encontra-se inserida A cláusula em questão encontra-se inserida nas condições gerais de um contrato, nas condições gerais de um contrato, condições essas pré-determinadas pela Ré e condições essas pré-determinadas pela Ré e inseridas num texto-modelo revelador que o inseridas num texto-modelo revelador que o mesmo se destina a ser utilizado numa mesmo se destina a ser utilizado numa pluralidade de contratos.pluralidade de contratos.Tal circunstância determina que a sua Tal circunstância determina que a sua validade seja apreciada à luz do regime das validade seja apreciada à luz do regime das cláusulas contratuais gerais.”cláusulas contratuais gerais.”

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Cláusulas contratuais Cláusulas contratuais geraisgerais

O que são?O que são?Conceito- Artigo 1º, nº1 da Lei 446/85 de 25 de Conceito- Artigo 1º, nº1 da Lei 446/85 de 25 de OutubroOutubro

““Preposições pré-elaboradas que proponentes ou Preposições pré-elaboradas que proponentes ou destinatários se limitam a propor ou aceitardestinatários se limitam a propor ou aceitar””

António Menezes CordeiroAntónio Menezes Cordeiro

““Trata-se dos contratos cujo conteúdo é- em Trata-se dos contratos cujo conteúdo é- em regra, na totalidade- prévia e unilateralmente regra, na totalidade- prévia e unilateralmente elaborado por uma das partes, sendo proposto ao elaborado por uma das partes, sendo proposto ao destinatário ou destinatários, que não podem destinatário ou destinatários, que não podem discuti-lo, estando colocados perante a discuti-lo, estando colocados perante a alternativa de , aceitando globalmente o alternativa de , aceitando globalmente o cláusulado, celebrar o contrato, ou rejeitando-o, cláusulado, celebrar o contrato, ou rejeitando-o, prescindir daquela celebração” prescindir daquela celebração”

Ana PrataAna Prata

Page 14: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Características das CCGCaracterísticas das CCG

Pré-disposiçãoPré-disposição

Unilateralidade Unilateralidade

Rigidez Rigidez

Generalidade Generalidade

IndeterminaçãoIndeterminação

Page 15: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Dever de comunicação e Dever de comunicação e informaçãoinformação

Estes deveres decorrem Estes deveres decorrem directamente do princípio da Boa-fé.directamente do princípio da Boa-fé.

Consagração positiva expressa no Consagração positiva expressa no artigo 227º do Código Civilartigo 227º do Código Civil

Aclaração e alargamento da Aclaração e alargamento da protecção pretendida:protecção pretendida:

” ” comunicação”- artigo 5º LCCGcomunicação”- artigo 5º LCCG

““dever de informação”-artigo 6º dever de informação”-artigo 6º LCCGLCCG

Page 16: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Dever de ComunicaçãoDever de Comunicação

Artigo 5.º da LCCG (Comunicação)Artigo 5.º da LCCG (Comunicação) “ “1 - As cláusulas contratuais gerais devem ser 1 - As cláusulas contratuais gerais devem ser

comunicadas na comunicadas na íntegra íntegra aos aderentes que se aos aderentes que se limitem a subscrevê-las ou a aceitá-las. limitem a subscrevê-las ou a aceitá-las. 2 - A comunicação deve ser realizada de 2 - A comunicação deve ser realizada de modo modo adequadoadequado e com a e com a antecedência necessáriaantecedência necessária para que, tendo em conta a importância do para que, tendo em conta a importância do contrato e a extensão e complexidade das contrato e a extensão e complexidade das cláusulas, se torne possível o seu cláusulas, se torne possível o seu conhecimento completoconhecimento completo e e efectivoefectivo por quem por quem use de comum diligência. use de comum diligência. 3 - O 3 - O ónus da provaónus da prova da comunicação adequada da comunicação adequada e efectiva cabe ao e efectiva cabe ao contratantecontratante determinado determinado que submeta a outrem as cláusulas que submeta a outrem as cláusulas contratuais gerais.” contratuais gerais.”

Page 17: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Dever de ComunicaçãoDever de Comunicação

Este artigo da LCCG visa evitar que o Este artigo da LCCG visa evitar que o aderente desconheça as cláusulas inseridas aderente desconheça as cláusulas inseridas no contrato, tendo em atenção a forma como no contrato, tendo em atenção a forma como são celebrados. Para além da são celebrados. Para além da obrigação de obrigação de comunicarcomunicar, cabe ao utilizador das cláusulas , cabe ao utilizador das cláusulas a a obrigação de informarobrigação de informar o aderente, de o aderente, de modo a permitir que este compreenda o modo a permitir que este compreenda o conteúdo das referidas cláusulas, conteúdo das referidas cláusulas, clarificandoclarificando, assim, todos os aspectos , assim, todos os aspectos necessários, quando solicitado pelo necessários, quando solicitado pelo destinatário.destinatário.

