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1 COBERTURA MINEIRÃO SOLUÇÃO INTEGRADA CONCRETO-AÇO Araújo, A. H. M (a) ; Guerra, E. O. (b) ;Lira, A. F. (c) ; Rezende, A. S. (d) (a) Engenheiro civil, Vallourec Mannesmann do Brasil, [email protected] (b) Engenheiro civil, Engserj Ltda, PUC Minas, [email protected] (c) Engenheiro civil, UFMG, Engserj Ltda, [email protected] (d) Engenheiro civil, Engserj Ltda, [email protected] Resumo A nova cobertura para o estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão) situado em Belo Horizonte-MG foi concebida como uma solução integrada aço- concreto para se obter uma cobertura adicional, com revestimento membrana (1.2kgf/m 2 ), que prolongue o balanço atual de 29m para 55m. A estrutura de aço é formada por treliças planas, contraventadas em pontos intermediários, usando perfis tubulares circulares. A estrutura de concreto armado existente ao incorporar a nova cobertura e os respectivos carregamentos não deve apresentar esforços que reduzam os coeficientes de segurança significativamente, mantendo-os sempre acima dos valores normativos. Para atingir este objetivo primeiramente foi aplicada protensão nas vigas de concreto invertidas, usando cordoalhas engraxadas, reduzindo-se os esforços em 10%, além de comprimir o balanço existente. Um alívio de esforços adicional de 27% foi implementado com o macaqueamento da estrutura em balanço. Concluído o macaqueamento, instalou-se a treliça de aço na parte inferior dos balanços de concreto, com ligação que permita o funcionamento integrado aço-concreto. A etapa construtiva seguinte envolve a instalação de treliças com comprimento de 26m que sustentam a membrana. Para aferição do carregamento de vento foram realizados ensaios em túnel de vento. Alguns reforços adicionais na estrutura de concreto existente de pilares e fundações foram necessários para absorver o nível adicional de tensões. As análises de vibrações nas arquibancadas foram simuladas e instalados absorvedores dinâmicos para minimizar estes efeitos. Toda a análise numérica foi feita como não-linear, estática e dinâmica, objetivando avaliar os resultados de todas as fases construtivas e/ou características dos diversos carregamentos. Este trabalho tem por objetivo detalhar os procedimentos, etapas construtivas e soluções de engenharia estrutural necessárias para implementar um balanço adicional de 26m, preservando as características arquitetônicas e estruturais do estádio. Palavras-chaves: estrutura de aço; estrutura de concreto; concreto protendido.

COBERTURA MINEIRÃO – SOLUÇÃO INTEGRADA CONCRETO

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COBERTURA MINEIRÃO – SOLUÇÃO INTEGRADA CONCRETO-AÇO

Araújo, A. H. M(a)

; Guerra, E. O.(b)

;Lira, A. F.(c)

; Rezende, A. S.(d)

(a) Engenheiro civil, Vallourec Mannesmann do Brasil, [email protected]

(b) Engenheiro civil, Engserj Ltda, PUC Minas, [email protected]

(c) Engenheiro civil, UFMG, Engserj Ltda, [email protected]

(d) Engenheiro civil, Engserj Ltda, [email protected]

Resumo

A nova cobertura para o estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão) situado em Belo Horizonte-MG foi concebida como uma solução integrada aço-concreto para se obter uma cobertura adicional, com revestimento membrana (1.2kgf/m2), que prolongue o balanço atual de 29m para 55m. A estrutura de aço é formada por treliças planas, contraventadas em pontos intermediários, usando perfis tubulares circulares. A estrutura de concreto armado existente ao incorporar a nova cobertura e os respectivos carregamentos não deve apresentar esforços que reduzam os coeficientes de segurança significativamente, mantendo-os sempre acima dos valores normativos. Para atingir este objetivo primeiramente foi aplicada protensão nas vigas de concreto invertidas, usando cordoalhas engraxadas, reduzindo-se os esforços em 10%, além de comprimir o balanço existente. Um alívio de esforços adicional de 27% foi implementado com o macaqueamento da estrutura em balanço. Concluído o macaqueamento, instalou-se a treliça de aço na parte inferior dos balanços de concreto, com ligação que permita o funcionamento integrado aço-concreto. A etapa construtiva seguinte envolve a instalação de treliças com comprimento de 26m que sustentam a membrana. Para aferição do carregamento de vento foram realizados ensaios em túnel de vento. Alguns reforços adicionais na estrutura de concreto existente de pilares e fundações foram necessários para absorver o nível adicional de tensões. As análises de vibrações nas arquibancadas foram simuladas e instalados absorvedores dinâmicos para minimizar estes efeitos. Toda a análise numérica foi feita como não-linear, estática e dinâmica, objetivando avaliar os resultados de todas as fases construtivas e/ou características dos diversos carregamentos. Este trabalho tem por objetivo detalhar os procedimentos, etapas construtivas e soluções de engenharia estrutural necessárias para implementar um balanço adicional de 26m, preservando as características arquitetônicas e estruturais do estádio.

Palavras-chaves: estrutura de aço; estrutura de concreto; concreto protendido.

2

SUMÁRIO

1.Introdução.......................................................................................................03

2.Objetivo...........................................................................................................03

3.Desenvolvimento do projeto...........................................................................04

3.1. Descrição da estrutura existente................................................................04

3.2. Componentes da nova cobertura e da arquibancada superior...................07

3.3. Levantamento topográfico da estrutura existente.......................................09

3.4. Características do concreto estrutural existente.........................................10

3.5. Análise dinâmica linear da arquibancada superior e vigamento da

cobertura............................................................................................................12

3.6. Análise da estrutura em túnel de vento......................................................21

3.7. Análise estática não-linear considerando todas as etapas construtivas do

processo de execução da obra..........................................................................29

3.8. Esforços estáticos provenientes das membranas e sua aplicação na

estrutura.............................................................................................................43

3.9. Análise estática da estrutura de aço...........................................................45

4.0. Bibliografia..................................................................................................49

3

COBERTURA MINEIRÃO – SOLUÇÃO INTEGRADA AÇO - CONCRETO

1- Introdução

A nova cobertura para o estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão)

situado em Belo Horizonte-MG foi concebida como uma solução integrada aço-

concreto para se obter uma cobertura adicional, com revestimento em

membrana (1.2kgf/m2), que prolongue o balanço atual de 29m em concreto

armado para 55m em aço-concreto. A estrutura de aço é formada por treliças

planas, contraventadas em pontos intermedários, usando perfis tubulares

circulares. A estrutura de concreto armado existente ao incorporar a nova

cobertura e os respectivos carregamentos não deve apresentar esforços que

reduzam os coeficientes de segurança significativamente, mantendo-os sempre

acima dos valores normativos.

