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1 Boletim 984/2016 – Ano VIII – 20/05/2016 Com avanço do desemprego, um em cada quatro jovens está sem trabalho Corte de vagas e necessidade de compor renda familiar criam cenário ruim para os trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos: a falta de emprego é maior e cresce mais para os mais novos no País São Paulo - A taxa de desemprego entre os jovens aumentou 4,7 pontos percentuais (p.p.) durante um trimestre, chegando a 24,1% nos primeiros três meses deste ano. O número de pessoas com idade entre 18 e 24 anos que não encontram trabalho no País subiu para 3,680 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço da taxa não pode ser explicado apenas pelo corte de vagas. Com o crescimento do desemprego, mais pessoas dessa faixa etária estariam procurando trabalho para compor a renda familiar, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento no IBGE. "Muitos trabalhadores que perdem o emprego decidem criar seu próprio negócio, na informalidade, e acabam ganhando menos dinheiro e perdendo as garantias previstas no

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Boletim 984/2016 – Ano VIII – 20/05/2016

Com avanço do desemprego, um em cada quatro jovens está sem trabalho Corte de vagas e necessidade de compor renda famili ar criam cenário ruim para os trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos: a falta de emprego é maior e cresce mais para os mais novos no País

São Paulo - A taxa de desemprego entre os jovens aumentou 4,7 pontos percentuais (p.p.) durante um trimestre, chegando a 24,1% nos primeiros três meses deste ano.

O número de pessoas com idade entre 18 e 24 anos que não encontram trabalho no País subiu para 3,680 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O avanço da taxa não pode ser explicado apenas pelo corte de vagas. Com o crescimento do desemprego, mais pessoas dessa faixa etária estariam procurando trabalho para compor a renda familiar, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento no IBGE.

"Muitos trabalhadores que perdem o emprego decidem criar seu próprio negócio, na informalidade, e acabam ganhando menos dinheiro e perdendo as garantias previstas no

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trabalho com carteira. Por isso, os jovens da família acabam também buscando emprego para pagar, inclusive, as próprias contas", disse.

Azeredo ressaltou, entretanto, que a taxa é sempre mais elevada para as pessoas com idade entre 18 e 24 anos. "Nessa fase, existem várias barreiras que impedem a entrada no mercado. Algumas delas são barreiras de qualificação, de maturidade, de empreendedorismo, de experiência. Mas agora, com o mercado saturado, a situação fica ainda mais complicada [o que faz com que esses empecilhos sejam estendidos]", afirmou.

E a situação deve piorar nos próximos meses, alertou Eduardo Mekitarian, professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Segundo ele, o desemprego avançou lentamente, no começo da crise, "porque o setor de serviços absorvia as perdas do setor industrial". Com o esgotamento desse intercâmbio, "a tendência é de aumento ainda maior".

Mekitarian contou que os processos de estágio, outra opção comum para a faixa etária, também estão mais escassos. "Vejo isso inclusive quando falo com os alunos da faculdade, que estão com mais dificuldade para encontrar estágios. A procura tem sido muito grande e a oferta das empresas está diminuindo cada vez mais."

Além do avanço entre os jovens, o desemprego também cresceu nas faixas etárias mais elevadas. Entre os trabalhadores de 25 a 39 anos, a taxa teve alta de 1,4 p.p., na comparação com o último trimestre de 2015, e chegou a 9,9%. Para as pessoas de 40 a 59 anos, o aumento foi de 1 p.p., puxando a desocupação a 5,9%. Na faixa de 60 anos ou mais, o crescimento de 0,8 p.p. levou o desemprego a 3,3%.

A quantidade de jovens sem trabalho só é superada pela faixa de 25 a 39 anos, que tem 3,843 milhões de pessoas fora do mercado. Para as demais, o numero é menor: 2,237 milhões entre 40 e 59 anos e 220 milhões com 60 anos ou mais.

