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1 Colégio Agrícola Estadual “Arlindo Ribeiro” em Guarapuava/PR Ms. Solange Apª de Oliveira Collares 1 /UNICENTRO [email protected] Junior Cesar dos Santos 2 Clodoaldo Shreiber 3 Este trabalho é resultado parcial de pesquisa realizada no Colégio Agrícola Estadual “Arlindo Ribeiro”, situado no Município de Guarapuava, após observação e análise documental, e visitação ao colégio, oportunidade em que conversamos com os seus Diretores. Dessa forma, procuramos recuperar uma parcela da trajetória das instituições escolares do município de Guarapuava, PR e identificar, com base em documentos oficiais do período delimitado entre 1935e 1980, as principais políticas públicas estaduais para a educação profissional no Estado do Paraná. Tem como objetivo investigar o processo de qualificação profissional dos trabalhadores do setor agrícola, tendo como parâmetro, as transformações nas 1 Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Mestre em Educação e pertence ao grupo de pesquisa HISTEDBR. 2 Acadêmico do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro- Oeste. 3 Acadêmico do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.

Colégio Agrícola Estadual “Arlindo Ribeiro” em Guarapuava/PR

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Page 1: Colégio Agrícola Estadual “Arlindo Ribeiro” em Guarapuava/PR

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Colégio Agrícola Estadual “Arlindo Ribeiro” em Guarapuava/PR

Ms. Solange Apª de Oliveira Collares1/[email protected]

Junior Cesar dos Santos2

Clodoaldo Shreiber3

Este trabalho é resultado parcial de pesquisa realizada no Colégio Agrícola

Estadual “Arlindo Ribeiro”, situado no Município de Guarapuava, após observação e

análise documental, e visitação ao colégio, oportunidade em que conversamos com os

seus Diretores. Dessa forma, procuramos recuperar uma parcela da trajetória das

instituições escolares do município de Guarapuava, PR e identificar, com base em

documentos oficiais do período delimitado entre 1935e 1980, as principais políticas

públicas estaduais para a educação profissional no Estado do Paraná. Tem como

objetivo investigar o processo de qualificação profissional dos trabalhadores do setor

agrícola, tendo como parâmetro, as transformações nas relações de produção e as

mudanças ocorridas no processo educacional no Município de Guarapuava/Pr.

No primeiro momento faremos alguns apontamentos sobre a origem do Colégio

Agrícola “Arlindo Ribeiro”, e em que momento histórico, econômico e político se

constituiu. No segundo momento procuramos mostrar toda a estrutura do Colégio

Agrícola.

A metodologia esteve subsidiada com pesquisa bibliográfica, com o auxílio de

fontes primárias e secundárias. Notamos que há necessidade da preservação dos

documentos históricos pela sua importância para a história o que, além de mantê-la

viva, torna-se imprescindível para futuras pesquisas, que possa vir a dar continuidade a

esta reflexão.

A fundamentação teórica utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa será

pelo viés do materialismo histórico e dialético. Marx (1979) salienta que o modo de

produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e 1 Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste, Mestre em Educação e pertence ao grupo de pesquisa HISTEDBR.2 Acadêmico do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.3 Acadêmico do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.

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intelectual em geral. As categorias a serem trabalhadas são: Estado, Sociedade,

Educação.

O referencial teórico-metodológico do materialismo histórico, nesta pesquisa,

possibilita a explicitação e a reconstrução, no plano teórico, econômico, das diferentes

contradições sociais presentes.

O trabalho tem como propósito analisar fragmentos históricos, políticos e

educacionais do Colégio Agrícola Estadual Arlindo Ribeiro, dentro de uma perspectiva

histórica, verificando as transformações das relações entre a demanda do capital e a

qualificação profissional a partir da criação dos colégios destinados ao ensino

profissionalizante agrícola no município de Guarapuava.

Dessa forma, pretende contribuir para a discussão do tema da qualificação do

trabalhador rural, entendendo-o como parte do processo mais amplo de socialização da

força de trabalho pelo capital. Nessa perspectiva de ensino, Saviani, (1991, p.51)

relaciona que se deve

ordenar e sistematizar as relações homem-meio para criar as condições ótimas de desenvolvimento das novas gerações, cuja ação permita a continuidade da cultura, e em última instância, do próprio homem. Portanto, o sentido da educação, a sua finalidade, é o próprio homem quer dizer a sua promoção.

Sendo assim o homem, inserido no mundo, apreende e interpreta a sua

realidade, e com ele mantém suas relações, local em que a escola se constitui em uma

experiência fundamental na formação do ser humano possibilitando-lhe, compreender o

mundo social, psíquico, físico, proporcionando-lhe, também, a capacidade de

transformar e criar suas ações sobre a natureza.

Com base em WEREBE (s/d,p.37), apontaremos uma breve Incursão

histórica da educação brasileira e, sobretudo do ensino profissional:

o ensino agrícola foi criado por D. João VI, não poderia ter encentrado boa acolhida numa sociedade onde a exploração agrícola era muita atrasada, quase primitivas as condições de vida no campo, onde o trabalhador rural era relegado aos escravos e as camadas menos favorecidas da população. Eis porque as escolas agrícolas criadas se extinguiram, por falta de alunos e recursos. Em 1864, duas escolas agrícolas (uma no Pará e outra no Maranhão) contavam respectivamente com 24 e 14

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alunos. O Imperial Instituto Fluminense de agricultura e outros congêneres (da Bahia, Pernambuco, de Sergipe e do Rio Grande) não conseguiam prosperar.

