Coleção Preservação e Desenvolvimento - 01 Jóias de Natividade - TO

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    C r d i t o s

    Presidente da Repblica do BrasilLuz Incio Lula da Silva

    Ministro de Estado da CulturaGilberto Passos Gil Moreira

    Presidente do Instituto doPatrimnio Histrico e Artstico NacionalCoordenador Nacional do ProgramaMonumentaLuiz Fernando de Almeida

    Coordenao editorialSylvia Maria Braga

    Edio de textoCaroline Soudant

    Redao e PesquisaRogrio Furtado

    Reviso e preparaoDenise Felipe

    Design grficoCristiane Dias/ Priscila Reis (assistente)

    FotosArquivo do Monumenta(Wagner Arajo, Marco Antonio Galvo)

    J741 Jias artesanais de Natividade.Braslia, DF: IPHAN/MONUMENTA, 2006.84 p.: il.; 15 cm.(Preservao e Desenvolvimento; 1)

    ISBN 85-7334-040-1ISBN 978-85-7334-040-2

    1. Artesanato. 2. Jias artesanais. 3. Institutodo Patrimnio Histrico e Artstico Nacional.4. Programa Monumenta. I. Srie.

    CDD 745.5942

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    JIAS ARTESANAIS DE NATIVIDATOCANTINS | 1

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    A p r e s e n t a o

    Este pequeno livro pertence srie Preservao e Desenvolvimento, umacoleo de registro das experincias desenvolvidas pelo ProgramaMonumenta na rea da promoo de atividades econmicas, de educaopatrimonial, de formao profissional e de capacitao.

    Na qualidade de programa do Ministrio da Cultura para a recuperaosustentvel do patrimnio histrico brasileiro, o Monumenta se prope aatacar as causas da degradao de stios histricos e conjuntos urbanostombados e a elevar a qualidade de vida das comunidades envolvidas.

    Assim, muitas das aes propostas no mbito do Programa, com apoio deestados e municpios, vm permitindo a essas comunidades descobrir opatrimnio cultural como fonte de conhecimento e de rentabilidadefinanceira, como meio, portanto, de incluso social.

    Esse novo conceito de preservao transformou alguns dos stiosbeneficiados em plos de atividades culturais, tursticas e de gerao deempregos, garantindo ao mesmo tempo a conservao sustentada de nossopatrimnio e melhores condies de vida para quem trabalha ou vive ali.

    uma dessas experincias que voc vai conhecer agora.

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    I n t r o d u o

    Durante o ciclo do ouro, um nmero considervel de povoaes apareceupelo interior do Brasil. Algumas tiveram existncia efmera, sumindo assimque se esgotaram os veios aurferos. Em geral, as remanescentes passaram a

    viver das atividades rurais. Uma delas foi Natividade, no Tocantins, um dosmais importantes ncleos de garimpo na primeira metade do sculo 18. Hquem diga que a minerao nos arredores do arraial chegou a ter 40 milescravos em seu apogeu, alcanado por volta de 1745. A partir de 1770, pormais de 200 anos, o lugar permaneceu em relativa obscuridade, embora aproduo de ouro jamais cessasse.

    Garimpeiros vm trabalhando na regio, por sucessivas geraes. O queapuram do metal so pequenas quantidades, retiradas de galerias escavadasnas encostas de serras localizadas nas vizinhanas. Boa parte da produo vaipara Natividade, como matria-prima de jias artesanais, confeccionadassegundo a tcnica da filigrana, desenvolvida em tempos remotos porcivilizaes mediterrneas. Essa tcnica chegou muito cedo a Portugal,levada por colonizadores fencios.

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    De l veio para o Brasil. provvel que tenha alcanado Natividade ainda

    durante a corrida ao ouro. A longa tradio da ourivesaria nativitana esteveperto do fim h alguns anos. Os velhos artesos estavam desaparecendo semdeixar herdeiros. Mas a Associao Comunitria Cultural de Natividade -Asccuna, instituio cultural da cidade, reagiu, organizando um curso paraaprendizes em 1996. Desde ento, o nmero de jovens artesos aumentou.E as perspectivas para as jias de Natividade so muito animadoras. o queficou demonstrado por um projeto de apoio financiado pelo ProgramaMonumenta do Ministrio da Cultura e pelo governo de Tocantins.

