59
www.jufrabrasil.org 1

CNF - XI Caderno Nacional de Formação

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Está é a 11ª edição do Caderno Nacional de Formação da Jufra do Brasil!

Citation preview

www.jufrabrasil.org

1

www.jufrabrasil.org

2

www.jufrabrasil.org

3

www.jufrabrasil.org

4

SUMARIO

www.jufrabrasil.org

5

www.jufrabrasil.org

6

www.jufrabrasil.org

7

osso entrevistado desse XI Caderno

Nacional de Formação é Frei Volney

Berkenbrock, OFM, doutor em

Teologia na Alemanha e membro do

Conselho Diretor da Editora Vozes. Professor e

pesquisador da Ciência da Religião, esse frade esteve

conosco durante o Seminário Nacional em AE e

DHJUPIC, em Petrópolis, no mês de setembro,

partilhando sua experiência no diálogo inter-religioso.

Frei Volney, primeiramente é

um prazer ter você como

entrevistado desse Caderno de

Formação, assim como foi tê-lo

como professor. Fale-nos um

pouquinho sobre você e

também como surgiu esse

interesse pela Ciência da

Religião.

Sou nascido no interior de Santa

Catarina, na cidade de

Forquilhinha, de uma família

católica e que frequentava a

paróquia da localidade

conduzida pelos franciscanos.

Daí surgiu não só a admiração

por São Francisco, como

também o desejo de seguir esta

opção de vida. O contato mais

direto com outras tradições

religiosas surgiu durante o tempo

da Faculdade de Teologia, no

Instituto Teológico Franciscano.

Na disciplina Sociologia da

Religião, o professor nos

incentivou a conhecer outras

tradições religiosas e pela

primeira vez tive contato com

uma casa de Umbanda. Era um

mundo totalmente desconhecido

para mim até então: aquele

mundo de música, de dança, de

cores, de símbolos... Movido

parte pela curiosidade, parte pelo

interesse acadêmico, tive o

desejo de conhecer aquela

tradição. E iniciei então meus

estudos, sobretudo das tradições

religiosas afro-brasileiras, que

me levaram a escolher como

tema de doutorado a questão da

experiência religiosa no

Candomblé. Esse interesse não

cessou e lá se vão mais de 30

anos que estudo religiões. Este é

inclusive um dos pontos

importantes de meu trabalho

hoje: além de lecionar teologia

sistemática no Instituto

Teológico Franciscano de

Petrópolis, sou professor do

Programa de Pós-Graduação em

Ciência da Religião da

Universidade Federal de Juiz de

Fora, onde não apenas leciono,

mas acompanho muitas

pesquisas de mestrado e

doutorado nesta área de

pesquisas.

Dentro desse contexto, ainda

há dúvidas sobre a diferença

entre diálogo ecumênico e

inter-religioso. Você poderia

nos explicar esses conceitos?

Chama-se de diálogo ecumênico

aquele que acontece entre os

cristãos, membros de diversas

Igrejas. O cristianismo tem uma

base comum: a fé em Jesus

N

www.jufrabrasil.org

8

Cristo e o seguimento dos seus

ensinamentos que nos foram

transmitidos pelos textos

sagrados da Bíblia. Por isso se

trata de um diálogo entre pessoas

que tem um núcleo comum de fé,

com diferenças de interpretações.

Já o diálogo inter-religioso é

aquele que acontece entre

pessoas de religiões diferentes,

quer dizer, de tradições de fé

podem ter elementos em comum,

mas têm bases diferentes de fé.

Percebemos referências às

experiências de comunhão

inter-religiosas nos materiais

formativos, documentos e

orientações da Igreja, embora

ainda vivamos situações muito

claras de intolerância nesse

campo, assim como em tantos

outros, entre os católicos.

Como você vê isso?

Desde o Concílio Vaticano II, a

Igreja Católica apoia

oficialmente o diálogo inter-

religioso. Isto está no documento

conciliar Nostra Aetate. Também

no âmbito da Igreja Católica da

América Latina, os documentos

das últimas assembleias gerais

do episcopado (Santo Domingo,

1992 e especialmente Aparecida,

2007) são muito claros no apoio

ao diálogo inter-religioso. Da

mesma forma as Diretrizes

Gerais para a Igreja do Brasil

também apoia este diálogo.

Acontece, porém, que a maioria

de nós católicos fomos criados

com uma linguagem e atitudes

de combate ao religiosamente

diferente, seja a outras religiões,

seja a outras igrejas cristãs. Por

isso é também difícil mudar de

atitude. Há uma longa história de

falta de diálogo. Mas há por

outro lado uma história do

diálogo, que talvez não seja tão

longa, nem tão marcante, mas

que está aos poucos crescendo.

Enquanto franciscanos, essa

comunhão com irmãos de

outras denominações deve ser

muito expressiva para nós, já

que Francisco tinha um bilhete

de entrada com pacificidade e

paz em diferentes espaços,

como entre os muçulmanos.

Outro grande exemplo é o

Papa Francisco, que também

tem se mostrado muito aberto

a esse diálogo. Como você vê

esse engajamento franciscano e

quais os desafios para que as

bases (fraternidades locais)

assumam essa causa?

Francisco de Assis foi um

homem extraordinário em muitos

aspectos. Um deles é este do

encontro dele com os

muçulmanos, quando no ano de

1219 foi a Damieta, no Egito, em

pleno período de uma Cruzada,

para propor um pacto de paz.

Francisco foi recebido pelo

Sultão Malek al-Kamil, um

homem muito culto e piedoso.

Não temos nenhum registro das

conversas que tiveram. Mas só o

fato de Francisco ter sido

recebido por ele, ter dialogado e

ter o pobre de Assis recebido de

presente do sultão uma pequena

corneta feita de chifre

(instrumento simbólico da

liderança) demonstra o contato

positivo que tiveram. Francisco,

em sua vida, nunca escreveu uma

palavra sequer contra os

muçulmanos e isto é admirável

num tempo de guerra da

cristandade contra os sarracenos.

Pelo contrário, numa carta

escrita logo após a volta da

viagem ao Egito (Carta aos

governantes dos povos),

Francisco aconselha todos os

governantes a chamarem o povo

à oração, uma clara alusão ao

costume muçulmano da oração

cinco vezes ao dia. Essa proposta

de Francisco estaria, segundo

alguns historiadores, na origem

da oração do Angelus, na

tradição católica. Após a morte

de Francisco, o movimento

franciscano não manteve tão

forte a memória do diálogo dele

com o muçulmanos, como o fez

com outras características como

por exemplo a pobreza, a

representação do presépio, os

estigmas, etc. É importante, pois

que as comunidades

francisclarianas recuperem essa

memória dialogante de Francisco

de Assis. Num período em que o

Papa Francisco nos convoca a

“Igreja em saída”, quer dizer,

uma Igreja que vai ao encontro

das pessoas, é importante

recordar a atitude do Santo de

Assis de ter ido ao encontro do

outro.

www.jufrabrasil.org

9

A JUFRA está inserida em

realidades muito diversas,

tanto sociais quanto eclesiais.

Como dar o primeiro passo em

busca dessa aproximação de

forma fraterna e sensível,

criando laços e respeitando as

diferenças de cada um?

Não existe uma receita única

para o diálogo, dadas as

diferenças da realidade local.

Creio, no entanto, que o próprio

Francisco de Assis, no texto da

Regra Não-bulada, nos dá uma

orientação interessante. O

capítulo XVI desta regra trata da

missão (Aqueles que quiserem ir

para entre os sarracenos e outros

infiéis). Ali no texto que os que

forem em missão devem se

abster de rixas e discussões, ser

submissos a todos por causa do

Senhor e confessar que são

cristãos. A meu modo de ver,

Francisco sugere uma espécie de

método para o diálogo, em três

passos: 1º Abster-se de rixas e

discussões. Acho que diálogo

inter-religioso não deve começar

pelas discussões (sejam as de

briga, sejam as que querem

mostrar os pontos diferentes). O

diálogo deve começar pelo

humano: todos somos antes de

tudo humanos e só depois

membros de alguma religião.

Reconhecer o outro em sua

realidade humana, em suas

necessidades humanas, em sua

busca humana por dignidade, por

saúde, por sobrevivência, por

realização é para mim o primeiro

passo. Não há, pois um encontro

com o outro: há um encontro

com o humano. Esse acho que é

um bom começo possível para o

diálogo inter-religioso: o

engajamento por causas humanas

comuns. 2º Ser submissos a

todos por causa do Senhor. É

muito comum nas discussões

entre membros de religiões

diferentes, a busca pela religião

verdadeira (a questão da verdade

religiosa), pela religião que está

acima das outras. Francisco

indica o caminho inverso: ser

submisso a todos. Mas não uma

submissão por submissão, mas

sim “por causa do Senhor”.

Francisco tem muito claro que

Deus é o maior. A ele devemos

estar submissos. E Deus está

presente nos outros. Assim

sendo, devemos ser submissos.

Esta proposta de Francisco é sem

dúvida um grande desafio. Ela

parece, num primeiro momento,

um ceder, um não mostrar a

própria fé. Mas quem vive na

certeza de que está envolvido

pela presença de Deus, como

Francisco vivia, este não terá

medo de estar submisso a todos.

E assim pode realizar o

mandamento de Cristo: estar a

serviço. 3º E confessar que são

cristãos. O diálogo inter-

religioso não é um mecanismo

de escamotear a própria

convicção de fé. Por isso, o

terceiro passo que Francisco

sugere, me parece muito lógico:

o diálogo inter-religioso não é o

lugar de deixar sua fé de lado,

mas justamente viver a fé. E

viver a fé cristã não é confrontar

o outro, mas sim viver

cristãmente, quer dizer, cumprir

o maior mandamento, o do amor.

Agradecendo novamente sua

participação no nosso Seminário

Nacional e nessa entrevista,

pedimos que deixe uma

mensagem a toda a Juventude

Franciscana do Brasil.

