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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ/JATOBÁ TCCG – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO MEDICINA VETERINÁRIA CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS Danilo Ferreira de Almeida. Orientadora: Prof a MSc. Alana Flávia Romani JATAÍ 2007

CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS Ferreira de Almeid… · "Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa quanto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ/JATOBÁ

TCCG – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO

MEDICINA VETERINÁRIA

CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS

Danilo Ferreira de Almeida.

Orientadora: Profa MSc. Alana Flávia Romani

JATAÍ

2007

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DANILO FERREIRA DE ALMEIDA

CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação

apresentado para a obtenção do título de Médico

Veterinário junto à Universidade Federal de Goiás.

Orientadora: Profa. MSc. Alana Flavia Romani

Supervisor:

Prof. Marco Antônio Ribeiro de Faria

JATAÍ

2007

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DANILO FERREIRA DE ALMEIDA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em 07 de

dezembro de 2007, pela seguinte Banca Examinadora:

Profa. MSc. Alana Flavia Romani – UFG

Presidente da Banca

Profa. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini

Membro da Banca

M. V. Vanessa Marques Vanin

Membro da Banca

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Dedico aos meus pais pela luta e esforço, aos professores, residentes e funcionários do H-VET/UFU, a orientadora,

aos amigos e aos animais estudados que contribuíram para ampliar meus conhecimentos.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar aos meus gigantescos pais, Vera Lúcia e Joaquim, pelo

amor, carinho e esforço que fizeram para sustentar meus estudos durante esta

graduação.

Aos meus irmãos, Rafael e Poliana, pelo carinho e por existirem na minha

vida.

Com grande carinho a todos os professores e funcionários da UFG

Campus Jataí que fizeram parte do quadro de minha graduação e em especial a

minha orientadora Alana, pela paciência, esforço e dedicação.

Em especial aos colegas de sala, foram cinco anos de convivência onde

houve muitas alegrias e alguns descontentamentos, no entanto quero que saibam

que ficarão guardados no fundo do coração para sempre.

Aos meus queridos amigos de graduação, aos eternos companheiros de

república, Daniel (Cepacol), Gustavo (Presidente), Eduardo (Madruga), Thiago

(Ilariê), João Heber (Morzão), Roberth (Frango), depois vieram: Rézio (Caiapônia),

Felipe (Bronha), Guilherme (Careca), Hugo (Vermin) e Tiago (Campo Alegre) a vocês

agradeço pelos dias de alegria que proporcionaram durante estes anos.

Enfim aos Professores, veterinários, funcionários e amigos que fiz durante

este estágio: Leonardo de Ribeirão Preto, Bruno e Pauliana de Brasília, Michele e

Paula de Uberaba. Quero agradecer também aos residentes, Stivens, Laura,

Janaina, Cecília, Jacqueline, Fernando e Cristiane que além do conhecimento

transmitido, tornaram-se amigos que serão lembrados para o resto da vida.

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"Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele.

A vida dele se tornará tão preciosa quanto a sua e você se tornará tão vulnerável

quanto ele. Agora sorria, se você acredita que todos os animais merecem nosso

respeito e nossa proteção, pois em determinado ponto eles são nós e nós somos

eles." (Philip Ochoa)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1

2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................. 2

2.1 Estágio curricular na área de Clínica Médica, Laboratório de análises clínicas e

Cirurgia de Pequenos Animais realizado no Hospital Veterinário da UFU .......... 2

3 NEOSPOROSE CANINA......................................................................................... 9

3.1 Relato de caso...................................................................................................... 9

3.2 Revisão bibliográfica............................................................................................. 16

3.3 Discussão............................................................................................................. 22

3.4 Conclusões sobre do caso................................................................................... 26

4 HEPATOZOONOSE CANINA................................................................................. 27

4.1 Relato de caso...................................................................................................... 27

4.2 Revisão bibliográfica............................................................................................. 33

4.3 Discussão............................................................................................................. 37

4.4 Conclusões sobre o caso..................................................................................... 40

5 CONCLUSÃO FINAL............................................................................................... 41

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 42

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1

Resultados laboratoriais do eritrograma e pesquisa da cadela

“Mel” realizado no dia 23 de outubro de 2007, no Laboratório de

Análises clínicas do HV/UFU........................................................... 11

QUADRO 2

Resultados laboratoriais do leucograma da cadela “Mel” realizado

no dia 23 de outubro de 2007, no Laboratório de Analises

Clínicas do HV/UFU......................................................................... 11

QUADRO 3

Resultados laboratoriais de Urinálise da cadela “Mel”, realizado

dia 23 de outubro de 2007 no Laboratório de Análises Clínicas do

HV/UFU............................................................................................ 12

QUADRO 4

Resultados laboratoriais do eritrograma da cadela “Mel” realizado

no dia cinco de novembro de 2007, no Laboratório de Análises

Clínicas do HV/UFU.......................................................... 15

QUADRO 5

Resultados laboratoriais do Leucograma da cadela “Mel”,

realizados dia cinco de novembro de 2007 no Laboratório de

Analises Clinicas do HV/UFU.......................................................... 15

QUADRO 6 Resultados laboratoriais do eritrograma e pesquisa de

hemoparasitos do cão “Bil” realizados no dia 15 de outubro de

2007, no laboratório de análises clínicas do HV-

UFU.................................................................................................. 27

QUADRO 7 Resultados laboratoriais leucograma do cão “Bil” realizado no dia

15 de outubro de 2007, no laboratório de análises clínicas do HV-

UFU.................................................................................................. 28

QUADRO 8 Resultados laboratoriais de Urinálise do cão “Bil”, realizado dia 15

de outubro de 2007 no Laboratório de Análises Clínicas do HV-

UFU........................................................................................... 28

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ALT...................... Alanina aminotransferase AST...................... Aspartato aminotransferase Bioq...................... Bioquímica CK........................ Creatinina DNNE................... Desvio Nuclear dos Neutrófilos a Esquerda

Freq..................... Freqüência

HV/UFU............... Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia IFI......................... Imunofluorescência indireta LCR...................... Líquido cefalorraquidiano M/C...................... Média por Campo MPE..................... Membro posterior esquerdo OSH..................... Ovário salpingo histerectomia Out....................... Outubro PCR..................... Reação em cadeia de polimerase Quant................... Quantidade

Set....................... Setembro SNC..................... Sistema Nervoso Central T11....................... Vértebra torácica numero 11 T12....................... Vértebra torácica numero 12 UFG..................... Universidade Federal de Goiás UFU..................... Universidade Federal de Uberlândia. Urinal................... Urinálise UTI....................... Unidade intensiva de tratamento.

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1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que a demanda na área de Clinica Médica de pequenos animais

vem crescendo consideravelmente nestes últimos anos. Famílias com crianças e

pessoas sozinhas têm procurado adotar um animal de estimação a fim de alegrar

mais suas vidas ou suprir carências emocionais. O Médico veterinário diante deste

quadro e devido à grande procura e oportunidade de trabalho, vem se aperfeiçoando

cada vez mais neste campo de atuação.

O estágio curricular supervisionado foi realizado no Hospital Veterinário da

Universidade Federal de Uberlândia (HV/UFU), nas áreas de cirurgia, laboratório

clínico e clínica médica de pequenos animais, no período de seis de agosto a nove

de novembro de 2007, perfazendo um total de 664 horas. Tive como supervisor o

Prof. Marco Antônio Ribeiro de Faria, diretor executivo do HV/UFU, e como

orientadora, a Profa. MSc. Alana Flávia Romani, coordenadora de estágios do curso

de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás.

A escolha do HV/UFU para o local de estágio foi feita principalmente

devido a alta casuística de atendimentos e pela oportunidade que este local oferece

em questão de liberdade de acompanhamento e monitoramento dos casos, e

também por proporcionar uma bagagem cultural muito boa que foi importantíssimo

para o aproveitamento do estágio supervisionado e para minha própria vida

profissional.

Desta maneira, fiz um plano de estágio com intuito de obter o máximo de

aproveitamento, diante disso segui cronologicamente pelas áreas de cirurgia,

laboratório clínico e por fim chegando com um conhecimento maior na clínica médica

de pequenos animais. Dentre os vários casos atendidos, foram escolhidos um de

Neosporose e um de Hepatozoon, ambos em cães.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Estágio curricular na área de Cirurgia, Laboratório de análises clínicas e

Clínica Médica de Pequenos Animais realizado no Hospital Veterinário da UFU (HV/UFU).

2.1.1 Localização, estrutura e funcionamento

O HV/UFU localiza-se na Avenida Mato Grosso, n° 3286, Campus

Umuarama, Uberlândia-MG (Figura 1). Funciona todos os dias incluindo os feriados.

Seu horário de funcionamento é de sete às 19 horas de segunda a sábado e aos

domingos até meio dia. O ambiente interno é constituído por uma recepção, onde o

cliente tem o primeiro contato com o Hospital, cinco consultórios, um local de

vacinação, uma enfermaria, uma farmácia, uma UTI, um laboratório clínico, um

ambiente de estudos para residentes e três salas do setor administrativo.

Figura 1. HV/UFU vista frontal.

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Há um centro cirúrgico constituído de quatro ambientes de mesmo

tamanho equipados com aparelhos sofisticados de anestesia inalatória e respiração

artificial, um canil da cirurgia, composto de oito gaiolas, uma sala de tricotomia, uma

sala para confecção de curativos, gesso e talas, duas salas de Raio x, uma sala para

ultrasonografia e uma sala de técnica operatória utilizada pelos professores para

ministrarem suas aulas.