Salários em queda

No primeiro trimestre, o rendimento médio real caiu em todas as faixas etárias. E os jovens, novamente, foram os mais afetados. Na comparação com os três primeiros meses do ano passado, a diminuição para a faixa etária foi de 6%. Assim, os ganhos mensais baixaram para R$ 1.061.

"Nessa idade, há menor poder de barganha, de negociação. Além disso, jovens estão perdendo empregos com maiores salários e acabando em vagas com remunerações inferiores", justificou Azeredo.

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Para a faixa entre 25 e 39 anos, houve recuo de 3%, no mesmo período, e os ganhos ficaram em R$ 1.845. Já os trabalhadores com idade entre 40 e 59 anos tiveram rendimentos mensais 4% inferiores, de R$ 2.228. As pessoas com 60 anos ou mais também receberam 4% menos (R$ 2.349).

Ainda segundo a pesquisa do IBGE, por região, o desemprego entre os jovens é maior no nordeste (27,4%) do que nas demais regiões: sudeste (25,5%), norte (23,1%), centro-oeste (20,7%) e sul (17,2%).

Renato Ghelfi

Indústria de máquinas e equipamentos médicos mira p restação de serviços Diante da retração da economia e da falta de previs ão de investimentos públicos e privados na saúde, fabricantes tentam obter receita maior oferecendo ganho de produtividade aos clientes São Paulo - Para driblar a retração econômica e a queda dos investimentos na área de saúde, fabricantes de máquinas e equipamentos hospitalares querem ampliar as receitas com prestação de serviços.

Executivos contam que, diante da perspectiva de vendas menores, a saída é oferecer aos clientes (clínicas, laboratórios e hospitais) a possibilidade de elevar a produtividade com os baixos recursos disponíveis hoje.

"A indústria está tendo de encontrar alternativas para seu modelo de negócios, pensando em soluções em termos de qualidade e produtividade, entendendo como hospitais e clínicas trabalham", observa o presidente e CEO da General Electric (GE) Healthcare para América Latina, Daurio Speranzini Jr.

De acordo com ele, os estabelecimentos menores são mais afetados pela retração econômica, o que levou a companhia a desenvolver ferramentas específicas para ajudar

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na gestão desses negócios. A principal aposta, nesse sentido, são os softwares de gerenciamento.

"Os clientes de menor porte que tinham interesse em comprar sua primeira máquina postergaram essa decisão. Os consumidores maiores ainda compram, mas em volume menor", conta.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed) indicam que o setor encolheu 7,6% no último ano. E a recuperação não deve ser rápida, na opinião do diretor executivo de relações institucionais da Abimed, Aurimar Pinto.

"O governo representa praticamente metade do nosso mercado, então os cortes [de investimentos públicos] refletem diretamente no nosso negócio. Quando olhamos esses dados recentes percebemos que não dá para esperar reversões rápidas, isso não acontece em curto prazo. O cenário não irá mudar nem no segundo semestre deste ano".

Apesar disso, Aurimar Pinto acredita que, com as mudanças na cena política, a confiança dos empresários está perto de ser retomada. "Estamos otimistas de que as mudanças políticas que estamos vivenciando resulte em retomada do crescimento. Por enquanto é uma fase de adaptação", comentou o diretor da Abimed.

Enquanto espera uma melhora do cenário e da confiança dos investidores, a Siemens Healthineers também está direcionando seus esforços à prestação de serviços, revela o diretor da empresa, Armando Lopes. "Oferecemos não apenas os equipamentos, mas também os serviços", diz.

Segundo ele, a companhia tem ofertado tecnologias que elevam a qualidade e a quantidade dos exames, melhoraram os resultados e aperfeiçoam em gestão dos negócios.

Lopes observa que a crise é o momento ideal para mostrar que o portfolio da empresa é capaz de maximizar retorno sobre os investimentos feitos.

"Ainda assim, se olharmos de uma forma geral, temos uma expectativa positiva para o segmento de saúde. O que existe no momento é uma precaução de quem precisa comprar equipamentos", avalia.

