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Coletânea de Artigos Técnicos ANAPRE ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PISOS E REVESTIMENTO DE ALTO DESEMPENHO

Coletânea de Artigos Técnicos - ANAPRE · O ensaio de Abrasão Taber é utilizado para avaliar a resis-tência a abrasão de diversos materiais, tais como couro, papel e revestimentos

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Coletânea de Artigos Técnicos

ANAPREASSOCIAÇÃO

NACIONALDE PISOS E

REVESTIMENTODE ALTO

DESEMPENHO

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Diretoria

Diretoria ExecutivaPresidente: Wagner Edson Gasparetto

Vice-presidente: Ademar Paulino de Arantes FilhoDiretor Administrativo: Hernando Macedo Faria

Diretor de Comunicação: Eduardo Guida TartuceDiretor Técnico: Levon Hagop Hovaghimian

Diretores AdjuntosAdemir Teixeira dos Santos

Ariovaldo Paes JuniorGeorgia Palermo Cunha

Jefferson Bomfim dos ReisJulio Portella MontardoPaulo Roberto Grimaldi

ConselhoClaudio Pinheiro de Freitas

Leandro Tadeu Bittencourt LaraMarco Antonio Pereira Fagim da Silva

Públio Penna Firme RodriguesRoberto José Falcão Bauer

Apoio:

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Apresentação

Caros participantes do mercado de pisos e pavimentos,

Temos feito um grande esforço para apresentar ao mercado informações sempre compatíveis com as necessidades técnicas dos nossos associados e dos profissionais atuantes no mercado de pisos e revestimentos de alto desempenho.

A coletânea de artigos técnicos, que ora editamos e temos a honra de fazer chegar às suas mãos com o apoio da BASF, contendo textos produzidos por profissionais do mercado e que, com sua bagagem de conhecimento, têm muito a contribuir para o aprofundamento do conhecimento técnico.

Conhecimento este que deve ser, diante da alta competitividade do mercado de trabalho, cada vez mais aperfeiçoado e embasado em novos recursos e tecnologias, ferramentas fundamentais para o desenvolvimento e progresso do setor de pisos e revestimentos de alto desempenho e da própria cadeia da construção civil.

Nos últimos anos, temos percebido uma evolução significativa da formalidade e notado a crescente busca pelo uso da melhor técnica para o alcance dos objetivos de qualidade dos clientes e investidores. Este importante marco demonstra que a ANAPRE está no caminho certo e que devemos incrementar cada vez mais o uso de práticas adequadas e promover a capacitação do mercado.

Justamente pela constante e necessária evolução do conhecimento técnico, desenvolvemos um formato para publicar os artigos técnicos produzidos pela ANAPRE que facilita a inclusão futura de novas produções textuais, que estão sendo planejadas para os próximos anos.

Por outro lado, a contribuição de todos na ampliação da coletânea dos artigos é sempre bem-vinda e deveria ser uma constante. Assim, convido a todos que participem deste projeto da ANAPRE, apresentando temas e artigos a serem apreciados pelo corpo diretivo da associação.

Agradeço, sobremaneira, o apoio de todos nesta importante iniciativa em difundir o conhecimento técnico sobre o mercado de pisos e revestimentos de alto desempenho e também a confiança no trabalho que a ANAPRE está desenvolvendo.

Espero que façam bom proveito do conteúdo desta coletânea.

Cordialmente,

Wagner GasparettoPresidente da ANAPREBiênio 2008-2010

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Índice

Cura do concreto ............................................................................................................................... 01

Teste de abrasão Taber ...................................................................................................................... 03

Concreto com finos recuperados: uma opção na construção civil ................................................... 05

Especificação e medição de F-Numbers ........................................................................................... 07

O sistema pavimento industrial .......................................................................................................... 09

Concreto borrachudo ......................................................................................................................... 11

O solo do subleito e sua importância para os pavimentos industriais .............................................. 13

Projeto de piso industrial .................................................................................................................... 15

A nova norma brasileira sobre fibras de aço para concreto .............................................................. 17

Revestimentos especiais para salas de baterias ............................................................................... 19

Salas limpas, entenda esse conceito ................................................................................................. 21

Concreto para pisos industriais.......................................................................................................... 23

Posicionamento de armaduras em pisos e pavimentos de concreto ................................................ 25

Lapidação em pisos cimentícios ........................................................................................................ 27

Subleito e sub-base: suas especificações ......................................................................................... 29

A retração do concreto ....................................................................................................................... 31

Revestimentos cura UV ...................................................................................................................... 33

Procedimentos executivos de um piso ou pavimento de concreto ................................................... 35

Ensaios de tenacidade para concreto reforçado com fibras ............................................................. 37

Pisos protendidos - processo executivo ............................................................................................ 39

Fibras sintéticas para concreto e argamassa .................................................................................... 41

Inibidores de corrosão ........................................................................................................................ 43

A tal da retração autógena ................................................................................................................. 45

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Cura do concreto

A cura do concreto é sempre um assunto em pauta, pois uma boa parcela de patologias, como fi ssuras e desgaste superfi cial, acabam sendo imputadas a ela. Na realidade, ela é, de fato, capaz de promover essas patologias, prin-cipalmente as fi ssuras, mesmo quando o executor afi rma que efetuou a cura do concreto.

As fi ssuras estão muitas vezes associadas à perda de água do concreto, que promove a retração hidráulica, hoje subdividida em retração hidráulica inicial, que acontece nas primeiras 24 horas, e a retração complementar. Obser-vamos, atualmente, que o conceito de cura está bastan-te disseminado nas obras, mas o pecado que se comete muitas vezes está ligado ao tempo em que os processos de cura são efetivamente iniciados.

Este atraso acontece principalmente porque, em pisos, há um longo período de trabalho de acabamento, que acaba durando de 8 a 12 horas, onde o concreto fi ca normalmen-te desprotegido, e o que pode acontecer com a retração hidráulica pode ser visto na fi gura abaixo:

Fonte: Holt, Erika: Where did These Cracks Came From? Concrete International Mag, Sept, 2000

Nesta fi gura podemos observar que com a concretagem efetuada sob ação de vento, a retração inicial pode ser muitas vezes mais elevada do que em ambientes fecha-dos. Portanto, a alternativa que o executor tem para con-trolar a fi ssuração é trabalhar sempre protegendo o con-creto do vento, principalmente no período em que se está aguardando que ele tenha rigidez para receber as opera-ções de acabamento.

Essa proteção pode ser, por exemplo, com aplicação de produtos de cura especialmente formulados para esta fase da concretagem, que retardam a evaporação da água ou, mais simplesmente, cobrindo-se a placa de concreto com um plástico (lona plástica) até que o acabamento possa ser feito.

Autor: Públio Penna Firme RodriguesData: Julho/2006

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Teste de abrasão Taber

O ensaio de Abrasão Taber é utilizado para avaliar a resis-tência a abrasão de diversos materiais, tais como couro, papel e revestimentos orgânicos. No caso de Revestimen-tos de Alto Desempenho (RAD), os valores obtidos pelo teste de Taber são utilizados mundialmente como um dos dados para avaliação de desempenho de sistemas basea-dos em resinas epoxídicas.

O equipamento consiste de 1 ou 2 pratos giratórios, sobre o(s) qual(is) são colocadas as amostras aplicadas do re-vestimento. Sobre a amostra são colocados 2 discos abra-sivos. Completa o equipamento o sistema de vácuo que tem como objetivo remover as partículas geradas durante a abrasão. O peso que os abrasivos exercem também é controlado, sendo o mais comum para revestimentos o peso total de 1 kg.

Os resultados obtidos no ensaio podem ser expressos de diversas formas:

1. Índice de desgaste I = (A – B) X1000 C

Autor: Selmo SoaresData: Setembro/2006

A = Peso da amostra antes da abrasão, mg.B = Peso da amostra depois da abrasão, mg.C = Número de ciclos de abrasão.

2. Perda de Peso: L = A - B

Para revestimentos de alto desempenho a base de epóxi a perda de peso é utilizada em conjunto com a indicação do disco abrasivo, do número de ciclos e do peso; por exemplo: 170 mg (CS17, 1000 ciclos, 1000 g).

Os ensaios são de difícil reprodução e, portanto, os seus valores são considerados apenas como indicadores. Quando necessário comparar com maior exatidão, os ensaios devem ser realizados no mesmo aparelho e pelo mesmo operador. O equipamento dotado de dois discos permite uma comparação mais efi ciente entre produtos diferentes.

Ref: ASTM D 4060.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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No mercado atual da construção civil, os valores dos pro-dutos e serviços dependem cada vez mais do percentual de inovações e tecnologias a eles incorporados. Inúmeras difi culdades são encontradas no gerenciamento destas inovações e, por tal motivo, a empresa que souber tratá-los de forma efi ciente estará sempre em posição de vanta-gem em relação à concorrência e será mais competitiva.

Neste ambiente onde há a presença de inúmeros concor-rentes, inclusive multinacionais, o ciclo de inovação tem que ser cada vez mais curto. A empresa precisa desen-volver produtos e processos com custos baixos, que se-jam competitivos e possuam maior valor agregado. Desta forma há a exigência da empresa em assumir um papel inovador no desenvolvimento de suas atividades, como afi rma Santiago & Kalintzis (2004).

A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº. 307 de 5 de julho de 2002, em vigor desde o dia 2 de janeiro de 2003, impõe às geradoras de resíduos um período máximo de 24 meses para se enquadrarem nesta resolução. Estabelece diretrizes, critérios e procedi-mentos para a Gestão dos Resíduos da Construção Civil e cria a cadeia de responsabilidades: gerador/transportador /municípios. As responsabilidades dos resíduos gerados na construção civil serão: dos geradores que são “pesso-as físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resídu-os”; dos transportadores que são “as pessoas físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resí-duos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação” e dos municípios.

A preocupação ambiental tornou-se fator crítico no desen-volvimento dos processos de qualquer empresa. O resíduo de concreto fresco originado da produção nas centrais de concreto e no transporte via caminhões betoneiras é um assunto muito questionado na construção civil.

Habitualmente o processo de produção de concreto nas grandes concreteiras contemplava o uso de centrais do-sadoras, cuja função era efetuar apenas a dosagem dos agregados, cimento e água, componentes básicos do con-creto, para a posterior mistura em caminhões betoneiras. A aplicabilidade deste tipo de equipamento em projetos de hidrelétricas era muito questionada, principalmente devido à necessidade de produção de concreto com maior resis-tência e menor variabilidade, fatos que não aconteciam com o uso de centrais dosadoras.Segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), o consumo de cimento no setor em 2003, foi de 33.561.690 toneladas de cimento no Brasil, deste mon-tante somente 4.665.489 toneladas foram utilizadas nas concreteiras.

Se adotado o traço médio, resistência 25 MPa no Brasil,

cujo consumo médio é de 300 kg/m³ de cimento, deduz-se que a produção brasileira é de 15.551.630 m³ de con-creto por ano. Com os dados citados anteriormente, a respeito da perda de concreto em seu estado fresco, seu volume pode atingir o equivalente a 1.299.646 m³ por ano em todo o Brasil.

Conforme Rezende, Levy & Djanikian (1996), algumas es-timativas fornecidas pela ABESC (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem), para a região metropolitana de São Paulo apontam um volume de apro-ximadamente 3500m³ a 7000m³ de concreto residual ge-rados mensalmente nas centrais dosadoras, isto equivale de 4,5 a 9,5% da sua produção mensal.Para atender a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº. 307 de 5 de julho de 2002 e re-verter este quadro, perda mensal de resíduo de concreto, existe hoje, uma tecnologia mundialmente reconhecida e já disponível para o mercado brasileiro. Esta técnica consiste na separação de agregados e reuso de fi nos do concreto por meio de um equipamento denominado Sepa-rador de Agregado.

O concreto residual e a água utilizada para a limpeza das betoneiras são escoados para o equipamento, por meio de uma calha de alimentação (fi gura1).

1. Entrada do concreto fresco a ser reciclado, 2.Saída de água de lavagem com fi nos, 3.Processo de lavagem e separação dos fi nos dos agregados e 4. Saída dos agregados. Figura 1 – Equipamento utilizado para a reciclagem do concreto fresco.(FONTE: SCHWING STETTER, 2000)

Em seguida o processo de separação água de lavagem/agregado é executado no tambor, que possui uma espiral girando no sentido contrário ao fl uxo de água, até a che-gada dos agregados, já lavados, à calha de descarga e posteriormente reclassifi cados e encaminhados à central de concreto onde são reutilizados.

A água de lavagem é escoada para um tanque de arma-zenagem que possui um agitador para manter os fi nos em suspensão, a mesma é bombeada para a central de concreto, onde é utilizada na produção de concreto que juntamente com a água potável forma-se a água total de mistura do traço.

A seguir ensaios laboratoriais são realizados para a verifi -cação da resistência à compressão e o tempo de pega do

Autor: Eduardo Guida TartuceData: Novembro/2006

Concreto com fi nos recuperados: uma opção na construção civil

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concreto, cujos resultados foram semelhantes aos concre-tos produzidos somente com água potável.

No entanto, não há até o momento normas brasileiras quanto aos requisitos para a reutilização da água de la-vagem. Contudo, trabalhos desenvolvidos nos Estados Unidos, Noruega e outros países europeus convergem basicamente para os mesmos requisitos que necessitam

ser avaliados para a reutilização da água de lavagem na produção do concreto.

A reciclagem de materiais na construção civil é uma tecnologia pouco explorada e com reais possibilidades para contribuição à preservação ambiental. A metodologia aplicada demonstrou ser um possível processo produtivo e um campo a ser explorado.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Especifi cação e medição de F-Numbers

Certamente que pisos mais planos e nivelados são este-ticamente melhores. Entretanto, o controle da qualidade da superfície do piso com relação a planicidade e nivela-mento tem um fundamento muito mais funcional do que estético. A operação de equipamentos de precisão, tais como as empilhadeiras tipo tri-lateral e veículos tipo AGV (auto guided vehicles), é fortemente infl uenciada pelas ca-racterísticas da superfície do piso.

Pisos com problemas no nivelamento e planicidade acar-retam menor perfomance das operações de logística: per-da de produtividade (menor velocidade de operação na movimentação de cargas), menor segurança (risco de coli-sões das empilhadeiras contra a estrutura de porta-pallets em corredores estreitos), além de maior manutenção dos veículos.

