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N. O 24 | 1. O SEMESTRE 2015 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA EM FOCO CONGRESSO GS1 ® PORTUGAL: “AS MARCAS PRECISAM DE CRIAR EXPERIêNCIAS MEMORáVEIS PARA O CONSUMIDOR” Página 6 A GS1 ® EM PORTUGAL • DECO: “INFORMAçãO NUTRICIONAL, UMA BATALHA QUE TEMOS DE GANHAR” CENTRO DE INOVAçãO E COMPETITIVIDADE GS1 ® PORTUGAL: “ESTá A NASCER UM NOVO CENTRO TECNOLóGICO EM LISBOA” Página 22 CRÓNICA MARCELO REBELO DE SOUSA: “CODIFICAçãO, MUDANçA E O ESPíRITO DA GS1 ® ... DE COLABORAçãO” Página 50 GS1 ® PORTUGAL Codipor – Associação Portuguesa de Identificação e Codificação de Produtos PEDRO SOARES DOS SANTOS Nos últimos 18 anos, a presença da Jerónimo Martins cresceu até à Europa Central e à América do Sul, levando consigo o valor de proximidade que a organização imprimiu na distribuição alimentar portuguesa. O presidente do conselho de administração e administrador delegado do grupo diz que é “fundamental mantermo-nos ligados à essência do que fazemos”.

Código 560 - Edição 24

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A revista da eficiência dos negócios. Nesta edição: - Entrevista de Pedro Soares dos Santos, presidente do grupo Jerónimo Martins; - Crónica de Marcelo Rebelo de Sousa; - Artigo de Opinião de Jorge Morgado, secretário-geral da DECO

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n.O 24 | 1.O SEMESTRE 2015 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

EM FOCOCongresso gs1® Portugal: “as MarCas PreCisaM de Criar exPeriênCias MeMoráveis Para o ConsuMidor”Página 6

A GS1 ® EM PORTUGAL• deCo: “inforMação nutriCional, uMa batalha que teMos de ganhar”• Centro de inovação e CoMPetitividade gs1® Portugal: “está a nasCer uM novo Centro teCnológiCo eM lisboa”Página 22

CRÓNICAMarCelo rebelo de sousa: “CodifiCação, Mudança e o esPírito da gs1®... de Colaboração”Página 50

GS1® PORTUGALCodipor – Associação Portuguesa de Identificação e Codificação de Produtos

PEDRO SOARES DOS SANTOSNos últimos 18 anos, a presença da Jerónimo Martins cresceu até à Europa Central e à América do Sul, levando consigo o valor de proximidade que a organização imprimiu na distribuição alimentar portuguesa. O presidente do conselho de administração e administrador delegado do grupo diz que é “fundamental mantermo-nos ligados à essência do que fazemos”.

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Com abertura prevista para o primeiro semestre de 2016, este novo centro GS1®, inspirado nos casos da Alemanha, Espanha e Suécia, tem a assinatura do arquiteto Pedro Appleton e do ateliê Promontório. Entre os pilares que sustentam o ambicioso projeto (de reconstrução em estrutura preexistente), podemos

distinguir a missão da GS1® – agora “ao vivo” – há mais de 40 anos: conferir visibilidade e eficiência aos negócios através da identificação, captura e partilha de dados empresariais e, naturalmente, dos inconfundíveis cinco mil milhões de bipes (e transações) diários em todo o mundo.

As marcas, para manterem a reputação e a credibilidade junto dos consumidores, vão ter de replicar no digital a segurança e a fiabilidade de sempre do ponto de venda físico. Por outro lado, este constitui um dos grandes legados do setor dos Bens de Consumo (Fast Moving Consumer Goods, FMCG) a uma diversidade de outros setores, e terá sido a principal conclusão que retirámos do II Congresso Nacional da GS1® Portugal: (de)coding the future together. O Futuro em Colaboração reuniu, em outubro passado, no Museu do Oriente, mais de 430 responsáveis dos FMCG, mas também de setores como a Logística ou a Saúde. De facto, como sublinhou o Inspiring Speaker do encontro, Robert Beideman, cujas principais ideias do discurso poderá ler nas páginas que se seguem, “é preciso valorizar e potenciar a experiência de mais de quatro décadas no retalho no ponto de venda. O caminho inverso da Amazon, do digital para o mundo físico, é a esse nível paradigmático”.

Este argumento, que consideramos muito pertinente e faz parte de uma visão mais abrangente e holística sobre a progressiva integração de toda a cadeia de valor, conduz-nos a um tema inadiável neste início de ano e que voltamos a abordar nesta edição: os benefícios da adesão à plataforma SyNC PT, uma porta ímpar de entrada no mundo digital e que responde aos desafios impostos (nesta fase apenas) às marcas do Alimentar – nomeadamente no que respeita à rotulagem nutricional nos canais de venda online e mobile – após a entrada em vigor, em dezembro passado, do Regulamento n.º 1169/2011/UE.

Para terminar, exaltamos, uma vez mais, a forma elogiosa como o Key Note Speaker do nosso congresso, o professor Marcelo Rebelo de Sousa, distinguiu o “nosso espírito de colaboração e de partilha”, qualificando-o de “notável”, esperando ainda que, como refere o distinto académico, o nosso universo de associados “continue a crescer e a ganhar adeptos em novos setores, como o Financeiro e o Público” – à semelhança do que parece ser agora o futuro (auspicioso) dos standards globais na Saúde.

Em nome de toda a Equipa GS1 – em particular das pessoas que ajudaram a construir mais esta edição da Código 560 –, aproveito para agradecer, a Uma Só Voz, o continuado entusiasmo de todos os nossos associados, parceiros, colaboradores, direção e restantes órgãos sociais, deixando ainda votos de um ótimo 2015, um ‘Futuro em Colaboração’ e, acima de tudo, boas leituras!

TrinTa anos depois, o novo fuTuro “ao vivo” dos StandardS globais A primeira pedra do novo Centro de Inovação e Competitividade, infraestrutura inteiramente dedicada aos standards globais e ao Sistema de Normas GS1, é lançada muito em breve. Sendo este o grande desígnio do mandato da atual direção da GS1® Portugal, é com particular orgulho que desvendamos, nesta 24.ª edição da Código 560, mais detalhes sobre este espaço inédito, disruptivo e ao mesmo tempo arrojado e frugal. Por outro lado, terá início em 2015, ano em que a entidade de utilidade pública neutra e multissetorial que gere o sistema de normas mais utilizado no mundo comemora o seu 30.º aniversário no nosso país

João de Castro Guimarães Diretor executivo da GS1® Portugal

A UmA Só Voz

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Em Foco 06Mais de 430 profissionais da cadeia de abastecimento e 21 oradores. Todos, em conjunto, a construir o futuro dos negócios. Aconteceu no dia 23 de outubro, no Museu do Oriente, em Lisboa, no Congresso Nacional da GS1® Portugal (de)Coding the Future Together. A revolução digital foi um dos principais temas em debate.

EntrEvista 12Pedro Soares dos Santos, presidente do conselho de administração e administrador-delegado do Grupo Jerónimo Martins.

os nossos associados 32O futuro está mais perto do que imaginamos. O RFID é a tecnologia em destaque nas boas práticas dos nossos Associados. A protagonista é a Checkpoint Systems.

StandardS Em ação 34Quais as melhores práticas de gestão logística numa unidade hospitalar? Na Galiza, a utilização de standards globais para gerir e rastrear produtos de saúde e aumentar a segurança do paciente é um caso de sucesso.

PErsPEtiva 36Viajámos ao longo de três décadas de distribuição moderna em Portugal. Do código de barras aos dados fiáveis nos canais digitais, a GS1® mantém-se fiel à sua missão: apoiar as empresas na obtenção de eficiência, visibilidade e competitividade para os seus negócios.

UnivErso Gs1® 38Pierre Georget, CEO da GS1® França, revela os principais projetos da organização que lidera há mais de 10 anos. E fala sobre os desafios de gestão de liderança nos tempos atuais.

códiGo GEnético 42O acesso à economia digital está na ordem do dia. Em Portugal, pretende-se que as micro, pequenas e médias empresas façam parte desta nova economia. Para isso foi criado um programa que facilita o acesso a ferramentas digitais e a soluções tecnológicas de gestão de negócios baseadas na Internet.

o oUtro Lado dE... 44Manuela Pessoa, assistente administrativa de Recursos Humanos e Formação GS1®.

sabor & bEm-Estar 46A nutricionista Ana Leonor Perdigão reflete sobre os impactos do sal na saúde e no bem--estar. Já a chef Marta Bártolo apresenta uma receita de fazer crescer água na boca.

Pedro Soares dos Santos, Grupo Jerónimo Martins

nesta edição

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Direção

PresidentePaulo Gomes

Vice-PresidenteLuís Moutinho

DiretorAmérico Ribeiro

DiretorManuel Sousa Pinto

Diretor executivoJoão de Castro Guimarães

Comité editorialBeatriz ÁguasFilipa PeixotoLuís Peixoto

Nuno MirandaPatrícia Tavares

Pedro LopesPedro Salazar

Marketing e relações CorporativasBeatriz Águas

Coordenação editorialPatrícia Tavares

PublicidadeDiogo Almeida

edição

Divisão de Novas Soluções de MediaRua Calvet de Magalhães, 242,

2770-022 Paço de ArcosTel.: 21 469 80 00 | Fax: 21 469 85 00

impressãoLisgráfica – Impressão e Artes Gráficas, S. A.

Publicação semestral | Tiragem5000 exemplares

NriCS124971

Depósito Legal245212/06

PropriedadeGS1® Portugal (CODIPOR)

R. Prof. Fernando da Fonseca, 16Escritório II – 1600-618 Lisboa

T: 217520740 |F: 217520741 | Website: www.gs1pt.org | e.mail: [email protected],

[email protected]

“A GS1 é uma marca registada da GS1 AISLB”

Esta edição da revista Código 560 foi escrita segundo o novo acordo ortográfico.

A revista Código 560 é uma publicação semestral da GS1® Portugal dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade

de negócios. Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos autores e não representam a

opinião da associação.

22 gs1® em portugalHá novas regras

de informação ao consumidor no setor

alimentar em toda a União Europeia. Por cá, mais de

750 empresas inseriram os dados dos seus produtos na plataforma SYNC PT®

para facilitar a partilha com fornecedores e clientes e, claro,

garantir a continuidade das vendas em websites

e aplicações móveis.

Breves 48Por cá, os primeiros factos e números sobre o impacto dos standards globais nos cuidados de saúde já foram revelados. Em Itália, há um novo setor na linha da frente para colaborar com a GS1®: a Administração Pública. Revelamos algumas das principais novidades do mundo GS1 em formato breve.

CróniCa 50Mudança de mentalidades, comportamentos e padrões de convivência comunitária. O professor Marcelo Rebelo de Sousa assina a crónica desta edição da Código 560 com uma forte mensagem de mudança e colaboração: “precisamos de descodificar para mudar, para que possamos sair da crise e atingirmos um patamar sem receio de outras crises”.

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Congresso Nacional GS1® Portugal

futuro mais colaborativo para os negóciosNum contexto de elevada complexidade das cadeias de valor, o futuro parece mais simples e promissor quando planeado em conjunto. Este foi o eixo de reflexão do congresso da GS1® Portugal, que levou ao Museu do Oriente líderes e gestores do mercado nacional para falar de colaboração e desvendar a rota certa para o digital

em Foco

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Compreender os desafios, identificar as oportunidades e “construir o futuro em colaboração”. O desafio foi lançado pela GS1® Portugal aos seus associados em abril e atingiu o seu momento alto em

outubro passado: mais de quatro centenas de profissionais e especialistas das cadeias de valor marcaram presença em Lisboa para a segunda edição do maior debate nacional em torno dos processos de negócio, das tendências de consumo e do futuro da colaboração no seio das cadeias de valor. Resultado: ambiente coletivo de entusiasmo e de confiança no amanhã num Museu do Oriente praticamente lotado. A colaboração foi, aliás, o epicentro – e o desafio – do encontro, tendo estado, por isso, na ordem do dia. “Em conjunto, tornamos a cadeia de valor mais eficiente”, apontou Paulo Gomes, presidente da GS1® Portugal, no arranque do congresso. Mas este não foi o único tema em destaque. A eficiência, a segurança, a qualidade da informação e o digital também alimentaram o debate da reunião que se revelou não só inovadora mas também multissetorial. Os congressistas que se juntaram à GS1® Portugal – 436, no total – representaram mais de 260 empresas de áreas como a Produção, o Retalho, a Saúde, os Transportes & Logística ou o meio académico. Pelo palco passaram também líderes e profissionais de várias áreas de especialização e diferentes setores de atividade para partilhar a sua visão, conhecimento e experiência de gestão e liderança. Desafiar, esclarecer, inspirar os participantes e, sobretudo, promover o alinhamento em torno do futuro dos negócios foram os grandes objetivos de todos os oradores, num momento em que as cadeias de valor parecem cada vez mais complexas e difíceis de desvendar.Na abertura oficial do evento, a vereadora com o pelouro da Economia e Inovação da Câmara Municipal de Lisboa, Graça Fonseca, antecipou a importância de acontecimentos como este, focado na interação e no diálogo entre empresas. Nas suas palavras, são “peças chave” para “posicionar Lisboa no mapa global” e “para mudar a perceção da cidade e do país”..

Os congressistas que se juntaram à GS1® Portugal representaram mais de 260 empresas de várias áreas, da Produção ao Retalho, da Saúde aos Transportes e Logística, sem esquecer as universidades

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em Foco

SeSSõeS, temaS e oradoreS que alimentaram o debate

Painel Debate: construir o futuro em colaboração Intermarché, Nestlé, Sonae, Sociedade Central de Cervejas e Sogrape. Estas foram as cinco empresas representadas no painel debate “Construir o Futuro em Colaboração”, que animou a manhã do Congresso da GS1® Portugal e cuja moderação esteve a cargo de André Macedo, diretor do Diário de Notícias. A colaboração e o digital foram os temas centrais da conversa.Numa das suas intervenções, o jornalista frisou o papel da GS1 na eficiência e inovação dos negócios, assumindo, desde logo, que “o código de barras faz muito mais do que identificar produtos. Através da gestão normalizada de dados, conta-nos a história do produto ao longo da cadeia de abastecimento”.Muito centrado nos desafios que o digital está a impor às insígnias da Produção e do Retalho e nas consequências “práticas” da entrada em vigor das novas regras de informação ao consumidor sobre produtos alimentares (Regulamento n.º 1169/2011/UE), o debate gravitou ainda em torno das tendências nos Fast Moving Consumer Goods (FMCG), a cinco anos, e na importância que as lojas

físicas têm hoje e no futuro.Acima de tudo, e mesmo tendo em conta o crescimento a dois dígitos nos canais de venda online e mobile, conforme referiu Luís Moutinho, CEO da SONAE Modelo--Continente, “o cheiro e a perceção do produto vão fazer com que a Internet não consiga matar as lojas físicas”. Nesse sentido, a Amazon, que acaba de abrir uma loja física na Quinta Avenida, em Nova Iorque, foi referida como um caso paradigmático da importância do ponto de venda físico e de como “a experiência de rastreabilidade com mais de 40 anos no retalho” pode influenciar o percurso digital das marcas.

