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Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano II n N o 24 n maio de 2009 Impresso Especial 1000013823-D R/CE FIEC CORREIOS 3 CNI e FIEC entregam comendas a quatro personalidades do CE Ao lado da primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia Lula da Silva, quarenta e cinco jovens cearenses das turmas-piloto do projeto ViraVida do SESI viram seu sonho se transformar em realidade, firmando o passo rumo a um futuro repleto de oportunidades VIRADA NA VIDA Campanha Força Solidária lançada na FIEC

CNI e FIEC entregam comendas a quatro personalidades do CE · 8 Ordem do Mérito Industrial Medalha do Mérito Indusrial. ... uma mesma lição: a constatação de que, quando sociedade

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Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáAno II n No 24 n maio de 2009

ImpressoEspecial

1000013823-D R/CEFIEC

CORREIOS

3

CNI e FIEC entregam comendas a quatro

personalidades do CE

Ao lado da primeira-dama do Brasil, Marisa Letícia Lula da Silva, quarenta e cinco jovens cearenses das turmas-piloto do projeto ViraVida do SESI viram seu sonho se transformar

em realidade, firmando o passo rumo a um futuro repleto de oportunidades

virada Na vidaCampanha Força Solidária lançada na FIEC

MAIO 2009 | No 24

Uma publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

S E Ç Õ E S5 MENSAGEM DA PRESIDêNCIAForça solidária

6 NOtAS&FAtOS Serrarias cearenses mais competitivas

11 INOvAçõES&DESCObERtASPlástico de cana-de-açúcar

SindconfecçõesCENSO EM FORtALEZASindicato, IEL/CE e Sebrae iniciam trabalho para identificar os gargalos da indústria de confecção do estado.

31

................................................................................................

EducaçãoMEIO AMbIENtE Projeto Coleta Seletiva do Sindverde leva consciência ambiental às escolas da rede pública.

12

ZPEsESFORçO CONjuNtOEstado encaminha proposta de relocalização da Zona de Processamento para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

28

................................................................................................

22 Dia da IndústriaMEDALHAS A PERSONALIDADESQuatro personalidades que contribuíram para fortalecer a indústria e a economia cearense serão homenageadas com medalhas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a FIEC em 4 de junho.

Projeto ViravidaCom a presença da primeira-dama, Marisa Letícia Lula da Silva, Conselho Nacional do SESI entrega certificados a 45 formandos dos cursos Criação & Moda e Produção de Eventos durante evento em Fortaleza

18CAPA

ProtecionismoAMEAçA À INDÚStRIAEstratégia de proteger o mercado interno, em detrimento do livre comércio, está de volta e ameaça países emergentes.

14

PreservaçãoMEIO AMbIENtEDia do Planeta, comemorado em todo mundo em 22 de abril, alerta que o futuro da Terra está nas mãos do homem.

8

Medalha do Mérito IndusrialOrdem do Mérito Industrial

Federação das Indústrias do Estado do Ceará — FIECDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Roberto de Carvalho Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo Affonso Taboza Pereira

Diretor financeiro Álvaro de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho Diretor financeiro adjunto José Carlos Braide Nogueira da Gama. Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto Filho, Flávio Barreto Parente, Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado da Ponte Filho, José Sérgio França Azevedo, Júlio Sarmento de Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos

Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan Pinto de Castro, José Apolônio de Castro Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos,

Fernando Antonio de Assis Esteves e José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita

Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Rubens Fontenele Albuquerque

Serviço Social da Indústria — SESICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva,

Carlos Roberto Carvalho Fujita, José Moreira Sobrinho e Marcos Silva Montenegro Suplentes Flávio Barreto Parente, Geraldo Basto Osterno Júnior, Vanildo Lima Marcelo e Verônica Maria Rocha Perdigão Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco

Assis Papito de Oliveira Suplente André Peixoto Figueiredo Lima Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes do Sindicato das Indústrias de Frios e Pesca no Estado do

Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria

Efetivo Aristides Ricardo Abreu Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — SENAICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Affonso Taboza Pereira,

Álvaro de Castro Correia Neto, Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo e Ricardo Pereira Sales Suplentes José Carlos Braide Nogueira da Gama, Francisco José Lima Matos e Hercílio Helton e Silva Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima

Suplente Samuel Brasileiro Filho Representante do Ministério do Trabalho Efetivo André Peixoto Figueiredo Lima Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Delegado da Categoria Econômica da Pesca Efetivo Maria José Gonçalves Marinho Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima

Diretor do Departamento Regional do SENAI-CE Francisco das Chagas Magalhães

Instituto Euvaldo Lodi — IELDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) — DRT/CE Nº 53 Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), David Negreiros Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]) e Luiz Henrique Campos ([email protected]) Fotografia Sebastião Alves ([email protected]) e José Sobrinho Diagramação e coordenação gráfica Ítalo Araújo Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421.5435 e 3421.5436 Fax (085) 3421.5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações

com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Diagramação - Editora Assaré Ltda/Vladimir Pezzole — Impressão Expressão Gráfica

Publicidade (85) 3421-5434 e 9187.5063 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec

Editoração - Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM)

Revista da FIEC. – Ano 2, n 24 (mai. 2009) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

MensagemdaPresidênciaRoberto Proença de Macêdo

o dia 12 deste mês de maio, a FIEC foi palco de um grande momento de expressão de solida-riedade de agentes políticos, econômicos e so-ciais. Naquele dia, movidos pela sensibilidade com o drama dos afetados pelas enchentes que

castigam o Ceará e atendendo a um chamado do governador Cid Gomes, essas lideranças deram uma demonstração da força da ação conjunta em favor do coletivo.OCom o nome de Força Solidária, criou-se um movimento para divulgar, doar, coletar, armazenar, transportar e fazer chegar às mãos dos que realmente ne-cessitam donativos para aliviar as duras condições em que se encontram muitos dos nossos conterrâneos.OPor proposta do governador e com a rapidez que a situação exige, foi criado um grupo de articulação, constituído pela nossa Federação, pela Associação dos Municípios e Prefeitos do Ceará (Aprece), Ministério Público Estadual (MPE) e Assembleia Legislativa do Ce-ará. Formou-se igualmente um núcleo operacional, composto pela Defesa Ci-vil, Exército, Aeronáutica e Cruz Ver-melha, tendo como principal local de triagem o quartel central do Corpo de Bombeiros.OObjetivando atingir o melhor resul-tado nas ações a serem empreendidas, foram criados também comitês espe-cíficos de comunicação, de logística receptiva, de logística distributiva, de promoções, de saúde e de coordenação das Centrais Municipais. Chamou a minha atenção a disposição de todos os que estavam ali presentes em fazer o que estava ao alcance de cada um e unir-se com os demais nas contribui-

ções para cuidar dos milhares de desabrigados e desalojados pelas enchentes.OA Federação das Indústrias, que sempre esteve preocupa-da com o bem-estar da nossa gente, não poderia deixar de colocar sua estrutura a serviço dessa causa de tamanha rele-vância. Mobilizamos a experiência do SESI em ações sociais e a do FIRESO, que é um instrumento específico, criado pela nossa FIEC, para colocar em prática a nossa política de res-ponsabilidade social.ONo entanto, diante das proporções assumidas pela situ-

ação calamitosa que atingiu mais de 70 municípios e desabrigou acima de 40.000 pessoas no Ceará, sentimos que precisávamos ir além dos nos-sos próprios recursos. Procuramos o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que nos atendeu pronta-mente, possibilitando-nos a aquisição de 10.000 cestas básicas e outros produtos de primeira necessidade. Articulamo-nos ainda com outras entidades, como a CDL, encontrando resposta imediata do empre-sariado cearense e de outras organizações da sociedade.OOs frutos das ações do movimento Força Solidária serão colhidos por dois tipos de beneficiários: aqueles que preci-savam de socorro e os que se prontifica-ram a socorrer. Os primeiros, pelo aten-dimento de necessidades imperiosas; os

segundos, pela satisfação de terem sido co-responsáveis no cumprimento do dever de cidadania. E ambos ganham com uma mesma lição: a constatação de que, quando sociedade e governo se unem em torno de uma causa comum, a força e o resultado aparecem.

Força solidária

NAqueles que precisavam de

socorro e os que se prontificaram a socorrer ganham com uma mesma lição: a constatação de que, quando sociedade e governo se unem em torno de uma causa comum, a força e o resultado aparecem.

| RevistadaFIEC | Maio de 2009� �Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

O PRogRAMA DE Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas

Indústrias (Procompi) proporcionou aumento de 62% no faturamento das 20 indústrias de sorvete da região metropolitana de Fortaleza que participaram do setorial do setor. Em 2006, o faturamento global das empresas participantes

foi de R$ 23,3 milhões. No ano passado, elas faturaram R$ 37,6 milhões. A produção de sorvete, por sua vez, registrou aumento de 86% no intervalo de dois anos, passando de 5.861.657 litros em 2006 para 10.958.202 de litros em 2008. A iniciativa foi executada pelo IEL/CE e o Sebrae, com apoio do Sindsorvetes.

A uMEnto DA produtividade, elevação no consumo médio de madeira e economia na compra de insumos a partir da criação de uma central de

negócios. Esses são alguns resultados alcançados pelas 18 serrarias da região metropolitana de Fortaleza que participaram do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi). A produtividade, por exemplo, teve aumento de 113,7%, passando de 42,3 metros cúbicos/homem, em 2006, para 90,4 metros cúbicos/homem ao final do projeto. Já a central de negócios Rede Madeiras – composta por 12 serrarias participantes do programa – tem proporcionado economia de até 30% no fechamento de contratos. A coordenação do Procompi foi do IEL/CE e do Sebrae, com apoio do Sindserrarias.

Notas&FatosO q u E A C O N t E C E N O S I S t E M A F I E C , N A P O L í t I C A E N A E C O N O M I A

serrarias cearenses mais competitivas

CENtRAL DE NEGÓCIOSSESI

matRículas gRatuitas paRa tRabalhadoR

Notas&FatosMODA

seNai laNça cadeRNo de teNdêNciaso SEnAI/CE lançou em abril, durante o Festival de Moda de Fortaleza (FMF), o Caderno Perfil Inspirações e Tendências – Verão 2009/2010. A publicação antecipa as principais tendências da moda aos empresários cearenses dos setores de vestuário e confecção. O caderno foi elaborado por especialistas de 15 estados, inclusive do Ceará, que participam do Programa de Gestão do Design, coordenado pelo SENAI Nacional. A obra apresenta um roteiro para que o profissional de moda mergulhe nos diferentes universos que cercam cada perfil apresentado e que seja um ponto de partida para pesquisas de referências com vistas ao desenvolvimento de produtos únicos e competitivos. Informações: (85) 3421-6133.

PROCOMPI

n EStADoS Do noRtE, Sudeste e Sul são mais sensíveis à atual crise econômica do que os do Nordeste e Centro-Oeste. Essa é a conclusão de pesquisa da FGV Projetos, que mediu a suscetibilidade de estados e regiões à desaceleração econômica. As regiões com economia mais dinâmica, como o Sudeste, sofrem mais impacto no emprego nesses momentos. Além disso, os estados com forte indústria de manufaturas tendem a sofrer grande impacto. O mesmo ocorre naqueles onde a mineração é importante.

n A REFoRMA tRIbutáRIA, em tramitação na Câmara dos Deputados, pode causar um aumento de cerca de 11,8% no Produto Interno Bruto, ao final do prazo de transição, em 2021. A estimativa é do secretário extraordinário de Reformas Econômicas e Fiscais do Ministério da Fazenda, Bernard Appy.

n Com US$ 23,68 milhões negociados, o Ceará ocupa a primeira posição no ranking de estados exportadores de frutas frescas, no intervalo de janeiro a março de 2009. O ranking é preliminar, pois o plantio da produção irrigada de frutas para a safra 2009/2010 começa após a redução da quadra invernosa.

>> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected]

P ARA EStIMulAR a pesquisa econômica de alta qualidade

sobre a indústria brasileira e a divulgação de temas relevantes para o crescimento do setor, a CNI promove o Prêmio CNI de Economia 2009. O objetivo é ampliar a discussão a respeito dos caminhos para o desenvolvimento do país. O prêmio será concedido ao melhor trabalho sobre economia aplicada das seguintes categorias:

Economia Industrial (como, por exemplo, estudos de caso sobre a indústria, estudos setoriais, regulação, política industrial, estrutura de mercado, estratégia da firma, microeconomia e organização industrial); e Tema Especial (compreendendo artigos sobre um tema específico para cada edição do prêmio). Informações: www.cni.org.br/premiocnideeconomia.

cNi lança prêmioPESquISA

...................................................

n o SESI/CE realizará em 30 de maio, em Pacatuba, a edição 2009 da Ação Global. O evento se caracteriza pela concentração, em um só dia, de um grande número de serviços gratuitos para a população.

n o CIn/CE realizará em 3 e 4 de junho o curso Práticas Comerciais e de Negociações na Exportação. Informações: (85) 3421-5420.