Caminhar na esteira de Francisco

de Assis é um projeto de vida,

um desafio, uma realização, uma

inspiração para todas as

atividades. Não é um evento do

qual se participa de vez em

quando, num domingo ou fim de

semana! Sei que todos

provavelmente não serão

jufristas pelo resto da vida, mas

este período na Jufra é o de

aprender esse caminho e depois

trilhá-lo sempre. Paz e bem!

www.jufrabrasil.org

10

SUDESTE E CENTRO-OESTE

Entre os dias 17 e 19 de abril, na cidade de São Paulo/SP, realizou-se a

primeira edição das “Escolas de Formação em Ação Evangelizadora e

Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da

Criação”, acolhendo irmãos e irmãs dos

regionais das áreas Sudeste e Centro-Oeste. O

encontro contou com a colaboração do Serviço

Franciscano de Solidariedade (Sefras), e

também com os assessores Ana Carolina

Miranda (Secretária Nacional de Formação),

Igor Bastos (Secretário Nacional de DHJUPIC),

Maria Zélia Castilho e Moema Miranda (OFS e

membros do SINFRAJUPE) e Eduardo Brasileiro

(Coordenador de formação do SEFRAS e

Coordenador da PJ). Foram dias de intensa

formação, na construção do ideal franciscano,

tornando os jufristas mais preparados para atuarem

nessas duas secretarias nas realidades em que estão

inseridos.

NORDESTE A

A cidade de Fortaleza/CE foi sede da Escola de Formação da Área NE A entre os dias 24 e 26 de

abril. O encontro contou com a participação de cerca de 20 jovens dos regionais do Maranhão,

Ceará/Piauí e Rio Grande do Norte/Paraíba e contou com os assessores Mayara Ingrid (Secretária

www.jufrabrasil.org

11

Fraterna Nacional), Fr. Wellington Buarque, OFM (Assistente Espiritual Nacional), além do irmão Carlos

Tursi, professor de Teologia, que coordenou a análise de conjuntura sobre a realidade sociopolítica e

eclesial. A Escola foi bastante diversificada com momentos de mística, partilha de experiências vividas,

debates, exposição das realidades enfrentadas pelos nossos jufristas, discussões, projetos,

encaminhamentos, convívios e muita alegria compartilhada juntamente com os Frades Menores da

Paróquia Nossa Senhora das Dores e irmãos da Ordem Franciscana Secular.

SUL

A acolhedora cidade de Angelina/SC

foi sede da Escola de Formação da Área Sul

entre os dias 1 e 3 de maio. O encontro

contou com a participação de cerca de 30

jovens, vindos dos regionais do Paraná,

Santa Catarina e Rio Grande do Sul e contou

com os assessores Ana Carolina Miranda

(Secretária Nacional de Formação), Igor

Bastos (Secretário Nacional de DHJUPIC) e

Frei Flávio Guerra, OFM. Foram 3 dias de

mística, análise conjuntural, debates,

compromissos e convívio fraterno; o que

propiciou a partilha, o aprendizado e os

ânimos renovados dos participantes.

NORDESTE B

O histórico convento de São Francisco, situado no Pelourinho em Salvador/Bahia, sediou a Escola

de Formação em Ação Evangelizadora (AE) e Direitos Humanos, Justiça, Paz e Integridade da Criação

(DHJUPIC) da Área Nordeste B, que aconteceu entre os dias 1 e 3 de Maio de 2015. Estiveram presentes

cerca de 25 jovens que representaram as Fraternidades Regionais: Nordeste B1 (Pernambuco, Alagoas),

Nordeste B2 (Sergipe), Nordeste B3 (Bahia Norte) Nordeste B4 (Bahia Sul). A mesma contou com a

participação e colaboração dos Freis Dennys (OFM) e Elias (OFM) e assessoria dos irmãos Mayara Ingrid

e Washington Lima, do Secretariado Nacional. Já a assessoria na análise de conjuntura eclesial e social

ficou por conta do filósofo e pedagogo Ruben Siqueira. A escola proporcionou momentos importantes de

partilha e reflexões para a construção de metas para DHJUPIC e AE.

www.jufrabrasil.org

12

NORTE

Entre os dias 26 e 28 de junho de 2015, na casa da fraternidade

“Santa Clara” (OFS), na cidade de Belém/Pará, foi a vez da área Norte

da JUFRA do Brasil encerrar as

Escolas de Formação. O encontro teve

a presença dos irmãos Washington

Lima (Secretário Nacional de Ação

Evangelizadora) e Frei Wellington

Buarque (Assistente Espiritual

Nacional), além de Moema Miranda,

irmã da OFS e diretora do IBASE,

que fez a análise de conjuntura e

participou dos demais momentos

fortes dessa Escola. Os participantes

avaliaram muito positivamente, devido

à melhora da compreensão das

secretarias, assim como aproximação

entre os irmãos dos regionais.

www.jufrabrasil.org

13

exta-feira, 04 de

setembro, era uma

noite fria na cidade

de Petrópolis, mas para a

Juventude Franciscana do Brasil

era uma calorosa noite de

encontros e reencontros,

acolhemo-nos cheios de

expectativas e a alegria da

fraternidade já estava em meio a

todas e todos nós.

Representantes de todas as áreas

da JUFRA se faziam presentes.

Também estavam conosco

religiosas e religiosos de vários

carismas, assistentes espirituais e

animadores fraternos.

Com muita animação e

oração, demos início ao I

Seminário Nacional da

Juventude Franciscana em Ação

Evangelizadora e Direitos

Humanos, Justiça, Paz e

Integridade da Criação.

Colocamos nossos desejos para

este grande momento e pedimos

ao Altíssimo e Bom Senhor a

iluminação para estes

importantes dias em que

estaríamos definindo as

prioridades de ação para esses

serviços da Jufra. Mayara Ingrid,

nossa secretária fraterna

nacional, lembrou-nos que esse

momento era produto das

Escolas de Formação, que

aconteceram desde o início do

ano por todo o país, onde

havíamos recebido formação

para sermos as lideranças da

JUFRA para esse processo de

consolidação das secretarias de

AE e DHJUPIC, e que o sucesso

dele dependia exclusivamente de

nós, que trazíamos as vivências e

realidades de nossas regiões e

juventudes.

O Seminário foi repleto de

momentos marcantes: orações e

celebrações, reflexões de

temáticas, encontro com

diferentes religiões, discussões,

criação, mobilização e luta,

partilhas e animação. Momentos

estes que marcam a posição

assumida pela JUFRA do Brasil,

de constante diálogo, de busca

por uma vivência do Santo

Evangelho, inspiração para

irmos junto ao povo, junto aos

pequeninos e oprimidos de nosso

tempo, de cuidado e proteção

com nossa Mãe Terra e suas

criaturas.

A reflexão do tema de

nosso encontro: “Juventude, dai-

lhes vós mesmo o de comer!” era

um momento muito esperado.

Leonardo Boff, teólogo, escritor

e ambientalista de renome

mundial, foi o convidado para

essa missão. Ele nos falou da

responsabilidade e da esperança

que tínhamos e podíamos ser

para o mundo ao propormo-nos o

seguimento do carisma

franciscano. Disse-nos: “Não há

maior inspiração para a crise de

hoje que o carisma franciscano”.

Com grande maestria, falou da

conjuntura mundial, dos

paradigmas que regem nosso

mundo ocidental, da crise

ecológica que está prestes levar-

nos a um colapso, para então

falar-nos de aspectos

fundamentais, como o cuidado, a

opção preferencial pelos pobres,

a luta por justiça social, pois é

esta o oposto da pobreza e sendo

ela em termos teológicos um

pecado, afeta a Deus. Destacou a

posição de diálogo que devemos

ter em meio a tantos confrontos

que vivemos rodeados em nossa

sociedade, disse-nos que é esta a

estratégia franciscana por

excelência. No fim, após sua fala

e respostas às perguntas que

pudemos fazer a ele, ficou-nos a

grande mensagem de coragem e

esperança: “não devemos nunca

perder o sonho de que o mundo

pode ser diferente” e o desafio

de, como jovens franciscanos,

fazer nosso próprio caminho,

nossas próprias pegadas e

“atualizar as fontes e o carisma

franciscano”.

Outro momento de

reflexão importantíssimo se deu

como no movimento de uma

roda, cheio de interação, de idas

e vindas das falas. Com a “Roda

Viva”, metodologia que nos fez

girar por vários caminhos. Nós

refletimos sobre os eixos Justiça

e Paz, Integridade da Criação,

Missão e Diálogo inter-religioso,

através das provocações

advindas da vida e experiência

de nossos assessores externos:

Moema Miranda, irmã da OFS e

da executiva do Sinfrajupe,

falando-nos da Integridade da

Criação e da Natureza como

habitat de Deus e nossa missão

de manutenção e cuidado dela;

D. Terezinha Alves, animadora

do Santuário de Canindé e

missionária, partilhando sua

experiência de missão e

apontando-nos aspectos

fundamentais para essa prática;

Frei Volney Berkenbrock, OFM,

doutor em Candomblé, que

destacou importantes questões

para iniciar e efetuar o diálogo

inter-religioso e Frei Evaristo

Splenger, OFM, missionário

numa comunidade na Baixada

Fluminense, que partilhou os

S

www.jufrabrasil.org

14

desafios da realidade dessa

comunidade.

Foi passada a mensagem

que Justiça e Paz, Integridade da

Criação, Missão e Diálogo inter-

religioso são como ações que

para alcançarmos devemos nos

despir de nossos preconceitos,

das posturas impositivas, da

valoração de nossa posição ou

modo de vida como melhor que

a do outro, numa atitude de

cuidado e ternura, para acolher o

outro e a diferença que está em

cada um. Para alcançá-la

devemos manter também um

olhar atento para enxergar a vida

em todas as criaturas e lutar pela

manutenção da dignidade de

cada uma delas, sejam humanas

ou não. Entendemos que a

Evangelização também se faz em

todas estas ações e que faz parte

da atitude cristã assumir

plenamente estas ações em

nossas vidas.

Um pequeno momento de

diálogo inter-religioso aconteceu

no sábado. O budista e estudioso

Miguel Barredo esteve conosco

partilhando sua visão e

experiência religiosa, abordando

aspectos de sua crença. Exaltou

nosso encontro, para ele uma

“mandala”, encontro que nos

torna mais criativos e que nos

coloca em conexão e o espaço

aberto para sua presença. Falou

da importância da meditação

silenciosa como alternativa à

constante necessidade de ser

ativo, de estar em estado de

agitação, imposta pela sociedade.

Ensinou-nos que o simples parar

e concentrar na respiração leva-

nos a um profundo encontro

conosco mesmo e nos desliga da

correria e tensões do dia a dia.