Viajar pela cadeia de abastecimento Uma experiência de imersão na cadeia de abastecimento… em apenas 450 m2. Há um novo centro tecnológico a nascer em Lisboa que irá permitir viajar pela cadeia de abastecimento, vê-la em funcionamento e observar os seus processos comerciais. Chama-se CIC – Centro de Inovação e Competitividade, tem a assinatura da GS1® Portugal e foi apresentado em primeira mão no congresso da associação. João de Castro Guimarães subiu ao palco para desvendar algumas das características deste centro, que abrirá portas às empresas no início de 2016. “O CIC será uma experiência única de imersão na cadeia de abastecimento”, disse aos congressistas o diretor executivo da GS1® Portugal. “Seguindo o modelo CANVAS, da Stanford University, o objetivo é incluir uma academia de formação e permitir a demonstração de tecnologia dos parceiros e

a possibilidade de experiência e interação, servindo ainda de plataforma para decision-makers”, sublinhou. Na prática, será como uma viagem de longo curso pela cadeia de abastecimento, com escala nos vários elos que fazem a ligação entre o prado (a matéria-prima) e o prato (o consumidor final). A diferença é que tudo acontece entre quatro paredes, num espaço expositivo com menos de 500 m2.

O COngressO em númerOsparticipantes: 436.empresas representadas: 260.oradores: 21.temas debatidos: 17, entre eles colaboração, eficiência e digital.patrocinadores 19.

“Descodificar para mudar.” As palavras, da autoria de marcelo rebelo de sousa, espelham o ambiente de entusiasmo e de “confiança no futuro” que marcou a segunda edição do Congresso nacional da gs1® Portugal

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“Em cada elo de valor será possível ver, ao vivo e a cores, os standards GS1® em ação e o seu impacto na eficiência, segurança e visibilidade de toda a cadeia”, referiu o diretor executivo.

Boas práticas colaBorativasQual a importância da colaboração na otimização dos níveis de eficiência logística ao longo da cadeia de abastecimento? Orientada por esta pergunta, a sessão paralela da tarde dedicada às “Boas Práticas Colaborativas e Eficiência nas Cadeias de Valor” abordou áreas como a gestão de dados e de mercadorias, a fiabilidade da leitura de códigos de barras em loja ou a partilha de informação comercial entre parceiros de negócio, desde o momento em que o produto é expedido pelo produtor ao processo de check-out em loja ou de compra numa plataforma de venda online. Moderada por João Tedim, da Microsoft Portugal, esta sessão centrou-se nos vários agentes que operam ao longo da cadeia de valor dos Fast Moving Consumer Goods (FMCG), dos fabricantes aos operadores logísticos e dos distribuidores aos consumidores. Os oradores concordaram que o grau de complexidade das cadeias de valor é cada vez mais elevado, obrigando as empresas a adotar novos processos e métodos para manter a transparência dos fluxos de produtos e da sua informação. Neste contexto, concluíram, os standards globais são “âncora” das cadeias de valor transparentes, eficientes e seguras.

saúde: normalização, economia e segurança do pacienteEm simultâneo, debateu-se o “Impacto da Adoção de Standards Globais na Saúde”. A sessão, dirigida aos profissionais dos cuidados de saúde, serviu de palco à apresentação das principais conclusões do estudo produzido pela Augusto Mateus & Associados, a pedido da GS1® Portugal, sobre o papel dos standards na otimização da eficiência e segurança dos cuidados de saúde. Uma das principais conclusões do estudo prende-se com um potencial de segurança e de poupança a 10 anos para a economia portuguesa entre 561 milhões de euros (codificação dos dados de produto sem inclusão do número de série) e 791 milhões de euros (codificação de todos os dados de produto relevantes,

Professor marcelo foca a mudança Da mesma forma que há três anos brindou os presentes com uma intervenção perspicaz e muito focada na “mudança” e nos reptos que então se impunham, Marcelo Rebelo de Sousa regressou, em 2014, ao Congresso da GS1® Portugal com uma forte mensagem de “esperança” e um desafio: descodificar para mudar.“Descodificar para mudar, sair da crise e atingir um patamar sem receio de outras crises”, afirmou o professor e comentador político. Além deste desafio, defendeu “quatro grandes ideias” para o país que é necessário compreender para operar a mudança: “entender a sua dimensão e posição na era pós-imperial; compreender a saída da crise como uma oportunidade; ter em mente que existe população envelhecida e outra muito jovem a querer deixar o país, e repensar uma democracia ao mesmo tempo muito nova e muito velha”.

incluindo o número de série).Moderada por Silvério Paixão, da GS1® Portugal, esta sessão contou ainda com as intervenções do INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento), da ANF (Associação Nacional das Farmácias), da APORMED (Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos) e da APIFARMA (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica).

“É necessário sair da ilha para ver a ilha?”Na parte final do encontro, Robert Beideman, diretor sénior de Transformação Omnicanal na GS1® Global Office e Inspiring Speaker do Congresso da GS1® Portugal, subiu ao palco para falar sobre a importância de as marcas conseguirem compreender- -se a elas próprias e serem capazes de se “adaptar à medida que se adotam novas tecnologias”. Para transmitir a ideia, aludiu ao Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago: será que “é necessário sair da ilha para ver a ilha”? Para o especialista em digital, sim. “Não nos vemos se não sairmos de nós. É preciso olhar para as coisas sob uma outra perspetiva. Sair, de facto, da ilha para ver a ilha”, apontou. A “ilha” é o novo perfil de consumidor, espoletado pela primavera digital, o qual espera e exige cada vez mais da cadeia de abastecimento, está sempre conectado, interage com as marcas e procura, sobretudo, experiências e personalização nessas interações. “Não importa o local na cadeia. O consumidor deve estar sempre no centro”, alertou Robert Beideman. Offline, online e mobile são um só ambiente para este consumidor e, por isso, as empresas têm de saber responder-lhe através de soluções omnicanal – isto é, proporcionando a quem compra a mesma experiência nos seus diversos canais de ação . “A qualidade da informação é o fundamento para o futuro do comércio omnicanal”, acrescentou Beideman. “É preciso repensar a cadeia de valor à luz das novas tendências e valores de consumo.”

Painel de oradores da sessão dedicada às Boas Práticas Colaborativas

Grupo de oradores da sessão sobre adoção de standards na Saúde

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em Foco

SeSSão de AberturA

Paulo Gomes GS1® Portugal

“Unimos todos os elos da Supply Chain. Em conjunto, tornamos a cadeia de valor mais eficiente. Somos a linguagem global dos negócios.”

Graça Fonseca Câmara Municipal de Lisboa

“Posicionar Lisboa no mapa global através de eventos como este é pe-ça chave para mudar.”

PAinel debAte “construir o Futuro em colaboração”

Jacques reber Nestlé Portugal

“Os consumidores comunicam mais sobre os produtos do que os próprios produtores.”

luís moutinho SONAE Modelo-Continente

“Acreditamos que a In-ternet não vai matar as lojas físicas. O cheiro e a perceção do produto são uma experiência de compra diferente. O mundo é muito mais do que Internet.”

Joaquim candeias Intermarché “O consumidor está cada vez mais conhe-cedor de tudo e a ficar exigente no cumpri-mento da rotulagem, ainda uma minoria, mas numa tendência crescente.”

ronald den elzen Sociedade Central de Cervejas e Bebidas “Há que pensar na eficiência, mas sobre-tudo nos consumidores tradicionais. Em como surpreendê-los, saber o que querem e usar todas as ferramentas nesse sentido.”

rolando borGes Sogrape

“Na nova abordagem B2B2C, o consumidor tem de intervir na cadeia, sendo ainda passivo na ligação entre produtores e distribui-dores.”

APreSentAção do CiC – Centro de inovAção e ComPetitividAde

João de castro Guimarães GS1® Portugal

“O nosso Centro segue uma tendência internacional e é muito inspirado e influenciado pelos casos da Alemanha, Espanha e Suécia. […] Seguindo o modelo CANVAS, da

Stanford University, o objetivo é que inclua uma academia de formação e permita a demonstração de tecnologia dos parceiros e a possibilidade de experiência e interação, servindo ainda de plataforma para decision-makers.”

Key note SPeAKermarcelo rebelo de sousaProfessor universitário

“O espírito da GS1® é notável. Há três anos falava eu nesta sala de um Portugal que en-trava num período de profunda crise econó-mica e social. Falei de esperança e mudança. […] Três anos passados, o mundo, a Europa e Portugal mudaram mui-to. Além das alterações geopolíticas, o mundo está hoje mais global e exigente no que respei-ta à informação.”

Quem disse o Quê?

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Heitor Costa APIFARMA

“A nível europeu, temos de avançar rapidamente e acre-dito que nos próximos três anos a introdução dos códigos GS1® nos dispositivos mé-dicos vai ser uma realidade. […] Não há melhor forma de proteger os cidadãos do que através de um código global.”

SeSSõeS ParalelaSBoas PrátiCas ColaBorativas e efiCiênCia na Cadeia de valor

antónio fernandes Luís Simões

“A utilização das regras GS1® representa uma grande mais-valia para a eficiência, contribuin-do, por exemplo, para a redução de lead times de operação e para um controlo apurado de inventário, desde logo devido à qualidade de informação e à exis-tência de uma única etiqueta.”

José María BonMatíAECOC/GS1® Espanha

“Neste processo de digitalização da experiência de compra, é preciso assegurar

a transparência permanente do produto na cadeia de valor, garantindo ainda a proteção da privacidade dos consumidores.”

artur andrade GS1® Portugal

Marina serralHeiro Auchan

“O estudo de fiabilidade de leitura em loja (Jumbo Almada, 2013) serviu para analisar a qualidade e eficiência dos códigos de barras existentes nos lineares. […] Das 28.439 referências analisadas, 74 por cento tinham alguma inconformidade, num total de 31.777 inconformidades, sendo que a truncagem, com 61 por cento, foi a mais significativa.”

Bo raattaMaa GS1® Suécia

“Devemos responder com soluções robustas e credíveis às expectativas dos consumidores – que permitam a comparação entre produtos, a busca por outros produtos, etc.”

nuno azevedo GS1® Portugal

“Existe uma nova abordagem, focada nas necessidades de negócio do cliente, em vender sem vender e na tecnologia como ferra-menta, num triângulo entre pessoas, processo e tecnologia. O sucesso está no equilíbrio des-tes três vetores.”

“iMPaCto da adoÇÃo de STANDARDS GloBais na Cadeia de valor da saÚde”

GonÇalo Caetano Augusto Mateus & Associados

“A exigência de standards globais é uma determinação da União Europeia e a maior parte dos países já a adotou.”

PrinciPais conclusões

1. “Descodificar para mudar.” Este é um dos desafios que se impõe ao país para sair da crise e atingir um patamar sem receio de outras crises.

2. Apesar de o digital estar a crescer a dois dígitos no FMCG, o ponto de venda física (setor com mais de 40 anos) mantém um

estatuto de relevância na partilha de experiências sensoriais ao consumidor (como toque, perceção e cheiro)…

3. … Ainda assim, há que repensar a cadeia de valor de forma integrada e holística e posicionar o consumidor no centro.

4. Os standards globais implicam que as empresas falem uma mesma língua. Eficiência, segurança, automatização, otimização nos processos logísticos, inovação, sustentabilidade e transparência são alguns dos grandes benefícios da “linguagem global dos negócios”.

5. Vai ser possível ver os standards GS1® em ação na cadeia de valor e observar os seus benefícios. O CIC – Centro de Inovação e Competitividade abre portas, em 2016, a uma experiência de imersão e interatividade na cadeia de abastecimento.

HuMBerto Costa APORMED

“Para o setor dos Dispositi-vos Médicos é importante assegurar a reconciliação do que se desenvolveu a nível nacional e dos consequen-tes investimentos feitos, quer com as orientações internacionais, quer com a regulamentação esperada a partir de 2015, com o novo Regulamento Europeu”.

insPirinG sPeaker

roBert BeideMan GS1® Global Office

“Não importa o local na cadeia, o consumidor deve estar sempre no centro.”

Pedro ferreira ANF

“É uma oportunidade de ouro para a cadeia de valor poder sentar-se a uma mesma mesa e aproveitar esta mudança para gerar eficiência.”

MiGuel antunes INFARMED

“O INFARMED apoia a introdução deste tipo de standards.”

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Em Foco

C omo antevê o retalho em 2020? A loja física vai desaparecer ou os negócios vão ser cada vez mais definidos por estratégias omnicanal?

É interessante ver como a tecnologia tem acelerado apenas ao longo da última década. Há 10 anos, em 2004, o Facebook tinha acabado de ser lançado. A marca mais popular na Web era o MSN da Microsoft e blogue foi a palavra do ano. Desde aí, vimos a introdução do iPhone, a invenção do computador tablet, bem como a criação do Google Maps. A tecnologia tem, sem dúvida, alterado o mundo à nossa volta e a taxa de variação continua a aumentar. Esta mudança teve um impacto profundo sobre a maneira como as pessoas compram e os canais que a indústria de retalho utiliza para levar os produtos ao mercado e se “ligar” aos consumidores. Olhando para 2020, estou confiante de que as lojas físicas continuarão a desempenhar um grande papel na jornada de compra do consumidor, mas acredito que vamos ver algumas áreas do retalho a tornarem- -se completamente “digitais”, como temos assistido com os setores da música e dos

Omnicanal

As MArcAs precisAM de criAr experiênciAs MeMoráveis pArA o consuMidorOmnicanal? Experiências de compra? Consumidor digital? Em entrevista à Código 560, Robert Beideman, diretor sénior de transformação omnicanal da GS1® Global Office, respondeu à questão que se impõe: estarão as empresas preparadas para o digital?

livros. Espero que o mundo do retalho confie mais na criação e intercâmbio de dados de alta qualidade, quer entre as empresas, quer com os seus clientes, e que as experiências personalizadas de consumo – orientadas por analytics e business intelligence – se tornem muito mais comuns.

Quais são os comportamentos chave que as marcas devem adotar de forma a não perderem o comboio do digital?Os retalhistas e proprietários de marcas precisam de entregar elementos básicos de satisfação do cliente que já existem há muito tempo, mas que assumiram uma nova importância enquanto caminhos digitais para a proliferação da compra. Estas áreas de foco incluem a melhoria da visibilidade do inventário, garantindo que os dados disponibilizados ao consumidor são de alta qualidade, e o desenvolvimento de modelos de atendimento que respondam às necessidades dos clientes alvo. O foco nestes temas vai dar aos retalhistas e fabricantes a oportunidade de comunicarem o valor dos seus produtos e da sua marca de forma mais completa aos olhos dos

consuMidor digitAl Para ele, a fronteira entre estar na loja física e fazer compras online está a desaparecer rapidamente. A dependência dos dispositivos móveis e redes sociais para saber mais sobre os produtos, para avaliar alternativas e até mesmo para comprar produtos está em ascensão

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consumidores, em todos os canais físicos e digitais de compra – e são elementos fundamentais de uma estratégia bem-sucedida para a transformação omnicanal.