Outra que tem mirado na prestação de serviços, com foco em gerenciamento, é a Philips. A empresa apresentou na Hospitalar, feira que reuniu fabricantes de produtos médico-hospitalares, esta semana, na capital paulista, uma ferramenta de suporte clínico que dá "conselhos" durante o fluxo de trabalho e um software que aumenta a produtividade nos

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diagnósticos de radiologia, priorizando a agilidade.

"Fizemos uma série de mudanças para prestar o melhor serviço para o cliente e reduzir custos operacionais", comenta o vice-presidente de saúde para América Latina da Philips Healthcare, Daniel Mazon.

Ele revela que, desde o começo do ano passado, a companhia vem ajustando os contratos de manutenção a realidade econômica. "Boa parte das peças são importadas", explica ele, se referindo aos custos de importação de componentes para reparação dos equipamentos vendidos.

Na contramão do setor, a Fanem buscou no mercado externo uma saída para a baixa demanda da área de saúde no Brasil, segundo o diretor executivo da empresa, Djalma Luiz Rodrigues.

"Estamos dedicando mais atenção ao mercado de fora enquanto cativamos o mercado interno com serviços. Trabalharemos no exterior enquanto o governo brasileiro não reage. Mas espero que os hospitais voltem a ter recursos para que a gente possa continuar sobrevivendo", desabafa.

Ana Carolina Neira

Sindicato de metalúrgicos rejeita oferta da CSN em negociação salarial SÃO PAULO - Representantes sindicais da usina siderúrgica da CSN em Volta Redonda (RJ) rejeitaram esta quinta-feira termos para acordo coletivo deste ano, que inclui reajuste salarial zero e corte em benefícios.

Os trabalhadores cobram um mínimo de reposição da inflação medida pelo INPC (9,83 por

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cento) mais aumento real que não foi definido. A data-base da categoria é em 1o de maio.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, a direção da entidade se retirou da mesa de negociação após a apresentação da proposta da CSN, que foi feita após acidente mais cedo neste ano que culminou com a morte de três trabalhadores da usina. O sindicato não descarta uma eventual convocação de greve na unidade.

"Não vamos aceitar de maneira alguma (...) Esperamos a retirada da contraproposta da empresa e que ela volte a negociar", disse o presidente do sindicato, Silvio Campos, em comunicado à imprensa. Procurada, a CSN não comentou o assunto.

A reunião desta quinta-feira foi a primeira no processo de negociação deste ano. Em 2015, um acordo só foi alcançado em setembro, com reajuste de 6 por cento.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

Líderes assinam urgência para votar projeto que cri a trabalho intermitente Parlamentares ligados ao setor empresarial querem a gilizar a votação na Câmara dos Deputados de matéria que apresenta uma nova alterna tiva de contratação de mão de obra temporária Brasília - Líderes de nove partidos da base aliada do governo Michel Temer assinaram pedido de urgência para votar no plenário da Câmara dos Deputados, em breve, um projeto que cria o trabalho intermitente. Trata-se de uma nova modalidade do regime de contratação de empregados por hora móvel em vez de hora fixa. Haverá, porém, forte reação à proposta dos parlamentares ligados a movimentos sindicais que lançaram a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Classe Trabalhadora. O movimento é contra perda de direitos, a exemplo de idade mínima para aposentadoria, tema do grupo de trabalho criado nesta semana pelo governo.

Por seu lado, o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (CSE), Rogério Marinho (PSDB-RN), recolheu as assinaturas dos

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líderes para agilizar a votação da matéria.

No requerimento de urgência constam as assinaturas dos líderes do PMDB, DEM, PROS, PRB, PP, PTB, PPS, PSD e PSDB. A partir de agora, o requerimento precisa ser votado em Plenário. Se aprovado é dispensada a tramitação nas comissões temáticas da Câmara e o projeto deverá ser incluído na ordem do dia, para também votação em plenário.