Os principais

encaminhamentos a serem

alcançados nesse encontro eram

a definição das prioridades e

pistas de ação para as secretarias

de AE e DHJUPIC que

conseguimos chegar após um

longo processo. Das Escolas de

Formação, ficou-nos a missão de

trazer para o Seminário a

realidade social e eclesial de

nossas regiões e, a partir delas,

foram construídos mapas que

nos espelhavam como a

Juventude Franciscana percebia

os contextos à sua volta,

contrapondo ao relato de onde

elas estavam inseridas dentro

dessa realidade. Essa estratégia

de análise deu base para

escolhermos dentre as pistas de

ações apontadas e sugeridas por

nós naquelas Escolas as

prioridades a serem seguidas

nacionalmente. Foram

prioridades e pistas de ação

porque pela grande diversidade

de realidades cada fraternidade e

regional escolhe e adapta a que

lhe couber melhor. As

prioridades escolhidas foram as

Questões Hídricas, a Ecologia

Integral, a Articulação de

Parcerias para unir as forças no

caminho da paz e da justiça

(dentro da Secretaria de

DHJUPIC) e o diálogo

Ecumênico e Inter-religioso, a

Promoção Vocacional, a

Dimensão Bíblico litúrgica e

pastoral e o estudo da Evangelli

Gaudium (para a Secretaria de

AE).

Nossos momentos de

oração foram de profunda

mística e espiritualidade. A

Palavra de Deus e o Crucifixo

estiveram sempre ao centro

como luzes para nossos passos.

Recordamos a vida e as pessoas

que nos apontam a vivência do

Evangelho. Celebramos na Santa

Eucaristia, o mistério Pascal, a

recordação da vitória de Vida

sobre a morte e do Amor

incondicional de Cristo por nós.

O Seminário foi encerrado

com uma Caminhada pela Paz,

levando cartazes, faixas e através

de intervenções artísticas

gritamos pelas ruas de Petrópolis

nossas causas, nossos desejos e

anseios, por um mundo de Paz,

Amor e Justiça, onde haja

seguridade dos direitos humanos,

da mulher e do homem,

educação e oportunidade de vida

à nossas jovens e jovens, a

trabalhadora e ao trabalhador

terra, teto e trabalho, no campo e

na cidade, onde não haja o

progresso que destrói a vida,

onde não haja sua

mercantilização.

Unidos a representantes de

outras religiões, budistas e

islâmicos, celebramos a vida e a

paz. A irmã água, tão simbólica

para todos nós e para todas as

religiões, foi abençoada e nos

abençoou. Trazida de todas as

regiões do país foi posta num

único odre, somada à água da

chuva que Deus fez cair sobre

nós, juntando Ele mesmo um

pouquinho às nossas águas.

Neste ato simbolizamos a união,

a criação, a fonte da vida. Como

ela que resiste “pura, humilde e

casta”, assim também devemos

permear o mundo, sendo fonte

de vida, humildemente levando a

mensagem do Evangelho de

Cristo.

www.jufrabrasil.org

15

www.jufrabrasil.org

16

De Frei Antônio Moser

té há poucas décadas,

tudo parecia tranquilo

em relação à posição

da Igreja Católica

quanto à família. Voltava-se

sempre ao refrão: “A família é a

base da sociedade”. Ademais, ou

o casal cumpria todos os

trâmites jurídicos e eclesiásticos,

casando-se na Igreja, ou era tido

como casal que, no mínimo,

vivia em situação especial. Para

certos setores da Igreja também não havia dúvida quanto à condição moral desses

casais: viviam em pecado.

Dois fatos alteraram esse quadro e levantaram mais interrogações do que

respostas prontas. O primeiro deles remete para o último levantamento do IBGE

no tocante ao quadro familiar brasileiro, que sinalizou a existência de quase vinte

modalidades diferentes de viver como casal e como família. Em outros termos:

não caberia nem mais o “singular”, mas impõe-se o plural: famílias, e para usar

uma expressão do Papa Francisco: “Quem somos nós para julgar a condição das

pessoas diante de Deus?”.

O segundo fato que balançou as convicções mais tranquilas, mesmo no seio

da Igreja Católica, remete para o posicionamento surpreendente do Papa

Francisco também no que se refere ao matrimônio e à família. Para começar,

enviou a todos que quisessem receber, um questionário abordando os mais

diversos aspectos da vida afetiva e sexual, perguntando como essas realidades

eram vivenciadas e recebidas no círculo de sua convivência. Também foi

estruturado um “Instrumento de trabalho” em preparação ao Sínodo de Bispos

que deverá ocorrer agora em outubro em Roma. Há uma percepção geral de que

esse sínodo será bem diferente de outros que o precederam, no sentido de a

palavra estar aberta a quem quiser se pronunciar.

Claro que os temas mais candentes remetem para homens e mulheres que

não contraem vínculo oficial, nem civil nem religioso: divorciados, recasados,

uniões homoafetivas, batismo de filhos que nascem fora do contexto considerado

ideal, batismo de filhos de divorciados, de recasados, de casais homoafetivos...

Enfim, tantas são as interrogações que certamente irão exigir não só muitas

discussões, como, sobretudo, muita humildade para que ninguém queira emitir

julgamentos morais categóricos, uma vez que a complexidade humana é tamanha

que só a Deus cabe um juízo definitivo.

Texto extraído do site: http://www.antoniomoser.com/

A

www.jufrabrasil.org

17

“A criação alimenta a esperança de ser, ela também, liberta

da escravidão da corrupção, para participar da liberdade e da

glória dos filhos de Deus. Até agora, toda a criação geme e

sofre dores de parto“ (Rm 8,20-22).

m ocasião da divulgação da

encíclica Laudato Si’, dirigida aos

homens de boa vontade, no texto a

seguir trataremos de alguns pontos

importantes e reflexões sobre a proposta da

carta

A Igreja Católica já publicou 298

encíclicas no decorrer dos últimos séculos,

ambos documentos retratam posições da

Igreja sobre assuntos chave nos mais

diversos contextos históricos, sociais,

econômicos e políticos. A encíclica é uma

forma antiga de correspondência entre o

clero, os bispos enviavam frequentemente cartas a outros bispos para assegurar a

unidade entre a doutrina e a vida eclesial quando a Igreja ainda estava surgindo.

Considerada como a primeira encíclica da história, a carta circular "Urbi

primum", foi assinada por Bento XIV em 1740, tratava sobre a função dos bispos.

Apenas com Gregório XVI (1831-1846), o termo encíclica tornou-se de uso geral.

A palavra ‘encíclica’ vem do grego e significa ‘circular’.

Quando tratam de questões sociais, econômicas ou políticas, são dirigidas,

normalmente, não só aos católicos mas também a todos os homens e mulheres de

boa vontade, prática iniciada pelo Papa João XXIII com a sua encíclica ‘Pacem in

terris’ (1963). A encíclica é usada pelo Papa para exercer o seu magistério

ordinário, ou seja, o ensinamento dos Bispos do mundo inteiro concordes entre si

sobre artigos de fé e de Moral.

Depois de dois anos de ser anunciado como Bispo de Roma, o Papa

Francisco lançou oficialmente, no dia 18 de junho de 2015, a sua segunda Carta

Encíclica, a “Laudato Si’: sobre o cuidado da casa comum”. A encíclica "Laudato

si'" [Louvado sejas] do papa Francisco, apresenta 184 páginas e seis capítulos e

acrescenta uma nova contribuição à doutrina social da Igreja ao citar vários textos

de conferências episcopais sobre o tema do meio ambiente, bem como destacar

em sua Carta a contribuição do Patriarca Bartolomeu.

Dedicada aos “homens de boa vontade” a “Laudato Si’” veio num momento

mais que propício para o mundo. Período de mudanças ambientais e sociais que

requer pensamentos assim como a proposta do papa. O próprio anúncio dela foi

um sinal, quando o assunto foi abordado pelo patriarca Bartolomeu. O cuidado

com a nossa casa comum, começa também pela nossa casa comum, o corpo.

E

www.jufrabrasil.org

18

Francisco valoriza as palavras dos Papas que

o antecederam, como é o caso de Bento XVI, de

quem reitera a proposta de “eliminar as causas

estruturais das disfunções da economia mundial e

corrigir os modelos de crescimento que parecem

incapazes de garantir o respeito do meio

ambiente”. No texto, o papa se dirige a “cada

pessoa que habita neste planeta”, para “entrar em

diálogo com todos sobre a

maneira como estamos

construindo o futuro do

planeta”. Desse modo, ele

convida a todos a unir-se na

busca de um

desenvolvimento sustentável

e integral.

A encíclica, de modo

especial para nós

franciscanos, propõe como

modelo inspirador S.

Francisco de Assis, de quem

se aprende como são “inseparáveis a preocupação

pela natureza, a justiça para com os pobres, o

empenhamento na sociedade e a paz interior”; e

“requer abertura para categorias que transcendem a

linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos

põem em contato com a essência do ser humano”.

“Se nos aproximarmos da natureza e do meio

ambiente sem esta abertura para a admiração e o

encanto, se deixarmos de falar a língua da

fraternidade e da beleza na nossa relação com o

mundo, então as nossas atitudes serão as do

dominador, do consumidor ou de um mero

explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr

um limite aos seus interesses imediatos. Pelo

contrário, se nos sentirmos intimamente unidos a

tudo o que existe, então brotarão de modo

espontâneo a sobriedade e a solicitude”.

E dentro desta proposta mística, o Papa

Francisco enfatiza: “o mundo é algo mais do que

um problema a resolver; é um mistério gozoso que

contemplamos na alegria e no louvor”. A proposta

central da encíclica permeia sobre “o desafio de

proteger a nossa casa comum” o que para o Papa

“inclui a preocupação de unir toda a família

humana na busca de um desenvolvimento

sustentável e integral”. Para tanto, propõe um

“debate que nos una a todos, porque o desvio

ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas

dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”

Trata-se de um apelo por uma “nova solidariedade

universal”.

Entre as várias ponderações

sobre a carta, destaca-se a proposta

de reconciliação do ser humano com

a natureza. Tendo-a como igual.

