88
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS: Pancreatite Aguda Canina Rafael Farias de Oliveira Orientador: Prof. MsC. Thiago André Carreo Costa JATAÍ 2009

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS Farias de Oliveira.pdf · FIGURA 2 – Canino, raça Labrador, com dois anos de idade, não castrado e pesando ... da UFG realizado

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS:

Pancreatite Aguda Canina

Rafael Farias de Oliveira

Orientador: Prof. MsC. Thiago André Carreo Costa

JATAÍ 2009

ii

RAFAEL FARIAS DE OLIVEIRA

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS:

Pancreatite Aguda Canina

Trabalho de conclusão do curso de graduação apresentado para obtenção do diploma de graduação em Medicina Veterinária junto à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí

Área de concentração: Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais

Orientador: Prof. MsC. Thiago André Carreo Costa

Supervisor:

Méd. Vet. MsC. Apóstolo Ferreira Martins

JATAÍ 2009

iii

RAFAEL FARIAS DE OLIVEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em 07 de dezembro de 2009, pela seguinte banca examinadora:

____________________________________________________ Prof. MsC. Thiago André Carreo Costa

(Presidente da Banca)

____________________________________________________ Profª. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini

(Membro da Banca)

____________________________________________________ Profª. Dra. Vera Lúcia Dias da Silva Fontana

(Membro da Banca)

iv

Dedico este trabalho a aqueles que tornam

essa profissão tão digna e bonita de ser

exercida, a todos os animais, independente

de espécie, raça e cor, pois todos eles são

indiscutivelmente únicos...

Principalmente Pantera, Simba,

Pandora, Bolinha e Lessie!

v

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, devo agradecer aquele que me mostrou que nem

sempre na vida se caminha por trilhas fáceis, mas que os obstáculos pelo

caminho são enormes e variados, e que se deve estar preparado a todas as

situações, por isso, obrigado meu Deus, pois sem as suas mãos me ajudando a

atravessar todos esses obstáculos nada seria possível.

Aos meus pais, Sirlon de Oliveira e Alméria Soares de Farias Oliveira

pela fé, o carinho, a paciência, a ajuda, a mão amiga, e acima de tudo a sapiência

(inúmeras vezes maior do que qualquer mestre ou doutor). Por serem o porto

seguro, do qual jamais me decepcionarei, onde todos esses anos sempre

encontrei refúgio para qualquer situação. A quem me ensinou desde a infância o

caminho da retidão, moral e o senso de justiça. Agradeço por fazerem dos seus

sonhos os meus, que com tanto afinco e afeto, e após tanto esforço e luta tanta

dedicação sem jamais transparecer cansaço ou desânimo, estão se tornando

realidade. Obrigado, pois essa conquista é sem dúvidas mais de vocês do que

minha!

A minha namorada, Márcia Martins dos Santos por todo o seu carinho,

afeto, dedicação e principalmente confiança depositada em mim mesmo nos

momentos mais difíceis. Agradeço por ter entrado na minha vida e ter me

mostrado que o amanhã é sempre melhor do que o hoje.

A minha irmã Jéssica Nathália Soares Oliveira por todo o seu amor e

principalmente por me mostrar que com um sorriso é muito mais fácil de resolver

as adversidades.

A toda a minha família por todo carinho que sempre tiveram por mim,

principalmente minhas Avós e meu Avô, por todo apoio e acima de tudo confiarem

em mim.

A todos os meus amigos, que consegui conquistar durante está “vida”

(de cinco anos) e nessa “cidade” tão inusitada que se torna a faculdade,

principalmente meus grandes parceiros e amigos Wanderson e Magnus, além de

todos os outros que se tornaram uma família pra mim, Paulinha, Nalvinha,

Arianny, Jack, Ana Paula, Fabim, Melinha, e tantos outros, se lembrando, se

vi

preocupando e superando dificuldades juntos, apesar de todas as brigas e

discussões que uma “família” tem, tenho que agradecer a todos vocês, por terem

me feito rir em tantos momentos e me ajudado a superar tantos outros, “Valews

Galera”.

A todos os Mestres que com extrema ética e lealdade, nos

transformaram de alunos em profissionais, que não se omitiram em nenhum

momento ao nos passar seus conhecimentos, aumentando nossa bagagem

cultural, técnica e moral, obrigado a todos!

Agradeço ao orientador e mestre Prof° Thiago André Carreo Costa que

apesar do pouco tempo de convivência, não se furtou em momento algum a

ensinar e orientar, mostrando que é um profissional ético e capacitado, fazendo

jus a sua profissão de educador, obrigado pelo tempo e esforço dedicado a

conclusão desde trabalho.

Aos profissionais e funcionários Escola de Veterinária da UFG de Jataí,

que foram parcela significativa no andamento e conclusão do curso de Medicina

Veterinária. Por toda a dedicação e contribução ao ensino a nós transmitido.

A UFG – Campus Jataí que é a instituição responsavél por nos

oferecer a oportunidade de nos transformar em verdadeiros profissionais.

A todos que aqui possam não ter sido citados, mas que em

determinadas ocasiões e de alguma forma contribuiram para que eu conseguisse

concluir minha graduação e foram fundamentais ao aprendizado em algum

momento durante esse tempo.

Por fim, agradeço aqueles que são o grande motivo para estar

concluido esse curso, aqueles que não falam, mas que com os olhos sabem

transmitir os sentimentos mais sinceros, aqueles que não te dão motivos para

dúvida, não mentem, não são traiçoeiros, e que fazem parte de um universo onde

jamais a espécie humana se aproximará, os animais, a quem quero dedicar-me a

tratar, os doentes e não as doenças.

A todos, os meus sinceros agradecimentos!

vii

"Um pouco de ciência

nos afasta de Deus.

Muito nos aproxima."

(Louis Pauster)

viii

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS...............................................................................................x

LISTA DE TABELAS..............................................................................................xi

LISTA DE QUADROS............................................................................................xii

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................1

2. DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO...........................................................2

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.........................................5

4. REVISÃO DE LITERATURA: Pancreatite Aguda Canina.................................12

4.1 Anatomia e Fisiologia do Pâncreas.................................................................12

4.2 Pancreatite Aguda...........................................................................................14

4.3 Epidemiologia da Pancreatite Canina..............................................................14

4.4 Fatores Etiológicos e Predisponentes.............................................................15

4.4.1 Nutrição......................................................................................................15

4.4.2 Hiperlipoproteinemia..................................................................................16

4.4.3 Fármacos...................................................................................................17

4.4.4 Infecções...................................................................................................17

4.4.5 Urêmica......................................................................................................17

4.4.6 Doença Hepatobiliar...................................................................................17

4.4.7 Obstrução ductal........................................................................................18

4.4.8 Refluxo duodenal.......................................................................................18

4.4.9 Traumatismo pancreático...........................................................................19

4.4.10 Isquemia Pancreática.................................................................................19

4.4.11 Hipercalcemia.............................................................................................20

4.4.12 Fatores hereditários...................................................................................20

4.5 Fisiopatogenia da Pancreatite Aguda..............................................................20

4.6 Sintomatologia clínica......................................................................................23

4.6.1 Complicações da Pancreatite Aguda.........................................................23

4.7 Diagnóstico da Pancreatite..............................................................................24

4.7.1 Anamnese e Sintomatologia clínica...........................................................24

4.7.2 Exames Laboratoriais.................................................................................26

4.7.3 Diagnóstico por Imagem.............................................................................34

4.8 Diagnóstico Diferencial...................................................................................36

ix

4.9 Tratamento......................................................................................................38

4.9.1 Fluidoterapia..............................................................................................38

4.9.2 Controle do vômito....................................................................................39

4.9.3 Controle da dor abdominal........................................................................39

4.9.4 Redução do estímulo a secreção pancreática..........................................40

4.9.5 Antibioticoterapia.......................................................................................41

4.9.6 Corticosteróides........................................................................................41

4.9.7 Tratamento cirúrgico.................................................................................41

4.10 Prognóstico...............................................................................................42

5 RELATO DE CASO: Pancreatite Aguda em Cães.........................................43

5.1 Histórico e Anamnese.....................................................................................43

5.2 Exame físico...................................................................................................43

5.3 Diagnóstico diferencial.....................................................................................43

5.4 Meios Diagnósticos..........................................................................................43

5.5 Resultados.......................................................................................................45

5.6 Tratamento......................................................................................................47

6 DISCUSSÃO....................................................................................................49

7 CONCLUSÕES................................................................................................59

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................60

REFERÊNCIAS.....................................................................................................61

ANEXOS...............................................................................................................64

x

LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Descrição do local de estágio. A: Consultório de atendimento clínico,

B: Sala cirúrgica, C: Sala de Radiologia e D: Farmácia. (Arquivo

Pessoal 2009).....................................................................................3

FIGURA 2 – Canino, raça Labrador, com dois anos de idade, não castrado e

pesando 30 quilos, sendo submetido a fluidoterapia endovenosa,

enquanto manifestava crises de aspecto convulsivo (Arquivo

pessoal, 2009)..................................................................................45

xi

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Casuística clínica acompanhada durante a realização do estágio

curricular na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no

Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Goiás no período 03 de agosto a 13 de outubro de

2009....................................................................................................6

TABELA 2 – Casuística cirúrgica acompanhada durante a realização do estágio

curricular na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no

Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Goiás no período 03 de agosto a 13 de outubro de

2009....................................................................................................9

TABELA 3 – Casuística Anestésica acompanhada durante a realização do

estágio curricular na área de Clínica Médica de Pequenos Animais

no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Goiás no período 03 de agosto a 13 de outubro de

2009..................................................................................................10

xii

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Principais diagnósticos diferencias de Pancreatite aguda, que

causem dor abdominal...................................................................36

QUADRO 2 – Principais diagnósticos diferencias de Pancreatite aguda, que

causem Vômito...............................................................................37

QUADRO 3 – Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 08/09/09..................................64

QUADRO 4 – Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo Laboratório

de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária

da UFG realizado dia 08/09/09.........................................................65

QUADRO 5 – Resultados do exame de bioquímica sanguínea, canino Kauê,

realizado pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da UFG realizado dia

08/09/09............................................................................................65

QUADRO 6 – Resultados do exame de urinálise, canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 08/09/09..................................65

QUADRO 7 – Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 09/09/09..................................67

QUADRO 8 – Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo Laboratório

de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária

da UFG realizado dia 09/09/09.........................................................68

xiii

QUADRO 9 – Resultados do exame de bioquímica sanguínea, canino Kauê,

realizado pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da UFG realizado dia

09/09/09............................................................................................68

QUADRO 10 – Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 11/09/09..................................68

QUADRO 11 – Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 11/09/09..................................69

QUADRO 12 – Resultados do exame de bioquímica sanguínea, canino Kauê,

realizado pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da UFG realizado dia

11/09/09............................................................................................70

QUADRO 13 – Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 15/09/09..................................70

QUADRO 14 – Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 15/09/09..................................71

QUADRO 15 – Resultados do exame de bioquímica sanguínea, canino Kauê,

realizado pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da UFG realizado dia

15/09/09............................................................................................71

xiv

QUADRO 16 – Resultados do exame de urinálise, canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 15/09/09..................................72

QUADRO 17 – Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 25/09/09..................................73

QUADRO 18 – Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG realizado dia 25/09/09..................................74

1 INTRODUÇÃO

A medicina veterinária é um curso de graduação que nos proporciona

inúmeras vantagens, por sua diversidade de áreas a serem seguidas. A cada dia

mais se aprofunda e se especializa no estudo de uma gama de assuntos, e cada

vez mais o diagnóstico de doenças que às vezes se não se confirmam é

essencial, fazendo-se necessário um estudo de cada caso em especial, e uma

atenção cada vez maior ao paciente seja ele de qual espécie for.

O pâncreas é um órgão com funções endócrinas e exócrinas, mas na

maioria das vezes é um órgão que atormenta muitos profissionais devido a sua

complexidade em ser tratado. Nas funções exócrinas as principais disfunções são

as pancreatites agudas ou crônicas, as insuficiências pancreáticas exócrinas

(IPE) e neoplasias, fazendo-se necessário uma investigação criteriosa e

meticulosa, uma vez que na maioria dos casos produz sinais inespecíficos.

A pancreatite aguda canina, tema central deste trabalho é muitas vezes

causa de doenças subclínicas leves ou severas e graves, e de difícil diagnóstico,

por ser uma disfunção que produz sintomatologia inespecífica, e ainda por sua

epidemiologia e fisiopatogenia serem pouco compreendidas, necessitando fazer

uma avaliação cuidadosa de vários fatores para que se tenha um diagnóstico e

uma conduta terapêutica correta.

O objetivo principal do trabalho é relatar um caso de pancreatite aguda

em um cão, fazendo uma revisão da literatura disponível, que por vezes é

escassa, por ser uma doença que tem uma incidência pequena na clínica de

pequenos animais, ou que às vezes pode ocorrer sem que se tenha um

diagnóstico definitivo, muitas vezes tratando o paciente apenas

sintomatologicamente.

2

2 DESCRIÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

O Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás localiza-se na

cidade de Goiânia, no Campus Samambaia, onde encontra-se estruturada a

Escola de Veterinária. Possui uma infra-estrutura, com uma variedade de

recursos nos quais são atendidos os diferentes campos da Medicina Veterinária,

no que se diz respeito à área de pequenos animais, a Escola de Veterinária

possui um Hospital Veterinário bem estruturado, aqui denominado por HV/UFG,

dentro dessa estrutura tem-se, área de estacionamento, sala de recepção, área

ambulatorial de clínica geral, num total de quatro consultórios, um ambulatório

para emergência e ambulatório nas áreas específicas de cardiologia e

ultrassonografia, com aparelho de eletrocardiograma e ultrassom com recurso de

ecocardiografia. O HV/UFG conta ainda com uma sala radiográfica, que possui

reveladora automática, sala de preparação para cirurgias, quatro centros

cirúrgicos e sala de recuperação durante o pós-operatório, além de farmácia e

laboratório de análises clínicas (Figura 1). Dentro dessa área estrutural, o

HV/UFG ainda dispõe de uma lavanderia e uma sala de esterilização.

A enfermaria é dividida em três setores: enfermaria de animais

portadores de doenças infecto-contagiosas (considerado Isolamento), enfermaria

de animais com doenças debilitantes (área de internação dos animais) e

enfermaria para pré e pós-operatório ou condutas clínicas (preparação dos

animais para recebimento de medicação parenteral). O HV/UFG possui ainda

uma cozinha, e sanitários masculino e femininos, além de canis para cães do

Hospital ou de proprietários, com estrutura para animais miniaturas, médios ou de

porte maior, existe também uma área administrativa, onde localiza-se sala da

diretoria do hospital. O HV/UFG conta também com sala para os residentes e sala

de estudos com acesso a livros, internet e publicações impressas. Existe ao lado

dessa área de pequenos animais um setor de grandes animais. Essa área conta

com currais, bretes, balança, troncos, galpões para armazenagem de alimentos,

além de um bem montado centro cirúrgico de grandes animais.

O Hospital conta com uma equipe profissional composta, por quatro

veterinários contratados, que se dividem em turnos dois em cada período, além

3

de seis residentes, que são divididos por setores (clínica médica, clínica cirúrgica

e anestesiologia), além desses profissionais “fixos” no atendimento, o HV/UFG

ainda conta com o atendimento dos Professores da Escola de Veterinária,

atendendo especificamente em suas determinadas especialidades dentre elas

oftalmologia, cardiologia, dermatologia, ortopedia, oncologia, neurologia,

radiologia, ultrassonografia, esse atendimento conta ainda com a ajuda de alunos

da instituição e de estagiários de outros locais. O horário de atendimento do

Hospital é das 8h ás 18h30min, de segunda a sexta-feira, durante esse horário

são feitas consultas com horário agendado, dando prioridade a atendimentos

emergenciais.

Figura 1: Descrição do local de estágio. A: Consultório de atendimento

clínico, B: Sala cirúrgica, C: Sala de Radiologia e D: Farmácia.

A dinâmica de consulta é feita da seguinte forma, um estagiário

recepciona o animal e o proprietário e realiza pesagem, anamnese e exame físico

dos animais, logo após o veterinário da prosseguimento ao atendimento, onde o

4

estagiário ainda participa da coleta de materiais para exames laboratoriais. Logo

após a finalização do atendimento o proprietário e encaminhado novamente a

recepção e faz os acertos dos custos de consultas ou outros procedimentos

adotados.

5

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades a serem aqui descritas com realização no HV/UFG, foram

realizadas durante o período de 03 de agosto de 2009 a 13 de outubro de 2009,

com uma carga horária diária de 8 horas e uma carga horária total de 400 horas,

supervisionado pelo Médico Veterinário MsC. Apóstolo Ferreira Martins e sob a

orientação do Professor MsC. Thiago André Carreo Costa, Coordenador e

membro do corpo docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade

Federal de Goiás – Campus Jataí.

A rotina de atividades durante o período de realização do estágio

curricular foi dividida em áreas, onde cada estagiário passaria duas semanas em

cada local, passando assim por todos os setores, essa áreas de atuação foram

fragmentadas em Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e Anestesiologia.

Na clínica médica as atividades consistiram em recepção dos animais e

dos proprietários no consultório e realização do atendimento clínico inicial para

posterior seqüência pelos Médicos Veterinários do HV/UFG.

