33
Coimbra e o Rio Mondego Inês Santos Coimbra, Dezembro de 2011

Coimbra e o Rio Mondego - fe.uc.pt · em redor do centro, sede da vida comunitária, comercial e administrativa. Segundo Vasco Mantas (professor auxiliar, doutorado na especialidade

Embed Size (px)

Citation preview

Coimbra e o Rio Mondego

Inês Santos

Coimbra, Dezembro de 2011

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

2011/2012

Título do trabalho: Coimbra e o Rio Mondego Temas abordados: Caracterização diacrónica das modalidades de expansão urbana e de localização de Coimbra em relação ao Rio Mondego. História do crescimento e do desenvolvimento da cidade e do território em relação ao Rio Mondego. Evidenciação das transformações ocorridas no domínio da relação cidade/rio. Disciplina: Fontes de Informação Sociológica 1º Ano da Licenciatura em Sociologia Professor orientador: Doutor Paulo Peixoto Trabalho realizado por: Inês Carolina Oliveira Santos Aluno nº 2011187572 Imagem da capa consultada em: http://www.google.com/imgres?um=1&hl=pt-PT&sa=N&biw=1440&bih=809&tbm=isch&tbnid=r0BnIxlI4JowsM:&imgrefurl=http://olhares.aeiou.pt/rio_mondego_coimbra_foto1798830.html&docid=4Y8zEA2FRRWbDM&imgurl=http://ipt.olhares.com/data/big/179/1798830.jpg&w=750&h=562&ei=uA_xTruwNMXf8gO2yqTMAQ&zoom=1&iact=rc&dur=288&sig=104875308798320954307&page=1&tbnh=143&tbnw=190&start=0&ndsp=24&ved=1t:429,r:2,s:0&tx=72&ty=61

Coimbra, Dezembro de 2011

Índice

1.Introdução ................................................................................................... 1 2. Desenvolvimento ....................................................................................... 2 

2.1. Coimbra – Estrutura Urbana ............................................................... 2 

2.1.1. A ocupação romana....................................................................... 2 

2.1.2. A ocupação muçulmana ................................................................ 3 

2.1.3. Tempo de reformas; Universidade como pólo ............................. 3 

2.1.4. No Século XX ............................................................................... 4 

2.2. Transformações ocorridas no domínio da relação cidade Coimbra/Rio Mondego .............................................................................. 7 

2.2.1. Caracterização da Intervenção do Programa Polis ....................... 7 

2.2.2. Plano de Pormenor do Eixo Portagem/Avenida João das Regras 9 

2.3. Considerações finais ......................................................................... 15 

3. Descrição Detalhada da Pesquisa ............................................................ 16 4. Ficha de Leitura ....................................................................................... 17 5. Avaliação de uma página da Internet ...................................................... 24 6. Conclusão ................................................................................................ 26 7. Referências bibliográficas ....................................................................... 27 

Anexos 

Anexo I – Suporte de Texto à Ficha de Leitura  

Anexo II – Suporte de Análise da Página de Internet 

1

1.Introdução

Das diversas propostas existentes para a realização do trabalho de avaliação

contínua na disciplina de Fontes de Informação Sociológica, decidi optar pelo tema

Caracterização diacrónica das modalidades de expansão urbana e de localização de

Coimbra em relação ao Rio Mondego. História do crescimento e do desenvolvimento

da cidade e do território em relação ao Rio Mondego. Evidenciação das

transformações ocorridas no domínio da relação cidade/rio.

Decidi escolher este tema porque foi o que me suscitou maior interesse de entre os

quatro temas possíveis.

Neste trabalho começo por falar um pouco da história do crescimento e

desenvolvimento da cidade em relação ao rio, referindo a expansão urbana ao longo dos

tempos, como na era da ocupação romana, muçulmana, tempo de reformas e

referenciando também o século XX.

Também irei abordar as transformações ocorridas no domínio desta relação

cidade/rio, tendo em conta o programa Polis e o Plano de Pormenor do eixo

Portagem/Avenida João das Regras

Por último, faço uma referência pormenorizada ao processo de pesquisa,

apresentando uma ficha de leitura e avaliando uma página da Internet.

Contudo, da variada escolha de “imperfeições” que Coimbra oferecia, a alienação

actual da cidade perante um elemento estruturante de riqueza como o Mondego, que

além de ser gradual ainda é insatisfatoriamente combatida, tornou-se evidente como

objecto de estudo neste trabalho.

2

2. Desenvolvimento

2.1. Coimbra – Estrutura Urbana Para percebermos melhor as razões que levaram Coimbra a afastar-se do rio,

temos de abordar a evolução da estrutura urbana da cidade nas diferentes fases, que em

diversas razões e condicionantes das diferentes épocas consolidaram determinadas

zonas do território e votaram outras ao abandono.

2.1.1. A ocupação romana

Enquanto estrutura urbana, Coimbra encontra as suas raízes no período da

romanização, por volta do séc. I D.C. As características favoráveis da cidade eram

reforçadas pela sua localização que era estratégica, no cruzamento da via romana

Olisipo – Bracara Augusta, que ligava o norte e o sul da Península Ibérica, com o

Mondego, por onde circulavam grande parte das mercadorias e pessoas, do rio até ao

mar.

A cidade de Coimbra, dominada nestes tempos por Aeminium, estruturava-se

em redor do centro, sede da vida comunitária, comercial e administrativa. Segundo

Vasco Mantas (professor auxiliar, doutorado na especialidade de Pré-História e

Arqueologia, na Universidade de Coimbra, em Março de 1997), existiria já neste tempo

um porto fluvial, a poente da Praça do Comércio.

Ainda foram preservados alguns elementos estruturantes da cidade de Coimbra,

como é o caso da Rua Larga, que ainda hoje assume grande importância como elemento

distribuidor da actual zona universitária; a Rua Borges Carneiro, ligando a Porta do Sol

à Porta da Almedina, e ainda as ruas de S. Pedro e S. João, que serve actualmente a Alta

de Coimbra e constituem os seus principais eixos.

A via Bracara Augusta que, depois de atravessar o Rio Mondego, acedia à

cidade, foi mantida durante séculos como principal acesso à cidade. Coimbra –

Aeminium foi posteriormente alvo das invasões por parte de suevos e visigodos, pondo

fim à administração romana.