O ambiente externo é constituído por currais de recepção para animais de

grande porte, um brete para eqüinos e um para bovinos, um centro cirúrgico e dez

baias para pré e pós-operatório. O Hospital no seu quadro técnico conta com duas

Médicas veterinárias, três residentes de clínica, um residente e dois técnicos em

laboratório, dois residentes de patologia, dois residentes de cirurgia, dois técnicos de

enfermagem e dois técnicos de radiologia.

O atendimento começa às 7:00 h e encerra as 17:30 h. O paciente passa

pela recepção onde é preenchida a ficha de identificação, pesado e encaminhado

para o atendimento que é feito pelo estagiário plantonista. O estagiário conduz o

paciente e o proprietário até um consultório. Inicialmente é realizada uma anamnese

geral, posteriormente uma especial e em seguida, o exame físico. Ao término de

preenchimento da ficha o estagiário convoca um veterinário ou um residente

disponível, este lê e analisa a ficha preenchida e faz novas perguntas ao proprietário

quando achar conveniente e então solicita os exames necessários para fechar o

diagnóstico. Um enfermeiro ou o próprio estagiário realiza a colheita dos espécimes

clínicos e encaminha para o laboratório.

Caso o paciente esteja em estado grave, o médico veterinário já é

chamado na recepção e o animal passa direto a UTI, onde os estagiários auxiliam no

procedimento. Se o caso for de internação, o animal é encaminhado à enfermaria,

onde passará o dia e retornará no dia seguinte se necessário.

A receita pode ser feita pelo estagiário, porém carimbada e assinada pelo

Médico Veterinário ou residente responsáveis. Desta maneira, as atividades dos

estagiários da clínica médica no HV/UFU resumem-se em: recepção do paciente,

realização do exame clínico completo, colheita de material para exames, realização

de curativos, auxílio nos exames radiológicos, tricotomia e preparação dos animais

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para cirurgia, colocação de cateteres, sondas, administração de medicamentos e

fluidoterapia.

Na cirurgia o estagiário coloca cateteres, contém o animal, realiza a anti-

sepsia, responsabiliza-se pela anestesia, assiste as cirurgias ou auxilia o cirurgião

em algumas delas.

No laboratório de análises clínicas é permitido a realização de todos os

exames, mediante acompanhamento de um técnico ou do residente. Os exames

feitos são os de rotina, como hemograma completo com pesquisa de hemoparasitos,

urinálise, análise de raspado cutâneo, exame parasitológico de fezes, bioquímicas

diversas, testes específicos de função hepática como Van den Berg e testes para

avaliação do líquido cavitário.

2.1.2 Casos clínicos, cirúrgicos e laboratoriais acompanhados no HV-UFU durante o

estágio supervisionado.

O estágio foi iniciado na área de cirurgia do período de 06 de agosto

permanecendo neste setor até 07 de setembro de 2007. O aproveitamento foi

considerado bom, pois durante este período foi possível acompanhar quase todos os

procedimentos cirúrgicos totalizando 52 procedimentos que estão expostos na

Tabela 1.

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TABELA 1 – Casos cirúrgicos acompanhados no HV/UFU, no período de 06 de agosto a 07 de setembro de 2007.

Procedimentos Espécie Quant. Freq.(%)

Sistema Tegumentar Debridamento de Ferida Canina 1 1,92 Extração de Papilomas Canina 1 1,92 Exérese de Nódulo Cutâneo Canina 3 5,77 Sistema Urinário Cistotomia Felina 1 1,92 Cistotomia Canina 1 1,92 Uretostomia Felina 1 1,92 Sistema Reprodutivo Cesariana Canina 3 5,77 Mastectomia Canina 3 5,77 Ovario-Salpingo-Histerectomia Canina 9 17,31 Sistema Digestivo Extração de Dente Pré-Molar Canina 1 1,92 Redução de Hernia diafragmática Canina 1 1,92 Redução de Hernia perineal Canina 2 3,85 Redução de Prolapso retal Canina 1 1,92 Retirada de Corpo Estranho no Esôfago Canina 1 1,92 Remoção de Cálculo Dentário Canina 2 3,85 Ortopedia Amputação de MPE Canina 1 1,92 Redução de Fratura com Pino Intramedular Canina 4 7,69 Redução de Fratura com Placa Canina 2 3,85 Redução de Fratura Mandibular com Resina Canina 1 1,92 Redução de Luxação Coxo-Femural Canina 3 5,77 Retirada de pino intramedular Canina 2 3,85 Sistema Auditivo Exérese de Melanoma Canina 1 1,92 Exérese do Conduto Auditivo Canina 1 1,92 Otohematoma Canina 2 3,85 Estética Conchectomia Canina 2 3,85 Outros Eventração Canina 1 1,92 Laparotomia Exploratória Canina 1 1,92 TOTAL 52 100

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Dando seguimento ao estágio, durante o período de 10 de setembro a 05

de outubro de 2007, estive no laboratório de análises clínicas do HV-UFU.

Nesta área houve bastante dedicação, visto que houve ao longo da

graduação uma deficiência nesta disciplina. Neste espaço de tempo pude

acompanhar a confecção de praticamente todos os exames de rotina. Nas primeiras

semanas, anotei e observei cada procedimento adotado pelos técnicos e residentes,

a partir da segunda semana comecei a fazer sozinho os exames e quando havia

dúvida procurava um técnico ou o residente que me esclarecia de forma clara e

objetiva.

Este setor tem hoje uma grande rotina de exames. Durante estes 26 dias

de estágio nesta área foram realizados 273 hemogramas completos, 106 urinálises,

212 pesquisas se hemoparasitos, 107 bioquímicas sanguíneas diversas, 120 exames

parasitológicos de fezes e 25 análises de raspado cutâneo.

O laboratório conta hoje com um equipamento de última geração para

confecção de hemogramas, com 16 parâmetros analisados automaticamente, o que

proporciona bastante agilidade em todo processo. Para exames de urina, utiliza-se a

fita reagente e os ensaios bioquímicos ainda são feitos em espectrofotômetro

manual. Desta forma, o laboratório de análises clínicas da UFU consegue atender a

Faculdade, a cidade e a região.

Após passar pela cirurgia e pelo laboratório o estágio foi encerrado na área

de clínica médica com início em 08 de outubro e término em 09 de novembro de

2008. Durante esta etapa do estágio tive a oportunidade de atender 73 animais,

sendo 69 cães e quatro gatos, a maioria deles corriqueiros, entretanto surgiram

outros que não são comuns na rotina veterinária de pequenos animais.

Dentre os casos acompanhados, serão descritas duas enfermidades que

não são diagnosticadas comumente na clínica de pequenos animais: um caso de

Neosporose e outro de Hepatozoonose. Esses casos foram escolhidos por não

serem de rotina, despertando assim um enorme interesse a respeito. Na tabela 2

estão resumidas as ocorrências clínicas acompanhadas por mim durante este

intervalo de tempo.

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TABELA 2 – Casos clínicos acompanhados na clínica médica do HV/UFU no período

de 08 de outubro a 09 de novembro de 2008

Ocorrência Espécie Quant. Frequência(%)

Distúrbios do Sistema Circulatório Insuficiência Cardíaca Congestiva Direita Canina 2 2,74 Distúrbios do Sistema Tegumentar Abscesso Canina 2 2,74 Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitos Canina 1 1,37 Alergia a Picada de Insetos Canina 1 1,37 Demodicidose Canina 2 2,74 Dermatofitose Canina 3 4,11 Escabiose Canina 1 1,37 Laceração por Mordedura Canina 2 2,74 Miíase Canina 1 1,37 Otite Canina 1 1,37 Otohematoma Canina 1 1,37 Distúrbios Oftálmicos Catarata Canina 1 1,37 Protusão de 3a pálpebra Canina 1 1,37 Distúrbios do Trato Urinário Cálculo Uretral Canina 1 1,37 Insuficiência Renal Aguda Canina 1 1,37 Insuficiência Renal Crônica Canina 1 1,37 Distúrbios do Sistema Reprodutivo Carcinoma Escrotal Canina 1 1,37 Piometra Canina 4 5,48 Distúrbios do Sistema Respiratório Broncopneumonia Canina 1 1,37 Pneumonia por Aspiração Canina 1 1,37 Traqueobronquite Canina 1 1,37 Distúrbios do Sistema Digestivo Colestase Hepática Canina 1 1,37 Fístula Oronasal Canina 1 1,37 Gastroenterite Felina 1 1,37 Gastroenterite Canina 2 2,74 Megaesôfago Canina 1 1,37 Sialocele Canina 1 1,37 Distúrbios do Sistema Hemolinfático Erliquiose Canina 10 13,70 Hepatozoonose Canina 3 4,11 Haemobartonelose Felina 2 2,74

(continua)

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TABELA 2 – Casos clínicos acompanhados na clínica médica do HV/UFU no período

de 08 de outubro a 09 de novembro de 2008

(continuação)

Ocorrência Espécie Quant. Frequência(%) Distúrbios endócrinos Diabetes Mellitus Canina 3 4,11 Hiperadrenocorticismo Iatrogênico Canina 1 1,37 Hipotireoidismo Canina 1 1,37 Distúrbios Neuromusculares Compressão Torácica T11- T12 Canina 1 1,37 Labirintopatia Canina 1 1,37 Distúrbios articulares Displasia coxo-femural Canina 1 1,37 Oncologia Linfossarcoma Mediastinal Canina 1 1,37 Mastocitoma Mamário Canina 3 4,11 Doenças infecciosas Cinomose Canina 4 5,48 Leptospirose Canina 2 2,74 Neosporose Canina 1 1,37 Panleucopenia Felina 1 1,37 Outros Intoxicação por Organofosforados Canina 1 1,37 TOTAL 73 100

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3 NEOSPOROSE CANINA

3.1 Relato de caso 3.1.1 Resenha

Chegou ao HV/UFU no dia 23 de outubro de 2007, o animal “Mel”, da

espécie canina, fêmea, três anos, da raça Rottweiler, pelagem preta, pesando 31,5

kg.

