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26 • RobecoSAM • The Sustainability Yearbook 2018 As instituições financeiras são players fundamentais para a construção de um mundo mais sustentável por sua capacidade de mobilizar capital para dar suporte às iniciativas sustentáveis que promovam o desenvolvimento econômico no curto- médio e no longo prazo, e que tenham impacto social duradouro para comunidades e regiões inteiras. Além disso, elas dão aos clientes institucionais e de varejo acesso e educação sobre produtos financeiros sustentáveis de forma que eles também possam contribuir para as causas que valorizam, ao mesmo tempo que obtêm retorno financeiro. Conversamos com Laurence Pessez do BNP Paribas e com Guy Janssens do BNP Paribas Fortis para saber mais sobre como um grande banco e gestor de ativos está usando sua presença global e seu conhecimento local para promover a causa da sustentabilidade junto aos clientes em mercados domésticos na zona do Euro e em círculos financeiros em todo o mundo. Guy Janssens Chefe de Investimentos Sustentáveis e Responsáveis BNP Paribas Fortis Laurence Pessez Chefe Global de Responsabilidade Social Corporativa Grupo BNP Paribas Colocando o compromisso em prática no setor de serviços financeiros

Colocando o compromisso em prática no setor de · O que o BNP Paribas está fazendo para garantir que você esteja alinhado com os seus objetivos declarados? LP: Para cada uma das

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26 • RobecoSAM • The Sustainability Yearbook 2018

As instituições financeiras são players fundamentais para a construção de um

mundo mais sustentável por sua capacidade de mobilizar capital para dar suporte

às iniciativas sustentáveis que promovam o desenvolvimento econômico no curto-

médio e no longo prazo, e que tenham impacto social duradouro para comunidades

e regiões inteiras. Além disso, elas dão aos clientes institucionais e de varejo

acesso e educação sobre produtos financeiros sustentáveis de forma que eles

também possam contribuir para as causas que valorizam, ao mesmo tempo que

obtêm retorno financeiro. Conversamos com Laurence Pessez do BNP Paribas e

com Guy Janssens do BNP Paribas Fortis para saber mais sobre como um grande

banco e gestor de ativos está usando sua presença global e seu conhecimento

local para promover a causa da sustentabilidade junto aos clientes em mercados

domésticos na zona do Euro e em círculos financeiros em todo o mundo.

Guy Janssens

Chefe de Investimentos Sustentáveis e Responsáveis

BNP Paribas Fortis

Laurence Pessez

Chefe Global de Responsabilidade Social Corporativa

Grupo BNP Paribas

Colocando o compromisso em prática no setor de serviços financeiros

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RobecoSAM (RS): O CEO do seu grupo, Jean

Laurent Bonnafe, comentou recentemente que

como banco internacional, sua função é “ajudar

a promover a transição energética e contribuir

para a descarbonização da economia”. Como

isso funciona mais precisamente, na prática?

Laurence Pessez (LP): As questões relacionadas a

mudanças climáticas têm implicações significativas

para as economias em todo o mundo e continuam

a causar impacto em nossos clientes e no valor

dos nossos ativos. O BNP Paribas considera a

mudança climática uma prioridade há muitos anos

e realizou diversas iniciativas, incluindo ajudar

nossos clientes a buscar eficiência energética,

financiar projetos de energias renováveis, investir

em pesquisa científica relacionada a mudanças

climáticas e colaborar com stakeholders externos

para desenvolver soluções de baixo carbono.

Usando a meta de aquecimento global de 2˚C

estabelecida como referência no Acordo de

Paris da COP 21, o BNP Paribas lançou novos

compromissos para contribuir com a transição

para um sistema de energia de baixo carbono.

RS: Você poderia citar alguns desses compromissos?

Para começar, aumentamos o financiamento

para soluções de energias renováveis, reduzimos

nossa exposição a fontes de energia provenientes

de combustíveis fósseis como carvão térmico e

incorporamos os preços internos de carbono em nossas

decisões financeiras. Também queremos estar na

vanguarda no desenvolvimento de soluções inovadoras

de financiamentos e investimentos para estimular a

transição para uma economia mais energeticamente

eficiente e com baixa emissão de carbono.