3

2.1.2. A ocupação muçulmana

No ano de 711 acontece na Península Ibérica a invasão muçulmana,

apreendendo as cidades de Conímbriga e Coimbra – Aeminium. Numa das batalhas

travadas, o antigo Bispo de Conímbriga decide abandonar a cidade e ir para a cidade de

Coimbra, tomando esta o nome de Conímbriga e mais tarde de Colímbria.

Estando ocupada precisamente durante 70 anos pelos mouros, Coimbra sofreu

alterações na sua estrutura a nível morfológico e organizacional.

Foram-se organizando também alguns elementos, que vão acontecendo uns após

os outros, declarando a sua posição no terreno de forma espontânea, e vencendo o

declive, quer nas casas quer nas ruas, através de muros de suporte que vão tentando

suavizar a inclinação da colina.

Esta ocupação dos muçulmanos não foi de todo estável, devido às várias

batalhas entre mouros e cristãos pela conquista dos pontos estratégicos da região.

Apesar de os cristãos tomarem posse de Coimbra a herança muçulmana ficou ainda

patente em alguns formatos apropriados pelas cidades seguintes, que eram visíveis por

exemplo no traçado orgânico da malha urbana, que ainda hoje caracteriza algumas

zonas intra-muros.

2.1.3. Tempo de reformas; Universidade como pólo Nos reinados de D. Manuel I e D. João III surge uma época de grandes reformas

urbanas que mudam a fisionomia e organização de toda a cidade de Coimbra,

procriando novos pólos de desenvolvimento e recuperando outros que se encontravam

há algum tempo estagnados, como por exemplo a grande parte dos edifícios

habitacionais.

No entanto, D. Manuel I promove algumas reestruturações e requalificações que

se corporalizaram na reforma do mosteiro de Santa Cruz, da Praça do Comércio, a

regularização e pavimentação dos traçados e das ruas entre Santa Cruz e o rio, o que

levou ao reforço da relação com o Rio Mondego e ao aparecimento de novos largos na

densa malha ribeirinha - como foi o caso do largo do Poço14 -, a reconstrução de uma

4

nova ponte, a reconstrução dos Paços Reais (agora a actual Universidade), a

reorganização e ampliação do Largo da Portagem, construção de novos portos de

embarque, muros de protecção contra as cheias na margem direita do Rio Mondego.

Na margem esquerda do Rio Mondego são construídos os conventos de S.

Francisco e Santa Clara, em 1602 e 1649, impondo-se como referências da expansão

dos novos aglomerados urbanos desta margem. Coimbra do século XVII era uma cidade

que se tinha expandido para fora dos centros primordiais, particularmente ao longo da

margem direita do rio e na margem esquerda.

2.1.4. No Século XX

“De cerca de 15 mil habitantes em 1864 passou-se para cerca de 25 mil em 1900

e para 40 mil em 1930.” (LOBO, 2000)

O crescimento demográfico de Coimbra acelerou implicando uma realidade

planificada com alterações morfológicas na cidade – “cada novo desenvolvimento

emerge da especificidade da natureza estrutural do seu passado” (ALEXANDRE, 1987).

No entanto, nas últimas décadas do séc. XX, Coimbra viu-se confrontada com algumas

alterações dos seus padrões de desenvolvimento.

A cidade começou a crescer continuamente, devido a uma intensa especulação

imobiliária, desenvolvendo-se com novos eixos viários, organizando-se a partir de da

rapidez e da fluência e estendendo-se cada vez mais para além do centro.

As praças e os largos, os parques e os jardins deixaram de existir. São agora cada

vez mais espaços de fluxos, que servem de ocupação para as pessoas, que estão ligados

à mobilidade e ao consumo e que são submetidos ao traçado viário e ao movimento

automóvel. Deixaram, portanto, de ser lugares permanentes de encontros que

proporcionavam uma relação física e mental entre os cidadãos.

Este processo de expansão é mais visível na margem esquerda, na zona Norte e

nas encostas Nascente da cidade, nas áreas de Celas, Santo António dos Olivais e Vale

das Flores.

A cidade veio cada vez mais a propagar-se em novos centros que se foram

sobrepondo ao suposto centro “histórico” de Coimbra, sendo que este ao longo dos anos

5

se foi tornando cada vez mais inacessível em termos viários e que também ficou cada

vez mais degradado a nível físico e social.

5

As intervenções na bacia hidrográfica do Rio Mondego, que foram realizadas

nas últimas décadas do séc. XX, tendo como finalidade controlar a subida das águas que

provocavam as cheias e assegurar o aproveitamento dos recursos associados ao Rio (que

tinham uma enorme importância para o desenvolvimento económico e social da cidade)

tiveram um grande impacto, provocando alterações radicais na paisagem.

Deste modo, foi feita uma regularização dos leitos do Rio e a construção de

barragens, de infra-estruturas para rega e da Ponte do Açude de Coimbra (inaugurada

em 1981), com o intuito de que a água fosse para o canal.

Porém, as obras provocaram alguma devastação no espaço adjacente ao Rio,

como por exemplo, campos agrícolas. Ainda assim, permanece em risco de inundação

as zonas adjacentes ao rio e a alguns dos seus afluentes.

Entre 1934 e 1975, durante a governação do Estado Novo, foram delineados 3

planos reguladores encabeçados por três arquitectos diferentes: o primeiro, o Plano de

Embelezamento e de Extensão de Coimbra, por Étienne De Gröer (anos 40), o Plano

Regulador de Antão de Almeida Garrett (anos 50) e o Plano de Gestão do Concelhio e

da Cidade por Manuel Costa Lobo (anos 70). Mais tarde, em 1982, é introduzido o

Plano Director Municipal (PDM).

Plano de Embelezamento e de Extensão de Coimbra, Étienne De Gröer (1940-1945)

Este plano pretendia dividir a cidade em diversas funções: em residencial,

comercial central, industrial e rural. Para Rui Lobo (1999), De Gröer pretendia a

preservação da alta da cidade como cidade-museu e para a baixa da cidade propunha a

abertura da Avenida de Santa Cruz, que continuaria a Avenida Sá da Bandeira e ligaria

a Praça 8 de Maio ao rio, implicando o desmantelamento da estação de Coimbra-A e a

destruição de parte da malha urbana da baixa, dividindo-a a em duas partes, a Praça

Velha e o Mercado Central.

Plano Regulador de Antão de Almeida Garrett (1959-1964)

Este plano é uma revisão do Plano de Embelezamento e de Extensão de Coimbra

de De Gröer, que tenta colmatar as inadequações do anterior e reaproveitar as soluções

6

que potencialmente contribuiriam para um desenvolvimento urbano sólido e em

concordância com as características específicas de Coimbra.

