56
FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ARAÇATUBA CURSO DE TECNOLOGIA EM BIOCOMBUSTÍVEIS CLÁUDIO HENRIQUE CERQUEIRA COSTA BASQUEROTTO COGERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR COMPRESSADO (BRIQUETE) Araçatuba 2010

Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

  • Upload
    jotagea

  • View
    191

  • Download
    6

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ARAÇATUBA

CURSO DE TECNOLOGIA EM BIOCOMBUSTÍVEIS

CLÁUDIO HENRIQUE CERQUEIRA COSTA BASQUEROTTO

COGERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM BAGAÇO DE

CANA-DE-AÇÚCAR COMPRESSADO (BRIQUETE)

Araçatuba

2010

Page 2: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

2

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ARAÇATUBA

CURSO DE TECNOLOGIA EM BIOCOMBUSTÍVEIS

CLÁUDIO HENRIQUE CERQUEIRA COSTA BASQUEROTTO

COGERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM BAGAÇO DE

CANA-DE-AÇÚCAR COMPRESSADO (BRIQUETE)

Trabalho de Graduação apresentado à

Faculdade de Tecnologia de Araçatuba, do

Centro Estadual de Educação Tecnológica

Paula Souza, como requisito parcial para

conclusão do curso de Tecnologia em

Biocombustíveis sob a orientação do Prof. Dr.

Giuliano Pierre Estevam

Araçatuba

2010

Page 3: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

3

Basquerotto, Cláudio Henrique Cerqueira Costa

Cogeração de energia elétrica com bagaço de cana-de-açúcar compressado

(briquete)/ Cláudio Henrique Cerqueira Costa Basquerotto. -- Araçatuba, SP: Fatec,

2010.

55f. : il.

Trabalho (Graduação) – Apresentado ao Curso de Tecnologia em Biocombustíveis,

Faculdade de Tecnologia de Araçatuba, 2010.

Orientador: Prof. Dr. Giuliano Pierre Estevam

1. Cogeração 2. Briquete 3. Cana-de-açúcar. II. Título.

CDD – 333.9539

Page 4: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

4

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE ARAÇATUBA

CURSO DE TECNOLOGIA EM BIOCOMBUSTÍVEIS

CLÁUDIO HENRIQUE CERQUEIRA COSTA BASQUEROTTO

COGERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COM BAGAÇO DE

CANA-DE-AÇÚCAR COMPRESSADO (BRIQUETE)

Trabalho de Graduação apresentado à

Faculdade de Tecnologia de Araçatuba, do

Centro Estadual de Educação Tecnológica

Paula Souza, como requisito parcial para

conclusão do curso de Tecnologia em

Biocombustíveis examinado pela banca

examinadora composta pelos professores

_____________________________________

Dr. Giuliano Pierre Estevam

Orientador – Fatec-Araçatuba

_____________________________________

Prof. Ms. Ronaldo da Silva Viana

_____________________________________

Prof. Ms. Marcus Vinícius C. Gandolfi

Araçatuba

2010

Page 5: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

5

RESUMO

Com a necessidade de novos investimentos no setor energético, e o emprego de técnicas que

minimizem as agressões ao meio ambiente, a geração de energia elétrica a partir de fontes

renováveis tem se mostrado importante na matriz energética brasileira. Diante da grande

concentração de usina de cana-de-açúcar no Brasil e considerando que a biomassa

proveniente destas agroindústrias vem demonstrando grande importância na produção de

energia, surgem novas técnicas de utilização desta fonte, uma delas, é a briquetagem, que

consiste na compactação da biomassa utilizada, no caso, o bagaço de cana-de-açúcar. Com o

levantamento bibliográfico e fundamentação teórica, este trabalho identifica os tipos de

tecnologias usadas para cogeração, como produzir o briquete e por fim, com os dados obtidos,

foi realizado um estudo de caso.

Palavras-chave: Setor energético. Meio ambiente. Fontes renováveis. Cogeração. Briquete

Page 6: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

6

ABSTRACT

With the need for new investments in the energy sector, and use of techniques that minimize

the strain on the environment, the generation of electricity from renewable sources has been

important in the Brazilian energy matrix. Given the high concentration of plant sugar cane in

Brazil and considering that the biomass from these agricultural industries has shown great

importance in energy production, new techniques for using this source, one of them is

briquetting, which consists of compression biomass used in this case, the crushed cane sugar.

To the literature and theoretical background, this paper identifies the types of technologies

used for CHP, as the briquette production and finally, with the data obtained, we performed a

case study.

Keywords: Energy sector. Environment. Renewable sources. Cogeneration. Briquette.

Page 7: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

7

ÍNDICE

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 9

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 11

1.1. Histórico da Cogeração .............................................................................................. 11

1.2. Aspectos da Cogeração .............................................................................................. 12

1.2.1. Ciclos de Cogeração ........................................................................................... 12

1.3. Potenciais dos Setores Industriais .............................................................................. 15

1.3.1. Cogeração na Indústria Sucroalcooleira ............................................................. 16

1.3.2. Cogeração na Indústria de Papel e Celulose ....................................................... 16

1.3.3. Cogeração no Setor Terciário ............................................................................. 17

1.4. Tecnologias de Cogeração ......................................................................................... 18

1.4.1. Caldeiras ............................................................................................................. 18

1.4.2. Turbinas a gás ..................................................................................................... 20

1.4.3. Turbinas a vapor ................................................................................................. 22

1.4.4. Motores de Combustão Interna .......................................................................... 23

1.4.5. Combustíveis Utilizados Na Cogeração ............................................................. 24

2. BRIQUETE ....................................................................................................................... 25

2.1. Aspectos Gerais ......................................................................................................... 25

2.2. Potencial de Produção de Bagaço e Palha ................................................................. 26

2.3. Biomassa como fonte de energia ............................................................................... 27

2.4. Briquete Composto .................................................................................................... 28

2.5. Processo do briquete .................................................................................................. 28

2.5.1. Obtenção da Matéria Prima ................................................................................ 29

2.5.2. Peneiramento ...................................................................................................... 29

2.5.3. Secagem .............................................................................................................. 29

2.6. Processos de Compactação ........................................................................................ 31

2.6.1. Prensa Extrusora de Pistão Mecânico ................................................................. 31

2.6.2. Prensa Extrusora de Rosca Sem Fim .................................................................. 32

2.6.3. Prensa Hidráulica................................................................................................ 33

2.6.4. Peletizadora ........................................................................................................ 33

2.6.5. Enfardadeira ....................................................................................................... 34

2.7. Utilização ................................................................................................................... 34

2.8. Vantagens................................................................................................................... 36

Page 8: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

8

2.9. Desvantagens ............................................................................................................. 36

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 37

3.1. Aspectos Gerais ......................................................................................................... 37

3.2. Temperatura ............................................................................................................... 37

3.3. Calor........................................................................................................................... 37

3.3.1. Calor Específico ................................................................................................. 38

3.3.2. Calor Latente ...................................................................................................... 39

3.4. Poder Calorífico ......................................................................................................... 39

3.4.1. Poder Calorífico Superior ................................................................................... 40

3.4.2. Poder Calorífico Inferior .................................................................................... 40

3.4.3. Relação Pressão x Temperatura.......................................................................... 41

4. ESTUDO DE CASO ......................................................................................................... 44

4.1. Descrição da Empresa ................................................................................................ 44

4.2. Dados da Produção .................................................................................................... 46

4.3. O Projeto .................................................................................................................... 46

4.3.1. Principais Equipamentos .................................................................................... 47

4.3.2. Quadro de Usos e Fontes .................................................................................... 48

4.3.3. Orçamento do projeto ......................................................................................... 49

4.3.4. Cronograma do Projeto....................................................................................... 50

4.4. Detalhamento do Projeto ........................................................................................... 51

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 54

Page 9: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

9

INTRODUÇÃO

A cogeração é definida como o processo de produção combinada de energia elétrica e

térmica, destinando-se ambas ao consumo próprio ou de terceiros.

No Brasil, aproximadamente 87,5% da energia elétrica fornecida provem de usinas

hidrelétricas. No entanto, sabe-se que tal fonte de energia tem um custo muito alto de

implantação e, geralmente, está distante dos consumidores e causam expressivos impactos

socioambientais.

O estado de São Paulo detém uma capacidade instalada de 18GW, dos quais 81% são

gerados em usinas hidrelétricas e deve-se destacar que as bacias hidrográficas estão

praticamente esgotadas.

Normalmente, as indústrias utilizam em seus processos industriais, energia elétrica e

ou energia térmica. Essa energia é proveniente das concessionárias de energia elétrica.

Esta utilização das fontes energéticas por vezes não é a mais eficiente, quer devido à

forma como é processada a combustão, quer devido às grandiosas perdas provocadas pelo

próprio fornecimento.

