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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM DESIGN ANÁLISE DE ASPECTOS ERGONÔMICOS DO COLETE TÁTICO UM ESTUDO DE CASO NA ROCAM-RN KARLA CRISTINA TAVARES COSTA GRADUADA EM ENGENHARIA ELÉTRICA, IES, 2004 ESPECIALISTA EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA, 2007 Natal Maio, 2014

COLETE TÁTICO

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Dissertação sobre o suso do colete tático

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

    PROGRAMA DE PS GRADUAO EM DESIGN

    ANLISE DE ASPECTOS ERGONMICOS DO COLETE TTICO

    UM ESTUDO DE CASO NA ROCAM-RN

    KARLA CRISTINA TAVARES COSTA

    GRADUADA EM ENGENHARIA ELTRICA, IES, 2004

    ESPECIALISTA EM ENGENHARIA DE SEGURANA, 2007

    Natal

    Maio, 2014

  • 2

    KARLA CRISTINA TAVARES COSTA

    ANLISE DE ASPECTOS ERGONMICOS DO COLETE TTICO

    UM ESTUDO DE CASO NA ROCAM-RN

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de

    Ps Graduao em Design da Universidade Federal do

    Rio Grande do Norte como requisito parcial para

    obteno do Ttulo de Mestre no curso de Mestrado

    Profissional em Design.

    Orientador: Prof. Dr. Olavo Bessa

    Natal

    Maio, 2014

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    AGRADECIMENTOS

    A minha me Maria Ivonete Tavares Costa minha companheira inseparvel, nas minhas

    vitrias e muito mais nas minhas derrotas, sempre com uma palavra de incentivo.

    A minha famlia e amigos, que me apoiaram e contriburam em diferentes momentos, de

    maneiras diversas pra o meu crescimento, alm de aceitarem minha ausncia durante a

    construo dessa dissertao.

    Ao meu esposo, pela pacincia, compreenso, incentivo e ajuda. Sua experincia foi

    fundamental para a construo desta dissertao.

    Ao meu orientador Prof. Dr. Olavo Bessa, pelas orientaes e comprometimento em

    compartilhar um pouco do seu conhecimento, de suas ideias, na elaborao deste trabalho.

    A todos os meus colegas de turma, em especial aos amigos Michele, Slvia e Thiago, por

    compartilharem comigo momentos agradveis, pela amizade e carinho, um feliz encontro.

    Aos professores do programa de Ps-Graduao em Design, pela contribuio e

    significado durante este percurso, meus sinceros agradecimentos.

    Ao comando da ROCAM por acolher e compreender os propsitos desta pesquisa,

    abrindo as portas da companhia tornando possvel a realizao desta.

    Aos policias militares da companhia especializada ROCAM-RN, a ateno e

    generosidade em contribuir para a operacionalizao e insero dessa pesquisa.

    A empresa A WARFARE TACTICAL, fabricante de colete ttico, a qual permitiu o uso

    de suas imagens neste documento.

  • 4

    RESUMO

    A presente dissertao tem como objetivo analisar os aspectos ergonmicos e funcionais do

    colete ttico dos motopatrulheiros da polcia militar do RN e apresentar uma contribuio

    visando melhorar suas caractersticas tcnicas conciliando agradabilidade e funo ttica,

    melhorando as condies laborais do motopatrulheiro.

    Partimos da seguinte hiptese: Considerando que os policiais customizam seus coletes tticos

    e observando como criam seus layouts e fazem uso dos dispositivos presentes nestas

    customizaes, levanta-se a hiptese de que a partir das observaes se possa chegar a uma

    compreenso do uso destes equipamentos, tanto nos quesitos positivos, quanto negativos.

    Para se comprovar a hiptese proposta pela dissertao, procedera-se a uma anlise dos

    resultados obtidos pelas entrevistas no local de trabalho, questionrios, filmagens em vdeo e

    fotos.

    Os resultados confirmaram a hiptese. Conseguiu-se compreender o uso do colete ttico a

    partir da opinio dos usurios com relao a questes por eles mesmos apontadas. Pode-se,

    ainda, perceber que o usurio realiza intervenes baseadas na prpria inventiva ou aprendida

    com a experincia de outro policial.

    Palavras-chaves:

    Colete ttico, Ergonomia, Agradabilidade

  • 5

    ABSTRACT

    This thesis aims to analyze the ergonomic and functional aspects of the motorcycle patrolmen

    tactical vest and make a contribution to improve their technical and tactical characteristics

    reconciling pleasantness function, improving working conditions of policeman.

    The start point of this case study was the following hypothesis : The start point of this case

    study was the following hypothesis: once the policemen prepare their own tactical vests with

    layouts created by them. So, if someone observes these layouts, s/he will have an

    understanding of use of those devices and artifacts questions both positive, and negative.

    This hypothesis was confirmed by the results, considering that it was possible to understand

    the use of the tactic vests by means of the Policemens opinion on issues recognized by

    themselves. It was also possible to understand that users perform interventions, based on

    their own inventive or learned from the experience of other policemen.

    Key words

    tactical vest, ergonomic , pleasantness

  • 6

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Postura sentada Infogrfico. Fonte: http://www.bloglecom.com.br ...................... 23

    Figura 2 - Regio Cervical. Fonte: www.vertebrata.com.br. ................................................. 24

    Figura 3 Regio Torxica. Fonte: www.vertebrata.com.br. ................................................ 24

    Figura 4 Regio Lombar. www.vertebrata.com.br. ............................................................ 25

    Figura 5 Regio Sacrococcgeas. Fonte: www.vertebrata.com.br. ...................................... 25

    Figura 6- Tipos de patologias. Fonte: Iida, (2005) Ergonomia projeto e produo. ............... 26

    Figura 7 - Vista frontal do colete padro com indicao de uso pelo fabricante. Fonte: O autor.

    ..................................................................................................................................... 35

    Figura 8 - Viso posterior do colete padro com indicao de uso do fabricante. Fonte: O

    autor. ............................................................................................................................ 36

    Figura 9 - Exemplos de coletes. Fonte: Catlogo Warfare 2012. ........................................... 37

    Figura 10 - Colete Ttico Operacional. Fonte: Acervo do autor. ........................................... 38

    Figura 11 - Formas de uso do colete. Fonte: Acervo do autor. .............................................. 39

    Figura 12 - Motoviatura. Fonte: Acervo do autor. ................................................................. 40

    Figura 13 - Faca de combate. Fonte: www.buscalapa.com.br ............................................... 41

    Figura 14 - Pistola com fiel retrtil. Fonte: www.combatonline.com.br ................................ 42

    Figura 15 - Figura integrante do questionrio. Fonte: Adaptado de Corlett & Manenica (1980).

    ..................................................................................................................................... 45

    Figura 16 - Porta carregador no abre livremente devido ao bolso multiuso. Fonte: Acervo do

    autor. ............................................................................................................................ 47

    Figura 17 - Sistema de ajuste do colete com engates no utilizados. Fonte: Acervo do autor. 48

    Figura 18 - Bolso frontal com velcro inoperante, mantendo-o aberto. Fonte: Acervo do autor.

    ..................................................................................................................................... 48

    Figura 19 - Engate quebrado consertado pelo usurio com fita isolante. Fonte: Acervo do

    autor. ............................................................................................................................ 49

    Figura 20 Posio de pilotagem. Fonte: http://adcon.rn.gov.br............................................ 49

  • 7

    Figura 21 - Objetos atpicos. ................................................................................................ 50

    Figura 22 - Colete customizado pelo usurio com destinao diferente daquela do fabricante.

    Fonte: Acervo do autor. ................................................................................................ 51

    Figura 23 - Lanterna sendo utilizada em compartimento destinado ao carregador. Fonte:

    Acervo do autor. ........................................................................................................... 51

    Figura 24 Usurio utilizando coxal para carregar objeto. Fonte: O Autor ....................... 52

    Figura 25 - Foto indicativa do funcionamento do ajuste. Fonte: www.voudemochila.com.br 57

    Figura 26 - Foto ilustrativa do sistema de engate. Fonte: www.metalplastec.com.br ............. 57

  • 8

    SUMRIO

    1. INTRODUO ......................................................................................................................10

    1.1 DELIMITAES DO PROBLEMA ..............................................................................................10

    1.2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................................10

    1.3 HIPTESE .............................................................................................................................12

    1.4 OBJETIVO .............................................................................................................................12

    1.5 OBJETIVOS ESPECFICOS .......................................................................................................12

    2. REFERENCIAL TERICO ..................................................................................................14

    2.1 ERGONOMIA .........................................................................................................................14

    2.1.1 Conceitos e definies ..................................................................................................14

    2.1.2 Conforto Trmico.........................................................................................................16

    2.2 DESIGN ................................................................................................................................17

    2.2.1 Design de produto ........................................................................................................17

    2.2.2 Ergodesign ...................................................................................................................18

    2.2.3 Antropometria e sua relao com o ergodesign .............................................................19

    2.2.4 Usabilidade ..................................................................................................................19

    2.3 REQUISITOS LEGAIS..............................................................................................................21

    2.3.1 Norma Regulamentadora N. 17 ...................................................................................21

    2.4 A COLUNA E SUAS CARACTERSTICAS ...................................................................................23

    2.4.1 Patologias caractersticas ..............................................................................................27

    3. MOTOPATRULHAMENTO .................................................................................................28

    3.1 PERFIL DO MOTOPATRULHEIRO ...................................................................................29

    3.2 CONDIES AMBIENTAIS X ESCALA DE SERVIO ....................................................29

    3.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .....................................................................................30

    3.4 REQUISITOS DESEJVEIS .......................................................................................................30

    3.5 SOBRE A ROCAM ................................................................................................................31

    4. METODOLOGIA...................................................................................................................31

    4.1 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ...........................................................................31

    4.2 POPULAO E AMOSTRA ...............................................................................................32

    4.3 COLETA DE DADOS ..........................................................................................................33

    4.3.1 Questionrio ................................................................................................................33

    4.3.2 Entrevistas ...................................................................................................................34

    5. APRESENTAO DOS DADOS ..........................................................................................35

    5.1 COLETE TTICO ...................................................................................................................35

  • 9

    5.1.1 Tipos de coletes tticos ................................................................................................36

    5.1.2 Materiais utilizados ......................................................................................................38

    5.1.3 Confeco do colete .....................................................................................................38

    5.1.4 Formas de uso ..............................................................................................................39

    5.2 O QUESTIONRIO APLICADO .............................................................................................40

    5.3 QUESTIONRIO X OBSERVAO (DIRETA /INDIRETA) ............................................................46

    5.3.1 Artefatos levantados .....................................................................................................46

    5.3.2 Problemas encontrados .................................................................................................47

    5.3.3 Desconforto/dores ........................................................................................................49

    5.3.4 Objetos atpicos ...........................................................................................................50

    5.4 CUSTOMIZAO ...................................................................................................................51

    5.5 RELAES AFETIVAS............................................................................................................53

    5.5.1 Colete ttico Uma relao controversa com o usurio ................................................53

    6. RESULTADOS E AVALIAES .........................................................................................54

    6.1 ANLISE DO PESO E CONSTRANGIMENTOS FSICOS ................................................................54

    6.2 ANLISE DAS RELAES COGNITIVAS ...................................................................................54

    7. CONCLUSES E PERPESCTIVAS .....................................................................................56

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................................58

  • 10

    1. INTRODUO

    1.1 DELIMITAES DO PROBLEMA

    Tem-se constatado que trabalhadores que desempenham tarefas com carga mental

    predominantemente queixam-se de perturbaes fsicas, tais como dores no pescoo nas

    costas, devido ao stress contnuo da atividade (Moraes, 2012).