Considera que as empresas estão conscientes e preparadas para responder às novas tendências de compra?Há uma consciência global e unânime do quão rápido está a mudar a experiência de compra à medida que o consumidor tradicional começa a utilizar as novas tecnologias. Mas a consciencialização e preparação são duas coisas diferentes. Os líderes do setor têm agora a oportunidade de desenvolver planos viáveis para harmonizar a sua “marca” aos olhos do consumidor e obter um novo olhar sobre como partilham dados entre e dentro da empresa, para que possam maximizar o valor da identificação única e da precisão da identificação sobre os seus produtos.

Durante o nosso congresso, disse que as empresas devem repensar a cadeia de valor. Como é que a GS1® pode ajudar nesta tarefa?As empresas estão a promover a qualidade dos dados sobre os seus produtos de forma a

melhorar a pesquisa online, otimizar a gestão de inventário, permitir análises mais inteligentes e reduzir o risco de mercadorias falsificadas. Qual o papel das normas nisto? Integrar o “tecido conjuntivo” que ajuda as empresas a partilharem dados numa organização, entre parceiros comerciais e com os consumidores. A melhor maneira é começar a “jornada” de transformação omnicanal conversando com a equipa da GS1® Portugal para aprender como é que processos de negócios normalizados se traduzem em eficiências operacionais sustentáveis.

Qual o papel do consumidor nas cadeias modernas de abastecimento?Quer se seja fabricante, retalhista ou distribuidor, o consumidor encontra-se agora no centro do foco destes agentes e da sua nova cadeia de abastecimento. A cadeia tradicional chega agora a montante do fabricante – impulsionada pela necessidade do consumidor de obter informações sobre a proveniência e a origem dos produtos que compra. Também se dirige mais a jusante – bem para lá do ponto de venda tradicional, passando a incluir as necessidades de devolução e a experiência de utilização de produtos após a compra. Como resultado, os consumidores relacionam-se e interagem com o setor do retalho tendo por base uma maior variedade de motivos e durante um período de tempo potencialmente mais longo.

O que espera o consumidor das marcas com que interage diariamente?Os clientes querem simplicidade e facilidade na interação. Eles pretendem obter informações, imagens de produtos precisas e ler opiniões – e em elevada quantidade. Esperam ainda respostas mais rápidas do que nunca e são mais experientes no digital do que alguma vez algum consumidor o foi. Adaptam--se depressa às novas tecnologias e estão a interagir de forma cada vez mais global.Isto significa que as empresas têm de responder às expectativas dos consumidores através de modelos eficazes e de dados de produtos, de inventário e entrega eficientes. O que eu quero dizer é que agora, mais do que nunca, as marcas precisam de fazer promessas que possam manter e criar experiências memoráveis para o consumidor.

Mais do que nunca, as marcas precisam de fazer promessas que possam manter

Durante o Congresso da GS1® Portugal, Robert Beideman disse que o consumidor deve ser sempre o centro da cadeia de abastecimento

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Em Foco

O cOngressO pelOs OlhOs dOs cOngressistas

Ronald den elzen Sociedade Central de Cervejas e Bebidas

É bom que a indús­tria esteja unida e se reúna para debater as formas de oti­mizar a cadeia de valor. No final do dia, quer sejamos um produtor ou um grande retalhista, temos um mesmo objetivo: servir o consumidor. Nesse sentido, há que reduzir o custo em toda a cadeia, para criar produtos o mais eficazes e seguros possível para o consumidor. Dessa forma, este é um local fantástico para se discutir os desafios do mer­cado e os modos de melhor servir o consumidor.

José Clemente Quinta Uniarme

Este é um dia muito grande para a GS1® Portugal. O congresso tem uma componente muito importante: os standards, nomea­damente os da codificação. A GS1® atingiu um grande sucesso ao nível de todos os produtos alimentares há mais de 20 anos e tem agora pela frente novos desafios, como a entrada da codificação nos produtos da saúde e das transações financeiras.

JoRge HenRiQues FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares

Revela­se importante pela divulgação e por juntar esta multidão de parceiros, associados, gente ligada ao mundo dos negócios e das empresas, pelo facto de podermos partilhar desejos, ambições e preocupações sobre o futuro. Temos ainda muitos problemas a resolver no contexto interno, nomeadamente na tentativa de sair e vencer a crise.

JoaQuim Candeias Intermarché

Constitui uma excelente forma de partilha de opiniões e de unir os dois elos na cadeia de distribuição. A GS1® Portugal tem sido, de facto, ótima a reunir retalhistas e pro­dutores, os quais, em conjunto, fazem crescer todo o setor.

JaCQues RebeR Nestlé Portugal

Falamos muito so­bre o digital, mas é também importante partilhar experi­ências e contactos diretos com todos os parceiros. A GS1® tem um papel fundamental na parceria que queremos desenvol­ver com os nossos clientes, os reta­lhistas. A GS1® e os códigos de barras permitem­nos falar a mesma linguagem e, de certa maneira, libertar o potencial que juntos podemos desenvolver no fu­turo. Este congresso teve uma organi­zação de grande qualidade e a GS1® está de parabéns.

maRCelo Rebelo de sousa Universidade de Lisboa

Em primeiro lugar, é importante porque permite transmitir informação. Em segundo, porque há muita gente de pequenas empresas que vem ouvir os líderes empresariais dos grandes grupos, independentemente de serem concor­rentes entre si, falar sobre os benefícios da codificação para as suas empresas. Isto tem um efeito de mobilização e de transformação de mentalidades. Por outro lado, muitos dos presentes já es­tão convertidos, mas é bom encontrarem­ ­se para trocar im­pressões. E, depois, porque é lançada uma ideia que passa por aplicar a codificação fora do setor produtivo clássico... em áreas como Finanças, Ad­ministração Pública, e setores sociais, como a Saúde.

A Código 560 questionou alguns dos oradores e congressistas sobre a importância deste congresso enquanto elemento de divulgação e de partilha de experiências...

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entrevista

Pedro Soares dos SantosHá que cultivar um estadode inquietude nas liderançasPrimeiro Polónia, depois Colômbia. Nos últimos 18 anos, a presença da Jerónimo Martins cresceu até à Europa Central e à América do Sul, levando consigo o valor de proximidade que a organização imprimiu na distribuição alimentar portuguesa. À Código 560, o presidente do conselho de administração e administrador-delegado do grupo diz que é “fundamental mantermo-nos ligados à essência do que fazemos”. Mas com uma forte postura de responsabilidade social, pioneirismo e insatisfação permanente

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menos testada. E significa compromisso com uma visão de longo prazo inerente à sustentabilidade.Valorizamos muito o conhecimento e o esforço na procura constante de novas e cada vez melhores soluções para responder às necessidades e expectativas dos nossos stakeholders, em especial dos consumidores. A motivação para a inovação e o gosto pelo pioneirismo são parte integrante da nossa cultura de gestão, caracterizada pela insatisfação permanente e pela não acomodação.

Apesar dos dois séculos de história, o Grupo Jerónimo Martins mantém uma estrutura acionista de base familiar. Quais são os valores que têm acompanhado o posicionamento da organização e de que forma influenciaram a expansão além-fronteiras? As empresas maioritariamente detidas por uma família acabam por ser organizações com uma cultura mais forte e em que há, inevitavelmente, uma transferência dos valores da família para a empresa. No nosso caso, a humanidade, o mérito, o empreendedorismo e o sentido de cidadania são os valores que considero serem muito nossos e que têm atravessado a história da Jerónimo Martins ao longo dos séculos.

A internacionalização iniciou-se em 1997, com a abertura da primeira loja alimentar “de proximidade” na Polónia, sob a insígnia Biedronka. Mais recentemente, em 2013, o grupo estreou-se na Colômbia, através da ARA. Quais os principais desafios registados com estas internacionalizações de sucesso e como foram superados?O modo como o Grupo Jerónimo Martins se internacionaliza não passa pela replicação de modelos. Assim, o nosso principal desafio está em compreender os mercados e os hábitos alimentares e padrões de compra dos consumidores, o que nos permite depois aplicar esse conhecimento à afinação de uma proposta

marca Jerónimo Martins nasceu há mais de dois séculos, numa pequena loja no Chiado, em Lisboa. Hoje atua nas áreas da Distribuição, da Indústria e dos Serviços e tem uma presença internacional. Quais foram os grandes marcos de inovação no percurso de vida do grupo e qual é a proposta de valor que hoje define a Jerónimo Martins?A estratégia de inovação no grupo está indissociavelmente ligada às preocupações com a sustentabilidade, nas suas múltiplas dimensões: social, económica e ambiental. Qualquer estratégia de inovação deve contribuir para crescermos de uma forma rentável e ao mesmo tempo responsável. Por exemplo, porque somos uma empresa de distribuição alimentar, acreditamos que os produtos que disponibilizamos através das nossas marcas próprias devem contribuir para promover a saúde dos consumidores, e por isso temos programas de reformulações nutricionais que procuram diminuir progressivamente a presença dos ingredientes mais prejudiciais nos alimentos (como o sal ou o açúcar, por exemplo) sem lhes prejudicar o sabor. Outro exemplo, completamente diferente, pode ser encontrado num programa de apoio aos nossos colaboradores das lojas e centros de distribuição, que se focou em suportar a maior parte dos custos envolvidos em projetos de saúde oral e que teve um impacto positivo enorme junto das pessoas. Da mesma forma que quando decidimos apostar em investir num país como a Colômbia, com um conceito de loja alimentar destinado aos segmentos da população com menores rendimentos, e arrancar naquela zona que tem a maior taxa de desemprego, isso é certamente escolher a via

Aentrevista

Ao longo de mAis de 30 Anos neste negócio, Aprendi que é fundAmentAl mAntermo-nos ligAdos à essênciA do que fAzemos

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A nossa razão de ser existe enquanto os consumidores gostarem de comprar nas

nossas lojas e preferirem os nossos produtos.

de valor verdadeiramente relevante e diferenciadora. Mas se, por um lado, não replicamos modelos, também é verdade que capitalizamos na experiência acumulada e no know-how desenvolvido para encurtar curvas de aprendizagem. A minha grande prioridade enquanto gestor é estar atento à evolução das sociedades e garantir que as companhias conseguem adaptar-se e antecipar as necessidades dos nossos clientes. Na distribuição, esta é uma regra de ouro. Qualquer negócio que seja capaz de se adaptar rapidamente tem futuro.

O que mudou, em termos de gestão, com a entrada nestes novos mercados?A diluição de identidade do Grupo Jerónimo Martins e, de algum modo, alguma perda da força da cultura empresarial que pode resultar do ganho crescente de dimensão internacional são riscos a gerir e a saber contornar. Para além disso, temos de ser cada vez mais eficientes e dotar o grupo dos meios necessários que nos permitam encurtar distâncias e manter os padrões de qualidade e rigor, independentemente da geografia em que estejamos a operar.

A Jerónimo Martins conquistou a posição de líder na distribuição alimentar não só em Portugal, mas também na Polónia. Como descreve o compromisso do grupo com o crescimento? A estratégia para o futuro passa pelo crescimento sustentável noutros países?Sabemos que as nossas posições de liderança na distribuição alimentar em Portugal e na Polónia trazem consigo também mais responsabilidade. Mas acreditamos convictamente que a forma como vivemos essa responsabilidade é também um dos pilares da competitividade empresarial nos dias de hoje. A capacidade de escutar, de responder e surpreender o consumidor, a da execução e da excelência do desempenho operacional e financeiro, bem como as relações com as várias partes afetadas e interessadas na atividade de uma organização, são determinantes para a sua competitividade e êxito no longo prazo.

De acordo com um estudo recente da ACEPI/IDC, em 2020 50% dos utilizadores portugueses de Internet serão compradores online. Na sua opinião, o comércio eletrónico vai ser estruturante para o futuro da distribuição alimentar? Como é que a Jerónimo Martins se posiciona neste âmbito?É uma realidade cuja evolução acompanhamos atentamente.

PessoalPedro Soares dos Santos, presidente do conselho de adminis-tração e administrador-delegado do Grupo Jerónimo Martins

Onde naSceu?Lisboa.É caSadO? TeM filhOS?Sim, e tenho cinco filhosQual fOi O MOMenTO MaiS MarcanTe da Sua vida? A primeira vez que fui pai.Que valOr TeM a faMÍlia Para Si? Todo.Qual a Sua PrinciPal fOnTe de inSPiraÇÃO Para O dia a dia? O que mais me inspira é pensar que o negócio em que estamos – da distribuição alimentar – pode contribuir para melhorar a vida das pessoas mais carenciadas e gerar maior desenvolvimento socioeconómico nas sociedades onde estamos presentes.cOMO GOSTa de PaSSar OS TeMPOS livreS? Gosto muito de viajar, de ler biografias e livros sobre História e também de praticar tiro aos pratos com o meu grupo de amigos de Vila Real.

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Na área da indústria, o grupo orgulha-se da joint-venture de mais de meio século estabelecida com a Unilever em Portugal. Que importância assume esta parceria para a Jerónimo Martins? A joint-venture com a Unilever, em 1949, marca o grande momento de expansão do grupo na indústria, atividade já iniciada no final dos anos 30 do século passado. Esta importante parceria foi reforçada em 2007 com a fusão da FimaVG, Bestfoods, LeverElida e IgloOlá numa única companhia, denominada Unilever Jerónimo Martins, e que é detida em 45 por cento pelo Grupo Jerónimo Martins.

acomodação quando as coisas correm bem. Acredito que se deve cultivar um estado de inquietude nas lideranças, por forma a não deixar instalar falsas confianças e a vaidade, da qual nasce a arrogância e a incapacidade de ouvir as pessoas à nossa volta, de escutar os consumidores e de ler o mercado.

Que valor atribui às relações de colaboração nas cadeias de valor modernas?O trabalho conjunto com os nossos fornecedores revela-se fundamental. A partilha de conhecimento entre as partes permite-nos desenvolver projetos que são inovadores sob vários pontos de vista. É muito interessante perceber que também nós funcionamos como um estímulo à inovação junto dos fornecedores, nomeadamente ao nível da produção nacional. Em geral, como este é um negócio em permanente evolução, os nossos parceiros procuram sempre apresentar soluções inovadoras e que respondam às nossas necessidades de diferenciação competitiva.

