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Coleção Cadernos EJA - 09 Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho

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C a d e r n o s d e

aCO

LE ÇÃO

Qualidade de vida,Consumo e Trabalho

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A o longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que

gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de brasileiros ainda

não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola, ou seja, não têm acesso a um

sistema de educação que os acolha.

Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o

exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.

Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad, cuja tarefa é criar as estruturas necessárias

para formular, implementar, fomentar e avaliar as políticas públicas voltadas para os grupos

tradicionalmente excluídos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que não

completaram o Ensino Fundamental.

Efetivar o direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta

de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja adequado aos que

ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,

valorizando e respeitando as experiências e os conhecimentos dos alunos.

Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o

1.º e o 2.º segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. “Trabalho” será o tema da

abordagem dos cadernos, pela importância que tem no cotidiano dos alunos.

A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com

a concepção metodológica e pedagógica do material. O caderno do aluno é uma coletânea

de textos de diferentes gêneros e diversas fontes; o do professor é um catálogo de ativi-

dades, com sugestões para o trabalho com esses textos.

A Secad não espera que este material seja o único utilizado nas salas de aula. Ao con-

trário, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-

do a articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento.

Bom trabalho!

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad/MEC

Apresentação

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Sumário

TEXTO Subtema

1. Além do preço e da marcaRelicostumes 6

2. Transgênicos 8

3. Pirata musical com cara de mau Diversidades regionais 11

4. Fast-food aquece o globo Maturidade social 12

5. Mesa Brasil não tem desperdícioMiscigenação 14

6. Código de defesa do consumidor Crítica social 18

7. Os altos lucros dos maus hábitos Trabalhadores 19

8. A corrente branca Cultura suburbana 20

9. Consumerism luta dos negros 25

10. Tabaco y economia personal Ambiente de trabalho 26

11. Consumidor consciente Identidade nacional 28

12. Um desenho Ambiente de trabalho 31

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13. Uma visão do futuro Índios do Brasil 32

14. Saco sem fundoImigração e culinária 35

15. A pirataria ataca Direitos civis 36

16. Respeito pela (tenra) idade Origens dos trabalhadores 38

17. UísqueÍndios do Brasil 42

18. Feito em casa 44

19. Cow parade Olhos da alma 49

20. Olhos grandes Arte culinária 50

21. O mundo do trabalho: contexto e sentidoArte culinária 51

22. Do povo para o povoArte culinária 58

23. A gigante se acomoda às leis Arte culinária 62

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Na hora de pegar este ou aquele pro-duto na gôndola do supermercado,o que pesa em sua decisão? Preço

mais baixo, melhor qualidade, tradição damarca, preferência familiar? Em geral, sãoesses os fatores que costumam ser levadosem conta no instante da compra. Mas háum fenômeno novo que desafia esse pa-drão: são os consumidores preocupadoscom o comportamento da empresa queproduziu determinado produto.

Já não são poucos os que fazem suasescolhas se perguntando se aquela com-panhia respeitou direitos humanos e traba-lhistas; se sua cadeia de produção seguenormas de preservação ambiental e boaspráticas empresariais. Se é ética quando fazpublicidade. Ou até se está comprometidacom a geração de empregos.

Essa mudança nos padrões de consu-mo, que ganhou força na segunda metadedo século 20, quando os consumidorespassaram a se organizar em grupos inde-pendentes para defender seus direitos, jágerou efeitos nas empresas. Não são poucas

as que adotaram um ideal conhecido como“responsabilidade social”, que fundamentapráticas cujo fim não é apenas o lucro.

Empresas conscientes

“O consumidor mais atento e informadojá percebe as relações de seu nível de consu-mo e os efeitos disso no plano social, econô-mico e ambiental. Isso torna as empresasmais conscientes e preocupadas com os valo-res que ela propaga com seus produtos emarketing”, afirma Marilena Lazzarini, coor-denadora institucional do Instituto Brasileirode Defesa do Consumidor (Idec), com 17anos de trabalho e militância na área.

Foi pensando em estimular esse “con-sumo engajado” que o Idec acaba de lançaro Guia de Responsabilidade Social para oConsumidor, um livreto de 22 páginas comum painel sobre o movimento mundial deconsumidores e sua articulação do Brasil.

ALÉM DO PREÇO E DA MARCAInstituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)

lança guia em que defende o “consumo responsável” e prega o boicote à empresa que prejudica meio ambiente

e não respeita direitos humanos e trabalhistas

Consumo responsávelTEXTO 1

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho6

Extraítdo do site Repórter Brasil: www.reporterbrasil.org.br

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Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 7

Como exercer o “consumo responsável”

Refletir sobre seus hábitos de consu-mo, reduzir quando possível, não

desperdiçar e dar destinação correta aoresíduo ou ao produto pós-consumo;

Escolher marcas de empresas re-conhecidas por suas práticas res-

ponsáveis e éticas;

Obter informações, por meio damídia e das associações sociais, so-

bre os impactos sociais e ambientais daprodução, do consumo e do pós-consu-mo de produtos e serviços;

Entrar em contato com o SAC(Serviço de Atendimento ao Con-

sumidor) das empresas por telefone oupor escrito, para questionar sobre osimpactos e pressionar pela adoção depráticas sustentáveis de produção epós-consumo;

Procurar saber se a empresa temum balanço social e solicitar infor-

mações a respeito;

Boicotar marcas de empresas en-volvidas em casos de desrespeito à

legislação trabalhista, ambiental e deconsumo. Por exemplo, consulte a listade reclamações fundamentadas doProcon, a fim de saber como determi-nada empresa se comporta em relaçãoao consumidor;

Participar de apoio associações deconsumidores;

Denunciar práticas contra o meioambiente, contra as relações de

consumo e de exploração do trabalhoinfantil às autoridades competentes.

O consumidor mais atento jápercebe as relaçõesde seu nível deconsumo e osefeitos noambiente e nasociedade.

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Luludi / AE

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TRANSGÊNICOS

TransgênicosTEXTO 2

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho8

A sociedade civil ainda não foi esclarecida sobre o problema

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Apolêmica em torno dos organismosgeneticamente modificados (OGMs),popularmente conhecidos como trans-

gênicos, já fez história. Começou nos anos1990, quando ocorreram as primeirascolheitas de grãos alterados geneticamente.O movimento de resistência surgiu emtorno da Campanha por Segurança Ali-mentar e agregou diversas organizações

não-governamentais. Desde então, o núme-ro de entidades envolvidas e as ações em-preendidas se ampliaram. No Brasil, amobilização civil começou com a campanhaPor um Brasil Livre de Transgênicos, quepublicou cartilhas impressas e boletins ele-trônicos, promoveu eventos e manifestaçõespúblicas, e divulgou resultados de testesrealizados em alimentos.

Pressão multinacional

A encrenca começou em outubro de1998, quando foi liberado o primeiro plan-tio de soja geneticamente modificada nopaís produzido pela multinacional Monsan-to, uma das maiores empresas de biotecno-logia do mundo. A liberação ocorreu depoisque produtores do Rio Grande do Sulusaram sementes de países fronteiriços,como a Argentina, onde esse tipo de cultivojá era permitido, e pressionaram o governopara que sua safra pudesse ser comercializa-

da. A autorização saiu, por medidas provi-sórias, para as safras 2003/2004, 2004/2005 e 2005/2006. A liberação definitiva,no entanto, veio acompanhada de algumascondições, entre elas a necessidade de oagricultor assinar uma declaração reconhe-cendo o uso de OGMs e comprometendo- sea não usar os grãos gerados em uma próxi-ma safra. Em relação à soja, é nesse pé queas coisas se encontram em 2006, após aaprovação e a regulamentação da Lei deBiossegurança.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 9

O plantio e a comercialização de soja transgênica já são permitidosno país, mas aindageram polêmicas.

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O algodão Bollyard Evento 531, tam-bém da Monsanto, é outro capítulo. Seucultivo foi liberado pela Comissão TécnicaNacional de Biossegurança (CTNBio), vincu-lada ao Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT), também com algumas exigências.Uma delas: 20% de algodão convencionaldeve ser cultivado em áreas cercadas e isola-das para evitar contaminação.

Níveis de tolerância

Desde 2003, vigora no Brasil o Decre-to-Lei nº. 4.680, que exige a informação, norótulo, de alimentos e ingredientes quecontenham mais de 1% de componentestransgênicos. Anteriormente era a partir de4%. Para o Instituto Brasileiro de Defesa doConsumidor (Idec), entretanto, a alteraçãoainda não é satisfatória e tem duas recla-mações nessa área. A primeira é que muitosalimentos contêm menos de 1% de ingre-dientes geneticamente modificados – e oconsumidor ignora a informação. A outra é

que produtos como bolachas, bolos, massas,chocolates, óleos, margarinas e seus deriva-dos, que sofrem processamento térmicomais agressivo, têm suas proteínas destruí-das, o que impede a detecção de organis-mos geneticamente modificados.

“Nos supermercados não há produtosque tragam o símbolo indicando a existên-cia de OGMs, não porque eles não existam,mas porque a informação desaparece quan-do entra em fabricação, e não existe fisca-lização”, afirma Gabriela Vuolo, coordena-dora da área de consumidores da campanhade transgênicos do Greenpeace. Na UniãoEuropéia, desde 2004 o limite para nãorotular um produto como geneticamentemodificado é 0,9%. Na Suíça, 0,1%. NaRússia e no Japão, 5%.

Texto 2 / Transgênicos

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho10

Trechos da matéria “Quanto custa o rótulo”, revista Desafios doDesenvolvimento.

Cesta contendo os produtos cujo teste

do Idec (Instituto de Defesa do

Consumidor) acusou a presença de soja

transgênica na composição dos

alimentos vendidos nos supermercados

do Brasil.

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Comparação 1997 a 2005

50% a menos de postos de trabalho direto

50% a menos de artistas contratados

3.500 pontos de vendas foram fechados

44% a menos de produtos nacionais

deixaram de ser lançados

R$ 500 milhões anuais é o que

o governo deixa de arrecadar em impostos

(considerados ICMS, PIS e Cofins)

80 mil empregosdeixaram de existir no setor (gravadoras,

fabricantes, comércio varejista, etc)

Fonte: Federação Internacional da Indústria Fonográfica

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 11

ORelatório da Pirataria Comercial de2005, da Federação Internacional daIndústria Fonográfica, alerta que, a

cada três discos musicais vendidos nomundo, um é pirata. No mercado brasileiro,essa proporção é muito maior: o comérciopirata supera ligeiramente o de discos ven-didos dentro da lei. As ações de combate àpirataria musical têm surtido efeito e asvendas ilegais, no mundo todo, cresceramapenas 2% em 2004, o menor nível emcinco anos. Entretanto, há dez países ondese considera urgente aumentar a repressãoà pirataria e o Brasil é um deles. As atençõesse voltaram para cá porque as vendas totaisde DVD musicais aumentaram 100% em2004, o que levou o país a ser o 7º maiormercado no mundo de DVD musical – ummercado atraente para quem tem ou nãocara de mau.

Fals i f icaçõesTEXTO 3

PIRATA MUSICAL

Andréa Wolffenbüttel

COMCARADE MAU

No Brasil, o mercado ilegal já supera o que paga imposto

Os efeitos no setor musical

Revista Desafios do Desenvolvimento, edição 16 – 1/11/2005

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Se, como diz o ditado, “somos o quecomemos”, um estudo feito nos Esta-dos Unidos comprova que nossos

hábitos alimentares têm relação diretatambém com a “saúde” do planeta. Deacordo com a pesquisa, adotar uma dietavegetariana é uma forma simples de con-sumir sem agredir o meio ambiente, en-quanto hábitos alimentares com predom-inância de comida industrializada e ricaem proteína animal contribuem direta-mente para um dos problemas ambientaisque mais ameaçam o mundo: o aqueci-mento global.

A pesquisa mostra que a produção, aestocagem e a conservação de alimentosenlatados, embutidos e de fast-food –todos com processamento industrial – éresponsável por cerca de 20% da queimade combustíveis fósseis (derivados dopetróleo) nos EUA. Assim, a dieta típicados norte-americanos emite gases de efeitoestufa em quantidade equivalente a um

terço da emissão de todos os carros, motose caminhões do país. Os transportes sãoapontados como os principais causadoresdo superaquecimento do planeta.