Trata-se de uma solução inovadora de engenharia para realização da

ampliação da cobertura em 26m, possibilitando que as demais intervenções no

estádio ocorram de forma simultânea com a implantação da nova cobertura,

viabilizando o cronograma da obra e principalmente a execução do novo

gramado tendo em vista a realização da Copa das Confederações em junho de

2013.

Os autores da concepção básica do projeto foram os engenheiros Afonso

Henrique Mascarenhas de Araujo, Antônio Sérgio de Rezende, Euler de

Oliveira Guerra e Aécio Freitas Lira, sendo o projeto desenvolvido pela

empresa ENGSERJ LTDA contratada pelo CONSÓRCIO CONSTRUTOR

NOVA ARENA BH, responsável pela execução das obras de ampliação /

adaptação do Estádio Mineirão para a Copa de 2014.

2- Objetivo

Este trabalho tem por objetivo detalhar os critérios, etapas construtivas e

soluções de engenharia estrutural necessárias para implementar um balanço

adicional de 26m, preservando as características arquitetônicas e estruturais do

concreto existente, respeitando o cronograma exíguo para sua implantação.

4

3- Desenvolvimento do projeto

O desenvolvimento do projeto da nova cobertura pode ser dividido nas

seguintes etapas:

- Levantamento topográfico da estrutura existente e recuperação em acervo

dos desenhos de forma e armação.

- Determinação do módulo de elasticidade e resistência à compressão do

concreto da estrutura existente.

- Análise dinâmica linear da arquibancada superior e vigamento da cobertura.

- Análise das acelerações da extremidade da arquibancada superior e

instalação de absorvedores dinâmicos (TMD) de vibração.

- Estudos em modelo reduzido, em túnel de vento, da ação do vento sobre a

nova cobertura – ações estáticas e ações dinâmicas.

- Análise estática não-linear considerando todas as etapas construtivas do

processo de execução da obra.

- Estudos dos esforços estáticos provenientes das membranas e sua aplicação

na estrutura.

- Análise estática da estrutura de aço da nova cobertura.

- Determinação de reforços na estrutura de concreto devido à atuação da nova

cobertura.

.3.1- Descrição da estrutura existente

A estrutura existente do Mineirão é constituída por 88 pórticos de concreto

armado, dispostos radialmente em torno de uma falsa elipse com raio maior

275m e raio menor 217m.

O vão livre, entre pórticos, mede aproximadamente 7.5 metros. Desses 88

pórticos, 28 são geminados, isto é, separados por juntas de dilatação que

subdividem a estrutura em 28 setores de construção, numerados,

5

correspondendo o setor número 1 ao trecho referente à entrada principal do

estádio.

Cada pórtico é composto de dois pilares, sendo um externo, inclinado, e o outro

interno, de grande rigidez, ligados ao topo por uma viga inclinada que suporta a

arquibancada superior.

O pilar externo é rotulado na base através de uma placa de chumbo colocada

sobre o bloco de fundação. A altura média deste pilar é de 25 metros e a sua

seção transversal varia de 60cm x 100cm na base a 80cm x 420cm no topo.

O pilar interno do pórtico tem seção constante de 60cm x 460 cm.

A viga da arquibancada é composta por dois vãos sendo um entre os pilares

internos e externo de 10,80 m e o outro em balanço com 17, 55 m, ambos

acompanhando a inclinação escalonada da laje da arquibancada. As

dimensões das seções dos vãos da viga são 60 x 260 a 150 x 250 cm e 35 x

450 a 15 x 60 cm, para cada vão respectivamente. A arquibancada é

complementada com duas lajes que escondem a estrutura principal, sendo a

superior em degraus, com a espessura de 5 cm, e a inferior, de forro, com

nervuras invertidas, deixando a face aparente lisa.

A viga principal da cobertura tem um vão de aproximadamente 30,5m em

balanço e seção variando de 30 x 50 cm na extremidade a 60 x 375 cm junto à

face do pilar externo para as vigas internas de cada setor e, aproximadamente

a metade para as vigas de junta.

A laje da cobertura é maciça, com 13 cm de espessura média, prevendo-se

sobre ela a aplicação de impermeabilização.

A estrutura existente em concreto armado da cobertura é composta por 28

setores, sendo 24 setores com 4 pórticos e 4 setores de 5 pórticos, formando

um conjunto de 88 eixos, sendo 28 deles com juntas de dilatação e 60 eixos

intermediários. As juntas de dilatação situam-se nos eixos 2, 5, 8, 11, 15, 18,

21, 24, 27, 30, 34, 37, 40, 43, 46, 49, 52, 55, 59, 62, 65, 68, 71, 74, 78, 81, 84 e

87.