As instituições de ensino, criadas por D. João VI, acabaram posteriormente

sendo transformadas em escolas agrícolas de nível superior. Vale destacar que até

nossos dias, esse rumo de ensino ainda não encontrou clima favorável ao seu

desenvolvimento pleno no país.

Na educação brasileira do Império, da República Velha, da era Vargas, e até

1961, persistia a dualidade no Ensino Secundário de segundo Ciclo, hoje Ensino Médio.

De um lado, ensino de caráter propedêutico, para a elite; e do outro, ensino profissional,

pois o País estava se preparando par acompanhar os rumos da revolução industrial.

As Escolas de Trabalhadores Rurais do Estado do Paraná foram instituídas em

1935, regulamentadas pelo decreto nº 7.782, de três de dezembro de 1938, no então

governo do interventor Manoel Ribas, considerado fundador do ensino agrícola no

Paraná.

Nesse período, o país sofria importantes mudanças econômicas, políticas e

sociais. Foi, também, nessa época que, em meio ao processo de reordenação política

resultante da Revolução de 30, teve inicio o marco inaugural do projeto de renovação

educacional do país com o surgimento das tendências do Escolanovismo, que teve como

precursor, em 1932, o “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova”. Segundo

(FREITAS,2005) o Manifesto, foi um divisor de águas definidor do campo da educação

no âmbito das políticas publicas e indicador do lugar de ação de uma nova inteligência

educacional”.

A postura do Manifesto de 1932 advoga o primado de representar um

pensamento social de corte urbano e industrial, sem uma proposta consistente para o

meio rural. Nesse sentido, vejamos o que, ainda naquela época, Alberto Torres observa:

O desequilibro das sociedades modernas resulta, principalmente, da deslocação constante das populações rurais para as indústrias, do esforço produtivo para as manufaturas e para o comercio. O Brasil tem por destino evidente ser um país agrícola: toda ação que tenda a desviá-lo desse destino é um crime contra a sua natureza e contra os interesses humanos.No estado de desequilíbrio entre as distribuições das populações e o aproveitamento das terras, que caracteriza uma das faces mais graves do problema mundial, o destino do Brasil não pode ser o de oferecer novas regiões a explorar e novas

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riquezas ás ambições imediatas dos povos super povoados ou excessivamente ricos, mas o de ir realizando, á medida que os estudos dos problemas da sua natureza permitir, com a instalação quase patriarcal a principio, dos colonos, e com o estabelecimento agrícola de caráter mais industrial, depois, a solução do problema fundamental da sociedade contemporânea que consiste em fazer regressar ao trabalho da produção – as indústrias da terra (Torres, 1938, p. 214)

Também, se o acesso à educação é um direito de todos, como ficaria esse direito

em relação à sociedade rural? Segundo a tendência do escolanovismo, reivindicam-se

mudanças no ensino, adaptando-o à nova realidade econômica do país. Nesse sentido,

Romaneli salienta:

É evidente que o documento não questionava a nova ordem que se estava implantando. Nesse sentido, o grande avanço que representa o documento para a teoria da educação no Brasil é que ele propõe, em ultima instancia, adequar o sistema educacional a essa nova ordem, sem toda via questioná-la. Com isso manifestava ele, pois, o pensamento pedagógico representantes dessa nova situação que tiveram a lucidez de equacionar o problema das relações entre a escola e a nova ordem social, política e econômica ( ROMANELLI, p. 150-151).

Na década de 40, a escolarização do meio rural adquire um status de ser um

mecanismo com a finalidade de reter a sociedade rural no seu próprio local e tinha como

missão ensinar conhecimentos básicos pois, caso o aluno oriundo do campo viesse para

a cidade, disporia das habilidades mínimas para sua sobrevivência em um novo

ambiente. Todavia essa escola também deveria ensinar saberes do meio agrícola, para

atender as necessidades dessa população rural.

A partir de 1942, é que se consolidou o ensino profissionalizante no Brasil,

promovida por Lei Orgânica. Nessa lei, ficava claro o objetivo do ensino secundário e

do ensino normal, bem como o do ensino profissionalizante. Também, nela, fica claro

que o objetivo do ensino secundário e do ensino normal era formar a elite condutora do

país; já o profissionalizante seria a formação adequada para os filhos dos operários. Esta

dualidade persistiu até a promulgação da LDB nº. 4024/61, na qual está estabelecida a

equivalência entre os cursos propedêutico e profissionalizante.

A partir de 1961, as escolas brasileiras passaram a ter maior liberdade na

elaboração de programas e no desenvolvimento de conteúdos de ensino, havendo a

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criação de setores especializados nas escolas para a coordenação de suas atividades e,

também, a disputa da escola pública com a privada. É importante destacar que, embora

as “Diretrizes e Bases” tenha sido postas na LDB de 1961, uma educação para a

cidadania somente é contemplada posteriormente na LDB de 1996.

Com o Regime Militar em 1964, o Brasil passa a fazer parte de um novo

contexto de internacionalização da economia e, com a globalização da economia, torna-

se necessário um novo redimensionamento da sociedade, bem como dos meios de

produção, acabando por produzir efeitos na própria educação que redefine suas

diretrizes e bases. É o estado quem vai tomar a sua direção e não mais a sociedade civil.

Dessa forma, surge um estado comprometido com a lógica neoliberal, cujos reflexos em

educação podemos observar na nova LDB (lei nº. 9394, de 20.12.96) e na Lei do

Fundão (Lei nº. 9492, de 24.12.96).