Plano de Gestão do Concelhio e da Cidade (1975)

O plano de Costa Lobo, apresentado na Câmara Municipal em 1975, nunca

chegou a ser aprovado. Não deixou no entanto de se provar uma reflexão do território da

cidade à luz dos planos anteriores, contribuindo como um instrumento na gestão do

desenvolvimento da cidade, prevenindo os erros anteriores.

Uma importante contribuição foi também a proposta do Plano Verde da cidade,

que propunha a interligação entre os espaços verdes existentes (Jardim Botânico, Parque

da Cidade, margens do Mondego), o aproveitamento das frentes fluviais, de modo a

valorizar o património paisagístico da cidade e a construção de uma ponte pedonal que

garantiria a interligação entre as margens.

Plano Director Municipal de Coimbra (1983-1993)

O Plano Director Municipal de Coimbra surge com o intuito de regularizar e

hierarquizar a actividade urbana. Devido a um imenso crescimento descontrolado da

cidade levou à necessidade da criação deste mesmo plano, que implementou uma lógica

de zonamento e definiu uma via principal que pretendia dividir duas zonas: “Cidade de

Coimbra” e “Área Exterior à cidade de Coimbra”. Como tal, a cidade, ficou dividida em

zonas centrais, residenciais, de equipamento, industriais, turísticas e verdes, incentivou

“a consolidação dos centros, a vivificação do núcleo central, a integração do rio na

cidade, o melhoramento das acessibilidades e dos transportes urbanos e a edificação de

loteamentos de qualidade” (PENHA, 2005), a preservação do património histórico e o

embelezamento dos espaços públicos.

Porém as propostas do PDM vão retomar as medidas anteriores impostas pelos

outros planos e que mais tarde serão retomados pelo Programa Polis – promovem:

• A abertura do Eixo Central viário (antiga intenção da Avenida Central);

• A requalificação das margens do Mondego;

7

• A criação de uma mancha verde ao longo do rio (Parque Verde) do Choupalinho

até à Lapa;

• A construção de uma nova ponte;

• A recuperação da zona ribeirinha da margem direita;

• A hierarquização e diferenciação das vias de distribuição (atendendo ao

congestionamento constante gerado pelo acréscimo do transporte individual).

2.2. Transformações ocorridas no domínio da relação cidade Coimbra/Rio Mondego

A cidade de Coimbra, ao longo do seu processo de desenvolvimento, foi palco e

testemunho de imensas civilizações e de diferentes métodos de abordagem. A relação

entre a sociedade e o lugar tanto de manifestou desde a cidade intra-muralhas da época

romana e árabe, como para a passagem da ocupação do arrabalde e uma nova relação

com o Rio Mondego, que vai até à actual cidade dispersa.

O Mondego surgiu como elemento de apego, e mais tarde, transforma-se num

elemento condicionante desse mesmo apego, que se representa numa batalha pela

conquista do sítio. Esta batalha, quase extinta desde o século XX, terminou devido ao

projecto para a bacia hidráulica do Mondego.

Como tal, são muitas as razões do afastamento da cidade em relação ao rio, no

entanto, não tão fortes quando a simplicidade contida na relação de Coimbra com um

elemento de grande riqueza como o é o rio.

2.2.1. Caracterização da Intervenção do Programa Polis

O Programa Polis, na intervenção em Coimbra, corresponde à requalificação

urbana e à valorização ambiental, tendo como objectivo global revitalizar o centro,

centrando a cidade no rio.

8

O Rio Mondego é, de facto, o grande protagonista no cenário da intervenção.

Em Coimbra abrange uma área de aproximadamente 80 hectares compreendendo as

margens do Mondego entre a Ponte de Santa Clara e a Ponte Rainha Santa Isabel (que é

actual).

O Programa Polis – Plano Estratégico de Coimbra, que retoma grande parte das

propostas implementadas no PDM, visa “melhorar a qualidade do ambiente urbano e

valorizar a presença do Rio Mondego como elemento ambiental estruturante

potenciando a utilização das margens pela população” proporcionando uma ligação

entre estas e destas com a cidade e também “desenvolver acções que contribuam para a

requalificação e revitalização de centros urbanos e que promovem a multifuncionalidade

desses centros”.

A área de intervenção deste Programa Polis integra dois planos:

• Plano de Pormenor do Parque Verde do Mondego (que se encontra em

desenvolvimento);

• Plano de Pormenor do Eixo Portagem /Avenida João das Regras.

O primeiro plano tem características vincadas de parque urbano e as suas relações

com o edificado envolvente. O segundo está mais ligado ao nível mais edificado e dos

conflitos entre peão e automóvel.

As linhas de intervenção destes dois planos passam pelo sector desportivo, ao

aproveitarem as águas do rio para actividades fluviais e na utilização dos relvados para

as mais diversas actividades:

• Ambiente:

Através do tratamento das águas do Mondego, preparando-as para a usufruto

do rio por parte da população;

Apesar dos usos menos nobres como é o caso do parque de estacionamento junto à

Avenida da Lousã e o parqueamento de autocarros de turismo no Choupalinho, a zona

apresenta-se com alguns sinais de degradação o que faz com que surja ambientes

marginais (como é o caso do Choupalinho).

A beneficiação do Parque Manuel Braga também se integrará nesta linha de

intervenção.

9

• Lazer:

As zonas amplas de relvado constituirão um convite à população para a sua

utilização;

Construção de equipamentos destinados a serviços de restauração e de

animação nocturna.

• Cultura:

Actividades no recinto de espectáculos e respectivo palco, um parque

temático, salas de cinema e outras actividades que vão potenciando a

presença de imensas pessoas;

• Desporto:

Actividades fluviais como o remo, canoagem e vela, apesar de ser em

menor escala;

Relvados próprios do parque urbano permitem a construção de campos

de jogo informal.

• Acessibilidades:

Melhoria do conforto pedonal na Área Central;

Reforço da travessia do rio através de uma ponte pedonal;

Melhoria no desnivelamento da Av. Inês de Castro

Resolução do problema de ligação entre a Alta e a Baixa através de um

sistema de elevação mecânica.

• Turismo:

Enriquecimento dos percursos turísticos já existentes.