Dieta agressiva

Os autores do estudo comparam asdiferenças entre uma dieta vegetariana eoutra composta por produtos industrializa-dos – em relação à poluição gerada na suaprodução – às mesmas existentes entre umcarro de passeio e um jipe utilitário. Elesalertam que a capacidade de destruição domeio ambiente de uma dieta como a dosnorte-americanos é tão grande quanto ado setor dos transportes. Mas ressaltamque pequenas mudanças nos hábitosalimentares das pessoas podem ter umimpacto positivo muito grande. “Se cadapessoa que come dois hambúrgueres porsemana cortasse essa quantidade pelametade, a diferença já seria substancial”,disse um dos autores do estudo.

FAST-FOOD AQUECE O GLOBO

Vinte por cento do combustível fóssil do planeta é queimado pela indústria de alimentos

Hábitos a l imentaresTEXTO 4

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho12

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As conclusões do estudo incluem a clas-sificação de alguns tipos de dieta conformea quantidade de gases de efeito estufaemitidos em todas as etapas da produção.Os resultados são algumas vezes surpreen-dentes: em primeiro lugar, como a quemenos impactos traz para o equilíbrioclimático da Terra, ficou a alimentação ve-getariana (inclui ovos e derivados de leite),especialmente a composta de alimentosorgânicos. Em seguida, vem a dieta combase em carne de aves. Em terceiro lugar,vem a alimentação industrializada típicados norte-americanos. Empatados na últi-ma colocação, ficaram a carne de peixe e acarne vermelha. A colocação dos peixes em

último na lista é explicada pelo fato de que,em geral, a pesca e o congelamento de algu-mas espécies envolvem muita utilização decombustíveis derivados de petróleo.

Dessa forma, o consumidor consciente,por meio de sua escolha alimentar, podecontribuir para não aprofundar o proble-ma de aquecimento da Terra e mudançasclimáticas decorrentes.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 13

Extraído do site www.institutoakatu.org.br

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Alimentação é um assunto muitomais importante do que simples-mente levar comida à boca. Come-

ça com a escolha dos alimentos na horada compra – os vegetais da safra, por exem-plo, são sempre mais baratos e melhoresdo que os que estão na entressafra –, passapelo jeito com que são transportados,guardados, manipulados, preparados e sótermina na forma pela qual são ingeridos,tirando o máximo proveito de seu poten-cial nutritivo.

Assim, o ato de comer é o último pas-so de uma caminhada que começa muitodistante da nossa cozinha. No Sesc,Serviço Social do Comércio, esse jeito detratar os hábitos alimentares dos brasilei-ros tem o nome de Culinária Inteligente,um programa de alimentação que planejaa composição dos cardápios dos restau-rantes e lanchonetes de suas unidades,ensina a preparar os alimentos e orientasobre como consumi-los de forma nutri-cionalmente adequada.

O combate ao desperdício é um dosprincipais temas tratados. É como desco-brir um mundo novo, um outro olharsobre os alimentos. Por exemplo: sabeaquele talo que costuma ir direto para olixo? Ou o caroço da jaca ao qual ninguémrepara? E a folha do brócolis? A casca dabanana? Enfim, o destino final disso tudopode deixar de ser o lixo para transfor-mar-se em um cardápio com iguarias nun-ca imaginadas.

O não-desperdício foi a primeiraetapa para a formação do conceito Culi-nária Inteligente, que nada mais é quelevar em consideração todos os aspectosda alimentação: economia, higiene, capa-cidade nutricional, preparo, aproveita-mento de tudo que os vegetais podemoferecer e, claro, muito sabor.

Mesa Brasil

A semente para o aproveitamentointegral dos alimentos foi plantada há dezanos em função de um dos maiores flage-

Hábitos a l imentaresTEXTO 5

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho14

MESA BRASILNÃO TEM DESPERDÍCIO

O desperdício é combatido pelo CulináriaInteligente, um programaque une criativade e economia na cozinha

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los da realidade brasileira: a fome. Em1994, o Sesc implantou um programa decombate à fome e ao desperdício dealimentos, uma das primeiras grandes inici-ativas para mobilizar a sociedade, o MesaSão Paulo. A idéia era simples e eficiente:pegar o alimento onde sobra e entregá-loonde falta.

Em 2003, a iniciativa foi lançadanacionalmente com o nome de MesaBrasil Sesc, com o objetivo de contribuirpara que parcelas carentes da comunida-de tivessem acesso à alimentação pormeio do combate ao desperdício. O pro-grama conta com a parceria de empresasque doam alimentos, trabalhadores vo-luntários e instituições sociais que sededicam ao atendimento de segmentosexcluídos da comunidade.

A década de experiência aperfeiçoouo programa tornando-o ainda mais eficien-te. Para combater o desperdício foi preci-so, também, aprender a manusear osalimentos para não estragá-los, capacitar os funcionários para detectar o estado dos

produtos e as pessoas que os recebiampara armazená-los e manipulá-los damelhor maneira, estabelecer regras depreparo e higiene, enfim, garantir a segu-rança necessária ao consumo.

Os efeitos práticos dessas ações po-dem ser sentidos rapidamente no bolso.De acordo com o Instituto Akatu peloConsumo Consciente, é possível diminuirem até 30% os gastos com comida. Alémde contribuirmos para a diminuição dolixo orgânico, que hoje representa 65%de todo os detritos produzidos no Brasil.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 15

Os dados divulgados pelo Insti-tuto Akatu atestam que o desper-dício de comida no Brasil seriasuficiente para alimentar 8 mi-lhões de famílias. O Instituto Bra-

sileiro de Geografia e Estatísticacalcula que de 20% a 30% dosprodutos comprados para abas-tecer uma família de classe médiaacabam no lixo. Isso significajogar fora em torno de 500 g dealimentos por dia. Em vinte anos,essa perda equivale a 3.600

quilos, quantidade suficiente parafornecer 1 kg de alimento diáriopara uma criança de zero a 10anos de idade, ou, ainda, oferecertrês refeições diárias para os 7 milhabitantes de uma cidade duran-te um dia.

Os números dafome no país

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Supermercado de Osasco, em São Paulo, doa alimentos para o programa Mesa Brasil, do Sesc.

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No supermercado

P Elabore uma lista com calma, assimvocê evita levar alimentos que não con-sumirá.

P Vá ao supermercado bem alimentado,para não comprar por impulso.

P Compare os preços. Sempre. P Observe o prazo de validade dos pro-

dutos.P Congelados e resfriados devem ser colo-

cados por último no carrinho. P Acúmulo de gelo sobre a embalagem

indica que o produto foi descongeladoe congelado novamente, o que o tornaimpróprio ao consumo.

P Frutas e legumes da estação são maisnutritivos e baratos.

Na panela

P O feijão pode ficar ainda mais saborosose ficar de molho por 6 horas. A diges-

tão é melhor e aproveitam-se mais os seusnutrientes.

P Não use facas serrilhadas para cortarlegumes, frutas e verduras, pois isso fazcom que se percam mais nutrientes.

Na cozinha

P Não se deve deixar lixo próximo a ali-mentos, pratos e talheres. Isso vale tam-bém para aquela lixeirinha que fica emcima da pia.

P Todo alimento guardado na geladeiradeve estar protegido. Assim ele nãoperde os nutrientes e não absorve ocheiro e as bactérias de produtos estra-gados.

P Alimentos já lavados não devem sermisturados aos que ainda não o foram.

P Não coloque em um mesmo compar-timento alimentos preparados com osque ainda vão ser.

Texto 5 / Hábi tos a l imentares

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho16

Evitar o desperdício não ésó preparar refeições naquantidade certa ou nãojogar comida fora. Muitasfrutas, legumes e verduraspodem ser melhor aprovei-tados do que se imagina e,mais importante ainda, re-sultar em pratos deliciosos.Quem disse que a casca de

banana não serve para na-da? E que o talo da couve éinútil? Experimentando aqui,mudando alguma coisinhaacolá, as culinaristas e nutri-cionistas do Sesc São Paulocriaram receitas saborosasque aproveitam integralmen-te os alimentos. À mesa!

Dicas de consumo valiosas

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P O descongelamento de alimentos, senão for no forno de microondas, deveser feito dentro da geladeira. O ideal éretirá-lo do congelador e deixá-lo nageladeira até o completo descongela-mento.

P Após descongelado, o alimento deveser preparado e consumido em segui-da. Nunca o congele novamente cru.Só faça isso, se ele tiver sido cozido,frito ou assado.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 17

Bolinho de talos, folhas ou cascas

Ingredientes• 1 xícara (chá) de talos, folhas ou cascas

bem lavadas e picadas• 2 ovos• 5 colheres (sopa) de farinha de trigo• 1/2 cebola picada• 2 colheres (sopa) de água• sal a gosto• óleo para fritar

Modo de preparoBater bem os ovos e misturar os ingre-

dientes restantes. Fritar os bolinhos às colhe-radas em óleo quente. Escorrer em papelabsorvente. Podem ser usados talos de acel-ga, couve, agrião, brócolis, couve-flor, folhasde cenoura, beterraba, nabo, rabanete oucascas de chuchu. No caso dos talos de couve,couve-flor e brócolis, recomenda-se fervê-losantes do preparo. Você pode aproveitar aágua desse cozimento para outros pratos,como arroz e sopa.

Bife de casca de banana

Ingredientes• Cascas de 6 bananas maduras• 3 dentes de alho• 1 xícara de farinha de rosca• 1 xícara de farinha de trigo• 2 ovos• sal a gosto

Modo de preparoLavar bem as bananas em água corren-

te. Cortar as pontas. Retirar as cascas naforma de bifes, sem parti-las. Amassar o alhoe colocar numa vasilha junto com o sal. Colo-car as cascas das bananas nesse tempero.Bater os ovos como para omelete. Passar ascascas das bananas na farinha de trigo, nosovos batidos e, por último, na farinha derosca, sempre nessa ordem. Fritar as cascasem óleo bem quente, deixando dourar dosdois lados. Servir quente.

Receitas de lamber os dedos

Extraído da revista do Sesc no 83 www.sescsp.org.br/sesc/revistas

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Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

I a proteção da vida, saúde e segurançacontra os riscos provocados por práti-cas no fornecimento de produtos eserviços considerados perigosos ounocivos;

II a educação e divulgação sobre oconsumo adequado dos produtos eserviços, asseguradas a liberdadede escolha e a igualdade nas con-tratações;

III a informação adequada e clara sobreos diferentes produtos e serviços, comespecificação correta de quantidade,características, composição, qualida-de e preço, bem como sobre os riscosque apresentem;

IV a proteção contra a publicidade en-ganosa e abusiva, métodos comer-ciais coercitivos ou desleais, bem co-mo contra práticas e cláusulas abusi-vas ou impostas no fornecimento deprodutos e serviços;

V a modificação das cláusulas contra-tuais que estabeleçam prestações

desproporcionais ou sua revisão emrazão de fatos supervenientes que astornem excessivamente onerosas;

VI a efetiva prevenção e reparação dedanos patrimoniais e morais, indivi-duais, coletivos e difusos;

VII o acesso aos órgãos judiciários eadministrativos com vistas à preven-ção ou reparação de danos patrimo-niais e morais, individuais, coletivosou difusos, assegurada a proteçãojurídica, administrativa e técnica aosnecessitados;

VIII a facilitação da defesa de seus direi-tos, inclusive com a inversão do ônusda prova, a seu favor, no processocivil, quando, a critério do juiz, forverossímil a alegação ou quando forele hopossuficiente, segundo as re-gras ordinárias de experiências;

IX (Vetado);

X a adequada e eficaz prestação dosserviços públicos em geral.

CÓDIGO DE DEFESADO CONSUMIDOR

Conjunto básico dasregras que protegem o cidadão contra osmaus fornecedores

Dire i tos c iv isTEXTO 6

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho18

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Al imentação e saúdeTEXTO 7

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 19

OS ALTOSLUCROS DOS

MAUS HÁBITOSCulpamos os pacientes

pelos maus hábitos,mas esquecemos que

nada é casual

Paulo Bento Bandarra

Arevista Veja de 17/6/2003 abordou aestatina, nova esperança no combateàs doenças cardíacas por sua eficácia

na queda do colesterol. Já é a droga maisvendida no mundo. Está também sendousada contra diabetes, angina, osteoporose,inflamações, Alzheimer, câncer de mama epróstata. Sem entrar no mérito da estatinacomo arma terapêutica, certamente não é asolução para a má alimentação e a inversãode valores da sociedade de consumo. Vive-se para comer, não se come para viver me-lhor. A alimentação passou a ser um produ-to comercial, que foge de sua funçãonatural. Seu consumo é estimulado a todahora pela mídia para quem tem poder aqui-sitivo e, portanto, já está alimentado. Então,inventam-se guloseimas para um consumo

cada vez maior, para que o lucro se faça pre-sente nos negócios de alimentação.