Até 1987, o sistema empregado para certifi cação da quali-dade da superfície do piso consistia na verifi cação da má-xima abertura entre o piso e uma régua de 3 m.

Com base nos resultados das aberturas classifi cava-se o piso com relação a planicidade:

• Superfície plana – até 5 mm

• Superfície muito plana – até 3 mm

Este método de avaliação apresenta as seguintes restri-ções: não avalia o nivelamento da superfície do piso; ava-liação imprecisa da planicidade, pois não avalia a frequên-cia das imperfeições (ondulações); só avalia a amplitude; difi culdade em reproduzir os resultados e em ensaiar gran-des áreas.Uma grande inovação surgiu com a introdução do con-ceito F-Number (F-Number system) em 1987. A partir daí, passou-se a realizar a especifi cação e medição da plani-cidade e do nivelamento dos pisos industriais, com base nesta metodologia denominada F-Numbers, que é deta-lhadamente descrita pela norma ASTM E 1155 / 96i .

De acordo com esta norma, pode-se defi nir F-Numbers como sistema normalizado (ACI 117, 1990)iii de especifi -cação e medição da planicidade e nivelamento de pisos de concreto sujeitos ao tráfego randômico.

A especifi cação dos F-Numbers deve contemplar dois pa-râmetros:

• FF para planicidade (fl atness), defi nido pela máxima curvatura no piso em 600 mm, calculada com base

em duas medidas sucessivas de elevações diferen-ciais, tomadas a cada 300 mm;

Nos casos de pisos inclinados ou em lajes suspensas (por causa de eventuais deformações) não faz sentido especi-fi car ou medir o FL para controle da execução. No caso de lajes, se realizada, a medição para avaliação do executor deverá, obrigatoriamente, ser feita com a estrutura ainda escorada.

Quando empregado o sistema F-Numbers, devem-se ado-tar dois requisitos para cada F-Number (FF ou FL):

• Valor global (specifi ed overall value – SOV), que é o valor do índice de planicidade ou nivelamento a ser atingido, calculado com base na média ponderada com a área dos resultados individuais de cada faixa de concretagem (seção de teste);

• Valor mínimo local (minimum local value – MLV), que representa o menor valor aceitável de planicidade ou nivelamento para qualquer trecho do piso, faixa de concretagem ou parte dela. Este parâmetro não deve ser confundido com o conceito de Fmín empregado exclusivamente na medição de pisos sujeitos ao tráfego defi nido de veículos.

A principal função do valor mínimo local é garantir ao clien-te que todas as partes do piso estejam em conformidade com uma qualidade mínima, que garanta sua funcionali-dade. As áreas (a placa como um todo ou parte dela) que apresentarem resultados de F-Numbers inferiores aos va-

Autor: Marcel Aranha ChodounskyData: Maio/2007

• FL para nivelamento (levelness), defi nido pela con-formidade relativa da superfície com um plano de referência (geralmente o plano horizontal), medido a cada 3 m.

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lores mínimos, deverão obrigatoriamente ser reparadas ou reconstruídas (Tipping, 1996) .

Um procedimento prático é defi nir um valor mínimo que representa uma qualidade mínima exigida pelo cliente e/ou que garanta a funcionalidade do piso (operações dos equipamentos), e então defi nir os valores médios (valores globais) com certa margem de segurança. Recomenda-se que os valores médios sejam 50% maiores que os valores mínimos, ou inversamente, que os valores mínimos sejam 2/3 dos valores globais.

Como há uma sensível diferença entre os valores mínimos e os valores globais, uma especifi cação que contenha apenas um valor para FF ou FL deixa margem de dúvidas quanto a qualidade realmente objetivada (Fricks, 1996). Por exemplo, um projeto que especifi que apenas FF > 50 pode causar grandes confusões nas empresas executo-ras no momento do orçamento, e pior, pode gerar grandes transtornos durante a execução. O número e qualidade dos operários, de equipamentos e dos procedimentos executivos são totalmente diferentes para se executar um piso com valor mínimo exigido de 50 ou um piso com valor global (médio) de 50.

Para a medição dos F-Numbers comumente se emprega equipamento específi co denominado dipstick fl oor profi ler, enquadrado no item 3.1.5 da norma ASTM E 1155 como equipamento inclinômetro tipo II.

Figura - Equipamento para medição dos F-Numbers (dipstick)

Quanto às medições da planicidade e nivelamento, é al-tamente recomendável que sejam realizadas dentro de 24 horas após o término das operações de acabamen-to superfi cial do concreto, ou no máximo, até 72 horas, conforme orientação da ASTM, permitindo que ajustes e alterações nos procedimentos de execução sejam efetu-ados em tempo hábil. Outra razão é que o empenamento (curling) da placa de concreto afeta o resultado do nive-lamento, o que poderia indicar um problema de projeto, de material (concreto com retração excessiva) ou de cura inadequada, e não uma defi ciência da execução, que é o objetivo principal da avaliação.

A norma ASTM citada defi ne todos os procedimentos para a tomada de medidas, quer para linhas de medida

perpendiculares às juntas ou em diagonais (45º) confor-me a largura da faixa. A área de medição deve, salvo uma exceção descrita na norma, estar afastada de 60 cm das juntas construtivas e das interferências (pilares, caixas de passagem). As linhas de medida podem cruzar as juntas serradas.

Para cada linha de medida são determinados valores de FF e FL, que por sua vez são combinados para obtenção do valor fi nal que caracterizará a placa em questão.

A avaliação não é feita em 100% da placa, o que seria impossível. São tomadas linhas de medida (amostras) dis-tribuídas ao longo de toda a placa, admitindo-se que o piso em uma pequena distância ao redor (dos dois lados) da linha apresente a mesma qualidade.

Podemos então, ter duas situações de não conformidade. A primeira, com áreas do piso que não atendem aos va-lores mínimos. Medidas corretivas, como a recuperação ou reconstrução destas áreas, devem ser exigidas. No se-gundo caso, podemos ter um piso em que todas as áreas atendem aos valores mínimos, mas o resultado global é inferior ao especifi cado. Uma vez garantida a funcionali-dade do piso (de acordo com o conceito de valor mínimo local), considera-se justo que o executor seja penalizado em razão da defi ciência executiva.

O ACI 302 apresenta alguns valores típicos de F-Numbers em função da utilização do piso e que podem ser utiliza-dos como uma referência inicial:

Aplicação típica FF FL

Pisos de garagens, estacionamentos, contra-piso para pisos elevados

20 15

Edifícios comerciais e industriais, pisos com revestimento de carpete

25 20

Depósitos convencionais 35 25

Depósitos especiais (estrutura de porta-pallets com grande altura), pistas de patinação

45 35

Estúdios de cinema ou televisão 50 50

Além deste guia, para especifi cação dos valores mais ade-quados a uma obra específi ca podem ser buscadas refe-rências extras através:

• Dos fabricantes de equipamentos (empilhadeiras, trans-elevadores, etc) que serão utilizados na opera-ção do galpão;

• De empresas de consultoria em pisos industriais que realizem as medições dos F-Numbers;

• Da obtenção direta dos F-Numbers pela medição de pisos existentes que operem satisfatoriamente e com equipamentos similares à obra em questão.

American Society for Testing and Materials ASTM E 1155-96: Standard Test Method for Determining FF Floor Flatness and FL Floor Levelness Numbers.

American Concrete Institute ACI 117-90: Standard Specifi cations for Toleran-ces Concrete Construction and Materials.

Eldon Tipping: Using the F-Number system to manage fl oor installations. Con-crete Construction Magazine, January, 1996.

Terry Fricks: Misunderstandings and abuses in fl atwork specifi cations. Concre-te Construction Magazine, June, 1996.

American Concrete Institute ACI 302.1R-96: Guide for Concrete Floor and Slab Construction – Floor fl atness and levelness (section 8.15).

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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O sistema pavimento industrial

As pessoas têm enorme facilidade de julgar as coisas pelo seu exterior e quando se trata de pavimentos industriais essa avaliação subjetiva é ainda mais fácil, pois o que está à mostra é apenas a sua superfície: por exemplo, um piso com o RAD solto quem é imediatamente rotulado é o aplicador, quando na realidade podem haver outros fa-tores importantes que conduzem a essa patologia, sem que seja necessariamente culpa da aplicação, ou quando vemos uma fi ssura de ordem estrutural, como uma quebra de canto de placa, automaticamente o projetista é o alvo das críticas.

Mas a realidade é outra; o piso industrial é um elemen-to estrutural bastante complexo composto por diversas camadas superpostas, compostas por materiais bastan-tes distintos, como podemos ver na fi gura abaixo e que geralmente é composto de: subleito, sub-base (ou base), barreira de vapor, placa de concreto e revestimento. Mui-tas vezes, outras camadas são introduzidas para resolver problemas específi cos, como uma drenagem sub-super-fi cial, camada de bloqueio, etc e outras vezes algumas são suprimidas, como o subleito de um piso estaqueado. Finalmente, para completar, temos que olhar o piso sob o ponto de vista horizontal para então vermos outro com-ponente muito importante: as juntas.

A falha de um desses componentes estruturais não é ne-cessariamente compensado por outro; assim, se o sublei-to é mal compactado, uma placa de concreto bem dimen-sionada pode romper com carga muitas vezes bem abaixo da prevista em projeto e, embora o defeito se apresente de forma estrutural, na realidade foi causado por uma falha executiva. Neste artigo, vamos fazer uma breve introdução dos principais componentes, que no futuro serão melhor detalhados.

Autores: Levon Hagop Hovaghimian Públio Penna Firme RodriguesData: Maio/2008

ensaio é adequado: solos de natureza laterítica, típicos de partes bem drenadas de regiões tropicais úmidas, são me-lhor caracterizados pelos ensaios MCT, enquanto que os saprolíticos, oriundos da decomposição in situ de rocha, são caracterizados pela metodologia tradicional.

Sub-base (ou base)A sub-base, que no passado foi muito controversa, hoje é um elemento fundamental para o piso, seja sob o ponto de vista estrutural, homogeneizando a condição de suporte e controlando o bombeamento, como funcional, agindo como uma camada de isolamento restringindo a ascensão de umidade, facilitando as aplicações do RAD. Podem ser cimentadas, como brita graduada tratada com cimento, concreto compactado com rolo, solo-cimento, etc, mas mais comuns são as estabilizadas granulometricamente, como as britas graduadas.

Barreira de vaporAs barreiras de vapor formadas por camadas impermeá-veis, tais como lonas plásticas ou imprimações imperme-abilizantes são geralmente empregadas quando o projeto prevê aplicação de RAD ou quando o local apresenta pro-blemas crônicos oriundos de umidade ascendente.

De fato, a única garantia de não ocorrência de patologias decorrentes de umidade, tais como bolhas, é a presença deste componente, mas a sua adoção deveria ser genera-lizada por proteger o próprio concreto.

Placa de concretoÉ, sem dúvida, o elemento estrutural mais importante, pois é ela que vai absorver todos os carregamentos do piso, transferindo-os para a fundação, de modo que esta tra-balhe sempre no regime elástico, isto é, sem deformações permanentes. Além disso, é a responsável pela ancora-gem dos revestimentos. Pode ser de concreto simples ou reforçada, sendo este tipo o preferido no nosso meio, já que nele a quantidade de juntas é bem menor.

Os reforçados podem ser com armaduras de aço, tipo as telas soldadas, fi bras ou protendido. Como o concreto é um material que durante as primeiras idades apresenta variações causadas pela retração hidráulica e de outros tipos, estas têm que serem consideradas no dimensiona-mento e comportamento da placa em serviço e, a tecno-logia do concreto é matéria obrigatória, tanto no projeto como na execução.

RevestimentoOs revestimentos de alto desempenho ou RADs tem como objetivo acrescentar características específi cas ao sistema piso, conforme a necessidade do projeto em questão; entre outros agregam melhoria das condições de higienização, da resistência superfi cial e mecânica em geral, resistência quí-mica, facilitam as demarcações de áreas e a estética.

De um modo geral, os RADS se dividem em três grandes

SubleitoO subleito é composto pelo terreno de fundação do piso sendo, portanto, o solo local. Em países de clima quente e úmido como o Brasil e, portanto de grande atividade de decomposição de rochas, solos de mesma origem podem ter comportamentos muito distintos quando são formados, por exemplo na Serra do Mar ou no planalto central.

Portanto, suas propriedades devem ser previamente co-nhecidas e lembrando que nem sempre o mesmo tipo de

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grupos: os autonivelantes, os multicamadas e os argamas-sados ou espatulados. As bases químicas adotadas com maior frequência são a resina epóxi e o poliuretano.

JuntasAs juntas são elementos introduzidos para o controle das variações higro-térmicas do concreto além de servirem como elementos auxiliares na execução. Devem apresen-

tar a característica de permitir a continuidade estrutural do piso, mas mesmo assim são sempre a parte mais fraca e quando há problemas estruturais, é nela que eles se mani-festam inicialmente.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Concreto borrachudo

Esta patologia é caracterizada pelo enrijecimento prema-turo da camada superfi cial do concreto (daí o termo em inglês “crusting” que signifi ca “casca”), sendo que as ca-madas inferiores não apresentam a mesma rigidez ou re-sistência, fazendo com que haja grandes deformações da “casca” superfi cial com a entrada das acabadoras mecâ-nicas. Este fenômeno conhecido como “borrachudo” des-creve o comportamento elástico do concreto, semelhante ao que ocorre na compactação de solos com excesso de umidade.

O problema ocorre com o ressecamento superfi cial do concreto, que cria a falsa impressão de que é o momento correto para início da fl otação. Tentando-se então, iniciar as operações de acabamento neste momento, verifi ca-se que o concreto das camadas inferiores não suporta os pe-sos das acabadoras, tendo como conseqüência a ruptura desta casca, resultando em uma superfície bastante fi ssu-rada e ondulada (há perda acentuada de planicidade). Na grande maioria das vezes, há comprometimento estético (fi ssuras e ondulações) e funcional (níveis de planicidade extremamente baixos).

Esta patologia está associada ao emprego de acabado-ras mecânicas, que, devido ao grande peso, conduzem à ruptura da camada superfi cial nos casos de borrachudo. Portanto, é pouco provável que este tipo de problema seja verifi cado em concretagens de pisos ou pavimentos de concreto com acabamento “vassourado” ou “lonado”, no qual não há a utilização de equipamentos pesados sobre o concreto recém-endurecido.

