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Manuscrito 512 Dossiê do manuscrito encontrado na Biblioteca Nacional-RJ, Divisão de Manuscritos Vera Lucia M. Faillace Chefe da Divisão de Manuscritos Fundação Biblioteca Nacional Abdias Flauber Dias Barros Pesquisador Sob o título: O Caso Fawcett/ Documento 512 Rolo de microfilme: MS-495 Data: DOC 512 Tipo: Positivo Lista de organização e documentos inclusos no microfilme MS-495 1º - Cópia do manuscrito original – 10 págs. 2° - Cópia do impresso na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – 39 págs. 3° - Artigos do arquivo do jornalista Edmar Morel/ BN 4º - Série de reportagens de Edmar Morel publicadas no “O Jornal” 5º - Série de reportagens de Romildo Gurgel publicadas no “Diário da Noite” 2ª edição. Dados sobre o relatório apresentado Autor: Diomário Gervásio de Paula Filho Correção e acréscimos: Abdias Flauber Dias Barros Título original do documento 512: Relação histórica e uma oculta e grande povoação, antiguíssima, sem moradores, que se descobriu no ano de 1753. Cópia fls. 55 a 59 – 5 fls. 27x15 Veio esta notícia em princípio de 1754 publicada na revista IHGB, Tomo I, 1839. Catálogo de exposição da História do Brasil, nº 512, p.45 Procedência do original: BN-DIMss (1,4,1) 1

Colonização do Brasil(caso-fawcet)

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Manuscrito 512 Dossiê do manuscrito encontrado na Biblioteca Nacional-RJ, Divisão de Manuscritos Vera Lucia M. Faillace Chefe da Divisão de Manuscritos Fundação Biblioteca Nacional Abdias Flauber Dias Barros Pesquisador Sob o título: O Caso Fawcett/ Documento 512 Rolo de microfilme: MS-495 Data: DOC 512 Tipo: Positivo

Lista de organização e documentos inclusos no microfilme MS-495 1º - Cópia do manuscrito original – 10 págs. 2° - Cópia do impresso na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – 39 págs. 3° - Artigos do arquivo do jornalista Edmar Morel/ BN 4º - Série de reportagens de Edmar Morel publicadas no “O Jornal” 5º - Série de reportagens de Romildo Gurgel publicadas no “Diário da Noite” 2ª edição. Dados sobre o relatório apresentado Autor: Diomário Gervásio de Paula Filho Correção e acréscimos: Abdias Flauber Dias Barros Título original do documento 512: Relação histórica e uma oculta e grande povoação, antiguíssima, sem moradores, que se descobriu no ano de 1753. Cópia fls. 55 a 59 – 5 fls. 27x15 Veio esta notícia em princípio de 1754 publicada na revista IHGB, Tomo I, 1839. Catálogo de exposição da História do Brasil, nº 512, p.45 Procedência do original: BN-DIMss (1,4,1)

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INTRODUÇÃO

Muitas obras já foram escritas apresentando a tese de que o Brasil já teria sido descoberto antes da viagem de Cabral. Freqüentemente surgem aqui e ali indícios que revivam essa tese,e o assunto volta a ser comentado. O Brasil, talvez tem sido um dos países menos estudados em termos da arqueologia e história antiga, mas ultimamente tem sido despertada a consciência do povo brasileiro para conhecer melhor seu passado, pois a história é uma ciência e como ciência ela poderá ser ampliada ou até mesmo revisto alguns de seus conceitos. Desde pouco depois do descobrimento oficial do Brasil por Cabral, tem sido achado com freqüência muitas inscrições em rochas, a primeira delas que se tem notícia, foi achada em 1598 no atual Estado da Paraíba, e o que mais chamou a atenção era que as inscrições continham muitas letras latinas a partir daí, muito mais inscrições foram achadas no interior do Brasil, tendo sido uma constante a presença de letras latinas e gregas, muitas formavam palavras e a sucessão destas palavras formavam frases, também foram achadas cerâmicas em estilo greco-romano e a ainda moedas romanas cunhadas por volta de 200 a.C. Em 1938 a Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro editou um livro intitulado "Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica" escrito por Bernardo Ramos, que passou 30 anos no interior do Brasil colhendo inscrições em rochas, sua obra consta de dois volumes em um total de 1000 páginas. A comissão que ficou encarregada pelo Instituto Histórico de Manaus de analisar a obra deu o seguinte parecer: "Que as inscrições apresentavam entre outras, letras latinas e gregas e que a sucessão destas formavam palavras e estas em sucessão formavam frases, que as cerâmicas apresentadas pertenciam ao estilo grego e que foram reproduzidas por mão humana hábil". O parecer da comissão nos dá uma visão de uma possível existência em época remota de uma civilização clássica greco-romana no atual território brasileiro, mas não só inscrições, cerâmicas e moedas foram achadas no interior do Brasil, também foram encontradas muitas ruínas de antigas metrópoles romanas, a mais impressionante delas foi a achada em 1753 por um bandeirante no interior da Bahia, os bandeirantes encontravam-se buscando ouro e prata quando em um dado momento descobriram uma milenar cidade romana, os sertanistas atônitos a descreveram detalhadamente encaminharam seu relatório ao então vice- rei, tal manuscrito foi encontrado em 1838 arquivado na Biblioteca da Corte e publicado logo após na primeira revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, o IHGB, então recém-criado, muitas buscas foram feitas com o objetivo de se localizar a cidade, mas nenhuma delas logrou êxito.

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Na época da descoberta, Portugal estava negociando o Tratado de Madrid no qual ficava estabelecido que quem provasse que estava de posse de terra seria seu legítimo dono. Quando a Coroa Lusitânia soube do encontro com a velha cidade romana, tratou de imediato de ocultar o fato, até mesmo o comandante da Bandeira em seu manuscrito afirmava estar preocupado com a possibilidade de um companheiro denunciar a existência das ruínas e sugeria ao vice-rei que mandasse mais homens para remover todas as pedras. O fato é que a Coroa Lusitânia nunca permitiu que qualquer informação sobre a descoberta de ruínas chegasse ao conhecimento do grande público, apagando-se então a história da colonização Romana no Brasil. Esta pesquisa está orientada no sentido de demonstrar que o Império Romano em sua época de máxima expansão atingiu o Brasil atual graças a sua frota naval,e aqui se instalou com o objetivo de explorar as jazidas de ouro e prata, permanecendo em solo brasileiro até pouco antes da queda do império em 476 d.C. Não quero de forma alguma fazer crer que os fatos ora relacionados e mencionados sejam algo definitivo de certo não o é, há muito ainda para se falar e se escrever, contudo é um primeiro passo a esse passado esquecido. Depois de longos anos de pesquisas pude dar uma forma ao que apurei compreendi que seria melhor adotar um estilo literário mais simples procurando evitar longas e demoradas explicações que tornaria a leitura cansativa. Optei desta forma, por um estilo simples e conciso de tal forma que a mais simples das pessoas pudesse ler e compreender o conteúdo e tirar suas próprias conclusões.

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PARTE I - RECONSTITUIÇÃO DOS FATOS HISTÓRICOS Entre os povos da antiguidade, três, tiveram papel preponderante na história antiga do Brasil, foram os Tartessos, os Fenícios e os Romanos. Os Fenícios foram grandes comerciantes e navegadores e viviam onde é hoje o Líbano. As navegações fenícias começaram há cerca de 2500 a.C., mas limitaram-se durante muito tempo ao Mediterrâneo. A saída do Mediterrâneo pelo estreito de Gibraltar foi dominada pela dinastia dos Atlantes, cuja capital era Gades. Os Atlantes acreditavam que eram descendentes da suposta Atlântida que dominou ambos os lados do Mediterrâneo durante 500 anos até serem dominados pelos Geriões. Fora do estreito de Gibraltar reinava os Tartessos, o Rei judeu Davi dizia que os Tartessos possuíam riquezas iguais às dos babilônios e que seus navios andavam em todos os mares. Com a queda do Império dos Atlantes em 1300 a.C., os Fenícios aproveitaram a ocasião e realizaram uma aliança comercial com os Tartessos com o objetivo de exploração marítima e comercial, isso em 1200 a.C. Em 1008 a.C. o rei Davi da Judéia realizou uma aliança comercial com o rei fenício Hirão da cidade de Tiro, o rei Davi conta este acontecimento da seguinte forma: "O meu senhor encheu meu coração com prudentes conselhos, para eu edificar um templo digno de sua glória precisava eu dum auxiliar que me ajudasse com sua riqueza, deus me mostrou Hirão, Rei daquele poderoso Tur que tantas riquezas ganhou com sua aliança com os tartessos cuja frota anda em todos os mares". O escritor Diodorus Siculus que viveu em Roma, nos dá nos capítulos 19 e 20 do 5º livro da sua Biblioteca Histórica a descrição da primeira viagem que os fenícios fizeram em direção ao Brasil, os navegantes fenícios, segundo Diodorus, chegaram a um grande continente a oeste da África do outro lado do mar, seguindo as correntes marítimas, cita Diodorus que neste continente havia lindas praias, rios navegáveis e uma densa floresta e muitas montanhas, clima ameno e muita fruta, cita ainda que os navegantes ficaram muito tempo na costa deste país e depois retornaram para o Mediterrâneo e contaram a descoberta a seus conterrâneos e que estes resolveram de imediato fundar uma colônia lá. Diodorus Siculus nasceu em Agyrium, na Sicília e viveu entre 90 a 21 a.C. em Roma como contemporâneo de Julio César, escreveu uma história universal em 40 livros dos quais ainda hoje existem 15 deles, era um historiador consciencioso, fez longas viagens e sabia inúmeras línguas, sua obra constitui uma fonte importante de pesquisa sobre história antiga, ele cobriu os Egípcios, Mesopotâmicos, Indianos, Citas, Árabes, a história da África do Norte e partes da Grécia e história Romana, com a narrativa de Diodoro vemos que era bem conhecida pelos romanos a existência de um grande país do outro lado do oceano Atlântico a oeste da África e que era de lá que os fenícios traziam grande quantidade de ouro e prata, o filósofo Sêneca que morreu em 64 d.C. escreveu: "Nós romanos, sabemos que existe um país fértil além do oceano e que também lá nasce outro orbe, pois a natureza das coisas em parte alguma desaparece”.