Marinho costura ainda o apoio do governo. Anteontem, ele esteve em uma comitiva com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Marcos Pereira (PRB). Entregou um documento que defende a jornada móvel. "A Frente está trabalhando com afinco para aprovar o PL 4132/2012, que regulamenta o trabalho intermitente, permitindo que a contratação seja realizada por hora de trabalho, em escala móvel, formato que beneficia trabalhadores e empregadores ao adequar oferta e demanda", diz o documento.

O principal argumento dos defensores é que o projeto vai facilitar a contratação de empregados nos Jogos Olímpicos, que acontece em agosto no Rio de Janeiro, por exemplo.

Milhões de empregos

O autor do projeto, deputado federal Laércio Oliveira (SD- SE), afirma que a proposta facilita a contratação de pessoas que trabalham em eventos vendendo bebida, comida ou como segurança. "O exercício da função ocorre apenas no período em que o evento acontecer e isso vai gerar cerca de 2 milhões novos empregos", afirmou Oliveira.

Na opinião do parlamentar, a jornada móvel é uma cultura tradicional no exterior, onde jovens, durante a faculdade, trabalham um período de horas menor em função dos estudos, mas ainda assim é registrado e tem todos os seus direitos legais garantidos.

"No Brasil, sabemos que a maior causa de abandono dos estudos por jovens é a necessidade de trabalhar. Com esse projeto, os estudantes poderão adaptar seus horários de trabalho ao estudo", disse Oliveira.

Conforme texto da matéria, as empresas poderão contratar colaboradores para trabalhar em dias ou horas alternadas, de acordo com a disponibilidade do empregado e conveniência do empregador.

Segundo diz Oliveira, atualmente não existe previsão no regramento jurídico que permita essa forma de contrato. Porque, tanto na Lei Trabalhista quanto na Lei do Trabalho Temporário, a carga horária tem que ser fixa. "A lei não permite um contrato sem horário preestabelecido, que é o que acontece no trabalho intermitente", destacou o deputado.

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Rasgar a Constituição

Um dos coordenadores da Frente em Defesa da Classe Trabalhadora, o senador Paulo Paim (PT-RS) demonstrou preocupação com projetos que significam perdas de direitos adquiridos pelos trabalhadores, como no caso da reforma da Previdência. "Não dá para aceitar que uma pasta com mais de 80 anos, com um dos maiores orçamentos da América Latina, seja agora uma secretaria do Ministério da Fazenda", criticou.

O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA), também coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Classe Trabalhadora, afirma que o Congresso conservador que apoia o presidente interino tende a apoiar a proposta do trabalho intermitente, mas enfrentará resistências. "É mais uma tentativa de se flexibilizar direitos dos trabalhadores, para retirá-los", avaliou. "Querem rasgar a Constituição".

Segundo Almeida, se a proposta passar, seria possível ter, durante uma jornada, um contrato de 3 horas, outra para 2 horas. "Isso aumentaria a rotatividade e estimularia a informalidade. É totalmente inaceitável. É uma tentativa no sentido de fragilizar o lado do trabalho na relação capital/trabalho", analisou.

Abnor Gondim

TST mantém punição à Dimed - A Dimed Distribuidora de Medicamentos foi condenada a pagar indenização pelos lanches não fornecidos a empregada nos dias em que teve a jornada prorrogada por período superior a duas horas. Dispensada quando exercia a função de consultora de beleza, a empregada ajuizou a reclamação trabalhista contra a empresa na 2ª Vara do Trabalho de Porto Alegre (RS), requerendo, entre outros, o pagamento pelo lanche não fornecido. O juízo deferiu R$ 5 por dia em que trabalhou mais de duas horas além do expediente, com base em convenção coletiva da categoria. Com a sentença mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), a empresa interpôs recurso para o Tribunal Superior do Trabalho (TST) contra a indenização, considerando-a excessiva. O recurso foi negado pela Corte. /Agências (FONTE: DCI dia 20/05/2016)