A origem desta patologia está relacionada com fatores que conduzem a um endurecimento diferencial, entre a fi na ca-mada superfi cial e o restante do concreto. Temperatura da sub-base, condições climáticas (temperatura, umidade relativa, vento e sol) e a própria dosagem do concreto in-tegram a lista de fatores que podem gerar condições para a ocorrência do fenômeno do “borrachudo” (Suprenant, 1997,a).

Concretagens sobre sub-bases frias acarretam em um en-durecimento mais lento da camada inferior do que o con-creto próximo da superfície. Na parte inferior, além da tem-peratura menor (causada pela baixa temperatura da base), no caso de lançamento do concreto diretamente sobre

Figura 1: Aspecto da superfície fi ssurada do concreto devido a ocorrência de borrachudo.

Autor: Marcel Aranha ChodounskyData: Junho/2008

uma camada deslizante (lona plástica), não ocorre a perda de água o que conduz a uma velocidade menor de endu-recimento. Na superfície exposta do concreto (face supe-rior), ocorre a subida de água de exsudação com posterior perda por evaporação, além do aumento da temperatura gerada pela temperatura ambiente.

Temperatura elevada do ar, baixa umidade relativa, expo-sição direta da placa ao sol e vento, podem conduzir para o aparecimento do problema de “borrachudo” com o res-secamento prematuro e rápido da superfície do concreto. Logo, em concretagens a céu aberto há uma probabilida-de maior de ocorrência deste tipo de patologia.

Algumas características do traço do concreto podem con-tribuir para a ocorrência de “borrachudo”, particularmente àquelas relacionadas à exsudação do concreto. Concretos com baixa taxa de exsudação tendem a favorecer o apare-cimento desta patologia (Suprenant, 1997,a). A exsudação do concreto é reduzida com incorporação de ar, elevado teor de fi nos, uso de adições minerais de elevada fi nura (sílica ativa ou metacaulim, por exemplo) e com a utilização de concretos com consistência mais seca (às vezes asso-ciado ao emprego de aditivos superplastifi cantes). Os adi-tivos retardadores podem ser úteis para atrasarem o início de pega do concreto ou para estender o tempo disponível para realização das operações de acabamento (“janela de acabamento”). Contudo, o retardamento excessivo pode causar o aparecimento de “borrachudos” (crusting) ou fi s-suras de retração plástica.

A recuperação do piso com problemas de fi ssuração e perda de planicidade ocasionada pelo fenômeno de “bor-rachudo”, compreende na remoção parcial (reparos de pequena profundidade) ou na remoção total do concreto na área afetada, sendo ambas as soluções bastante one-rosas.

Algumas medidas podem ser tomadas com intuito de mi-nimizar o risco de aparecimento da patologia, ou mesmo como forma de minimizar a sua incidência. Com relação à questão da temperatura baixa da base (em regiões frias), pode-se adotar o procedimento de atrasar as concreta-gens para o período de temperatura maior. Em situações de temperatura elevada e baixa umidade relativa do ar, po-de-se realizar aspersão de água (ou preferencialmente adi-tivo redutor de evaporação) sobre o concreto (nebulização) com objetivo de elevar a umidade ao redor da placa de concreto, atentando-se para não lançar água diretamen-te sobre o concreto, mas sim para cima (o objetivo não é “molhar” o concreto e sim aumentar a umidade no entorno do piso). Após o lançamento, com o concreto ainda fresco e antes do acabamento, pode-se cobrir com lona plástica a placa, evitando a incidência direta de sol e vento, além de reduzir a perda de água do concreto (Suprenant, 1997,a) (Suprenant, 1997,b). Estas medidas além de contribuírem para redução do risco de ocorrência de “borrachudo”, mi-nimizam a ocorrência de fi ssuras de retração plástica.

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Concretos com tempo de início de pega longo são mais susceptíveis aos efeitos das condições climáticas (sol, vento, temperatura e umidade relativa). Recomenda-se neste caso, reduzir o tempo de início de pega do concreto ao mínimo, tempo este compatível com o processo de lan-çamento e acabamento.

Referências:• SUPRENANT, Bruce A, “Troubleshooting Crusted Concrete”, Concrete

Construction Magazine, April, 1997.

• SUPRENANT, Bruce A, “Curing during the pour”, Concrete Construc-tion Magazine, June, 1997.

• CHODOUNSKY, Marcel. A. & VIECILI, Fábio A., “Pisos Industriais de Concreto: Aspectos Teóricos e Executivos”, Editora Reggenza, 2007.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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O solo do subleito e sua importância para os pavimentos industriais

A correta interpretação das características do solo ocor-rentes em uma obra, vão nos auxiliar no desenvolvimento de um projeto otimizado de pavimento industrial. Parale-lamente à execução, o acompanhamento tecnológico se torna fundamental para a garantia do bom funcionamento do pavimento ao longo de sua vida útil.

Para análise das características do terreno sobre o qual estará assentado o pavimento, é necessária a realização de ensaios que fornecerão números que permitirão a ava-liação de seu comportamento frente às solicitações im-postas pelo pavimento industrial. Alguns dos ensaios mais corriqueiros são:

• Sondagem de simples reconhecimento com SPT - ABNT NBR 6484: 2001

• Ensaio de Índice de Suporte Califórnia ( CBR ) - ABNT NBR 9895: 1987

• Ensaio de compactação ( PN ) - ABNT NBR 7182: 1986

• Ensaio de análise granulométrica - ABNT NBR 7181: 1984

• Ensaio de determinação dos limites de Liquidez (LL) e Plasticidade (LP) - ABNT NBR 64590: 1984 e ABNT NBR 7180: 1984

A interpretação dos resultados desses ensaios permitirá a defi nição da estratégia mais adequada para que possa-

Autor: José Henrique de OliveiraData: Julho/2008

mos obter o melhor desempenho do solo que constituirá o sub-leito do pavimento. Existem solos problemáticos para os quais muitas vezes é necessário o emprego de técni-cas de estabilização para neutralizar efeitos indesejáveis como, por exemplo, a expansão volumétrica. Alguns tipos de solos mesmo que bem compactados não têm boa ca-pacidade de suporte (CBR).

O controle tecnológico da compactação dos aterros (ABNT NBR 5681: 1980) bem como das camadas superfi ciais em áreas de corte, devem seguir rigorosos critérios de inspeção.

A freqüência de análise deverá levar em consideração principalmente o grau de homogeneidade do solo (ABNT NBR 12307: 1991). Um bom controle deve estender sua atividade ao acompanhamento dos processos executivos de forma a adequar os procedimentos à obtenção de um produto fi nal dentro dos parâmetros assumidos no projeto da obra.

Ainda na fase construtiva dos aterros podem se estudadas formas de exploração dos materiais nos cortes fazendo com que os solos de melhor qualidade sejam reservados para as camadas fi nais onde o pavimento estará apoiado. Geralmente, os investimentos feitos na melhoria do sub-leito são menos onerosos, acarretando economia para as camadas mais nobres (base e sub-base).

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Projeto de piso industrial

A execução de um piso industrial compreende a realização de uma série de etapas e serviços e envolve uma equipe de profi ssionais multidisciplinares. O projetista do piso de concreto deve possuir um conhecimento amplo de todas essas etapas e serviços de modo que ele possa com essa visão holística, especifi car os parâmetros de desempenho e critérios de aceitação de cada elemento do sistema. De modo simples pode-se dizer que o projeto do piso deve contemplar no seu dimensionamento e detalhamento qua-tro questões básicas que determinam o desempenho do piso industrial:

Fissuras e recalques:A ocorrência de recalques e fi ssuras estruturais pode en-volver problemas relacionados ao solo, sub-base, dimen-sionamento do piso e ao carregamento atuante. O proje-tista deve ser capaz de identifi car em cada obra todos os carregamentos atuantes e mediante à análise profunda do solo, defi nir pela necessidade de reforço do subleito e o tipo de sub-base, avaliar os diferentes sistemas construti-vos e dimensionar o piso para cada uma das alternativas possíveis. Deve ainda conhecer as características e limita-ções de cada um destes sistemas a fi m de que a fi ssura-ção por retração seja minimizada. Isto requer um conheci-mento das propriedades do concreto além do emprego de detalhes construtivos específi cos. Por outro lado, a falta de experiência de campo na execução de pisos industriais em diferentes condições tem se mostrado responsável por projetos pouco detalhados, materiais inadequados e in-compatíveis com o processo de execução adotado.

Tolerâncias superfi ciais:A qualidade da superfície do concreto (ou revestimento) defi nida pelo tipo de acabamento, resistência mecânica e pelas exigências com relação aos níveis serão fatores de-terminantes no desempenho do piso. Desta forma, o pro-jetista deve ser municiado pelo cliente/usuário de todas as exigências do piso para que a operação fabril ou logística sejam garantidas. Os fornecedores dos equipamentos de-vem ser consultados e interagir com o projetista do piso.

O conhecimento da futura utilização do piso, suas neces-sidades e tolerâncias em termos de nivelamento e plani-cidade, bem como o conhecimento extenso dos proce-dimentos executivos necessários para superação dessas necessidades e da capacidade dos diferentes executores, permite ao projetista defi nir o melhor sistema construtivo (piso de concreto simples, armado, com fi bras ou proten-didos) e a forma de execução (em faixas estreitas, largas ou jointless) mais adequada em cada caso. Não são raras as situações onde o projeto mal concebido defi ne siste-mas e formas de execução confl itantes com as condições de execução e as tolerâncias exigidas. Sabendo-se que o empenamento das placas é uma patologia presente na maioria dos pisos e que interfere na utilização do piso, o projetista deve ter conhecimento dos fatores envolvidos e

das ferramentas disponíveis para minimização do proble-ma e das suas conseqüências.

Resistência à abrasão:Não basta um grande conhecimento das teorias de dimen-sionamento para que o projetista garanta um elevado nível de serventia de um piso de concreto ao longo de sua vida útil. O desgaste superfi cial é uma patologia muito mais fre-quente em pisos industriais do que os recalques ou fi ssu-ras estruturais, e podem facilmente comprometer seu va-lor funcional ou estético. Ainda assim, muitos profi ssionais preocupam-se exageradamente somente com o cálculo da espessura do piso. Por isso, uma boa noção de tecnologia de materiais (cimento, adições minerias, aditivos, etc), das propriedades do concreto, de diferentes sistemas de en-durecimento superfi cial e dos procedimentos executivos é fundamental para que o piso seja corretamente projetado. O projeto deve contemplar materiais e procedimentos exe-cutivos que sejam apropriados às condições da obra.

Por exemplo, enquanto que na maioria das situações a utilização das adições minerais pode resultar num grande incremento do desempenho do concreto, especifi camente em condições climáticas muito adversas as desvantagens podem igualar os benefícios na aplicação em pisos indus-triais desempenados mecanicamente. Da mesma forma, os endurecedores cimentícios (minerais ou metálicos) que proporcionam grande incremento da durabilidade da su-perfície do piso devem ser especifi cados somente quando há condições para que sejam devidamente lançados e in-corporados na superfície do concreto.

Esse discernimento do projetista dos diferentes materiais e seu comportamento em condições distintas de execução ajuda a evitar que problemas de concepção equivocada do piso sejam transferidos para a obra.

Durabilidade das juntas:Mais do que calcular ou defi nir as dimensões das placas, o projetista deve saber avaliar as consequências de tal esco-lha. A simples execução de um piso com placas grandes não garante que os problemas de juntas sejam minimiza-dos. Cuidados especiais na especifi cação, seleção de ma-teriais e dosagem do concreto devem ser tomados a fi m de que a retração seja reduzida, e com ela os problemas de fi ssuração e empenamento. A retração excessiva pode acarretar a abertura excessiva das juntas bem como cau-sar o empenamento demasiado de bordas e cantos das placas. Em placas empenadas as juntas muito abertas são difíceis de tratar e normalmente apresentam desempenho insatisfatório frente ao tráfego de veículos.

O projetista deve se basear no layout da futura utilização do galpão para defi nição do projeto geométrico, procuran-do esconder as juntas, principalmente as construtivas, dos corredores de maior tráfego. No projeto do piso devem

Autor: Marcel Aranha Chodounsky Data: Agosto/2008

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estar indicados claramente os materiais e procedimentos para o tratamento das juntas. O esborcinamento de jun-tas, em parte, é fruto de um projeto geométrico falho e do selamento inadequado, é talvez a mais frequente e séria patologia em galpões logísticos.

Todas as questões abordadas anteriormente são infl uen-ciadas tanto pelo projeto do piso industrial como pela exe-cução em si. Ao longo das publicações da Anapre procu-rar-se-á discutir os elementos de projeto e de construção que podem maximizar o desempenho do piso e minimizar a possibilidade de ocorrência das situações abordadas acima.

Dada a complexidade e particularidade do tema que con-sideramos que o projeto de piso é uma especialidade di-ferente do projeto de edifi cações verticais. Envolve conhe-cimentos específi cos que o calculista de concreto armado comum normalmente não possui. Ao passar a projetar pisos industriais tal profi ssional deve buscar a especializa-ção necessária para que projetos bem detalhados possam ser elaborados e as necessidades dos clientes e usuários dos pisos sejam superadas.

Além dos aspectos abordados, espera-se do projetista: apresentação de soluções otimizadas conciliando redu-ção de custo e segurança (durabilidade), imparcialidade (independência de fornecedores e aplicadores) e busca contínua de novas tecnologias (aprimoramento).

Dados de caracterização

do solo

Informações das solicitações mecânicas

Informações da agressividade

química

Projeto do piso industrial

Espessuras de piso, sub-base e reforço do

subleito

Projeto geométrico (lay- de juntas)

Materiais e procedimentos de cura

Materiais e procedimentos de

tratamento superficial

Apresentação de alternativas estruturais

(tipos) de pisos

Materiais e procedimentos de

tratamento das juntas

Especificação das tolerâncias superficiais

(F-Numbers)

Lay-out de utilização do piso

Projeto de fundações e de

hidráulica

Procedimentos mínimos de controle

tecnológico

Dados de entrada (informações mínimas necessárias para elaboração do projeto)

Projeto arquitetônico (planta baixa)

Dados de saída (informações mínimas a serem contempladas no projeto do piso)

Figura 1: Fluxograma de informações para elaboração do projeto do piso industrial.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

out

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A nova norma brasileira sobre fi bras de aço para concreto

A utilização do concreto reforçado com fi bras de aço ocor-re no Brasil há vários anos. As aplicações são bem varia-das, indo da utilização em concreto para revestimento de túneis, passando pelo concreto para pavimentos e che-gando mais recentemente ao concreto pré-moldado (como os tubos de esgoto). No entanto, isto vem acontecendo sem que se tivesse à disposição qualquer norma nacional sobre o assunto. Ou seja, a produção de fi bras não preci-sava atender nenhum requisito e o controle do material em si era praticamente inexistente.