    Pela convivncia constatou-se empiricamente que a carga horria excessiva; exposio a

    atos violentos; situao de trfego intenso na mobilidade urbana; somam-se ainda as

    dificuldades no uso dos coletes: disposio dos diversos artefatos (layout), peso efetivo do

    colete ttico e ainda os artefatos nele afixados. Estes fatores podem influenciar na satisfao

    dos usurios (policiais).

    A postura adotada durante a jornada de trabalho alterada constantemente entre a

    posio montada na motocicleta ou a p em deslocamentos ou ainda em perseguies para

    captura de bandidos, podendo estes esforos acarretarem desconfortos lombares.

    1.2 JUSTIFICATIVA

    O policial militar motopatrulheiro executa vrias aes de forma simultnea durante a sua

    escala de servio e em caso de deslocamento, estas podem contribuir para o aumento do risco

    de acidente, tais como: o manuseio do rdio ou o manuseio da arma. Em ambos os casos

    necessrio soltar o comando direcional da viatura (motocicleta), desprendendo-se uma das

    mos, o que compromete o equilbrio sobre veculo. Segundo os prprios policiais, a

    ocorrncia policial, independentemente do meio de transporte, gera uma descarga de

    adrenalina no organismo para motociclista tal descarga pode ser agravada em funo do

    deslocamento acontecer em duas rodas, em locais de trnsito urbano intenso.

    A ateno redobrada por causa da passagem por semforos em vermelho, a operao do rdio

    para acompanhar a ocorrncia policial simultnea ao rudo da sirene, o deslocamento em alta

    velocidade pelos corredores estreitos existentes entre os veculos que transitam pela via

    pblica, agravam esta critica situao.

    Neste contexto, uma das causas que podem levar a doenas ocupacionais so os esforos

    fsicos, entre outros, esforos lombares, referentes postura durante a jornada, o tipo de

    veculo utilizado e o peso dos apetrechos carregados sobre si.

    Fraga (2005) cita que pouca ateno tem se dado sade ocupacional do profissional de

    segurana pblica, especialmente aos policiais militares, embora a temtica sade do

  • 11

    trabalhador tenha destaque nas diversas reas que englobam Gesto de Segurana e Sade

    Ocupacional. Estudos quanto segurana pblica geralmente do nfase aos aspectos tcnicos

    da profisso, investindo em: treinamento; abordagens e pouca nfase segurana e sade do

    trabalhador.

    No h dvida quanto necessidade de realizar estudos e, principalmente, encaminhar

    propostas de aes efetivas que tornem os profissionais da segurana pblica menos

    vulnervel. Torna-se indispensvel, ento, pensar nas condies de trabalho e sade destes

    profissionais que atuam na segurana pblica.

    Existem mltiplos campos da rotina policial do motopatrulheiro onde se poderiam sugerir

    intervenes ergonmicas, dentre estes, foi escolhido o dispositivo de uso vestvel: o colete

    ttico, o qual tem por funo carregar em si os equipamentos necessrios (ou no) no

    desenvolver de suas atribuies. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo analisar

    os aspectos ergonmicos e funcionais do colete ttico e apresentar uma contribuio que

    poder melhorar das condies laborais do motopatrulheiro.

    Antes de a pesquisa ser realizada, quando ainda era uma inquietao, uma curiosidade

    gerada pelo ambiente no qual estava inserida, uma vez que meu esposo era, poca,

    integrante dessa companhia e queixava-se com frequncia de dores lombares durante e aps o

    servio. Com decorrer do tempo e atravs de uma observao assistemtica, percebeu-se ser

    essa reclamao corrente entre seus companheiros de escala.

    Diante dos fatos, foi iniciada uma observao sistemtica, realizada em condies

    controladas para responder os propsitos da hiptese.

    Com esta pesquisa, observou-se que o sistema musculoesqueltico sofre sobrecarga

    diria, devido, entre diversas razes, aos impactos sofridos na coluna durante o deslocamento

    do policial na motocicleta, seja em patrulhamento de rotina ou no atendimento de uma

    ocorrncia policial e ainda nos deslocamentos a p em terrenos irregulares ou em esforos

    extremos, como escalar muros, telhados entre outros.

    A coluna uma das estruturas mais frgeis do organismo em razo de trabalhar na

    posio vertical, sustentando o peso de todas as partes corpo acima dela, ficando sujeita a

    diversas deformaes, estas podem ser congnitas ou adquiridas durante a vida, por diversas

    causas, como esforo fsico, m postura no trabalho, entre outras.

    O colete ttico, devido quantidade de dispositivos nele afixados, torna-se pesado,

    obrigando o corpo a se projetar para frente, o peso desloca os ombros e, ao manter a postura

    curvada, gera, talvez, uma sobrecarga no sistema musculoesqueltico da regio lombar. Tal

  • 12

    situao poder gerar cansao, dores musculares e desvios posturais. A permanncia pode ser

    associada a processos dolorosos, contribuindo para o afastamento dos policiais afetados.

    Desta forma, necessrio pensar um tipo de artefato onde seja possvel conciliar a

    utilidade do colete, mantendo sua funo ttica, em paralelo com a agradabilidade da

    experincia de uso, neutralizando os possveis fatores responsveis pela insatisfao do

    usurio.

    Pode-se concluir a necessidade de incluso do usurio na construo do layout por parte

    do fabricante, considerando fatores ergonmicos (cognitivos, fisiolgicos, fsicos,

    psicolgicos etc.), tipo de material a ser utilizado bem como suas caractersticas de

    conservao e higiene.

    1.3 HIPTESE

    Considerando que os policiais customizam seus coletes tticos e observando como criam

    seus layouts e fazem uso dos dispositivos presentes nestas customizaes, levanta-se a

    hiptese de que a partir das observaes se possa chegar a uma compreenso do uso destes

    equipamentos, tanto nos quesitos positivos, quanto negativos.

    1.4 OBJETIVO

    O presente estudo tem como objetivo analisar aspectos ergonmicos do colete ttico,

    buscando compreender a relao usurio-colete, depreendidas a partir de observaes

    assistemtica e sistemtica destes motopatrulheiros com a finalidade de melhorar suas

    condies laborais.

    1.5 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Tem-se como objetivo especfico apresentar uma contribuio sob a forma de

    recomendaes projetuais, relacionando questes referentes ao conforto e usabilidade deste

    dispositivo, buscando conciliar com a utilidade do colete, mantendo a funo ttica, em

    paralelo com a agradabilidade da experincia de uso.

    Neste primeiro captulo apresentada a introduo da dissertao, considerando-se a

    motivao do estudo, o dispositivo a ser estudado, a contextualizao do problema e a

    definio dos objetivos e das hipteses.

    O captulo segundo focaliza a elaborao do referencial terico, baseado na interrelao

    entre ergonomia e sade do trabalhador com nfase no conforto deste, trata-se, dos conceitos

  • 13

    aplicados ao Design, aos requisitos legais existentes na legislao trabalhista, bem como as

    definies referentes a coluna e as patologias as quais so suscetveis.

    No capitulo terceiro apresenta-se a companhia a ser estudada, a ROCAM, tipo de

    atividade desenvolvida, requisitos desejveis e dispositivos utilizados, conceituando-se o

    colete ttico.

    No captulo quarto discorre-se sobre as escolhas dos caminhos para a construo da

    pesquisa, a metodologia aplicada para coleta de dados e a seleo da amostra.

    No captulo quinto apresentam-se os resultados, discorrem-se sobre as entrevistas

    realizadas, os artefatos levantados, os problemas encontrados e a customizao do colete pelo

    usurio.

    O capitulo sexto dedicado anlise e avaliao dos resultados seguindo-se as teorias

    propostas com o intuito de responder a hiptese.

    No stimo e ltimo captulo apresentam-se as concluses do estudo e a indicao de

    desdobramentos para continuidade e aprofundamento da temtica.

    QUADRO RESUMO DA DISSERTAO

    CAPTULO BREVE RESUMO OBJETIVOS

    1

    Introduo

    O capitulo trata da motivao do

    estudo, relatando o dispositivo a

    ser estudado, contextualizando o

    problema e definindo objetivos.

    O capitulo visa explicar o estudo, delimitando o

    problema e justificando-o, elencando objetivos, alm

    de uma explanao breve da metodologia de

    pesquisa.

    2

    Referencial

    Terico

    Trata do referencial terico do

    estudo, devido ao carter

    interdisciplinar os conceitos

    foram agrupados em reas

    semelhantes.

    Este captulo tem por objetivo fornecer uma base

    terica, permitindo ao leitor uma melhor

    compreenso do texto. Inicialmente temos os

    conceitos de ergonomia, design ergonmico,

    usabilidade, requisitos legais e encerra-se com

    informaes sobre a coluna, caractersticas e

    patologias caractersticas.

  • 14

    3

    Motopatrulhamento

    Apresenta a atividade

    realizada e a companhia

    militar a ser estudada.

    Neste captulo conceituada a atividade de

    motopatrulhamento, suas caractersticas e requisitos

    desejveis ao profissional integrante desta.

    Define-se ainda o colete ttico, tipos de materiais utilizados,

    sua confeco e tipos de uso.