Inicialmente era feita a anamnese dos animais coletando todas as

informações básicas e transcrevendo a ficha clínica do animal, após essa

checagem anamnética, dava-se inicio ao exame físico do paciente, no qual

consistia em avaliar todos os sistemas corporais, após a avaliação detalhada

anotava-se as suspeitas clínicas, e exames complementares necessários a serem

feitos, após o profissional responsável pelo atendimento, avaliava o caso, discutia

e propunha sugestões ao atendimento feito pelo estagiário. O estagiário também

fazia a coleta de materiais para exames complementares e acompanhava o

animal para outras condutas clínicas que fossem adotadas, como realização de

Radiografias, Ultrassonografias, Eletrocardiografias, Ecocardiografias ou

internação dos animais com necessidade de infusão de fluidos e medicações,

onde o estagiário se responsabilizava em preparar, medicar e preencher a ficha

de internação do animal. O estagiário se responsabilizava até a finalização do

caso, em acompanhar o proprietário e o paciente em atendimento.

Na área de Clínica Cirúrgica, as atividades consistiam em avaliação

clínica dos animais encaminhados a cirurgia, logo após avaliação dos exames

complementares. Durante os procedimentos o estagiário geralmente auxiliava os

6

cirurgiões, principalmente como instrumentadores e no pós-operatório dos

animais junto aos proprietários.

Na Anestesiologia as principais atividades eram a assistência aos

anestesiologistas na pré-medicação dos animais e na preparação para entrada no

centro cirúrgico, montagem do aparelho de anestesia inalatória e do monitor

digital para acompanhamento de todos os parâmetros fisiológicos durante o

procedimento e tomar nota dos mesmos, além de assistir os mesmos durante

todo o procedimento, e acompanhamento até a completa recuperação dos

animais e liberação aos proprietários.

Durante a passagem por todas essas áreas foram acompanhados uma

casuística efetiva que está dividida dentre as áreas de clínica, cirurgia e

anestesiologia, descritas nas Tabelas de 1 – 3 na seqüência.

TABELA 1 - Casuística clínica acompanhada durante a realização do estágio

curricular na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no

Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Goiás no período 03 de agosto a 13 de outubro de 2009.

Suspeita Clínica Nº de casos Espécie Freqüência

(%)

Abscesso Cutâneo 1 Canina 0,51

Atopia 3 Canina 1,54

Atropelamento com Ferida 1 Canina 0,51

Babesioses 8 Canina 4,10

Bronquite Aguda 1 Canina 0,51

Cálculo Dentário 3 Canina 1,54

Cálculo Renal 1 Canina 0,51

Carcinoma de Células Escamosas 1 Canina 0,51

Carcinoma de Pele 2 Canina 1,03

Carcinoma Inflamatório 1 Canina 0,51

Catarata 2 Canina 1,03

Check'up pré- operatório 3 Canina 1,54

Cinomose 12 Canina 6,15

7

Continuação...

Cistite 1 Canina 0,51

Cistite Crônica 1 Canina 0,51

Colapso de Traquéia 2 Canina 1,03

Conjuntivite 1 Canina 0,51

Convulsão por Verminose (Toxocara

canis)

1 Canina 0,51

Dermatite Actínca 3 Canina 1,54

Dermatite Alérgica a Picada de

Ectoparasitas (DAPE)

2 Canina 1,03

Dermatite Úmida Aguda 2 Canina 1,03

Dermatofitose 1 Canina 0,51

Diabetes Mellitus 1 Canina 0,51

Diagnóstico de Prenhez 3 Canina 1,54

Discopatia 1 Canina 0,51

Displasia coxofemoral 1 Canina 0,51

Divertículo Retal 1 Canina 0,51

Drenagem de Abscesso 1 Canina 0,51

Erlichiose Canina 10 Canina 5,13

Eutanásia de Animais 6 Canina 3,08

Ferida por Mordedura 2 Canina 1,03

Foliculite Bacteriana 1 Canina 0,51

Fratura de Coluna 1 Canina 0,51

Fratura de Pelve 1 Canina 0,51

Furunculose 1 Canina 0,51

Gastrenterite Viral 2 Canina 1,03

Hepatopatia Aguda 4 Canina 2,05

Hérnia Abdominal 2 Canina 1,03

Hérnia Diafragmática 1 Canina 0,51

Hérnia Inguinal 3 Canina 1,54

Hérnia Perineal 4 Canina 2,05

Hiperplasia Mamária Cística 1 Canina 0,51

Hiperplasia Prostática Benigna 1 Canina 0,51

8

Continuação...

Hiperplasia Vaginal 1 Canina 0,51

Hipersensibilidade Alimentar 3 Canina 1,54

Histoplasmose 1 Felino 0,51

Insuficiência Renal Crônica 2 Canina 1,03

Intoxicação Alimentar 2 Canina 1,03

Intussuscepção 1 Canina 0,51

Lesão Nervosa T13 - L1 1 Canina 0,51

Linfoma 1 Canina 0,51

Lipoma 1 Canina 0,51

Má formação Congênita 1 Canina 0,51

Mastocitoma 3 Canina 1,54

Megaesôfago 1 Canina 0,51

Metástase Pulmonar 3 Canina 1,54

Neoplasia Testicular 1 Canina 0,51

Nódulos Tumorais Boca e Pescoço 1 Canina 0,51

Osteomielite 1 Felino 0,51

Otite Crônica 2 Canina 1,03

Otite por Malasseziose 2 Canina 1,03

Pancreatite Aguda 1 Canina 0,51

Piodermite Profunda 1 Canina 0,51

Piodermite Superficial 2 Canina 1,03

Piometra 10 Canina 5,13

Procedimento Quimioterápico 5 Canina 2,56

Prolapso Retal 1 Canina 0,51

Pseudociese 4 Canina 2,05

Punção Medular 2 Canina 1,03

Retirada de Miíases 2 Canina 1,03

Retração Gengival 2 Canina 1,03

Ruptura de Tendão 1 Canina 0,51

Sarna Demodécica 4 Canina 2,05

Sarna Notoédrica 1 Felino 0,51

Sopro Cardíaco de 3º Grau 1 Canina 0,51

9

Continuação...

Traqueíte 1 Canina 0,51

Tumor Axilar 1 Felino 0,51

Tumor Caudal 1 Canina 0,51

Tumor Mamário 14 Canina 7,18

Tumor Mamário 2 Felino 1,03

Tumor Ocular 1 Canina 0,51

Tumor Peniano 1 Canina 0,51

Tumor Venéreo Transmissível (TVT) 3 Canina 1,54

Úlcera de córnea 1 Canina 0,51

Verminose 4 Canina 2,05

TOTAL 195 100,00

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009)

TABELA 2 - Casuística cirúrgica acompanhada durante a realização do estágio

curricular na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no

Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Goiás no período 03 de agosto a 13 de outubro de

2009.

Procedimentos Cirúrgicos Nº de casos Espécie Freqüência

(%)

Amputação de Asa 1 Coruja 1,72

Amputação de Membro Torácico 2 Canina 3,45

Biópsia tumoral 4 Canina 6,90

Caudectomia 1 Camundongo 1,72

Cesárea 1 Felina 1,72

Cesárea 3 Canina 5,17

Exenteração Ocular 1 Canina 1,72

Exérese de Nódulo Anal 1 Canina 1,72

Exérese de Nódulo bucal 2 Canina 3,45

10

Continuação

Exérese de Nódulo Vaginal 1 Canina 1,72

Exérese de Tumor de Pele 2 Canina 3,45

Exérese de Tumor Palpebral 1 Canina 1,72

Herniorrafia Abdominal 2 Canina 3,45

Herniorrafia Inguinal 3 Canina 5,17

Herniorrafia Perineal 5 Canina 8,62

Laparotomia exploratória 1 Canina 1,72

Mastectomia 6 Canina 10,34

Orquiectomia eletiva 4 Canina 6,90

Ovariosalpingohisterectomia eletiva 7 Canina 12,07

Ovariosalpingohisterectomia eletiva 2 Felina 3,45

Retirada de Pinos 1 Tamanduá 1,72

Retirada de Tumor Torácico 1 Canina 1,72

Tratamento Periodontal 6 Canina 10,34

TOTAL 58 100,00

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009)

TABELA 3 - Casuística Anestésica acompanhada durante a realização do estágio

curricular na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no

Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Goiás no período 03 de agosto a 13 de outubro de

2009.

Procedimentos Anestésicos Nº de casos Espécie Freqüência

(%)

Anestesia Inalátoria 50 Canina 81,97

Anestesia Inalátoria 4 Felina 6,56

Anestesia Inalátoria 1 Coruja 1,64

Anestesia Inalátoria 1 Camundongo 1,64

Anestesia Geral Propofol 2 Canina 3,28

11

Continuação...

Sedação com Propofol 1 Canina 1,64

Sedação com Thiopental 2 Canina 3,28

TOTAL 61 100,00

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009)

12

4 REVISÃO DE LITERATURA: Pancreatite Aguda em Cães

4.1 Anatomia e Fisiologia do Pâncreas

De acordo com KEALY & MCALLISTER (2005), o pâncreas é uma

glândula em forma de V invertido. Possui lobos direito e esquerdo. O Pâncreas se

situa em posição adjacente à curvatura maior do estômago, do duodeno, do cólon

ascendente e do cólon transverso. O lobo direito situa-se no mesoduodeno ao

longo do flanco direito. Estende-se caudalmente até a quarta vértebra lombar. O

lobo esquerdo situa-se no interior do omento maior. Estende-se caudalmente até

a extremidade cranial do rim esquerdo.

Ele se desenvolve a partir de primórdios que se assemelham a brotos,

que surgem do intestino delgado embrionário, sendo, portanto, considerado uma

extensão da mucosa duodenal, à qual ele permanece conectado através de

ductos secretores (WILLIAMS, 2001). Segundo WILLIAMS (2004), como o

primórdio dorsal ou o ventral, bem como seus ductos associados, podem regredir

durante o desenvolvimento, ocorre então uma variação acentuada entre as

espécies.

No cão, ambos os primórdios em geral ficam persistentes e acabam se

fundindo, com os dois ductos originais permanecendo. O ducto do primórdio

ventral é o ducto pancreático (ducto de Wirsung), que se abre adjacente à papila

duodenal principal. O ducto do primórdio dorsal é o ducto pancreático acessório

(ducto de Santorini), que se abre na papila menor, poucos centímetros distal da

papila duodenal principal. Geralmente esses ductos se intercomunicam com a

glândula. Alguns cães possuem apenas o ducto pancreático acessório, que é o

maior dos dois, e todo suco pancreático entra no duodeno através da papila

duodenal menor (WILLIAMS, 2004).

De forma anatômica o pâncreas se associa intimamente a alguns

órgãos, são eles: o estômago, o fígado e o duodeno. O corpo se situa na

curvatura da parte cranial do duodeno, o lobo direito no mesoduodeno e

acompanha a parte pilórica do estômago à esquerda. O pâncreas é bem suprido

13

com sangue por ramos das artérias celíaca e mesentérica cranial. A drenagem

venosa termina na veia porta (WILLIAMS, 2001; WILLIAMS, 2004).

Em várias espécies, dentre elas os cães e os gatos, um sistema portal

insuloacinar comunica os tecidos endócrino e exócrino. Essencialmente, todo o

sangue que sai das ilhotas de langerhans entra nos capilares acinares antes de

sair do pâncreas e, portanto, as células acinares, particularmente as que

circundam as ilhotas, ficam expostas a altas concentrações de hormônios

insulares. Acredita-se que isso constitui um mecanismo importante através do

qual a insulina e outros peptídeos regulatórios exercem papéis regulatórios no

pâncreas exócrino (WILLIAMS, 2001).

O pâncreas apresenta funções exócrinas e endócrinas. As exócrinas

são aquelas associadas à digestão e incluem a secreção de enzimas digestivas e

bicarbonato (REECE, 1996).

O pâncreas exócrino secreta suco no duodeno, tanto na ausência de

alimento (secreção basal ou interdigestiva) como em resposta à alimentação. A

resposta após a refeição é constituída em duas fases, fase inicial que atinge o

pico em duas horas aproximadamente, e é rica em enzimas, e uma segunda fase

que tem mais volume, e tem seu pico em aproximadamente onze horas e é rica

em bicarbonato (WILLIAMS, 2001)

WILLIAMS (2004) relatou que há vários mecanismos que desestimulam

a autodigestão do pâncreas pelas enzimas que ele secreta. Primeiramente

enzimas proteolíticas e fosfolipídicas são produzidas, armazenadas e secretadas

pelo pâncreas na forma de zimogênios cataliticamente inativos. Esses zimogênios

são ativados pela clivagem enzimática de um pequeno peptídeo, o peptídeo

ativador, da parte amino terminal da cadeia polipeptídica. Em um segundo

momento, a partir do início da síntese de enzimas digestivas, elas são

segregadas junto com enzimas lisossômicas potencialmente danosas, no lúmen

do retículo endoplasmático rugoso, que corresponde à parte do espaço cisternal

da célula acinar, um compartimento separado do citosol celular, que contém

outras enzimas com o potencial de ativar zimogênios.

WILLIAMS (2001) afirmou que a secreção pancreática ocorre como

resposta cerebral, tal como a antecipação e o cheiro de um alimento, bem como à

estimulação gástrica e intestinal devida à presença de alimento no estômago ou

14

intestino delgado. A resposta a esses estímulos é mediada pela influência

recíproca complexa de mecanismos nervosos e hormonais excitatórios e

inibitórios; nos cães e nos gatos, os mecanismos endócrinos têm provavelmente

uma importância particular.

A secretina e a colecistoquina, liberadas no sangue pelo intestino

delgado proximal quando se esvazia um alimento ácido e parcialmente digerido

do estômago no duodeno, estimulam a secreção de componentes do suco

pancreático ricos em bicarbonato e enzimas, respectivamente (WILLIAMS, 2001).

4.2 Pancreatite Aguda

A pancreatite aguda é uma doença que tem como base um processo

inflamatório da glândula pancreática, de início súbito, decorrente da ação de

enzimas ativadas de forma errônea, onde poderá se observar edema, hemorragia

e até necrose pancreática e peripancreática, de acordo com a extensão

inflamatória do órgão, acompanhado de repercussão sistêmica que vai da

hipovolemia ao comprometimento de múltiplos órgãos e sistemas e, podendo ter

evolução do quadro até o óbito (TRIVIÑO et al., 2002).

De acordo com NELSON & COUTO, (1998) esta enfermidade possui

duas formas clínicas principais, que são:

Formas leve, intersticial ou edematosa.

Formas severa, necrotizante ou hemorrágica.

A pancreatite ocorre mais freqüentemente nos cães (BISTNER et al.

2002), e pode apresentar outra forma clínica como descreve SILVA (2006), que é

a pancreatite aguda purulenta, que se apresenta de forma supurativa, com

formação de abscessos solitários ou múltiplos, ou ainda de forma fleigmosa, onde

verifica-se infiltrações purulenta e difusas no interstício.

4.3 Epidemiologia da Pancreatite Canina

15

Segundo SILVA (2006) a incidência da pancreatite aguda em cães na

clínica veterinária é de 0,5%, mas outros autores relatam que está freqüência

permanece indefinida.

Em cães a pancreatite aguda é mais comum em animais de meia

idade, e os animais mais velhos e em fêmeas (WINGFIELD, 2001; SHAW & IHLE,

2006). Outros estudos revelaram que fêmeas e machos castrados têm maior risco

de desenvolver pancreatite aguda que machos sexualmente intactos (COOK et

al., 1993 citado por SILVA, 2006). PLUNKETT (2000) afirma que apesar de todos

esses fatores predisponentes, a pancreatite aguda pode ocorrer em qualquer cão,

assim como em gatos.

4.4 Fatores Etiológicos e Predisponentes

WILLIAMS (2001) relata que geralmente, não se sabe a causa das

pancreatites caninas e felinas espontâneas, mas tem-se implicado os seguintes

itens como fatores etiológicos e predisponentes possíveis:

4.4.1 Nutrição

O pâncreas exócrino é altamente responsivo às alterações nos

substratos nutricionais presentes na dieta. Nota-se que a pancreatite é mais

prevalente em animais obesos, isso se evidencia principalmente por ser bastante

difícil a indução de pancreatite experimental em animais desnutridos (WILLIAMS,

2001; SHAW & IHLE, 2006).

De acordo com SILVA (2006) apesar de haver contestação sobre a

importância do tipo de dieta, está comprovado que alimentações através de uma

dieta rica em teor gorduroso por um período prolongado aumentam a

susceptibilidade dos cães para que haja injúria pancreática. Isso ocorre porque há

metabolização pancreática de triglicerídeos ingeridos pela lipase em ácidos

graxos livres nos capilares pancreáticos, e estes são diretamente lesivos ao

pâncreas.

16

Há descrito também na literatura segundo WILLIAMS (2001) que a

desnutrição causa inflamação e atrofia do pâncreas em pacientes humanos, e

tem-se observado o desenvolvimento de pancreatite após realimentação depois

de um jejum prolongado.

4.4.2 Hiperlipoproteinemia

WILLIAMS (2004) descreveu que a hiperlipoproteinemia, em geral

visível ao exame macroscópico, é comum em cães com pancreatite em

conseqüência de necrose gordurosa abdominal ou pode ser causa a da doença.

Em seres humanos algumas causas de hiperlipoproteinemia estão

freqüentemente associadas a causas de pancreatite aguda.

Segundo WILLIAMS (2001) ainda não se tem certeza de o porque a

hiperlipoproteinemia pode causar pancreatite, mas a versão mais aceita é a de

que a ação da lipase em concentrações altas de triglicerídeos nos capilares

pancreáticos geram ácidos graxos tóxicos dentro do pâncreas.

