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Grupo de Comunicação e Marketing
CLIPPING 28 de Janeiro 2019
2
Grupo de Comunicação e Marketing
GRUPO DE COMUNICAÇÃO E MARKETING
SUMÁRIO
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE .............................................................. 4
Empresa desiste de empreendimento no bairro Timburi ..................................................................... 4
Queda no volume de chuva afeta fornecimento de água e contas de energia na região de Ribeirão Preto . 5
Conheça a praia da cidade de São Paulo que reúne até 5 mil pessoas aos finais de semana .................... 6
Andradina avança em dados do Programa Município Verde Azul .......................................................... 8
Bambi deve ir embora por três motivos ............................................................................................ 9
Valinhos espera laudo da Cetesb sobre possível contaminação de rio após incêndio em empresa ........... 10
Animais se refrescam com sorvetes e até suco detox em zoológico .................................................... 11
Cetesb tem aplicativo para saber onde banho de mar é saudável ...................................................... 12
Consórcio PCJ quer priorizar preparação para fenômenos climáticos extremos na região ...................... 13
CIS investe mais de R$390 mil nas captações de água de Itu ........................................................... 14
VEÍCULOS DIVERSOS ............................................................................................................... 15
Bandeira tarifária de energia continuará verde em fevereiro, diz Aneel ............................................... 15
MME autoriza ampliação de térmica em SP ..................................................................................... 16
Em reunião com ministro, UNICA debate importância da biomassa canavieira para o sistema elétrico .... 17
FOLHA DE S. PAULO .................................................................................................................. 18
Painel ........................................................................................................................................ 18
Mônica Bergamo: TRF-1 avalia ação em que Ministério Público cobra impostos da Igreja Universal ........ 19
Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador ................................... 21
Lei de segurança de barragens, aprovada há oito anos, ainda patina ................................................. 23
ESTADÃO .................................................................................................................................. 25
Direto da Fonte: ‘Há desinformação sobre tema da monarquia’, diz político da realeza brasileira ........... 25
Cobertura de água e esgoto no Brasil é pior que no Iraque ............................................................... 28
Energisa vai investir R$ 2,8 bi para consolidar aquisições da Eletrobrás ............................................. 30
Tragédia deve frear ‘libera geral’ ambiental .................................................................................... 31
VALOR ECONÔMICO .................................................................................................................. 32
Agência de energia vê interesse em leilões do petróleo .................................................................... 32
3
Grupo de Comunicação e Marketing
Receita de royalties ajuda a compensar desquilíbrio fiscal................................................................. 34
Entre a benção e a maldição dos recursos naturais .......................................................................... 36
Térmicas a gás natural podem ganhar espaço ................................................................................. 37
Mineração terá de se reinventar no Brasil, afirmam especialistas ....................................................... 39
Novos rumos para a gestão das águas ........................................................................................... 42
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Grupo de Comunicação e Marketing
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E
MEIO AMBIENTE Veículo: O Imparcial
Data: 24/01/2019
Empresa desiste de empreendimento no bairro Timburi
A reportagem teve acesso a dois documentos
que dizem respeito ao bairro rural Timburi, em
Presidente Prudente, e retratam um pedido de
arquivamento do processo de licenciamento
junto à Cetesb (Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo) da área que seria
destinada à construção de um CGR (centro de
gerenciamento de resíduos), na cidade, e do
pedido de arquivamento de um inquérito civil
por parte do MPF (Ministério Público Federal),
já que a Estre, ao que tudo indica, teria
desistido do empreendimento. Vale lembrar
que a medida pode estar ligada à audiência
pública realizada no dia 11 de janeiro e que
aprovou o envio de um projeto de lei que dispõe
sobre a criação de uma APA (área de proteção
ambiental) no bairro, para posterior
encaminhamento ao prefeito Nelson Roberto
Bugalho (PTB).
O primeiro documento que a reportagem teve
acesso foi destinado à Cetesb, e trata da
solicitação de arquivamento de processo de
licenciamento do centro de gerenciamento de
resíduos em Prudente. '[a Estre] vem por meio
desta informar que não há mais interesse da
empresa em prosseguir com o processo de
licenciamento e solicitamos o seu
encerramento'. O segundo, encaminhado ao
MPF, expõe que 'diante tal desistência, a
empresa requer ainda que seja promovido o
arquivamento do inquérito civil frente ao
exaurimento do objeto da apuração pelo
Ministério Público Federal e à inexistência de
fundamento para propositura de ação civil
pública'. O MPF, no entanto, informa que 'ainda
há outras diligências para finalizar a
investigação, e assim que concluídas, será
examinado o requerimento da empresa'.
A medida pode estar ligada à audiência pública
que trata da criação da área de proteção
ambiental no bairro Timburi, sendo que na
ocasião, no início do ano, a Prefeitura afirmou
que a iniciativa do projeto visava garantir o uso
sustentável dos recursos naturais e preservar
os recursos hídricos e do solo no bairro, como
futuramente em demais localidades, medida
que tem foco ainda na preservação do valor
histórico e cultural do Timburi.
A reportagem procurou a Estre para se
manifestar sobre os pedidos, mas a empresa
informou não querer se posicionar sobre o caso.
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Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: G1 – EPTV
Data: 24/01/2019
Queda no volume de chuva afeta
fornecimento de água e contas de energia na região de Ribeirão Preto
Baixo volume de chuva deve afetar conta de
energia elétrica na região de Ribeirão Preto
Baixo volume de chuva deve afetar conta de
energia elétrica na região de Ribeirão Preto
Especialistas apontam que o calor excessivo e
a queda no volume de chuva em janeiro deve
afetar o abastecimento de água e até as contas
de energia elétrica ao longo do ano na região
de Ribeirão Preto (SP).
Dados da Somar Meteorologia apontam que
entre 1º e 23º de janeiro o índice pluviométrico
soma 83,2 milímetros, enquanto no mesmo
período do ano passado chegava a 300
milímetros, quase quatro vezes mais.
Em Franca (SP), o volume de chuva acumulado
é de 104 milímetros, menos da metade do que
foi registrado no mesmo período do ano
passado, quando o índice chegou a 250,3
milímetros, ainda de acordo com a Somar
Meteorologia.
O diretor do Departamento de Águas e
Energia Elétrica de São Paulo (DAEE),
Carlos Eduardo Alencastre, afirma que a
falta de chuvas prejudica o nível de rios e
reservatórios que abastecem algumas cidades.
Por isso, a chance de racionamento aumenta.
“Nós tivemos em 2014 a mesma situação que
estamos vivendo hoje. Aquele foi o ano mais
seco de toda a história de medições que
fizemos. Portanto, está apresentando essa
situação com pouca chuva e a previsão de um
inverno seco, muito seco este ano”, afirma.
A régua instalada no Rio Pardo, que abastece
algumas cidades na região de Ribeirão,
marcava 86 centímetros nesta quinta-feira
(24). Há dois anos, o nível do rio nessa mesma
época do ano chegava a dois metros.
“É importante as pessoas economizarem água
porque pode faltar e essa falta pode vir ainda
mais cedo este ano. É importante que as
pessoas bebam muita água, mas economizem
para o resto das suas atividades”, destaca
Alencastre.
Especialista em mercado de energia elétrica,
Walter Fróes explica que as usinas hidrelétricas
são responsáveis por cerca de 70% da energia
consumida no país. Dessa forma, a estiagem
prejudica o nível dos reservatórios e,
consequentemente, a produção de eletricidade.
“Nesse janeiro, que é o mês que normalmente
a média histórica tem as melhores chuvas, ou
seja, mais água chegando aos reservatórios,
estamos tendo uma seca razoável e isso deve
levar que o preço da energia seja alto para todo
mundo nesse ano e também no próximo”, diz.
https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-
franca/noticia/2019/01/24/queda-no-volume-
de-chuva-afeta-fornecimento-de-agua-e-
contas-de-energia-na-regiao-de-ribeirao-
preto.ghtml
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6
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: G1
Data: 24/01/2019
Conheça a praia da cidade de São
Paulo que reúne até 5 mil pessoas aos finais de semana
Quem disse que São Paulo não tem praia? Não
é só descendo a serra que o paulistano pode ir
nadar e tomar um sol. A represa Guarapiranga,
na Zona Sul da cidade, tem 18 praias
regulamentadas pela Prefeitura de São Paulo.
O G1 foi conhecer a Praia do Sol, na Capela do
Socorro, e mostra como chegar lá e quais
cuidados tomar.
A Praia do Sol, conhecida como “prainha” pelos
moradores da região, fica dentro do Parque
Praia São Paulo, localizado na altura do nº
3.540 da Avenida Atlântica. A entrada é
gratuita e o parque abre todos os dias, de 7h
às 19h (veja no vídeo acima).
O local conta com alguns quiosques, mas a
maior parte dos visitantes vai preparado com
mantimentos para passar o dia. A operadora de
caixa Dayane Oliveira de Aguilar e o marido, o
autônomo Adriano Alves da Silva, levaram uma
grande caixa de isopor com lanches para o casal
e os três filhos, além de refrigerantes e cerveja
sem álcool. “Justamente pela prainha, para
ficar olhando as crianças, e eu vim dirigindo,
né”, ponderou Adriano.
O G1 visitou a praia em uma sexta-feira e havia
cerca de 50 pessoas, mas aos finais de semana
a Praia do Sol chega a receber 5 mil visitantes,
segundo a organização do Parque Praia São
Paulo.
Moradores de Vargem Grande, na Zona Sul, o
casal Samuel da Costa e Vivian Castro sempre
via o grande movimento ao passar em frente,
mas nunca tinha ido à prainha. Eles
aproveitaram a folga da Vivian, que é
vendedora, e foram após o turno de trabalho de
Samuel, que é cobrador de ônibus. O casal
aprovou a praia dos paulistas. “Não precisa ir
tão longe para se divertir, né? E as opções em
São Paulo são poucas, na verdade”, disse
Samuel.
Mapa mostra como chegar à Praia do Sol —
Foto: Igor Estrella/Editoria de Arte/G1
Mapa mostra como chegar à Praia do Sol —
Foto: Igor Estrella/Editoria de Arte/G1
Mapa mostra como chegar à Praia do Sol —
Foto: Igor Estrella/Editoria de Arte/G1
O parque onde fica localizada a Praia do Sol
também possui pista de caminhada, quadras de
areia, playground, ciclovia e banheiros. Além do
Parque Praia São Paulo, a Guarapiranga conta
com mais cinco parques públicos no seu
entorno: Linear Nove Julho, Guarapiranga,
Linear São José, Linear Castelo e Barragem
Guarapiranga.
A represa Guarapiranga também é rodeada de
clubes particulares, onde são praticados
esportes náuticos como vela, canoagem e stand
up paddle.
A cidade de São Paulo completa 465 anos nesta
sexta-feira (25). Ao longo da semana, o G1
publica uma série de reportagens que mostram
a diversidade e curiosidades da capital paulista:
Apesar da facilidade de acesso, frequentadores
da Praia do Sol reclamam do lixo no local. A
Prefeitura de São Paulo informou que, em
média, nos distritos de Capela do Socorro,
Cidade Ademar, M’Boi Mirim e Parelheiros, são
retiradas 50 toneladas de resíduos por mês.
“As administrações regionais também realizam
ações constantes nos córregos que deságuam
nas represas”, informou a prefeitura, que
ressalta que a colaboração da população
também é importante. Denúncias podem ser
feitas por meio do aplicativo "Limpa já" ou pelo
SP156.
Para ver se a água está própria para banho, é
preciso consultar o site da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo
(Cetesb), que divulga relatórios semanais. É
preciso clicar em balneabilidade e depois em
Classificação Semanal de Praias em Rios e
Reservatórios.
Nadar em represa tem seus perigos e é
importante seguir as dicas de segurança do
Corpo de Bombeiros:
Cuidado para não se enroscar na vegetação
que pode estar no chão da represa;
Não nadar próximo de pontos de captação de
água;
Evite o choque térmico. Antes de entrar na
água, molhe a face e a nuca;
Certifique-se da profundidade antes de
mergulhar;
Nunca deixe uma criança sozinha;
7
Grupo de Comunicação e Marketing
Evite comer muito antes de nadar, mas se
comer, espere aproximadamente por 2 horas;
Bebida alcoólica e praia também não
combinam;
Nunca tente salvar alguém se não tiver
condições.
A estação de trem mais perto é a Socorro, da
Linha 9-Esmeralda. De lá, é preciso pegar um
ônibus que passe na Avenida Atlântica. Veja as
opções:
6913-21 - Terminal Varginha - Itaim Bibi
(circular)
6000-10 -Terminal Parelheiros - Terminal
Santo Amaro
6960-10 -Terminal Varginha - Terminal
Santo Amaro
6970-10- Terminal Grajaú- Terminal Santo
Amaro
Elza e a filha Cida levaram guarda-sol e
cadeiras de praia para a Praia do Sol, na
Represa Guarapiranga — Foto: Fábio Tito/G1
Elza e a filha Cida levaram guarda-sol e
cadeiras de praia para a Praia do Sol, na
Represa Guarapiranga — Foto: Fábio Tito/G1
Elza e a filha Cida levaram guarda-sol e
cadeiras de praia para a Praia do Sol, na
Represa Guarapiranga — Foto: Fábio Tito/G1
As 18 praias da Guarapiranga foram
regulamentadas em 2012, pelo então prefeito
Gilberto Kassab. Algumas são em áreas
particulares e outras só para embarcações.
Veja a situação de cada uma:
Na Capela do Socorro:
Praia Parque da Barragem – exclusiva para
banhistas;
Praia do Sol - exclusiva para banhistas;
Prainha do Restaurante - exclusiva para
banhistas;
Praia Ilha da Formiga – uso de banhistas e
usuários de esportes náuticos;
Praia Guarujapiranga - exclusiva para
banhistas;
Praia do Parque Náutico – exclusiva ao
acesso de embarcações;
Praia Parque Nove de Julho – fechada para
banhistas. Apenas para atracação de
embarcações.
Em Parelheiros:
Praia Paulistana - não funciona como praia
porque terreno é lamacento;
Praia Messiânica - não funciona como praia
porque terreno é lamacento;
Rampa Pública - utilizada por barcos,
lanchas, jets skis, catamarãs e outras
embarcações;
Praia Terceiro Lago - utilizada por barcos,
lanchas, jets skis, catamarãs e outras
embarcações;
Praia Palmeiras - não funciona como praia
porque terreno é lamacento;
Praia Golf Clube - não funciona como praia
porque terreno é lamacento.