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Maior no Nordeste, desemprego cresce e já supera 15 % na Bahia Por Robson Sales e Estevão Taiar A situação fiscal do governo, que obrigou a cortes de investimentos, repasses e transferências, que contribuíam para impulsionar o crescimento econômico do Nordeste, pode ter sido a principal causa para a alta recorde de 33,7% no número de desocupados na região no primeiro trimestre, na comparação com o início do ano passado, segundo dados da Pnad Contínua, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A região tem 3,2 milhões de pessoas na fila em busca de trabalho, cerca de 800 mil a mais que em igual período do ano passado. A taxa de desocupação na região chegou a 12,8% no primeiro trimestre, a maior entre todas as cinco regiões pesquisadas. No período de crescimento da economia brasileira, destacou o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Pedro Raffy Vartanian, o Nordeste teve um crescimento superior às outras regiões, impulsionado principalmente por investimentos públicos. "Com a crise, a tendência é que o Nordeste sinta ainda mais os efeitos no mercado de trabalho do que as outras regiões", completou.

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Num cenário de redução dos gastos públicos, o Nordeste deve ser também a região que entrará por último na retomada, avaliou Vartanian. "O Nordeste terá que reencontrar um caminho menos dependente do setor público, talvez com investimento privado", afirmou o economista. O IBGE já havia publicado no dia 29 de abril a taxa média de desemprego para o trimestre, que ficou em 10,9%, mas detalhou ontem os dados por regiões e Estados. A Bahia puxou negativamente a taxa do Nordeste e se tornou também o Estado com o maior desemprego do país. Entre o último trimestre do ano passado e o início de 2016, a taxa cresceu na Bahia de 12,2% para 15,5% e levou o Estado a ultrapassar o Amapá, que nesse mesmo período viu o desemprego crescer de 12,7% para 14,3%. O número nesses Estados ficou, inclusive, acima dos 14% que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estima que o desemprego pode chegar até o final do ano "se nada for feito". Os Estados do Nordeste sofrem mais porque, em média, têm um mercado de trabalho mais informal e menos qualificado que outras regiões do país. "Em geral, o desemprego atinge pessoas menos produtivas, áreas economicamente menos dinâmicas, com níveis educacionais mais baixos. Apesar de ter conseguido ganhos grandes, ainda estão num patamar abaixo dos Estados do Sul", reforçou o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), Bruno Ottoni. O desemprego bateu recorde no Nordeste, mas foi no Sudeste que a taxa de desocupação mais cresceu entre o primeiro trimestre do ano passado e igual período de 2016, mostrou o IBGE. A taxa de desemprego nessa região subiu 3,4 pontos percentuais em um ano, passando de 8% para 11,4%. Reflexo da crise na indústria, afirmou Pedro Vartanian, da Mackenzie. O Sudeste representa 44,5% de todo o mercado de trabalho brasileiro e o Nordeste, 24,8%. Para Luiz Fernando Castelli, economista da GO Associados, o fato de o desemprego ter batido recorde em 21 das 27 unidades da federação neste primeiro trimestre mostra a precariedade atual do mercado de trabalho. "É uma crise difusa, essa é a mensagem", disse. Os dados da Pnad Contínua indicam que o atual cenário tem elevado a concentração de renda entre as regiões. Em 2012, início da pesquisa, o Norte e o Nordeste, juntos, tinham 32,7% da massa de rendimento que Sul e Sudeste recebiam naquele ano. Em 2016, essa proporção caiu para 30,3%. Isso ocorre, principalmente, pela maior informalidade do mercado de trabalho no Norte e no Nordeste. A massa de rendimento médio real habitual dos ocupados (R$ R$ 173,5 bilhões de reais para o país com um todo) ficou em R$ 90,6 bilhões da região Sudeste, R$ 29,5 bilhões no Sul, R$ 27,6 bilhões no Nordeste, R$ 15,7 bilhões no Centro-Oeste e R$ 9,8 bilhões no Norte.