6

Figura 1 – Visão global do modelo matemático do estádio – estrutura

existente

Figura 2 – Modelo unifilar de um setor - Elementos de barra e casca:

estrutura existente e nova cobertura

7

Figura 3 – Modelo de um setor: estrutura existente e nova cobertura

3.2- Componentes da nova cobertura e da arquibancada superior

Os componentes estruturais da Nova Cobertura e da Arquibancada Superior

incorporados à estrutura existente do Mineirão são:

- treliças planas em aço laminado a quente patinável, sem costura, resistentes

à corrosão atmosférica VMB350cor, pintadas, com seções circulares,

comprimento 25,98m em balanço, trabalhando como estrutura mista, com as

vigas invertidas em concreto armado existentes da cobertura;

- sistema de protensão com cordoalhas engraxadas, galvanizadas, diâmetro

15.7mm, em aço CP-177-RB para estais Belgo Bekaert, revestidas por capa

plástica de alta densidade, aplicados nas faces laterais das vigas invertidas

existentes da cobertura;

- reforço estrutural de concreto armado fck > 30MPa, nos cantos dos pórticos da

estrutura existente;

8

- reforço estrutural das vigas da arquibancada existente, através de uma mão

francesa em chapas de aço, posicionadas entre os pilares inclinados externos

de concreto e o fundo das vigas da arquibancada existente;

- absorvedores dinâmicos (TMD) de vibração GERB do Brasil

- reforço da fundação dos pilares centrais com o uso de estacas tipo raiz pré-

carregadas antes de sua incorporação aos blocos existentes ;;

- barras protendidas, com luva, INCOTEP (diâmetro 100mm, capacidade 100tf

e diâmetro 57mm , capacidade 70tf) interligando os pilares inclinados externos

e os pilares internos principais, da estrutura existente;

- cobertura em membrana SHEERFILL II-HT with EverClean TIO2 Top Coat

(1.2kgf/m2) composta por fibra de vidro e politetrafluoretileno (PTFE), auto-

limpante, na cor branca.

Figura 4 – Novos componentes da estrutura

9

3.3- Levantamento topográfico da estrutura existente

A solução integrada estrutura de aço e estrutura de concreto requer como

informação básica um levantamento preciso da geometria do estádio

inaugurado em 05/09/1965. A intervenção em uma estrutura com dimensões

cuja precisão é centimétrica deverá funcionar integrada com uma nova

cobertura em aço com precisão milimétrica.

A padronização do comprimento das treliças situadas sob a laje de concreto só

foi possível após o levantamento da geometria dos pórticos existentes,

juntamente com a adoção dos reforços de canto dos pilares com comprimento

variável de modo a uniformizar esta dimensão das treliças.

Figura 5 – Angulação entre pórticos – Plano da Cobertura

10

Figura 6 – Estrutura existente – Entrada principal (março 2009)

3.4- Características do concreto estrutural existente

Os trabalhos de identificação e caracterização das anomalias existentes,

pesquisando e diagnosticando as possíveis causas para o surgimento das

patologias, determinando a vida útil do concreto e definindo as intervenções

necessárias para corrigir as anomalias e proteger as estruturas, garantindo a

segurança e o desempenho, subsidiando de informações o Governo do Estado

de Minas Gerais nas decisões relativas à Copa do Mundo de Futebol de 2014

no que concerne ao Complexo Mineirão – Mineirinho foram realizados pela

empresa SOLUÇÃO Engenharia.

Os trabalhos de campo foram divididos em inspeções visuais, ensaios de

campo e ensaios de laboratório.

Dentre os ensaios de campo foram realizados:

- localização das armaduras e a medição das espessuras das camadas de

cobrimento das barras de aço;

11

- extrações de corpos de prova cilíndricos, abrangendo os diversos níveis e

setores;

- avaliação da homogeneidade e compacidade do concreto foi realizada

através de ensaios de ultra-sonografia, sendo medições do tempo de

propagação de pulsos ultra-sônicos no interior do concreto do elemento

estrutural investigado;

- presença de corrosão de armaduras em alguns elementos estruturais através

de técnicas eletroquímicas sendo utilizado o equipamento GECOR.

Dentre os ensaios de campo foram realizados:

- a comprovação das áreas carbonatadas realizada através da aspersão de um

indicador de pH, a fenolftaleína, sobre as superfícies dos corpos de prova;

- resistência à compressão axial cuja resistência à ruptura é calculada em

função da razão entre a altura e o diâmetro médio do testemunho, conforme

ABNT 7680;

- determinação do módulo de elasticidade onde os corpos de prova são

devidamente faceados e submetidos a carregamentos para determinar o

módulo de deformação, de acordo com a ABNT NBR 8522:1984 – Concreto –

Determinação do módulo de deformação estática e diagrama de tensão

deformação;

- medição de cloretos e sulfatos incorporados ao concreto é feita em amostras

de pó retiradas dos corpos de prova, em diferentes profundidades da estrutura,

e a análise quantitativa é feita por via química utilizando as especificações

ASTM C114 – 03 e ASTM C1218/C1218M - 99.

Os resultados dos ensaios foram submetidos a uma análise estatística de

dados para melhor visualização e compreensão das informações obtidas. Para

isto foi utilizado o Software Statistic 6.

Dentro das diversas técnicas quantitativas e gráficas disponíveis para exame e

interpretação dos dados, optou-se pela utilização do diagrama “box-plot”.

12

Consiste em um retângulo definido pelo primeiro e pelo terceiro quartis de

dados, ou seja, mostra onde está localizada a maioria dos resultados.

O valor central é dado pela mediana, que aparece no centro do retângulo. O

gráfico ainda fornece os limites inferiores e superiores daquele banco de

dados, que elimina automaticamente os resultados dispersos, considerados

“outliers”.

Para a resistência à compressão axial a mediana dos resultados indica que

pode-se considerar como resistência média o valor de 38,4 MPa, bem

superiora à resistência de projeto que era de 18 MPa .

Para o módulo de elasticidade a mediana dos resultados indica que pode-se

considerar como módulo de elasticidade médio o valor de 28,2 GPa.

3.5- Análise dinâmica linear da arquibancada superior e vigamento da

cobertura

A análise dinâmica da estrutura tem os seguintes objetivos:

a) ANÁLISE MODAL - obtenção das freqüências naturais e modos de vibração

da estrutura, o que permite definir a faixa de freqüências mais sensíveis à

excitação do público;

b) TIME HISTORY - obtenção da resposta dinâmica a partir da simulação de

carregamento humano, objetivando a determinação dos níveis de aceleração

em pontos críticos para avaliação das condições da estrutura em termos de

conforto humano.