    Luiz Fernando de AlmeidaCoordenador Nacional do Programa Monumenta

    Presidente do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional

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    Tr a d i o d e f u t u r o

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    Tr a d i o d e f u t u r o

    O arraial de Natividade da Me de Deus brotou h quase 300 anos, no quehoje o estado do Tocantins, em meio ao rebulio da corrida ao ouro dasminas dos Goyazes. O alvoroo durou pouco em termos histricos.

    Bastaram algumas dcadas para que o metal de aluvio se esgotasse. Porvolta de 1770, a povoao no teve alternativa seno recolher-se a uma vidarecatada, na placidez do ambiente campestre. O pastoreio de bovinosfirmou-se como atividade econmica dominante. E assim permanece athoje. Mas o ouro no acabou. Em mdia, poucos gramas por metro cbico

    de minrio ainda esto por ali, ocultos no interior de algumas serras. Soestruturas que restaram de montanhas arqueanas, quase to velhas quantoa prpria Terra, corrodas pela natureza no decorrer das eras geolgicas.

    Mesmo esquivo, o ouro tem sustentado geraes de faiscadores, que operseguem com aquele misto proverbial de obstinao e esperana que lhes prprio. As pequenas quantidades do metal trazidas luz do dia so amatria-prima que supre outra atividade implantada na cidade, talvez aindano auge da minerao a joalheria artesanal, baseada na tcnica da

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    filigrana, que j era utilizada por alguns povos mediterrneos h vriosmilnios. Portanto, das elevaes prximas ao casario, quase tudo antigoem Natividade.

    A antiguidade, isolada, no patente capaz de assegurar a sobrevivncia de

    qualquer patrimnio histrico, ou de uma tradio multissecular. A linhagemde artesos da cidade, sucessora de ourives portugueses que chegaram noscalcanhares dos garimpeiros, esteve perto de uma ruptura irreparvel nosanos 1980/90. Embora a percia dos poucos mestres remanescentes fosse

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    inquestionvel, no havia aprendizes. Depois, engastados na tradio,aqueles mestres viviam de reproduzir motivos tradicionais em suas criaes.

    Como se sabe, os modismos tangem a voracidade do consumismo moderno.Alm de atrair herdeiros para a sucesso, passo essencial naquele momento,

    os joalheiros nativitanos, sem perder a identidade cultural, precisavamampliar e renovar a linha de produtos, e tambm adequar suas prticascomerciais aos novos tempos. Assim poderiam manter a tradio, e maisadiante abrir uma clareira confortvel na selva do mercado.

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    De fato houve uma correo de rumos bastante

    trabalhosa, nascida de uma ao apoiada peloPrograma Monumenta, cujo objetivo principal atacaras causas da degradao do patrimnio cultural, entreelas o baixo nvel de atividade econmica que em geralcaracteriza os stios histricos. Graas soma deesforos que se descrever mais adiante, no h maisdvida de que Natividade continuar conhecida porsuas jias filigranadas. Na Ourivesaria Mestre Juvenaltrabalham dez profissionais a maioria formada nos

    ltimos anos, na prpria oficina. Todos se mudaro embreve para um prdio histrico que est sendorestaurado pelo Programa Monumenta. Aps amudana, espera-se que uma turma de aprendizesvenha logo a ocupar as instalaes atuais. Com isso, o

    nmero de artesos-joalheiros poder ser duplicadoem poucos anos. A chegada dos reforos ser bem-vinda para aumentar a oferta de produtos. Hoje,encontrar uma jia nativitana para pronta entrega estquase to difcil quanto procurar ouro nas cercanias.

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    P r o m e s s a c u m p r i d a

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    P r o m e s s a c u m p r i d a

    Por sorte, quando as perspectivas setornavam sombrias, a menina SimoneCamlo Arajo prometeu a um tio-av,

    Juvenal Rodrigues Cerqueira, ourivesrenomado, que no deixaria morrer as jias de Natividade. Os motivos religiosospredominavam na produo deCerqueira, que era comprada pelos

    catlicos. Destacavam-se os trabalhos emchapas de ouro na poca, a filigranapermanecia em segundo plano.

    Em 1990, com diploma de economista, ps-graduada em cooperativismo e

    com experincia de trabalho no governo de Gois, Simone voltou para acidade. No tinha planos definidos. Envolveu-se com a administrao denegcios da famlia e comeou a atuar como voluntria em projetos dacomunidade. Por fim, liderou o movimento que fundaria a Asccuna

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    Associao Comunitria Cultural de Natividade, em 1992, para agruparalgumas pessoas que j atuavam nessa rea, preocupadas com a preservaodo patrimnio cultural. Para ela, chegara a hora de cumprir a promessa feitaao tio-av arteso, falecido em 1979.