2.2.2. Plano de Pormenor do Eixo Portagem/Avenida João das Regras

A circunscrição do Plano sucede-se do definido no PDM de Coimbra, com

circunferência no Plano estratégico de Coimbra elaborado no âmbito do programa Polis

para a cidade de Coimbra, tendo sido elaborado em estreita articulação com os Planos

pertencentes a áreas confinantes, nomeadamente o Plano de Pormenor do Parque Verde

10

do Mondego e com os Projectos do Centro de Congressos do Convento de S. Francisco

e com o Projecto de Recuperação do Convento de Santa Clara-a-Velha.

Este plano tem uma área de aproximadamente 73 685,00 metros cúbicos e tem

como principal objectivo a requalificação de uma área marginal ao Rio Mondego.

A área compreende o desnivelamento da Avenida D. Inês e a construção da rodoviária à

Av. João das Regras, assim como o tratamento pedonal e urbano de alguns espaços,

reforçando o eixo pedonal que se estende desde o Largo da Portagem até ao Rossio de

Santa Clara.

Os limites da área em estudo deste plano serão justificados da seguinte forma:

- A intervenção deste plano limita-se na margem esquerda do Mondego e a oeste, pela

área do Convento de S. Francisco (futuro centro de Congressos);

- Este limite terá em conta também a recuperação da velha estrutura do Convento de

Santa Clara-a-Velha;

- Considerará a construção da Rua Carlos Alberto P. Abreu, Calçada de Santa Isabel e

Rua Feitoria dos Moinhos, de forma a garantir uma adequada articulação com a área

que se encontra em recuperação e requalificação do convento de S. Francisco, do Rossio

de Santa Clara e frente urbana do Portugal dos Pequenitos;

- O limite operar-se-á pela Rua António Augusto Gonçalves e Rua de Baixo, tendo em

conta as plataformas destas no seu interior e os quarteirões aí existentes, periféricos ao

Monteiro de Santa Clara-aVelha;

- “Já na margem direita do Mondego, mais precisamente na aba da colina da Alta

Coimbrã, e confrontando o rio, a nascente, bem como a própria ancoragem da Ponte de

Santa Clara, a área de intervenção compreende o Largo da Portagem limitado pelas duas

frentes edificadas consequentes à desembocadura da Rua Ferreira Borges”; (S.A, 2005)

- O atravessamento do largo da portagem pela Avenida Emídio Navarro e a extensão

desta até à margem do Mondego também está em conta na intervenção;

- “A norte e na margem esquerda, a área em questão encontra-se delimitada pelo

território ocupado pelo Campus Desportivo da Universidade de Coimbra, atravessando

perpendicularmente a Avenida de Conímbriga e a Avenida da Guarda Inglesa, bem

como toda a área de enclave norte-sul, existente entre ambas”; (S.A, 2005)

- “Na margem direita o limite norte será transversal à Avenida Emídio Navarro,

compreendendo desta extensão suficiente a permitir uma articulação adequada para com

11

a operação de requalificação viária e reperfilamento desta artéria que se prevêem num

futuro próximo”; (S.A, 2005)

- Na margem esquerda do Mondego, o limite será demarcado pela plataforma direita da

Avenida Inês de Castro e pela extensão que esta tem que se verifica ainda na Ponte de

Santa Clara;

- “Na margem direita o limite nascente, uma vez considerado o Largo da Portagem, será

definido pelo alinhamento das duas frentes edificadas consequentes à desembocadura da

Rua Ferreira Borges”; (S.A, 2005)

- A sul, relativamente à margem esquerda do Mondego e cursando pela Avenida Inês de

Castro, terá em conta a área destinada à Entrada Poente do Parque Verde do Mondego,

envolvente ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha;

- “Considerará também as áreas de contacto com as estruturas existentes, adjacentes à

plataforma esquerda da Avenida Inês de Castro, avançando a sul de modo a uma

adequada resolução de encontro e compromisso para com esta artéria viária e incluindo

ainda toda a extensão da Av. João das Regras”; (S.A, 2005)

12

Opções de Plano

Tendo em conta os problemas existentes na acessibilidade urbana / espaço

urbano qualificado, este plano procura soluções que visam em primeiro lugar aspectos

de qualificação em termos de qualidade urbana.

Sem pôr de parte o problema do tráfego, a proposta urbana trata de encarar uma

parte da cidade que detêm grande importância, qualificando ambientes e espaços

públicos e abertos.

O projecto deve ter solução para os problemas colocados, assim como fazer

funcionar os sistemas em todas as suas vertentes e valências.

Contudo, o Plano toma algumas estratégias e opções que se definem através dos

seguintes aspectos e acções:

Requalificação urbana do Rossio de Santa Clara

Constituição de uma praça com a valência de remate urbano;

Ligações urbanas na envolvente do convento de S. Francisco e definição de

regras e relações com o edifício do Centro de Congressos;

Tratamento e regulamentação das frentes urbanas construídas;

Definição de remates e desenho de limites urbanos da praça;

Tratamento e repavimentação de superfícies pedonais e rodovias;

Arborização de Acompanhamento Urbano.

(S.A, 2005)

Requalificação urbana da Avenida João das Regras

Descongestionamento em termos de tráfego rodoviário, com associação a

trânsito local;

Implementação de unidade de estacionamento automóvel de apoio ao Centro de

Congressos e ao Portugal dos Pequenitos a instalar no Convento de S. Francisco;

Implementação de estacionamento de acostamento para 10 autocarros de

passageiros, marginal ao Rossio de Santa Clara;

Implantação do estacionamento coberto para cerca de 238 automóveis;

13

Tratamento e regulamentação das frentes urbanas construídas;

Consolidação de tecidos urbanos residuais e de fecho de quarteirões existentes;

Implementação de Equipamentos de Uso Colectivo;

Reforço da ligação pedonal entre o Convento de S. Francisco, o Portugal dos

Pequenitos, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, a Ponte de Santa Clara, o Parque

do Mondego e o centro urbano de Coimbra;

Tratamento e repavimentação de superfícies pedonais e rodovias;

Percursos de articulação e remate urbano para com os desníveis existentes e,

áreas vizinhas à cota baixa;

Arborização de Acompanhamento Urbano.

