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Festa na Floresta Patrícia Engel Secco Ilustrações Maria Eugênia Coleção Amigos da Floresta

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Festa na Floresta

Patrícia Engel SeccoIlustrações

Maria Eugênia

Coleção Amigos da Floresta

Festa na Floresta

Patrícia Engel Secco

Ilustrações

Maria Eugênia

ProjetoFolclore, Alegria e Tradição

Coleção Amigos da Floresta

Festa na Floresta

Projeto GráficoLili Tedde

RevisãoTrisco Comunicação

Coordenação EditorialLer é Fundamental Produções e Projetos

RealizaçãoSecco Assessoria Empresarial

ConcepçãoPatrícia Engel Secco

20.000 exemplaresNovembro de 2007

Editora Boa Companhia www.projetofeliz.com.br

Fale [email protected]

Coleção Amigos da Floresta

3Olá, você se lembra de mim?Eu sou a Emengarda do Forro da Escola, uma

coruja muito simpática, que, como o meu nome já diz, mora no forro da Escola Rural da Fazenda Alegria. E, olha, eu ADORO a minha casa! Nela todos os dias são superinteressantes, e eu vivo aprendendo coisas novas.Afinal de contas, moro na escola, né?

Assisto a um monte de aulas legais, mas dentre todas elas a que eu mais gosto é a aula de leitura, pois, além de conhecer personagens estranhos, engraçados e até assustadores, acabo conhecendo lugares do mundo inteiro, por meio de histórias que são contadas quase todos os dias. Uma verdadeira delícia!

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Agora, o melhor de tudo é que depois das aulas, bem à noitinha, eu reúno todos os animais da fazenda aqui na varanda e conto para eles o que aprendi.

E você sabia que a minha contação de histórias já está ficando famosa?

Outro dia mesmo, ou melhor, outra noite, veio bicho até da fazenda do vizinho. E foi uma diversão!

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Para começar, eu contei a história que vocês já conhe-cem, a do Curupira, um serzinho muito do diferente, meio duende, meio menino, de pele verde, cabelos cor-de-fogo e pés virados para trás que mora bem no meio da floresta. Disse aos convidados que o Curupira era o defensor das florestas e que, quando aparece alguém tentando cortar ou maltratar uma árvore, ele trata logo de despistar o invasor, deixando rastros errados e fazendo o malvado se perder...

E eles adoraram a lenda! Gostaram tanto que eu tive de contar outra história, pois os animais não paravam de relin-char, latir, miar, mugir e cacarejar. Eu já estava vendo a hora que alguém ia acordar lá na casa da fazenda e mandar todo mundo para a cama, de uma vez por todas!

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Bem, foi aí que eu resolvi contar a história do Caipora, um outro ente da floresta, cuidador de todos os animais que vivem por lá. E eu contei tudo direitinho, do mesmo jeiti-nho que eu tinha ouvido a Dona Ana Clara, professora aqui da escola, contar. Disse que o Caipora era peludo, maior do que o Curupira, e que vivia montado em um porco-do-mato, muito bravo e feroz. Juntos, o Caipora e o porco assusta-

vam todo e qualquer caçador, moço ou velho, alto ou baixo, gordo ou magro, índio ou fazendeiro. E disse também que o Caipora era tão bom em amedrontar caçadores que outro dia mesmo eu ouvi dizer que dois espertalhões saíram de dentro da mata apavorados, carregando espingardas e cor-rendo tanto que se bobear estão correndo até hoje!

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E não é que os animais gostaram ainda mais da histó-ria! Acho que é porque o Caipora cuida dos bichos... Mas mesmo que não tenha sido essa a razão, só sei que os meus convidados ficaram tão empolgados que dessa vez começa-ram a bater também as patas e os cascos no assoalho da varanda, fazendo um barulhão ainda maior.

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O jeito foi começar imediatamente a contar uma nova história, dessa vez do lobisomem, um moço que vira lobo toda noite de lua cheia. Eu expliquei direitinho a lenda, aliás muito conhecida por aqui. Disse que quando uma mãe tem sete filhas, e depois disso tem um filho menino, este menino com certeza é um lobisomem, meio lobo, meio homem. Como aquela noite também era noite de lua cheia, achei melhor contar tudo com muitos detalhes e, assim, disse que o lobisomem vive como menino até fazer 13 anos, quando começa a maldição. Uma maldição muito complica-da, diga-se de passagem, pois, para desfazer o encanto, é preciso espetar o dedo do bicho com um espinho de flor de laranjeira, crescida dentro de um cemitério. E quem é que tem coragem de chegar perto do monstro?