    Os mestres Abisania Ferreira Gomes (Bisa) e Joaquim Valdedes Carvalho(Wal) resolveram ajudar. Ambos foram criados em Natividade e tambm eramadmiradores de Juvenal Cerqueira. Na infncia, acostumaram-se a observar,fascinados, o arteso veterano debruado sobre a bancada, s vezesconcentrado na arte de tecer delicados fios de ouro. Mas no puderam

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    aprender com ele. Fariam isso mais tarde, em Goinia, com um discpulo de

    mestre Juvenal. Retornaram a Natividade no comeo da dcada de 1990.Convidados por Simone, associaram-se Asccuna e aceitaram participar doprojeto Oficina Mestre Juvenal, para ensinar, a jovens aprendizes, as tcnicasfundamentais da ourivesaria. Essa primeira experincia foi tentada em 1996,com doze alunos. Contudo, por falta de recursos, o projeto no prosperou.

    Mas dessa bateada inaugural ficaram dois aprendizes.

    Enquanto isso, a Asccuna procurava garimpar recursos e financiar o projeto.Em 1998, a Embaixada Britnica acudiu com dinheiro suficiente paracomprar seis bancadas completas para aprendizes.

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    Doze alunos se apresentaram para a matrcula. Por essa poca, os prprios

    mestres deram um passo adiante, incorporando a tcnica de fundio rotina da ourivesaria. Ao mesmo tempo, retomaram a confeco de algumaspeas em filigrana, que estavam um tanto esquecidas brincos, coraes eum peixe malevel, conhecido como peixa. A coleo tambm foiampliada com a criao do anel do divino, brincos em filigrana e pedrasarrendadas. Outras iniciativas se sucederam, dentre elas a exposio das jiasem alguns eventos, com o apoio de diversas entidades. E o trabalho daoficina-escola comeou a aparecer na mdia. A situao estava madura paraa entrada do Monumenta.

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    D e o l h o n o m e r c a d o

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    O parecer de Diederichsen foi entregue no princpio de 2005. No

    documento, o consultor deixou claro que o empreendimento joalheiro deNatividade reunia as condies essenciais para deslanchar. O acesso matria-prima fcil, e os artesos, competentes, produzem jias de altovalor agregado, com uma tcnica quase esquecida e pouco difundida noBrasil. Existe mercado, a produo, por seu valor cultural, est isenta de

    impostos no Tocantins, e o projeto visto com simpatia por ter alcance social.

    Mas os problemas tpicos das organizaes em formao tambm estopresentes. A oficina pequena. A falta de espao impede que as pessoas sedesloquem com facilidade em seu interior. Nessas circunstncias, a presena

    de visitantes interfere ainda mais no trabalho, pois impede a concentraodos joalheiros. Os profissionais so capazes de operar em grupos, mas, como prprio do artesanato, a produtividade de cada um varivel, dependenteda habilidade e experincia individuais. Disso resulta um volume de produoirregular, para um mercado restrito, marcado pela sazonalidade da procura.Embora a grande maioria das jias seja feita por encomenda, nas frias edurante as festividades locais que as pessoas mais realizam suas compras.

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    Algumas dessas dificuldades podem ser

    resolvidas intramuros. A resposta para aquesto da falta de espao est na mudanapara o novo endereo, cujo edifcioest sendo restaurado pelo Monumenta.O trmino das obras est previsto para o

    incio de 2007.

    Aqui vale a explicao. O ProgramaMonumenta atua sempre em duas vertentes:na recuperao fsica de stios ou conjuntos urbanos sob proteo federal e,

    simultaneamente, no desenvolvimento de atividades compatveis commanuteno autnoma da rea restaurada. o que est acontecendo emNatividade. A restaurao da antiga cadeia, atual sede do Peloto Militar, edo edifcio do Museu, por exemplo, dar origem a um espao integrado emque, alm do Museu, funcionar o Centro de Artesanato e de Apoio aoTurista, com a ourivesaria e uma loja para vendas de artesanato. Aodeterminar uma nova estruturao da paisagem urbana e das atividades alidesenvolvidas, pretende-se garantir sustentabilidade para a preservao darea e melhores condies de vida para seus habitantes.