Devido à inexistência de normas brasileiras a serem utilizadas como referência,

a análise dos efeitos de vibrações intermitentes em pessoas e na edificação

será realizada com base nos valores limites de aceleração recomendados na

referência “Building Vibrations from Human Activities”, D. E. Allen (Concrete

International, Junho/1990, pp. 66-73). Esses valores limites estão discriminados

13

na Tabela 1 e são recomendados pelo “National Building Code of Canada

(NBC), 1990”.

Tabela 1 – Valores limites de acelerações (pico)

recomendadas em atividades rítmicas.

Ocupações afetadas

pelas vibrações

ACELERAÇÃO PICO

(% da gravidade)

Escritório ou Residência 0,4 a 0,7

Restaurantes,

Academias de dança ou levantamento de

peso

1,5 a 2,5

Somente atividades físicas

(Academias de aeróbica,

Concertos de música ao vivo,

Estádios de futebol)

4 a 7 % de g

Os limites de aceleração listados na Tabela 1 são similares aos recomendados

em outros trabalhos, como no “Vibration Criteria for Assembly Occupancies”, D.

E. Allen, J. H. Rainer, G. Pernica (Can. J. Civil Eng. 12, pp. 617-623, 1985),

que sugerem adicionalmente um limite de 5% da aceleração da gravidade (490

mm/s2) para espectadores não diretamente envolvidos na atividade esportiva.

Estes limites de aceleração também são utilizados na publicação “Floor

Vibrations due to Human Activity”, T. M. Murray, D. E. Allen, E. E. Ungar, 1997.

Sendo assim, foi adotado como critério de referência de aceleração de

partícula aceitável a faixa limite de 4 a 7% da aceleração da gravidade, ou seja,

a faixa de 40 a 70 cm/s2.

Estes valores são especificados para efeito de projeto da estrutura, visando

evitar efeitos indesejáveis nos usuários das mesmas após a sua construção.

Para a definição do sistema estrutural, os carregamentos representativos da

movimentação de torcedores de futebol em momentos de euforia são

usualmente representados pela superposição de dois carregamentos

14

harmônicos, sendo a freqüência do primeiro harmônico na faixa de 1,5 a 3,0 Hz

e do segundo harmônico na faixa de 3,0 a 5,0 Hz. Desta forma, cuidados

especiais devem ser tomados também para evitar que as freqüências naturais

correspondentes a modos de vibração global da estrutura se situem nestas

faixas de freqüência, para evitar problemas de ressonância da mesma.

A tabela 2 a seguir mostra os resultados da análise modal.

TABLE: Modal Periods And Frequencies

OutputCase StepType StepNum Period Frequency CircFreq Eigenvalue

Text Text Unitless Sec Cyc/séc rad/sec rad2/sec2

MODAL Mode 1 0,802387 1,2463 7,8306 61,319

MODAL Mode 2 0,565646 1,7679 11,108 123,39

MODAL Mode 3 0,420565 2,3778 14,94 223,2

MODAL Mode 4 0,364322 2,7448 17,246 297,43

MODAL Mode 5 0,329215 3,0375 19,085 364,25

MODAL Mode 6 0,322027 3,1053 19,511 380,69

MODAL Mode 7 0,308966 3,2366 20,336 413,56

MODAL Mode 8 0,300293 3,3301 20,924 437,79

MODAL Mode 9 0,280091 3,5703 22,433 503,22

MODAL Mode 10 0,27471 3,6402 22,872 523,13

MODAL Mode 11 0,26585 3,7615 23,634 558,58

MODAL Mode 12 0,265073 3,7725 23,704 561,86

MODAL Mode 13 0,261817 3,8195 23,998 575,92

MODAL Mode 14 0,250445 3,9929 25,088 629,41

MODAL Mode 15 0,247577 4,0391 25,379 644,08

MODAL Mode 16 0,24397 4,0989 25,754 663,26

MODAL Mode 17 0,237421 4,2119 26,464 700,36

MODAL Mode 18 0,232479 4,3015 27,027 730,45

MODAL Mode 19 0,227458 4,3964 27,624 763,06

MODAL Mode 20 0,222419 4,496 28,249 798,02

15

MODAL Mode 21 0,218153 4,5839 28,802 829,54

MODAL Mode 22 0,217798 4,5914 28,849 832,25

MODAL Mode 23 0,216304 4,6231 29,048 843,78

MODAL Mode 24 0,214383 4,6645 29,308 858,97

MODAL Mode 25 0,212914 4,6967 29,51 870,86

MODAL Mode 26 0,208388 4,7987 30,151 909,11

MODAL Mode 27 0,204887 4,8807 30,667 940,44

MODAL Mode 28 0,198267 5,0437 31,69 1004,3

MODAL Mode 29 0,196648 5,0852 31,951 1020,9

MODAL Mode 30 0,189619 5,2737 33,136 1098

Tabela 2- Resultados da análise modal

A carga dinâmica adotada, correspondente ao carregamento humano, é a

seguinte:

sendo « f » a frequência de excitação do público.

Como a freqüência básica da excitação varia de 2 a 3 Hz, buscou-se a

solicitação de carregamento dentro desta faixa que provocasse os maiores

valores de aceleração na estrutura. O valor da freqüência básica encontrado

correspondeu àquele que conduzisse à freqüência de excitação a se situar nas

proximidades da freqüência própria do balanço da arquibancada, ou seja:

f = 2.3Hz.

A carga dinâmica assim definida foi aplicada em todos os pontos nodais da

arquibancada, considerando uma sobrecarga de projeto com valor p = 4 kN/m2.