4.4.3 Fármacos

Os mecanismos envolvidos no processo de pancreatite, apesar de não

totalmente esclarecidos, podem ter origem tóxica, causada por fármacos como as

tetraciclinas, furosemida, azatioprina, L-asparaginase, sulfonamidas, entre outras

(ANDRADE, 2002).

Segundo BISTNER et al. (2002), os glicocorticóides são as drogas

mais incriminadas. Eles podem aumentar a viscosidade das secreções

pancreáticas e induzir proliferação ductal, estreitando conseqüentemente a luz do

ducto pancreático, resultando em obstrução. Porém WILLIAMS (2001) e SILVA

(2006) afirmam que existe uma controvérsia considerável se os corticosteróides

podem ou não induzir uma pancreatite, o que representa um problema de

particular importância, já que eles podem ter valor significante no tratamento da

17

pancreatite. Ainda segundo WILLIAMS (2004) as evidências de que apenas esse

medicamento possa induzir uma pancreatite são fracas.

4.4.4 Infecções

De acordo com HALL et al. (2005), as infecções virais, infecções por

micoplasmas e parasitárias podem estar associadas a pancreatite, apesar de que

é geralmente reconhecido como uma parte mais generalizada da doença.

Recentemente, a pancreatite tem sido reconhecida como uma complicação

potencial da babesiose, talvez como por uma conseqüente anemia ou isquemia

pancreática. WILLIAMS, 2001; WILLIAMS (2004) e HALL et al. (2005) descrevem

que desconhece-se se o papel que a infecção bacteriana desempenha no

desenvolvimento da pancreatite em alguns casos, mas uma infecção bacteriana

concomitante aumenta seriamente a severidade da pancreatite experimental e

pode ser que atue de forma semelhante na doença em sua ocorrência natural.

4.4.5 Urêmica

A pancreatite urêmica pode contribuir para os sinais clínicos de

depressão e anorexia, além de alterações morfológicas no pâncreas durante a

doença renal em estágio terminal, embora a pancreatite possa ocorrer em

associação com a fase final da insuficiência renal, isso é raro. É provável que a

insuficiência renal secundária a pancreatite seja mais freqüentemente encontrada

(WILLIAMS, 2001; WILLIAMS, 2004 e HALL et al., 2005).

4.4.6 Doença Hepatobiliar

De acordo com KERR (2003), o pâncreas está tão perto do fígado que

é inevitável haver um pouco de hepatite na presença de pancreatite severa.

18

Pancreatite aguda tem sido observada em pacientes com doença

hepática, talvez refletindo comprometimento vascular secundário a anormalidades

de coagulação, a acumulo de toxinas (endotoxinas e ácidos biliares) secundários

ao comprometimento da função hepática, resposta a uma causa comum inicial, ou

reação a drogas dadas em uma tentativa de controlar a insuficiência hepática

(HALL et al. 2005).

4.4.7 Obstrução ductal

Segundo WILLIAMS (2001); WILLIAMS (2004) e HALL et al. (2005) a

obstrução experimental dos ductos pancreáticos produz atrofia e fibrose, embora

inflamação e edema também possam se desenvolver quando a secreção

pancreática é estimulada.

As afecções clínicas que podem iniciar a obstrução ductal pancreática

parcial ou total incluem a duodenite, o edema do ducto ou da parede duodenal, os

espasmos do esfíncter, cálculos biliares, neoplasia, intervenções cirúrgicas ou

migração errática de parasitas (SILVA, 2006).

Cálculos biliares são uma das principais causas de pancreatite em

seres humanos, mas isso não tem sido relatada em cães, presumivelmente por

causa da baixa prevalência de pedras biliares nesta espécie e porque os cães

têm um ducto pancreático acessório que não se comunica com o ducto biliar

comum e serve como ducto pancreático principal. As anomalias congênitas do

sistema de dutos pancreáticos podem predispor a pancreatite em humanos e

mecanismos semelhantes podem ocorrer em cães e gatos, mas não foram

documentados (WILLIAMS, 2001; WILLIAMS, 2004 e HALL et al., 2005).

4.4.8 Refluxo duodenal

WILLIAMS (2001) afirma que um refluxo cirurgicamente induzido de

suco duodenal nos ductos pancreáticos causa pancreatite aguda grave. Segundo

HALL (2005) em circunstâncias normais, é improvável que ocorra o refluxo, uma

19

vez que a abertura do ducto está rodeada por uma mucosa compacta e lisa

especializada, sobre as papilas duodenais e está equipada com um músculo

esfíncter independente. No entanto, este mecanismo de anti-refluxo pode falhar

algumas vezes devido a uma pressão duodenal anormalmente alta, como pode

ocorrer durante o vômito ou após traumatismo ao duodeno ou cavidade

abdominal.

4.4.9 Traumatismo Pancreático

Manipulações cirúrgicas, atropelamentos e quedas de prédios altos ou

outros locais constituem causa potencialmente perigosas para que se haja

pancreatite após tais lesões, mas o que se tem descrito é que são raros os casos

associados à enfermidade a tais injúrias ao pâncreas, geralmente nesses traumas

abdominais as lesões pancreáticas são leves ou não são diagnosticadas. A

pancreatite constitui uma complicação rara de biópsia pancreática, utilizando-se

técnicas tanto em cunha quanto por agulha, e também é incomum após a

ressecção de neoplasias pancreáticas (WILLIAMS, 2001), contudo segundo

NELSON & COUTO, (1998) traumatismo provocado pela biopsia em um pâncreas

já inflamado pode exacerbar a inflamação existente e complicar mais a

recuperação pós-operatória.

4.4.10 Isquemia pancreática

WILLIAMS (2004) relatam que experimentalmente e clinicamente há

indícios de que a isquemia é de suma importância na patogenia da pancreatite

aguda, seja como causa primária ou como influência desencadeante. A isquemia

pancreática pode ter surgimento durante choque, secundária a hipotensão

provocada por anestesia geral ou durante oclusão temporária do fluxo venoso de

saída durante manipulações cirúrgicas na parte anterior do abdome, o que pode

explicar algumas circunstâncias de pancreatite pós-operatória.

20

4.4.11 Hipercalcemia

A pancreatite aguda em cães por hipercalcemia geralmente se associa

a causas iatrogênicas. A hipercalcemia ocorre quando o cálcio sérico total excede

15 mg/dl, o que é visto na hipercalcemia iatrogênica, hiperparatireoidismo e

intoxicação por vitamina D (SILVA, 2006).

4.4.12 Fatores Hereditários

HALL et al. (2005) argumenta que fatores de Pancreatite hereditária

estão bem documentados em seres humanos. Várias mutações foram

identificadas dos genes do tripsinogênio, bem como alguns outros genes foram

identificados. Mutações semelhantes podem estar presentes em cães e gatos,

mas ainda não foram identificadas. De acordo com GOUGH & THOMAS (2004)

outra causa associada em humanos é a da hiperlipoproteinemia familiar e

anormalidades familiares ductais, que podem explicar o mecanismo da alta

prevalência enganosa em algumas raças caninas como os schnauzers miniatura.

4.5 Fisiopatogenia da Pancreatite Aguda

WINGFIELD (2001); SIMPSON (2003) e SHAW & IHLE (2006) relatam

que a pancreatite ocorre pela ativação prematura das enzimas do pâncreas. O

processo deflagrador da pancreatite leva a uma formação de grandes vacúolos

intracelulares nas células acinares como conseqüência da assincronia da

exocitose de zimogênios e do fluxo anormal de enzimas lisossomais e digestivas.

Estas alterações subcelulares seriam as responsáveis pela ativação intracelular

das enzimas digestivas.

KEPECS (2006) confirma que a presença de enzimas lisossomais,

como a catepsina B, leva a uma ativação prematura do tripsinogênio. A tripsina,

por sua vez, ativa outros zimogênios. Esta ativação gera dano local, e como

21

conseqüência, leva a inflamação, necrose pancreática e necrose da gordura

peripancreática. CARR (2007) corrobora afirmando que as enzimas começam a

quebrar os arredores das células e estroma. Os radicais livres que são

produzidos, são aqueles que produzem maior dano celular ao pâncreas e

arredores dos tecidos. BROBST (1997) e MCREYNOLDS (1998) citado por SILVA

(2006) sugerem que a ativação inicia pela tripsina, que então ativas outras

enzimas digestivas, resultando em uma progressiva cascata de ativação

intrapancreatica de enzimas e autodigestão do pâncreas, aumento da

permeabilidade vascular e início da cascata vasoativa resultando em inflamação,

necrose e anormalidades metabólicas severas. WILLIAMS (2004) afirma que a

necrose, o edema e a hemorragia desenvolvidos dentro do pâncreas causam

sinais de dor abdominal e vômito.

De acordo com HALL et al. (2005) existe uma evolução com a

progressão do quadro, isto é a transformação de inflamação pancreática leve e

edematosa, para pancreatite hemorrágica ou necrótica com múltiplo envolvimento

e consumo de inibidores da protease do plasma. A questão é se a injúria

necrotizante é causada pelas enzimas ou por isquemia (KLAR et al., 1990 citado

por SILVA, 2006).

Segundo SILVA (2006) há grande evidência clinica e experimental que

sugere que a isquemia pancreática na fase inicial da patologia é importante no

desenvolvimento da necrose pancreática. A principal alteração circulatória é a

depleção do volume intravascular, com distúrbios adicionais da microcirculação

pancreática, tais como, vasoconstrição quimicamente induzida, injúria direta à

parede do vaso, coagulação intravascular e aumento da permeabilidade

endotelial, resultando em edema pancreático, hemoconcentração e estase da

drenagem venosa. Todo este processo resulta em isquemia pancreática.

A tripsina ativa todas as outras enzimas pancreáticas e ativa a cascata

da calicreína, responsável pela liberação de bradicinina resultando em hipotensão

local e sistêmica. A elastase digere as fibras elásticas de vasos sanguíneos,

incluindo as veias pancreáticas, levando a hemorragia e isquemia. A fosfolipase A

digere as células acinares da membrana fosfolipídica levando a maior liberação

de enzimas (KEPECS, 2006). De acordo com SILVA (2006) a lipase promove

necrose da gordura local, provocando peritonite, saponificação da gordura local e

22

conseqüente hipocalcemia. Ainda, provoca a indução da ação de prostaglandinas

e leucotrienos que promovem a ativação de leucócitos e causam vasodilatação e

aumento da permeabilidade vascular, a qual pode aumentar o edema e estimular

a migração de leucócitos (BROBST, 1997 citado por SILVA, 2006).

Ocorre um ciclo de retroalimentação positiva devido ao edema

pancreático, o qual produz mais tripsina e esta, por sua vez, libera mais

bradicinina, e assim sucessivamente (MURDOCH, 1989).

A conversão do tripsinogênio em tripsina pode ser um componente

importante de auto-perpetuação da lesão. A isquemia local causada por edema

celular, trauma ou hiperlipidemia, resulta no acúmulo de hipoxantina e xantina

oxidase. A xantina oxidase converte hipoxantina em xantina em radicais livres

oxigenados. Estes radicais livres atraem células inflamatórias e dano nas

membranas granulares de zimogênios (KEPECS, 2006).

A liberação de enzimas pancreáticas na cavidade peritoneal causa uma

peritonite química que pode evoluir para uma peritonite séptica. Quantidades

consideráveis de fluido podem acumular-se no abdômen. Este fluido pode conter

níveis elevados de tripsina, amilase e lipase, além de endotoxinas e altas

concentrações de substâncias vasoativas, tais como, bradicinina, histamina e

prostaglandina (MURDOCH, 1989).

NELSON & COUTO (1998) relatam que a inflamação pancreática

estende-se localmente para o estômago, o duodeno e o cólon. Os polipeptídios

vasoativos liberados da inflamação pancreática para dentro da circulação

sistêmica causam muitos efeitos orgânicos comumente associados a pancreatite

aguda grave. A gravidade da pancreatite é maior quando inibidores de proteases

endógenas foram consumidos e a perfusão pancreática é deficiente.

Embora a pancreatite aguda raramente constitua uma doença com

envolvimento bacteriano, o pâncreas e a gordura peripancreática desvitalizados

junto com a peritonite localizada podem causar focos de colonização bacteriana.

A infecção quando ocorre nesses tecidos desvitalizados, torna-se um fator

determinante da gravidade da doença, pois as áreas necrosadas, por não

receberem aporte sanguíneo não sofrem ação dos antibióticos (SILVA, 2006).

23

4.6 Sintomatologia clínica

De acordo com MURDOCH (1989) os sinais variam de um vago mal

estar à morte súbita. Inicialmente quando se tem o inicio da injúria pancreática

apenas com edema no órgão, o primeiro sinal será um vago mal-estar, com a

progressão da enfermidade essa pode evoluir para uma pancreatite hemorrágica

necrótica.

Geralmente, os sinais clínicos iniciam-se logo após a ingestão de uma

grande quantidade de alimento com alto teor gorduroso (MURDOCH, 1989;

WILLIAMS, 2001; WINGFIELD, 2001; BISTNER et al. 2002; WILLIAMS, 2004;

HALL et al., 2005; SHAW & IHLE, 2006).

Pancreatite aguda produz uma série de sinais clínicos e incluem

geralmente vômito súbito e grave, dor abdominal, depressão acentuada,

hipotensão e síndrome semelhante a um choque (MURDOCH, 1989; NELSON &

COUTO, 1998; WILLIAMS, 2001; WINGFIELD, 2001; BISTNER et al., 2002;

SIMPSON, 2003; WILLIAMS, 2004; HALL et al., 2005; FORD & MAZZAFERRO,

2006). Ainda segundo FORD & MAZZAFERRO (2006) dependendo da gravidade

da inflamação pancreática, depressão, hipotensão, e síndrome da resposta

inflamatória sistêmica (SIRS) podem estar presentes. Casos subagudos pode ter

sinais clínicos mínimos.

Diarréia pode se seguir o vômito, que se associa com irritação

duodenal. A dor pode ser muito aguda, principalmente na porção do quadrante

abdominal superior direito (BISTNER et al., 2002).

4.6.1 Complicações da Pancreatite Aguda

FORD & MAZZAFERRO (2006) alertam que as complicações mais

comuns de pancreatite são anormalidades hídricas e eletrolíticas, hipotensão

profunda e peritonite. A hipotensão resulta das ações da liberação de

bradicininas, fosfolipase A e elastase, do vômito e da diarréia, do choque

endotóxico, da CID e da liberação do fator depressor miocárdico polipeptídico

24

vasoativo. A ativação do complemento ativa as plaquetas, causa liberação de

serotonina e histamina e produz vasodilatação e choque.

O fator depressor do miocárdio pode levar geralmente a um quadro de

choque, hiperemia, miocardiopatia e arritmia cardíaca. As bactérias intestinais

podem produzir toxinas (principalmente se ocorrer íleo paralítico), e essas podem

levar a choque e toxemia (BISTNER et al., 2002).

BISTNER et al. (2002) diz que deve-se atentar pois pode se

desenvolver desequilíbrios hidroeletrolíticos devido ao vômito persistente. O

diabetes melito constitui uma complicação potencial de pancreatite aguda.

Devendo-se monitorar os paciente com episódios recidivantes, quanto à

hiperglicemia e glicosúria.

4.7 Diagnóstico da Pancreatite

De acordo com SILVA (2006) o diagnóstico de pancreatite aguda é

difícil uma vez que a maioria dos sinais são inespecíficos, tanto do exame clínico,

quanto do exame físico e também de anormalidades clínico-patológicas.Com

exceção da histologia, nenhum teste único pode diagnosticar a pancreatite.

WHITNEY (1993) citado por SILVA (2006) afirma que a confirmação

laboratorial da pancreatite aguda é difícil. BROBST (1997) citado por SILVA

(2006) corrobora ainda afirmando que atualmente, nenhum procedimento é

satisfatório o bastante para que se identifique o surgimento da doença e seu grau

de severidade. Contudo HALL (2005) relata que história clínica, achados do

exame físico, achados radiográficos e ultrassonográficos e resultados de testes

laboratoriais apropriados permitem que se tenha um diagnóstico clínico

presuntivo.

4.7.1 Anamnese e Sintomatologia Clínica

Os animais com pancreatite aguda são apresentados geralmente

devido à sinais de depressão, anorexia, vômito e em alguns casos diarréia. A

25

doença aguda grave pode se associa com choque e colapso, enquanto que

outros casos podem apresentar uma história de sinais menos drásticos de várias

semanas de duração. Alguns cães demonstram dor abdominal e assumem

posição de “prece”, com os membros anteriores superesticados, o esterno no

chão e os membros posteriores elevados (MURDOCH, 1989; NELSON &

COUTO, 1998; WILLIAMS, 2001; WILLIAMS, 2004; HALL et al., 2005; FORD &

MAZZAFERRO, 2006).

Os sinais de dor são geralmente, mas não sempre demonstrados por

uma palpação abdominal. Em alguns casos, fica palpável uma massa abdominal

cranial, e ocasionalmente, ocorre ascite leve. Os animais mais afetados ficam leve

a moderadamente desidratados e febris (NELSON & COUTO, 1998; WILLIAMS,

2001; WILLIAMS, 2004; HALL et al., 2005; FORD & MAZZAFERRO, 2006).

As complicações sistêmicas incomuns de uma pancreatite que podem

ficar aparentes após um exame físico incluem icterícia, desconforto respiratório,

distúrbios hemorrágicos e arritmias cardíacas. Embora cães de qualquer idade

possam desenvolver pancreatite, os animais mais afetados são geralmente de

meia-idade ou idosos, algumas vezes obesos. O início dos sinais pode ter

acompanhado a ingestão de uma grande quantidade de alimentos com alto teor

de gordura (NELSON & COUTO, 1998; WILLIAMS, 2001; WILLIAMS, 2004; HALL

et al., 2005; FORD & MAZZAFERRO, 2006).