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    Quanto a organizar a produo, de modo a

    alcanar maior rendimento com a divisode trabalho, algo que est ao alcance dosprprios artesos. Depois, impe-seanalisar custos e preos, para que a receitapossa cobrir as despesas, remunerar os

    profissionais e deixar saldo para a formaode capital de giro e de investimento. Semcapital acumulado, no ser possvel elevara escala de produo.

    Feito isso, a casa estar em ordem para a fasemais ambiciosa do projeto: a de expanso domercado. Para essa etapa j foram criadosmarca, catlogo, mostrurio, etiquetas,certificados de origem, embalagens, site nainternet, alm de estratgias de distribuio elogstica. Tudo para facilitar o contato com aclientela potencial, a ser feito por meio docomrcio varejista.

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    C o o p e r a r p r e c i s o

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    C o o p e r a r p r e c i s o

    Os resultados obtidos at agora julgam-se muito satisfatrios. Fora os mestresWal e Bisa, a Ourivesaria tem oito profissionais que produzem jias. J noso mais aprendizes. E o projeto lhes permite ter renda bem superior mdiada cidade. Natividade pequena e no oferece muitas oportunidades detrabalho aos jovens, analisa Simone Arajo, que se declara pronta a seguiradiante. H obstculos pelo caminho, mas isso no chega a ser novidade: oprojeto, de longo prazo, sofre com a falta de capital de giro, entre outrasdeficincias que no possvel sanar de uma hora para outra.

    Nessa caminhada de dez anos recebemos o apoio de vrios parceiros. Cadacontribuio significou a subida de um degrau. Agora iremos precisar de maisinvestimentos para montar a segunda oficina e oferecer um curso para novosaprendizes. Mas captar recursos sempre difcil, porque as pessoas tendem a

    no enxergar a importncia do projeto cultural que est por trs de nossaourivesaria. E formar um artfice exige tempo. Os custos so altos, e osresultados, demorados. No entanto, o repasse desse saber a arte deconfeccionar jias vale muito mais do que o tempo e os recursos que jforam investidos. E isso est assegurado com o projeto da ourivesaria Mestre

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    Juvenal. Ficamos felizes quando algum parceiro coopera com essa importante

    iniciativa para a preservao do patrimnio cultural de Natividade.A formao de mais joalheiros importante, por dois motivos. De um lado,h a necessidade de aumentar a produo. De outro, preciso definir umestatuto jurdico para a Ourivesaria Mestre Juvenal, providncia indispensvel

    no mundo dos negcios. Para a tomada de emprstimos, emisso de notasfiscais, contratao de pessoal etc. Simone considera o cooperativismo omelhor sistema de organizao. Mas a lei exige que vinte scios participem dafundao de uma cooperativa, nmero que poder ser alcanado, se maisuma turma de aprendizes se formar dentro de poucos anos.

    A divulgao das jias de Natividade, ainda que espordica, tem apresentadoresultados encorajadores. Algumas empresas joalheiras de grande porte, quetambm atuam no mercado internacional, j deram sinais de que poderiam serparceiras no comrcio. Contudo, Simone observa: Se fechssemos um acordo

    com uma dessas redes, no poderamos produzir para mais ningum. Temosdificuldade para atender a demanda atual. difcil encontrar produtosacabados na oficina. No foi possvel nem mesmo manter um mostrurio naMestre Juvenal. A clientela no se conformava em sair dali sem levar as peas.

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    Outro prenncio estimulante para a ourivesaria nativitana surgiu com umavisita de empresrios portugueses cidade. Eram representantes comerciaisde Gondomar o centro mais importante da joalheria portuguesa. Foi de lque a tcnica da filigrana foi trazida para o Brasil. Os visitantes ficaramencantados com o que viram. Hoje, grande parte da filigrana portuguesa feita com mquinas, e as jias tradicionais de Natividade so praticamenteidnticas s que se produziam em Portugal anos atrs.

    Essa uma caracterstica que, ao lado do elevado padro de qualidade,naturalmente valoriza e faz sobressair a produo local. Os gondomarenses

    ficaram atrados sobretudo pelas chamadas pulseiras escravas, que somuito bem trabalhadas e atraentes. Elas tm histria: no passado, as mesnativitanas gostavam de usar essas pulseiras com vrios anis tantos quantosfossem seus filhos.