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A disputa pelo domínio marítimo da antiguidade acirrou a rivalidade entre fenícios e romanos, os fenícios faziam de tudo para impedir a vinda dos romanos ao Brasil, o escritor americano Charles Berlitz cita: "Quando as lendas sobre monstros e abismos não desencorajavam a competição, os fenícios seguidos por navios romanos pelo estreito de Gibraltar preferiam-se por a pique do que revelar sua rota”. Até esta época, 261 a.C. os navios romanos não eram páreo para os navios fenícios, compreenderam os romanos que era preciso também conquistar a superioridade marítima para que a conquista fosse total e numa manobra ardilosa conseguem apoderar-se de um navio de guerra fenício e o levam intacto para Roma e o aperfeiçoam profundamente e em 60 dias fazem 100 cópias dele, nasce então a armada romana que era composta de 100 navios cruzadores de grande porte com 100 metros de comprimento cada e 20 navios de assalto com 35 metros cada, um ano após, em 260 a.C. a armada já tinha se multiplicado por 10, Roma já possuía 1200 navios de guerra, formando um poderio naval insuperável, tendo um efetivo de 50.000 homens embarcados, começou então o Mar Mediterrâneo a ficar pequeno para as duas armadas e tornou-se inevitável o confronto entre as duas, ocorre então a primeira grande batalha entre as duas armadas. O local foi Mylae, hoje Milazzo na Sicília, ambas as armadas posicionaram frontalmente e travaram uma das mais violentas batalhas navais da antiguidade, os navios fenícios foram arrasados, com a derrota perceberam os fenícios que o fim estava próximo, uma a uma as cidades costeiras fenícias caem nas mãos dos romanos, permanece então o último ponto de resistência fenícia, a cidade de Cartago em 148 a.C. começa o cerco a Cartago que resiste heroicamente, mas acaba caindo em 146 a.C. e é totalmente arrasada. Os romanos levam para Roma os arquivos e registros de Cartago, surge então a expressão "mare nostrum" e em pouco tempo os romanos tomam conta da Costa da África Ocidental da costa da península Ibérica e do canal da Mancha, isto em 130 a.C., por volta de 120 a.C., chega às costas do Brasil a primeira esquadra romana, os fenícios que aqui ficaram recuam sem condição de luta, instalam-se então os romanos suas primeiras cidades em solo brasileiro ficam localizadas nas proximidades dos grandes centros de mineração e extração de ouro e prata, as principais ficam localizadas na Chapada Diamantina na Bahia, na Serra do Caparaó, Serra do Cachimbo, Serra do Paraíma, todas nas proximidades de grandes áreas mineradoras, as cidades tanto serviam como morada dos mineiros como também centralizavam o controle sobre a extração do ouro, dois grandes portos foram usados, um ficava na Ilha de Marajó e o outro onde é hoje a cidade de Belmonte, no sul na Bahia, nas proximidades de Porto Seguro, a carga era transportada em grandes veleiros de 5 velas que eram construídas na cidade de Carpássio no Chipre, segundo o historiador da antiguidade Plínio e ainda segundo Heródoto esses veleiros tinham capacidade para transportar 800 pessoas além da carga e que no seu interior havia grandes tonéis de água para a travessia do Atlântico. Por volta de 300 d.C., as fronteiras do Império Romano começaram a ser atacadas, começa então o retorno das legiões romanas a Europa, por volta de 450 d.C. quase todos os romanos deixam o Brasil, preocupados em defender a própria Roma e em 476 d.C. o Império é destruído, as colônias do Brasil ficam quase desertas permanecendo apenas mulheres e crianças e alguns líderes religiosos começa a ocorrer com o Brasil o mesmo que

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ocorre com as colônias romanas na Inglaterra, o isolamento a aculturação e a regressão as antigas culturas greco-romanas. A Europa passa a sofrer invasões de muitos povos e os mouros invadem a península Ibérica, o contato com o Brasil nesta época fica tremendamente precário, da grande esquadra sobram 20 veleiros. O avanço dos mouros força o êxodo da população costeira de Portugal para o Brasil, uma crônica escrita em 740 d.C. por um padre, narra este fato, cita a crônica que em 711 d.C. os mouros já tinham conquistado quase toda a península Ibérica e que o arcebispo de Porto-Cale, hoje Porto, recusou-se a submeter-se a dominação dos mouros e deliberou com os seus co-diocesanos como fazer para evitar grandes humilhações a seu povo e surgiu então como único meio a imigração, conta a crônica que juntaram-se 20 grandes veleiros e que a expedição partiu em 734 d.C. com 5000 pessoas em direção a um grande país do outro lado do oceano e ainda que a expedição chegou a salva a seu destino. Com o contínuo avanço dos mouros cortou-se o contato entre a Europa e o Brasil e só se restabeleceu a partir de 1420 com a expulsão dos mouros da península ibérica, começou então a procura pela rota marítima da antiga colônia romana, o então Rei de Portugal D. Henrique conclamava os navegantes a procurarem a antiga colônia, até que em 1473, chegou em Lisboa o açoriense Fernando Telles dizendo que tinha chegado a velha colônia e mostrou um mapa em que aparecia a costa do Brasil atual, o então Rei D. Afonso V doou as terras descobertas a Telles com a condição que o mesmo voltasse lá fizesse um melhor levantamento da região, e então Telles partiu para a viagem juntamente com Fernando Ulmo, seu genro e com João Sanches seu navegador e piloto, Telles morreu nesta viagem vitimado por uma febre, seu genro, Fernando Ulmo, ao regressar então tendo dificuldades para construir feitorias sozinho, realizou uma sociedade com um rico comerciante da Ilha de Madeira de nome João Afonso Estreito, agora já de posse de um mapa náutico melhorado, Fernando Ulmo apresentou-o ao então Rei D. João II, nesta mesma ocasião João Sanches, piloto e navegador de Ulmo foi a residência de Cristóvão Colombo com a cópia do referido mapa, nesta visita o piloto morreu misteriosamente em circunstâncias não esclarecidas e com sua morte sumiu a cópia do mapa, Fernando Ulmo e João Afonso estreito quando souberam da morte de Sanches na casa de Colombo forma direto ao rei D. João II que de imediato resolveu auxiliá-los dando-lhes soldados e navios, mas já era tarde, Colombo já tinha ido aos reis de Espanha e tendo conseguido deste bondosamente três caravelas, partiu em direção a América atual, Colombo ao regressar espalhou por toda a parte que tinha feito uma surpreendente descoberta por acaso e doava as terras descobertas a coroa espanhola, Portugal de imediato protestou e criou-se um atrito entre as duas coroas católicas a situação chegou a tal ponto que o Papa Alexandre VI editou a “Bula Intercoetera” em 1493, que determinava que as terras descobertas após 100 léguas do arquipélago dos Açores seriam da Espanha, a Bula agradou muito a Espanha e desagradou muito a Portugal que resolveu sitiar a Espanha com sua Armada e a abrigou a assinar um novo tratado que dava a Portugal as terras descobertas até 370 léguas a oeste do arquipélago dos Açores e a Espanha, sem ter como reagir assinou o tratado que ficou conhecido como o Tratado de Tordesilhas, isso tudo seis anos antes da viagem de Cabral que tomou posse oficialmente do atual território brasileiro.

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Procurei fazer uma reconstituição dos fatos históricos e como ficou claro esta reconstituição é muito diferente do que é contado nos livros de história, mas os fatos aqui relacionados podem ser encontrados em manuscritos da antiguidade, cartas régias de doações e entre os escritos dos autores da antiguidade clássica talvez a história do Brasil fosse outra se o império romano não tivesse caído como caiu ou então os mouros não tivessem invadido a península Ibérica, mas em fato é que a história não pode ser mudada e o que aconteceu não pode ser eternamente ocultado.

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PARTE II - AS PRIMEIRAS BANDEIRAS A história das bandeiras está intimamente ligada ao encontro de antigas ruínas de cidades romanas, pois as bandeiras foram organizadas com o objetivo de descobrir grandes centros de extração de ouro e prata e é lá também que os romanos em época muito distante levantaram suas cidades a exemplo do que ocorreu com a cidade Ouro Preto em Minas Gerais surgida graças a extração de ouro na região. Em 1551 uma bandeira partiu da Bahia chefiada por Sebastião Fernandes Tourinho, tinha por objetivo descobrir ouro, prata e pedras preciosas, a bandeira seguiu em direção ao atual estado do Espírito Santo, que os índios na época diziam que existia uma “Mboab”(=aldeia calçada), segundo Sebastião Tourinho esta bandeira encontrou uma Serra de Esmeraldas. Tal serra despertou o interesse de muitos aventureiros que perderam a vida tentando encontrá-la. Em 1574, o então Governador-Geral Luis Brito de Almeida resolveu mandar outra bandeira com o objetivo de verificar a procedência da informação de Sebastião Tourinho, a bandeira foi chefiada por Antonio Dias Adorno e juntos foram, o padre João Pereira e o sertanista Jorge Velho, a bandeira tentou seguir o mesmo itinerário de Sebastião Tourinho, mas não conseguiu encontrar a tal serra, contudo na altura do Pico da Bandeira a expedição descobriu ruínas de uma antiga cidade que Adorno não soube precisar a origem pois a região ainda era totalmente inexplorada, era aquele o lugar que os índios chamavam de Mboab, a expedição depois seguiu segundo o padre que a acompanhava em direção ao Rio São Francisco e atravessou a Chapada da Diamantina, onde também segundo alguns estaria uma serra de esmeraldas, a expedição dissolveu-se na Bahia no sítio de Gabriel Soares. Há um fato interessante na história das primeiras bandeiras na Bahia, logo após a posse do Brasil por Cabral, um náufrago chamado Diogo Álvares Correia(1475?-1557) que os índios chamavam de “Caramuru”, conseguiu manter boas relações com os nativos e desta relação ocorreu um casamento com Diogo e uma princesa índia chamada Paraguassu e depois Catarina. Deste casamento nasceram duas filhas uma de nome Filipa e outra Genebra, a primeira casou-se com o genovês Paulo Dias Adorno de onde nasceram Antonio Dias Adorno e Sebastião Álvares e do casamento de Genebra Álvares nasceu Belchior Dias Moreira, desta linha genealógica surgiu a família Dias D'Avilla.