No M’Boi Mirim:
Praia Dedo de Deus - praia em área
particular;
Praia Funcionários - praia em área
particular;
Praia Guaraci - praia em área particular;
Praia Riviera - praia em área particular;
Praia São Francisco - praia em área
particular.
https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2019/01/25/conheca-a-praia-da-
cidade-de-sao-paulo-que-reune-ate-5-mil-
pessoas-aos-finais-de-semana.ghtml
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8
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: Folha da Região
Data: 25/01/2019
Andradina avança em dados do
Programa Município Verde Azul
Buscando o desenvolvimento sustentável, a
prefeita Tamiko Inoue (PCdoB) recebeu os
relatórios da evolução de Andradina no
Programa Município Verde Azul que busca a
execução de políticas públicas estratégicas
destinadas ao Meio Ambiente, na manhã de
terça-feira (22).
Na reunião houve a participação do Secretário
de Meio Ambiente, Claudio Gotardo, do
secretário de Administração, Antonio Sérgio
Fonseca Filho, do coordenador de projetos
Ambientais, Adriano Denúncio, e da engenheira
ambiental responsável pelo relatório, Jéssica
Afonso.
De 2017 para 2018 Andradina conseguiu uma
evolução de 32,1% saltando de 51.85 para
68.48, e subindo de 158 para 91 na colocação
estadual. 'Isto mostra que estamos no caminho
certo em conciliar o desenvolvimento com as
riquezas naturais', comentou Tamiko.
Além de ter a maior nota da região, entre 16
municípios do Ciensp, Andradina se destacou
em item como a qualidade do ar, com nota
máxima 10. Outros pontos de destaques são o
esgoto tratado (8,21), gestão das águas (7,93)
e resíduos sólidos (6,30).
Gotardo ressalta as ações que fizeram o
município subir no índice, como a Lei de
Queimada Urbana, que tornou mais rígido a
pena para quem coloca fogo em áreas da
cidade, e projetos como o 'Plante uma árvore,
plante uma vida', a 'Floresta Urbana', o
Ecoponto, a educação e a conscientização
ambiental. 'É importante mantermos nossa
avaliação sempre boa, especialmente porque
facilita a conquista de benefícios para o
município junto ao Estado'.
Lançado em 2007 pelo governo do Estado de
São Paulo, por meio da Secretaria de
Estado do Meio Ambiente, o Programa
Município Verde Azul tem o inovador
propósito de medir e apoiar a eficiência da
gestão ambiental com a descentralização e
valorização da agenda ambiental nos
municípios.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=17522254&e=577
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9
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: Tribuna de Ribeirão
Data: 25/01/2019
Bambi deve ir embora por três motivos
Redação Tribuna
O parecer final sobre a doação da elefanta
Bambi, do Bosque e Zoológico Municipal Doutor
Fábio de Sá Barreto, em Ribeirão Preto, para o
Santuário dos Elefantes da Chapada dos
Guimarães, no Estado do Mato Grosso, será
dado pela Secretaria Estadual do Meio
Ambiente de São Paulo, através do
Departamento de Fauna.
O pedido de autorização para a transferência
está sendo analisado a partir de solicitação do
zoológico de Ribeirão Preto e do santuário
mato-grossense, informou a secretaria paulista
nesta quinta-feira, 24 de janeiro. O Tribuna
apurou que o parecer não tem data para ser
expedido, mas deverá ser favorável por três
motivos.
O primeiro diz respeito à disposição da
prefeitura de Ribeirão Preto em doar o animal.
O segundo, pelo fato de o Santuário dos
Elefantes estar adequado às exigências
técnicas e à legislação que regulamenta a
preservação dos animais em cativeiro. O
terceiro motivo seriam os problemas de
convivência que Bambi tem com a aliá Maisom,
que dividem o mesmo recinto no zoo ribeirão-
pretano.
Como conseqüência, quando uma é colocada no
recinto externo para tomar sol, a outra precisa
obrigatoriamente ficar presa em outra ala do
Bosque Fábio Barreto. O Santuário dos
Elefantes também quer, posteriormente, levar
a outra aliá em doação.
A elefanta Bambi chegou ao Bosque Fábio
Barreto em 23 de julho de 2014. Indiana, ela
veio do zoológico municipal da cidade de Leme
(SP) por determinação da Secretaria de Estado
do Meio Ambiente de São Paulo. Na época, a
pasta considerou o local e o espaço em que ela
vivia inadequados. Antes, Bambi pertencia ao
Circo Stankowich. Com quatro toneladas e três
metros de altura, ela tem 40 anos.
A elefanta Maison vaio para Ribeirão Preto em
17 de outubro de 2011, doada ao município
pelo proprietário do Circo Biriba, Carlos Antônio
Spíndola, o popular 'Biriba'. A aliá veio do
Uruguai, onde trabalhou debaixo da lona até o
governo, a exemplo de outros países como o
Brasil, proibir a apresentação de animais em
espetáculos circenses.
Na época, a doação de Maison ganhou a mídia
porque, após a negociação, descobriu-se que o
Zoológico Municipal de Ribeirão Preto não
possuía a estrutura exigida pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Centro de
Fauna Silvestre para abrigar o animal. Passou
um ano e cinco meses em um recinto
improvisado.
Em março de 2013, ganhou um espaço
adequado a legislação ambiental. O recinto
possui 1,5 mil metros quadrados e tanque de
100 m² e custou ao município R$ 644 mil. Parte
do recurso foi obtido por meio do Programa
Integrado de Educação Ambiental (Piea), do
governo federal.
Na época, o primeiro projeto de adequação foi
orçado em R$ 1,3 milhão. Por fim, com metade
do valor inicial, o recinto foi entregue com
atraso. A elefanta Maison, asiática, tem 44
anos, pesa quatro toneladas, bebe cerca de 100
litros de água por dia e gosta de frutas,
principalmente maçãs.
O post Bambi deve ir embora por três motivos
apareceu primeiro em Jornal Tribuna Ribeirão.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=17521769&e=577
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10
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: G1 – EPTV Campinas
Data: 25/01/2019
Valinhos espera laudo da Cetesb sobre
possível contaminação de rio após incêndio em empresa
Bombeiros encerraram os trabalhos no local,
mas Prefeitura diz que prazo para concluir
demolição de galpão comprometido é incerto.
Companhia espera informações para análises.
A Defesa Civil em Valinhos (SP) espera por
laudos da Companhia Ambiental do estado
(Cetesb) sobre possível contaminação do meio
ambiente e do Ribeirão Pinheiros, que tem
curso próximo ao local onde fica a empresa
atingida por um incêndio na quinta-feira (24).
Equipes dos bombeiros ultrapassaram 24 horas
de trabalho e encerraram o combate aos fogo
às 20h40 desta sexta.
A empresa atua no setor de produtos químicos
e fica na região do Nova Espírito Santo.
Ninguém ficou ferido, uma vez que funcionários
deixaram a estrutura a tempo. Contudo, a
Secretaria de Segurança fez um alerta sobre
possível fumaça tóxica gerada pela queima de
produtos químicos.
Um dos galpões teve a estrutura comprometida
e, por isso, será demolido. Os trabalhos tiveram
início nesta sexta-feira, mas, de acordo com a
Prefeitura, não há prazo para ser finalizado.
Procurada pelo G1, a assessoria da Cetesb
informou que funcionários estão no local para
acompanhar os desdobramentos do caso, e
frisou que a licença da empresa está regular.
"Os técnicos solicitaram informações com
relação aos produtos estocados e atingidos pelo
fogo para contribuir com a avaliação dos
impactos na área. A equipe continua
acompanhando a ocorrência para definir as
ações necessárias", diz nota sem indicação de
prazo para os laudos.
A reportagem também questionou os
Bombeiros sobre a quantidade de materiais
usados durante os trabalhos de combate às
chamas e rescaldo, mas a corporação alegou
que não fez os cálculos.
Nenhum representante da empresa Ten Four foi
encontrado para comentar o caso.
As causas do incêndio não foram confirmadas,
mas os bombeiros avaliam a hipótese dele ter
sido gerado após uma reação química dentro do
galpão, onde são feitos produtos para
manutenção de piscinas. "Não foi raio, não foi
chuva. Foi alguma reação química que
aconteceu ali dentro, porém, ninguém sabe
precisar os motivos", disse o tenente Vitor
Chaves à EPTV, afiliada da TV Globo.
Na tarde de quinta, alguns moradores da região
contaram para a Defesa Civil que um raio
durante o temporal poderia ter desencadeado o
incêndio na empresa, que estava com o
estoque lotado.
Por conta da fumaça, duas pessoas procuraram
auxílio na Unidade de Pronto Atendimento
(UPA), mas a administração frisou que elas têm
histórico de asma e não houve outros reflexos.
Já a Santa Casa da cidade informou que três
pacientes buscaram por atendimento.
Na tarde de quinta-feira, a Secretaria de
Segurança orientou moradores das residências
afetadas pelo cheiro de produto químico a
buscarem outras localidades. O odor também
chegou a ser relatado por quem reside em
alguns bairros de Campinas (SP) e Vinhedo
(SP).
https://g1.globo.com/sp/campinas-
regiao/noticia/2019/01/25/valinhos-espera-
laudo-da-cetesb-sobre-possivel-contaminacao-
de-rio-apos-incendio-em-empresa.ghtml
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11
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: Tv Record – Fala Brasil
Data: 25/01/2019
Animais se refrescam com sorvetes e até suco detox em zoológico
http://recordtv.r7.com/fala-
brasil/videos/animais-se-refrescam-com-
sorvetes-e-ate-suco-detox-em-zoologico-
25012019
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12
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: Portal do GESP
Data: 24/01/2019
Cetesb tem aplicativo para saber onde banho de mar é saudável
Companhia emite boletim semanal com a
classificação das 150 praias do Estado de São
Paulo, como própria ou imprópria
Com o calor do Verão, o desejo de curtir os
municípios praianos aumenta. Um cuidado
fundamental, para não estragar o momento de
lazer, é estar informado sobre a balneabilidade
das praias.
A Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo (Cetesb) avalia a qualidade das praias
e emite um boletim semanal com a classificação
das 150 praias do Estado, em própria ou
imprópria, para o banho.
Para facilitar, a Agência Ambiental lançou, em
2018, um aplicativo, que é só baixar no celular
e ficar informado onde o banho de mar e
saudável. O aplicativo, que é gratuito, está
disponível para smartphones com sistemas
Android (na playstore) e IOs (na appstore) e
objetiva informar a população, de maneira ágil
e intuitiva, sobre a qualidade das águas das
praias.
O uso é muito fácil. Ao abrir, selecione a opção
“qualidade das praias”. No mapa, clique em
qualquer município indicado com o guarda sol e
será apresentada a condição, própria ou
imprópria, das praias naquele local. O mapa é
georreferenciado e possibilita o traçado de rota
até a praia escolhida.
Tomar banho em uma praia própria ajuda a
evitar doenças como gastroenterite,
conjuntivite e outras moléstias relacionadas a
veiculação hídrica.
Lembrando que as informações sobre a
balneabilidade das praias estão disponíveis
também no site da CETESB e Facebook, além
da sinalização nas praias com as bandeiras e
totens.
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ulti
mas-noticias/cetesb-tem-aplicativo-para-
saber-onde-banho-de-mar-e-saudavel/
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13
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: G1 – Piracicaba e Região
Data: 23/01/2019
Consórcio PCJ quer priorizar preparação para fenômenos climáticos
extremos na região
Minuta do Plano de Atuação para 2019 e 2020
propõe ações de resiliência para fortes
temporais e períodos de seca.
A minuta do Plano de Atuação para 2019 e 2020
do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos
Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) reúne
ações que têm o objetivo de garantir resiliência
aos municípios em eventos climáticos extremos
- como longos períodos de seca ou temporais -
fenômenos cada vez mais frequentes na região.
A minuta foi entregue pelo secretário executivo
do consórcio, Francisco Lahóz, ao atual
presidente da entidade, Benjamim Bill Vieira de
Souza (PSDB), que é prefeito de Nova Odessa
(SP). Agora, ela passa por análise da diretoria
do consórcio, formada por prefeitos das cidades
consorciadas e pelas empresas também
vinculadas.
Em 15 de fevereiro, a reunião da diretoria
discutirá o plano bienal e, em 12 de março, a
sessão plenária do Consórcio PCJ vota a
proposta. Na mesma sessão também será
eleito o presidente da entidade e a entrada ou
não de outros consorciados.
A resiliência é a capacidade de se adaptar a
mudanças. O Consórcio PCJ defende que os
eventos extremos têm ocorrido cada vez com
mais frequência na região das Bacias PCJ, "o
que enfatiza ainda mais a necessidade de
utilização sustentável dos recursos hídricos".
O plano inclui, por exemplo, a necessidade dos
municípios realizarem cada vez mais
desassoreamento em reservatórios. Isso
garante mais água e menos chance de
transbordamento desses locais.
Além disso, há a preocupação com a construção
de 'piscinões' urbanos e bacias de retenção em
zona rural. Ambos são artifícios que reduzem as
inundações em pontos tradicionais das cidades,
além de terem benefícios para o meio ambiente
como a recuperação do lençol freático.
As bacias de retenção também podem evitar a
deterioração de estradas vicinais. Nesse caso,
elas devem ser construídas próximo dessas
vias.
Em dezembro, o primeiro piscinão urbano foi
inaugurado em uma área de 9 mil metros
quadrados de Limeira.
O consórcio também pretende manter a ajuda
aos municípios que, como não são atendidos
pelo Sistema Cantareira, captam água em
reservatórios municipais, poços e pequenos
cursos d’água. O objetivo é conseguir a
liberação de verba para construção, ampliação
ou melhorias dessas fontes de captação.
"Tal projeto é fruto de uma parceria entre o
Consórcio PCJ, o Departamento de Água e
Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) e a
Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente
do Governo Estadual", acrescenta o consórcio,
que atua para desburocratizar a arrecadação
desses recursos estaduais para as cidades.
https://g1.globo.com/sp/piracicaba-
regiao/noticia/2019/01/23/consorcio-pcj-quer-
priorizar-preparacao-para-fenomenos-
climaticos-extremos-na-regiao.ghtml
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14
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: Itu
Data: 24/01/2019
CIS investe mais de R$390 mil nas captações de água de Itu
Para garantir o abastecimento de água da
população são necessárias ações de controle e
monitoramento das captações de água bruta.
Desta forma, é possível planejar ações
preventivas durante todos os dias do ano.
Neste contexto, a CIS - Companhia Ituana de
Saneamento investirá mais de R$390 mil para
instalação de medidores de vazão em todos os
mananciais que abastecem a cidade de Itu.
Com isso, a autarquia retoma a análise de
dados importantes – abandonada em outras
gestões - e terá um histórico de
comportamento dos cursos de água que
abastecem a cidade.