Para atingir essa meta, fizemos parcerias e nos

envolvemos em iniciativas para engajar entidades

reguladoras, formuladores de políticas, líderes

empresariais e a comunidade científica para apoiar

a transição energética. Recentemente, em dezembro

de 2017, participamos da cúpula ambiental ‘One

Planet Summit’ em Paris na qual cerca de 90

empresas francesas assinaram o French Business

Climate Pledge (Compromisso Empresarial Francês

com o Clima) que dedicou 320 milhões de euros

para redução de emissões de gases do efeito estufa,

precificação interna do carbono e implantação

das recomendações da Força Tarefa do Financial

Stability Board (Conselho de Estabilidade Financeira

para transparência relacionada ao clima (TFCD).

RS: Iniciativas de desenvolvimento internacional

são às vezes criticadas por se tratarem de mais

palavras e menos ações. O que o BNP Paribas

está fazendo para garantir que você esteja

alinhado com os seus objetivos declarados?

LP: Para cada uma das nossas metas declaradas de

Corporate Social Responsibility – CSR (Responsabilidade

Social Corporativa), atribuímos indicadores-chave de

desempenho, ou KPIs, para nos ajudar a acompanhar

nossos resultados e desempenho ao longo do tempo.

Tentamos criar indicadores específicos, mensuráveis

e adequados ao objetivo. Por exemplo, nossa meta

de ampliar o financiamento para energias renováveis

é amparada pelo KPI de dobrar nosso financiamento

para projetos de energias renováveis para 15 bilhões

de euros até 2020. Um KPI para o nosso compromisso

com financiamento inovador é estar entre os 3 maiores

emissores de títulos verdes em euro do mundo até 2018.

“Queremos estar na vanguarda no desenvolvimento de soluções inovadoras de financiamentos e investimentos para estimular a transição para uma economia mais energeticamente eficiente e com baixa emissão de carbono.”

“Nossa meta de ampliar o financiamento para energias renováveis é amparada pelo KPI de dobrar nosso financiamento para projetos de energias renováveis para 15 bilhões de euros até 2020.”

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RS: A sustentabilidade se tornou tendência

dominante. As últimas estimativas estão em

mais de 23 trilhões de dólares no mundo.1 Na sua

opinião, a que se deve essa onda de interesse?

Guy Janssens (GJ): Há um consenso cada vez maior

entre investidores sobre a importância de cuidar

do nosso meio ambiente e garantir o bem-estar

e a prosperidade das pessoas em todo o mundo.

Investimentos Socialmente Responsáveis, ou

simplesmente SRI, fazem sentido, não apenas por

razões éticas, mas também por motivos financeiros.

RS: Você poderia nos falar mais sobre a

evolução dos produtos de sustentabilidade

do BNP Paribas Asset Management?

GJ: Estamos inovando constantemente em pesquisas,

processos e análises para o desenvolvimento de

novos produtos, alinhados com as questões de

desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas.

Há mais de uma década estamos desenvolvendo

um produto de SRI completo e customizado para as

necessidades tanto de clientes individuais quanto de

clientes institucionais. Esse produto engloba fundos

de ações, títulos e múltiplos ativos, que variam dos

melhores fundos aos fundos temáticos, que investem

em empresas que estão ajudando a resolver desafios

ambientais e sociais acerca de temas específicos.

Desde 2012, aplicamos os padrões ESG (governança

ambiental, social e corporativa) baseados nos princípios

do Pacto Global da ONU em todos os nossos processos

de investimento por meio de rigorosas políticas para

o setor. Para isso, criamos uma equipe dedicada

a pesquisa financeira suplementar, que classifica

empresas e países soberanos com base nos padrões ESG.