Com a regulamentação contida no Parecer 77/69 do C.F.E. ocorre a

reorganização do ensino, passando os ciclos a serem denominados 1º e 2º graus (Lei

5692/71). Configura-se, assim, a predominância da tendência tecnicista que passa a

influenciar a maior parte dos estudos e iniciativas na área de educação. Vale acrescentar

que, a partir daí, os meios educacionais são invadidos por correntes ou propostas

pedagógicas tais como: “enfoque sistemático”, “operacionalização de objetivos”,

“tecnologias de ensino”, “instrução programada”, “maquina de ensinar”, “educação via

satélite” “tele-ensino”, etc. (MENDES, 1985.p 38)”.

Em relação à criação das instituições escolares de trabalhadores rurais no

Paraná, estas foram, inicialmente, criadas em número de cinco, as quais eram lotadas de

adolescentes de procedências diversas. Tais escolas eram:

- Escola de trabalhadores rurais de Dr. Carlos Cavalcante, de Bacacheri;

- Escola de trabalhadores rurais do Canguiri, de Piraquara;

- Escola de trabalhadores rurais Augusto Ribas, de Ponta Grossa;

- Escola de trabalhadores rurais Olegário Macedo, de Castro;

- Escola de trabalhadores rurais Antonio S. Lopes, de Paranaguá;

Nessa época, foram subordinadas ao então departamento de Agricultura, da

secretaria de obras públicas, viação e agricultura que, pela secção de ensino

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profissional, estabelecia os regulamentos e programas a serem seguidos nos

educandários acima citados.

A finalidade das escolas de trabalhadores rurais consistia em cooperar na educação

das populações rurais, oferecendo cursos sobre agricultura, zootecnia, e indústrias

agrícolas, nos quais o ensino das disciplinas tinha orientação essencialmente ruralista,

bastante prática, favorecendo filhos de lavradores e visando formar trabalhadores

capacitados para os serviços agrícolas.

O ensino proposto nas escolas dos Trabalhadores Rurais visava propiciar, aos

educandos, a formação técnica necessária para que pudessem atuar como agentes de

mudanças do meio rural.

Para SCHIPANSKI (1989) a educação técnica tem como objetivo a formação de

um profissional que atue como agente de promoção agropecuária, e reconhece que esse

tipo de educação ainda não é suficiente para o desenvolvimento rural.

É necessário que os pequenos agricultores tenham financiamentos e

possibilidades para se desenvolverem, e tenham uma cooperativa para venda e produção

dos diversos tipos de produtos.

Verificando-se os documentos escolares, constata-se que a Escola “Arlindo

Ribeiro” de Guarapuava foi criada pelo então governador do estado, Dr. Bento Munhoz

da Rocha, através do decreto nº. 9.553, de 12 de julho de 1953, cujo decreto foi

publicado no diário oficial nº. 83, de 16 de julho de 1953, sendo inaugurada em 29 de

dezembro de 1954.

Em 1º de fevereiro de 1955, iniciou-se o funcionamento da parte administrativa sob

a orientação do engenheiro agrônomo Dr. Syrthon Loures Martins.

A escola então inaugurada funcionou no atual edifício, construído especialmente

para este fim; contendo alojamentos/quartos, pavilhões, sendo o principal organizado

para repartições administrativas e pedagógicas, contendo ainda quatro salas de aula. O

segundo pavilhão, terceiro e quarto são unidos ao primeiro por um corredor coberto,

cuja disposição forma um U.

Foi no período de amplo desenvolvimento econômico e político que surgiram

os primeiros colégios agrícolas no Estado do Paraná. A escola pesquisada foi construída

em terreno doado pela Prefeitura Municipal de Guarapuava, conforme Registro geral de

imóveis, hipotecas, títulos e documentos, do 1º ofício, protocolo nº. 1-E FLS 279, sob

nº. de ordem 44.194, a qual conta que foi efetuada a inscrição de um titulo de concessão

sem especificação do valor, expedido em data de 24 de outubro de 1968, pelo Prefeito

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Municipal Nivaldo Passos Kruger e, pela qual, a prefeitura Municipal de Guarapuava,

entidade jurídica de direito público, concedeu ao estado do Paraná, a área de 100 (cem)

hectares de terreno foreiro no Alto do Xarquinho, para a instalação de um Posto

Zootécnico. A concessão é feira por doação, na conformidade de Lei Municipal nº 32,

de 28/9/1948 e publicada no diário oficial nº 218, de 19/11/1948.

A construção do colégio teve inicio no primeiro governo de Moisés Lupion,

sendo secretario de viação, obras públicas e agricultura o Dr. Benjamin Mourão e

concluída no governo Munhoz da Rocha Neto, sendo então secretário o Sr. Francisco

Lacerda Wernech.

Tal construção, entretanto, foi idealizada pelo então Prefeito Municipal Antônio

Lustosa de Oliveira e inaugurada na gestão do então prefeito Municipal José de Matos

Leão. Em maio de 1957, começou o funcionamento escolar da escola de trabalhadores

rurais, com o curso primário e parte elementar de noções rurais nos termos do decreto nº

778/38.

Nesse mesmo ano, a Assembléia Legislativa do Estado da Paraná decretou,

sancionou e publicou, no Diário Oficial, a seguinte lei nº. 4021:

Artigo 1º. Fica criada uma Escola Agro-técnica na cidade de Guarapuava PR.

Artigo 2º. O poder executivo fica autorizado a abrir, pela Secretaria de Agricultura, o

credito especial de CR$ 8.000.000.00 (oito milhões de cruzeiros), para socorrer as

despesas de funcionamento do referido estabelecimento educacional.

Artigo 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições

em contrário.

Foi no período de agosto de 1959, que foi expedido o pedido de equiparação da

escola de trabalhadores rurais Arlindo Ribeiro de Guarapuava, PR, para escola agro-

técnica, de acordo com a lei orgânica federal do ensino agrícola à Superintendência do

Ensino Agrícola e Veterinário do Ministério de agricultura do Rio de Janeiro.