Naturalmente, esta condição expunha o mercado a riscos de insucesso causados pela falta de parâmetros mínimos que servissem de referência para balizar a especifi cação e seleção do material. Esta situação mudou ao fi nal de 2007, quando a ABNT publicou a norma NBR 15530:07 “Fibras de aço para concreto - Especifi cação” que esta-belece parâmetros de classifi cação das fi bras de aço de baixo teor de carbono. Nesta classifi cação estão previstos três tipos básicos de fi bras, divididos segundo a geometria da mesma.

O primeiro, Tipo A, é o das fi bras com ancoragem em gan-cho, que é um dispositivo utilizado para melhorar a anco-ragem da mesma dentro do concreto. O segundo é a fi bra Tipo C, corrugada, e o terceiro é a fi bra Tipo R, que possui uma geometria reta. Esta classifi cação geométrica, asso-ciada a cada tipo de fi bra, não contempla o formato da seção transversal, mas somente o perfi l da fi bra. O formato da seção transversal irá depender do tipo de aço utilizado na produção da fi bra que pode ser trefi lado ou laminado. Assim, além dos tipos de fi bras, a especifi cação para fi bras de aço prevê três classes de fi bras, as quais foram asso-ciadas ao tipo de aço que deu origem às mesmas:

• Classe I: fi bra oriunda de arame trefi lado à frio;

• Classe II: fi bra oriunda de chapa laminada cortada à frio;

• Classe III: fi bra oriunda de arame trefi lado e escarifi cado.

Autor: Antonio Domingues de FigueiredoData: Outubro/2008

Associada a esta classifi cação, são defi nidos também, os requisitos mínimos de forma geométrica, tolerâncias dimensionais, defeitos de fabricação, resistência à tração e dobramento. Procurou-se garantir que qualquer produ-to em conformidade com estes requisitos tenha potencial para proporcionar um desempenho adequado ao concreto reforçado com fi bras de aço. A norma se atém ao produto fi bra, sem regular a verifi cação de desempenho da mesma no concreto, o que deverá ser objeto de normalização futura. No entanto, a nova especi-fi cação de fi bras de aço para concreto, que foi produzida pela ABNT, pode ser considerada um marco da tecnologia do CRFA no Brasil. Isto porque ela traz alguns avanços tecnológicos incorporados, como o nível elevado de exi-gência para a resistência do aço, o que é perfeitamente compatível com a condição de produção de fi bras hoje instalada no país. Além disso, os requisitos especifi cados, além de atenderem a condição nacional, podem ser con-siderados em conformidade com o mercado externo, ou seja, uma fi bra produzida no Brasil e que atenda aos re-quisitos desta especifi cação, estará em condições de ser aceita em qualquer mercado internacional. No entanto, a recíproca não é verdadeira, pois as normas internacionais são mais fl exíveis que a brasileira no que diz respeito a vários fatores como as tolerâncias dimensionais e a resis-tência mínima do aço.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Revestimentos especiais para salas de baterias

Para um bom projeto de revestimentos especiais de prote-ção dos pisos de salas de baterias, temos que passar pela análise do substrato existente e posteriormente análise do futuro revestimento. Análise do substrato:

1) Substratos Antigos: Devemos verifi car o nível da estabilidade e resistência estrutural, analisando as contaminações e degradações ocorridas pelas solicitações mecânicas, químicas e térmicas que este piso sofreu no período antes da nova utiliza-ção. Todas as anomalias e patologias encontradas, deverão ser sanadas antes da aplicação do novo revestimento.

2) Substratos Novos: A análise passa a ser mais simples uma vez que detém-se o conhecimento do material e sistema de aplicação utilizado.

Análise do revestimento:

Para um bom desempenho do revestimento quatro são as análises a serem feitas:

1) Ataque químico - Levantar junto ao cliente fi nal quais produtos estarão em contato com o revesti-mento, sua concentração, e tempo de exposição.

Autor: Marcus Cortines LaxeData: Dezembro/2008

2) Para a questão “ataque mecânico”, deveremos obter a informação de quais tipos de veículos estarão tendo acesso ao local, tipos de rodízios (roda maciça ou pneumática) e análise de choques mecânicos.

3) Para a questão “temperatura” é sabido que determinados tipos de produtos químicos em contato com a atmosfera ou com outros produtos químicos reagem e são geradores de calor, então deveremos neste caso escolher um revestimento que suporte este tipo de solicitação.

4) Vida útil desejada – Está associada ao investimen-to que se propõe a fazer. Isto será determinante no desempenho e tempo de vida da proteção do substrato existente. Por exemplo: Uma simples pintura poderá atender uma necessidade de tem-po curto com baixo investimento, mas exigirá uma manutenção mais constante em contrapartida a um revestimento argamassado especial.

Somente após todas estas análises é que poderemos especifi car um revestimento correto, buscando sempre especifi cadores técnicos, produtos e aplicadores com-provadamente capacitados à realização dos trabalhos.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Salas limpas, entenda esse conceito

A evolução dos padrões de qualidade e aceitação trans-formou muitas atividades da sociedade moderna e gerou uma constante busca por produtos cada vez mais sofi s-ticados, com índices de rejeição reduzidos, aliada à alta produtividade de um modo geral. O refl exo imediato deste quadro foi o surgimento de processos de alta performan-ce, utilizando equipamentos de alta precisão, com contro-les eletrônicos de última geração operando, muitas vezes, em áreas livres de contaminantes particulados.

Este “efeito colateral” do progresso criou a necessidade de “Salas Limpas”, ambientes livres de impurezas, onde partículas contaminantes, velocidade do ar, temperatura, pressão e umidade são mantidos e controlados sob rígidas especifi cações. Surgidas inicialmente nos centros cirúrgi-cos, hoje são adotadas nos mais diversos setores de ati-vidade: da indústria de semicondutores à indústria farma-cêutica, passando por áreas e processos onde partículas em suspensão e demais elementos contaminantes podem comprometer o processo produtivo acarretando inúmeros prejuízos materiais, fi nanceiros e até mesmo humanos.

Classifi cação

As Salas Limpas são classifi cadas pela pureza do ar (nú-mero de partículas presentes por unidade de volume de ar) e dependem da natureza e procedimentos de operação da sala, assim como dos materiais de sua construção. Atualmente a norma ISO 14644-1 as classifi ca em nove classes, embora o método ainda mais comum seja a clas-sifi cação mais antiga do Federal Standard: US.FED STD 209D e US.FED STD 209E (SI – Sistema Internacional). A ABNT adota desde abril de 2005 a NBR ISO 14644-1 em substituição a antiga NBR 13700 – Classifi cação e Contro-le de Contaminação.

A tabela abaixo compara a classifi cação das salas nesses diferentes sistemas.

Classe Limite de contagem

de partícula*US.FED

209DUS.FED

209E Padrão ISO

Class 1 M 1.5 ISO 3 1

Class 10 M 2.5 ISO 4 10

Class 100 M 3.5 ISO 5 100

Class 1000 M 4.5 ISO 6 1000

Class 10.000 M 5.5 ISO 7 10.000

Class 100.000 M 6.5 ISO 8 100.000

* partículas de 0,5 microns ou maiores em um pé cúbico de ar

Na Europa, o “British Standard 5295:1989” e o “WHO Te-chnical Report Series 902/2002” se destacam entre os mais utilizados, sendo este último, editado pela “World Health Organization”, voltado exclusivamente à área far-macêutica e adotado, também , pela legislação regulató-ria brasileira, que o transcreve na RDC 210/2003. A tabela abaixo apresenta a classifi cação segundo “WHO Technical Report Series 902/2002”.

Grau

Em descanso Em operação

Número máximo per-mitido de partículas/

m3

Número máximo per-mitido de partículas/

m3

0,5 – 5,0µm

Acima de

5,0µm

0,5 – 5,0µm

Acima de

5,0µm

A 3.500 0 3.500 0

B 3.500 0 350.000 2.000

C 350.000 2.000 3.500.000 20.000

D 3.500.000 20.000 Não defi nido

Não defi nido

No Brasil é frequente adotar pelas indústrias farmacêuti-cas, cosméticas e alimentícias as recomendações do FDA – Food and Drog Administration e da ANVISA na forma das RDCs que estabelecem guias gerais para elaboração de projeto, construção e práticas de fabricação em diversos ambientes, inclusive as salas limpas.

Para as diferentes indústrias, a classifi cação requeri-da para uma sala limpa depende do tipo de atividade e concentração de partículas permitidas. A relação a seguir exemplifi ca, baseado na Federal Standard, as diferentes classes de concentração pela natureza da atividade indus-trial e científi ca.

Classe 1 – Utilizadas para manufatura de circuitos inte-grados com desenvolvimento de geometrias sub-mícron.

Classe 10 – Classe destinada à fabricação de semicondu-tores produzidos em larga escala e circuitos integrados com linhas menores que 2 µm.

Classe 100 – Utilizada quando se deseja ambientes livres de partículas e bactérias como no caso de manufatura de produtos farmacêuticos inje-táveis e de Biotecnologia. Requerido para operações médicas de implantes ou trans-plantes cirúrgicos. Fabricação de circuitos integrados e de Satélites. Isolamento de pa-cientes imunodeprimidos e pacientes com operações ortopédicas.

Autores: Levon Hagop Hovaghimian Ariovaldo Paes JuniorData: Fevereiro/2009

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Classe 1000 - Fabricação de equipamento de alta quali-dade. Montagem e teste de giroscópios de precisão. Montagem de mancais miniaturi-zados

Classe 10.000 - Montagem de equipamentos hidráulicos e pneumáticos de precisão, válvulas servo-controladas, dispositivos de relógios de precisão, engrenamento de alto grau.

Classe 100.000 - Trabalhos óticos em geral, montagem de componentes eletroeletrônicos, monta-gem hidráulica e pneumática, linhas de embalagem.

Construção

A construção de uma sala limpa começa com o piso, pa-redes e teto e esses componentes devem assegurar o má-ximo de limpeza e um mínimo de contaminação. O piso é um dos mais importantes: o processo produtivo acaba acontecendo sobre o mesmo, elevando sobremaneira sua relevância.

Os pisos para salas limpas precisam ser de fácil limpeza e manutenção, possuir aparência atrativa e cores claras de modo a facilitar a visualização de sujidades, apresen-tar superfície lisa com porosidade o mais próximo quanto possível de 0% e estar isenta de juntas e trincas que evi-tem acúmulo de partículas e germes. Em determinadas si-tuações, o piso necessita também, de características adi-cionais, tais como controle de eletricidade estática (pisos condutivos e antiestáticos), resistências químicas especí-fi cas e índices adequados de planicidade e nivelamento. Outro fator importante é que durante o uso, a formação de poeira pela abrasão deve ser mínima.

Por estas e outras razões tais como inexistência de juntas e rapidez da aplicação e liberação de áreas os revestimen-

tos monolíticos a base de resinas sintéticas, tais como o epóxi e o poliuretano são, atualmente, os sistemas mais adotados para revestimentos de piso em salas limpas.

Para a sua aplicação, inspeções prévias acabam sendo de grande importância de modo a eliminar o risco de falta de capacidade de suporte, irregularidades e saliências loca-lizadas no substrato, que podem colocar em risco toda a condição operacional pelo aparecimento de trincas, fi ssu-ras, impregnação de sujidades e consequente proliferação de microorganismos nestes locais. Variando conforme a classifi cação das salas, a tendência é a adoção de siste-mas com textura fi nal mais lisa, tal como os autonivelantes em salas com limite de partículas abaixo de 100.

Além destas características, a realização de ensaios de desempenho básicos como resistência à compressão, à abrasão, fl exão na tração, índices de permeabilidade e de-mais testes que podem ser encontrados na NBR 14050, que regulamenta o uso de revestimentos monolíticos a base de resinas epóxi, são pontos importantes para asse-gurar sua performance e adequação em ambientes con-trolados.

Operação

Um ponto relevante quando a sala estiver pronta e posta em operação é a manutenção, com limpeza periódica do local. Assim, é comum, pelo pessoal de limpeza, empregar os mesmos sanitizantes utilizados nos procedimentos de limpeza e higienização dos equipamentos e utensílios que dela fazem parte. Muitas vezes, essas substâncias são agressivas ao revestimento do piso causando degrada-ções e reduzindo sua vida útil. Embora seja parte do pro-cesso, o piso não participa diretamente do mesmo e deve haver procedimentos específi cos para essa área da sala. Desse modo, é importante que ao término da instalação, o aplicador forneça ao usuário um guia geral de procedi-mentos de resistência química do revestimento utilizado.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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O melhor traço de concreto para pisos é aquele que con-segue incorporar a combinação mais econômica de mate-riais com a trabalhabilidade, resistências à abrasão e com-pressão, durabilidade e retração requeridas no projeto.

Segundo o Instituto Americano do Concreto, em seu Comi-tê de número 302, em sua introdução cita que a qualidade de um piso de concreto depende da obtenção de uma su-perfície plana, relativamente livre de fi ssuras, na inclinação e nível desejados. As propriedades da superfície são de-terminadas pelo traço em si assim como pelas operações de lançamento, acabamento e corte de juntas. O tempo, especialmente nas operações de acabamento e corte de juntas, é crítico. Não dar a devida atenção a estes pontos pode fatalmente levar a diversos tipos de patologias, entre elas o fi ssuramento, baixas resistências à abrasão, des-placamentos, desnivelamentos, empenamentos acima do esperado e excesso de formação de pó na superfície.