Neste ambiente, a cogeração surge como uma alternativa interessante de garantir

economia de energia e competitividade acrescida às empresas. Com o grande aumento das

indústrias e o interesse pela cogeração, observou-se a possibilidade de utilização de

subprodutos que até então eram descartados.

Até alguns anos atrás, por exemplo, o bagaço de cana era tratado como um resíduo

industrial, sendo incinerado nas próprias unidades sucroalcooleiras para a geração de vapor.

Não havia a ideia que o bagaço era um combustível com propriedades adequadas para geração

de energia, considerando custo zero e poder calorífico considerável para uso energético. Os

equipamentos (caldeiras) nas usinas eram desenvolvidos, justamente para consumir o máximo

possível de bagaço, evitando, portanto, o transtorno que este resíduo trazia para a unidade

fabril (sujeira, espaço, transporte, etc.). Pesquisas durante o Proálcool apontaram a cana de

açúcar como melhor matéria prima. Atualmente, a geração de energia elétrica, por bagaço

adquiriu importância e é praticada por todas as unidades sucroalcooleiras brasileiras

(ESCOBAR, 2003).

Com o aumento do uso da cogeração, novas tecnologias começaram a surgir para

melhorar o rendimento dos processos de produção de energia.

Page 10: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

10

Este trabalho tem como objetivo descrever uma nova maneira de utilizar o bagaço de

cana-de-açúcar para a cogeração e os benefícios econômicos e ambientais.

Page 11: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

11

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. Histórico da Cogeração

Os primeiros sistemas de cogeração (termelétricas) somente surgiram no final do

século XIX, quando o fornecimento de energia elétrica ainda era raro pelas geradoras (LORA,

2004).

Por volta de 1880 foram construídas as primeiras plantas de geração elétrica, época em

que a baixa tensão de geração limitava a cobertura de ação da rede de distribuição a uma

pequena distância em torno do ponto de produção. Posteriormente, com a geração em corrente

alternada e o uso de transformadores de alta tensão, aumentou-se o raio de atuação dos

sistemas de distribuição (LORA, 2004).

Por volta de 1905, existia uma grande competição entre as empresas existentes, na

busca de um maior espaço e um mercado em expansão. Com o passar dos anos a centralização

foi ganhando espaço na indústria elétrica como consequência da continua melhoria dos

serviços realizados e de uma melhoria na qualidade da energia fornecida (LINERO, 2006).

O Pós-Guerra representou, em 90% do mundo, um chamado de ciclo virtuoso na

indústria elétrica. Quanto maiores as taxas de crescimento da demanda, maior o investimento

em inovações tecnológicas. As tecnologias implementadas aos sistemas de transmissão

favoreceram a interconexão de sistemas e mercados.

No século passado, com o crescimento dos sistemas elétricos nacionais e a facilidade

de obtenção de energia elétrica, principalmente pelo custo ser baixo, os sistemas de cogeração

foi perdendo espaço entre os consumidores. Desse modo, houve grande redução na utilização

do sistema, chegando a atingir na Europa 15% e nos Estados Unidos um total de 5% de

consumidores da tecnologia de cogeração no final dos anos 60 (LORA, 2004).

Mas com o melhoramento tecnológico das turbinas a gás e motores de alta capacidade

para atender as necessidades de consumo, a cogeração passou a ganhar força entre os

consumidores, por vota da década de 80.

Cada vez mais a sociedade moderna está dependente de um bem tão importante e

escasso que é a energia. As fontes (água, petróleo, carvão) utilizadas para obtenção de

energia, por não serem renováveis há o surgimento de um novo conceito, designado por

Page 12: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

12

desenvolvimento sustentado, que consiste na utilização racional da energia e na satisfação das

necessidades energéticas (LINERO, 2006).

Os sistemas de cogeração são aqueles em que se faz simultaneamente a geração de duas

formas de energia, e elétrica e a térmica, a partir de um mesmo combustível, tais como os

derivados de petróleo, o gás natural, o carvão ou a biomassa. Um sistema de cogeração bem

dimensionado e balanceado do ponto de vista da porcentagem final de cada uma das duas

formas de energia aumenta o rendimento global da utilização do combustível, atuando, assim,

no sentido do incremento da eficiência energética (LINERO, 2006).

Atualmente, dedica-se largos fundos e meios de investigação ao desenvolvimento de

recurso às energias renováveis e à produção centralizada de energia e calor – cogeração. A

figura 1.1 aponta o uso de energia sem a cogeração e com a cogeração.

Figura 1.1 – Alternativas de geração de energia: (a) independente (b) cogeração

Fonte: BALESTIERI, 2003

1.2. Aspectos da Cogeração

1.2.1. Ciclos de Cogeração

Um projeto de central de cogeração perfeito não atende apenas às demandas

operacionais descritas pelo processo, mas também consegue garantir o nível de excedentes

planejado com eficiência (BALESTIERI, 2003).

Page 13: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

13

Caso não aconteça isso, as falhas na geração e a queda de eficiência ocasionarão

aumentos nos custos de operação e manutenção.

São três os principais ciclos utilizados nas centrais de cogeração:

ciclo Rankine

ciclo Brayton

ciclo Combinado

sendo também importante salientar a existência do Ciclo Diesel, de grande utilização na

Europa e Estados Unidos (BALESTIERI, 2003).

O Ciclo Rankine, como mostrado na figura 1.2, pode ser colocado em operação com o

uso de caldeiras aquatubulares de alta pressão associadas a turbinas de Condensação e

Extração ou turbinas de Contrapressão. É o ciclo utilizado nas indústrias sucroalcooleiras. A

água é bombeada por bombas, é aquecida e transformada em vapor por caldeiras. O vapor

produzido passa por turbinas q acionam geradores. O vapor que “sobra” é condensado e volta

ao ciclo. A bomba e a turbina são alimentadas separadamente por energia (BALESTIERI,

2003).

Figura 1.2 - Modelo Básico do Ciclo Rankine

Fonte: BALESTIERI, 2003

Caldeira

Turbina Bomba

Condensador

Page 14: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

14

O Ciclo Brayton faz uso de conjuntos geradores acoplados. Utilizados em turbinas a

gás, onde trocam energia com água para gerar vapor em caldeiras de recuperação nos

processos que só admitem aplicações indiretas, por não poderem ser contaminados, vide

figura 1.3.

Figura 1.3 - Modelo Básico do Ciclo Brayton

Fonte: BALESTIERI, 2003

O ar passa pelo compressor indo até câmara de combustão. O ar é elevado a uma alta

temperatura e a uma pressão elevada. O ar com alta pressão passa por turbinas acionando

máquinas e geradores.

O Ciclo Combinado mais utilizado no momento é o que acopla turbinas com caldeiras

de recuperação e turbinas a vapor, ainda que possa admitir outros geradores. Possui um

rendimento maior, por utilizar 2 tipos de geração. Rendimento global de 90%. Onde 38% é

obtido pela turbina gás e 52% por turbina a vapor.

Turbina Compressor

Combustor

Trocador de

Calor

Page 15: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

15

Figura 1.4 - Ciclo Combinado

Fonte: BALESTIERI, 2003

Para escolher o ciclo certo que deverá compor o sistema de cogeração deve-se levar

em consideração:

atendimento das demandas operacionais da planta de processo

eficiência e confiabilidade

geração de excedentes (poderão ser negociados ou não para venda)

Após definir as características da planta de processo e cogeração, é necessário que se

faça a conexão entre o sistema de geração e o centro de consumo. Além de ajustar os níveis de

atendimento tais como: quantidade que será comercializada, os períodos e as condições.

1.3. Potenciais dos Setores Industriais

Os principais setores que apresentam maiores potenciais de aplicação da cogeração

são os do Açúcar e Álcool, Papel e Celulose e Terciário.

Page 16: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

16

1.3.1. Cogeração na Indústria Sucroalcooleira

Hoje no Brasil existem mais de 450 usinas sucroalcooleiras operando. Em termos

energéticos, a safra de 2009 foi equivalente a (65,4x106 toneladas equivalentes de Petróleo),

mais da metade de todo o óleo e gás consumidos no país (SOUZA, 2003).

Uma usina que processa 2,0 milhões de toneladas de cana por ano e que hoje gera

24GWH/ano para atender suas necessidades próprias poderá vender ao sistema até

300GWH/ano com tecnologia dominada no país.

Estudos mostram que, embora os parâmetros econômicos variem muito de usina para

usina, a energia elétrica por elas produzida é competitiva com a gerada em centrais a gás. As

usinas têm como um fator importante a localização próxima às cargas, propiciando redução de

custos de transmissão de distribuição (SOUZA, 2003).

Muitas usinas ainda podem gerar no período de estiagem, sendo um complemento

perfeito ao regime das hidrelétricas instaladas.

As vantagens de se usarem os resíduos da cana como fonte de energia primária para

geração de eletricidade são muitas e afetam positivamente diversos grupos de interesses, tanto

a nível micro quanto macroeconômico.