O recurso foi obtido junto ao Fundo Estadual
de Recursos Hídricos (FEHIDRO). Sendo
R$260.487,29 provenientes da instituição e
R$131.399,71 a ser pago como contrapartida
pela CIS. No total, serão investidos
R$391.887,00. De acordo com o
superintendente da CIS, Vincent Menu, esta
verba vem da cobrança feita pelo Comitê de
Bacia para o uso da água, e também de royaties
das geradoras de energia elétrica brasileiras.
"Este recurso é denominado ‘fundo perdido’, ou
seja, não precisará ser reembolsado", explica.
Menu também destaca os benefícios esperados
com este projeto: "Com estes dados vamos
constituir uma série histórica que nos permitirá
entender melhor o comportamento dos nossos
mananciais, e antecipar providências
necessárias – como campanhas de redução de
consumo - para garantir a continuidade dos
serviços mesmo em períodos de estiagem mais
severa", pontua. “Com este projeto também
criaremos uma rede municipal de
monitoramento de mananciais, integrada com
a rede estadual coordenada pelo DAEE
(Departamento de Águas e Energia
Elétrica)”.
Hoje a CIS utiliza nove mananciais para
abastecer a cidade, com limite de outorga
estabelecido pelo DAEE para captação de água
bruta em litros por segundo. São eles:
Fubaleiro, 280 l/s; Braiaiá, 110 l/s; Gomes, 50
l/s; São José, 45 l/s; Mombaça, 250 l/s; Pau
D’Alho, 30 l/s; Itaim, 110 l/s; Varejão- São
Miguel, 31 l/s e São Miguel, 85 l/s.
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Data: 28/01/2019
15
Grupo de Comunicação e Marketing
VEÍCULOS DIVERSOS
Veículo: Reuters
Data: 25/01/2019
Bandeira tarifária de energia continuará verde em fevereiro, diz
Aneel
A bandeira tarifária nas contas de luz para
fevereiro será verde, sem custo para os
consumidores, a exemplo do que aconteceu em
janeiro, informou nesta sexta-feira a Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A bandeira verde continuará apesar de um
cenário mais pessimista para as chuvas, o que
levou a um aumento no Preço de Liquidação das
Diferenças (PLD) para o período entre 26 de
janeiro e 1º de fevereiro, para 337,10
reais/MWh nos submercados Sudeste/Centro-
Oeste e Sul, ante 178,76 reais/MWh no período
anterior.
A carga de energia elétrica no Brasil em
fevereiro deverá atingir 73.275 megawatts
médios, alta de 7 por cento ante o mesmo
período de 2018, enquanto as chuvas nas
hidrelétricas devem ficar abaixo da média,
apontou nesta sexta-feira o Operador Nacional
do Sistema Elétrico (ONS).
“Mesmo com a elevação do Preço de Liquidação
das Diferenças (PLD), provocada pela
diminuição das chuvas em janeiro, a estação
chuvosa está em curso, propiciando elevação
gradativa da produção de energia pelas usinas
hidrelétricas e melhora do nível dos
reservatórios, com a consequente recuperação
do risco hidrológico (GSF)”, disse a Aneel.
O GSF e o PLD são as duas variáveis que
determinam a cor da bandeira a ser acionada.
Criado pela Aneel, o sistema de bandeiras
tarifárias sinaliza o custo real da energia
gerada, possibilitando aos consumidores o bom
uso da energia elétrica.
Nas bandeiras amarela e vermelha, há custo
adicional ao consumidor.
https://br.reuters.com/article/businessNews/i
dBRKCN1PJ2GN-OBRBS
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Data: 28/01/2019
16
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: MME
MME autoriza ampliação de térmica em SP
UTE Casa de Força irá aumentar capacidade em
10 MW, num investimento de R$ 10,1 milhões
O Ministério de Minas e Energia acatou a
solicitação da Alcoeste Bioenergia para
ampliação em 10 MW da capacidade instalada
da Central Geradora Termelétrica Casa de
Força, localizada no município de
Fernandópolis, São Paulo. A deliberação foi
publicada no Diário Oficial da União da última
quarta-feira, 23 de janeiro
A térmica passará a ser constituída por três
unidades geradoras, sendo as já existentes de
2,4 MW e 4 MW, e a nova de 10 MW, totalizando
16,4 MW de potência instalada. A usina
funciona através do ciclo Rankine, utilizando
bagaço de cana-de-açúcar como combustível
principal para geração de energia.
O projeto também foi enquadrado junto ao
Regime Especial de Incentivos para o
Desenvolvimento da Infra-Estrutura – Reidi, e
tem seu cronograma para a expansão previsto
entre junho de 2021 até abril de 2023, com o
emprego de cerca de R$ 10,1 milhões em
investimentos, sem contar a incidência de
impostos.
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Data: 28/01/2019
17
Grupo de Comunicação e Marketing
Veículo: Única
Em reunião com ministro, UNICA debate importância da biomassa
canavieira para o sistema elétrico
Representantes de aproximadamente 20
associações do setor elétrico nacional
estiveram reunidos na quarta (23/01), em
Brasília, com o novo ministro de Minas e
Energia (MME), Almirante Bento Albuquerque,
para discutir o futuro da matriz elétrica do País.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar
(UNICA) esteve presente no encontro
enfatizando a sustentabilidade da
bioeletricidade sucroenergética e os principais
pontos para o avanço desta fonte no Sistema
Interligado Nacional (SIN).
A presidente da UNICA, Elizabeth Farina,
acompanhada pelo gerente em Bioeletricidade
da entidade, Zilmar de Souza, apresentou
dados que reforçam o papel estratégico da
biomassa canavieira para a segurança
energética do Brasil.
Em 2018, o bagaço e a palha da cana ofertaram
aproximadamente 21,5 mil GWh para a rede, o
equivalente a abastecer 11,4 milhões de
residências, evitando a emissão de 6,4 milhões
de toneladas de CO2; mitigação proporcional
ao cultivo de 45 milhões de árvores nativas ao
longo de 20 anos. A eletricidade gerada nas
caldeiras das usinas sucroenergéticas ajudou a
poupar 15% da energia armazenada capaz de
ser armazenada nos reservatórios das
hidrelétricas do submercado Sudeste/Centro-
Oeste - justamente no período seco do ano.
Durante o encontro, Bento Albuquerque
prometeu apoio prioritário à solução para a
judicialização no Mercado de Curto Prazo
(MCP), por conta de liminares de hidrelétricas
questionando o conceito de risco hidrológico e
o pagamento de débitos no MCP, que soma uma
dívida acumulada de quase R$ 7 bilhões.
Ministro Albuquerque informou que o governo
vai apoiar a solução para os débitos referentes
ao risco hidrológico no MCP prevista no Projeto
de Lei 10.985, que tramita na Câmara,
estimando um prazo de 30 dias para solução do
tema, contado a partir do retorno do Congresso
às atividades legislativas.
Desde 2015, por conta da judicialização no
MCP, os produtores à biomassa não conseguem
receber adequadamente pela geração
excedente à comprometida em seus contratos.
A UNICA estima que as usinas sucroenergéticas
tenham R$ 500 milhões retidos no MCP,
afetados por decisões judiciais em processos
dos quais nem sequer são parte.
“Na última liquidação no MCP, as usinas à
biomassa sem proteção de liminar, receberam
apenas 2% de seus créditos naquele mercado.
Temos oportunidades de produzir excedentes
de geração à garantia física das usinas em
2019, mas a judicialização é uma grande
barreira a ser resolvida para destravar a
produção. Por isto, a importância do
comprometimento do Ministério em dar
prioridade a esta questão”, comenta Elizabeth
Farina.
Outros pontos importantes abordados por
Albuquerque foram: (i) a renegociação com a
Paraguai das bases financeiras do Tratado de
Itaipu, em 2023; (ii) a reforma do setor elétrico
brasileiro, que terá por base as propostas
discutidas na Consulta Pública MME 33/2017;
(iii) a necessidade de avaliar os descontos
aplicados nas tarifas de uso da rede (TUSD/T)
aos consumidores que migram para o ambiente
livre e se beneficiam do incentivo dado às
fontes renováveis; e (iv) a integração no
planejamento entre os setores energético e
elétrico, citando nominalmente gás,
biocombustíveis e a energia elétrica.
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Data: 28/01/2019
18
Grupo de Comunicação e Marketing
FOLHA DE S. PAULO Painel
Bancada da bala quer votar projeto que facilita
porte de arma logo após a Câmara analisar nova
Previdência
Bala no tambor Integrantes da bancada da bala
dizem ter recebido sinal verde de Jair Bolsonaro
para retomar na Câmara debate sobre um projeto
que facilita o porte de armas. O presidente da
Frente Parlamentar da Segurança Pública, Capitão
Augusto (PR-SP), chamou reunião com o grupo
para quarta (30). Ele diz que vai trabalhar para
construir consenso em torno de proposta que já
está em tramitação, para levá-la ao plenário logo
após a aprovação da reforma da Previdência, o
que espera que ocorra até julho.
Engatilhado A bancada deve adotar o projeto do
deputado Rogério Peninha (MDB-SC) que revoga
o Estatuto do Desarmamento. Em conversa
recente com um dos líderes da frente pró-armas,
o presidente avaliou que seria possível retomar a
discussão sobre a medida no início desta
Legislatura.
Tática de guerrilha Capitão Augusto vai
trabalhar para buscar consenso em torno do texto
de Peninha primeiro entre os deputados da Frente
da Segurança Pública, que deverá ter cerca de 240
integrantes. Em seguida, vai tentar acordo com os
demais. Segundo o parlamentar, sua intenção é
criar “critérios objetivos” para o porte.
Plano traçado A proposta está pronta para ser
votada em plenário, mas o texto ainda é alvo de
resistências. Depois da reforma da Previdência e
mudanças no porte, Augusto diz que a frente vai
atuar para aprovar alterações na Lei de Execução
Penal sugeridas por Sergio Moro (Justiça).
Mãos de tesoura O governo quer normatizar
vantagens dos servidores públicos federais.
Integrantes do Ministério da Economia preparam
decreto que trata da licença capacitação de três
meses a que os funcionários têm direito a cada
cinco anos.
Mãos de tesoura 2 O plano é cortar o pagamento
de gratificações a quem decidir usar a licença,
mantendo apenas o salário base.
Cartas na mesa Candidatos à presidência do
Senado contrários à eleição de Renan Calheiros
(MDB-AL) devem se reunir nesta segunda (28)
para conversar sobre um acordo.
Cartas na mesa 2 Aliados de Davi Alcolumbre
(DEM-AP) dizem que ele vai pedir aos colegas que
abram mão de suas candidaturas em favor dele.
Rebote O Planalto monitora a crise na Venezuela,
de olho no risco de aumento do fluxo de refugiados
em Roraima. Na quarta (23), quando o deputado
Juan Guaidó se proclamou presidente, 618
venezuelanos entraram no Brasil. De segunda
(21) a quinta (24), 2.398 passaram pela fronteira
–a maioria com a intenção de permanecer no país.
Espalhem-se Na semana passada, uma comitiva
de cinco ministros esteve em Roraima e se
comprometeu a agilizar a transferência de
venezuelanos para outros estados do país.
Dar as mãos Um grupo da Frente Nacional de
Prefeitos composto por dez governantes de
capitais vai fazer um périplo por Brasília, nesta
segunda (28), para apresentar as principais
demandas municipais: mobilidade, segurança e
repasses sociais.
Repouso Hoje internado para a cirurgia que vai
retirar sua bolsa de colostomia, Bolsonaro foi
aconselhado a não dar novas declarações sobre
seu filho mais velho, Flávio (PSL-RJ). Alvo de
suspeitas de movimentação atípica em sua conta,
o primogênito viu o caso crescer com a revelação
de que empregou familiares de milicianos
poderosos em seu gabinete.
Não aprenderam nada Integrantes do Ibama
que acompanharam de perto a tragédia de
Mariana (MG) em 2015 dizem que a Vale deve ser
penalizada por ter construído setores
administrativos abaixo da barragem que se
rompeu, na sexta (25), em Brumadinho (MG).
Com lupa Ainda sem pistas do que levou ao novo
rompimento, procuradores do Ministério Público
Federal reuniram um calhamaço de documentos
da Vale sobre as operações em Brumadinho para
buscar elementos que ajudem a investigação.
TIROTEIO
Lavagem de dinheiro comumente passa por
familiares. É um claro e estranho retrocesso
afrouxar os controles
De José Robalinho, da Associação Nacional dos
Procuradores da República, sobre ideia do Banco
Central para tirar parentes de políticos da mira do
Coaf Voltar ao Sumário
Data: 28/01/2019
19
Grupo de Comunicação e Marketing
Mônica Bergamo: TRF-1 avalia ação em
que Ministério Público cobra impostos da Igreja Universal
O TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região)
coloca em pauta, nesta segunda-feira (28), o
julgamento da competência do Ministério Público
Federal (MPF) de propor uma ação civil pública
contra a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd).
CORPO...
Na ação, aberta em 2006, o MPF questiona a
“imunidade tributária” alegada pela igreja para o
não pagamento de impostos referentes aos
períodos-base de 1991 a 1994, cujo total
calculado pela procuradoria chega a R$ 98,3
milhões.
... FECHADO
O Ministério Público aponta que, na época,
auditores fiscais da Receita Federal em SP
“desconsideraram a imunidade tributária da
entidade” para cobrar tributos como PIS e Imposto
de Renda.
PASSADO
“Inconformada com a decisão” a Iurd interpôs
recurso, diz o texto. Após avaliação do então
Conselho de Contribuintes, hoje o Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), a dívida
da entidade foi reduzida em quase R$ 92 milhões
—valor cobrado pelo MPF, que alega “defesa do
patrimônio público lesado”.
NÃO PODE
A Iurd diz que “o pedido do MPF contraria
julgamentos do Superior Tribunal de Justiça”. “O
MPF não pode cobrar na Justiça impostos, pois
existe um órgão público com esta função, a
Receita Federal”, afirma a instituição.
TELA COM MOLDURA
Os atores Mauricio Rizzo (esq.), Marcelo Adnet e
Welder Rodrigues (dir.) usaram a estética do
pintor Candido Portinari em uma paródia da
música “Rindo à Toa”, do grupo Falamansa; o clipe
irá ao ar no programa “Tá no Ar”, da Globo
CATRACA
Os ministérios estão reforçando a segurança de
seus prédios em Brasília. O da Justiça, por
exemplo, já conta com detectores de metal e
catraca eletrônica.