AGENDA

CEARá

Jogos do sesi ReúNem 3.000 tRabalhadoRes

o SESI/CE EStá oferecendo mais de 7.000 matrículas gratuitas em educação básica e educação continuada para os trabalhadores da indústria cearense: são 3.130 matrículas em educação básica (ensinos fundamental e médio) e 4.000 matrículas em educação continuada (cursos como Inglês, Educação Orçamentária e Oficina de Leitura e Matemática). As empresas interessadas em capacitar seus profissionais devem procurar a unidade do SESI/CE mais próxima para a formação de salas de aula. Os cursos serão ministrados nas dependências das próprias empresas, em turmas de no mínimo 25 alunos. A medida é resultado do compromisso firmado entre o Ministério da Educação e o Sistema S, que prevê a ampliação, em todo o país, da oferta de cursos gratuitos em entidades como SESI, SENAI, Sesc e Senac. Informações: (85) 3421-5831.

A EDIção 2009 dos Jogos do SESI no Ceará deverá reunir cerca de 3.000 trabalhadores/atletas para disputas em dez modalidades: futebol soçaite, natação, voleibol, tênis de mesa, atletismo, futebol de campo, vôlei de praia, xadrez, futsal e tênis de quadra. A primeira fase terá início em julho, com disputas nas regiões Norte, Grande Fortaleza e Cariri. Em seguida, os vencedores de cada modalidade participam da fase estadual, em outubro, na capital cearense. No mês de novembro, os vencedores de cada estado do Nordeste vêm a Fortaleza para que sejam conhecidos os classificados para a etapa nacional, que será realizada em maio de 2010 em Bento Gonçalves (RS). Informações: (85) 3421-5809.

indústrias de sorvete elevam faturamento

EStáGIO

IEL/CE INAuGuRA POStO DE AtENDIMENtO NA FICO IEL/CE conta agora com um posto de atendimento aos estudantes da Faculdade Integrada do Ceará (FIC), na unidade Moreira Campos. Fará cadastramento de alunos e encaminhamento para estágio. Segundo a gerente de Estágio do IEL/CE, Aurineli Freire Castelo Branco,

a demanda das empresas por estagiários aumentou em mais de 20% neste ano em relação a 2008, apesar das mudanças na lei do estágio e da crise internacional. Atualmente, cerca de mil jovens, a maioria de nível superior, estagiam em empresas cearenses por intermédio do IEL/CE.

CURTAS---------------------

| RevistadaFIEC | Maio de 2009� �Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

| RevistadaFIEC | Maio de 2009� 9Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

A Terra em suas mãosComemorado em 22 de abril, a data procura alertar que o futuro da Terra e das espécies que nele habitam está nas mãos do próprio homem

Há 39 anos, em 22 de abril de 1970, foi realizado nos Esta-dos Unidos o primeiro protes-to em caráter nacional contra a poluição do planeta. A ini-

ciativa foi do então senador norte-ameri-cano Gaylord Nelson, na época também estudante de Harvard. Para chamar a atenção, ele organizou eventos a fim de discutir o desenvolvimento de projetos sobre o meio ambiente. O movimen-to ganhou, ano após ano, outros países como adeptos, incluindo o Brasil, que se uniu oficialmente à causa em 1990.

Hoje, estima-se que 500 milhões de pessoas em 85 países fazem algo especial nesse dia visando à sensibili-dade ambiental coletiva na tentativa de salvar a Terra do caos anunciado. Contudo, apesar de todos os esforços de cientistas, ambientalistas e demais organismos da sociedade que lutam para continuar fazendo do planeta um lugar habitável, a bandeira hasteada em nome do progresso irresponsável tem feito da terra um lugar cada vez mais sofrido. Na verdade, um ser vivo agonizando nas mãos do homem.

Relatórios ambientais divulgados to-dos os anos têm de fato apontado o ca-pitalismo como o principal responsável pela destruição do planeta. Entre eles, está o apresentado pelo Painel Intergo-vernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), e publicado pelo jornal Independent, que o classifi-cou como “o mais aterrador relatório de todos os tempos”, pois demonstra de forma conclusiva o perigo do aqueci-mento global causado pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, principalmente dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxi-do nitroso (N2O) e clorofluorcarbonetos (CFCs). O relatório prevê que até 2100 a temperatura da Terra aumentará entre 1,8 grau Celsius e 4 graus Celsius e que esse aumento continuará num ritmo de 0,1 grau Celsius por década, ainda que o nível de emissão de poluentes se mante-nha o mesmo medido em 2000.

O texto afirma ser “muito prová-vel”, com mais de 90% de probabili-dade, que atividades humanas, prin-cipalmente a queima de combustíveis fósseis, expliquem a maior parte do aquecimento nos últimos 50 anos. Ou-tra conclusão do estudo aponta a possi-bilidade do derretimento total do gelo do Polo Norte até 2100 e a redução da cobertura de neve em outras áreas do

planeta. Isso significará uma elevação do nível do mar, que poderia chegar a até 59 centímetros, obrigando a remo-ção de mais de 90 milhões de pessoas que moram em cidades costeiras.

Segundo o IPCC, órgão criado sob os auspícios da ONU para ser referência na criação de um consenso científico sobre a medição e a análise do aque-cimento global, o aquecimento global fará com que milhões de pessoas pas-sem fome. A estimativa é que entre 200 a 600 milhões de pessoas enfrentarão falta de alimentos daqui a 70 anos. Além disso, até o final do século, as alterações climáticas farão com que a escassez de água afete entre 1,1 e 3,2 bilhões de pessoas, com o aumento da temperatura. Países como a Austrália, China e partes dos EUA e da Europa so-frerão com a falta de água.

Vilões do aquecimento global

O aquecimento global é provocado, principalmente,

pelo aumento da emissão de gás carbônico na atmosfera, causado pela queima de petróleo, carvão mineral e gás. E os países mais ricos são apontados como os maiores poluidores do planeta. Estudos recentes mostram que Estados Unidos produzem dez vezes mais CO2 (dióxido de carbono, principal gás que produz o efeito estufa) per capita do que a média de países como Brasil e Índia. De acordo com o departamento de energia americano, de 1990 a 2005, a emissão do gás carbônico simplesmente dobrou.

Previsões apocalípticas

Quando lançou a teoria de que a Terra era um organismo vivo,

capaz de manter seu próprio funcionamento, James Lovelock, um cientista inglês que trabalhou na Nasa na década de 1960, foi acusado de profeta apocalíptico pelo tom aterrador de suas previsões. Hoje, no entanto, muitos estudiosos que antes torciam o nariz para suas previsões estão tendo que rever a cartilha de Lovelock para entender o que está ocorrendo com o planeta.

Denominada de Hipótese de Gaia, em alusão à deusa grega Gaia (na mitologia era a deusa da Terra, geradora dos 12 Titãs), sua teoria diz que ambientes e seres vivos interagem entre si e se influenciam mutuamente. Assim, qualquer alteração na normalidade do sistema (o que o homem tem feito, principalmente desde a Revolução Industrial) implica ajustes para que o equilíbrio, rompido pelo aquecimento global, seja restabelecido. Resumindo: as reações do planeta, como o efeito estufa, a intensificação de fenômenos climáticos, o derretimento das calotas polares e chuva ácida, entre outros fenômenos, seriam apenas uma resposta autorreguladora desse organismo vivo às ações destruidoras do homem (emissão de gás carbônico e CFCs, desmatamentos dos biomas importantes, consumismo, exploração desordenada dos recursos naturais, etc).

Lovelock acredita que a situação da Terra em função do aquecimento global será tão grave nas próximas décadas que, até o final deste século, 80% da população humana

Dia do Planeta

| RevistadaFIEC | Maio de 2009� 9Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

Uma empresa brasileira do segmento petroquímico anunciou, em abril, que vai construir no Rio Grande do Sul uma indústria para produção de plásticos a partir da cana-de-açúcar. Chamado de plástico verde, o material tem origem 100% renovável, já que substitui totalmente a matéria-prima proveniente de reservas fósseis. O polietileno verde vai ser produzido a partir de uma resina sintetizada do etanol e permitirá a fabricação de tanques de combustível para veículos, filmes para fraldas descartáveis, recipientes para iogurtes, leite, xampu e detergentes. O polietileno é fornecido à indústria em forma de bolinhas que são então transformadas nas embalagens ou em peças para diversas finalidades, como para a indústria de brinquedos. A unidade deverá estar concluída no final do próximo ano e consumirá investimentos de R$ 500 milhões. Sua produção

será destinada ao mercado do produto alternativo, que consome em todo o mundo 70 milhões de toneladas de polietileno por ano. Estima-se que o consumo de plásticos provenientes de todas as origens cheguem a 200 milhões de toneladas por ano.

Desde que foram inventadas por Carl von Linde, em 1875, as geladeiras ainda funcionam com o mesmo princípio de compressão de gases. Mas essa antiga

tecnologia está com os dias contados graças a um trabalho feito nos Estados Unidos por pesquisadores chineses que descobriram uma nova liga metálica, composta por manganês, ferro, fósforo e germânio, capaz de produzir a sonhada refrigeração magnética, tornando-se absolutamente silenciosa e gastando muito menos energia. A refrigeração magnética utiliza materiais, chamados magnetocalóricos, que se aquecem quando expostos a um campo magnético. Depois que eles irradiam esse calor, resfriando-se, o campo magnético é removido e sua temperatura cai novamente, só que, dessa vez, dramaticamente. Tal efeito pode ser usado em um ciclo de refrigeração clássico e os cientistas já conseguiram alcançar temperaturas próximas do zero absoluto utilizando a tecnologia. Até então, dois fatores tinham mantido a refrigeração magnética fora de questão: a maioria dos materiais magnetocalóricos que funcionam à temperatura ambiente usa gadolínio, um metal raro e incrivelmente caro, e o arsênico, outro componente, é uma toxina letal.

DEPoIS DE 130 AnoS, gElADEIRAS PoDEM MuDAR

Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo material sintético que poderá substituir a madeira, salvando árvores e reduzindo a emissão de gases do efeito estufa. Produzida com fibras vegetais e um plástico biodegradável, a “madeira sintética” poderá ser usada em uma ampla variedade de materiais de construção e poderá substituir até mesmo alguns usos dos plásticos petroquímicos hoje utilizados em bilhões de garrafas descartáveis. Ao contrário dos resíduos de madeira, que ficam nos aterros sanitários por meses ou anos, os biocompósitos se decompõem em poucas semanas. O único senão da descoberta é que as fibras vegetais que se mostraram mais promissoras, tanto em termos de biodegradabilidade, quanto em termos de resistência estrutural, vêm do cânhamo – um membro da família cannabis, primo próximo da maconha. A tarefa agora é convencer a sociedade e os legisladores das diferenças entre cânhamo e maconha e, sobretudo, da pertinência de plantá-la em larga escala.

noVoS CAboS EConoMIzAM Até 65% DE EnERgIA ElétRICA

bIoCoMPóSIto SubStItuI MADEIRA, PláStICo E RECIClA MEtAno DE

AtERRoS SAnItáRIoS

InovaçoesDescobertas&

PláStICo DE CAnA-DE-AçúCAR Pesquisadores do Centro de

Engenharia de Nanoprodutos da Fundação Educacional Inaciana Padre Saboia de Medeiros (FEI), em São Paulo, desenvolveram um cabo de alumínio com nanotubos de carbono que aumenta a condutividade elétrica em 170% e reduz as perdas de energia em até 65% em relação aos cabos de alumínio tradicionais. O fio é composto de uma “alma de alumínio” (componente interno) com camada superficial de nanotubos de carbono. De acordo com o professor do Departamento de Engenharia de Materiais da FEI, Ricardo Hauch Ribeiro de Castro, orientador da pesquisa, o trabalho se destaca pela técnica de aplicação, de baixo custo e elevado rendimento, que confere à nova tecnologia a possibilidade de implantação industrial. Segundo ele, esse novo fio abre perspectivas para a melhoria da qualidade de transmissão de energia. “Além de reduzir as perdas, as propriedades mecânicas do cabo não são alteradas significativamente, já que a diferença entre o cabo tradicional de alumínio e o testado neste projeto é apenas uma camada superficial”, disse Ricardo. “Isso indica uma possibilidade concreta de substituição dos cabos atuais sem mudanças significativas na infraestrutura básica”, completou.

| RevistadaFIEC | Maio de 200910 11Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

dicas práticas para salVar o planeta>> Evite comprar e usar pratos, talheres e copos descartáveis. Quando for inevitável, opte pelos feitos de papelão e

madeira, que levam menos tempo para se biodegradarem.