Bom para a indústria

A comida perde suas principais quali-dades e funções para ser vendida por seusatrativos visuais, gustativos, táteis, para quese consuma mesmo sem necessitar. Asgorduras utilizadas são de má qualidade,visando aumentar o lucro com produtos depreços mais baixos. Não são alimentosbalanceados para uma alimentação saudá-vel. Visam, principalmente, a quebra daresistência do consumidor, induzido à inges-tão maior. E como a concorrência existe, abriga é para cada vez se comer mais.

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Texto 7 / A l imentação e saúde

Publicado no Observatório da Imprensa

20 • Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho

Os resultados já são considerados alar-mantes, com epidemias de obesidade, hi-pertensão, cardiopatia e diabetes – excessode alimentação de alguns, fome de outros,que não participam da festa por falta depoder aquisitivo.

A solução desses problemas pela viamedicamentosa, como adverte a reporta-gem da Veja, é a pior possível. É tentar re-mediar um mal com outro. Não serão osmedicamentos que solucionarão os proble-mas advindos do tabagismo, do alcoolismo,do excesso de comida. Aumentar gastoscom exames, medicamentos de prevençãoe recuperação, tratamentos crônicos, hospi-talizações e cirurgias corretivas é a piorsaída para uma questão simples, de causatotalmente conhecida, mas de difícil enfren-tamento, pois as indústrias apostam todasas suas fichas nesse estado de coisas, e amídia participa desse mercado de encanta-mento lucrando sua parcela na promoção

da venda. Associa-se ao problema a indús-tria de alimentos de baixa caloria, para quese coma maior volume com menor efeito noganho de peso, criando ao mesmo tempodependência do hábito de comer demais.

É uma atitude tola medicar os maushábitos, pois se desperdiçam recursos quepoderiam ser aplicados em áreas mais úteis.O New York Times de 13 de julho anuncioua necessidade de se prescreverem estatinaspara níveis mais baixos de colesterol! (ouseja, aumentar as vendas). Tratar pessoaspara que possam manter a ingestão excessi-va é uma distorção absurda. Passar a vidacomendo para dar lucro à indústria dealimentos insalubres, para depois acabar avida tomando remédios só é bom para aindústria. Inclusive a midiática.

Crianças obesas sendoatendidas no Instituto

Novere, na Vila Mariana,em São Paulo, que

realiza um programa pararedução de ingestãode alimentos e com

exercícios para crianças carentes obesas.

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Ao tomar um copo de leite, a gente dápouca atenção ao significado dessaação. O gostoso líquido foi produzi-

do, embalado, transportado e vendido atéchegar ao copo para ser consumido. Aliás,o copo também foi produzido, embalado,transportado e vendido, envolvendo umgrande número de trabalhadores de diver-sas esferas da produção, distribuição ecomercialização, esferas que, por sua vez,consumiram quantidades de energia ematéria-prima.

Como então esse leite chegou até omomento de poder ser consumido? Nas ci-dades, provavelmente alguém foi até apadaria comprar um litro de leite. Segura-mente pediu a um balconista aquilo queprecisava. O balconista teve como primeira

tarefa do seu dia de trabalho guardar o lotede leite, que chegou de madrugada, na

geladeira, para que não estragas-se. Ele é um trabalha-

dor, funcionário do dono do estabelecimen-to. Pode ser um empregado com registro naCarteira de Trabalho conforme manda a lei,ou fazer parte do contingente de trabalha-dores que vivem relações de trabalho consi-deradas precárias.

No momento da compra do produto,foi necessário escolher entre marcas, ti-pos e embalagens de leite com preços dife-renciados, assim como tomar algumasprecauções: olhar a data de validade doleite, como estava armazenado (com boascondições de refrigeração), se a emba-lagem estava intacta etc. Foi preciso confe-rir o troco e guardar o comprovante daoperação de compra e venda do produto,pois, com ele, o consumidor, caso lesado,pode recorrer ao serviço de atendimentoao consumidor da empresa fornecedora doleite, às associações de defesa deconsumidores civis e governa-mentais.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 21

Hábitos a l imentaresTEXTO 8

A CORRENTE BRANCAO leite é muito mais do que o produto de fêmeas mamíferas

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Texto 8 / Hábi tos a l imentares

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho22

No preço pago pelo produto, há tam-bém impostos embutidos, que geram nu-merário para que o governo forneça servi-ços, contrate obras e fiscalize, por meio deuma série de órgãos da administraçãopública, a produção, a distribuição e acomercialização, por exemplo, daquele lei-te, para garantir suas condições de higienee qualidade, assim como verificar o cum-primento das leis que regulam as relaçõesde trabalho e consumo. Essas leis, conquis-tadas ao longo da história pelos cidadãosorganizados, partem do reconhecimentoda desigualdade de forças existente nasrelações de trabalho e consumo e visamproteger os cidadãos contra abusos e dis-criminações.

A renda auferida pelo proprietário dapadaria na venda do leite e de outros produ-tos pode ser depositada ou aplicada numbanco. O banco, parte do sistema financei-

ro, reúne uma variedade de trabalhadorescom diferentes qualificações, remuneraçõese direitos, sindicatos e associações profissio-nais. Enquanto o depositante mantém seudinheiro no banco, a instituição financeira outiliza, juntamente com o depósito de milha-res de outros clientes, em operações finan-ceiras e de crédito, sujeitas a taxas de juroscobradas de outras pessoas, empresas ouorganizações que solicitam dinheiro parafinanciar sua produção, seus projetos e atéas suas dívidas.

É, parece que um copo de leite “escon-de” muito leite mesmo!

Para esse leite poder ser consumido,precisou ser transportado do laticínio atéa padaria. Uma série de trabalhadores, osmotoristas, proprietários de seus cami-nhões ou funcionários de empresas trans-portadoras, sujeitos a determinadas condi-ções de salário e trabalho com seus direi-

A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

1 Produção 2 O transporte

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Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 23

tos e sindicatos, fazem esse serviço pelamadrugada afora. Para transportar o leitesão necessários caminhões com refrigera-ção, projetados e produzidos em grandesfábricas nacionais ou multinacionais quecon- somem energia e matéria-prima e que,novamente, empregam um grande númerode trabalhadores com diferentes especia-lizações, sujeitos a diferentes formas deorganização do trabalho, salários e direi-tos, possivelmente também organizados emseus sindicatos ou associações profissio-nais. Esses caminhões foram, por sua vez,vendidos por concessionárias que, também,reúnem trabalhadores do comércio, comsua respectiva organização.

O laticínio, formado no Brasil inicial-mente por cooperativas e com a presença,atualmente, de empresas multinacionais nosetor, é a indústria do produto. É aí que oleite será pasteurizado, homogeneizado e

embalado. Máquinas e outros instrumentossão necessários para a realização do proces-so, produzidas, também, por fábricas, como trabalho dos engenheiros, projetistas eoperários. A indústria do leite desenvolveu,além dos leites tipos A, B, C (diferenciadospelo seu teor de gordura entre outrosaspectos), outros tipos de leite: o leitelonga vida, o leite condensado, o leite empó, o leite desnatado, assim como umasérie de produtos lácteos, como bebidascom gosto de frutas, os mais variados iogur-tes (tradicionais, com polpas de frutas,diets e lights), atingindo, dessa forma,públicos diferenciados por idade e poderaquisitivo.

Uma parte da produção do leite nãochega ao consumidor diretamente. Pães,bolos da indústria de panificação e outrosprodutos o utilizam como ingrediente. Paraque a população compre (e não só uma vez,

3 O processamento 4 A distribuição

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Texto 8 / Hábi tos a l imentares

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho24

mas, se possível, sempre) um novo produtolácteo desenvolvido pela indústria do laticí-nio, é necessário que ela tome conhecimen-to da existência da mercadoria e sinta a neces-sidade de consumi-la. A propaganda, nassociedades modernas, utilizando os meiosde comunicação de massa, tem o papel deinformar e “convencer” a pessoa de que ela“deve” comprar determinadas marcas e pro-dutos. Este é outro setor que emprega otrabalho de uma série de profissionais quese dedicam ao estudo do perfil dos possíveisconsumidores do produto, para encontrar oscaminhos de seu sucesso de vendas.

Mas para que o laticínio possa dar inícioa todo esse processo é necessária a matéria-prima: o leite. Para tanto, ainda é necessária apropriedade da terra (grandes propriedades,pequenas propriedades cooperadas etc.), aplantação e manutenção do pasto, o cuidadodos animais, a cargo de trabalhadores, sujeitos

a diferentes relações de trabalho, para que seproduza esse importante e complexo líquido.

Portanto, para que tudo isso possa apare-cer nas prateleiras, trabalhadores com habilida-des e conhecimentos diferenciados e adequa-dos produzem e controlam a produção. Todoseles trabalham para obter remuneração que lhespermita comprar o leite e outros produtos queconsideram necessários para si e para os seus.

Pelo que se viu, o leite é muito mais queum “líquido branco, opaco, segregado pelasglândulas mamárias das fêmeas dos animaismamíferos” (...)

Trecho extraído dos Parâmetros Curriculares Nacionais – CadernoTrabalho e Consumo – MEC.

5 O varejo 6 O consumo final

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ConsumismoTEXTO 9

CONSUMERISM Mike Baldwin

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 25

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TABACO Y ECONOMÍA PERSONALFeliciano Robles Blanco

Hola amigas y amigos: Este aporte vaespecialmente dedicado a aquellaspersonas que por causas familiares o

profesionales estéis en contacto con jóvenesadolescentes que se estén iniciando en elconsumo de tabaco o ya sean fumadoreshabituales, porque quizás sea un argumen-to que les incite a no fumar en el futuro odejar de fumar si ya son fumadores habi-tuales.

Yo nunca he fumado precisamenteporque un día un profesor que yo tuve dematemáticas me hizo el razonamiento quevoy a exponerles. Así se lo he contadomuchas veces a mis alumnos y a mis hijosy algunos me han hecho caso y no hanfumado para preservar su economía per-sonal.

El razonamiento es el siguiente:

Actualmente una cajetilla de tabacovale 2,60 euros y un fumador habitual con-sume más o menos una cajetilla diaria, asíque si decide no fumar dispone de 2,60euros diários para gastarlo en otras cosasque le plazca más que fumar.

Si es un poco ahorrativo y no fuma alcabo de una semana dispondrá de un aho-rro de 18,20 euros para gastar en algunascosas de cierto valor.

Si en vez de gastarlo en una semanadecide guardarlo un mes, podrá disponerde un ahorro de 72,80 euros, que ya le per-mitirá gastarlo en algo significativo.

Pero si decide seguir ahorrando du-rante un año, ya juntará un montante de873,60 euros con lo que podrá darse algúngusto interesante e inolvidable.

Os per igos do fumoTEXTO 10

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho26

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8.736en 10 años y sepodrá comprar uncoche nuevo

La economía personal(en valores aproximados)

873,60 euros

72,80 euros18,20 euros

en una semana en un mes en 1 año

Pero si tiene la fuerza de voluntad deseguir ahorrando y lo guarda durante 10años, ya tendrá un montante de 8.736euros que si lo ha tenido en un banco fijocon el capital ahorrado y los intereses gene-rados ya se podrá comprar un coche nuevo.

Por lo cual si la vida de un coche apro-ximadamente es de diez años, significa quecon el ahorro que tiene por no fumar cadadiez que vaya viviendo podrá ir compran-do un coche nuevo a expensas del ahorrogenerado por no ser fumador.