Na análise da resposta dinâmica (time history) utilizou-se um amortecimento

crítico de valor igual a 8%. Foram então obtidos os seguintes resultados

teóricos para as acelerações máximas (valor de “pico”) nas extremidades dos

balanços:

16

- valor máximo = 158.7 cm/s2

- valor mínimo = 111.6 cm/s2

- valor médio (de “pico”) = 134.9 cm/s2

- valor médio (de “RMS”) = 0.707 do valor de “pico”= 95,3 cm/s2

Este valor corresponde a 9.7% da aceleração da gravidade g, superior a faixa

de 4 % a 7% de g, relativa ao nível de conforto humano recomendado na

Tabela 1 para estádios de futebol.

A figura 7 mostra os resultados da análise numérica via SAP2000.

Figura 7 – Acelerações obtidas via SAP2000

O monitoramento de vibrações do Estádio Magalhães Pinto-Mineirão se fez

necessário para uma avaliação experimental do estado atual da estrutura a

partir de dados do seu comportamento dinâmico. Esta avaliação feita pelo

Departamento de Engenharia de Estruturas da UFMG sob a coordenação do

prof. Aécio Freitas Lira, à época professor da EEUFMG. As conclusões dos

trabalhos realizados em abril de 1993 foram as seguintes:

17

- A aceleração efetiva máxima na extremidade do balanço da arquibancada foi

estimada como sendo da ordem de 10 % de g, ou seja, bastante próximo dos

valores analíticos obtidos e acima da faixa de 4 a 7 % de g, recomendada pelo

NBC – National Building Code, considerando os aspectos relacionados com

conforto humano.

- A aceleração efetiva nas áreas de circulação do estádio, escritórios e

dependências em geral foi estimada como sendo da ordem de 1% de g.

A ENGSERJ, com vistas às atuais reformas de modernização do Mineirão para

os jogos da Copa de 2014, contratou o Departamento de Engenharia de

Estruturas da Escola de Engenharia da UFMG, para o monitoramento de

vibrações. O resultado final deste monitoramento efetuado em quatro eventos

de futebol que ocorreram nos meses de novembro e dezembro de 2009

detectou que o sistema estrutural está sendo demasiadamente excitado pela

movimentação dos usuários nas arquibancadas, ultrapassando os limites

preconizados em literatura técnica especializada, chegando mesmo a registrar

níveis três vezes superiores aos valores recomendados. Portanto,

recomendou-se que fossem feitas intervenções estruturais que assegurem

respostas dinâmicas condizentes com o uso da estrutura do Estádio.

À luz dos resultados analíticos e dos resultados do monitoramento de vibrações

do estádio, recomendamos a adoção de absorvedores dinâmicos – SOLUÇÃO

GERB do BRASIL a serem localizados no vigamento da arquibancada superior.

As premissas básicas para o dimensionamento dos Absorvedores Dinâmicos

TMD (Tuned Mass Damper) foram:

- atenuação do primeiro modo vertical de vibração dos balanços das

arquibancadas;

- o TMD é um sistema que oscila, com um grau de liberdade, com rigidez,

massa e amortecimento (“damping”), e que é fixado na estrutura principal com

o objetivo de reduzir as vibrações que ocorrem na ressonância;

18

- a massa, da ordem de 5 a 10 % da massa da estrutura principal, e a rigidez

do TMD são sintonizadas (“tuned”) para ter uma freqüência muito próxima do

período de vibração da estrutura principal;

- o TMD é equipado com um sistema de “alto” amortecimento da ordem de 15 a

20 %, com o objetivo de dissipar a energia;

- o TMD dissipa a energia quando da ressonância do conjunto;

- se a estrutura começa a vibrar fortemente, o TMD passa também a vibrar,

dissipando parte significativa da energia. Os TMD's são largamente

empregados para reduzir vibrações em máquinas, vibrações induzidas pelo

vento em edifícios altos, bem como em pisos de edifícios, ou passarelas, com

vibrações induzidas pelo público.

Figura 8 – Esquema do TMD

19

Figura 9 –TMD instalado na extremidade da viga da arquibancada superior

Figura 10 – Vista frontal do TMD

As características da viga do balanço da arquibancada e a eficácia dos

absorvedores dinâmicos são listadas a seguir:

- freqüência natural da estrutura 2.5 Hz

20

- massas dos módulos dos balanços: 268 t / 242 t

- amortecimento interno da estrutura: 2.5 %

- atenuação de 76,7 % na primeira freqüência.

O desempenho do TMD é mostrado na figura 11, onde a aceleração na

extremidade do balanço SEM o uso dos Absorvedores Dinâmicos é de 9,7 %

de g, superior ao valor máximo permitido na intervalo de 4 a 7 % de g. A

aceleração na extremidade do balanço COM o uso dos Absorvedores

Dinâmicos é de (1 - 0,767) * 9,7 % de “g” = 2,26 % de g, situando-se abaixo do

valor mínimo satisfatório de 4 a 7 % de g, conforme a tabela 1.

Figura 11 – Desempenho do TMD

As conclusões sobre o uso da GERB são:

- reduz a aceleração máxima na extremidade do balanço para 2,26 % de g,

valor este da ordem da metade da aceleração máxima na extremidade do

balanço da arquibancada que é de 5.3 % de g, para uma alternativa em que se

planejou reforço estrutural;

- esta solução é mais fácil de executar em termos de obras civis;

21

- praticamente não adiciona carga à estrutura existente, exceto o peso próprio

das partes metálicas dos componentes dos absorvedores.

3.6- Análise da estrutura em túnel de vento

Os ensaios foram realizados no Laboratório de Aerodinâmica das Construções

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi construído um modelo

reduzido do Estádio Mineirão, em escala 1/350, para medição das pressões

nas faces externa e interna da cobertura. A face externa da cobertura foi

instrumentada com 232 tomadas de pressão e na face interna da cobertura

foram colocadas 196 tomadas de pressão, perfazendo um total de 428

tomadas de pressão.

Figura 12 – Perspectiva artística do estádio

A distribuição das tomadas permitiu a determinação das pressões em toda a

edificação, girando-se o modelo de 360º em relação ao vento incidente. As

22

pressões instantâneas foram medidas a cada 150 de incidência do vento, com

um total de 10.272 medidas de séries temporais de pressão.