>> Procure comprar produtos concentrados, ou que sejam oferecidos em embalagem maior (papel higiênico, biscoitos, refrigerantes etc.), pois assim você estará deixando de jogar fora várias embalagens.

>> Veja se o rótulo do produto, ou a embalagem, é feito com material reciclado e/ou é reciclável. Caso os produtos sejam feitos de madeira (ex.: lápis, prendedores de roupa etc.), verifique se são fabricados com madeira extraída de reflorestamento.

>> Evite hortaliças cultivadas com agrotóxicos. Existem opções de produtos orgânicos. Eles não envenenam o solo e os lençóis freáticos e, principalmente, não contribuem para que as pessoas venham a ter alguma doença grave no futuro.

>> Prefira verduras, legumes e produtos (café, açúcar etc....) orgânicos. Eles não envenenam o solo e a água e, principalmente, preservam a saúde.

>> Não use aerosóis com CFC; eles destroem a camada de ozônio.

>> Plante árvores e cuide das que já existem.

>> Não queime lixo doméstico (plásticos, isopor, restos orgânicos). Os gases emitidos poluem a atmosfera, causando doenças e o efeito estufa.

>> Use somente produtos de limpeza de rápida biodegradabilidade certificados.

>> Use detergentes de louças, sabão em pó, limpadores multiuso e shampoos sem fosfato.

>> Evite o uso de venenos, herbicidas e pesticidas.

>> Separe seu lixo. Latas, vidros, papéis e plásticos podem ser reciclados e reaproveitados. Restos de comida podem virar adubo.

estará extinta. E os outros 20% vão conviver com falta de água e de comida. Segundo o cientista, em algumas dezenas de milhares de anos o planeta vai conseguir se curar dos danos sofridos – como fez há 55 milhões de anos, quando também passou por um grande aumento de temperatura.

Sobre o aquecimento global, ele afirma ser um evento que não tem mais volta e, segundo suas estimativas, a situação se tornará insuportável antes mesmo da metade do século, por volta de 2040. Ele acredita que o clima está a ponto de fazer um salto abrupto para um novo estágio de aquecimento, sendo um erro acreditar que é possível evitar o fenômeno apenas reduzindo a queima de combustíveis fósseis.

Para o cientista, o maior vilão hoje do aquecimento do planeta é o uso de grandes porções de terra para produzir comida, ou combustível, como ocorre no Brasil, com a soja e a cana-de-açúcar, e nos Estados Unidos, com o milho. “As áreas de cultivo e de criação de gado ocupam o lugar da cobertura florestal que antes tinha a tarefa de regular o clima, mantendo a Terra em uma temperatura confortável. Essa substituição serviu para alimentar o crescimento populacional. Se houvesse um bilhão de pessoas no mundo e não seis bilhões, como temos hoje, a situação seria outra. Agora, não há mais volta”, disse

Lovelock entrevista à revista Veja. Para ele, a única opção de o homem

ganhar mais tempo na Terra seria a substituição das fontes de energia mais comuns por usinas nucleares. Segundo o cientista, a quantidade de resíduos produzidos pelas usinas nucleares é irrisória. Além de ser extremamente segura hoje, não causa grandes problemas ambientais, sendo mais fácil se livrar de lixo atômico do que de gás carbônico gerado pelas fontes convencionais. “Cem gramas de urânio equivalem a 200 toneladas de carvão, em termos de energia gerada. Com cem gramas de urânio não se produzem mais do que cem gramas de lixo atômico, enquanto a poluição emitida pela queima de 200 toneladas de carvão é de 600 toneladas de dióxido de carbono. Entre cem gramas e 600 toneladas de resíduos, é óbvio que o carbono é um problema maior”, afirmou à Veja.

Sobre a previsão de alguns cientistas de que a temperatura média da Terra vai aumentar 2 graus Celsius até o fim do século, ele defende que são cálculos conservadores, baseados na crença de que o aquecimento é diretamente proporcional à quantidade de gás carbônico jogado na atmosfera. Para Lovelock, a realidade é bem mais severa. Ele garante que há previsões mais confiáveis de um aumento

de até 6 graus Celsius até o fim do século, em média, e que, em algumas regiões, o aumento de temperatura será ainda maior. Com isso, os 20% restantes vão viver no Ártico e em alguns poucos oásis em outros continentes, onde as temperaturas forem mais baixas e houver um pouco de chuva. Na América Latina, por exemplo, esses refúgios vão se concentrar na Cordilheira dos Andes e em outros lugares altos.

Se um futuro apocalíptico nos espera, não podemos afirmar com certeza. No entanto, todas as previsões apontam realmente para um mundo diferente (e mais difícil) nas próximas décadas. E o momento de se fazer algo pela Terra é agora e não apenas em 22 de abril. Todos os dias, com medidas simples como economizar energia elétrica, evitar desperdícios e a poluição – ou mesmo cuidando do lixo que se produz – , é tempo de cuidar de nosso planeta.

Na opinião do coordenador do Núcleo do Meio Ambiente (Numa) da FIEC, Antônio Renato Aragão, “manter o equilíbrio da Terra, por meio da preservação, é uma missão de todas as pessoas e não somente do setor produtivo, porque se os recursos naturais essenciais para a sobrevivência humana forem esgotados não haverá maneira de repô-los”. Resumindo: o planeta está em nossas mãos.

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Projeto Coleta Seletiva Empresarial criado pelo Sindverde sai da indústria e começa a ganhar as escolas. A ideia é levar consciência ambiental às futuras gerações

Preservando desde pequenininho

como é importante trazer para a escola recipientes vazios”, diz a professora Dulce Freire, do Jar-dim II, turma composta de alu-nos com cinco anos de idade.

Além de as crianças perce-berem a importância de não jogar fora o material que possa ser reaproveitado, há um outro fato relevante: como são os pais e demais familiares que selecio-nam e transportam para a escola tudo o que é recolhido, eles tam-bém acabam se conscientizando. “Isso é fantástico, pois não são apenas os alunos que adquirem consciência ambiental. Também os adultos passam a valorizar o processo de reciclagem”, come-mora a vice-diretora da escola, Silvana Maria Barbosa.

De acordo com Silvana, o projeto implantado na esco-la Maria Marques Cedro pelo Sindverde, com apoio da Ibap – a empresa doou os tambores plásticos e promove a comu-nicação visual dos ambientes –, trouxe novas perspectivas de melhoria das condições de ensino. Isso porque o dinhei-ro arrecadado com a venda do material é transformado em equipamentos para a escola. “Não dá para ficar esperando somente pela prefeitura. Ape-sar de funcionarmos no mes-mo local há vários anos, ainda sentimos falta de muitos equi-pamentos básicos, como bebe-douro ou ventiladores para as salas de aula. Com a venda do material reciclado, esperamos, além de educar nossas crian-ças, resolver essas demandas”, explica a gestora.

Mundo tem jeito

S e depender do esforço dos pequenos alunos, a escola terá dias melhores. Luiz Felipe Rodrigues (seis anos) e Pedro Calebe Silva (cinco anos) são prova disso. Os dois conseguem a ajuda

de toda a família na caça de garrafas pet, vidro e papelão. “Peço a meu pai, minha mãe e meus irmãos para não jogar fora as embalagens. A professora diz que é para trazer à escola para ajudar a comprar outras coisas”, fala Luiz Felipe, logo emendado pelo Pedro: “Ela também diz que as garrafas não são lixo e que podem se transformar em garrafas de novo e em muitas outras coisas”. Outro exemplo é Daniela Vitória Alves, de cinco anos. Perguntada pela reportagem se também pedia a ajuda dos pais, afirmou, com um largo sorriso: “Eu mesma procuro, recolho e trago para a escola”, indo além dos ensinamentos da professora Andrea Passos Azevedo.

A reportagem da Revista da FIEC encontrou Andrea ministrando aula de educação ambiental a alunos com quatro e cinco anos. Em um pequeno quadro verde, a professora desenhava os materiais que poderiam ser reaproveitados, ao mesmo tempo em que ressaltava: “Não deixem a mamãe desperdiçar o pote de plástico vazio. Peça para ela limpar e trazer para a escola. Depois o pote se transformará em outra embalagem”. Para Andréa, ensinar noções de conservação ambiental a crianças requer paciência, mas é muito recompensador. “Temos que falar sobre o assunto diariamente. Entretanto, vale a pena porque as crianças realmente entendem o que a gente prega. No futuro, elas farão a diferença, evitando o que muita gente faz: destruir o planeta”, conclui, deixando no ar a esperança de que o mundo ainda tem jeito.

O assessor comercial do Sindverde, Paulo Carreiro, explica que a missão do sindicato em relação ao projeto é multiplicar o sentimento de preservação em toda a sociedade. Em se tratando de crianças, a recompensa é ainda maior, pois são elas que cuidarão do planeta no futuro. “Outras escolas já estão esperando nossa visita para a implantação do projeto. No momento, queremos consolidar a experiência na Maria Marques Cedro. Depois partiremos para unidades de ensino ainda maiores”, explica Carreiro. Além de estabelecimentos escolares, o Sindverde está apto a implantar o Projeto Coleta Seletiva Empresarial em indústrias da Grande Fortaleza. Para isso, conta com profissionais capacitados na área de gestão ambiental.

a escola de educação infan-til Maria Marques Cedro, no município de Maraca-naú, região metropolitana de Fortaleza, preservação

ambiental é algo que se aprende des-de pequenininho. Mas esse aprendiza-do não acontece por acaso. Na verda-de, está ligada (e muito) a uma ação pioneira do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindverde), que implantou com sucesso, em 2008, o projeto Co-

leta Seletiva Empresarial na Indústria Brasileira de Artefatos Plásticos (Ibap), também localizada em Maracanaú.

Após consolidar a experiência na empresa, onde atualmente mais de 150 trabalhadores se empenham em deixar as ruas e casas mais limpas – e de sobra, por meio do dinheiro que vem da reciclagem, trazer me-lhorias para o ambiente de trabalho, com a aquisição, por exemplo, de computadores, utilizados por eles nos intervalos –, agora é a vez das 487 crianças da escola Maria Mar-

ques Cedro, com idade entre três a seis anos, darem os primeiros passos rumo à educação ambiental.

Implantado há sete meses na uni-dade escolar, o projeto é um suces-so. Não pela quantidade de material recolhido até agora, mas, sobretudo, porque as crianças estão absorvendo muito bem os ensinamentos sobre preservação ambiental. “E o mais in-teressante: elas conseguem, de fato, entender o que falamos. Prova disso é que, mesmo antes de saber ler e escre-ver, são capazes de comunicar aos pais

N

Daniela Vitória tem cinco anos

Luiz Felipe, seis anos, e Pedro Calebe, cinco anos

Professora Andrea Azevedo ensina aos pequenos alunos noções de conservação ambiental

Empresas interessadas em apadrinhar uma escola, ou implantar o projeto em sua unidade, devem entrar em contato com o Sindverde pelo telefone (85) 3224-9400.

S E R V I ç O

Educação ambiental

Em época de crise financei-ra, a imagem mitológica do dragão ganha as páginas da imprensa, simbolizando um dos maiores temores da eco-

nomia mundial – a inflação. No en-tanto, muito mais do que o dragão, há outro fenômeno aterrorizando os países, mormente agora com a eco-nomia mundial doente. Travestido de herói nacional, na verdade ele é tão nocivo quanto o monstro alado. Tra-ta-se do protecionismo, sistema que concede à indústria de uma nação o monopólio do mercado interno, ele-vando substancialmente os preços, por meio da prática de altas taxas aos produtos das indústrias estrangeiras.

No entanto, o termo foi mais bem definido pelo economista Murray Ro-thbard, que, no início da década de

1980, escreveu um artigo condenan-do os argumentos protecionistas dos americanos contra a então bola da vez – o Japão. Na época, esse país inundava os Estados Unidos com pro-dutos inovadores, baratos e de alta qualidade. Em seu texto, hoje mais atual do que nunca, Rothbard afirma: “O protecionismo é simplesmente um pretexto para que os consumidores, bem como a prosperidade geral, se-jam prejudicados apenas para garan-tir privilégios especiais e permanen-tes a um grupo menos eficiente de produtores, às custas de empresas mais competentes e às custas dos próprios consumidores. Mas é tam-bém um tipo de salvaguarda pecu-liarmente destruidor porque ele per-manentemente amarra o comércio, sob o manto do patriotismo”.