Em alguns casos também ocorrem íleo paralítico (o qual geralmente é

responsável por diarréia), complicações cardíacas, murmúrio cardíaco,

exacerbação do som pulmonar, melena e hematemese. A perda de peso, poliúria

e polidipsia observadas em alguns casos possivelmente são um resultado de

doença intercorrente. (HESS et al., 1998 citado por SILVA, 2006).

Segundo STEINER (2003) pode ocorrer sinais neurológicos, como

desorientação, por exemplo, eventualmente são vistos em pacientes humanos,

caninos e felinos com pancreatite severa. SILVA (2006) relata ainda que os sinais

de anormalidades neurológicas observadas são: convulsões, nistagmo,

anisocoria, desorientação, estupor, pressionamento da cabeça contra objetos,

tetraparesia e tiques nervosos. Estes sinais neurológicos muitas vezes são

referidos como encefalopatia pancreática (STEINER, 2003).

26

Além da forma de evolução e gravidade dos sinais, deve-se considerar

que diferentes recursos complementares podem ser utilizados não apenas como

auxílio ao diagnóstico, mas também para estimar a severidade e avaliar a

condição atual do paciente (RUAUX, 2003 citado por KEPECS, 2006).

4.7.2 Exames laboratoriais

Para que se consiga formar um diagnóstico confiável, os exames

laboratoriais são indispensáveis. Os testes de avaliação sérica de amilase

(utilizando o método amiloclástico) e o teste de lipase são os mais confiáveis para

o diagnóstico de pancreatite, sendo assim os exames de escolha (FORD &

MAZZAFERRO, 2006).

De acordo com WHITNEY (1993) citado por SILVA (2006), para uma

completa avaliação do paciente suspeito de pancreatite, deve conter também

hemograma, urinálise e perfil bioquímico sérico, incluindo a mensuração de uréia,

creatinina, glicose, enzimas hepáticas, sódio, potássio cloro e cálcio. A

gasometria nesse caso pode ser útil apesar de que nem sempre está ao alcance

do clínico.

a) Hemograma

De acordo com SILVA (2006) nas fases iniciais da pancreatite aguda, a

resposta leucocitária é típica de estresse, com leucocitose por neutrofilia

acompanhada de linfopenia e eosinopenia. Com a evolução do processo, pode

haver exacerbação da neutrofilia, surgindo por vezes desvio nuclear neutrofílico à

esquerda (DNNE) regenerativo. Ocasionalmente ocorre monocitose e há casos

onde se observa leucopenia, mas geralmente essa ocorrência não é muito

freqüente. Em alguns casos de pancreatite aguda observa-se anemia e

hemoconcentração (COLES, 1984). Contudo, outros casos revelam valores

normais de número de eritrócitos, hematócrito e concentração de hemoglobina,

normalmente com trombocitopenia (NELSON & COUTO, 1998).

27

O volume globular (VG) pode estar aumentado (NELSON & COUTO,

1998), diminuído ou normal. O aumento do VG associado à maior concentração

de proteínas plasmáticas revela uma policitemia relativa, resultante de desvio de

líquidos (HALL et al., 2005).

O número de plaquetas geralmente é adequado a menos que a CID

esteja presente (NELSON & COUTO, 1998), mas pode haver trombocitopenia. A

presença de fragmentos de eritrócitos e macroplaquetas são consistente com CID

subclínica (SILVA, 2006).

O plasma comumente está lipêmico ou ictérico (NELSON & COUTO,

1998).

b) Bioquímica sérica

MIX & JONES (2006) mostrou que a avaliação de um quadro

bioquímico, realizando dosagens séricas é bastante indicada em pacientes que

tem suspeita de pancreatite aguda.

Enzimas Pancreáticas

Classicamente elevações da amilase sérica e lipase têm sido utilizados

como indicadores de inflamação pancreática em cães. No entanto, estes testes

não são muito precisos porque os cães que não possuem distúrbios pancreáticos

podem ter elevada atividade enzimática. Isto pode ocorrer porque tanto amilase e

lipase estão normalmente presentes em outros órgãos e suas atividades séricas

podem aumentar mesmo sem transtornos pancreáticos, inclusive a obstrução

intestinal (amilase), administração de corticosteróides (lipase), e doença renal

(ambas as enzimas). Cães também podem ter confirmação de pancreatite tendo

amilase e lipase normal (GASKILL & CRIBB, 2000; SIMPSON, 2003; MIX &

JONES, 2006). Contudo segundo SILVA (2006), apesar das enzimas

pancreáticas amilase e lipase serem produzidas também em outras células, os

exames das enzimas pancreáticas e dos zimogênios no soro constituem os testes

mais específicos para a pancreatite.

28

Segundo KERR (2003), o enfoque laboratorial, de fato, somente se

aplica ao cão. E essas enzimas podem se apresentar da seguinte forma, amilase,

em geral muito elevada relativamente no início do processo patológico, já a lipase,

tem um aumento mais gradativo mas permanece elevada por mais tempo.

Ao se interpretar o resultado, deve-se lembrar que para ocorrer uma

elevação, deve existir tecido acinar suficiente para permitir a produção destas

enzimas (MURDOCH, 1989).

Enzimas Hepáticas

Em casos de pancreatite aguda pode se ter uma série de alterações

nas dosagens séricas das enzimas hepáticas (HALL, 2005).

As enzimas hepáticas Alanina Amino Transferase (ALT) e Aspartato

Amino Transferase (AST) geralmente estão aumentadas na pancreatite aguda

(NELSON & COUTO, 1998; WILLIAMS, 2001), refletindo obstrução biliar ou lesão

hepatocelular resultante de isquemia hepática, sepse ou de exposição do fígado a

altas concentrações de produtos tóxicos no sangue portal provenientes do

pâncreas (NELSON & COUTO, 1998).

O aumento da atividade da fosfatase alcalina durante a pancreatite

também pode ser observado (NELSON & COUTO, 1998). Em alguns casos há

hiperbilirrubinemia acentuada, com icterícia clinicamente evidente, indicando

possivelmente grave lesão hepatocelular e/ou obstrução intra-hepática ou extra-

hepática do fluxo biliar (WILLIMAS, 2001).

Glicose

A hiperglicemia é comum em cães com pancreatite aguda e está

associada a uma combinação de estresse e aumento na produção de glucagon

no sangue em relação à produção de insulina. Monitoramento da glicose é

importante em casos de pancreatite porque o Diabetes Mellitus pode ser uma

conseqüência transitória ou permanente (COWELL, 2004).

29

MIX & JONES (2006) relataram que a hipoglicemia pode ser

reconhecida em cães com pancreatite grave e pode ocorrer como resultado de

complicações sépticas de pancreatite ou doença hepática simultâneas.

Sódio, Potássio, Cloro e Fosfato

A concentração sérica de sódio pode estar aumentada, normal ou

diminuída, dependendo das perdas gastrintestinais, volume de depleção e,

possivelmente, outros fatores, tais como diurese osmótica ocasionada pela

hiperglicemia (SCHAER, 1979 citado por SILVA, 2006).

A determinação do potássio sérico é bastante útil para o manejo do

paciente. Este pode estar aumentado ou diminuído na pancreatite aguda. A

hipocalemia é relativamente comum e tem sido atribuídas a perdas

gastrintestinais, anorexia, diurese osmótica e estimulação pela aldosterona

secundaria a hipovolemia (SILVA, 2006). De acordo com COWELL (2004) a

hipocalemia é secundária a vômitos. Se o diabetes mellitus transitório está

presente em um cão com pancreatite, os valores de potássio sérico podem estar

dentro dos limites de referência, apesar de vômitos, porque o glucagon aumenta o

índice de insulina e pode impedir o deslocamento do potássio intracelular das

células para o soro.

A hipocloremia pode estar presente (SILVA, 2006). Cloreto pode ser

elevado (se o animal está desidratado), no limite referência, ou baixo se o animal

está vomitando (perda de HCl) (COWELL, 2004).

A hiperfosfatemia também pode estar presente, especialmente em

animais azotêmicos (SCHAER, 1979 citado por SILVA, 2006).

Cálcio

Hipocalcemia pode ocorrer especialmente em casos de pancreatite

necrotizante, mas geralmente não é grave o suficiente para causar sinais clínicos.

A causa da hipocalcemia ainda é obscura, mas pode estar relacionada à

deposição de cálcio como sabonetes, resultantes da quebra de gordura por

enzimas pancreáticas lançadas na cavidade abdominal (COWELL, 2004).

30

Depósitos de sais de cálcio podem ser observados na necropsia, na área

peripancreática (STEINER, 2003).

Colesterol e Triglicerídeos

Hipercolesterolemia e hiperlipidemia são comumente identificados em

cães com pancreatite. Estes resultados podem ser evidentes através de exame

macroscópico, mesmo se o paciente não tenha comido recentemente (MIX &

JONES, 2006). O soro pode ter um aspecto leitoso se a hipertrigliceridemia é

grave (COWELL, 2004).

Concentração de Proteínas

Pacientes com pancreatite podem ter concentrações de proteína sérica

total e albumina diminuídas (FORD & MAZZAFERRO, 2006). Podem também

apresentar valores Normais ou aumentados. Entretanto, o aumento da

concentração de proteína sérica também está presente em pacientes

desidratados (SILVA, 2006).

Uréia Nitrogenada Sanguínea (BUN) e Creatinina

COWELL (2004) mostra que o aumento da uréia nitrogenada

sanguínea (BUN) e creatinina são freqüentes devido à azotemia pré-renal

secundária à desidratação. É importante acompanhar os níveis de uréia e

creatinina em cães com pancreatite aguda, uma vez que a falha renal aguda é

uma conseqüência rara, mas possível na pancreatite e pode estar relacionada à

vasoconstricção grave ou hipovolemia prolongada.

Tripsina e Tripsinogênio

Pequenas quantidades de tripsinogênio estão presentes normalmente

na circulação, mas a tripsina deve estar presente apenas se o pâncreas está

inflamado (WHITNEY, 1993 citado por SILVA, 2006).

31

Em cães com pancreatite mais leve o tripsinogênio predomina no

plasma, enquanto em casos mais severos há quantidades significantes de tripsina

limitada por inibidores de protease (BROBST, 1997 citado por SILVA, 2006).

c) Urinálise

NELSON & COUTO (1998) relatou que a urina para análise deve ser

obtida antes de se administrar fluidos para avaliar uma melhor patogenia da

azotemia. Outros aspectos importantes para verificar uma progressão da doença

é estabelecer comparação com os valores séricos são os teores de glicose e

bilirrubina na urina.

SIMPSON (2003) afirma que a urinálise permite avaliar azotemia,

podendo-a caracterizar como sendo pré-renal ou renal. Proteinúria transitória

ocorre em alguns cães com pancreatite aguda, possivelmente como uma

conseqüência de enzimas pancreáticas, mediadoras de dano glomerular. A

presença de glicosúria ou cetonúria deve alertar para a presença de diabetes

mellitus.

Urinálise freqüentemente revela uma elevada densidade de urina

secundária à desidratação. Em casos mais graves, no entanto, insuficiência renal

aguda pode resultar, em redução da densidade específica da urina (STEINER,

2003).

d) Imunodiagnóstico

Imunorreatividade Semelhante à da Tripsina Sérica (TLI)

O teste de imunorreatividade semelhante a tripsina sérica (TLI), possui

no soro principalmente dosagens de tripsinogênio, mas também detecta tripsina e

algumas outras moléculas de tripsina como os inibidores proteinase.

O ensaio TLI é espécie-específico. Durante condições fisiológicas, uma pequena

quantidade de tripsinogênio é secretado para o espaço vascular, mas pouca

32

tripsina ou nenhuma está presente no soro durante nestas condições (STEINER,

2003).

A TLI aumenta no caso de pancreatite aguda em alguns cães

(NELSON & COUTO, 1998), mas também pode apresentar concentrações

normais e subnormais (SIMPSON, 2003). Cães com pancreatite aguda que estão

próximos ao óbito apresentam quantidades maiores de TLI no fluido ascítico que

no plasma, embora os níveis plasmáticos aumentem durante o curso da doença

(BROBST, 1997 citado por SILVA, 2006).

Alguns autores afirmam que o TLI sérico é um teste diagnóstico útil

para pancreatite quando for preciso contar com doença renal na interpretação dos

resultados. Contudo, a magnitude do aumento de TLI nem sempre está

correlacionada com a severidade da doença pancreática. Outros citam que este

teste não possui o grau de sensibilidade necessário para um diagnóstico confiável

(SILVA, 2006) porque, além de ser afetado pela perfusão renal, a obtenção do

resultado demora vários dias (SIMPSON, 2003).

Imunorreatividade da Lipase Pancreática (IRLPf)

A técnica de dosagem do IRLP sérico é um teste de imunoensaio,

espécie-específico, que afere a atividade imunorreativa de lipase pancreática. O

teste é considerado de alta sensibilidade (82%) para o diagnóstico da pancreatite

em cães, sendo até o presente momento o teste de maior sensibilidade para o

diagnóstico da pancreatite aguda nos gatos (KEPECS, 2006).

Peptídeos de Ativação do tripsinogênio (TAP)

Os peptídeos de ativação do tripsinogênio (TAP) podem ser medidos

no soro ou na urina de pacientes com suspeita clínica de pancreatite. A ativação

inapropriada de tripsina, para tripsinogênio a sua forma ativa, dentro do pâncreas

é importante na patogênese da pancreatite aguda. Durante ativação de

tripsinogênio a tripsina, a TAP é liberada no pâncreas, onde ele pode se difundir

para o meio intravascular ou peritônio. A especificidade da TAP sérica é

33

questionável; estudos mostram que foram encontrados níveis elevados em cães

com pancreatite, cães com doença renal e cães saudáveis. No entanto, este

estudo também constatou maiores os níveis séricos da TAP em cães com casos

mais graves de pancreatite comparados com cães com doença mais branda.

Portanto, embora possa se encontrar o TAP no soro e urina, a medição não é

completamente compreendida até o momento, porque o teste não está

amplamente disponível e o significado dos resultados é de difícil interpretação, o

valor clínico deste ensaio ainda não é claro. No futuro, a medição de níveis

séricos TAP pode revelar-se útil como um indicador, prognóstico ou como uma

ferramenta para monitorar a resolução da doença (MIX & JONES, 2006).

d) Exame do Fluido Abdominal

O exame do fluído abdominal pode auxiliar na detecção de muitas

causas de abdômen agudo, como pancreatite, perfuração gastrintestinal ou

ruptura do ducto biliar. O acúmulo de fluido na cavidade abdominal ou pleural tem

sido eventualmente observado (SIMPSON, 2003).

Efusão abdominal ou líquido peritoneal em questões diagnósticas pode

ser comparado com atividade sérica de amilase e lipase. Uma vez que a presença

de alta atividade de enzimas pancreáticas no fluido peritoneal, maior que a

encontrada no soro, é altamente sugestiva de pancreatite. As contagens de

leucócitos quando atingem níveis superiores a 1.000 células/mm3, e com a

presença de altos níveis de bactérias, neutrófilos tóxicos, os níveis de glicose

inferiores a 50 mg/dL, ou níveis de aumentados de lactato, são característicos de

peritonite séptica, e recomendas-se imediata laparotomia exploratória. Se uma

amostra de biópsia durante a laparotomia não demonstra inflamação, essa não

exclui a pancreatite, porque a doença pode ser focal e ainda causar graves sinais

clínicos (FORD & MAZZAFERRO, 2006).

e) Exame de Fezes

34

Um a dois dias após o início da doença pode se observar as fezes

com a presença de rajas de sangue ou impregnadas de gordura (COLES, 1984),

isso ocorre, pois a uma menor digestão de lipídios, devido à redução da lipase no

suco pancreático, podendo assim se observar fezes brilhantes (esteatorréicas).

Os lipídios fecais podem ser detectados microscopicamente através da

observação de glóbulos de gordura neutra ao se examinar a amostra fecal corada

pelo método de Sudan II (SILVA, 2006).

f) Gasometria

De acordo com SILVA (2006) os gases sanguíneos podem estar

alterados, tanto os gases simples, tanto quanto os mistos. Pode se observar

alcalose e acidose metabólica, estas podendo ocorrer secundárias aos episódios

de vômito ou ao choque, respectivamente. Se ocorrer o desenvolvimento de

insuficiência renal, o quadro de acidose metabólica pode agravar-se mais ainda. A

gasometria inicial e seriada tem sido definida como o melhor meio de se verificar

o desenvolvimento de complicações respiratórias durante a pancreatite.

4.7.3 Diagnóstico por Imagem

a) Radiografia

Segundo KEALY & MCALLISTER (2005) o pâncreas quando está em

condições fisiológicas não é visualizado radiograficamente. A radiografia

abdominal deve ser realizada nas posições ventro-dorsal e lateral (FORD &

MAZZAFERRO, 2006). Raramente os achados radiográficos são definitivos para

a pancreatite, entretanto constituem uma ferramenta importante para descartar

outras doenças gastrintestinais (SILVA, 2006).

KEALY & MCALLISTER (2005) demonstram que os principais achados

radiológicos na pancreatite são:

35

1. Visualização de uma área de opacidade de tecido mole aumentada

no abdome cranial direito, resultante de peritonite associada.

Normalmente, o abdome cranial direito, fica relativamente mais

radiopaco do que o esquerdo e é necessário um maior cuidado na

avaliação dessa área.