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    A a r t e d a f i l i g r a n a

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    A a r t e d a f i l i g r a n a

    O ouro das cercanias alimenta a pequena indstria artesanal e enriquece ofolclore de Natividade. De vez em quando, no alto das serras vizinhas sovistas bolas de fogo se deslocando pelo ar. Provavelmente se trata de fogo-ftuo. Ou do boitat, como queriam os ndios: a cobra de fogo, entidadefantstica relacionada com tesouros ocultos, dentre vrias outrasinterpretaes. Os garimpeiros tocantinenses quando vem uma delas dizemque o ouro est de mudana. E tentam acompanh-lo em suas escavaes,seguindo a trajetria do fogo-ftuo. O ouro de fato muda: das galerias de

    minas, que ficam no municpio vizinho de Chapada da Natividade, para aourivesaria.

    Antes separado da prata, qual costuma estar associado. Essa tarefa realizada pelos garimpeiros. Depois, esses metais sero novamente unidos

    pelos artesos na forma de ligas: o ouro puro muito malevel, sujeito adeformaes, no sendo indicado para a confeco de jias. O ouro em p,ou em grnulos, derretido na oficina, com o auxlio de maaricos. Emseguida, derramado num molde, de onde sai com a forma de lingeta.

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    A laminao a prxima etapa do trabalho. De lminas muito delgadas seproduzem fios igualmente muito finos, que sero torcidos dois a dois. Essefio duplo, achatado, apresentar laterais serrilhadas a caracterstica bsicada filigrana. Os caixilhos das jias, feitos de ouro e prata, qualquer que sejaseu formato (flores, corao etc.), sero preenchidos com bordados dessesfios duplos achatados. O trabalho exige percia e muita pacincia do arteso.

    A pea finalizada com a fixao dos diversos elementos por meio de solda.

    Cada jia produzida traz em si as marcas da evoluo das tcnicas ao longode milhares de anos. Achados arqueolgicos sugerem, por exemplo, queantigos habitantes da Pennsula Ibrica produziam objetos de ouro h cerca

    de quatro mil anos, conforme relato de Maria Jos de Sousa, historiadoraportuguesa. A tcnica se resumia ao simples martelar do metal. Depois, foidesenvolvido o recozimento, um processo de aquecimento que permitetrabalh-lo com maior facilidade. Mais adiante, surgiram os moldes emtodos de soldagem, seguidos pelo aparecimento de fios de seoquadrada, torcidos sobre si mesmos. Esses avanos permitiram a assimilaodas tcnicas de ourivesaria dos conquistadores fencios que, na bagagem,trouxeram a arte de produzir jias filigranadas.

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    B r i l h o f u g a z

    Os portugueses nunca deixaram de sonhar com o ouro da Terra de SantaCruz, desde o desembarque de Cabral. Mas tiveram de engolir a ansiedadepor quase dois sculos, at que, em 1690, as primeiras notcias positivas

    chegassem do territrio que viria a ser Minas Gerais. Os sinos repicaram maisuma vez, alguns anos depois, saudando as descobertas em Mato Grosso. Elasanteciparam outras: se Minas Gerais e Mato Grosso entregavam o ouro,Gois no teria por que escond-lo.

    Para testar esse palpite to razovel, Bartolomeu Bueno da Silva deixou SoPaulo com sua bandeira, em julho de 1722. Ao regressar, em 1725, obandeirante trouxe a boa nova: topara com o metal em Aras (antigadenominao do Brasil-Central). Foi o sinal de largada para orush que logoalcanaria a rea do atual Tocantins. Ali, entre 1730 e 1740, vrios arraiaissurgiriam na trilha da fortuna. Junto com eles, cresceram os olhos da CoroaPortuguesa sobre os aluvies.

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    De imediato, vieram medidas para acelerar o trabalho nas lavras e refrear a

    vocao irredutvel do ouro para o descaminho. Atividades como o cultivo daterra e a criao de animais foram desencorajadas por impostos exorbitantes.Assim, as minas teriam preferncia na absoro de mo-de-obra escrava. Asidas e vindas s eram autorizadas atravs da rota vigiada que ligava a regioa So Paulo. Tambm foi proibido navegar pelos rios.

    Para fechar o arcabouo da mquina de arrecadao e de combate aocontrabando, as prestimosas autoridades coloniais despejaram sobre oterritrio a habitual profuso de leis, alvars, cartas rgias, provises eameaas. Mesmo assim, a Coroa s apurou o quinto de alguma coisa muitodistante da totalidade do ouro recolhido nas bateias.