    4

    Metodologia

    Neste capitulo discorre-

    se sobre as escolhas dos

    mtodos para coleta de

    dados e seleo da

    amostra

    Mostrar as tcnicas de coletas de dados utilizadas de acordo

    com a adequao do estudo, para tal utilizou-se observaes

    assistemticas, sistemticas com o auxilio de questionrios,

    entrevistas e observaes de forma direta e indireta,

    considerando os sujeitos participantes com o intuito de

    investigar a hiptese.

    4

    Apresentao dos

    Resultados

    Trata da apresentao

    dos resultados. Constitui-

    se de duas partes: da

    customizao do colete

    por parte do usurio e da

    sua relao com o

    dispositivo.

    Discutir o uso do colete ttico, as customizaes realizadas

    pelos usurios, suas limitaes e consequncias do uso

    continuo.

    5

    Resultados e

    Avaliaes

    Apresenta-se a anlise e

    avaliao dos resultados,

    seguindo-se as teorias

    propostas com o intuito

    de responder as hipteses

    levantadas.

    Ao analisar os resultados busca-se confirmar ou no a

    hiptese questionada.

    6

    Concluses e

    Perpesctivas

    Neste capitulo relata-se

    as concluses

    alcanadas.

    Apresentar as concluses do estudo, como o usurio sente-se

    em relao ao dispositivo, formas de utilizao,

    constrangimentos posturais, recomendaes projetuais e

    indicao de desdobramentos para continuidade e

    aprofundamento da temtica.

    2. REFERENCIAL TERICO

    2.1 ERGONOMIA

    2.1.1 Conceitos e definies

    A Associao Internacional de Ergonomia (IEA) adotou a definio de ergonomia como

    uma disciplina cientifica relacionada ao entendimento das interaes entre os seres

  • 15

    humanos e outros elementos ou sistemas, e aplicao de teorias, princpios, dados e

    mtodos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema

    (ABERGO).

    Iida (2005) define a ergonomia como um estudo do relacionamento entre o homem e o

    seu trabalho, equipamento e ambiente, considerando a necessidade da aplicao dos

    conhecimentos de fisiologia, anatomia e psicologia na soluo dos problemas que possam

    surgir no decorrer desta relao.

    Para Couto e Moraes (1999) a ergonomia teve uma evoluo consistente, passando a

    fazer parte do mundo do trabalho, acompanhando as exigncias e desafios deste mercado na

    busca de solues para obter conforto fsico e mental para o trabalhador, adaptando as

    condies de trabalho as caractersticas do individuo, e produtividade para o empregador.

    Segundo Bittencourt (2011), os objetivos prticos da ergonomia so a segurana, o

    conforto, a sade e o bem estar do indivduo na realizao das atividades de trabalho e no seu

    relacionamento com sistemas produtivos.

    Para Paschoarelli e Silva (2010) ergonomia uma cincia formada por um conjunto de

    cincias e tecnologias a procura da adaptao confortvel e produtiva entre o ser humano

    diante de suas atividades de trabalho, procurando basicamente adaptar os elementos do

    sistema as caractersticas humanas.

    Ergonomia como cincia trata de conhecimentos sobre as capacidades, limites e outras

    caractersticas do desempenho humano, como prtica esta compreende a aplicao de

    tecnologia para aumentar a segurana, conforto e qualidade de vida (MORAES E

    MONTALVO, 2012).

    As autoras relatam a busca da Ergonomia, atravs de pesquisas descritivas e

    experimentais aplicadas ao trabalho podem fornecer bases para adaptar ao homem bens de

    consumo e de capital, meios e mtodos de trabalho, planejamento, programao e controle de

    processos de produo, sistemas de informao.

    A Ergonomia tem por intuito resolver os problemas da relao entre homem, mquina,

    equipamentos, ferramentas, programao do trabalho, instrues e informaes, solucionando

    os conflitos entre o humano e o tecnolgico, entre a inteligncia natural e a inteligncia

    artificial nos sistemas homem-mquina.

    Concordamos com Moraes e Montalvo, o ergonomista trabalha a tomada de

    informaes, as estratgias de resoluo de problemas a tomada de decises e as dificuldades

    dos colaboradores.

  • 16

    A Ergonomia usando ferramentas como levantamentos, pareceres tcnicos, proposies e

    avaliaes poder gerar conhecimento de modo a valorizar o trabalho, transformando o

    homem e por consequncia a sociedade.

    2.1.2 Conforto Trmico

    Conforto trmico pode ser definido pela sensao de bem-estar, relacionada com a

    temperatura.

    A temperatura do ar e a umidade, assim como a ao do vento, so fatores importantes

    que agem na sensao ou no de conforto trmico pelo corpo humano.

    As condies climticas do lugar iro contribuir na determinao do conforto, uma vez

    que a temperatura e umidade do ar so modificadas de acordo com o clima especfico de cada

    lugar.

    Segundo ASHRAE Standard 55 (1992), conforto trmico um estado de esprito que

    reflete a satisfao com o ambiente trmico que envolve a pessoa.

    Iida (2005) considera o equilbrio trmico como a primeira condio para o conforto

    trmico, que ocorre quando a quantidade de calor adquirido pelo organismo igual

    quantidade de calor cedido para o meio ambiente, entretanto, no a nica, existem outras

    variveis ambientais e pessoais, que influenciam no conforto trmico. O ser humano possui

    mecanismos de regulao trmica para manter a temperatura corporal mais ou menos

    constante em torno de 37,0C independente da temperatura externa, mantendo-a estvel.

    Condies ambientais como temperatura e umidade influenciam diretamente no

    desempenho do trabalho humano. Segundo Paschoarelli e Silva (2010), em ambientes acima

    de 35,0C a evaporao torna-se o nico mecanismo para o corpo manter seu equilbrio

    trmico. A associao de trabalho fsico pesado e as condies externas inadequadas podem

    provocar um desequilbrio trmico corporal. A tolerncia vai at 39,5C por curtos perodos

    de tempo.

    Para Iida (2005) quando o homem obrigado a suportar altas temperaturas, o seu

    rendimento cai. A velocidade do trabalho diminui, as pausas tornam-se maiores e mais

    frequentes, o grau de concentrao diminui e a frequncia de erros e acidentes tende a

    aumentar de forma considervel, principalmente a partir de 30C.

    O suor faz com que o organismo perca sal, ocasionando queda de sdio, prolongado a

    situao, ocasionam as cibras.

  • 17

    Essas so as situaes vivenciadas durante a jornada habitual do motopatrulheiro,

    vestimentas pesadas, de cor escura, com exposio direta a sol, agrava-se esta quando em

    ocorrncia necessrio um maior esforo fsico, podendo causar a exausto pela somatria de

    fatores, sejam ambientais ou de condicionamento fsico.

    2.2 DESIGN

    Para Preece et al. (2005) design pode ser definido como uma atividade prtica e criativa,

    fazendo com que o produto ao final da sua concepo possa ajudar os usurios a alcanar suas

    metas.

    2.2.1 Design de produto

    O desenvolvimento de produtos uma atividade complexa envolvendo diversos

    interesses e habilidades, seja com consumidores, vendedores, engenheiros de produo,

    designers ou empresrios.

    Para Baxter (2011) a atividade de um desenvolvimento de produto no tarefa simples.

    necessrio pesquisa, planejamento, controle e mtodos de projeto utilizando uma abordagem

    interdisciplinar. As metas devem ser claras e realistas, permitindo visualizar condies para o

    sucesso do produto.

    2.2.1.1 Planejamento do produto

    Para iniciar o processo de planejamento de produto precisa-se esclarecer as intenes de

    inovao formuladas pela empresa, estabelecendo as regras gerais para a concepo e

    aspectos a inovar.

    Uma vez definido estes, pode-se dividir o processo de planejamento em 4 etapas: na

    primeira etapa traada a estratgia de orientao geral e estabelecem-se os objetivos, em

    seguida, parte-se para um estimulo, desenvolvendo-se algo especifico, logo aps inicia-se o

    perodo de pesquisa e anlise das oportunidades e possveis restries, e conclui-se com a

    apresentao do produto, suas especificaes e justificativas.

    2.2.1.2 Necessidades de mercado

    Uma vez feito todo esse processo, o produto poder fracassar caso os projetistas no

    tenham entendido as necessidades do consumidor, condio fundamental para identificar e

    justificar a oportunidade de certo produto.

  • 18

    Para Baxter (2011) o projetista/design basear seus estudos em quatro fontes de

    informao:

    Capacidade de marketing da prpria empresa;

    Pesquisa bibliogrfica;

    Levantamentos qualitativos do mercado;

    Levantamentos quantitativos do mercado.

    Para o sucesso do produto determinante a empresa ter conhecimento do seu mercado,

    assim poder elaborar um produto de oportunidade descobrindo o que os consumidores

    anseiam.

    2.2.2 Ergodesign

    Ergodesign mais do que o somatrio da ergonomia com o design, uma disciplina que

    estuda como o design pode resolver problemas nas mais variadas formas (ergonmicos,

    tcnicos produtivos entre outros), objetivando o conforto e bem estar, atravs de uma interface

    agradvel a qual tornaria o produto atrativo, fcil de aprender, difcil de esquecer de uma

    forma intuitiva, quase automtica. (BESSA, 2013)

    Segundo Paschoarelli e Silva (2010) o Design Ergonmico pode ser caracterizado por um

    segmento do desenvolvimento do projeto do produto, cujo princpio a aplicao do

    conhecimento ergonmico no projeto de dispositivos tecnolgicos, com o objetivo de alcanar

    produtos e sistemas seguros, confortveis, eficientes, efetivos e aceitveis. Ainda segundo o

    autor, nesse contexto, o mtodo para a anlise ergonmica pode apresentar vrios aspectos

    que podem se valer da criatividade do Designer,considerando-se aspectos de conforto que

    incluem ajuste, mobilidade e aceitabilidade trmica, e ainda aspectos psicolgicos, com

    nfase em uma viso holstica da interao do homem com o produto que, alm da adequao

    das caractersticas e limitaes fsico-humanas, tambm considere seu estilo de vida, seus

    sonhos, valores, gostos e desejos.

    Para Oliveira (2006), um posto de trabalho pode ser projetado do ponto de vista

    antropomtrico atendendo todos os requisitos que a legislao exige, e ainda assim no ser

    confortvel, caso variveis como fatores organizacionais e ambientais no sejam

    considerados.