Consta no seu texto, o seguinte: EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO DA AGRICULTURA, RIO DE JANEIRO – DF “O abaixo assinado, MORELLI RODRIGUÊS DA SILVA, diretor do departamento de ensino superior, técnico e profissional, da Secretaria da Agricultura do estado do Paraná, vem respeitosamente requerer a V. Excia a equiparação da escola de Trabalhadores Rurais “Arlindo Ribeiro”,

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situada no município de Guarapuava, neste Estado, afim de que possa ministrar os cursos de formação de 1º e 2º ciclos, ou seja, o de iniciação agrícola e Mestria Agrícola bem como os cursos agrícolas técnicos previstos na lei orgânica do ensino agrícola, juntando os documentos exigidos para os devidos fins”.

Por ser um Município em que predomina a agropecuária e a agricultura, surge a

necessidade de uma escola que atenda as necessidades mais emergentes da população,

isto é, um ensino direcionado para as técnicas de agricultura, horticultura e noções de

zootecnia.

SCHIPANSKI (1989) relata como foi o ensino agrícola no início do seu

surgimento, estando dividido em dois ciclos: o básico agrícola de quatro anos e o

Mestria de dois anos. O que diferenciava um do outro era que no primeiro ciclo

ministravam-se vários cursos técnicos e, no segundo ciclo, eram disponibilizadas, para

os alunos, aulas de agricultura, horticultura, zootecnia e prática veterinária.

Ainda eram disponibilizados cursos pedagógicos, tais como: o da economia rural

doméstica; o de didática de ensino agrícola e o de administração de ensino agrícola,

ambos de um ano.

A escola evoluiu e, em 1960, pelo decreto nº. 31.657/60, publicado no diário

oficial nº. 144/60, foi elevada ä categoria de Escola Agrícola de Nível Médio.

Em 1962, pela portaria 663, de 27 de Julho do mesmo ano, foi aprovado o

currículo ate o ano de 1966. Pela portaria nº. 1.049, de 06 de novembro de 1962,

publicada no diário oficial nº. 2.224, de 05 de dezembro de 1962 e, estabelecida a nova

estrutura da rede de estabelecimentos subordinados ao Departamento de Ensino Técnico

Profissional (D.E.S.T. P), a escola de trabalhadores rurais Arlindo Ribeiro foi

transformada em Ginásio Agrícola Arlindo Ribeiro iniciando, deste modo, suas

atividades do primeiro ciclo (Curso Ginasial), nos termos da portaria nº. 1.204/62, com

a primeira série ginasial no ano Letivo de 1963.

Pelo Parecer nº. 177/67 – processo nº. 136/66, aprovado através da resolução

numero 27/67, o Egrégio Conselho Estadual de educação aprovou o Currículo do

Ginásio agrícola Arlindo Ribeiro, para funcionamento a partir de 1967.

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A portaria nº. 744/67, tendo em vista a resolução 1/67 do Conselho Estadual de

Educação, denominou de Ginásio Estadual os Ginásios Agrícolas Supervisionados e

coordenados pelo Departamento de Ensino Superior Técnico e Profissional.

Pela portaria nº. 117/68, estabeleceu-se o Calendário Escolar e o Sistema Escola-

Fazenda, ficando, assim, o Ginásio Agrícola Arlindo Ribeiro, incluído no sistema

Escola-Fazenda.

Pelo decreto nº. 13.737/68, elevou-se o Ginásio Agrícola Estadual Arlindo

Ribeiro no ano letivo de 1969, com a primeira serie colegial.

Após firmado acordo, há a necessidade da implantação de outras séries nos

grupos escolares, para atender a essa nova realidade imposta pelo desenvolvimento

econômico do Município, até obter um Ensino Médio Técnico, destinado à formação de

mão-de-obra especializada.

A implantação foi gradativa, à medida que se procurava cumprir o que foi

proposto pela LDB 5692/71, embora faltasse a contrapartida, havendo falta de material

e da estrutura física, laboratórios, material didático e até de especialistas nas áreas a

serem ofertadas. O entendimento era o de que a educação e o mundo do trabalho não

são coisas paralelas, nem devem guardar relação íntima de dependência.

Este modelo teve continuidade até 1998 quando, por determinação

governamental, foram criados os cursos Técnico em Produção Agrícola e Técnico em

Produção Pecuária, no sistema modular e subsequente ao ensino médio, os quais

permaneceram por três anos.

Em 2000, foi criado o curso Técnico em Agricultura e Pecuária na modalidade

concomitante ao Ensino Médio. Em 2004, através de discussão com a comunidade rural,

chegou-se à conclusão de que os cursos ideais seriam: Técnico Agropecuário Integrado

e Subsequente ao Ensino Médio, os quais foram autorizados e implantados.

Atualmente, o Centro Estadual De Educação Profissional Arlindo Ribeiro

(CEEPAR) abrange uma área de 100 hectares, conta com 282 alunos, (183 no ensino

médio integrado e 99 no ensino subsequente) sendo que, deste total, 30 são alunas

internas e 25 semi-internas, bem como 163 são alunos internos e 64 alunos são semi-

internos. Dessa forma, o CEEPAR tem uma realidade diferenciada, em alguns aspectos,

de uma escola pública que estamos acostumados a encontrarr. Notadamente, existem

alunos que convivem 24 horas por dia dentro do Colégio; este fato revela uma

significativa socialização entre alunos, funcionários, professores e direção, os quais

estão em interdependência em prol do melhor encaminhamento de decisões, para

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atender necessidades e resolver os problemas que vão surgindo no cotidiano do colégio.