Os ensaios foram realizados no túnel de vento de camada limite de retorno

fechado, projetado especificamente para ensaios estáticos e dinâmicos de

modelos de construções civis. Este túnel permite a simulação das principais

características de ventos naturais. Tem relação “comprimento / altura” da

câmara de ensaios superior a 10. A velocidade do escoamento de ar nesta

câmara, com vento uniforme e sem modelos, ultrapassa 160 km/h. A simulação

correta das principais características do vento natural em túneis de vento é

requisito básico para aplicações em Engenharia Civil, sem a qual os resultados

obtidos podem se afastar consideravelmente da realidade.

Figura 13 - Vista do túnel de vento da UFRGS

23

Figura 14 - Modelo do estádio no interior o túnel de vento

Figura 15 - Detalhe do modelo reduzido

24

Cumpre ressaltar que foi modelado todo o entorno do Estádio, tanto a Nova

Esplanada quanto a topografia do terreno.

As pressões no modelo foram registradas por meio de transdutores elétricos de

pressão. Foram registradas as pressões para cada ponto de medição indicado

na figura 16, sendo apresentados os valores mínimos, médios, máximos e rms

dos coeficientes de pressão.

Figura 16 – Localização das tomadas de pressão externa

Foi adotada a seguinte convenção de sinais:

coeficientes positivos: sobrepressão (+)

coeficientes negativos: sucção (-)

Foram criados padrões de carregamentos que simulam de ventos tipo tormenta

correspondentes a três combinações distintas dos coeficientes de pressão

interno e externo medidos nos ensaios.

25

Carregamento I: Cr = C médio externo – C médio interno

Carregamento II: Cr = 0.7 [2 (C médio externo) – (C médio interno) ]

Carregamento III: Cr = 0.7 [(C médio externo) – 2 (C médio interno)]

A velocidade básica do vento de 32 m/s recomendada para Belo Horizonte

apresenta um período de recorrência médio de 50 anos.

Figura 17 – Referência para o ângulo de incidência do vento

Os estudos realizados com os resultados dos três carregamentos revelaram as

condições críticas do vento a serem usadas no dimensionamento da nova

cobertura.

26

A maior sobrepressão em kgf/m2 ocorre para um vento incidindo a 1500 (ver

figura 17) nas tomadas 58 a 64 (ver figura 16), relativa ao carregamento de

tormenta II com a distribuição mostrada a seguir.

OMADA SOBREPRESSÃO

58 58

59 62

60 62

61 63

62 60

63 59

64 60

Adotou-se no projeto uma sobrepressão constante com valor 60kgf/m2.

A maior sucção em kgf/m2 ocorre para um vento incidindo a 1500 (ver figura 17)

nas tomadas 170 a 176 (ver figura 16), relativa ao carregamento de tormenta III

com a distribuição mostrada a seguir.

TOMADA SUCÇÃO

170 -67

171 -69

172 -74

173 -78

174 -90

175 -107

176 -123

Adotou-se no projeto da cobertura a sucção variável com a distribuição obtida

no ensaio.

Realizou-se análise dinâmica a partir de registros dinâmicos de pressões,

integrados em alta freqüência, com o método HFPI (high frequency pressure

integration method). O HFPI é um método de análise que combina pressões

dinâmicas, medidas experimentalmente em túnel de vento, com um modelo

dinâmico teórico-numérico da estrutura, permitindo uma estimativa das

amplitudes de deslocamentos, velocidades, e acelerações que ocorrerão em

27

resposta às flutuações das pressões aerodinâmicas. O método compreende,

portanto, as possíveis amplificações dinâmicas decorrentes de efeitos

ressonantes, associados tanto à turbulência atmosférica como ao

desprendimento de vórtices, que podem produzir na estrutura esforços maiores

do que aqueles estimados em uma análise estática convencional.

A principal diferença da abordagem dinâmica em relação à abordagem

estática, descrita anteriormente, diz respeito à consideração da flutuação das

pressões que o vento exerce sobre a superfície da cobertura. Estas flutuações

são decorrentes da turbulência atmosférica apresentada pelo vento natural,

usualmente descrita por espectros de velocidade tais como o espectro de Von

Kárman, e também da turbulência gerada por edificações, ou partes da própria

edificação, presentes a barlavento do ponto de medição de pressões. Essas

formas de turbulência são simuladas no túnel de vento e estão associadas a

uma escala de tempo, que deve ser ajustada para que o conteúdo e

frequências das flutuações de pressão estejam devidamente relacionados às

frequências naturais de vibração livre da estrutura.

Ao contrário da abordagem estática, a abordagem dinâmica considera a

flutuação de pressões sobre a cobertura e tem por objetivo prever eventuais

efeitos ressonantes da ação dinâmica sobre a resposta estrutural. Embora a

Nova Cobertura do Estádio Mineirão tenha frequência fundamental estimada

em 1,99Hz, considerada suficientemente alta para que não ocorram efeitos

ressonantes, a abordagem dinâmica ainda assim apresenta vantagens em

relação à abordagem estática, já que incorpora a devida (falta de) correlação

espacial e temporal da flutuação do campo de pressões, minimizando

incertezas com relação às pressões de pico resultantes.

A NBR6123 – “Forças devidas ao vento em edificações” recomenda que sejam

analisadas dinamicamente todas as estruturas com freqüência fundamental de

vibração livre inferior a 1Hz. Isto se justifica pelo baixo conteúdo de energia

apresentado pela turbulência atmosférica acima desta freqüência. A partir

deste critério, pode-se concluir que são relevantes todos os modos de vibração

associados a freqüências próximas ou inferiores a 1Hz. Embora a cobertura em

28

questão tenha frequência fundamental acima de 1Hz, a análise por HFPI

preserva sua utilidade por produzir carregamentos aerodinâmicos (estáticos

equivalentes) que levam em conta a (falta de) correlação espacial e temporal

do campo de pressões. O carregamento derivado por HFPI deve portanto ser

mais econômico e mais preciso do que o carregamento gerado a partir de

coeficientes de pressão médios ou de pico.