3.1.2 Anamnese

Foi relatado pelo propietário que há um mês observou episódios de tosse

em sua cadela durante uma semana. Desde então ela passou a se levantar com

dificuldade e tremendo os membros ao ficar em estação. Observando-a ao caminhar,

notou que a mesma estava com a marcha um pouco desequilibrada. Este sintoma foi

evoluindo durante uns 20 dias, apresentando incoordenação ao caminhar, quando o

faz, é com passos longos e queda. Dessa forma está preferindo ficar quieta.

Foi informado também que no decorrer de sua vida, a cadela apresentou

Erliquiose duas vezes, relatando que o controle de carrapato é difícil pelo fato do

animal ir à fazenda com bastante freqüência.

A cadela alimentava-se de ração e ocasionalmente de fígado de vaca cru,

no entanto no momento da consulta apresentava-se com o apetite diminuído.

A vacinação estava em dia sendo utilizada vacina nacional e quanto à

vermifugação, foi realizada há 15 dias.

Foi levado anteriormente a outro veterinário que receitou Doxiciclina 200

mg, devendo ministrar um comprimido a cada 12 horas. Fez isso por 8 dias, não

obtendo melhoras do quadro resolveu trazer ao HV/UFU.

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3.1.3 Exame físico

No exame físico, a cadela se apresentava em bom estado nutricional, com

presença de carrapatos, mucosas normocoradas, bem hidratada e com pelos

brilhantes.

Apresentava também temperatura de 39,2 °C, freqüência cardíaca de 108

bpm e freqüência respiratória de 112 mpm.

À palpação abdominal, manifestava sensibilidade aumentada, além de

esplenomegalia discreta.

Na auscultação pulmonar, verificou-se a presença de crepitação na região

dos lóbulos craniais e uma discreta arritmia cardíaca.

A cadela estava alerta e colocando-a para caminhar em frente do Hospital

verificou-se que a mesma possuía ataxia com hipermetria e os membros pélvicos

estavam rígidos ao caminhar.

Não foi realizado um exame físico mais detalhado do sistema nervoso na

cadela “Mel”.

3.1.4 Suspeitas clínicas

As suspeitas clínicas foram Cinomose, Neosporose, Toxoplasmose e

traumas medulares.

3.1.4 Exames complementares

Foram solicitados Hemograma com pesquisa de hemoparasitos, urinálise,

exame específico para cinomose realizado por imunocromatografia em laboratório

particular conveniado com o HV/UFU. Foram solicitados ainda, sorologia para

Toxoplasmose e para Neosporose, estes realizados no setor de imunologia da

Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia

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(FAMEV/UFU) que é separado do Hospital e realiza exames somente para fins

didáticos, sendo este caso uma exceção. Para obtenção do hemograma foi realizado

a colheita do sangue em tudo de ensaio contendo Etilenodiaminotetracetico (EDTA).

Para pesquisa de hemoparasitos foi coletado uma gota de sangue da ponta da

orelha e feito o esfregaço.

Os resultados obtidos podem ser visualizados respectivamente nos

Quadros 1 e 2, onde é possível observar acentuada eosinofilia, e basofilia.

Para a colheita da urina foi necessário a utilização de um espéculo vaginal,

uma sonda rígida, um tubo de ensaio de 20 ml e uma lanterna para visualizar o

divertículo uretral. Os resultados podem ser visualizados no Quadro 2, onde

apresentou como anormalidade no exame físico cor amarelo escuro, densidade

1060, odor fétido, aspecto turvo e reação neutra. Avaliando os elementos anormais,

apresentou proteína +, sais biliares +++ e pigmentos biliares +++.

QUADRO 1 – Resultados laboratoriais do eritrograma e pesquisa de hemoparasitos

da cadela “Mel” realizados no dia 23 de outubro de 2007, no

laboratório de análises clínicas do HV-UFU

FONTE: Laboratório de Análises clínicas do HV-UFU (2007)

Resultado Valores referenciais

Hemácia 7,49 5,5 a 8,5 x 106/L

Hemoglobina 16,4 12 a 18 g %

Hematócrito 47,7 37 a 55 %

V.G.M 63,68 60 a 77 µm³

C.H.G.M 34,38 31 a 34 g%

Plaquetas 215.000 200.000 a 500.000 /L

Pesquisa de hemoparasita Negativo Negativo

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QUADRO 2 – Resultados laboratoriais do leucograma da cadela “Mel” realizado no dia 23 de outubro de 2007, no laboratório de análises clínicas do HV-UFU

Valor Relativo

Valor Absoluto

Referência relativa

Referência Absoluta

Leucócitos totais - 7.500 - 6000 a 18000

Mielócitos 0 0 0 0

Metamielócitos 0 0 0 0

Bastonetes 4 300 0 a 3 0 a 540

Segmentados 37 2775 60 a 77 3600 a 13860

Eosinófilos 40 3000 2 a 10 120 a 1800

Basófilos 4 300 0 0

Monócitos 3 225 3 a 10 180 a 1800

Linfócitos 11 825 12 a 30 720 a 5400

FONTE: Laboratório de Análises clínicas do HV-UFU (2007)

QUADRO 3 - Resultados laboratoriais de Urinálise da cadela “Mel”, realizado dia 23 de outubro de 2007 no Laboratório de Análises Clínicas do HV-UFU

Exame físico Resultado Valor de referêcia

Volume (ml) 10 ml Mínimo 10 ml

Cor Amarelo escuro Amarelo claro a âmbar

Densidade 1060 1015 a 1045

Cheiro Fétido Suigêneres

Aspecto Turvo Límpido

Reação Neutra Ácida

Elementos anormais Resultado Valor de referência

Albumina Positivo + Negativo

Acetona Negativo Negativo

Glicose Negativo Negativo

(continua)

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QUADRO 3 - Resultados laboratoriais de Urinálise da cadela “Mel”, realizado dia 23 de outubro de 2007 no Laboratório de Análises Clínicas do HV-UFU

(continuação)

Elementos anormais Resultado Valor de referência

Hemoglobina Negativo Negativo

Sais Biliares Positivo +++ Negativo

Pigmentos Biliares Positivo +++ Negativo

Urubilinogênio Negativo Negativo

Sedimento Resultado Valor de referência

Cilindros Ausentes 0

Células da Bexiga (M/C) Raras Até 5

Células do epitélio Vaginal (M/C) Raras Até 2

Hemácias (M/C) 5 Até 5

Piócitos (M/C) Raros Até 5

Muco Positivo + Até +

Espermatozóides 0 Mocho normal

Cristais 0 0

FONTE: Laboratório de Análises clínicas do HV-UFU (2007)

O exame específico para Cinomose realizado por imunocromatografia

apresentou resultado negativo. A sorologia para Toxoplasmose foi realizada no dia

24 de outubro de 2007, manualmente pelo teste de reação de imunofluorescência

indireta (IFI). A titulação de anticorpos foi incompatível para Toxoplasma. O exame

de Neospora caninum foi realizado também por IFI a fim de detectar anticorpos IgG

anti-N. caninum. O título de anticorpos detectados foi compatível com a doença

parasitária Neosporose. Desta maneira analisando em conjunto, os sinais

neurológicos apresentados com os resultados dos exames, foi estabelecido o

diagnóstico presuntivo para Neosporose na cadela “Mel”.

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3.1.5 Prognóstico

Para esse quadro o prognóstico foi considerado reservado.

3.1.6 Tratamento e evolução do quadro

Para a cadela “Mel” foi utilizado o antiparasitário Pirimetamina (Daraprim®

25mg – DSM Pharmaceuticals – Greenville/NC - USA) na dose de 0,8 mg/kg,

ministrando um comprimido de 24 em 24 horas por 30 dias, associado ao antibiótico

Sulfadiazina (TRIGLOBE F® - AstraZeneca do Brasil Ltda – Cotia/SP.), na dose de

25mg/kg, cada comprimido de TRIGLOBE F® possui 820 mg de sulfadiazina e 180

mg de trimetoprima, ministrando um comprimido de 12 em 12 horas por 30 dias.

Foi também prescrito o Acido Fólico® 5mg (Medicamento Genérico) na

dose de 0,08 mg/kg, totalizando meio comprimido de 24 em 24 horas por 30 dias.

Foi administrado um produto fitoterápico a base de alcachofra (Chophytol®-

Produtos Farmacêuticos MILLET ROUX Ltda – Rio de Janeiro/RJ.), sendo ministrado

uma drágea de 12 em 12 horas por 15 dias.

A cadela “Mel” retornou ao HV/UFU no dia cinco de novembro, 12 dias

após o início do tratamento, para avaliação. Segundo o proprietário, o apetite não

estava muito bom e havia perdido peso. O quadro neurológico no qual se encontrava

anteriormente estava um pouco melhor, possuía discreta melhora na coordenação

dos movimentos ao caminhar, porém a hipermetria ainda persistia. Foi realizado

outro hemograma (Quadros 4 e 5) em que se observou uma diminuição no número

de eosinófilos e plaquetas em relação ao exame anterior.