O Concreto

Quando se desenvolve traços de concreto especifi camen-te direcionados às aplicações de pisos, deve-se procurar sempre:

• Minimizar a retração;

• Maximizar a resistência à abrasão;

• Adicionar uma quantidade de fi nos que seja so-mente sufi ciente para permitir uma bombeabilidade adequada e facilitar as operações de acabamento, lembrando sempre que uma parte destes fi nos po-dem ser substituídos por aditivos modifi cadores de viscosidade;

• Minimizar o uso de aditivos que promovam retardos, evitando-se assim a pega diferencial e os conse-quentes “borrachudos”.

Sempre é indicada a realização de uma placa teste, seja na própria área que será concretado o piso em si, seja em ou-tro ponto do terreno. Na placa teste, todos os envolvidos no processo poderão avaliar se o concreto especifi cado atende aos requisitos necessários pelo cliente fi nal, em-presa aplicadora e eventualmente o fabricante de endure-cedores de superfície.

No caso específi co do combate à retração, duas alterna-tivas estão disponíveis em nosso mercado. Uma delas é o uso de aditivos redutores de retração. Estes atuam ao diminuir a tensão superfi cial da água e consequentemente reduzir as tensões geradas dentro dos capilares do con-creto. A outra é o emprego de cimentos, ou aditivos, ex-pansivos. Estes atuam por meio da formação adicional de etringita na matriz causando uma expansão inicial que é

contrabalanceada com a retração natural sofrida pelo con-creto ao longo de seu processo de cura.

Os Agregados

A quantidade ideal de agregados miúdos no concreto está diretamente relacionada com a trabalhabilidade e resis-tência à abrasão que se deseja obter. O concreto deverá ser coeso e plástico sufi ciente para mitigar exsudação e segregação.

Menores quantidades de agregados miúdos tipicamente levam a resistências à abrasão mais elevadas caso o con-creto não apresente exsudação signifi cativa. A exudação fragiliza a camada superfi cial do concreto por alterar a re-lação água/cimento naquela região.

As Fibras

As fi bras de aço são utilizadas para substituir parcial ou completamente as armaduras em pisos de concreto. Tal qual ocorre com as armaduras, estas fi bras não irão pre-venir eventual fi ssuramento, mas, quando em quantidade sufi ciente poderão manter as fi ssuras que surgirem fecha-das.

Por outro lado, as fi bras sintéticas, sejam elas de Polipro-pileno, Polietileno ou Poliamida (Nylon), têm como princi-pais características trazidas ao concreto a redução da se-gregação e da formação de fi ssuras enquanto o concreto ainda está em seu estado plástico. À medida que o módulo de elasticidade aumenta, a maioria das fi bras disponíveis no mercado, nas dosagens recomendadas pelos fabricantes não oferecerão restrição sufi ciente para manter as fi ssuras fechadas.

Existem também as chamadas Macrofi bras, que são fi bras sintéticas com as características estruturais semelhantes ao de fi bras metálicas.

Os Aditivos

Normalmente, para traços elaborados para pisos de con-creto emprega-se plastifi cantes ou plastifi cantes polifun-cionais. Os aditivos têm como principal função reduzir a quantidade de água de amassamento necessária para se obter uma determinada trabalhabilidade. Com isto, a quantidade de cimento do traço também pode ser reduzi-da, uma vez que o fator a/c também é menor. Com menos cimento no traço, para uma mesma resistência, a retração potencial do concreto também é reduzida.

Superplastifi cantes também podem ser empregados em traços para pisos de concreto, observando, porém, que o corte de água e a redução nos potenciais de retração não estão relacionados linearmente. Outro ponto a observar

Autor: Paul Horst SeilerData: Março/2009

Concreto para pisos industriais

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quando do emprego dos aditivos superplastifi cantes é a eventual segregação que pode ser incorporada às carac-terísticas do concreto.

Aditivos retardadores de pega podem e devem ser utiliza-dos em concretagens em climas quentes, visando esten-der o tempo de trabalhabilidade do concreto. As dosagens dos aditivos e, especialmente, o retardo devem ser cui-dadosamente estudados em laboratório e acompanhados em obra para evitar assim o aparecimento de pontos com pega diferencial, assim como fi ssuras de retração plástica, pelo tempo em que o concreto perde água por evapora-ção, antes de ter resistências mecânicas sufi cientes para suportar esta perda de volume.

Um cuidado especial deve ser tomado também em relação ao ar incorporado nos concretos para pisos. Recomenda-se que este não ultrapasse os 3% quando se desejar um acabamento polido, de superfície mais dura e densa. Este ar pode formar pequenas bolsas sob a superfície sendo acabada que levará a desplacamentos signifi cativos no piso.

Por fi m, recomenda-se também que, caso mais de um adi-tivo seja utilizado no mesmo traço de concreto, a adição de ambos seja feita em separado, após a compatibilidade entre ambos, comprovada em testes laboratoriais.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Posicionamento de armaduras em pisos e pavimentos de concreto

O controle de qualidade é uma atividade de extrema im-portância na garantia da qualidade dos pisos e pavimentos de concreto, ocorrendo em diversos momentos da obra, inclusive com uso de recursos laboratoriais. Enfocaremos apenas o controle efetivo na obra, quanto ao posiciona-mento e preparo das armaduras.

É importante ressaltar que diversos outros fatores devem ser observados durante o processo de construção de um piso, como o de preparo do solo e da sub-base, a quali-dade do concreto, além das espessuras das camadas e outras etapas. O acompanhamento técnico na obra por profi ssional capacitado é indispensável para a obtenção da qualidade desejada. Devemos atentar ao posicionamento de todas as arma-duras, respeitando as especifi cações dos projetistas e das condições executivas. Nesse momento, é importante considerar que não são recomendadas algumas práticas e soluções de obra, tais como:

• Posicionar armadura e posteriormente tentar puxá-la;

• Lançar o concreto até a cota da armadura, lançar a armadura e completar o lançamento do concreto;

• Concretar toda espessura e depois tentar empurrar a armadura para a posição adequada.

Estas práticas têm se mostrado inadequadas, pois não ga-rantem o posicionamento correto e tão pouco são factíveis em alguns casos.

Autor: Jefferson Bomfi m dos ReisData: Abril/2009

Armadura Inferior

No caso dos pisos e pavimentos estruturalmente arma-dos, a armadura inferior tem fundamental importância na capacidade estrutural. A tendência natural, neste caso, é de que a armadura fi que muito próximo da face inferior da placa de concreto, posicionamento este condenável.

Esta armadura deve ser posicionada entre 20 e 40 mm da face inferior conforme especifi cado em projeto, lembrando que os pisos de concreto devem ser compostos com uma camada de sub-base, normalmente em brita graduada,

que estará oferecendo importante contribuição à proteção da armadura.

A não observância do adequado cobrimento representa fator comprometedor da vida útil das estruturas, sendo este reduzido signifi cativamente. Para que o cobrimento seja respeitado não basta a especifi cação em projeto; é necessário ainda a utilização de espaçadores adequados. Dentro das alternativas mais utilizadas estão as pastilhas argamassadas, espaçadores plásticos e espaçadores sol-dados.

Os de argamassa, produzidos na obra, geralmente não possuem qualidade sufi ciente e normalmente se rompem ao passar de equipamentos e andar de operários, além de ser necessário longo espaço de tempo para o preparo de milhares de espaçadores. Já os espaçadores plásticos e os espaçadores soldados contribuem decisivamente para a garantia de posicionamento das armaduras disponíveis no mercado em grande escala.

Para decidir pelo tipo de espaçador, o profi ssional deverá levar em consideração o tipo de apoio (brita, brita gradu-ada, solo, concreto, etc), o diâmetro do fi o ou barra e o cobrimento especifi cado.

Armadura Superior

Sendo responsável pelo controle de retração nos pisos ar-mados, a armadura superior deve ter seu posicionamento controlado e verifi cado durante todo o processo de con-cretagem, principalmente naqueles em que o slump do concreto for reduzido e ainda nos casos de grandes es-pessuras.

Diversas literaturas internacionais tratam deste tema; po-rém nossa recomendação é de caráter prático, dentro das possibilidades reais das obras e equipamentos utilizados. O posicionamento destas armaduras não deve variar mais do que 10 mm do seu posicionamento especifi cado em projeto.

Cuidado especial deverá ser tomado na região de emen-das para o caso de uso das telas eletrosoldadas, defa-sando, quando possível, as emendas dos painéis. Quando o projeto do piso prevê a utilização de armadura dupla, normalmente com a utilização de tela eletrosoldada, o po-sicionamento pode se dar, normalmente por uso de espa-çadores soldados entre elas. Essa solução tem sido muito utilizada desde o fi m da década de 90 e consiste em dis-tribuir linhas ou colunas de espaçadores soldados, afasta-dos aproximadamente 80 cm uma das outras.

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Dentro de suas principais características, vantagens e be-nefícios, estão:

• Disponibilidade nas obras, principalmente na proxi-midade dos grandes centros urbanos;

• Baixo custo;

• Não requer mão-de-obra para preparar os espaça-dores;

• Disponível em diversas alturas;

• Altura é reduzida com a presença de armadura inferior;

• Consome 1 metro a cada 0,8/m², ou seja, 1,25 m de espaçadores por m²;

• Possuem alta estabilidade, permitindo pouca ou nenhuma amarração com arame recozido;

• Alta produtividade para posicionamento da armadura.

Atualmente não há dúvidas, sob o ponto de vista executivo e de garantia da qualidade do piso, que a utilização dos espaçadores soldados traz uma grande contribuição para a obtenção dos parâmetros almejados.

Barras de Transferência

As barras de transferência são dispositivos de transfe-rência de carga vertical e restrição ao empenamento que permitem a movimentação horizontal entre placas de con-creto. Devem ser preparadas em aço liso, sejam em CA 25 ou barras mecânicas, retilíneas, isentas de rebarbas nas extremidades, com aplicação de graxa ou óleo lubrifi cante em metade de seu comprimento adicionado de 5 cm e a outra metade protegida contra oxidação.

O emprego de barras de transferência produzidas indus-trialmente é recomendado por possuírem padrão de pro-dução adequado para as necessidades dos pisos ou pavi-mentos de concreto.

Na utilização, as barras devem ser posicionadas parale-lamente uma das outras mantendo um distanciamento e comprimento, conforme especifi cado em projeto, e a tole-rância deve ser de 25 mm. Para que não ocorram defi ciên-cias localizadas de transferência de carga em relação ao plano horizontal, as barras devem estar no plano médio, com tolerância de 7 mm (ACI, 1990).

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Lapidar um diamante é possível pela utilização da ciência e arte milenar e, claro, pelo talento do profi ssional.

No processo de lapidação, é inspecionada a qualidade do mineral (diamante bruto), estudados quais e a qualidade das ferramentas de corte e polimento a serem utilizadas para obter a lapidação ideal e o resultado fi nal: ter o me-lhor brilho do diamante.

Isto não é nada diferente da lapidação como sistema: par-te mecânica e parte química. Lançado comercialmente nos EUA em 2004 para pisos cimentícios (concreto, placa vibro-prensada e revestimentos de alta resistência), vem ganhando espaço cada vez maior no Brasil.

Vale ressaltar que para o desempenho ideal dos proces-sos de lapidação de pisos cimentícios torna-se obrigatória a utilização de máquinas próprias de lapidação, unidades aspiradoras sofi sticadas com fi ltros auto-limpantes e ou-tros acessórios que possibilitam obter um brilho próximo ao porcelanato, sistema a seco sem poeira e lama, que torna possível trabalho em áreas de atividades comerciais com liberação rápida das mesmas.

Faz-se necessária a utilização de ferramentas diamanta-das metálicas e diamantadas resinadas de excelente qua-lidade e rendimento, responsáveis diretas pela qualidade do brilho na lapidação do piso.

Autor: Angelo Roncalli de OliveiraData: Abril/2009

Lapidação em pisos cimentícios

A parte química do sistema também deve ser de excelente qualidade e aplicada corretamente conforme instruções do fabricante. É ela que tem o menor custo por m² e tem a função primordial de enriquecer o brilho e mantê-lo por proporcionar resistência à abrasão por pedestres (lojas) até empilhadeiras (fábricas e centros de distribuição).

Em pisos novos, temos oportunidade de controlar a gra-nulometria, formato e cor dos agregados e a planicidade; porém, em pisos velhos, a parte crítica é a qualidade da especifi cação e execução da recuperação do piso por em-presas certifi cadas e bem treinadas adotando os materiais mais adequados para cada caso.

O custo-benefício destes sistemas que não são formado-res de películas dispensam seladores, ceras, etc. A ma-nutenção e limpeza se dão pela simples lavagem com produtos adequados e formulados para este sistema com o custo bem baixo e sem tornar o piso escorregadio, con-forme testes feitos no NFSI National Floor Safety Institute (EUA).

Mais recentemente, foram lançados também no Brasil os produtos de tingimento para pisos, especialmente para pisos velhos, uma vez que como “acid stain” é capaz de realizar esta tarefa sem formação de película. No entanto, ao contrário do “acid stain”, eles não dependem da reação química pigmento – reagente - agregado - cimento obten-do cores vivas e uniformes. Estão disponíveis em base d´agua e solvente, com 24 cores e suas derivações.

Finalmente, para maior qualidade, é de suma importância que os pisos cimentícios a serem lapidados tenham a re-comendação de um projetista e uma relação planicidade e nivelamento de qualidade.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Subleito e sub-base:Suas especifi cações

Denominamos subleito o terreno de fundação preparado para receber o pavimento industrial. No Brasil, que segue a escola européia de trabalhar com pisos delgados, o subleito, que na maioria das vezes exerce o papel de fundação direta, é uma camada bastante exigida pela transmissão de esforços do pavimento industrial ao solo.

Na fase preliminar ou de projeto do pavimento é impor-tante realizar ensaios com intuito de se conhecer as ca-racterísticas do terreno, através de sondagens (SPT), e ensaios de caracterização do solo superfi cial através da realização de ensaios de limites de liquidez (NBR 6459), limite de plasticidade (NBR 7180), análise granulométrica por peneiramento e/ou sedimentação (NBR 7181), Índice de Suporte Califórnia (C.B.R.) (NBR 9895) e coefi ciente de recalque (K), sendo que esses dois últimos podem ser cor-relacionados através de tabelas bastante usuais para esse tipo de serviço.