    Concordamos com as definies de Pacoarelli e Silva e as notas de aula obtidas durante o

    Mestrado, portanto adotaremos a definio de Ergodesign sendo um conceito que busca

    satisfazer as necessidades do usurio, resolvendo problemas de conforto e bem estar, dentro

  • 19

    dos conceitos normativos, organizacionais e ambientais, de forma agradvel a qual tornaria o

    produto atrativo, fcil de aprender, difcil de esquecer, de uma forma intuitiva, quase

    automtica.

    2.2.3 Antropometria e sua relao com o ergodesign

    Na concepo de um projeto de produto deve-se buscar referencias nos dados

    antropomtricos, para que este seja utilizado com conforto para o publico alvo desejado,

    independente de tamanho ou sexo. Para o design alcanar as dimenses corporais deve

    considerar em seu projeto os percentuais extremos, alcanando a maioria da populao,

    contudo, no ser 100% atendido.

    Para Quaresma (2001), uma incompatibilidade fsica entre produto e usurio em funo

    de mau dimensionamento pode trazer graves consequncias tanto para o conforto como para a

    usabilidade do produto e para a segurana do sistema.

    Um projeto de ergodesign aplica dados antropomtricos visando atender requisitos para o

    produto funcionar de forma ao usurio realizar a tarefa, para tal considera entre outros, o

    princpios de importncia, da frequncia de uso, o funcional e o de sequencia de uso.

    Para Gomes Filho (2003), o uso de conhecimentos da ergonomia atrelado ao design

    destaca-se em diversos setores dos sistemas de produo visando eliminao ou

    minimizao das doenas e constrangimentos posturais causados por objetos mal projetados.

    2.2.4 Usabilidade

    De acordo com a definio da International Organization for Standardization, usabilidade

    a medida pela qual um produto pode ser usado por usurios especficos para alcanar

    objetivos especficos com eficincia e satisfao em um contexto de uso especfico.

    Preece et al. (2005), afirmam que fundamental considerar o usurio e o ambiente no

    qual ele est inserido, para entender o contexto da atividade no momento da iterao do

    produto, criando assim produtos eficazes no uso e que proporcionem ao usurio uma

    experincia agradvel.

    A norma ISO DIS 9241-11 define usabilidade como eficcia, eficincia e satisfao com

    que os usurios conseguem alcanar suas metas em ambientes particulares, considerando a

    satisfao como nvel de conforto que o usurio sente quando utiliza um produto, e qual

    aceitvel o produto pelo usurio como veculo para atingir suas metas.

    Nielsen (2005), estabelece os dez princpios fundamentais da usabilidade:

  • 20

    1. Visibilidade do status do sistema - o sistema deve sempre manter os usurios

    informados sobre o que est acontecendo, fornecendo feedback apropriado e em

    tempo hbil.

    2. Correspondncia entre o sistema e o mundo real - o sistema deve falar a linguagem

    dos usurios, com palavras, frases e conceitos familiares a este, evitando-se termos

    orientados ao sistema.

    3. Controle do usurio e liberdade - usurios escolhem funes do sistema por engano e

    precisaro de uma sada de fcil visualizao para sair daquela situao de erro sem

    ter que passar por um extenso texto.

    4. Consistncia e padres - os usurios no devem ter receio que diferentes palavras,

    situaes ou aes significam a mesma coisa.

    5. Preveno de erros - a redao e apresentao adequadas das mensagens podero

    evitar acionamentos indevidos.

    6. Reconhecimento ao invs de lembrana Evitar usar a memria do usurio o

    tempo inteiro, fazendo com que cada ao precise ser revista mentalmente antes de

    ser executada. Permita que a interface oferea ajuda contextual, e informaes

    capazes de orientar as aes do usurio ou seja que o sistema dialogue com o

    usurio.

    7. Flexibilidade e eficincia no uso O sistema deve ser flexvel para atender usurios

    leigos e avanados, oferecendo recursos de atalhos podem acelerar a interao do

    usurio com experincia no sistema.

    8. Esttica e design minimalista Deve-se evitar o uso de informaes desnecessrias,

    em texto e design. Os dilogos do sistema devem ser enxutos.

    9. Ajude os usurios a reconhecer, diagnosticar e sanar erros - mensagens de erros

    devem ser claras, no intimidar o usurio e sugerir uma soluo.

    10. Ajuda e documentao - Deve ser visvel, facilmente acessada, e oferecer uma

    ferramenta de busca na ajuda.

    Conclui-se que Usabilidade pode ser considerada como o equilbrio entre o usurio, a

    interface, a tarefa assim como o esforo requerido para realiza-la, dentro de um contexto

    especifico.

  • 21

    2.3 REQUISITOS LEGAIS

    2.3.1 Norma Regulamentadora N. 17

    A Norma Regulamentadora (NR) 17 trata especificamente da ergonomia, estabelecendo

    parmetros que permitam a adaptao das condies de trabalho s caractersticas

    psicofisiolgicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um mximo de conforto,

    segurana e desempenho eficiente.

    Para Gonalves (2006) o campo de atuao da ergonomia abrange a perfeita adequao

    do trabalho do trabalho, da tcnica e do meio ambiente de trabalho ao trabalhador, ou seja,

    objetiva a plena interao homem-mquina, devendo ser considerado os mltiplos aspectos,

    desde o recrutamento e seleo at a formao dos trabalhadores, respeitando-se, sempre, as

    caractersticas psicofisiolgicas destes.

    A aplicao da ergonomia e o respeito as suas normas trouxeram maior respeito s

    individualidades, s necessidades do trabalhador e s normas de grupo (IIDA, 2005).

    A norma visa estabelecer parmetros que permitam a adaptao das condies de

    trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um

    mximo de conforto, segurana e desempenho eficiente.

    A manuteno de uma mesma postura uma postura deve ser o mais breve possvel, pois

    seus efeitos nocivos ou no, sero funo do tempo durante o qual ela ser mantida.

    Todo esforo de manuteno postural leva a uma tenso muscular esttica (isomtrica)

    que pode ser nociva sade.

    Os efeitos fisiolgicos dos esforos estticos esto ligados compresso dos vasos

    sanguneos. O sangue deixa de fluir e o msculo no recebe oxignio nem nutrientes, os

    resduos metablicos no so retirados, acumulando-se e provocando dor e fadiga muscular

    (nota tcnica 60/2001, MTE ).

    Manutenes estticas prolongadas podem tambm induzir ao desgaste das articulaes,

    discos intervertebrais e tendes. A postura de trabalho adotada funo da atividade

    desenvolvida, das exigncias da tarefa (visuais, emprego de foras, preciso dos movimentos

    etc.) dos espaos de trabalho, da ligao do trabalhador com mquinas e equipamentos de

    trabalho como, por exemplo, o acionamento de comandos. As amplitudes de movimentos dos

    segmentos corporais como os braos e a cabea, assim como as exigncias da tarefa em

    termos visuais, de peso ou esforos, influenciam na posio do tronco e no esforo postural,

    tanto no trabalho sentado como no trabalho em p.

  • 22

    2.3.1.1 A postura em p

    O Ministrio do Trabalho e Emprego relata que escolha da postura em p, muitas vezes,

    tem sido justificada por considerar que, nesta posio, as curvaturas da coluna estejam em

    alinhamento correto e que, desta forma, as presses sobre o disco intervertebral seriam

    menores que na posio sentada.

    Por mais econmica que possa ser em termos de energia muscular, a posio em p ideal

    no usualmente mantida por longos perodos, pois as pessoas tendem a utilizar

    alternadamente a perna direita esquerda como apoio, para provavelmente facilitar a circulao

    sangunea ao reduzir as compresses sobre as articulaes.

    Para Jorge (2003) a postura em p durante toda a jornada de trabalho, com movimentos

    repetitivos, leva a dores musculoesquelticas devido a m postura por perodo prolongado.

    A manuteno da postura em p imvel tem ainda as seguintes desvantagens:

    tendncia acumulao do sangue nas pernas o que predispe o aparecimento

    de insuficincia valvular venosa nos membros inferiores, resultando em varizes

    e sensao de peso nas pernas;

    sensaes dolorosas nas superfcies de contato articulares que suportam o peso

    do corpo (ps, joelhos, quadris);

    a tenso muscular permanentemente desenvolvida para manter o equilbrio

    dificulta a execuo de tarefas de preciso;

    a penosidade da posio em p pode ser reforada se o trabalhador tiver ainda

    que manter posturas inadequadas dos braos (acima do ombro, por exemplo,

    inclinao ou toro de tronco etc.;

    a tenso muscular desenvolvida em permanncia para manuteno do

    equilbrio implica em dificuldades para a execuo de trabalhos de preciso.

    2.3.1.2 A postura sentada

    O esforo postural (esttico) e as solicitaes sobre as articulaes so mais limitados na

    postura sentada que na em p. A postura sentada permite melhor controle dos movimentos o

    esforo de equilbrio reduzido. a postura mais indicada para trabalhos que exijam

    preciso.

  • 23

    De maneira geral, os problemas lombares advindos da postura sentada so justificados

    pelo fato de a compresso dos discos intervertebrais serem maior na posio sentada que na

    posio em p.

    No entanto, tais problemas no so apenas decorrentes das cargas que atuam sobre a

    coluna vertebral, mas principalmente da manuteno da postura esttica.

    A imobilidade postural constitui um fator desfavorvel para a nutrio do disco

    intervertebral que dependente do movimento e da variao da postura. A incidncia de dores

    lombares menor quando a posio sentada alternada com a em p, e menor ainda quando

    se podem movimentar os demais segmentos corporais como em pequenos deslocamentos.

    As vantagens da posio sentada vo da baixa solicitao da musculatura dos membros

    inferiores, reduzindo assim a sensao de desconforto e cansao at a facilitao da circulao

    sangunea pelos membros inferiores.

    Por desvantagens temos pequena atividade fsica geral (sedentarismo), adoo de

    posturas desfavorveis (lordose ou cifoses excessivas), m circulao sangunea nos membros

    inferiores, situao agravada quando h compresso da face posterior das coxas ou da

    panturrilha (Figura 1).