2. Com o inchaço no pâncreas o duodeno se desloca à direita, e às

vezes, dorsal ou ventral, deslocando assim o piloro à esquerda. Isso

poderá dar ao duodeno uma aparência de “C”.

3. Quando se faz o uso de radiografia contrastada, tem-se lenta

passagem de bário através do duodeno. Este pode estar dilatado.

4. A parede duodenal pode estar espessada, com um padrão de gás

estático.

5. O antro pilórico pode estar deslocado para a esquerda.

6. Se o lobo esquerdo estiver envolvido, o cólon transverso estará

deslocado caudalmente.

7. Manchas granulares na região do pâncreas têm sido detectadas,

assim como enrugamento e espasmos na parede duodenal.

8. Hepatomegalia resultante de infiltração gordurosa é um sinal

comum.

9. Pode ser que haja perda de detalhes na serosa das vísceras

abdominais, bem além da área contígua do pâncreas, como

resultado de uma peritonite associada e efusão de líquido.

b) Ultra-sonografia

MIX & JONES (2006) avaliam que a ultra-sonografia abdominal é útil

na avaliação pacientes com suspeita de pancreatite. Quando se realiza uma Ultra-

sonografia os achados compatíveis com pancreatite aguda incluem um pâncreas

aumentado, com uma massa hipoecóica na região do pâncreas, regiões

hiperecóicas dentro da área do pâncreas, podem representar líquido livre

abdominal localizado ou generalizado, e espessamento das paredes do

estômago ou do duodeno. Por causa da dor abdominal, o paciente pode ficar

36

receoso com o exame do pâncreas. Anormalidades ultra-sonograficas podem ser

devidas ao edema pancreático, necrose ou hemorragia secundária à pancreatite.

Complicações pancreáticas, tais como abscessos e pseudocistos pancreáticos,

também podem ser identificadas através ultra-sonografia. Avaliação ultra-

sonográfica do pâncreas é mais sensível no diagnóstico de pancreatite do que é a

avaliação radiográfica. Um estudo revelou que a ultra-sonografia tem sido

sensível no diagnóstico em 68% dos casos.

Avaliação ultra-sonográfica do pâncreas é uma técnica desafiadora, e o

seu valor diagnóstico depende da perícia do ultra-sonografista. Porque lesões

pancreáticas pode ser detectadas mas não clinicamente significativas, o

significado das anomalias pancreáticas identificadas através de ultra-sonografia

devem ser interpretadas à luz dos sinais clínicos de um paciente. A principal

vantagem da ultra-sonografia abdominal é que ela é grande valor diagnóstico e é

um método relativamente barato, e não invasivo, além de poder ser obtido

imediatamente e poder observar outros órgãos abdominais. É também um método

que pode ser realizado a maioria das vezes sem a sedação do animal (MIX &

JONES, 2006).

4.8 Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial mais importante é a obstrução intestinal

aguda (MURDOCH, 1989). Mas segundo SIMPSON (2003) e GOUGH (2007)

deve-se fazer também o diagnóstico diferencial de causas hemoparasitárias e das

causas que causem vômitos e dor abdominal, essas causas estarão listadas nos

Quadros 1 e 2 abaixo.

Quadro 1 – Principais diagnósticos diferencias de Pancreatite aguda, que causem

dor abdominal.

Principais Diagnósticos Diferenciais de Pancreatite Aguda

Dor Abdominal

Causas Patologias

Gástrica Dilatação, Vólvulo e Ulceração.

37

Continuação...

Intestinal Obstrução, Intussuscepção, Ruptura e Torção, Enterite.

Pancreática Pancreatite.

Hepática Hepatite Aguda, Ruptura do ducto biliar, Neoplasia

Hepática.

Esplênica Neoplasia, Torção e Ruptura.

Urogenital Nefrite, Pielonefrite, Ruptura de bexiga,

Glomerulonefrite, Cálculo uretral, Piometra e Prostatite.

Peritônio Peritonite primária ou secundária (por exemplo: produtos

químicos, a biliar, urina, séptica: vísceras rompidas).

Dor Pseudo-

abdominal

Discoespondilite e Prolapso de disco.

Fonte: Adaptado de SIMPSON (2003).

Quadro 2 – Principais diagnósticos diferencias de Pancreatite aguda, que causem

Vômito.

Principais Diagnósticos Diferenciais de Pancreatite Aguda

Vômito

Causas Patologias

Gástrica Gastrite, Úlcera, Neoplasias, Obstrução da saída,

Corpos estranhos e Distúrbios de motilidade funcionais.

Pancreática Neoplasia pancreáticas e pancreatite.

Intestinal Doença inflamatória intestinal, neoplasias,

Supercrescimento bacteriano, corpo estranho,

intussuscepção, torção, ruptura, distúrbios funcionais.

Hepática Colangiohepatite e Obstrução hepática.

Infeciosas Cinomose, parvovirose, hepatite infecciosa canina,

leptospirose e salmonelas.

Neurológicas Doença vestibular, encefalite, neoplasia e aumento da

pressão intracraniana.

Urogenital Nefrite, Pielonefrite, Urolitíase, Piometra e Prostatite.

38

Continuação...

Peritônio Peritonite primária ou secundária (por exemplo: produtos

químicos, extravasamento de bílis, urina, séptica:

vísceras rompidas).

Metabólicas /

Endócrinas

Uremia, hipoadrenocorticismo, cetoacidose diabética,

encefalopatia hepática, hipercalcemia, septicemia.

Dietária Alergia alimentar e Intolerância alimentar.

Farmacológicas Digoxina, eritromicina, quimioterapia, apomorfina,

xilazina.

Tóxicas Estricnina, etilenoglicol e chumbo.

Fonte: Adaptado de SIMPSON (2003).

4.9 Tratamento

O tratamento é desafiador devido ao comprometimento multissistêmico

e às complicações associadas. Os objetivos da terapia são descansar o pâncreas;

manter equilíbrios hídricos e eletrolíticos séricos adequados; tratar qualquer

infecção conhecida; manter uma função metabólica normal e proporcionar um

alívio de dor, suporte nutricional e medidas específicas quanto às complicações

(como por exemplo: síndrome de desconforto respiratório, coagulação

intravascular disseminada e diabetes melito) (AIELLO, 2001).

Até o momento não são disponíveis fármacos específicos para o

tratamento das inflamações do pâncreas e o tratamento é principalmente de

suporte e sintomático (ANDRADE, 2002).

4.9.1 Fluidoterapia

Deve-se utilizar a fluidoterapia onde apresentam-se quadros de

desidratação e hipovolemia. As soluções de Ringer com lactato e de NaCl a 0,9%

geralmente são as opções mais comuns. A suplementação do fluido deve ser feita

de acordo com as necessidades do paciente. É necessário que se faça um ajuste

39

com base nas mensurações de pH e eletrólitos, tendo como objetivo principal,

ajustar o desequilíbrio hidro-eletrolítico e ácido básico. Plasma ou colóides

(gelatinas ou hetastarch) podem ser necessários em casos em que se apresente

quadros de hipoproteinemia, ou para a expansão de volume em paciente em

choque. Os colóides são importantes pois esses melhoram a microcirculação e o

fluxo sangüíneo pancreático, além de prevenir o edema endotelial, intersticial e

intracelular. O hetastarch tem moléculas maiores e mais pesadas que a albumina,

tendo mais facilidade de ficar retido nos capilares (BASTOS e RABELO, 2005).

Os colóides, como o dextran 70, oxipoligelatina ou hetastarch, também podem ter

efeito antitrombótico que auxilia na manutenção da circulação (SIMPSON, 2003).

4.9.2 Controle do Vômito

Pode-se fazer o controle do vômito lançando mão do uso de

antieméticos de ação central (ANDRADE, 2002; FORD & MAZZAFERRO, 2006).

A metoclopramida e clorpromazina são sugeridos para o controle do vômito, e

quando necessário o uso da ondansetrona na dose de 1,1 mg/kg, lentamente por

via endovenosa, duas a três vezes ao dia é uma boa alternativa (SIMPSON,

2003).

4.9.3 Controle da dor Abdominal

O repouso e o isolamento do paciente ajudam a reduzir a dor. A dor

abdominal pode ser controlada coma a administração de meperidina (MURDOCH,

1989; BISTNER et al., 2002), oximorfona, butorfanol (NELSON & COUTO, 1998),

buprenorfina ou fentanil (SIMPSON, 2003). O uso de morfina é contra-indicado já

que produz espasmo no ducto pancreático (MURDOCH, 1989). Os adesivos

transdérmicos de fentanil aplicados numa área de pele limpa e sem pêlos são

uma opção para prover uma analgesia de longa duração (SIMPSON, 2003).

A monitoração da dor é muito importante e cada paciente deve ser

tratado de modo individualizado, pois alguns pacientes necessitarão de terapia

40

analgésica mais agressiva que outros. Analgésicos não esteroidais não são

recomendados para pacientes com pancreatite aguda por conta do risco de

desenvolvimento de úlceras gastrintestinais, insuficiência renal e hepatotoxicidade

(SIMPSON, 2003).

4.9.4 Redução do estímulo a secreção pancreática

Deve se suspender todos os alimentos ou medicamentos, que estejam

sendo administrados por via oral, inclusive água, (NELSON & COUTO, 1998) a

fim de suprimir o estímulo a secreção pancreática (FORD & MAZZAFERRO,

2006). Se possível a visão e o cheiro de comida devem ser evitados, uma vez que

também participam do inicio da secreção pancreática (NELSON & COUTO, 1998).

Contudo HALL et al. (2005) afirma que recentes estudos têm desafiado a lógica

tradicional e sabedoria de retenção na fonte de alimentos para "descanso" do

pâncreas, contudo, a nutrição parenteral e enteral foi bem tolerada pelos

pacientes com pancreatite. Há também evidências de que a nutrição enteral pode

ser superior a nutrição parenteral. Ingestão oral deve ser limitada apenas em

pacientes com vômitos incessantes e em um período tão breve quanto possível.

SIMPSON (2003) ainda demonstra que a restrição do aporte oral por mais de três

dias, com o intuito de evitar a secreção pancreática, resulta no agravamento da

desnutrição. Estes fatores levam o clínico ao dilema de ter que fornecer suporte

nutricional para prevenir ou reverter a lipidose hepática ou submeter o paciente a

jejum para prevenir a estimulação pancreática.

Um dia após ter cessado o vômito deve-se oferecer pequenas

quantidades de água por via oral e, se esta for tolerada, começar a fornecer

gradualmente o alimento, inicialmente usando uma dieta de carboidratos (por

exemplo, arroz, macarrão), restrita em gordura e proteína (NELSON & COUTO,

1998; ANDRADE, 2002).

A maioria dos pacientes com pancreatite leve se recupera após este

manejo alimentar sem necessidade de outros medicamentos (NELSON &

COUTO, 1998).

41

4.9.5 Antibioticoterapia

O tratamento com antibióticos deve preencher três pré-requisitos: (1) o

microrganismo deve ser sensível ao antibiótico empregado, (2) o antibiótico deve

ter boa penetração no tecido pancreático e (3) a concentração bactericida deve

ser mantido por certo tempo para inibir novo crescimento bacteriano (HAYASHI et

al., 1996 citado por SILVA, 2006).

Segundo HALL et al. (2005) em contraste com os seres humanos, os

gatos e cães com pancreatite raramente tem complicações infecciosas e terapia

antibiótica, pode ser de benefício mínimo. No entanto, para casos em que há boa

evidência para a infecção do pâncreas deve se notar que sulfa-trimetoprim e

enrofloxacino têm boa penetração no pâncreas exócrino em cães.

Mais importante que a infecção do pâncreas, a sepse é a complicação

letal da pancreatite. A clindamicina, cloranfenicol e o metronidazol têm sido

recomendados para o tratamento da sepse em gatos (BASTOS e RABELO,

2005).

4.9.6 Corticosteróides

O uso de corticóides é controverso. Enquanto alguns autores não

recomendam o uso de corticosteróide (LEWIS, MORRIS JR. & HAND, 1994 citado

por SILVA, 2006), outros citam que seu uso deve ser restrito aos casos onde há

inflamação e choque severos (NELSON & COUTO, 1998; SIMPSON, 2003; HALL

et al., 2005; FORD & MAZZAFERRO, 2006). Ainda assim FINCH (1998) citado

por SILVA (2006) relatou que houve melhora na condição clínica de cães com

pancreatite aguda após o uso desses fármacos.

4.9.7 Tratamento Cirúrgico

42

Segundo SIMPSON (2003), a cirurgia é potencialmente indicado para

remover tecidos desvitalizados no pâncreas e também nos pacientes com

infecção necrotizante, e na investigação da persistência obstrução biliar e para

aliviar a mesma. A remoção ou a drenagem de abscessos é outra indicação para

a cirurgia. Ressecção ou drenagem cirúrgica de pseudocistos do pâncreas nem

sempre é necessária, pois estes podem resolver espontaneamente ou após a

drenagem percutânea. Pancreatite que é recorrente ou não responde

ao tratamento também podem necessitar de cirurgia para confirmar um

diagnóstico e/ou para excluir câncer pancreático.

A laparotomia exploratória também deve ser considerada em pacientes

que continuam a piorar mesmo com o tratamento clínico agressivo (SILVA, 2006).

4.10 Prognóstico

O prognóstico para cães com pancreatite aguda leve ou edematosa é

bom. A pancreatite grave ou recorrente está associada com um prognóstico

reservado (SIMPSON, 2003).

A pancreatite é uma doença imprevisível, de gravidade largamente

variável, mesmo quando se estabelece definitivamente um diagnóstico. Uma

pancreatite fulminante aguda pode ser fatal, apesar de medidas de suporte

precoces e agressivas, mas alguns cães se recuperaram completamente após um

episódio grave isolado. Em outros casos, uma pancreatite crônica ou recorrente

relativamente leve ou moderada persiste apesar de toda a terapia, e o paciente

morre em uma exacerbação intensa e aguda da doença ou é sacrificado devido a

falha em recuperar-se e ao custo de uma terapia de suporte de longa duração

(WILLIAMS, 2001; WILLIAMS, 2004; HALL et al., 2005).

43

5 RELATO DE CASO: Pancreatite Aguda em Cães

5.1 Histórico e Anamnese

Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da

Universidade Federal de Goiás (HV/EV/UFG), na cidade de Goiânia – Goiás, no

dia 08 de setembro de 2009, terça-feira, ás 14h30min, um cão, raça Labrador,

com dois anos de idade, não castrado e pesando 30 quilos. Na anamnese o

proprietário relatou que o animal poderia ter ingerido algum corpo estranho (metal

ou garrafa “pet”), o proprietário relatou também que o animal era hiperativo, e que

desde domingo estava com vômito, o animal era vacinado somente contra a raiva

e foi desverminado há um mês, relatou também que utilizou no animal

carrapaticida e pulicida, o animal não tinha alimentação fixa, alimentava-se de

ração, comida caseira e outros petiscos. O proprietário não relatou diarréia.

5.2 Exame Físico

Ao exame físico observou-se que o animal apresentava apatia,

anorexia, linfoadenomegalia, urina extremamente amarelada, mucosas

extremamente ictéricas, temperatura de 40,5 ºC, apresentava leve grau de

desidratação (teste de turgor cutâneo e observação de órbita ocular) e dor

abdominal à palpação. Apesar de não relatado pelo proprietário ao aferir a

temperatura, foi observado diarréia de coloração amarelada e aspecto gorduroso

(esteatorréia).

5.3 Diagnósticos Diferenciais

Baseando-se no histórico clínico, anamnese e nos achados do

exame físico as suspeitas clínicas iniciais foram: Ingestão de Corpo estranho,

Pancreatite aguda, Hemoparasitose, Doença Hepática e Diabetes.

5.4 Meios Diagnósticos

44

Logo após a consulta realizada no dia 08/09/09 coletou-se sangue

por venopunção cefálica para realização de hemograma completo com pesquisa

de hemoparasitos e inclusão viral, bioquímica sérica dosando-se creatinina e

Alanina Amino Transferase (ALT). Além de Radiografia abdominal e Urinálise

completa, através do método de sondagem uretral.

Um dia após a primeira consulta, o animal retornou novamente ao

Hospital Veterinário onde fez se uma nova coleta sanguínea pelo método

supracitado, para a realização de um hemograma completo com pesquisa de

hemoparasitos e inclusão viral, além de bioquímica sérica para dosagem de

Amilase e Glicose.

Depois de realizada toda conduta terapêutica realizada durante

esses dias o animal retornou ao Hospital Veterinário três dias depois, com relatos

do proprietário de convulsões durante a noite, o animal começou a manifestar

crises também no Hospital, não foi possível por essas manifestações confirmar se

foi uma crise convulsiva (Figura 2), alucinações ou manifestação aguda de dor, foi

feito então nova coleta sanguínea pelo método já citado para realização de um

novo hemograma completo com pesquisa de hemoparasitos e inclusão viral, além

de bioquímica sérica para dosagem de proteínas totais e glicose. Somente neste

dia o proprietário revelou que o animal havia ingerido no dia 06/09/09 (domingo,

dois dias antes da consulta inicial), um pernil suíno e um saco de açúcar.

Foi recomendado que o proprietário retornasse ao Hospital Veterinário,

para uma revisão sete dias após a primeira consulta, nesse dia coletou-se sangue

novamente pelo método de venopunção cefálica para realização de hemograma

completo com pesquisa hemoparasitos e inclusão viral, além de bioquímica sérica

para dosagem de Creatinina, ALT, Amilase, Glicose, Proteínas Totais

plasmáticas, Fosfatase alcalina, além da coleta de urina pelo método de

sondagem uretral para realização de urinálise completa.