Dessa vez os animais enlouqueceram! E eu nem che-guei a comentar que bastava alguém ser arranhado pelo bichão para virar lobisomem também! Pois é, a barulheira começou antes do final da história, com gritos, uivos, lati-dos, barulhos de casco e muito mais.

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Primeiro, eu achei que era por conta do medo, afinal de contas, o Lobisomem é muito forte e perigoso. Mas depois percebi que aquela agitação toda era mesmo um sinal de aprovação, quer dizer, um sinal de que todos os bichos es-tavam amando ouvir histórias. Então, já que eu precisava acalmar os ânimos, resolvi contar uma lenda de amor, a lenda da estrela D’Alva, a primeira estrela que aparece no céu. Um caso de amor como poucos... Tão bonito e tão real que fez com que todos os animais se sentissem apaixonados e, para minha sorte, ficassem bem quietinhos.

E eu acho que escolhi bem, pois foi só falar em estrela para que meus convidados resolvessem olhar para o céu e eu tivesse a chance de fazer todos eles suspirar.

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Como seria a última lenda da noite, caprichei como nunca e contei a história da índia Iameru, que sonhava em se casar com a estrela mais brilhante do céu. De tanto sonhar acordada, seu desejo transformou-se em realidade, e Tainá, como era conhecida a estrela, desceu do céu para encontrar seu amor. Mas Tainá não era jovem nem tão bonito como nos sonhos da jovem índia, e Iameru fugiu para a mata para nunca mais olhar para aquele índio velho e enrugado que tinha descido do céu só para encontrá-la. Tainá acabou ca-sando-se com Denaquê, irmã de Iameru, e juntos viveram felizes por muitos anos até que um dia voltaram a brilhar no céu. Quanto a Iameru, dizem que ela se transformou em um lindo pássaro negro que canta tristemente todo dia ao entardecer, lembrando de seu amor perdido.

Foi um silêncio total... Tão grande que eu até me preo-cupei, chegando a perguntar ao meu amigo Porcolino, o por-quinho mais simpático da fazenda, se eles haviam gostado da história.

– Claro que sim, Emengarda! Adoramos a história da Tainá, do Caipora, do Lobisomem e do Curupira. Gostamos tanto que queremos saber quando podemos voltar, não é pessoal?

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E eu nem preciso dizer que bastaram segundos para a gritaria recomeçar e para o dono da fazenda vir rapidinho até a “minha” varanda.

Os animais da fazenda vizinha saíram todos correndo e ficaram escondidinhos nas moitas do jardim, todos de tocaia esperando o fazendeiro partir.

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– Emengarda do Forro da Escola, só podia mesmo ser você a responsável por esta barulheira toda! Bem que eu imaginei! Pelo visto você estava contando histórias mais uma vez, não é? Pois bem, acho que vamos precisar dar um basta nesta situação: por causa da barulheira de hoje à noite, ficam suspensas as histórias contadas para os ani-mais da nossa fazenda e das fazendas vizinhas também... E agora, boa noite!

O fazendeiro foi embora, e eu, meio sem saber o que fazer, tive que mandar todos aqueles bichos que estavam es-palhados por ali de volta pra casa.

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Agora, não pense você que eu parei de contar histó-rias, não. E também não vá achar que desafiei as ordens do senhor fazendeiro. Isso, jamais! Mas eu preciso contar que hoje mesmo tem contação aqui na varanda, e adivinha só quem são meus convidados? O Curupira, o Boto, o Boitatá, o Saci-Pererê, a estrela Tainá, a Iara, a Mula-Sem-Cabeça, o Neguinho do Pastoreio, o Caipora e até mesmo o Lobiso-mem. Todos entes de nosso folclore, sobre quem eu vivo contando histórias.

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Pois é, agora chegou a vez de eu contar histórias para eles, histórias de animais comuns, assim como eu... Vai ser a maior festa da floresta, bem aqui, na Fazenda Alegria!

Tomara que desta vez o patrão não acorde... E isso é para o bem dele! Você já imaginou se ele chega aqui de man-sinho, rente e crente, achando que vai mandar um monte de animais da fazenda para cama e dá de cara com o Lobiso-mem? Ou com o Boitatá? Acho que ele iria ficar muito, mas muito mais assustado do que os caçadores que o Caipora colocou para correr... E você, o que acha?

Eu acho mesmo que é melhor me preparar, pois daqui a pouco meus ilustres convidados já vão estar por aqui!

Então, tchau!Um abraço.

Emengarda