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QUADRO 4 – Resultados laboratoriais do eritrograma da cadela “Mel” realizado

no dia cinco de novembro de 2007, no laboratório de análises

clínicas do HV/UFU

FONTE: Laboratório de Análises clínicas do HV/UFU (2007)

QUADRO 5 - Resultados laboratoriais do Leucograma da cadela “Mel”, realizado dia

cinco de novembro de 2007 no Laboratório de Análises Clínicas do HV-UFU

Valor Relativo

Valor Absoluto

Referência relativa

Referência Absoluta

Leucócitos totais - 7.200 - 6000 a 18000

Mielócitos 0 0 0 0

Metamielocitos 0 0 0 0

Bastonetes 2 144 0 a 3 0 a 540

Segmentados 55 3960 60 a 77 3600 a 13860

Eosinófilos 27 1944 2 a 10 120 a 1800

Basófilos 2 144 0 0

Monócitos 3 216 3 a 10 180 a 1800

Linfócitos 11 792 12 a 30 720 a 5400

FONTE: Laboratório de Análises clínicas do HV-UFU (2007)

Resultado Valores referenciais

Hemácia 6,2 5,5 a 8,5 x 106/L

Hemoglobina 14,4 12 a 18 g %

Hematócrito 41,7 37 a 55 %

V.G.M 66,61 60 a 77 µm³

C.H.G.M 34,87 31 a 34 g%

Plaquetas 180.000 200.000 a 500.000 /L

Pesquisa de hemoparasito Negativo Negativo

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O estágio supervisionado no HV-UFU chegou ao término dia nove de

novembro. A data do novo retorno estava marcada para dia 20 de novembro, desta

forma por telefone foi possível entrar em contato com a Clínica médica do HV-UFU,

no entanto foi informado que o proprietário não retornou ao Hospital.

Novamente por telefone, obteve-se a informação de que a cadela “Mel”

retornou ao Hospital dia quatro de dezembro, a notícia não poderia ser melhor,

segundo o proprietário a cadela estava se alimentando normalmente e não

apresentava mais sintomas neurológicos, nesta ocasião o animal recebeu alta e o

proprietário foi alertado a respeito dos riscos e precauções a serem tomadas.

3.2 Revisão bibliográfica

3.2.1 Etiologia e Epidemiologia

O Neospora caninum é um coccídio formador de cistos do filo Apicomplexa

e estruturalmente semelhante ao Toxoplasma gondii, porém distinto dele

LECOUTEUR & GRANDY (2004). Foi nomeado e descrito na Noruega pela primeira

vez em 1988 (DUBEY et al., 1988).

A Neosporose está amplamente distribuída em vários Estados brasileiros,

sendo relatada a ocorrência do parasito ou de anticorpos séricos anti-Neospora

caninum nos bovinos, caprinos, ovinos e caninos (ALMEIDA, 2004).

É um importante parasito intracelular que foi descrito em cães com

alterações neuromusculares, apesar de no Brasil a doença não ser bastante

diagnosticada, é considerada como o responsável por uma das mais importantes

enfermidades causadoras de abortos em bovinos leiteiros, residindo aí sua

importância econômica (DUBEY & LINDSAY, 1996).

O cão é o hospedeiro definitivo, capaz de eliminar oocistos nas fezes, o

que pode ser constatado após inoculação por via oral, de cistos teciduais de

camundongos infectados (DUBEY et. al, 1998). No entanto, o cão também serve

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como hospedeiro intermediário formando cistos em seus tecidos, à semelhança de

eqüinos, bovinos, ovinos, caprinos e veados que se infectam ao ingerir os oocistos

eliminados pelos cães (DUBEY, 1999).

O ciclo de vida deste protozoário apresenta três estágios infecciosos:

esporozoítos, taquizoítos e bradizoítos. Os oocistos são eliminados nas fezes dos

cães e esporulam no ambiente dando origem ao esporozoíto que é uma das formas

infectantes. Estes quando penetram a parede das células intestinais, são chamados

de taquizoítos que são o estágio de proliferação rápida e podem penetrar em

diversas células do hospedeiro (macrófagos, polimorfonucleares, neurônios,

fibroblastos, endotélio vascular, miócitos, células tubulares renais e hepatócitos)

causando severas lesões em diferentes órgãos. Os bradizoítos representam o

estágio de proliferação lenta, no qual os parasitas formam cistos teciduais,

principalmente no sistema nervoso central (DUBEY & LINDSAY, 1996).

Esses mesmos autores dizem que sob certas circunstâncias, como

prenhês e imunodeficiência, os bradizoítos podem converter-se em taquizoítos, que

proliferam assexuadamente, promovendo a infecção fetal ou causar lesões nestes

animais imunossuprimidos. Os taquizoítos e bradizoítos são os estágios

intracelulares encontrados nos hospedeiros intermédios.

Embora os taquizoítos se repliquem em vários tecidos do corpo, incluindo

os pulmões, nos cães clinicamente doentes a replicação é principalmente

neuromuscular (LAPPIN, 2006a).

Os caninos são infectados através da ingestão de bradizoítos, mas não de

taquizoítos. A infecção tem sido documentada após a ingestão de tecido placentário

de bovino infectado por Neosporose (LAPPIN, 2006a).

Segundo o mesmo autor, embora gatos domésticos sejam susceptíveis a

doença experimental, a infecção natural não foi identificada nessa espécie.

Entretanto nos cães há relatos de infecções de ocorrência natural (LAPPIN, 2006a).

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3.2.2 Patogenia

A patogênese da doença está primariamente relacionada à replicação

intracelular dos taquizoítos. Após o início da infecção, o organismo torna-se

encistado no coração e em vários outros tecidos do corpo. Com a ruptura desses

cistos, os bradizoítos expelidos induzem reações de hipersensibilidade e necrose

tecidual (WARE, 2006).

Os cistos teciduais rompidos nas estruturas do SNC são associados com

infiltrados de células mononucleares, o que sugere um componente imunomediado à

patogênese da doença (LECOUTEUR & GRANDY, 2004).

O microrganismo forma merontes em muitos tecidos dos cães, em especial

no cérebro e na medula espinhal, resultando em meningoencefalomielite.

(LECOUTEUR & GRANDY, 2004).

O Neospora caninum pode causar inflamação dos nervos periféricos, dos

músculos ou do SNC. No sistema nervoso periférico, as raízes nervosas espinhais

são mais gravemente acometidas (LORENZ & KORNEGAY, 2006).

A paralisia ascendente com contratura rígida e a atrofia dos membros

posteriores ocorre devido a replicação intracelular de taquizoítos do N. caninum no

músculo e nervos periféricos e à formação de cicatriz tecidual resultante nestas

estruturas (LECOUTEUR & GRANDY, 2004).

No sistema cardíaco a neosporose ocasionalmente causa miocardite

clínica como parte de processo sistêmico generalizado, principalmente no animal

imunocomprometido (WARE, 2006). Contudo, cães adultos podem apresentar

envolvimento multifocal do SNC, polimiosite e polineurite, geralmente em associação

a doença sistêmica disseminada com o acometimento do fígado e dos pulmões

(LAPPIN, 2006a).

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3.2.3 Sinais Clínicos

A Neosporose é uma doença infecciosa cada vez mais prevalente que

merece consideração em cães jovens a adultos com paraparesia progressiva. Em

filhotes de cães com neosporose transmitida congenitamente, a paralisia ascendente

com contratura rígida e atrofia dos membros posteriores são as manifestações

clínicas mais comuns da doença (LECOUTEUR & GRANDY, 2004).

A doença pode provocar outros sinais clínicos como: encefalomielite e

polimiosite fatais em cães recém-nascidos infectados in útero, tendo-se demonstrado

experimentalmente que pode causar a morte e reabsorção fetais (FORSBERG, &

ENEROTH, 2004).

Em um cão adulto com Neosporose e doença respiratória primária, a tosse

foi o principal sintoma. Há também relatos de paraparesia, doença multifocal do

SNC, sinais cerebelares e convulsões (LAPPIN, 2006a).

LORENZ & KORNEGAY (2006) relataram que rigidez extensora do

membro pélvico (hiperextensão do joelho) é a característica clássica da infecção do

músculo e do nervo por protozoário.

Desta maneira diversas outras manifestações clínicas de Neosporose,

como: miocardia, disfagia, dermatite ulcerativa, pneumonia e hepatite ocorreram em

alguns cães adultos (LAPPIN, 2006a).

3.2.4 Diagnóstico

O diagnóstico definitivo é baseado na demonstração do organismo no

líquido cefalorraquidiano (LCR) ou nos tecidos (LAPPIN, 2006a). TAYLOR (2006)

descreveu que para sorologia do LCR, o achado de um aumento de quatro vezes no

título sérico de IgG contra N. caninum em amostras pareadas também é prova

diagnóstica de infecção.

Os cistos teciduais do Neospora caninum têm a espessura da parede

maior que 1 µm. (LAPPIN, 2006a). Estes podem ser encontrados na maioria das

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vezes em cérebro, fígado e coração, placenta de bovinos e raramente em outros

órgãos (WOUDA et al. 1997).

Os taquizoítos do N. caninum raras vezes são identificados no exame

citológico do LCR, nas impressões de lesões dermatológicas e no lavado

broncoalveolar (LAPPIN, 2004). Segundo LAPPIN (2006a) os oocistos também

podem ser detectados nas fezes por exame microscópico após flotação ou por PCR.

Nas fezes, podem ser encontrados oocistos que precisam ser diferenciados de

outros gêneros após sua esporulação, principalmente de Hammondia sp. cujo

oocisto também é dispórico e tetrazóico (2 esporocistos, com 4 esporozoítos cada),

além de ter tamanho similar. Para isso é feita inoculação experimental em animais de

laboratório (preferencialmente gerbis) (DUBEY, 1999).