Também cultivamos parcerias com premiados gestores

de fundos ambientais em todo o mundo. Atualmente

gerimos mais de 40 bilhões de euros2 dentro do nosso

produto de SRI e testemunhamos o maior crescimento

de SRI na nossa divisão de private banking.

Vimos uma demanda particularmente forte para

investimentos sustentáveis na Bélgica, onde

“Há mais de uma década estamos desenvolvendo um produto de SRI completo e customizado para as necessidades tanto de clientes individuais quanto de clientes institucionais.”

Responsabilidade Social Corporativa: Definindo Prioridades e Medindo o Desempenho

META => Indicador- Chave de Desempenho (KPI)

1. Aumentar o financiamento para soluções de energias renováveis => dobrar o financiamento para projetos

de energias renováveis para 15 bilhões de euros até 2020

2. Reduzir a exposição a fontes de energia de carvão térmico => deixar de financiar projetos de usinas a carvão

e empresas de extração de carvão que não tenham estratégias de renovação energética

3. Reduzir a exposição à produção não convencional de petróleo e gás => encerrar os negócios com empresas

cujas principais atividades sejam relacionadas a xisto betuminoso e areias asfálticas

4. Mitigar riscos relacionados à transição energética => incorporar o preço do carbono interno às decisões

financeiras

5. Integrar o risco de carbono às atividades de investimento para clientes => medir, monitorar e divulgar a

pegada de carbono das carteiras de investimentos dos clientes

6. Desenvolver soluções inovadoras de financiamento e investimento para estimular a transição energética

=> visar estar entre os 3 maiores emissores de títulos verdes em euro do mundo até 2018 • Investir 100

milhões até 2020 para estimular startups inovadoras a desenvolver tecnologias e modelos de negócio que

tratem dos desafios relacionados a energia

7. Envolver-se com autoridades reguladoras, formuladores de políticas e comunidade científica para dar

suporte à transição energética => participar de diálogo contínuo e de iniciativas de compartilhamento

de dados e conhecimento • colaborar com instituições financeiras e reguladores do mercado no

desenvolvimento de mecanismos eficientes no mercado financeiro para estimular a transição energética e

limitar o aquecimento global

1 https://www.forbes.com/sites/dinamedland/2017/03/27/europe-accounts-for-over-half-of-22-89-tn-global-sri-assets-as-sustainable-investing-takes-off/#52ed722f64f1

2 A Partir de Junho de 2017

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gerenciamos mais de 7 bilhões de euros para

pessoas com patrimônio líquido elevado. O BNP

Paribas Asset Management e o BNP Private Banking

estão comprometidos com nossos clientes e com

investimentos socialmente responsáveis. Estamos

nesse mercado há muito tempo e os clientes se

beneficiam da nossa extensa experiência em SRI.

RS: Como as megatendências globais

estão impactando o BNP Paribas Asset

Management especificamente como

uma unidade de negócio distinta?

Guy Janssens (GJ): O BNP Paribas Asset Management

sempre se interessou pela proteção do valor

dos investimentos dos nossos clientes no longo

prazo - esse compromisso nunca diminuiu. Desde

2002, tomamos medidas práticas para combater

às mudanças climáticas, que é um dos desafios

sustentáveis mais críticos e de longo alcance, devido

a seu impacto significativo, imediato e de longo

prazo para os clientes, os negócios e a sociedade.

Executamos nossa estratégia em três níveis: (1) nossa

resposta externa, global (2) nossa resposta interna,

operacional, e (3) nossa resposta com nossos clientes.

RS: Como você define resposta global? Você

pode nos dar alguns exemplos disso?

GJ: Nossa resposta global se caracteriza por demonstrar

visivelmente o nosso apoio à responsabilidade social,

que é coerente com conter o aquecimento global

para +2°C. Acreditamos que, ultrapassar esse nível

de aquecimento global é uma ameaça à nossa

estabilidade econômica e, consequentemente, aos

investimentos financeiros de longo prazo. Estamos

convencidos da necessidade de redirecionar a

economia rumo a esse objetivo através de uma

combinação de políticas públicas e de financiamento

público-privado. Para tanto, focamos em temas como

alocação de capital para empresas sustentáveis,

gestão responsável, transparência e engajamento.