A GS1® Portugal celebra, em novembro de 2015, 30 anos de existência, que simbolizam a introdução do código de barras no retalho nacional e o arranque de uma plataforma colaborativa entre produtores e distribuidores. Como vê a atuação da nossa organização no universo empresarial português? A introdução dos códigos de barras significou uma revolução na gestão de stocks e de inventário e veio introduzir rapidez no ato de compra. Embora aparente ser uma tecnologia muito simples, é, na verdade, bastante sofisticada, na medida em que reúne muita informação e permite a comunicação de dados entre o leitor de códigos de barras e a base de dados informática que contém a informação relevante sobre o produto. Apesar de só terem passado três décadas, hoje em dia não se imagina operar em qualquer das nossas lojas sem esta tecnologia. Parabéns, portanto, à GS1® Portugal e votos de continuação de êxito.

Que mensagem gostaria de deixar aos líderes das mais de 7300 empresas associadas da GS1® Portugal?Na minha opinião, nunca devemos esquecer que as empresas têm a responsabilidade de procurar empenhar--se no desenvolvimento socioeconómico e ambiental das regiões onde desenvolvem a sua atividade. Portugal tem vivido momentos muito difíceis, pautados pela diminuição drástica do poder de compra, pelo aumento do desemprego e pela quebra de confiança dos cidadãos nas instituições. É nestas alturas que se exige, que tem de se exigir, das empresas maior responsabilidade.

entrevista

Volvido um ano da sua nomeação como presidente do conselho de administração, que balanço faz da sua liderança na Jerónimo Martins? O administrador-delegado de um grupo de distribuição alimentar, função que desempenho desde abril de 2010, tem de ter um profundo conhecimento do negócio e das operações. Ao longo de mais de 30 anos neste ramo, aprendi que é fundamental mantermo-nos ligados à essência do que fazemos e percebermos que a nossa razão de ser existe enquanto os consumidores gostarem de comprar nas nossas lojas e preferirem os nossos produtos. Em dezembro do ano passado, passei a acumular também as funções de presidente do conselho de administração. Na realidade, tratou-se de um alargamento de funções que impõe um distanciamento maior relativamente a alguns temas e uma aproximação a outros. Mas tenho conseguido não perder a proximidade com as operações, que são o verdadeiro coração do negócio do retalho.

Na sua opinião, quais as competências e os valores que um bom líder deve potenciar na gestão de uma empresa? E das suas equipas?A principal preocupação de qualquer líder de empresa, seja privada ou pública, deve ser o desenvolvimento de equipas fortes, equilibradas e responsavelmente ambiciosas. Em relação a si próprio, um bom líder deve saber rodear-se de gestores talentosos, honestos e leais.Na minha opinião, o principal ponto fraco ou armadilha que um bom líder deve evitar ao máximo é a

A motivAção pArA A inovAção e o gosto pelo pioneirismo são pArte integrAnte dA nossA culturA de gestão

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gs1® em portugal

Após três anos em vigor, o Regulamento de Informação ao Consumidor (n.º 1169/11/UE) entrou finalmente em

aplicação efetiva. Mais concretamente a partir do dia 13 de dezembro, data que marca a implementação em pleno desta nova legislação europeia, que regula, de forma cirúrgica, a informação disponibilizada nos rótulos físicos e nos canais de venda à distância dos géneros alimentícios. O regulamento estipula que os detentores de marcas do setor alimentar que queiram ter os seus produtos à venda nos canais online e mobile, na União Europeia, têm de disponibilizar ao consumidor, obrigatoriamente, um conjunto de dados comerciais e nutricionais. Caso não o façam, não poderão vender

Regulamento n.º 1169/11/UE

Novas regras europeias de veNda online No setor alimeNtar O mês de dezembro marcou uma nova fase no comércio eletrónico e mobile: a da qualidade da informação alimentar disponibilizada ao consumidor

os seus produtos, por exemplo, em catálogos, websites ou aplicações móveis – algumas das modalidades de venda à distância abrangidas pelo regulamento.

em portugalPara o setor alimentar, o ano de 2014 foi de transição e de ajustamento às novas regras de venda online em toda a União Europeia. Por cá, o cenário não se revelou diferente. O mercado nacional ultimou os preparativos para garantir o cumprimento do

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Regulamento Europeu n.º 1169 a partir da data prevista – 13 de dezembro – e evitar restrições no comércio eletrónico. A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) iniciou nessa altura a fiscalização da informação de produto disponibilizada nos meios de venda à distância. “Enquanto autoridade competente, a ASAE tem e terá um papel ativo no que concerne à qualidade dos dados e cumprimento dos requisitos [do Reg. n.º 1169/11/UE]. Ou seja, será responsável por averiguar se a informação fornecida sobre géneros alimentícios em plataformas online apresenta erros e/ou omissões aquando da sua disponibilização ao consumidor final”, explicaram Graça Mariano, diretora de Serviços do Departamento de Riscos Alimentares e Laboratórios da ASAE, e Susana Gaspar,

12 Requisitos obRigatóRios no online 1. Nome do género alimentício.

2. Lista de ingredientes.

3. Qualquer ingrediente ou composto processado que esteja incluído no Anexo II do regulamento.

4. Qualquer derivado de uma substância ou de um produto referido no mesmo anexo que provoque alergias ou intolerâncias ou que seja utilizado na produção ou preparação de um alimento e que esteja ainda presente no alimento final, mesmo que numa forma alterada.

5. Quantidade de determinados ingredientes ou categorias de ingredientes.

6. Peso líquido do alimento.

7. Condições especiais de conservação e/ou de utilização.

8. Denominação social e morada da empresa do setor alimentar referida no artigo 8(1). 9. País ou local de origem, nos termos previstos do artigo 26.

10. Instruções de uso, nos casos em que a utilização do alimento se revela difícil sem as mesmas.

11. Teor de álcool, no caso das bebidas com teor superior a 1,2 por cento.

12. Declaração nutricional.

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gs1® em portugal

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nutricionista, num artigo de opinião publicado na última edição da Código 560. Para apoiar as empresas nesta mudança de gestão de dados de produto, a GS1® Portugal uniu--se a produtores e retalhistas, disponibilizando uma plataforma gratuita para a introdução, gestão e partilha desses dados (nutricionais, comerciais, logísticos, gráficos, entre outros): a SYNC PT. Esta plataforma recebeu o apoio expresso de retalhistas como o El Corte Inglés, a Auchan, a Sonae, a Macro, entre outros. Além da disponibilização da plataforma e do apoio prestado aos produtores, quer por telefone quer nas suas próprias instalações, a GS1® Portugal reuniu uma equipa que se deslocou aos hipermercados para a recolha de dados de produtos alimentares em loja. O Intermarché de Porto Salvo (Oeiras), o Jumbo

do Dolce Vita Tejo (Amadora) e o Continente do CascaiShopping (Cascais) foram os três hipermercados que serviram de palco a este projeto, que permitiu inserir na SYNC PT mais de 16.700 fichas de produto de vários detentores de marca.

Factos & números sYNC ptNúmero de utilizadores: 750.N.º de fichas de produto: 52. 042 (das quais 36.192 incluem dados abrangidos pelo Regulamento n.º 1169).Top 5 empresas puBlicadoras de dados: Nobre Alimentação, Avibom Avicola, Nestlé, Fábricas Lusitana - Produtos Alimentares, Frutas Patrícia Pilar.

regulamento n.º 1169N.º de ações de formação Gs1® (até NovemBro 2014): 20.N.º de formaNdos (até NovemBro 2014): 457.

Funcionalidades da sYnc PT®

1. Publicação e subscrição de dados nutricionais, de marketing, logísticos e outros – através da DATA POOL, um repositório de dados mestre normalizados que permite a sua sincronização entre produtores e retalhistas (mediante autorização do produtor). 2. Publicação e subscrição de imagens de produto – através do MEDIA, um arquivo de imagem que assegura a qualidade da informação gráfica dos produtos transacionados entre parceiros de negócio, cumpre as normas GS1® e permite implementar fluxos de processamento automático de imagens. 3. Recolha de dados de produto e disponibilização online e em aplicações móveis – através do AGGREGATOR, um serviço que apoia a comunicação online (Internet) e mobile (dispositivos móveis) entre os proprietários de marcas e os consumidores/compradores, retalhistas, entre outros, de dados autênticos de produtos e que cumpre as exigências regulamentares.

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Há 40 anos que a DECO está presente na defesa dos direitos dos consumidores. Um papel nem sempre fácil. Fomos con-frontados frequentemente com a tentação mistificadora de atacar o mensageiro, des-viando a atenção pública da mensagem.

Hoje constatamos, no entanto, que a recetividade relati-vamente ao nosso trabalho se alterou qualitativamente e que as nossas ações são percebidas como um contributo sério, independente e empenhado para a melhoria dos setores em que intervimos.Uma das nossas reivindicações recorrentes, ao longo de quatro décadas, é a exigência da disponibilização de mais informação aos consumidores. Por isso o caminho proposto na área da rotulagem dos alimentos constitui um sinal positivo de como um setor se pode reinventar, acrescentando valor ao que já produz e introduzindo uma lógica de maximização da informação prestada que se pode resumir, na perspetiva do consumidor, em duas palavras: poder confiar.E é disto que se trata. Quando acrescentamos informação com qualidade – compreensível, descodificável –, esta-mos a escalar qualitativamente na relação entre quem produz um bem e quem o consome.Não se trata de uma exigência intrusiva. Antes uma explicação necessária, imprescindível. Aqui, podemos invocar razões óbvias de saúde (como é o caso dos aler-génios) suficientemente importantes para escorar este claro avanço na informação prestada a quem compra. No entanto, basta que apelemos ao bom senso e à inteligên-cia e se perceba que um consumidor que sabe mais sobre um produto vai estabelecer uma importante relação de confiança com quem lhe presta a informação (e que, por isso, tem de estar correta, disponível para ser testada, avaliada). E não há nada que possa ser dito em desa-bono desta medida… desde que, reforço, a informação prestada seja relevante, compreensível e utilizável pelo consumidor. Tem de ser evitado o labirinto da linguagem técnica, que pode estar totalmente correta, mas que exige um grau de conhecimento perto do perito académico. Isto não será uma solução, pois resultará numa confusão, não utilizável. Todavia, não se julgue que para a DECO

EstE é mEsmo o caminhoA área da rotulagem dos alimentos constitui um sinal positivo de como um setor se pode reinventar, acrescentando valor ao que já produz e introduzindo uma lógica de maximização da informação prestada

JORGE MORGADOSecretário-geral da DECO, Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor

estamos no fim do processo. As novas medidas são o princípio de uma mudança que exigimos há muitos anos nos mais diversos fóruns – nacionais e internacionais (no âmbito da Federação Europeia das Associações de Consumidores – BEUC).A informação nutricional constitui outra batalha que te-mos, enquanto sociedade, de ganhar. Há que aprofundar o debate, enquadrar a questão sem radicalismos, comba-ter a inércia a que as divergências têm votado a busca de soluções. O sistema de semáforos não é o mais indicado? Bom, então tratemos de encontrar alternativas. A discordância tem sido, demasiadas vezes, sinónimo de imobilismo. Para a DECO, significará sempre procura de alternativas. É esta diferença que temos de aprofundar. Os consumidores portugueses exigem-no. A todos nós.Este é um caminho sem retorno. Porque está correto. Porque é positivo. Porque é necessário.

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gs1® em portugal

enorme conjunto de entidades logísticas e operacionais até chegar ao consumidor, com o conforto devido. Em todo o lado, da mesma forma, com o mesmo código. E, claro, com toda a segurança.Mais de 40 anos no desenvolvimento de soluções de uniformização para identificação e codificação de bens, nomeadamente ao nível de produtos, processos logísticos e inventário, permitiram à GS1® ser líder mundial na criação de standards que tornam as transações e os negócios cada vez mais eficientes. Através de códigos de barras, QR-Codes e etiquetas de RFID, a GS1 criou um sistema de monitorização e gestão de stocks sem precedentes na nossa história.Está na altura de contar o nosso segredo e partilhar como a uniformização internacional é a mais eficiente forma de melhorar a comunicação e monitorização das transações, permitindo tornar os negócios mais seguros, mais rápidos e, objetivamente, mais lucrativos.Por isto, a GS1® está a criar um

Hoje, quando chegarmos ao fim do dia, aconteceram em todo o mundo seis mil milhões (sim, mil milhões) de bipes em

mais de um milhão de empresas.Exacto! Bipes como os que se ouvem na caixa do supermercado, numa farmácia ou na nossa perfumaria preferida. Bipes que já nos habituámos a ouvir em qualquer local onde adquirimos os nossos produtos. Bipes quando entramos e saímos de uma loja, bipes quando validamos o nosso bilhete de comboio, bipes quando vamos a uma consulta no hospital. Bipes, bipes e mais bipes. Pois bem, somos nós esses bipes. Prazer em conhecer-vos!Um bipe é um sinal de eficiência do negócio. Constitui a forma de validar que algo passa de um lado para o outro com segurança, rapidez e eficiência. Identifica o fluxo de continuidade de uma cadeia complexa que vai do produtor ao consumidor, passando por um

Centro de Inovação e Competitividade

Centro teCnológiCo vivo e interativo está a nasCer em lisboaQueremos partilhar consigo o conhecimento que acumulámos sobre as cadeias de valor eficientes através de experiências de imersão e interatividade no mais inovador espaço de demonstração tecnológica: o Centro de Inovação e Competitividade da GS1® Portugal

GONÇALO NUNES RODRIGUESDiretor de Projeto da GS1® Portugal

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centro de conhecimento para a demonstração de negócios eficientes. Vamos chamar-lhe Centro de Inovação e Competitividade da GS1® Portugal.Este projeto construtivo ambiciona promover um modelo modular e polivalente de criação que abrange um Edifício Sede Corporativo, Showroom, Centro de Conhecimento e Formação, Unidade Expositiva e Laboratório Tecnológico, para pesquisa e desenvolvimento de produtos e soluções que centrem

a sua aposta na viabilização da eficiência da cadeia de valor ou, de uma maneira mais ambiciosa, redes de valor. Tencionamos fazê-lo através da demonstração e partilha das ferramentas promovidas pela GS1 e colocadas à disposição da comunidade, que visam a garantia da confiança e segurança em todos os processos que viabilizem precisamente a eficiência dos negócios. Queremos partilhar o conhecimento que temos vindo a acumular há mais de 40 anos – seja produtor, distribuidor, consumidor, investigador, empreendedor, etc. – no mais inovador espaço de demonstração tecnológica criado em Portugal, onde a experiência e a interatividade serão elementos essenciais.Nos últimos dois meses, tivemos oportunidade de elaborar um concurso alargado para a seleção do parceiro que irá elaborar o projeto de arquitetura, tendo a escolha recaído, por decisão unânime, na Promontório. Esta empresa destacou--se com um conjunto de abordagens conceptuais e funcionais que encontraram eco nas motivações da GS1® Portugal relacionadas com este projeto construtivo que terá cerca de 2000 m2 . Uma quarta parte deste espaço destina-se a área expositiva e laboratorial.Estamos a assumir este desafio com enorme rigor e frugalidade, tendo como objetivo proporcionar aos associados e à comunidade em geral um espaço expositivo que se pretende vivo e criativo, sobretudo para aqueles que, como nós, estão focados no desenvolvimento e implementação de soluções que melhoram a vida de todas as pessoas, todos os dias, em todo o mundo.Bipe.