Recomendou-se ao proprietário que retornasse em 10 dias da data

do último exame, e o proprietário assim o fez, nesse dia foi realizada coleta

sanguínea pelo método citado anteriormente, para realização de um hemograma

completo com pesquisa de hemoparasitos e inclusão viral, para acompanhamento

do animal.

45

FIGURA 2 - Canino, raça Labrador, com dois anos de

idade, não castrado e pesando 30 quilos, sendo

submetido a fluidoterapia endovenosa, enquanto

manifestava crises de aspecto convulsivo.

5.5 Resultados

O exame requerido no dia 08/09/09, apresentou um hemograma

com alterações no eritrograma apresentando trombocitopenia e no leucograma

onde observou-se neutrofilia relativa, eosinopenia relativa e absoluta e linfopenia

relativa e absoluta (Quadro 3). A pesquisa por hemoparasitos e de inclusão viral

apresentou-se negativa (Quadro 4). O resultado da bioquímica sérica apresentou-

se com as seguintes alterações, aumento de creatinina e ALT (Quadro 5). Os

resultados da urinálise apresentaram-se com as seguintes alterações aspecto

turvo, depósito intenso, densidade aumentada, proteinúria e glicosúria, além do

aumento de urobilinogênio, bilirrubina, hemoglobina, na sedimentoscopia

observou-se alterações nos leucócitos (aumentados), hemácias (aumentadas),

flora bacteriana moderada e cilindros granulosos finos (vários) (Quadro 6). A

radiografia realizada neste dia obteve um laudo onde se descartou qualquer

possibilidade de obstrução e quaisquer outras alterações intestinais graves.

No exame realizado um dia após os primeiros, os resultados foram

os listados a seguir, no hemograma houve uma trombocitopenia, mas esta já com

46

uma contagem plaquetária maior do que a do dia anterior, no leucograma pôde se

observar neutrofilia relativa, eosinopenia relativa e absoluta e linfopenia relativa

(Quadro 7). Na pesquisa de hemoparasitos e inclusão viral houve ausência de

ambos (Quadro 8). Os resultados das bioquímicas séricas foram um aumento

exacerbado de amilase e aumento de glicose (Quadro 9).

O resultado dos exames realizados três dias após foram hemácias,

hemoglobina e hematócrito diminuídos, além de trombocitopenia, mas está mais

uma vez foi com uma contagem plaquetária maior do que a do dia anterior, na

contagem leucocitária houve novamente neutrofilia absoluta, eosinopenia relativa

e absoluta e linfopenia relativa (Quadro 10). As pesquisas de hematozoários e

inclusão viral foram novamente negativas (Quadro 11). As bioquímicas séricas

apresentaram Proteínas plasmáticas totais diminuídas e novo aumento de glicose

(Quadro 12).

Sete dias após a primeira consulta os exames realizados

apresentaram os resultados seguintes, hemograma onde o eritrograma

apresentou hemácias, hematócrito, hemoglobina e CHCM (concentração de

hemoglobina corpuscular média) diminuídos, com hipocromia leve, além de

trombocitopenia, mas está novamente com contagem plaquetária maior do que a

anterior, o leucograma apresentou desvio nuclear neutrofílico à esquerda (DNNE),

eosinopenia relativa e absoluta (Quadro 13). As pesquisas de hemoparasitos e

inclusão viral foram negativas (Quadro 14). As dosagens bioquímicas séricas

tiveram as seguintes alterações, ALT aumentado, glicose levemente aumentada,

proteínas plasmáticas totais reduzidas e aumento bastante exacerbado de

fosfatase alcalina (Quadro 15). A urinálise apresentou uma pequena redução na

densidade, pequeno aumento de bilirrubina, algumas células renais e vesicais,

Microbiota bacteriana moderada e alguns cilindros granulosos finos (Quadro 16).

O resultado para acompanhamento clínico do animal realizado dez

dias após o último, apresentou as seguintes alterações, no hemograma redução

nos valores de hemácias, hemoglobina e hematócrito, no leucograma observou-

se leucopenia por neutropenia e linfopenia absolutas (Quadro 17). Na pesquisa de

hematozoários e inclusão viral, não encontraram hemoparasitos, nem inclusões

virais (Quadro 18).

47

5.6 Tratamento

No dia 08/09/09, durante a consulta após o exame físico do animal e

constatado que o animal estava febril utilizou-se dipirona sódica (BUSCOFIN®

COMPOSTO - Agener União – Embu-Guaçu – SP) na dose de dois mg/kg. Um

dia após e com os resultados dos exames foi receitado ao animal Silimarina

(LEGALON® - Nycomed – Jaguariúna – SP) na dose de 25 mg/kg e recomendou-

se também que o animal passasse a se alimentar de ração hepática (HEPATIC® -

Royal Canin – Descalvado – SP) de acordo com as recomendações do fabricante.

Após os resultados dos exames realizados no dia 09/09/09 o animal

retornou no hospital dois dias após, para realização da terapêutica recomendada

pelo Médico Veterinário onde foi empregado o uso de fluidoterapia endovenosa

utilizando-se Ringer Simples (RINGER SIMPLES - Equiplex Indústria

Farmacêutica – Aparecida de Goiânia – GO) sendo infundidos 500 ml de fluido,

utilizou-se em conjunto com o fluido uma ampola de Complexo B

(BEPLEXARON® – Ariston indústrias químicas e farmacêuticas – São Paulo –

SP), fez-se então por via endovenosa lenta uma ampola de Metoclopramida

(PLASIL® - Sanofi-aventis – Suzano – SP) na dose de 0,5 mg/kg, logo após

utilizou-se dexametasona (DÉXIUM® - Chemitec Agro-veterinária – São Paulo –

SP) na dose de 0,75 mg/kg, usou também antibioticoterapia intramuscular durante

10 dias, fazendo uso de Enrofloxacino (FLOTRIL® 10% - Schering-plough – Cotia

– SP) na dose de 5 mg/kg.

Passando-se três dias do início do tratamento o animal retornou ao

HV/UFG, relatando convulsões e o animal começou a manifestá-las, na qual

adotou-se a conduta inicial de se utilizar-se Diazepam (DIAZEPAM® – Teuto –

Anápolis - GO) na dose de 0,4 mg/kg, após o seu uso houve um agravamento da

crise, lançou-se mão então do uso de Pentobarbital (THIOPENTAX® - Cristália –

São Paulo – SP) na dose de 9 mg/kg, logo após o seu uso a crise foi amenizada,

mas o animal ainda apresentava alguns episódios menos agudos, utilizou-se

então Propofol (PROPOVAN® – Cristália – São Paulo – SP), e o animal foi para

casa ainda sobre efeito medicamentoso.

Nesse mesmo dia foi infundido novamente, 500 ml de Ringer Simples

(RINGER SIMPLES - Equiplex Indústria Farmacêutica – Aparecida de Goiânia –

48

GO), utilizou-se em conjunto com o fluido novamente uma ampola de Complexo B

(BEPLEXARON® – Ariston indústrias químicas e farmacêuticas – São Paulo –

SP), foi receitado então que o animal continuasse a utilização de Silimarina

(LEGALON® - Nycomed – Jaguariúna – SP) na dose de 25 mg/kg e recomendou-

se também que o animal passasse a se alimentar de ração hepática (HEPATIC® -

Royal Canin – Descalvado – SP) de acordo com as recomendações do fabricante.

Receitou-se ao animal, a utilização de Fenobarbital (GARDENAL®

comprimidos – Rhodia Farma – São Paulo – SP) na dose de 100 mg/dia, até o

retorno quatro dias após.

Quatro dias após a última consulta o animal retornou com o animal em

condições bem superiores, com uma evolução positiva do caso, portanto,

receitou-se que continuasse a utilização do nutracêutico Silimarina e Ração

Hepática, além da continuidade no uso do Fenobarbital, por mais 10 dias nas

mesmas dosagens.

Dez dias após o animal retornou, aparentemente bem, mas com o

relato do proprietário de que o animal durante o período da consulta anterior para

a presente, teve infestação ectoparasitária (carrapatos e pulgas), observou-se

mucosa peniana pálida, então o Médico Veterinário optou por conduta clínica a

aplicação de 2 ml de Diaceturato de Diminazeno (GANASEG® 7% - Novartis

saúde animal – Barueri – SP), na dose de 3,5 mg/kg, por se tratar de uma região

endêmica para enfermidades parasitárias, com suspeita principalmente de

babesiose canina. Recomendou-se que o proprietário continuasse com a

utilização de Ração Hepática e Fenobarbital, até o retorno após 13 dias e o

proprietário assim o fez.

No ultimo retorno do animal o mesmo se apresentou clinicamente muito

bem, com evolução bastante positiva de todo o caso de pancreatite, não se notou

nenhuma alteração no exame físico, o proprietário relatando que o animal estava

hiperativo novamente, e não relatou mais nenhum episódio de crise, prescreveu-

se então a continuidade apenas do Fenobarbital por mais 20 dias, sendo a dose

do mesmo reduzida à metade.

49

6 DISCUSSÃO

Em cães a pancreatite aguda é mais comum em animais de meia

idade, e os animais mais velhos e em fêmeas (WINGFIELD, 2001; SHAW & IHLE,

2006). Outros estudos revelaram que fêmeas e machos castrados têm maior risco

de desenvolver pancreatite aguda que machos sexualmente intactos (COOK et

al., 1993 citado por SILVA, 2006), embora nesse trabalho o animal apresentasse

dois anos de idade, sendo portanto jovem e sendo um macho sexualmente intacto

diferenciando da literatura, PLUNKETT (2000) relata que apesar de todos esses

fatores predisponentes, a pancreatite aguda pode ocorrer em qualquer cão, assim

como em gatos.

Nota-se que a pancreatite é mais prevalente em animais obesos, isso

se evidencia principalmente por ser bastante difícil a indução de pancreatite

experimental em animais desnutridos (WILLIAMS, 2001; SHAW & IHLE, 2006).

Apesar de o animal em questão não ser obeso, é um animal que não tinha

alimentação fixa, e não se sabe qual era o verdadeiro grau de nutrição do mesmo,

pois segundo WILLIAMS (2001) há descrito também na literatura que a

desnutrição causa inflamação e atrofia do pâncreas em pacientes humanos, e

tem-se observado o desenvolvimento de pancreatite após realimentação depois

de um jejum prolongado.

De acordo com SILVA (2006) apesar de haver contestação sobre a

importância do tipo de dieta, está comprovado que alimentações através de uma

dieta rica em teor gorduroso por um período prolongado aumentam a

susceptibilidade dos cães para que haja injúria pancreática. O paciente em

questão não tinha alimentação fixa e se alimentava de vários tipos de alimentos,

incluindo ração e comida caseira sendo, portanto, um fator predisponente a

pancreatite aguda.

WILLIAMS (2004) descreveu que a hiperlipoproteinemia, em geral

visível ao exame macroscópico, é comum em cães com pancreatite em

conseqüência de necrose gordurosa abdominal ou pode ser causa a da doença.

Segundo WILLIAMS (2001) ainda não se tem certeza de o porque a

hiperlipoproteinemia pode causar pancreatite, mas a versão mais aceita é a de

50

que a ação da lipase em concentrações altas de triglicerídeos nos capilares

pancreáticos geram ácidos graxos tóxicos dentro do pâncreas.

Geralmente, os sinais clínicos iniciam-se logo após a ingestão de uma

grande quantidade de alimento com alto teor gorduroso (MURDOCH, 1989;

WILLIAMS, 2001; WINGFIELD, 2001; BISTNER et al. 2002; WILLIAMS, 2004;

HALL et al., 2005; SHAW & IHLE, 2006), o proprietário relatou que o animal havia

ingerido dois dias antes da consulta um pernil suíno e um saco de açúcar,

evidenciando assim a possível causa do início dos sinais clínicos, uma vez que foi

a partir desse dia que o proprietário relatou o início do vômito.

O animal apresentou vômito súbito, dor abdominal, apatia e anorexia

como o que foi descrito por MURDOCH (1989); NELSON & COUTO (1998);

WILLIAMS (2001); WINGFIELD (2001); BISTNER et al. (2002); SIMPSON (2003);

WILLIAMS (2004); HALL et al. (2005); FORD & MAZZAFERRO (2006).

Diarréia pode se seguir o vômito, que se associa com irritação

duodenal. A dor pode ser muito aguda, principalmente na porção do quadrante

abdominal superior direito (BISTNER et al. 2002). O animal apresentou diarréia

amarelada de aspecto gorduroso (esteatorréia) e dor abdominal à palpação

abdominal cranial. Ainda segundo COLES (1984) um a dois dias após o início da

doença pode se observar as fezes com a presença de rajas de sangue ou

impregnadas de gordura, isso ocorre, pois a uma menor digestão de lipídios,

devido à redução da lipase no suco pancreático, podendo assim se observar

fezes brilhantes (esteatorréicas).

Os animais mais afetados ficam leve a moderadamente desidratados e

febris. As complicações sistêmicas incomuns de uma pancreatite que podem ficar

aparentes após um exame físico incluem icterícia, desconforto respiratório,

distúrbios hemorrágicos e arritmias cardíacas (NELSON & COUTO, 1998;

WILLIAMS, 2001; WILLIAMS, 2004; HALL et al., 2005; FORD & MAZZAFERRO,

2006). O paciente apresentou-se levemente desidratado, febril e com icterícia,

verificado durante o exame físico.

Após o exame físico foi feito tratamento sintomático para a febre que

era de 40,5ºC, utilizando-se dipirona sódica e para icterícia, no qual foi

recomendado o uso de Ração hepática, que são utilizadas em caso de pacientes

51

ictéricos e Silimarina que é um nutracêutico fitoterápico hepatoprotetor, para

tratamento adjuvante de alterações hepáticas (VIANA, 2007).

A avaliação laboratorial inicial do animal do relato incluiu, Hemograma

Completo, Pesquisa de Hematozoários, dosagem sérica de creatinina e ALT,

urinálise completa e Radiografia abdominal.

No hemograma o animal apresentou um eritrograma com

trombocitopenia como observado por NELSON & COUTO (1998), as alterações

do leucograma foram neutrofilia relativa, eosinopenia relativa e absoluta e

linfopenia relativa e absoluta, que representam geralmente um leucograma típico

de estresse, como o citado por SILVA (2006), que geralmente ocorre nas fases

iniciais.

Em casos de pancreatite aguda pode se ter uma série de alterações

nas dosagens séricas das enzimas hepáticas (HALL, 2005). As enzimas

hepáticas Alanina Amino Transferase (ALT) e Aspartato Amino Transferase (AST)

geralmente estão aumentadas na pancreatite aguda (NELSON & COUTO, 1998;

WILLIAMS, 2001), o animal apresentou aumento de ALT e creatinina, que

segundo COWELL (2004) o aumento creatinina é freqüente devido à azotemia

pré-renal secundária à desidratação. Em alguns casos há icterícia clinicamente

evidente (WILLIMAS, 2001), sinal este que como citado anteriormente foi

apresentada pelo animal.

A coleta foi realizada antes da administração de fluidos como indica

NELSON & COUTO (1998) que relatou que a urina para análise deve ser obtida

antes de se administrar fluidos para avaliar uma melhor patogenia da azotemia.

Outros aspectos importantes para verificar uma progressão da doença é

estabelecer comparação com os valores séricos são os teores de glicose e

bilirrubina na urina.

O animal apresentou proteinúria como relatado por SIMPSON (2003) o

qual afirma que a urinálise permite avaliar azotemia, podendo-a caracterizar como

sendo renal, uma vez que se observou vários cilindros granulosos. Proteinúria

transitória ocorre em alguns cães com pancreatite aguda, possivelmente como

uma conseqüência de enzimas pancreáticas, mediadoras de dano glomerular. A

presença de glicosúria ou cetonúria deve alertar para a presença de diabetes

mellitus. Observou-se também a existência de glicosúria, está que apesar de

52

poder alertar para uma diabetes transitória como relatou o autor, pode também ter

sido causada pela grande ingestão de açúcar feita pelo animal dois dias antes da

consulta.

NELSON & COUTO (1998) relatou a importância de se avaliar o

aumento de outros valores, para se avaliar a progressão da doença. Os

resultados da urinálise ainda apresentaram aspecto turvo, depósito intenso,

densidade aumentada, além do aumento de urobilinogênio, bilirrubina,

hemoglobina, na sedimentoscopia observou-se alterações nos leucócitos

(aumentados), hemácias (aumentadas), flora bacteriana moderada e cilindros

granulosos finos (vários), as alterações na sedimentoscopia (aumento de

leucócitos, hemácias e flora bacteriana), podem ser decorrentes do método de

coleta, que foi feito por sondagem uretral.

A radiografia realizada neste dia obteve um laudo onde se descartou

qualquer possibilidade de obstrução e quaisquer outras alterações intestinais

graves, além de não ter sido observado alteração hepática. Raramente os

achados radiográficos são definitivos para a pancreatite, entretanto constituem

uma ferramenta importante para descartar outras doenças gastrintestinais (SILVA,

2006).

No exame realizado um dia após a consulta, os resultados mais

relevantes para o diagnóstico da pancreatite foram a trombocitopenia que mesmo

sem ser feito o uso de qualquer fármaco que destrua hemoparasitos, teve uma

contagem plaquetária maior do que a anterior. Nesse dia houve também

resultados da dosagem sérica de amilase e glicose sanguíneas, onde ambas

estiveram aumentadas, mas com uma exacerbação do valor da amilase. Apesar

da amilasemia não ser um fator determinante e específico para pancreatite aguda

por ser produzida em outros órgãos e podendo ter aumento devido a outras

alterações, esse aumento na concentração da amilase sanguínea tem sido

utilizado classicamente como indicador de tal enfermidade, como citado por

GASKILL & CRIBB (2000); SIMPSON (2003); MIX & JONES (2006). E ainda

segundo SILVA (2006), os exames das enzimas pancreáticas e dos zimogênios

contidos no soro constituem os testes mais específicos para pancreatite aguda.