(S.A, 2005)

Requalificação Urbana da Avenida Inês de Castro

Desnivelamento relativo à Avenida João das Regras;

Proposta e dimensionamento de túnel rodoviário;

Repavimentação e reperfilamento;

Definição, alargamento e tratamento de passeios e definição de regras e relações

com o Parque Verde do Mondego;

Implementação de trajecto ciclável / ciclovia;

Consolidação da frente ribeirinha do Mondego na extensão a norte da Av. João

das Regras;

Desenho de Área Verde da Porta Poente Verde do Mondego, entre o flanco

Poente da Avenida Inês de Castro e o Mondego de Santa Clara-a-Velha, com

implementação de um jardim de evocação histórica;

Abertura de túnel pedonal que permite a articulação entre a Área Verde da Porta

Poente do Parque Verde do Mondego e o Parque, a nascente e junto ao

Mondego;

Definição de sistema de comportas de segurança em época de cheia;

Arborização de Acompanhamento Urbano.

(S.A, 2005)

14

Requalificação da Ponte de Santa Clara

Repavimentação e reperfilamento;

Manutenção de três corredores viários associáveis a trânsito local;

Implementação de trajecto ciclável / ciclovia;

Instituição de passagem / trajecto de Eléctrico Rápido;

Reforço do circuito pedonal de atravessamento;

Tratamento de passeios pedonais;

Implementação de protecções nas guardas da Ponte de Santa Clara contra as

intempéries;

Articulação do tabuleiro com as cotas baixas e frente ribeirinha do Mondego.

(S.A, 2005)

Requalificação Urbana do Largo da Portagem

Tratamento e repavimentação de superfícies pedonais e rodovias;

Reabilitação das ligações com a baixa da cidade;

Consolidação da frente ribeirinha do Mondego;

Reforço do circuito pedonal de atravessamento;

Implementação de trajecto ciclável / ciclovia;

Articulação com o metro ligeiro de superfície e restantes transportes públicos;

Construção de um edifício de apoio aos SMTUC.

(S.A, 2005)

15

2.3. Considerações finais

«O “novo” Mondego da zona de Coimbra - um curso fluvial estável durante todo o

ano - co-existe com a cidade desde há duas décadas. Com a nobre e tão esperada

intenção de “devolver a cidade ao rio”, como assim se autoproclama o projecto do

programa Polis para Coimbra, finalmente conseguiram-se reunir dinâmicas públicas e

privadas que iniciaram de modo significativo o que a cidade há muito esperava, dentro

do que é a relativamente actual realidade “estática” do Mondego: abraçar este elemento

como parte intrínseca da sua organização. Contudo, isto já a cidade o tinha feito, levado

ao extremo até, porém dentro do que foram as suas possibilidades enquanto cidade

dotada dos meios técnicos e estratégicos de então, perante a realidade de um rio

imprevisível na sua fúria.

É certamente reflexo, por parte dos vários agentes responsáveis por esta Coimbra

relativamente actual, não só de alguma inércia mas, acima de tudo, ignobilidade ao não

se perseguirem e reforçarem os vínculos históricos da cidade fazendo-os ouvirem-se

mais alto, e desprezar-se aquela que foi uma das duas razões da sua existência: o rio e o

monte.»

(SANTOS, 2008)

16

3. Descrição Detalhada da Pesquisa

Numa primeira fase foi apresentado à turma um leque de opções de escolha para

o tema do trabalho. Como tal decidi escolher o tema a): Caracterização diacrónica das

modalidades de expansão urbana e de localização de Coimbra em relação ao Rio

Mondego. História do crescimento e do desenvolvimento da cidade e do território em

relação ao Rio Mondego. Evidenciação das transformações ocorridas no domínio da

relação cidade/rio.

Quando iniciei a procura de fontes para a realização deste trabalho, reparei que

existia pouca informação sobre o tema, ou, melhor dizendo, não conseguia eleger a

informação mais importante para referenciar este tema.

Como principais fontes de pesquisa recorri, sobretudo a livros e à Internet.

As principais palavras-chave que utilizei foram: Cidade de Coimbra, Rio

Mondego, estrutura urbana de Coimbra, relação Rio Mondego e Coimbra, etc.

Comecei por pesquisar na Biblioteca da Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra um livro para iniciar a ficha de leitura, no entanto, apesar de

falar alguma coisa acerca do tema não achei que fosse de todo aquilo que queria para

realizar o meu trabalho.

Sendo assim, decidi pesquisar num site que tem informação diversificada e que

aparenta ser bastante interessante: http://www.rcaap.pt/. Aí encontrei uma Tese de

Licenciatura em Arquitectura, com o nome de “Marginalidades: patologias da Coimbra

fluvial” - http://hdl.handle.net/10316/7386.

Esta Tese ajudou bastante na construção da minha ficha de leitura e no

desenrolar do desenvolvimento deste trabalho, pois achei que teria a informação

essencial para a realização do mesmo.

Também o Plano Estratégico Polis, que encontrei através da pesquisa no Google,

foi uma ferramenta muito útil para o trabalho, assim como, a minha pesquisa nos

arquivos da Câmara Municipal de Coimbra, com o Plano de Pormenor do Eixo

Portagem/Avenida João das Regras.

Em suma, tentei sempre que o processo de pesquisa fosse o mais pormenorizado

possível, pois este tema tem alguma informação disponível mas distinguir o que era

relevante do que era irrelevante foi sem dúvida o mais complicado.

17

4. Ficha de Leitura Título da publicação: Marginalidades: patologias da Coimbra fluvial

Autor: Santos, Rui Pedro Martins Ferreira

Local onde se encontra: http://hdl.handle.net/10316/7386

Data da publicação: Outubro de 2008

Local de edição: Coimbra

Editora: Departamento de Arquitectura _ FCTUC / Literatura Cinzenta

Cota: Sem Cota / Literatura Cinzenta

Título do capítulo: “ O Mondego”

Data da leitura: 28-10-2011

Páginas do capítulo: 6-15

Área Científica: História e Geografia

Sub-Área Científica: Demografia Local, Coimbra

Assunto: “ O Mondego”: Coimbra e a Região; As cheias; Plano Geral de

Aproveitamento Hidráulico da Bacia do Mondego. Palavras-chave: “ Frentes de água, Coimbra, planeamento urbano, influência do Rio

Mondego”.

18

Observações: Este capítulo contribuiu para uma clarificação de conceitos acerca da

relação cidade/rio, tendo em conta a expansão urbana, o crescimento e o

desenvolvimento que se foi alterando ao longo dos séculos.

Resumo:

No capítulo analisado “ O Mondego”, o autor baseia-se em informação recolhida

através de estudos e do contacto com a cidade.

A ligação actual da cidade perante um elemento estruturante de grande riqueza como o

Rio Mondego, tornou-se evidente como objecto de estudo para o autor. Este capítulo

centra-se em primeiro lugar na evolução da cidade e do rio, seguindo-se para a relação

destes os dois abordando algumas propostas relativamente recentes, exemplos europeus

e também a sua opinião pessoal.