A esse respeito, o atual vice-chan-celer britânico Mark Malloch Brown lembrou recentemente que na déca-

da de 1930 o protecionismo levou ao nacionalismo e à II Guerra Mundial (1939-1945). De fato, sabe-se que, após a profunda recessão que suce-deu à queda da Bolsa de Valores em 1929, os Estados Unidos aumentaram os impostos de importação de cerca de 20.000 produtos, causando uma reação em cadeia dos europeus, que passaram a inibir a entrada de pro-dutos americanos. Três anos depois, as exportações e importações ame-ricanas caíram mais de 60%, provo-cando uma grave crise econômica, que ficou conhecida como a Grande Depressão.

Os anos se passaram e a ve-lha armadilha de proteger a indústria nacional por meio da diminuição das importações e do incentivo ao consumo interno, em detrimen-to do livre comércio, está de volta. E outra

A velha armadilha de proteger a indústria nacional mediante a diminuição das importações e o incentivo ao consumo interno, em detrimento do livre comércio, está de volta e ameaça as economias

Falsa proteção

vez a locomotiva que carrega esse ví-rus é o governo americano. Se há mais de cinco décadas os estragos já foram transnacionais, imaginem-se as conse-quências agora, em plena era da glo-balização, para o futuro da economia de países emergentes, que crescem às custas da abertura das fronteiras, como Brasil e China.

As medidas nacionalistas do presi-dente do Estados Unidos, Barak Obama, põem o mundo em alerta. Elas têm raízes num plano bilionário para salvar o setor produtivo americano, em frangalhos de-pois do estouro das Bolsas, que redun-dou em grave crise financeira, causando demissões em massa e a queda do consu-mo, tanto interno como externo, naquele país e em todo o mundo. Depois de um vaivém no Senado e na Câmara dos De-putados, foi anunciado um acordo para aprovar o pacote de estímulo proposto pelo presidente americano.

Embora tenha sofrido algumas modi-ficações, incluindo a redução do valor de US$ 920 bilhões para US$ 789 bilhões, o pacote teve suas linhas principais pre-servadas. Do valor total, US$ 507 bilhões vão para investimentos e US$ 282 bilhões serão aplicados em incentivos fiscais e cortes de impostos. O pacote inclui, ain-da, outros US$ 150 bilhões para projetos de infraestrutura, medidas de estímulo ao desenvolvimento de fontes alternati-vas de energia e políticas sociais.

Nova onda

Ainclusão da reserva de mercado no pacote americano, aliada à crise

atual, fez surgir, de fato, em todo o mundo, o receio de uma nova onda de protecionismo, o que seria um duro golpe aos avanços alcançados com a globalização. Analistas temem que, na tentativa de estimular e defender sua própria economia, a adoção de medidas protecionistas por parte dos países leve a uma reação em cadeia. Os principais efeitos seriam a redução do comércio internacional, aumento do desemprego e agravamento da crise. A revista britânica The Economist é mais catastrófica e chega a falar em depressão mundial: “Se o espectro do nacionalismo econômico não for enterrado para sempre, as consequências serão dramáticas”, alerta uma das edições de março deste ano.

Também em março, a OMC previu que o comércio mundial deverá recuar 9% em 2009, sob o efeito da recessão, a maior queda desde a II Guerra. “A derrubada da demanda mundial, gerada pela maior recessão econômica observada em décadas, levará a uma queda do volume das exportações de aproximadamente 9% em 2009”, destaca a organização. Segundo o relatório, o comércio entre os países desenvolvidos cairá ainda mais, em torno de 10%. Nesse cenário, quem sofre mais com a situação são os países pobres, que dependem sobretudo das receitas provenientes das exportações.

Até aí tudo bem para todo mundo (li-teralmente). O que, no entanto, preocu-pa os analistas e boa parte das lideranças internacionais é a manutenção de um dispositivo protecionista aprovado pela Câmara e mantido no Senado no texto final do projeto. O termo é conhecido em inglês como Buy American (numa tradução livre, significa algo como Com-pre produtos americanos) e prevê uma re-serva de mercado para alguns produtos americanos – ferro, aço e manufaturados – em todos os empreendimentos que en-volvam dinheiro do pacote. Na prática, o governo vai baratear os custos desses produtos para inibir as exportações e es-timular a compra interna.

O texto original da Câmara, que previa sua aplicação incondicional, foi atenua-do no Senado, após alarme internacio-nal, especialmente dos aliados comer-ciais, que imediatamente ameaçaram abrir processo contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC). Um dos primeiros a reagir na mesma moeda foi o presidente francês, Nicolas Sarkozy, aprovando ajuda de 6,5 bilhões de euros para montadoras, reco-mendando que as empresas beneficiadas investissem dentro da França para criar ou manter empregos no país.

Com leves alterações, o dispositivo do governo americano agora prevê que sua aplicação deverá ser subordinada aos tratados internacionais assinados pelo país. Mas o que deixa o resto do mundo de orelha em pé é que ninguém sabe di-zer ao certo o significado prático dessa ressalva introduzida pelo Senado. Além de não ter agradado o resto do mundo, de fato, a intenção de reforçar a indústria nacional pode ter sido uma má ideia até mesmo para o próprio mercado america-no: um tiro no pé do Tio Sam. É o que revela um estudo divulgado no último mês de março pelo Instituto Peterson para a Economia Internacional. O traba-lho prevê que a cláusula Buy American pode criar apenas mil novos empregos no setor siderúrgico e, ao mesmo tempo, acabar com 65.000 vagas em diversos outros setores.

POR GEVAN OLIVEIRA

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Indústria

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O setor calçadista tem sido bastante afetado com as barreiras impostas pelos argentinos

Em 2008, as mEdidas protEcioNistas

da arGENtiNa afEtaram 10% das

ExportaçõEs brasilEiras

E rEprEsENtam uma pErda dE

US$ 1,5 bilhãoEm vENdas por aNo.

EXPORTAÇõES PARA A ARGENTINA

O protecionismo é ruim para todo mundo no longo prazo. O Brasil

precisa firmar sua posição contrária a ele, além de ter armas para se defender.

Pedro Jorge Viana, coordenador INDI

O que fazer?

D esde que a crise americana começou a afetar outras economias, o protecionismo se

tornou uma ameaça real à globalização e ao comércio mundial, já enfraquecido pela crise – a previsão é que, após 27 anos consecutivos de crescimento, as transações entre os países declinem em 2009. Nesse contexto, em que os governos de várias nações agem, incluindo as mais desenvolvidas, age de maneira protecionista, o que é melhor fazer? Aderir ao “modismo” ou lutar contra ele?

Segundo o coordenador da Unidade de Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI) da FIEC, economista Pedro Jorge Viana, o protecionismo é ruim para todos no longo prazo. “O Brasil precisa firmar sua posição contrária a ele, além de ter armas para se defender”, ressalta. E isso significa que o governo deve monitorar com frequência todo o movimento de importações e exportações para saber o que ocorre com milhares de produtos vendidos em inúmeros países. “Deve ainda possibilitar a modernização da indústria local a fim de torná-la cada vez

mais competitiva na procura por mercados alternativos, como a África e a Ásia, por exemplo”, completa.

Para o economista, quando são de fato identificadas práticas de concorrência desleal a saída é reagir, mas dentro da legalidade, usando as normas internacionais. “O caminho mais usual é recorrer às regras e aos foros de solução de conflitos, como a própria OMC. Mas também defendo regras de salvaguarda em casos de concorrência desleal, como ocorre com os produtos chineses que entram no Brasil com preços menores em função das condições em que são fabricados, muitas vezes em regime de semiescravidão”, arremata.

Outra opinião unânime no meio dos especialistas é não deflagrar uma guerra comercial por causa de problema localizado num único setor, já que isso só o faz crescer. “A prática do olho por olho, dente por dente deve ser evitada, pois a criação de barreiras às importações pode ser prejudicial às empresas locais”, diz Eduardo Bezerra Neto, superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEC.

Ele lembra que esse problema ocorreu em janeiro deste ano no Brasil, quando

o governo impôs licenças prévias de importação para produtos de 17 setores que representam mais de 60% das compras externas do país. Diante da medida, os empresários brasileiros protestaram e o presidente Lula, reconhecendo o erro, revogou a medida. “No curto prazo, a restrição às importações pode trazer algum benefício, mas no médio e no longo prazos as próprias empresas locais sofrem prejuízos, pois não conseguem obter por preço razoável insumos sem os quais perdem competitividade”, explica Eduardo.

Em resumo, uma das regras mais importantes sobre o assunto é, portanto, nunca fechar o mercado levantando barreiras acintosas com alíquotas ou cotas restritivas. A ressalva é quando são identificadas práticas claras de concorrência desleal, como o dumping, por parte de empresas de outros países. “Em vez de fechar as fronteiras, é melhor o governo ajudar os setores produtivos a ser mais competitivos, como vem sendo feito na China e em países da Europa, além dos Estados Unidos”, ensina Paulo Dídimo Camurça, mestre em Economia e coordenador do MBA em Gestão Empresarial da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Balança comercial

A adoção das medidas argentinas ocorre num momento de grave desaceleração no comércio dentro do Mercosul. Além

do protecionismo, as transações entre os países desse bloco estão sendo afetadas pela queda na demanda gerada pela crise e pelo efeito cambial que reduziu as importações brasileiras. Segundo dados da balança comercial, as exportações brasileiras para o Mercosul caíram 44% no primeiro bimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A Argentina, por exemplo, responde atualmente por cerca de 7% das exportações brasileiras. No

começo de 2008, a participação era de 10%. Em relação às importações, o Brasil está comprando 35% a menos dos países da região. As importações da Argentina, por exemplo, caíram de 9,4% do total para 7% na mesma comparação.

Os dados da balança comercial nos dois primeiros meses do ano também mostram que as exportações do Brasil para os EUA baixaram 40% no período. Parte do espaço deixado pelo mercado norte-americano vem sendo ocupado pela China, que aumentou a compra de produtos brasileiros em 28% no mesmo período. No início de 2008, a participação dos EUA nas exportações brasileiras era quase o triplo da China. Agora,

essa diferença caiu. Os norte-americanos compram 12% dos produtos brasileiros, enquanto os chineses respondem por 8,6%.

Nos dois primeiros meses de 2009, as exportações brasileiras somaram US$ 19,370 bilhões, com média diária de US$ 496,7 milhões, valor 21,9% menor que o desempenho no mesmo período de 2008. Na mesma comparação, houve queda de 21,6% nas importações, que ficaram em US$ 18,127 bilhões (US$ 464,8 milhões na média diária). O saldo comercial no primeiro bimestre foi de US$ 1,243 bilhão (média diária de US$ 31,9 milhões). O resultado está 26,3% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, considerando a média diária.

“Mui hermanos”

N o Brasil, os efeitos comerciais mais diretos estão sendo sentidos principalmente por causa das

barreiras impostas pela Argentina. Em 2008, as medidas protecionistas dos “mui hermanos” afetaram 10% das exportações brasileiras para o país vizinho. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, esse percentual representa uma perda de US$ 1,5 bilhão em vendas por ano. Para o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, o impacto do protecionismo argentino poderia ser maior se fossem consideradas as barreiras indiretas ainda não detectadas pelo governo brasileiro.

Na Argentina, o protecionismo posto em prática pela presidente Cristina Kirchner ressurgiu sob o disfarce da burocracia. As principais armas usadas até agora foram o aumento das alíquotas de importação e a ampliação do número de produtos que precisam de licença para entrar no país, o que vem atrasando a entrada de produtos. O documento exigido está dentro das regras da OMC, mas vem sendo emitido com prazo superior ao máximo de 60 dias fixado pelo órgão.

O setor calçadista brasileiro tem sido um dos mais afetados e, ao que tudo indica, a situação só tende a piorar nos próximos anos. É o que alerta o empresário Marco Aurélio Tavares, delegado representante da FIEC na região do Cariri, um dos principais polos de produção e exportação de calçados do país. Segundo o industrial, que envia grande parte da sua produção para o Mercosul, a entrada dos produtos na Argentina ficará cada vez mais complicada porque o governo está estipulando anualmente cotas que definem o limite máximo de importação.

Para 2009, por exemplo, foi determinado que o país compraria 20% a menos do que em 2008. “Trata-se de uma medida que afronta o livre comércio e atinge diretamente nossa produção e, consequentemente, o nível de emprego. Se o governo brasileiro não atuar com mais força, recorrendo, inclusive, à OMC, certamente haverá demissões”, afirma.