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Com a dissolução da bandeira de Adorno no sítio de Gabriel Soares, Sebastião Álvares e o irmão de Gabriel, João Coelho de Souza resolveram ir a Chapada da Diamantina para confirmar a história de que lá também havia uma serra de esmeraldas, e para lá partiram e ao chegarem lá João Coelho de Souza foi a tacado por uma febre maligna que assola a região e faleceu, voltando então Sebastião Álvares, Gabriel Soares que era escritor na época ficou de posse dos mapas de seu irmão e de Antonio Dias adorno e resolveu ir a Espanha pedir auxílio ao Rei Felipe II que reinava em ambas as coroas e tendo conseguido o auxílio de que precisava e ainda uma carta régia de doação de terras, voltou para o Brasil. Onde empreendeu a expedição e quando a bandeira chegou a Chapada Diamantina no mesmo ponto onde tinha morrido João Coelho, a mesma febre atacou Gabriel Soares que não resistiu e morreu, a bandeira então sem comando voltou para a Bahia, o destino mais uma vez tramou sinistramente contra os descendentes de Caramuru, Gabriel foi enterrado na capela do mosteiro São Bento, onde lá posteriormente foi enterrada sua esposa Ana de Algolo, em sua lápide sepulcral estava escrito "Aqui jaz um pecador". Dois anos depois um índio manso que acompanhara Gabriel Soares a Chapada Diamantina, foi procurar Belchior Dias, primo por parte de mãe de Gabriel Soares e mostrou umas pedras semelhante a prata, Belchior tendo confirmado que era prata resolveu então empreender viagem a Chapada Diamantina, levou oito anos nesta jornada e em 1601 voltou a Bahia e como Gabriel foi até a Espanha pedir ao rei títulos pelo seu achado, tendo em 1618 firmado um acordo de doação de terras em troca das minas de prata que Belchior teria então finalmente descoberto, contudo o rei Felipe II determinou que Belchior teria de levar ao local uma expedição do rei que lá então seria entregue a carta de doação, e desta forma partiu Belchior Dias para a Chapada da Diamantina e quando a expedição chegou a serra do Rio de Contas na Chapada, Belchior convenceu o capitão que chefiava a bandeira a abrir a carta de doação e então descobrir que nela só constava uma patente de capitão a sua pessoa, Belchior recusou-se a ir em frente e tampouco mostrar onde estava as minas, foi espancado e torturado, mas não revelou. Foi então conduzido preso e algemado para a Bahia, onde foi jogado em uma prisão de onde morreu ao sair, mais uma vez o destino tramou sinistramente contra os netos de caramuru. Belchior deixou um filho chamado Robério Dias, que muitos confundem com o pai. Robério Dias também foi um sertanista e ficou conhecido pelo apelido de o “Muribéca", contudo esta é sua historia segundo dados colhidos do Instituto de Pesquisas Históricas da Bahia, o qual possui o auto de prisão de Belchior Dias com sua assinatura tomando conhecimento de sua prisão.

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A localização da tal Serra de Esmeraldas é algo muito discutido, desde a primeira expedição de Sebastião Tourinho que começaram surgir controvérsias um dos historiadores diz que a bandeira seguiu em direção ao Espírito Santo, outros afirmam que ela seguiu em direção ao Espírito Santo, outros afirmam que ela seguiu em direção a Chapada Diamantina isto em 1572, o mesmo se fala da expedição de Dias Adorno que encontrou as ruínas de uma cidade Romana, há duvidas que foi na Serra do Caparaó ou Serra do Sincorá. Gabriel em seus manuscritos dizia que havia no interior da Bahia uma serra de cristal que se enxergava muito longe e que os portugueses que as viram diziam que pareciam com as Serras de Espanha cobertas de neve. Na parte seguinte é narrada a história de uma bandeira que se aprofundou no sertão da Bahia em 1753 em busca das Minas de prata de Belchior Dias e descobrir a tal serra de cristal e lá em cima encontrou uma grande cidade Romana, tendo a descrevido detalhadamente. O manuscrito escrito por esta bandeira foi achado em 1838 já bastante maltratado pelo tempo e reproduzido pela primeira vez pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o manuscrito encontra-se hoje guardado no cofre da Biblioteca Nacional como documento raríssimo, este manuscrito é uma das maiores evidências da existência de uma remota colonização romana no Brasil.

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PARTE III - O ENCONTRO COM A ANTIGA CIDADE Reproduzo aqui o teor integral de um documento guardado no cofre da Biblioteca Nacional sob o nº 512, trata-se de um manuscrito confeccionado por volta de 1754 e encontrado em 1838 pelo naturalista Manuel Ferreira Lagos arquivado na Livraria Pública da Corte, atual Biblioteca Nacional. Nesta ocasião não havia qualquer tipo de pesquisa arqueológica ou antropológica no Brasil. Por ocasião do descobrimento do manuscrito o mesmo já estava se encontrava bastante arruinado pela passagem do tempo. A íntegra do documento foi publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, o IHGB, onde Manuel Lagos se ofereceu para litografar e doar 500 exemplares das inscrições sobre a cidade abandonada, com num esforço em encontrar seus vestígios. Na reprodução abaixo, os pontos representam a parte corroída do manuscrito, a formatação, grafia e gramática foi mantida fiel ao manuscrito original tal como foi escrito, desta forma está diferente do publicado pela Revista do IHGB, que fez as devidas correções.

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Relação historica de huma oculta, e grande Povoação, antiguissima sem mo- radores, que se descubrio no anno de 1753. Em a America ............................................ nos interiores.............................................. contiguo aos............................................... Mestre de campo........................................ e sua comitiva, havendo dez annos de que viajava pelos certões, a vêr se descubria as decantadas minas de Prata do gran- de descubridor Moribeca, que por culpa de hum Governador se não fizerão pa- tentes, pois queria lhe uzurpar-lhe esta gloria e o teve prezo na Bahia até morrer, e fi- carão por descubrir: Veio esta noticia ao Rio de Janeiro em principio do anno de 1754. Depois de huma longa, e inoportuna perigri- nação, incitados da incaciavel cobiça de ouro, e quazi perdidos em muitos annos por este vastissimo certão, descubrimos huma cordi- lheira de montes tão elevados, que parecia chegavão a Região etheria, e que servirão de throno ao vento as mesmas estrellas; o luzimento que de Longe se admirava, prin- cipalmente quando o Sol fazia impressão ao Cristal de que era composta e formando hu- ma vista tão grande e agradavel, que nin- guem daquelles reflexos podia afastar os olhos: entrou a chover antes de entrarmos

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a registrar esta christallina maravilha e viamos sobre a pedra escalvada correr as agoas precipitando-se dos altos rochedos, parecendo-nos como a neve, ferida dos raios do sol, pelas admiraveis vistas daquelle chris ............................................................uina se reduziria ........................................................das aguas e tranqui- lidade do tempo nos resolvemos a investigar aquelle admiravel prodigio da natureza, chegando-nos no pé dos Montes, sem embaraço Algum de Matos, ou Rios, que nos difficultasse o trânsito, porem, circulando as Montanhas, não achamos pasio franco para exe- cutar-mos a rezolução de accommeter-mos estes Al- pes e Pyrineos Brasílicos, rezultando-nos deste des- engano huma inexplicavel tristeza. Abarracados nós, e com o dezignio de retrocedermos no dia seguinte, sucedeo correr hum negro, andando à lenha, a hum veado branco, que vio, e descobrir por este acazo o caminho entre duas serras, que parecião cortadas por artifi- cio, e não pela Natureza: com o alvoroço desta novi- dade principiamos a subir, achando muita pedra solta, e amontoada por onde julgamos ser cal- çada desfeita com a continuação do tempo. Gasta- mos boas tres horas na subida, porém suave pelos christaes que admiravamos, e no cume do Monte, fizemos alto, do qual estendendo a vista, vimos em hum Campo razo maiores demonstracoes para a nos- sa admiração.

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Divisamos cousa de legoa, e meia huma Povoação grande, persuadindo-nos pelo dilatado da figu- ra ser alguma cidade da Corte do Brazil: descemos lo- go ao Valle com cautela..............lferia em semelhante cazo, mandando explorar............................................ gar a qualidade, e ...................................................... se bem que repararam ............................................... Fuminés, sendo este, hum dos signaes evidentes das povoações. Estivemos dois dias esperando aos ex- ploradores para o fim que muito desejavamos, e só ouviamos cantar gallos para ajuizar que havia alli po- voadores, até que chegarão os nossos desenganados de que não havia moradores,ficando todos confu- zos: Resolveo-se depois hum índio da nossa com- mitiva a entrar a todo risco, e com precaução, mas tornando assombrado, afirmou não achar, nem desco- brir rastro de pessoa Alguma: este cazo nos fez con- fundir de sorte, que não o acreditamos pelo que via- mos de domecilios, e assim se arranjarão todos os ex- ploradores a ir seguindo os passos do índio. Vierão, confirmando o referido depoimento de não haver povo, e assim nos determinamos todos a entrar com armas por esta povoação, em huma madrugada, sem haver quem nos sahisse ao encon- tro a impedir os passos, e não achamos outro cami- nho senão o unico que tem a grande povoação, cu- ja entrada he por tres arcos de grande altura, o do meio he maior, e os dois dos lados são mais pe- quenos: sobre o grande, e principal devizamos Letras,

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que se não poderão copiar pela grande altura Faz huma rua da largura dos três arcos, com cazas de sobrados de huma, e outra parte, com as fronteiras de pedra lavrada, e já denegrida. So- .........................................inscripções, abertas todas ..........................................ortas são baxas defei- ...........................................nas, notando que pela regularidade,e semetria em que estão feitas, pa- rece huma só propriedade de cazas, sendo em realidade muitas, e Algumas com seus terraços des- cubertos, e sem telha, porque os tetos são de ladri- lho requeimado huns, e de lajes outros. Corremos com bastante pavor Algumas cazas, e em nenhuma achamos vestígios de alfaias, nem móveis, que pudéssemos pelo uso, e trato, co- nhecer a qualidade dos naturaes: as cazas são todas escuras no interior, e apenas tem huma es- caça luz, e como são abóbodas, ressoavam os ecos dos que falavão, e as mesmas vozes atemorizavão. Passada, e vista a rua de bom cum- primento, demos em huma Praça regular, e no meio della huma collumna de pedra preta de grandeza extraordinária, e sobre ella huma Estatua de homem ordinário, com huma mão na ilharga esquerda, e o braço direito estendido, mostrando com o dedo index ao Polo do Norte: em cada canto da dita Praça es- tá huma Agulha a immitação das que usavão os Romanos, e mais algumas já maltratadas, e par- tidas, como feridas de Alguns raios.