    Figura 1 Postura sentada Infogrfico. Fonte: http://www.bloglecom.com.br

    2.4 A COLUNA E SUAS CARACTERSTICAS

    Segundo Iida (2005), a coluna vertebral uma estrutura ssea constituda de 33 vrtebras

    empilhadas, uma sobre as outras. So classificadas em cinco grupos. Iniciando pela cabea

    temos 7 vrtebras localizadas no pescoo e se chamam cervicais. Possuem a importante

  • 24

    funo de apoiar o crnio e facilitar a transferncia de pesos e movimentos de inclinao da

    cabea (Figura 1).

    Figura 2 - Regio Cervical. Fonte: www.vertebrata.com.br.

    O segundo grupo da coluna vertebral esta na regio do trax, possuem 12 vrtebras

    denominadas torcicas ou dorsais, esto posicionadas entre as colunas cervical e lombar

    (Figura 2)

    Figura 3 Regio Torxica. Fonte: www.vertebrata.com.br.

    .

    O terceiro grupo chamado de regio lombar, so constitudas de cinco vrtebras

    localizadas na regio no abdmen e se chamam lombares (Figura 3).

  • 25

    Figura 4 Regio Lombar. www.vertebrata.com.br.

    Segundo Konin (2006) estas so individualizadas das outras vrtebras da coluna

    apresentando corpos vertebrais maiores, aumentando a sustentao das cargas a qual a coluna

    submetida. Em seguida tem-se 5 vrtebras fundidas que formam o sacro e as 4 da

    extremidade inferior so pouco desenvolvidas e constituem o cccix. Estas 9 ltimas vrtebras

    fixas situam-se na regio da bacia e se chamam tambm de sacrococcgeas.(Figura 4)

    Figura 5 Regio Sacrococcgeas. Fonte: www.vertebrata.com.br.

    Interligando as vrtebras tm-se os discos intervertebrais, estruturas gelatinosas

    responsveis pelo amortecimento das presses dos movimentos cotidianos.

    Os discos so constitudos internamente por uma massa viscosa e de um anel fibroso,

    externo de alta resistncia, que envolve o disco.

    As vrtebras tambm se conectam entre si por ligamentos. Os movimentos da coluna

    vertebral tornam-se possveis pela compresso e deformao dos discos e pelo deslizamento

    dos ligamentos.

  • 26

    Conforme pode ser observado na Figura 6, para equilibrar-se, a coluna apresenta trs

    curvaturas: a lordose (concavidade) cervical, cifose (convexidade) torcica e a lordose

    lombar.

    Figura 6- Tipos de patologias. Fonte: Iida, (2005) Ergonomia projeto e produo.

    Desta forma, apenas 24 das 33 vrtebras so flexveis e, destas, as que tm maior

    mobilidade so as cervicais (pescoo) e as lombares (abdominais). As vrtebras torcicas

    esto unidas a 12 pares de costela, formando a caixa torcica, que limitam os movimentos.

  • 27

    As vrtebras sustentam o peso de todas as outras partes situadas acima dela. Assim sendo,

    as vrtebras inferiores so maiores, porque precisam sustentar uma carga maior.

    Sendo uma estrutura delicada, est sujeita a diversas deformaes, sejam elas congnitas

    ou adquiridas durante a vida, por diversas causas, entre elas, m postura no trabalho, esforo

    fsico, tenso emocional, problemas de sustentao, entre outras. Esses fatores podero

    resultar em desconforto e dor.

    2.4.1 Patologias caractersticas

    Segundo S (2002) a coluna cervical est localizada na regio superior, na base da

    cabea, sua funo dar mobilidade e sustentao a esta. A patologia caracterstica desta

    regio chamada de cervicalgia, causando sensao de desconforto causada por fatores

    diversos, incluindo-se a m postura.

    Abaixo da coluna cervical inicia-se a regio torxica ou dorsal, devido flexibilidade

    limitada sofre menor desgaste, entretanto essa rea acometida por dores musculares

    resultantes de fatores emocionais.

    Em seguida temos a coluna lombar, regio de maior flexibilidade, trabalha atravs da

    flexo e extenso do tronco.

    As atividades dirias e rotinas de trabalho podem resultar em desgaste desta, ocasionado

    lombalgias segundo Couto (1995), o termo lombalgia quer dizer simplesmente dor na regio

    lombar, est vulnervel a dores devido absoro de tenses e ansiedades podem levar a

    rigidez muscular (BITECOURT, 2011).

    Para Iida (2005) os casos mais graves de lombalgia provocam fortes dores e podem

    incapacitar a pessoa para o trabalho, em perodos de 3 a 10 dias. De acordo com a gravidade

    da leso, esse perodo pode estender-se para 15 a 30 dias ou at meses.

    As causas detectadas so distenso dos msculos e ligamentos das vrtebras ou

    movimentos bruscos de toro. A situao agrava-se com o envelhecimento, visto que os

    discos tendem a degenerar-se.

    Para Grandjean (2005) ainda so desconhecidos os motivos que levam os discos a perder

    a rigidez e degenerar-se, ocorrendo achatamento destes e em casos mais crticos,

    extravasamento da massa viscosa interna do disco, com isso a mecnica da coluna

    perturbada causando distenses em compresses de tecidos e nervos, causando doenas como

    citicos ou ainda perda do movimento das pernas.

  • 28

    Para Oliveira (2006), qualquer postura mantida de maneira prolongada mal tolerada.

    Sempre que possvel alternncia deve ser realizada, permitindo uma melhor irrigao

    sangunea e consequentemente diminuindo a fadiga em razo dos nutrientes a estes

    transportados.

    Para Kroemer, (2005) problemas na coluna podem ser dolorosos e reduzir a mobilidade e

    vitalidade do usurio, sendo uma das maiores razes para o absentesmo e importante causa

    de invalidez prematura.

    A ocorrncia significativa de problemas na parte inferior da coluna torna-se necessrio

    uma busca no sentido de reduzir a sobrecarga e desgastes destes, uma forma de diagnosticar

    a medida da presso discal, sendo um fator de avaliao de risco de sobrecarga deste sistema.

    3. MOTOPATRULHAMENTO

    Com o crescente aumento da violncia urbana, a utilizao de dispositivos que permitam

    uma rpida atuao tornou-se essencial para desenvolvimento das atividades policiais, em

    destaque aos que trabalham na rua com o combate criminalidade em confronto com

    bandidos.

    A criminalidade passa por significativas mudanas, sendo necessrio o aperfeioamento

    dos rgos de segurana pblica, no que tange a preveno do delito e aplicao de tcnicas,

    tecnologias e planejamentos estratgicos adequados s novas realidades, sempre respaldados

    na defesa dos direitos da pessoa humana, tratados, convenes, princpios e cdigos

    internacionais de uso da fora.

    Com o nmero crescente de motocicletas e veculos automotores, o trafego pesado

    ocasionando dificuldade de acesso e mobilidade nas regies metropolitanas, as incidncias

    criminais tm afetado sobremaneira as pessoas, em especial os crimes cometidos de

    motocicletas e auxilio de passageiro (garupa) rotina esta vivenciada em vrios municpios

    brasileiros, exigindo novas estratgias dos encarregados de aplicar a lei para preveno desses

    delitos.

    Neste cenrio surge o motopatrulhamento, uma atividade policial voltada para o

    policiamento preventivo-repressivo com o emprego de motocicletas e doutrina ttica. Neste

    tipo de policiamento emprega-se o uso motocicletas, sendo estas pilotadas por policiais

    treinados para tal funo.

    Segundo o relatrio da Doutrina Nacional de Policiamento com Motocicletas (2010),

    emitido pelo Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Segurana Pblica em conjunto

  • 29

    com o Departamento de Polticas, Programas e Projetos, o motopatrulhamento poder atender

    s seguintes demandas com maior rapidez em razo das seguintes peculariedades:

    A. Os criminosos que cometem roubos, furtos, latrocnios e homicdios utilizando a

    motocicleta como meio de fuga, beneficia-se da facilidade de esconder os dgitos da

    placa de identificao do veculo, do anonimato permitido pelo uso do capacete e

    agilidade da motocicleta, que permite chegar aos locais de difcil acesso como becos e

    ruelas, subir escadarias, cruzando canteiros centrais e caladas.

    A eficcia e eficincia da policia em prevenir essa modalidade criminosa somente

    com emprego de viaturas convencionais (mais empregadas em nosso pas) fica

    comprometida diante das facilidades de acesso acima mencionadas;

    B. A maioria desses criminosos utiliza um comparsa (garupa), que est com as mos

    livres, para fazer empunhadura e visada com uma arma de fogo, inclusive

    preparado para reagir contra a polcia, a exemplo das saidinhas de banco,

    homicdios encomendados tpicos de grupos de extermnio, latrocnios, roubos, furtos

    entre outros crimes.

    3.1 PERFIL DO MOTOPATRULHEIRO

    Pela natureza especifica da ocupao o perfil desejado para o motopatrulheiro dever atender

    as seguintes requisitos: Ser profissional de segurana pblica, devendo possuir um

    comportamento condizente com a atividade. Nas policias militares, considera-se requisito

    mnimo o Bom comportamento. A habilitao na categoria A regra legal, nenhum

    policial dever atuar com motocicletas se no possuir habilitao em conformidade com a

    legislao de trnsito. Porm, somente a Carteira Nacional de Habilitao, no habilita um

    profissional de segurana a atuar na preveno a criminalidade utilizando uma motocicleta,

    pois, exige-se treinamento especfico, predisposio a atuar com esse tipo de veiculo e grande

    afinidade com motocicletas.

    3.2 CONDIES AMBIENTAIS X ESCALA DE SERVIO

    O desgaste provocado pelas intempries climticas, calor desprendido do motor das

    motocicletas, peso do fardamento, equipamento e armamento, tenso provocada pela

    pilotagem policial, sobrecarga fisiolgica na coluna, nos membros superiores e inferiores, e o

    trfego realizado nas vias durante o policiamento ostensivo, so fatores que exige uma postura

  • 30

    diferenciada da Corporao para que esses profissionais estejam sempre satisfeitos e

    motivados para o trabalho dirio.

    A escala de servio deve levar em considerao as limitaes fsicas do profissional de

    segurana pblica, a realidade de cada instituio, efetivo e peculiaridades regionais de forma

    a considerar os desgastes provocados pela modalidade de policiamento com motocicletas.