O nome Laudato Si’ faz

menção ao cântico das criaturas

composto por São Francisco de Assis

pouco antes de sua morte. Quando

São Francisco o compôs, já havia

passado por todo o processo de

conversão e tendo uma vida humilde

e fiel aos propósitos de Cristo, nota-

se nas palavras do jovem Santo que

ele consegue reencontrar um caminho antes

perdido pela humanidade, o caminho do Éden, o

jardim do qual Adão e Eva foram expulsos, o

paraíso.

O contato constate com a natureza é

imprescindível na conversão de São Francisco de

Assis e faz parte da essência da espiritualidade

franciscana, pois tendo-a como igual, como irmã,

tão valiosa quanto a vida de qualquer outro ser

humano, Francisco tem uma vida simples e

humilde, usufruindo da irmã terra somente o que

ela oferece e o que lhe é necessário, ele se torna um

servo da natureza, um jardineiro e cuidadoso

irmão. Encontra a face de Deus manifestada em

cada criatura em um grande mistério de fé.

É necessário ir além de uma leitura e estudo

da carta Laudato Si’. As pospostas nela contidas

devem refletir diretamente em atitudes de vida,

todos devem se reconhecer agentes de mudanças e

parte importante de um processo de reconciliação

com a natureza. Pois toda a criação alimenta a

esperança de ser liberta para participar da glória

dos filhos de Deus.

● ● ●

Entre as várias

ponderações sobre a carta,

destaca-se a proposta de

reconciliação do ser

humano com a natureza.

● ● ●

www.jufrabrasil.org

19

"Saiamos ao encontro das pessoas e estendamos a mão, não

as descartemos!" Dom Leonardo Ulrich Steiner

m dos assuntos mais relevantes do

ano de 2015 no Brasil é a polêmica

PEC 171/93, que visa à redução da

maioridade penal. De acordo com a

CNBB, “trata-se de um tema de extrema

importância porque diz respeito, de um

lado, à segurança da população e, de outro,

à promoção e defesa dos direitos da criança

e do adolescente. É natural que a

complexidade do tema deixe dividida a

população que aspira por segurança. Afinal,

ninguém pode compactuar com a violência, venha de onde vier”. E como a Jufra

se posiciona diante do assunto?

A Juventude Franciscana do Brasil, através do Manifesto de Repúdio à

Aprovação da PEC 171 e à Redução da Maioridade Penal, posiciona-se contra a

redução, pois acredita, entre outras coisas, que “o Brasil, ao estabelecer a

maioridade penal aos 18 anos, cumpre com importantes compromissos

internacionais, como o Pacto de Beijiing para a Infância e a Juventude e o Pacto

de Direitos Humanos de São José da Costa Rica. Com isso, encontra-se na

vanguarda da defesa dos direitos da criança e do adolescente: 79% dos países que

adotam a maioridade penal aos 18 anos possuem o IDH – Índice de

Desenvolvimento Humano – considerado “alto” ou “muito alto” (1).

Reduzir a maioridade penal não significa frear ou reduzir os índices de

violência. De acordo com a reflexão de Chico Alencar, mestre em Educação, a

taxa dos homicídios foi o que mais cresceu, somos o 6º país do mundo em

matança de jovens e a nossa juventude, vulnerável, muito mais morre do que

mata! Além de que o sistema penitenciário nacional não ressocializa ninguém,

mas, ao contrário, é uma escola de criminalidade. Vale destacar que as crianças

que estão nos bancos escolares, dificilmente irão para os bancos dos réus, pois

uma educação pública, democrática e de qualidade é passaporte para o futuro.

Quem é agredido desde que nasceu tende a reagir, embrutecer-se para enfrentar

uma realidade brutal. É preciso que o artigo 227 da nossa Constituição desça do

papel para a vida real, para políticas públicas continuadas. Ele diz: “É dever da

família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,

COM ABSOLUTA PRIORIDADE, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à

educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à

liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-lo a salvo de

toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e

opressão”.

U

www.jufrabrasil.org

20

Além disso, A CNBB nos alerta que “se

aprovada a redução da maioridade penal, abrem-se

as portas para o desrespeito a outros direitos da

criança e do adolescente, colocando em xeque a

Doutrina da Proteção Integral assegurada pelo

ECA. Poderá haver um “efeito dominó” fazendo

com que algumas violações aos direitos da criança

e do adolescente deixem de ser crimes como a

venda de bebida alcoólica, abusos sexuais, dentre

outras. A comoção não é boa conselheira e, nesse

caso, pode levar a decisões equivocadas com danos

irreparáveis para muitas crianças e adolescentes,

incidindo diretamente nas famílias e na sociedade.

O caminho para pôr fim à condenável violência

praticada por adolescentes passa, antes de tudo, por

ações preventivas como educação de qualidade, em

tempo integral; combate sistemático ao tráfico de

drogas; proteção à família; criação, por parte dos

poderes públicos e de nossas comunidades

eclesiais, de espaços de convivência, visando a

ocupação e a inclusão social de adolescentes e

jovens por meio de lazer sadio e atividades

educativas; reafirmação de valores como o amor, o

perdão, a reconciliação, a responsabilidade e a

paz”.

Além deste posicionamento oficial, tanto da

Jufra quanto da CNBB, podemos resgatar também

a história de Francisco de Assis para nos trazer um

pouco de luz. A famosa passagem contada em

Fioretti marca o encontro do Santo de Assis com

um lobo que estava tirando a paz e causando medo

na população de Gúbio e a atitude de Francisco nos

ajuda a esclarecer nosso papel como franciscanos e

discernir sobre nossa postura diante dos eventos

atuais.

"Francisco resolveu sair ao encontro daquele

lobo, foi até a situação do outro, sozinho e

desarmado. Percebeu que a culpa não poderia ser

unicamente do lobo e, com o coração repleto de

amor, lhe diz: Querido irmãozinho lobo, vou fazer

um trato com você! De hoje em diante, vou cuidar

de você meu irmão! A cidade vai lhe dar comida,

já que, por culpa das pessoas, a floresta não lhe

oferece mais o alimento necessário. Você vai entrar

em minha casa e vou lhe dar comida e seremos

sempre amigos! Você por sua vez, também será

amigo de todas as pessoas desta cidade, pois de

agora em diante você terá acolhimento, comida e

carinho, sendo assim, não precisará mais matar

nem agredir ninguém, para sobreviver...”

Francisco não acoberta as maldades e

violências do lobo, mas mostra de que forma deve

agir, vê nele um irmão e a possibilidade de

construir novas relações entre ele e a cidade,

buscando também com que os moradores

refletissem sobre seu papel e sua contribuição, uma

mudança de postura, evitando um pré-conceito e

criando uma consciência de compromisso com o

outro. Nisto está o grande mérito de Francisco e o

convite a adotarmos uma atitude semelhante.

Francisco busca entender o lobo, não o condena.

Além disso, apresenta ao lobo e à cidade uma

proposta, atribuindo-lhes papéis e tarefas, dando-

lhes oportunidades.

Diante da reflexão feita até aqui, resgatamos

o compromisso assumido na Carta de

Guaratinguetá: “QUEREMOS SER testemunhas

autênticas da identidade franciscana, nos

comprometendo a vivenciar a fé nas atitudes

cotidianas e concretas de humildade e caridade, à

luz da evangélica opção pelos pobres e oprimidos.

Sendo assim, reafirmamos ser presença desafiadora

na sociedade, inserindo-nos no meio popular e

assumindo-o, através da relação entre fé e vida,

celebração e compromisso, humanidade e

tecnologia. Queremos debater, articular e

desenvolver trabalhos onde se faça ecoar nossa voz

para denunciar todas as formas de opressão e

injustiça, e participar das lutas para a construção de

uma nova sociedade, a Civilização do Amor,

baseada na prática da Justiça Social e da promoção

da Paz.”

Rogamos a Deus para que permaneçamos

fiéis aos nossos compromissos e à nossa opção de

viver o Evangelho à luz de Francisco e Clara,

buscando agir de modo coerente com nosso sonho

de amor e fraternidade universal.

Paz e Bem!

www.jufrabrasil.org

21

De Eduardo Hoornaert.

cada ano fica mais claro

que as dimensões da

figura de Helder Câmara

ultrapassam as funções

que ele ocupou na vida,

especificamente a função de

arcebispo católico de Olinda e

Recife. A cada ano se ressalta mais

seu valor universal, para além da

diocese, da Igreja do Brasil, do

catolicismo e mesmo do cristianismo

em geral.

O primeiro a enxergar isso, 15

anos atrás, foi o escritor e dirigente

comunista francês Roger Garaudy.

No livro ‘Helder, o Dom’ editado

pela Vozes em 1999 e coordenado por Zildo Rocha, ele escreve textualmente:

‘Meu primeiro encontro com Dom Helder foi o momento mais importante de

minha vida’ (p. 29). Não se escreve uma frase dessas à toa. Ela resume uma vida

inteira. Ele explica: ‘em 1967, eu estava participando de um encontro em Genebra

e, no intervalo de uma das sessões, alguém me procurou para dizer: um arcebispo

o espera no corredor´. Era Helder Câmara, que logo tomou a palavra e propôs ao

dirigente comunista um pacto: você diz aos comunistas que religião nem sempre é

alienação e eu digo aos católicos o socialismo não é algo condenável. Num de

seus escritos, Helder Câmara comentou esse momento com as seguintes palavras:

‘eu sentia que no essencial Roger Garaudy e eu pensávamos da mesma maneira’.

Um dirigente comunista e um arcebispo católico pensam da mesma maneira! Isso

não é sinal de universalismo? E o texto de Garaudy termina com as seguintes

palavras: ‘Graças a Dom Helder Câmara, o muçulmano que sou e o marxista que

não deixei de ser consideram Jesus o eixo central de minha vida’ (p. 31).

Esse episódio mostra que, já em 1967, Helder Câmara era capaz de

transcender o cargo que exercia para enxergar um horizonte mais amplo, o da

humanidade como um todo. O mesmo Roger Garaudy, num de seus livros, tinha

soltado um grito, dirigido às igrejas cristãs: ‘Devolvam-nos Jesus: Ele nos

pertence’. Jesus é do mundo, não das igrejas. E penso que por trás do encontro

entre ele e Helder se pode ouvir um grito parecido, dirigido à igreja católica:

“Devolvam-nos Helder Câmara, ele nos pertence.”