Os resultados da análise dinâmica da ação do vento na cobertura são

apresentados na tabela a seguir que permite uma rápida verificação dos

ângulos de incidência do vento mais críticos para a cobertura. Na tabela

também são apresentadas as pressões dinâmicas utilizadas para o cálculo,

que levam em conta a velocidade de projeto e a rugosidade superficial do

terreno a barlavento.

α (graus) PRESSÃO (kgf/m2 ) NÓ

0 44.1 28923

15 33.6 28923

30 33.9 28923

45 32.7 33253

60 33.9 28924

75 34.3 49

90 34.7 33253

105 35.5 33253

120 33.5 33253

135 51.7 17379

150 58.8 17380

165 40.3 17379

180 44.7 18823

195 46 48

210 44.1 48

225 40.1 49

240 33.9 49

255 32.1 3757

270 32.2 33253

285 33.7 34696

300 37 34696

315 44.9 36139

330 44.2 34696

345 45.3 33253

29

3.7- Análise estática não-linear considerando todas as etapas

construtivas do processo de execução da obra

A idéia central para a concepção da nova cobertura para o estádio do Mineirão

partiu da seguinte premissa: o balanço adicional, em estrutura de aço, com

comprimento 26m não poderá induzir na estrutura de concreto existente

esforços que reduzam os coeficientes de segurança significativamente,

mantendo-os sempre acima dos valores normativos..

Para isto foram idealizados dois procedimentos que reduzissem o nível atual de

tensões no concreto da estrutura existente. Na fase construtiva futura, após a e

instalação do novo balanço, submetido às cargas de vento e sobrecarga, as

novas tensões atuantes no concreto existente, superpostas às tensões iniciais

se situariam em níveis muito próximos aos atualmente atuantes na estrutura

original do estádio.

Os dois procedimentos para alívios de tensões foram: aplicação de protensão

na viga invertida da cobertura e macaqueamento da viga invertida.

Após as etapas de protensão e de macaqueamento da estrutura existente

inicia-se a montagem da treliça na parte inferior do balanço de concreto,

solidarizando-se esses dois componentes, de modo que os mesmos trabalhem

como estrutura integrada (mista) capaz de receber o balanço adicional de 26m.

A avaliação dos esforços que atuam na estrutura de concreto em sua

configuração original (fase 1) é mostrada na figura 18, extraída da modelagem

numérica via SAP2000.

Após uma prévia avaliação dos esforços a serem introduzidos na estrutura

existente pelo novo balanço determinou-se que a força de protensão a ser

aplicada nos pórticos intermedários e de junta de dilatação. Nos pórticos

intermediários aplicou-se 192tf, sendo cinco cordoalhas engraxadas com 19.2tf

em cada face das vigas invertidas. Nos pórticos de junta de dilatação aplicou-

se 96tf através de cinco cordoalhas na face oposta á junta.

30

Figura 18 – Momento fletor 2703tfm devido ao peso próprio, sobrecarga e

vento na união pilar externo com viga da cobertura (fase 1)

A figura 19 mostra as ancoragens passivas na ponta dos pórticos

intermediários antes da aplicação dos cabos de protensão.

Figura 19 – Ancoragens passivas dos pórticos intermediários

31

A figura 20 mostra as ancoragens ativas dos pórticos intermediários (face

externa do Estádio) e as cordoalhas já protendidas.

Figura 20 – Cordoalhas de protensão e ancoragens ativas dos pórticos

intermediários

Após a protensão (fase 2) o momento fletor na união entre pilar externo e viga

de cobertura não se altera, pois a protensão ativa está posicionada distante

deste ponto da estrutura.

Na fase 3, macaqueamento da viga de cobertura ocorre uma redução do

momento fletor na união entre viga da cobertura e pilar externo para o valor de

1619tfm, conforme figura 21.

32

Figura 21 – Momento fletor 1619tfm na união pilar externo viga da

cobertura após o macaqueamento (fase 3)

A figura 22 mostra a estrutura de aço usada para o macaqueamento da viga de

cobertura com uma força de 75tf aplicada a 17.4m da extremidade do balanço.

Figura 22 – Estrutura usada no macaqueamento da viga de cobertura

33

Os estudos revelaram a necessidade de reforçar o pórtico da estrutura de

concreto na união entre pilar externo com viga da cobertura (figura 23) e no

pilar externo imediatamente abaixo da viga da arquibancada superior, com uma

mão-francesa em aço (figura 24).

Figura 23 – Reforço de canto recebendo as treliças sob a laje de concreto

.

Figura 24 – Mão-francesa em aço sob a arquibancada superior

34

Após a concretagem dos reforços de canto, instalação das mãos francesas,

protensão das barras Incotep e instalação das treliças sob a viga de concreto

(figura 25) retira-se a estrutura do macaqueamento, passando a funcionar a

estrutura integrada (mista).

Figura 25 – Treliças instaladas sob a laje

Figura 26 – Momento fletor 1701tfm após a concretagem do reforço de

canto (em vermelho) e retirada do macaqueamento

35

O momento fletor na união pilar externo com viga de cobertura passou a ser

1701tfm, conforme figura 26.

A instalação da estrutura de aço em balanço com 26m de extensão juntamente

com a membrana, conduz ao novo momento fletor 1690tfm, conforme mostrado

na figura 27.

Figura 27 – Momento fletor 1690tfm após a instalação do balanço de 26m

O acréscimo da sobrecarga na arquibancada, sobrecarga na membrana e

vento produziu um momento fletor de 1690tfm, conforme figura 28.

Figura 28 – Momento fletor 1690tfm sob ação de vento e sobrecarga na

membrana

36

O momento fletor final após introduzir uma perda de 12% por relaxamento da

protensão é mostrado na figura 29.

Figura 29 – Momento fletor final 1688tfm após a perda de 12% por

relaxação da protensão.