Estrutura Introdução/Apresentação: O capítulo aborda sensivelmente três temas, o primeiro designado por “ Coimbra

e a Região” que se rege pelo grande desenvolvimento da cidade ao longo dos tempos e a

relação que possui com o Rio Mondego. O segundo “ As cheias” abordando os danos

causados pela subida das águas, assim como a transformação das estruturas urbanas. Por

último, o “ Plano geral de aproveitamento hidráulico da bacia do Mondego” que se

baseia na intervenção do plano geral de aproveitamento hidráulico, visando a

regularização dos leitos fluviais e a construção de barragens, infra-estruturas de rega e

de suporte à vida das populações.

Desenvolvimento:

Este capítulo começa por falar do espaço de Coimbra e da sua forte ligação com

o Rio Mondego que, já muito antes da ocupação romana no séc. I, era um elemento de

grande importância para o desenvolvimento e subsistência dos povos.

A bacia do Rio Mondego tem uma orientação Nordeste-Sudoeste, nasce na Serra

da Estrela e desagua na Figueira da Foz e as suas águas têm-se tornado difíceis de

controlar e de usufruir para as mais variadas tarefas.

19

As problemáticas das cheias em Coimbra e no Baixo Mondego, obrigam a uma

procura de estratégias para, por um lado diminuir os efeitos por elas causados e por

outro, fortalecer as visões que permitam o aproveitamento do rio.

Há 3 mil anos o mapa do Baixo Mondego era completamente diferente do que é

visto agora, pois o rio estendia-se até à cidade e era uma zona navegável até à Idade

Média, como tal, podemos ter em conta o seu grande desenvolvimento nos dias de hoje.

O facto de se poder navegar no rio/mar, como era visto neste tempo, permitia

uma maior facilidade e rapidez na deslocação das trocas comerciais. Porém, esta

realidade só se estende até meados do séc. XVI, pois a descida do nível do mar e o

entulhamento do rio impossibilitaram parcialmente o tráfego marítimo/fluvial.

Entretanto, o assoreamento terá sido outro processo morfológico que determinou

substancialmente a delimitação do leito do rio. Este processo caracteriza-se pelo

arrastamento de detritos e obrigando o leito do rio a subir. Coincidindo com as decisões

de política colonial do séc. XI e XII, que apostaram na desflorestação das margens do

rio para fins agrícolas, assiste-se a uma erosão acelerada das margens do rio juntamente

com a dificuldade de infiltração da água, por virtude da falta de vegetação.

É por entre esta tensa relação da cidade de Coimbra com o rio que surgem as

delimitações da Cidade extramuralhas.

Coimbra foi presenteada em alguns anos (1199, 1331, 1788, 1821, 1842, 1852,

1860, 1872, 1900, 1915, 1962, 1969 e 1979) com as cheias mais catastróficas de todo o

tempo, tendo sido derrubadas três pontes pela força das águas. A primeira ponte antes

da formação do Reino, a segunda no tempo de D. Afonso II e a terceira no reinado de D.

Manuel I. Porém, com a subida e força das águas não foram só pontes a serem

afectadas, mas também muita da estrutura urbana junto do rio, como edifícios, a

baixinha (conhecida agora como a actual baixa de Coimbra) e os conventos de Santana,

S. Domingos, S. Francisco e mais tarde o convento de Santa Clara a Velha.

Durante o reinado de D. Pedro (1357-1367), efectua-se uma das primeiras

intervenções com o Rio Mondego, na tentativa de resolver a falta de escoamento das

águas e da abertura da chamada vala real do norte.

Também, mais tarde, no reinado de D. Afonso V, foi implementado o primeiro plano

estratégico de forma a solucionar o problema das cheias, sendo declarada a proibição de

incêndios em matas e florestas de modo a “evitar que as terras da Beira fossem tão

rapidamente descarnadas pelas enxurradas e desse modo se diminuíssem os entulhos

que, a olhos vistos, levantavam, de ano para ano, o leito do rio” (SANT’ANNA, 1993) .

20

Todavia, já sobre o poder de D. Manuel I é traçada a primeira iniciativa dos recursos

hidráulicos, planeando a desobstrução dos leitos e construção ou reparação dos açudes,

sento os próprios agricultores que financiavam as obras.

Já com D. João II no trono, foi tomada uma nova medida para domar o percurso fluvial

com o objectivo de proteger a subida das águas. No entanto, estas inúmeras tentativas

acabavam por ser anuladas aquando a chegada do Inverno, tal era o cenário devastador,

que para além de destruir os mosteiros o leito do Rio Mondego levava consigo os

terrenos agrícolas, casas e provocava a morte de inúmeras pessoas.

Só nos finais do séc. XVIII é que os problemas de Coimbra e do Baixo Mondego

começaram a ser encarados, de forma global, à luz dos mais modernos conhecimentos

científicos desse tempo. Mais tarde, surge alguma polémica por parte das ordens

mendicantes e por parte da população do Baixo Mondego, sendo que o rei encarrega a

Universidade de Coimbra de nomear uma comissão para se pronunciar sobre a questão.

O responsável por este estudo, Padre Estêvão Cabral, nomeia no seu relatório

“Sobre os damnos do Mondego – remédios a dar” a ineficácia das proibições de

queimadas, afirmando: “A areia sempre veio e sempre virá, e sempre passou nos séculos

antigos. Estou persuadido, que se nesta planície por toda ela tivesse havido diligência

para que o rio não alargasse, não torcesse, não minasse as praias, não abrisse goivas,

nem a ponte de Coimbra estaria enterrada, nem a Cidade alagada, nem os campos

areados, nem os paues incultos com tão grave damno da lavoura, nem se teria

consumido em trabalhos inúteis tanto sangue dos pobres” (CARDOSO, 2001).

O Padre Estêvão Cabral achava que a solução se encontrava em colocar canos no

rio em linha recta, de modo a que este ganhasse força para arrastar os resíduos até à foz

em vez de os sedimentar nas margens. As obras tiveram início em 1791 e duraram cerca

de 9 anos, diminuindo o seu percurso em aproximadamente 1 légua. Porém, com as

invasões Napoleónicas, as obras, na maior parte construídas, permaneceram

incompletas.