Este cálculo es fácil de comprender yrealizar por cualquier adolescente y a veceseste razonamiento les resulta más convin-cente.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 27

GLOSARIOAhorrar. economizar, pouparAhorrativo. econômicoAporte. contribuiçãoCajetilla. maço de cigarroCoche. carroDejar. deixarFumador. fumante Hijos. filhosHizo. fez (passado do verbo hacer)Inolvidable. inesquecívelIntereses. jurosQuizás. talvezRazonamiento. raciocínioTabaco. fumo, cigarro

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Recebi uma tarefa Que faço com amorFalar sobre o direitoDe todo consumidorSeja pobre, seja ricoNão pague “mico”Aprenda a dar valor

O direito é amploGarante a ConstituiçãoDe quem compra à vistaOu mesmo a prestaçãoProduto com garantiaPro uso ter serventiaÉ dever e obrigação

Por isso vamos falarNesse livrinho rimadoOs passos que devemosDia-a-dia com cuidadoSeguir para comprarPra melhor utilizarNosso dinheiro suado

Primeiro fique sabendoQuem é o consumidorÉ aquele que compraE utiliza do credorBens e outros produtosPagando os tributosDentro do real valor

E quem é o fornecedor?Respondo com certezaAquele que te vendeE passa com clarezaTodas as informaçõesAs normas e instruçõesSem usar de “esperteza”A relação de consumoExplico sem temorÉ aquele que ocorreEntre o consumidorQue compra seus bensEm lojas ou armazéns E o seu fornecedor

CONSUMIDOR CONSCIENTE

Cordel bem-humorado fala sobre direitos civis

Defesa do consumidorTEXTO 11

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho28

Domingos Alves E. Neto – Cabo BM

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Também nos serviçosPagos e utilizadosSeja em órgãos públicosOu nos privatizadosReforma ou pinturaConserto ou costuraO que for “Acordado”

Ocorrendo problemasAlterando a relaçãoProcure seus direitosExija retificaçãoNão havendo “acerto”Ficando no: “prometo”Faça a reclamação

Percebido o defeitoSendo de fabricaçãoTrinta dias é o prazoPara a sua correçãoNão foi corrigido?Pode ser exigidoA troca ou restituição

Também são trinta diasPra exercer o direitoSe produto não durávelVier já com defeitoSe durável, aumentaNeste caso, pra noventaDa Lei tire proveitoCaso alguém envieSem a sua solicitação

Produto ou serviçoSerá demonstraçãoNão pode ter cobrançaMantenha na lembrançaVocê não tem obrigação

Se for cartão de créditoNão caia em tentaçãoQuebre, ligue, reclameNão faça utilizaçãoPorque se uso for feitoFicará como aceitoNão terá outra opção

Compras por telefoneOu reembolso postalVendas porta a portaNão são de todo malVindo a se arrependerSete dias pra devolverDe volta o valor total

O colégio não pode Documentos reterSe pai de alunoPrestação deverDeve sim, negociarSó pode desligar Ao ano letivo vencer

Outro caso abusivoÉ oferta condicionadaSendo muito conhecida

Como venda casada“Empréstimo com seguro”Saia de cima do muroDenuncie a palhaçadaSe por algum motivoSua conta atrasarNão seja enganadoVou logo te avisarA multa é dois por centoNão aceite outro aumento

No direito você estáTem outra coisa ainda,Na hora da cobrançaO código não permiteQue passem insegurançaAmeaçar o consumidorÀ humilhação o exporOu agir com ignorância

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 29

Ilust

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Caso alguém lhe cobreUm valor indevidoVocê terá o direitoE dinheiro devolvido Em dobro do valorE pra dar mais saborAinda vem corrigido

A propaganda deve serTotalmente corretaNão se pode induzirA não ter mente abertaA comprar gato por lebreNem farinha para febrePois a multa é certaNa hora da entregaA euforia é totalSaiba como agirCom lógica racionalConfira a mercadoriaPeça termo de garantiaExija a nota fiscalPois são os documentosEm caso de reclamaçãoVerifique a embalagemSe não tem violaçãoSe tiver algo erradoEstando tudo violadoFaça a devolução

Foram só algumas dicasO Código é mais completoProcure informaçõesLeia e fique espertoConsumidor conscienteCidadania presenteO canal está aberto

O Procon AssembléiaEstá à disposiçãoFaça uma visitaDê sua opiniãoA casa é do povoVou dizer de novoMe garanta satisfação

Existem outros órgãosLigados à defesaDe você consumidorDigo com certeza Procure pro seu bemO DECON ou o IPEMAqui em Fortaleza

Texto 11 / Defesa do consumidor

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho30

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Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 31

Consumismo

UM DESENHO Guto Lacaz

TEXTO 12

Publicado na revista Caros Amigos

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TransgênicosTEXTO 13

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho32

Alberto Ororubá

UMAVISÃO DO FUTURO II

Uma projeção bem humorada da trajetória atual da humanidade

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Os alimentos geneticamente modifica-dos (os transgênicos) foram substituí-dos pelos geneticamente constituídos.

Quer dizer, nada mais é natural. E tem mais,é possível escolher o sabor entre 250 opções,para qualquer tipo de alimento.

Muitos alimentos já vêm com remédiosembutidos contra a maioria das doenças. Vaci-na não existe mais. Antes da concepção, o paida criança toma uma vacina múltipla, contra1.600 tipos de enfermidades, e pronto!

Além dos alimentos super-light, semcalorias e sem sabor, chega uma novidade;o ultra-light. Este último, em forma de com-primidos, além de não alimentar, é idealpara quem quer perder peso. Funcionaassim: a pessoa chega na farmácia e pede“Me dá um comprimido de 1 mês de exercí-cios!”. Isso é a mesma coisa que correr por 3horas, 5 dias por semana, durante um mês.Tudo isso sem cansar e de efeito quaseimediato. É incrível!

Um dos exemplos práticos da modifica-ção genética dos alimentos foi a inclusão dogene do inhame nos grãos de arroz. Resul-tado, grãos de arroz com até 5 quilos cada.Um único pé de arroz dos pequenos produzagora 1 tonelada de alimento.

Os animais e insetos também forammodificados geneticamente, não pelo ho-mem, mas pelos alimentos transgênicos.Também o foram os vírus e as bactérias,mas isso é outro assunto.

As pessoas podem escolher a aparênciae sexo dos seus filhos antes do nascimento.Então é comum, em algumas cidades, en-contrarmos centenas de pessoas iguais emhomenagem a alguém famoso.

Sei de um caso em que a personalidademais importante e admirada do lugar era umpersonagem de um desenho animado japo-nês chamada BarataMon. Assim se originoua primeira geração de baratas humanas.Tinham uma nítida vantagem sobre os de-

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 33

Experiência em laboratório testa nova técnica de reconstituição de tecidos.

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mais humanos; comiam de tudo e com issonão havia fome na comunidade. Mas, nacidade, os chinelos estavam proibidos.

A polícia local bem que tentou, masnunca conseguiu deter o avanço do tráficode drogas naquele lugar. Resultado: o índi-ce de pessoas viciadas em detefon crescia acada ano.

Alguns ratos geneticamente modifica-dos, que foram treinados em laboratóriossecretos de pesquisa para aprenderem a ler(a idéia era usar esses animais inteligentesem espionagem industrial e na guerra),finalmente se rebelaram e fugiram para asmontanhas de lixo. Nasceu assim uma novaraça – a dos ratos falantes. Com o tempo,aprenderam a andar com duas pernas ape-nas e passaram a conviver normalmentecom os humanos.

E, da união dos humanos com os ratosnasceu o RatoMon, uma mistura de homemcom rato. Nas cidades onde eram maioria,não existiam gatos. Por algum motivo quenão sabiam explicar direito, não os supor-tavam.

Um cientista muito famoso, estudiosoda evolução das espécies, chamado CharlesRatwin, chegou à conclusão de que o ho-mem, na verdade, descendia do rato. Disseisso baseado numa descoberta arqueológicafantástica.

Foi assim: na África central, um pesqui-sador, ao cair acidentalmente numa caverna,encontrou um fóssil de rato com 2 metros de

altura que segurava na mão uma mamadei-ra decorada com a fotografia de uma crian-ça. Conclusão: O fóssil era de uma rata, quedera à luz uma criança humana e a estavaalimentando quando aconteceu a catástrofe:um cometa recheado de Racumin colidiucom a Terra e exterminou 90% da popula-ção de ratos, até então os dominantes doplaneta.

Daí a expressão de dúvida ainda muitocomum hoje em dia: “Você é um homem ouum rato?”

Texto 13 / Transgênicos

• Consumo, Qualidade de Vida e Trabalho34

GLOSSÁRIOTransgênico. termo usado para designaralimentos que tiveram sua estruturaalterada por engenharia genética paraganhar características desejáveis.Racumin. espécie de veneno para ratos.Light. termo usado para designar alimentos com pouco valor calórico.Detefon. espécie de veneno comercialmultiuso.

O autor é desenhista e pensador e nas horas livres tenta escreveralguma coisa sobre o futuro do planeta. Sua fonte de inspiração sãoas pessoas e como elas vivem atualmente.

Extraído do sitededicas.uol.com.br/conto_leitor12b.htm

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Dire i tos do consumidorTEXTO 14

O consumidor consciente sabe quanto pode gastar sem comprometer o seu orçamento. Não foi isso que aconteceu em janeiro de 2006, quando o volume de cheques sem fundos cresceu quase 25%.

SACO SEM FUNDO

Comparando com o mês de janeiro de2005, quando 15 cheques a cada milforam devolvidos, o índice de 19

cheques devolvidos em janeiro de 2006revela que o consumidor brasileiro está gas-tando mais do que pode pagar.

Esse alto índice reflete uma má admi-nistração das finanças pessoais. Muito dissoé reflexo das compras de Natal, feitas nabase do crediário, quando a dívida contraí-da no ano anterior precisa ser paga noinício do ano seguinte. Isso engessa o orça-mento e compromete o pagamento deoutras despesas comuns nessa época doano, como IPTU, IPVA e despesas escolares.

Antes de contrair dívidas, é recomenda-do ao consumidor avaliar os riscos de com-prometer uma grande parte do orçamentocom o pagamento de juros – no Brasil prati-ca-se uma das maiores taxas do mundo. Namedida do possível, deve-se comprar à vista.

Mas o consumidor não é o único “cul-pado” pela alta taxa de inadimplência. Oscomerciantes que não fazem os procedi-mentos de análise de crédito para auto-rizar a compra também têm sua parcela deresponsabilidade.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 35

Extraído do site www.akatu.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1334&sid=10&tpl=view%5Ftipo4%2Ehtm

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“Faixa de Gaza” (em referência àconflituosa região do Oriente Mé-dio, onde se enfrentam judeus e

palestinos) é como os cariocas chamam umdeterminado trecho da avenida Rio Branco– uma referência bem-humorada e umtanto mórbida – aos constantes enfrenta-mentos entre o comércio ambulante ilegale a Guarda Municipal.

Pelo local, passam diariamente mais de500 mil pessoas, potenciais consumidoresdos produtos oferecidos. A área é o localde maior concentração de camelôs pormetro quadrado do Rio. Ali, vendem-selivremente produtos pirateados como CDs,DVDs, relógios, camisas, cigarros, tênis esapatos.

Segundo dados da Secretaria de Gover-no do município, cerca de mil camelôsilegais atuam no centro da cidade e onúmero aumenta para até 1,3 mil poucoantes do Natal. Além desses, existe ainda ochamado comércio ambulante legal, auto-rizado pela prefeitura, formado por maisde dois mil camelôs cadastrados pela Secre-taria de Governo. Eles são proibidos devender mercadorias falsificadas ou contra-bandeadas, mas, apesar da formalidade, éfácil achar produtos pirateados entre os

No Rio, comércio ilegal transforma centro da

cidade em zona de guerra

Comérc io i legalTEXTO 15

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho36

A PIRATARIA ATACA

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ambulantes legalizados. Os camelôs quevendem produtos piratas transformaram ocentro do Rio num território demarcado,com uma estrutura parecida com a do tráfi-co de drogas. Eles são arredios e violentos.A maioria é jovem, entre 19 e 25 anos deidade, e reside na Baixada Fluminense.Cada ambulante tem o seu ponto de venda,que não pode ser ocupado por outro, sobpena de gerar uma guerra entre eles. Umdos camelôs diz ter plena consciência deque vende camisas pirateadas de marcasfamosas, mas alega precisar da “camelo-tagem” para sobreviver. “Não tenho estudo(primeiro grau incompleto), e ninguém medá emprego”, justifica.

Abordagem esportiva

As mercadorias pirateadas são vendi-das abertamente, bem à frente dos olhosdos policiais militares que fazem a seguran-ça do centro da cidade. Nesse comércioilegal, é possível comprar desde um relógio

“Rolex” por R$ 9,99 a uma camisa “Lacos-te” por R$ 15. Nas lonas montadas pelosambulantes, também podem ser encontra-dos um pacote de quatro CDs de sucessosatuais por R$ 10, DVDs de filmes por R$ 5e tênis da “Nike” por R$ 25. A poucos quilô-metros dali, no Maracanã, uma barracainstalada no principal portão de entrada doEstádio Mário Filho vende camisas declubes de futebol, todas pirateadas. A cami-sa da seleção brasileira, a mais procuradapelos turistas que visitam o estádio, custa,em média, R$ 40.

O comércio formal do centro da cida-de é o mais prejudicado com ação doscamelôs, pois é obrigado a fechar suas lojasnos momentos de conflito com a polícia; aconcorrência desleal dos produtos falsifica-dos causa perdas ao setor de mais de 1bilhão de reais por ano.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 37

Foto: Daniela Conti / Ag. O Dia / AE

Pirataria de CD's na avenida RioBranco, centro da cidade doRio de Janeiro.