O comportamento do ponto analisado da estrutura revela que o ocorreu uma

redução do momento fletor do valor inicial de 2703tfm para um valor final de

1688tfm. Já o ponto da viga de cobertura situado no início do reforço de canto

apresentou o seguinte comportamento: valor inicial 1654tfm; valor final

1832tfm. As figuras 30 e 31 ilustram esses valores. Esta seção da viga de

cobertura foi analisada sob a ação deste acréscimo de esforço e apresentou

um coeficiente de segurança superior a 1.4 no estado limite último. Esta seção

passou a ser a seção crítica de toda a viga invertida da cobertura.

37

Figura 30 – Momento fletor inicial 1654tfm no início do reforço de canto

Figura 31 – Momento fletor final 1832tfm no início do reforço de canto

38

A seqüência construtiva usada no projeto é representada a seguir.

Etapa 1: limpeza das juntas de dilatação entre setores.

Etapa 2: protensão das vigas de concreto armado invertidas da cobertura

39

Etapa 3: macaqueamento com 75tf das vigas de concreto armado invertidas da

cobertura

Etapa 4: execução dos reforços de canto, mão-francesa e protensão da barra

Incotep

40

Etapa 5: reforço das fundações dos pilares externos (realizada independente

das demais etapas)

Etapa 6: posicionamento das treliças sobre a arquibancada

Etapa 7: instalação das treliças na parte inferior da viga da cobertura

41

Etapa 8: retirada do macaqueamento

Etapa 9: montagem do novo balanço de 26m

Etapa 10: montagem da membrana e da passarela circunferencial

42

A figura 32 mostra o detalhe de fixação das treliças de junta de dilatação na

face das vigas invertidas através de chumbadores químicos que funcionam ao

cisalhamento, promovendo a interação entre treliça e concreto.

Figura 32 – Insertes das treliças de junta de dilatação

A figura 33 mostra o detalhe de fixação das treliças infermediárias na face das

vigas invertidas, promovendo a interação entre treliça e concreto. Foram

dimensionados um total de oito insertes em cada treliça.

Figura 33 – Insertes das treliças de pórticos intermediários

43

3.8- Esforços estáticos provenientes das membranas e sua aplicação na

estrutura.

A membrana foi dimensionada para os seguintes carregamentos:

- vento conforme ensaio em túnel de vento: pressão uniforme 60kgf/m2 (ver

figura 34); sucção variável de 67kgf/m2 a 123kgf/m2 (ver figura 35);

- peso próprio da membrana (1.2kgf/m2);

- sobrecarga aplicada na membrana 25kgf/m2;

As combinações de carregamentos usadas foram:

Caso 1: peso próprio + pré-tensão na membrana;

Caso 2: peso próprio + pré-tensão na membrana + sucção de vento;

Caso 3: peso próprio + pré-tensão na membrana + pressão de vento;

Caso 4: peso próprio + pré-tensão na membrana + sobrecarga;

Caso 5: peso próprio + pré-tensão na membrana + sobrecarga + vento

pressão.

Figura 34 – Pressão uniforme devida ao vento na membrana de um setor

44

Figura 35 – Sucção variável devida ao vento na membrana de um setor

As cargas nodais que os carregamentos de membrana induzem na estrutura

tubular foram transformadas em cargas distribuídas aplicadas nas cordas

superiores das treliças do contorno de cada setor do estádio. (ver figura 36).

Figura 36 – Caso 5 de combinação de carregamentos de membrana

aplicados nas treliças

45

3.9- Análise estática da estrutura de aço

A estrutura tubular foi analisada respeitando-se a seqüência construtiva

descrita nos itens anteriores. A verificação de estabilidade, tensões e

deformações foi feita via SAP2000.

Os carregamentos aplicados na estrutura foram:

- Tapamento em membrana SHEERFILL II-HT with EverClean TIO2 Top Coat:

1.2kgf/m2

- Sobrecarga na membrana e na laje de concreto: 25 kgf/m2

- Vento conforme resultados de ensaios em túnel de vento realizados no

LAC/UFRGS

- Vento para cima (sucção) na cobertura de concreto: 25kgf/m2

- Vento para baixo (pressão) na cobertura de concreto: 25kgf/m2

- Equipamentos elétricos, som, vídeo, iluminação: 200kgf/m2 aplicado na

passarela circunferencial situada na extremidade do balanço de 26m

- Dois telões (6m x12m) peso estimado 10000kgf posicionados nos setores 8 e

22.

- Guarda-corpo: 20kgf/m nas bordas da passarela radial e da circunferencial.

- Sobrecarga na arquibancada: 400kgf/m2

Figura 37 – Visão global de um setor do estádio

46

Figura 38 – Perfis pórtico intermediário – Treliça fora da laje

Figura 39 – Perfis pórtico intermediário – Treliça sob a laje

Figura 40 – Perfis pórtico junta dilatação – Treliça fora da laje

Figura 41 – Perfis pórtico junta dilatação – Treliça sob da laje

47

Figura 42 – Contraventamentos fora da laje

Figura 42 – Contraventamentos sob a laje

48

Figura 43 – Aproveitamento das barras via SAP2000

Deslocamentos na extremidade do balanço de concreto:

ETAPA U3

(mm) Ui+1 -

Ui

1 -250 0

2 -216 34

3 -128 88

4 -127 1

5 -127 0

6 -129 -2

7 -162 -33

8 -244 -82

9 -244 0

10 -254 -10

11 -256 -2

SU+ - SU- = - 6mm

Observa-se que a previsão para os deslocamentos verticais indica que a

extremidade do balanço de concreto deverá se posicionar 6mm abaixo da

posição inicial, quando todas as etapas construtivas forem executadas.

49

4- Bibliografia

1- ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NB14/2008 (NBR

8800) – Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto

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Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro.

3- ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR6123/1988 –

Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro.

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12- T. M. Murray, D. E. Allen, E. E. Ungar - Floor Vibrations due to Human

Activity, 1997.

50