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Pelo lado direito desta Praça esta hum soberbo edifício, como casa principal de Algum se- nhor da Terra, faz hum grande sallão na entrada e ainda com medo não corremos todas as casas, sendo tantas, e as retrat....................................... zerão formar Algum........................................... mara achamos hum........................................... massa de extraordinária ................................... pessoas lhe custavão a levanta lla. Os morcegos erão tantos, que inves- tião as caras das gentes, e fazião uma tal bulha, que admirava: sobre o pórtico principal da rua está huma figura de meio relevo talhada da mes- ma pedra e despida da cintura para cima, coroa- da de louro: reprezenta pessoa de pouca idade, sem barba, com huma banda atraveçada, e hum fraldelim pela cintura: debaixo do escudo da tal figura tem alguns characteres já gastos com o tem- po, divizão-se, porém os seguintes: Da parte esquerda da dita Praça esta outro edifício totalmente arruinado, e pelos vestígios bem mostra que foi Templo, porque ainda conserva parte de seu magnífico frontespicio, e Algumas na- ves de pedra inteira: ocupa grande territorio, e nas suas arruinadas paredes, se vem obras de primor com Algumas figuras, e retratos embutidos na pedra com cruzes de vários feitios, corvos, e outras miudezas que carecem de largo tempo para admira llas. Segue-se a este edificio huma gran- de parte de Povoação toda arruinada e sepultada em

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grandes, e medonhas aberturas da terra, sem que em toda esta circunferencia se veja herva, arvore, ou plan- ta produzida pela natureza, mas sim montões de pedra, humas toscas outras lavradas, pelo que entendemos ha as fronteiras de ...................verção, porque ainda entre ....................................................da de cadáveres, que ....................................................e parte desta infeliz ....................................................da, e desamparada, ...........talves por Algum terremoto. Defronte da dita Praça corre hum caudalozo Rio, arrebatadamente largo, e espaçoso com Algumas margens, que o fazem muito agradavel a vista, terá de largura onze, até doze braças, sem vol- tas concideraveis, limpas as margens de arvoredo, e troncos, que as inundações costumão trazer: sonda- mos a sua Altura, e achamos nas partes mais profundas quinze, até dezesseis braças. Daparte dalém tudo são campos muito viçosos, e com tanta variedade de flores, que parece entoar a Natureza, mais cuida- doza por estas partes, fazendo produzir os mais mi- mozos campos de Flora: admiramos tambem algu- mas lagôas todas cheias de arrôs: do qual nos aproveitamos e também dos innumeraveis ban- dos de patos que se crião na fertilidade destes campos, sem nos ser deficil cassa-llos sem chum- bo mas sim as mãos. Tres dias caminhamos Rio abaixo, e topamos huma catadupa de tanto estrondo pe- la força das agoas, e rezistencia no lugar, que julgamos não faria maior as boccas do decan-

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tado Nillo: depois deste salto espraia de sorte o Rio que parece o grande Oceano: He todo cheio de Pe- ninsulas, cubertas de verde relva: com Algumas ar- vores disperças, que fazem.................hum tiro com davel. Aqui achamos............................................... a falta delle de noss................................................. ta variedade de caça................................................ tros muitos animais criados sem cassadores que os corrão, e os persigão. Daparte do oriente desta catadu- pa achamos varios subcavões, e medonhas covas, fazendo-se experiência de sua profundidade com muitas cordas; as quais por mais compri- das que fossem, nunca podemos topar com o seu centro. Achamos também Algumas pedras soltas, e na superfície da terra, cravadas de pra- ta, como tiradas das minas, deixadas no tempo Entre estas furnas vimos huma coberta com huma grande lage, e com as seguin- tes figuras lavradas na mesma pedra, que insi- nuão grande mistério ao que parece. Sobre o Portico do Templo vimos outras da forma seguinte dessignadas. Afastado da Povoação, tiro de canhão, está hum edificio, como caza de campo, de duzen- tos e sincoenta passos de frente; pelo qual se entra por hum grande portico, e se sobe, por hu- ma escada de pedra de varias côres, dando-se logo

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em huma grande salla, e depois desta em quin- ze cazas pequenas todas com portas para a dita salla, e cada huma sobre si, e com sua bica de agoa ..................................................qual agoa de ajunta ...............................................mão no pateo externo ...................................................columnatas em cir- ....................................................dra quadrados por arteficio, suspensa com os seguintes caracteres:

Depois destas admirações entramos pelas margens do Rio a fazer experiencia de descobrir ouro e sem trabalho achamos boa pinta na su- perficie da terra, prometendo-nos muita gran- deza, assim de ouro, como de prata: admiramo- nos ser deixada esta Povoação dos que a habita- vão, não tendo achado a nossa exacta diligencia por estes certões pessoa Alguma, que nos conte des- ta deploravel maravilha de quem fosse esta po- voação, mostrando bem nas suas ruínas a figura, de grandeza que teria, e como seria populosa, e oppulenta nos séculos em que floreceu po- voada; estando hoje habitada de andorinhas, Morcegos, Ratos e Rapozas que cebadas na mui- ta creação de galinhas, e patos, se fazem maiores que hum cão perdigueiro. Os Ratos tem as per- nas tão curtas, que saltão como pulgas, e não andão, nem correm como os de povoado. Daqui deste lugar se apartou hum companheiro, o qual com outros mais,

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depois de nove dias de boa marcha avistarão a beira de huma grande enseada que faz hum Rio a huma canôa com duas pessoas brancas, e de cabellos pretos, e soltos, vestidos a Europea, e dando hum tiro como signal para sever......................................................... para fugirem. Ter........................................................ felpudos, e bravos,.................................................. ga a elles se encrespão todos, e investem Hum nosso companheiro chama- do João Antonio achou em as ruinas de huma caza hum dinheiro de ouro, figura esferica, ma- ior que as nossas moedas de seis mil e quatro- centos: de huma parte com a imagem, ou figura de hum moço posto de joelhos, e da outra parte hum arco, huma coroa e huma setta, de cujo genero não duvidarmos se ache muito na dita povoação, ou cidade dissolada, por que se foi subversão por Algum terremoto, não daria tempo o repente a por em recato o preciozo, mas he necessario hum braço muito forte, e podero- zo para revolver aquele entulho calçado de tan- tos annos como mostra. Estas noticias mando a v.m., deste cer- tão da Bahia, e dos Rios Pará-oaçu, Uná, assen- tando não darmos parte a pessoa Alguma, por- que julgamos se despovoarão Villas, e Arraiais; mas eu a V.me. a dou das Minas que temos descuber- to, lembrando do muito que lhe devo Suposto que da nossa Companhia sahio já hum companheiro com pretexto

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differente, contudo peço-lhe a V.me. largue essas penú- rias, e venha utilizar-se destas grandezas, usando da industrias de peitar esse indio, para se fazer per- dido, e conduzir a V.me. para estes thesouros, etc ...................................................Acharão nas entradas .............................................................sobre lages.

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Assim termina o relatório da expedição que alcançou a velha cidade romana abandonada. Infelizmente o relatório no início é avariado e não traz o nome do chefe da expedição, todos os historiadores que analisaram as bandeiras da época acreditam que este relatório possivelmente foi escrito por João da Silva Guimarães que na época era tenente-general, também conhecido como mestre-de-campo, contudo um outro sertanista que pôde tê-lo escrito é Antonio Lourenço da Costa, que em 1757 chegou a distrito diamantino de Tijuco em Minas Gerais e disse que passou 10 anos no interior, em uma bandeira e que esta tinha feito descobertas surpreendentes na Serra Dourada na então Capitania de Goiás. Encontrei apenas dois manuscritos que fazem referência a este sertanista no Arquivo Nacional, nos quais é analisado umas amostras de material semelhante a prata, tendo o exame dado negativo. Desta mesma época existem algumas cartas que são datadas do mesmo local de onde foi escrito o relatório, ou seja, do Rio Paraguaçu na Bahia, o mesmo local onde morreu Gabriel Soares e seu irmão, existe uma do cabo da bandeira de João da Silva Guimarães de nome Lourenço Antonio Bragança datada de 24/ 5/ 1754 que remeteu amostras de um metal muito semelhante à prata, contudo as amostras que foram analisadas na Casa da Moeda do Rio de Janeiro deram negativas quanto à prata. Este Mestre-de-campo João da Silva Guimarães era em 1720 Capitão-mór na província de Ouro Preto, quando eclodiu o movimento chefiado por Filipe dos Santos para se libertar do domínio dos portugueses, tendo o movimento fracassado o capitão João da Silva fugiu para a Bahia tendo posteriormente conseguido o perdão graças à influência de sua família. Em 1752, João da Silva irrompeu com uma bandeira nas cabeceiras do Rio Paraguaçu na Bahia a dizer que vira as minas de Belchior Dias, o Muribéca (Cartas do Sertão do Paraoassu, Anais da Biblioteca Nacional, vol. cit. Doc. Raro nº 522, datado de Pau-a-pique em 12 de abril de 1753). A fazenda Pau-a-pique encontra-se, segundo informações fornecidas gentilmente pela SUDENE, na margem direita do Rio Paraguaçu, antigo Paraoassu, a fazenda encontra-se pouco mais de 30km a leste da Serra do Sincorá e foi por volta de 1750 era uma grande estação de parada entre os viajantes e bandeirantes da época. Em 1753 na Vila de Bom Sucesso das Minas Novas, Pedro Leonimo Maris, amigo pessoal do General João da Silva Guimarães apressou-se em convencer ao vice-rei na época, Conde de Autougia de que o general finalmente chegara ao maravilhoso local que tantos outros tinham tentado chegar em vão. (Carta de 07 de dezembro de 1752, Anais da Biblioteca Nacional, cód, raro n.º607) Com o resultado negativo das amostras emitido pela Casa da Moeda, ficou claro que não era ali que estava a suposta Mina de Belchior Dias, se é que ela realmente existira. Diante desta situação o general voltou para o sertão para o local incerto e ignorado a última notícia que se ouviu dele foi em 1764, depois sumiu por completo, acredita-se que tenha morrido por volta de 1766.

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A história das minas de prata de Belchior Dias talvez tivesse morrido aí juntamente com a descoberta da cidade abandonada, mas em 1838 um jovem chamado Manuel Ferreira Lagos, vasculhando os arquivos da biblioteca da corte encontrou entre os documentos encaminhados ao vice-rei o manuscrito e já bastante danificado pelo tempo e o entregou ao cônego Januário da Cunha Barbosa, que o estampou em boa cópia na primeira revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil(IHGB), começou então a busca pela cidade abandonada. Esta é a história da expedição de 1753 e de seu comandante João da Silva Guimarães, a ela se junta a de outros como a de Gabriel Soares e seu irmão que morreu na Chapada Diamantina e a Belchior Dias preso e torturado por não revelar a localização das tais minas, se junta ainda a história de Benigno José da Cunha e de Percy Fawcett que morreram em busca da cidade abandonada e uma frase de um general que tentou chegar ao local que declarou ao então vice-rei: "As minas são inatingíveis".