A cana é colhida manualmente ou mecanicamente. Após a colheita, ela é encaminhada

para a indústria. A cana passa pela moenda ou difusor para a fabricação de açúcar e álcool.

Com a moagem ou difusão, obtém-se como subproduto o bagaço. A partir da obtenção do

bagaço, o mesmo é encaminhado para a queima na caldeira onde produz o vapor. Esse vapor é

encaminhado para as turbinas localizadas na casa de força, onde será transformada em energia

mecânica. Essa por si está conectada a redutores de velocidade para a conexão com o gerador

elétrico, havendo assim a produção de eletricidade (SOUZA, 2003).

1.3.2. Cogeração na Indústria de Papel e Celulose

O setor de celulose e papel no Brasil tem por base o Processo Kraft (processo de

obtenção da celulose que é iniciado com o descascamento e lavagem de toras de eucalipto

selecionadas para posterior picagem. Com isto são produzidos cavacos de dimensões

uniformes que são encaminhados ao cozimento, após um processo de peneiramento), que

deve corresponder a 95% do total das empresas, segundo relatórios da ABTCP – Associação

Brasileira Técnica de Celulose e Papel. Esse processo tem por vantagem o grande potencial de

recuperação dos produtos empregados na produção do papel, assim como o aproveitamento de

subprodutos (SOUZA, 2003).

Page 17: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

17

É um dos segmentos industriais com maior consumo de energia, tendo comprado em

1997 mais de 10000 GWh de eletricidade, 8% do consumo no setor industrial (BEN, 2010).

A auto produção no setor de papel e celulose ainda é baixa: apenas 30% das indústrias

possuem geração própria. Segundo a Eletrobrás o potencial técnico de geração de eletricidade

nestas indústrias foi em 2003 de 1740 MW instalados (BEN, 2010).

Nas indústrias de papel, o consumo se concentra principalmente no licor negro, fluido

processual, produzido pela própria empresa. A geração de energia é efetuada através desse

combustível e em alguns casos a partir de gás natural de bacias de gás (BEN, 2010).

Do ponto de vista técnico, o setor usa geradores de vapor acoplados a turbinas a vapor,

o vapor gerado a alta pressão em caldeiras é expandido em turbinas para utilização em

processo.

1.3.3. Cogeração no Setor Terciário

Para que seja um potencial utilizador de Cogeração é necessário que o setor atenda a

algumas características, tais como:

necessidade simultânea e contínua de energia térmica e elétrica;

disponibilidade de combustíveis de qualidade;

período de funcionamento de pelo menos 4500-5000 horas por ano;

espaço suficiente e uma adequada localização para implementação do novo

equipamento;

calor residual disponível de elevada qualidade.

Tais características são encontradas com muita frequência na indústria. Todavia, não é

verificada uma relação muito estreita entre o consumo de energia e o tipo de atividade

realizada. Os principais usos de energia térmica são para aquecimento, ventilação e ar

condicionado (FERNANDES, 2003).

Hospitais, hotéis, centros de desporto, edifícios de escritórios, centros comerciais e

sistemas de redes urbanas de calor são os principais potenciais de cogeração.

Um sistema bem projetado e adequado traz muitos benefícios. Os principais são:

economia de energia primária;

redução de emissões poluentes;

benefícios econômicos.

Page 18: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

18

1.4. Tecnologias de Cogeração

Na geração de energia são utilizados equipamentos de um ou mais dos ciclos

apresentados; para uma análise criteriosa do projeto e da operação de centrais de cogeração é

importante se ter o entendimento de seu funcionamento e o conhecimento das características

operacionais de cada um.

1.4.1. Caldeiras

Caldeiras ou geradores de vapor são equipamentos que permitem a geração de formas

de energia térmica de amplo uso, tanto para uso industrial quanto para uso comercial ou

residencial. Pode-se usá-las em muitas aplicações, como secagem, geração de energia,

cozimento, lavagem de utensílios, desinfecção, aquecimento ambiental, dentre outros.

Equipamentos geradores de vapor convencionais e de recuperação devem estar disponíveis

(BALESTIERI, 2003).

Caldeiras convencionais: São constituídas por dispositivos destinados à produção de

vapor ou água quente em pressões elevadas, proporcionada por calor liberado da queima de

um combustível. A figura 1.5 descreve uma caldeira convencional.

Figura 1.5 – Instalação de caldeira convencional

Fonte: BALESTIERI, 2003

Page 19: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

19

A instalação de caldeiras é descrita pelo conjunto formado pelo equipamento gerador

de vapor e seus acessórios (sopradores de ar, bomba, chaminés, queimadores, etc.). As

caldeiras aquatubulares, que permitem a troca térmica entre os gases de combustão, que

passam pelo casco da caldeira, e água, que passa no interior dos tubos, para a geração de

vapor, são usadas geralmente em indústrias. Este sistema de troca térmica permite um nível

maior de vapor (igual ou superior a 28 Mega Pascal (MPa)) (BALESTIERI, 2003).

As caldeiras flamotubulares, que apresentam os gases de combustão internos aos

tubos, só permitem pressões inferiores a 1,7 MPa, o que deixa inviável seu uso para a

cogeração. Os combustíveis usados nas caldeiras são: óleo, gases diversos, carvão e resíduos

(para esses dois últimos utilizam-se grelhas para o assentamento). Queimadores dotados de

atomizador, que regulam a vazão ar/combustível em níveis ótimos de queima são utilizados

para a queima de óleo (BALESTIERI, 2003).

Caldeira de recuperação: utilizada para aproveitar o calor dos gases de exaustão,

produzindo assim vapor por troca térmica. Pode ser utilizada também na fabricação de ácido

sulfúrico.

Figura 1.6 – Caldeira aquatubular de recuperação de calor

Fonte: JUNIOR, 2001

Page 20: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

20

Figura 1.7 – Caldeira aquatubular

Fonte: UNIALCO, 2010

1.4.2. Turbinas a gás

A turbina a gás é uma combinação, geralmente de construção compacta, composta de

compressor, câmara de combustão e turbina. O ar entra no compressor e passa para a câmara

de combustão, onde o combustível é queimado continuamente sob pressão constante. Os

gases aquecidos são expandidos na turbina, que aciona o compressor e gera potencia para um

gerador (BALESTIERI, 2003).

Dependendo do tipo de tecnologia utilizados terá um curto tempo para partida e um

baixo custo de investimento, tornando-as ideais para atendimento a picos de carga.

Page 21: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

21

Figura 1.8 – Turbina a gás

Fonte: EDUCOGEN, 2001

Tal como todos os sistemas, segundo Educogen (2001), o uso da Turbina a Gás tem

vantagens e desvantagens, das quais se destacam as seguintes:

Vantagens:

manutenção simples (menores tempos de paragem);

elevada fiabilidade;

baixa poluição ambiental;

não necessita de vigilância permanente;

disponibiliza energia térmica a temperaturas elevadas (500º a 600º);

unidades compactas e de pequeno peso;

arranque rápido;

baixo nível de vibrações;

Desvantagens:

limitado o nível de variedade de combustível consumido;

tempo de vida útil curto;

ineficácia em processos com poucas necessidades térmicas;

necessidade de uso de dispositivos anti-poeiras/sujidade, anti-corrosão (em

especial em casos de pausas de funcionamento prolongado);

Page 22: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

22

1.4.3. Turbinas a vapor

Operadas com vapor de alta pressão na condição superaquecida, as turbinas a vapor

são turbomáquinas. Podem ser classificadas, dependendo do seu uso, em:

turbinas de contrapressão pura: fornecem integralmente a mesma vazão de

vapor recebida para os trocadores de calor situados a jusante da turbina,

submetendo-o a uma expansão desde a condição inicial (de alta pressão) até

níveis de pressão da ordem de 0,2 a 1,0 MPa;

turbinas de condensação e extração: recebem o vapor de alta pressão e de

um ou mais pontos extrai-se vapor de processo com pressão pré-fixada

conforme necessidade da unidade.

As turbinas de contrapressão são recomendadas nos processos industriais nos quais a

demanda por calor de processo é igual à demanda por energia eletromecânica. As turbinas de

condensação e extração são aplicadas nos processos em que a produção de energia elétrica/

mecânica é prioritária (BALESTIERI, 2003).