Extraído de www.radiobras.gov.br/especiais/Piratariapirataria_mat5.htm

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RESPEITO PELA(TENRA) IDADE

Telev isãoTEXTO 16

• Consumo, Qualidade de Vida e Trabalho38

Debate sobre publicidade dirigida a crianças constata que vulnerabilidadeinfantil parte da idéia de que o consumismo traz a felicidade. Vários países restringem esse tipo de anúncios, o que não ocorre no Brasil.

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Consumo, Qualidade de Vida e Trabalho • 39

ESPECIALISTAS QUEREM QUE A PROPAGANDA INFANTILSEJA REGULAMENTADA

Fernanda Sucupira

As crianças brasileiras estão entre asque mais assistem à televisão nomundo todo. Enquanto elas perma-

necem em média três horas e meia por diadiante da televisão, as alemãs não ficammais do que uma hora e meia. Conside-rando que esse meio de comunicação chegaa 98% dos lares brasileiros, pode-se teridéia do papel da televisão na formação dascrianças. A publicidade televisiva, por meiode comerciais e merchandising, as influên-cia no comportamento e no modo de pen-sar, resultando no crescente consumismoapresentado nos últimos tempos. Este foi oprincipal assunto discutido durante o IFórum Internacional Criança e Consumo,no qual especialistas defenderam que apropaganda destinada a crianças seja regu-lamentada no Brasil, a exemplo de outrospaíses.

Longa tramitação

Desde 2001, está em tramitação naCâmara dos Deputados, um projeto de leide autoria do deputado Luiz Carlos Hauly

(PSDB-PR) que altera o Código de Defesado Consumidor, proibindo a publicidade deprodutos infantis. A Campanha “Quemfinancia baixaria é contra a cidadania”,organizada pela Comissão de Direitos Hu-manos da Câmara em parceria com organi-zações da sociedade civil, colocou essa ques-tão como prioritária e realizou, em 2005,audiências públicas com o objetivo de cons-truir coletivamente uma proposta, a partirdo projeto de lei.

Regulamentação

Após amplo debate com a sociedadecivil, a deputada federal Maria do CarmoLara (PT-MG), relatora da proposta naComissão de Defesa do Consumidor, con-clui que a grande maioria é favorável àregulamentação desse tipo de propagandae não à proibição total. O coordenador dacampanha, o deputado federal OrlandoFantazzini (PSOL-SP) considera que a medi-da provocaria uma pressão imensa das em-presas anunciantes e de marketing. Por isso,o grupo optou por, em vez de apresentar umprojeto proibindo, dar o primeiro passo queé a regulamentação.

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O substitutivo da deputada Maria doCarmo vai propor que toda propagandadirecionada a crianças e adolescentes sópossa ser exibida após as 22 horas, quandosupostamente pais ou responsáveis estãoem casa e vão poder analisar se o brinque-do, vestuário ou alimento anun-ciado é indispensável ou nãopara a formação de seus filhos.A decisão dos produtos a seremconsumidos ficariam, assim, acargo deles e não das crianças,muito mais vulneráveis aosapelos da publicidade. Esse seriaapenas o primeiro passo a cami-nho da proibição total.

O que acontece nos outros países

Diversas pesquisas mos-tram que nos primeiros anos devida a criança não sabe sequerdistinguir entre o que são osprogramas das emissoras detelevisão e as propagandas. Sópor volta dos doze anos ela temcapacidade de entender perfei-tamente o objetivo comercial da publici-dade, ou seja, que a intenção do anunci-ante é vender o seu produto. Por contadisso, em janeiro de 2005, a Suécia proi-biu completamente a propaganda paracrianças na TV, após realizar um plebisci-to, com mais de 80% das pessoas favorá-veis à medida.

Em diversos outros países já existelegislação rigorosa que regulamenta essaquestão, impondo limites e horários paraesses comerciais serem veiculados. AInglaterra, por exemplo, determina que apublicidade deve ser dirigida aos pais e

limita o preço do que podeou não ser anunciado, impe-dindo a veiculação de propa-ganda de produtos conside-rados muito caros. Alémdisso, toda a publicidade in-fantil inglesa é examinada eclassificada previamente.

Em alguns países, comona Alemanha, crianças nãopodem apresentar publicida-de de produtos sobre os quaiselas não teriam conhecimen-to ou que não seriam donatural interesse delas, comoanúncios de instituições ban-cárias. Na Espanha, entreoutros países, artistas ou per-sonagens de TV, como de de-senhos animados e apresen-

tadores de programas infantis, nãopodem participar de peças publicitáriaspor causa da influência que exercemsobre as crianças. O merchandising emprogramas infantis é vetado em diversospaíses e em outros essas atrações televisi-vas não podem ser interrompidos poranúncios publicitários.

Texto 16 / Te lev isão

• Consumo, Qualidade de Vida e Trabalho40

98% dos laresbrasileiros têmtelevisão

3h30é o tempo que ascrianças brasileirasficam na frenteda televisão

Na Alemanha, essetempo é de 1h30

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Vulnerabilidade infantil

Segundo a psicanalista infantil AnaOlmos, a televisão e a publicidade em sinão são prejudiciais à criança, os efeitosprovocados por elas dependem, na verda-de, do uso que se faz delas. “Por trás daspropagandas existe a idéia de que se vocêcomprar tal produto vai se completar, seincluir, fazer parte do grupo das pessoasfelizes, ricas e bonitas”, analisa.

Em certos lugares, a regulamentação nãose restringe à publicidade televisiva, mas atin-ge também as embalagens dos produtos – quena Suécia devem ser neutras – e incluem aproibição do estímulo ao consumo excessivo

de alimentos. É vetada a publicidade deprodutos com brinquedos embutidos e figu-rinhas para colecionar, como fazem no Brasilalguns fabricantes de chocolates, cereais elanches de redes de fast-food, o que prati-camente força o consumo infantil. Osalimentos gordurosos ou doces consumidosem excesso podem levar a problemas nutri-cionais sérios como o sobrepeso e a obesi-dade, que vêm crescendo entre crianças eadolescentes brasileiros.

Consumo, Qualidade de Vida e Trabalho • 41

Fonte P Agência Carta Maiorwww.cartamaior.uol.com.br

A propaganda intensiva na televisão

voltada para o público infantil

influencia a lista de compras da família.

Foto: Vidal Cavalcante / AE

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• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho42

Eu tinha doze garrafas de uísque na minha adega e minhamulher me disse para despejar todas na pia, porque senão...

– Assim seja! Seja feita a vossa vontade, disse eu, humil-demente. E comecei a desempenhar, com religiosa obediência,a minha ingrata tarefa.

Tirei a rolha da primeira garrafa e despejei o seu conteúdona pia, com exceção de um copo, que bebi.

Extraí a rolha da segunda garrafa e procedi da mesmamaneira, com exceção de um copo, que virei.

Arranquei a rolha da terceira garrafa e despejei o uísquena pia, com exceção de um copo, que empinei.

Puxei a pia da quarta rolha e despejei o copo na garrafa,que bebi.

Apanhei a quinta rolha da pia, despejei o copo no resto ebebi a garrafa, por exceção.

Agarrei o copo da sexta pia, puxei o uísque e bebi a gar-rafa, com exceção da rolha.

Tirei a rolha seguinte, despejei a pia dentro da garrafa,arrolhei o copo e bebi por exceção.

Quando esvaziei todas as garrafas, menos duas, queescondi atrás do banheiro, para lavar a boca amanhãcedo, resolvi conferir o serviço que tinha feito, de acor-do com as ordens da minha mulher, a quem não gostode contrariar, pelo mau gênio que tem.

Uma forma simples decomplicar qualquer

raciocínio

Os per igos do á lcoolTEXTO 17

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Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 43

Segurei então a casa com uma mão e com a outra conteidireitinho as garrafas, rolhas, copos e pias, que eramexatamente trinta e nove. Quando a casa passou mais umavez pela minha frente, aproveitei para recontar tudo e deunoventa e três, o que confere, já que todas as coisas nomomento estão ao contrário.

Para maior segurança, vou conferir tudo mais uma vez,contando todas as pias, rolhas, banheiros, copos, casas egarrafas, menos aquelas duas que escondi e acho que não vãochegar até amanhã, porque estou com uma sede louca.

Extraído do livro Máximas e Mínimas do Barão de Itararé, Editora Record –Rio de Janeiro, 1985, pág. 28 e seguintes, uma coletânea organizada porAfonso Félix de Sousa.

O brasão da Casa de Itararé

Apparício Torelli, Barão de Itararé, oBrando, (1895/1971), “campeão olímpico dapaz”, “marechal-almirante e brigadeiro do arcondicionado”, “cantor lírico”, “andarilho daliberdade”, “cientista emérito”, “político inquie-to”, “artista matemático, diplomata, poeta, pin-tor, romancista e bookmaker”, como se definia,era gaúcho e é um dos maiores humoristas detodos os tempos. Dele disse Jorge Amado: “Maisque um pseudônimo, o Barão de Itararé foi umpersonagem vivo e atuante, uma espécie de DomQuixote nacional, malandro, generoso, e gozador,a lutar contra as mazelas e os malfeitos”.

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Biodiesel é um combustível biodegra-dável derivado de fontes renováveis,que pode ser obtido por diferentes

processos tais como o craqueamento, aesterificação ou pela transesterificação.Esta última, mais utilizada, consiste numareação química de óleos vegetais ou degorduras animais com o álcool comum(etanol) ou o metanol, estimulada por umcatalisador. Desse processo também seextrai a glicerina, empregada para fabrica-ção de sabonetes e diversos outros cosmé-ticos. Há dezenas de espécies vegetais noBrasil das quais se pode produzir o biodie-sel, tais como mamona, dendê (palma),girassol, babaçu, amendoim, pinhão mansoe soja, entre outras.

Biodiesel: conceito e funções O biodiesel substitui total ou parcialmen-

te o óleo diesel de petróleo em motores ciclo-diesel automotivos (de caminhões, tratores,camionetas, automóveis, etc.) ou estacioná-

Os combustíveis renováveis podemgerar um novo país

Desenvolv imento sustentávelTEXTO 18

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho44

FEITO EM CASA

Funcionário mostra mamona seca, nausina de beneficiamento de óleo da

Fazenda Normal, no distrito deUruque, em Quixeramobim, CE.

Foto: Jarbas de Oliveira /AE

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rios (geradores de eletricidade, calor, etc.).Pode ser usado puro ou misturado ao dieselem diversas proporções. A mistura de 2% debiodiesel ao diesel de petróleo é chamada deB2 e assim sucessivamente, até o biodieselpuro, denominado B100.

Surgimento do biodiesel

O biodiesel já vemsendo pesquisado e já éconhecido desde o iníciodo século passado, prin-cipalmente na Europa. Éinteressante notar que,segundo registros histó-ricos, o Dr. Rudolf Dieseldesenvolveu o motor die-sel, em 1895, tendo leva-do sua invenção à mos-tra mundial em Paris,em 1900, usando óleode amendoim como com-bustível. Em 1911, teriaafirmado que “o motordiesel pode ser alimenta-do com óleos vegetais eajudará consideravelmente o desenvolvi-mento da agricultura dos países que ousarão”. O que estamos buscando fazer noBrasil é muito semelhante a isso, inicial-mente com ênfase na agricultura familiardas regiões mais carentes, como o Nordes-te, o Norte e o Semi-Árido brasileiro.

Experiência brasileira em biodiesel

O Brasil já foi detentor de uma patentepara fabricação de biodiesel, registrada apartir de estudos, pesquisas e testes desen-volvidos na Universidade Federal do Ceará,nos anos de 1970. Essa patente acabouexpirando, sem que o País adotasse o biodie-sel, mas a experiência ficou e se consolidou

ao longo do tempo. Progres-sos crescentes vêm sendofeitos em diversas universi-dades, institutos de pesqui-sa de diversos Estados, ha-vendo grande diversidadede tecnologias disponíveisno País. Existem tambémempresas que já produzembiodiesel para diversas fi-nalidades. Pode-se dizerque o Brasil já dispõe deconhecimento tecnológicosuficiente para iniciar eimpulsionar a produção debiodiesel em escala comer-cial, embora deva conti-nuar avançando nas pes-

quisas e testes sobre esse combustível defontes renováveis, como aliás se deve avan-çar em todas as áreas tecnológicas, deforma a ampliar a competitividade do pro-duto. Em resumo, é só usar e aperfeiçoar oque já temos.