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PARTE IV - O ESTUDO DAS RUÍNAS

Muitos procuraram chegar até a cidade abandonada, mas algo fundamental deixou de ser feito, ou seja, duas perguntas: quem construiu e quando foi construída a cidade descoberta em 1753? O melhor caminho para responder a estas perguntas é seguir a narrativa do manuscrito. Cita ele: “... não achamos nenhum outro caminho a não o único que tem a grande povoação cuja entrada é por três arcos de grande altura o do meio é maior os outros dois do lado mais pequenos, sobre o grande e principal arco avistamos inscrições que se não podemos copiar foi pela grande altura." Estes arcos são sem dúvida um arco do triunfo. Inicialmente o Arco do Triunfo só possuía uma passagem central e em cada lugar que Roma conquistava era erguido um Arco deste. Os arcos foram a marca registrada da arquitetura e presença romana, não havia uma só posse que não tivesse um arco do Triunfo. Os últimos arcos construídos pelo império romano possuíam três aberturas, sendo que a abertura central era maior e sobre ela havia muitas inscrições narrando fatos. A cidade de Timgad na África possuía também um arco deste feitio. Estes arcos foram construídos até o fim do Império Romano do Ocidente 476 d.C. e o último deles foi o arco de Constantino. O arco ficava sempre na entrada da cidade a exemplo de Timgad. Dele saía uma rua da largura das três passagens.

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O segundo dado importante é a praça, cita o manuscrito: “... demos em huma praça do tamanho regular e no meio dela uma coluna de pedra preta de grandeza extraordinária e sobre ela a estátua de um homem ordinário com a mão na ilharga esquerda e o braço direito estendido mostrando com o dedo indicador o polo norte". É interessante notar-se a semelhança desta estátua com a estátua do cavalheiro romano descoberto no arquipélago dos Açores pelos portugueses. Ele também tinha o braço direito estendido e apontava com o dedo indicador a direção do Brasil, contudo existe no vaticano uma estátua de Otávio Augusto que viveu na época do máximo apogeu das conquistas romanas e em sua homenagem foram erguidas muitas estátuas em praças, seguindo a forma mostrada na figura ao lado.

Ainda na praça cita à memória: “... em cada canto da dita praça está uma agulha à imitação que usavam os romanos, mas algumas já maltratadas pela ação do tempo e outras partidas”. Neste fragmento do manuscrito os próprios exploradores confirmam que as agulhas encontradas eram semelhantes a que os romanos usavam em suas cidades. Continuando ainda o manuscrito:

“... pelo lado direito da dita praça esta um soberbo edifício como a casa de campo de um senhor de terra, faz um grande salão na entrada". Tal descrição assemelha-se muito aos edifícios públicos romanos, provavelmente tratava-se de um fórum, marca constante nas praças de cidades romanas, tinham em comum um grande salão na entrada. Continua a memória... "Sobre o pórtico principal da rua esta uma figura de meio relevo talhada em pedra, representa pessoa de pouca idade coroada de louro sem barba com uma banda atravessada e um fraudim pela cintura".

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Com respeito a esta estátua há pouco tempo tive a oportunidade de visitar o Museu de Belas-Artes no Rio de Janeiro e vi uma escultura praticamente idêntica a esta. Representava uma pessoa de pouca idade sem barba coroada de louro e atravessada por uma banda. Escultura feita por sinal em mármore. Dizia a plaqueta abaixo: "desenterrada nos arredores de Roma em escavação realizada a custeio da princesa Isabel". Evidentemente, tanto a escultura encontrada em 1753 como a que está no Museu de Belas Artes representam um imperador romano, se não o mesmo, a coroa de louros era sem dúvida uma característica de imperador romano. Quanto às inscrições encontradas e copiadas, segundo um professor americano que deu em 1982 entrevista a Rede Globo, pertence à escrita grego-ptolomaica e foi utilizada entre 100 a.C. a 300 d.C., já na época da dominação romana na Grécia, este período de tempo concorda perfeitamente com a data dada anteriormente para a chegada de romanos ao Brasil, ou seja em 100 a.C. Um detalhe importante foi dado pelo manuscrito quando referiu-se a moeda achada pelos bandeirantes, cita o manuscrito: "um nosso companheiro de nome João Antonio achou entre as ruínas um dinheiro em ouro de forma esférica, maiores que nossas moedas de seis mil e quatrocentos réis de huma parte havia um moço posto de joelhos da outra um arco uma coroa e uma flecha". Um achado importante, pois estátuas podem ser feitas nas mais diversas épocas dentro de um mesmo império, mas moedas não possuem data e local onde circularam e a que povo pertenciam e nos informam quem as cunhou, sobre esta moeda realizei exaustivos estudos em museus e órgãos especializados em numismáticas, consultei um infinito número de catálogos sobre todas as moedas de todos os povos de todos os tempos em uma coleção doada pelo museu britânico ao Banco do Brasil. Consegui descobrir um lado da moeda o lado do moço de joelhos, este cunho era utilizado em portos fenícios dominado por romanos com data de 260 d.C. na época do imperador Septimius Severus, o outro lado encontrei várias moedas com cunho semelhante todas datavam de 100 d.C. a 300 d.C., todas pertencentes ao império romano. Estas datas concordam perfeitamente com a data estabelecida aqui com o período de estadia dos romanos no Brasil, mas não só estas moedas foram achadas, foram encontradas em uma escavação na Venezuela um pote contendo várias moedas romanas, as mesmas ao serem examinadas mostraram ser verdadeiras e datavam de 350 d.C. infelizmente as moedas encontradas na fazenda provisão entre as ruínas da casa e ruas não foram examinadas quanto a sua data, só sendo verificada sua origem romana. Pelo que foi exposto pode-se concluir que esta cidade deve ter começado a ser construída por volta de 50 a.C. tendo atingido o seu apogeu em 400 d.C., sendo então progressivamente abandonada até atingir o estado em que foi encontrada em 1753.

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Procurei aqui dar uma visão do que foi visto realmente pelos bandeirantes de 1753, evitei fazer especulações infundadas ou fazer qualquer afirmação sem estudar minuciosamente um a um cada monumento, esta é uma apresentação imparcial dos fatos, a seguir apresento cinco perguntas com suas respostas. 1o. - A que estilo pertencem os monumentos apresentados? Ao estilo romano 2o. - Qual o período destes estilos? De 50 a.C. a 400 d.C. 3o. - A que povo e a que época pertence a moeda encontrada? Ao povo romano, cunhada entre 260 a 300 d.C. 4o. - A que estilo e povo pertencem as letras copiadas? Ao estilo greco-ptolomáico e pertencem ao império romano 5o. - A que religião e época pertencem os símbolos religiosos achados? Pertencem ao início da religião católica

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PARTE V - A BUSCA DA CIDADE ABANDONADA Ao tomar conhecimento do documento o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, incumbiu seu representante na Bahia, o cônego Benigno José de Carvalho e Cunha de localizar a cidade encontrada em 1753, contudo a expedição foi acometida por uma doença que assola a região e não completou o seu objetivo, Benigno teve a mesma sorte que Gabriel Soares e seu irmão tivera anteriormente, faleceu em virtude da doença adquirida. Benigno escreveu várias cartas, contudo só achei cinco, afirmava ele em suas cartas que tinha localizado a cidade abandonada, mas que não tinha meios de chegar até lá em virtude da doença contraída e dos perigos existentes na região, isto em 1845. Em 1848 o Major do exército Manoel Rodrigues de Oliveira, acusou Benigno de haver deliberadamente escondido a localização da cidade e só andar em lugares opostos onde o manuscrito indicava e que Benigno tinha na realidade o propósito de se apossar do ouro e da prata existente no local e declarou ainda que tinha encontrado ruínas semelhantes em uma fazenda denominada Provisão a 150 km da Vila Camamu, e que as mesmas tinham fragmentos de louças finas, ruas e casas e que lá também tinham achado moedas com cunho romano e deu como testemunha o Senhor Cypriano Antonio Gusmão, juiz da Vila Belmonte. Realmente, segundo informações que gentilmente me cedeu a SUDENE, existe uma fazenda chamada Provisão no local indicado por Manuel Rodrigues em 1848 e que lá em qualquer lugar que se cave encontra-se fragmentos de louças e utensílios em geral de uso comum na antiguidade e fora de uso a mais de 1500 anos. Possivelmente este local às margens do Rio de Contas, pertencente hoje ao município de Jequié na Bahia foi na época da colonização romana uma estação de parada entre a grande cidade e o porto situado onde é hoje a cidade de Belmonte, próximo a Porto Seguro. É interessante frisar que Camamu em Tupi significa, lugar onde se guarda ou conserta barcos, seria o que chamamos hoje de porto. Ainda no século XIX, em 1840 chegou à Bahia a fragata dinamarquesa Bellone, com os tenentes Suenson, Schultz e o botânico Kruger, encarregados de examinarem estas ruínas, mas não chegaram até ela. O fato é que o descaso e a incúria das autoridades da época transtornou e impediu as buscas de tal forma que não se localizou a tal cidade apesar dos fortes indícios de sua localização, até mesmo o IHGB abandonou inexplicavelmente Benigno no meio do caminho colocando em perigo toda a expedição.

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Em 24/02/1841 Benigno encontrava-se na capital da Bahia quando foi incumbido pelo IHGB de procurar a cidade abandonada encontrada em 1753, cita ele na sua primeira carta ao IHGB. "Encarregado pelo IHGB para indagar sobre a cidade abandonada, obtive informações de muitas pessoas e em especial a do Sr. Remigio Pereira de Andrade, natural de Minas, idade 73 anos e do Sr. Desembargador Mascarenhas, que desde o município do Rio das Contas, onde foi ministro, tinha atravessado a Serra do Sincorá e as terras do Rio Paraguaçu e Una (citado no manuscrito). Diria eu, que escreveram entre o Rio Una e o Rio das Contas e não do Una e Paraguaçu, procurei informar-me sobre a Serra do Sincorá e soube o seguinte: 1º- que é talvez a mais alta e inacessível serra que tem no sertão da Bahia, vista da parte norte, eriçada por grandes penhas em que brilham muitos cristais e seu cume está sempre coberto de nuvens até as 11 horas e que não tem mais que uma tromba (caminho aberto na rocha até o cume) na parte norte, pela qual só faz acessível ao seu cume; 2º- que esta tromba aberta desde a raiz até o alto da montanha tem a forma de zigue-zague, e que se leve três boas horas para subir; 3º-que desde a tromba a povoação do Sincorá vão 2 léguas e não há mata ou rio que impeça o trajeto, são campos gerais e tudo isto confirma com a relação dos aventureiros de 1753. Continua ele: “... pretendo examinar a catadupa (cachoeira) do braço do Sincorá, contudo se o tempo e as condições meteorológicas permitirem, contaram-me e em especial o Sr. Antonio Joaquim Cruz marchante de profissão, que tinha viajado por todos os vales e por aquelas terras vizinhas do Sincorá e ao braço do Sincorá e a dois dias acima da dita cachoeira e pelas suas informações soube que a cidade está encoberta por matas e que o braço do Sincorá se despenca por uma elevada cachoeira por bocas diferentes, fazendo um enorme ruído e forma várias penínsulas de verde relva e que nas margens oriental desta cachoeira há muitas minas profundas e algumas abertas em penhas em forma de abóbada e resultam em furnas insondáveis". Este é o resumo da primeira carta, a segunda, Benigno já se encontra na povoação do Sincorá e é datada de 20/ 08/ 1842 e também é endereçada ao IHGB, Benigno não foi ao local onde tinha dito na sua carta anterior, segundo Benigno pelas informações que tinha colhido no local soube que a cidade estava entre os Rios Tingá e Andaraí de trás dos morros de Orobó(ssimo) e que tinha a cidade virado refúgio de escravos fugidos, nesta época Benigno foi atacado por uma febre maligna cita ele: "...adoeci no dia 03 de fevereiro de uma febre que aqui chamam de maligna, que me pôs a morte, mas dentro de oito dias ainda mal convalescido fui atacado por sezões(espécie de dengue) até o fim de junho, e só pude fazer a primeira viagem ao Sincorá em 16 de junho de agosto corrente. O fastio mortal de cinco meses me puseram em um estado de debilidade para mim novo, reduzi-me a um esqueleto, todos que me acompanhavam