Para o empresário, que participou no final de março, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, de um encontro envolvendo o governo argentino e representantes da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abic), a intenção do país vizinho é fazer com que empresas brasileiras fechem as portas aqui e

abram lá. “Infelizmente, isso já tem ocorrido, uma vez que o governo brasileiro está de braços cruzados enquanto eles ditam as regras”, alerta.

Segundo nota oficial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o impacto do protecionismo argentino aumentou sensivelmente desde 2003 até o ano passado. O contencioso comercial (ou seja, as medidas para dificultar a entrada de produtos) atingia 4,3% das exportações brasileiras para a Argentina em 2003 e 3,7% no ano seguinte. Com o recrudescimento do protecionismo verificado no ano passado e que permanece, esse percentual é hoje de 11% das exportações anuais brasileiras para aquele país.

De acordo com a CNI, as últimas medidas adotadas pela Argentina ampliam o leque de produtos sujeitos aos seguintes mecanismos: valor critério (4,8% das exportações brasileiras, em 2008), afetando principalmente tubos de ferro e aço, calçados, linha branca, pastilhas de freio e têxteis; medidas de defesa comercial (1,4%), atingindo produtos como laminados de ferro e aço, fios de fibra acrílica e transformadores; e licenças não-automáticas de importação (4,6%), impactando sobre lista de produtos variados que inclui cutelaria, móveis, máquinas debulhadoras e tratores, além de calçados, linha branca e têxteis.

A nota técnica da CNI lembra ainda que o contencioso tem sido tratado caso a caso na esfera da Comissão de Monitoramento do Comércio Bilateral (denominada mais recentemente como Reunião Bilateral). Na avaliação da CNI, a “abordagem caso a caso não dá transparência e previsibilidade às relações comerciais e às decisões de investimentos e abre campo para demandas crescentes do lado argentino por medidas adicionais de proteção”.

| RevistadaFIEC | Maio de 20091� 1�Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

A conclusão da etapa-piloto do projeto ViraVida em Fortaleza, iniciativa do Conselho Nacional do SESI, foi oficializada em 27 de abril, com a entrega dos certificados a 45 formandos dos cursos Criação & Moda e Produção de Eventos

Maria e Francisco não ti-nham instrução, nem tra-balho, nem oportunidade de mudar de vida. Ela perdeu a esperança no li-

xão do Jangurussu. Dele foi roubada a inocência, ainda na infância, nas proxi-midades do cais do Mucuripe. Maria e Francisco são nomes fictícios, mas suas experiências são semelhantes às de tan-tos outros meninos e meninas explora-dos sexualmente pelo Brasil. Mas esse conto não termina assim. O ViraVida veio e começou a reescrever suas histó-rias. Hoje, eles reconquistaram a dig-nidade perdida e voltaram a sonhar. Quarenta e cinco Marias e Franciscos se tornaram profissionais de eventos e moda e agora trabalham confiantes para a construção de seus sonhos.

A conclusão da etapa-piloto do pro-

jeto ViraVida, iniciativa do Conselho Nacional do SESI, foi oficializada em 27 de abril, com a entrega dos certifica-dos aos formandos dos cursos Criação & Moda e Produção de Eventos, inicia-dos em junho do ano passado. A ceri-mônia teve como destaque as presenças da primeira-dama do país e madrinha do projeto, Marisa Letícia Lula da Silva; do ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias; do governador Cid Ferreira Gomes e da es-posa, Maria Célia Gomes; do presiden-te da Assembleia Legislativa, deputado Domingos Filho; do presidente nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto; do presidente da FIEC, Ro-berto Proença de Macêdo, e do presi-dente do Conselho Nacional do SESI, Jair Meneguelli, dentre outras autori-

dades locais e de outros estados.Durante o evento, o governador Cid

Ferreira Gomes oficializou o apoio ao projeto, conforme havia se comprome-tido em meados de março, assinando convênio entre o estado, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvi-mento Social (STDS), o Conselho Na-cional do SESI e o Sistema FIEC. A par-ceria assegura a verba de R$ 200.000 para financiar bolsas mensais de quali-ficação, no valor individual de R$ 500, para mais 50 jovens participantes do projeto. “Com essa parceria, o progra-ma ViraVida vai poder ser ampliado. Nosso desejo é que esses 45 alunos, que agora têm a oportunidade de mudar de vida, tornem-se 45.000 para mudarmos a realidade dos jovens cearenses. Vocês são os primeiros de muitos que virão pela frente”, sentenciou o governador.

Patrus Ananias também sinalizou apoio ao programa. “Fomos convidados a participar da iniciativa, mas não tínha-mos a clareza do que ela representava. Volto (para Brasília) com a vontade de ampliar a nossa participação no pro-jeto”, disse o ministro, que ressaltou a dívida social do país. “Estamos à frente de um ministério que tem para este ano de 2009 um orçamento de quase R$ 33 bilhões. O valor é muito significativo, mas não consegue pagar a dívida social que o Brasil acumulou ao longo dos anos”, reconhece Patrus Ananias.

Para Roberto Proença de Macêdo, os formandos das duas primeiras turmas do programa passaram a vislumbrar um novo futuro desde que iniciaram os cursos. “Depois de certificados, es-ses jovens entrarão de cabeça erguida, e muito bem capacitados, no mundo do trabalho”, destaca. Segundo o lí-der classista, os resultados do projeto ViraVida são a prova concreta de que a exploração de crianças e adolescen-tes tem jeito e que nenhum problema, por mais forte que seja, consegue re-sistir quando pessoas e instituições se reúnem e juntam forças para vencê-lo. “O sonho que está me movendo é o desejo de que a justiça reine em nos-so país, uma justiça que, a meu ver,

com o ViraVida, já está começando a acontecer.”

Jair Meneguelli lembrou que o ViraVida é mais do que um processo socioeducativo bem estruturado. “Ele acompanha o jovem de forma integral, dando atendimento médico-odontoló-gico e psicológico, além de promover a elevação da escolaridade e a formação para o trabalho. Tudo isso com o supor-te de uma ajuda de custo mensal para que eles possam se dedicar ao projeto.” Para Jair Meneguelli, que é mentor do projeto, a rede de parceiros é um dos principais pilares que garantem sucesso à iniciativa. “O melhor de tudo é que a ideia (o projeto) foi bem aceita por to-dos eles e não recebeu nenhum não”, festejou.

Segundo superintendente regional do SESI e diretor regional do SENAI, Francisco das Chagas Magalhães, além das vagas asseguradas oficialmente pela Caixa Econômica Federal, em 30 de março, outras instituições como o Banco do Brasil, a Construtora EIT e empresas de confecção como a Êxito e a Pena irão absorver a nova mão de obra egressa do ViraVida. Para Magalhães, o mais importante é que essa inserção não se deu em função do apelo da res-ponsabilidade social das empresas, mas

Depois de certificados,

esses jovens entrarão de cabeça erguida e muito bem capacitados no mundo do trabalho.Roberto Proença de Macêdo, presidente da FIEC

Reescrevendo históriasPOR âNGELA CAVALCANTE

| RevistadaFIEC | Maio de 20091� 19Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

Capa

19Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

Depoimentos

Não acreditei que o ViraVida mudaria tanto a minha vida. O amor pela vida mudou. Cresci como pessoa e na relação conjugal. Já estou trabalhando na Caixa e quero continuar estudando para melhorar de vida cada vez mais e poder finalmente comprar minha casa e ser muito feliz em família. Juliana de Oliveira, 21 anos, da turma-piloto de Produção de Eventos do ViraVida

A presença do Paulo Okamotto mostra que o Sebrae pretende investir cada vez mais no ViraVida. Existem muitos desses jovens que desde o início demonstraram habilidade para abrir seus próprios negócios. O Sebrae continuará contribuindo, dando-lhes as ferramentas necessárias para que eles se tornem empreendedores. Alci Porto, diretor técnico do Sebrae/CE

Cidadania

B astante emocionada, Francisca Vânia Machado, oradora das turmas-piloto do ViraVida

no Ceará, falou da alegria dos 45 beneficiados por se tornarem cidadãos com oportunidade para mudar de vida. Segundo ela, o programa representou para todos uma ponte para o mercado de trabalho e, consequentemente, para a cidadania. Lembrou a todos como foi difícil chegar àquele momento e ressaltou que a conquista diante de tantos desafios mostra que todos os concludentes têm valor. Vânia disse também que muitos jovens anseiam por uma oportunidade como essa.

“Há ainda muito a ser feito. É grande o número de jovens sem instrução, sem trabalho e sem oportunidade andando por aí. Hoje podemos (os concludentes) mudar nossa vida e nossa história graças ao amigo Jair Meneguelli”, ressaltou, para, em seguida, agradecer ao governador Cid Gomes por possibilitar a ampliação do programa, e ao SESI e ao governo federal por abraçarem a iniciativa, que terá impacto no futuro de centenas de jovens espalhados pelo país.

“É muito difícil imaginar o futuro. Mas com certeza, quando eu estiver mais velha, vou poder contar aos meus netos como recebi, aos 22 anos, o diploma de produtora de eventos das mãos da primeira-dama do país e como pude melhorar de vida”, encerrou Vânia.

Colecionando sonhos

“Somos movidos por sonhos! O sonho do cuidado de uns para com os outros; o sonho da tolerância; da coexistência

pacífica e alegre das diferenças de ideias, de tradições, de religiões e de valores humanos. O sonho de que podemos dizer sim, não e talvez, se desejarmos. Somos movidos pelo sonho de que é possível virar a vida para uma outra direção e recomeçar.” As palavras proferidas pelo presidente da FIEC, Roberto Macêdo, descrevem com precisão o espírito da primeira coleção produzida pelos alunos da turma de Criação & Moda e lançada durante a solenidade de conclusão da primeira etapa do ViraVida em Fortaleza. O desfile da Coleção Sonhos, no ViraVida Fashion, comprovou também a veracidade do trecho escrito pelo poeta

Raul Seixas, segundo quem “Sonho que se sonha sozinho é só um sonho. Sonho que se sonha junto é realidade.”

Cores e anjos tomaram conta da passarela para anunciar a nova coleção que mais do que talento revela a força, a coragem e a superação dos jovens profissionais. Os novos criadores utilizaram as cores claras para evocar os sonhos. As escuras foram escolhidas com o propósito de enfatizar a realidade, destacando a capacidade humana de mudar.

Malhas, decotes, babados, aplicações, pontas e mistura de tons e cores. Detalhes que deram beleza e personalidade ao desfile, que foi aplaudido de pé. O reforço veio em seguida com as presenças, na passarela, da primeira-dama e madrinha do projeto, Marisa Letícia; do padrinho e mentor do ViraVida, Jair Meneguelli; e da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, além de todos os formandos.

pela segurança em relação ao perfil desses profissionais, que são pessoas bem formadas e que agregarão valor às equipes que passarão a compor nessas instituições. É importante para esses jovens saber que estão sendo contratados pela capacidade deles e não pela boa vontade das empresas”, frisou.

Graças à expressiva repercussão é que, segundo Meneguelli, o ViraVida deixa de ser apenas um projeto e pas-sa a ter status de programa nacional. “A partir do meio do ano, ele será re-plicado em todos os estados do país. Já assinamos, no Rio de Janeiro, par-ceria com a Confederação Nacional do Comércio, envolvendo nacionalmente o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendiza-gem Comercial (Senac) no programa ViraVida. Para o presidente do Conse-lho Nacional do SESI, o apoio inicial da primeira-dama, Marisa Letícia, foi fundamental. “Ao apresentar nossa proposta ao presidente Lula, ela logo comprou a ideia, comprometendo-se em ser a madrinha do ViraVida.”

Pioneiro, o programa oferece al-ternativa de vida, a partir da forma-ção profissional integrada, a jovens entre 16 e 21 anos com histórico de exploração sexual. Além da educação profissional, o projeto contempla for-mação básica continuada e discipli-nas transversais, abordando direitos fundamentais e cidadania, módulos de incentivo ao empreendedorismo e autogestão. A iniciativa ainda oferece atendimento psicossocial aos partici-pantes e apoio às suas famílias. Depois de qualificados, os jovens deixam o programa já inseridos no mercado de trabalho. Além dos 45 concludentes dos cursos Criação & Moda e Produ-ção de Eventos, outros 60 jovens ce-arenses estão participando dos cursos de Gastronomia, no Senac, e de Moda Praia & Moda Íntima e Comunicação Digital Básica, ambos no SENAI/CE. Para o segundo semestre, está pre-visto o início dos cursos de Infor-mática e Assistente Administrativo, que irão beneficiar mais 50 adoles-centes. Para esses cursos, ainda es-tão sendo definidos os parceiros e os locais onde serão ministrados.