Na verdade, estamos entre os primeiros gestores

de fundos mainstream a assinar o Compromisso de

Montreal e juntar-se à Coalizão para a Descarbonização

de Portfólios em 2015 já citada por Laurence.

Neste ano estávamos entre os investidores

institucionais mais influentes do mundo (com ativos

totalizando mais de $26 trilhões de dólares) que

lançaram a iniciativa Climate Action 100+ para

engajar os maiores emissores corporativos de gases do

efeito estufa para reduzir suas emissões e intensificar

suas ações relativas às mudanças climáticas.

BNP Paribas Asset Management—Resposta às Megatendências Globais

Alocação de capital para empresas sustentáveis — implica no desenvolvimento de produtos de investimento

em tecnologias de baixo carbono, no financiamento da transição para energias de fontes renováveis, na

mensuração das pegadas de carbono e na identificação e mensuração dos riscos relacionados ao carbono.

Gestão responsável — significa tratar de mudanças climáticas nas votações em nossas assembleias gerais

anuais e se envolver diretamente com as empresas em relação às mudanças climáticas.

Transparência e Compromisso — envolve unir forças com outros gestores de ativos para mostrar um

compromisso unificado.

Engajamento — significa ser uma parte ativa no desenvolvimento de soluções com empresas, clientes e como

parte de fóruns globais.

“Ultrapassar esse nível de aquecimento global é uma ameaça à nossa estabilidade econômica e, consequentemente, aos investimentos financeiros de longo prazo.”

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RS: Quais critérios orientam sua resposta interna?

GJ: Nossa abordagem interna é focada principalmente

na identificação, mensuração e redução da nossa

exposição aos riscos de carbono. Restringimos o

impacto das nossas atividades no meio ambiente,

por meio de medidas para conter a nossa própria

pegada ambiental. No plano global e local, nos

empenhamos para atingir a neutralidade de emissões

resultantes das nossas operações internas.

Em termos mais amplos, desde 2002, consideramos

parte da nossa obrigação fiduciária, proteger o valor

dos investimentos dos clientes agindo contra as

mudanças climáticas. Em 2003 nos juntamos ao IGCC -

Institutional Investor Group on Climate Change, grupo

de investidores institucionais para combater mudanças

climáticas. Essa foi apenas uma plataforma que deu aos

investidores a oportunidade de usar seu poder coletivo

para lutar contra o aquecimento global, levando líderes

empresariais a pensar sobre riscos de longo prazo em

suas práticas de negócio e a elaborar produtos de

investimento que considerem e apliquem os princípios

de ESG, e a trabalhar com o setor público para criar

políticas que tratem das mudanças climáticas.

Também aplicamos políticas para limitar investimentos

em setores polêmicos afetados pelas mudanças

climáticas incluindo mineração, óleo de palma,

agricultura e geração de energia a carvão.

De um ponto de vista mais operacional, estamos

comprometidos em aumentar a consciência

entre os nossos funcionários e reduzir nossa

pegada ambiental, por meio de ações como a

racionalização do uso de papel e o estabelecimento

de uma política de viagens responsável.

RS: Você mencionou o acompanhamento de

seus clientes na transição para uma economia

de baixo carbono como o terceiro foco da sua

resposta às mudanças climáticas. Se eu fosse um

cliente, como você explicaria isso para mim?

GJ: Fornecemos aos nossos clientes análises detalhadas

dos efeitos que as mudanças climáticas podem ter

em seus investimentos, e oferecemos uma ampla

gama de soluções que satisfazem suas necessidades

específicas. Oferecemos soluções sob medida para

nossos investidores, permitindo que eles reduzam a

pegada de carbono das suas carteiras. Duplicamos

o total de fundos para os quais calculamos uma

pegada de carbono, que chega a 200em 2017.