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também adoeceram, das sete pessoas que me acompanhavam , depois de sãos só ficaram comigo dois ordenanças e meu criado particular. Neste tempo chegou a resposta do Governador ao auxílio que pedi para continuar a jornada e resposta foi negativa “. E cita ainda "Já sem esperança de concluir minha missão por falta de recursos, enquanto acabava de convalescer para voltar a Bahia, mandei um ordenança com um negro a examinar a tal cachoeira do paraosisinho. Voltaram 15 dias depois e não tendo achado notícia da catadupa deste rio, mas só um sumidouro de 20 ou 30 passos de extensão, depois do qual surdia o rio, eles não se atreveram a descer o rio abaixo até onde se alarga a Serra do Sincorá em razão do emaranhado de mato que cerca de um lado a outro lado, adiantaram-se então até o Rio Grande, ao norte de Timbó, ali encontraram homens que tinham entranhado por aquelas solidões e tendo eles aberto uma nova picada para virem por ela ao Sincorá a um casamento, em princípio de março passado, foram sair nos campos gerais, onde há uma antiga estrada de sertão esses arrancharam na fralda cristalina dos morros em frente a estas gerais e vendo uma boa estrada pra subir os morros, deixaram a cavalgadura e malotagem em baixo e subiram a pé até encima, e chegando ao alto avistaram a cerca de légua e meia uma povoação na qual sentiram o rufar dos tambores e as ave-marias e viram subir dela muitos foguetes, retiraram-se e quando chegaram em baixo só encontraram a cavalgadura, os negros lhe haviam queimado toda a roupa e malotagem e se não apanhassem caça de certo teriam morrido de fome antes de chegar ao Sincorá. Estes morros ficam entre o Tingá e o Andaraí. É este, pois o quilombo que tanto ouvi falar por aqui e por estas notícias.”. Na carta, pede Benigno ajuda ao IHGB para que lhe forneça os meios necessários para continuar sua missão. Mas a ajuda nunca veio. A terceira carta não é muito diferente, escrita dois anos depois em 01/ 06/ 1844, Benigno confirma a versão que a cidade teria virado refúgio de escravos fugidos, cita ele: "Estes meus cálculos sobre a cidade abandonada acabam de ser confirmados por uma testemunha de vista. Indo eu para o Rio Tingá, recebi uma carta de Sr. José Rodrigues da Costa do arraial de Utinga, na qual me diz que um negro capturado, morador com seu senhor no lugar chamado Serrado de Orobó, se oferecia para me acompanhar até a cidade em troca de sua alforria e mostrar o quilombo onde ele esteve e a cidade que eu buscava, diz este negro que a cidade está próxima ao quilombo e que os negros do quilombo vão lá passar o domingo e dá tão exata notícia das casas e entrada e das estátuas e rio que corre defronte a dita praça que enquadra perfeitamente com o roteiro de 1753, mandei chamar o negro e lhe prometi a alforria, contudo o Sr. dono do escravo não permitiu que viesse e não o vende por preço algum. “Há três meses estou doente novamente atacado por sezões, se Deus me ajudar entrarei na cidade depois de São João”.

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Sua última carta que achei foi escrita em 23/ 01/ 1845 e era dirigida ao governador da Bahia solicitando auxílio para continuar a jornada, visto que o IHGB o tinha abandonado, contudo o auxílio não chegou, cita Benigna a carta que tinha esperança que o Sr. dono do escravo de nome Francisco permitisse sua vinda, uma de suas últimas frases foi: “... e por isto creio estar perto da cidade". Chegou-se até ela, nunca saberemos, morreu vitimado pelas contínuas doenças que contraiu uma delas lhe deu uma insuficiência hepática que lhe foi fatal. A região onde Benigno andava, a Chapada Diamantina é sem sombra de dúvida uma das mais difíceis regiões do país em termos de deslocamento e sobrevivência, é um local fatal para quem está acostumado a vida urbana, é raro as pessoas que lá empreenderam jornada e voltaram com vida, um relatório de um general de nome Miguel Pereira da Costa mostra bem como é esta região. "Até aqui é grande o trabalho, cooperando a maior parte dos elementos contra a saúde e contra a vida... contêm a travessia léguas de horroroso caminho, por que parece que a natureza se empenhou em fazer se trânsito difícil, sendo não só serrania continuada, mas como montões de serras umas sobre as outras, cujo vértice há de se avançar, subindo vértice sobre vértice, é raro o dia que a chapada esteja clara sem nuvens, está quase ali sempre a chover sendo que esta neblina e chuva miúda maltratam homens e cavalos, pois não há lenha para acrescentar fogo, é preciso ajudar os cavalos na travessia da serra, as vezes arrebentam seus peitorais e caem as cargas, outras, os cavalos voltam-se pra trás e despencam-se pelos precipícios. É tal a ossaria de cavalos mortos por esta serra e chapada que se poderia chamá-la de serra dos ossos. O incrível desta chapada é que se poderiam consumir exércitos inteiros que tentassem passar por ela utilizando uns poucos defensores. Conclui o general: "Este lugar é forte por natureza e inconquistável". Durante esta jornada o General foi atacado por uma doença e ficou paralítico. Fica claro que a Chapada Diamantina tornou-se no passado um lugar onde floresceu muitos quilombos, justamente pela dificuldade de atacá-los, os maiores foram os quilombos do Tupim, Andaraí, Rio de Contas e Orobó, este quilombos foram destruídos em 1789, contudo o quilombo Orobó não foi localizado e permanece até hoje incerta a sua localização, é natural e lógico que a cidade que foi encontrada em 1753 fosse utilizada como refúgio por escravos fugidos. Há de se lamentar o descaso e abandono que o IHGB, órgão mantido pelo próprio Imperador D. Pedro II abandonasse Benigno em sua missão, além desta tentativa de Benigno na Chapada Diamantina, nenhuma outra foi oficialmente realizada, ficando apenas casos de tentativas isoladas, impressiona a incúria e o descaso dos representantes dos órgãos científicos e das autoridades pelo patrimônio histórico-arqueológico do Brasil, as tentativas posteriores ficaram por conta de estrangeiros tendo as autoridades brasileiras colocado toda sorte de obstáculos e recusando-se terminantemente a voltar a comentar o assunto.

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Apresento a seguir a história da Expedição Fawcett, que acabou transformando involuntariamente esta história em uma lenda. A história da expedição foi muito especulada pela imprensa que deturpou os acontecimentos e deu caráter sensacionalista à expedição chegando até mesmo ao absurdo de declarar que Fawcett procurava uma cidade subterrânea de venusianos, mais uma vez a irresponsabilidade pairou sobre um assunto sério, talvez com um objetivo de quem sabe esconder algo.

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PARTE VI - A BUSCA CONTINUA - A EXPEDIÇÃO FAWCETT A história da Expedição Fawcett veio se somar tragicamente a esta história. O coronel inglês Percy Harrison Fawcett, engenheiro, lutou na 1º Guerra Mundial e depois dela passou a dedicar-se a expedições arqueológicas na América do Sul, homem de grande resistência física, atravessou a floresta amazônica enfrentando índios, onças, cobras e toda a sorte de doenças. Acreditava fielmente que o Brasil tinha sido parte da suposta Atlântida e que no território brasileiro ainda existia ruínas da Atlântida. Fawcett acreditava que a cidade descoberta em 1753 era uma das cidades, bem como a da Serra do Cachimbo e da Serra da Paraima. Contudo Fawcett não levou em consideração o estudo das ruínas. Aliás, nunca feito em época alguma. Esta fixação pelo mito da Atlântida acabou por afastá-lo do campo da pesquisa histórica levando-o a envolver-se com mitos e lendas que nada tinham a ver com as antigas ruínas das cidades romanas. O coronel Fawcett como a grande maioria dos pesquisadores, estavam tão ávidos em achar as cidades abandonadas que simplesmente se esqueceram de estudar o que estavam procurando, desta forma saíam para procurar algo que não sabiam onde estava e muito menos o que era. Fica óbvio que desta forma sem nenhum estudo jamais achariam coisa alguma, pois nem mesmo sabiam o que estavam procurando. Fawcett acreditava que a cidade estava localizada na Chapada Diamantina, nas proximidades de 11º 30' lat. e 42º 30' lon. aproximadamente, não muito distante do lugar onde Benigno dizia que estava a cidade habitada por escravos fugitivos. Fawcett fez várias expedições no interior do Brasil e em sua última pretendia chegar até esta cidade que ele chamava de "Z". Sua última notícia datava de 25 de maio de 1925. Desapareceu no norte do Mato Grosso, próximo a Serra do Cachimbo seguindo a indicação que lhe deu um índio que dizia que havia naquela serra nas margens de um rio que desaguava numa gigantesca cachoeira e se abria embaixo como um mar, uma cidade abandonada que tinha ruas, calçadas com pedra e nela havia templos onde num passado distante se realizava cerimônia semelhante ao batismo de hoje e que lá havia também a estátua de um homem. Esta descrição da cidade levou a Fawcett crer que aquela seria a cidade descoberta em 1753, apesar de estar firme na convicção que a mesma estava situada na Bahia, nunca mais foi visto. De sua expedição e busca só restaram seus manuscritos que ficaram para trás do qual pude extrair algumas frases. Há ainda algumas cartas que Fawcett escreveu a sua esposa as quais retirei alguns fragmentos que exponho. Cita o Coronel Fawcett em seu diário na pág.27: “Há outras cidades perdidas além destas duas: a de 1753 e a descoberta em 1913 pelo coronel inglês O’Sullivan” (na época cônsul britânico no Brasil, segundo o cônsul, tinham encontrado uma cidade muito semelhante a de 1753, contudo de menor porte e localizada no interior da floresta na Bahia a 12 dias de viagem de Salvador).