    A produo goiana foi ascendente entre 1726 e 1735. No perodo, o ouroaluvial era desentocado por toda a regio, com produtividade

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    impressionante. Depois, os rendimentos entraram em lento declnio. Por sua

    vez, a arrecadao de impostos apresentou altos e baixos at 1779. Dali emdiante caiu de forma abrupta. certo que houve tentativas de descobrirnovas jazidas, ainda no sculo 18. Os itinerrios de duas bandeiras soconhecidos. Contudo, ao invs do ouro, os expedicionrios encontraramargumentos convincentes para voltar: os flechaos e bordoadas dos ndios.

    Esgotados os aluvies, restou a possibilidade de faiscar nas minas antigas.Devido aos baixos rendimentos, essa prtica, que resiste at hoje, nopoderia substituir a minerao em larga escala. A economia regional entrouem crise, principalmente no Tocantins, mais distante, onde a populao se

    voltou para as atividades de subsistncia. Quando o governo colonial decidiulevantar os empecilhos ao livre trnsito de pessoas e mercadorias, inclusivepelos rios, numa tentativa de dinamizar as trocas com o Norte do Brasil, eratarde demais para evitar a crise.

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    N a t i v i d a d e h o j e

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    N a t i v i d a d e h o j e

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    N a t i v i d a d e h o j e

    Natividade foi fundada em 1734 por Antnio Ferraz de Arajo, sobrinho deBartolomeu Bueno da Silva, o descobridor do ouro em Gois. Segundoalguns historiadores, em 1745, a povoao contava 40 mil escravos nas reasde minerao, o que a tornava um dos garimpos mais importantes dacolnia. Com a exausto das jazidas, por volta de 1770, o povoado deixoude ser fonte de preocupaes para os agentes do fisco. Mas tambm deixoude ser fonte de lucros. Logo cairia no esquecimento. E por mais de 200 anossua histria registrou poucos fatos que ecoaram alm das fronteirasmunicipais ou regionais. Um deles foi a passagem da Coluna Prestes, quetomou a cidade em 1925.

    Dos velhos tempos sobraram nos arredores as marcas da minerao e trilhaspavimentadas com pedras, alm de runas de moradias. So atrativostursticos que se completam com cachoeiras e piscinas naturais. Maisimportante o centro histrico urbano, tombado com o conjuntopaisagstico do entorno pelo IPHAN, em 1987. Ali, algumas igrejas e o casarioresistiram bem passagem dos anos. Natividade, portanto, um convitepermanente a um passeio pela era colonial.

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    Nas ruas, por vezes irregulares, as casas de p-direito alto foram construdas

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    Nas ruas, por vezes irregulares, as casas de p direito alto foram construdaslado a lado, com adobe, sobre bases de pedra. As telhas do tipo capa e canal,assentadas sobre madeiramento rolio, so uma constante nas coberturas.Com o tempo, o cho batido das origens foi substitudo, em geral, por pisosrsticos de cimento queimado. Mas houve outras modificaes.

    Como se recorda, encerrado o captulo da explorao do ouro, Natividade sno desapareceu, a exemplo de outros arraiais de garimpo, por causa dasatividades agropecurias que se expandiram no sculo 19. Elas, de certaforma, cobraram seu tributo: hbitos e caractersticas da vida rural migrarampara a rea urbana. Os quintais foram transformados, ganhando algumas

    construes: cmodos para a guarda de arreios, paiis, abrigos para o gadoe ranchos para tropeiros e pees, dentre outros acrscimos. Nessa poca,algumas fachadas receberam ornamentos, como sinais da relativaprosperidade dos proprietrios.

    O casario simples compe um todo harmonioso com as igrejas que, alm dedespojadas, apresentam dimenses igualmente modestas. A mais importante a matriz de Nossa Senhora da Natividade. O templo foi construdo em1759, para receber uma imagem de N. S. da Natividade, padroeira do

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    Tocantins, que ainda abriga. Destacam-se tambm a pequena e acolhedoraigreja de So Benedito, restaurada recentemente pelo IPHAN, e as runas daigreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos, jamais concluda: erguidas asparedes e posto o telhado, acabaram-se os recursos, junto com a minerao.