    3.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

    Segundo o decreto N 19.255, DE 25 DE JULHO DE 2006 a Companhia de Rondas

    Ostensivas com Apoio de Motocicletas (ROCAM), tem sede em Natal e sua rea de emprego

    que compreende a rea de jurisdio territorial do Comando de Policiamento da capital

    CPC, com as seguintes atribuies:

    I. Desenvolver atividades de preservao da ordem pblica, com patrulhamento ttico

    mvel com emprego de motocicletas;

    II. Realizar policiamento ostensivo geral, com o emprego de motocicletas, em locais onde

    se presuma ser possvel a perturbao da ordem pblica;

    III. Atuar de maneira repressiva em caso de perturbao da ordem pblica, onde haja

    ocorrncias de natureza especial, tais como:

    a. apoio externo em rebelies nos estabelecimentos prisionais;

    b. apoio nas ocorrncias de roubo a bancos ou a estabelecimentos comerciais;

    c. apoio em escolta de presos de alta periculosidade;

    O motopatrulhamento realizado todos os dias em diversas reas de Natal e interior do

    estado, permitindo uma maior agilidade no atendimento a ocorrncias policiais.

    3.4 REQUISITOS DESEJVEIS

    Os equipamentos necessrios para o desempenho do motopatrulhamento esto listados na

    Ata do I Simpsio Nacional de Motopatrulhamento Policial, realizado em outubro de 2009 no

    estado da Paraba com as representaes de cada instituio:

    Aos trinta dias do ms de outubro do ano de dois mil e nove reunidos no Centro de Educao da Polcia Militar da Paraba, onde se encontravam os

    servidores pblicos abaixo assinado representando as respectivas

    Instituies, realizou-se o I SIMPSIO NACIONAL DE MOTOPATRULHAMENTO POLICIAL, no qual foram apresentadas 05

    palestras, momento em que reuniram-se todos os participantes em grupos de

    trabalhos onde deliberaram, discutiram e aprovaram por maioria de votos e aclamao dos participantes de cada grupo de trabalho, chegando-se a

    concluso que como sugestes para o emprego da motocicleta na atividade

    de segurana pblica, apontou-se como sugesto para o tipo de motocicleta

  • 31

    com potencia entre 250cc e 300cc, para o policiamento ostensivo ordinrio

    (...).

    No referente a equipamento de proteo individual tem-se os seguintes itens: capacete articulado de viseira anti-risco com uma tecla frontal de

    liberao, colete anti-balstico masculino e feminino multi ameaa,

    joelheira/caneleira articulada em polmero, cotoveleira articulada em

    polmero, luvas tticas em kevlar, protetor de coluna articulado, rdio comunicador com acionamento remoto, coturno de performance e bom

    conforto, para o policiamento ordinrio e batedor o armamento de porte

    calibre .40 e arma menos que letal, pistola com principio de funcionamento de eletrochoque de alta voltagem e baixa amperagem;

    (...) quanto malha curricular mnima com as seguintes disciplinas:

    gerenciamento de crises, primeiros socorros, direitos humanos, relaes

    interpessoais, tiro policial com mtodo e escalonamento da forca, noes de mecnica, tcnicas de abordagem, legislao de trnsito, noes bsicas de

    escoltas e batedor, educao fsica..

    3.5 SOBRE A ROCAM

    Criada pelo Decreto n 19.255, de 25 de julho de 2006, a Companhia de Rondas

    Ostensivas com Apoio de Motocicletas - ROCAM um rgo de execuo e Unidade

    Operacional subordinada ao Comando de Policiamento Metropolitano (CPM). ROCAM

    compete o desenvolvimento de atividades de preservao da ordem pblica, com o

    patrulhamento ttico mvel com emprego de motocicletas. A companhia ainda atua no apoio

    externo em rebelies nos estabelecimentos prisionais, alm de dar o apoio necessrio em

    escolta de presos de alta periculosidade. Realiza diariamente policiamento ostensivo de

    diversos municpios do Estado do Rio Grande do Norte, garantindo a segurana dos cidados

    norte-rio-grandenses.

    Tem por sede o Complexo Ttico Operacional (CTO) localizados na Av. Miguel

    Castro, s/n, Lagoa Nova, em Natal/RN e um dos equipamentos indispensveis para o pessoal

    da ROCAM o colete ttico.

    4. METODOLOGIA

    4.1 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Durante a pesquisa, para a elaborao do questionrio, realizou-se observaes

    assistemticas dos policiais no desenvolver de suas atividades, com o intuito de armazenar

    informaes para a construo do questionrio, para tal utilizou-se da bibliografia citada nas

    referncias, documentos institucionais e as observaes proferidas pelos prprios policiais.

  • 32

    Assim foi possvel elaborar um questionrio com 20 questes abordando aspectos

    referentes frequncia de uso, conforto, objetos carregados em cada colete e a posio do

    policial usurio a respeito do desconforto, com espao para criticas ou sugestes.

    Antes de iniciarmos a entrevista, foi solicitado ao comando da ROCAM, autorizao para

    as observaes, explicitado os termos da investigao e o objetivo proposto.

    Por sugesto deste as entrevistas e testes foram realizados no auditrio da companhia

    acima citada.

    Nesta etapa iniciou-se a observao sistemtica, em ambiente controlado.

    Foram realizadas observaes diretas e indiretas no local de trabalho do Policial da

    ROCAM; foram aplicadas entrevistas estruturadas, auxiliadas por questionrios com

    perguntas abertas e fechadas.

    A pesquisa considerou a sensao trmica no artefato/vestimenta analisado e concluiu

    como vlido a aplicao de questionrios para avaliar este parmetro.

    A estratgia adotada para a investigao foi triangulao, nesta, utilizam-se mais de

    uma tcnica para coleta de dados, obtm-se diferentes perspectivas: as fornecidas pelas

    observaes sistemticas e assistemticas, confrontando com as entrevistas, e questionrios.

    Desta forma confirmam-se descobertas, tornando os resultados mais vlidos. Assim, pudemos

    comparar as informaes fornecidas nos questionrios, com os dados oriundos da observao

    e registros fotogrficos para verificar correlaes com as respostas apresentadas. A

    triangulao validou os resultados.

    4.2 POPULAO E AMOSTRA

    A populao investigada durante o levantamento de dados era composta por um grupo de

    e policiais da Polcia Militar do Rio Grande do Norte, integrantes da companhia especializada,

    nomeada ROCAM, estes realizam motopatrulhamento com motocicletas.

    A companhia possui 140 homens e se caracteriza por apresentar jornada de trabalho de

    segunda sexta feira, nos horrios de 07h00min s 23h00min; e aos sbados e domingos, de

    08h00min s 22h30min, ambos com pausas para o almoo e jantar com durao mdia de

    uma hora a serem definidas dentro de uma faixa de horrio flexvel, por exemplo, (11h00min

    as 13h00min, ou 12h00min as 14h00min) visando no deixar reas sem cobertura policial,

    podendo ser alterada pela chefia da equipe. A escala de servio do policial possui jornada

    mdia de 16horas, intercaladas com folgas de 48 horas.

    Da populao (N=140), foi extrada uma amostra de 16 policiais militares.

  • 33

    Foi realizado um pr teste com 5 destes voluntrios, com este pode-se fazer ajustes nas

    escalas, tornando-a mais clara ao entrevistado. Alterou-se ainda a forma como foi abordada a

    idade, criando-se faixas ao invs de perguntar diretamente. Aps realizados os ajustes,

    retornou-se a companhia para a aplicao do questionrio final. Participaram desta 11

    indivduos. Todos os policiais militares que responderam ao questionrio so do servio ativo,

    trabalham no setor operacional, na rea de jurisdio do ROCAM e todos utilizam o colete

    ttico.

    Por tratar-se de amostra no probabilstica, no foi realizado clculo de tamanho da

    amostra.

    4.3 COLETA DE DADOS

    Para a coleta dos dados, utilizaram-se diversos recursos de investigao: (1) foram feitos

    levantamentos documentais em in locu para delimitar o contexto e o objeto de uso; (2)

    entrevistas estruturadas com o auxilio do questionrio padronizado, cujas perguntas foram

    apresentadas a todos os sujeitos, exatamente com as mesmas palavras e mesma ordem; (3)

    Observao direta dos sujeitos; (4) observao indireta utilizando-se uma cmera fotogrfica

    Sony W125. A coleta foi feita em ambiente controlado, realizada no auditrio da companhia.

    Aos policias voluntrios, foi esclarecido que na pesquisa nenhum sujeito seria identificado.

    Foram escolhidos 11 policiais militares de forma aleatria entre os voluntrios, tendo

    como requisito, disponibilidade de horrio e que estivessem utilizando o colete ttico.

    Foi feita uma breve explanao explicando objetivos, esclarecendo como seria a

    participao do usurio, informando o objeto a ser pesquisado, tempo mdio do processo,

    garantia de confidencialidade, privacidade dos sujeitos e assinatura do termo de

    consentimento.

    4.3.1 Questionrio

    Questionrio pode ser definido como um formulrio impresso com perguntas a serem

    respondidas pelo pblico alvo, a fim de fornecer os dados necessrios pesquisa, anlise ou

    observao. (Barbosa e Silva, 2012).

    Para Moraes e MontAlvo, o termo pode designar instrumentos diferentes, como

    entrevistas, formulrios, teste ou enquete.

  • 34

    Para minimizar os erros inerentes aos questionrios considerou-se que estes apresentam

    falhas, sendo, portanto, fundamental a aplicao de um pr-teste para que alguns problemas

    sejam corrigidos (Bessa, 2003).

    Juntamente com o questionrio, realizamos a observao direta onde se aplica

    diretamente os sentidos sobre o fenmeno que deseja. Utilizamos observao direta para

    entender o contexto de utilizao do dispositivo, questionrios para obteno de respostas, e

    observao indireta, nesta ultima utiliza-se instrumentos para registrar a informao que se

    deseja obter. (Moraes, 2012).

    Os questionamentos tratavam de como o colete ttico era utilizado e as percepes do

    usurio durante sua jornada de trabalho.

    4.3.2 Entrevistas

    As entrevistas estruturadas com o auxilio de questionrio foram realizadas com o intuito

    de conhecer o usurio do colete ttico e sua relao com este artefato.

    Entrevistas podem ser definidas como tcnicas em que o investigador se apresente frente

    ao investigado, onde lhe so formuladas perguntas com o objetivo de obter dados referentes

    ao assunto de interesse (Moraes e MontAlvo, 2012).