Pois muitos alunos são oriundos das mais variadas cidades como: Aldeia (Guarapuava),

Bituruna, Braganey, Campina da Lagoa, Campina do Simão, Campo Bonito, Campo

Mourão, Campo Novo do Parecis, Candido de Abreu, Candói, Cantagalo, Cascavel,

Catanduvas, Chopinzinho, Corbélia, Cruz Machado, Cruzeiro do Iguaçu, Entre Rios

(Guarapuava), Espigão Alto do Iguaçu, Goioxim, Guairacá (Guarapuava), Guamiranga,

Guará (Guarapuava), Guaraniaçu, Guarapuava, Ibema, Irati, Ivaiporã, Janiópolis, Jardim

Alegre, Laranjeiras do Sul, Laranjal, Mamborê, Mangueirinha, Marquinho, Mato Rico,

Nova Cantu, Nova Laranjeiras, Nova Prata do Iguaçu, Palmeirinha (Guarapuava),

Palmital, Paranaguá, Pinhão, Pitanga, Porto Barreiro, Prudentópolis, Quedas do Iguaçu,

Reserva do Iguaçu, Rio Bonito do Iguaçu, São Sebastião (Guarapuava), Rio das Pedras

(Guarapuava), Santa Maria do Oeste, Sulina, Turvo, Virmond, bem como de outros

Estados, tais como: Mato Grosso, Maranhão e Mato Grosso do Sul. Além dos alunos

oriundos do Paraguai que fazem intecâmbio em nosso Estado, devido a um projeto da

SEED ente os dois países, Brasil e Paraguai.

Sendo assim, devido a essa diversidade podemos constatar diferentes hábitos

culturais. Os alunos matriculados no CEEPAR são, na grande maioria, filhos de

pequenos agricultores, que buscam o aprimoramento técnico para melhorar as condições

de vida na sua propriedade ou em fazendas da região, empresas e cooperativas, que

buscam uma profissionalização que envolva a agricultura e a pecuária, para seguir

carreira na veterinária ou na agronomia. Salientamos também os egressos do Curso

Técnico em Agropecuária, muitos dos quais trabalham em suas propriedades; outros

buscam dar continuidade aos seus estudos e hoje iniciam, ou já terminaram o curso

superior em agronomia, veterinária ou engenharia agrícola.

Essa diversidade exige um regimento escolar rígido, que regularize todas as

condições adversas que possam comprometer cumprimento e funcionamento de

funções, uma vez que o colégio oferece um sistema de internato o que, segundo a

direção, exige atenção redobrada e acompanhamento constante, tanto de todos os

procedimentos educacionais como também das atividades de recreação pois, tratando-se

de internos e, em sua grande maioria menores, as responsabilidades se multiplicam.

O regimento, segundo a Direção, foi elaborado com a participação de todos os

funcionários do colégio, independente de sua função. Cabe destacar, ainda, que os

funcionários que compõem a equipe de apoio, responsável pela manutenção e limpeza

do colégio, não se sentiam à vontade para participar das reuniões,’pois achavam que por

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se tratarem de pessoas que não tem influência e contato direto com os alunos, não

caberia a eles opinarem sobre o funcionamento do Colégio. Mas, aos poucos, foram

conscientizados da importância da sua participação. Por afirmação da direção do

colégio, e por informações advindas das pessoas que transitam por todo o Colégio, nos

corredores e em toda a extensão da escola, elas podem ser de suma importância para a

tomada de atitudes e decisões que objetivem, de forma positiva, o funcionamento

eficiente do estabelecimento de ensino.

Convém aqui destacar, também, a grande dificuldade que os pedagogos

encontram com professores das áreas específicas, já que em suas grades curriculares não

se incluem procedimentos e encaminhamentos metodológicos, por não se tratar de um

currículo propício para sala de aula e sim apenas de conhecimentos técnicos e

específicos. Pela falta de preparo pedagógico, nas atividades de sala de aula necessitam

de um acompanhamento constante e atencioso dos pedagogos, para que sejam

executadas aulas que favoreçam a compreensão do alunado.

Baseado na realidade regional e nas diretrizes curriculares foi elaborado Projeto

Político-Pedagógico deste estabelecimento CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL ARLINDO RIBEIRO, considerando, que:

A Agropecuária desempenha papel fundamental na economia da região centro-

sul, na qual Guarapuava está inserida. Segundo o censo do IBGE de 1999, a estrutura

fundiária de Guarapuava é formada aproximadamente por 4.425 propriedades rurais,

distribuídas nas áreas mais planas favoráveis à mecanização e, também, áreas

acidentadas que se compõe de pequenas propriedades (minifúndios). Os minifúndios

são responsáveis pela diversificação da produção, enquanto que as grandes propriedades

tendem à monocultura. No setor agrícola, destacam-se o cultivo dos seguintes produtos:

soja, milho, trigo, cevada, aveia, triticale, centeio, feijão. Destaca-se também o cultivo

da batata, aparecendo como uma das maiores produtoras da região, tendo a grande

necessidade de mão de obra para seu desenvolvimento e beneficiamento.

No setor de pecuária, aparecem, com destaque, os rebanhos: bovino de corte e de

leite, suíno, equino, ovino, aparecendo como nova alternativa, a avicultura, caprino

cultura.

No setor extrativo da madeira pinus, eucaliptus, tem destaque o número de

grandes empresas que atuam na área. No entanto, a grande força da região são as

Cooperativas Agrícolas que, bem estruturadas, apoiam os agricultores. Ampliando suas

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atividades, uma agroindústria de beneficiamento de cereais, fabricação de ração,

indústria de laticínios e maltaria.