É o grito silencioso da bandeira do Movimento dos Sem Terra estendida

sobre o caixão de Helder Câmara no dia de seu enterro.

Não, não podemos prender Helder Câmara nas nossas instituições. Como

discípulo fiel de Jesus de Nazaré, Helder Câmara pertence ao mundo. Não é bom

que suas mensagens fiquem apenas circulando dentro de uma determinada

A

www.jufrabrasil.org

22

organização. Jesus e Helder: pássaros de voo livre,

que não podem ficar presos numa gaiola, por

dourada que seja.

Pode parecer um tanto ousado o que digo

aqui, mas corresponde perfeitamente ao que nós,

seus colaboradores, presenciamos diversas vezes

no convívio com Helder Câmara. Pessoalmente

trabalhei durante quase 17 anos

com ele, desde sua posse em

1964 até a minha saída do clero

em 1980. Sempre tive a

impressão de que a igreja era

para ele um trampolim para a

sociedade. Um palanque, um

microfone, uma tela de TV, uma

difusora. Isso tanto é verdade que

a publicidade foi seu maior

escudo contra as ameaças de

morte que recebia. Ele só não foi

morto porque temia-se a

repercussão da morte de um

bispo famoso. Escapou pela

publicidade em vez de fugir na

clandestinidade.

Quero comentar com vocês que numa

determinada ocasião ele realmente nos

surpreendeu. Numa tarde, parece que foi nos

inícios dos anos 1970 ou no final dos anos 1960,

ele nos chama para o Palácio dos Manguinhos. Uns

vinte padres, mais ou menos. Aí ele começa a dizer

que a igreja católica não tem a projeção que

merece: o mundo oriental tem Gandhi, os Estados

Unidos têm Martin Luther King, mas a igreja

católica não tem nenhuma figura que represente o

que ela está realmente fazendo neste momento.

Fiquei sem saber o que pensar dessas palavras, pois

naquele tempo eu não tinha capacidade de perceber

o real alcance delas. Pensei: ele está se

comparando a Gandhi e Martin Luther King, isso é

muito atrevimento. Só depois de sua morte em

1999, cheguei a compreender o real alcance da

comparação daquela tarde nos Manguinhos. Hoje,

entendo que Helder Câmara efetivamente figura

como um símbolo universal,

comparável a Gandhi, Martin

Luther King e, para falar nos

termos de hoje, Mandela. São

personagens que por assim dizer

delineiam figuras que

representam o que há de mais

humano no pensamento de uma

época, cultura, continente, país,

agrupamento humano. São

figuras universais, já desligadas

da trajetória concreta de suas

vidas. Elas tornam-se símbolos

universais: independência e

verdade (a Satyagraha de

Gandhi), superação do racismo

(Mandela), opção pelo pobre (Helder Câmara).

Hoje vejo claramente que, naquela tarde nos

Manguinhos, Helder não estava afirmando sua

personalidade, mas revelando uma profunda

intuição política, uma visão do âmago das

questões. Se, naquela época, a desenvoltura com

que Helder falou de grandes figuras da história me

causou certo espanto, era, no fundo, porque

naquele tempo eu não tinha a maturidade para

pensar em Helder Câmara. Só consegui pensar em

Dom Helder. É foi isso, afinal, que me impediu de

enxergar a grandeza de suas colocações.

Texto na íntegra: http://www.cefep.org.br/helder-camara-um-homem-universal

● ● ●

Hoje, entendo que Helder

Câmara efetivamente

figura como um símbolo

universal, comparável a

Gandhi, Martin Luther King

e, para falar nos termos de

hoje, Mandela.

● ● ●

www.jufrabrasil.org

23

“Que pode fazer aquele estudante, aquele jovem, aquele militante,

aquele missionário que atravessa as favelas e os paradeiros com o

coração cheio de sonhos, mas quase sem nenhuma solução para os

meus problemas? Muito! Podem fazer muito. Atrevo-me a dizer

que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas

mãos, na vossa participação como protagonistas nos grandes

processos de mudança nacionais, regionais e mundiais. Não se

acanhem!” - Papa Francisco

urante os dias 7, 8 e 9

de julho de 2015, em

Santa Cruz de la

Sierra, aconteceu o

Segundo Encontro Mundial do

Papa Francisco com os

Movimentos Populares. Depois

de quase um ano do primeiro

encontro ocorrido em Roma, a

Bolívia foi o local escolhido

para “debater os melhores

caminhos para superar as graves

situações de injustiça que

padecem os excluídos em todo

o mundo”. Mais de 1.500 delegados de diversos movimentos populares do mundo

inteiro, junto a dezenas de bispos e agentes pastorais, participaram de três dias de

reuniões, análises e debates sobre os problemas sociais e ambientais que eclodem

no mundo. A JUFRA do Brasil foi representada por Maria Aparecida Brito (São

Paulo), Elson Matias (Paraíba) e Igor Bastos (Minas Gerais).

No início de seu discurso, o Papa Francisco reforçou a necessidade de uma

mudança urgente e necessária no mundo. Segundo ele, não podemos ser

coniventes com uma sociedade que há tantos camponeses sem terra, tantas

famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua

dignidade; uma sociedade que produz tantas guerras sem sentido e faz com que a

violência se banalize e se torne parte do nosso cotidiano; uma sociedade que

ameaça o solo, a água, o ar e toda a criação em nome de um crescimento que

exalta o valor econômico e descarta o valor da vida e a dignidade humana.

E reforça: Precisamos e queremos uma mudança. Uma mudança real, uma

mudança de estruturas. Devemos reconhecer que há um elo invisível que une cada

uma das exclusões e injustiças presentes em todo o mundo. Devemos reconhecer

que essas realidades destrutivas correspondem a um sistema que se tornou global

e impõe a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na

destruição da natureza.

D

www.jufrabrasil.org

24

Devemos ressaltar a

importância de uma colaboração

real, permanente e

comprometida da Igreja com os

movimentos populares.

Segundo Francisco, é uma

alegria ver a Igreja com as

portas abertas a todos que se

envolvem, acompanham e

conseguem sistematizar em

cada diocese, em cada comissão

de Justiça e Paz, a união com as

organizações sociais das

periferias urbanas e rurais. Este

é o segredo: organizar, unir as

forças e promover alternativas

humanas à globalização da exclusão. Devemos ser

semeadores desta mudança no nosso cotidiano,

caminhando junto com os movimentos populares

na busca diária dos “3 T”: TRABALHO, TETO,

TERRA.

Temos também três grandes tarefas que são

transversais e essenciais para promovermos as

mudanças necessárias: a primeira tarefa é pôr a

economia ao serviço dos povos. A segunda é unir

os nossos povos no caminho da paz e da justiça. Já

a terceira tarefa, e talvez a mais importante que

devemos assumir hoje, é defender a Mãe Terra.

Devemos assumir essas

tarefas comuns motivados pelo

amor fraterno, levando no coração

todos aqueles que sofrem. Todos

aqueles que têm sua vida marcada

pela injustiça e também pela

esperança. “Como a Virgem

Maria, uma jovem humilde de uma

pequena aldeia perdida na

periferia de um grande império,

uma mãe sem teto que soube

transformar um curral de animais

na casa de Jesus com uns pobres

paninhos e uma montanha de

ternura. Maria é sinal de

esperança para os povos que

sofrem dores de parto até que brote a justiça.”

O futuro da humanidade está nas nossas

mãos. Na nossa capacidade de nos organizarmos e

também na nossa participação como protagonistas

nos grandes processos de mudanças nacionais,

regionais e mundiais. Que possamos viver o

carisma franciscano à luz do Evangelho na

construção de um mundo mais justo e fraterno,

sendo promotores e promotoras da globalização da

esperança, que nasce dos povos e cresce entre os

pobres.

● ● ●

Devemos ser semeadores

desta mudança no nosso

cotidiano, caminhando

junto com os movimentos

populares na busca diária

dos “3 T”: TRABALHO,

TETO, TERRA.

● ● ●

www.jufrabrasil.org

25

nicio este texto com um

pensamento de Paulo Freire,

grande pedagogo brasileiro do

século XX, eterna referência

para todos os educadores do nosso

país e todos os que, de certa forma,

contribuem com a formação de seres

humanos: “Não é no silêncio que os

homens se fazem, mas na palavra, no

trabalho, na ação-reflexão”. Fazendo

uma analogia com nosso trabalho

enquanto “formadores” de nossas

crianças e adolescentes numa

perspectiva cristã, franciscana e

humana vejamos o quanto essas

palavras têm a nos dizer.

Não podemos negar que os irmãos das fraternidades de Infância, Micro e

Mini Franciscanos, mesmo ainda muito pequenos, estão sim inseridos em

diversas realidades do nosso país e, por que não, da Igreja: situações de pobreza

extrema, racismo, preconceito entre religiões, exploração de menores, trabalho

escravo, falta de zelo com o meio ambiente, preconceito de qualquer espécie,

ausência de trabalho missionário dos cristãos, dentre outras. Podemos nos

perguntar: Ora, isso é assunto para as crianças ou adolescentes da IMMF? Claro

que sim! É fundamental, antes de qualquer coisa, compreendermos que nós

somos mediadores do carisma franciscano e do ideal franciscano de vida para

nossos irmãos e irmãs menores e

é por isso que precisamos zelar

para incutir neles, desde

pequenos, a importância que

cada pessoa tem no mundo

como agente de mudança das

realidades que vive ou pelo

menos lutar para isso aconteça.

Pode ainda surgir outro

questionamento: Como é que

vou conversar sobre assuntos

críticos com uma criança ou

um adolescente? Simples, na

linguagem deles! Não precisa

chocá-los com palavras duras,

mas usar o jeito de falar deles

I

www.jufrabrasil.org

26

para mostrar que o mundo em que

vivemos é por vezes muito injusto

e que nós, como cristãos e

franciscanos, podemos e devemos

tentar fazer alguma coisa para

transformar essa realidade, pois

assumimos um compromisso

como jufristas na Carta de

Guaratinguetá: “QUEREMOS

SER testemunhas concretas no

ambiente onde estivermos

inseridos, com tudo aquilo que a

nossa espiritualidade implica:

alegria, serviço, compromisso e

fraternidade. Enquanto Juventude

Franciscana, comprometemo-nos

em oferecer uma forma de

vivência cristã para os outros jovens, tendo como

opção preferencial evangélica aqueles

marginalizados e excluídos. Como JUFRA,

necessitamos estar onde a juventude se faz

presente, se utilizando de todos os meios

disponíveis para anunciar o Evangelho a partir de

nossa opção de vida.” Ora, se nos propomos a

oferecer isso a todos os tipos de juventudes, quanto

mais aos nossos irmãos menores da IMMF que se

não forem os jufristas do

amanhã, algo que muito

incentiva nosso trabalho, serão

pessoas novas para o mundo

novo, seres humanos melhores

para um mundo melhor.