Page 18: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Dever de InformaçãoDever de Informação

Artigo 6.º(Dever de informação)Artigo 6.º(Dever de informação)

“ “1 - O 1 - O contratantecontratante determinado que determinado que recorra a cláusulas contratuais gerais recorra a cláusulas contratuais gerais deve informardeve informar, de acordo com as , de acordo com as circunstâncias, a outra parte dos circunstâncias, a outra parte dos aspectos nelas compreendidos cuja aspectos nelas compreendidos cuja aclaração se justifique. aclaração se justifique. 2 - Devem ainda ser prestados todos os 2 - Devem ainda ser prestados todos os esclarecimentos razoáveisesclarecimentos razoáveis solicitados.”solicitados.”

Page 19: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Dever de informaçãoDever de informação

2 vertentes2 vertentes: :

dever de iniciativadever de iniciativa daquele que daquele que apresenta as CCG, aclarando os apresenta as CCG, aclarando os aspectos que se justifiquem; aspectos que se justifiquem;

dever de responderdever de responder às solicitações às solicitações que lhe sejam dirigidas pelo que lhe sejam dirigidas pelo aderente no que toca a a aderente no que toca a a esclarecimentos razoáveis.esclarecimentos razoáveis.

Page 20: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Dever de comunicação Dever de comunicação VSVS

Dever de informaçãoDever de informaçãoA A comunicaçãocomunicação dirige-se dirige-se essencialmente á essencialmente á forma forma e á e á possibilidade de ter acesso ao contrato.possibilidade de ter acesso ao contrato.A A informaçãoinformação destina-se destina-se essencialmente á essencialmente á percepção do percepção do conteúdoconteúdo, ou seja, compreensão do , ou seja, compreensão do que se pressupõe que foi devidamente que se pressupõe que foi devidamente comunicado.comunicado.Requisitos: Requisitos: integralidadeintegralidade, , adequaçãoadequação e e tempestividadetempestividade

Page 21: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Dever de comunicação e Dever de comunicação e informação quanto ao informação quanto ao

aderenteaderenteD. De ComunicaçãoD. De Comunicação: o aderente deverá : o aderente deverá mostrar-se disponível para receber a mostrar-se disponível para receber a comunicação.Mínimo de diligência exigível.comunicação.Mínimo de diligência exigível.

D. De InformaçãoD. De Informação: o aderente deve desejar : o aderente deve desejar a informação, procurando-a e a informação, procurando-a e disponibilizando-se para receber disponibilizando-se para receber esclarecimentos e para conhecer o suficiente esclarecimentos e para conhecer o suficiente do contrato.do contrato.

Não é legitimo ao aderente “desinteressado”, Não é legitimo ao aderente “desinteressado”, invocar, posteriormente que não foi invocar, posteriormente que não foi devidamente informado devidamente informado --Venire contra Venire contra factum propriumfactum proprium..

Page 22: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Violação dos deveres de Violação dos deveres de comunicação e informaçãocomunicação e informação

Artigo 8º LCCGArtigo 8º LCCG:”Consideram-se excluídas dos :”Consideram-se excluídas dos contratos singulares:contratos singulares:

a) As cláusulas que não tenham sido a) As cláusulas que não tenham sido comunicadas nos termos do artigo 5.º;comunicadas nos termos do artigo 5.º;

b) As cláusulas comunicadas com violação do b) As cláusulas comunicadas com violação do dever de informação, de molde que não seja de dever de informação, de molde que não seja de esperar o seu conhecimento efectivo; esperar o seu conhecimento efectivo;

c) As cláusulas que, pelo contexto em que c) As cláusulas que, pelo contexto em que surjam, pela epígrafe que as precede ou pela surjam, pela epígrafe que as precede ou pela sua apresentação gráfica, passem despercebidas sua apresentação gráfica, passem despercebidas a um contratante normal, colocado na posição a um contratante normal, colocado na posição do contratante real; do contratante real;

d) As cláusulas inseridas em formulários, d) As cláusulas inseridas em formulários, depois da assinatura de algum dos contratantes.depois da assinatura de algum dos contratantes.

Page 23: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Violação dos deveres de Violação dos deveres de comunicação e informaçãocomunicação e informação

Artigo 9.ºArtigo 9.º (Subsistência dos contratos (Subsistência dos contratos singulares)singulares)

“ “1 - Nos casos previstos no artigo anterior os 1 - Nos casos previstos no artigo anterior os contratos singulares contratos singulares mantêm-semantêm-se, vigorando na , vigorando na parte afectada as parte afectada as normas supletivas normas supletivas aplicáveisaplicáveis, com recurso, se necessário, às , com recurso, se necessário, às regras de integração. dos negócios jurídicos. regras de integração. dos negócios jurídicos. 2 - Os referidos contratos são, todavia, 2 - Os referidos contratos são, todavia, nulosnulos quando, não obstante a utilização dos elementos quando, não obstante a utilização dos elementos indicados no número anterior, ocorra uma indicados no número anterior, ocorra uma indeterminação insuprível de aspectos indeterminação insuprível de aspectos essenciais ou um desequilíbrio nas prestações essenciais ou um desequilíbrio nas prestações gravemente atentatório da boa-fé.” gravemente atentatório da boa-fé.”