Figura 1.9 – Turbinas a vapor: (a) contrapressão (b) condensação

Fonte: JUNIOR, 2001

De seguida, segundo Educogen (2001), são descriminadas, as principais vantagens e

desvantagens da Cogeração com Turbinas a Vapor:

Vantagens:

tempo de vida útil elevado;

Page 23: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

23

não necessita de vigilância constante;

equipamento seguro;

eficiência global elevada;

capacidade de fornecer vapor a alta pressão e/ou pressão atmosférica;

elevado tempo de trabalho entre manutenções;

Desvantagens:

baixo rendimento elétrico;

arranque lento;

problemas de controle de emissão de poluentes;

dependência de um tipo de combustível no dimensionamento, ou seja, só pode

usar o combustível idêntico aquele para que foi projetado o sistema;

reduzido número de aplicações;

investimento inicial elevado;

baixo rendimento elétrico;

1.4.4. Motores de Combustão Interna

Dentre eles, assumem um papel de destaque na cogeração os motores Diesel,

máquinas térmicas de êmbolos, em cujos cilindros têm lugar a queima de um combustível e

por consequência a transformação de calor em potencia de baixo eixo que, em unidades

estacionárias, varia no amplo leque de 20 a 25000 kW. Motores de combustão interna podem

operar em ciclos de dois ou quatro tempos; no ciclo de quatro tempos, ocorre admissão da

mistura combustível (primeiro tempo), compressão da mistura (segundo tempo), explosão,

expansão dos produtos de combustão e escape (terceiro tempo) e expulsão dos produtos de

combustão (quarto tempo). No ciclo de dois tempos, o primeiro tempo compreende a

admissão da mistura e a compressão, e no segundo tempo ocorrem a combustão, a expansão e

o escape (BALESTIERI, 2003).

Os motores diesel apresentam por distinção dos demais motores de combustão interna

o fato de receberem o combustível através de injetores; nos cilindros do motor se comprime ar

puro e, ao final da compressão, injeta-se neles o combustível que, em meio ao ar quente,

inflama-se e queima em pressão constante.

Page 24: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

24

1.4.5. Combustíveis Utilizados Na Cogeração

Os principais combustíveis utilizados para cogeração são:

gás Natural;

óleo Diesel;

bagaço de Cana;

briquete;

Page 25: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

25

2. BRIQUETE

2.1. Aspectos Gerais

Em Paris surgiu a palavra briquette como sendo uma mistura de turfa, água e argila

plástica. Nas décadas seguintes, o carvão mineral recebeu não só adensamento dos

componentes como temperatura para formar um combustível sólido. Os briquetes que tinham

aglomerantes eram denominados “pérats”, feitos de carvão betuminoso misturado com

alcatrão. Desta época para cá, a tecnologia do briquete de madeira avançou lentamente

transformando-se em um biocombustível sólido com apelo ambiental (Brown coal as fuel,

2005).

Embora o briquete não seja conhecido e pouco empregado no Brasil, o país apresenta

um potencial promissor a ser explorado, permitindo o aproveitamento mais racional dessa

energia disponível, diminuindo assim grandes perdas de resíduos industriais e agrícolas.

Como consequência, teria uma grande redução do custo da energia consumida nos setor

industrial e doméstico, além de uma redução de poluição, causando a substituição dos

combustíveis fósseis por renováveis de origem vegetal, no caso os briquetes.

Define-se briquetagem como um processo no qual pequenas partículas de material

sólido são prensadas para formar blocos de forma definida e de menor tamanho. Através desse

processo, subprodutos de beneficiamento agro florestal, agroindustriais e finos de carvão

convertem-se em um material de maior valor comercial que é o briquete (ANTUNES, 2000).

Os parâmetros esperados para o briquete são: resistência mecânica, resistência ao impacto,

baixa higroscopicidade, alta densidade, boas propriedades de queima e alto poder calorífico.

A lenha e o carvão vegetal, combustíveis sólidos renováveis, apresentam números

importantes em termos de consumo, principalmente nos setores residencial e industrial, onde

a lenha aprece com respectivamente 28% e 8% do consumo total do setor e o carvão vegetal

um valor de 7% do consumo no setor industrial (ROMEIRO, 2004).

Page 26: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

26

2.2. Potencial de Produção de Bagaço e Palha

A importância do bagaço e da palha da cana-de-açúcar pode ser medida pela

quantidade de cana produzida mundialmente, que foi de 1.743 milhões de toneladas em 2008,

segundo dados da FAO (Food And Agricultural Organization of United Nations (FAO):

Economic And Social Department: The Statistical Division). Naquele ano, de cada três

toneladas de cana processada em todos os países produtores, uma tonelada de cana foi colhida

no Brasil (37,2%). A Índia, segundo maior produtor mundial, participou com 20,0%, seguida

da China (7,2%), Tailândia (4,2%), Paquistão (3,7%), México (2,9%), Colômbia (2,2%) e

Austrália (1,9%) (CTC, 2010).

Os principais componentes do bagaço de cana-de-açúcar são: 32-50% celulose, 19-

25% hemicelulose, 23-32% lignina, 2% de cinzas, 46% fibra, 50% umidade (CTC, 2010).

A partir do ano 2000 a produção de cana vem crescendo no Brasil a uma taxa anual de

aproximadamente 35 milhões de toneladas de cana (Figura 2.1), ou seja, quase a produção

anual da Austrália, oitavo maior produtor mundial. Segundo as estatísticas da União da

Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), na safra 08/09 o Brasil processou cerca de 570 milhões

de toneladas de cana, produzindo ao redor de 160 milhões de toneladas de bagaço. Toda cana-

de-açúcar produzida no Brasil ainda apresenta potencial de mais de 160 milhões de toneladas

de palha e, provavelmente, somente 6% desse material acompanhou os colmos de cana até a

indústria sendo que o restante foi queimado ou permaneceu no campo (CTC, 2010).

Figura 2.1 - Evolução da safra de cana no Brasil

Fonte: UNICA, 2009

Page 27: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

27

2.3. Biomassa como fonte de energia

Todos os organismos biológicos que podem ser utilizados como fonte de energia, tais

como: lenha e carvão vegetal, alguns óleos vegetais, cana-de-açúcar, beterraba, biogás, podem

ser chamados de Biomassa (CARIOCA, 2000).

Para a briquetagem, a biomassa é composta pela combinação de dióxido de carbono

(CO2) da atmosfera e água (H2O), formando assim hidratos de carbono (CH2O). Através da

reação química básica: fóton + CO2 + H2O (CH2O) + O2, pelas ligações químicas dos

componentes estruturais da biomassa a energia solar é armazenada (VASCONCELOS, 2002).

A briquetagem consiste na trituração da biomassa e posterior compactação a elevadas

pressões, o que provoca a elevação da temperatura do processamento a aproximadamente

100°C. A “plastificação” da lignina (substância que atua como elemento aglomerante) é

provocada pelo aumento de temperatura. Para se obter sucesso nessa aglomeração, é

necessária uma pequena quantidade de água, compreendida entre 8% a 15% de umidade, e

que o tamanho das partículas esteja entre 5 a 10 mm. O produto final deste processo tem

formato de blocos ou cilindros compactados chamados de briquetes (BRIQUETES, 2010).

Com a cana de açúcar o processo de briquetagem requer que o bagaço seja

previamente seco até aproximadamente 15% de umidade. Testes realizados indicaram que

com umidade do bagaço menor que 12% há grande dificuldade de operação da máquina e o

briquete produzido apresenta pouca resistência mecânica, tornando-se quebradiço no

manuseio. Com umidade acima de 20% os briquetes desintegram-se logo após a compactação

(BRIQUETES, 2010).

Figura 2.2 – Briquete feito com bagaço de cana

Fonte: BRIQUETES SÃO CARLOS, 2010

Page 28: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

28

2.4. Briquete Composto

São briquetes produzidos a partir de mais de um tipo de subproduto. O seu processo de

produção é o mesmo dos briquetes simples, exceto pela inclusão da fase de mistura das

matérias-primas. Esta semelhança permite equiparar os seus custos de produção. Com a

produção de briquetes compostos obtêm-se médias ponderadas de suas propriedades e

composições, o que permite um maior controle da qualidade dos briquetes e um

direcionamento de suas características de acordo com seu uso final, com a máxima redução na

introdução de substâncias adicionais. Produzindo briquetes compostos, evita-se também a

dependência de um único tipo de matéria prima. Nos períodos de escassez de subprodutos de

maior poder calorífico, tem-se a opção de substituí-los por outros subprodutos em maior

quantidade, mantendo a eficiência energética do briquete (CTC, 2010).

Com a cana-de-açúcar, uma produção de briquete composto pode se dar com o uso de

bagaço e palhiço (palha da cana) (CTC, 2010).

2.5. Processo do briquete

O principal, mais barato e mais eficiente processo do briquete é dividido em 4 partes

(BRIQUETES SÃO CARLOS, 2010):

obtenção da matéria prima;

peneiramento;

secagem;

compactação.

Page 29: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

29

Figura 2.3 – Projeto de usina de processamento de briquetes

Fonte: BRIQUETES SÃO CARLOS, 2010

2.5.1. Obtenção da Matéria Prima

Nome dado a um material que sirva de entrada para um sistema de produção qualquer.

Ex: Bagaço de cana-de-açúcar, capim elefante picado (BRIQUETES SÃO CARLOS, 2010).

2.5.2. Peneiramento

Separa a matéria prima. Impurezas que poderão prejudicar na produção do briquete

(BRIQUETES SÃO CARLOS, 2010).