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    Atualmente, a matriz e as demais edificaes tombadas so alvos da atenodo Programa Monumenta, desenvolvido pelo governo brasileiro, comfinanciamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. O objetivo doMonumenta, j se viu, a recuperao sustentvel do patrimnio histrico

    urbano brasileiro. O conceito de sustentabilidade, no caso, est relacionadoao fato de que um monumento, ou um conjunto restaurado, sempre irnecessitar de manuteno. O ideal que a comunidade a que pertence,consciente de sua importncia cultural e econmica, disponha de recursosprprios para mant-lo, sem necessidade do aporte de recursos pblicos. Ou,por outra, que as prprias atividades econmicas desenvolvidas nesses stiosgarantam sua manuteno.

    Natividade, por exemplo, tem grande potencial turstico. Explorado deforma adequada, o turismo dever melhorar o padro de renda dapopulao e dar municipalidade, por meio da arrecadao de impostos etaxas, os meios necessrios para a conservao da herana comum. Dessaherana fazem parte as construes coloniais, a paisagem circundante,tradies e saberes acumulados.

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    O oramento do Monumenta

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    para Natividade cerca deR$ 2,57 milhes. Desse total,aproximadamente R$ 1,5 milho sedestina a intervenes em igrejas, nacasa de cultura, no centro de

    artesanato e a melhorias nas praase arruamentos do centro histrico. Aoutra parte da verba R$ 720 mil est reservada para financiar arecuperao de imveis residenciais,

    compondo o fundo de preservaodo municpio. Para esse fundo, almdos recebimentos dos emprstimosaos proprietrios de residncias,entraro futuramente parte dareceita tributria e das taxascobradas pela concesso de uso deespaos pblicos ou de monumentos

    explorao privada. J os recursos

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    para o Projeto de Apoio Produode Jias Artesanais de Natividadedesenvolvido entre os meses dedezembro de 2004 e maio de 2005chegaram a cerca de R$ 50 mil.

    As condies so favorveis aoaumento do turismo em Natividade,que fica a 650 quilmetros ao nortede Braslia. No apenas porque

    se trata de cidade histrica, combelezas naturais: suas festasreligiosas j so freqentadas pormuita gente e sua localizao lhepermite atrair o fluxo crescente

    de pessoas que transitam peloTocantins, em busca do Jalapo, oude outras regies do Brasil-Central.

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    As intervenes do Monumenta em Natividade foram precedidas deminucioso levantamento de dados scio-econmicos. Grande parte dosocupantes de centenas de imveis do centro histrico receberam visitas deuma equipe de entrevistadores. Na poca, constatou-se que a maioria das

    edificaes se encontrava bem conservada. Pelo menos estava pintada, comportas e janelas em bom estado. No apresentava rachaduras nas fachadas,nem sinais de vazamentos. A pesquisa tambm mostrou que os nativitanos,majoritariamente, no acreditavam que a preservao do patrimniohistrico pudesse beneficiar a cidade.

    Mas essa atitude no tardaria a mudar, de acordo com Simone Arajo, quese tornou a coordenadora do Monumenta em Natividade. A representaolocal do Monumenta, por meio de edital pblico, acabou recebendo dezenasde propostas dos proprietrios interessados em recuperar suas casas. Eranecessrio destinar recursos para a restaurao dos imveis privados, dada aimportncia do casario no conjunto arquitetnico tombado. Criado por leimunicipal e regulamentado no ltimo trimestre de 2005, o Fundo de

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    Preservao do Patrimnio Histrico e Cultural de Natividade (Fuppac) estavapronto para entrar em ao

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    pronto para entrar em ao.

    O Fuppac tem um conselho curador que direciona a aplicao dos recursos,mas as operaes de crdito so realizadas pela Caixa Econmica Federal.Seis meses aps a concluso das obras de restauro, o proprietrio do imvelcomea a pagar as prestaes. O prazo do financiamento dilatado: oMonumenta admite a contratao de emprstimos por at 20 anos. Osrecursos referentes s parcelas quitadas vo para a conta do Fuppac, sendorepassados a outros interessados. Em Natividade, a primeira licitao aprovou48 projetos, com valor mdio da ordem de 12 mil reais todos com 15 anos

    de prazo. As aes podem envolver a recuperao das fachadas, coberturadas residncias, partes da estrutura e rede eltrica. Os valores liberados foramrelativamente baixos, mas resultaram em impacto muito positivo na cidade.