Fortaleza foi a primeira capital do país a implantar o ViraVida, seguida por Recife, Natal e Belém. O projeto-piloto foi desenvolvido pelo Conselho Nacional do SESI a partir da Pesquisa

A Caixa sempre acreditou na inclusão social. Essa é a nossa característica, desde o tempo dos escravos, que poupavam em nosso banco para comprar sua liberdade. Estamos participando nessas primeiras turmas, dando acesso ao primeiro emprego por meio do programa Jovem Aprendiz. Até o final do ano, queremos inserir 1.500 jovens no mercado de trabalho em todo o país e o ViraVida está incluído nessa meta. Edlo Valadares, vice-presidente de gestão de pessoas da Caixa Econômica Federal

Esse é um momento único que mudará minha vida. O ViraVida transformou tudo, principalmente minhas expectativas para o futuro. Hoje eu confio mais em mim e sou feliz. Desde o início do programa, acreditei em mim porque o que faltava era oportunidade. Houve momentos difíceis, muitas barreiras, mas passamos por cima das dificuldades e agora vamos trabalhar nas indústrias de confecção do estado. E vamos poder continuar contando com o SESI e o SENAI.

Lívia Matos, 21 anos, da turma-piloto de Criação & Moda do ViraVida

O programa mostra que veio para ficar e se expandir. Já existiam muitas ações de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, mas precisávamos do braço do Sistema S. Faltava o esteio da profissionalização e da garantia de emprego. O ViraVida é uma iniciativa que fará o Brasil ser exemplo para o mundo. O Jair Meneguelli reforça a rede de direitos e proteção aos jovens brasileiros. Onde ele chega todas as portas se abrem e todos os parceiros aderem porque são naturalmente sensibilizados.

Glória Diógenes, presidente da Funci

sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Explora-ção Sexual Comercial (Pestraf), que aponta mais de 900 municípios brasi-leiros atingidos por redes de explo-ração e tráfico de pessoas. Desse to-tal, 292 (31,8%) estão no Nordeste. A pesquisa também revela a relação do problema com a pobreza e mos-tra a carência de ações estruturais voltadas a esse público.

No Ceará, o ViraVida tem a parce-ria do SENAI/CE, Senac/CE, Sebrae, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Fundação da Criança e da Fa-mília Cidadã (Funci), Associação das Prostitutas do Ceará, Convida (Con-selho Nova Vida), formado pelas comunidades do Parque Santa Filo-mena, Conjunto Palmeiras II e Nova Perimetral, e Sociedade Redenção, organização não-governamental que atua na Barra do Ceará.

Jair Meneguelli, presidente do Conselho Nacional do SESI

O melhor de tudo é que a ideia foi bem aceita por todos eles e não recebeu nenhum não.

| RevistadaFIEC | Maio de 200920 21Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

A Casa da Indústria é a sede do Sistema FIEC

A

Serão homenageadas quatro personalidades que contribuíram, cada uma a seu tempo, com o fortalecimento e o desenvolvimento sustentável da indústria e da economia cearense

comemoração alusiva ao Dia da Indústria na FIEC, que será realizada em 4 de junho, no La Maison Dunas, às 19h, presta

homenagem, com a outorga da Medalha do Mérito Industrial, a três industriais cearenses, de diferentes gerações, que possuem em comum, além do espírito empreendedor, o pioneirismo e a res-ponsabilidade com o desenvolvimento do estado do Ceará. Pedro Philomeno Ferreira Gomes (in memorian), visioná-rio que há um século imprimiu sua mar-ca na indústria e na construção civil do Ceará; Jocely Dantas de Andrade Torres, fundador da Moageira Serra Grande, em Sobral, e Fernando Cirino Gurgel, dire-tor presidente da Durametal S/A.

Durante a solenidade, considerada a mais importante do setor industrial cea-rense, também será outorgada, a exemplo de anos anteriores, a Medalha da Ordem do Mérito Industrial, comenda criada pela Confederação Nacional da Indús-tria (CNI) para premiar personalidades e instituições dignas do reconhecimento e da admiração da indústria brasileira, ao senador Tasso Ribeiro Jereissati (PSDB/

CE), empresário que mudou o perfil da política cearense na década de 1980 e governou o estado por três vezes, entre 1987 e 2002.

Criada pela FIEC, por meio da Reso-lução nº 01, de 16 de maio de 1974, a Medalha do Mérito Industrial é conce-dida anualmente a empresários e outras personalidades com atuação marcante no impulso das atividades fabris e do desenvolvimento econômico do Ceará, mediante relevantes serviços prestados ao setor industrial Cearense. A primeira edição da comenda homenageou o então governador César Cals de Oliveira Filho, o ex-governador Raul Barbosa e o em-presário Thomaz Pompeu de Sousa Brasil Neto. No ano passado, foram agraciados o empresário Assis Machado Neto, dire-tor-presidente da Construtora Mota Ma-chado; o industrial Raimundo Delfino, fundador da Santana Textiles, e o cientis-ta José Osvaldo Carioca.

Instituída em 25 de agosto de 1958, a Ordem do Mérito Industrial já foi conce-dida, no Ceará, aos industriais Amarílio Macêdo, Francisco Ivens de Sá Dias Bran-co e Yolanda Queiroz, dentre outros agra-ciados. Em 2008, o jornalista Demócrito Rocha Dummar (in memorian), ex-presi-dente do grupo de Comunicação O Povo, recebeu a medalha da CNI – reconheci-mento da indústria brasileira àquele que dedicou a vida à história da comunicação do estado e em defesa de um Ceará desen-volvido e socialmente justo.

CNI e FIEC entre gam comendas

23Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

Dia da Indústria

promovendomudanças no ce

F ilho do ex-senador Carlos Jereissati e de Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati, nascia, em Fortaleza, em 15 de dezembro de 1948, Tasso Ribeiro Jereissati,

futuro administrador de empresas, que anos mais tarde mudaria a feição política e econômica do Ceará, como governador do estado, entre 1987 e 2002.

Sua primeira gestão (1987-1990), no governo do estado, pôs fim ao chamado ciclo dos “coronéis”, rompendo com o clientelismo e assistencialismo até então vigentes. Ao tomar posse, implantou um projeto de moralização, austeridade e transparência na gestão pública, sendo o seu governo reconhecido pelo Unicef como modelo no combate à mortalidade infantil e pela ONU como o estado brasileiro com maior crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Sua liderança política teve início ainda no fim dos anos 1970, quando integrou um grupo de jovens empresários cearenses preocupados com a situação do país e se tornou presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC) – fórum de debates das questões econômicas, sociais e políticas do estado.

Como presidente nacional do PSDB, deu impulso à candidatura do senador Fernando Henrique Cardoso à presidência da República, em 1994. No mesmo ano, foi eleito pela segunda vez governador do Ceará, dando prosseguimento aos programas sociais implantados na primeira gestão. Nesse período, avançou com a implantação do Plano de Desenvolvimento Sustentável, visando à proteção ambiental, reordenamento do espaço, capacitação da população, geração de emprego e renda e estímulo à cultura, ciência e tecnologia.

Em 1998, foi reeleito para o terceiro mandato, consolidando seu projeto de resgate da credibilidade do estado, por meio da atração de indústrias e do desenvolvimento econômico do Ceará. Foi eleito, em 2002, para o Senado, onde criou e presidiu a Subcomissão de Segurança Pública, transformada em fórum de debate nacional sobre o tema. É autor da proposta de reforma tributária em três etapas. Também atuou na discussão e aprovação da lei de parcerias público-privadas (PPPs). Já exerceu a presidência nacional do PSDB, partido que ajudou a criar na década de 1980 e que presidiu em outras ocasiões.

tasso ribeiro Jereissati

pioneirismo como marca

Há mais de um século, em 7 de junho de 1888, nascia em Sobral o visionário industrial Pedro Philomeno Ferreira Gomes. Sempre à frente de seu tempo, aos 16 anos,

o jovem já exercia o trabalho de comerciante na Camisaria Esperança, negócio de seu irmão mais velho, José Philomeno Ferreira Gomes, no Rio de Janeiro. De volta ao Ceará, em 1912, casa-se com Maria Júlia Machado da Fonseca, filha do escritor Júlio César da Fonseca, que em 1913 estimulou seu ingresso na política, como vereador de Fortaleza. Mas sua aptidão era mesmo o setor industrial.

Pioneiro, Pedro Philomeno Ferreira Gomes revolucionou o beneficiamento do algodão no estado, indo além da seleção da pluma para exportação e transformando sua usina numa indústria extrativa do caroço do algodão, onde passou a extrair óleo comestível e a fabricar sabão considerado de qualidade, perante os parâmetros da época. Sua visão de futuro o fez substituir teares de madeira por máquinas capazes de produzir em escala suficiente de exportação. Em 1926, instalou a Fábrica de Tecidos São José, que foi durante muitos anos a maior fabricante de redes do Brasil. A empresa possuía um parque fabril que ocupava área de 26.000 metros quadrados, empregando mais de mil operários. Foi pioneira no Ceará na fabricação de produtos como toalhas felpudas, fraldas e toalhas de mesa.

Quando ainda nem se cogitava o estabelecimento de políticas ambientais de reflorestamento, Pedro Philomeno iniciou a substituição de cada árvore derrubada, para uso industrial, por uma muda de cajueiro. A Fazenda Guarany, em Pacajus, é resultado dessa experiência, com o plantio inicial de 200.000 pés de cajueiro.

No setor imobiliário, Pedro Philomeno construiu o Iracema Plaza Hotel e o Lord Hotel, considerados por décadas os mais modernos e confortáveis hotéis de Fortaleza. Foi ainda responsável pela expansão urbana de Fortaleza, deixando mais fortemente sua marca no bairro de Jacarecanga.

Outro fato marcante na vida do empresário foi, já na sua época, a sensibilidade para a responsabilidade social de suas empresas. O bem-estar dos operários sempre foi uma grande preocupação de Pedro Philomeno. Exemplo disso foi a construção da Vila São José, situada vizinha à Fabrica São José, onde ele construiu 180 casas e apartamentos para as famílias dos operários que moravam mais longe e que tinham dificuldades de locomoção. A vila possuía escola e grêmio recreativo e desportivo. Na fábrica também eram prestados atendimentos médicos aos operários e seus familiares.

pedro philomeno Ferreira gomes

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empreendedore líder

Em 17 de maio de 1952, nascia na cidade de Fortaleza o industrial Fernando Cirino Gurgel, filho do industrial e agropecuarista José Célio

de Castro Gurgel e de Silene Maria Cirino Gurgel.Em 1976, o jovem empreendedor se formou em

Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Fez cursos de extensão profissional e atualização voltados para sua área de atuação, no país e no exterior. Casado com Tereza Liduína Porto Soares Gurgel, tornou-se pai de quatro filhos: Fernando, José Célio, Clarisse e Felipe.

Como empresário, foi sócio e diretor da tradicional Fundição Cearense, no período de 1971 a 1977. Mais tarde, a empresa deu origem à Durametal S/A, onde atualmente é diretor-presidente. A indústria, localizada no Distrito Industrial de Maracanaú, é a maior fabricante de tambores de freio, discos de freio e cubos de roda do país. Sua produção atende os mercados interno e externo.

Cedo iniciou compromissos com a vida associativa e sindical patronal, exercendo de 1980 a 1984 a presidência do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec). Entre 1987 e 1989, presidiu o Centro Industrial do Ceará (CIC). Tais experiências alicerçaram sua liderança empresarial.

Assim, conquistou a confiança e o reconhecimento de seu trabalho dos companheiros de diretoria da FIEC, onde exerceu os cargos de presidente, no período de 1992 a 1999, e de vice-presidente, entre 1989 e 1992.

Nos anos de 2002 até 2006, exerceu o cargo de vice-presidente da Confederação Nacional da Industria (CNI). Na gestão anterior (1995 a 2002), atuou como diretor-tesoureiro da Confederação. Foi também membro do Conselho da CNI, como delegado representante efetivo da FIEC, e membro efetivo da Comissão de Apoio Técnico-Administrativo (Cata) do Departamento Nacional do SENAI, em Brasília.

Fernando cirino gurgel

Vocação paraa indústria

Nascido em 26 de setembro de 1928, na cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará, o industrial Jocely Dantas de Andrade Torres não demorou

a mostrar sua vocação para o empreendedorismo. Ainda jovem, quando foi morar com a família na cidade de Pombal, na Paraíba, começou a se dedicar aos negócios, de forma autônoma.