As alterações do LCR incluem concentração protéica elevada (de 20 a 50

mg/dL) e pleocitose de células inflamatórias mista e discreta (de 10 a 50 células/dL),

consistindo em monócitos, linfócitos, neutrófilos e, raramente eosinófilos (LAPPIN,

2004). TAYLOR (2006a) relatatou que ocasionalmente observam-se eosinófilos (>

50%) na contagem diferencial dos leucócitos na análise do LCR.

Os achados hematológicos e bioquímicos variam e dependem dos

sistemas orgânicos envolvidos (LAPPIN, 2006a).

Ainda podem ser feitos alguns exames complementares como exame do

fundo ocular, atividades da alanina aminotransferase (ALT) e creatinina (CK), títulos

de soro e do LCR (TAYLOR, 2006b).

Títulos da imunoglobulina G de 1:200 ou mais altos foram detectados em

todos os cães com neosporose clínica utilizando sorologia em IFI (LAPPIN, 2004).

Desta maneira, diagnóstico presuntivo de Neosporose pode ser

estabelecido pela associação dos sinais clínicos apropriados da doença e a sorologia

positiva ou de outra forma, considerando a presença de anticorpos no LCR com

exclusão de outra etiologias que induzem síndromes clinicas semelhantes, em

particular o Toxoplasma gondii (LAPPIN, 2006a).

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3.2.5 Tratamento

O tratamento segundo LORENZ & KORNEGAY (2006) deve incluir

trimetoprim – sulfadiazina (15 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas por quatro

semanas) e pirimetamina (1 mg/kg, por via oral, a cada 24 horas por quatro

semanas) ou clindamicina (10mg/kg, a cada 8 horas por duas semanas).

A pirimetamina é uma antagonista do ácido fólico usado em combinação

com sulfonamidas no tratamento de infecções protozoárias sistêmicas (BLOOD &

STUDDERT, 2002).

GÓRNIAK (2006) descreve que as sulfas são quimioterápicos e se

distribuem por todos os tecidos do organismo. Eles conseguem atravessar a barreira

hematoencefálica e placentária, podendo apresentar níveis fetais semelhantes aos

dos plasmáticos.

O tratamento com hidrocloridrato de clindamicina (10 mg/kg/dia cada 8

horas pelo menos 4 semanas) é mais eficaz em cães sem sinais neurológicos graves

(LAPPIN, 2006a). Segundo SPINOSA (2006a) a clindamicina é derivada das

lincosamidas que são ativas contra bactérias Gram-positivas e micoplasma e

possuem boa atividade contra bactérias anaeróbicas. Para BLOOD & STUDDERT

(2002) a clindamicina também tem atividade antiprotozoária.

A administração de glicocorticóides pode ativar os bradizoítos nos cistos

teciduais, resultando em doença clínica (LAPPIN, 2006a).

3.2.6 Prognóstico

As doenças não tratadas geralmente resultam em morte (LAPPIN, 2004).

O prognóstico para caninos com grave acometimento neurológico é reservado

(LAPPIN, 2006a).

O tratamento precoce pode ser benéfico, mas, se a contratura muscular

estiver presente, a recuperação será improvável (LORENZ & KORNEGAY, 2006).

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3.3 Discussão

A Neosporose é uma doença que acomete principalmente cães e bovinos

(DUBEY et al., 1988). Segundo LAPIN (2004), a enfermidade já foi relatada em cães

de, recém nascidos a 15 anos de idade. O caso aqui apresentado ocorreu em uma

cadela adulta Rottweiler com sintomas neurológicos e respiratórios como queixas

principais.

Na anamnese o proprietário relatou que houve episódios de muita tosse no

início da doença. Segundo LAPPIN (2006a) a tosse foi o principal sintoma de um cão

com doença respiratória primária e Neosporose. O autor ainda cita que após o início

da infecção, o organismo pode tornar-se encistado no coração e em vários outros

tecidos do corpo como o pulmão.

LAPPIN (2006a) descreveu que os caninos são infectados através da

ingestão de bradizoítos contidos em tecido placentário bovino infectado por

neóspora. O proprietário mencionou que a cadela ia freqüentemente à fazenda. Esta

informação deve ser vista com atenção, pois o animal provavelmente teve acesso a

este tipo de tecido, o que justificaria a sua infecção.

O proprietário mencionou ainda na anamnese que oferecia ocasionalmente

fígado de vaca cru para auxiliar na alimentação da cadela. Não foram encontrados

relatos na literatura consultada de que os cães podem se infectar ingerindo fígado de

bovino com neosporose, entretanto, WOUDA et al. (1997) relatam que o N. caninum

pode ser encontrado em cérebro, fígado, coração e placenta de bovinos.

Não foi confirmado quadro de pneumonia no animal em questão, avaliando

o hemograma, não houve leucocitose que explicasse tal distúrbio, porém

LECOUTEUR & GRENDY (2004), incluíram como outras manifestações clínicas a

pneumonia.

Na auscultação pulmonar deste paciente, foi observado a presença de

crepitações. Segundo HAWKINS (2006), crepitações em geral são sons

descontínuos, não musicais, que soam como papel sendo amassado ou bolhas

estourando, este som pulmonar é muito comum em pacientes com edema pulmonar,

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pneumonia ou bronquite. Desta maneira diante desta citação é possível sugerir o

início de um quadro respiratório nesta cadela.

Ao auscultar a região do coração foi evidenciada uma discreta arritmia.

Segundo DUBEY (1999) uma das várias alterações é a falha cardíaca, devido à

replicação de taquizoítos neste tecido.

A cadela “Mel” foi colocada para andar e apresentou alguns sintomas

neurológicos dentre eles, ataxia dos quatro membros, com hipermetria e membros

pélvicos rígidos à marcha. Segundo CHRISMAN et al. (2005) a localização das

lesões que causam ataxia podem estar situadas no cerebelo, medula espinhal,

nervos periféricos sensoriais ou sistema vestibular. LORENZ & KORNEGAY (2006)

descreveram que o Neospora caninum pode causar inflamação dos nervos

periféricos, dos músculos e do SNC. Sendo assim, a ataxia pode ter sido resultado

de uma inflamação em qualquer uma das estruturas citadas.

BLOOD & STUDDERT (2002) encontraram uma definição para ataxia

cerebelar que se caracteriza por defeitos na freqüência, na amplitude, na força a na

direção dos movimentos dos membros. A postura em estação tem base ampla, o

animal não é capaz de manter a cabeça na posição adequada, de modo que ela

oscila, há hipermetria ou hipometria, a direção não pode ser mantida e o animal cai

com facilidade, em geral de maneira exagerada.

Para a ataxia com lesão no sistema vestibular, observa-se uma inclinação

da cabeça, ataxia dos membros com desequilíbrio e nistagmo (CHRISMAN et al.

2005).

Neste caso a cadela tinha movimentos da cabeça normais, não havia

nistagmo e ataxia dos quatro membros, desta maneira CHRISMAN et al. (2005)

sugerem que a lesão pode encontrar-se na medula cervical a nível de neurônio motor

superior ou tratar-se de uma neuropatia sensorial, o que é muito raro. No entanto

deve-se deixar claro que um exame físico mais detalhado do sistema nervoso neste

caso, deveria ter sido realizado.

Outro sinal clínico que chamou muito a atenção foi a rigidez extensora do

membro pélvico ao caminhar. De acordo com LORENZ & KORNEGAY (2006) é a

característica clássica da infecção do músculo e do nervo pelo protozoário.

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GARCIA-NAVARRO (2005a) relatou uma eosinofilia inflamatória que se

caracteriza pelo aparecimento dos eosinófilos no término da fase aguda da

inflamação. Logo LORENZ & KORNEGAY (2006) relataram que o Neospora caninum

pode causar inflamação dos nervos periféricos, dos músculos ou do SNC.

FERREIRA NETTO et al. (1978) citaram também que a eosinofilia pode ser devido a

formas de parasitismos, principalmente quando estes penetram nos tecidos. Neste

caso apresentado, analisando o leucograma pôde observar uma acentuada

eosinofilia com valor absoluto de 3000 sendo que para GARCIA-NAVARRO (2005a)

a referência é até 1800 eosinófilos.

Quanto à basofilia vista neste mesmo leucograma, FERREIRA NETTO et

al. (1978) afirmaram que a mesma é muito rara em cães e pode estar associada à

eosinofilia.

GARCIA-NAVARRO (2005b) descreveu que a urina amarela escura, é a

cor típica da oligúria com densidade elevada, podendo ser vista ainda em casos de

doença hepática. Neste caso apresentado a urina estava com cor amarelo escuro e a

densidade de 1060 estava acima do seu patamar que é 1045 segundo próprio autor.

De acordo com FERREIRA NETTO et al. (1978) os sais biliares e os

pigmentos indicam icterícia e distúrbios hepáticos ou destruição excessiva de

eritrócitos. Segundo GARCIA-NAVARRO (2005b) os pigmentos biliares podem

sugerir doenças hepáticas, cirrose, neoplasias e toxicoses. LAPPIN (2006a)

descreveu que a Neosporose pode acometer o fígado e os pulmões. Desta maneira,

analisando a urinálise da cadela “Mel” verifica-se a positividade com três cruzes para

os sais e também para pigmentos biliriares, sugerindo assim um comprometimento

hepático, que seria comprovado através da mensuração das enzimas hepáticas ALT

e AST que infelizmente não foram realizadas.

O diagnóstico presuntivo para Neosporose pode ser estabelecido pela

associação dos sinais clínicos apropriados da doença e a sorologia positiva e com

exclusão de outras etiologias que induzem síndromes clinicas semelhantes, em

particular o Toxoplasma gongii (LAPPIN, 2006a). Desta forma pode ser observado

neste caso, a eliminação dos diagnósticos diferenciais sendo que a Cinomose foi

descartada por imunocromatografia, e a Toxoplasmose por IFI e confirmado a

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sorologia para N. caninum que pôde assim proporcionar o diagnóstico presuntivo

para Neosporose.