Sendo esta obra de hidráulica, responsável pela intervenção do Padre Estêvão

Cabral, trouxe grandes benefícios para a higiene e recuperação agrícola do vale. Ainda

assim, com o passar dos anos, as suas medidas vieram-se a revelar um fracasso, pois

tendo em conta a questão do assoreamento, este não a resolveu, agravou-a, sendo que o

leito do rio rapidamente voltou a subir e o problema das cheias instalou-se novamente.

21

Em 1938, é apresentada uma solução que garantia alguma estabilização no leito do rio,

como a execução de albufeiras no Mondego e nos seus afluentes e também um projecto

de reflorestação das margens da serra da Beira.

Este passado agitado no relacionamento da cidade de Coimbra e do Baixo

Mondego com o rio tem atraiçoado, como anteriormente referido, a fixação dos povos.

Traição essa que se destaca em graves prejuízos, tanto de ordem económica como

social, destruindo os terrenos agrícolas, estradas e obras que foram planeadas contra as

cheias e as inundações nas povoações e principalmente na baixa de Coimbra.

“ Mobilizar o potencial hidráulico, valorizar o potencial geográfico, consolidar o

potencial económico e reforçar o potencial humano” (VELOSO, 1962).

Era com estes objectivos que se organizava a proposta do plano geral de aproveitamento

hidráulico, elaborada pela Direcção Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos,

que tinha como finalidade a regularização do leito do rio e a construção de barragens,

infra-estruturas de rega e salvaguardar a vida das populações. Esta intervenção tinha

múltiplas funções como a de produzir energia hidroeléctrica, controle das cheias e

fornecimento de água para regar os campos agrícolas.

Aquando do inicio das obras, optou-se por começar pela construção das

barragens da Aguieira e de Fronhas e os açudes da Raiva e de Coimbra, para beneficiar

a região do Baixo Mondego. De modo a rematar esta fase, optou-se por dar inicio a um

novo projecto, o da florestação e desenvolvimento da bacia hidrográfica, para pôr fim à

erosão dos solos marginais e como consequência dava-se utilidade às barragens.

Tendo em conta a finalidade do Plano geral de aproveitamento hidráulico do

Mondego, somos presenciados com algumas consequências negativas que este trouxe,

como por exemplo, o abaixamento do leito do rio entre os anos de 1974 e 1985 e o facto

de se ter tornado as margens do rio artificiais fez com que houvesse uma ameaça às

espécies presentes.

A construção de aglomerados de casas trouxe resultados para a floresta, pois

diminuiu a área pinhal e aumentou a área eucaliptal, aumentando a infertilidade dos

terrenos.

No entanto, se por um lado a artificialidade trouxe aspectos negativos, por outro

veio ajudar ao desenvolvimento dos campos agrícolas no Baixo Mondego, pois vários

sectores tiveram o desfrute da produção de energia hidroeléctrica à indústria de celulose

na Figueira da Foz, turismo, transporte marítimo a partir dos portos comerciais e de

pescas da Figueira da Foz.

22

Fomentar esta actividade pode e deve criar um importante sector de dinamização

de modo a desenvolver a cidade e região e o teor de auto-suficiência.

Coimbra beneficia deste projecto que é sem dúvida importante ao estabelecer a

relação cidade-rio e permitindo agora em diante um contacto mais seguro com o Rio

Mondego.

Contudo, as cheias nunca permitiram esta relação estável mas, com os limites do

leito definidos e com o problema das inundações sob controlo, existe as condições

necessárias para uma aproximação entre a cidade e o Mondego.

Pontos fracos e fortes do documento:

Começando pelos pontos fortes, achei que ao ler apenas este documento, fiquei a

conhecer de uma maneira mais aprofundada o tema e os subtemas que o rodeiam. O

autor explicita as suas ideias de maneira bastante clara e com uma linguagem

igualmente acessível, tratando-se de uma caracterização bastante detalhado sobre a

cidade de Coimbra e a sua relação com o Rio Mondego. Quanto aos pontos fracos do

livro, o único aspecto negativo que encontrei baseia-se na explicação do autor sobre

alguns aspectos ser demasiado extensa.

Conclusão: Como pude verificar na leitura deste capítulo, a história de toda esta relação

cidade-rio foi-se desenvolvendo ao longo dos séculos, podendo-se dizer agora que para

além do rio já não ser um curso navegável, também já não é uma força tremenda que

traz consigo inúmeros desastres. Como o autor refere no texto “O que se perdeu na

acessibilidade ganhou-se na estabilidade, e as oportunidades surgem novamente, ainda

que assentes sob novos carris orientados para diferentes vivências”, assim sendo, a

cidade terá de estar á cautela para não ser novamente presenciada com estes atritos e

saber encarar esta realidade.

Recursos de Estilo e Linguagem: Eufemismo; Enumeração; Linguagem simples e de fácil compreensão.

23

Principais Autores Citados ou eventuais Protagonistas identificados no texto:

• IMPERIAL, Flávio Nuno Leite Ferreira, arqueólogo inserido na equipa do

Gabinete Técnico Local de Montemor-o-Velho e a realizar tese de mestrado

sobre este território;

• MARTINEZ, João Carlos de Senna, Pré-história recente da bacia do médio e

alto Mondego: algumas contribuições para o modelo sociocultural, Lisboa, vol.

1, 1989;

• D. Manuel I de Portugal (Alcochete, 31 de Maio de 1469 — Lisboa, 13 de

Dezembro de 1521);

• D. Afonso Henriques de Portugal (Guimarães ou Viseu, 1109 — Coimbra, 6 de

Dezembro de 1185);

• D. Pedro de Portugal (Coimbra, 8 de Abril de 1320 - Estremoz, 18 de

Janeiro de 1367);

• D. Afonso V de Portugal (Sintra, 15 de Janeiro de 1432 - Sintra, 28 de

Agosto de 1481);

• D. João II de Portugal (Lisboa, 3 de Maio de 1455 – Alvor, 25 de

Outubro de 1495);

• CABRAL, Padre Estêvão.

24

5. Avaliação de uma página da Internet

A página de internet que decidi analisar é aquela que, de todas as que pesquisei e

que aprofundei, parece conter o maior número de informação acerca de diversos temas.

A página do Instituto Nacional de Estatística, refere as estatísticas oficiais que se encontram

disponíveis em: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE. Este site

mostra ser acessível e de fácil compreensão podendo assim ser consultado por qualquer

pessoa. Está acessível em português e em inglês.