TAMBÉM QUERO
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos,
Damares Alves, quer instalar os aparelhos na sede
de sua pasta. Atualmente, um segurança fica na
porta de seu gabinete. Há a ideia de dividir os
custos com o Ministério da Cidadania e com a
Secretaria Especial de Comunicação Social, que
compartilham o edifício.
LAR
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB),
transformou parte da ala residencial do Palácio dos
Bandeirantes em gabinetes de trabalho. Doria
abriu mão de morar no local, residência oficial do
governo estadual. Ele vive em sua própria casa,
no Jardim Europa.
BATIDA POLICIAL
Os atores Anderson Müller, Natallia Rodrigues e
Edwin Luisi integram o elenco da peça “O Martelo”,
que teve estreia para convidados realizada na
quinta (24), no Teatro Novo. O diretor do
espetáculo, Alexandre Reinecke, e o também ator
Ivan Parente estiveram lá.
VETERANOS
O curso pré-vestibular UniFavela, que atende
alunos do Complexo da Maré, no Rio, abriu uma
vaquinha virtual para arrecadar dinheiro para
seguir funcionando em 2019. Surgido de um grupo
de estudos no início de 2018, a iniciativa atendeu
20 estudantes no ano passado.
CALOUROS
“O curso funcionava na casa de um aluno que
emprestou a laje para a gente fazer as aulas”,
conta Carolina de Oliveira, 20, estudante de
geografia na UFRJ e um dos 11 professores
voluntários do UniFavela. “Acabou enchendo
muito, e a gente não vai conseguir mais ficar lá.”
VIZINHO
O grupo negocia o uso do espaço de um colégio
estadual ou de um instituto para alojar as suas
aulas.
REFÚGIO
Data: 28/01/2019
20
Grupo de Comunicação e Marketing
O Museu da Imigração em SP foi autorizado a
captar R$ 600 mil para fazer a exposição
“Unpacked: Refugee Baggage” [“Desempacotada:
Bagagem de Refugiados”, em tradução livre], com
uma instalação com nove esculturas do artista
sírio Mohamed Hafez.
FUGA
As obras reproduzem cenários devastados por
guerras e são acompanhadas de depoimentos de
pessoas de países como Congo, Síria e Iraque.
NA REDE
No fim de 2018, a Biblioteca Nacional conseguiu
uma verba de R$ 1 milhão do Ministério da Cultura
para expandir a capacidade de armazenagem de
seu centro de dados. O montante permitirá a
continuidade do programa de digitalização de seu
acervo.
ESTÚDIO
O cantor baiano Giovani Cidreira grava o seu
segundo disco, “Nebulosa Baby”, no Red Bull
Music Studio, em SP. O CD será lançado em junho
e terá participações dos artistas Tim Bernardes,
Ava Rocha, Luiza Lian, Josyara e Dinho Almeida.
LINHA DO TEMPO
O MAM-SP fez coquetel de abertura da exposição
“Passado/Futuro/Presente” na semana passada. A
diretora da instituição Paula Azevedo, o curador
Felipe Chaimovich, a galerista Myra Babenco e o
artista João Indio compareceram.
CURTO-CIRCUITO
A Casa do Saber realiza o encontro Um Ex-
Banqueiro Contra a Desigualdade, com Eduardo
Moreira, da Genial Investimentos. Nesta segunda
(28), às 20h.
O diretor Gaspar Noé participa da pré-estreia do
seu filme “Clímax”. Na terça (29), às 21h50, na
Reserva Cultural, em SP.
O cantor André Frateschi faz apresentações na
terça (29) e na quarta (30), no Teatro Porto
Seguro, em SP.
Adriana Calcanhotto se apresenta na quinta (31),
às 21h, no Theatro Net São Paulo.
com BRUNA NARCIZO (interina), BRUNO B.
SORAGGI e VICTORIA AZEVEDO
Bruno B. Soraggi , Bruna Narcizo e Victoria
Azevedo
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Data: 28/01/2019
21
Grupo de Comunicação e Marketing
Um novo rompimento de barragem era questão de tempo, afirma pesquisador
Ana Carolina Amaral
Mariana anunciou Brumadinho ainda em 2015,
segundo o doutor em política ambiental da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno
Milanez. “A gente não discutia se haveria outros
rompimentos, mas quando eles aconteceriam.”
Para ele, a visão de mundo do setor mineral
impediu que os alertas da academia e do
Ministério Público fossem levados a sério. “Eles
acreditam que barragens são seguras, de verdade.
Se não acreditassem nisso, não colocariam o
refeitório da mineradora embaixo de uma.”
A licença a jato concedida em dezembro para
ampliação de obras em Brumadinho mostra, de
acordo com Milanez, que o licenciamento já está
sendo flexibilizado na prática, como balão de
ensaio para a mudança na lei.
Ele afirma que, quando cai o preço do minério, as
primeiras áreas a sofrerem cortes são manutenção
e monitoramento e defende mais participação da
comunidade nas decisões de como usar o
território. “O modelo de mineração que o Brasil
adotou é um mal. E não é necessário.”
A Vale havia conseguido em dezembro uma
licença “express” para ampliar atividades na
região da barragem que se rompeu em
Brumadinho. Isso significa que a flexibilização do
licenciamento ambiental aventada pelo governo
federal já acontece na prática?
As mineradoras testam brechas para flexibilizar o
licenciamento. O Executivo dá uma certa
autonomia para “inovar”, vamos dizer assim, e
quando essas práticas passam a ser repetidas, são
tomadas medidas legais para institucionalizar. Aí,
o que era exceção vira regra. Elas vão fazendo
balões de ensaio. Alguns pegam, outros não.
Desta forma as empresas não estão elevando o
risco de seus projetos?
As mineradoras não associam licenciamento com
risco. Existe uma visão de mundo dentro do setor
de que barragens não rompem. Eles acreditam
que elas são seguras, de verdade. Se não
acreditassem nisso, não colocariam o refeitório
embaixo de uma [como era em Brumadinho].
Algumas pessoas passaram 20 anos almoçando e
jantando lá dentro achando que ela nunca iria cair.
A tragédia de Mariana anunciou a de Brumadinho?
Já estava avisado que Brumadinho iria acontecer
lá em 2015. A universidade sugeriu, em
documentos técnicos, uma série de operações de
monitoramento da barragem; o Ministério Público
também. O projeto de lei “Mar de Lama Nunca
Mais” tinha feito recomendações; pedimos o fim
do automonitoramento.
Em 2015, a gente não discutia se teria outros
rompimentos, mas quando aconteceriam. Temos
uma série histórica em Minas Gerais: de 2002 para
cá tivemos um rompimento a cada dois anos. Se
não mudar, a média se mantém.
Quais os desafios na avaliação dos impactos
ambientais e do potencial de dano das barragens?
Na prática a obra está licenciada antes da
avaliação. Preocupado com crescimento
econômico, o governante está de antemão
disposto a aprová-la. Hoje o estudo de impacto
ambiental é feito por empresa contratada pela
empreiteira. Existe um interesse, para garantir o
contrato, de reforçar aspectos positivos da obra e
ignorar negativos. Isso já pode ser um
autolicenciamento, caso haja projeto de lei que
equipare o estudo de impacto ambiental à
concessão de licença. É preciso mudar como as
empresas são escolhidas.
O que mais precisaria mudar?
Estabelecer distâncias mínimas, como 10 km,
entre barragens e comunidades. E impor limite ou
proibir barragens construídas com a técnica à
montante, o tipo mais comum, mais barato e o
menos seguro, usado em Mariana e em
Brumadinho.
Além da técnica, quais outras semelhanças nos
desastres de Mariana e Brumadinho?
As duas foram licenciadas como barragens
menores, mas foram alteradas, ficando com mais
degraus. A de Brumadinho foi construída com 18
metros de altura e, quando caiu, tinha mais de 85
metros. Com isso, vão dosando
homeopaticamente o licenciamento.
Nenhuma das duas tinha um plano de emergência
que funcionasse. Fundão tinha um capenga. Em
Brumadinho, nem sirene tocou. Alegar que foi
Data: 28/01/2019
22
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rápido não é motivo. Poderia ter salvado
moradores mais distantes.
Como os impactos socioambientais devem se
desdobrar em Brumadinho e região?
Aprendi com o caso de Fundão que qualquer
cenário que a gente trace de imediato subestima
impactos.
É preciso uma pesquisa conduzida por órgão
independente e não financiada pelas mineradoras.
O acesso a essas informações também precisa ser
público.
Boa parte do licenciamento de obras compete ao
estado. Como avalia a atuação dos órgãos de MG
na concessão e fiscalização das licenças?
Existe total captura do estado pelas grandes
mineradoras. O Legislativo estadual eleito em
2014 era diretamente financiado por mineradoras.
Órgãos de licença e fiscalização estão precarizados
e sucateados.
Os conselhos que fazem licenciamento também
têm ocupação estratégica. Os assentos das
empresas são controlados pelo setor mineral, o
governo normalmente é pró-mineração e os
assentos de ONGs são ocupados por aquelas com
projetos financiados por mineradoras. Não é por
acaso que o licenciamento feito em dezembro na
região de Brumadinho só teve um voto contrário.
O que poderia explicar a vulnerabilidade desses
territórios?
As cadeias são globais —a tomada de decisão não
está no território. A Vale tem pouco poder de
pressão sobre clientes, porque vende commodity.
Ela obedece o preço que a China impõe, não
captura valor na venda.
Se não pagar dividendo suficiente, o investidor
compra ação de outra empresa. Então o que a
mineradora faz? Reduz o custo na operação. Como
as operações da Vale são concentradas no Brasil,
os impactos acontecem mais aqui.
E como o setor de mineração tem estabelecido
relações com o governo federal?
Ficou claro no governo federal e é forte em MG o
fenômeno da porta giratória: empresas contratam
pessoas com cargos no governo e representantes
de empresas passam a ocupar esses mesmos
cargos. Quando entrou o governo Temer, todo o
segundo escalão do Ministério de Minas e Energia
veio dos quadros da Vale. O Código Mineral foi
aprovado nesse contexto.
Deve haver continuidade dessa relação no
governo Bolsonaro?
Acho que ele ainda não tem posição clara. Há uma
discussão sobre terras indígenas mais ligada ao
agronegócio. Acredito que até o final do governo,
o setor vai tentar emplacar lei complementar à
Constituição para mineração em terras indígenas.
Não agora, porque está todo mundo atento por
conta do desastre.
Seus artigos ligam o preço do minério ao
rompimento de barragens.
Normalmente, na alta dos preços do minério, as
obras são feitas às pressas. Quando o preço cai,
empresas cortam custos de manutenção e
monitoramento. Um estudo americano mostra
uma tendência de pico na frequência de
rompimentos entre 18 e 24 meses depois do pico
do preço do minério.
Ainda não há dados sobre essa correlação no caso
de Brumadinho, mas o modelo cai como uma luva
no caso da barragem de Fundão [em Mariana].
O que pensa sobre a afirmação de que a
mineração é um mal necessário?
Ela é necessária, mas é não má. A armadilha é a
dependência do poder das mineradoras.
Precisamos reequilibrar essa correlação de forças,
para que trabalhadores e comunidades tenham
voz e capacidade de tomar decisão sobre o que
ocorre no seu território. O modelo de mineração
que o Brasil adotou, sim, é um mal. E ele não é
necessário.
Raio-X
Bruno Milanez, 43
É coordenador do núcleo de pesquisa Poemas -
Política, Economia, Mineração, Ambiente e
Sociedade, da UFJF (Universidade Federal de Juiz
de Fora) em parceria com a Uerj (Universidade
Estadual do Rio de Janeiro). Engenheiro de
produção e doutor em política ambiental pela
Lincoln University (Nova Zelândia), foi
pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) e atualmente faz parte do
Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente
à Mineração
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Data: 28/01/2019
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Lei de segurança de barragens, aprovada
há oito anos, ainda patina
Flávia Faria
Oito anos depois da sua aprovação, o Brasil ainda
pena para tornar efetiva sua Política Nacional de
Segurança de Barragens (PNSB). O principal
problema, segundo a Agência Nacional de Águas
(ANA) e especialistas ouvidos pela Folha, é o
número insuficiente de funcionários em órgãos
fiscalizadores pelo país.
A lei federal, aprovada em setembro de 2010, visa
garantir padrões de segurança que minimizem
acidentes e seus efeitos no meio ambiente e nas
comunidades afetadas.
Em tese, a fiscalização dos órgãos estaduais e
federais --há 41 com potencial fiscalizador, mas só
33 efetivamente fiscalizam— é restrita aos
reservatórios que se enquadram nos critérios da
PNSB. Mas até para saber se as barragens têm as
características estabelecidas pela lei é necessário,
muitas vezes, que a equipe vá até o local fazer
medições.
Como critério, a PNSB especifica características de
altura, capacidade de armazenamento de água,
periculosidade dos resíduos e gravidade do dano
social e ambiental caso haja algum acidente.
Estão cadastradas 24.092 barragens no país, mas
o número real pode ser maior. Dessas, 4.510
(19%) estão submetidas à PNSB. Em 76% dos
casos não está definido se o reservatório é
submetido à política nacional por falta de
informação.
"Este é um dado preocupante, pois definir se uma
barragem se submete ou não à PNSB é o trabalho
básico de todas as entidades fiscalizadoras, e sete
anos após a implementação da lei nº 12.334/2010
[que estabelece a PNSB] esta tarefa deveria estar
praticamente finalizada. É possível concluir que,
infelizmente, ainda não se sabe qual é o universo
de barragens que devem ser fiscalizadas quanto à
PNSB", diz trecho do mais recente Relatório
Nacional de Segurança de Barragens, lançado pela
Agência Nacional de Águas (ANA) em 2018, com
dados de 2017.
Além disso, 42% das barragens não têm
autorização, outorga ou licenciamento, e 570 não
têm "dono" --não se sabe quem é o responsável
legal.
Espécie de banco de dados para o monitoramento
dos reservatórios, o Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens,
implantado de forma inicial em 2017, também não
funciona de maneira integral. Para a ANA, "o
número de barragens cadastradas no sistema
ainda é reduzido, restringindo a utilização do
mesmo como fonte de informação à sociedade
sobre a situação da segurança de barragens no
país".
Em 2017, segundo relatório da agência, só 3% dos
reservatórios foram vistoriados pelos órgãos
fiscalizadores. De acordo com o documento, havia
apenas 154 funcionários para fiscalizar todas as
barragens do país, entre estaduais e federais, e
em geral eles têm outras funções além das
vistorias. Nove estados não fizeram nenhuma
ação de fiscalização em todo o ano.
No caso das barragens de mineração, como a que
se rompeu na sexta (25), em Brumadinho (MG), a
supervisão fica a cargo da Agência Nacional de
Mineração (ANM). Há 790 reservatórios do tipo,
357 só em Minas, estado com a maior
concentração. Segundo a ANA, a ANM contava, em
2017, com 20 funcionários na equipe de
fiscalização.
Especialistas ouvidos pela Folha elogiam a
legislação atual, mas alertam que falta fiscalização
efetiva. "O problema é que alguns órgãos não têm
equipe suficientemente grande para exercer a
fiscalização detalhada", diz Flavio Miguez de Mello,
membro do Comitê Brasileiro de Barragens.
Outro empecilho é a alta rotatividade de
funcionários. "O técnico é treinado, se capacita.
Daí a um ou dois anos ele sai. A maioria dos
órgãos não tem concurso público e tem baixos
salários. A pessoa procura outras alternativas",
Data: 28/01/2019
24
Grupo de Comunicação e Marketing
disse Fernanda Laus, coordenadora do relatório da
ANA em 2018.
Além de exigir atividades de fiscalização do poder
público, a PNSB estabelece que os
empreendedores, ou seja, os responsáveis pelas
barragens, façam inspeções regulares de
segurança. Segundo a ANA, em 2017 foram feitas
mil ações do tipo em todo o Brasil.
Diante das recentes tragédias, Roberto Kochen,
professor da Escola Politécnica da USP e diretor do
departamento de infraestrutura e habitat do
Instituto de Engenharia, cobra mais
responsabilidade dos empreendedores.
"As empresas têm que ter noção de que não basta
contratar uma pessoa para dar uma olhadinha na
barragem e ver se está tudo certo. Precisa fazer
análise, avaliar a parte mecânica, elétrica, a
geotecnia. Precisa de gente qualificada", diz.
No plano nacional, está parado no Senado um
projeto de lei que prevê mais obrigações para os
responsáveis pelas barragens, como plano
financeiro para arcar com possíveis desastres
ambientais e sociais. Também propõe a criação de
um comitê técnico para analisar acidentes.
"Infelizmente o projeto ficou parado na Comissão
de Meio Ambiente, que não teve capacidade nem
coragem política para priorizar o novo marco legal.
A lei é antiga e não protege em absoluto as
pessoas e as regiões. Isso é um prejuízo coletivo,
são vidas humanas ceifadas", diz o senador
Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que apresentou a
proposta em 2016.
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Data: 28/01/2019
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Grupo de Comunicação e Marketing
ESTADÃO
Direto da Fonte: ‘Há desinformação
sobre tema da monarquia’, diz político da realeza brasileira
Primeiro membro da família real a se eleger
toma posse como deputado esta semana
As monarquias são alvo de desinformação
propagada pelas escolas e pela mídia, e as séries
sobre o tema servem para a população criar vilões
e heróis, sem conter nuances. A visão é do
cientista político e empresário Luiz Philippe de
Orleans e Bragança, que, ao tomar posse como
deputado federal essa semana, será o primeiro
membro da família real brasileira a ocupar um
cargo político desde a Proclamação da República.
“As famílias reais são muito críticas delas mesmas.
Dizem que fulano foi um péssimo rei, que a outra
foi uma ótima rainha, que aquele lá foi um
herdeiro patético”, conta ele, para quem a realiza
tem o papel de estabilizar a nação que representa.
À repórter Paula Reverbel, ele explica por que viu
a necessidade de virar ativista – é um dos
fundadores do Movimento Acorda Brasil, que foi a
favor do impeachment de Dilma Rousseff – e
ingressar na máquina de Brasília.
“Não seria ativista ou político se houvesse
mecanismo na República para interferir como
cidadão”, afirma. A seguir, trechos da entrevista.
Vê uma simbologia na sua eleição? Pode ser vista
como um aceno de alguém da família real à
República ou um aceno da população à realeza?
Eu gostaria de interpretar dessa segunda maneira.
A nossa República não tem nem chance de dar
certo na atual conjuntura. E o novo governo é, no
melhor dos casos, uma transição para uma futura
política. Temos que fazer uma reestruturação de
Estado. O risco de retrocedermos ao período de
uma social-democracia de Fernando Henrique
Cardoso ou a um período lulo-petista… Podemos
retroceder facilmente a isso numa próxima
eleição.
Como vê a monarquia?
É uma questão de organização do Estado, não de
governo. Numa monarquia parlamentarista, o
chefe do Estado não governa. A gente precisa ter
política de Estado, independentemente de ser uma
monarquia – que seja então uma República, mas
uma que separe a função do Estado. Com o
presidencialismo que nós temos, isso não existe,
Estado e governo são a mesma coisa. Quando
muda o governo, muda o Estado. Você não tem
estabilidade jurídica, não consegue planejar além
de quatro anos.
Então o sr. é favorável ao parlamentarismo?
Sim, tem que ter parlamentarismo. Tem que ter
um chefe de Estado que seja independente do
governo. Com isso, há freios e contrapesos, que
são a essência do Estado moderno. Todas as
monarquias modernas são assim, têm poderes de
governo e poderes de veto ao governo.
O que acha do nosso regime presidencialista?
O presidencialismo no qual a gente vive, esta
cópia fajuta do modelo americano… Não tem
nenhum país rico assim. O governo é ilimitado.
Seja o governo FHC, Lula, Dilma… Agora o do
(Jair) Bolsonaro. Se ele não se autolimitar, tem
poder pleno, nomeia para cargos de Estado. É
muito fácil você sequestrar o Estado. O
procurador-geral da República é nomeado pela
Presidência. Tá errado, porque o procurador tem
que monitorar o próprio presidente.
Como vê o papel das famílias reais nas
monarquias parlamentaristas e nos Países que
deixaram de ser monarquia?
Os reis vêm perdendo poder desde o século XVIII.
Hoje, poucas das monarquias europeias têm poder
de fato, talvez a de Liechtenstein, a de
Luxemburgo. A própria rainha da Inglaterra tem
muito pouco. Mas está havendo um resgate da
função das famílias reinantes. A Europa está sendo
alvo de ataque cultural e o último recurso vão ser
as famílias fundadoras daquelas nações. Tenho
sido crítico das que não cumprem essa função.
Alguns têm vindo ao encontro dessa posição. O da
Bélgica (Philippe Léopold Louis Marie) tem se
manifestado diante de governantes que absorvem
imigrantes que não querem se integrar.
O sr. tem uma posição forte a respeito das ondas
migratórias?
Sim. A massa de imigração incentivada pelo
Estado social da Alemanha ou da Inglaterra vai
arrebentar o equilíbrio fiscal e a qualidade de vida
dos que pagam imposto. O cidadão inglês já fez o
seu referendo, está saindo da União Europeia por
causa disso. O alemão não teve essa
oportunidade. Isso vai estourar em movimentos
de xenofobia e extrema-direita porque o Estado
está querendo impor algo à sociedade. Você acha
que, tendo um referendo popular, Boa Vista ia
querer receber 50 mil venezuelanos? Se você não
dá valor àquele que paga imposto, acabou sua
nação-Estado. Suas leis não valem nada.
Data: 28/01/2019
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Grupo de Comunicação e Marketing
O sr. acha que o fato de ser de família real embute
a responsabilidade de estabilizar a nação?
Total. Esse tema da monarquia não foi bem
divulgado. Há muita desinformação, coisa errada
que foi divulgada pelas escolas, pela mídia. Se
você não tem uma família fundadora vinculada à
ideia fundamental de por que é que você existe
como Estado, você não está fazendo o seu serviço,
não está defendendo os valores que vão proteger
a todos.
Então o sr. vê essas famílias como um jeito de
reverberar valores da sociedade?
Exatamente isso. E têm que estar em sintonia com
os valores da sociedade. Se não é uma família,
tem que ter uma sociedade organizada fazendo
isso. Eu gostaria que todo brasileiro pensasse que
é herdeiro de um Brasil maravilhoso, pensasse
que “isso aqui é meu, vou defender”. Essa
sociedade organizada está surgindo com uma
ideologia vinculada à ideia de Brasil, que é
fundamental. Eu não seria ativista ou político se
houvesse mecanismo na República para interferir
como cidadão.
Interferir como?
Propor ou vetar um projeto de lei, fazer um
referendo – contra aumento de salário, de
tributo… Se eu pudesse me mobilizar fora do
sistema político, não teria por que me eleger,
entrar lá na máquina. Mas só temos o projeto de
lei de iniciativa popular, e o mecanismo está
errado. Não é pro Congresso mudar, decidir se
coloca em votação ou não. É para apresentar uma
contraproposta. E o povo escolhe por referendo.
Tem projetos para viabilizar esse tipo de
participação?
Já tenho todos feitos, os mecanismos (de
participação da sociedade, para propor), dentro
das regras da atual Constituição, que é uma
porcaria. Mas, de qualquer maneira, é o que a
gente tem pra hoje.
Gosta da série The Crown, que retrata uma rainha
abnegada?
Nem assisti à série The Crown. Não assisto a
nenhum desses, porque quando você conhece as
pessoas, tem conhecimento de quem são, como é
que elas pensam… Não sou um historiador, mas
eu gosto de ter perspectiva, busco isso no meu
círculo de amizades. Então, como eu tenho esse
gosto e também tenho acesso fácil (às famílias
reais), vejo que tem muita coisa ali que não condiz
com nada. É uma coisa pra população se encantar,
criar os inimigos, criar o herói.
E como é na realidade?
Tem nuance. E, se você vai dentro das famílias,
elas são muito críticas delas mesmas. Dizem que
fulano foi um péssimo rei, que a outra foi uma
ótima rainha, que aquele lá foi um herdeiro
patético. A gente arrebenta com o fulano, mais do
que qualquer outra mídia. Um diz: “Pois é, tem um
gene degenerado lá, que não sei o quê, passou
esse gene pra tal… Isso vem da família
Habsburgo”. O outro diz: “Ah, o Saxe-Coburgo
tem uns caras…”. Então é assim, entendeu?
Existem outros modelos?
Tem países que nunca tiveram família fundadora,
essas pessoas que encarnaram como família a
coisa. A Suíça sempre foi um país republicano,
uma confederação de estados helvéticos, uma
amálgama de valores que estão ainda lá na
sociedade.
Dom Bertrand é favorável à restauração
monárquica e, há menos de um ano, manifestou
simpatia por Geraldo Alckmin.
Não estou ciente se ele apoiou ou não. Não sou
um monarca, nunca vou ser, eu não estou na linha
sucessória. Então, posso falar o que eu quiser
sobre isso. Se fosse um monarca, eu não estaria
dizendo, “quero fulano”, “apoio sicrano”. Poderia,
uma vez escolhido o governante, dar um ok.
Agora, do meu ponto de vista, o Alckmin era
exatamente o que nós temos, é o sistema social-
democrata falido e altamente corrupto. O PSDB
faz parte do problema, como o PT.
Em seu livro (Por Que o Brasil é um País
Atrasado?), você associa oligarquias ao modelo
social-democrata.
Sim. Esse modelo é propenso a todas essas
oligarquias políticas que existem e favorecem uma
elite burocrata.
Mas não há também oligarquias nas monarquias?
Sim. Exatamente aí onde elas falham. Quando elas
se tornam oligarquizantes, caem. Então, no final
do Brasil império – eu debato isso abertamente lá
contra os monarquistas – se concentrou muito
poder no Rio. A primeira coisa que o poder
concentrado atrai são as oligarquias, sejam elas
locais ou externas. Hoje você tem a ONU
influenciando uns quatro juízes do STF, dez
senadores, deputados. A lei da ONU passa.
Data: 28/01/2019
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Grupo de Comunicação e Marketing
Mas então o sr. classifica a ONU como uma
oligarquia?
Sim. Na ONU, há uns 20 países ricos, que são os
países desenvolvidos hoje – esses sim são
democracias sofisticadas. E os outros 180, 150
países, o que é que eles são? Oligarquias
controladas por grupos de interesse, o Brasil
incluso. A ONU está na mão de 150 países que não
são democráticos. Os países árabes, por exemplo,
influenciam o que deve ser a política da ONU com
Israel. E nenhum deles é democrático.
Um de seus primos, o João Henrique, criticou o
fato de você ser ativista e político.
Ele tem a opinião dele. Não acho que exista uma
formalidade dentro da família que a gente tenha
que obedecer. Eu me sentia envergonhado de ver
amigos meus saindo na rua, fazendo alguma coisa
e eu sem fazer nada.
Tem alguma consideração sobre o caso do Fabrício
Queiroz e do Flávio Bolsonaro?
Todos têm que passar por esse crivo, não só o
Flávio. O que a imprensa tá querendo fazer é um
pré-julgamento. Agora, se houver alguma coisa de
fato, com certeza (tem que punir).
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Data: 28/01/2019
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Grupo de Comunicação e Marketing
Cobertura de água e esgoto no Brasil é pior que no Iraque
Oitava economia do mundo, o Brasil tem níveis de
cobertura de água e esgoto bem piores que países
como Iraque, Jordânia e Marrocos. Hoje, 100
milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de
esgoto e 35 milhões não são abastecidos com
água potável – números que refletem a falta de
prioridade que o setor teve nos últimos anos e
explicam a proliferação de epidemias, como
dengue e zika, além de doenças gastrointestinais
no País.
Para se ter ideia do atraso, enquanto a cobertura
de água e esgoto no Brasil é de 83,3% e 51,9%
da população, respectivamente, os números do
Iraque são de 88,6% e 86,5%. Até países com
Produto Interno Bruto (PIB) per capita – que mede
a riqueza da população – inferior ao do Brasil
ganham nos índices de cobertura. É o caso de
Peru, África do Sul e Bolívia. Nesse último caso, o
indicador de acesso à água é maior e o de coleta
ligeiramente menor que o brasileiro.
Os dados constam de um trabalho feito pela
gestora Miles Capital, com dados do Instituto
Trata Brasil, Unicef e Organização Mundial da
Saúde (OMS). “O setor, que foi esquecido nos
últimos anos, precisa ser a prioridade das
prioridades nessa nova gestão”, afirma o sócio-
fundador da Miles Capital, Fabiano Custodio. Para
ele, os governos, federal e estaduais, têm uma
oportunidade para reverter esse quadro atraindo
investidor privado para o setor. Na avaliação dele,
uma das saídas é a privatização das estatais,
muitas delas deficitárias.
Hoje, apenas 6% dos municípios nacionais são
atendidos pela iniciativa privada. O restante está
nas mãos de empresas estatais, sendo que boa
parte delas não tem condições financeiras para
tocar grandes volumes de investimentos. A
maioria depende de recursos dos Estados para
operar. Mas, com a crise fiscal dos governos, a
situação ficou ainda mais complicada.
“Muitas companhias estaduais estão com
problemas de endividamento e baixa capacidade
de captação, o que dificulta qualquer
planejamento de expansão da rede”, diz o diretor
da Associação Brasileira das Concessionárias
Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto
(Abcon), Percy Soares Neto. Pelo tamanho do
déficit, o volume de investimento é grande.
A universalização do saneamento básico exigirá
R$ 440 bilhões de investimentos, mas nem o Plano
Nacional de Saneamento (Plansab) tem sido
cumprido. Lançado em 2013, a meta era investir
cerca de R$ 20 bilhões por ano até 2033 para
abastecer 99% da população com água potável e
levar rede de esgoto para 92% dos brasileiros.
Entretanto, a média de investimento entre 2014 e
2016 ficou em R$ 13 bilhões. “O setor está muito
atrasado em relação aos emergentes. O baixo
investimento prova que o modelo que está aí não
está funcionando”, diz o advogado Fernando
Vernalha, sócio do escritório VG&P.
Para os especialistas, os benefícios decorrentes da
melhoria no saneamento básico justificariam
qualquer aumento de recursos no setor. Os baixos
índices de cobertura de água e esgoto têm reflexo
direto nos gastos com saúde pública. Calcula-se
que cada R$ 1 investido em saneamento gere
economia de R$ 4 na saúde. Isso sem contar os
ganhos na economia, com melhora na
produtividade do trabalho, segundo o Trata Brasil.
'Principal benefício está na qualidade da saúde'
Localizada no oeste do Paraná, Cascavel é uma
das poucas cidades do País a praticamente zerar o
déficit dos serviços de saneamento básico. No
último ranking do Instituto Trata Brasil, elaborado
em parceria com a GO Associados, o município
subiu seis posições e ficou em segundo lugar entre
as 100 maiores cidades do País, atrás apenas de
Franca, no interior de São Paulo. “Os benefícios
são visíveis, e o principal deles está na qualidade
da saúde”, afirma o prefeito de Cascavel, Leonaldo
Paranhos.
Ele conta que o porcentual de internações por
doenças relacionadas à falta de saneamento
Data: 28/01/2019
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Grupo de Comunicação e Marketing
básico caiu de 9% para 2% em 2017 e 2018. Pelo
ranking do Trata Brasil, apenas Cascavel, de 324
mil habitantes, e Piracicaba (SP) registraram
100% de cobertura de coleta de esgoto no
período. Mas ainda faltam alguns investimentos no
tratamento de água potável. Paranhos afirma que
há 1.700 famílias que precisam ser atendidas.
A população da cidade, atendida pela Sanepar,
estatal do Paraná, deverá ser beneficiada por um
investimento de R$ 72 milhões na construção de
um novo reservatório que vai garantir o
abastecimento da comunidade, sem interrupções.
Outro município que teve grande avanço no
ranking do Trata Brasil foi Taubaté, no interior de
São Paulo. A cidade também ganhou seis posições
e agora ocupa a 8.ª posição entre os 100 maiores
municípios do Brasil. Hoje, Taubaté tem 100% de
atendimento de água potável e 97,33% de esgoto.
O prefeito José Bernardo Monteiro Ortiz Júnior
afirma que esse índice também chegou a 100%
com os últimos investimentos feitos pela Sabesp,
estatal de São Paulo.
Ele reconhece os benefícios na saúde da
população, mas afirma que alguns reflexos só
serão percebidos ao longo do tempo.
A presidente da BRK Ambiental, Teresa Vernaglia,
afirma que o aumento dos investimentos em água
e esgoto tem efeito imediato na qualidade de vida
da população. Ela conta que, em 2012, quando a
empresa assumiu a concessão de Uruguaiana, no
Rio Grande do Sul, a cidade tinha apenas 9% de
coleta de esgoto e 3 mil internações por diarreia
por ano. Em 2018, depois de uma série de
investimentos previstos no contrato, a cidade
alcançou índice de cobertura de 94% e o número
de internações caiu para 108.
“Diante desses avanços num curto espaço de
tempo, é inadmissível permitir que pessoas
continuem morrendo por falta de saneamento
básico. Esse quadro precisa mudar”, afirma
Teresa. “O Brasil é um país de contrastes. Temos
um avanço das eólicas e solares na energia
elétrica, mas o povo continua pisando no esgoto
que corre a céu aberto.” Voltar ao Sumário
Data: 28/01/2019
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Grupo de Comunicação e Marketing
Energisa vai investir R$ 2,8 bi para consolidar aquisições da Eletrobrás
Renée Pereira
Ao entrar na disputa dos últimos grandes negócios
do setor elétrico – e sair vitorioso em alguns deles
–, o grupo Energisa conseguiu mais do que dobrar
seu valor de mercado de 2017 para cá, para R$
17,6 bilhões. Há uma década, a empresa valia
pouco mais de R$ 2 bilhões, segundo a
Economática. No ano passado, a companhia da
família Botelho mirou as oportunidades de compra
no setor de distribuição e os leilões de transmissão
de energia. Ganhou o leilão de duas
concessionárias da Eletrobrás e quatro projetos de
linhas de transmissão. Em 12 meses, as ações da
empresa subiram quase 50% – bem acima do
Ibovespa.
Hoje, prestes a completar 114 anos, o grupo –
criado em Cataguases (MG) – quer consolidar as
aquisições feitas no último ano. Para isso, vai
investir R$ 2,8 bilhões no setor em 2019, incluindo
as melhorias nas empresas compradas da
Eletrobrás. O valor é quase 50% superior ao
injetado nos negócios em 2018, afirma o
presidente da empresa Ricardo Botelho. “Estamos
entrando numa fase em que o foco serão os
investimentos, especialmente nas duas
distribuidoras adquiridas da Eletrobrás, que têm
um padrão de eficiência muito baixo.”
Botelho explica que esse foi o mesmo caminho
seguido pela empresa quando, em 2006, o grupo
comprou as oito distribuidoras do Grupo Rede. Na
época, a companhia desbancou CPFL e Equatorial,
favoritas na negociação, e se transformou na
sexta maior empresa de distribuição do País (hoje,
ela é a quinta maior).
A exemplo das concessionárias adquiridas da
Eletrobrás, as concessões do Rede exigiam
vultosos investimentos. Este ciclo terminou no ano
passado, quando quatro distribuidoras passaram
pelo processo de revisão tarifária, o que permitiu
que a empresa capturasse parte das melhorias
feitas na área de concessão.
Com esse processo encerrado, a Energisa
conseguiu buscar novos negócios. Em março de
2018, a empresa se arriscou ao fazer uma oferta
hostil pela Eletropaulo, que vinha negociando com
a Neoenergia. O movimento não deu certo e a
distribuidora paulista acabou com a italiana Enel.
Depois da tentativa frustrada, focou seus esforços
nas distribuidoras da Eletrobrás. Arrematou duas:
Ceron (RO) e Eletroacre (AC). Foi mais um passo
no processo de diversificação da companhia, que
deu seus primeiros passos fora de Minas Gerais
em 1996.
Analista do Santander, Thiago Roberto Luis da
Silva diz que a Energisa é conhecida no mercado
como uma empresa que sabe investir bem. “Eles
têm fama de serem investidores que controlam
bem os custos.” O analista destaca que, no caso
das distribuidoras do Grupo Rede, as revisões
tarifárias da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) ficaram acima das expectativas do
mercado.
Dívida
A fama se reflete na receptividade da empresa no
mercado financeiro. Em 2016, a companhia
levantou R$ 1,54 bilhão numa oferta pública na
bolsa de valores de São Paulo. Em dezembro de
2018, após as aquisições feitas, o Itaú fez um
aporte de R$ 600 milhões para ficar com 12% do
negócio. Segundo Botelho, antes disso, a empresa
já havia feito uma capitalização interna de R$ 480
milhões. Ele explica que as operações têm a
finalidade de ajustar o perfil de dívida da empresa,
que somava R$ 9,5 bilhões em setembro. Com as
aquisições de Ceron e Eletroacre, esse valor subirá
para R$ 11,4 bilhões.
“Ao contrário do que parece, a empresa é bastante
pé no chão em termos de capitalização e
aquisições. Eles se concentraram no negócio de
distribuição e venderam os demais ativos para
suportar o negócio”, afirmou o presidente da
consultoria Thymos, João Carlos Mello.
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Data: 28/01/2019
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Grupo de Comunicação e Marketing
Tragédia deve frear ‘libera geral’ ambiental
A tragédia em Brumadinho mostra o quanto o
Brasil está despreparado para um ciclo de
crescimento com responsabilidade social e
ambiental, e deve servir para frear, ao menos por
ora, a sanha por liberação geral da legislação e do
arcabouço de fiscalização na área liberal, analisa
Cida Damasco no Estadão. “O novo presidente do
Ibama, Eduardo Bim, por exemplo, já havia se
manifestado a favor do licenciamento automático
para o agronegócio. E o novo ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, defende uma espécie de
“autodeclaração” das próprias empresas para a
liberação de algumas obras. Claríssimo que, sob o
impacto de Brumadinho, todos pensarão duas
vezes antes de encaminhar propostas nessa
direção. Pelo menos até que Brumadinho e
Mariana sejam jogados para o canto da memória”,
escreve.
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Data: 28/01/2019
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Grupo de Comunicação e Marketing
VALOR ECONÔMICO
Agência de energia vê interesse em
leilões do petróleo
Por Daniel Rittner | De Davos (Suíça)
O diretor-geral da Agência Internacional de
Energia (AIE), Fatih Birol, está otimista sobre o
grau de interesse das multinacionais do petróleo
nas próximas licitações do pré-sal, incluindo o
megaleilão de excedentes da cessão onerosa.
"Mesmo as petroleiras pensando duas vezes antes
de investir em projetos de longa duração, o pré-
sal brasileiro continua sendo uma das
oportunidades de investimento mais atrativas em
todo o mundo", disse ao Valor, à margem do
Fórum Econômico Mundial, que ocorreu em Davos
na semana passada. Ele elogiou as reformas
promovidas pelo governo anterior no marco
regulatório do setor, a definição de um calendário
de leilões e o reposicionamento da Petrobras nos
últimos anos.
Birol, economista turco que assumiu o comando
da AIE em 2015, alerta sobre a possibilidade de
volta ao déficit no mercado global de petróleo
ainda no primeiro semestre. Tudo depende da
implantação dos cortes anunciados por grandes
países produtores - Opep e Rússia - e da
velocidade de aumento da demanda neste ano. A
agência projeta que o Brasil aumentará sua
produção diária para 3,7 milhões de barris de
petróleo em 2025, 4,3 milhões em 2030 e 4,8
milhões em 2035.
Valor: No ano passado, a cotação do petróleo
subiu para os níveis mais altos em quatro anos,
mas caiu logo depois. Quais são os fatores que
poderão jogar os preços para cima ou para baixo
em 2019?
Fatih Birol: Depois de ter subido para mais de US$
80, o preço do barril recuou para a faixa dos US$
50 no fim de 2018 e agora se estabilizou em um
patamar pouco acima dos US$ 60. Os principais
fatores que vão determinar a direção dos preços
neste ano são: a implementação do Acordo de
Viena, que determinou cortes na produção [da
Opep e da Rússia em 1,2 milhão de barris por dia],
e a força da demanda global.
Quanto aos cortes, é preciso esperar para ver se
os produtores de fato implementam o que foi
prometido. Se cumprirem a palavra e a demanda
continuar forte, o mercado de petróleo se
reequilibrará e haveria déficit ainda no primeiro
semestre. No entanto, o crescimento da produção
fora da Opep, liderado pelos Estados Unidos, será
novamente alto neste ano. Isso reduz a
probabilidade de aumentos agudos de preços.
Sobre a demanda, esperamos um crescimento de
1,4 milhão de barris por dia em 2019, mas
reconhecemos os ventos desfavoráveis à
economia mundial, incluindo uma potencial
desaceleração do comércio. Em linhas gerais,
como os preços estão abaixo do patamar de US$
80 que havia sido alcançado no passado recente,
os consumidores sentem um benefício e há
estímulo à demanda.
"O pré-sal brasileiro continua sendo uma das
oportunidades de investimento mais atrativas do
mundo"
Valor: O sr. havia elogiado as reformas feitas na
indústria de óleo e gás pelo governo Michel Temer,
como mudanças na exploração do pré-sal e nas
exigências de conteúdo local. Espera a
preservação desses marcos regulatórios? A
Petrobras, na sua visão, está recuperada?
Birol: O sucesso dos últimos leilões no Brasil prova
que disputas abertas e honestas são essenciais
para aumentar a concorrência na exploração e
jogar os custos para baixo. A estabilidade e a
previsibilidade do marco regulatório, incluindo
seus detalhes e um calendário de leilões, são
importantes para atrair novos atores e encorajar
investimentos.
A Petrobras, ao reposicionar seu foco onde é
realmente forte e estabelecer parcerias
estratégicas com as IOCs [as grandes
multinacionais privadas do petróleo, como Shell e
Total], está conseguindo superar uma situação
financeira desafiadora. E provar que o pré-sal
brasileiro pode ser desenvolvido de forma
competitiva.
Valor: É bem possível que tenhamos neste ano, no
Brasil, o leilão dos excedentes da cessão onerosa.
Fala-se em 6 a 9 bilhões de barris adicionais de
reservas, mas também em um bônus de
assinatura altíssimo, que poderia chegar a R$ 120
bilhões. O sr. prevê que haja interesse das
grandes petroleiras mesmo com a exigência de um
cheque tão alto?
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Grupo de Comunicação e Marketing
Birol: Permita-me enfatizar que projetamos uma
demanda global crescente por petróleo.
Investimentos em novas frentes de produção são
necessários, seja para repor campos em declínio,
seja para responder a esse crescimento da
demanda. Mesmo no "cenário de desenvolvimento
sustentável" [feito pela agência e levando em
conta substituição maior por fontes de energia
renováveis], a velocidade de declínio dos campos
atualmente produzindo (entre 4% e 6% ao ano)
supera a queda da demanda por petróleo (em
torno de 2,5%). Dito isso, mesmo as petroleiras
pensando duas vezes antes de investirem em
projetos de longa duração, o pré-sal brasileiro
continua sendo uma das oportunidades de
investimento mais atrativas em todo o mundo. Se
a construção de confiança com os investidores for
mantido, se o marco regulatório correto for
desenvolvido para atrair investimentos no pré-sal,
estou otimista sobre o nível de engajamento que
veremos.