Além do que segundo GASKILL & CRIBB (2000); SIMPSON (2003); MIX &

JONES (2006), a amilasemia é alta principalmente em obstruções intestinais,

53

como a radiografia nos revelou que não há esse tipo de enfermidade, isso nos

leva a ter uma maior certeza de que esse aumento é devido a uma alteração

pancreática.

Após a realização desses exames instituiu-se um tratamento, para a

pancreatite aguda e para a hepatopatia possivelmente secundária, uma vez que

segundo KERR (2003) o fígado está tão próximo do pâncreas que em caso de

pancreatopatias, é inevitável que se haja um pouco de hepatite.

ANDRADE (2002) afirma que não há hoje fármacos específicos para

tratamento de doenças pancreáticas, sendo feitos então tratamentos de suporte e

sintomáticos.

Foi realizada então fluidoterapia endovenosa utilizando-se solução de

Ringer Simples e uma ampola de complexo B diluída no mesmo, embora a

indicação feita por BASTOS & RABELO (2005) é da utilização de Ringer lactato,

os autores relatam que essa infusão de fluidos é importante para recuperação das

perdas hidro-eletrolíticas possivelmente causadas pelos episódios vômitos; que

por sua vez devem ser controlados por antieméticos de ação central, como por

exemplo, a metoclopramida fármaco esse que foi utilizado no animal para controle

do vômito (ANDRADE, 2002; FORD & MAZZAFERRO, 2006).

Fez-se também o uso de dexametasona, que é um glucocorticóide

antiinflamatório e imunossupressor (VIANA, 2007). O uso de corticóides na

pancreatite aguda é controverso, autores como LEWIS, MORRIS JR. & HAND

(1994) citado por SILVA (2006) recomendam seu uso, enquanto outros autores

relatam que seu uso deve ser feito apenas em situações de inflamação e choque

severo (NELSON & COUTO, 1998; SIMPSON, 2003; HALL et al., 2005; FORD &

MAZZAFERRO, 2006). Contudo FINCH (1998) citado por SILVA (2006) relata que

a condição clínica de cães com pancreatite aguda melhoraram após o uso desses

fármacos.

Foi receitado o uso de Enrofloxacino por via intramuscular durante 10

dias, principalmente pelo animal ter apresentado-se febril e com neutrofilia, uma

vez que segundo HALL et al. (2005) o uso de antibióticos diferentemente de

humanos pode ter benefício mínimo, mas quando se tem evidências de infecções

secundárias deve-se lançar mão do uso de antibióticos que tenham boa

54

penetração pancreática e sejam de amplo espectro, como por exemplo, a sulfa-

trimetoprim e o enrofloxacino.

Foi mantido o uso de Silimarina e da Ração hepática, apesar de que

para casos de pancreatite deva-se suspender a alimentação, medicamentos que

estejam sendo administrados por via oral e a ingestão de água, a fim de se

suprimir a secreção pancreática (NELSON & COUTO, 1998 e FORD &

MAZZAFERRO, 2006); contudo HALL et al. (2005) revela que em estudos

recentes têm-se desafiado a lógica tradicional e sabedoria de retenção na fonte

de alimentos para "descanso" do pâncreas, afirmando que a ingestão oral deve

ser limitada apenas em pacientes com vômitos incessantes e em um período tão

breve quanto possível, pois SIMPSON (2003) revela que animais que tenham o

aporte nutricional oral restrito por mais de três dias com intuito de evitar a

secreção pancreática, resulta em agravamento da desnutrição. NELSON &

COUTO (1998) e ANDRADE (2002) revelam que deve-se fazer o uso da

alimentação oral após o fim dos episódios de vômitos, e recomenda-se utilizar

como retorno a alimentação uma dieta de carboidratos. O animal deste trabalho

teve o uso da ração hepática mantida uma vez que além da pancreatite aguda o

mesmo apresentava problema hepático, e este manejo nutricional poderia a vir

beneficiar ambos os tratamentos.

Três dias após a primeira consulta o proprietário foi ao hospital

relatando que o animal teve crises convulsivas durante a noite, apesar das crises

terem sido manifestadas no hospital não se conseguiu identificar seu

desencadeador e o que realmente poderia ser (episódio convulsivo, alucinações

ou dor aguda), mas a conduta terapêutica do médico veterinário foi para crise

convulsiva (animal em status epilepticus). Segundo STEINER (2003) pode ocorrer

sinais neurológicos, como desorientação, por exemplo, eventualmente são vistos

em pacientes humanos, caninos e felinos com pancreatite severa. SILVA (2006)

relata ainda que os sinais de anormalidades neurológicas observadas são:

convulsões, nistagmo, anisocoria, desorientação, estupor, pressionamento da

cabeça contra objetos, tetraparesia e tiques nervosos. Estes sinais neurológicos

muitas vezes são referidos como encefalopatia pancreática (STEINER, 2003).

Não pode ser descartado também a presença de encefalopatia hepática, uma vez

que segundo ROTHUIZEN (2001) está pode ocorre em consequência de

55

hepatopatias agudas ou crônicas, e uma vez que o animal estava tratando de

uma hepatopatia que pode tanto ser secundária quanto causa desencadeadora

da pancreatite.

Durante os episódios convulsivos apresentados no hospital, utilizou-se

inicialmente Diazepam (Benzodiazepínico pré-anestésico, e com ação

anticonvulsivante – VIANA, 2007), mas após o seu uso houve um agravamento da

crise, o que segundo VIANA (2007) pode ser explicado por o mesmo não ser

indicado em pacientes com Insuficiência hepática, por animais que estejam

agressivos poderem ter exacerbação desse comportamento, uma vez que o

animal deste relato estava tendo crises de formas alucinógenas. Após esse

agravamento fez-se o uso de pentobarbital sódico (que é um barbitúrico de longa

ação anticonvulsivante, utilizado durante o status epilepticus – VIANA, 2007), logo

após o seu uso a crise foi amenizada, mas o animal ainda apresentava alguns

episódios de menor intensidade, foi utilizado então o propofol, que segundo

VIANA (2007) é um medicamento contra-indicado em casos de convulsão e

hepatopatias, mas que provavelmente foi utilizado para que o animal fosse para

casa com uma sedação maior evitando uma nova crise durante a volta e para que

o mesmo tivesse uma maior analgesia, uma vez que de acordo com SIMPSON

(2003) a monitoração da dor é muito importante e cada paciente deve ser tratado

de modo individualizado, pois alguns pacientes necessitarão de terapia

analgésica mais agressiva que outros.

O animal ainda teve infundido novamente fluidoterapia endovenosa

(Ringer Simples associado á uma ampola de complexo B), e recomendou-se a

continuidade no uso de Silimarina e Ração hepática. Foi receitado ainda para

casa o uso de fenobarbital, que é um anticonvulsivante de longa ação (VIANA,

2007).

Nessa terceira bateria de exames o animal apresentou um quadro

anêmico leve, e uma nova trombocitopenia, mas está novamente com uma

contagem plaquetária maior do que a anterior. Houve ainda redução nas

proteínas plasmáticas deflagrando hipoproteinemia, que pode ser um quadro

apresentado durante a síndrome de acordo com BASTOS & RABELO (2005) e

novamente houve hiperglicemia que segundo COWELL (2004) é um quadro

comum em cães com pancreatite aguda e está relacionado a uma combinação de

56

estresse e aumento na produção de glucagon no sangue em relação a produção

de insulina; apesar de que glicocorticóides possam causar a hiperglicemia, a

quantidade utilizada foi mínina, o que nos leva a pensar que não seja esse o fato

desencadeante. O quadro leucocitário nesse dia apresentou-se semelhante aos

anteriores, mostrando que a doença ainda poderia não está evoluindo

positivamente, salvo que o tratamento ainda estava no início.

Quatro dias após a última consulta o animal retornou ao hospital em

condições bastante superiores a condição inicial na primeira consulta, mostrando

uma evolução positiva para o caso, o que pode ser explicado por NELSON &

COUTO (1998) que relatam que os animais que possuem pancreatite aguda da

forma leve, podem ser recuperar completamente apenas com manejo alimentar

correto, sem necessidade de outras medicações, embora o animal estivesse

usando medicação controlada, para prevenção de outros quadros convulsivos.

Os resultados dos exames laboratoriais feitos nesse dia mostraram,

uma anemia leve, e trombocitopenia com uma nova evolução positiva, o

leucograma demonstrou um dos sinais clássicos da pancreatite que é o desvio

nuclear neutrofílico à esquerda (DNNE) regenerativo seguido por eosinopenia

(SILVA, 2006). Foi realizada também uma bateria de testes bioquímicos que

apresentaram as seguintes alterações, ALT aumentado, glicose levemente

aumentada, proteínas plasmáticas totais reduzidas e aumento bastante

exacerbado de fosfatase alcalina. A ALT aumentada deve-se possivelmente ao

problema hepático ainda existente, e as proteínas plasmáticas como citado acima

deve-se a hipoproteinemia que é comum ocorrer durante casos de pancreatite. O

que mais chamou a atenção foi um aumento exacerbado de fosfatase alcalina,

mas que se explica, pois segundo LATIMER et al. (2005) a fosfatase alcalina

pode ter seu valor consideravelmente por vários fatores mais um deles é o uso de

anticonvulsivantes, no caso do paciente deste relato, estava usando fenobarbital

que é um anticonvulsivante de longa ação como foi citado anteriormente, podendo

então ser o principal causador deste aumento, não podendo ser descartado

também a presença de uma colestase, uma vez que o animal apresenta

hepatopatia aguda.

Por ainda não ter se resolvido completamente a enfermidade hepática

foi recomendado à continuidade no uso da ração hepática e de silimarina. Apesar

57

de que nesses exames houve a normalização dos valores de amilase, foi

receitado para que se continuasse com o uso de fenobarbital, para prevenção das

convulsões.

No retorno do animal dez dias após a ultima consulta foi feito

hemograma para acompanhamento clínico do animal, o animal apresentou

neutropenia e linfopenia absolutas, o proprietário relatou durante o período da

última consulta até o presente retorno o animal teve infestação ectoparasitária

(pulgas e carrapatos), por tanto por se tratar de uma área endêmica para doenças

hemoparasitárias o médico veterinário adotou a conduta clínica de utilizar o

Diaceturato de Diminazeno (que é um derivado diamidínico babesicida e

tripanosomicida – VIANA, 2007), pois durante o exame físico o animal apresentou

mucosas pálidas. Recomendou-se que o proprietário continuasse com a utilização

de Ração Hepática e Fenobarbital, até o retorno após 13 dias e o proprietário

assim o fez.

No último retorno, o animal apresentou-se muito bem clinicamente,

com relatos do proprietário de que o mesmo se encontrava em condições ótimas,

e comportamento semelhante ao que tinha antes da enfermidade. Segundo

SIMPSON (2003) o prognóstico para animais que apresentem pancreatite aguda

da forma leve ou edematosa é bom, o que nos leva a crê que por toda evolução

do caso e as ótimas repostas que o animal apresentou, este tenha sido a possível

forma adquirida da enfermidade pelo mesmo, mas não podendo se confirmar um

diagnóstico definitivo.

Em relação aos principais diagnósticos diferenciais, o que nos leva a

crer que não se tratasse de problemas hemoparasitários, era a constante

recuperação do animal em relação a sua trombocitopenia, pois a mesma teve

uma evolução positiva com o decorrer do quadro, tendo um aumento de

plaquetas, uma vez que não foi administrado nenhum tipo de fármaco próprio

para doenças hemoparasitárias, e outra evidência foi que durante todos os

exames feitos foram realizadas pesquisas de hematozoários e inclusão viral, e

todas foram negativas, o que nos leva a descartar também quadros víricos,

principalmente a cinomose, uma vez que o animal não apresentou sintomatologia

clássica da doença.

58

WILLIAMS (2001); WILLIAMS (2004) e HALL et al. (2005) relatam que

a pancreatite é uma enfermidade imprevisível, de gravidade largamente variável,

mesmo quando se estabelece definitivamente um diagnóstico. Portanto, podemos

afirmar que o diagnóstico confirmou-se mesmo não sendo feito alguns exames

importantes (mas que muitas vezes não estavam ao nosso alcance), mas a

compilação de todos aqueles exames que foram realizados com a anamnese e

histórico clínico do animal nos deram a real dimensão do problema e um

diagnóstico definitivo, uma vez que o animal respondeu a terapia medicamentosa

e se recuperou totalmente da doença.

Apesar de não ter sido realizado um antibiograma para a instituição de

um protocolo terapêutico, a escolha baseada na literatura que indica o uso de

enrofloxacino (ANDRADE, 2001) após a resolução satisfatória do caso mostrou

que a conduta foi acertada.

O diagnóstico definitivo do caso, não é fácil uma vez que houve

doenças intercorrentes (hepatopatia), mas por toda a sintomatologia apresentada

e uma junção de todos os dados obtidos pode se ter um direcionamento mais

contundente para que este tenha sido um caso de pancreatite aguda da forma

leve ou edematosa, salvo que para que esse diagnóstico fosse fechado de forma

precisa necessitaria de que fosse feito outros exames mais específicos para a

enfermidade, o que se pode afirmar que está síndrome não foi a única

apresentada pelo animal durante o período de tratamento, o mesmo apresentou

uma hepatopatia, a qual não se pode afirma se foi secundária ou primária a

pancreatite, uma vez que teve tratamento conjunto com a síndrome relatada, mas

que por ter tido uma resolução positiva pode se supor que tenha sido benéfico

para o tratamento de pancreatite.

59

7 CONCLUSÃO

Os achados durante todas as etapas diagnósticas do caso do animal

relatado tiveram em sua maioria semelhanças com a literatura pesquisada,

porém, houve também diversos achados ainda não descritos na literatura e que

requerem uma investigação mais detalhada e meticulosa, mas que também

seguramente possam ter aparecido devido às doenças intercorrentes durante a

evolução do caso.

Mesmo após a compilação de todos os dados e a maioria dos achados

serem pertinentes a um diagnóstico definitivo de Pancreatite aguda de forma leve

ou edematosa, o que se pode afirmar é que se tem um diagnóstico presuntivo de

tal enfermidade, uma vez que outros testes laboratoriais eram necessários para

que se tivesse um diagnóstico definitivo, e uma vez que a mesma possa ter sido

em decorrência de outras doenças como mostra a literatura, fazendo-se

necessário um acompanhamento por um tempo maior do animal e com o auxílio

de outros testes.

Por ser uma enfermidade de caráter totalmente imprevisível, esta se

torna uma patologia, intrigante e desafiante ao médico veterinário e requer um

maior cuidado com o animal e uma dedicação específica ao estudo do caso e de

suas possíveis progressões.

Este, portanto foi um trabalho que enfocou uma doença pouco

conhecida e às vezes pouco diagnosticada por não apresentar sintomatologia

específica, e que por vezes pode se tornar uma doença de tratamento longo,

dispendioso e por vezes não satisfatório, o que leva a proprietários e profissionais

a não darem a devida importância a tal enfermidade.

60

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir este relatório de estágio e o estágio curricular obrigatório,

fico totalmente satisfeito por ter passado por essa fase “probatória”, que nos deu

um aprendizado ímpar além da verdadeira convivência profissional, período esse

em que de uma forma geral podemos unir os ensinamentos teóricos a aqueles

práticos, tornando se assim um momento de extrema responsabilidade.

A clínica médica e cirúrgica de pequenos mostrou-se um campo

extremamente prazeroso e difícil, me mostrando que se deve ser determinado, ter

responsabilidade e ética para atuar nesse campo profissional, tanto para

atendimento ao paciente quanto ao proprietário, que exige cada vez mais o

conhecimento do profissional, tornando-se assim um objetivo profissional a ser

seguido, o que não conseguiria perceber se não fosse pelo estágio curricular.

Acredito que o curso de medicina veterinária se destaca cada vez mais

no Brasil e no mundo, mostrando-se uma profissão belíssima a ser seguida e que

cabe a nós os futuros profissionais, manter o nome deste curso com compromisso

e ética, fazendo que seja uma profissão cada vez mais bem quista pelas pessoas,

e nos conscientizar da grandeza que é ser um Profissional Médico Veterinário.

61

REFERÊNCIAS

1. AIELLO, S. E. Manual Merck de Medicina Veterinária. 8 ed. São

Paulo: Roca, 2001. 1861 p.

2. ANDRADE, S. F. Manual de Terapêutica Veterinária. 2 ed. São Paulo:

Roca, 2002. 697 p.

3. BASTOS, C. V.; RABELO, R. C. Abordagem do paciente com

pancreatite. In: RABELO, R. C.; CROWE JR, D. T. Fundamentos de

terapia intensiva veterinária em pequenos animais - Condutas no

paciente crítico. Rio de Janeiro: LF Livros, 2005. Cap. 30, p.319-327.

4. BISTNER, S. I.; FORD, R. B.; RAFFE, M. R. Manual de Procedimentos

Veterinários & Tratamento Emergencial. 7 ed. São Paulo: Roca, 2002.

934 p.

5. CARR, A. P. Pancreas and Pancreatitis. In: RUBIN, I. S.; CARR, A. P.

Canine Internal Medicine Secrets. Missouri: Mosby, 2007. Cap. 40, p.

288-292.