2.5.3. Secagem

Atualmente, o uso da matéria prima “in natura” como combustível está limitado à

própria usina onde é produzido ou em outras usinas e indústrias próximas, pois a alta

umidade, aliada à baixa massa específica, inviabilizam economicamente o transporte a longas

distâncias. A secagem da matéria prima “in-natura” é a primeira etapa de alguns processos de

compactação como briquetagem e peletização, que requerem que a biomassa encontre-se com

umidade entre 12 e 15% (CTC, 2010).

O secador de matéria prima pode ser considerado também como um equipamento

recuperador de energia da caldeira, assim como um pré-aquecedor de ar ou um economizador.

Secador a vapor: este equipamento utiliza vapor de alta pressão como fluido de

aquecimento da biomassa e os vapores de água produzidos pela secagem podem ser

direcionados para linhas de baixa pressão como, por exemplo, vapor de escape ou vapor

Page 30: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

30

vegetal. Um ventilador instalado na base promove a movimentação da biomassa no interior do

equipamento. Modelos semelhantes são utilizados na indústria açucareira de beterraba para

secagem da polpa (CTC, 2010).

Figura 2.4 – Modelo de secador a vapor

Fonte: CTC, 2010

Figura 2.5 – Secador a Vapor

Fonte: CTC, 2010

Page 31: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

31

2.6. Processos de Compactação

Existem cinco tipos de equipamentos ou princípios básicos de compactação de

resíduos ligno-celulósicos:

1. prensa extrusora de pistão mecânico;

2. prensa extrusora de rosca sem fim;

3. prensa hidráulica;

4. peletizadora;

5. enfardadeira.

Figura 2.6 – Prensa extrusora

Fonte: KUBINSKY, 2008

2.6.1. Prensa Extrusora de Pistão Mecânico

Tecnologia desenvolvida desde o principio do século e bastante conhecida no mundo.

Um pistão ligado excentricamente a um grande volante força o material a ser compactado por

meio de um tronco de cone (KUBINSKY, 2008).

Page 32: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

32

Figura 2.7 – Extrusora de pistão mecânico

Fonte: KUBINSKY, 2008

2.6.2. Prensa Extrusora de Rosca Sem Fim

Processo muito usado para resíduos. Apresenta excelentes resultados. Seu princípio

mecânico é semelhante às manobras da indústria de cerâmica. É um equipamento de fácil

manutenção e de investimento favorável (KUBINSKY, 2008).

Estes tipos de Briquetadeiras por extrusão por rosca sem fim produzem briquetes com

furo central em processo contínuo (KUBINSKY, 2008).

Figura 2.8 – Prensa extrusora por rosca sem fim

Fonte: KUBINSKY, 2008

Page 33: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

33

2.6.3. Prensa Hidráulica

Equipamento que usa um pistão acionado hidraulicamente. Pela lateral, o equipamento

é alimentado por uma rosca sem fim com o material a ser compactado. Ao se atingir uma

pressão desejada, em uma peça frontal ao embolo se abre e expulsa o briquete (KUBINSKY,

2008).

Aplica-se uma pressão menor que em outros métodos, produzindo briquetes de menor

densidade, sendo assim um processo não extrusivo (KUBINSKY, 2008).

Figura 2.9 – Prensa hidráulica

Fonte: KUBINSKY, 2008

2.6.4. Peletizadora

Equipamento operado pelo processo extrusivo. Não é necessária a injeção de vapor

para aquecer e corrigir a umidade princípio utilizado na produção de ração animal. Operando

com bagaço, produz paletes de diâmetro igual a 10 mm x 30 a 40 mm de comprimento,

densidade relativa de 1,2 g/cm³ e densidade a granel de 550 kg/m³ (COPERSUCAR, 2001).

Page 34: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

34

Figura 2.10 – Paletizadora testada para resíduos

Fonte: KUBINSKY, 2008

2.6.5. Enfardadeira

Indicada pelo próprio nome, o equipamento comprime e amassa o resíduo, elevando a

densidade do bagaço de cana com 20% de umidade a 500 kg/m³. Não é necessária pré-

secagem do material, permitindo assim uma secagem posterior (KUBINSKY, 2008).

2.7. Utilização

A forma de partida (ignição) pode ser a mesma utilizada pelo sistema à lenha. Toda

caldeira/fornalha que queima lenha, pode queimar Briquete Vegetal.

Não são necessários equipamentos especiais, somente verificar o espaçamento entre

grelhas.

Geralmente são utilizados em aquecedores, secadores, caldeiras, cervejarias, pizzarias,

cerâmicas, destilarias, indústrias, lavanderias e outros.

Page 35: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

35

Figura 2.11 – Uso de briquete em forno de Padaria

Fonte: BRIQUETES SÃO CARLOS, 2010

Tabela 1 – Formas de utilização do briquete

Utilização em Aplicação Dosagem Outras informações de uso

Caldeiras em

Geral

Somente

Briquete

Vegetal

Quantidade

Necessária

Alimentar de forma mais contínua

possível

Briquete com

Cavaco ou

Lenha

comercial

Porcentagem

desejada de

cada produto

Alimentar a caldeira com lenha ou

cavaco e sob os mesmos adicionar o

Briquete de forma bem distribuída

Fornos/

Fornalhas

Briquete

Vegetal

Quantidade

Necessária

Alimentar com quantidades menores

e mais frequentes

Fornos de

Pizzarias

Briquete

Vegetal

Quantidade

Necessária

Iniciar o fogo normalmente conforme

métodos e costumes

Lareiras Briquete

Vegetal

Quantidade

Necessária

Iniciar o fogo normalmente conforme

métodos e costumes, realimentar o

fogo a cada 50 minutos

Churrasqueiras Briquete

Vegetal

Quantidade

Necessária

Para usar o Briquete em

churrasqueiras, o usuário precisa

permitir a entrada de bastante

oxigênio e iniciar o fogo com

gravetos. O processo de assar ocorre

enquanto o Briquete estiver

queimando com chamas limpas

Fonte: BRIQUETES SÃO CARLOS, 2010

Page 36: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

36

2.8. Vantagens

A briquetagem é uma forma bastante eficiente para concentrar a energia disponível da

biomassa. 1,00 m³ de briquetes contém pelo menos 5 vezes mais energia que 1,00 m³ de

resíduos. Isso se levando em consideração a densidade a granel e o poder calorífico médio

desses materiais (CTC, 2010).

A viabilidade técnica e econômica do acondicionamento desses resíduos

comprovadamente justifica a alocação de recursos de financiamento para apoiar o

aproveitamento desses resíduos como atividade econômica, bem como outras medidas que se

fizerem necessárias para estruturar o mercado desse produto (CTC, 2010).

O briquete é um produto 100% reciclado, reduz a mão de obra no manuseio do

produto, cada metro cúbico abriga 1300 kg de briquete, em 10 metros quadrados aloja-se 15

toneladas de briquetes, gera pouca fumaça com baixo teor de cinza e o mais importante, maior

qualidade na produção de vapor, pois com a baixa umidade do produto não se consome

energia própria para a evaporação do excesso de umidade (CTC, 2010).

O bagaço comum possui um poder calorífico aproximadamente de 1800 Kcal/ kg.

Comprimindo esse bagaço em briquete, esse valor passa para 4700 Kcal/kg (CTC, 2010).

2.9. Desvantagens

Os briquetes podem apresentar como desvantagem a mescla de seus componentes. Tal

diferença pode refletir na cor ou também a granulometria desigual da matéria-prima, gerando

diferenças de poder calorífico (PAINEL FLORESTAL, 2010).

No caso de briquetes de madeira, o uso de diversos tipos de madeiras, pode-se

observar visualmente a mescla de cor. Utilizando-se vários tipos de matérias-primas pode

diminuir o poder calorífico, sendo o ideal, a utilização de granulometrias e matérias-primas

semelhantes (PAINEL FLORESTAL, 2010).

Outro fator depreciante é a higroscopicidade. Caso sejam armazenados em lugares

úmidos, o briquete pode sofrer descompressão da massa sólida, perdendo assim a sua

utilidade (PAINEL FLORESTAL, 2010).

Page 37: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

37

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Aspectos Gerais

Para se entender o conceito de calor, precisa-se primeiro falar sobre a energia contida

em um sistema físico. Energia física está associada ao movimento das partículas que

compõem o sistema. Energia de ligação está associada à “ligação” entre as partículas do

sistema. Energia interna é a soma de todas as energias do sistema, cinética, de ligação

química, nuclear, etc. Depende da temperatura, estado físico e da quantidade de matéria

(ETAPA, 2010).

Os conceitos de temperatura e calor são frequentemente confundidos na linguagem

cotidiana. No entanto, do ponto de vista físico, são dois conceitos distintos (ETAPA, 2010).

3.2. Temperatura

A temperatura de um corpo está relacionada à energia cinética de suas moléculas.