    Simone comenta: Nunca vendemos o peixe falando que se tratava do

    cardume inteiro. Ou seja, as pessoas no tero o imvel inteiro restaurado,por causa da limitao de renda. Por isso mesmo, a maior parte dasprestaes oscila entre 50 e 90 reais por ms. Todos os proprietrios voarrumar a fachada, o telhado e a parte eltrica das casas. Em alguns casos

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    haver troca total e, em outros, reaproveitamento. Mas interessanteobservar o efeito causado: como as casas ficam uma ao lado da outra, ocontraste muito forte quando se tem uma fachada nova no meio de vrias

    ainda por reformar. Imagino que isso ir estimular os demais proprietrios ase interessarem pelas restauraes. Por isso, acreditamos que em breveNatividade ter feies muito melhores, com um nvel de conscientizao,quanto importncia do patrimnio histrico, muito mais elevado.

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    B o n s a l i a d o s

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    Aps o longo perodo de letargia, Natividade est acordando para seupotencial turstico, disposta tambm a aproveitar o que existe nos arredores.Por exemplo: a romaria do Senhor do Bonfim, a maior do Tocantins, aconteceno povoado de Bonfim, que fica a apenas 24 quilmetros. Alm de prover

    hospedagem para um bom nmero de romeiros, Natividade quer lhesoferecer uma das delcias de sua culinria: o amor perfeito, biscoito depolvilho doce, feito com leite de coco e manteiga. Nos eventos de divulgaodo Tocantins, o amor perfeito costuma figurar com destaque ao lado das

    jias filigranadas. muito provvel, como costuma acontecer, que outrosatrativos surjam com o estabelecimento de um fluxo de turismo regular.

    A cidade se prepara para receb-lo. Alm das aes do Monumenta, aprefeitura procura tomar iniciativas, firmando parcerias com diversasentidades. Alguns projetos esto prontos. Um deles o Trilhas de Natividade,cujo objetivo promover melhorias na sinalizao e nos caminhos que doacesso s runas arquitetnicas e aos pontos tursticos dos arredores(cachoeiras, por exemplo). O Sebrae-TO tambm fez uma anlise domunicpio com vistas implantao do suporte necessrio ao ecoturismo.

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    Natividade formulou e aprovou, de forma participativa, seu Plano DiretorUrbano. E quer investir em melhorias. Dentre elas, a construo de uma rede

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    de esgotos e rede eltrica subterrnea. A rea tombada pelo IPHAN terprioridade na instalao. Com a Embratur e o governo estadual, no mbitodo Plano Nacional de Municipalizao do Turismo, Natividade pretendecapacitar mo-de-obra para o turismo e conscientizar a populao de suaimportncia para a economia do municpio. O plano foi entregue prefeitura, sob cuja responsabilidade tambm est a implementao da leique criou o Fundo Municipal de Turismo, que prev a formao do ConselhoMunicipal de Turismo. As festas tradicionais do municpio so apoiadas pelogoverno estadual e a prefeitura, com participao da Asccuna, da igreja

    catlica e da comunidade.

    Com o Banco da Gente, o governo estadual, por meio da Secretaria de AoSocial, em parceria com a prefeitura, est financiando algunsmicroprodutores urbanos e rurais, artesos, feirantes e prestadores de

    servio. A linha de crdito se destina preferencialmente aos que desenvolvemsuas atividades no prprio domiclio. Natividade j tem uma associao daagroindstria.

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    Como se v, o projeto de apoio produo de jias artesanais do ProgramaMonumenta integra um feixe de aes bastante frtil. Constituiu uma aotransversal com a recuperao fsica da rea tombada de Natividade

    tambm a cargo do Programa em parceria com os governos estadual emunicipal , que vem contribuindo efetivamente para que a cidade e seusmoradores se qualifiquem em termos sociais, econmicos e culturais.

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    P r o j e t oApoio Produo de Jias Artesanais de Natividade

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    F i n a n c i a d o rPrograma MONUMENTA / MinC

    R e a l i z a d o rFundao Cultural do Estado do TocantinsObjetivo: fortalecer, preservar, gerar renda e garantir a sustentabilidade daproduo artesanal de jias em Natividade

    A t i v i d a d e sOrganizar juridicamente os artesos de Natividade com o objetivo de nortearas aes de crescimento da atividade econmica.

    Desenvolver 5 linhas de produtos.

    Elaborar, validar e aplicar plano de marketing para a insero das jias nonicho de mercado especfico.

    Projetar embalagens, folder e etiquetas (certificado de origem) e material de

    apresentao (mostrurios)

    P e r o d o d e e x e c u oDez/04 a mai/05.

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