Projeção Multimédia do Centro de Inovação e Competitividade. O projeto terá cerca de 2000 m2. Uma quarta parte destina-se a área expositiva e laboratorial

EstE cEntro tEcnológico prEtEndE--sE vivo E criativo, virado para o dEsEnvolvimEnto E implEmEntação dE soluçõEs quE mElhoram a vida dE todas as pEssoas

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gs1® em portugal

equipa percorreram os corredores da loja apoiados por cinco leitores óticos, tendo procedido à leitura dos códigos, a maioria internacionais.Cátia Gameiro foi um deles. Com uma embalagem na mão, descreveu à Código 560 o processo de análise da qualidade dos códigos de barras junto ao linear. “Primeiro, capturámos o código de barras com o leitor ótico. Depois, através do padrão de magnitudes, medimos a dimensão do código, e ainda a altura, as margens e a sua colocação no rótulo, para verificar se está tudo dentro dos parâmetros e em conformidade com as normas GS1.” De todas as categorias, foi nos corredores dos produtos de higiene pessoal que Cátia teve mais dificuldade em ler os códigos de barras. “Houve mais códigos que não consegui ler do que esperava.”

um problema recorrente chamado “truncagem”As dificuldades foram sentidas por toda a equipa, em diferentes secções, e revelaram-se um presságio dos resultados em linear: apenas 25 por cento dos produtos apresentavam códigos de barras com qualidade.“Dos mais de 14 mil códigos que testámos, somente 3646 cumpriam as regras da GS1 em termos de magnitude, altura, localização, zonas claras e, claro, qualidade de impressão”, revela Filipe Esteves, gestor da GS1® Portugal e responsável pelo projeto.Contas feitas, 10.771 códigos revelaram problemas nestas categorias. O corte em altura

Um ano depois do raio X aos códigos de barras no Jumbo do Almada Fórum, a GS1® Portugal voltou a instalar numa grande superfície um “posto de análise” com

leitores óticos, guias de impressão e guias de cor e padrões de magnitude. Desta vez, foi no Intermarché, em Leiria. A missão manteve-se: medir a qualidade de impressão e testar a eficiência de leitura de todos os códigos de barras dos produtos de grande consumo (Fast Moving Consumer Goods).A quinta e mais recente edição do estudo Fiabilidade de Leitura em Loja decorreu entre 22 e 26 de setembro e envolveu uma equipa de 10 elementos, encarregada de testar as 14.417 referências que constituíam o universo de produtos de grande consumo à venda. Durante aqueles cinco dias, os membros da

Estudo em loja

O seu códigO de barras tem qualidade para estar nO linear?Pelo segundo ano consecutivo, a GS1® Portugal conduziu um estudo em loja com o objetivo de medir a qualidade e a eficiência dos códigos de barras dos produtos expostos nas prateleiras

A forma como se codifica o produto influencia a relação de confiança criada entre o mesmo e o consumidor

Cátia Gameiro analisa um código de barras em linear

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Ganhar a confiança do consumidor com um código fiávelDas mais de 14 mil referências analisadas no Intermarché de Leiria, 1300 pertenciam a produtos de marca deste distribuidor. Destes, cerca de 70 por cento não cumpria as regras internacionais da GS1, apresentando cortes em altura e falta de zonas claras em redor do código. “Quer os produtores de marcas próprias quer os distribuidores deveriam dar mais importância à forma como imprimem e rotulam o código de barras nos seus produtos. Problemas como estes, de truncagem e falta de zonas claras, que se traduzem na não leitura em POS, podem ser evitados se as empresas adotarem as regras de impressão internacionais”, explica Filipe Esteves.Estas regras são uma garantia de que o código terá leitura imediata em linear e no POS, não sendo necessário proceder à digitação manual da chave numérica. Estudos da GS1 Espanha indicam que, por cada código de barras que não passa no leitor ótico, são necessários, em média, 20 segundos para digitação manual do código. Se se multiplicar este valor pelo número de códigos que chegam ao ponto de venda sem leitura, o resultado é igual a ineficiência. E não só. “Muitas vezes é também um fator de constrangimento das vendas e da confiança do consumidor”, aponta o especialista da GS1. Conclusão: “A forma como se codificam os produtos tem impacto na relação criada entre estes e quem compra. Ganhar a confiança do consumidor também passa por um código de barras fiável e de qualidade.”

– isto é, a truncagem – e a falta de qualidade da impressão foram os problemas mais evidentes. “Mais de 60 por cento dos códigos que não estavam construídos de acordo com as regras internacionais da GS1 apresentavam problemas de corte em altura”, alerta Filipe Esteves.O resultado é idêntico ao registado pela GS1® Portugal em 2013, durante o teste de fiabilidade conduzido na loja Jumbo. “Apesar dos nossos alertas, dos manuais de impressão de códigos de barras e das formações que disponibilizamos às empresas, a truncagem continua a ser um problema claro de qualidade e eficiência dos códigos de barras”, diz o especialista, avançando ainda uma explicação. “Muitas vezes, as empresas cortam em altura os códigos de barras por questões de estética e design da própria embalagem do produto, descartando o facto de este procedimento reduzir a eficiência de captura do código pelos

infravermelhos do leitor. Uma ineficiência como esta significa menos um bipe e, por vezes, menos uma venda.”A magnitude, a localização e a falta de zonas claras também foram outros dos problemas identificados nos códigos analisados na prateleira, contribuindo para um total de 16.522 inconformidades detetadas durante o estudo. Todos os códigos que não passaram no teste da qualidade foram encaminhados para o ponto de venda, para serem submetidos a um teste de leitura em POS. Aqui, os resultados foram bem mais positivos: apenas seis por cento dos códigos ficaram sem leitura. Este conjunto foi enviado para o armazém, para identificação, e para, posteriormente, a GS1® poder produzir e remeter os relatórios da análise aos detentores de marca. Os que passaram no teste em POS voltaram para o linear, com nota de “satisfaz bem”, mas não plenamente.

FactoApenas 25 por cento dos códigos de barras testados em linear tinha qualidade e respeitava as normas internacionais de impressão.

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retalho

recolha de dados de produto em lojaEntre outubro e dezembro, a GS1® Portugal procedeu à recolha de dados de produto em três hipermercados das insígnias Auchan, Intermarché e Sonae, no sentido de apoiar os detentores de marcas a cumprirem a data limite para alinhamento da informação nos meios de venda à distância, estipulada pelo Regulamento de Informação ao Consumidor n.º 1169/11/UE. Este regulamento introduziu, a 13 de dezembro, novas regras nas vendas offline, online e mobile de produtos alimentares, implicando a disponibilização de um conjunto de dados sobre os produtos para um maior nível de informação e segurança dos compradores. A equipa da GS1® Portugal pôs em prática este projeto no Jumbo do Dolce Vita (Amadora), no Intermarché de Porto Salvo (Oeiras) e no Continente do CascaiShoping (Cascais). Os dados recolhidos foram inseridos na plataforma global de sincronização SYNC PT. Devido ao interesse dos retalhistas neste projeto, a GS1® Portugalirá continuar a realizar a recolha de dados em hipermercados durante o ano de 2015.

Fórum de Solution ProviderS

Dos cóDigos De barras às soluções DigitaisO ponto de encontro entre a GS1® Portugal e as tecnologias de informação e comunicação aconteceu em setembro passado, na Microsoft Portugal

Os quatro oradores da sessão – nacionais e internacionais – abordaram o impacto da inovação tecnológica nos processos de negócio e as novas tendências no mercado. Os benefícios de quatro décadas dos códigos de barras na identificação inequívoca de produtos e respetiva captura automática estiveram no centro deste encontro, que permitiu compreender que, no atual contexto, é necessário adaptar estes standards ao mundo digital para preservar a eficiência, segurança e transparência neste novo formato de negócio.

Um dos temas em destaque foi a transformação digital que está a conduzir a uma nova era do retalho. Como é que os standards globais podem potenciar a qualidade da informação disponibilizada ao consumidor, contribuir para a personalização do atendimento e gerar experiências únicas? João Tedim, partner technology strategist da Microsoft Portugal, reforçou a mensagem, concluindo que o digital faz parte do presente e tem de estar integrado na estratégia das empresas.

brevíssimas

eStudo

Implementação de standards globaIs em portugalA GS1® Portugal conduziu, pelo quarto ano consecutivo, o estudo Core Implementation Measures para avaliação do nível de implementação dos Standards GS1: codificação de produtos (GS1® Barcodes) e partilha de mensagens eletrónicas (GS1® eCom).Integrado no GS1 Annual Implementation Survey, este estudo permite um maior conhecimento sobre a aplicação de standards globais nos diferentes setores de atividade, o posicionamento da massa associativa e a utilização de “códigos” GS1® ao longo dos anos.Nesta quarta edição concluiu-se que a sua adoção aumentou face a 2013, sendo que o standard mais utilizado pelos associados desta empresa continua a ser o código de barras.

PortuGal

Formação gs1®:maIs ações, maIs perto das empresasEste ano, a GS1® Portugal disponibiliza aos seus associados mais de 100 ações de formação sobre diversas áreas de negócio e funcionalidades do Sistema de Standards GS1. Da “Introdução à Linguagem Global dos Negócios: Sistema GS1” ao “B2C: as novas tecnologias na informação ao consumidor”, a Formação GS1 contempla ainda sessões sobre sincronização de dados e plataforma SYNC PT®, comércio e fatura eletrónicos, otimização da gestão de categorias e gestão de eficiência com códigos de barras. Algumas delas irão realizar-se, pela primeira vez, em distritos do norte, centro e sul, para além de Lisboa e do Porto. O calendário anual já está disponível e pode ser consultado no website da organização.

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os nossos associados

para implementar a tecnologia nos centros de distribuição do grupo. Esta empresa forneceu os equipamentos de codificação massiva de etiquetas RFID nos centros de distribuição a nível de peça de loja em caixa, palete e peça pendurada e a uma velocidade de acordo com as necessidades logísticas da Inditex. A solução de codificação de grandes volumes a alta velocidade, que combina hardware e software, permite uma codificação rápida e precisa sem ter de se manusear individualmente caixas ou peças. A codificação de etiquetas RFID associa a cada artigo um código único, permitindo ao grupo têxtil gerir os seus inventários de forma automática.Por seu lado, a C&A é outra cadeia de moda líder que apostou forte no RFID, detetando uma redução das ruturas de stock e uma melhoria da disponibilidade da mercadoria numa centena de lojas onde foi implementada a tecnologia. A Checkpoint está encarregada de desenvolver este projeto RFID com o objetivo de analisar os processos e procedimentos na receção de mercadorias, reposição e inventários. Além dos serviços

Alcançar uma precisão de inventário de 99 por cento, obter uma rastreabilidade total da mercadoria em todo o processo

de produção e distribuição, evitar erros humanos, assegurar a disponibilidade de mercadoria nas lojas, aperfeiçoar as medidas de prevenção antifurto, impulsionar as campanhas de marketing interativo e, definitivamente, vender mais. Estas são as principais vantagens da identificação por radiofrequência (RFID), e que seduzem especialmente o setor da Moda. Depois da incorporação desta tecnologia por parte de duas cadeias de moda líderes de mercado, Inditex e C&A, grande parte do setor vive atualmente um processo de transição para o RFID.Com mais de 6460 lojas nos cinco continentes, a Inditex constitui um dos principais distribuidores de moda do mundo. No verão de 2014, o seu presidente, Pablo Isla, anunciou o projeto de implantação do RFID, que é já uma realidade em mais de 700 lojas da Zara em 22 países. Dentro do processo, a Checkpoint Systems foi selecionada

Checkpoint Systems

RFID: O FutuRO está maIs peRtO DO que ImagInamOsUtilizada para a gestão de inventários e melhoria de processos, a identificação por radiofrequência garante a disponibilidade de mercadoria nas lojas

CarloS lópez QuijanoSales director RFID & apparel accounts da Checkpoint Systems (Itália, Portugal & Espanha)

de consultoria, a empresa fornece ainda antenas duais RF/RFID, colocadas discretamente no teto para se adaptar à estética de cada estabelecimento (as antenas beneficiam tanto da visibilidade de inventário como a prevenção de perda), e proporciona etiquetas RFID, software, leitores de mão e soluções para o ponto de cobrança com os quais os empregados podem colocar vários produtos ao mesmo tempo sobre o mostrador, onde são lidos, e para realizar a transação. O objetivo de todas estas soluções é melhorar a circulação, gestão e reposição de mercadoria na cadeia de abastecimento até à loja e do armazém até ao espaço de venda.

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garantia de encontrar o produto no modelo, cor e tamanho desejados. Garantir este serviço é basilar para melhorar as vendas. De acordo com o estudo Como acertar com a inovação?, da AECOC Shopper View, 65,5 por cento dos clientes vão procurar um artigo que desejam noutra loja se não o encontram no primeiro estabelecimento visitado. A atenção ao cliente também melhora noutros aspetos com esta tecnologia: rápidas contagens de inventário, processos de pagamento ágeis e em tempo recorde, venda multicanal, inter-relação entre lojas físicas e comércio eletrónico, etc. Impulsiona de igual modo estratégias de marketing interativo inovadoras,

mediante smart shelves, que permitem saber quantas unidades restam de cada produto e quais as que mais despertaram a atenção dos compradores, e provadores inteligentes, nos quais um ecrã oferece informação sobre a peça, sugestões de peças complementares e acessórios, ofertas personalizadas, entre outras.Este leque de oportunidades oferece ao setor da Moda uma lista de melhorias estratégias abrangentes, com o objetivo de reduzir custos e, sobretudo, de se aproximar do consumidor exigente, informado e hiperligado que entra nas suas lojas. Inditex e C&A foram empresas pioneiras na hora de tirar o máximo partido destas possibilidades.