RS: Parcerias público/privadas são um tema

consistente, quando se discutem iniciativas

sustentáveis, e provavelmente a mais conhecida

das iniciativas seja o estabelecimento dos

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da

ONU (ODSs). Como o BNP Paribas está usando

os ODSs dentro do seu programa de CSR?

LP: A estratégia de CSR do Grupo contribui para

uma ampla gama de ODSs que incluem o estímulo

ao desenvolvimento econômico, inclusão financeira

para populações vulneráveis, diversidade de gênero,

microfinanciamento, preservação dos recursos naturais

e garantia de saúde e bem-estar para comunidades

carentes. Nossas atividades são globais, estamos

presentes em todos os continentes [ver Figura 1].

Considerando nosso conhecimento como instituição

financeira, não nos surpreende o fato da maioria dos

nossos projetos girar em torno de inclusão financeira

e de promover o acesso a empréstimos e ao sistema

bancário. A inclusão financeira é um conceito que

pode ajudar a facilitar a conquista de vários ODSs,

incluindo erradicar a pobreza, criar empregos,

aumentar a igualdade de gênero e melhorar a saúde.

RS: Você poderia citar alguns exemplos

de projetos de diferentes regiões que

estão planejados ou em andamento?

Obviamente queremos maximizar o impacto, e a

melhor maneira de fazê-lo é dar suporte a áreas

relacionadas aos pontos fortes e vantagens de uma

determinada região, sejam eles recursos naturais,

capital humano ou infraestrutura de tecnologia.

Também somos orientados por informações de

agências de desenvolvimento e especialistas locais.

No Vietnã, estamos ajudando a economizar água,

controlar a poluição e proteger plantações com a

“Consideramos parte da nossa obrigação fiduciária, proteger o valor dos investimentos dos clientes agindo contra as mudanças climáticas.”

“Fornecemos aos nossos clientes análises detalhadas dos efeitos que as mudanças climáticas podem ter em seus investimentos.”

The Sustainability Yearbook 2018 • RobecoSAM • 31

modernização de estações de bombeamento, ajudando

assim residentes e agricultores a controlarem a

drenagem contaminada causada por enchentes.

Na Indonésia, em colaboração com o governo,

estamos ajudando a reduzir a pobreza e promovendo

a capacitação econômica por meio do aumento

ao acesso a serviços bancários móveis — ação

pioneira entre instituições bancárias na região.

Na Índia, onde estão 41% dos micro mutuários,

estamos apoiando a igualdade de gênero, reduzindo a

pobreza e promovendo o desenvolvimento econômico

por meio de micro empréstimos para mulheres.

Nossos empréstimos na Índia aumentaram mais de

7 vezes, atingindo 51,8 milhões em apenas 3 anos.

O BNP Paribas também assinou um acordo com o

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA) levando capital privado para projetos

sustentáveis em países emergentes. Os indicadores

-chave de desempenho incluem atingir volumes de

financiamento de capital de 10 bilhões de dólares

até 2025 e apoiar projetos de pequeno porte como

acesso a energias renováveis, ações agroflorestais,

acesso a água e agricultura responsável.

RS: Você destacou exemplos de países em

desenvolvimento, mas vocês também contribuem

para iniciativas no mundo desenvolvido?

Com certeza. Mais perto de casa, na Europa e na

Eurásia, emprestamos mais de 770 milhões de euros

para projetos voltados a pequenas e médias empresas,

pequenos agricultores e mulheres empreendedoras

na Turquia e na Polônia. E o nosso banco comercial,

com base na Ucrânia, está concedendo 10 milhões de

euros em financiamento a residentes para melhorar a

eficiência energética e o acesso a energias renováveis.

Por fim, na América do Norte, nossa filial

bancária, o Bank of the West, ajuda a fornecer

serviços médicos para comunidades carentes no

sul da Califórnia. O banco emprestou mais de 22

milhões de dólares e possibilitou perto de um

milhão de consultas médicas. [ver Figura 1].