Assim, podemos alterar a temperatura de um corpo fornecendo ou retirando energia de

movimento de suas moléculas. Isso pode ser conseguido de formas mecânicas: choques,

atrito, agitação ou por meio de troca de calor (ETAPA, 2010).

Quando dois corpos, a diferentes temperaturas e isolados do meio exterior, colocados

em contato, acabam por atingir um estado no qual suas temperaturas se igualam. Logo, se

houve alteração nas temperaturas de ambos, entre eles ocorreu troca de energia. A essa

energia trocada devido à diferença de temperatura chamamos calor (ETAPA, 2010).

3.3. Calor

Calor passa espontaneamente do corpo de temperatura maior (maior energia cinética)

para o de menor temperatura (menor energia cinética) (ETAPA, 2010).

Page 38: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

38

Calor é energia em transito, logo suas unidades são as de energia. No Sistema

Internacional é o Joule (J). Existe uma unidade especial, a caloria, definida como a quantidade

de calor necessária para elevar de 14,5°C para 15,5°C a temperatura de 1 g de água, sob

pressão de 1 atm. Uma caloria equivale a 4, 1868 joules (J) (ETAPA, 2010).

3.3.1. Calor Específico

Com relação à energia interna de agitação térmica, é fácil observar que quanto maior a

quantidade de calor trocada por um corpo, maior será sua variação de temperatura. Assim, a

quantidade de calor (Q) e a variação de temperatura (Δθ) são diretamente proporcionais

(ETAPA, 2010). Assim tem-se:

Δθ [3.1]

em que

Δθ = θfinal – θinicial [3.2]

A constante de proporcionalidade C é chamada de capacidade térmica do corpo. Ela

mede a quantidade de calor necessária para que o corpo sofra uma variação unitária de

temperatura (ETAPA, 2010).

Para Q medido em caloria (cal) e Δθ em grau Celsius (°C), a unidade de C será caloria

por grau Celsius (cal/°C) (ETAPA, 2010).

Por outro lado, se dois corpos de mesmo material sofrem a mesma variação de

temperatura, o de maior massa troca uma quantidade de calor maior, portanto (Q) é

diretamente proporcional à massa (m):

Δθ [3.3]

A nova constante de proporcionalidade C é chamada de calor específico da substância

que compõe o corpo. Ela mede a quantidade de calor necessária para que uma unidade de

massa sofra uma variação unitária de temperatura (ETAPA, 2010).

Dependendo das condições de temperatura e pressão, a matéria pode apresentar-se em

três estados físicos: sólido, líquido e gasoso (ETAPA, 2010).

Page 39: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

39

3.3.2. Calor Latente

Pode-se fazer um sistema mudar de estado físico adicionando ou retirando calor. A

quantidade de calor (Q) trocada por um sistema em uma mudança de estado é diretamente

proporcional à massa m que muda de estado. Então:

[3.4]

A constante de proporcionalidade L, calor latente da transformação, é medida em

unidade de energia por unidade de massa caloria por grama (cal/g). Se a mudança de estado

ocorre à pressão constante, a temperatura permanece constante e é característica para cada

pressão (ETAPA, 2010).

3.4. Poder Calorífico

A qualidade do bagaço para fins energéticos pode ser medida através do “Poder

Calorífico”, ou seja, a quantidade de energia liberada na combustão completa de um

combustível, sendo que todos os produtos da combustão são relacionados às condições

normais de temperatura e pressão (CNTP), com temperatura a zero °C e pressão de 1,0 atm

(absoluta). O poder calorífico para combustíveis sólidos pode ser expresso por diversas

unidades de medida, sendo internacionalmente aceita em quiloJoule por quilograma (kJ/kg),

ou em megaJoule por quilograma (MJ/kg). Normalmente, o setor sucroalcooleiro utiliza a

unidade quilocalorias por quilograma (kcal/kg), sendo que 1,0 kcal/kg corresponde a 4,185

kJ/kg (ETAPA, 2010).

O poder calorífico do bagaço pode variar em função de diversas condições, como a

composição da matéria-prima entre locais e ao longo da safra, ou seja, variedade, estágio de

maturação, idade, sistema de colheita, quantidades de impurezas vegetais e minerais, e das

condições de trabalho, como nível de preparo da cana, sistema de extração do caldo (moenda

ou difusor) e embebição. Entretanto, até o momento não foram detectadas diferenças

significativas com relação ao “poder calorífico superior” (PCS) entre variedades, estágios de

corte, bagaço proveniente de cana inteira ou cana picada, áreas com e sem aplicação de

Page 40: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

40

vinhaça ou de áreas onde a cana recebe aplicação de maturadores químicos. Essa conclusão já

havia sido comprovada em estudos similares na África do Sul (CTC, 2010).

3.4.1. Poder Calorífico Superior

Denomina-se “Poder Calorífico Superior” (PCS) quando se considera o calor latente

de vaporização da água formada pela reação de combustão durante a queima do combustível

com o ar seco. Neste caso, a água gerada nos produtos da combustão é retirada na forma

líquida a temperatura ambiente. O PCS pode ser medido precisamente utilizando uma bomba

calorimétrica (Figura 3.1) a volume constante para combustíveis líquidos ou sólidos (ex.

bagaço e palha de cana). Ex.: PCS bagaço (umidade=50%) = 9,1 MJ/kg (2170 kcal/kg) (CTC,

2010).

Figura 3.1 – Calorímetro

Fonte: CTC, 2010

3.4.2. Poder Calorífico Inferior

O “Poder Calorífico Inferior” (PCI) é o resultado do PCS menos o calor latente

formado pela água durante a combustão. Neste caso, considera-se a água gerada pelos

produtos de combustão na forma de vapor. Em instalações industriais, a temperatura dos gases

de saída em processos de combustão é maior que a temperatura de condensação da água na

pressão atuante. Assim sendo, o PCI tem maior aplicação prática no dimensionamento e

avaliação de equipamentos (CTC, 2010).

Page 41: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

41

Tabela 2 – Materiais e seus poderes caloríficos inferiores

Material PCI* Massa específica*

kcal/kg MJ/kg kg/m³

Bagaço de Cana** 1,725 7,2 130

Etanol anidro 6,750 28,3 791

Etanol hidratado 6.300 26,4 809

Diesel 10,100 42,3 840

Gasolina auto 10,400 43,5 740

*Fonte: (BEN) Balanço Energético Nacional

**Fonte: CTC, considerando-se bagaço com umidade de 50% na saída da moenda

Fonte: CTC, 2010

3.4.3. Relação Pressão x Temperatura

O estado físico (sólido, líquido, gás) em que uma substância se encontra depende

basicamente das condições de pressão e temperatura. A Figura abaixo dá o diagrama

(aproximado e sem escalas) para a água (CTC, 2010).

Figura 3.2 – Diagrama Pressão x Temperatura de Água

Fonte: MSPC, 2010

Page 42: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

42

Mudanças de pressão e/ou temperatura e consequente troca de calor podem provocar

as conhecidas mudanças de estado físico: de sólido para líquido ou vice-versa

(fusão/solidificação), de sólido para gás ou vice-versa (sublimação/deposição), de líquido para

gás ou vice-versa (vaporização/condensação) (MSPC, 2010).

No diagrama, as linhas divisórias indicam condições de pressão e temperatura nas

quais pode haver transição de estados e, portanto, os dois estados físicos podem coexistir

(MSPC, 2010).

O ponto triplo é a única condição de temperatura e pressão em que os três estados

físicos podem coexistir (MSPC, 2010).

Na transição líquido/vapor, a temperatura correspondente a cada pressão de acordo

com a curva é denominada temperatura de saturação. Portanto, na temperatura de saturação

ocorre o efeito do calor latente conforme tópico anterior. Para água, sob pressão normal, a

temperatura de saturação é 100°C, que é a ebulição da água nessa condição (MSPC, 2010).

A temperatura de saturação aumenta com a pressão, mas há um limite, denominado

ponto crítico, acima do qual não há transição definida entre os dois estados (MSPC, 2010).

As coordenadas do ponto crítico são, naturalmente, a pressão crítica e a temperatura

crítica. Acima da temperatura crítica, um gás não pode ser liquefeito apenas com aumento de

pressão. É também necessária uma redução de temperatura (MSPC, 2010).

Comentam-se agora os termos gás e vapor. São o mesmo estado físico da substância e,

muitas vezes, são empregados sem distinções. O termo vapor é em geral usado para o gás de

uma substância que é líquida em condições normais de ambientes. A água é o exemplo

comum. De forma mais técnica, vapor pode ser considerado o gás em temperatura inferior à

crítica (MSPC, 2010).

Vapor saturado é o vapor que se encontra no limite entre a temperatura de

condensação ou evaporação. É a camada mais próxima da superfície líquida, encontra-se no

limiar do estado líquido e gasoso.