Oportunidade para o setor da ModaNeste setor, o RFID é uma oportunidade para melhorar a experiência de compra dos consumidores, oferecendo-lhes a

A codificAção de etiquetAs Rfid AssociA A cAdA ARtigo um código único, peRmitindo geRiR os inventáRios de foRmA AutomáticA. A inditex e A c&A foRAm pioneiRAs no uso destA tecnologiA

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Caso de estudo

RastReabilidade e eficiência na logística hospitalaRNo Norte de Espanha (Galiza), a logística dos serviços de saúde foi totalmente reestruturada a favor da centralização dos sistemas de informação, da gestão automatizada e da identificação única e inequívoca de dispositivos médicos e medicamentos

OServiço Galego de Saúde faz parte das 17 regiões de administra-ção autónoma que com-põem o Serviço Nacio-nal de Saúde do país

vizinho. Antes de 2012, era consti-tuído por 16 complexos hospitalares e sete administrações de cuidados primários, tendo, cada um, o seu pró-prio centro de compras e armazém, num total de 46 espaços. A gestão era feita de forma individualizada, sem conexão entre si. Atualmente, existe somente um armazém e em breve haverá um único centro de gestão de compras para a totalidade do serviço.Benjamin Rodriguez Nespereira, atualmente consultor de logística, era até há muito pouco tempo o diretor de compras e logística do Serviço Ga-lego de Saúde – também conhecido como SERGAS. Foi ele quem acom-panhou de perto a reestruturação das compras e logística neste complexo de saúde. As dificuldades, diz, foram várias e envolveram, sobretudo, “a integração e o alinhamento dos sis-temas de informação”. Ainda assim, a principal preocupação prendeu-se com a catalogação de todos os

produtos de saúde de forma única e inequívoca – um objetivo pretendido pelo SERGAS há 15 anos. A partir de 2012, a informação de todos os produtos de saúde passou a ser identificada, capturada e partilha-da com os fornecedores, via eletróni-ca, através de uma linguagem comum – os standards GS1®. Na origem da implementação de um sistema de standards globais esti-veram duas grandes necessidades, explica o consultor. Por um lado, “a de rastreabilidade dos produtos de saúde implantáveis” (como, por exemplo, pacemakers), imposta pela legislação espanhola, e, por outro, “a identificação única e inequívoca desses mesmos produtos”. A implementação destes standards no SERGAS posicionou a Galiza como uma das nove regiões admi-nistrativas espanholas utilizadoras de uma linguagem global. O antigo responsável aponta, no entanto, que o objetivo da sua adoção remontava ao ano 2000, altura em que o SERGAS aderiu a um grupo de trabalho criado pela AECOC/GS1 Espanha onde se reuniam prestadores de cuidados de saúde e fornecedores, com o objetivo

de adoção de uma linguagem comum no setor. “Estas reuniões prelimina-res dariam mais tarde fruto, através da criação do Comité de Saúde da AECOC. Desde então, o SERGAS par-ticipa ativamente no desenvolvimen-to e na implementação dos standards

standards em ação

identificação – captura – partilha

GtIn-13: utilizado para identificar produtos de saúde (medicamentos e dispositivos

médicos) do produtor ao paciente.

Gs1-128: utilizado para identificar dispositivos médicos implantáveis que precisam

de rastreabilidade.

Gs1® eCom (edI): utilizado para partilhar, por via

eletrónica, e integrar automaticamente nos sistemas do cliente e do fornecedor notas de encomenda, avisos de receção

e expedição, faturas, entre outros documentos comerciais.

Benefícios:rastreabilidade, processos logísticos mais lógicos e eficientes, gestão automatizada de produtos e inventário, segurança nos

processos, economia.

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para a identificação e partilha eletró-nica de dados de produtos de saúde”, acrescenta Benjamin Rodriguez Nespereira. Hoje, esta identificação inequívoca faz-se através de códigos como o GTIN 13 (para produtos de saúde) e o GS1-128 (aplicado em produtos implantáveis que precisam de ser rastreados). A respetiva codifi-cação em códigos de barras permite, por sua vez, “a partilha eletrónica de pedidos de encomenda e avisos de receção via EDI – transferência eletró-nica de documentos – e dá garantia de rastreabilidade, de acordo com a regulamentação espanhola, nomea-damente nos produtos implantáveis”, conta o especialista em saúde. “Além disso”, acrescenta, “os processos logísticos tornaram-se mais eficien-tes e seguros, sobretudo na gestão de consumo e de aprovisionamento, graças à automatização e rapidez da leitura dos códigos de barras.”

Poupança estimada: 20 milhões de eurosA adoção de uma linguagem global para as transações comerciais adveio

com naturalidade para os fornece-dores do Serviço Galego de Saúde: a maioria já utilizava os stan­dards GS1® na identificação, captura auto-mática e partilha eletrónica de dados. De fora estavam os fornecedores de produtos implantáveis. “A publica-ção de um regulamento de rastreabi-lidade por parte do governo espanhol foi um fator de mudança para estes nossos fornecedores. Agora, todos os produtos implantáveis têm um código de barras GS1-128”, esclarece o consultor.Os principais fornecedores do setor da saúde, diz, estão muito empenha-dos na universalização da utilização dos standards globais. Na origem deste interesse está, em parte, o cenário de crise financeira que nos últimos anos tem vindo a afetar o sistema de saúde espanhol. “Hoje existe uma pressão de poupan-ça e de redução de custos na gestão de compras. É neste contexto que a indústria deve apostar na introdução de melhorias nos seus processos atra-vés da adoção de standards globais”, considera o especialista.

No caso do SERGAS, tem benefícios económicos. A poupança estima-da da centralização logística e de compras é de 20 milhões de euros a 10 anos. Além disso, há um impacto enorme de eficiência daí decorrente associado à catalogação única e uni-versal de produtos, alinhamento das diversas bases de dados e atributos logísticos, um ponto único de rece-ção e expedição de todos os produtos de saúde a partir de um só armazém automatizado, com 12.000 m2.Os próximos passos incluem a centralização e o agrupamento das compras. “Se a primeira mudança gerou uma cultura única na cadeia de abastecimento e a gestão auto-matizada de todos os produtos, a se-gunda vai permitir criar maior valor e poupança por volume de compras e centralização e especialização dos gestores.”Perante todas estas mudanças em prol da eficiência, Benjamin é peren-tório: a transformação nunca teria acontecido se o SERGAS não tivesse participado ativamente no Comité de Saúde da AECOC.

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Três décadas mais tarde, além de uma variedade de formatos no ponto de venda, o consumidor passou também a contar com uma profusão e omnipresença de canais online e mobile, essenciais no contacto com as suas marcas de eleição – hoje mais

próximo, interativo e em tempo real. De forma mais invisível, mas igualmente competente e eficiente, os códigos de barras e demais soluções de codificação (normalizadas e globais) foram fazendo o seu caminho desde os idos anos 70 e 80 do século passado; evoluindo e adaptando as suas soluções às necessidades prementes – e cada vez mais sofisticadas – de um setor particularmente inovador e dinâmico e contribuindo, por outro lado, e de forma significativa, para a viabilidade das grandes superfícies do retalho e da própria distribuição moderna. Os tempos dos códigos de barras tradicionais e da simples identificação e captura de dados de forma automática, que vieram acelerar o registo e a venda de produtos e incrementar a gestão de stocks – mais tarde também com o acesso automático a informações complementares –, fazem parte de um passado (já) longínquo. Hoje, do subsetor dos Frescos no retalho aos setores da Saúde, Defesa, Financeiro ou Administração Pública, existem diversas soluções “à medida” para identificação (físicas, através de códigos de barras, ou em matriz e desmaterializadas, através de mensagens e nomenclaturas eletrónicas), captura e partilha de dados de produto capazes de ajudar a elevar o comércio eletrónico para novos patamares de excelência e segurança.Porém, quando falamos em tecnologias de ponta, que ajudam a facilitar as transações eletrónicas no ponto de venda, online ou mobile – pensemos, por exemplo, no RFID (rádio frequência) ou nas aplicações contactless (smart cards) –, há uma questão de extrema importância para os consumidores, mas que tendemos a desvalorizar: a disponibilização nas cadeias de aprovisionamento de dados e infraestruturas de dados robustos e fiáveis. “Cerca de 74 por cento dos consumidores valorizam a informação comercial de confiança e 40 por cento não efetuam compras se a informação digital não for fiável”, revela um estudo recente da nossa organização.

Distribuição moDerna: Da coDificação aos DaDos fiáveis nos canais DigitaisHá praticamente 30 anos era apresentado aos portugueses um conceito de retalho absolutamente disruptivo, que lhes iria alterar de forma significativa os seus hábitos de consumo (e as suas vidas)

PersPetivaJOÃO DE CASTRO GUIMARÃESDiretor executivo da GS1® Portugal

O consumidor exige, de facto, que os seus dados e os dos produtos e serviços que consome sejam seguros e fiáveis. Essa é uma realidade inabalável, na qual o indivíduo se torna, finalmente, o protagonista de toda a experiência de consumo, “a” variável a ter em conta por todos os agentes ao longo da cadeia de valor – inclusive em áreas menos visíveis, como a codificação, cuja aposta em soluções B2B2C é feita numa lógica de mercado entre empresas, mas sempre com os interesses do consumidor como pano de fundo.A entrada em vigor do Regulamento n.º 1169/2011/UE (venda de bens alimentares nos canais online e mobile), no passado mês de dezembro, é o corolário deste progressivo empowerment do consumidor. Quer isso dizer que quem não cumprir os preceitos da legislação terá de sair das plataformas digitais. Exatamente por isso, e enquanto entidade neutra, equidistante, global e de utilidade pública que somos, desenvolvemos – em estreita colaboração com produtores, distribuidores e respetivas associações – uma nova solução de sincronização de dados comerciais, que vai permitir a integração e transferência global, normalizada e em tempo real dos dados obrigatórios (comerciais, de marketing e logísticos, entre outros) nos canais digitais entre todos os parceiros de negócio. Como sempre, cumprindo aquela que é a prioridade dos agentes económicos que representamos: assegurar aos consumidores experiências de consumo memoráveis, seguras e fiáveis.

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Universo gs1®

O líder da GS1® França acredita que só uma correta digitalização da informação dá visibilidade à cadeia de valor

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Pierre Georget

O primeirO desafiO de um CeO passa pOr atrair as pessOas CertasLidera a GS1® França desde 2004, apostando na “progressiva digitalização dos intercâmbios e trocas” ao longo da cadeia de valor. Em entrevista exclusiva à Código 560, o CEO falou sobre a utilização de standards no país das belas-artes e ainda sobre gestão e liderança

elevado nível de confiança e reciprocidade, o que se traduz em diálogo e na busca de soluções de progresso comuns. As necessidades, tal como as vemos, podem ser sintetizadas como a “promoção de visibilidade ao longo de toda a cadeia de valor, dos fabricantes aos consumidores, com tecnologias normalizadas”.

Quais são os principais projetos em curso durante a sua liderança? Pode descrevê-los?Globalmente, o meu grande objetivo nestes anos tem passado pela aposta na progressiva digitalização dos intercâmbios e trocas ao longo da cadeia de valor. Estou convencido de que não lhe é possível conferir visibilidade sem uma correta digitalização da informação. É por isso que passámos os últimos 10 anos a criar as fundações para a estruturação de uma cadeia de valor digitalizada com base em três projetos principais: digitalização order-to-cash, catálogos eletrónicos e etiqueta logística. Nestes três campos, passámos já o ponto de

H á quanto tempo lidera a GS1® França?Faz 11 anos agora em janeiro. No entanto, encontro-me envolvido na estratégia da GS1 França desde 2000, altura

em que me tornei diretor executivo adjunto. Até aí, encontrava-me mais entrincheirado em questões técnicas, como o EDI e os catálogos eletrónicos.

Enquanto organização, quais os aspetos chave e valores que a caracterizam?Os nossos valores situam-se muito próximo dos de serviço público, na medida em que servimos as necessidades dos nossos membros a um preço justo e com neutralidade. Este é um valor essencial e um ativo chave que faz com que sejamos vistos como uma plataforma de normalização onde todos os stakeholders; atores na cadeia de valor, entidades de regulação e solution providers sentem um

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Universo gs1®

inflexão, o ponto clássico de não retorno, com mais de 70 por cento do volume de transações digitais. Para atingirmos 100 por cento, neste momento é mais uma questão de tempo do que de recursos.

E quais são os impactos nas cadeias de valor?Naturalmente, custos mais baixos e maior qualidade. Em termos de poupança, a nossa estimativa aponta para 1,5 mil milhões de euros, anualmente, para fabricantes e retalhistas. E quanto maior a digitalização, maiores as poupanças – que devem ascender a dois mil milhões de euros em 2018. Esta progressiva digitalização tem contribuído para a melhoria da qualidade de duas formas: menor número de litigâncias na gestão das faturas e melhor rastreabilidade da fábrica até à loja.

O consumidor é um elemento central na abordagem da GS1 França aos negócios? Em primeiro lugar, importa recordar que o consumidor não é membro da GS1 França, nem pode sê-lo. A nossa missão passa por servir os nossos membros, atores da cadeia de valor. O Board da GS1 França tem tornado sempre claro que a ligação com o consumidor constitui um privilégio dos detentores das marcas e dos retalhistas.Dito isto, podemos afirmar que a utilização das nossas soluções pelos membros aprofunda a qualidade da relação deles com os consumidores, melhorando a rastreabilidade e a qualidade da informação disponível, reduzindo custos e quebra de stocks e, acima de tudo, algo que por vezes desvalorizamos, tornando mais céleres os processos de check-out. A qualidade dos códigos de barras nas unidades de consumo e tudo aquilo que possamos fazer para melhorar a experiência de consumo beneficia os nossos membros. Nessa perspetiva, o GDSN e todos os nossos esforços para melhorar a qualidade da informação ao consumidor beneficiam, em primeiro lugar, os nossos membros e, seguidamente, os consumidores – com melhores níveis de satisfação.Em resumo, e correndo o risco de ser iconoclasta, o consumidor não é central para nós, ao contrário dos nossos membros. Apesar disso, e pelo facto de estarem continuamente a

introduzir novas perspetivas para a discussão da normalização, os consumidores acabam por ser também importantes para o nosso trabalho.

Numa escala mais global, como é que perspetiva o futuro da GS1 na Europa no âmbito da comunidade GS1® Global, com todos os seus trade-offs e contrastes entre os diferentes membros (pequenas e grandes organizações-membro)?Quando criámos a GS1® in Europe, há cerca de 15 anos, o principal objetivo era conseguir uma melhor coordenação das organizações-membro, de forma a harmonizar a implementação dos standards GS1® na União Europeia e em todos os países diretamente relacionados com o mercado europeu.Neste objetivo de harmonização, o alinhamento de pequenas e grandes organizações-membro quanto ao nível de serviços prestados assumia--se como uma questão chave. Pelo facto de ter visitado um número considerável de organizações-membro na Europa, posso afirmar que, graças ao empenho dos respetivos CEO, assistimos a um grande progresso em várias delas, em especial nas mais pequenas, o que permitiu assegurar um mais elevado nível de competências a todos os associados da GS1®. Registámos, além disso, um forte aumento na troca de informações entre organizações- -membro, contribuindo para uma maior partilha de boas práticas e de iniciativas levadas a cabo pelos stakeholders de maior dimensão no mercado europeu. O futuro da GS1 na Europa situa-se, nos próximos 10 anos, na sua capacidade de desenvolver soluções ou serviços que envolvam diversas organizações-membro com o mesmo espírito que esteve na base de projetos como o

para se ser um bom líder no mundo gs1® há que ser um político no sentido mais positivo do termo Pierre GeorGet

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GEPIR (catálogo eletrónico de códigos GS1) ou o GTIN Inteligente (para a web).