Dentro deste contexto econômico, a prática institucional deve dialogar com a

comunidade interior e exterior, descobrindo os melhores caminhos para desempenhar o

objetivo que lhe cabe na sociedade. Assim, todos devem ser incentivados e mobilizados

para a participação, a reflexão, a iniciativa e a experimentação. Segundo Paulo Freire,

(1991) “É preciso envolver o elemento humano, as pessoas e, através delas, mudar a

cultura que se vive na escola e que a própria escola inculca sobre as mesmas”.

No período compreendido entre 1954 e 1988, o Colégio Agrícola Estadual

Arlindo Ribeiro teve como diretores os seguintes professores:

Syrthon Loures Martins...............................................de 1954 a 1958Mozart P. Dangui.........................................................de 1958 a 1961Antônio Reis................................................................de 1961 a 1962Syrthon Loures Martins...............................................de 1962 a 1963Vitório Alvetti.................................................... .........de 1963 a 1963Enedino Brum..............................................................de 1963 a 1965Marcial A. Portillo....................................................... de 1965 a 1966Pedro Gorte................................................................. de 1966 a 1967Manoel Joaquim Madruga........................................... de 1967 a 1971Afonso Luiz Lacerda…................................................de 1971 a 1971Henrique Piegel Filho...................................................de 1971 a 1972Henrique Alberto Mehl..................................................de 1972a 1973Ignácio Francisco Xavier..............................................de 1973 a 1974Danuta Dunim...............................................................de 1974 a 1983Francisco Carvalho Alexandrino..................................de 1983 a 1987Ariodari Francisco dos Santos......................................de 1987 a ....

Fonte: Histórico do Colégio Agrícola Estadual Arlindo Ribeiro.

A atual direção do Centro Estadual de Educação Profissional Arlindo Ribeiro,

ao contrario dos demais Colégios de nossa cidade, é composto por 03 (três) Diretores.

Isto se deve ao fato de tratar-se de um Colégio Agrícola com regime de internato.

A atual direção é assim constituída:

Dir. Geral...........................................................................Prof Alacir Valença Soares

Dir. aux Pedagógica – Internato.........................................Profª Maria A. C. da Silva

Maciel

Dir. aux da UPD (Unidade Didática Pedagógica) Fazenda..... Profª Alcione P. da Silva

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CORPO DOCENTE ATUAL:

PROFESSOR MATÉRIA/FORMAÇÃOALACIR VALENÇA SOARES DIRETORALCIONE PICKLER. DA SILVA ENGª. AGRONOMA/DIR.DA UDPMARIA AP.C.MACIEL (CIDA) DIRETORA DE INTERNATOSIMONE CRISTINA LOURES PEREIRA

 PROFESSORA LABORATORISTA-QUIMICA

CELSO ROLOFF ENGº. AGRONOMOADRIANO ABDANUR  AGRONOMODARIO KAZUTO MATOBA ENGº. AGRONOMOCARLOS ROBERTO AZEVEDO ENGº.AGRONOMOELIANE STAVINSKI PEREIRA PORTUGUÊS / ARTEGILDO GORSKI VETERINÁRIOHENRY GASPAROTTO PEDROSO BIOLOGIAIRAJÁ COSMALA ENG. AGRONOMOMAURO SÉRGIO SOARES GONÇALVES

MATEMATICA E FÍSICA

LUCIANA STREMEL EMGª. AGRONOMALUIZ CESAR NADAL VETERINÁRIOMARIA FERNANDA R. VIRMOND ENGº. AGRONOMALAIS MARTINOSKI  AGRONOMAMARIANE QUEIROZ DA COSTA VETERINÁRIATATIANA BISCHOF VETERINÁRIAPEDRO CHRISTIAN J.. REICHMANN ENGº. AGRONOMORUBENS GELINSKI ENGº. AGRONOMOSILVANA DO ROCIO BUSS ENGº. AGRONOMOVITOR HUGO OSSOSKI EDUCAÇÃO FISICALUCÉLI ROLOFF QUÍMICAGERSON HUCHAK GEOGRAFIASILMARA RESSAI TOMPOROVSKI SOCIOLOGIA/PEDAGOGIAJANE FÁTIMA ALMEIDA INGLESJEFERSON DRANSKI FILOSOFIADANIELLE VAZ CARDOSO QUIMICACHRISTIANE DEMETERKO HISTORIA SOELI APARECIDA ANNES HISTÓRIA REGIA KARINA KLUBER  ESPANHOL (CELEM) ALESSANDRA KURTA GONÇALVES MATEMATICA ALEXANDRE VICENTINI FISICASAMUEL LEOPOLSKI FISICA BIBIANA GROOSKI PEDAGOGIA

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JANICE MACENO DE ALMEIDA MEDEIROS

PEDAGOGIA

O município de Guarapuava situa-se na região sul do Brasil, Centro- Oeste do

Paraná, terceiro Planalto zona fisiográfica dos Campo Gerais. Possui atualmente uma

área de 3.116,31 km². Sua altitude é de 1.120 metros, a latitude de 25 grau 23’36’’ sul e

longitude de 51grau 27’ 15’’ W de Greenwich.

A área do município pertence a uma região subtropical úmida, com inverno

rigoroso, cuja temperatura freqüentemente atinge 0 grau c. Pelas condições de clima,

Guarapuava é considerada estância climática e uma das regiões mais chuvosas do

terceiro planalto.

Verificamos que hoje além de uma simples descrição, constata-se que houve

várias transformações em Guarapuava, como ferrovias, rodovias, construção do

Aeroporto, facilitando a expansão dos centros de produções. A economia do município

está sustentada, com predominância pela agropecuária e pela indústria extrativista

(Madeira, pasta mecânica, papel e laminados) e, também, há uma expansão com relação

à agroindústria.