Depois de várias atuações na área comercial nos estados da Paraíba, Piauí, Maranhão e Pará, decidiu se dedicar à atividade industrial, iniciando nesse setor com o beneficiamento de arroz na cidade de Dom Pedro, no Maranhão. Porém, a distância de Teresina, onde fixou residência em 1955, o fez encerrar tal atividade.

Finalmente, em 1961, teve a oportunidade de voltar ao Ceará, sua terra natal, onde adquiriu o Café Serra Grande, indústria de torrefação e moagem do produto de Sobral que industrializava à época 6.000 quilos de café por mês. Hoje, a Moageira Serra Grande tem uma produção mensal de 500.000 quilos de café, atendendo os estados do Ceará, Piauí e Maranhão. Tal crescimento foi obtido com investimentos em tecnologia, capacitação dos colaboradores e criteriosa seleção de grãos.

O perfil empreendedor impulsionou Jocely Dantas a iniciar seu segundo complexo industrial, fundando em 1977 a Cerâmica Torres Ltda., voltada à área da construção civil. Outras empresas que integram o grupo empresarial são a Sopremol – Ind.Com. de Premoldados Ltda. e a CCN – Construções Civis do Nordeste Ltda.

Na década de 1980, montou outra indústria de beneficiamento, dessa vez para produzir a farinha de milho Serramil, tornando-se a maior indústria do setor no estado do Ceará.

Hoje, o empresário Jocely Dantas administra, com os filhos e genro, o seu grupo de empresas, onde gera 500 empregos diretos e 2.000 indiretos. Além de contribuir com o desenvolvimento econômico do estado, o industrial desenvolve projetos de cunho socioambiental por meio da Fundação Jocely Dantas.

Jocely dantas de andrade torres

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O

O estado encaminhou quatro dias antes da sanção presidencial a proposta de relocalização da ZPE para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém em uma área de 4.365 hectares

Ceará parte na frente ZPEs, criadas no Brasil em 1988

As ZPEs foram criadas no Brasil em 1988 por meio do Decreto-Lei 2.452/1988,

substituído recentemente pela Lei 11.508/2007. No início, estavam restritas às regiões Norte e Nordeste. Com a Lei 8.396/1992 puderam ser também instaladas em outras regiões brasileiras. Ao todo, chegaram a ser autorizadas 17 ZPEs, entre elas, a de Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza. Dessas, porém, somente quatro tiveram suas infraestruturas concluídas: Teófilo Otoni (MG), Imbituba (SC), Rio Grande (RS) e Araguaína (TO), mas não houve o alfandegamento pela Receita Federal.

Isso não acorreu porque a legislação à época era de certo modo defasada, gerando oito anos depois um novo projeto de lei enviado ao Congresso Nacional. Após 12 anos de tramitação, o projeto finalmente pôde ser submetido à sanção presidencial. Devido, no entanto, a divergências quando de sua última votação no Senado, a Lei 11.508/2007 foi publicada com 19 vetos. Depois de quase oito meses de discussões e negociações, foi alcançado o consenso, traduzido na Medida Provisória 418/2009, convertida na Lei 11.732/2008, que passou a constituir a nova legislação básica das ZPEs.

O novo modelo introduz como principais modificações a persuassão de vendas no mercado interno de até 20% da renda bruta e elimina as exigências de capital social mínimo. Estruturalmente, a diferença entre o antigo e o modelo atual é que o novo desloca a ZPE do exterior para o “espaço cambial aduaneiro”. No anterior, do ponto de vista cambial e aduaneiro, as ZPEs, mesmo que implantadas no território nacional, eram consideradas como se estivessem localizadas no exterior.

A entrega do projeto do Ceará ao Conselho Nacional representa uma vantagem importante porque, mesmo que não haja prazo para o parecer, será o primeiro a ser analisado pelo órgão. Eduardo Diogo, diretor de Desenvolvimento Setorial da Adece

Ceará partiu na frente para a instalação da sua Zona de Processamento de Expor-tação (ZPE). Antes mesmo da sanção do presidente

Luiz Inácio Lula da Silva ao decreto que regulamenta a Lei 11.508, que trata da criação e administração das ZPEs, ocor-rida em 6 de abril, durante reunião da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em Montes Claros (MG), o estado já se anteci-pou e encaminhou quatro dias antes ao ministro do Desenvolvimento, In-dústria e Comércio (Mdic), Miguel Jorge, a proposta de relocalização da ZPE no Ceará.

O encaminhamento ao ministro se faz necessário por ser ele o presiden-te do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE), responsável pelas autorizações de ins-talação das ZPEs em todo o país. O pro-jeto transfere a instalação para o Com-

plexo Industrial e Portuário do Pecém em uma área de 4.365 hectares. Agora, cabe ao conselho das ZPEs aprovar o projeto cearense a fim de que os trâmi-tes de instalação sejam iniciados.

Para que isso ocorra, a solicitação cearense tem de estar de acordo com o que determina o decreto presidencial, composto por 15 artigos tratando da administração, instalação de empresas e dos procedimentos de fiscalização, vigilância e controle aduaneiro das operações autorizadas nessas áreas. A vantagem das ZPEs é que são distritos industriais incentivados, onde as em-presas neles localizadas operam com redução de impostos, procedimentos administrativos simplificados e não são obrigadas a converter em reais as dívi-das obtidas nas exportações.

No entanto, o processo de insta-lação exige à empresa se adequar a alguns critérios, como estar voltada ao desenvolvimento regional, ter ca-

ráter exportador, difundir tecnologia, gerar empregos e possuir perfil de aumento da balança comercial. De acordo com o diretor de desenvol-vimento setorial da Agência de De-senvolvimento Econômico do Estado do Ceará (Adece), Eduardo Diogo, a entrega do projeto do Ceará ao CZPE representa uma vantagem importan-te porque, mesmo que não haja pra-zo para o parecer, será o primeiro a ser analisado pelo órgão.

Depois disso, segue para autoriza-ção do presidente Lula e começam a correr os prazos referentes ao trâmite burocrático para a entrada em opera-ção. Com a autorização do CZPE, o governo do estado tem 90 dias para criar a empresa que irá administrar a ZPE. Segundo Diogo, não precisa ser necessariamente uma estatal. Pode ser pública, privada ou mista. Ele conside-ra que é melhor que seja mista, majo-ritariamente privada. Após o estabele-

cimento da administradora, começa a correr um prazo de 12 meses para o início das obras de infraestrutura.

Caberá a essa empresa gerir desde o processo alfandegário, até as licen-ças ambientais para o seu funciona-mento e as obras de construção das unidades produtoras interessadas em se instalar na zona de processa-mento. Enquanto aguarda a libera-ção pelo CZPE, Eduardo Diogo ex-plica que o estado já vem mantendo contatos com empresas interessadas em ir para a área. Ele não adianta quem são elas, mas destaca que terá a siderúrgica como âncora.

Perfil industrial

O projeto da ZPE cearense enviado ao CZPE indica a ocupação de uma área de 4.365,88 hectares

no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, devendo custar em torno de R$ 6 milhões a estruturação necessária para que passe a operar, tendo como perfil a industrialização. A base dessa constatação, segundo Eduardo Diogo, deve-se à experiência mundial em relação às ZPEs, que essencialmente reforçam as vantagens comparativas de cada região.

No caso do Ceará, aponta Diogo, o retrato indica um forte perfil industrial, com significativa representatividade na pauta de exportações. Como reforço, ele cita a predominância dos setores de

calçados, têxtil, confecções, couro, produtos alimentares (especialmente castanha de caju, frutas processadas e camarão e lagosta congelados), móveis, fármaco-químico, rochas ornamentais, agroindústria, eletroeletrônico, tecnologia da informação (software) e ceras vegetais, dentre outros.

Além disso, um equipamento estruturante já tem sua implantação definida na área: a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), o que abre a possibilidade da presença de um polo metal-mecânico vigoroso no Ceará. A CSP, formada por uma aliança entre a Dongkuk Steel Mill (sul-coreana) e a Vale (brasileira), se constituirá em uma usina de produção de placas de aço destinadas à exportação de até 6 milhões de toneladas/ano.

Estão previstas ainda no complexo portuário a instalação de uma refinaria de petróleo e, em conseqüência, a estruturação de um polo petroquímico, dando nova projeção ao Ceará no cenário econômico industrial brasileiro. E mais: há duas termelétricas já construídas – Termo Ceará (270 megawats – MW) e a Termo Fortaleza (307 MW) – e outras duas planejadas, o que fortalece esse perfil industrial para a ZPE do Pecém.

POR LUIZ HENRIQUE CAMPOS

| RevistadaFIEC | Maio de 20092� 29Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

ZPEs

29Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

Modelo pelo mundo

De acordo com estudo do Banco Mundial, existem no planeta cerca de 2.600 ZPEs, em 135

países, gerando em torno de 68 milhões de empregos diretos e mais de US$ 500 bilhões de valor adicionado de exportações. Desse total, 353 estão localizados nos países desenvolvidos e 2.300 nos países em desenvolvimento. No grupo dos desenvolvidos, o maior número se encontra instalado nos EUA, que possuem 266.O Japão surge em segundo lugar, com 22 ZPEs, que são mais direcionadas para adaptação de produtos estrangeiros aos padrões japoneses. Há unidades ainda no Reino Unido (7), Dinamarca (10), Austrália (10), Alemanha (8) e Espanha (4), dentre outros. Entre os países em desenvolvimento, a região da Ásia-Pacífico possui a maior quantidade, com 991. Os países com maior número são a China (187) e o Vietnã (186). As Américas 540, já incluindo os EUA; o Oriente Médio e o Norte da África, 213, e a África Subsaariana, 114, vem em seguida.

Economia>> a economia brasileira registrou crescimento de 4,7% em 2008, comparado a 2007. Quanto ao ceará, no ano passado, sua economia cresceu acima da média nacional, registrando uma taxa de 6,5%. No quarto trimestre, cresceu 5,0%, mesmo no momento mais crítico da crise econômica, resultado do desempenho positivo dos setores agropecuário, indústria e serviços.

Comércio exterior>> as exportações cearenses alcançaram em 2008 us$ 1,27 bilhão, registrando aumento de 11,2% sobre 2007. Nos últimos anos, esse crescimento apresenta uma constância, à medida que o estado vem alterando a composição de sua pauta, reduzindo o peso dos produtos primários no valor total exportado e ampliando a participação de produtos industrializados.

Energia>> Nos últimos anos, em decorrência de expectativa de racionamento de energia elétrica, o ceará tem se voltado ao desenvolvimento de energias alternativas, com as

fontes eólicas e térmicas conquistando um importante papel nesse contexto. só em eólica os investimentos serão de us$ 1,2 bilhão até outubro deste ano, tornando o ceará líder nacional no setor.

Recursos hídricos>> o estado do ceará conta com 11 bacias hidrográficas. o principal eixo de transferência de água no estado, o Eixão das Águas, tem extensão de 167,2 quilômetros, entre o vale do Jaguaribe e fortaleza, passando por 15 municípios. até 2010, serão concluídas novas etapas do eixão, aumentando para 255 quilômetros toda a sua extensão de água canalizada, chegando ao complexo industrial e portuário do pecém.

Telecomunicações >> a rede de telefonia móvel no ceará ganhou mais de 1,1 milhão de novas linhas em 2008, quando somou 5,3 milhões de habitações. Em breve, o estado estará iniciando a implantação do projeto cinturão digital, que prevê a integração digital de todas as regiões cearenses. Em fase de licitação, quando concluído, atingirá a cobertura de 82% da população cearense, oferecendo serviços de banda larga, internet, telefonia móvel, tv digital e videoconferência.

ATRATIvOS APRESENTAdOS PELO CEARá

Conhecer o setor e oferecer serviços conforme suas demandas são princípios básicos que norteiam o su-cesso sindical. O Sindicato

das Indústrias de Confecção do Es-tado do Ceará (Sindconfecções) vai mais além. Preocupado em impulsio-nar o desenvolvimento do segmento, a entidade se aliou ao IEL/CE e ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para identificar os gargalos enfrentados pela indústria de confecção do esta-do, realizando de início o censo do segmento em Fortaleza. De posse do estudo, a entidade está montando um portfólio de serviços que viabili-zará soluções aos seus associados.