Segundo LAPPIN (2006a) os oocistos também podem ser detectados nas

fezes por exame microscópico após flotação. Este é um exame simples que poderia

propor mais segurança ao diagnóstico e que talvez por falta de conhecimento sobre

a doença, não foi realizado. Mesmo sabendo da dificuldade de se encontrar o

oocisto, se encontrado promoveria o diagnóstico definitivo para o caso e excluiria a

possibilidade de erro pela sorologia do plasma sanguíneo.

O tratamento com hidrocloridrato de clindamicina (10 mg/kg/dia cada 8

horas pelo menos 4 semanas) é mais eficaz em cães sem sinais neurológicos graves

(LAPPIN, 2006a). A citação deste autor justifica a não utilização deste medicamento

e a sua substituição pela sulfadiazina como tratamento de eleição para tratar este

caso.

A pirimetamina é uma antagonista do ácido fólico usado em combinação

com sulfonamidas no tratamento de infecções protozoárias sistêmicas (BLOOD &

STUDDERT, 2002). Através do relato deste autor, é possível deixar claro a

prescrição da pirimetamina e também o motivo da utilização do ácido Fólico como

medicação complementar no tratamento prescrito para cadela “Mel”.

Segundo LAPPIN (2006a), o prognóstico para caninos com grave

acometimento neurológico é reservado.

LORENZ & KORNEGAY (2006) descreveram que o tratamento deve ser

realizado em um período mínimo de 30 dias. Doze dias após o início do tratamento a

cadela retornou ao Hospital, com discreta melhora no quadro neurológico, os

movimentos encontravam-se mais coordenados ao caminhar, porém a hipermetria

ainda persistia. Sendo assim sabendo das dificuldades do tratamento em vista do

quadro neurológico em que se encontrava a cadela “Mel”, o tratamento evoluiu

acordo com as citações e o sucesso terapêutico foi verificado 20 dias após o primeiro

retorno quando a cadela retornou ao Hospital.

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3.4 Conclusões do caso de Neosporose

Pode-se concluir que a Neosporose é uma enfermidade pouco

diagnosticada na clínica de pequenos animais, sendo assim despertou-se uma maior

curiosidade e interesse particular, fazendo com que essa doença fosse escolhida

para ser relatada. O intuito foi detalhar um assunto de fundamental importância e que

fosse diferente, proporcionando maior valor a este trabalho.

Todos os procedimentos adotados neste caso, desde anamnese até o

tratamento, a maioria estiveram de acordo com a bibliografia consultada, porém

houve algumas falhas dentre elas a realização de um exame clínico nervoso mais

detalhado e também de um exame parasitológico de fezes a fim de encontrar

oocistos o que facilitaria a obtenção do diagnóstico.

Esta cadela apresentou pouca melhora vista aos 12 dias de tratamento. A

resposta foi adquirida de uma forma lenta, contudo apesar da cadela “Mel” não ter

retornado na data correta para reavaliação, respondeu satisfatoriamente aos

medicamentos e o sucesso terapêutico neste caso foi alcançado.

É preciso deixar claro que o sucesso para cura de uma doença não é

responsabilidade somente do Médico Veterinário, ao proprietário cabe a tarefa de

ministrar corretamente os medicamentos, na dose e hora certa e também retornar

com o animal no dia agendado para avaliações a respeito da evolução do quadro e

resposta ao tratamento prescrito.

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4 HEPATOZOONOSE CANINA

4.1 Relato de caso

4.1.1Resenha

Chegou ao HV/UFU no dia 15 de novembro de 2007, o animal, “Bil”,

espécie canina, macho, 2 anos, Mestiço, pelagem marrom, pesando 7,4 kg.

4.1.2 Anamnese

O proprietário de Itumbiara-GO relatou que há dez dias o seu cão começou

a apresentar comportamento diferente. Antes era muito ativo, agora apresenta-se

cansado, apático, com o apetite diminuído e eventualmente parece que perde a força

dos membros pélvicos quando caminhava. Diante disso levou o cão a uma Casa

Agropecuária em sua cidade. O Veterinário afirmou que o paciente estava com muita

febre e suspeitou de problema renal, pois havia sensibilidade à palpação abdominal.

Desta maneira foi prescrito um medicamento a base de Penicilina com

Estreptomicina, Isoniazida e Prednisolona (Pulmodrazim Veterinário – Pearson - SP)

injetável devendo fazer uma aplicação de 1,5 ml intramuscular, diariamente por

quatro dias. Foi prescrito também um antiinflamatório a base de Flunixin Meglumine

(Banamine® 5mg – Schering-Plough - Cotia/SP), um comprimido por dia durante

quatro dias, sendo administrado corretamente melhora do caso.

O animal não tinha antecedentes mórbidos, vivia em quintal de terra e

cimento, sem a presença de outros animais e alimentava-se de ração e

eventualmente comida caseira.

O animal não estava apresentando vômito nem diarréia e estava ingerindo

pouca água. A urina apresentava-se amarelada e com cheiro forte.

Segundo o proprietário as vacinas estavam todas em dia e a vermifugação

também.

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4.1.3 Exame físico

No exame físico, o cão apresentava bom estado de nutrição, leve

desidratação, musculatura definida, mucosas normocoradas, ausência de carrapato,

no entanto ocasionalmente o proprietário os encontrava no animal.

Apresentava também temperatura de 39,5 °C, Freqüência cardíaca de 116

bpm e freqüência respiratória de 120 mpm.

À palpação abdominal percebia-se sensibilidade muscular e

esplenomegalia.

Não foram observadas alterações no tamanho dos linfonodos.

Observado ao caminhar, o cão apresentava ocasionalmente episódios de

ataxia dos membros pélvicos.

4.1.4 Suspeitas clínicas

As suspeitas clínicas foram Cinomose, Toxoplasmose, Erliquiose,

Insuficiência Renal e Instabilidade Vertebral Lombosacral.

4.1.5 Exames complementares

Foram solicitados Hemograma com Pesquisa de hemoparasitos e

Urinálise, todos realizados no laboratório clínico do HV-UFU. Os resultados estão

expressos nos Quadros 6, 7 e 8.

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QUADRO 6 – Resultados laboratoriais do eritrograma e pesquisa de hemoparasitos

do cão “Bil” realizados no dia 15 de outubro de 2007, no laboratório

de análises clínicas do HV-UFU

FONTE: Laboratório de Análises Clínicas do HV-UFU (2007)

QUADRO 7 – Resultados laboratoriais leucograma do cão “Bil” realizado no dia 15

de outubro de 2007, no laboratório de análises clínicas do HV-UFU

Valor Relativo

Valor Absoluto

Referência relativa

Referência Absoluta

Leucócitos totais - 14.100 - 6000 a 18000

Mielócitos 0 0 0 0

Metamielócitos 0 0 0 0

Bastonetes 5 705 0 a 3 0 a 540

Segmentados 76 10716 60 a 77 3600 a 13860

Eosinófilos 00 0 2 a 10 120 a 1800

Basófilos 0 0 0 0

Monócitos 3 423 3 a 10 180 a 1800

Linfócitos 16 2256 12 a 30 720 a 5400

FONTE: Laboratório de Análises Clínicas do HV-UFU (2007)

Resultado Valores referenciais

Hemácia 8,69 5,5 a 8,5 x 106/L

Hemoglobina 15,6 12 a 18 g %

Hematócrito 55,8 37 a 55 %

V.G.M 64 60 a 77 µm³

C.H.G.M 28 31 a 34 g%

Plaquetas 88.000 200.000 a 500.000 /L

Pesquisa de hemoparasita Hepatozoon canis Negativo

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Analisando o eritrograma observou-se discreto aumento no hematócrito,

diminuição no C.H.G.M e acentuada queda no número de plaquetas. A pesquisa de

hemoparasitos, realizada com esfregaço de sangue proveniente da ponta da orelha,

revelou a presença do protozoário Hepatozoon canis, estabelecendo o diagnóstico

definitivo de Hepatozoonose (Figura 2). O leucograma apresentou aumento no valor

absoluto dos bastonetes, o restante apresentou-se normal.

Figura 2. Neutrófilo. H. canis (seta). cão “Bil”. Obj. 100x.

Fonte: Laboratório de Análises Clínicas HV-UFU.

QUADRO 8 - Resultados laboratoriais de Urinálise do cão “Bil”, realizado dia 15 de

outubro de 2007 no Laboratório de Análises Clínicas do HV-UFU

Exame físico Resultado Valor de referêcia

Volume (ml) 06 Mínimo 10 ml

Cor Amarelo ouro Amarelo claro a âmbar

Densidade 1042 1015 a 1045

Odor Fétido Suigêneres

Aspecto Semi-turvo Límpido

(continua)

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QUADRO 8 - Resultados laboratoriais de Urinálise do cão “Bil”, realizado dia 15 de

outubro de 2007 no Laboratório de Análises Clínicas do HV-UFU

(continuação)

Exame físico Resultado Valor de referência

Reação Ácida Ácida

Elementos anormais Resultado Valor de referência

Albumina Positivo ++ Negativo

Acetona Negativo Negativo

Glicose Negativo Negativo

Hemoglobina Negativo Negativo

Sais Biliares Negativo Negativo

Pigmentos Biliares Positivo + Negativo

Urubilinogênio Negativo Negativo

Sedimento Resultado Valor de referência

Cilindros Granulosos ++ 0

Células da Bexiga (M/C) Raras Até 5

Células do epitélio Vaginal (M/C) Raras Até 2

Hemácias (M/C) 10 Até 5

Piócitos (M/C) 3 Até 5

Muco Positivo + Até +

Espermatozóides ++ Em macho é normal

Cristais 0 0

FONTE: Laboratório de Análises Clínicas do HV-UFU (2007)

Para a urinálise do cão “Bil”, foi colhida a urina com sonda uretral flexível e

remetida ao laboratório. A mesma apresentou como anormalidade em relação ao

exame físico cor amarelo ouro, odor fétido e aspecto semi-turvo.