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“Há mais outra remanescente de uma antiga civilização, cujos habitantes se degeneraram. Eles porém, conservam em seus pergaminhos em chapas de metal os registros de um passado esquecido. É quase idêntica a que se encontrou em 1753, porém menos destruídas por terremotos “. Os jesuítas dela tiveram conhecimento e também um francês que neste século fez várias tentativas para chegar até ela, sem resultado. Um inglês que havia viajado muito pelo sertão soube também de sua existência ao ler um velho documento que se achava sob a guarda dos jesuítas. Sofria de câncer em adiantado estado. Desapareceu do cenário talvez pela doença. Fawcett referia-se ao coronel O'Sullivan que morreu em Manaus em um hospital vitimado de câncer. Continua ele na página 249: "...Não está claro o que aconteceu à colônia do Brasil central depois da destruição parcial de suas cidades. Os sobreviventes podem ter ficado isolados durante longos períodos de tempo no meio dos pântanos". Fawcett chamava a cidade de 1753 de "Z". Dizia ele na página 287 de seu diário: "Z não está nas margens do Rio Xingu e nem no Mato Grosso", prossegue ele na página 251: "...no nosso caminho para "Z" teremos a oportunidade de atravessar o território dos índios morcegos. Quando então terei o prazer de estudá-los" Foi esse seu grande desastre. Tais índios segundo a FUNAI eram os índios "Avá-canoeiros", a tribo mais violenta que se tem tido notícia. Nutrem um ódio profundo pelo homem branco. Matam sem piedade e não conhecem nenhuma regra de vida em sociedade. Nem mesmo as tribais. São nômades, andam sem parar destruindo tudo o que vêem pela frente, matando os animais, homens mulheres crianças e destruindo qualquer construção ou qualquer coisa viva ou inerte que encontre. São negros de cabelos compridos. Fawcett acreditava que poderia estudá-los. Estava enganado, aliás, um engano fatal. Cita Fawcett em seu diário: “... O nosso caminho será entre a latitude 10º 30’ e 11º até as elevações entre a Bahia e Goiás, uma região onde dizem ser infestada por índios, onde espero encontrar alguns traços de cidade habitada. Pretendo visitar uma torre de pedra a 11º 43'S e 54º 35'W . Depois rumaremos para o Araguaia. No distrito de Santa Maria e depois seguiremos para o Rio Tocantins passando pela cidade de Pedro Afonso ou ponta do nascimento. O nosso caminho será entre 10º e 11º S até as montanhas entre a Bahia e Goiás, depois entre as montanhas entre Bahia e Piauí, até o Rio São Francisco até Chique-Chique e se estivermos em condições visitaremos a velha cidade abandonada (1753?) a qual já faz aproximadamente a 11º 30’ e 42º 30' completando as investigações".

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Cita ainda ele na página 240: "sondei os três lados para assegurar-me qual era o melhor caminho, vi muita coisa que faria muita gente arriscar para ver mais". Pelo que parece Fawcett sabia a localização da cidade perdida, ele mesmo em certa ocasião revelou que só pouco antes da sua última expedição, a de 1925 foi que descobriu o rumo tomado pela bandeira de 1753. Na página 217 de seu diário cita ele: "ocorreu-me que meu principal objetivo poderia ser alcançado passando pelo estado de Goiás, evitando assim uma volta pelo Mato Grosso", se tivesse feito isso possivelmente não teria morrido. O desaparecimento do coronel Fawcett no Mato Grosso, próximo a fronteira da Pará, provocou um incidente diplomático entre o Brasil e a Inglaterra. Muitas expedições foram realizadas com o objetivo de encontrá-lo, mas não lograram êxito. Muitos boatos começaram a aparecer entre os quais que Fawcett procurava uma cidade subterrânea. Chegaram até mesmo a dizer o absurdo que Fawcett procurava incas-venusianos, boatos levantados com cunho sensacionalista em 1982 no dia 18/07 tive a oportunidade de ver pela televisão uma reportagem da Rede Globo de Televisão em seu programa Fantástico uma reportagem sobre a Expedição Fawcett. Nesta ocasião foi dito novamente que Fawcett procurava uma cidade subterrânea e em conseqüência da afirmação e dos protestos que vieram do estrangeiro em particular da Inglaterra, um novo programa foi ao ar em 03/10/1982 no qual um pesquisador inglês mostrava uma foto de um satélite usando câmaras infravermelhas que podem fotografar objetos ocultos sobre as árvores, na qual aparecia o que parecia ser uma cidade abandonada bem próximo ao lugar em que Fawcett desapareceu. Infelizmente o pesquisador não as coordenadas exatas da foto mas este programa apresentou os fatos sem um domínio do assunto de forma que ficou completamente vaga a compreensão. Via-se claramente que não se tinha a menor idéia do que estava sendo tratado e permanecia a idéia de que era uma cidade de incas-venusianos que estavam procurando. Não sei realmente como as coisas chegaram a fluir nesta direção e é difícil compreender como um assunto sério pode ser alterado para algo que não corresponde a realidade. Em uma de suas últimas cartas que Fawcett escreveu a sua esposa constava o seguinte: “Contaram-me que na fazenda do coronel Hermenegildo Galvão, um chefe índio da tribo Nafagua de nome Roberto, cujo território ficava entre os Rios Xingu e Tabatinga afirmou conhecer uma cidade onde moravam índios com ruas calçada e casas baixas e havia um grande templo onde se realizavam cerimônias de batismo, os outros índios que falavam dela diziam haver nestas casas luzes que nunca se apagavam. Foi a primeira vez que ouvi falar nestas luzes que tinham sido encontradas em casas antigas". A respeito destas luzes que também foram vistas pelas bandeiras de 1753, há de se esclarecer o seguinte: por volta de 1570, Gabriel Soares, que foi um dos primeiros portugueses da Bahia, escreveu em seus manuscritos que havia um bicho que os índios chamavam de Mamoa ou Mama que emitia uma forte claridade e que à noite tais bichos entravam no interior de casas abandonadas e que lá faziam sua morada e que durante a noite parecia que a casa tinha muitos lampiões acesos tal a claridade que tais bichos

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emitiam. Cita ele que às vezes estes bichos entravam em casas habitadas e que seus moradores ao abrir os olhos no meio da noite e ver a casa toda clareada. Escrevia Fawcett em sua última carta: "Talvez quando voltarmos a nossa história vá surpreender o mundo. Espero estar escrevendo a próxima carta de” Z” ou do Estado do Pará, quando já então tivermos feito a maior e mais extraordinária descoberta arqueológica de todos os tempos e estou certo que chegaremos a "Z". Esta foi sua última frase. Desapareceu após deixar vestígios. Esta última carta era datada de 25 de maio de 1925 nas coordenadas 54º 35' W e 11º lat. Lamento profundamente o desaparecimento do Coronel Fawcett que sabia das novidades que poderia ter trazido se não tivesse desaparecido.depois do desaparecimento do coronel Fawcett não houve mais expedições à cidade abandonada.soube apenas por fragmentos que outras pessoas viram uma cidade semelhante no alto de uma montanha. A primeira delas foi em 1720 segundo consta em um manuscrito datado daquele século no qual consta que um padre chamado Franscisco de Mell. Ao afastar-se mais de duzentas léguas da última cidade conhecida na Bahia em 1720 viu uma grande montanha que ao aproximar-se dela viu um grande templo e que no seu interior tinha muitas capelas voltadas para o centro de um grande salão e que no alto da montanha divisava a figura de uma grande cidade. Tal templo também foi citado também pela expedição de 1753. Mais tarde por volta de 1790 um padre vindo do Estado de Minas Gerais afirmava também ter visto uma grande cidade cuja entrada era por grandes arcos no alto de uma montanha, contudo... Não foi possível dizer exatamente qual era o local, pois morreu antes disso no Instituto Histórico da Bahia há varias descrições de marchantes e tropeiros que perdidos viram tal cidade no alto de uma montanha e em todas há um fato constante, na entrada da cidade existem grandes arcos.

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Procurei verificar as coordenadas dadas por Fawcett sobre a possível localização de tal cidade na Bahia, bem como as indicações dadas por tropeiros e viajantes e procurei associar estas informações a dados históricos e tradições sertanejas locais e de posse de fotos aéreas tiradas pela SUDENE. Vasculhei cada centímetro destes locais indicados olhando detalhadamente rua por rua casa por casa e infelizmente vista do alto todas as construções tem os mesmos aspectos. Não é possível identificar do alto um Arco do Triunfo de uma casa grande, desta forma verifiquei as coordenadas dadas por Fawcett e nelas não encontrei nenhum aglomerado de construções que parecesse uma cidade, apenas casas muito espaçadas e algumas cidades pequenas, a não ser é claro que tais ruínas se ainda em bom estado de conservação foram invadidas e habitado transformando-se em cidades, fato que é bastante possível pelos estudos das fotos. Muitos dados interessantes foram levantados, como a de caminhos em formas geométricas rígidas. Do estudo das fotos pude verificar até o momento três pontas que guardam as características do lugar procurado, um deles encontra-se ao norte da Serra de Rio de Contas mais precisamente no lugar denominado Serra da Tromba, onde existe um caminho entre duas serras que formam um “V” no qual se leva cerca de três horas pra subir e no alto dela se avista uma cidade a uma distância de légua e meia (10 km), esta cidade chama-se hoje Catolé, na mesma serra ao sul, existe também a cidade de Livramento do Brumado que também guarda muitas características da cidade de 1753, esta serra tem em sua composição grande quantidade de cristais e é o pico mais alto de toda a Bahia, sendo 2033mts. Ao observador que se encontra embaixo, parece que os picos chegam ao céu e esta mesma serra costuma ter grandes terremotos, lá também é onde se encontra os tais veados brancos e existe uma quantidade surpreendente de morcegos, tudo isto lembra a descrição dada pelo manuscrito de 1753. Na serra ao lado a Serra de Sincorá, há um estranho alinhamento em forma de cidade, exatamente idêntico aos Castrum Romanos, passando pelo lado deste estranho alinhamento - uma rua principal dividida em dezesseis quadras retangulares o Rio Una, citado no manuscrito que deságua a três dias de caminhada abaixo no Rio Paraguaçu, também citado no manuscrito, este alinhamento apesar de se ver do alto uma grande quantidade de casas, não tem nome, muito menos aparece nos mapas, o que impressiona pelo seu tamanho que se iguala ao da cidade de Salvador. Não creio que o que sobrou das antigas cidades dos romanos seja algo difícil de se achar em termos arqueológicos. Essas ruínas são muito recentes e tem por volta de 1500 anos, o que em termos arqueológicos não tem grande valor, contudo historicamente e no país onde se encontram, o Brasil, sua importância cresce muito, pois amplia consideravelmente o horizonte histórico, de certo que as pessoas que acreditavam que tais cidades eram parte da antiga Atlântida ou mesmo tinham sido construídas por incas-venusianos ficaram profundamente decepcionados, pois trata-se de ruínas recentes construídas nesta era sob a influência da Igreja Católica.