    Para Barbosa e Silva (2012) uma coleta de dados a qual envolve uma conversa guiada

    por um roteiro de perguntas, estas podem ser abertas ou fechadas. Na primeira opo no h

    opes de resposta, utilizada para natureza investigatria, buscando a opinio do usurio

    sobre determinado tema. Nas perguntas fechadas h um conjunto de opes de respostas

    predefinido, deve-se, no entanto ter o cuidado para as opes oferecidas no influenciarem o

    usurio, podendo tornar tendenciosa ou influencivel. No nosso caso, para evitar este tipo de

    problema foram utilizadas duas escalas de avaliao, a escala de valores Likert, e a escala de

    diferenciais semnticos.

    J na escala de diferenciais semnticos explora-se atitudes bipolares sobre um item

    particular, utilizada escala de valores de numero impar para obteno de respostas,

    conforme exemplo abaixo:

    Ex: Como voc classifica o conforto trmico?

    Bastante confortvel 1 2 3 4 5 Muito desconfortvel

  • 35

    5. APRESENTAO DOS DADOS

    5.1 COLETE TTICO

    O colete ttico um artefato vestvel de uso obrigatrio utilizado por cima do tecido da

    farda e do colete balstico ou ainda com as placas de proteo balstica inseridos nele. Neste o

    policial carrega diversos itens alguns considerados essenciais outros no, ao desenvolvimento

    de suas atividades, quase nunca seguindo a indicao de uso do fabricante (Figura 7). Possui

    diversos compartimentos costurados sobre si permitindo ao policial transportar vrios

    equipamentos: algema, coldre (arma), rdio, carregadores extras para pistola, bolsa de

    hidratao (Camelbak), cordas, fogos de artifcios, celulares, espelho com haste extensvel, kit

    de primeiros socorros, fita zebrada de demarcao, entre outros (Figura 8). Cada policial

    escolhe o que pode ser necessrio levar em seu dispositivo, no existe uma regra que os

    condicione a levar isto ou aquilo.

    Figura 7 Vista frontal do colete padro com indicao de uso pelo fabricante. Fonte: O autor.

  • 36

    Figura 8 Viso posterior do colete padro com indicao de uso do fabricante. Fonte: O autor.

    5.1.1 Tipos de coletes tticos

    Os coletes tticos so usados em diversas atividades, inclusive lazer, pode-se utiliz-lo

    em jogos tipo Paint Ball entre outras atividades. Os destinados segurana patrimonial e

    pessoal podero possuir um compartimento interno para acomodar a placa balstica, ambos os

    tipos, com ou sem placa inserida so utilizados por cima do fardamento militar, de maneira

    visvel, ostensiva, permitindo assim ao usurio alcance dos dispositivos nele afixados.

    5.1.1.1 Colete Pretoriano

    Neste tipo de colete temos fitas de velcro costuradas por toda a extenso do colete com

    resultando assim em um melhor aproveitamento do colete para uso de bolsos diversos e de

    formas diversas, visto que a customizao livre ao usurio. A tecnologia aplicada a este

    colete denominada MOLLE equipamento modular para carga leve (Figura 9).

    O sistema MOLLE um padro militar destinado a compatibilizar acessrios em um

    colete ou sistema base, permitindo que este seja configurado e adaptado s necessidades

    especficas da funo e misso do operacional. A plataforma bsica de um colete deste

    sistema possui uma srie de encaixes frontais, laterais e costas que permite a fixao de

    diversos acessrios para transporte de carga complexas e versteis, com um mnimo de gastos.

    Existem diversos tipos de acessrios, dentre eles, mochilas com vrias adaptaes e

    capacidades alm de sacos, bolsas, porta rdio, porta granada, porta carregadores e todo um

  • 37

    vasto conjunto de equipamentos compatveis com o sistema. Os bolsos e acessrios MOLLE

    so feitos por fitas em polipropileno com botes de presso, que transpassando entre as fitas

    dos coletes obtm tima fixao do equipamento.

    Figura 9 Exemplos de coletes. Fonte: Catlogo Warfare 2012.

    Detalhe das fitas de fixao

    5.1.1.2 Colete Operacional

    Neste tipo de colete os bolsos so costurados ao corpo deste, no permitindo

    customizao da posio dos compartimentos, os bolsos tem indicaes de uso pelo

    fabricante, contudo os usurios o utilizam de formas diversas e o uso indicado pode ou no ser

    seguido pelo usurio.

  • 38

    Ser o modelo analisado por este documento (Figura 10).

    Figura 10 Colete Ttico Operacional. Fonte: Acervo do autor.

    5.1.2 Materiais utilizados

    Os coletes diferem quanto ao material de fabricao, temos o Cordura, marca registrada

    da InvistaTM para tecidos de altssima durabilidade, produzido com fios de poliamida 6.6

    de caractersticas de alta tenacidade, com resistncia a ruptura, abraso, rasgamento e

    perfurao, alm de no formar pilling (bolinhas), leve, fcil de lavar, seca rapidamente, no

    mofa. Quando submetido a acabamento de resinas ou Teflon, podem adquirir caractersticas

    de repelncia gua, leo, retardante de chamas, entre outras.

    O material utilizado na confeco da parte externa do colete ttico objeto da pesquisa

    denominado Ripstop (rip rasgo em ingls, e stop parar) um tipo de tecido na sua

    composio possuem fios de nylon dispostos de maneira quadriculada, devido geometria das

    tramas possuem alta resistncia, impedindo que ele seja desfiado quando rasgado.

    5.1.3 Confeco do colete

    O Colete ttico um conjunto de peas para guarda e transporte de equipamento de uso

    individual, visando atender, em tese, s necessidades de usurios da rea de segurana

    ostensiva.

    O colete propriamente dito formado por estojo para carregador de fuzil, em quantidades

    variveis; compartimento para rdio transceptor; bolso de uso geral; porta carregador de

    pistola; coldre de saque rpido; porta algema compartimento para insero de mochila de

    hidratao, entre outros.

  • 39

    Os compartimentos externos so fixados na base do colete investigado atravs de

    costuras, impedindo a mobilidade ou customizao dos compartimentos.

    confeccionado em nylon Ripstop de alta resistncia a furos e rasgos, devido as suas

    tramas serem cruzadas de forma vertical e horizontal, o revestimento interno mais utilizado

    o tecido aerado MESH AIR permitindo uma melhor transpirao se comparado aos demais

    tecidos.

    5.1.4 Formas de uso

    O colete ttico pode ser usado da seguinte forma, por cima do colete balstico, ou por

    cima da farda e com as placas balsticas inseridas no prprio colete (Figura 11).

    Figura 11 Formas de uso do colete. Fonte: Acervo do autor.

    De acordo com o modelo, existe, pelo fabricante, a indicao de uso dos compartimentos

    fixados neste, no entanto estas podem no ser seguidas pelos usurios.

    Participaram deste estudo 11 indivduos todos do sexo masculino com faixa etria de 30

    anos a 39 anos.

    O posto de trabalho o motopatrulhamento, neste, utilizado a motoviatura (Figura 12)

    para atender as ocorrncias e realizar o patrulhamento de rotina, a motocicleta foi adaptada

    com dispositivos exclusivos para esta funo.

  • 40

    Figura 12 Motoviatura. Fonte: Acervo do autor.

    A carga horria dos usurios de 16 horas dirias com folgas intercaladas de 2 dias.

    5.2 O QUESTIONRIO APLICADO

    Seguem abaixo transcrio das perguntas do questionrio apresentadas aos entrevistados.

    Primeira questo

    A primeira questo indaga sobre o uso de colete ttico, se o usurio o utiliza, atendendo

    ao objeto da pesquisa, neste item foi alcanada a totalidade.

    Como complemento a questo quis saber a razo do uso, a motivao.

    Nesta pergunta, por ser do tipo aberta as respostas variaram consideravelmente. Enquanto

    alguns usurios destacavam a utilidade para carregar os acessrios, equipamento necessrio a

    desempenhar o bom trabalho policial, equipamento esse que o governo no paga, outro

    usurio relatou usar exclusivamente devido ser obrigatrio, se no o fosse, no usaria.

    Segunda questo

    Com a segunda questo buscou-se descobrir a frequncia de uso do colete ttico. Se

    diariamente, semanalmente, mensalmente ou outro perodo.

    Observou-se que 55% dos usurios o utilizam a cada 2 dias, 36% utilizam a cada 3 dias e

    9% relatou utiliza-lo 10 dias no ms. As respostas no dependem da escala de trabalho da

    companhia, visto que se pode fazer extra em dia de folga. (Diria Operacional).

  • 41

    Terceira questo

    A terceira questo indagou sobre como o usurio classifica o conforto trmico do colete,

    utilizando a escala de likert para dois extremos, bastante confortvel e muito desconfortvel,

    para esta o resultado foi que 80% consideraram muito desconfortvel o colete quanto

    sensao trmica.

    Quarta Questo

    Atravs desta questo tentou-se levantar os dispositivos que o usurio transportava

    consigo no colete ttico, tinham-se as seguintes alternativas: rdio algema metlica, algema

    plstica, coldre, pistola, lanterna, camel bak, carteira/ celular e um espao com a indicao

    outros.

    No item outros, foram relacionados os seguintes objetos: corda de rapel, preservativo,

    gesso, fita zebrada, espelho de mecnico, faco, faca de combate (Figura 13) algema, pistola,

    carregador, carteira, caneta, celular, spray de pimenta, rapadura, camelbak (mochila de

    hidratao) lacres plsticos, fogos de artifcio, bloco de papel, apito, binculo, lanterna, rdio

    comunicador e luvas descartveis.

    Figura 13 Faca de combate. Fonte: www.buscalapa.com.br

    Os usurios que utilizavam a pistola presa ao coldre atravs do fiel (dispositivo retrtil

    preso ao cinto que evita queda da pistola ao solo, mantendo a arma prxima ao usurio.

    Conforme Figura 14) somaram 95%.

  • 42

    Figura 14 Pistola com fiel retrtil. Fonte: www.combatonline.com.br

    Um usurio relatou no utilizar a pistola no colete porque a considerava pesada, utilizava

    presa a coxa.

    Pela observao direta percebeu-se que 63% dos usurios utilizavam duas pistolas. Uma

    do servio e outra de uso particular. Indagado pela necessidade de portar duas armas, obteve-

    se como resposta no confiar na manuteno da pistola da polcia.

    Quinta questo

    A quinta questo indaga sobre o uso do camelbak (mochila de hidratao).