Quanto aos elementos anormais foram observados albumina ++ e

pigmentos biliares +.

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Analisando o sedimento foram encontrados como alterações cilindros

granulosos ++ e hemácias com média dez por campo e muco.

4.1.6 Prognóstico

Para esse quadro o prognóstico foi considerado favorável.

4.1.7 Tratamento e evolução do quadro

Para o cão “Bil” foi prescrito um antiprotozoário a base de Dipropionato de

imidocarb (Imizol ® - Schering-plough – Cotia/SP) na dose de 4.5 mg/kg totalizando

0,3 ml aplicado por via subcutânea no mesmo dia da consulta, e agendada outra

aplicação 15 dias após. Importante ressaltar que foi aplicado sulfato de atropina na

dose de 0.044 mg/kg totalizando 0,25 ml por via subcutânea 15 minutos antes da

aplicação do Imizol.

Foi prescrito também Doxiciclina® 100 mg (Medicamento Genérico) na

dose de 10mg/kg, devendo ministrar 3/4 do comprimido de 12 em 12 horas por um

período de 21 dias.

Outro medicamento prescrito foi a Ranitidina® 15 mg/ml (Medicamento

Genérico), na dose de 2mg/kg, totalizando um ml por via oral de 12 em 12 horas por

21 dias.

O tratamento foi complementado também com um auxiliar para boa

funcionalidade hepática a base de Cloridrato de L-arginina, Aspartato de L-ornitina e

L-citrulina, (Ornitargin®-Laboratórios Baldacci S/A- São Paulo-SP), devendo ministrar

uma drágea de 12 em 12 horas por 15 dias.

No dia 30 de outubro, 15 dias após a consulta o cão “Bil” retornou para

segunda aplicação de Dipropionato de imidocarb como citado anteriormente.

Segundo o proprietário o animal encontrava-se em perfeitas condições, voltou a ficar

alerta e o apetite retornou-se ao normal.

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Foi feito novo exame físico e notou-se que o cão não apresentava mais as

alterações de ataxia dos membros posteriores e nenhuma sensibilidade à palpação.

Portanto não foi necessário realizar novos exames.

O proprietário foi alertado para completar os 21 dias de medicação e se

houvesse alguma alteração deveria retornar ao Hospital. Desta forma o cão “Bil” por

não apresentar mais nenhuma alteração recebeu alta naquele dia.

4.2 Revisão bibliográfica

4.2.1 Etiologia e Epidemiologia

A Hepatozoonose é uma infecção causada pelo protozoário do gênero

Hepatozoon spp. (JAMES, 1905, citado por MORAIS, 2006). Segundo LAPPIN

(2006a) em caninos é causada pelos protozoários Hepatozoon canis e H.

americanum.

Este protozoário pode ser encontrado infectando animais domésticos e

silvestres como marsupiais, insetívoros, leporídeos, redores, carnívoros, aves,

répteis, anfíbios e quelônios (SMITH, 1996). Porém os cães são os carnívoros

domésticos mais afetados, principalmente os de caça e de guarda, provavelmente

devido ao seu modo de vida e maior probabilidade de contato com o carrapato

(MUNDIM et al., 1992).

Caninos de qualquer faixa etária podem estar clinicamente acometidos,

mas a doença é mais comumente reconhecida em filhotes (LAPPIN 2006a).

Na América do Norte predomina o H. americanum transmitido pelo

carrapato Amblyomma maculatum. Na América do Sul, África, sudeste da Europa e

na Ásia a infecção é causada pelo carrapato Rhipicephafalus sanguineus (LAPPIN

2006a).

Este protozoário parasita leucócitos, hemácias e órgãos parênquimatosos

dos animais (BANETH et al., 2001).

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A forma infectante para o carrapato, os gametócitos podem ser

encontrados em neutrófilos e monócitos circulantes dos animais e são a fonte de

infecção de novos carrapatos (LAPPIN, 2004).

A transmissão do protozoário aos cães ocorre pela ingestão do vetor

contendo oocistos esporulados na hemocele (CRAIG et al., 1978, citado por

MORAIS, 2006). Outra forma de transmissão é a vertical, que também foi

comprovada em cães (LAPPIN, 2004).

Embora os gatos possam desenvolver a Hepatozoonose, a maioria deles

apresenta doenças concomitantes, de modo que não está determinado se o

microrganismo é um patógeno primário nesses animais (LAPPIN, 2004).

4.2.2 Patogenia

O carrapato se infecta ingerindo o organismo durante o repasto sanguíneo

de um animal doente, após a ingestão desenvolvem-se oocistos que vão se alojar na

hemocele do vetor. O Animal se infecta após a ingestão do carrapato infectado, daí

por diante os esporozoítos são liberados na luz intestinal e infectam fagócitos

mononucleares e pelo sangue e linfa são levados às células endoteliais do baço,

fígado, músculo, pulmões e medula óssea e, por fim formam cistos contendo

macromerontes e micromerontes, podendo causar lesões nestas estruturas. Os

micromerontes desenvolvem-se em micromerozoítos, que infectam leucócitos e se

tornam gamontes (LAPPIN 2006a).

O microrganismo pode-se replicar nos músculos e ao redor dos ossos

resultando em ação perióstica acentuada (LAPPIN, 2004). Segundo (LAPPIN,

2006a), as fases teciduais induzem inflamação piogranulomatosa resultando na

doença clínica.

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4.2.3 Sinais clínicos

Os sinais clínicos podem ser intermitentes e recorrentes. Febre, perda de

peso e hiperestesia sobre as regiões paraespinhais são os achados mais comuns na

infecção por H. canis (LAPPIN, 2004). Outros sinais como paresia e secreção ocular

mucopurulenta foram descritos (MANCITIRE et al., 2001).

H. americanum também causa mialgia, miastenia, emaciação, relutância

para andar e fraqueza muscular (MATHEW et al., 1998)

Desta maneira, CRAIG (1998) assinalou que os sinais mais freqüentes são

anorexia, palidez de mucosas, emagrecimento, dores musculares e relutância ao

andar.

4.2.4 Achados laboratoriais

Eosinofilia, anemia regenerativa, hipoalbuminemia, hipoglicemia,

proteinúria e atividades elevadas das enzimas FA e da CK são detectadas em alguns

cães (LAPPIN, 2004).

MORAIS (2006) concluiu que as alterações hematológicas mais freqüentes

foram: anemia normocítica normocrômica, leucocitose, neutrofilia com desvio nuclear

dos neutrófilos a esquerda (DNNE). No entanto a trombocitopenia é incomum, a

menos que ocorra co-infecção por Ehrlichia canis (LAPPIN 2006a).

Na urinálise é comum haver proteinúria em cães com Hepatozoonose

LAPPIN (2004).

4.2.5 Diagnóstico

O diagnóstico definitivo é baseado na identificação de gamontes em

neutrófilos ou monócitos em esfregaços sanguíneos corados com Giemsa ou

Leishman, ou pela demonstração do organismo em seções de biópsia muscular

(LAPPIN 2006a).

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Pode-se também pesquisar a presença de esquizontes em fragmentos de

órgãos parenquimatosos como fígado, baço, linfonodos, e também nos músculos

esquelético, cardíaco e medula óssea, corados pela hematoxilina e eosina (HE),

especialmente quando os gametócitos do sangue forem raros (GAUNT et al., 1983).

O diagnóstico presuntivo pode ser feito a base dos sinais clínicos,

localização geográfica, histórico de viagens e achados laboratoriais característicos

da enfermidade (LAPPIN, 2004).

4.2.6 Tratamento

Não está confirmado se a administração de fármacos acelera a resolução

da doença. A combinação de trimetoprim-sulfadiazina (15 mg/kg) de 12 em 12 horas

durante 2 a 4 semanas, via oral, pirimetamina (0,25 mg/kg) a cada 24 horas, durante

2 a 4 semanas, via oral e clindamicina na dose de 10 mg/kg a cada 8 horas, de 2 a 4

semanas, via oral foram recomendados por LAPPIN (2004).

Nenhum regime terapêutico mostrou-se eficaz na eliminação da infecção

por H. canis e H. americanus dos tecidos. Porém a doença clínica se resolve com

alguns medicamentos. Dipropionato de imidocarb administrado na dose de (5 a 6

mg/kg) por via intramuscular ou subcutânea, uma ou duas vezes com intervalo de 14

dias, é o fármaco de escolha para o tratamento de H. canis e também pode ser

eficaz contra o H. americanum (LAPPIN 2006a).

Imidocarb é um antiprotozoário derivado das carbanilidas, usado na forma

de dipropionato de imidocarb que se deposita no rim e é biotransformado no fígado,

parece atuar no núcleo do parasito, promovendo alterações no seu número e

tamanho, e no citoplasma. Pode causar efeitos colaterais como: tremor muscular,

salivação, diarréia, queda da pressão sanguínea e pulso acelerado. Seu uso fica

restrito por ocasionar resíduos no fígado e rim de longa duração (FERREIRA, 2006).