Os trabalhos e materiais

dentro da nossa secretaria já têm

proposto algumas reflexões e

ações para as fraternidades de

Infância, Micro e Mini

Franciscanos (Jornada de

Direitos Humanos para IMMF,

Quaresma com Encontros sobre

a Campanha da Fraternidade e

suas temáticas, etc.), no entanto é

fundamental ouvirmos os apelos

de Nosso Senhor que diz: “Avancem para águas

mais profundas.” (Lucas 5,4) para que tenhamos

irmãos e irmãs das fraternidades de IMMF

conscientes do mundo onde vivem e do seu papel

enquanto pequenos franciscanos nele: refletir sobre

a realidade para entendê-la e buscar uma forma de

mudá-la ou de conscientizar as pessoas para tal.

● ● ●

QUEREMOS SER

testemunhas concretas no

ambiente onde estivermos

inseridos, com tudo aquilo

que a nossa espiritualidade

implica: alegria, serviço,

compromisso e

fraternidade.

● ● ●

www.jufrabrasil.org

27

A comunicação e os meios midiáticos

na fraternidade local

"É importante a atenção e a presença da Igreja no mundo da

comunicação, para dialogar com o homem de hoje e levá-lo ao

encontro com Cristo: uma Igreja companheira de estrada sabe

pôr-se a caminho com todos.” (Mensagem do Papa Francisco para

o 48.º Dia Mundial das Comunicações Sociais)

xiste um certo boato no

meio juvenil que diz “em

terra de WhatsApp,

qualquer ligação é prova

de amor”. Essa afirmação

torna-se conclusiva quando

percebemos ser normal

encontrar um jovem com vários

perfis em redes sociais, seja no

Twitter, Tumblr, Facebook,

Instagram, Viber, Imo,

Telegrama ou afins, e que dificilmente sai de casa para realizar atividades como:

visita aos familiares, saída com os amigos, exercícios físicos e atividade extras.

Pode parecer, a priori, que essa relação não haja sentido, mas hoje a maior

dificuldade é dialogar com essa “disputa social” de quem mais possui redes

sociais e, ao mesmo tempo, menos encontros pessoais.

Ser perfil de internet significa ter vários amigos/seguidores também da

internet, desses que, como eu, de vez em quando despejam tudo que estão

pensando e questionando num texto público, com timing acidentalmente

impecável. Nos últimos meses, no entanto, venho percebendo que ocorre um

fenômeno curioso entre esses jovens: parecemos estar em total sintonia, com

questionamentos parecidos e complementares, e todos sobre medo, sobre

relacionamentos, sobre joguinhos e sobre não se abrir para o outro. Todos tão

parecidos, mas estranhamente diferentes.

Nós jovens parecemos não compreender o que acontece, mas a cada dia que

passa adotamos novos meios de comunicação e nos deixamo-nos tornar reféns

dessa necessidade de se fazer presente e assíduos. Com isso, naturalmente,

pecamos no chamado pessoal de “encontrar-se cada vez mais com o outro e a

realidade do outro”. De forma que o presencial e o digital se tornam um só. Os

meios midiáticos que, felizmente, podem “oferecer maiores possibilidades de

encontro e de solidariedade entre todos” (Papa Francisco), não nos permite o

toque, o abraço, o olho no olho, o sentir-se próximo e junto, mas ainda sim nos

faz conhecer da realidade mais distante. Entretanto, cabe a nós sabermos

esclarecer as diversas realidades, e que próximas por fios digitais, infelizmente,

nem sempre estão com a mesma intensidade e veracidade.

E

www.jufrabrasil.org

28

Vivemos, como Igreja, um momento único

de aprender com a simplicidade da comunicação

em que o autor é o nosso Santo Padre, Papa

Francisco. A cada instante ele se comunica

conosco através de gestos, geralmente se

desapegando do comum e “simplicissimamente”

deixando o essencial se fazer maior: seus atos, sua

postura, sua forma de falar, sua entonação, seu

sorriso espontâneo, seu passo largo e manso, sua

delicadeza.

A maior dificuldade nos

dias de hoje é fazer a nossa

mensagem ser compreendida

com a mesma verdade em que

foi produzida. Diante de um

momento tão cheio de pressa,

tendências, críticas, correntes,

sinônimos e informações,

muitas vezes ficamos reféns

do que a massa midiática nos

oferece; massa essa em que

somos sujeitos e objetos, de

forma que nosso cotidiano real

e virtual é invadido e, como

resultado, vemos jovens cada vez mais antissociais,

desprovidos de senso crítico saudável e indispostos

a prática daquela que ainda é a melhor forma de

comunicação: a cultura do encontro.

Nós, jovens franciscanos, devemos estar

certos de que precisamos cada vez mais ser

presentes às necessidades alheias e que, em nossas

fraternidades locais, o que deve reinar é a

operadora do encontro, do abraço, do conselho

presencial, do ouvir com paciência, do estar e do

ser... Obviamente que não só na fraternidade local,

mas na extensão da nossa missão eclesial. Não se

evangeliza somente atrás de computadores ou

celulares. Precisamos estar certos de que eles são

meios, mas o instrumento somos nós, de corpo e

alma presentes sempre que possível for.

Quando analisamos nossa vivência fraterna,

percebemos que nossas

maiores chateações

estão relacionadas à má

interpretação do que

falamos ou fizemos.

Percebamos, também,

que isso vem se

tornando um problema

constrangedor por,

corriqueiramente,

acontecer via

WhastApp. É sabido

por nós, inclusive, que algumas provocações são

frutos de desgastes pessoais e que muitas vezes são

levados para a discussão em fraternidade.

Cabe aqui, portanto, uma reflexão maior

sobre o poder que a rede social tem sobre nós, bem

como sobre o pouco cuidado que estamos tendo ao

cuidar do outro, pessoalmente, e de suas

necessidades.

Ao longo da história de cada fraternidade

local, quantos problemas difíceis

foram serenamente resolvidos?

Quantas vezes, conseguimos trazer

de volta o convívio aquele irmão

que não mais frequentava a Jufra?

Quantas memórias não temos de

reuniões, encontros e visitas feitas e

que nos custaram noites acordados,

produzindo, discutindo, brigando,

mas também aprendendo um com

outro, conhecendo um pouco do

outro e ajudando muito?

Quando fazemos essas

reflexões pessoais e/ou em

fraternidade, percebemos que o elo

entre elas é o diálogo, esse feito em sua melhor

forma presencial, e que ampara calorosamente

qualquer necessidade fraterna ou grupal. Não

podemos esquecer que a essência da fraternidade é

o convívio e que esse deve ser feito de forma

presencial. Que a boa comunicação é a real e que é

impossível viver em fraternidade local se, devido

ao tempo e afazeres pessoais, estamos

digitalizando tudo, inclusive nossas reuniões,

encontros, eventos, partilhas do evangelho, práticas

sociais, etc.

Pensando nisso tudo, em fraternidade,

vejamos 5 pontos simples de como melhorar nossa

comunicação: 1 - Evitar só falar, tornar-se

disponível a escutar o que o irmão tem a falar,

especialmente quando esse necessitar. 2 - Ouvir o

que o irmão fala com verdadeira atenção. Essa é a

parte mais importante

da comunicação. Não

interromper quem

fala. Escutar para

entender. Caso não

entenda o que o irmão

diz, pergunte. 3 - Falar

de forma clara e

objetiva. Eliminar as

más palavras, o

sarcasmo e a falta de

respeito que deturpam

● ● ●

A maior dificuldade nos

dias de hoje é fazer a nossa

mensagem ser

compreendida com a

mesma verdade em que foi

produzida.

● ● ●

www.jufrabrasil.org

29

a mensagem e deixa o irmão na defensiva. Falar

sempre de maneira respeitosa, com cuidado e

serenidade. 4 - Aceitar as críticas. Não se colocar

na defensiva. Mesmo que não seja fácil escutar o

que os irmãos dizem é importante que você

entenda o que ele pensa ou sente. Somente assim

você poderá verdadeiramente resolver o problema.

Ser irmão é ter essa liberdade também. 5 - Aceitar

as diferenças. Para viver em fraternidade é preciso

aceitar o que cada irmão vê e como cada irmão é.

Se não for possível chegar a um acordo, ao menos

é possível chegar a um entendimento mútuo e

respeitoso.

Nesse sentido está também nossa Igreja, em

um discurso sobre o Diálogo e cultura do encontro

para uma nação inclusiva, o Papa Francisco adverte

que "o diálogo não é fácil" e exige de nós "a

cultura do encontro; um encontro que sabe

reconhecer que a diversidade não somente é boa,

mas necessária", e deste modo, o ponto de partida

nunca pode ser "o outro está equivocado". Não

devemos temer ou ignorar os conflitos resultantes

da cultura do encontro, "mas aceitar, suportar o

conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de

ligação de um novo processo", "numa unidade que

não cancela as diferenças, mas vive-as em

comunhão por meio da solidariedade e da

compreensão". A base do encontro, é que todos

somos irmãos, filhos de um mesmo Pai celestial" e

cada um, com sua cultura, língua, tradições, "tem

muito para dar à comunidade". As verdadeiras

culturas "são chamadas a encontrarem-se com

outras e criar novas realidades". (Rádio vaticano).

Claramente, o sentido do texto nos propõe

uma reflexão rasa do tema. Em fraternidade,

reflitamos todos os perigos e benefícios que os

meios midiáticos podem oferecer na erradicação da

nossa fé e como propagadores da cultura da paz e

do bem!

Por fim, já animados pela Festa de nosso Pai

Seráfico, o tomemos como exemplo quando

tivermos de compreender o momento em que

necessitamos largar os inúmeros meios sociais que

nos unem, para vivermos de fato uma

espiritualidade mais clara e perceptível.