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 45

100kg de óleo vegetal 10kg

de álcool

100kg de biodiesel

REAÇÃO

A FÓRMULA

10kg de glicerina (matéria-prima do sabonete)

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Vantagens do biodiesel para o Brasil Esse combustível renovável permite a

economia de divisas com a importação depetróleo e óleo diesel e também reduz apoluição ambiental, além de gerar alterna-tivas de empregos em áreas geográficasmenos atraentes para outras atividadeseconômicas e, assim, pro-mover a inclusão social. Adisponibilização de ener-gia elétrica para comuni-dades isoladas, hoje deelevado custo em funçãodos preços do diesel, tam-bém deve ser inserida co-mo forma de inclusão,que permite outras, comoa digital, o acesso a bens,serviços, informação, àcidadania e assim pordiante. Há que se conside-rar ainda uma vantagemestratégica que a maioriados países importadores de petróleo veminserindo em suas prioridades: trata-se daredução da dependência das importaçõesde petróleo, a chamada “petrodependên-cia”. Deve-se enfatizar também que a intro-dução do biodiesel aumentará a participa-ção de fontes limpas e renováveis em nossamatriz energética, somando-se principalmen-te à hidroeletricidade e ao álcool e colocan-do o Brasil numa posição ainda mais privile-

giada nesse aspecto, no cenário internacio-nal. A médio prazo, o biodiesel pode tor-nar-se importante fonte de divisas para oPaís, somando-se ao álcool.

Benefícios ambientais do biodiesel

Reduzir a poluição ambiental é hoje umobjetivo mundial. Todo diatomamos conhecimento deestudos e notícias indican-do os males do efeito estu-fa. O uso de combustíveisde origem fóssil tem sidoapontado como o principalresponsável por isso. AComunidade Européia, osEstados Unidos, Argentinae diversos outros paísesvêm estimulando a substi-tuição do petróleo porcombustíveis de fontesrenováveis, incluindo prin-cipalmente o biodiesel,

diante de sua expressiva capacidade de redu-ção da emissão de diversos gases causadoresdo efeito estufa, a exemplo do gás carbônicoe enxofre. Melhorar as condições ambientais,sobretudo nos grandes centros metropolita-nos, também significa evitar gastos dosgovernos e dos cidadãos no combate aosmales da poluição, estimados em cerca deR$ 900 milhões anuais. Além disso, a produ-ção de biodiesel possibilita pleitear financia-

Texto 18 / Desenvolv imento sustentável

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho46

O MAIOR PRODUTOR

A Alemanha é responsável por mais da metade da produção européia de combustíveis e já conta com centenas de postos que vendem o biodiesel puro (B100)

responsável por mais da metade da produção européia de combustíveis e já conta com centenas de postos que vendem o biodiesel puro (B100)

O total produzido na Europa passa de 1 bilhão de litros/ano

O total produzido na Europa passa de 1 bilhão de litros/ano

30% é o aumento (período de 1998 a 2002)30% é o aumento (período de 1998 a 2002)

Em 2010, os países da União Européia deverão usar pelo menos 5% de combustíveis renováveis

Em 2010, os países da União Européia deverão usar pelo menos 5% de combustíveis renováveis

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mentos internacionais em condições favore-cidas, no mercado de créditos de carbono,sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo(MDL), previsto no Protocolo de Kyoto.

Matérias-primas brasileiras para produção de biodiesel

Empregar uma única matéria-primapara produzir biodiesel num país com adiversidade do Brasil seria um grande equí-voco. Na Europa se usa predominantemen-te a colza, por falta de alternativas, emborase fabrique biodiesel também com óleosresiduais de fritura e resíduos gordurosos.Em nosso caso temos dezenas de alternati-vas, como o demonstram experiências reali-

zadas em diversos estados com mamona,dendê, soja, girassol, pinhão manso, baba-çu, amendoim, pequi, etc. Cada culturadesenvolve-se melhor dependendo das con-dições de solo, clima, altitude e assim pordiante. A mamona é importante para oSemi-Árido, por se tratar de uma oleagino-sa com alto teor de óleo, adaptada às condi-ções vigentes naquela região e para cujocultivo já se detêm conhecimentos agronô-micos suficientes. Além disso, o agricultorfamiliar nordestino já conhece a mamona.O dendê será, muito provavelmente, a prin-cipal matéria-prima na região Norte.

Às vezes se comenta que o Brasil nãovai produzir biodiesel de soja, por exem-

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 47

Aparelho biodigestorque filtra o óleo damamona antes de trasformá-lo embiodiesel na empresaem Campinas, interior de São Paulo

Foto

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plo. Na verdade, o objetivo do GovernoFederal com o PNPB é promover a inclusãosocial e, nessa perspectiva, tudo indica queas melhores alternativas para viabilizaresse objetivo nas regiões mais carentes doPaís são a mamona, no Semi-Árido, e odendê, na região Norte, produzidos pelaagricultura familiar. Diante disso, será dadotratamento diferenciado a esses segmentose os estados também deverão fazê-lo, nãoapenas na esfera do ICMS, mas de outrasiniciativas e incentivos. Em Pernambuco,por exemplo, já se cogita criar um pólo rici-noquímico na região do Araripe, mas hávários outros exemplos. Entretanto, umavez lançadas as bases do PNPB, como seestá fazendo agora, todas as matérias-primas e rotas tecnológicas são candidatasem potencial. Isso vai depender das deci-sões empresariais, do mercado e da renta-bilidade das diferentes alternativas. AoGoverno não cabe fazer as escolhas, massim estimular as alternativas que maiscontribuam para gerar empregos e renda,ou seja, promover a inclusão social. Masnão há dúvida de que a soja, tanto direta-mente como mediante a utilização dos resí-duos da fabricação de óleo e torta, seráuma alternativa importante para a produ-ção de biodiesel no Brasil, sobretudo nasregiões com maior aptidão para o desen-volvimento dessa cultura.

Tecnologias de Produção do Biodiesel Existem processos alternativos para

produção de biodiesel, tais como o craquea-mento, a esterificação ou a transesterifica-ção, que pode ser etílica, mediante o uso doálcool comum (etanol) ou metílica, com oemprego do metanol. Embora a transesteri-ficação etílica deva ser o processo mais utili-zado, em face da disponibilidade do álcool,ao Governo não cabe recomendar tecnolo-gias ou rotas tecnológicas, como se diz tecni-camente, porque essas devem ser adaptadasa cada realidade. Diante de nossas dimen-sões continentais e diversidade, não precisa-mos e não devemos optar por uma únicarota. O papel do Governo é o de estimular odesenvolvimento tecnológico na área dobiodiesel, como já vem fazendo, por meiode convênios entre o Ministério da Ciência eTecnologia e fundações estaduais de ampa-ro à pesquisa, para permitir que possamosproduzir esse novo combustível a custoscada vez menores. É preciso estimular o queusualmente se chama de curva de aprendi-zado, permitindo que nosso biodiesel sejacada vez mais competitivo, como ocorreucom o álcool, por exemplo, e com inúmerosoutros produtos.

Texto 18 / Desenvolv imento sustentável

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho48

Extraído do site www.biodiesel.gov.br/

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Cultura soc ia lTEXTO 19

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 49

C O W PA R A D EEsculturas de vacas de R$ 35 mil são alvo de pichações

Mal foi aberta a exposição derua da Cow Parade, conse-qüência de protestos ocorri-

dos no ano passado que reivindica-vam recursos para artistas da cidade,e três vacas já foram alvos de picha-ções em BH. O evento continua areceber críticas pela for-ma de condução da ex-posição que depende de35 mil reais para produ-ção de cada Vaca, sendonecessário o patrocínio deempresas que muitas vezes seutilizam do artifício para criar“vacas outdoors”, que vincu-lam publicidade maquiada de“arte”.

A Vaca apelidada de “Cowbur-guer”, patrocinada pelo Grupo Ali-menta e Picanha Fine recebeu a frase“Seja Vegetariano” e riscos sobre osolhos. Não por coincidência, a vacaCowburguer, originalmente, é umareferência ao hambúrguer comercia-lizado pelos próprios patrocinadores,que fizeram questão de aplicar umcódigo de barras sobre o lombo da

escultura para batizá-la como umproduto de propriedade registrado.Outras duas vacas, a Vaca Ouro, doGrupo Poro, patrocinada pela BelgoBekaert Arames e a Vaca Mazoca, deum aluno da FUMEC, receberam res-pectivamente as pichações de “Com-

pre minha dor” e “ComaCarne Fetish”.

Outro ponto crucialé o fato de que osmaiores patrocinado-res da Cow Parade sãodo ramo de laticínios ederivados. Em Belo Ho-

rizonte o patrocínio é daItambé, empresa que utiliza

o modo industrial de produção deleite, que causa grande sofrimentoaos animais. O filme “A Carne é Fra-ca” se tornou popular por transpare-cer essa realidade velada da indús-tria. Hoje a mesma indústria seutiliza da “arte” para tornar aindamais obscuro o dia-a-dia angustianteem que esses animais vivem.

Foto

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Extraído do site prod.midiaindependente.org/pt/blue//2006/07/358425.shtml

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• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho50

Ahumanidade caminha para um becosem saída. Se o atual ritmo de explo-ração do planeta continuar, em um

século não haverá fontes de água ou deenergia, reservas de ar puro nem terras paraagricultura em quantidade suficiente para apreservação da vida.

Hoje, mesmo com metade da huma-nidade situada abaixo da linha de pobreza,já se consome 20% a mais do que a Terraconsegue renovar. Se a população do mun-do passasse a consumir como os america-nos, seriam necessários mais três planetasiguais a este para garantir produtos e servi-ços básicos como água, energia e alimen-tos para todo mundo.

Como, evidentemente, é impossível ar-ranjar mais três Terras, nem os americanospoderão continuar com o mesmo modelode consumo, nem a população mundialpoderá adotá-lo. A única saída é todosadotarmos padrões de produção e de con-

sumo sustentáveis. Para os países ricos, issosignifica, por exemplo, procurar fontes deenergia menos poluidoras, diminuir a pro-dução de lixo e reciclar o máximo possível,além de repensar sobre quais produtos ebens são realmente necessários para alcan-çar o bem-estar. Aos países em desenvolvi-mento, que têm todo o direito a crescereconomicamente, cabe o desafio de nãorepetir o modelo predatório e buscar alter-nativas para gerar riquezas sem destruirflorestas ou contaminar fontes de água.

Nesse processo, o consumidor cons-ciente tem um papel fundamental. Nas suasescolhas cotidianas, seja na forma comoconsome recursos naturais, produtos e ser-viços, seja pela escolha das empresas dasquais vai comprar em função de sua res-ponsabilidade social, pode ajudar a cons-truir uma sociedade mais sustentável e justa.

OLHOS GRANDES

Se toda a humanidade consumisse com a avidez americana, a Terra teria de ser duas vezes maior

Consumo consc ienteTEXTO 20

Extraído do site www.akatu.org.br

Foto: Sérgio Castro / AE

Alunos do colégio SantoInácio, no Riode Janeiro,jogam garrafas plásticas nosaco de coletade reciclagem.

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Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 51

O MUNDO DO TRABALHO:CONTEXTO E SENTIDO

Organização da produçãoTEXTO 21

Uma visão sobre o que fez e o que faz o trabalhador brasileiro

Foto: Sebastião Salgado

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Texto 21 / Organização da produção

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho52

O que é?A palavra trabalho deriva do latim

tripalium, objeto de três paus aguçadosutilizado na agricultura e também comoinstrumento de tortura. Mas ao trabalhoassociamos a transformação da natureza emprodutos ou serviços, portanto em elemen-tos de cultura. O trabalho é, desse modo, oesforço realizado, e também a capacidadede reflexão, criação e coordenação.

Ao longo da história,o trabalho assumiu múlti-plas formas. Um impor-tante pensador sobre esseassunto foi Karl Marx.Para esse autor, o trabalho,fruto da relação do ho-mem com a natureza, e dohomem com o próprio ho-mem, é o que nos distin-gue dos animais e move aHistória.

Mas o trabalho no mun-do capitalista assumiu umaforma muito específica: o emprego assalaria-do. Como isso acontece? Quais as conse-qüências desse modelo?

Trabalho e salário

Nas sociedades européias, depois daIdade Média, a idéia do trabalho regular seimpõe aos poucos. É o início do Capitalismo.Essa nova concepção vai além da atividadeagrícola marcada pelos ciclos da natureza.

À medida que se aprofundam as rela-ções típicas da sociedade capitalista, ocorrea valorização do capital, com a transforma-ção de insumos em produtos, em mercado-rias e em lucros.