No início da página, encontramos uma barra de ícones onde se encontra escrito:

INE, Serviços Disponíveis, Eventos, Mapa do Portal, Ajuda, Ligações e Contacte-nos que

possibilitam a nossa escolha para obter diversas informações.

O primeiro ícone (INE) encaminha uma apresentação do Instituto Nacional de

Estatísticas.

O segundo, Serviços Disponíveis, tem o ícone Serviços aos Clientes, onde

encontramos a Difusão da Informação, na Internet, nas bibliotecas do INE, na rede de

informação do INE em bibliotecas do ensino superior,

Tendo em conta a Venda de Informação, encontramos a informação publicada e a

informação”à medida”.

Também ainda é feita referência à Informação Europeia, Apoio ao Cliente,

Atendimento aos Órgãos de Comunicação Social, Atendimento aos Investigadores e

Mecanismos de auscultação a clientes.

Ainda dentro dos Serviços Disponíveis, encontramos os Serviços aos Prestadores de

Informação, cujas respostas podem ser dadas por: Resposta electrónica, Transferência

automática de dados resultantes de atos administrativos, “Gestor do Respondente” e

Serviços de apoio tanto por telefone como presenciais.

Quanto aos Eventos, temos os que foram realizados ou os que estão por realizar. È

sempre possível obter mais informações através de links e importar informação em pdf.

O Mapa do Portal apresenta-nos, um quadro dividido em três partes, em que a

primeira barra tem em conta a Informação Institucional, o segundo Conteúdos Estatísticos e

o terceiro o Apoio ao Utilizador. Este quadro permite-nos através dos diferentes tipos de

informação, encontrar, em cada um dos itens, o link que nos permite ir directamente ao que

nós pretendemos.

Na Ajuda temos uma triagem de perguntas mais frequentes que poderemos ter e a

Navegação.

25

Nas Ligações, temos acesso a Outros Institutos de Estatísticas, onde temos as

diferentes Organizações Nacionais, as Organizações Internacionais e os Jornais e Revistas

de Estatística.

Em Contacte-nos, podemos encontrar contactos, Sugestões/Reclamações, Pedidos

de Informação/Esclarecimentos e Dê-nos a sua Opinião.

Por fim, no último ícone desta página, está disponível uma tabela do lado esquerdo,

também com vários links. Encontra-se dividida em: Informação Estatística - Dados

Estatísticos, Destaques, Publicações, Contas Nacionais, Estudos, Biblioteca Digital,

Dossiês Temáticos e Calendários; Metainformação - Classificações, Conceitos,

Documentos Metodológicos e Variáveis; WebInq – Inquéritos onde encontramos os

suportes de recolha dos inquéritos On-line e Área dos Utilizadores.

Como tal, temos em conta que o site do INE é um bastante enriquecedor, muito bem

organizado, com variada informação e de vários quadrantes – nacional e internacional.

A informação que contém é de fácil visualização, sendo que não é muito difícil

encontrar algo que pretendemos, pois é organizada por esquemas e cada tópico remete para

um link onde se pode encontrar a diversa informação.

Em conclusão, trata-se de um site que se distingue pela honestidade e pela funcionalidade,

transformando a nossa pesquisa mais enriquecedora.

26

6. Conclusão

Antes de iniciar o meu trabalho, comecei por elaborar um plano de ideias a reter

para a construção do mesmo, assim como os passos a seguir e os assuntos que pretendia

explorar, de acordo com o tema escolhido.

Ao longo do trabalho procurei dar a conhecer o tema de uma forma precisa,

tentando focar sempre o mais importante.

O principal problema que encontrei durante a sua realização, foi mesmo

encontrar as ideias mais importantes sem que as repetisse de alguma forma e que fossem

úteis para transpor o essencial no trabalho. Encontrei também algumas dificuldades na

realização da ficha de leitura porque foi a primeira que realizei e tinha algum receio de

não ir ao encontro ao que o professor pedia.

No final deste trabalho pude concluir que foi de todo enriquecedor perceber toda

a relação cidade-rio, ao longo dos séculos e das suas evoluções em termos de estrutura

até aos dias de hoje.

Quanto aos objectivos da disciplina, penso ter dado o meu melhor no sentido de

corresponder aos requisitos exigidos pelo professor, nomeadamente quanto às

aprendizagens necessárias para obtenção de competências na pesquisa de Fontes de

Informação Sociológica.

Concluindo, apesar de algumas dificuldades encontradas durante a execução do

trabalho, considero que se tratou de um processo de aprendizagem muito formativo,

quer no estudo do tema, quer na pesquisa de fontes e na própria redacção e apresentação

da mesma.

27

7. Referências bibliográficas

Alexandre, C. N. (1987). A New Theory of Urban Design. New York: Oxford University Press.

A Sant’anna, R. P. (1993). Guia de Portugal (Vol. 3). Beira.  CARDOSO, Cristóvão. (2001). “Baixo Mondego – Identificação de um território”. DARQ FCTUC. LOBO, Rui. (1999). Santa Cruz e a Rua da Sofia. Arquitectura e Urbanismo no século XVI, Darq, Coimbra. LOBO, R. (2000). “Coimbra: evolução do espaço urbano”. ECDJnº3, Novos Mapas para Velhas Cidades. PENHA, Maria Raquel Veloso de Brito. (2005). “Coimbra: caminhos de uma cidade: Evolução morfológica da cidade do Mondego”. Prova Final do Departamento de Arquitectura, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Coimbra.

S.A. (2005). Plano de pormenor do Eixo da Portagem / Av. João das Regras. Coimbra.

SANTOS, R. P. (2008). “Marginalidades: Patologias da Coimbra Fluvial”. Departamento de Arquitectura. pp. 6-15. Página acedida no dia 11 de Dezembro, através do link: http://hdl.handle.net/10316/7386.

VELOSO, Santos. (1962). “Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos, Aproveitamento Hidráulico da Bacia do Mondego”. Plano Geral. Lisboa. pg. 79.

Viver Coimbra Programa Polis. “Plano estratégico”. Página no dia 22 de Dezembro, através do link: http://polis.sitebysite.pt/coimbra/docs/plano_estrategico.pdf.

28

8. Anexos

Anexo I – Suporte de Texto à Ficha de Leitura SANTOS, R. P. (2008). “Marginalidades: Patologias da Coimbra

Fluvial”. Departamento de Arquitectura. pp. 6-15. Página acedida

no dia 11 de Dezembro, através do link:

http://hdl.handle.net/10316/7386.

29

Anexo II – Suporte de Análise da Página de Internet

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE