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Coleco Legislao

Ficha Tcnica

CDIGO DE PROCESSO CIVILe legislao complementar

Organizao:ELSA UMINHO ESCOLA DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DO MINHO,Campus de Gualtar, 4710-057 Gualtar,Braga, [email protected]

Coordenao:Joana Freitas PeixotoRita de Sousa CostaTiago Srgio Cabral

Design: ELSA UMINHO

ISBN: 978-989-99135-4-7

Setembro, 2014

Todos os diplomas compilados na presente obra encontram-se actualizados de acordo com a lei vigente na data da publicao.

A ELSA UMINHO AUTORIZA toda a reproduo desta obra para fins no comerciais, por meios informticos, fotocpia ou qualquer outro processo.

Coleco Legislao

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CDIGO DE PROCESSO CIVIL

Cdigo de Processo Civil

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A Assembleia da Repblica decreta, nos termos da alnea c) do artigo 161. da Constituio, o seguinte:

Artigo 1.

(Objeto)

aprovado em anexo presente lei, que dela faz parte integrante, o Cdigo de Processo Civil.

Artigo 2.

(Remisses )

1 - As referncias, constantes de qualquer diploma, ao processo declarativo ordinrio, sumrio ou suma-rssimo consideram-se feitas para o processo declarativo comum.

2 - Nos processos de natureza civil no previstos no Cdigo de Processo Civil, as referncias feitas ao tribunal coletivo, que deva intervir nos termos previstos neste Cdigo, consideram-se feitas ao juiz singular, com as necessrias adaptaes, sem prejuzo do disposto no n. 5 do artigo 5..

Artigo 3.

(Interveno oficiosa do juiz )

No decurso do primeiro ano subsequente entrada em vigor da presente lei: a) O juiz corrige ou convida a parte a corrigir o erro sobre o regime legal aplicvel por fora da aplicao

das normas transitrias previstas na presente lei; b) Quando da leitura dos articulados, requerimentos ou demais peas processuais resulte que a parte age

em erro sobre o contedo do regime processual aplicvel, podendo vir a praticar ato no admissvel ou omitir ato que seja devido, deve o juiz, quando aquela prtica ou omisso ainda sejam evitveis, promover a supera-o do equvoco.

Artigo 4.

(Norma revogatria)

So revogados: a) O Decreto-Lei n. 44 129, de 28 de dezembro de 1961, que procedeu aprovao do Cdigo de Pro-

cesso Civil; b) O Decreto-Lei n. 211/91, de 14 de junho, que procedeu aprovao do Regime do Processo Civil

Simplificado; c) O Decreto-Lei n. 184/2000, de 10 de agosto, que procedeu aprovao do regime das marcaes de

audincias de julgamento; d) O Decreto-Lei n. 108/2006, de 8 de junho, que procedeu aprovao do Regime Processual Civil

Experimental; e) Os artigos 11. a 19. do Decreto-Lei n. 226/2008, de 20 de novembro; f) O Decreto-Lei n. 4/2013, de 11 de janeiro, que procedeu aprovao de um conjunto de medidas ur-

gentes de combate s pendncias em atraso no domnio da ao executiva.

Artigo 5.

(Ao declarativa)

1 - Sem prejuzo do disposto nos nmeros seguintes, o Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei, imediatamente aplicvel s aes declarativas pendentes.

2 - As normas relativas determinao da forma do processo declarativo s so aplicveis s aes ins-tauradas aps a entrada em vigor do Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei.

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3 - As normas reguladoras dos atos processuais da fase dos articulados no so aplicveis s aes pen-dentes na data de entrada em vigor do Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei.

4 - Nas aes que, na data da entrada em vigor da presente lei, se encontrem na fase dos articulados, devem as partes, terminada esta fase, ser notificadas para, em 15 dias, apresentarem os requerimentos proba-trios ou alterarem os que hajam apresentado, seguindo-se os demais termos previstos no Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei.

5 - Nas aes pendentes em que, na data da entrada em vigor da presente lei, j tenha sida admitida a in-terveno do tribunal coletivo, o julgamento realizado por este tribunal, nos termos previstos na data dessa admisso.

6 - At entrada em vigor da Lei de Organizao do Sistema Judicirio, competem ao juiz de crculo a preparao e o julgamento das aes de valor superior alada do tribunal da Relao instauradas aps a entrada em vigor do Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei, salvo nos casos em que o Cdigo de Processo Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n. 44 129, de 28 de dezembro de 1961, exclua a in-terveno do tribunal coletivo.

Artigo 6.

(Ao executiva)

1 - O disposto no Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei, aplica-se, com as necess-rias adaptaes, a todas as execues pendentes data da sua entrada em vigor.

2 - Nas execues instauradas antes de 15 de setembro de 2003 os atos que, ao abrigo do Cdigo de Pro-cesso Civil, aprovado em anexo presente lei, so da competncia do agente de execuo competem a oficial de justia.

3 - O disposto no Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei, relativamente aos ttulos executivos, s formas do processo executivo, ao requerimento executivo e tramitao da fase introdutria s se aplica s execues iniciadas aps a sua entrada em vigor.

4 - O disposto no Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei, relativamente aos pro-cedimentos e incidentes de natureza declarativa apenas se aplica aos que sejam deduzidos a partir da data de entrada em vigor da presente lei.

Artigo 7.

(Outras disposies)

1 - Aos recursos interpostos de decises proferidas a partir da entrada em vigor da presente lei em aes ins-tauradas antes de 1 de janeiro de 2008 aplica-se o regime de recursos decorrente do Decreto-Lei n. 303/2007, de 24 de agosto, com as alteraes agora introduzidas, com exceo do disposto no n. 3 do artigo 671. do Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei.

2 - O Cdigo de Processo Civil, aprovado em anexo presente lei, no aplicvel aos procedimentos cautelares instaurados antes da sua entrada em vigor.

Artigo 8.

(Entrada em vigor)

A presente lei entra em vigor no dia 1 de setembro de 2013.

Aprovada em 19 de abril de 2013.

A Presidente da Assembleia da Repblica, Maria da Assuno A. Esteves. Promulgada em 1 de junho de 2013. Publique-se. O Presidente da Repblica, Anbal Cavaco Silva. Referendada em 4 de junho de 2013. O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.

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CDIGO DE PROCESSO CIVIL

LIVRO IDa ao, das partes e do tribunal

TTULO IDas disposies e dos princpios fundamentais

Artigo 1.

(Proibio de autodefesa)

A ningum lcito o recurso fora com o fim de realizar ou assegurar o prprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites declarados na lei.

Artigo 2.

(Garantia de acesso aos tribunais)

1 - A proteo jurdica atravs dos tribunais implica o direito de obter, em prazo razovel, uma deciso judicial que aprecie, com fora de caso julgado, a pretenso regularmente deduzida em juzo, bem como a possibilidade de a fazer executar.

2 - A todo o direito, exceto quando a lei determine o contrrio, corresponde a ao adequada a faz-lo reconhecer em juzo, a prevenir ou reparar a violao dele e a realiz-lo coercivamente, bem como os proce-dimentos necessrios para acautelar o efeito til da ao.

Artigo 3.

(Necessidade do pedido e da contradio)

1 - O tribunal no pode resolver o conflito de interesses que a ao pressupe sem que a resoluo lhe seja pedida por uma das partes e a outra seja devidamente chamada para deduzir oposio.

2 - S nos casos excecionais previstos na lei se podem tomar providncias contra determinada pessoa sem que esta seja previamente ouvida.

3 - O juiz deve observar e fazer cumprir, ao longo de todo o processo, o princpio do contraditrio, no lhe sendo lcito, salvo caso de manifesta desnecessidade, decidir questes de direito ou de facto, mesmo que de conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas se pronunciarem.

4 - s excees deduzidas no ltimo articulado admissvel pode a parte contrria responder na audincia prvia ou, no havendo lugar a ela, no incio da audincia final.

Artigo 4.

(Igualdade das partes)

O tribunal deve assegurar, ao longo de todo o processo, um estatuto de igualdade substancial das partes, designadamente no exerccio de faculdades, no uso de meios de defesa e na aplicao de cominaes ou de sanes processuais.

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Artigo 5.

(nus de alegao das partes e poderes de cognio do tribunal)

1 - s partes cabe alegar os factos essenciais que constituem a causa de pedir e aqueles em que se baseiam as excees invocadas.

2 - Alm dos factos articulados pelas partes, so ainda considerados pelo juiz: a) Os factos instrumentais que resultem da instruo da causa; b) Os factos que sejam complemento ou concretizao dos que as partes hajam alegado e resultem da

instruo da causa, desde que sobre eles tenham tido a possibilidade de se pronunciar; c) Os factos notrios e aqueles de que o tribunal tem conhecimento por virtude do exerccio das suas

funes. 3 - O juiz no est sujeito s alegaes das partes no tocante indagao, interpretao e aplicao das

regras de direito.

Artigo 6.

(Dever de gesto processual)

1 - Cumpre ao juiz, sem prejuzo do nus de impulso especialmente imposto pela lei s partes, dirigir ativamente o processo e providenciar pelo seu andamento clere, promovendo oficiosamente as diligncias necessrias ao normal prosseguimento da ao, recusando o que for impertinente ou meramente dilatrio e, ouvidas as partes, adotando mecanismos de simplificao e agilizao processual que garantam a justa com-posio do litgio em prazo razovel.

2 - O juiz providencia oficiosamente pelo suprimento da falta de pressupostos processuais suscetveis de sanao, determinando a realizao dos atos necessrios regularizao da instncia ou, quando a sanao dependa de ato que deva ser praticado pelas partes, convidando estas a pratic-lo.

Artigo 7.

(Princpio da cooperao)

1 - Na conduo e interveno no processo, devem os magistrados, os mandatrios judiciais e as prprias partes cooperar entre si, concorrendo para se obter, com brevidade e eficcia, a justa composio do litgio.

2 - O juiz pode, em qualquer altura do processo, ouvir as partes, seus representantes ou mandatrios ju-diciais, convidando-os a fornecer os esclarecimentos sobre a matria de facto ou de direito que se afigurem pertinentes e dando-se conhecimento outra parte dos resultados da diligncia.

3 - As pessoas referidas no nmero anterior so obrigadas a comparecer sempre que para isso forem notifi-cadas e a prestar os esclarecimentos que lhes forem pedidos, sem prejuzo do disposto no n. 3 do artigo 417..

4 - Sempre que alguma das partes alegue justificadamente dificuldade sria em obter documento ou infor-mao que condicione o eficaz exerccio de faculdade ou o cumprimento de nus ou dever processual, deve o juiz, sempre que possvel, providenciar pela remoo do obstculo.

Artigo 8.

(Dever de boa-f processual)

As partes devem agir de boa-f e observar os deveres de cooperao resultantes do preceituado no artigo anterior.

Artigo 9.

(Dever de recproca correco)

1 - Todos os intervenientes no processo devem agir em conformidade com um dever de recproca corre-o, pautando-se as relaes entre advogados e magistrados por um especial dever de urbanidade.

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2 - Nenhuma das partes deve usar, nos seus escritos ou alegaes orais, expresses desnecessria ou injus-tificadamente ofensivas da honra ou do bom nome da outra, ou do respeito devido s instituies.

TTULO IIDas espcies de aces

Artigo 10.

(Espcies de aes, consoante o seu fim)

1 - As aes so declarativas ou executivas. 2 - As aes declarativas podem ser de simples apreciao, de condenao ou constitutivas.3 - As aes referidas no nmero anterior tm por fim: a) As de simples apreciao, obter unicamente a declarao da existncia ou inexistncia de um direito

ou de um facto; b) As de condenao, exigir a prestao de uma coisa ou de um facto, pressupondo ou prevendo a violao

de um direito; c) As constitutivas, autorizar uma mudana na ordem jurdica existente. 4 - Dizem-se aes executivas aquelas em que o credor requer as providncias adequadas realizao

coativa de uma obrigao que lhe devida. 5 - Toda a execuo tem por base um ttulo, pelo qual se determinam o fim e os limites da ao executiva. 6 - O fim da execuo, para o efeito do processo aplicvel, pode consistir no pagamento de quantia certa,

na entrega de coisa certa ou na prestao de um facto, quer positivo quer negativo.

TTULO IIIDas partes

CAPTULO IPersonalidade e capacidade judiciria

Artigo 11.

(Conceito e medida da personalidade judiciria)

1 - A personalidade judiciria consiste na suscetibilidade de ser parte. 2 - Quem tiver personalidade jurdica tem igualmente personalidade judiciria.

Artigo 12.

(Extenso da personalidade judiciria)

Tm ainda personalidade judiciria: a) A herana jacente e os patrimnios autnomos semelhantes cujo titular no estiver determinado; b) As associaes sem personalidade jurdica e as comisses especiais; c) As sociedades civis; d) As sociedades comerciais, at data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, nos ter-

mos do artigo 5. do Cdigo das Sociedades Comerciais; e) O condomnio resultante da propriedade horizontal, relativamente s aes que se inserem no mbito

dos poderes do administrador;

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f) Os navios, nos casos previstos em legislao especial.

Artigo 13.

(Personalidade judiciria das sucursais)

1 - As sucursais, agncias, filiais, delegaes ou representaes podem demandar ou ser demandadas quando a ao proceda de facto por elas praticado.

2 - Se a administrao principal tiver a sede ou o domiclio em pas estrangeiro, as sucursais, agncias, filiais, delegaes ou representaes estabelecidas em Portugal podem demandar e ser demandadas, ainda que a ao derive de facto praticado por aquela, quando a obrigao tenha sido contrada com um portugus ou com um estrangeiro domiciliado em Portugal.

Artigo 14.

(Sanao da falta de personalidade judiciria)

A falta de personalidade judiciria das sucursais, agncias, filiais, delegaes ou representaes pode ser sanada mediante a interveno da administrao principal e a ratificao ou repetio do processado.

Artigo 15.

(Conceito e medida da capacidade judiciria)

1 - A capacidade judiciria consiste na suscetibilidade de estar, por si, em juzo. 2 - A capacidade judiciria tem por base e por medida a capacidade do exerccio de direitos.

Artigo 16.

(Suprimento da incapacidade)

1 - Os incapazes s podem estar em juzo por intermdio dos seus representantes, ou autorizados pelo seu curador, exceto quanto aos atos que possam exercer pessoal e livremente.

2 - Os menores cujo exerccio das responsabilidades parentais compete a ambos os pais so por estes re-presentados em juzo, sendo necessrio o acordo de ambos para a propositura de aes.

3 - Quando seja ru um menor sujeito ao exerccio das responsabilidades parentais dos pais, devem ambos ser citados para a ao.

Artigo 17.

(Representao por curador especial ou provisrio)

1 - Se o incapaz no tiver representante geral deve requerer-se a nomeao dele ao tribunal competente, sem prejuzo da imediata designao de um curador provisrio pelo juiz da causa, em caso de urgncia.

2 - Tanto no decurso do processo como na execuo da sentena, pode o curador provisrio praticar os mesmos atos que competiriam ao representante geral, cessando as suas funes logo que o representante no-meado ocupe o lugar dele no processo.

3 - Quando o incapaz deva ser representado por curador especial, a nomeao dele incumbe igualmente ao juiz da causa, aplicando-se o disposto na primeira parte do nmero anterior.

4 - A nomeao incidental de curador deve ser promovida pelo Ministrio Pblico, podendo ser requerida por qualquer parente sucessvel, quando o incapaz haja de ser autor, devendo s-lo pelo autor, quando o inca-paz figure como ru.

5 - O Ministrio Pblico ouvido, sempre que no seja o requerente da nomeao.

Artigo 18.

(Desacordo entre os pais na representao do menor)

1 - Se, sendo o menor representado por ambos os pais, houver desacordo entre estes acerca da conve-

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nincia de intentar a ao, pode qualquer deles requerer ao tribunal competente para a causa a resoluo do conflito.

2 - Se o desacordo apenas surgir no decurso do processo, acerca da orientao deste, pode qualquer dos pais, no prazo de realizao do primeiro ato processual afetado pelo desacordo, requerer ao juiz da causa que providencie sobre a forma de o incapaz ser nela representado, suspendendo-se entretanto a instncia.

3 - Ouvido o outro progenitor, quando s um deles tenha requerido, bem como o Ministrio Pblico, o juiz decide de acordo com o interesse do menor, podendo atribuir a representao a s um dos pais, designar curador especial ou conferir a representao ao Ministrio Pblico, cabendo recurso da deciso.

4 - A contagem do prazo suspenso reinicia-se com a notificao da deciso ao representante designado. 5 - Se houver necessidade de fazer intervir um menor em causa pendente, no havendo acordo entre os

pais para o efeito, pode qualquer deles requerer a suspenso da instncia at resoluo do desacordo pelo tri-bunal da causa, que decide no prazo de 30 dias.

Artigo 19.

(Capacidade judiciria dos inabilitados)

1 - Os inabilitados podem intervir em todas as aes em que sejam partes e devem ser citados quando ti-verem a posio de rus, sob pena de se verificar a nulidade correspondente falta de citao, ainda que tenha sido citado o curador.

2 - A interveno do inabilitado fica subordinada orientao do curador, que prevalece em caso de di-vergncia.

Artigo 20.

(Representao das pessoas impossibilitadas de receber a citao)

1 - As pessoas que, por anomalia psquica ou outro motivo grave, estejam impossibilitadas de receber a citao para a causa so representadas nela por um curador especial.

2 - A representao do curador cessa quando for julgada desnecessria, ou quando se juntar documento que mostre ter sido declarada a interdio ou a inabilitao e nomeado representante ao incapaz.

3 - A desnecessidade da curadoria, quer seja originria quer superveniente, apreciada sumariamente, a requerimento do curatelado, que pode produzir quaisquer provas.

4 - O representante nomeado na ao de interdio ou de inabilitao citado para ocupar no processo o lugar de curador.

Artigo 21.

(Defesa do ausente e do incapaz pelo Ministrio Pblico)

1 - Se o ausente ou o incapaz, ou os seus representantes, no deduzirem oposio, ou se o ausente no comparecer a tempo de a deduzir, incumbe ao Ministrio Pblico a defesa deles, para o que citado, prefe-rencialmente por transmisso eletrnica de dados, nos termos definidos na portaria prevista no n. 1 do artigo 132., correndo novamente o prazo para a contestao.

2 - Quando o Ministrio Pblico represente o autor, nomeado defensor oficioso. 3 - Cessa a representao do Ministrio Pblico ou do defensor oficioso logo que o ausente ou o seu pro-

curador comparea ou logo que seja constitudo mandatrio judicial do ausente ou do incapaz.

Artigo 22.

(Representao dos incertos)

1 - Quando a ao seja proposta contra incertos, por no ter o autor possibilidade de identificar os interes-sados diretos em contradizer, so aqueles representados pelo Ministrio Pblico.

2 - Quando o Ministrio Pblico represente o autor, nomeado defensor oficioso aos incertos. 3 - A representao do Ministrio Pblico ou do defensor oficioso s cessa quando os citados como incer-

tos se apresentem para intervir como rus e a sua legitimidade se encontre devidamente reconhecida.

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Artigo 23.

(Representao de incapazes e ausentes pelo Ministrio Pblico)

1 - Incumbe ao Ministrio Pblico, em representao de incapazes e ausentes, intentar em juzo quaisquer aes que se mostrem necessrias tutela dos seus direitos e interesses.

2 - A representao cessa logo que seja constitudo mandatrio judicial do incapaz ou ausente, ou quando, deduzindo o respetivo representante legal oposio interveno principal do Ministrio Pblico, o juiz, pon-derado o interesse do representado, a considere procedente.

Artigo 24.

(Representao do Estado)

1 - O Estado representado pelo Ministrio Pblico, sem prejuzo dos casos em que a lei especialmente permita o patrocnio por mandatrio judicial prprio, cessando a interveno principal do Ministrio Pblico logo que este esteja constitudo.

2 - Se a causa tiver por objeto bens ou direitos do Estado, mas que estejam na administrao ou fruio de entidades autnomas, podem estas constituir advogado que intervenha no processo juntamente com o Minis-trio Pblico, para o que so citadas quando o Estado seja ru; havendo divergncia entre o Ministrio Pblico e o advogado, prevalece a orientao daquele.

Artigo 25.

(Representao das outras pessoas coletivas e das sociedades)

1 - As demais pessoas coletivas e as sociedades so representadas por quem a lei, os estatutos ou o pacto social designarem.

2 - Sendo demandada pessoa coletiva ou sociedade que no tenha quem a represente, ou ocorrendo con-flito de interesses entre a r e o seu representante, o juiz da causa designa representante especial, salvo se a lei estabelecer outra forma de assegurar a respetiva representao em juzo.

3 - As funes do representante a que se refere o nmero anterior cessam logo que a representao seja assumida por quem deva, nos termos da lei, assegur-la.

Artigo 26.

(Representao das entidades que caream de personalidade jurdica)

Salvo disposio especial em contrrio, os patrimnios autnomos so representados pelos seus admi-nistradores e as sociedades e associaes que caream de personalidade jurdica, bem como as sucursais, agncias, filiais ou delegaes, so representadas pelas pessoas que ajam como diretores, gerentes ou admi-nistradores.

Artigo 27.

(Suprimento da incapacidade judiciria e da irregularidade de representao)

1 - A incapacidade judiciria e a irregularidade de representao so sanadas mediante a interveno ou citao do representante legtimo ou do curador do incapaz.

2 - Se estes ratificarem os atos anteriormente praticados, o processo segue como se o vcio no existisse; no caso contrrio, fica sem efeito todo o processado posterior ao momento em que a falta se deu ou a irregu-laridade foi cometida, correndo novamente os prazos para a prtica dos atos no ratificados, que podem ser renovados.

3 - Se a irregularidade verificada consistir na preterio de algum dos pais, tem-se como ratificado o processado anterior, quando o preterido, devidamente notificado, nada disser dentro do prazo fixado; havendo desacordo dos pais acerca da repetio da ao ou da renovao dos atos, aplicvel o disposto no artigo 18..

4 - Sendo o incapaz autor e tendo o processo sido anulado desde o incio, se o prazo de prescrio ou

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caducidade tiver entretanto terminado ou terminar nos dois meses imediatos anulao, no se considera completada a prescrio ou caducidade antes de findarem estes dois meses.

Artigo 28.

(Iniciativa do juiz no suprimento)

1 - Logo que se aperceba de algum dos vcios a que se refere o artigo anterior, deve o juiz, oficiosamente e a todo o tempo, providenciar pela regularizao da instncia.

2 - Incumbe ao juiz ordenar a citao do ru em quem o deva representar, ou, se a falta ou irregularidade respeitar ao autor, determinar a notificao de quem o deva representar na causa para, no prazo fixado, ratifi-car, querendo, no todo ou em parte, o processado anterior, suspendendo-se entretanto a instncia.

Artigo 29.

(Falta de autorizao ou de deliberao)

1 - Se a parte estiver devidamente representada, mas faltar alguma autorizao ou deliberao exigida por lei, designado o prazo dentro do qual o representante deve obter a respetiva autorizao ou deliberao, suspendendo-se entretanto os termos da causa.

2 - No sendo a falta sanada dentro do prazo, o ru absolvido da instncia, quando a autorizao ou de-liberao devesse ser obtida pelo representante do autor; se era ao representante do ru que incumbia prover, o processo segue como se o ru no deduzisse oposio.

CAPTULO IILegitimidade das partes

Artigo 30.

(Conceito de legitimidade)

1 - O autor parte legtima quando tem interesse direto em demandar; o ru parte legtima quando tem interesse direto em contradizer.

2 - O interesse em demandar exprime-se pela utilidade derivada da procedncia da ao e o interesse em contradizer pelo prejuzo que dessa procedncia advenha.

3 - Na falta de indicao da lei em contrrio, so considerados titulares do interesse relevante para o efeito da legitimidade os sujeitos da relao controvertida, tal como configurada pelo autor.

Artigo 31.

(Aes para a tutela de interesses difusos)

Tm legitimidade para propor e intervir nas aes e procedimentos cautelares destinados, designadamen-te, defesa da sade pblica, do ambiente, da qualidade de vida, do patrimnio cultural e do domnio pbli-co, bem como proteo do consumo de bens e servios, qualquer cidado no gozo dos seus direitos civis e polticos, as associaes e fundaes defensoras dos interesses em causa, as autarquias locais e o Ministrio Pblico, nos termos previstos na lei.

Artigo 32.

(Litisconsrcio voluntrio)

1 - Se a relao material controvertida respeitar a vrias pessoas, a ao respetiva pode ser proposta por

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todos ou contra todos os interessados; mas, se a lei ou o negcio for omisso, a ao pode tambm ser proposta por um s ou contra um s dos interessados, devendo o tribunal, nesse caso, conhecer apenas da respetiva quota-parte do interesse ou da responsabilidade, ainda que o pedido abranja a totalidade.

2 - Se a lei ou o negcio permitir que o direito seja exercido por um s ou que a obrigao comum seja exigida de um s dos interessados, basta que um deles intervenha para assegurar a legitimidade.

Artigo 33.

(Litisconsrcio necessrio)

1 - Se, porm, a lei ou o negcio exigir a interveno dos vrios interessados na relao controvertida, a falta de qualquer deles motivo de ilegitimidade.

2 - igualmente necessria a interveno de todos os interessados quando, pela prpria natureza da rela-o jurdica, ela seja necessria para que a deciso a obter produza o seu efeito til normal.

3 - A deciso produz o seu efeito til normal sempre que, no vinculando embora os restantes interessa-dos, possa regular definitivamente a situao concreta das partes relativamente ao pedido formulado.

Artigo 34.

(Aes que tm de ser propostas por ambos ou contra ambos os cnjuges)

1 - Devem ser propostas por ambos os cnjuges, ou por um deles com consentimento do outro, as aes de que possa resultar a perda ou a onerao de bens que s por ambos possam ser alienados ou a perda de direitos que s por ambos possam ser exercidos, incluindo as aes que tenham por objeto, direta ou indiretamente, a casa de morada de famlia.

2 - Na falta de acordo, o tribunal decide sobre o suprimento do consentimento, tendo em considerao o interesse da famlia, aplicando-se, com as necessrias adaptaes, o disposto no artigo 29..

3 - Devem ser propostas contra ambos os cnjuges as aes emergentes de facto praticado por ambos os cnjuges, as aes emergentes de facto praticado por um deles, mas em que pretenda obter-se deciso suscet-vel de ser executada sobre bens prprios do outro, e ainda as aes compreendidas no n. 1.

Artigo 35.

(O litisconsrcio e a ao)

No caso de litisconsrcio necessrio, h uma nica ao com pluralidade de sujeitos; no litisconsrcio voluntrio, h uma simples acumulao de aes, conservando cada litigante uma posio de independncia em relao aos seus compartes.

Artigo 36.

(Coligao de autores e de rus)

1 - permitida a coligao de autores contra um ou vrios rus e permitido a um autor demandar con-juntamente vrios rus, por pedidos diferentes, quando a causa de pedir seja a mesma e nica ou quando os pedidos estejam entre si numa relao de prejudicialidade ou de dependncia.

2 - igualmente lcita a coligao quando, sendo embora diferente a causa de pedir, a procedncia dos pedidos principais dependa essencialmente da apreciao dos mesmos factos ou da interpretao e aplicao das mesmas regras de direito ou de clusulas de contratos perfeitamente anlogas.

3 - admitida a coligao quando os pedidos deduzidos contra os vrios rus se baseiam na invocao da obrigao cartular, quanto a uns, e da respetiva relao subjacente, quanto a outros.

Artigo 37.

(Obstculos coligao)

1 - A coligao no admissvel quando aos pedidos correspondam formas de processo diferentes ou a

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cumulao possa ofender regras de competncia internacional ou em razo da matria ou da hierarquia. 2 - Quando aos pedidos correspondam formas de processo que, embora diversas, no sigam uma tramita-

o manifestamente incompatvel, pode o juiz autorizar a cumulao, sempre que nela haja interesse relevante ou quando a apreciao conjunta das pretenses seja indispensvel para a justa composio do litgio.

3 - Incumbe ao juiz, na situao prevista no nmero anterior, adaptar o processado cumulao autori-zada.

4 - Se o tribunal, oficiosamente ou a requerimento de algum dos rus, entender que, no obstante a veri-ficao dos requisitos da coligao, h inconveniente grave em que as causas sejam instrudas, discutidas e julgadas conjuntamente, determina, em despacho fundamentado, a notificao do autor para indicar, no prazo fixado, qual o pedido ou os pedidos que continuam a ser apreciados no processo, sob cominao de, no o fazendo, ser o ru absolvido da instncia quanto a todos eles, aplicando-se o disposto nos n.os 2 e 3 do artigo seguinte.

5 - No caso previsto no nmero anterior, se as novas aes forem propostas dentro de 30 dias a contar do trnsito em julgado do despacho que ordenou a separao, os efeitos civis da propositura da ao e da citao do ru retrotraem-se data em que estes factos se produziram no primeiro processo.

Artigo 38.

(Suprimento da coligao ilegal)

1 - Ocorrendo coligao sem que entre os pedidos exista a conexo exigida pelo artigo 36., o juiz notifica o autor para, no prazo fixado, indicar qual o pedido que pretende ver apreciado no processo, sob cominao de, no o fazendo, o ru ser absolvido da instncia quanto a todos eles.

2 - Havendo pluralidade de autores, so todos notificados, nos termos do nmero anterior, para, por acor-do, esclarecerem quais os pedidos que pretendem ver apreciados no processo.

3 - Feita a indicao a que aludem os nmeros anteriores, o juiz absolve o ru da instncia relativamente aos outros pedidos.

Artigo 39.

(Pluralidade subjetiva subsidiria)

admitida a deduo subsidiria do mesmo pedido, ou a deduo de pedido subsidirio, por autor ou contra ru diverso do que demanda ou demandado a ttulo principal, no caso de dvida fundamentada sobre o sujeito da relao controvertida.

CAPTULO IIIPatrocnio judicirio

Artigo 40.

(Constituio obrigatria de advogado)

1 - obrigatria a constituio de advogado: a) Nas causas de competncia de tribunais com alada, em que seja admissvel recurso ordinrio; b) Nas causas em que seja sempre admissvel recurso, independentemente do valor; c) Nos recursos e nas causas propostas nos tribunais superiores. 2 - Ainda que seja obrigatria a constituio de advogado, os advogados estagirios, os solicitadores e as

prprias partes podem fazer requerimentos em que se no levantem questes de direito. 3 - Nas causas em que, no sendo obrigatria a constituio de advogado, as partes no tenham consti-

tudo mandatrio judicial, a inquirio das testemunhas efetuada pelo juiz, cabendo ainda a este adequar a

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tramitao processual s especificidades da situao.

Artigo 41.

(Falta de constituio de advogado)

Se a parte no constituir advogado, sendo obrigatria a constituio, o juiz, oficiosamente ou a requeri-mento da parte contrria, determina a sua notificao para o constituir dentro de prazo certo, sob pena de o ru ser absolvido da instncia, de no ter seguimento o recurso ou de ficar sem efeito a defesa.

Artigo 42.

(Representao nas causas em que no obrigatria a constituio de advogado)

Nas causas em que no seja obrigatria a constituio de advogado podem as prprias partes pleitear por si ou ser representadas por advogados estagirios ou por solicitadores.

Artigo 43.

(Como se confere o mandato judicial)

O mandato judicial pode ser conferido: a) Por instrumento pblico ou por documento particular, nos termos do Cdigo do Notariado e da legis-

lao especial; b) Por declarao verbal da parte no auto de qualquer diligncia que se pratique no processo.

Artigo 44.

(Contedo e alcance do mandato)

1 - O mandato atribui poderes ao mandatrio para representar a parte em todos os atos e termos do proces-so principal e respetivos incidentes, mesmo perante os tribunais superiores, sem prejuzo das disposies que exijam a outorga de poderes especiais por parte do mandante.

2 - Nos poderes que a lei presume conferidos ao mandatrio est includo o de substabelecer o mandato. 3 - O substabelecimento sem reserva implica a excluso do anterior mandatrio. 4 - A eficcia do mandato depende de aceitao, que pode ser manifestada no prprio instrumento pblico

ou em documento particular, ou resultar de comportamento concludente do mandatrio.

Artigo 45.

(Poderes gerais e especiais dos mandatrios judiciais)

1 - Quando a parte declare na procurao que concede poderes forenses ou para ser representada em qual-quer ao, o mandato tem a extenso definida no artigo anterior.

2 - Os mandatrios judiciais s podem confessar a ao, transigir sobre o seu objeto e desistir do pedido ou da instncia quando estejam munidos de procurao que os autorize expressamente a praticar qualquer desses atos.

Artigo 46.

(Confisso de factos feita pelo mandatrio)

As afirmaes e confisses expressas de factos, feitas pelo mandatrio nos articulados, vinculam a parte, salvo se forem retificadas ou retiradas enquanto a parte contrria as no tiver aceitado especificadamente.

Artigo 47.

(Revogao e renncia do mandato)

1 - A revogao e a renncia do mandato devem ter lugar no prprio processo e so notificadas tanto ao

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mandatrio ou ao mandante, como parte contrria. 2 - Os efeitos da revogao e da renncia produzem-se a partir da notificao, sem prejuzo do disposto

nos nmeros seguintes; a renncia pessoalmente notificada ao mandante, com a advertncia dos efeitos pre-vistos no nmero seguinte.

3 - Nos casos em que seja obrigatria a constituio de advogado, se a parte, depois de notificada da re-nncia, no constituir novo mandatrio no prazo de 20 dias:

a) Suspende-se a instncia, se a falta for do autor ou do exequente; b) O processo segue os seus termos, se a falta for do ru, do executado ou do requerido, aproveitando-se

os atos anteriormente praticados; c) Extingue-se o procedimento ou o incidente inserido na tramitao de qualquer ao, se a falta for do

requerente, opoente ou embargante. 4 - Sendo o patrocnio obrigatrio, se o ru, o reconvindo, o executado ou o requerido no puderem ser

notificados, nomeado oficiosamente mandatrio, nos termos do n. 3 do artigo 51.. 5 - O advogado nomeado nos termos do nmero anterior tem direito a exame do processo, pelo prazo de

10 dias. 6 - Se o ru tiver deduzido reconveno, esta fica sem efeito quando for dele a falta a que se refere o n.

3; sendo a falta do autor, segue s o pedido reconvencional, decorridos que sejam 10 dias sobre a suspenso da ao.

Artigo 48.

(Falta, insuficincia e irregularidade do mandato)

1 - A falta de procurao e a sua insuficincia ou irregularidade podem, em qualquer altura, ser arguidas pela parte contrria e suscitadas oficiosamente pelo tribunal.

2 - O juiz fixa o prazo dentro do qual deve ser suprida a falta ou corrigido o vcio e ratificado o proces-sado, findo o qual, sem que esteja regularizada a situao, fica sem efeito tudo o que tiver sido praticado pelo mandatrio, devendo este ser condenado nas custas respetivas e, se tiver agido culposamente, na indemnizao dos prejuzos a que tenha dado causa.

3 - Sempre que o vcio resulte de excesso de mandato, o tribunal participa a ocorrncia ao respetivo con-selho distrital da Ordem dos Advogados.

Artigo 49.

(Patrocnio a ttulo de gesto de negcios)

1 - Em casos de urgncia, o patrocnio judicirio pode ser exercido como gesto de negcios. 2 - Porm, se a parte no ratificar a gesto dentro do prazo fixado pelo juiz, o gestor condenado nas cus-

tas que provocou e na indemnizao do dano causado parte contrria ou parte cuja gesto assumiu. 3 - O despacho que fixar o prazo para a ratificao notificado pessoalmente parte cujo patrocnio o

gestor assumiu.Artigo 50.

(Assistncia tcnica aos advogados)

1 - Quando no processo se suscitem questes de natureza tcnica para as quais no tenha a necessria preparao, pode o advogado fazer-se assistir, durante a produo da prova e a discusso da causa, de pessoa dotada de competncia especial para se ocupar das questes suscitadas.

2 - At 10 dias antes da audincia final, o advogado indica no processo a pessoa que escolheu e as ques-tes para que reputa conveniente a sua assistncia, dando-se logo conhecimento do facto ao advogado da parte contrria, que pode usar de igual direito.

3 - A interveno pode ser recusada quando se julgue desnecessria.4 - Em relao s questes para que tenha sido designado, o tcnico tem os mesmos direitos e deveres que

o advogado, mas deve prestar o seu concurso sob a direo deste e no pode produzir alegaes orais.

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Artigo 51.

(Nomeao oficiosa de advogado)

1 - Se a parte no encontrar na circunscrio judicial quem aceite voluntariamente o seu patrocnio, pode dirigir-se ao presidente do conselho distrital da Ordem dos Advogados ou respetiva delegao para que lhe nomeiem advogado.

2 - A nomeao ser feita sem demora e notificada ao nomeado, que pode alegar escusa dentro de cinco dias; na falta de escusa ou quando esta no seja julgada legtima por quem fez a nomeao, deve o advogado exercer o patrocnio, sob pena de procedimento disciplinar.

3 - nomeao de advogado nos casos de urgncia aplica-se, com as necessrias adaptaes, o disposto para as nomeaes urgentes em processo penal.

Artigo 52.

(Nomeao oficiosa de solicitador)

Sendo necessria a nomeao de solicitador, aplicvel, com as necessrias adaptaes, o disposto no artigo anterior.

CAPTULO IVDisposies especiais sobre execues

Artigo 53.

(Legitimidade do exequente e do executado)

1 - A execuo tem de ser promovida pela pessoa que no ttulo executivo figure como credor e deve ser instaurada contra a pessoa que no ttulo tenha a posio de devedor.

2 - Se o ttulo for ao portador, ser a execuo promovida pelo portador do ttulo.

Artigo 54.

(Desvios regra geral da determinao da legitimidade)

1 - Tendo havido sucesso no direito ou na obrigao, deve a execuo correr entre os sucessores das pessoas que no ttulo figuram como credor ou devedor da obrigao exequenda; no prprio requerimento para a execuo o exequente deduz os factos constitutivos da sucesso.

2 - A execuo por dvida provida de garantia real sobre bens de terceiro segue diretamente contra este se o exequente pretender fazer valer a garantia, sem prejuzo de poder desde logo ser tambm demandado o devedor.

3 - Quando a execuo tenha sido movida apenas contra o terceiro e se reconhea a insuficincia dos bens onerados com a garantia real, pode o exequente requerer, no mesmo processo, o prosseguimento da ao exe-cutiva contra o devedor, que demandado para completa satisfao do crdito exequendo.

4 - Pertencendo os bens onerados ao devedor, mas estando eles na posse de terceiro, pode este ser desde logo demandado juntamente com o devedor.

Artigo 55.

(Exequibilidade da sentena contra terceiros)

A execuo fundada em sentena condenatria pode ser promovida no s contra o devedor, mas ainda contra as pessoas em relao s quais a sentena tenha fora de caso julgado.

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Artigo 56.

(Coligao)

1 - Quando no se verifiquem as circunstncias impeditivas previstas no n. 1 do artigo 709., permitido: a) A vrios credores coligados demandar o mesmo devedor ou vrios devedores litisconsortes; b) A um ou vrios credores litisconsortes, ou a vrios credores coligados, demandar vrios devedores

coligados desde que obrigados no mesmo ttulo; c) A um ou vrios credores litisconsortes, ou a vrios credores coligados, demandar vrios devedores co-

ligados, titulares de quinhes no mesmo patrimnio autnomo ou de direitos relativos ao mesmo bem indiviso sobre os quais se faa incidir a penhora.

2 - No obsta cumulao a circunstncia de ser ilquida alguma das quantias, desde que a liquidao dependa unicamente de operaes aritmticas.

3 - aplicvel coligao o disposto nos n.os 2 a 5 do artigo 709. para a cumulao de execues.

Artigo 57.

(Legitimidade do Ministrio Pblico como exequente)

Compete ao Ministrio Pblico promover a execuo por custas e multas judiciais impostas em qualquer processo.

Artigo 58.

(Patrocnio judicirio obrigatrio)

1 - As partes tm de se fazer representar por advogado nas execues de valor superior alada da Rela-o e nas de valor igual ou inferior a esta quantia, mas superior alada do tribunal de 1. instncia, quando tenha lugar algum procedimento que siga os termos do processo declarativo.

2 - No apenso de verificao de crditos, o patrocnio de advogado s necessrio quando seja reclamado algum crdito de valor superior alada do tribunal de 1. instncia e apenas para apreciao dele.

3 - As partes tm de se fazer representar por advogado, advogado estagirio ou solicitador nas execues de valor superior alada do tribunal de 1. instncia no abrangidas pelos nmeros anteriores.

TTULO IVDo tribunal

CAPTULO IDas disposies gerais sobre competncia

Artigo 59.

(Competncia internacional)

Sem prejuzo do que se encontre estabelecido em regulamentos europeus e em outros instrumentos in-ternacionais, os tribunais portugueses so internacionalmente competentes quando se verifique algum dos elementos de conexo referidos nos artigos 62. e 63. ou quando as partes lhes tenham atribudo competncia nos termos do artigo 94..

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Artigo 60.

(Fatores determinantes da competncia na ordem interna)

1 - A competncia dos tribunais judiciais, no mbito da jurisdio civil, regulada conjuntamente pelo estabelecido nas leis de organizao judiciria e pelas disposies deste Cdigo.

2 - Na ordem interna, a jurisdio reparte-se pelos diferentes tribunais segundo a matria, o valor da cau-sa, a hierarquia judiciria e o territrio.

Artigo 61.

(Alterao da competncia)

Quando ocorra alterao da lei reguladora da competncia considerada relevante quanto aos processos pendentes, o juiz ordena oficiosamente a sua remessa para o tribunal que a nova lei considere competente.

CAPTULO IIDa competncia internacional

Artigo 62.

(Fatores de atribuio da competncia internacional)

Os tribunais portugueses so internacionalmente competentes: a) Quando a ao possa ser proposta em tribunal portugus segundo as regras de competncia territorial

estabelecidas na lei portuguesa; b) Ter sido praticado em territrio portugus o facto que serve de causa de pedir na ao, ou algum dos

factos que a integram; c) Quando o direito invocado no possa tornar-se efetivo seno por meio de ao proposta em territrio

portugus ou se verifique para o autor dificuldade aprecivel na propositura da ao no estrangeiro, desde que entre o objeto do litgio e a ordem jurdica portuguesa haja um elemento ponderoso de conexo, pessoal ou real.

Artigo 63.

(Competncia exclusiva dos tribunais portugueses)

Os tribunais portugueses so exclusivamente competentes: a) Em matria de direitos reais sobre imveis e de arrendamento de imveis situados em territrio portu-

gus; todavia, em matria de contratos de arrendamento de imveis celebrados para uso pessoal temporrio por um perodo mximo de seis meses consecutivos, so igualmente competentes os tribunais do Estado mem-bro da Unio Europeia onde o requerido tiver domiclio, desde que o arrendatrio seja uma pessoa singular e o proprietrio e o arrendatrio tenham domiclio no mesmo Estado membro;

b) Em matria de validade da constituio ou de dissoluo de sociedades ou de outras pessoas coletivas que tenham a sua sede em Portugal, bem como em matria de validade das decises dos seus rgos; para determinar essa sede, o tribunal portugus aplica as suas regras de direito internacional privado;

c) Em matria de validade de inscries em registos pblicos conservados em Portugal; d) Em matria de execues sobre imveis situados em territrio portugus; e) Em matria de insolvncia ou de revitalizao de pessoas domiciliadas em Portugal ou de pessoas co-

letivas ou sociedades cuja sede esteja situada em territrio portugus.

CAPTULO IIIDa competncia interna

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SECO ICompetncia em razo da matria

Artigo 64.

(Competncia dos tribunais judiciais)

So da competncia dos tribunais judiciais as causas que no sejam atribudas a outra ordem jurisdicional.

Artigo 65.

(Tribunais e seces de competncia especializada)

As leis de organizao judiciria determinam quais as causas que, em razo da matria, so da competn-cia dos tribunais e das seces dotados de competncia especializada.

SECO II Competncia em razo do valor

Artigo 66.

(Instncias central e local)

As leis de organizao judiciria determinam quais as causas que, pelo seu valor, se inserem na compe-tncia da instncia central e da instncia local.

SECO III Competncia em razo da hierarquia

Artigo 67.

(Tribunais de 1. instncia)

Compete aos tribunais de 1. instncia o conhecimento dos recursos das decises dos notrios, dos con-servadores do registo e de outros que, nos termos da lei, para eles devam ser interpostos.

Artigo 68.

(Relaes)

1 - As Relaes conhecem dos recursos e das causas que por lei sejam da sua competncia. 2 - Compete s Relaes o conhecimento dos recursos interpostos de decises proferidas pelos tribunais

de 1. instncia.

Artigo 69.

(Supremo Tribunal de Justia)

1 - O Supremo Tribunal de Justia conhece dos recursos e das causas que por lei sejam da sua competn-cia.

2 - Compete ao Supremo Tribunal de Justia o conhecimento dos recursos interpostos de decises profe-ridas pelas Relaes e, nos casos especialmente previstos na lei, pelos tribunais de 1. instncia.

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SECO IV Competncia em razo do territrio

Artigo 70.

(Foro da situao dos bens)

1 - Devem ser propostas no tribunal da situao dos bens as aes referentes a direitos reais ou pessoais de gozo sobre imveis, a ao de diviso de coisa comum, de despejo, de preferncia e de execuo especfica sobre imveis, e ainda as de reforo, substituio, reduo ou expurgao de hipotecas.

2 - As aes de reforo, substituio, reduo e expurgao de hipotecas sobre navios e aeronaves so, porm, instauradas na circunscrio da respetiva matrcula, podendo o autor optar por qualquer delas se a hi-poteca abranger mveis matriculados em circunscries diversas.

3 - Quando a ao tiver por objeto uma universalidade de facto, ou bens mveis e imveis, ou imveis situados em circunscries diferentes, proposta no tribunal correspondente situao dos imveis de maior valor, devendo atender-se para esse efeito aos valores da matriz predial; se o prdio que objeto da ao es-tiver situado em mais de uma circunscrio territorial, pode ela ser proposta em qualquer das circunscries.

Artigo 71.

(Competncia para o cumprimento da obrigao)

1 - A ao destinada a exigir o cumprimento de obrigaes, a indemnizao pelo no cumprimento ou pelo cumprimento defeituoso e a resoluo do contrato por falta de cumprimento proposta no tribunal do domic-lio do ru, podendo o credor optar pelo tribunal do lugar em que a obrigao deveria ser cumprida, quando o ru seja pessoa coletiva ou quando, situando-se o domiclio do credor na rea metropolitana de Lisboa ou do Porto, o ru tenha domiclio na mesma rea metropolitana.

2 - Se a ao se destinar a efetivar a responsabilidade civil baseada em facto ilcito ou fundada no risco, o tribunal competente o correspondente ao lugar onde o facto ocorreu.

Artigo 72.

(Divrcio e separao)

Para as aes de divrcio e de separao de pessoas e bens competente o tribunal do domiclio ou da residncia do autor.

Artigo 73.

(Ao de honorrios)

1 - Para a ao de honorrios de mandatrios judiciais ou tcnicos e para a cobrana das quantias adian-tadas ao cliente, competente o tribunal da causa na qual foi prestado o servio, devendo aquela correr por apenso a esta.

2 - Se a causa tiver sido, porm, instaurada na Relao ou no Supremo Tribunal de Justia, a ao de ho-norrios correr no tribunal da comarca do domiclio do devedor.

Artigo 74.

(Regulao e repartio de avaria grossa)

O tribunal do porto onde for ou devesse ser entregue a carga de um navio que sofreu avaria grossa com-petente para regular e repartir esta avaria.

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Artigo 75.

(Perdas e danos por abalroao de navios)

A ao de perdas e danos por abalroao de navios pode ser proposta no tribunal do lugar do acidente, no do domiclio do dono do navio abalroador, no do lugar a que pertencer ou em que for encontrado esse navio e no do lugar do primeiro porto em que entrar o navio abalroado.

Artigo 76.

(Salrios por salvao ou assistncia de navios)

Os salrios devidos por salvao ou assistncia de navios podem ser exigidos no tribunal do lugar em que o facto ocorrer, no do domiclio do dono dos objetos salvos e no do lugar a que pertencer ou onde for encon-trado o navio socorrido.

Artigo 77.

(Extino de privilgios sobre navios)

A ao para ser julgado livre de privilgios um navio adquirido por ttulo gratuito ou oneroso proposta no tribunal do porto onde o navio se achasse surto no momento da aquisio.

Artigo 78.

(Procedimentos cautelares e diligncias antecipadas)

1 - Quanto a procedimentos cautelares e diligncias anteriores proposio da ao, observa-se o seguin-te:

a) O arresto e o arrolamento tanto podem ser requeridos no tribunal onde deva ser proposta a ao res-petiva, como no do lugar onde os bens se encontrem ou, se houver bens em vrias comarcas, no de qualquer destas;

b) Para o embargo de obra nova competente o tribunal do lugar da obra; c) Para os outros procedimentos cautelares competente o tribunal em que deva ser proposta a ao res-

petiva; d) As diligncias antecipadas de produo de prova so requeridas no tribunal do lugar em que hajam de

efetuar-se. 2 - O processo dos atos e diligncias a que se refere o nmero anterior apensado ao da ao respetiva,

para o que deve ser remetido, quando se torne necessrio, ao tribunal em que esta for proposta.

Artigo 79.

(Notificaes avulsas)

As notificaes avulsas so requeridas no tribunal em cuja rea resida a pessoa a notificar.

Artigo 80.

(Regra geral)

1 - Em todos os casos no previstos nos artigos anteriores ou em disposies especiais competente para a ao o tribunal do domiclio do ru.

2 - Se, porm, o ru no tiver residncia habitual ou for incerto ou ausente, demandado no tribunal do domiclio do autor; mas a curadoria, provisria ou definitiva, dos bens do ausente requerida no tribunal do ltimo domiclio que ele teve em Portugal.

3 - Se o ru tiver o domiclio e a residncia em pas estrangeiro, demandado no tribunal do lugar em que se encontrar; no se encontrando em territrio portugus, demandado no do domiclio do autor, e, quando este domiclio for em pas estrangeiro, competente para a causa o tribunal de Lisboa.

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Artigo 81.

(Regra geral para as pessoas coletivas e sociedades)

1 - Se o ru for o Estado, ao tribunal do domiclio do ru substitui-se o do domiclio do autor. 2 - Se o ru for outra pessoa coletiva ou uma sociedade, demandado no tribunal da sede da administrao

principal ou no da sede da sucursal, agncia, filial, delegao ou representao, conforme a ao seja dirigida contra aquela ou contra estas; mas a ao contra pessoas coletivas ou sociedades estrangeiras que tenham su-cursal, agncia, filial, delegao ou representao em Portugal pode ser proposta no tribunal da sede destas, ainda que seja pedida a citao da administrao principal.

Artigo 82.

(Pluralidade de rus e cumulao de pedidos)

1 - Havendo mais de um ru na mesma causa, devem ser todos demandados no tribunal do domiclio do maior nmero; se for igual o nmero nos diferentes domiclios, pode o autor escolher o de qualquer deles.

2 - Se o autor cumular pedidos para cuja apreciao sejam territorialmente competentes diversos tribu-nais, pode escolher qualquer deles para a propositura da ao, salvo se a competncia para apreciar algum dos pedidos depender de algum dos elementos de conexo que permitem o conhecimento oficioso da incompetn-cia relativa; neste caso, a ao proposta nesse tribunal.

3 - Quando se cumulem, porm, pedidos entre os quais haja uma relao de dependncia ou subsidiarie-dade, deve a ao ser proposta no tribunal competente para a apreciao do pedido principal.

Artigo 83.

(Competncia para o julgamento dos recursos)

Os recursos devem ser interpostos para o tribunal a que est hierarquicamente subordinado aquele de que se recorre.

Artigo 84.

(Aes em que seja parte o juiz, seu cnjuge ou certos parentes)

1 - Para as aes em que seja parte o juiz de direito, seu cnjuge, algum seu descendente ou ascendente ou quem com ele conviva em economia comum e que devessem ser propostas na circunscrio em que o juiz exerce jurisdio, competente o tribunal da circunscrio judicial cuja sede esteja a menor distncia da sede daquela.

2 - Se a ao for proposta na circunscrio em que o juiz impedido exerce jurisdio ou se este for a colocado estando j pendente a causa, o processo remetido para a circunscrio mais prxima, observado o disposto no artigo 116., podendo a remessa ser requerida em qualquer estado da causa, at sentena.

3 - O juiz da causa pode ordenar e praticar na circunscrio do juiz impedido todos os atos necessrios ao andamento e instruo do processo como se fosse juiz dessa circunscrio.

4 - O disposto nos nmeros anteriores no se aplica nas circunscries em que houver mais de um juiz.

SECO V Disposies especiais sobre execues

Artigo 85.

(Competncia para a execuo fundada em sentena)

1 - Na execuo de deciso proferida por tribunais portugueses, o requerimento executivo apresentado no processo em que aquela foi proferida, correndo a execuo nos prprios autos e sendo tramitada de forma autnoma, exceto quando o processo tenha entretanto subido em recurso, casos em que corre no traslado.

2 - Quando, nos termos da lei de organizao judiciria, seja competente para a execuo seco especia-

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lizada de execuo, deve ser remetida a esta, com carter de urgncia, cpia da sentena, do requerimento que deu incio execuo e dos documentos que o acompanham.

3 - Se a deciso tiver sido proferida por rbitros em arbitragem que tenha tido lugar em territrio portu-gus, competente para a execuo o tribunal da comarca do lugar da arbitragem.

Artigo 86.

(Execuo de sentena proferida por tribunais superiores)

Se a ao tiver sido proposta na Relao ou no Supremo Tribunal de Justia, competente para a exe-cuo o tribunal do domiclio do executado, salvo o caso especial do artigo 84.; em qualquer caso, baixa o traslado ou o processo declarativo ao tribunal competente para a execuo.

Artigo 87.

(Execuo por custas, multas e indemnizaes)

1 - Para a execuo por custas, por multas ou pelas indemnizaes referidas no artigo 542. e preceitos anlogos, competente o tribunal em que haja corrido o processo no qual tenha tido lugar a notificao da respetiva conta ou liquidao.

2 - A execuo por custas, por multas ou pelas indemnizaes corre por apenso ao respetivo processo.

Artigo 88.

(Execuo por custas, multas e indemnizaes derivadas de condenao em tribunais superio-res)

Quando a condenao em custas, multa ou indemnizao tiver sido proferida na Relao ou no Supremo Tribunal de Justia, a execuo corre no tribunal de 1. instncia competente da rea em que o processo haja corrido.

Artigo 89.

(Regra geral de competncia em matria de execues)

1 - Salvos os casos especiais previstos noutras disposies, competente para a execuo o tribunal do domiclio do executado, podendo o exequente optar pelo tribunal do lugar em que a obrigao deva ser cumprida quando o executado seja pessoa coletiva ou quando, situando-se o domiclio do exequente na rea metropolitana de Lisboa ou do Porto, o executado tenha domiclio na mesma rea metropolitana.

2 - Porm, se a execuo for para entrega de coisa certa ou por dvida com garantia real, so, respetiva-mente, competentes o tribunal do lugar onde a coisa se encontre ou o da situao dos bens onerados.

3 - Quando a execuo haja de ser instaurada no tribunal do domiclio do executado e este no tenha do-miclio em Portugal, mas aqui tenha bens, competente para a execuo o tribunal da situao desses bens.

4 - igualmente competente o tribunal da situao dos bens a executar quando a execuo haja de ser instaurada em tribunal portugus, por via da alnea b) do artigo 63., e no ocorra nenhuma das situaes pre-vistas nos artigos anteriores e nos nmeros anteriores deste artigo.

5 - Nos casos de cumulao de execues para cuja apreciao sejam territorialmente competentes diver-sos tribunais, competente o tribunal do domiclio do executado.

Artigo 90.

(Execuo fundada em sentena estrangeira)

A competncia para a execuo fundada em sentena estrangeira determina-se nos termos do artigo 86..

CAPTULO IVDa extenso e modificaes da competncia

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Artigo 91.

(Competncia do tribunal em relao s questes incidentais)

1 - O tribunal competente para a ao tambm competente para conhecer dos incidentes que nela se levantem e das questes que o ru suscite como meio de defesa.

2 - A deciso das questes e incidentes suscitados no constitui, porm, caso julgado fora do processo respetivo, exceto se alguma das partes requerer o julgamento com essa amplitude e o tribunal for competente do ponto de vista internacional e em razo da matria e da hierarquia.

Artigo 92.

(Questes prejudiciais)

1 - Se o conhecimento do objeto da ao depender da deciso de uma questo que seja da competncia do tribunal criminal ou do tribunal administrativo, pode o juiz sobrestar na deciso at que o tribunal competente se pronuncie.

2 - A suspenso fica sem efeito se a ao penal ou a ao administrativa no for exercida dentro de um ms ou se o respetivo processo estiver parado, por negligncia das partes, durante o mesmo prazo; neste caso, o juiz da ao decidir a questo prejudicial, mas a sua deciso no produz efeitos fora do processo em que for proferida.

Artigo 93.

(Competncia para as questes reconvencionais)

1 - O tribunal da ao competente para as questes deduzidas por via de reconveno, desde que tenha competncia para elas em razo da nacionalidade, da matria e da hierarquia; se a no tiver, o reconvindo absolvido da instncia.

2 - Quando, por virtude da reconveno, o tribunal deixe de ser competente em razo do valor, deve o juiz oficiosamente remeter o processo para o tribunal competente.

Artigo 94.

(Pactos privativo e atributivo de jurisdio)

1 - As partes podem convencionar qual a jurisdio competente para dirimir um litgio determinado, ou os litgios eventualmente decorrentes de certa relao jurdica, contanto que a relao controvertida tenha co-nexo com mais de uma ordem jurdica.

2 - A designao convencional pode envolver a atribuio de competncia exclusiva ou meramente al-ternativa com a dos tribunais portugueses, quando esta exista, presumindo-se que seja exclusiva em caso de dvida.

3 - A eleio do foro s vlida quando se verifiquem cumulativamente os seguintes requisitos: a) Dizer respeito a um litgio sobre direitos disponveis; b) Ser aceite pela lei do tribunal designado; c) Ser justificada por um interesse srio de ambas as partes ou de uma delas, desde que no envolva in-

conveniente grave para a outra; d) No recair sobre matria da exclusiva competncia dos tribunais portugueses; e) Resultar de acordo escrito ou confirmado por escrito, devendo nele fazer-se meno expressa da juris-

dio competente. 4 - Para efeitos do disposto no nmero anterior, considera-se reduzido a escrito o acordo constante de

documento assinado pelas partes, ou o emergente de troca de cartas, telex, telegramas ou outros meios de comunicao de que fique prova escrita, quer tais instrumentos contenham diretamente o acordo quer deles conste clusula de remisso para algum documento em que ele esteja contido.

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Artigo 95.

(Competncia convencional)

1 - As regras de competncia em razo da matria, da hierarquia e do valor da causa no podem ser afas-tadas por vontade das partes; mas permitido a estas afastar, por conveno expressa, a aplicao das regras de competncia em razo do territrio, salvo nos casos a que se refere o artigo 104..

2 - O acordo deve satisfazer os requisitos de forma do contrato, fonte da obrigao, contanto que seja re-duzido a escrito, nos termos do n. 4 do artigo anterior, e deve designar as questes a que se refere e o critrio de determinao do tribunal que fica sendo competente.

3 - A competncia fundada na estipulao to obrigatria como a que deriva da lei. 4 - A designao das questes abrangidas pelo acordo pode fazer-se pela especificao do facto jurdico

suscetvel de as originar.

CAPTULO VDas garantias da competncia

SECO IIncompetncia absoluta

Artigo 96.

(Casos de incompetncia absoluta)

Determinam a incompetncia absoluta do tribunal: a) A infrao das regras de competncia em razo da matria e da hierarquia e das regras de competncia

internacional; b) A preterio de tribunal arbitral.

Artigo 97.

(Regime de arguio - Legitimidade e oportunidade)

1 - A incompetncia absoluta pode ser arguida pelas partes e, exceto se decorrer da violao de pacto privativo de jurisdio ou de preterio de tribunal arbitral voluntrio, deve ser suscitada oficiosamente pelo tribunal enquanto no houver sentena com trnsito em julgado proferida sobre o fundo da causa.

2 - A violao das regras de competncia em razo da matria que apenas respeitem aos tribunais judiciais s pode ser arguida, ou oficiosamente conhecida, at ser proferido despacho saneador, ou, no havendo lugar a este, at ao incio da audincia final.

Artigo 98.

(Em que momento deve conhecer-se da incompetncia)

Se a incompetncia for arguida antes de ser proferido o despacho saneador, pode conhecer-se dela ime-diatamente ou reservar-se a apreciao para esse despacho; se for arguida posteriormente ao despacho, deve conhecer-se logo da arguio.

Artigo 99.

(Efeito da incompetncia absoluta)

1 - A verificao da incompetncia absoluta implica a absolvio do ru da instncia ou o indeferimento em despacho liminar, quando o processo o comportar.

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2 - Se a incompetncia for decretada depois de findos os articulados, podem estes aproveitar-se desde que o autor requeira, no prazo de 10 dias a contar do trnsito em julgado da deciso, a remessa do processo ao tribunal em que a ao deveria ter sido proposta, no oferecendo o ru oposio justificada.

3 - No se aplica o disposto no nmero anterior nos casos de violao de pacto privativo de jurisdio e de preterio do tribunal arbitral.

Artigo 100.

(Valor da deciso sobre incompetncia absoluta)

A deciso sobre incompetncia absoluta do tribunal, embora transite em julgado, no tem valor algum fora do processo em que foi proferida, salvo o disposto no artigo seguinte.

Artigo 101.

(Fixao definitiva do tribunal competente)

1 - Se o tribunal da Relao decidir, em via de recurso, que um tribunal incompetente, em razo da matria ou da hierarquia, para conhecer de certa causa, o Supremo Tribunal de Justia decide, no recurso que vier a ser interposto, qual o tribunal competente; neste caso, ouvido o Ministrio Pblico e no tribunal que for declarado competente no pode voltar a suscitar-se a questo da competncia.

2 - Se a Relao tiver julgado incompetente o tribunal judicial por a causa pertencer ao mbito da jurisdi-o administrativa e fiscal, o recurso destinado a fixar o tribunal competente interposto para o Tribunal dos Conflitos.

3 - Se a mesma ao j estiver pendente noutro tribunal, aplica-se, na fixao do tribunal competente, o regime dos conflitos.

SECO IIIncompetncia relativa

Artigo 102.

(Em que casos se verifica)

A infrao das regras de competncia fundadas no valor da causa, na diviso judicial do territrio ou de-correntes do estipulado na conveno prevista no artigo 95. determina a incompetncia relativa do tribunal.

Artigo 103.

(Regime da arguio)

1 - A incompetncia relativa pode ser arguida pelo ru, sendo o prazo de arguio o fixado para a contes-tao, oposio ou resposta ou, quando no haja lugar a estas, para outro meio de defesa que tenha a faculdade de deduzir.

2 - Sendo a incompetncia arguida pelo ru, pode o autor responder no articulado subsequente da ao ou, no havendo lugar a este, em articulado prprio, dentro de 10 dias aps a notificao da entrega do articulado do ru.

3 - O ru deve indicar as suas provas com o articulado da arguio, cabendo ao autor oferecer as suas no articulado da resposta.

Artigo 104.

(Conhecimento oficioso da incompetncia relativa)

1 - A incompetncia em razo do territrio deve ser conhecida oficiosamente pelo tribunal, sempre que os autos fornecerem os elementos necessrios, nos casos seguintes:

a) Nas causas a que se referem o artigo 70., a primeira parte do n. 1 e o n. 2 do artigo 71., os artigos

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78., 83. e 84., o n. 1 do artigo 85. e a primeira parte do n. 1 e o n. 2 do artigo 89.; b) Nos processos cuja deciso no seja precedida de citao do requerido; c) Nas causas que, por lei, devam correr como dependncia de outro processo. 2 - A incompetncia em razo do valor da causa sempre do conhecimento oficioso do tribunal, seja qual

for a ao em que se suscite. 3 - O juiz deve suscitar e decidir a questo da incompetncia at ao despacho saneador, podendo a deciso

ser includa neste sempre que o tribunal se julgue competente; no havendo lugar a saneador, pode a questo ser suscitada at prolao do primeiro despacho subsequente ao termo dos articulados.

Artigo 105.

(Instruo e julgamento da exceo)

1 - Produzidas as provas indispensveis apreciao da exceo deduzida, o juiz decide qual o tribunal competente para a ao.

2 - A deciso transitada em julgado resolve definitivamente a questo da competncia, mesmo que esta tenha sido oficiosamente suscitada.

3 - Se a exceo for julgada procedente, o processo remetido para o tribunal competente. 4 - Da deciso que aprecie a competncia cabe reclamao, com efeito suspensivo, para o presidente da

Relao respetiva, o qual decide definitivamente a questo.

Artigo 106.

(Regime no caso de pluralidade de rus)

Havendo mais de um ru, a sentena produz efeito em relao a todos; mas quando a exceo for deduzida s por um, podem os outros contestar, para o que so notificados nos mesmos termos que o autor.

Artigo 107.

(Tentativa ilcita de desaforamento)

A incompetncia pode fundar-se no facto de se ter demandado um indivduo estranho causa para se des-viar o verdadeiro ru do tribunal territorialmente competente; neste caso, a deciso que julgue incompetente o tribunal condena o autor em multa e indemnizao como litigante de m-f.

Artigo 108.

(Regime da incompetncia do tribunal de recurso)

1 - O prazo para a arguio da incompetncia do tribunal de recurso de 10 dias a contar da primeira notificao que for feita ao recorrido ou da primeira interveno que ele tiver no processo.

2 - Ao julgamento da exceo aplicam-se as disposies nos artigos anteriores, feitas as necessrias adap-taes.

SECO IIIConflitos de jurisdio e competncia

Artigo 109.

(Conflito de jurisdio e conflito de competncia)

1 - H conflito de jurisdio quando duas ou mais autoridades, pertencentes a diversas atividades do Esta-do, ou dois ou mais tribunais, integrados em ordens jurisdicionais diferentes, se arrogam ou declinam o poder de conhecer da mesma questo: o conflito diz-se positivo no primeiro caso e negativo no segundo.

2 - H conflito, positivo ou negativo, de competncia quando dois ou mais tribunais da mesma ordem jurisdicional se consideram competentes ou incompetentes para conhecer da mesma questo.

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3 - No h conflito enquanto forem suscetveis de recurso as decises proferidas sobre a competncia.

Artigo 110.

(Regras para a resoluo dos conflitos)

1 - Os conflitos de jurisdio so resolvidos, conforme os casos, pelo Supremo Tribunal de Justia ou pelo Tribunal dos Conflitos.

2 - Os conflitos de competncia so solucionados pelo presidente do tribunal de menor categoria que exera jurisdio sobre as autoridades em conflito.

3 - O processo a seguir no julgamento dos conflitos de jurisdio cuja resoluo caiba ao Tribunal dos Conflitos o estabelecido na respetiva legislao.

4 - No julgamento dos conflitos de jurisdio ou de competncia cuja resoluo caiba aos tribunais co-muns segue-se o disposto nos artigos seguintes.

Artigo 111.

(Pedido de resoluo do conflito)

1 - Quando o tribunal se aperceba do conflito, deve suscitar oficiosamente a sua resoluo junto do presi-dente do tribunal competente para decidir.

2 - A resoluo do conflito pode igualmente ser suscitada, por qualquer das partes ou pelo Ministrio P-blico, mediante requerimento dirigido ao presidente do tribunal competente para decidir.

3 - O processo de resoluo de conflitos tem carter urgente, correndo nos prprios autos quando seja negativo.

Artigo 112.

(Tramitao subsequente)

1 - As partes ou a parte contrria que suscite a resoluo do conflito podem pronunciar-se no prazo de cinco dias.

2 - De seguida, o processo vai com vista ao Ministrio Pblico pelo prazo de cinco dias.

Artigo 113.

(Deciso)

1 - Se o presidente do tribunal entender que no h conflito, indefere imediatamente o pedido. 2 - Se o presidente do tribunal entender que h conflito, decide-o sumariamente. 3 - A deciso imediatamente comunicada aos tribunais em conflito e ao Ministrio Pblico e notificada

s partes.

Artigo 114.

(Aplicao do processo a outros casos)

O disposto nos artigos 111. a 113. aplicvel a quaisquer outros conflitos que devam ser resolvidos pelas Relaes ou pelo Supremo Tribunal de Justia e tambm:

a) Ao caso de a mesma ao estar pendente em tribunais diferentes e ter passado o prazo para serem opos-tas a exceo de incompetncia e a exceo de litispendncia;

b) Ao caso de a mesma ao estar pendente em tribunais diferentes e um deles se ter julgado competen-te, no podendo j ser arguida perante o outro ou outros nem a exceo de incompetncia nem a exceo de litispendncia;

c) Ao caso de um dos tribunais se ter julgado incompetente e ter mandado remeter o processo para tribunal diferente daquele em que pende a mesma causa, no podendo j ser arguidas perante este nem a exceo de incompetncia nem a exceo de litispendncia.

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CAPTULO VIDas garantias da imparcialidade

SECO IImpedimentos

Artigo 115.

(Casos de impedimento do juiz)

1 - Nenhum juiz pode exercer as suas funes, em jurisdio contenciosa ou voluntria: a) Quando seja parte na causa, por si ou como representante de outra pessoa, ou quando nela tenha um

interesse que lhe permitisse ser parte principal; b) Quando seja parte da causa, por si ou como representante de outra pessoa, o seu cnjuge ou algum seu

parente ou afim, ou em linha reta ou no 2. grau da linha colateral, ou quando alguma destas pessoas tenha na causa um interesse que lhe permita figurar nela como parte principal;

c) Quando tenha intervindo na causa como mandatrio ou perito ou quando haja que decidir questo sobre que tenha dado parecer ou se tenha pronunciado, ainda que oralmente;

d) Quando tenha intervindo na causa como mandatrio judicial o seu cnjuge ou algum seu parente ou afim na linha reta ou no 2. grau da linha colateral;

e) Quando se trate de recurso interposto em processo no qual tenha tido interveno como juiz de outro tribunal, quer proferindo a deciso recorrida quer tomando de outro modo posio sobre questes suscitadas no recurso;

f) Quando se trate de recurso de deciso proferida por algum seu parente ou afim, em linha reta ou no 2. grau da linha colateral, ou de deciso que se tenha pronunciado sobre a proferida por algum seu parente ou afim nessas condies;

g) Quando seja parte na causa pessoa que contra ele props ao civil para indemnizao de danos, ou que contra ele deduziu acusao penal, em consequncia de factos praticados no exerccio das suas funes ou por causa delas, ou quando seja parte o cnjuge dessa pessoa ou um parente dela ou afim, em linha reta ou no 2. grau da linha colateral, desde que a ao ou a acusao j tenha sido admitida;

h) Quando haja deposto ou tenha de depor como testemunha; i) Quando esteja em situao prevista nas alneas anteriores pessoa que com o juiz viva em economia

comum. 2 - O impedimento da alnea d) do nmero anterior s se verifica quando o mandatrio j tenha comeado

a exercer o mandato na altura em que o juiz foi colocado no respetivo juzo; na hiptese inversa, o mandat-rio que est inibido de exercer o patrocnio.

3 - Nos juzos em que haja mais de um juiz ou perante os tribunais superiores no pode ser admitido como mandatrio judicial o cnjuge, parente ou afim em linha reta ou no 2. grau da linha colateral do juiz, bem como a pessoa que com ele viva em economia comum, que, por virtude da distribuio, haja de intervir no julgamento da causa; mas, se essa pessoa j tiver requerido ou alegado no processo na altura da distribuio, o juiz que fica impedido.

Artigo 116.

(Dever do juiz impedido)

1 - Quando se verifique alguma das causas previstas no artigo anterior, o juiz deve declarar-se impedido, podendo as partes requerer a declarao do impedimento at sentena.

2 - Do despacho proferido sobre o impedimento de algum dos juzes da Relao ou do Supremo Tribunal de Justia pode reclamar-se para a conferncia, que decide com todos os juzes que devam intervir, exceto aquele a quem o impedimento respeitar.

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3 - Declarado o impedimento, a causa passa ao juiz substituto, com exceo do caso previsto no n. 2 do artigo 84..

4 - Nos tribunais superiores observa-se o disposto no n. 1 do artigo 217., se o impedimento respeitar ao relator, ou a causa passa ao juiz imediato, se o impedimento respeitar a qualquer dos adjuntos.

5 - sempre admissvel recurso da deciso de indeferimento para o tribunal imediatamente superior.

Artigo 117.

(Causas de impedimento nos tribunais coletivos)

1 - No podem intervir simultaneamente no julgamento de tribunal coletivo juzes que sejam cnjuges, parentes ou afins em linha reta ou no 2. grau da linha colateral.

2 - Dos juzes ligados por casamento, parentesco ou afinidade a que se refere o nmero anterior, no in-tervm o juiz com menor antiguidade de servio, salvo se lhe competir a elaborao do acrdo, caso em que no intervm aquele que o antecede em antiguidade.

3 - aplicvel o disposto na alnea i) do n. 1 do artigo 115..

Artigo 118.

(Impedimentos do Ministrio Pblico e dos funcionrios da secretaria)

1 - Aos representantes do Ministrio Pblico aplicvel o disposto nas alneas a), b), g) e i) do n. 1 do artigo 115.; esto tambm impedidos de intervir quando tenham intervindo na causa como mandatrios ou peritos, constitudos ou designados pela parte contrria quela que teriam de representar ou a quem teriam de prestar assistncia.

2 - Aos funcionrios da secretaria aplicvel o disposto nas alneas a), b) e i) do n. 1 do artigo 115.; tambm no podem intervir quando tenham intervindo na causa como mandatrios ou peritos de qualquer das partes.

3 - O representante do Ministrio Pblico ou o funcionrio da secretaria que esteja abrangido por qualquer impedimento deve declar-lo imediatamente no processo; se o no fizer, o juiz, enquanto a pessoa impedida houver de intervir na causa, conhece do impedimento, oficiosamente ou a requerimento de qualquer das par-tes, observando-se o disposto no artigo 129..

4 - A procedncia do impedimento do funcionrio da secretaria, ainda que por este declarado, sempre apreciada pelo juiz.

SECO IISuspeies

Artigo 119.

(Pedido de escusa por parte do juiz)

1 - O juiz no pode declarar-se voluntariamente suspeito, mas pode pedir que seja dispensado de intervir na causa quando se verifique algum dos casos previstos no artigo seguinte e, alm disso, quando, por outras circunstncias ponderosas, entenda que pode suspeitar-se da sua imparcialidade.

2 - O pedido apresentado antes de proferido o primeiro despacho ou antes da primeira interveno no processo, se esta for anterior a qualquer despacho; quando forem supervenientes os factos que justificam o pedido ou o conhecimento deles pelo juiz, a escusa solicitada antes do primeiro despacho ou interveno no processo, posterior a esse conhecimento.

3 - O pedido contm a indicao precisa dos factos que o justificam e dirigido ao presidente da Relao respetiva ou ao Presidente do Supremo Tribunal de Justia, se o juiz pertencer a este Tribunal.

4 - O presidente pode colher quaisquer informaes e, quando o pedido tiver por fundamento algum dos factos especificados no artigo seguinte, ouve, se o entender conveniente, a parte que poderia opor a suspeio, mandando-lhe entregar cpia da exposio do juiz.

5 - Concludas as diligncias referidas no nmero anterior, ou no havendo lugar a elas, o presidente de-

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cide sem recurso. 6 - aplicvel o disposto no artigo 125..

Artigo 120.

(Fundamento de suspeio)

1 - As partes podem opor suspeio ao juiz quando ocorrer motivo, srio e grave, adequado a gerar des-confiana sobre a sua imparcialidade, nomeadamente:

a) Se existir parentesco ou afinidade, no compreendidos no artigo 115., em linha reta ou at ao 4. grau da linha colateral, entre o juiz ou o seu cnjuge e alguma das partes ou pessoa que tenha, em relao ao objeto da causa, interesse que lhe permitisse ser nela parte principal;

b) Se houver causa em que seja parte o juiz ou o seu cnjuge ou unido de facto ou algum parente ou afim de qualquer deles em linha reta e alguma das partes for juiz nessa causa;

c) Se houver, ou tiver havido nos trs anos antecedentes, qualquer causa, no compreendida na alnea g) do n. 1 do artigo 115., entre alguma das partes ou o seu cnjuge e o juiz ou seu cnjuge ou algum parente ou afim de qualquer deles em linha reta;

d) Se o juiz ou o seu cnjuge, ou algum parente ou afim de qualquer deles em linha reta, for credor ou devedor de alguma das partes, ou tiver interesse jurdico em que a deciso do pleito seja favorvel a uma das partes;

e) Se o juiz for protutor, herdeiro presumido, donatrio ou patro de alguma das partes, ou membro da direo ou administrao de qualquer pessoa coletiva parte na causa;

f) Se o juiz tiver recebido ddivas antes ou depois de instaurado o processo e por causa dele, ou se tiver fornecido meios para as despesas do processo;

g) Se houver inimizade grave ou grande intimidade entre o juiz e alguma das partes ou seus mandatrios. 2 - O disposto na alnea c) do nmero anterior abrange as causas criminais quando as pessoas a designa-

das sejam ou tenham sido ofendidas, participantes ou arguidas. 3 - Nos casos das alneas c) e d) do n. 1 julgada improcedente a suspeio quando as circunstncias de

facto convenam de que a ao foi proposta ou o crdito foi adquirido para se obter motivo de recusa do juiz.

Artigo 121.

(Prazo para a deduo da suspeio)

1 - O prazo para a deduo da suspeio corre desde o dia em que, depois de o juiz ter despachado ou in-tervindo no processo, nos termos do n. 2 do artigo 119., a parte for citada ou notificada para qualquer termo ou intervier em algum ato do processo; o ru citado para a causa pode deduzir a suspeio no mesmo prazo que lhe concedido para a defesa.

2 - A parte pode denunciar ao juiz o fundamento da suspeio, antes de ele intervir no processo; nesse caso o juiz, se no quiser fazer uso da faculdade concedida pelo artigo 119., declara-o logo em despacho no processo e suspendem-se os termos deste at decorrer o prazo para a deduo da suspeio, contado a partir da notificao daquele despacho.

3 - Se o fundamento da suspeio ou o seu conhecimento for superveniente, a parte denuncia o facto ao juiz logo que tenha conhecimento dele, sob pena de no poder mais tarde arguir a suspeio. Observa-se neste caso o disposto no nmero anterior.

4 - Se o juiz tiver pedido dispensa de intervir na causa, mas o seu pedido no houver sido atendido, a suspeio s pode ser oposta por fundamento diferente do que ele tiver invocado e o prazo para a deduo corre desde a primeira notificao ou interveno da parte no processo, posterior ao indeferimento do pedido de escusa do juiz.

Artigo 122.

(Como se deduz e processa a suspeio)

1 - O recusante indica com preciso os fundamentos da suspeio e, autuado o requerimento por apenso, este concluso ao juiz recusado para responder; a falta de resposta ou de impugnao dos factos alegados

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importa confisso destes. 2 - No havendo diligncias instrutrias a efetuar, o juiz manda logo desapensar o processo do incidente

e remet-lo ao presidente da Relao; no caso contrrio, o processo concluso ao juiz substituto, que ordena a produo das provas oferecidas e, finda esta, a remessa do processo; no so admitidas diligncias por carta.

3 - aplicvel a este caso o disposto nos artigos 292. a 295.. 4 - A parte contrria ao recusante pode intervir no incidente como assistente.

Artigo 123.

(Julgamento da suspeio)

1 - Recebido o processo, o presidente da Relao pode requisitar das partes ou do juiz recusado os escla-recimentos que julgue necessrios; a requisio feita por ofcio dirigido ao juiz recusado, ou ao substituto quando os esclarecimentos devam ser fornecidos pelas partes.

2 - Se os documentos destinados a fazer prova dos fundamentos da suspeio ou da resposta no puderem ser logo oferecidos, o presidente admite-os posteriormente, quando julgue justificada a demora.

3 - Concludas as diligncias que se mostrem necessrias, o presidente decide sem recurso; quando julgar improcedente a suspeio, apreciar se o recusante procedeu de m-f.

Artigo 124.

(Suspeio oposta a juiz da Relao ou do Supremo Tribunal de Justia)

A suspeio oposta a juiz da Relao ou do Supremo Tribunal de Justia julgada pelo presidente do respetivo tribunal, observando-se, na parte aplicvel, o disposto nos artigos antecedentes; as testemunhas so inquiridas pelo prprio presidente.

Artigo 125.

(Influncia da arguio na marcha do processo)

1 - A causa principal segue os seus termos, intervindo nela o juiz substituto; mas nem o despacho saneador nem a deciso final so proferidos enquanto no estiver julgada a suspeio.

2 - Nas Relaes e no Supremo Tribunal de Justia, quando a suspeio for oposta ao relator, serve de relator o primeiro adjunto e o processo vai com vista ao juiz imediato ao ltimo adjunto; mas no se conhece do objeto do feito nem se profere deciso que possa prejudicar o conhecimento da causa enquanto no for julgada a suspeio.

Artigo 126.

(Procedncia da escusa ou da suspeio)

1 - Julgada procedente a escusa ou a suspeio, continua a intervir no processo o juiz que fora chamado em substituio, nos termos do artigo anterior.

2 - Se a escusa ou a suspeio for desatendida, intervm na deciso da causa o juiz que se escusou ou que foi averbado de suspeito, ainda que o processo tenha j os vistos necessrios para o julgamento.

Artigo 127.

(Suspeio oposta aos funcionrios da secretaria)

Podem tambm as partes opor suspeio aos funcionrios da secretaria com os fundamentos indicados nas vrias alneas do n. 1 do artigo 120., excetuada a alnea b). Mas os factos designados nas alneas c) e d) do mesmo artigo s podem ser invocados como fundamento de suspeio quando se verifiquem entre o funcion-rio ou seu cnjuge e qualquer das partes.

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Artigo 128.

(Contagem do prazo para a deduo)

1 - O prazo para o autor deduzir a suspeio conta-se do recebimento da petio inicial na secretaria ou da distribuio, se desta depender a interveno do funcionrio.

2 - O ru pode deduzir a suspeio no mesmo prazo em que lhe permitido apresentar a defesa. 3 - Sendo superveniente a causa da suspeio, o prazo conta-se desde que o facto tenha chegado ao co-

nhecimento do interessado.

Artigo 129.

(Processamento do incidente)

O incidente processado nos termos do artigo 122., com as modificaes seguintes: a) Ao recusado facultado o exame do processo para responder, no tendo a parte contrria ao recusante

interveno no incidente; b) Enquanto no for julgada a suspeio, o funcionrio no pode intervir no processo; c) O juiz da causa prov a todos os termos e atos do incidente e decide, sem recurso, a suspeio.

LIVRO IIDo processo em geral

TTULO IDos atos processuais

CAPTULO IAtos em geral

SECO IDisposies comuns

Artigo 130.

(Princpio da limitao dos atos)

No lcito realizar no processo atos inteis.

Artigo 131.

(Forma dos atos)

1 - Os atos processuais tm a forma que, nos termos mais simples, melhor corresponda ao fim que visam atingir.

2 - Os atos processuais podem obedecer a modelos aprovados pela entidade competente, s podendo, no entanto, ser considerados obrigatrios, salvo disposio especial, os modelos relativos a atos da secretaria.

3 - Os atos processuais que hajam de reduzir-se a escrito devem ser compostos de modo a no deixar d-

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vidas acerca da sua autenticidade formal e redigidos de maneira a tornar claro o seu contedo, possuindo as abreviaturas usadas significado inequvoco.

4 - As datas e os nmeros podem ser escritos por algarismos, exceto quando respeitem definio de di-reitos ou obrigaes das partes ou de terceiros; nas ressalvas, porm, os nmeros que tenham sido rasurados ou emendados devem ser sempre escritos por extenso.

5 - permitido o uso de meios informticos no tratamento e execuo de quaisquer atos ou peas proces-suais, desde que se mostrem respeitadas as regras referentes proteo de dados pessoais e se faa meno desse uso.

Artigo 132.

(Tramitao eletrnica)

1 - A tramitao dos processos efetuada eletronicamente em termos a definir por portaria do membro do Governo responsvel pela rea da justia, devendo as disposies processuais relativas a atos dos magis-trados, das secretarias judiciais e dos agentes de execuo ser objeto das adaptaes prticas que se revelem necessrias.

2 - A tramitao eletrnica dos processos deve garantir a respetiva integralidade, autenticidade e inviola-bilidade.

3 - A regra da tramitao eletrnica admite as excees estabelecidas na lei.Diversos 1. Consultar Portaria n. 280/2013, de 26 de agosto, que regula vrios aspetos da tramitao eletrnica

dos processos judiciais.

Artigo 133.

(Lngua a empregar nos atos)

1 - Nos atos judiciais usa-se a lngua portugu