    Verificou-se que os usurios no utilizam o camel bak para hidratao por considerar o

    peso excessivo. Trs usurios utilizavam o compartimento destinado a este como mochila de

    uso geral.

    Sexta questo

    A sexta questo trata sobre pausas autorizadas durante a jornada de trabalho. As

    alternativas eram: no existe, existe e de quanto tempo.

    Ocorreram respostas diversas neste item. Para seis usurios a pausa concedida seria de 1

    hora por intervalo, sendo 1 hora para o almoo e 1 hora para o jantar. Trs usurios disseram

    que a pausa varia de acordo com o comandante da equipe com perodos de 30 minutos a 60

    minutos. Para dois usurios no existem horrio especifico devido inexistncia desta pausa

    no regimento da companhia.

  • 43

    Stima questo

    O objetivo desta questo seria verificar o tipo de transporte utilizado pelo policial para

    deslocar-se no percurso residncia/trabalho/residncia. Quis investigar se o usurio j chegava

    ao servio com desconforto lombar ocasionado pelo uso da motocicleta neste trajeto. Quatro

    usurios realizavam o percurso utilizando-se da motoviatura, seis usurios deslocavam-se de

    carro particular e um usurio utilizava o sistema de transporte publico coletivo.

    Oitava questo

    Nesta, com alternativas do tipo sim e no inquiriu-se sobre o uso de dispositivo de

    proteo lombar durante o servio, para est foi obtido 100% de respostas negativas.

    Nona questo

    A questo nove tratava sobre acidente durante o servio, as alternativas disponveis eram:

    sofri e no sofri. Foram relatados 6 acidentes. Trs colises motoviatura-carro durante

    deslocamento para atender ocorrncia, uma coliso motoviatura-carro durante deslocamento

    em patrulhamento de rotina, e duas fechadas ocasionando perda de controle do veculo com

    leses devido queda.

    Dcima questo

    Como o usurio classifica a tarefa de operar o rdio durante o motopatrulhamento sob o

    parmetro do conforto. As opes disponveis: confortvel, no confortvel. Todos os

    usurios afirmaram no ser confortvel.

    Dcima primeira questo

    Esta questo tinha por objetivo descobrir como o policial avaliava a atividade de operar o

    rdio durante o deslocamento, tendo por alternativas a escala de Liket, com os extremos

    difcil e fcil com faixa de valores de 1 at 5, seguida da pergunta aberta, por qu.

    Os entrevistados consideraram grande dificuldade na realizao da tarefa, os motivos

    variaram entre soltar o comando da moto para operar o rdio, interferncia do vento e rudo

    externo.

    Um usurio considerou fcil operar o rdio porque no precisava olhar, contudo o rudo

    do vento o atrapalhava.

    Dcima segunda questo

    A questo tratava como o usurio sentia-se durante o deslocamento utilizando o colete

    ttico, as alternativas oferecidas foram: incomoda, no incomoda. Teve-se um percentual

    prximo para ambas as alternativas. Um usurio citou a perda de mobilidade como um fator a

  • 44

    incomodar, outro citou o fator trmico como incomodo, ainda foi citado que o material do

    colete demora muito pra secar, impedindo assim, sua lavagem.

    Dcima terceira questo

    Esta questo tratava das ausncias das atividades por dores lombares. As alternativas

    propostas eram: j ausentou-se por dores lombares, nunca se ausentou por dores lombares.

    Nesta obtivemos que 8 usurios afirmaram ter sofrido afastamento devido a dores

    lombares.

    Dcima quarta questo

    Questo complemento da anterior indagava o perodo de afastamento e indagava sobre a

    quantidade de dias afastados. As ausncias variaram entre 2 dias e 60 dias, sendo distribudas

    da seguinte forma. Dois usurios ficaram 2 dias afastados, 4 usurios 15 dias afastados 1

    usurio 30 dias afastado e outro usurio 60 dias afastado.

    Dcima quinta questo

    Buscando-se investigar como o policial sentia-se ao final do servio quanto a incmodos

    em partes do corpo, perguntou-se: ao final do servio voc: as opes de respostas foram:

    sente incomodo em alguma parte do corpo, no sente incomodo em nenhuma parte do

    corpo. Para esta os resultados foram unanimes, todos sentem incomodo em alguma parte do

    corpo.

    Dcima sexta questo

    A questo mostrava uma figura numerada (Figura 15) e solicitava ao usurio marcar um

    X na regio do corpo afetado pelo incomodo. Conforme figura abaixo foi indicada

    desconforto em algumas reas do corpo, com nfase na regio lombar posterior inclusive

    pescoo e pernas.

  • 45

    Figura 15 Figura integrante do questionrio. Fonte: Adaptado de Corlett & Manenica (1980).

    Dcima stima questo

    A questo tratava da prtica de exerccio pelos usurios e a frequncia destes. As opes

    de resposta oferecidas eram: sim, no qual exerccio e com que frequncia.

    Trs entrevistados mencionaram praticar caminhada trs vezes na semana, um usurio

    praticante de musculao em academia, com frequncia de duas vezes por semana e os demais

    esto parado por falta de tempo.

    Dcima oitava questo

    Nesta questo objetiva-se ver como o usurio receberia a sugesto de exerccios de

    alongamento de curta durao antes de assumir o servio. Perguntava-se qual a sua opinio

    sobre fazer exerccios de alongamento de curta durao antes de assumir o servio?. As

    opes de resposta oferecidas foram: contribui para reduzir incomodo, no tem influncia,

  • 46

    depende do horrio inicial e atrapalha o servio. Todos os usurios afirmaram que contribuiria

    para reduzir o incomodo.

    Dcima nona questo.

    A questo tratava da faixa de idade do entrevistado, foi dividida em faixas buscando

    reduzir quaisquer constrangimentos que o usurio tivesse quanto a informar a idade. Foram

    oferecidas as seguintes faixas: menos de 30, 30-39, 40-49 e 50 ou superior. O publico marcou

    faixa 30-39, sendo todos inclusos nesta.

    Vigsima questo

    Tratava de uma pergunta do tipo aberta, onde se perguntava se o policial teria algo que

    gostaria de falar sobre o seu trabalho, critica ou sugesto.

    De inicio todos diziam estar tudo tem, contudo ao esclarecer que no era preciso ser uma

    reclamao, que poderia ser uma sugesto, as respostas comearam a aparecer.

    Apesar de se dizer satisfeito, o usurio sugere trocar a moto, pois a atual no projetada

    para o asfalto, a suspenso dura, recebe o impacto e no absorve..

    Outro usurio diz o mesmo, porm com outras palavras: Tem que trocar as motos, essas

    no prestam, por causa do conforto. A suspenso insuficiente, ao invs de amortecer a

    pancada, ela contribui para as leses. No atinge o objetivo de absorver os impactos do

    terreno, outro usurio relatou: O tipo de motocicleta deveria mudar, os policiais deveriam

    ser consultados com antecedncia a compra dos veculos e deveria existir um

    acompanhamento fsico teraputico quanto ao servio..

    Citou-se ainda a questo da escala de servio, que a consideravam exaustiva, que deveria

    ser em menos horas em cima das motos..

    5.3 QUESTIONRIO X OBSERVAO (DIRETA /INDIRETA)

    5.3.1 Artefatos levantados

    O colete ttico como j foi dito anteriormente uma espcie de porta objetos vestvel,

    onde so levados os artefatos considerados pelos policiais como necessrios (ou no).

    Observou-se entre os entrevistados que o colete continha: corda de rapel, preservativo,

    gesso, fita zebrada, espelho de mecnico, faco, faca de combate, algema, pistola, carregador,

    carteira, caneta, celular, spray de pimenta, rapadura, camelbak (mochila de hidratao) lacres

    plsticos (para imobilizao similar a algema, sem o constrangimento desta) fogos de

    artifcio, bloco de papel, apito, binculo, lanterna, rdio comunicador e luvas descartveis.

  • 47

    5.3.2 Problemas encontrados

    Foram relatadas diversas queixas sobre o colete: o tipo de tecido utilizado, o desconforto

    no uso, a obrigatoriedade de utiliza-lo, a disposio dos compartimentos, o sistemas de ajuste

    do colete e formas de uso e peso. Seguem abaixo algumas transcries colhidas: Bolso para

    carregador engancha na hora de retirar o carregador, prende nas tirinhas, perigoso, o

    saque no rpido, no anatmico. (Figura 16).

    Figura 16 Porta carregador no abre livremente devido ao bolso multiuso. Fonte: Acervo do autor.

    5.3.2.1 Sistema de ajuste

    Os usurios informaram na pesquisa a insatisfao com relao ao sistema de ajuste, o

    consideram confuso e trabalhoso, a regulagem superior do ajuste utiliza velcro e engate

    plstico dispensando muito tempo para a regulagem conforme indicao do fabricante. Para

    solucionar tal dificuldade, eles adotam deixar o engate solto para no forar o ombro e o

    msculo do pescoo (Figura 17).

  • 48

    Figura 17 Sistema de ajuste do colete com engates no utilizados. Fonte: Acervo do autor.

    5.3.2.2 Bolso Frontal

    Alguns usurios relataram que no utilizam o bolso frontal para colocar documentos ou a

    carteira como indicado pelo fabricante, alegam no ser seguro porque o velcro que o

    mantm fechado fica ruim logo e correndo o bolso abre e se perde as coisas (

    Figura 18).

    Figura 18 Bolso frontal com velcro inoperante, mantendo-o aberto. Fonte: Acervo do autor.

  • 49

    Figura 19 Engate quebrado consertado pelo usurio com fita isolante. Fonte: Acervo do autor.

    5.3.3 Desconforto/dores

    Os resultados baseados na figura apontaram as regies de maior percepo de

    desconforto

    Os policiais relataram sentir desconforto moderado na regio lombar, ocorrendo

    incidncia significativa nas reas destacadas.

    Postura de trabalho Possveis consequncias

    De p no lugar Ps e pernas; provvel ocorrncia de veias

    varicosas.

    Tronco inclinado para frente na postura

    montada ou de p.

    Pescoo e lombar; possibilidade de

    deteriorao dos discos intervertebrais.

    O desconforto, relatado por eles, na regio lombar pode estar associada ao colete ttico e

    a posio de pilotagem da moto devido postura curvada para frente (Figura 20).

    Figura 20 Posio de pilotagem. Fonte:www http://adcon.rn.gov.br