A escola apresenta como diretriz orientadora de seu trabalho uma filosofia

pragmática, fundamentando a aprendizagem na atividade e nas experiências vivenciadas

pelo educando, por meio de conteúdos selecionados pela sua funcionalidade e

atualidade.

Atualmente, o ensino proposto pelo Colégio, está voltado para os princípios de

igualdade, solidariedade e outros previstos na LDB; também está voltado para o ensino

profissionalizante e, na estruturação e elaboração do seu Projeto Político Pedagógico

(PPP), o Colégio busca os princípios da democracia . Ainda segundo o Regimento

Escolar, “A prática institucional deve dialogar com a comunidade interior exterior,

descobrindo os melhores caminhos para desempenhar o objetivo que lhe cabe na

sociedade”. Este conceito reafirma a expressão de Boff, segundo o qual,

“conhecer implica, pois, fazer uma experiência e a partir dela ganhar consciência e capacidade de conceptualização. O ato de conhecer, portanto, representa um caminho privilegiado para a compreensão da realidade, o conhecimento sozinho não transforma a realidade; transforma a realidade somente a conversão do conhecimento em ação” (2000, p.82).

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O seu currículo está composto por Disciplinas do Núcleo Comum e da parte

diversificada; práticas educativas- metodologia e técnicas didático-pedagógica;

atividades complementares aulas práticas e atividades extracurriculares. Esta divisão

acaba comprometendo a interdisciplinaridade que se traduz numa prática educativa

desvinculada da realidade, embora o currículo seja pensando de forma dialógica. Esta

reflexão dialógica acontece com o confronto dos objetivos docentes e dos objetivos

discentes e, claro, sem deixar de incluir as relações entre a escola e a sociedade,

utilizando-se dos pressupostos de Paulo Freire

“Refiro-me à questão das relações entre sujeito e objeto; consciência e realidade; pensamento e ser; teoria e prática. Toda tentativa de compreensão de tais relações que se funde no dualismo sujeito-objeto, negando assim a unidade dialética que há entre eles, é incapaz de explicar, de forma consciente, aquelas relações”(FREIRE,2001, p.155).

Dessa forma, a escola deixa a conotação de terminalidade e passa a ser um

processo pelo qual o sujeito compreende a realidade continuamente, já que o currículo

deixa de ser um receituário imutável e passa a ser o próprio reflexo da sociedade.

Assim, o currículo deve ser pensado e repensado num movimento crescente que traduza

e compreenda as necessidades sociais. Por isso a educação para a “domesticação” é um

ato de transferência de “conhecimento”, enquanto a educação para a “libertação é um

ato de conhecimento e um método de ação transformadora que os seres humanos devem

exercer sobre a realidade” (FREIRE, 2001, p155).

No período de 1993 ocorre a Implantação da Nova Grade do Curso, sendo

complementado com Sociologia, Agro-ecologia, Associativismo e Segurança do

Trabalho, onde aparece uma nova definição do Técnico em Agropecuária.

O Colégio Agrícola, no período de 1994 buscou realizar um plano de ação

centrado na orientação básica para a formação do técnico em cinco elementos básicos:

produção-unidade didática produtiva; prestação de serviços- cooperativa; pesquisa;

extensão e plano de trabalho da Diretoria da Cooperativa Escola para a gestão atual.

Entretanto, o trabalho desenvolvido é aplicado por área específica, por meio de

projetos que atendam a demanda dos alunos e da região. Um dos projetos desenvolvidos

no Colégio Agrícola é o das Hortaliças que, após produzirem o plantio e a colheita, os

próprios produtos plantados servirão de alimentos para o uso do colégio e o excedente é

destinado à venda para complementar a manutenção da instituição.

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Dessa forma, os alunos vivenciam e colocam em prática os conhecimentos

adquiridos, possibilitando uma troca de idéias em relação a determinados conteúdos,

reforçando a necessidade destes projetos, pois além de atender as necessidades, serve

também para que muitos alunos melhorem seus conhecimentos nessa área, procurando

assim aumentar a produção em suas propriedades, onde essa prática é executada.

Um dos grandes benefícios desses projetos é prever a extensão na orientação e

assistência às hortas das escolas estaduais e municipais.

O curso procura preparar os alunos para a continuidade da escolarização e,

também, para preparar os alunos para desempenharem o papel de trabalhadores atuantes

e conscientes pois, em uma sociedade em contínuo processo de transformação, é

necessário um técnico consciente de seu papel profissional e de sua capacidade

interativa para a melhoria da sociedade.

O Técnico em Agropecuária deve aplicar seus conhecimentos buscando uma

sociedade mais justa por meio da participação interativa junto à comunidade onde esteja

inserido.

O Colégio Agrícola conta com o CAER- Escola Fazenda, onde desenvolve

diversos projetos técnicos na área, que possibilitam o aprimoramento técnico dos alunos

e serve para melhorar as condições de vida na sua própria propriedade ou em fazendas

da região, empresas e cooperativas, que buscam uma profissionalização que envolva a

agricultura e a pecuária e oferecem oportunidade para os profissionais seguirem carreira

na veterinária ou na agronomia.

Conclusão:

Nota-se que o Colégio Agrícola Estadual Arlindo Ribeiro é, inegavelmente

integrante da História de Guarapuava que, pela investigação efetuada torna evidente sua

parcela de participação no contexto educacional daqueles que passaram e daqueles que

ainda estão vivendo sua história educacional na Cidade de Guarapuava.

O CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ARLINDO

RIBEIRO (CEEPAR) surgiu numa época econômica e política que visava à formação

de trabalhadores rurais e essa formação mostrou a necessidade de se ter um ensino

voltado para as especificidades do campo, que os auxilie em suas atividades tendo maior

consciência de todo o processo que envolve o seu habitat. E que para uma sociedade em

um processo contínuo de transformação, há necessidade de se ter um indivíduos

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conscientes de sua função, e que compreendam além da importância da atividade que

realizam, também, do desenvolvimento de suas capacidades de forma interativa no

interior desta sociedade.

Vale ressaltar que, frente à contemporaneidade que segue com tendências

capitalistas cada vez mais fortes, os habitantes rurais já não podem mais viver de forma

alienada. Devem ter a capacidade de questionar os modos de produção e, através deles,

aprimorar meios dignos para humanização do trabalhador, pelo trabalho transformador.

E que, aplicando seus conhecimentos técnicos, busque uma sociedade mais justa por

meio de uma participação interativa junto a sua comunidade na qual se encontra

inserido, o que exige, dessa forma, um ensino voltado para suas especificidades sócio-

históricas. Portanto, a escola deve trabalhar de forma a organizar as relações homem-

meio para que, dessa forma, os indivíduos criem condições para desenvolverem as

novas gerações, dando assim continuidade à cultura e à promoção e humanização do

homem no seu contexto histórico.

Nesse contexto, vale destacar que o técnico em agropecuária deverá ter uma visão de

homem e de mundo em um eterno processo de transformação. Essa transformação,

deverá superar a dualidade entre teoria e prática preparando o cidadão, nessa busca que

é individual, mas produzida coletivamente, onde o ensino deve servir de base para suas

críticas e questionamentos o que, consequentemente o aprimorará para uma atuação

mais cidadã e consciente.

Percebemos que a visão do Colégio, no seu atual (PPP), tem como objetivo e

compromisso na educação profissional em nível médio-integrado ou subseqüente, a

formação humana e o acesso à cultura geral, de modo a que os educandos venham a

participar política e produtivamente das relações sociais, com comportamento ativo,

ético e político, por meio do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral, de

forma a construir e se apropriar de conhecimento para o mundo do trabalho e para o

exercício da cidadania, ressignificando as experiências sócio-culturais trazidas pelos

educandos.

No que se refere à Educação Profissional, especificamente do meio Agrícola,

mais do que uma política publica do estado do Paraná, é o resultado de uma luta

histórica da comunidade em geral, representada pelos diferentes Movimentos Sociais,

que têm como objetivo, segundo Roseli Salete Caldart (2005), pensar a Educação no

processo de construção de um Projeto de Educação dos Trabalhadores e Trabalhadoras

do Campo. Ou seja, pensar o homem e a mulher do campo, o aluno e aluna como

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sujeitos concretos que se movimentam dentro de determinadas condições sociais de

existência em um dado tempo histórico.

Referências:

ARROYO, Miguel Gonzalez; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica Castagna.

Por uma educação do campo. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

DIAGNÓSTICO DO ENSINO AGRÍCOLA. Secretaria de Estado da Educação.

Curitiba, 1984.

Diário Oficial/ do Estado do Paraná. Secretaria da Administração. Curitiba, segunda-

feira, 23 de julho de 1959. Lei nº 4020.

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 9ª, Paz e Terra, 2001;

FREITAS, Marcos Cezar de, Educação Brasileira: Dilemas Republicanos nas

entrelinhas de seus manifestos, In: Histórias e memórias da educação no Brasil.

Vol.III – Século XX / Maria Stephanou, Maria Helena Câmara Bastos (orgs.) –

Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

MARX, K. e ENGELS. F. A ideologia alemã I: critica da filosofia alemã recente.

V.1, 3 ed. Brasil: Livraria Martins Fontes, 1979. Sobre a literatura e arte.3ª Ed. Global

editora. S. Paulo, 1986.

MENDES, Durmeval Trigueiro. Filosofia da educação brasileira. 2ª Ed. Rio de

Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.

POMBO, J. F. da R. O Paraná Centenário (1500-1900) 2ª Ed. Rio de Janeiro. Co-

edição: Secretaria da Cultura e do Esporte do Estado do Paraná/ Curitiba.

PROJETO POLITICO PEDAGOGICO DO COLÉGIO AGRICOLA ESTADUAL

“ARLINDO RIBEIRO” Guarapuava PR 2010.

PROJETO POLITICO PEDAGOGICO DO COLÉGIO AGRICOLA ESTADUAL

“ARLINDO RIBEIRO” Guarapuava PR 1994.

REGIMETO ESCOLAR DO COLÉGIO AGRICOLA ESTADUAL “ARLINDO

RIBEIRO” Guarapuava PR 2010.

SECRETARIA DO COLÉGIO AGRICULA ESTADUAL “ARLINDO

RIBEIRO” arquivos históricos.

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SECRETARIA DO COLÉGIO AGRÍCOLA ESTADUAL “ARLINDO RIBEIRO”.

Pastas individuais de alunos; ata de resultado final; registro de diplomas; registro de

matrículas. Guarapuava, 1971 a 1988.

SCHIPANSKI, Carlos Eduardo. Colégio Agrícola Estadual “Arlindo Ribeiro” Em

Guarapuava/Pr, 1989.( Monografia).

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil 26ª Ed. Rio de

Janeiro, Ed. Vozes, 1978.

SAVIANI, Dermeval, 1944. Educação; Do senso comum à consciência filosófica

Dermeval Saviani – São Paulo: Cortez, Autores Associados, 1991.

WEREBE, M.J.C IN: HOLANDA, História Geral da Escolarização Brasileira. 5ª Ed.