O´DWYER E MASSARD (2001) relataram que o dipropionato de imidocarb

tem apresentado resultados inconsistentes quando prescrito isoladamente.

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Entretanto, quando associado à tetraciclina ou à doxiciclina tem mostrado resultados

mais satisfatórios.

A doxiciclina é um antibiótico de largo espectro da família das tetraciclinas

que atua contra bactérias Gram-negativas, clamídias, riquétsias e até sobre alguns

protozoários (SPINOSA, 2006b). As tetraciclinas em geral causam irritação tecidual,

desta forma este efeito pode provocar manifestações gastrintestinais, como náuseas,

vômitos e diarréia, quando administradas por via oral (SPINOSA, 2006b).

4.2.7 Prognóstico, controle e profilaxia

O prognóstico é considerado por MUNDIM et al. (1992) como reservado

para animais acometidos pela Hepatozoonose clínica.

O controle de carrapatos é a melhor forma de prevenção. Não há

evidências de transmissão zoonótica do H. canis de cães infectados aos seres

humanos e a administração de corticóide deve ser evitada, uma vez que pode

exacerbar a doença clínica (LAPPIN, 2004).

4.3 Discussão

Na anamnese e exame físico do cão “Bil” os principais sintomas verificados

foram febre, apatia, anorexia, relutância ao andar e sensibilidade muscular, o que

condiz com as afirmações de CRAIG (1998) para o qual os sinais mais freqüentes

são febre, anorexia, palidez de mucosas, emagrecimento, dores musculares e

relutância ao andar.

LAPPIN (2004) cita que microrganismo pode replicar-se nos músculos e ao

redor dos ossos resultando em ação perióstica acentuada. Segundo (LAPPIN,

2006a), as fases teciduais induzem inflamação piogranulomatosa resultando na

doença clínica. O que justifica a ataxia dos membros posteriores vista quando o cão

caminhava.

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No exame físico também se constatou leve desidratação. GARCIA-

NAVARRO (2005a) cita que a desidratação pode levar a uma policitemia falsa devido

a uma perda de parte da água do plasma sangüíneo. Esta afirmação pode justificar o

ligeiro aumento no hematócrito, já que a mensuração das proteínas plasmáticas não

foi feita.

A trombocitopenia é incomum, a menos que ocorra co-infecção por

Ehrlichia canis (LAPPIN, 2006a). Para MUNDIM et al. (1994) a Hepatozoonose pode

estar associada a outros agentes infecciosos dentre eles o E. canis. Estas citações

podem elucidar a trombocitopenia encontrada no hemograma aqui realizado,

sugerindo um quadro de Erliquiose concomitante com a Hepatozoonose neste cão.

No leucograma verificou-se aumento no número de bastonetes, porém o

número de leucócitos totais estava de acordo com a referência. GARCIA-NAVARRO

(2005a) relatou que o aumento dos bastonetes sendo acompanhado por uma

neutrofilia é definido como um desvio nuclear dos neutrófilos à esquerda (DNNE).

Como não foi observada uma neutrofilia neste caso, não é correto considerar esse

achado como DNNE, no entanto pode-se indicar talvez um início desse desvio.

A densidade urinária de 1042 está muito próximo do seu limite de 1045

proposto por GACIA-NAVARRO (2005b). Este mesmo autor cita que na nefrite

intersticial aguda, a densidade é encontrada entre 1030 e 1060, devido a uma

incapacidade do rim em eliminar água durante a fase inicial da doença.

Na urinálise também foram encontradas proteinúria e cilindrúria como

achados mais importantes. LAPPIN (2004) relatou haver proteinúria em cães com

Hepatozoonose. Como havia também suspeita de Erliquiose concomitante, devemos

analisar tais achados com cautela, pois para LAPPIN (2006b) dentre as alterações

clínico-patológicas da Erliquiose encontram-se também a cilindrúria e proteinúria.

GARCIA-NAVARRO (2005b) descreveu que a proteinúria sem cilindrúria

indica que a proteinúria é de origem pós-renal, ou esforço muscular antes da coleta.

Entretanto já a proteinúria com cilindrúria, indica proteinúria de origem renal.

Segundo o mesmo autor, a proteinúria acompanhada de cilindros

granulosos, indica doença degenerativa dos túbulos renais. Essas citações sugerem

existência de lesão renal neste animal, no entanto era indispensável a realização de

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um teste de função renal mais especifico, dosando por exemplo a creatinina, que

neste caso não foi realizado.

Eosinofilia, anemia regenerativa, leucocitose neutrofílica com desvio a

esquerda são achados hematológicos mais encontrados nesta infecção (LAPPIN

2004, 2006a). Entretanto esses achados não foram encontrados.

O diagnóstico definitivo é baseado na identificação de gamontes em

neutrófilos ou monócitos em esfregaços sanguíneos corados com Giemsa ou

Leishman, ou pela demonstração do organismo em seções de biópsia muscular

(LAPPIN, 2006a). Fazendo um esfregaço sangüíneo e corado com Giemsa, foi

possível observar o H. canis parasitando um neutrófilo, permitindo que fosse fechado

o diagnóstico em Hepatozoonose canina.

A atropina é um alcalóide anticolinérgico, age como antagonista

competitivo dos receptores de acetilcolina e muscarínicos, bloqueando a estimulação

de músculos e glândulas (BLOOD & STUDDERT, 2002). Desta maneira uso de

sulfato de atropina aqui adotado antes da aplicação do dipropionato de imidocarb é

justificado através citação de FERREIRA (2006) que relatou a existência de alguns

efeitos colaterais induzidos pelo dipropionato de imidocarb como: tremor muscular,

salivação, diarréia e queda da pressão sanguínea.

Neste caso apresentado, também foi prescrito o dipropionato de imidocarb

cuja utilização é justificada através da citação de LAPPIN (2006a) que descreve

como o fármaco de escolha para o tratamento de H. canis o dipropionato de

imidocarb, administrado na dose de (5 a 6 mg/kg) por via intramuscular ou

subcutânea, uma ou duas vezes com intervalo de 14 dias. Para FERREIRA et al.

(2006) seu uso fica restrito por ocasionar resíduos no fígado e rim de longa duração.

Tal citação explica a utilização do intervalo de 14 dias entre as aplicações e também

a utilização do medicamento Ornitargin que auxilia na funcionalidade do fígado.

O´DWYER & MASSARD (2001) relataram que o dipropionato de imidocarb

tem apresentado resultados inconsistentes quando prescrito isoladamente.

Entretanto, quando associado à tetraciclina ou à doxiciclina tem mostrado resultados

mais satisfatórios. LAPPIN (2006a) relatou que a trombocitopenia é incomum, a

menos que ocorra co-infecção por Ehrlichia canis, e o tratamento de eleição para

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essa enfermidade é a doxiciclina por via oral. Desta maneira é possível justificar o

emprego da doxiciclina neste caso, de acordo com os autores citados.

BLOOD & STUDDERT (2002) definiram a Ranitidina como um bloqueador

histamínico de H2 usado contra irritação estomacal e no tratamento de úlceras

gástricas. Sendo assim o uso da ranitidina se justifica, visto que SPINOSA (2006b)

descreve que a doxiciclina é da família das tetraciclinas e as tetraciclinas em geral

causam irritação tecidual, desta forma este efeito pode provocar manifestações

gastrintestinais, como náuseas, vômitos e diarréia, quando administradas por via

oral.

As tetraciclinas além de causar irritação tecidual podem também causar

efeitos tóxicos em células hepáticas (infiltração gordurosa) e renais (necrose dos

túbulos proximais) (SPINOSA 2006b).

Nenhum regime terapêutico mostrou-se eficaz na eliminação da infecção

por H. canis e H. americanus dos tecidos. No entanto a doença clínica pode se

resolver com o tratamento (LAPPIN 2006a).

O cão “Bil” retornou ao Hospital 15 dias após o início do tratamento não

apresentando mais nenhum sintoma clínico da doença, sendo assim pôde receber

alta, confirmando a citação dos autores e indicando o sucesso da terapia prescrita.

4.4 Conclusões sobre o caso

Foi possível concluir que apesar dos principais achados laboratoriais

descritos na literatura não terem sido encontrados neste caso apresentado, o

diagnóstico definitivo para Hepatozoonose foi estabelecido. Tal diagnóstico só foi

possível, pois no HV-UFU conta-se com um técnico em laboratório muito competente

e preparado. Assim, tal capacitação mostrou-se como aspecto fundamental no

sucesso deste caso clínico.

Os procedimentos utilizados estiveram de acordo com a bibliografia

consultada e o caso evoluiu satisfatoriamente.

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5 CONCLUSÃO FINAL

O estágio supervisionado é de grande importância para a formação do

acadêmico de Medicina Veterinária, visto que se põem em prática tudo que se

aprendeu durante a graduação reforçando o aprendizado e dando o “ponta pé”

inicial para carreira profissional.

O tempo permanecido no HV-UFU contribuiu não só para o

aprendizado, mas também para estabelecer vínculos com excelentes

profissionais, isso se torna importante a quem deseja encarar o mercado de

trabalho, uma vez que neste ramo a troca de informações entre colegas é de

extrema necessidade.

Ao longo do estágio, percebi certa dificuldade para acostumar com a

rotina de um Hospital. Sendo assim pude perceber o quanto é importante a

presença de um Hospital Veterinário numa escola de Veterinária. Apesar da

Escola de Medicina Veterinária em Jataí não ter um Hospital Veterinário em sua

estrutura, conta com um grande quadro de professores e funcionários, o que faz

com que o aluno formado na UFG em Jataí consiga superar as dificuldades e

chegar com competitividade junto a outras instituições.

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