Como é gerir uma organização como a GS1 francesa? Não me parece que a GS1 França seja diferente das outras organizações-membro ou de qualquer outro tipo de empresa. O verdadeiro patrão é o Board e, havendo um Board forte, constituído por destacados líderes da indústria, isso permite que a organização-membro seja bem-sucedida. O primeiro desafio de um CEO passa por atrair as pessoas certas, que podem assumir o papel de campeões para o desenvolvimento dos standards GS1® nas suas empresas e indústrias, servindo ainda de eco para o desenvolvimento de uma visão para

“A qualidade dos códigos de barras nas unidades de consumo e tudo aquilo que possamos fazer para melhorar a experiência de consumo beneficia os nossos membros”

a organização. O segundo, passa por atrair colaboradores com os conhecimentos e a paixão adequados para o tipo de trabalho que fazem, dado que vender uma ideia é, por vezes, mais difícil do que vender produtos.

Na sua opinião, quais as competências e atributos centrais de um líder numa companhia B2B como a GS1?A GS1 é efetivamente uma companhia B2B, no entanto não tem como objetivo o lucro, mas antes servir uma comunidade de membros que se arroga a propriedade da organização. Nesse sentido, para se ser um bom líder no mundo GS1 há que ser um político no sentido mais positivo do termo, o que significa guiar, não apenas a companhia, mas toda a comunidade numa direção que é benéfica e sustentável para todos os seus membros. Isso requer a visão e o carisma necessários para conquistar o apoio dos vários stakeholders e da própria equipa.

Quais têm sido os seus melhores momentos na empresa?Sempre aqueles em que a comunidade da GS1 França se encontra alinhada num mesmo objetivo. O lançamento do nosso projeto de GDSN, com o apoio de todos os retalhistas, constitui um bom exemplo.

Para si, a GS1 é…Uma infraestrutura crítica da economia global, o que quer dizer um ativo valioso, sem o qual a economia global não poderia funcionar. A GS1 providencia, essencialmente, duas ferramentas: a identificação única dos itens comercializados e uma linguagem eletrónica que permite saber tudo sobre esses itens. O seu futuro passa, obviamente, pela manutenção e expansão dessa infraestrutura.

Factos & Números sobre a Gs1® FraNçaAssociAdos: 35.000.EquipA: 80.dirEção: 24 membros.Três sETorEs E indúsTriAs chAvE: FMCG, Vinho, Saúde. projETos chAvE Em curso: INCO 1169, Excelência Logística, Robótica.

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Código genétiCo

Acresce referir os níveis de participação nas duas fases do roadshow realizado:• Na primeira fase, de 16 de novembro de 2012 a 5 de março de 2013, foram realizados 22 workshops, onde estiveram presentes 1876 participantes, dos quais 1180 empresas, 165 representantes de outras entidades da envolvente de negócios e 56 parceiros do programa;• Na segunda fase, previu-se a realização de cerca de 52 workshops por todo o país, passando-se para uma abordagem setorial e local. Esta segunda fase arrancou em outubro de 2013 e, até outubro de 2014, tinham sido realizados 36 workshops, nos quais estiveram

presentes 1599 participantes de 1008 empresas, 137 representantes de outras entidades da envolvente de negócios e 150 parceiros do programa.

Trata-se de um programa vocacionado para a sensibilização e promoção de soluções tecnológicas ajustadas às reais necessidades das empresas de menor dimensão. No período que decorreu desde o seu lançamento, destacam-se duas iniciativas de maior relevância: a campanha publicitária na televisão, rádio, jornais e Internet e um roadshow PME Digital.Em termos globais, e no que se refere à dinâmica de informação das PME para o programa, reconhecem-se resultados positivos, nomeadamente ao nível da utilização do Call Center do PME Digital (1206 chamadas) e das visitas ao site (61.225 visitas). Em matéria de informação, foram ainda distribuídas 841 brochuras.

Pequenas e Médias Empresas

PROMOVER O ACESSO À ECONOMIA DIGITALO Programa PME Digital é uma iniciativa do Ministério da Economia, lançada em 2012, que visa contribuir para o aumento da adesão das empresas portuguesas à economia digital através da facilitação do acesso a ferramentas digitais e a soluções tecnológicas de gestão de negócios baseadas na Internet

MIGUEL CAMPOS CRUZ Presidente do conselho diretivo do IAPMEI

Oprograma disponibiliza às micro, pequenas e médias empresas (PME) 11 pacotes de soluções tecnológicas em condições mais acessíveis. Estes pacotes incluem: presença e loja online, gestão e conciliação automática de pagamentos, soluções de produtividade, serviço de acesso à Internet de banda larga, plataformas eletrónicas de compra e venda, sistema integrado

de gestão empresarial (software ERP), sistema informático de gestão de relacionamento com clientes (software CRM), soluções de fatura eletrónica e de distribuição e certificação de sites e de lojas online.

Factos & NúmerosToTal de workshops PMe digiTal: 58. ToTal de ParTiciPanTes: 3475. locais coM Mais afluência: Leça da Palmeira, Braga, Vila Nova de Cerveira, Lisboa e Leiria.ParTiciPação da gs1® PorTugal no PMe digiTal: 22 workshops.

Imagem dos Workshops PME Digital: no topo, sessão em Palmela; em cima, à esquerda, em Gaia; à direita, na Guarda

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custos e a consequente libertação de meios para atividades de maior valor. Um dos aspetos frequentemente referidos como exemplo de indutor de eficiência e redutor de custos neste segmento de empresas prende-se com a adesão à fatura eletrónica. Na realidade, esta apresenta como principais vantagens a redução de custos na emissão e envio de faturas (evitando gastos desnecessários em papel e eliminando tarefas de valor reduzido), a otimização da gestão administrativa e a diminuição do

risco de fraude. Sabemos que a digitalização da economia é uma tendência contínua e de intensidade crescente, que mobiliza de forma desigual as empresas, seja em função da sua dimensão ou da atividade que desenvolvem.Entre nós, tal como na maioria dos nossos parceiros comerciais, e embora com alguma resistência, as empresas de menor dimensão têm vindo a adquirir uma maior consciencialização da necessidade de estarem presentes no mundo virtual. Os estudos mais recentes revelam um aumento crescente na utilização dos meios digitais pelos cidadãos de todas as faixas etárias para a realização das atividades do seu quotidiano. As pessoas, atualmente, utilizam a Internet para um conjunto variado de atividades, desde pesquisa de produtos ou serviços, encontrar referências, esclarecer dúvidas, aprender através dos fóruns ou tutoriais disponíveis, agendar consultas e viagens, entre outras. Esta situação tende a confirmar uma enorme oportunidade para as empresas, que poderão estar mais próximas dos seus clientes e ajustar as respostas às suas necessidades, sem passar necessariamente pela venda eletrónica. A tendência em Portugal parece apontar para, no curto prazo, haver uma aposta crescente das empresas na presença online, seja através das redes sociais, do site institucional ou mesmo das lojas virtuais. Neste último caso, a adesão poderá ser mais lenta e surgir da evolução natural do mercado onde as empresas se inserem. Neste contexto, importa continuar a promover e a apoiar a integração das PME no mundo digital. Trata-se de um processo que trará vantagens para todos, designadamente para as empresas, os consumidores e, em última instância, para a própria economia nacional.

Principais benefíciosSabemos que, num contexto cada vez mais competitivo, todas as empresas, mesmo as de mais pequena dimensão, precisam de adotar estratégias mais inovadoras e de maior eficiência.A apropriação das vantagens proporcionadas pela economia digital abre oportunidades de negócio e novos caminhos de sucesso para um conjunto cada vez mais vasto de PME.Para além destes aspetos, há que valorizar o potencial de redução de

a tendência parece apontar para uma aposta crescente das empresas nacionais na presença onlinE. um processo com vantagens para todos

Todas as empresas, mesmo as de menor dimensão, precisam de adotar estratégias

mais inovadoras e eficientes

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O OutrO ladO de...

Manuela Pessoa

Pés na cidade, coração na Província Tem 20 anos de empresa e mil e uma histórias para contar. No seu outro lado há uma família para cuidar e muitas recordações da infância, criadas na encosta da serra entre ruas de paralelos, joelhos esfolados e bonecos de neve. Falamos de Manuela Pessoa, assistente administrativa da Formação e uma das colaboradoras mais “antigas” da GS1® Portugal

Covilhã, localidade de Tortosendo. Foi aí, às portas da serra da Estre-la, que cresceu Manuela Pessoa, uma das cola-boradoras que gere as

inscrições na Formação GS1®. Com três irmãos – duas raparigas e um ra-paz –, Manuela teve sempre compa-nheiros de aventura na infância e na adolescência. Andar de bicicleta e de patins ou jogar badminton e pingue- -pongue faziam parte do seu dia a dia, sem esquecer as histórias que a irmã mais velha inventava e contava nas manhãs de domingo, ainda entre cobertores. “Na ‘província’” – como

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mília como a sua grande prioridade. Já vem da infância. “Fui habituada a uma casa cheia de gente. Ao domin-go, juntávamos 10 ou 11 pessoas à mesa. Os Natais também eram cheios de gente, autênticos eventos, organi-zados com listas”, conta. “A minha mãe preparava tudo. Não sei como é que ela aguentava”, acrescenta entre risos. Enquanto a mãe era a heroína dos momentos em família, ao pai cabia alimentar o tempo de brincadeira. “Tínhamos um salão cheio de brin-quedos e casinhas de bonecas que ele nos deu. O meu irmão até tinha pis-tas de carros”, recorda. E afirma não ter dúvidas: “O meu pai só não nos dava a Lua porque não era possível.” Em Lisboa, a vida é bem diferente da de outros tempos. A casa das bonecas deu lugar a uma verdadeira, onde a gestão do lar e da família são do pelouro de Manuela. Quando o dia de responsabilidades na GS1® termina, outro começa: em casa, jun-to do marido e dos filhos. “Chego a casa pouco depois das 19 horas e há que preparar o jantar”, conta. Pouco depois, ela e o marido vão buscar os filhos à escola. Ela já vem com os trabalhos feitos; ele ainda preci-sa que lhe deem o banho e o jantar e o ponham no conforto da cama. “Durante a semana não há tempo para brincadeiras”, comenta. Sai da cozinha já depois das 22 horas, assim que as lancheiras do almoço do dia seguinte estiverem adiantadas. Afirma que gostaria de ver uma série ou de ler um livro, mas o dia já vai longo. E na manhã seguinte, às 6h45, tem de preparar os filhos para irem de novo para a escola. Assim começa mais uma jornada. “Cansativa, mas muitíssimo reconfortante”, subli-nha. Afinal, por mais distante que se tenha tornado a infância na Covilhã, o que mais importa – o bem-estar da família – permanece. Com uma di-ferença: a heroína desses momentos agora chama-se Manuela.

tarde, um novo projeto surgia no seu horizonte: a GS1® Portugal. Entrou em 1994, quando a associação ainda contava os aniversários pelos dedos. “Nessa altura chamava-se CODIPOR e a equipa era constituída por apenas sete pessoas”, diz.Vinte anos depois, as histórias e as memórias ficam. Manuela lembra--se bem das pessoas com quem se foi cruzando – muitas ainda as cita pelo nome. Umas entraram e saíram, Manuela entrou e ficou. É a terceira colaboradora mais “antiga” da equi-pa da GS1®, atualmente constituída por 25 pessoas. “Já faço parte da mobília”, comenta entre risos.Durante 15 anos desempenhou a função de assistente do diretor de Tecnologias de Informação, tendo trabalhado com três chefias diferen-tes. Também dava apoio à formação e traduzia documentos internacionais. Quando foi criado o Departamento Comercial, passou a desempenhar a função de assistente comercial e, há cerca de um ano, integrou o Depar-tamento de Recursos Humanos e Formação GS1®. Entre as suas tarefas encontra-se, em primeiro lugar, a formação: gere as inscrições, contacta os associados e faz os certificados. O que mais a motiva nesta função? “Responder a todas as solicitações dos associados, para que fiquem totalmente satisfeitos”, sublinha. Além da formação, assumiu tam-bém a supervisão de trabalhos de requalificação e remodelação de infraestruturas que possam surgir na associação, tendo estado no comando de alguns. Uma experiência desafian-te. “Sou uma mulher em território masculino”, explica. Mas não tem razões de queixa. “Apesar de estar em minoria, eles respeitam-me.”

“O meu pai só não nos dava a Lua porque não era possível”Casada e com dois filhos – uma ra-pariga de 11 anos e um rapaz de um ano e meio –, Manuela assume a fa-

raio x

Manuela Pessoa“No decorrer do nosso percurso profissional aprendemos enquanto profissionais e sobretudo enquanto pessoas, através da experiência dos nossos colegas. É com honestidade que afirmo que da Manuela Pessoa herdei um forte sentido humanitário. Espero sempre honrá-la e depositar nas mãos do meu futuro essa aprendizagem. Manuela é mais que uma colega, é uma amiga!”Diogo Almeida, GS1® Portugal

“Sempre ouvi dizer que a amizade começa quando, estando juntas, duas pessoas podem permanecer em silêncio sem se sentir constrangidas. Foi isto que aconteceu comigo e com a Manuela. Ela representa a força, o equilíbrio e a solidariedade sem saber. Amiga do seu amigo, sempre. E na culinária? A melhor. Sugiro que provem o bacalhau com espinafres.”Susana Duarte, GS1® Portugal

Manuela Pessoa integrou a Gs1® Portugal quando a associação ainda contava os aniversários pelos dedos

gosta de tratar a “sua” Covilhã –, “entretínhamo-nos todos juntos.”O cenário de aventura estendia-se da casa ao quintal e à rua. No inverno, havia neve para construir bonecos; no verão, os paralelos escaldados pelo sol. Também não esquece as “es-foladelas” nos joelhos. Tudo marcas de uma “infância feliz”, defende. Aos 19 anos, a Covilhã e os jogos ao ar livre deram lugar a Lisboa e ao curso de Receção na Escola de Ho-telaria de Lisboa. Uma década mais

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????????????????????SABOR & Bem-eStARAnA Leonor PerdigãoNutricionista

Os portugueses consomem cerca de 12 g de sal por dia, mais do dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde.

À mesa

mOdeRe O SAl, gAnhe SAúde!Este aditivo alimentar faz parte do nosso dia a dia desde a Antiguidade. Era utilizado não só para realçar o sabor dos alimentos mas também na sua conservação. Apesar de todos os avanços nessa área, os alimentos secos e salgados mantêm-se até hoje presentes na nossa gastronomia

Que é o sal?A substância cristalina que conhecemos como sal é composta por dois

elementos químicos: o sódio e o cloro. Ambos são minerais importantes para a nossa saúde, desde que consumidos nas quantidades adequadas.Curiosamente, o sabor salgado deve--se ao cloro, mas é o sódio que mais problemas de saúde pode causar quando ingerido em excesso.