Valor: A AIE destaca, no último "World Energy
Outlook", a crescente competitividade da geração
solar fotovoltaica. Com as restrições fiscais de
muitos países, seria factível retirar subsídios para
essa fonte de energia, sem barrar sua expansão?
Birol: Globalmente, a geração fotovoltaica tem
tido um progresso muito bom. Os níveis de
implantação [de parques solares] estão em linha
com o nosso cenário de desenvolvimento
sustentável, que atinge as metas de longo prazo
para a transição rumo a uma matriz mais limpa.
Na direção oposta, porém, a geração eólica
onshore e offshore nos últimos anos tem ficado
abaixo dos níveis de implantação requeridos para
alcançarmos esse cenário. No âmbito local, a
competitividade relativa da energia fotovoltaica e
da energia eólica depende muito dos recursos
disponíveis, bem como da conectividade pré-
existente às redes [de transmissão]. Em alguns
países com abundância de sol, como o Chile, a
fonte solar já tem ganhado leilões disputados em
condições iguais, por várias tecnologias, sem
nenhum subsídio. No Brasil, depende da localidade
dentro do país. Vocês têm excelentes lugares
tanto para geração eólica como solar, mas muitos
projetos confiavam, de certa forma, em condições
favoráveis de financiamento pelo BNDES.
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Data: 28/01/2019
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Receita de royalties ajuda a compensar desquilíbrio fiscal
Por Lívia Ferrari
A destinação das receitas de royalties do petróleo
está no centro dos debates e das preocupações de
governadores e prefeitos, que contam com esses
recursos para compor orçamentos.
O governador do Rio de Janeiro - o maior
arrecadador de royalties entre os Estados da
federação - declarou, logo nos primeiros dias de
seu mandato, que "o Rio não pode prescindir dos
royalties do petróleo" para garantir investimentos.
O alerta de Wilson Witzel tem como alvo a
polêmica sobre a redistribuição dos recursos,
aprovada pelo Congresso Nacional em 2012 e
suspensa, no ano seguinte, por liminar, a pedido
do governo do Rio.
Witzel quer que o Supremo Tribunal Federal (STF)
decida, o mais breve possível, sobre a
constitucionalidade ou não da Lei 12.734/12, que
altera as regras de redistribuição dos royalties e
reduz repasses para o Estados produtores, em
favor de outras unidades da federação.
Por outro lado, a Confederação Nacional dos
Municípios (CNM) defende a redivisão dos royalties
e quer que todos os municípios sejam
contemplados com recursos provenientes da
produção de óleo brasileira. A CNM calcula que
mais de R$ 50 bilhões deixaram de ser
distribuídos, entre 2013 e 2018, para regiões não
produtoras.
A celeuma aumenta à medida que avança a crise
financeira dos estados. No ano passado, os
estados arrecadaram cerca de R$ 6,6 bilhões em
royalties de petróleo, e os municípios, R$ 8
bilhões, segundo a Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Desse Total,
o Rio de Janeiro foi responsável por R$ 4,45
bilhões, seguido por São Paulo (R$ 1,14 bilhão) e
Espírito Santo (R$ 883,5 milhões).
A ANP calcula que União, Estados e municípios
terão receita recorde de R$ 67 bilhões com a
exploração de petróleo em 2019 - que soma
royalties e participações especiais. As projeções
podem mudar com as variações dos preços do
petróleo e do câmbio.
"O petróleo é genial para criar receitas, inclusive
de royalties, mas elas são mal utilizadas devido à
precária governança pública", afirma o professor
Istvan Kasznar, da Escola Brasileira de
Administração Pública e de Empresas, da
Fundação Getúlio Vargas (Ebape/FGV).
Atento às estatísticas da Secretaria do Tesouro
Nacional (STN), ele observa que nenhum Estado
da federação e nem o Distrito Federal atendeu, até
agora, aos pressupostos, discutidos no passado,
de destinar percentuais das receitas de royalties à
educação e saúde. "Com o tamanho da crise fiscal,
os royalties tornaram-se essenciais para tapar
buraco das finanças públicas", destaca o professor
da FGV, lamentando que os recursos sejam
aplicados de acordo com as prioridades definidas
pela administração municipal. Ele defende a
necessidade de obrigatoriedade de vinculação das
receitas a investimentos voltados ao
desenvolvimento econômico e social.
"O royalty é um complemento de verba; não pode
ser receita corrente principal de Estados e
municípios", diz o professor, ao constatar o uso
dos recursos para pagar aposentadorias de
servidores.
É o caso da Rioprevidência, do Estado do Rio.
Fontes do governo destacam que a medida é legal
e a possibilidade de uso dos royalties do petróleo
para pagamento de aposentadorias e pensões é
prevista em decreto estadual.
No fim do ano passado, também o município do
Rio, por meio da Câmara Municipal, teve aprovado
empréstimo de R$ 300 milhões do banco
Santander para pagar aposentados do município.
Foram dados em garantia os royalties do petróleo
dos próximos dois anos.
As receitas são utilizadas para reduzir o déficit
previdenciário também em outros Estados, como
São Paulo, com a transferência de parte dos
recursos para a SPPrev.
Já os royalties da União têm destinações pré-
definidas, com aplicação de percentuais
obrigatórios em saúde e educação, por meio do
Fundo Social do Pré-Sal, sancionado em 2013,
lembra o advogado Tiago Macedo, conselheiro
especial do escritório Tauil & Chequer Advogados.
Os porta-vozes dos governos argumentam que
todas as informações sobre arrecadação e
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Grupo de Comunicação e Marketing
despesas constam dos orçamentos anuais de
Estados e municípios, submetidos ao Legislativo.
Eles destacam ainda que Estados têm legislações
especificas para a aplicação das receitas e que
cabe aos tribunais estaduais de contas fazer a
fiscalização da destinação dos recursos dos
royalties do petróleo.
"A tendência da arrecadação de royalties é crescer
muito com o aumento da produção do pré-sal", diz
Macedo. Para ele, a resolução aprovada no ano
passado, e que permitiu a redução nas alíquotas
de royalties sobre excedentes de produção de
campos maduros, também contribuirá a médio e
longo prazos para o aumento de receitas.
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Entre a benção e a maldição dos recursos naturais
Por Marcus Lopes
Durante anos, municípios brasileiros localizados
em áreas produtoras de petróleo viveram períodos
de bonança graças aos royalties recebidos pela
exploração do chamado "ouro negro". No entanto,
eles também se tornaram dependentes dessa
receita, que, de forma geral, não impulsionou o
desenvolvimento.
Cidades como Campos de Goytacazes, no Estado
do Rio, conseguiram dobrar o orçamento
municipal em alguns exercícios anuais apenas com
dinheiro dos royalties - remuneração paga pelas
empresas que produzem petróleo e gás natural
para compensar a exploração de recursos não
renováveis e possíveis danos ambientais no
município.
O valor dos royalties é calculado de acordo com a
produção e o preço do petróleo. Os recursos são
distribuídos segundo regras do governo federal,
mas podem ser aplicados de acordo com as
prioridades da administração municipal.
Após a queda dos preços do barril de petróleo no
mercado internacional, a partir de 2015, os
recursos minguaram e muitos municípios
entraram em crise.
"Os royalties foram uma benção, mas também
uma maldição. Ao mesmo tempo em que
aumentaram a arrecadação, os recursos não
foram transformados em riqueza para o município,
que continua dependendo muito fortemente de
uma fonte não renovável", diz o secretário de
desenvolvimento econômico de Campos dos
Goytacazes, Felipe Quintanilha. Entre 1999 e
2018, o município recebeu R$ 7,4 bilhões em
royalties. O caso de Campos não é isolado,
segundo especialistas.
"Os maiores produtores de petróleo perderam
posição no Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) em relação aos municípios não produtores.
É um forte indício de que os royalties não estão
sendo aplicados para gerar qualidade de vida para
a população ao longo dos anos", diz o economista
Felipe Tavares, autor de uma tese de mestrado na
Universidade de São Paulo (USP) sobre o impacto
dos royalties do petróleo em municípios da região
Sudeste.
O economista explica que a arrecadação de
tributos nessas cidades é prejudicada não só pela
pequena diversificação da economia, mas também
pela falta de empenho das prefeituras em cobrar
impostos da população. Segundo Tavares, a
receita tributária nesses municípios caiu 2%, em
média, nos últimos anos. "O governante deixa de
cobrar IPTU e ISS porque conta sempre com o
dinheiro dos royalties, o que é um absurdo",
afirma.
"A palavra-chave é planejamento. Os municípios
devem diversificar sua economia e se preparar
para o futuro, já que o recurso do petróleo é finito
e estará sempre atrelado à produção e ao preço",
diz a pesquisadora Fernanda Delgado, da FGV
Energia.
Em Cubatão (SP), o valor arrecadado pelos
royalties foi de R$ 98,5 milhões em 2018, ou cerca
de 10% do orçamento municipal. Os recursos,
segundo a prefeitura, foram investidos em setores
como educação, saúde e meio ambiente.
"É preciso consciência e responsabilidade no uso
das receitas dos royalties, para que as
administrações não sofram a chamada maldição
dos recursos naturais", explica o secretário de
finanças de Cubatão, Geraldo Antônio dos Santos.
Em Campos dos Goytacazes, a prefeitura
desenvolve programas para incentivar o
empreendedorismo, a agricultura familiar e as
startups ligadas à inovação. Um dos projetos é o
Centro Municipal de Inovação, que pretende unir
universidades locais, empresas e o poder público
para incentivar novas práticas econômicas. "É
uma revolução silenciosa e lenta", diz Quintanilha.
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Térmicas a gás natural podem ganhar
espaço
Por Roberto Rockmann
O avanço de fontes intermitentes na matriz
elétrica, como usinas solares e eólicas, e a
construção de hidrelétricas a fio d’água, criará a
necessidade de uma fonte de energia de base para
assegurar segurança no abastecimento. Construir
térmicas a gás natural será uma das saídas,
principalmente diante da constatação de que
haverá produção crescente do insumo no país,
com gás associado ao óleo extraído dos campos
do pré-sal.
Quando estava à frente da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), Luiz Barroso brincava que no
Natal seu pedido número um de presente era que
a energia de base fosse obtida pela construção de
hidrelétricas com reservatórios, mas ele já sabia
que sua demanda era ilusória, já que, por
questões econômicas e socioambientais, isso não
seria possível na quantidade necessária.
“Então vamos para a geração térmica, onde o gás
é a tecnologia natural. Aqui há uma pergunta
sobre qual gás usar: do pré-sal ou de
importação?”, questiona.
Se o gás do pré-sal for muito barato, para ele, não
há dúvidas de que esta é a opção mais atraente.
“Mas isso não é claro para todo mundo, pois
existirão necessidades de reinjeção e isso pode
tornar esse gás mais caro. Aí entra a competição
com o gás regaseificado, que é importado e que
está hoje bem barato. No longo prazo, a fonte
nuclear mesmo pode ter um papel importante,
dependendo da competitividade relativa de preços
entre esta fonte e as térmicas a gás”, observa
Barroso.
Ele considera que outra questão é qual será o
modelo de negócios para introduzir uma
tecnologia que precisa gerar na base. “Aqui eu
acho importante que esta tecnologia de base seja
‘contestada’ por outras opções, pois pode haver
fontes que entregam os mesmos serviços a preços
menores”, destaca.
Nesse sentido, para ele, o governo federal já
efetuou mudanças nos leilões em 2017, quando
foram criadas condições para que térmicas de
base competissem contra térmicas mais flexíveis
(que possuem custo do gás mais caro).
O leilão A-6 (contratação de energia em seis anos)
de 2017 contratou duas usinas térmicas (Vale Azul
e Prumo) que adotaram estratégias comerciais
para despachar “na base” e cujo suprimento de
gás envolve de alguma forma o gás do pré-sal.
O projeto de Porto do Açu III, da Prumo Logística,
terá capacidade instalada de 1.672,6 MW e
demandará investimentos de R$ 3,432 bilhões. A
térmica Vale Azul II, pertencente ao consórcio
Marlim Azul, composto pela Vale Azul Energia e a
Mitsubishi Hitachi Power Systems, terá 466,3 MW
de capacidade instalada. Ambas as usinas estão
no Rio de Janeiro, próximas a centros produtores
de petróleo.
Para Barroso, o maior obstáculo do avanço da
energia térmica é a oferta de gás firme a preços
competitivos. “Um entrave para o gás competitivo
é aprimorar a coordenação da expansão da
geração termelétrica, da expansão das novas
rotas do pré-sal e mecanismos para direcionar
parte desse gás para o mercado não termelétrico”,
observa.
Ele ressalta que o modelo da usina termelétrica de
Vale Azul, por exemplo, só se concretizou porque
toda a infraestrutura de gasodutos já estava
pronta e porque a Petrobras durante muito tempo
comprou o gás natural da Shell e o vendeu para o
segmento não termelétrico.
O governo também está de olho nesse ponto. “A
disponibilidade do gás natural e do gasoduto de
transporte é questão fundamental a ser
equacionada, tanto para despachos na base como
para prover flexibilidade ao Sistema Interligado
Nacional. Pelas regras atuais de comercialização,
o suprimento do combustível precisa estar
garantido ainda que a usina fique sem gerar por
longos períodos. Isso pode levar a custos fixos
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relativamente altos”, destaca a Empresa de
Pesquisa Energética no Plano Decenal 2026.
Desde 2012, as térmicas têm ganhado espaço,
com destaque ao gás natural. Em 2001, sua
capacidade instalada (usinas movidas a óleo
diesel, óleo combustível, gás natural e carvão
mineral) era de 5.127 MW. Hoje, supera 25 mil
MW.
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Mineração terá de se reinventar no
Brasil, afirmam especialistas
Por Francisco Góes e Ivo Ribeiro
A mineração brasileira vai precisar se reinventar
depois da tragédia com a barragem da Vale em
Brumadinho (MG). Essa ampla revisão do setor
terá que passar, em primeiro lugar, pelas próprias
mineradoras e exigirá fazer um "recall" das
barragens com alteamento a montante, tecnologia
de construção empregada tanto na barragem de
Fundão, em Mariana (MG), que rompeu em 2015,
como no reservatório I da mina de Feijão, da Vale,
que cedeu na sexta-feira provocando uma nova
tragédia humana e ambiental no país.
Mas a reinvenção do setor mineral brasileiro,
depois desses dois graves episódios, precisará ir
além das próprias empresas e demandará revisitar
leis, incluindo uma revisão da legislação sobre
barragens. "Toda a cadeia produtiva do setor
mineral precisará fazer uma ampla reflexão, leis
têm que ser revistas, tecnologias [de barragens]
reavaliadas e as empresas têm que mudar de
posição em relação à sociedade, mudar condutas",
disse um experiente executivo do setor.