Vapor superaquecido é o vapor com temperatura acima da saturação, resultante do

fornecimento de calor ao vapor saturado.

Page 43: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

43

Tabela 3 – Relação Pressão x Temperatura

Pressão Relativa Kgf/cm² Temperatura ºC

7,0 169,6

8,0 174,5

9,0 179,0

10,0 183,2

21,0 216,2

31,0 236,3

41,0 252,1

54,0 268,7

64,0 279,5

69,0 284,5

99,0 309,5

109,0 316,6

219,0 373,6

Fonte: MSPC, 2010

Page 44: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

44

4. ESTUDO DE CASO

Com o objetivo de compreender como se pode utilizar o Briquete em projetos de

cogeração, foi desenvolvido um estudo de caso. Com as informações levantadas na revisão

bibliográfica e na fundamentação teórica, pode-se elaborar o estudo de casos. A empresa

estudada foi a usina Unialco S.A.

4.1. Descrição da Empresa

A Unialco foi fundada em 21 de setembro de 1980, com recursos do Proalcool, no

município de Guararapes/SP, região Noroeste do estado de São Paulo, onde predominava a

pecuária de corte extensiva. Iniciou a produção do álcool hidratado em 1982. Moía apenas

cana dos acionistas.

Passada a crise do petróleo, o governo federal não definiu uma política que

incentivasse os empresários a investirem no setor sucroalcooleiro. Esta indefinição durou até

o ano de 1993. As alternativas eram fechar ou crescer. A Unialco adotou uma política de

crescimento e passou a moer também cana própria.

Em dezembro de 2000 a Unialco, comprou a Usina Alcoolvale S/A Álcool e Açúcar,

situada no município de Aparecida do Taboado-MS.

O Grupo Unialco gera no período de safra aproximadamente 4.700 empregos, sendo

2.400 empregos diretos, 500 terceirizados e 1.800 indiretos, gerando arrecadação de impostos

de R$ 7.500.000,00 por ano.

Sua capacidade de moagem é de 11.500 toneladas de cana por dia na Unialco e 6.200

toneladas na Alcoolvale. Na Unialco 60% de cana é própria e 40% cana de acionistas.

A estratégia de crescimento da usina focou a expansão da área de cana que passou de

7.794 hectares (Ha) em 1.993 para 32.564,23 hectares (Ha) em 2.006. Na área agrícola, a

empresa resolveu ampliar rapidamente a quantidade de cana a moer para o limite ajustado de

sua capacidade. Este aumento se deu principalmente com cana própria da usina, em terras

arrendadas. Com aumento da área plantada, e por conseqüência a redução da idade média do

canavial, foi sensível o aumento do rendimento agrícola (toneladas por hectare), que atingiu

88,24 toneladas por hectares na safra 2006/2007.

Page 45: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

45

Na área industrial a capacidade instalada de moagem passou de 3.335 toneladas por

dia em 1993 para 10.500 toneladas por dia em 2006.

Diversificaram-se os produtos, com início da produção do Xarope de Cana em 1996,

Açúcar Cristal VHP em 1997, e Álcool Anidro em 2001. A Unialco é uma das 07 usinas do

País a usar o desidratador monoetileno-glicol (MEG) no processo de fabricação do álcool

hidratado, o que resulta num produto de qualidade superior e de baixa toxicidade.

Figura 4.1 – Localização da Usina

Os produtos comercializados pelo grupo/ empresa são:

açúcar Cristal (VHP).

álcool Anidro.

álcool Hidratado.

bagaço Hidrolisado.

Page 46: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

46

4.2. Dados da Produção

Com 2,7 milhões de toneladas de cana esmagada, a Unialco possui grande destaque no

setor em sua região. A tabela a seguir mostra a evolução da produção da Usina em volumes de

açúcar e álcool.

Tabela 4 – Evolução da Produção

Produto 05/06 06/07 07/08 08/09

Álcool (mil metros cúbicos

[m³]) 80.34 81.55 78.18 82.43

Açúcar (mil toneladas [ton.]) 140,00 212,00 221,59 225,30

Massa de Cana Processada

(toneladas) 3900 3940 3950 3960

Fonte: Usina Unialco, 2010

4.3. O Projeto

A Unialco sempre produziu energia elétrica para seu consumo interno. No processo de

produção de açúcar e álcool, toda energia consumida (mecânica, térmica, elétrica) provém da

queima do bagaço de cana, gerado a partir da moagem da cana.

Os novos processos de produção de vapor e consumo modernizam-se promovendo

uma redução de consumo com consequente sobra de bagaço, que é usado em caldeiras de alta

pressão como combustível, produzindo vapor, que acionará o funcionamento da usina.

Com o processo de briquetagem, ter-se-á um bagaço com menor umidade,

consequentemente uma produção maior de vapor, com uma quantidade de matéria prima

usada, bagaço como combustível, em proporções menores. Com isso, é feito um estudo para

analisar a viabilidade de uma instalação de uma usina de Briquete conjunta com a usina

estudada. Para isso foram pesquisadas empresas especializadas em briquetes. Uma delas é a

Briquetes São Carlos.

Page 47: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

47

4.3.1. Principais Equipamentos

A tabela a seguir apresenta características básicas dos principais equipamentos da

instalação da usina.

Tabela 5 – Principais Equipamentos da Instalação da Usina

Equipamento Quantidade Características

Caldeira 2 Capacidade: 240 t/h de vapor

Pressão: 67 kgf/cm²

Temperatura: 480ºC

Turbina a Vapor 5 Potência: 30 MW

Pressão de Alimentação: 50 kgf/cm²

Pressão de extração: 21kgf/cm² e 1,5 kgf/cm²

Gerador 5 Potência: 38 MWA

Tensão: 13,8 kV trifásico 60 Hz RPM:1800

Fator de potencia: 80%

Transformador elevador 3 Elevação: 13,8 – 88 kV

Potencia: 38 MVA

Painéis elétricos 1 cj Cubículos de distribuição 13,8 kV, proteção,

excitação e medição

Fonte: Usina Unialco, 2010

Page 48: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

48

Figura 4.2 – Painel do Gerador

Fonte: Usina Unialco, 2010

Figura 4.3 – Conjunto Turbo Gerador

Fonte: Usina Unialco, 2010

4.3.2. Quadro de Usos e Fontes

O quadro de usos busca dar uma visão simples do custo total do projeto, dividindo o

mesmo, em alguns principais itens, já o quadro de fontes tem a função de informar quais serão

as origens do capital a ser investido no projeto.

Page 49: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

49

Tabela 6 – Quadro de Usos e Fontes

Usos (R$)

Itens Realizado A Realizar Total

Estudos, Projetos 25.000.000 1.500.00 26.500.000

Terrenos 10.000.000 - 10.000.000

Obras 65.000.000 2.000.00 67.000.000

Equipamentos Usina

de Briquete 200.000.000 3.000.000 203.000.000

Capital de Giro 30.000.000 - 30.000.000

Materiais 20.000.000 1.500.000 21.500.000

Investimento Total 350.000.000 8.000.000 358.000.000

Fontes (R$)

Itens Realizado A Realizar Total

Recursos Próprios - - -

Recursos do BNDES 150.000.000 8.000.000 158.000.000

FINEM indireto 150.000.000 - 150.000.000

FINAME 50.000.000 - 50.000.000

Total 350.000.000 8.000.000 358.000.000

Fonte: Usina Unialco, 2010

4.3.3. Orçamento do projeto

O orçamento tem função de dar maior detalhe aos gastos do projeto, para que esse

possa ser analisado por todos os interessados em investir, ajudando a dar maior transparência

ao empreendimento.

Page 50: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

50

Tabela 7 – Orçamento

Item % do Total Custo R$ Total

1. Estudos e Projetos 1.8% R$144, 000.00

Usina de Briquete R$144, 000.00

2. Serviços 14.1% R$1, 128, 000.00

Usina de Briquete R$1, 128, 000.00

3. Material 16.4% R$1, 312, 000.00

Usina de Briquete R$1, 312, 000.00

4. Equipamentos Nacionais 67.7% R$5, 408, 000.00

Usina de Briquete R$5, 416, 000.00

Total Geral R$8, 000, 000.00

Fonte: BNDES, 2010

4.3.4. Cronograma do Projeto

O cronograma é muito importante para que se possa fazer uma série de análises sobre

o projeto. É através dele que são calculados os tempos de carência do empréstimo e através

dele, que se torna possível analisar o andamento do projeto e buscar resolver eventuais

problemas para que o mesmo seja implementado. Uma série de problemas pode ocorrer no

caso de um projeto atrasar.