Figura 1: Exemplos de Projetos de Sustentabilidade do BNP Paribas pelo mundo

Fonte: RobecoSAM

AMÉRICA DO NORTEAcesso à saúde nos EUA — $22MM em empréstimos e suporte financeiro para a AltaMed Health com 43 centros médicos cuidando das comunidades mais carentes do Sul da Califórnia.

LESTE EUROPEU E EURÁSIA Igualdade de Gêneros e Desenvolvimento Econômico na Turquia e Polônia — mais de €770MM para PMEs, pequenos produtores rurais, e mulheres empreendedoras.

Eficiência energética na Ucrânia —€10MM para financiar a transição para casas com eficiência energética e melhorar o acesso à energia renovável.

ÁFRICA Desenvolvimento econômico na Tunísia — €30MM em linhas de crédito de longo prazo para as PMEs, promovendo o desenvolvimento econômico regional.

ÁSIA ORIENTALIgualdade de Gêneros, Microcrédito e Redução da Pobreza na Índia — projetos de microcrédito totalizaram €248MM (aumento de 18%) em 2016, promovendo o desenvolvimento econômico e a redução da pobreza. Todos os esforços no sentido de microcréditos visam exclusivamente as mulheres.

ÁSIA ORIENTALInclusão financeira na Indonésia — O primeiro Asset Manager a dar aos cidadãos acesso a banco móvel, aumentando poupança, investimentos, consumo e autossuficiência econômica.Melhorando a infraestrutura de água no Vietnã — €11,5MM em empréstimos para modernizar a capacidade de escoamento de água da infraestrutura hídrica na província de Há Nam.

32 • RobecoSAM • The Sustainability Yearbook 2018

RS:O BNP Paribas usa KPIs em seu programa de CSR?

LP: Sem dúvida. Já mencionamos alguns deles.

Reconhecemos a utilidade dos KPIs e para impulsionar

ainda mais nossas ações, medindo ativamente nossas

contribuições. Também introduzimos os ODSs nos

indicadores-chave de desempenho para o programa de

CSR do Grupo.

O BNP Paribas tem 13 indicadores de gestão de CSR

que foram revisados e redefinidos em 2015 para o

período de 2016-2018; e o Grupo assumiu novos

compromissos quantitativos para esse período.

O Comitê Executivo e a Diretoria do Grupo analisam

anualmente a conquista desses objetivos. Nove

desses treze indicadores são usados no cálculo da

remuneração variável diferida dos 5.000 principais

gestores do Grupo e respondem por 20% das condições

para atribuir essa remuneração.

Além disso, tivemos o apoio da Vigeo-Eiris no

desenvolvimento de um indicador anual global - o

primeiro desse tipo no setor bancário - que mede

a proporção de empréstimos que contribuem

diretamente para atingir os ODSs. Em 2016, a

contribuição ficou em 16,6%, em comparação a 15%

em 2015.

RS: Uma mudança nunca ocorre de forma isolada e

geralmente são necessárias sinergias de entidades

coletivas trabalhando para compartilhar informações,

melhorar a compreensão e orientar a futura

condução de uma questão. Quais são as alianças

ou iniciativas às quais o BNP Paribas se juntou para

ajudar a moldar o cenário de sustentabilidade no

setor de serviços financeiros?

LP: Participamos de diversas alianças e iniciativas

que estão fortemente relacionadas à nossa principal

atividade, mas também daquelas com grande

alinhamento com a nossa ambição de dar suporte à

transição ecológica. Guy se referiu a algumas delas

na parte do negócio que trata de gestão de ativos. No

setor de empréstimos, o BNP Paribas está envolvido

principalmente nos Princípios do Equador3, cujo

objetivo é dar aos bancos uma estrutura responsável

para due dilligence em financiamento de projetos.