Quais as principais fontes de sódio da nossa alimentação?Mais de 70 por cento do sódio que ingerimos diariamente provem de alimentos processados, alguns dos quais nem nos parecem salgados, como o pão, certas bolachas e conservas, 20 por cento é adicionado na confeção de refeições e quase 10 por cento está naturalmente presente em alimentos como legumes, carnes e peixes.

Não mais de cinco gramas por dia!A Organização Mundial de Saúde recomenda um consumo de sal para a população em geral, desde que

saudável e ativa, não superior a cinco gramas por dia, o que equivale a uma colher de café cheia.

Consequências do consumo excessivoA ingestão continuada de valores excessivos de sódio traduz-se em diversos problemas de saúde, que atualmente afetam um elevado número de pessoas em Portugal e no mundo em geral:• Aumento do risco do aparecimento

de determinados tipos de cancro (exemplo: estômago);• Aumento do risco de hipertensão arterial;• Risco aumentado de doenças cardiovasculares;• Sobrecarga do funcionamento renal (há um maior esforço feito pelo rim para excretar o excesso de sódio);• Maior retenção de líquidos pelo organismo, o que implica aumento do peso e contribui para o aparecimento de celulite.

Algumas dicas para reduzir a sua ingestão• Modere a ingestão de alimentos salgados, processados e pré- -preparados;• Compare (através da leitura dos rótulos) os alimentos processados, optando pelos de menor teor de sal;• Reduza o teor deste aditivo na confeção dos alimentos;• Substitua-o por ervas aromáticas ou especiarias;• Não leve o saleiro para a mesa;• No restaurante, peça que o seu prato seja preparado com menos sal;• Se são pratos com molhos, peça que sejam servidos em separado, para que possa gerir a quantidade que ingere.

Tendo em consideração a cultura gastronómica portuguesa, muito habituada ao sal, pode parecer difícil reduzir esse elemento na nossa alimentação. No entanto, o paladar pode ser reeducado, com reduções progressivas do teor de sal, para que não seja tão notória essa diferença. E muito importante: essa educação deve começar desde muito cedo, aproveitando as recomendações pediátricas de não adicionar sal

à alimentação dos bebés no primeiro ano de vida. Porque

não continuar?

Curiosidade...

No Império Romano, o seu valor era tal que servia de moeda de pagamento aos soldados, o que originou o termo “salário”.

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Receita de Marta Bártolo, finalista da 1.ª edição Masterchef Portugal,

programa de culinária da RTP, 2011

Receita

TIGELADA DE LARANJAIngredientes 200 g de açúcar fino1 colher de chá de farinha Maizena1 colher de chá de manteiga4 ovosSumo e raspa de 3 laranjas1 pau de canela e pó q. b.

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Modo de confeçãoComece por reservar a raspa das laranjas e, de seguida, o seu sumo, colocando-os num recipiente onde irá acrescentar o açúcar, a farinha, os ovos inteiros, o pau de canela e a manteiga à temperatura ambiente. Bata com umas varas, mas pouco.Num pírex untado com manteiga ou forrado com papel vegetal (para depois desenformar), coloque o preparado anterior, polvilhando com canela. Leve ao forno pré-aquecido a 180ºC/200ºC até cozer, durante cerca de 15 a 25 minutos.Sirva à temperatura ambiente, decorando com frutos vermelhos e umas folhinhas de hortelã.

Foto

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o Am

aral

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breves

A nível macro, e num período de 10 anos, este estudo sublinha o “forte potencial de obtenção de ganhos líquidos”, estimando que “os benefícios suplantam entre 6 e 26 vezes os custos/investimentos da adoção de standards globais”. “A dimensão e relevância da amostra, com a auscultação a mais de 50 entidades ao longo da cadeia de valor da Saúde (empresas e entidades setoriais a organismos públicos, organizações sem fins lucrativos e especialistas), e a magnitude das poupanças apuradas e dos resultados obtidos levam-nos a concluir que a adoção de práticas na cadeia de valor da saúde conduzem à maior eficiência e sustentabilidade deste setor. Ajudam, além disso, a combater eficazmente a adulteração, falsificação e contrafação de medicamentos e dispositivos médicos”, afirma o responsável da consultora e antigo ministro da Economia, Augusto Mateus. “Ferramenta inédita de análise e reflexão sobre os benefícios potenciais de uma integração sustentável da cadeia de valor da saúde em Portugal, o estudo mostra as múltiplas vantagens dos standards globais num setor que lida com vidas humanas, como a maior segurança do paciente, a maior integração e comunicação entre os diversos players na cadeia de valor e o maior e melhor controlo por parte das autoridades sanitárias e de regulação”, conclui João de Castro Guimarães, diretor executivo da GS1® Portugal.

Estudo dE Augusto MAtEus EstiMA poupAnçAs dE 791 MilhõEs nA sAúdEUm potencial de poupança a 10 anos para a economia entre 561 e 791 milhões de euros – dos quais 204 milhões se referem a hospitais e 129 milhões a farmácias. Estes são os principais resultados de Impactos da adoção de standards globais na cadeia de valor da saúde em Portugal, um estudo inédito desenvolvido pela consultora Augusto Mateus e Associados, a pedido da GS1® Portugal, que marcou o setor da Saúde em 2013

GS1® Global Standards Event

EspEcialistas E indústria sEntam-sE à mEsa para dEbatEr os standardsForam mais de 330 os especialistas e profissionais da indústria que, em outubro passado, participaram no GS1® Global Standards Event, para debater o desenvolvimento e a implementação de standards globais. O encontro aconteceu em Roma, Itália, e colocou em cima da mesa temas como o omnicanal e o desenvolvimento de guias de implementação de standards ao longo de mais de 40 sessões de debate, workshops da indústria e momentos de networking. Entre as empresas representadas no painel de oradores estiveram a Google, Tesco e DHL. A GS1® Portugal também marcou presença neste evento.

A GS1® Portugal participou ativamente no GS1® in Europe Regional Forum, que teve lugar em Nice, França, entre 3 e 7 de novembro último. Intitulado Serving the 21st-century consumer (Servir o consumidor do século XXI), o encontro contou com mais de 320 intervenientes, em representação de vários países europeus.

recomendável

Identificar os produtos de saúde

com um código único e inequívoco

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brevíssimas

Passaram quase três décadas desde a introdução do código de barras em Portugal. Mas “os tempos dos códigos de barras tradicionais e da simples identificação e captura de dados de forma automática, que vieram acelerar o registo e a venda de produtos e incrementar a gestão de stocks, fazem parte de um passado (já) longínquo”, escreveu João de Castro Guimarães, diretor executivo da GS1® Portugal, num artigo de opinião no jornal OJE, a 10 de dezembro.“Hoje, do subsetor dos Frescos no Retalho aos setores da Saúde, da Defesa, Financeiro ou da Administração Pública existem diversas soluções (físicas e desmaterializadas) ‘à medida’ para a identificação, captura e partilha de dados de produto capazes de ajudar a elevar o comércio eletrónico para novos patamares de excelência e segurança”, acrescentou.E concluiu: “A entrada em vigor do

Regulamento n.º 1169/2011/UE (venda de bens alimentares nos canais online e mobile), a 13 de dezembro, é o corolário deste progressivo empowerment do consumidor, e quem não cumprir os preceitos da legislação terá de sair das plataformas digitais. Exatamente por isso, e enquanto entidade neutra, equidistante, global e de utilidade pública, desenvolvemos – em colaboração com produtores, distribuidores e respetivas associações – uma solução de sincronização de dados (comerciais, de marketing e logísticos, entre outros) que vai permitir a integração e transferência global, normalizada e em tempo real, dos dados obrigatórios de produto entre todos os parceiros de negócio nos canais digitais. Como sempre, cumprindo a prioridade dos agentes económicos que representamos, pretendemos assegurar aos consumidores experiências de consumo memoráveis, seguras e fiáveis.”

No FUNCHAl

Entronização na Confraria da CErvEja João de Castro Guimarães, diretor executivo da GS1® Portugal, foi entronizado na Confraria da Cerveja, numa cerimónia que decorreu no Funchal, Madeira, no passado mês de outubro.No total, foram 50 as personalidades nacionais entronizadas nesta Confraria dedicada à defesa do património da cerveja e onde estão representadas as empresas que fabricam esta bebida em Portugal.

EM ItálIA

administração públiCa faCilita pagamEntos onlineO Código Global de Localização (GS1® GLN) pode ser atribuído a qualquer autoridade pública italiana. Isto significa que será possível pagar os seus impostos com facilidade, mesmo no supermercado. O acordo foi realizado entre a GS1 Itália e a Agenzia per l’Italia Digitale della Presidenza del Consiglio dei Ministri Italiano (Agência da Presidência do Conselho de Ministros italiano encarregada de melhorar as estratégias digitais nacionais).

tRANSPoRtES & loGíStICA

novo guia dE rEfErênCia Trata-se de uma coleção de histórias e boas práticas de gestão de unidades logísticas. O novo Guia de Referência da GS1 ® para Transportes & Logística concentra vários casos de estudo a nível internacional sobre a utilização de standards globais para otimizar as operações logísticas – do produtor ao retalhista – quer em armazéns, alfândegas ou no próprio meio de transporte. Entre os exemplos de sucesso apresentados está o Centro de Operações Logísticas do Futuro, da empresa portuguesa Luís Simões.

agenda9-13 fevereiro:

GS1® Global forum 2015 (Bruxelas, Bélgica)

16-20 março:

GS1® Global Standards (Jersey City, EUA)

26 março:

assembleia Geral da GS1® Portugal (Lisboa, Portugal)

21-23 abril:

Global GS1® Healthcare Conference (Cidade do México, México)

João CAStRo GUIMARãES

Da Distribuição moDerna aos canais Digitais

REGISto GlobAl

reDe global De sincronização De DaDos alcança 15 milhões De fichas De proDutoO Registo Global GS1® atingiu uma nova meta em 2013: 15 milhões de fichas de produto. Este registo é um repositório e diretório gerido pela GS1 e integrado na Rede Global de Sincronização de Dados (GDSN – Global Data Synchronisation Network) que permite às empresas partilhar entre si dados normalizados de produto, à escala global, com a garantia de confidencialidade e exatidão. “Maior rapidez de colocação de produtos no mercado, fiabilidade e cadeias de abastecimento mais eficientes são as principais razões da adoção da rede global de sincronização de dados”, aponta Roman Coba, diretor de Sistemas de Informação na empresa McCain Foods Limited. E acrescenta: “A utilização do GDSN garante não só que nós e os nossos parceiros estamos a utilizar os mesmos dados, mas também que a GS1 nos permite alcançar a qualidade que

procuramos para os dados dos nossos produtos.” O GDSN e o Registo Global GS1® foram lançados em 2004. Atualmente é utilizado por mais de 25 mil empresas de todo o mundo.

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Mudança de mentalidades, compor-tamentos e padrões de convivência comunitária. Há três anos, quando a GS1® Portugal me lançou o repto de, perante uma audiência constituída por destacados líderes e empresá-

rios do setor dos bens de consumo, refletir e falar sobre os benefícios para empresas e consumidores de uma codificação única, compatível com standards globais, anunciei que “outros tempos chegariam, mais bonanço-sos e promissores, de mudança, porque só ela permitiria dar substância à esperança”. Portugal estava mergulhado numa crise sem precedentes e senti que muitos dos que me ouviram olharam para mim como mais um profeta de pa-raísos distantes ou de projetos utópicos. Três anos mais tarde, instado novamente pela GS1® Portugal a pronunciar-me sobre eficiên-cia, normalização e o papel do digital na economia, foi com prazer que ouvi, em outubro passado, no Museu do Oriente, a maioria das empresas – não apenas as grandes, mas também as pequenas e médias (num futuro próximo, espero assis-tir a idêntico exercício por parte dos setores público e financeiro!) – assumir esta renovada esperança, bem como a importância crucial para os seus negócios da transparência, eficácia, rapidez de informação e decisão, confirmando o quanto o mundo, a Europa e Portugal mudaram. O mundo está, hoje, mais global, acelerado e exigente no que respeita à informação e decisão. Contudo, ao mesmo tempo que a Europa continua a sentir sérias dificuldades em descolar economicamente, em Portugal, nestes três anos, os défices inverteram a tendência, mas a dívida não; o maior banco privado português desapareceu e, ao mesmo tempo, o país decidiu apostar na atração de investidores europeus e não europeus para o controlo de setores base da economia.

Devemos assumir esta nova realidade sem complexos, apostando crescentemente no capital humano – sem saudosismos, nostalgias do Império ou ilusões miríficas sobre modelos já inviáveis. Somos lusófonos, pais da lusofonia, mas já não somos os seus líderes culturais e económicos. E existem, de facto, medidas que, por ação ou omissão, urgem ser tomadas, nomeadamente no que respeita à conceção do sistema político (por exemplo, na proximidade e responsabilização eleito-eleitor), ao mo-delo de gestão da Administração Pública (em áreas como a Justiça, Educação, Saúde ou Segurança Social), ou à adaptação da própria democracia ao digital (a demogra-fia e a emigração são fatores promotores/inibidores da

inclusão digital). São muitos os desafios que temos pela frente e o tempo é escasso, mas a verdade é que os portugueses são ótimos a agir sob pressão, a enfrentar as adversidades e a superá-las. Pensemos, designa-damente, nos processos de de-mocratização e descolonização, iniciados e concluídos em dois anos, em plena revolução. É que, apesar de sabermos que a fatura económica e social vem sempre mais tarde, não houve guerra civil e, no final,

aguentámos o balanço, integrando mais de 700 mil compatriotas vindos da lonjura do antigo Império. O espírito de colaboração e de partilha da GS1 é notável, e podemos, de facto, dizer que “o código de barras mudou o mundo”. Aliás, sendo uma plataforma ímpar de enten-dimento com mais de 7350 empresas, continua a crescer e a ganhar adeptos em novos setores, como o Financeiro e – assim o esperamos – o Público (por exemplo, através da codificação das Compras da Saúde e da Segurança Social), mantendo ativa a sua premissa fundadora: aju-dar a implantar e a consolidar, em Portugal e no mundo, novas e eficientes formas de fazer negócio. Nesse aspeto, é com orgulho que afirmo que precisamos de “descodifi-car para mudar, para que possamos sair da crise e atingir um patamar sem receio de outras crises”.

CodifiCação, mudança e o espírito notável da Gs1®... de Colaboração Uma plataforma ímpar de entendimento, com cerca de 7350 empresas, que continua a crescer e a ganhar adeptos em novos setores como o Financeiro e, espera-se, o Público. Objetivo: ajudar Portugal e o mundo a implementar e a consolidar novas formas de negócio

crónicaMARCELO REBELO DE SOUSA, Professor catedrático

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A Formação GS1® ajuda-o a aplicar o sistema de Normas mais utilizado no mundo na gestão da sua empresa e nas operações do dia-a-dia, tornando-a mais e�ciente, inovadora e competitva… à escala global.

Também contribui para o seu desenvolvimento pro�ssional e enriquece o conhecimento em temas de Gestão e Logística.

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