Tabela 8 – Cronograma do Projeto

Descrição Data 2010 1ºS 11 2ºS 11 1ºS 12 2ºS 12

Contrato com Empresa Dez/2010

Implantação da Usina Jan/11 a dez/12

Projeto Jan/11 a abr/11

Equipamentos Jun/11 a jul/11

Obras Civis Jul/11 a jan/12

Montagens Fev/12 a jun/12

Testes Jun/12 a dez/12

Page 51: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

51

4.4. Detalhamento do Projeto

Tomando como base uma caldeira com capacidade de 240 toneladas por hora de

vapor, uma pressão de 67 quilogramas força por centímetro quadrado (kgf/cm²) e uma

temperatura de até 480°C para fazer a queima do bagaço.

De acordo com a Tabela 3 a uma pressão de 67 kgf/cm², a água entra em ebulição

com aproximadamente 282°C. Geralmente a temperatura utilizada na alimentação da caldeira

é de aproximadamente 65°C. Tendo como base, massa (m) igual a 1 grama de água, poder

calorífico (C) igual a 1 cal/g e uma variação de temperatura ( ), 217°C, pode-se utilizar a

fórmula [3.3] para calcular a quantidade de calor (Q) gasta, para transformar o estado da água

de liquido para gasoso.

Tem-se:

Δθ [3.3]

portanto, para transformar 1 g de água liquida em vapor, consome uma quantidade de calor

(Q1) igual a 217 cal (cal).

Na mudança de estado físico da água, emprega-se a fórmula [3.4] para o calculo de Q.

Com massa (m) igual 1 grama, e calor latente (L) recebendo o valor de 540 cal/g (ETAPA,

2010).

Tem-se:

[3.4]

Na mudança de estado físico, liquido-gasoso, são gastos uma quantidade de calor (Q2)

de 540 cal.

Para chegar a uma temperatura máxima da caldeira de 480ºC, onde a água já é gasosa

utiliza-se a fórmula [3.3] novamente, para calcular Q3. Com m igual a 1, C assume o valor de

0,5 cal/g e valendo agora 198°C, a quantidade de calor gasta nessa passagem é de 99 cal.

Para obter o valor da quantidade de calor total realizada nessa transformação, é feita a

ΣQ = Q1 + Q2 + Q3, já calculados. Portanto ΣQ igual a 856 cal por grama de água utilizada

na caldeira.

Page 52: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

52

Para se produzir uma quantidade de calor de 1800cal, são necessários 1000g de bagaço

comum. Para saber quantas gramas de bagaço serão utilizados por grama de água, faz-se uma

regra de três, onde:

1000 g de bagaço 1800 calorias

X g de bagaço 856 calorias

Achando-se assim, para produzir uma quantidade de 856cal são necessários

aproximadamente 476 g de bagaço por grama de água.

Com o briquete, 1000 gramas produz uma quantidade de calor de 4700cal, por possuir

poder calorífico 2,6 vezes maior que o bagaço comum (CTC, 2010). Efetuando a regra de três

para o briquete, tem-se:

1000 g de briquete 4700 calorias

Y g de briquete 856 calorias

Assim, para produzir 856 cal, são necessárias aproximadamente 182 g/g de água.

Para saber o melhor método, é feita a diferença entre o bagaço comum e o briquete:

476 g bagaço comum – 182 g briquete

É gerada uma economia de 294 g de bagaço de cana-de-açúcar por grama de água.

Para uma visão macroscópica desse consumo, analisa-se a quantidade economizada em

toneladas. A caldeira tem uma produção de vapor de 240 t/h, para saber a economia de

bagaço na caldeira, multiplica a economia em gramas de bagaço pela capacidade da caldeira:

294 * 240.000.000

totalizando uma economia de 70.560 t/h de bagaço.

Page 53: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

53

CONCLUSÃO

Baseando-se na análise bibliográfica, foi possível confirmar o quanto a biomassa da

cana-de-açúcar tem se apresentado como ótima alternativa de geração de energia. Por ser uma

das mais baratas do Brasil, tem tornado as usinas sucroalcooleiras auto suficientes em sua

demanda de energia térmica, elétrica e mecânica, quando a adotam como combustíveis para o

processo.

No Brasil existe grande volume de resíduos agroindustriais de natureza ligno-

celulósicos, mas ainda com baixo índice de aproveitamento.

Esses resíduos estão concentrados nas regiões mais populosas do país, as quais

também apresentam a maior demanda de energia. Além disso, é igualmente nessas regiões

onde ocorre deficiência de lenha. Apesar de o Brasil ser um grande produtor de biomassa, a

sua distribuição no território nacional é irregular. A técnica de compactação de resíduos para

use energético ainda é pouco conhecida e pouco utilizada no Brasil. Os empresários ao

tomarem conhecimento desta técnica mostram-se bastante surpresos a interessados.

Com o estudo realizado nesse trabalho, pode-se ter uma ideia de que a nova tecnologia

utilizada, a briquetagem, pode trazer muitos benefícios tanto em questões ambientais quanto

econômicas.

Uso de menor quantidade de matéria prima com o uso do briquete para produção da

mesma quantidade de vapor comparada com a utilização de bagaço comum. Ocupação de

menos espaço e gasto menor com transporte. O briquete tem um poder calorífico maior (2,6

vezes maior). Pode-se vender o briquete para terceiros (padarias, pizzarias, cerâmicas). A

empresa pode lucrar com a sobra de bagaço ou com a venda do briquete.

Para a realização do projeto tem-se duas opções: construir uma usina de briquete

dentro da usina estudada ou melhorar os equipamentos existentes na usina, para venda do

briquete com a sobra do bagaço.

Page 54: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

54

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, A. G. Avaliação energética dos efluentes no processo industrial do álcool.

2005, 178f. Dissertação (Mestrado em hidráulica e Saneamento) – Escola de Engenharia de

São Carlos - USP, São Carlos-SP.

ANTUNES, R.C. Briquetagem de Carvão Vegetal: Produção e Utilização de Carvão

Vegetal. Revista CETEC. Belo Horizonte, vol. 1, p. 197-206, 1982.

BALESTIERI, J. A. P. Cogeração: geração combinada de eletricidade e calor.

Florianópolis-SC: Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.

BEN. Balanço Energético Nacional. Disponível em: <www.ben.epe.gov.br>. Acesso em: 10

jul. 2010.

BRIQUETES. Propriedades do Briquete. Disponível em: <www.briquetes.com.br>. Acesso

em: 03 mar. 2010.

BRIQUETES SÃO CARLOS. A solução em biomassas. Disponível em:

<www.briquetesaocarlos.com.br>. Acesso em: 20 nov. 2010.

BROWN COAL AS FUEL. Propriedades do Carvão. Disponível em: <www.lib.utexas.com>.

Acesso em: 11 jan. 2011.

CTC. Metodologias de Laboratório. Disponível em: <www.ctc.com.br>. Acesso em: 29 ago.

2010.

CONSECANA. Propriedades da Cana-de-Açúcar. Disponível em: <www.consecana.com.br>.

Acesso em: 10 ago. 2010.

CARIOCA, J. O. B.; ARORA, H. L. Biomassa: Fundamentos e Aplicações. Fortaleza:

Tecnológicas UFC, 1984.

Page 55: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

55

EDUCOGEN. A ferramenta educacional europeia na cogeração. Athenas: Cogen, 2001.

ESCOBAR, M. R. Viabilidade econômico-financeira da energia cogerada do bagaço de cana

in natura. Revista Informações Econômicas, São Paulo, v.33, n.9, set. 2003.

ETAPA. Termodinâmica 1, 2 e 3. Disponível em: <www.etapa.com.br>. Acesso em: 10 set.

2010.

FERNANDES, A. C. Cálculos na Agroindústria da cana-de-açúcar. Piracicaba: STAB, 2003.

JUNIOR, L. C. M. Termodinâmica Aplicada. São Paulo: Panambi, 2001.

KUBINSKY, E.J. Densifying wood waste, a machinery comparison. World Wood, June 1986.

LINERO, F. A. B. Geração de vapor, uma visão geral. CTC (Centro de Tecnologia

Canavieira), Mar. 2006.

LORA, E. E. S; NASCIMENTO, M. A. R. Geração Termelétrica: Planejamento, Projeto e

Operação. 2. ed. São Paulo: Interciência, 2004.

M.M.E. Ministério de Minas e Energia. Disponível em <www.mme.gov.br> Acesso em: 02

nov. 2010.

MSPC, Informações técnicas. Disponível em <www.mspc.eng.br>. Acesso em: 08 out. 2010.

PAINEL FLORESTAL. Disponível em <www.painelflorestal.com.br>. Acesso em: 05 ago.

2010.

ROMEIRO, A. R. Economia política da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

SOUZA, Z. J. Geração de energia elétrica excedente no setor sucroalcooleiro: entraves

estruturais e custos de transação. 2003, 163f. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção).

Departamento da Engenharia da produção- UFSCAR - São Carlos, SP.

Page 56: Cogeração de Energia Elétrica Com Bagaço de Cana-De-Açúcar Compressado (Briquete)

56

VASCONCELLOS, G. F. Biomassa: A eterna energia do futuro. São Paulo: SENAC, 2002.