6. COLES, E. H. Patologia clínica veterinária. 3 ed. São Paulo: Manole,

1984. p. 260-281.

7. COWELL, R. L. Veterinary Clinical Pathology Secrets. Missouri:

Mosby, 2004. 394 p.

8. FORD, R. B.; MAZZAFERRO, E. M. Kirk and Bistner's Handbook of

Veterinary Procedures and Emergency Treatment. 8 ed. Missouri:

Saunders. 2006, 814 p.

9. GASKILL, C. L.; CRIBB, A. E. Pancreatitis associated with potassium

bromide/Phenobarbital combination therapy in epileptic dogs. Canadian

Veterinary Journal. v. 41, n. 7 p. 555-558, 2000. Disponível em:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10907578. Acesso em: 08 nov.

2009.

10. GOUGH, A. Differential Diagnosis in Small Animal Medicine. Iowa:

Blackwell, 2007. 464 p.

11. GOUGH, A.; THOMAS, A. Breed Predispositions to Disease in Dogs

and Cats. Iowa: Blackwell, 2004. 235 p.

62

12. HALL, E. J.; SIMPSON, J. W.; WILLIAMS, D. A. Manual of Canine and

Feline Gastroenterology. 2 ed. Quedgeley: British Small Animal

Veterinary Association (BSAVA), 2005. 334 p.

13. KEALY, J. K.; McALLISTER, H. Radiologia e ultra-sonografia do cão e

do gato. São Paulo: Manole, 2005. 436 p.

14. KEPECS, E. L. Pancreatite Felina. 2006. 51 f. Monografia

(Especialização em Clínica de Pequenos Animais) – Escola de

Veterinária, Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro.

15. KERR, M. G. Exames Laboratoriais em Medicina Veterinária,

bioquímica clinica e hematologia. 2 ed. São Paulo: Roca, 2003. 436 p.

16. LATIMER, K. S.; MAHAFFEY, E. A.; PRASSE, K. W. Duncan &

Prasse’s Patología Clínica Veterinaria. 4 ed. Sant Cugat del Vallés,

Barcelona : Multimédica, 2005. 555 p.

17. MIX, K.; JONES C. Diagnosing Acute Pancreatitis in Dogs.

Compendium on Continuing Education for the Practicing

Veterinarian [online], v. 28 n. 4, p. 226-234, 2006. Disponível em:

http://www.idexx.com/pubwebresources/pdf/en_us/smallanimal/education

/dx-acute-pancreatitis-in-dogs-032006compendium.pdf. Acesso em: 08

nov. 2009.

18. MURDOCH, D. B. Trato digestivo e glândulas anexas. In: CHANDLER,

E. A.; THOMPSON, D. J.; SUTTON, J. B. Medicina e terapêutica de

caninos. São Paulo: Manole, 1989. p. 411-452.

19. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos

animais. Rio de Janeiro: Guanabara & Koogan, 1998, 1084p.

20. PLUNKETT, S. J. Emergency procedures for the small animal

veterinarian. 2 ed. Philadelphia: Saunders, 2000. 574 p.

21. REECE, W. O. Fisiologia de animais domésticos. São Paulo: Roca,

1996. 351 p.

22. ROTUIZEN, J. Hepatopatias e Doenças do Trato Biliar. In: DUNN, J. K.

Tratado de Medicina Interna de Pequenos Animais. São Paulo: Roca,

2001. Cap. 38, p. 444-493.

23. SHAW, D.; IHLE, S. Small Animal Internal Medicine. Iowa: Blackwell,

2006. 630 p.

63

24. SILVA, A. P. A. Pancreatite Aguda em Cães. 2006. 124 f. Monografia

(Especialização em Clínica médica e cirúrgica de Pequenos Animais) –

Escola de Veterinária, Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro.

25. SIMPSON, K. W. Diseases of the Pancreas. In: TAMS, T. R. Handbook

of Small Animal Gastroenterology. 2 ed. Missouri: Saunders, 2003.

Cap.10, p. 353-369.

26. STEINER, J.M. Diagnosis of pancreatitis. Veterinary Clinics of North

America: Small Animal Practice [online], v. 33, p. 1181-1195, 2003.

Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14552167. Acesso

em: 10 nov. 2009.

27. TRIVIÑO, T.; LOPES FILHO, G. J.; TORREZ, F. R. A. Pancreatite

aguda: O que mudou?. Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva

(GED) [online], v. 21, n. 2, p. 69-76, 2002. Disponível em:

http://www.galenored.com/trabajos/archivos/203.pdf. Acesso em: 29 set.

2009.

28. VIANA, F. A. B. Guia Terapêutico Veterinário. 2 ed. Lagoa Santa:

CEM, 2007, 463 p.

29. WILLIAMS, D. A. Doença Pancreática Exócrina. In: ETTINGER, S. J.;

FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5 ed. Rio

de Janeiro: vol.2; Guanabara & Koogan; 2004. p. 1418-1439.

30. WILLIAMS, D. A. Doenças do Pâncreas Exócrino. In: DUNN, J. K.

Tratado de Medicina Interna de Pequenos Animais. São Paulo: Roca,

2001. Cap. 38, p. 494-521.

31. WINGFIELD, W. E. Veterinary Emergency Medicine Secrets. 2 ed.

Philadelphia: Hangley & Belfus, 2001. 504 p.

64

ANEXOS

Exames laboratoriais requeridos dia 08/09/09

QUADRO 3 - Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG

ERITROGRAMA

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Hemácias 6,16 5,5 – 8,5 x 1012/L

Hematócrito 42 36 – 56 %

Hemoglobina 14 12 - 18 g/dL

VCM 68,2 60 – 77 fL

HCM 22,7 19 – 23 g/dL

CHCM 33,3 32 – 36 pg

Eritoblastos 0 0 – 1,5 /100 leucócitos

Plaquetas 62* 200 – 900 X109/L

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009) *números que diferem dos valores de referência.

LEUCOGRAMA

RESULTADOS

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

REL ABS REL ABS REL ABS

Leucócitos 100 8900 100 6000 – 17000 % 103/mm3

Mielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Metamielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Bastonetes 1 89 0 - 3 0 – 510 % /mm3

Segmentados 92* 8188 60 - 77 3600 – 13090 % /mm3

Eosinófilos 0* 0* 2 - 10 120 – 1700 % /mm3

Basófilos 0 0 Raros Raro % /mm3

Linfócitos 3* 267* 12 - 30 720 – 5100 % /mm3

Linfócitos atípicos 0 0 0 0 % /mm3

65

Continuação...

Monócitos 4 356 3 - 10 180 – 1700 % /mm3

Plasmócitos 0 0 0 0 % /mm3

Blastos 0 0 0 0 % /mm3

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 4 - Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo Laboratório

de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária

da UFG

PESQUISA RESULTADO

Hematozoários ausente

Inclusão viral ausente

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 5 - Resultados do exame de bioquímica sanguínea, canino Kauê,

realizado pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da UFG

TESTES

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Creatinina 1,61* 0,5 – 1,5 mg/dl

ALT/TGP 560* 20 - 50 UI/L

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 6 - Resultados do exame de urinálise, canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG

EXAME FÍSICO

Exame Resultado Referência

Volume 10 ml 10 ml

Cor Amarelo citrino Amarelo citrino

Cheiro Sui generis Sui generis

Aspecto Turvo* Límpido

66

Continuação...

Depósito Intenso* Ausente

Densidade 1,050* 1,015-1,045

EXAME QUÍMICO

Exame Resultado Referência

Ph 6,0 5,0-7,0

Proteína +++* Ausente/traços

Glicose ++++* <40mg/dl

Corpos cetônicos Ausente Ausente

Urobilinogênio ++* <1mg/dL

Bilirrubina +++* Ausente

Hemoglobina +* Ausente

Nitrito Negativo Negativo

SEDIMENTOSCOPIA

Sedimentos Resultado Referência

Cél. renais Raras Raras

Cél. pélvicas Ausentes Raras

Cél. vesicais Raras Raras

Leucócitos (piócitos/campo) 10* <6

Hemácias / campo 10* <6

Filamentos de muco Ausente Ausentes

Microbiota bacteriana Moderada Normal

Espermatozóides Numerosos

SEDIMENTOSCOPIA

Sedimentos Resultado Referência

Cilindros hialinos Ausentes Ausentes

Cilindros granulosos Finos Vários* Ausentes

Cilindros granulosos Grossos Ausentes Ausentes

Cilindros outros Ausentes Ausentes

Cristais 1 Ausentes Ausentes

Cristais 2 Ausentes Ausentes

67

Continuação...

Cristais 3 Ausentes Ausentes

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

Exames laboratoriais requeridos dia 09/09/09

QUADRO 7 - Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG

ERITROGRAMA

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Hemácias 6,29 5,5 – 8,5 x 1012/L

Hematócrito 42,1 36 – 56 %

Hemoglobina 13,8 12 - 18 g/dL

VCM 66,9 60 – 77 fL

HCM 21,9 19 – 23 g/dL

CHCM 32,8 32 – 36 pg

Eritoblastos 0 0 – 1,5 /100 leucócitos

Plaquetas 78* 200 – 900 X109/L

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009) *números que diferem dos valores de referência.

LEUCOGRAMA

RESULTADOS

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

REL ABS REL ABS REL ABS

Leucócitos 100 9400 100 6000 – 17000 % 103/mm3

Mielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Metamielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Bastonetes 4* 376 0 - 3 0 – 510 % /mm3

Segmentados 82* 7708 60 - 77 3600 – 13090 % /mm3

Eosinófilos 0* 0* 2 - 10 120 – 1700 % /mm3

Basófilos 0 0 Raros Raro % /mm3

Linfócitos 10* 940 12 - 30 720 – 5100 % /mm3

Linfócitos atípicos 0 0 0 0 % /mm3

Monócitos 4 376 3 - 10 180 – 1700 % /mm3

68

Continuação...

Plasmócitos 0 0 0 0 % /mm3

Blastos 0 0 0 0 % /mm3

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 8 - Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo Laboratório

de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária

da UFG

PESQUISA RESULTADO

Hematozoários Ausente

Inclusão viral Ausente

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 9 - Resultados do exame de bioquímica sanguínea, canino Kauê,

realizado pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da UFG

TESTES

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Amilase 1830* 185 - 700 UI/L

Glicose 125* 60 – 110 mg/dl

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

Exames laboratoriais requeridos dia 11/09/09

QUADRO 10 - Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG

ERITROGRAMA

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Hemácias 4,91* 5,5 – 8,5 x 1012/L

Hematócrito 33* 36 – 56 %

Hemoglobina 10,8* 12 - 18 g/dL

VCM 67,2 60 – 77 fL

69

Continuação...

HCM 22 19 – 23 g/dL

CHCM 32,7 32 – 36 pg

Eritoblastos 0 0 – 1,5 /100 leucócitos

Plaquetas 99* 200 – 900 X109/L

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009) *números que diferem dos valores de referência.

LEUCOGRAMA

RESULTADOS

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

REL ABS REL ABS REL ABS

Leucócitos 100 12600 100 6000 – 17000 % 103/mm3

Mielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Metamielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Bastonetes 1 126 0 - 3 0 – 510 % /mm3

Segmentados 86* 10836 60 - 77 3600 – 13090 % /mm3

Eosinófilos 0* 0* 2 - 10 120 – 1700 % /mm3

Basófilos 0 0 Raros Raro % /mm3

Linfócitos 10* 1260 12 - 30 720 – 5100 % /mm3

Linfócitos atípicos 0 0 0 0 % /mm3

Monócitos 3 378 3 - 10 180 – 1700 % /mm3

Plasmócitos 0 0 0 0 % /mm3

Blastos 0 0 0 0 % /mm3

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 11 - Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo Laboratório

de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária

da UFG

PESQUISA RESULTADO

Hematozoários ausente

Inclusão viral ausente

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

70

QUADRO 12 - Resultados do exame de bioquímica sanguínea, canino Kauê,

realizado pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da UFG

TESTES

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Proteínas Totais Plasmáticas 5,4* 6 - 8 g/dl

Glicose 218* 60 – 110 mg/dl

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

Exames laboratoriais requeridos dia 15/09/09

QUADRO 13 - Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG

ERITROGRAMA

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Hemácias 4,44* 5,5 – 8,5 x 1012/L

Hematócrito 29,8* 36 – 56 %

Hemoglobina 9,2* 12 - 18 g/dL

VCM 67,1 60 – 77 fL

HCM 20,7 19 – 23 g/dL

CHCM 30,9* 32 – 36 pg

Eritoblastos 0 0 – 1,5 /100 leucócitos

Plaquetas 196* 200 – 900 X109/L

Obs.: hipocromia leve Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009) *números que diferem dos valores de referência.

LEUCOGRAMA

RESULTADOS

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

REL ABS REL ABS REL ABS

Leucócitos 100 13700 100 6000 – 17000 % 103/mm3

Mielócitos 0 0 0 0 % /mm3

71

Continuação...

Metamielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Bastonetes 5* 685* 0 - 3 0 – 510 % /mm3

Segmentados 77 10549 60 - 77 3600 – 13090 % /mm3

Eosinófilos 0* 0* 2 - 10 120 – 1700 % /mm3

Basófilos 0 0 Raros Raro % /mm3

Linfócitos 12 1644 12 - 30 720 – 5100 % /mm3

Linfócitos atípicos 0 0 0 0 % /mm3

Monócitos 6 822 3 - 10 180 – 1700 % /mm3

Plasmócitos 0 0 0 0 % /mm3

Blastos 0 0 0 0 % /mm3

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 14 - Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo Laboratório

de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária

da UFG

PESQUISA RESULTADO

Hematozoários Ausente

Inclusão viral Ausente

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 15 - Resultados do exame de bioquímica sanguínea, canino Kauê,

realizado pelo Laboratório de Análises Clínicas do Hospital

Veterinário da Escola de Veterinária da UFG

TESTES

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Creatinina 1,27 0,5 – 1,5 mg/dl

ALT/TGP 293* 20 - 50 UI/L

Amilase 462 185 - 700 UI/L

Glicose 121* 60 – 110 mg/dl

Proteínas Totais Plasmáticas 4,8* 6 - 8 g/dl

Fosfatase alcalina 3779* 20 - 150 UI/L

72

Continuação... Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 16 - Resultados do exame de urinálise, canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG

EXAME FÍSICO

Exame Resultado Referência

Volume 10 ml 10 ml

Cor Amarelo citrino Amarelo citrino

Cheiro Sui generis Sui generis

Aspecto Límpido Límpido

Depósito Ausente Ausente

Densidade 1,010* 1,015-1,045

EXAME QUÍMICO

Exame Resultado Referência

Ph 6,5 5,0-7,0

Proteína Ausente Ausente/traços

Glicose <40mg/dl <40mg/dl

Corpos cetônicos Ausente Ausente

Urobilinogênio Ausente <1mg/dL

Bilirrubina +* Ausente

Hemoglobina Ausente Ausente

Nitrito Negativo Negativo

SEDIMENTOSCOPIA

Sedimentos Resultado Referência

Células renais Algumas* Raras

Células pélvicas Ausentes Raras

Células vesicais Algumas* Raras

Leucócitos (piócitos/campo) 4 <6

Hemácias / campo 2 <6

73

Continuação...

Filamentos de muco Ausente Ausentes

Microbiota bacteriana Moderada Normal

Espermatozóides Ausentes

SEDIMENTOSCOPIA

Sedimentos Resultado Referência

Cilindros hialinos Ausentes Ausentes

Cilindros granulosos Finos Alguns* Ausentes

Cilindros granulosos grossos Ausentes Ausentes

Cilindros outros Ausentes Ausentes

Cristais 1 Ausentes Ausentes

Cristais 2 Ausentes Ausentes

Cristais 3 Ausentes Ausentes

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

Exames laboratoriais requeridos dia 25/09/09

QUADRO 17 - Resultados do hemograma, do canino Kauê, realizado pelo

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola

de Veterinária da UFG

ERITROGRAMA

RESULTADO

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

Hemácias 4,51* 5,5 – 8,5 x 1012/L

Hematócrito 30,2* 36 – 56 %

Hemoglobina 9,8* 12 - 18 g/dL

VCM 67 60 – 77 fL

HCM 21,7 19 – 23 g/dL

CHCM 32,5 32 – 36 pg

Eritoblastos 0 0 – 1,5 /100 leucócitos

Plaquetas 203 200 – 900 X109/L

Obs: hipocromia leve Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009) *números que diferem dos valores de referência.

74

LEUCOGRAMA

RESULTADOS

VALORES DE REFERÊNCIA

Canino Unidade

REL ABS REL ABS REL ABS

Leucócitos 100 3900* 100 6000 – 17000 % 103/mm3

Mielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Metamielócitos 0 0 0 0 % /mm3

Bastonetes 1 39 0 - 3 0 – 510 % /mm3

Segmentados 72 2808* 60 - 77 3600 – 13090 % /mm3

Eosinófilos 6 234 2 - 10 120 – 1700 % /mm3

Basófilos 0 0 Raros Raro % /mm3

Linfócitos 12 468* 12 - 30 720 – 5100 % /mm3

Linfócitos atípicos 0 0 0 0 % /mm3

Monócitos 9 351 3 - 10 180 – 1700 % /mm3

Plasmócitos 0 0 0 0 % /mm3

Blastos 0 0 0 0 % /mm3

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.

QUADRO 18 - Resultado de pesquisa, do canino Kauê, realizado pelo Laboratório

de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária

da UFG

PESQUISA RESULTADO

Hematozoários Ausente

Inclusão viral Ausente

Fonte: Hospital Veterinário/UFG (2009). *números que diferem dos valores de referência.