Na fase de execução é fundamental o controle tecnológi-co, com a realização dos ensaios de laboratório especiali-zado para comprovar exigências de projeto e acompanha-mento da compactação da camada através dos ensaios de compactação (NBR 7182), densidade “in situ” (NBR 7185 ou 12102) e umidade “in situ” (DER M28), ocorrendo a liberação da camada somente quando os parâmetros de projeto forem alcançados.

Sub-bases são elementos estruturais intermediários entre o piso em concreto e o subleito, e dentre diversas funções tem como principal o controle de deformações oriundas do piso, de forma a compatibilizar o comportamento me-cânico das placas com o subleito. Em outras palavras a sub-base é responsável pela transferência dos esforços gerados pelo piso para a fundação - subleito.

Autor: Ioel LevyData: Maio/2009

Elas podem ser divididas em dois grupos: granuladas e estabilizadas. As granulares podem ter granulometria fechada ou aberta, sendo a última mais usual em pisos industriais. Quanto às estabilizadas as mais comuns são constituídas por solo cimento e brita graduada tratada com cimento (B.G.T.C.).

É importante que a efi ciência do material a ser utilizado na sub-base, independentemente do tipo, seja controlada em laboratório especializado, visando a verifi cação dos pa-râmetros de projeto. Os ensaios de controle tecnológicos a serem realizados nas sub-bases granulares são análise granulométrica (DNER ME083) e Índice de Suporte Califór-nia (C.B.R.) (NBR 9895).

Quando os parâmetros são estipulados em projeto, além dos ensaios já citados, as sub-bases estabilizadas de-vem ser ensaiadas à resistência a compressão axial (NBR 5739).

Na fase de execução é fundamental o controle tecnológico, com a realização dos ensaios de laboratório especializado para comprovar exigências de projeto e acompanhamento da compactação, ensaios de compactação (NBR 7182), densidade “in situ” (NBR 7185) e umidade “in situ” (DER M28) e desde que solicitado moldagem de corpos de prova para a realização dos ensaios a compressão axial. A liberação das respectivas camadas dar-se-á somente quando os parâmetros de projeto forem alcançados. Caso seja solicitado pelo projeto, pode ser realizado o ensaio de placa para determinar o coefi ciente de recalque (K) no topo da sub-base para avaliar o conjunto sub-base e subleito.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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A retração do concreto

O tema “retração do concreto” é complexo. Tal complexi-dade se deve em função dos tipos de retração existentes, suas respectivas causas e consequências, estruturas mais suscetíveis a sofrerem os danos da retração, além dos meios de minimizá-la. Embora controverso, o assunto não é novo. Por fazer parte do dia-a-dia dos profi ssionais que atuam no setor do concreto, a retração já foi amplamente discutida em todos os fóruns pertinentes à área. Mas en-tão... por que escrever este artigo? A ANAPRE tem como uma de suas bandeiras a divulgação e disseminação do conhecimento formal e das boas práticas de engenharia. Neste contexto, é sempre bom relembrar alguns conceitos deste que é um tema sempre tão atual e que afeta nosso cotidiano. Este artigo é técnico, mas não é científi co. Pro-pomos uma leitura fácil e rápida, com algumas simplifi ca-ções conceituais e de interesse do leitor do segmento de pisos industriais.

De maneira geral, pode-se dizer que o concreto retrai em dois momentos distintos: primeiramente no estado plás-tico e depois no estado endurecido. Quando o concreto ainda se encontra na fase plástica, a secagem rápida do concreto fresco provoca retração quando a taxa de per-da de água da superfície, por evaporação, excede a taxa disponível de água de exsudação. Nesta fase, o concreto apresenta baixíssima resistência à tração, e as fi ssuras po-dem facilmente aparecer nestas situações. Por ocorrer no concreto ainda no estado plástico, esta retração é denomi-nada retração plástica.

Mesmo no estado endurecido, o concreto continua a per-der água para o ambiente. Inicialmente, a água perdida não está presa à estrutura dos produtos hidratados por ligações físico-químicas fortes e, portanto, sua retirada do concreto não causa retração signifi cativa. No entanto, quando a maior parte desta água livre é perdida, prosse-guindo a secagem, observa-se que uma perda adicional de água passa a resultar em retração considerável, que por sua vez causa fi ssuras e o empenamento das bordas. Esta retração é denominada de retração por secagem.

Sob uma perspectiva ampla, três são as características que combinadas levam o concreto a retrair: 1) a geometria da estrutura, 2) o traço do concreto e 3) as condições cli-máticas. Então vejamos:

1) Geometria da estrutura: nas peças com elevada relação entre a superfície exposta e o volume total da peça, tais como pisos, pavimentos e lajes de concreto, a perda de água para o ambiente se dá de maneira muito rápida. Ora, se a retração do concreto está relacionada à perda da água e se este tipo de estrutura está mais vulnerável a esta perda é intuitivo pensar que lajes, pisos e pavimentos de concreto naturalmente sofrem mais com a retração do concreto. As dimensões das placas (distâncias entre juntas) cada dia maiores e a execução de

placas cada vez mais esbeltas tornam os pisos e pavimentos extremamente suscetíveis aos efeitos da retração do concreto;

2) Traço do concreto: diversos fatores relacionados aos materiais que compõem o concreto e suas combinações podem infl uenciar a retração do concreto, principalmente a retração por secagem. O tipo, a granulometria e a dimensão máxima do agregado, a relação água-cimento, a quantidade de água de amassamento e o emprego de adições minerais e aditivos químicos são variáveis importan-tes que afetam fortemente a retração do concreto. A literatura e a prática do dia-a-dia apontam que agre-gados com maior módulo de deformação conduzem a um menor grau de retração. Deve-se empregar a menor quantidade de água de amassamento possível, assim como deve-se evitar agregados com excesso de material pulverulento e argila. A distri-buição granulométrica contínua reduz a retração do concreto quando comparada com uma combinação de agregados miúdos e graúdos inadequada;

3) Condições climáticas: a retração do concreto está intimamente relacionada à perda de água para o ambiente. Os principais fatores climáticos que sequestram a água do concreto são a alta tempera-tura, a baixa umidade relativa do ar e a velocidade do vento que incide sobre a peça recém concreta-da. Segundo a Portland Cement Association (PCA, 1995), uma condição climática com temperatura do ar em 25ºC, umidade relativa do ar de 40%, tempe-ratura do concreto de 30ºC e velocidade de vento de 15 km/h é sufi ciente para se atingir um nível de evaporação de 1litro/m²/hora, capaz de provocar importante grau de retração plástica.

Acima expusemos uma breve explicação do fenômeno retração do concreto, suas características, causas e con-sequências técnicas. Mas... o que a retração do concre-to tem a ver com nossos clientes? Muito. Basicamente, a retração do concreto leva a dois problemas principais: fi ssuras e empenamento da placa.

As fi ssuras ocorrem porque ao retrair o concreto encontra restrições à variação volumétrica. Os elementos de res-trição podem ser o atrito com a base, a armadura e os agregados graúdos. Tais restrições geram tensões de tra-ção no concreto em uma fase em que ele ainda não tem resistência mecânica sufi ciente para absorvê-las e por isso surgem as fi ssuras de retração. Estas fi ssuras causam de pronto um comprometimento estético ao piso. A médio-longo prazo pode haver comprometimento da durabilidade da placa fi ssurada e, até mesmo, dependendo das tensões de utilização - aquelas oriundas dos carregamentos - po-dem conduzir a um comprometimento estrutural do piso.

Autor: Júlio Portella MontardoData: Maio/2009

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O empenamento ocorre quando a placa sofre distorção das bordas e cantos para cima, gerado por um gradien-te de umidade e/ou temperatura entre as faces superior e inferior da placa. O empenamento das bordas está bas-tante relacionado com o fenômeno da retração do concre-to. O empenamento excessivo pode conduzir à perda de aderência de revestimentos, fi ssuras estruturais devido à perda de contato da placa com a sub-base, piora do nive-lamento do piso e mau funcionamento das juntas.

A retração do concreto deve ser minimizada para que seus malefícios também sejam. Como não temos condições de controlar as condições climáticas devemos saber trabalhar

adequadamente os outros fatores que favorecem a retra-ção do concreto como a geometria da peça (espaçamen-to das juntas, por exemplo) e o traço do concreto. Além disso, pode-se adotar práticas executivas como proceder a cura do concreto e alterar o horário das concretagens para períodos de menor temperatura, sol e vento. Medidas como o borrifamento de neblina de água, a aplicação de agentes redutores de evaporação, a adição de fi bras sin-téticas e o emprego de armadura de combate a retração, combinadas ou utilizadas isoladamente, são benéfi cas para a redução da fi ssuração por retração e/ou empena-mento das bordas.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Revestimentos Cura UV

No Word of Concrete 2009, realizado em Las Vegas, a grande novidade para o setor de revestimentos foi a apre-sentação dos sistemas de pintura de piso utilizando a tec-nologia da cura por raios Ultra Violeta, ou simplesmente Cura UV.

A tecnologia de tintas por cura UV não é novidade em si. Desde os anos 70 ela é usada no exterior, e no Brasil na década de 90. Atualmente, é largamente utilizada e domi-nante na indústria moveleira, gráfi ca, de embalagem e ele-trônica. A inovação para o nosso setor é a sua empregabi-lidade no revestimento de pisos industriais e comerciais.

O princípio das tintas e vernizes por cura UV é a polimeri-zação (entenda-se endurecimento) quando submetidas a uma intensa luz com espectro predominante de raios Ultra Violeta.

As tintas tradicionais para revestimentos possuem dois componentes que reagem entre si. O primeiro, composto por uma resina epóxi, poliuretanos, metacrílica ou poliés-ter; e o segundo, por um catalisador ou agente de cura e, por este motivo, são denominadas bi componentes. O tempo de cura inicial de uma tinta bi componente varia en-tre 2 e 24 horas, sendo que a cura completa dá-se em sete dias, dependendo da resina e do agente de cura.

As tintas baseadas em cura UV não possuem dois com-ponentes; são mono componentes e quem desempenha o papel do segundo componente são os raios Ultra Violeta. A consequência é uma cura instantânea, pois assim que a resina/tinta for aplicada e receber o bombardeio de raios UV, a tinta cura e já pode ser pisada/utilizada.

Para o mundo dos revestimentos de alto desempenho para pisos as vantagens são inúmeras:

1- Liberação das áreas pintadas em minutos;2- Execução de várias cores e faixas em um mesmo

dia;3- Verifi cação dos defeitos antes da cura;4- Mono componente, não necessita fazer mistura na

obra;5- Execução de revestimentos com a linha de produ-

ção em funcionamento.

Como toda nova tecnologia, o revestimento de pisos com tintas por cura UV possui suas limitações. A primeira é jus-tamente a luz UV. Na indústria moveleira, gráfi ca ou eletrô-nica, a luz UV fi ca instalada em uma máquina denominada túnel de luz, totalmente protegida de vibração e fuga de raios. Neste caso, é a peça resinada que passa pela luz a uma velocidade controlada e permite uma exposição perfeita de intensidade e potência, produzindo uma cura também perfeita.

No caso da pintura do piso, ocorre exatamente o inver-so. O piso é estático, não tem como ele “passar” por uma

Dispositivo móvel UV com lâmpadas tradicional de mercúrio

máquina. Para resolver a questão, foram desenvolvidos dispositivos móveis com luz UV que passam sobre o piso curando a resina/tinta aplicada.

Emissor de UV com LED

Autor: Alexis Joseph Steverlynch FonteyneData: Junho/2009

As difi culdades iniciam-se no controle da exposição, tanto na velocidade como na intensidade que deve ser homo-gênea; caso contrário teremos uma pintura com diferentes graus de cura. Outro ponto que gera muita difi culdade é a sensibilidade do equipamento.

As lâmpadas geradoras de intensos raios UV são a base de mercúrio, consomem muita energia, requerem alta re-frigeração e são muito sensíveis à vibração, pois geram igualmente muitos raios Infravermelhos (calor), sendo que a qualquer movimento brusco podem queimar. Esta limi-tação poderá ser eliminada, em alguns anos, com o avan-ço dos LED (Light Emitting Diode) que, gradativamente, já estão substituindo as tradicionais lâmpadas na indústria gráfi ca e moveleira.

No campo dos sistemas, as tintas e vernizes por cura UV só têm aplicação em revestimentos de baixa espessura, como pinturas e Top Coats, de, no máximo, 50 Micra por demão, pois os raios UV, mesmo com espectro de ondas mais longas como as UV C e UV V, não conseguem pene-trar profundamente e curar toda a resina, principalmente se esta for pigmentada.

A super exposição da tinta ou verniz para garantir a cura das partes mais internas “queimaria” o fi lme superfi cial por excesso de exposição a raios UV ou, simplesmente, pelo superaquecimento devido à presença dominante de raios infravermelhos.

Apesar das limitações, não devemos ignorar o avanço desta tecnologia, principalmente no campo da manuten-ção e recuperação de revestimentos existentes em linhas de produção, com grandes limitações de paradas como na indústria automobilística e de alimentos.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Procedimentos executivos de um piso ou pavimento de concreto

Uma empresa executora de pisos consegue “sobreviver” quando fatura mensalmente, no mínimo, um valor corres-pondente ao seu custo. Quando o faturamento se torna maior do que o seu custo, ela começa a dar lucro e atinge, então, o seu objetivo básico. Grosso modo, chamamos de lucro o quanto sobra no caixa após o pagamento de todas as despesas, desde o cafezinho até a manutenção dos equipamentos e investimento em novas máquinas e tecnologias. A saúde de um procedimento executivo de-pende desta teoria básica e, assim sendo, torna-se im-perativo que ao fazer uma venda e fechar um contrato, o departamento comercial da empresa saiba exatamente o que está fazendo quando trabalha na composição do pre-ço fi nal dos serviços.

Durante as negociações é muito comum ouvir do cliente que ele tem preços de concorrentes muito mais baixos. Normalmente, trata-se do “bom concorrente mal informa-do”: tem boa apresentação, mas é mal informado técnica e administrativamente; não conhece a diferença entre sobre-vivência e crescimento com sucesso, ou seja, só percebe que os seus preços estão errados quando não consegue mais pagar os seus “colaboradores braçais autônomos” e nem comprar o combustível para os equipamentos que ainda funcionam.

Na maioria das vezes, o cliente não entende de construção civil e, logicamente, não sabe o que é piso em concreto; portanto, antes da execução, tudo deve ser minuciosa-mente explicado para que ele não crie uma falsa expecta-tiva sobre o resultado fi nal.