Como signatário do BEI Soft Commodities Compact4,

estamos comprometidos com a proteção e a

preservação das florestas e com a melhoria das práticas

agrícolas; e através do nosso suporte à coalizão Carbon

Pricing Leadership Coalition apoiamos a implantação

de um sistema global de precificação de carbono.

Além desses exemplos, também participamos de

outras alianças que promovem mais transparência,

responsabilização e responsabilidade no setor bancário.

No final de junho de 2017, estávamos entre as mais de

100 empresas que confirmaram seu compromisso de

suporte às recomendações voluntárias da Task Force

on Climate-related Financial Disclosures (Força Tarefa

para Divulgações Financeiras relacionadas ao Clima),

liderada pelo setor.

RS: Você mencionou anteriormente a cúpula One

Planet Summit que aconteceu em dezembro em Paris.

Por que esse evento é importante e por que o BNP

Paribas participou?

O One Planet Summit em Paris reúne as maiores forças

dos setores público e privado no combate às mudanças

climáticas. A Conferência também foi uma plataforma

usada por Bill Gates para anunciar a expansão do seu

grupo de investidores Breakthrough Energy Coalition

(BEC) e seu braço de capital de risco, a Energy Ventures

(EV), de forma a incluir mais instituições financeiras,

incluindo o BNP Paribas.

A BEC e a EV reúnem governos, instituições de pesquisa,

empresas de destaque e investidores privados para

elaborar e financiar novos modelos para investimento

em inovação energética. Por meio da nossa participação

nessa, e em outras iniciativas, esperamos estabelecer

novos caminhos, construir novos meios de investimento

e investir em empresas pioneiras para comercializar

novas tecnologias de energia e acelerar a transição para

uma economia de baixo carbono.

“Estamos comprometidos com a proteção e a preservação das florestas e com a melhoria das práticas agrícolas.”

“Esperamos estabelecer novos caminhos, construir novos meios de investimento e investir em empresas pioneiras para comercializar novas tecnologias de energia.”

3 Uma estrutura de gestão de riscos, adotada por instituições financeiras para determinar, avaliar e gerenciar os riscos ambientais e sociais nos projetos. Para mais informações visite www.equator-principles.com.

4 Uma iniciativa do Cambridge Institute for Sustainability Leadership para orientar o setor bancário a investir capital em modelos de negócio que aumentem a produtividade agrícola e suportem meios de subsistência ao mesmo tempo em que chegam a um nível zero de desmatamento líquido até 2020.

The Sustainability Yearbook 2018 • RobecoSAM • 33

Sobre o BNP Paribas

O BNP Paribas é um banco líder na Europa com atuação internacional. Estamos presentes em 74 países,

com mais de 192.000 funcionários (incluindo mais de 146.000 na Europa, 16.000 na Ásia Pacífico e 10.000

na África). O Grupo tem posições-chave em suas três principais atividades: Mercados Domésticos e Serviços

Financeiros Internacionais (com as redes de banco de varejo e serviços financeiros integradas no setor de

Retail Banking & Services) e o Banco Corporativo e Institucional, que atende a dois grupos de clientes: clientes

corporativos e investidores institucionais. O Grupo ajuda todos os seus clientes (indivíduos, associações

comunitárias, empreendedores, pequenas e médias empresas, clientes corporativos e institucionais) a

realizarem seus projetos por meio de soluções que englobam financiamentos, investimentos, poupança e

seguros de proteção.

Na Europa, o Grupo tem quatro mercados domésticos (Bélgica, França, Itália e Luxemburgo) e o BNP Paribas

Personal Finance é o líder na Europa em empréstimo ao consumidor.

O BNP Paribas está estendendo seu modelo integrado de banco de varejo aos países mediterrâneos, a Turquia,

ao Leste Europeu e a uma grande rede na região oeste dos Estados Unidos. Nas suas atividades nos setores de

Banco Corporativo e Institucional e de Serviços Financeiros Internacionais, o BNP Paribas também detém as

primeiras posições na Europa, uma forte presença nas Américas, assim como um negócio sólido e em franco

crescimento na região Ásia Pacífico.