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PARTE VII A INFLUÊNCIA ROMANA SOBRE OS ÍNDIOS A presença da cultura romana no Brasil por cerca de 500 anos deixou marcas sobre a população natural. É importante lembrar que apesar do domínio romano por cerca de 500 anos, os fenícios que os antecederam aqui permanecem por cerca de 1000 anos, desta forma a língua e a religião fenícia influenciaram pesadamente a língua tupi-guarani, a influência chegou a tal ponto que a língua tupi-guarani tornou-se praticamente idêntica ao fenício antigo. Nas escavações arqueológicas realizadas na Síria, antiga Fenícia, descobriu-se tábuas de argila escrita em língua idêntica ao tupi-guarani. Os romanos por sua vez não tiveram tempo suficiente para alterar a cultura fenícia já assimilada pelos naturais, mas influenciaram bastante na pintura. Temos hoje no Brasil as tribos indígenas dos Carajás e Marajoaras que utilizam claramente em suas pinturas o estilo greco-romano, tendo ainda ficado entre os índios brasileiros algumas influências na língua da cultura greco-romana. Temos no tupi AGA significando bom e AGATHOS em grego cm o significado de som; OIKIA em grego sendo casa e OKA em tupi; MURUS em latim sendo construir e MRU em tupi significando construtor. A exemplo de Caramuru, nome dado a Diogo Álvares Corrêa que organizou a construção da cidade de Salvador (cara = branco e muru = construtor), no grego temos ET e no latim temos TE significando duplicidade e no tupi temos TE significando duplo. Ainda em tupi temos POTI significando Rio e POTAMOS em grego significando rios. Poderia prolongar mostrando as semelhanças entre o tupi e a língua clássica, contudo é na influência religiosa que ficou uma marca mais forte. Conta os cronistas da época da chegada de Cabral que os índios mostravam a marca de dois pés na rocha e diziam que ali tinha estado um Sumé, que em tupi significa líder religioso. Segundo os índios, Sumé tinha longas barbas brancas e usava uma longa túnica e uma cruz pendurada no pescoço. Usava uma espécie de cajado e disseram ainda que o Sumé lhes ensinou que o grande TUPÃ (TU em latim significa venerar e TU em tupi significa também venerar e PÃ = Deus em tupi) havia criado o mundo e todos os povos e que mandou em certa época um dilúvio pra castigar os homens por causa de seus pecados. Um livro sobre a semelhança da religião tupi com a propagada no início do cristianismo foi escrito pelo padre francês Claude D'Abbenville e foi apresentado à rainha regente e ao arcebispo de Paris, declararam ambos na ocasião que o livro era produto de fantasia, alegando que os índios simplesmente não poderiam saber tais coisas sobre religião e por este motivo o livro foi suprimido pela inquisição. Noutro livro semelhante que foi escrito pelo padre Ives D'Avreux e apresentado ao Rei Luiz XIII e o deixou profundamente irritado e a censura eclesiástica suprimiu o livro. Um fato não muito diferente aconteceu na América Espanhola, os Espanhóis ao chegarem foram recebidos amistosamente e verificaram com espanto a semelhança com a religião católica. O uso da cruz era constante, até mesmo os governantes locais usavam mantos que eram adornados com cruzes. Ficaram surpresos quando descobriram que muitas lápides mortuárias ostentavam cruzes e outros símbolos religiosos como o peixe, usado no princípio do cristianismo e quando resolveram questionar o porque do uso destes símbolos, tiveram como resposta que em uma época passada apareceu entre eles um certo líder religioso que eles chamaram de Tanapa. Este líder usava uma longa barba branca, vestia

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uma longa túnica também branca e usava uma cruz pendurada no pescoço e um cajado. Este líder os conclamou a deixarem o culto do Sol e a cultuarem um Deus único e a todos aqueles que convertia derramava sobre suas cabeças a água que colhia do rio, disseram ainda aos espanhóis que por onde passava deixava gravado na rocha a marca de seus dois pés, contudo havia entre os índios certa resistência, pois Tanapa desposava mulheres por onde passava. O fato pode ser explicado de forma simples, os romanos ao voltarem para a Europa deixaram pra trás alguns religiosos cristãos pois a religião católica havia há pouco tempo incorporado ao Império Romano. Esses religiosos procuravam difundir a religião católica entre os naturais, desta maneira a presença destes religiosos é citada por todas as tribos indígenas tanto da América Espanhola quanto à da portuguesa. Como naquela época não havia o celibato, era comum estes religiosos católicos desposarem as nativas. O último Sumé com estas características que se tem notícia morreu por volta de 1600 entre os índios Goyas que eram brancos e tinham a feição européia, possivelmente derivados da antiga colonização romana. Nenhum português chegou a ver um Sumé em vida. A tribo dos Goyas desapareceu por completo com a morte de seu líder atacados pelos índios Caiapós e Xavantes após a morte de Sumé que pelo simples respeito a sua pessoa mantinha longe os índios.

PARTE VIII - CONSIDERAÇÕES FINAIS Pretendo terminar aqui minha modesta pesquisa, gostaria de expor muito mais, principalmente no que diz respeito à localização das antigas cidades romanas e seus portos e mostrar um a um os documentos que deram embasamento as afirmações aqui contidas. Deixarei como sendo o nome de Talis o nome da antiga metrópole romana abandonada, pois este nome foi achado gravado em uma rocha ao lado de um desenho das ruas de um Castrum Romano. Gostaria também de agradecer a todos aqueles que de uma forma ou outra me auxiliaram na elaboração desta pesquisa sem o qual seria impossível realizá-la. A todos o meu mais profundo agradecimento. Autor: Diomário Gervásio de Paula Filho Correção e acréscimos: Abdias Flauber Dias Barros

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

-A procura de mundos perdidos Eydoux, Lenri-Paul -A escrita pré-histórica do Brasil Brandão, Alfredo -As minas do Brasil e sua legislação Calógeras, RJ, 1904 -As grandes conquistas da humanidade Rossi,Vitório G., Editora Três -A pré-historia brasileira Branco, Renato Castelo -A pré-história da Bahia Att, Carlos -Arraial do Tijuco Machado Filho, Ayres -Dicionário de Bandeirantes Carvalho Franco, Francisco de Assis -Documentos, Manuscritos da Biblioteca Nacional de Números 512, 522, 607, 956, 1894, 1266, 3091. -Bandeiras e Bandeirantes Borges Barros, Eduardo -Bandeirantes, Bandeiras e Sertanistas Borges Barros, Francisco -Bahia, História Antiga Vilhena, Luis dos Santos -Brasil, uma historia dinâmica Ilmar Rohloff -Bandeiras e Bandeirantes Francisco, Lobo Leite Pereira -Códice 807 Volume I e Códice 952 V-39 Arquivo Nacional

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-Cidades Petrificadas e Inscrições Lapidares no Brasil Araripe, Tristão de Alencar -Catalogue- Fgeer Coins Phenicia – Museu do Banco do Brasil -Cartas do primeiros jesuítas Leite, Serafim -Dicionário das minas do Brasil Ferreira, Francisco Inácio -E Fawcett não voltou Morel, Edmar -Fenícios no Brasil Schwennhagem, Ludwic -Em busca das esmeraldas Leite, Francisco Lobo -Expedição Fawcett Fawcett, Percy Herrison – por Brian Fawcett -História Geral da Humanidade Souza, Oswaldo -História da companhia de Jesus no Brasil Leite, Serafim -História Geral das bandeiras paulistas Taunay, Afonso -Descrição da província da Bahia Aguiar, Durval Vieira -Memórias do distrino diamantino de Serro Frio Santos, Joaquim Felício -Minas e minérios do Brasil Tanus, Jorge Bastiano -Mapoteca do IBGE -Inscrições e Tradições da América pré-histórica Ramos, Bernardo da Silva

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-Notícias da Bahia desde seu descobrimento até 1749 Caldas, José Antonio -O enigma da Atlântida Berlitz, Charles -Os filhos do Sol Holmet, Marcos -O mistério da Atlântida Berlitz, Charles -O segredo das minas de prata Calmon, Pedro -Os mistérios da antiga América do Sul Wilkins, Harold -Os Quilombos do Brasil Biblioteca Nacional -Revistas do IHGB, nºs:1,2,3,4,5, III, pág 150, VI, pág 326, X, pág 327, XXXIV, pág 414 -Roma marinha Kromauer Joannes -Roma, províncias na África Boisser, Gascem -Roma província da África do Norte A.C.Amatucci -Roma marinha Juriem De La Gravierre -Roman Coins Rarold Matingy – museu do banco do Brasil -Roman Imperiam Coinage V-1 Hattingy, Sydeham -Tiahuanaco, 10.000 anos de enigmas Incas Waisbard, Simone -Tratado Descritivo do Brasil Souza, Gabriel Soares

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ORGÃOS QUE AUXILIARAM

Biblioteca Nacional, Seção de Manuscritos. Biblioteca do Estado do Rio de Janeiro Biblioteca do Exército Biblioteca dos Jesuítas Arquivo Nacional, Setor de Pesquisas. Museu Nacional Museu de Belas Artes Museu do Banco do Brasil, Numismática. 5ª divisão de Levantamento Geográfico do Exército Rede Globo, Programa Fantástico, CEDOC.

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O CASO FAWCETT

Fawcett, Percy Harrison, militar e explorador inglês, nascido em 1867 e desaparecido em 1925, na região do rio das mortes em Mato Grosso. Através de documentos dos bandeirantes brasileiros, datados de 1753, Fawcett teve notícia de uma fabulosa cidade abandonada, de suas minas de prata, e bem assim, os caracteres que julgou iguais aos das inscrições por ele próprio descobertas durante exploração no Ceilão (Sri Lanka). Livro “Highlands of the Brazil”(1869, planaltos do Brasil de Richard Burton). Em 1909, Fawcett participou dos trabalhos de levantamento de um rio da fronteira Brasil-Bolívia, a serviço do governo boliviano, data daí seu conhecimento do interior brasileiro. A primeira tentativa de encontrar seu Eldorado realizou-se em 1920. Voltou a prosseguir o mesmo objetivo em 1925, na companhia de um de seus filhos e de um amigo deste. Todos desapareceram. A versão corrente é de que foram trucidados pelos índios Calapalos. (Enciclopédia Barsa, RJ, publicações V.7, p.302)

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