Os donos do capital se apropriam dosmeios de produção, o que significa que elescompram, com salários, a força de trabalhodaqueles que passam a viver desse trabalho.

As longas jornadas são definidas pelocapital e perdem a relaçãonatural com o movimen-to da Terra, com as esta-ções do ano ou clima. Otempo pertence ao capi-tal, que exige trabalho.

As pequenas oficinasonde se produziam os ar-tefatos vão perdendo es-paço para o surgimentodas fábricas. As guildasou as corporações de ofí-cio, que reuniam mestres

e artesãos, começam a tomar a forma dosprimeiros sindicatos. Mas o que é essa novi-dade chamada “fábrica”?

Fábrica é o lugar onde os trabalhado-res eram reunidos para executar diferentestarefas para produzir uma mercadoria. Dasoficinas às fábricas chega-se à manufatura,e logo aos sistemas de máquinas, à auto-mação, às grandes fábricas capazes deproduzir algo complexo do seu início até aoperação final sob o comando do capitalis-

“O aumento brutal daprodução, o progressivo

refinamento dessa produção, levaram

a um limite: o mundosuperdesenvolvido, que produz apenas

para a parte dahumanidade que

pode consumir…”.

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Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho • 53

ta, representado pelo capataz ou feitor. É olongo processo da Revolução Industrial,iniciada na Inglaterra no século XVII

Ao surgimento da fábrica, correspondeo aparecimento dos sindicatos em defesados interesses da classe trabalhadora e embusca pela justiça na produção capitalista.

Trabalho e emprego

Para que os trabalhadores vendessemseu trabalho em troca de salário, foi preci-so destruir formas autônomas de sobrevi-vência, criar leis que obrigassem pessoaslivres a trabalhar, reprimir todos aquelesvistos pela elite dominante como vagabun-dos e indignos. Desse modo, o trabalho nomundo capitalista ganhou cada vez mais aforma de emprego assalariado e sua ausên-cia recebeu o nome de desemprego.

As palavras emprego e desemprego sópassam a ter existência no vocabulário euro-peu a partir do final do século XIX. Até então,aqueles que conseguiam prover a própriaexistência eram identificados como trabalha-dores (no sentido genérico), ou como profis-sionais pertencentes a alguma “corporação”de ofício (com sua estrutura de mestres, ofici-ais e respectivos liceus de artes e ofícios). Jáos que não alcançavam tal intento, necessi-tando de algum tipo de assistência ou peram-bulando pelas ruas em busca de alimento,eram rigorosamente identificados e tratadospelas leis da época como pobres, vagabun-dos, incapazes, inválidos ou vadios.

Pouco a pouco se separam dois gruposde pobres: de um lado, aqueles sem víncu-los com o mundo do trabalho ou comvínculos esporádicos e intermitentes; fica-vam à mercê da assistência social ou dacaridade; de outro, os pobres trabalhado-res regulares que podiam encontrar-setemporariamente sem trabalho. Identifica-dos como desempregados, nesse caso, terãoacesso aos direitos sociais – indenização,seguro-desemprego, assistência médica etc.– garantidos pelo Estado.

Produção e consumo

Se parte dos trabalhadores foi forçadaa entrar na relação de trabalho assalariada,não foi sem resistência que os trabalhado-res nela permaneceram. Assim, empresas eestados precisaram construir estratégiaspara controlar os trabalhadores e assegu-rar a produção e o consumo das mercado-rias. De nada adiantaria produzir se nãofosse possível vender, e nas primeiras déca-das do século XX, constrói-se um modelode organização do trabalho conhecidocomo taylorismo-fordismo.

Em primeiro lugar emerge o tayloris-mo: cada movimento do trabalhador serárigorosamente controlado por uma gerên-cia que o vigia permanentemente. O fordis-mo acentua essas mudanças por meio dalinha de montagem: a cada trabalhadorcaberia apenas uma tarefa, a ser executadaem seu posto de trabalho, em um tempo

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Texto 21 / Organização da produção

• Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho54

determinado, por exemplo, enquanto a es-teira rolante passa. Não sem razão, o movi-mento operário vai posicionar-se fortemen-te contrário a essa intensa disciplina.

O fordismo está associado a uma novadinâmica do modo capitalista: produção emquantidade, custos baixos, grandes fábricasque produzem tudo. Começam os temposda produção e do consumo em massa. Taldinâmica predominará no século XX, parti-cularmente entre a Segunda Guerra Mun-dial e meados dos anos 1970, nos paísesdesenvolvidos.

Grande parte desses países viverá umperíodo marcado pelo crescimento econô-mico: emprego e direitos sociais garanti-dos aos trabalhadores, aumentando arenda e o consumo nas diversas classessociais. Adolescentes e jovens pobresconseguem utilizar parte de sua renda paraconsumo próprio, contribuindo para aconstrução de mercado e cultura juvenis.

Alguns fatores – ampliação da escolari-dade obrigatória para oito anos e novospadrões de comportamento, incluindomenor autoridade e controle paternos, alémde maior disponibilidade de renda paraconsumo – foram fundamentais para que acategoria juventude ganhasse força, expan-dindo-se para além dos jovens estudantesdas classes média e alta, bem como dosconsiderados “delinqüentes”. Vários pesqui-sadores chamam atenção para o apareci-mento dos grupos juvenis reunidos em

torno da diversão e do consumo, com esti-los próprios de vestuário e comportamento,e também para manifestações juveniscontrárias à própria sociedade de consumo.

Crise no Trabalho

Parte considerável das mudanças nomundo do trabalho toma corpo a partir dasegunda metade dos anos 1960. Elas estãorelacionadas com a crise financeira norte-americana do período; a relativa saturaçãodo mercado consumidor nos países cen-trais; a elevação dos preços do petróleo nosanos 1970; as lutas operárias contra otrabalho repetitivo das fábricas; o sucessocrescente da indústria japonesa na compe-tição internacional.

Ao aprofundar-se a crítica ao padrãotaylorista-fordista, novos modelos ganhamespaço: por um lado, os grupos semi-autô-nomos adotados principalmente por fábri-cas suecas como a Volvo, daí o nome “volvo-ísmo”, por outro, o modelo da indústriajaponesa, particularmente nas fábricas daToyota (“modelo japonês” e “toyotismo”):equipes flexíveis e polivalentes.

Para quem está inserido no mundo dotrabalho, algo mudou: a rotina das fábricasnão é tão rígida; a chefia por vezes deixa aopressão ostensiva; o trabalho daqueles quelidam com a produção industrial é menosmecânico; o objeto e a ferramenta distan-ciam-se das mãos do trabalhador, que lidaagora com o monitoramento de símbolos e

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mensagens dos sistemas computadorizados;a disputa é mais intensa, a qualificaçãoprofissional surge como uma exigênciamaior e a educação formal transforma-seem critério de seleção.

O Brasil revela, no entanto, que essasmudanças não são uniformes. Hoje, convi-vemos com um trabalho que se aproximada escravidão, e trabalho extremamentequalificado, entre os tempos de suor e gra-xa e uma nova “era do conhecimento” quenão chegou aos quatro cantos do planeta.

O emprego estável, o vínculo dura-douro, a carreira realizada em um per-curso de um ou de poucos empregos, pare-ce inexistir para a maior parte da popula-ção. A identidade com o empregador e coma própria profissão parecem situações de

uma época que já se foi. O desempregoatinge patamares elevadíssimos em todo omundo, que parecem não ceder. As diferen-tes situações convivem conjuntamente, ouseja, uma minoria com emprego estável edireitos garantidos, muitos desempregadose outros que vão em busca de alternativas.

O trabalho passa a ser criação própriapara alguns (auto-emprego, cooperativas),ou retoma sua condição de “fora-da-lei”, comoficinas clandestinas, profusão de produtosdenominados “piratas”, ou imensa rede deatividades ilegais como opção de acesso aalguma renda. É a paradoxal economia“informal” que movimenta cifras grandiosas,ocupa milhões de trabalhadores expulsos daagricultura e da indústria. Como é possívelfalar de trabalho assalariado no país em que

Foto: Sebastião Salgado

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Texto 21 / Organização da produção

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a escravidão foi a forma de trabalho domi-nante até o final do século XIX?

A rigor, no Brasil, a relação assalaria-da não se generaliza como nos paísescentrais. O período pós-abolição da escra-vidão é marcado pela política de amplaimigração de trabalhadores que fugiam dacrise em seus países de origem: italianos,espanhóis, japoneses, alemães e tantosoutros, para o labor das fazendas, incipien-tes oficinas e fábricas, ou ainda para osserviços na cidade.

Com os imigrantes surgem as primei-ras sociedades de socorro mútuo de traba-lhadores, os primeiros sindicatos e confe-derações, as primeiras greves gerais, de1907 e 1917. A crise social que se desenro-la ao longo das três primeiras décadas doséculo XX é decorrente de diferentes mode-los econômicos pretendidos, a vocaçãoagrícola contra o sonho industrial.

Desenvolvimento da indústria no Brasil

A chegada de Getúlio Vargas ao poderexecutivo significa uma ruptura com o pe-ríodo precedente: apesar das condições detutela impostas à organização sindical,entre as décadas de 1930 e 1940, contradi-toriamente, o país passa a contar com umalegislação trabalhista – parte dela aindahoje em vigor na CLT (Consolidação dasLeis do Trabalho). Começava a era do em-prego formal, da carteira de trabalho assi-nada e da previdência social, incorporando

massas de trabalhadores integradas aoprocesso de industrialização, que ganhaimpulso após a Segunda Guerra Mundial.

Dos anos 1940 aos anos 1980, o Brasilcresce intensamente, e as migrações, agorainternas, suprem a necessidade de traba-lhadores de uma indústria que não pára dese expandir. É o momento das grandes side-rúrgicas, da indústria automobilística, dapetroquímica e dos mais diversos setoresprodutivos que substituem a incipientebase fabril do início do século XX (produ-tos têxteis ou bens de consumo).

Distribuição de renda e crise

O perfil e a trajetória histórica da distri-buição de renda no Brasil certamente limitama capacidade de consumo, e, por conseguin-te, a aquisição de bens e serviços pelo cida-dão comum. Embora apresente uma dasmaiores populações do planeta, a rendavergonhosamente concentrada é uma imensabarreira ao crescimento econômico, por causada reduzida demanda familiar. Se o trabalhocaracterizado pelo emprego formal era fontede direitos e caminho seguro de acesso àrenda e, portanto, ao consumo, os “bicos” ouo não-trabalho associados ao desemprego sãoportas fechadas nesse caminho.

No final do século XX, despreparado, opaís abre as portas e é inundado pelasimportações. Somem-se a isso a crise fiscaldo Estado, incapaz de sustentar investi-mentos com a subtração dos juros da dívi-

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da, e a reestruturação das empresas em bus-ca de novas condições para competir. Oresultado é o desaparecimento de milhõesde empregos na economia brasileira, espe-cialmente na indústria. A sensação predo-minante é de insegurança.

A carteira de trabalho assinada passa aser um sonho, objeto de desejo e de vene-ração. Agora, é o chamado mercado informalque dá as cartas, um trabalho incerto e inse-guro, literalmente temporário. Não é ainda ofim dos empregos, mas é o tempo do desem-prego como epidemia social e econômica.

Esse desemprego não atinge igualmen-te a todos os indivíduos. Ele toca, princi-palmente, as mulheres, os afrodescenden-tes, os jovens. Ao longo dos anos 1990, osjovens passam a encontrar cada vez maisdificuldades para ingressar e permanecer

no mercado de trabalho: houve diminuiçãodo número de jovens ocupados e da suaparticipação na população ocupada.

Para além dos números, o desempre-go juvenil provoca outros debates. Algu-mas pesquisas tornam evidente que otrabalho dos jovens (sobretudo das mulhe-res) é fundamental para a construção daautonomia e da condição juvenil; a possi-bilidade de consumo é um meio de cons-trução das identidades. Mas nos temposbicudos do desemprego começa-se a ques-tionar se os jovens não deveriam apenasestudar. Mas muitos jovens, mesmo osmais pobres, começam a reclamar pelodireito à escolha, pelo direito à educação etambém ao trabalho.

Extraído do site www.educarede.org.br Texto original: Maria Carla Corrochano e Luís Paulo Bresciani

Foto: Sebastião Salgado

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Serv iços públ icosTEXTO 22

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DO POVOPARA

O POVOServiço Público é aquele

que é instituído, mantido e executado pelo Estado, com

o objetivo de atender aos seuspróprios interesses e de satisfazer

às necessidades coletivas

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AConcessão Pública é contrato bila-teral onde os contratantes assumemobrigações recíprocas e que não po-

dem as partes, impunemente, deixar decumprir. A Concessão quase sempre é ou-torgada com privilégio de exploração demonopólio e nesta hipótese, principalmen-te, deve ser examinado com cuidado ocumprimento das obrigações e o respeitoàs tarifas.