“Começamos oferecendo assessoria jurídica às empresas filiadas ao sindi-cato. Depois, será a vez de iniciarmos o atendimento odontológico e assim sucessivamente”, declara o presidente do Sindconfecções, José Moreira So-brinho, que pretende basear a gama de serviços do sindicato nas demandas apresentadas no diagnóstico do levan-tamento setorial. Segundo Lauro Mar-tins, assessor jurídico da entidade, a contratação de um escritório de advo-cacia para prestar assessoria aos asso-ciados foi baseada na demanda das em-

O sindicato, aliado ao IEL/CE e ao Sebrae, inicia trabalho para identificar os gargalos enfrentados pela indústria de confecção do estado

Fortalecendo a confecção cearense

31Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

Sindconfecções

31Maio de 2009 | RevistadaFIEC |

presas filiadas. “É um serviço que custa caro e é muito requisitado individualmente pelas empresas. A parceria com o Sindconfecções permitirá que alguns serviços sejam oferecidos gratuitamente, enquanto outros terão desconto de 50% sobre a tabela da OAB”, explica Lauro.

O sindicato possui quatro fai-xas de associados, que variam conforme o número de emprega-dos, faturamento e porte da em-presa. Duas dessas faixas farão jus a duas ações judiciais gratui-tas por ano, seja para se defen-der ou tomando a iniciativa de acionar a Justiça. Outra faixa de associado poderá usufruir anual-mente de três ações e a última categoria de filiado disporá de quatro causas. “Todas elas, en-tretanto, terão direito a consul-tas e assessoria gratuitas, além do subsídio de 50% no valor dos serviços profissionais, inclusive para ações pessoais do titular da empresa”, destaca Martins.

A decisão de implantar o aten-dimento odontológico, depois do serviço jurídico, considerou o re-sultado da pesquisa. Conforme o perfil dos funcionários da indús-tria de confecções verificado no levantamento, apenas 5,8% con-tam com plano de saúde médico-odontológico. “Esse é um campo de atuação vasto a ser explorado pelo Sindconfecções, por meio da prestação de serviços aos associa-dos”, observa Moreira Sobrinho.

Dividido em três etapas, o censo identifica os perfis dos empresá-rios, empresas e funcionários que atuam nas indústrias de confecções de Fortaleza. O estudo, que utilizou os bancos de dados da Secretaria da Fazenda e do Sistema Integrado da Arrecadação (Siga), considerou inicialmente o número de 2.782 empresas. Em campo, porém, os pesquisadores constataram que apenas 1.217 se encontram em operação na capital cearense, sendo que 777 responderam ao questionário aplicado pelos pes-quisadores do IEL.

Segundo o presidente do Sindconfecções, em breve o censo será estendido ao interior do esta-do. “Por enquanto, mesmo restrito a Fortaleza, ele já dá um ‘norte’

para o segmento, à medida que identifi-ca suas deficiências e nos dá condições para desenvolver ações corretivas”, jus-tifica. Para o superintendente executivo da União das Indústrias de Artigos de Moda do Ceará (Unimoda), Joseomy Moreira, ao possibilitar à cadeia produ-tiva maior conhecimento sobre entraves e oportunidades do setor, o estudo ajuda a mobilizar os empresários de confec-ções cearenses a enfrentarem o desa-fio de recolocar o Ceará como destino oficial de compradores de vestuário na região Nordeste – lugar que lide-rou na década de 1980 e atualmente é ocupado por Pernambuco.

Segundo a pesquisa, 60,1% das em-presas do setor existentes em Fortaleza, ou 466 indústrias, são gerenciadas por mulheres, sendo que 41,5% delas es-tão na faixa etária entre 43 e 54 anos.

Aproximadamente 63,7% são geridas pelo próprio dono; 31,6% apresen-tam um modelo de direção familiar e apenas 4,6% possuem gestão pro-fissionalizada. A falta de reciclagem por parte dos empresários e gestores é um dos pontos verificados no le-vantamento, segundo o qual 83,9% dos entrevistados, correspondendo a 635 pessoas, não participaram de cursos no último ano. As principais demandas por treinamento estão nas áreas de administração de empresas (46,2%), moda, modelagem e estilis-mo (12,1%), vendas (7,8%), gestão empresarial (7,6%), recursos huma-nos e gestão pessoal (6,5%), gestão financeira e cursos (3,5%), marketing (3,3%), empreendedorismo (2,7%) e gestão da produção (2,2%).

Longevidade é destaque

C onsiderando o perfil das indústrias de confecções e acessórios de Fortaleza, o fato mais marcante verificado na

pesquisa é que 80,3% das entrevistadas possuem mais de seis anos de vida. “É um dado muito positivo, principalmente considerando os números do Sebrae que revelam o alto índice de mortalidade das micro e pequenas empresas no país”, destaca Moreira Sobrinho. Conforme a pesquisa Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas no Brasil realizada pelo Sebrae, no primeiro trimestre de 2004, 59,9% dos empreendimentos brasileiros não conseguem ultrapassar o quarto ano de existência.

O número de postos de trabalho existentes

Moreira Sobrinho: ‘‘Em breve, o censo será estendido ao interior do estado’’

O fato de a pesquisa

mostrar que 80,3% das empresas entrevistadas possuem mais de seis anos de vida é um dado muito positivo. José Moreira Sobrinho, presidente do Sindconfecções

O baixo nível de escolaridade dos empregados do setor ainda preocupa. A pesquisa

revela que apenas 34,9% das empresas têm funcionários que concluíram o nível médio. Em relação à remuneração mensal, 93,6% recebem entre um e dois salários mínimos. Os principais benefícios oferecidos aos trabalhadores do setor são alimentação (81,1%) e transporte (65,4%).

Quanto à faixa etária dos funcionários das indústrias de confecções e acessórios de Fortaleza, 41,5% possuem entre

26 e 31 anos de idade e 25,1% têm entre 32 e 37 anos. Foi constatada a necessidade de qualificação dos funcionários que atuam na produção de 46,7% das empresas pesquisadas.

Já a demanda por treinamentos se concentra nas áreas de vendas (36,9%), planejamento e marketing (24,1%), publicidade (23,6%), representação (13,3%) e atendimento (6,4%). “Essas também são demandas a ser consideradas pelo Sindconfecções”, arremata Moreira Sobrinho.

em 72,3% das empresas pesquisadas confirma que o setor é composto de micro e pequenos negócios. Das 777 pesquisadas, 562 têm até 19 empregados. Outro dado que consolida o porte do setor é a faixa de faturamento. Cerca de 73,2%, ou 515 empresas, faturam até R$ 240.000 por ano. Quanto ao tipo de produto, aproximadamente 32,3% fabricam malha, enquanto 23,4% produzem jeans.

Considerando a utilização da capacidade instalada (UCI), somente 722 empresas responderam. Dentre elas, 76,9%, ou 555 fábricas, utilizam a partir de 51% da capacidade produtiva, sendo que 36% usam de 50% a 80% de suas estruturas produtivas e 40,9% utilizam mais de 80%. No universo das 777 entrevistadas, 68,4% possuem algum tipo de informatização e 92,5% adquirem matéria-prima no Ceará. As compras a prazo são a modalidade de pagamento exclusiva para 67,1% das empresas na aquisição de seus insumos.

Quanto aos canais de comercialização, as modalidades de distribuição diretas mais importantes

usadas pelas empresas do setor de confecções são as lojas próprias (53,9%), seguidas dos vendedores externos que respondem por 22,3% do volume de vendas. Apenas 4,4% das vendas se efetivam pela internet.

Na distribuição indireta praticada pelas empresas analisadas, 34,2% optam pelos atacadistas; 31,9% utilizam a figura do representante, enquanto que 16,7% mantêm parcerias com varejistas. Em relação à visão de futuro, a perspectiva de aproximadamente 75,9% das empresas é ampliar as vendas e o volume de produção.

O principal entrave apontado na pesquisa quanto à aquisição da matéria-prima (43,4% ou 105 empresas) é o alto preço dos insumos. As dez maiores dificuldades na condução do negócio apontadas pelos gestores são a alta carga tributária (58,7%), a falta de capital (51,5%), concorrência muito forte (35,4%), mão de obra desqualificada (24,4%), falta de apoio do governo (22,3%), falta de cliente (21,4%), falta de crédito (14,2%), situação econômica do país (13,3%), falta de incentivos locacional e fiscal (10,3%) e comercialização (6,1%).

Baixa escolaridade preocupa

2.782EmprEsas dE coNfEcçõEs

466GErENciadas por mulhErEs

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NÚMEROS

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míNimos

| RevistadaFIEC | Maio de 200932

SuRPRESA DESAGRADávEL

PREMIuM II o investimento previsto para a

implantação da Refinaria premium ii está mantido e as fases do projeto estão sendo desenvolvidas conforme o cronograma.

PETRObRAS, EM NOTA à IMPRENSA NO dIA 8/5/09.

vIAGEM À CHINA a montadora é o principal interesse. Nós daremos importantes incentivos

fiscais, além da locação no terminal do porto do pecém.ANTONIO BALHMANN, PRESIdENTE dA AGêNCIA dO dESENvOLvIMENTO dO ESTAdO dO CEARá (AdECE), AFIMANdO qUE SUA vIAGEM à ChINA EM MAIO vISA ATRAIR UMA dAS TRêS MONTAdORAS AUTOMObILíSTICAS COM AS qUAIS TEM MANTIdO CONTATOS.

INDÚStRIA

Já começou a recuperação da indústria cearense. o resultado do ibge casa com os indicadores do iNdi, que registram aumento da capacidade instalada.PEDRO JORGE RAMOS VIANA, COORdENAdOR dE ECONOMIA E ESTATíSTICA dO INdI/FIEC, COMENTANdO O CRESCIMENTO dA PROdUÇãO dA INdÚSTRIA (1,5%) ACIMA dA MédIA NACIONAL (0,7%).

SuRDO E MuDO

lugo está indo embora do brasil orgulhoso, mas de mãos abanando, mas o brasil dá de ombros, porque quem sai perdendo com o impasse é o paraguai.ELIANE CASTANHêDE, COLUNISTA dA FOLhA E dA FOLhA ONLINE, dIZENdO qUE O PRESIdENTE LUIZ INáCIO LULA dA SILvA TEvE hORAS dE CONvERSAS dE SURdO E MUdO COM FERNANdO LUGO, PRESIdENTE dO PARAGUAI, SObRE MUdANÇAS PRETENdIdAS POR ELE NO TRATAdO bILATERAL dE ITAIPU.

Frases&Ideiast I R A D A S I N S P I R A D A S , F R A S E S C O N C E I t u A I S E O u t R A S

Lamento por essa decisão judicial, porque avaliamos que a ação civil pública interposta pela OAB/CE está bem fundamentada e se for adiante vai gerar bons resultados para os consumidores de energia do Ceará.

RECuRSOJá estamos preparando

o recurso e devemos dar entrada na próxima semana. Não há outra saída.HÉRCULES DO AMARAL, PRESIdENTE dA COMISSãO dE dIREITOS dO CONSUMIdOR dA OAb/CE, INFORMANdO qUE RECORRERá dA dECISãO NO TRIbUNAL REGIONAL FEdERAL dA 5ª REGIãO (TRF-5), EM RECIFE.

JURANDIR PICANçO, dIRETOR CORPORATIvO dO INdI/FIEC, SURPRESO COM A SENTENÇA EXPEdIdA PELO jUIZ dA 4ª vARA FEdERAL, jOSé vIdAL, CONSIdERANdO qUE A OAb NãO TEM LEGITIMIdAdE PARA IMPETRAR AÇõES CIvIS PÚbLICAS CONTRA A COELCE E A AGêNCIA NACIONAL dE ENERGIA ELéTRICA (ANEEL).

DECADêNCIA

dEPUTAdO SÉRGIO MORAES (PTb/RS), FALANdO “SéRIO” E dANdO dE OMbROS PARA A SOCIEdAdE. ALIáS, ESTA FRASE POdE FICAR COMO A FRASE-LEMA dO qUAdRO dECAdENTE qUE ATRAvESSA O CONGRESSO bRASILEIRO.

Estou me lixando para a opinião pública.

CRISE ECONôMICA um em cada quatro brasileiros disseram

não ter nem ouvido falar de crise econômica no brasil e mais da metade ainda não sentiram nenhum efeito dela.

CONCLUSãO dA PESqUISA MENSAL PULSO BRASIL, dE 2 dE AbRIL, FEITA PELA IPSOS A PEdIdO dA FEdERAÇãO dAS INdÚSTRIAS dO ESTAdO dE SãO PAULO (FIESP).

EDItADO POR: LuIZ CARLOS CAbRAL DE MORAISE-MAIL [email protected]

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| RevistadaFIEC | Maio de 20093