Um bom piso depende, antes de tudo, de um bom projeto específi co e o projetista, por sua vez, necessita de um bom executor para respeitá-lo e atendê-lo em todas as suas es-pecifi cações. Para que isto aconteça, o executor tem de ter competência para compreendê-lo, ou seja, não basta saber “ler” o projeto; tem que saber o por quê das juntas construtivas e serradas estarem ali, como funcionam os reforços de armadura, etc.

Um piso de qualidade é aquele que atende às especifi ca-ções de projeto quanto à resistência solicitada e índices de planicidade e nivelamento, aliadas a um bom resulta-do estético quanto ao acabamento superfi cial. Para tan-to, tem de ser executado observando-se o cumprimento

e aplicação das operações realmente necessárias, passo a passo e sem supressões. Antes da execução, todas as dúvidas sobre a obra, operações e materiais devem estar dirimidas.

O sucesso depende da boa execução e de equipamen-tos e ferramentas adequadas. Uma boa execução depen-de, fundamentalmente, de um bom concreto. Concretos podem ter diferentes cartas de traço e todos chegarem a um mesmo resultado fi nal de resistências à compressão e tração à fl exão, porém os caminhos serão diferentes e poderão proporcionar características diferentes quanto à resistência à abrasão, tempo de pega, exsudação, retra-ção, etc. Características estas muito importantes no de-sempenho de um piso.

Durante a execução de um piso, o concreto fornecido pode ter atendidas as características básicas normalmen-te solicitadas pelo cliente que o compra diretamente da fornecedora sem a ajuda de um projetista, tais como o famoso slump 8 com pedra 1 e 2, e aos 28 dias atingir a resistência mínima contratada de 30 Mpa.

Assim, podemos dizer que o concreto não apresenta pro-blemas e atende ao contratado. Porém, o piso tem um resultado fi nal muito ruim porque um concreto “normal” comprado pelo cliente causa problemas durante a opera-ção devido ao seu comportamento totalmente inadequa-do para uma concretagem de pisos. O concreto indevida-mente especifi cado, ou embora com especifi cação correta teoricamente mas na prática fora das especifi cações por qualquer motivo, sofre interferências no seu comporta-mento após o lançamento que culminarão no insucesso do resultado.

Para que o sucesso seja garantido, a promoção de uma reunião técnica com todos os envolvidos na execução do piso, além do cliente, no mínimo uma semana antes do iní-cio da obra, tem importância superlativa, pois nela o exe-cutor irá explanar seus métodos e suas necessidades.

Tudo isto só se consegue com boas estruturas e estas são obtidas com trabalho duro e persistente na busca dos bons resultados. A conscientização do cliente quanto à prática do preço justo ajuda bastante.

Autor: Ademir Teixeira dos SantosData: Junho/2009

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Ensaios de tenacidade para concretos reforçados com fi bras

Os pavimentos industriais de concreto reforçados com fi -bras utilizam, comumente, os seguintes materiais:

1. Microfi bras PP (Fibras sintéticas de polipropileno, Nylon ou Vidro que têm como principal objetivo o combate a re-tração hidráulica do concreto;

2. Macrofi bras PP (Fibras sintéticas estruturais de poliolefi -na/polipropileno) como reforço estrutural para pavimentos industriais, revestimentos de túneis e peças pré-fabricadas que possuam signifi cativa redistribuição de esforços.

As Fibras de aço ou as de Macro PP (estas sempre com módulo de elasticidade > 5 GPa e resistência à tração ade-quada) conseguem então atuar no concreto quando este passa da fase plástica para fase endurecida. A adição des-tes materiais nas dosagens usuais 20 a 30 kg/m³ para as de aço e 3 a 5 kg/m³ para as Macro PP não aumentam a resistência à tração na fl exão do concreto, que continua dependendo única e exclusivamente da matriz concreto, porém garantem ao compósito um comportamento dúctil, não frágil, ou seja, capacidade de absorver e resistir carre-gamentos pós-fi ssuração da matriz concreto.

Para medir este comportamento pós-fi ssuração, utiliza-mos os ensaios de TENACIDADE, que signifi ca capacida-de de absorver carga mesmo sofrendo deformações, ou seja, com este parâmetro importante podemos quantifi car a infl uência do tipo de fi bra e dosagem no comportamento estrutural do compósito com fi bras.

A defi nição mais aceita atualmente interpreta a tenacida-de como a área sob a curva carga por deformação, que representa o trabalho dissipado no material até certo nível de deformação. (ver fi g. 1)

Figura 2

Autor: Marcelo Toledo QuintaData: Julho/2009

Tal valor (Re3) normalmente em percentual (%) é utilizado na avaliação dos compósitos e utilizado para dimensiona-mento dos pavimentos industriais segundo diversas publi-cações internacionais como, por exemplo: TR 34 Techni-cal report concrete industrial fl oors;TR 65 Technical Report Guidance on the use of MACRO SYNTHETIC-FIBRE REIN-FORCED CONCRETE e TR 66 Technical Reposrt External in Situ Concrete Paving.

O método de determinação da tenacidade mais emprega-do no Brasil, que também é o de concepção mais simples, é o ensaio prescrito pela Japan Society of Civil Engine-ers (JSCE-SF4, 1984). Trata-se de um ensaio realizado em corpos-de-prova prismáticos carregados segundo quatro cutelos. (ver fi g. 2)

O controle da tenacidade do concreto com fi bras é o en-saio de fl exão com deformação controlada. Uma condi-ção básica para a realização desse ensaio é a utilização de prensas com capacidade de controle da velocidade de deslocamento. É também exigida a utilização do contro-le eletrônico de deslocamento por meio de um transdutor do tipo LVDT. O transdutor deve ser apoiado num suporte denominado “yoke”, o qual se encontra apresentado na fi gura acima.

Não há norma brasileira sobre o assunto e existem outros fatores complicadores para a realização do ensaio de determinação da tenacidade em prismas. As variações relacionadas ao ensaio podem infl uenciar no resultado fi nal, comprometendo tanto a repetibilidade quanto a reprodutibilidade do ensaio; portanto, o laboratório de controle tecnológico e a equipe técnica têm de ser qualifi cados.

Existem ainda outros métodos que são largamente utilizados na Austrália, EUA e EUROPA em geral:

EFNARC, 1996 - European Federation of Producers and Applicators of Specialist Products for Structures - Ensaio de punção de placas muito utilizado para revestimentos de túneis, pois mede a energia dissipada em JOULES;

RILEM TC162-TD,2002 - International Union of Laboratories and Experts in Construction Materials, Systems and Structures - Ensaio europeu de concepção distinta dos ensaios aqui mencionados. Consiste no ensaio de tração na fl exão de uma viga dotada de entalhe na sua base. Obtêm-se também valores em tenacidade e é considerado um dos ensaios mais promissores, pois faz associação a uma norma de dimensionamento de estruturas de concreto reforçadas com fi bras;

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ASTM C 1609 - American Society for Testing and Mate-rials - Substituiu o ensaio ASTM C1018 e também é um ensaio de tração na fl exão com corpos-de-prova prismá-ticos. A principal diferença entre este e o JPCE-SF4 é que elimina a instabilidade pós-pico através de um dispositivo chamado de “closed loop servo-controlled machine”. A instabilidade pós-pico prejudica a verdadeira performance do concreto reforçado com fi bras e sempre que possível deve ser evitada;

ASTM C 1399, 2002 - American Society for Testing and Materials - Este ensaio normalmente é efetuado em labo-ratórios que não possuem equipamentos para realização dos testes ASTM C1609 ou JSCE-SF4. Prescreve a uti-lização de uma placa de aço sob o corpo-de-prova du-rante o carregamento inicial até uma defl exão de 0,5 mm, induzindo a fi ssura sem instabilidade. Após a indução, é removida a placa e o corpo-de-prova é novamente car-regado, obtendo-se então uma nova curva de carga por defl exão. Neste ensaio, obtemos uma resistência residual média (ARS). Estes valores de ARS podem caracterizar de-sempenho entre diferentes fi bras, porém de forma alguma serve como parâmetro para obtenção do Re3 utilizado no dimensionamento de pavimentos industriais, pelo motivo de desprezar a área imediata após a primeira fi ssura do compósito, não determinar o comportamento do compósi-to para pequenas aberturas de fi ssuras, não defi nir a resis-tência do concreto, além do que só é adequado para peças de concreto com dimensões de até 10 cm de espessura, uma vez que as dimensões do prismático utilizadas neste ensaio são de 100 mm x 100 mm x 350 mm, enquanto que na ASTM C 1609 o prismático tem usualmente 15 cm. “Para medir desempenho é importante que as dimensões do prismático sejam próximas com as da aplicação. Sabe-mos também que as Macrofi bras trabalham melhor em se-ções maiores, enquanto que as fi bras de aço em secções menores” (STEFAN BERNANRD);

ASTM C 1550, - American Society for Testing and Mate-rials . Round panel test - É citado em algumas publica-ções (Bekaert-Tunneling the Word vol 2) como o teste ideal para determinar o comportamento das fi bras no concreto, substituindo, então, o clássico teste de vigas realizado em

corpos-de-prova prismáticos, pois apresentam diversas vantagens, como pequena variação dos resultados devido ao fato de que o padrão de fi ssuração se repete em todos ensaios, eliminação do corte induzido no corpo-de-prova, não ocorrência do efeito de borda e distribuição randômi-ca e não direcionada das fi bras. O teste prescreve aplicar uma carga pontual no centro de um painel que mede 800 mm de diâmetro e 75 mm de espessura.(fi g. 3)

Obtém-se então um gráfi co carga x deformação, no qual a área debaixo da curva representa a energia absorvida em JOULES.

Infelizmente, muitos destes ensaios não estão disponíveis no Brasil, porém, como foi dito anteriormente, para o di-mensionamento de pavimentos industriais temos duas al-ternativas: utilizarmos a norma Japonesa JSCE-SF4 ou a ASTM C1609. Vale ressaltar que para estes ensaios serem realizados com frequência precisaríamos de uma quanti-dade maior de laboratórios capacitados e que fossem exi-gidos ensaios de tenacidade como exigimos os ensaios de compressão, mas este seria assunto para outro artigo.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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De dez anos pra cá houve um aumento do volume de obras construídas com a fi nalidade de abrigar centros lo-gísticos. Estas obras possuem algumas características em comum, como estocagem vertical através da utilização de estantes metálicas (porta-pallets, racks, etc), o que gera grandes esforços pontuais (apoio das estantes), e uso in-tenso de empilhadeiras, muitas vezes com rodas rígidas (poliuretano), para a movimentação interna das mercado-rias. Os elementos do piso mais agredidos pela passagem ininterrupta das empilhadeiras são as juntas, sendo que a agressão nas rodas e, consequentemente, no eixo e de-mais peças da empilhadeira ocorre severamente a cada passagem do equipamento por uma junta no piso.

Frente a estas considerações, a utilização do concreto protendido para execução de pisos industriais é a solu-ção mais adequada e tecnicamente superior, pois propicia elevada resistência estrutural com a possibilidade de se executar placas enormes sem juntas (a placa recorde no Brasil possuí 6200 m2 sem juntas) com elevada durabili-dade e economicamente competitiva. Como toda solução, o piso protendido deve atender rigorosamente as etapas essenciais descritas abaixo para que o resultado fi nal seja satisfatório:

Assentamento de formas

A função básica das formas é de contenção lateral do con-creto lançado ou de término de jornada de trabalho, além, logicamente, de em certos processos de adensamento do concreto, servirem de suporte para o equipamento utiliza-do para adensamento e nivelamento do concreto (réguas vibratórias). As formas podem ser de madeira ou aço e permitir a passagem das cordoalhas, posicionadas no eixo médio do piso.

Colocação da Camada de Deslizamento

A camada de deslizamento é executada mediante a co-locação de folhas de polietileno (habitualmente chama-da de lona plástica) sobre toda a área a ser concretada e tem como função principal reduzir o atrito entre a placa de concreto e a sub-base, otimizando o dimensionamento do piso.

Armação da Placa

A armação da placa de concreto protendido recebe duas nomenclaturas: “armação ativa” (composta pelos cabos de protensão – no caso em estudo, as cordoalhas plastifi -cadas engraxadas) e “armação passiva” (composta pelas demais ferragens - de fretagem e de reforço – constituídas de aço CA50 e CA60/Telas). A função das armaduras ati-vas e passivas é transmitir a força de protensão dos cabos

Autor: Hernando Macedo FariaData: Agosto/2009

ao concreto. No processo de armação da placa de concre-to protendido também estão inseridas as placas de anco-ragem e acessórios de protensão, responsáveis pelo po-sicionamento, fi xação e transferência da carga dos cabos de protensão à placa de concreto. Os cabos de protensão deverão ser cortados em conformidade com os compri-mentos indicados em projeto e para a garantia do seu cor-reto posicionamento e das demais armaduras deverão ser utilizados espaçadores plásticos. Os cabos devem estar alinhados e com suas extremidades posicionadas e anco-radas conforme defi nições de projeto.

Lançamento e espalhamento do concreto

O lançamento e espalhamento do concreto precedem as operações de adensamento e acabamento e são da mes-ma forma importantes para obtenção de uma boa homo-geneidade da massa. O lançamento do concreto deve ser feito, preferencialmente, lateralmente à faixa a executar, independentemente da largura da pista, pois dessa ma-neira não interfere na armadura posicionada na placa que será concretada. Deverá ser exigido fornecimento contí-nuo do concreto, a fi m de evitar problemas de juntas frias ou emendas de acabamento, garantindo-se uma superfí-cie fi nal homogênea.

Adensamento e nivelamento do concreto.

A fi nalidade básica do adensamento é obter-se a máxima densidade do concreto, garantindo-se elevada resistência mecânica. Deve ser realizado obrigatoriamente por vibra-ção superfi cial através de Laser Screed ou régua vibratória, exigindo-se, entretanto, o emprego de vibradores de imer-são em pontos onde a vibração superfi cial é insufi ciente, principalmente próximo às bordas das juntas construtivas e de encontro.

Acabamento Superfi cial

As operações de acabamento do concreto devem ser exe-cutadas sequencialmente em tempo adequado dentro do período de endurecimento do concreto e têm por fi nali-dade proporcionar uma superfície densa, com resistência mecânica e textura superfi cial adequadas à futura utiliza-ção do piso ou pavimento, sendo que o tipo mais comum de acabamento fi nal nos ambientes internos é o espelhado ou vitrifi cado.