Page 24: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

Consta do ponto 3 das Condições Gerais Consta do ponto 3 das Condições Gerais deste acordo o seguinte:deste acordo o seguinte:  «O presente contrato de compra e venda só «O presente contrato de compra e venda só é é vinculativovinculativo para a promitente vendedora para a promitente vendedora depois de depois de aprovado por umaprovado por um dos seus dos seus GerentesGerentes. Contudo, enquanto tal aprovação . Contudo, enquanto tal aprovação não ocorrer o não ocorrer o promitente-comprador não se promitente-comprador não se pode libertar do presente contrato»,pode libertar do presente contrato», estando este texto escrito em letras que, estando este texto escrito em letras que, quanto às minúsculas, têm um quanto às minúsculas, têm um milímetromilímetro de de altura»altura»..

Quid iuris?Quid iuris?

Page 25: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

DecisãoDecisão““No caso dos autos não foi alegada pela Ré, a No caso dos autos não foi alegada pela Ré, a comunicação da cláusula em causa à Autora, nem comunicação da cláusula em causa à Autora, nem se pode concluir da análise dos factos provados que se pode concluir da análise dos factos provados que tal tenha ocorrido. Apenas se provou que aquela tal tenha ocorrido. Apenas se provou que aquela cláusula se encontra inserida no texto do escrito em cláusula se encontra inserida no texto do escrito em causa, o qual foi entregue à Autora, e que o seu causa, o qual foi entregue à Autora, e que o seu texto se encontra escrito em letras que, quanto às texto se encontra escrito em letras que, quanto às minúsculas, têm um milímetro de altura, o que é minúsculas, têm um milímetro de altura, o que é manifestamente insuficiente para se poder concluir manifestamente insuficiente para se poder concluir que a Ré dela deu conhecimento à Autora.”que a Ré dela deu conhecimento à Autora.”

““A ausência de prova sobre se a mencionada A ausência de prova sobre se a mencionada cláusula foi ou não objecto de comunicação prévia à cláusula foi ou não objecto de comunicação prévia à assinatura do texto pela Autora tem de ser resolvida assinatura do texto pela Autora tem de ser resolvida contra a Ré, por ser ela a parte onerada com a sua contra a Ré, por ser ela a parte onerada com a sua prova, nos termos do artº 5º, n.º 3, do DL 446/85, de prova, nos termos do artº 5º, n.º 3, do DL 446/85, de 25.10.”25.10.”

Page 26: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

DecisãoDecisão

““A ausência de prova do cumprimento A ausência de prova do cumprimento pela Ré do aludido pela Ré do aludido dever de dever de comunicaçãocomunicação da existência da da existência da cláusula 3ª à Autora, determina a sua cláusula 3ª à Autora, determina a sua exclusão do contrato – art.º 8º, a), do exclusão do contrato – art.º 8º, a), do DL 446/85 –, mantendo-se este, de DL 446/85 –, mantendo-se este, de acordo com o estabelecido no art.º 9º, acordo com o estabelecido no art.º 9º, n.º 1, do DL 446/85.”n.º 1, do DL 446/85.”

Page 27: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

DecisãoDecisãoFalta de assinatura do gerente da RéFalta de assinatura do gerente da Ré::“Encontrando-se o texto assinado pelo “Encontrando-se o texto assinado pelo representanterepresentante da Autorada Autora e por um e por um funcionário da Réfuncionário da Ré, deve considerar-se que , deve considerar-se que esta ficou vinculada ao seu cumprimento.esta ficou vinculada ao seu cumprimento.Não só não foi alegado e, consequentemente, Não só não foi alegado e, consequentemente, provado que aquele funcionário não dispunha provado que aquele funcionário não dispunha de poderes de representação suficientes para de poderes de representação suficientes para obrigar a Ré, como, caso essa circunstância se obrigar a Ré, como, caso essa circunstância se verificasse, sempre estaríamos perante uma verificasse, sempre estaríamos perante uma situação que a Ré não poderia opor ao Autor, situação que a Ré não poderia opor ao Autor, por respeito da ideia de por respeito da ideia de tutela da confiançatutela da confiança, , atenta a dificuldade de revelação a terceiro das atenta a dificuldade de revelação a terceiro das relações de representação dentro duma relações de representação dentro duma organização colectiva complexa como se organização colectiva complexa como se apresenta a Ré “apresenta a Ré “

Page 28: Cláusulas contratuais Gerais Dever de informação e Dever de comunicação

OBRIGADAOBRIGADA