Intercedei por nós, Nossa Senhora

Aparecida!

www.jufrabrasil.org

30

“Os seres humanos e a natureza não devem estar ao serviço do

dinheiro. Digamos NÃO a uma economia de exclusão e

desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta

economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a

mãe terra.” (Papa Francisco, no II Enc. Mundial de Movimentos

Populares em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia)

ivemos tempos de reflexão e

debate sobre questões

sociais, políticas e

econômicas. Inquieta-nos a

tal crise política e/ou econômica,

onde o Brasil e o mundo estão

inseridos e padecendo. As pessoas

parecem não compreender o que

acontece, são muitas informações e

para associá-las dentro da realidade

ficamos no senso comum ou apáticos

aos acontecimentos. Como resultado vêm as propostas de ajustes fiscais e de

direitos, aumento do custo de vida, inflação, desemprego, aumento da violência e

conflitos.

Agrava-se a crise social, como a forte imigração de países da África e

Oriente Médio para Europa principalmente, pessoas fugindo em busca de uma

vida digna. Muitas vezes fugindo para que possam ter uma vida. No entanto,

mesmo sendo direito humano, estão sendo excluídos e impedidos de entrar em

determinados países.

Nesse mesmo tempo, o Papa Francisco divulga a encíclica “Laudato Si’ -

sobre o cuidado da casa comum”, trazendo para a Igreja e a sociedade a discussão

sobre as consequências da ambição humana, que, por uma cobiça desenfreada,

acaba por induzir direta ou indiretamente variadas crises que vemos acontecer.

Soma-se nesse contexto a crise climática.

“A política e a economia tendem a culpar-se reciprocamente a respeito da

pobreza e da degradação ambiental. Mas o que se espera é que reconheçam os

seus próprios erros e encontrem formas de interação orientadas para o bem

comum. Enquanto uns se afanam apenas com o ganho econômico e os outros são

obcecados apenas por conservar ou aumentar o poder, o que nos resta são

guerras ou acordos espúrios, onde o que menos interessa às duas partes é

preservar o meio ambiente e cuidar dos mais fracos. Vale aqui também o

princípio de que “a unidade é superior ao conflito”. (Papa Francisco - trecho

da Encíclica “Laudato Si’”)

Apesar de não ser um tema novo no debate mundial, quando falamos do

cuidado, da preservação do meio ambiente, da biodiversidade, pensa-se na

natureza como um reservatório de recursos econômicos que poderá ser explorado.

Ou seja, cuidemos para que possamos explorar daqui a pouco. Não se considera o

V

www.jufrabrasil.org

31

valor real das coisas, o

significado para as pessoas e

as culturas, os interesses e as

necessidades dos pobres.

Dessa maneira os que mais

sofrem são os mais fracos.

“Uma verdadeira abordagem

ecológica sempre se torna uma

abordagem social, que deve

integrar a justiça nos debates

sobre o meio ambiente, para

ouvir tanto o clamor da terra

como o clamor dos pobres’,

diz o Papa Francisco.

Nesse emaranhado de

questões, nós, jovens franciscanos, estamos aptos a

questionar, unir e transformar. Afinal, em tempo

acontecem as Escolas de Formação e o Seminário

Nacional em AE e DHJUPIC. Como inspira nosso

ideal de vida, colocamo-nos como

agentes transformadores, mas que

inclusive precisam transformar-se.

Uma mudança real, mudança

profunda de estruturas é o que o

Papa Francisco estimula, sem

acanhamento numa conversão

sincera das atitudes e do coração.

“Lutar contra o individualismo, a

ambição, a inveja e a ganância que

se aninham em nossa sociedade e

muitas vezes em nós mesmos...

Trabalhar para erradicar o

consumismo e a cultura do

desperdício.” É preciso olhar para o

cuidado com a natureza, a defesa dos pobres, a

melhoria da qualidade de vida das pessoas. Afinal

tudo está interligado, chamado também de ecologia

integral.

Claro que não só com as finanças, mas com

toda a vida fraterna e também pessoal dos jufristas.

Como está sendo a nossa mudança no estilo de

vida? Acredito que o diálogo é mais amplo, porém

vamos fazer algumas provocações para que

possamos compreender melhor.

Pensemos um pouco nessas questões:

Tenho aderido à cultura do desperdício dos

recursos naturais (alimentação, água, gás,

petróleo...)? Estou consumindo o que é necessário

ou opto pelo supérfluo, comprando coisas que não

vou utilizar, ou trocando, por exemplo, aparelhos

eletrônicos, roupas ou adereços influenciados pela

moda? Gastando mais do que tenho e sem pensar

no irmão, na mãe terra?

Como está sendo a economia da fraternidade,

ou seja, como estão sendo aplicados os recursos

que conseguimos e partilhamos? Essa questão não

é apenas de como “arrecadamos” os recursos

financeiros para nossas atividades como

fraternidade, mas também de como estamos

utilizando esse recurso. Tão importante como

“arrecadar” o uso desse recurso é importante

também pensar no bem comum, em prioridades.

● ● ●

Uma mudança real,

mudança profunda de

estruturas é o que o Papa

Francisco estimula, sem

acanhamento numa

conversão sincera das

atitudes e do coração.

● ● ●

www.jufrabrasil.org

32

Pesquisar para que não haja um gasto

desnecessário ou supérfluo. É preciso entender o

objetivo da economia na fraternidade. Não para

“acúmulo”, mas para que seja colocado em

benefício comum e sem exageros. Na simplicidade

e desapego.

A realidade de cada fraternidade em várias

regiões do Brasil mostra que temos muitas

dificuldades financeiras, inclusive na vida pessoal.

Isso não devemos ignorar. Mas a opção de vida que

estamos dispostos a viver – fraternidade - abre

caminho para a partilha. Sendo assim, o caixa da

fraternidade é a união do pouco de cada um

colocado em comum para o desempenho das

atividades da Jufra em âmbito local, regional e

nacional.

Quando pensamos na economia, tanto na

vida pessoal quanto na vida da fraternidade,

devemos pensar no contexto histórico que

vivemos. É preciso mudar, superar e lutar contra o

consumismo exagerado, o individualismo, contra a

cultura do desperdício. Que cada ação nossa está

imersa numa ecologia que integra toda sociedade e

o meio ambiente.

São Francisco de Assis, que alegremente

festejamos nesse mês, deu seu testemunho de vida

simples e de despojamento. Apesar de parecer que

fazemos pouca coisa, digamos SIM, é possível

mudar mesmo nas pequenas coisas, mudar a

consciência, as atitudes. Façamos a nossa parte

como jovens franciscanos e demos testemunho.

Que São Francisco rogue a Deus por todos

nós e, claro, pelo Papa Francisco!

“O cuidado da natureza faz parte dum estilo de vida que implica capacidade de viver juntos e

de comunhão. Jesus lembrou-nos que temos Deus como nosso Pai comum e que isto nos torna

irmão. O amor fraterno só pode ser gratuito, nunca pode ser uma paga a outrem pelo que

realizou, nem um adiantamento pelo que esperamos que viesse fazer”. (Papa Francisco -

trecho da encíclica – Laudato Si’ – cuidado da casa comum)

www.jufrabrasil.org

33

Aos nossos irmãos e irmãs no Serviço da Assistência Espiritual...

esolvemos iniciar

o nosso texto com

um convite! E este

convite (bem

como o próprio texto), desta

vez, é dirigido aos/às

irmãos/ãs que assumem

conosco, direta ou

indiretamente, o serviço da

Assistência Espiritual:

voltemos o nosso olhar para

os nossos jovens – em

particular a nossa Juventude

Franciscana – buscando

percebê-los e entendê-los como sujeitos de atuação eclesial e social. Para isso,

queremos partir do pressuposto de que buscar ter esse ‘olhar’ requer de nós uma

pergunta que acreditamos ser fundamental e indispensável: “Como podemos

entender a participação e atuação da juventude de hoje, consideradas a partir do

nosso entendimento de compromisso e de ação pastoral?”. Indo mais a fundo,

“qual ‘modelo’ de Igreja e qual entendimento sobre nossa presença no mundo

devem nortear a nossa ação na Igreja e na sociedade?”.

Numa tentativa de responder a essas perguntas que apresentamos, queremos

começar olhando para o atual contexto de Igreja e de sociedade em que vivemos...

Um contexto que nos traz muitos desafios e confrontos, como também muitas

esperanças: na sociedade, um sistema político e econômico que não é capaz de

responder às necessidades humanas mais básicas; uma economia de mercado cada

vez mais centralizada no lucro e no consumo e, por isso mesmo, excludente; taxas

crescentes de migração entre os povos que já configura um novo êxodo mundial e

uma nova miscigenação cultural e ideológica nunca vista antes; na Igreja se vê

novos ares: um Papa que nos conclama a irmos às periferias da existência

humana, que se abre ao novo, que transmite com gestos simples atitudes

profundamente humanas e evangélicas, que acolhe a todos indistintamente e que

quebra estruturas antes rígidas e ‘imutáveis’, sinais de uma igreja em saída, que

preza pela misericórdia e não pela punição, mais samaritana, mais do serviço, da

escuta, da abertura ao diálogo. Tudo isso vivido em meio a um tempo de

mudanças rápidas e substanciais que interferem na nossa visão de mundo, no

nosso modo ser, de nos relacionarmos com as outras pessoas, no nosso modo de

estar na Igreja e na sociedade.

R

www.jufrabrasil.org

34

Em meio a tudo isso, como não

pensar no modo de ser Igreja, sem

que nos deixássemos questionar até

que ponto nossa atuação pastoral e

evangelizadora consegue de fato

penetrar nas realidades humanas mais

gritantes e urgentes? Diante de uma

Igreja que se vê aberta ao novo e

desejosa de repensar seu ‘ser no

mundo e para o mundo’, insistimos

em acreditar que nossa presença e

nosso serviço junto aos jovens podem

e devem, hoje mais do que nunca, ser

um sinal concreto do Evangelho e de

seus valores, bem como os

encarnaram em suas vidas Francisco e Clara de

Assis.