Cura do concreto

A realização da cura do concreto visa impedir a perda de água pela superfície exposta do concreto - possibilitan-do que o cimento se hidrate uniformemente e completa-mente, diminuindo a possibilidade de empenamento por

Pisos protendidos - processo executivo

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ressecamento da face superior – e evitar o surgimento de fi ssuras por retração, garantindo a resistência superfi cial à abrasão. A cura poderá ser feita com água durante sete dias e/ou através de agentes químicos.

Protensão

A protensão dos cabos deverá ser executada em etapas, visando combater o aparecimento de fi ssuras, seguindo a sequência determinada pelo projetista. A primeira eta-pa é aplicada poucas horas após a concretagem da faixa. A protensão inicial dos cabos longitudinais, da ordem de 20% da carga total (para a cordoalha de 12,5 mm tem-se um total de 15 toneladas força por cordoalha), deve ser aplicada quando o concreto atingir a resistência especifi -

cada em projeto (habitualmente da ordem de 10MPa). Para a execução da protensão, devem ser seguidos critérios como força de protensão e alongamento para cada cabo, resistência mínima do concreto na ocasião da protensão, número de etapas e ordem de protensão, valor e variação admitida para o alongamento de cada cabo. A protensão fi nal deve ser executada quando o concreto atingir resis-tência à compressão mínima especifi cada em projeto (ha-bitualmente da ordem de 30MPa), enquanto a protensão dos cabos longitudinais somente após a concretagem de todas as faixas que compõem a placa. Deverão ser toma-dos cuidados especiais na instalação do macaco e colo-cação das cunhas para que o mesmo fi que perfeitamente apoiado nas ancoragens, eliminando os riscos de proble-mas no momento da protensão.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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Fibras sintéticas para concreto e argamassa

A utilização comercial de fi bras sintéticas no Brasil teve seu início no fi m dos anos 90 e hoje existem diferentes players em nível internacional. O que chama a atenção no mercado de fi bras sintéticas para concreto é a grande va-riedade de produtos disponíveis, de diferentes tecnologias, devido à versatilidade da indústria do plástico. As alterna-tivas de produtos são bem-vindas em qualquer segmento da atividade produtiva, porém devem ser apresentadas e utilizadas com responsabilidade.

Há cerca de três anos, quando se especifi cava a incorpo-ração de fi bras de polipropileno em um concreto de piso industrial, os engenheiros, compradores, executores de pi-sos e as centrais de concreto logo identifi cavam o produto do qual se estava falando. Hoje a simples descrição do produto “fi bras de polipropileno” já não é mais sufi ciente para defi nir o produto.

A partir da nossa experiência entendemos que o principal aspecto a ser defi nido quando se utilizam as fi bras sinté-ticas em um projeto é a função a ser desempenhada pela fi bra, individualmente, ou em conjunto.

Autor: Júlio P. MontardoData: Setembro/2009

Uma vez defi nida a função que deve ser exercida pelas fi bras sintéticas em um determinado projeto, outros as-pectos devem ser considerados para que se possa eleger adequadamente a fi bra a ser utilizada:

1. Composição do material: as fi bras de polipropileno, nylon, poliéster e vidro apresentam visualmente a mesma aparência. No entanto, deve-se atentar para dois aspectos importantes: a durabilidade frente o ambiente alcalino e a densidade da fi bra. As fi bras de poliéster degradam-se no meio alcalino. As fi bras sintéticas plásticas têm densidade menor que as de vidro. Isto sugere que a quantidade de fi bra por quilo é bem maior para as fi bras plásticas do que para as de vidro;

2. Dimensões: as fi bras podem apresentar diâmetros e comprimentos distintos. O comprimento é uma grandeza facilmente medida. Já o diâmetro, quando se trata das microfi bras, a medição não é possível a olho nu. Assim, uma microfi bra de 12m de diâmetro apresenta o dobro do número de fi bras por quilo quando comparada com uma de 18m de diâmetro;

3. Formato: as fi bras podem ser onduladas, torcidas ou retilíneas, corrugadas, texturizadas ou lisas, fi briladas ou monofi lamentos, com seção transversal arredondada ou retangular. O desempenho da fi bra depende da sua ancoragem no concreto;

4. Características mecânicas: este aspecto está ligado ao material de constituição da fi bra e ao processo de fabricação. Fibras constituídas de um mesmo polímero podem apresentar diferentes módulos de deformação e resistência à tração em função do grau de estiramento do fi o durante a produção. Quando comparadas com outras fi bras, de manei-ra geral, as fi bras sintéticas plásticas apresentam módulo e resistência à tração inferiores às fi bras de vidro e às metálicas.

Pelo exposto, percebe-se a complexidade na abordagem deste assunto. A comparação entre as fi bras não pode ser feita de maneira direta. Não será somente através da aná-lise dos seus aspectos físico-mecânicos que poderemos apontar a fi bra mais adequada. Deve-se levar em conta o desempenho esperado e o custo correspondente. Nossa expectativa é que com a atuação responsável e pró-ativa de todos os partícipes do processo e, após as discussões, experiências práticas e testes laboratoriais, possamos de-fi nir critérios técnicos, mensuráveis e transparentes que permitam o desenvolvimento sustentável deste setor.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

Macrofi bra sintética estrutural. Alternativa às telas soldadas e fi bras de aço.

Fibra de polipropileno corrugada para evitar fi ssuras de retração de secagem no concreto endurecido. Alternativa à armadura de retração.

Microfi bra de polipropileno para evitar fi ssuras de retração plástica no concreto e na argamassa.

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Inibidores de Corrosão

Largamente utilizados em pavimentos nos EUA, onde os sais de degelo provocam grande dano às estruturas de concreto armado, estes materiais apresentam grande po-tencial de uso no Brasil, principalmente em pisos e insta-lações industriais localizadas na faixa litorânea (ambiente marinho).

Inibidores de corrosão, como o próprio nome diz, são substâncias químicas capazes de inibir e/ou reduzir o pro-cesso de corrosão do aço.

Na década de 60, em pesquisas que visavam o desen-volvimento de aceleradores de pega que não possuíssem efeitos negativos na corrosão (como os aceleradores de base cloreto), foram desenvolvidos produtos, que além de acelerar a pega do cimento, também possuíam a capaci-dade de inibir e/ou retardar o processo de corrosão do aço (LIMA, 1996). Vale ressaltar que uma parte dos inibidores comercializados atualmente tem como característica se-rem aceleradores de pega.

Os inibidores de corrosão agem basicamente de três for-mas distintas, que podem ocorrem, ou não, concomitan-temente:

1. Interferem nas reações anódicas e/ou catódicas, al-terando a velocidade com que o processo corrosivo se desenvolve (formam nós complexos com os íons cloreto);

2. Alteram a camada de passivação do aço, aumen-tando a sua estabilidade;

3. Adsorvem-se na superfície do metal, formando um fi lme que impede as reações na superfície do mes-mo.

A forma de atuação dessas substâncias interfere direta-mente na resposta eletroquímica do sistema concreto-aço. Segundo WRANGLÉN (1972) apud LIMA (1996), uma das formas de classifi cação dos inibidores é segundo sua forma de atuação, ou seja, como estes interferem na pola-rização do sistema: catódicos, anódicos, ou mistos.

Autor: Mauricio Luiz Grochoski GarciaData: Outubro/2009

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Figura 1 – Esquema simplifi cado das diferentes formas de polarização promo-vidas pelos inibidores de corrosão (adaptado de LIMA, 1996).

A Figura 1 mostra claramente como a interferência pro-movida por estes produtos nas reações de corrosão al-tera o equilíbrio eletroquímico do sistema concreto-aço, resultando em diferentes situações. Em todos os casos, observamos a redução da corrente de corrosão, como era esperado, porém em cada caso, o potencial de corrosão assume valores diferentes, ora maiores, ora menores que o valor inicial. Essa informação é muito importante, pois o desconhecimento destes mecanismos pode levar a in-terpretações erradas sobre o funcionamento destes ma-teriais.

Atualmente, são encontrados no mercado diversos tipos de inibidores de corrosão. Estes podem ser vendidos na forma de pó ou líquido para ser adicionado ao concreto e/ou argamassa quando da execução de uma obra nova ou reparo. Mais recentemente novos produtos têm sido de-senvolvidos e pesquisados, os quais podem ser aplicados diretamente sobre a superfície do concreto, onde estes penetram e migram até a superfície do aço, protegendo-o. Estes são os chamados MCI (migrating corrosion inhibi-tors).

Entretanto, existe muita controvérsia a respeito da capa-cidade destes últimos realmente alcançarem a superfície do aço (JAMIL et AL., 2005; HOLLOWAY et AL., 2004;). Dos inibidores existentes no mercado, a maioria tem como base as seguintes substâncias químicas:

• Nitrito de sódio e de cálcio;• Aminas, amino-álcool, amino-carboxilato;• Mono-fl úor fosfato de sódio;• Óxido de zinco;• Silano organo-funcional base fl úor.

Destes produtos, os mais utilizados atualmente são os de base nitrito de cálcio e sódio. O uso destes materiais em concretos e argamassas, além de economicamente viável, contribui signifi cativamente para o aumento da durabilida-de das estruturas de concreto armado.

Referências Bibliográfi cas

JACOB, T.; HERMANN, K. Protección de las superfi cies de concreto: Impreg-naciones hidrófobas. Construcción y Tecnología, p. 17-23, 1997.

LIMA, M.G. Inibidores de corrosão: avaliação da efi ciência frente à corrosão de armaduras provocada por cloretos. São Paulo, 1996. Tese (Doutorado). Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. p. 34-36

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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A tal da retração autógena

Há ainda muita confusão quanto aos tipos de retração e como elas ocorrem no concreto. De maneira resumida, po-demos citar dois: a por secagem e a autógena. O primeiro tipo é o mais conhecido pois, como o próprio nome su-gere, a retração está ligada à perda de água do concreto, ou seja, aquela água que teoricamente não reage com o cimento por estar em excesso.

A pergunta óbvia é: quanto de água o cimento precisa para reagir e hidratar completamente? A resposta nos remete ao conhecimento de como a água está presente no con-creto. Pode ser de três maneiras:

• Água ligada quimicamente: é aquela que faz parte das moléculas dos produtos de hidratação e que está fortemente ligada a eles; ela é aproximadamen-te 28% da massa de cimento, isto é a/c=0,28;

• Água adsorvida: é muito importante, pois fi ca “molhando” os produtos da hidratação. Você pode imaginar a mesma situação quando molha a mão e fi ca com aquela água, “adsorvida” sobre ela. Esta água é cerca de 12% da massa de cimento, ou seja, a/c=0,12;

• Água capilar: é aquela que fi ca nos poros da pasta de cimento ou do concreto após toda a hidratação se processar. Para que o cimento hidrate comple-tamente é necessário uma relação a/c mínima de 0,4 (não é um número absoluto, mas pode variar dependendo do cimento). Quando ela é maior que isso, formará a água capilar.

Portanto, quando um concreto é preparado, por exemplo, com relação a/c=0,55, hidrata-se completamente; a água restante, cerca de 15% da massa de cimento, sairá duran-te a secagem do concreto, provocando sua retração, que é chamada de retração por secagem ou, como antes era denominada, retração hidráulica.

Então, será que se eu fi zer um concreto com relação a/c=0,4 ele não irá retrair? Errado! Vai retrair e muito, pro-vavelmente mais do que um concreto convencional, com relação a/c=0,6. Mas por quê? Por conta da tal da retração autógena, este componente da retração que vem atormen-tando todos os tecnologistas e executores de piso.

Ela está ligada a fenômenos complexos, como forças ca-pilares, mudanças de água capilar para adsorvida, pres-sões de separação entre outros, que seriam impossíveis de se apresentar neste texto tão curto e que fugiria dos propósitos deste boletim.

Mas é possível compreendê-la se você imaginar uma mistura de água com cimento, formando uma pasta, que

Autor: Públio Penna Firme RodriguesData: Novembro/2009

é completamente selada de modo a não permitir a eva-poração da água. Este sistema é formado por partículas sólidas – o cimento – e póros cheios de água, formando pequenas bolsas.

À medida que o cimento vai hidratando, a água vai sendo consumida e surgem forças capilares nestes póros, que antes estavam completamente cheios de água e que ago-ra vai se ligando aos produtos formados. A regra básica da força capilar é o diâmetro do póro. Quanto menor, mais intensa é a força.

Assim, quanto menor for a relação água/cimento, menores serão os póros formados e maiores as tensões capilares e, portanto, maior a retração, mesmo que não haja perda de água para o ambiente. Por isso é chamada de retração autógena.

Simplifi cadamente é isso que ocorre, mas como evitá-la? Bem, os fatores que mais interferem na sua intensidade são:

1. Baixas relações a/c, inferiores a 0,45; não é reco-mendável o emprego de adições, do tipo sílica ativa, em concretos para pisos devido à possibilidade do aumento da retração autógena;

2. Cimentos com adições, como a escória de alto forno; nestes, a retração autógena pode ser intensa até com relações a/c da ordem de 0,5 ou talvez até maiores e dependerá muito da composição do clinquer;

3. Finura do cimento; neste quesito, não há muito que fazer, pois os cimentos nacionais são muito fi nos;

4. Composição química do cimento, principalmente C3A (aluminato tri-cálcico) e teor de álcalis.

Há ainda outros fatores que dependem do tipo do concre-to, mas não há indícios, nos poucos dados encontrados na literatura, de que aditivos do tipo redutor de água, in-cluindo os superplastifi cantes, aumentem a retração au-tógena.

Pode-se reduzir a retração autógena, mas não evitá-la. Um caminho que está sendo perseguido pelos pesquisadores é o emprego de uma fonte interna de cura, que vá libe-rando água gradativamente para a hidratação do cimento. Consegue-se este resultado com uso de agregados poro-sos ou polímeros super absorventes, mas isto é uma outra história, para outro boletim. Lembre-se: não adianta redu-zir a relação a/c, ela só piora este tipo de retração.

Procure sempre manter uma quantidade de água baixa no concreto, por exemplo, inferior a 190 L/m³.

* O conteúdo do artigo refl ete a opinião do autor.

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