Água

No caso da água, o poder concedenteé o município, mas as tarifas são fixadaspelo concessionário, que se submete ape-nas ao poder público estadual, que é o seuacionista majoritário.

A tarifa de água não é fixada em razãodo seu custo em cada um dos municípios,mas, diferentemente, é fixada em razão dosinteresses políticos regionais ou simples-mente com base na capacidade econômicofinanceira de determinadas regiões.

É notório que em algumas comunida-des as tarifas não remuneram o verdadei-ro custo da água, mas é também notórioque em algumas comunidades a tarifa éextraordinariamente elevada para com-pensar o déficit de algumas regiões.

Poderíamos até imaginar que seriajusto que alguns consumidores mais ricospagassem mais para que outros, mais po-bres, pagassem menos. Mas não é este

modelo correto da distribuição da renda,pois os nivelamentos não são em relaçãoaos consumidores, pobres ou ricos, mas emrazão da renda regional, que não exclui aexistência de consumidores muito pobresem comunidades ricas e consumidoresricos em comunidades pobres.

E mais, nas relações de consumo, ocorreto é que se pague o justo valor peloproduto que consome e não o valor idealmensurado por interesses políticos, pelaestatística ou pelos números da economia.

Os investimentos e a cobertura do défi-cit regional não são obrigações do consu-midor de serviços públicos essenciais, e simresponsabilidade governamental ampara-da pelas dotações orçamentárias.

As tarifas de esgotos são cobradas doconsumidor sem que efetivamente sejamprestadas. É que a concessionária apenascoleta o esgoto, sem efetivamente tratá-lopara manter o equilíbrio do meio ambien-te. Entretanto, a tarifa de esgotos chega acustar ao consumidor um valor equivalen-te a 100% do valor da água consumida.

Ainda assim, em muitos casos o esgotocoletado em um determinado local é cana-lizado para os rios, já mortos, poluindo elevando doenças a milhares de pessoasesquecidas de que pagaram caro para o trata-mento do esgoto, mas têm de suportá-locomo castigo por ter sua cidadania ignorada.

Ora, o certo é que o consumidor deserviços públicos no Brasil ainda tem muito

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Texto 22 / Serv iços públ icos

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que aprender e exigir; somente depois des-se avanço e da consciência cidadã é quepoderemos avaliar a perfeição e eficiênciados concessionários e a responsabilidade ecapacidade dos dirigentes dos poderesconcedentes.

Energia Elétrica

O fornecimento de energia elétrica noBrasil não é diferente do setor de água eesgotos ou de telefonia. Embora tenhamoso privilégio de ter uma das melhorescompanhias de eletricidade do Brasil, nãopodemos desconhecer que os seus víciossão muitos, e o maior pecado é a ausênciade organismos que acompanhem e fisca-lizem a qualidade e regularidade da ener-gia bem como a justa tarifa.

As oscilações de tensão são fatoresdeterminantes na duração e conservaçãodos nossos equipamentos e instalações elé-tricas e dos eletrodomésticos.

Não se pode aceitar ainda o silênciodas concessionárias de energia elétricaquando é sabido que os industriais e os dis-tribuidores deixam de fornecer no merca-do lâmpadas incandescentes próprias erecomendadas para a tensão nominal daenergia distribuída, quando é lógico, háônus para o consumidor em razão da dura-bilidade das lâmpadas e com relação aoconsumo de energia.

Na verdade, as concessionárias pedemredução no consumo de energia em deter-

minados momentos de alta demanda, masse calam quando o aumento de consumose projeta para a maioria do tempo quan-do há abundância de energia.

Telecomunicações

Seria ótimo para o consumidor saberque o sistema de telecomunicações cres-ceu mais que qualquer outro segmentoempresarial no Brasil, que é uma das ativi-dades mais rentáveis do mundo e que ca-minhamos para um processo de privatiza-ção que já é, de longe, o mais disputadodo planeta.

Mas a vontade de fazer crescer este seg-mento de forma desenfreada, sem respeitoao assinante e em absoluto alheamento aocidadão, criou-se uma série de “pseudo”serviços, meros apelos sexuais, absoluta-mente imorais, destinados principalmenteaos menores e aos serviçais, que onerariama conta do assinante sem que este pudesseter conhecimento do seu prejuízo.

Isso tudo à revelia da lei e dos assinan-tes, como justificativa apenas a ambiçãopelos lucros políticos e a voracidade peloslucros financeiros.

Enfim, o assinante que nada sabe, des-cobre que a concessionária dos serviços detelecomunicações assinou um contrato comterceiros, comprometendo-se a chantagearo assinante com a cobrança de dívidas deterceiros nas contas de serviços telefônicos.

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E isso sem que o consumidor autorizasseformalmente.

Enquanto isso, a televisão e demaisveículos de comunicação despejam umacampanha publicitária dirigida exatamenteaos não-assinantes de linhas telefônicas,estimulando-os a contrair dívida em nomedo titular.

É uma aberração que não tem prece-dentes na história e que, espera-se, a justi-ça venha corrigir de forma exemplar, atécomo forma de desestimular a exploração

animalesca do sexo dirigido a menores e adoentes mentais.

Enfim, o que a sociedade espera dosserviços públicos e dos concessionários éque finalmente se descubra que os serviçospúblicos se destinam ao cidadão e nuncacontra o cidadão.

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Extraído do site www.consumidorbrasil.com.br

Foto: Jonne Roriz/AE

Terezinha, 51, anda 3 quadras com o balde para pegarágua limpa, na vila Ecológica em Porto Alegre, RS.

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Sabendo que a Usina Santa Cruz, emCampos dos Goytacazes, no litoralnorte do Rio de Janeiro, um dos seus

fornecedores de álcool, foi autuada pormanter trabalhadores em situação de traba-lho escravo, a Petrobras decidiu suspendera compra do combustível.

A decisão foi tomada depois que aSanta Cruz começou a ser investigada peloMinistério Público e pela Polícia Federal porremunerar seus empregados com valoresabaixo do salário mínimo e “presos” a dívi-das com aluguel e alimentação.

Marcada nos últimos anos porpoluir o ambiente, a Petrobras,uma das maiores empresasestatais brasileiras, deu o exemplo de como se podereverter uma situação perversa e tornar-se socialmente responsável.

Consumo responsávelTEXTO 23

Na foto, Usina SantaCruz, em Camposdos Goytacazes, nonorte fluminense.

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A GIGANTE SE ACOMODA

ÀS LEIS

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A iniciativa da Petrobras, de usar suainfluência para dar um sinal de alerta atoda cadeia produtiva do álcool, integra aspráticas de boa gestão alinhadas com oideal da responsabilidade social. O racio-cínio é simples: o combustível produzidopela usina Santa Cruz pode até ser maisbarato, mas deve ser recusado, pois aempresa não respeita direitos humanos etrabalhistas.

Análise de cadeias produtivas

Não se deve confundir, porém, iniciati-vas como a da Petrobras com ações filantró-picas e patrocínios oriundos de departa-mentos de marketing, cujo único objetivo évalorizar a imagem da companhia. “O quenão faltam são empresas fazendo marketingsocial e, ao mesmo tempo, reprimindo seustrabalhadores quando eles pedem aumentode salários”, diz Juan Trimboli, diretor daConsumers International, uma das maioresorganizações internacionais de defesa dosdireitos dos consumidores.

O Instituto de Defesa do Consumidor,Idec, quis, em 2006, fazer um trabalho coma cadeia produtiva de achocolatados emargarinas com as empresas Unilever,Nestlé, Pepsico e Novartis, Bunger, Sadia eVigor e inicialmente mandaram um questio-nário e pediram relatórios.

De todas essas empresas, apenas a Uni-lever entregou as respostas no prazo. Sadiae Novartis apenas enviaram relatórios e

balanços com parte das informações solici-tadas. A Nestlé não enviou nada, a assesso-ria da Vigor disse que a companhia não par-ticiparia, a Bunge nem sequer respondeu aocontato, e a Pepsico, que produz o achocola-tado Toddy, fez uma ameaça: responsabili-zaria o Idec por quaisquer danos à imagemda empresa.

Quanto às respostas da Unilever, ostécnicos do Idec chegaram à nota 69,27(entre 0 e 100) para as iniciativas da empre-sa. Constaram que ela trabalha bem nacomunicação e na elaboração de políticasresponsáveis, mas o resultado prático pode-ria ser melhor.

Um dos projetos considerados comobem-sucedidos foi o combate ao trabalhoinfantil nos municípios goianos de Silvâniae Itaberaí. Sabendo que os fornecedores detomate estavam usando crianças na mão-de-obra, funcionários da empresa se arti-cularam com as prefeituras desse municípioe com os conselhos tutelares e descobriramque havia muitas crianças sem escola. Asolução foi construir uma escola e umacreche, financiadas com recursos de incen-tivo fiscal.

Extraído do site www.reporterbrasil.org.br

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ExpedienteComitê Gestor do ProjetoTimothy Denis Ireland (Secad – Diretor do Departamento da EJA)Cláudia Veloso Torres Guimarães (Secad – Coordenadora Geral da EJA)Francisco José Carvalho Mazzeu (Unitrabalho) – UNESP/UnitrabalhoDiogo Joel Demarco (Unitrabalho)

Coordenação do ProjetoFrancisco José Carvalho Mazzeu (Coordenador Geral)Diogo Joel Demarco (Coordenador Executivo)Luna Kalil (Coordenadora de Produção)

Equipe de Apoio TécnicoAdan Luca ParisiAdriana Cristina SchwengberAndreas Santos de AlmeidaJacqueline BrizidaKelly MarkovicSolange de Oliveira

Equipe PedagógicaCleide Lourdes da Silva Araújo Douglas Aparecido de CamposEunice RittmeisterFrancisco José Carvalho MazzeuMaria Aparecida Mello

Equipe de ConsultoresAna Maria Roman – SPAntonia Terra de Calazans Fernandes – PUC-SPArmando Lírio de Souza – UFPA – PACélia Regina Pereira do Nascimento – Unicamp – SPEloisa Helena Santos – UFMG – MGEugenio Maria de França Ramos – UNESP Rio Claro – SPGiuliete Aymard Ramos Siqueira – SPLia Vargas Tiriba – UFF – RJLucillo de Souza Junior – UFES – ESLuiz Antônio Ferreira – PUC-SPMaria Aparecida de Mello – UFSCar – SPMaria Conceição Almeida Vasconcelos – UFS – SPMaria Márcia Murta – UNB – DFMaria Nezilda Culti – UEM – PROcsana Sonia Danylyk – UPF – RSOsmar Sá Pontes Júnior – UFC – CERicardo Alvarez – Fundação Santo André – SPRita de Cássia Pacheco Gonçalves – UDESC – SCSelva Guimarães Fonseca – UFU – MGVera Cecilia Achatkin – PUC-SP

Equipe editorialPreparação, edição e adaptação de texto: Editora Página Viva

Revisão:Ivana Alves Costa, Marilu Tassetto, Mônica Rodrigues de Lima, Sandra Regina de Souza e Solange Scattolini

Edição de arte, diagramação e projeto gráfico: A+ Desenho Gráfico e Comunicação

Pesquisa iconográfica e direitos autorais: Companhia da Memória

Fotografias não creditadas: iStockphoto.com

Apoio

Editora Casa Amarela

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro. SP, Brasil)

Qualidade de vida, consumo e trabalho /

[coordenação do projeto Francisco José Carvalho Mazzeu,

Diogo Joel Demarco, Luna Kalil]. -- São Paulo : Unitrabalho-

Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o

Trabalho ; Brasília, DF : Ministério da Educação. SECAD-

Secretraria de Educação Continuada, Alfabetização e

Diversidade, 2007, -- (Coleção Cadernos de EJA)

Vários colaboradores.

Bibliografia.

ISBN 85-296-0062-2 (Unitrabalho)

ISBN 978-85-296-0062-8 (Unitrabalho)

1. Consumo (Economia) 2. Livros-texto

(Ensino Fundamental) 3. Qualidade de vida 4. Trabalho

I. Mazzeu, Francisco José Carvalho. II. Demarco, Diogo Joel.

III. Kalil, Luna. IV. Série.

07-0402 CDD-372.19

Índices para catálogo sistemático:

1. Ensino integrado : Livros-texto :

Ensino fundamental 372.19

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