Uma preocupação que muito tem nos

acompanhado – e por que não dizer, angustiado – é

o fato de que muitos jovens, entre esses inclusive

jufristas, têm se mostrado contrários a um jeito de

ser Igreja que o Francisco de Assis abraçou e que é

re-abraçado hoje pelo Francisco de Roma, que não

diz respeito a uma visão de ser Igreja senão aquela

assumida por amor à pobreza do Cristo

Crucificado-Ressuscitado de São Damião. Esse

mesmo Cristo que nos convida a olharmos a

realidade à nossa volta para transformá-la,

reconstruí-la, restaurá-la, e que nos convida a um

anúncio explícito e testemunhal do Evangelho,

reafirmado por uma simplicidade de vida e pela

flexibilidade das normas e ritos frente aos

diferentes apelos sociais e eclesiais e aos diversos

desafios pastorais que a Igreja tem enfrentado.

Preocupa-nos ver muitos jovens que ainda

hoje se prendem a tantas estruturas, normas e

rubricas que colocam a letra

acima do Espírito, sufocando as

iniciativas de ousada e

transformadora criatividade que o

mesmo Espírito suscita na Igreja

hoje; jovens que se atêm ao

rigorismo de certas estruturas

eclesiológicas estéreis e que são

reflexo de um modelo de Igreja

inconsequente, que não

corresponde mais aos anseios do

homem moderno, com suas atuais

angústias e conflitos, e que

termina por não se abrir às

necessidades pastorais e

missionárias da Igreja de hoje!

Enquanto assistentes, como

irmãos e irmãs que somos,

enquanto nos dispomos a fazer

junto aos nossos jufristas um

caminho de discipulado e de

crescimento, somos chamados e

chamadas a nos fazermos hoje

verdadeiros/as companheiros/as

de caminhada que refletem

junto com nossos jufristas, à luz

da Palavra de Deus, a vida e as

diferentes situações que

compõem a realidade à nossa

volta. Sintamo-nos chamados e

chamadas a fazer a experiência

de Emaús, do Cristo que

caminha conosco, que nos explica as Escrituras,

que parte o pão para nós, que nos anima em meio

às noites escuras de nossa jornada, mesmo em

meio às desesperanças e frustrações que nos

tomam conta ao longo do caminho! Chamados/as a

essa experiência, acolhamos o convite do Senhor

de nos colocarmos a caminho e de nos sentarmos à

mesa, para partilharmos da vida e dos sonhos que

devem sempre estar vivos e pulsantes em todos

nós. Sejamos faróis de esperança nas noites escuras

da história, capazes de apontar saídas e

perspectivas quando a dor do desencantamento

bater à porta do coração de nossa juventude!

Fazer essa experiência significa nutrir uma

busca constante de ser uma presença realmente

qualitativa, cuja qualidade é pautada por um

coração dilatado pelo amor a Cristo e a causa do

seu Evangelho e na escuta paciente e serena, capaz

de levar o/a jovem a refletir a sua vida e seu

sentido, a realidade à sua volta e sua missão de

acolher essa realidade, com todas as contradições

que ela apresenta, e assumir

transformá-la, inserindo-se nas

diversas situações onde o

Evangelho precisa ser

testemunhado. E onde houver

situações contrárias ao

Evangelho e, portanto, à vida,

que precisam ser questionadas,

denunciadas, enfrentadas,

possamos juntos assumir um

novo jeito de ser igreja, e que

exige de nós atitudes e

posicionamentos concretos

diante da vida, dentro da própria

igreja e na sociedade, onde ela

indispensavelmente está

presente!

● ● ●

E onde houver situações

contrárias ao Evangelho e,

portanto, à vida, que

precisam ser questionadas,

denunciadas, enfrentadas,

possamos juntos assumir

um novo jeito de ser

igreja...

● ● ●

www.jufrabrasil.org

35

Há pouco a JUFRA do Brasil vivenciou seu

primeiro Seminário Nacional sobre AE e

DHJUPIC. Durante seu processo de construção e

realização, tivemos a oportunidade de acompanhar

esse tempo forte de questionamentos e descobertas

diante do longo caminho que ainda precisa ser

percorrido. Oportunidade também de constatarmos

que ainda precisamos dar muitos passos. Com esse

Seminário, A JUFRA do Brasil e sua Assistência

Espiritual reafirmam o que expressamos na Carta

de Guaratinguetá, reafirmando assim “a JUFRA

que queremos ser”, com nosso jeito próprio de ser

Igreja e estar no mundo.

Abraçando as causas dos homens e mulheres

de hoje, em particular das juventudes em suas

diversas expressões, enquanto companheiros/as de

caminhada que querem trilhar juntos os caminhos

do Senhor – uma verdadeira Koinonia, queremos

nos comprometer a construir a igreja que foi

abraçada por Francisco de Assis e tão desejada e

explicitada pelo Papa Francisco!

Ao acolher esse forte apelo do Papa

Francisco de ser uma ‘Igreja em saída’, a

Juventude Franciscana do Brasil se reconhece

agora diante de um grande convite, que é o de

lançar-se em meio a tantas novas situações-

desafios mapeadas e traçadas como possibilidades

de presença. Que a nossa Juventude Franciscana

seja essa presença em meio a essas realidades. Que

nós, assistentes, sejamos também essa presença,

desejosos/as de somar nessa grande e bela aventura

que é viver o Evangelho, encarnado no chão

concreto de nossa realidade latino-americana.

Como assistentes, queremos assumir com nossos

jovens o projeto do Evangelho, tal como a JUFRA

do Brasil hoje o entende e o quer abraçar e viver!

Que o bom Deus nos ajude nessa caminhada.

O Senhor nos dê a paz! Paz e bem!

www.jufrabrasil.org

36

sabido de todos que a Ordem

Franciscana Secular do Brasil

esteve reunida em Capítulo

Nacional Eletivo no último mês de

agosto, na cidade de Castanhal, Pará,

para eleger os novos irmãos que

conduzirão - no triênio 2015-2018 - as

atividades da Fraternidade Nacional,

servindo incansável e minoriticamente

aos irmãos franciscanos seculares do

Brasil.

O Ministro, principal responsável por conduzir e animar a caminhada do

Conselho Nacional segundo as Constituições Gerais da OFS, deve ser o primeiro

a colocar-se em disponibilidade para servir e "lavar os pés dos irmãos" (Regra

não bulada, cap. 6), tendo sido eleito para o mencionado serviço, neste Capítulo

Nacional, o irmão Vanderlei Suélio Gomes (GO).

Foram eleitos, ainda, para servir ao Conselho Nacional os seguintes irmãos:

Maria José Coelho, Vice-Ministra; Marúcia Conte, Coordenadora de Formação;

Aluísio Victal, Tesoureiro; Mayara Ingrid, Secretária; Antônio Benedito,

Assessor Jurídico; Jucilene Caldas, coordenadora da Área Norte; Paulo Gomes,

coordenador da Área Nordeste A; Ebevaldo Nascimento, coordenador da Área

Nordeste B; Luiz Mendes, coordenador da Área Centro Oeste; Antônio Júlio,

coordenador da Área Sudeste; e Devanir Reis, coordenador da Área Sul.

Vale destacar que além da eleição dos Conselheiros Nacionais, o capítulo

marcou um significativo momento de encontro para profundas trocas de

experiências das diversas realidades existentes em nossos regionais, além de

propiciar prazerosos momentos de convivência fraterno-franciscana regados ao

Carimbó paraense.

Aproveitando a

oportunidade de reunião de toda

a Ordem Franciscana Secular do

Brasil, lançamos oficialmente a

"Cartilha para Animação

Fraterna", documento que tem

por fundamento a Resolução

emanada do Congresso Nacional

da JUFRA do Brasil realizado em

Santa Maria/RS, em

fevereiro/2013.

É

A alegria de celebrar um capítulo

e ver a JUFRA eleita

como prioridade do triênio 2015-2018

para a OFS do Brasil!

www.jufrabrasil.org

37

A "Cartilha para Animação Fraterna" é um

material organizado metodologicamente para

estudo e compreensão de tudo que diz respeito aos

documentos que regulam as relações entre OFS e

JUFRA, tendo sido elaborado com o auxílio de

diversos Animadores Fraternos que trouxeram ao

documento suas experiências com o serviço

prestado à Juventude Franciscana.

É fundamental que nossas fraternidades de

JUFRA estimulem as fraternidades de OFS e seus

animadores fraternos no contato com a "Cartilha

para Animação Fraterna", utilizando-a não só como

material de consulta, mas também de estudo e

vivência.

Reforçando esse pedido, a Assembleia Geral

reunida no último Capítulo Nacional da OFS do

Brasil fixou, como de costume, três prioridades a

serem assumidas no próximo triênio 2015-2018,

estando entre elas uma especial atenção destinada à

JUFRA.

Para tanto, fora recomendado que a "Cartilha

para Animação Fraterna" fosse estudada nos

próximos três anos como material de formação

permanente, podendo o subsídio ser encontrado

tanto no site da JUFRA quanto da OFS do Brasil.

É de se aproveitar este momento em que

todos os franciscanos seculares do Brasil voltam

seus olhos à JUFRA e se debruçam sobre a

"Cartilha para Animação Fraterna", para que

também os jufristas se esforcem em melhor

compreender a relação com a OFS, estreitando os

laços de fraternidade.

Que Deus envie seu Santo Espírito a todas as

fraternidades que de coração aberto se mostrarem

dispostas ao estudo e vivência das orientações

contidas na "Cartilha para Animação Fraterna",

tudo para que prevaleça a comunhão e o estreito

relacionamento já vivenciado pela Ordem

Franciscana Secular do Brasil e a Juventude

Franciscana do Brasil. Paz e Bem a todos!

www.jufrabrasil.org

38

www.jufrabrasil.org

39

Contatos – Formadores Regionais

www.jufrabrasil.org

40

www.jufrabrasil.org

41

www.jufrabrasil.org

42

www.jufrabrasil.org

43

www.jufrabrasil.org

44

www.jufrabrasil.org

45

www.jufrabrasil.org

46

www.jufrabrasil.org

47

www.jufrabrasil.org

48

www.jufrabrasil.org

49

www.jufrabrasil.org

50

www.jufrabrasil.org

51

www.jufrabrasil.org

52

www.jufrabrasil.org

53

www.jufrabrasil.org

54

www.jufrabrasil.org

55

www.jufrabrasil.org

56

www.jufrabrasil.org

57

www.jufrabrasil.org

58

www.jufrabrasil.org

59