Para executivos da mineração, o empresariado
ligado ao setor vai ter de mudar radicalmente seu
modelo de negócio. A gestão do passivo de
barragens de rejeitos existentes em suas minas é
ponto crucial. A execução de novos projetos terá
de contemplar métodos modernos de deposição
dos rejeitos da atividade. Desde o caso de
Mariana, o Estado de Minas Gerais proibiu a
construção de novas barragens com alteamento a
montante, mas existe um passivo enorme
resultante de barragens construídas por essa
tecnologia há 30, 40 anos ou mais.
A avaliação é que não é mais possível conviver
com o modelo atual. Há novas regras nas leis,
ainda insuficientes, e sabe-se que a fiscalização
dos órgãos de governo está precária em corpo
técnico e capacitação técnica. Apesar de o setor
ter conseguido constituir a Agência Nacional de
Mineração (ANM), no fim de 2018, e ter
modernizado o Código Mineral, de 1967. Mas
como ficou provado mais uma vez ainda há muito
a fazer.
Um dos desafios é que a ANM comece a exercer
logo suas funções, lembrou um executivo do
setor: "Não dá para sair andando um dia depois
de ter nascido", afirmou. O fato é que a cobrança
maior virá de cada tragédia. "Em Mariana
morreram 19 pessoas, agora [em Brumadinho]
havia até ontem 58 mortes e mais de 300 pessoas
desaparecidas. "No próximo serão 2 mil?",
perguntou outro executivo do setor.
A tragédia de Brumadinho, disse um ex-executivo
do setor, será um divisor de águas para o setor,
em especial para a mineração de ferro em Minas
Gerais. Cobranças da sociedade, de órgãos
ambientalistas, endurecimento de órgãos
estaduais e federais de licenciamento e
fiscalização da atividade mineral e a exigência de
adoção de tecnologias modernas vão mexer com
a rentabilidade de novos projetos. "Com tudo isso,
os teores de ferro cada vez mais baixos em
jazidas, o minério na faixa de US$ 70 a tonelada e
aumento de custos, a mineração de ferro em
Minas Gerais começará a viver uma era de
declínio", afirmou. O olhar da Vale se voltará cada
vez mais para as reservas de Carajás, no Pará,
disse.
Por mais que algumas mudanças tenham sido
feitas depois da tragédia de Mariana, a raiz do
problema não foi atacada. Há no país, em especial
Minas, quase 50 barragens de mineração
construídas no modelo antigo que são um
pesadelo diário para as para as comunidades do
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entorno como para pessoas que trabalham
próximas, caso da barragem I de Feijão.
Pelos parâmetros da Portaria 70.389, de maio de
2017, da ANM, a Vale vinha cumprindo todas as
exigências para barragem de Feijão: auditorias
semestrais, relatórios anuais com aval de empresa
internacional especializada e relatórios quinzenais.
A imensa massa de 12 milhões de metros cúbicos,
aparentemente, não emitia nenhum sinal de
desacomodação. Mas, diz um executivo do setor,
"uma barragem não rompe sem suspirar".
Essa tecnologia de construção, lembram os
especialistas, pode ter sido uma solução há três,
quadro décadas, por ser de menor custo e de mais
rápida implementação considerando a demora nas
licenças ambientais, mas, comprovadamente,
hoje não são mais adequadas. Os exemplos de
Mariana e de Brumadinho mostram bem isso.
País terá que fazer 'recall' de barragens com
alteamento a montante, tecnologia antiga e já
questionada
Outro problema: as barragens de mineração no
país tornaram-se grandes demais. Para lidar com
o problema desse tipo seria preciso estabelecer
mecanismos para enfrentar esses passivos, diz um
especialista. "O que se faz quando tem uma
bomba? Chama-se um especialista para desarmá-
la." Algo parecido precisará ser feito com as
barragens de rejeitos de mineração construídas
pelo método de alteamento a montante.
No caso de Brumadinho, há consenso entre
especialistas ouvidos pelo Valor que a gestão de
risco foi subavaliada. A Vale adquiriu a mina de
Córrego do Feijão da Ferteco, no começo dos anos
2000, e herdou a estrutura de barragens que lá
estava. A parte administrativa e o refeitório
ficavam em um terreno abaixo em relação ao
reservatório de rejeitos. O risco é sempre medido
pelo cruzamento da probabilidade de o
rompimento ocorrer versus a severidade do dano,
explica um especialista. "O dano, neste caso, foi
subavaliado", acrescentou.
A Vale promete mudar essa conduta. Fabio
Schvartsman, presidente da companhia, disse que
a empresa vai criar um "colchão de segurança"
superior ao atual para evitar que novos acidentes,
como os rompimentos das barragens da Samarco,
em 2015, e de Feijão, se repitam. "Estamos 100%
dentro de todas as normas e não houve solução.
Qual é a solução então? Me parece que só tem
uma. Temos que ir além de toda e qualquer norma
nacional e internacional. Além e acima, para
garantir que nunca mais aconteça um negócio
desse", disse ontem ao canal GloboNews.
"Eu me juntei à Vale há um ano e meio. Um ano e
meio depois do acidente da Samarco. Existiam
uma série de ações em andamento que não foram
de invenção da Vale, foram feitas por uma série
de especialistas internacionais de renome. E
seguimos à risca tudo. E eu não sou técnico de
mineração. Então segui à orientação dos técnicos
e esse negócio deu no que deu. Não funcionou",
afirmou Schvartsman.
No mundo, segundo uma fonte, são contabilizados
em média dois acidentes de barragens de
mineração por ano. O Brasil, em 2014 e 2015, com
as barragens de Herculano, em Itabirito (três
vítimas), e de Fundão, em Mariana, contribuiu
com metade da estatística. Agora, com Feijão, já
começa o ano nova contribuição. Estamos ainda
no fim de janeiro.
Atualmente, de quase 800 barragens para rejeitos
da mineração, pouco mais da metade são foco de
atenção da Política Nacional de Segurança de
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Barragens, tendo como critérios capacidade acima
de 3 milhões de metros cúbicos, 15 metros de
altura, resíduos perigosos e dano potencial alto.
Feijão tinha 86 metros de altura e atendida os 21
critérios fixados pela portaria.
A engenharia geotécnica não garante 100% de
segurança para as barragens com modelo
construtivo a montante. O novo modelo
tecnológico de barragem mais seguro prevê a
deposição dos rejeitos, depois de seco,
compactados em pilhas, acabando com as
barragens de lamas. O custo é maior para as
mineradoras. Mas, certamente, centenas de vezes
inferior ao se comparar com os ressarcimentos de
bilhões de reais definidos para Mariana e previstos
para Brumadinho.
A questão é que o processamento de minério a
seco (sem o uso de água) não é uma solução
viável para processar minerais ferrosos em Minas
Gerais pelas características geológicas do
material, dizem outros especialistas. No Pará,
onde o minério de ferro é mais rico, a Vale vem
implementando o processamento a seco com
sucesso.
De qualquer modo, foi do Brasil a opção de fazer
mineração usando água para beneficiar o material,
e valendo-se de grandes reservatórios que
impõem riscos também enormes aos
trabalhadores e às comunidades do entorno. "Se
a Vale não consegue garantir a segurança dos
seus funcionários, como vai garantir a segurança
de comunidades vizinhas?", questionou um
executivo com vivência no setor.
Após o caso Mariana, diz um especialista na área
ambiental, mudou-se o sistema de
monitoramento, com utilização de diversos tipos
de medição. E até envolvimento da alta
administração das empresas. Não foi suficiente
para evitar nova tragédia, com perdas de vidas
humanas e danos imensuráveis ao ambiente.
A gestão do passivo, de forma mais ampla, para
prevenção do imponderável não avançou. e
mineradoras e autoridades estaduais, como em
Minas Gerais, continuaram barrando a criação de
leis mais rígidas para o setor.
No sábado, o conselho de administração da Vale
manteve reuniões, via teleconferência, para
acompanhar a situação e dar suporte às ações e
decisões da diretoria-executiva. Ontem, o
conselho se reuniu novamente no Rio.
Schvartsman sobrevoou Brumadinho no sábado,
quando o presidente da República, Jair Bolsonaro,
também vistoriou o local. Ontem o presidente da
Vale voltou ao local do desastre.
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Novos rumos para a gestão das águas
Por Fabiana Figueiró
O novo governo Federal tem demonstrado postura
bastante disruptiva no que diz respeito à política
ambiental tradicionalmente conduzida no país.
Especialmente desde os anos oitenta, quando
passou a incrementar a legislação protetiva dos
recursos naturais, concentrando o planejamento e
a tutela no âmbito dos órgãos de meio ambiente.
Diante da riqueza da biodiversidade brasileira, não
se contesta a relevância das normas de proteção
e a necessidade de órgãos ambientais fortes e
estruturados. No entanto, na ânsia de criar
mecanismos eficazes de preservação ao longo dos
anos, em boa medida, a estrutura ambiental
brasileira se tornou mais ideológica do que
técnica. Nesse contexto, é salutar que o modelo
de proteção se reconcilie a variáveis como
desenvolvimento nacional, e dialogue com outras
políticas públicas como habitação e infraestrutura,
superando o distanciamento crescente havido nas
últimas décadas.
A série de recentes alterações na organização dos
órgãos ambientais do Poder Executivo revelam
que o modelo não seguirá o racional dos anos
anteriores, sendo desafiadora a necessidade de
encontrar um ponto de equilíbrio para que a pasta
não se esvazie (o que seria nefasto), e possa atuar
com independência técnica nos assuntos que lhe
são atinentes. Obviamente existem medidas
anunciadas, ou já implementadas, passíveis de
críticas, mas dentre elas não estão as alterações
nas estruturas responsáveis pelas questões
hídricas, traduzidas na saída de órgãos de
importância da estrutura do Ministério do Meio
Ambiente, que passaram a integrar o recém criado
Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
É no guarda-chuva desse novo Ministério que
estarão o Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH) e a Agência Nacional de Águas (ANA), por
exemplo. Ao CNRH cabe as articulações político
institucionais entre usuários da água, poder
público e sociedade civil. No Conselho ocorrem
decisões de relevo, como a definição dos critérios
gerais para a outorga de direitos de uso de
recursos hídricos e para a cobrança por seu uso,
fatores essenciais para atividades como indústria,
energia e irrigação. Já a ANA é responsável pela
regulação do acesso e uso aos recursos hídricos de
domínio da União, como os rios que percorrem
mais de um Estado, ou que fazem fronteira com
outros países. A Agência outorga os direitos de uso
da água e desenvolve inúmeras atividades
técnicas estratégicas de planejamento e
monitoramento da situação das águas no país.
Temos 12% da água doce do planeta, e mais de
35 milhões de cidadãos brasileiros sem acesso à
água tratada
Em uma primeira análise, se pensarmos somente
no aspecto da água como um bem ambiental, a
mudança pode causar estranheza e, como quase
tudo que envolve meio ambiente, ser objeto de
posicionamentos contrários e temores quanto a
retrocessos na sua tutela. No entanto, ao falarmos
de recursos hídricos, é ainda mais essencial
considerarmos a variável social e econômica,
transcendendo o aspecto puramente protetivo. A
água é, por definição legal expressa, um recurso
natural limitado, de domínio público e dotado de
valor econômico. Além disso, dentre os
fundamentos jurídicos de sua gestão está
proporcionar o seu uso múltiplo, tendo como
prioridade o consumo humano, mas abarcando
atividades econômicas como indústria,
agricultura, transporte e geração de energia.
Ainda, a estrutura da política trazida pela
legislação estabelece ações descentralizadas,
regionalizadas, com a participação da
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comunidade, além do poder público, o que pode
ser melhor efetivado na nova estrutura.
Nesse viés, se avaliarmos as demais atribuições
do Ministério do Desenvolvimento Regional, a
decisão de alteração no centro de decisão da
política hídrica é bastante interessante e está
alinhada com os aspectos legais acima. Afinal,
esse novo ministério cuidará de programas como
Minha Casa Minha Vida e o Água para Todos, da
integração do Rio São Francisco, da Política
Nacional de Irrigação e executará um Plano
Nacional de Segurança Hídrica. Ora, faz todo o
sentido que órgãos como a ANA e o CNRH
estejam, então, dentro da estrutura do DRE,
permitindo um maior diálogo com as linhas de
ação responsáveis pelos programas habitacionais
e de irrigação, por exemplo. A nova estruturação
tende a oxigenar a gestão hídrica e permitir que o
inegável viés econômico deste bem ambiental seja
trazido para o centro do planejamento.
A guinada é positiva e a realidade brasileira não
torna difícil perceber que o caminho até então
traçado para a política hídrica precisava ser, de
alguma forma, repensado. Isso porque, apesar de
sermos uma nação repleta de rios e lagos, além
de possuirmos 12% da água doce do planeta,
nosso saneamento básico guarda características
do Brasil Colônia, com mais de 35 milhões de
cidadãos sem acesso à água tratada para consumo
e com cerca de 100 milhões de brasileiros sem
esgotamento sanitário, segundo dados do
Instituto Trata Brasil. Isso sem falar de episódios
alarmantes dentre os quais se pode citar, apenas
como exemplo, a recente crise hídrica vivida pela
população de São Paulo, coração econômico do
país, possivelmente decorrente de eventos
climáticos e de questões de infraestrutura e
planejamento.
A mudança estrutural é importante, mas não será
suficiente. Ao colocar a máquina para operar, será
preciso implementar ações concretas que
signifiquem mudança de paradigmas. Dentre os
desafios do novo governo está o desenvolvimento
de ações capazes de garantir água em qualidade
e quantidade para todos, com modelos que evitem
desperdícios no consumo urbano, industrial e
agrícola. Nesse viés, não bastam apenas ações de
comando e controle ou a realização de vultuosas
obras. Essas medidas precisarão caminhar ao lado
do incremento na educação para o consumo, no
fortalecimento das ferramentas de gestão já
existentes, na ampliação dos estudos quanto a
riscos climáticos e, também, no efetivo diálogo
com os atores usuários. Para isso, além de
vontade política e empenho técnico será preciso,
sem dúvida, a injeção de recursos econômicos.
Quanto à necessária tutela da água enquanto bem
ambiental essencial à sadia qualidade de vida,
essa estará devidamente resguardada tanto pelos
sólidos órgãos de controle e participação quanto
pela consolidada legislação que trata do assunto,
não devendo se perder com as mudanças
estruturais na configuração dos ministérios. Pelo
contrário: tende a sair fortalecida a partir de um
olhar transversal e de investimentos
regionalizados.
Fabiana Figueiró sócia de Souto Correa Advogados
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