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Fusão de Força e UGT tem aval de Temer Por Cristiane Agostine Um dos principais articuladores do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SDSP), negocia a fusão da central sindical à UGT, com aval do governo Michel Temer (PMDB). Depois de a Força Sindical perder representatividade nas gestões do PT, Paulinho pretende aumentar seu poder de negociação no governo federal, já que o partido que preside, o Solidariedade, não ganhou nenhum ministério. Ao mesmo tempo, o governo Temer vê a nova central sindical como forma de conquistar apoio em uma base social ainda dominada pelo PT e PCdoB. A fusão entre a Força e UGT pode acontecer em breve, se depender da direção das duas centrais. As conversas entre Paulinho e o presidente da UGT, Ricardo Patah (PSD), começaram em março, às vésperas da votação do impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, em abril.

Na quartafeira, os dirigentes estaduais da UGT vão se reunir para decidir se vão ou não se juntar à Força. Dentro da central comandada por Patah, no entanto, sindicalistas pressionam a direção nacional para não deixar o comando da nova central com Paulinho. A UGT, União Geral dos Trabalhadores, foi criada em 2007 como uma dissidência da Força e agrupou outras três centrais (CGT, SDS e CAT), com 600 sindicatos filiados. Presidente do Sindicato dos Comerciários, Patah foi fundador e tesoureiro da Força.

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Antes mesmo da eventual união formal, as duas centrais já combinaram de negociar juntas a reforma da previdência com o governo. Em comum, não aceitam a proposta de idade mínima apresentada pela gestão Temer e defendem o fim da desoneração da folha de pagamento. A Força quer a legalização de jogos para financiar a previdência. O secretáriogeral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, diz a que fusão é "uma tendência mundial", mas afirma que as centrais ainda estão negociando. "Mas vamos fazer plenárias conjuntas entre as direções já para ter posições unitárias no debate da reforma da previdência." A atuação em bloco das duas centrais aumentará o poder de negociação também no Congresso, porque unirá o Solidariedade, com 14 deputados, a representantes do PDT (ligado à Força) e a integrantes do PSD e PPS (partidos com dirigentes da UGT). "Vamos conseguir influir politicamente e barra projetos contrários aos trabalhadores", diz Juruna. Já a CUT vê com desconfiança a união, articulada por Paulinho, um dos principais aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDBRJ) e de Temer. Para o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, a fusão poderá servir aos interesses não só de Temer, mas também do empresariado e cita como exemplo o fato de a Força defender a terceirização de serviços. "Para o governo Temer, há interesse de potencializar essas duas centrais, para ele ter representatividade em uma base social importante", afirma Isso. "Mas quero ver essas centrais irem para a porta de fábrica defender medidas que são contra os trabalhadores, como a flexibilização da lei trabalhista", diz. Se a negociação entre Força e UGT avançar, a nova entidade poderá representar até 21,4% dos trabalhadores e ficará em segundo lugar entre as maiores centrais sindicais, atrás da CUT, que lidera a representatividade, com 30,4%. É a partir da representatividade dos trabalhadores sindicalizados que o governo calcula a partilha da contribuição sindical, também conhecida como imposto sindical. Em 2015, a CUT recebeu R$ 59 milhões, seguida pela Força, com R$ 47,4 milhões e a UGT, com R$ 44,2 milhões. Os dados foram organizados pela ONG Contas Abertas a partir de dados do Ministério do Trabalho. Neste ano, a Força deverá receber menos, já que o número de trabalhadores ligados à central caiu. Ao longo das gestões petistas, a central comandada por Paulinho encolheu. A CUT também perdeu representatividade no governo Dilma Rousseff. Ao mesmo tempo, a UGT, com sindicatos sobretudo da área de comércio, foi reforçada. Em 2010, a Força era a segunda maior central do país, com 13,71% dos trabalhadores. Em 2015 a representatividade caiu para 10,08% e neste ano a central ficou em quarto

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lugar, atrás da CTB, ligada ao PCdoB, também com 10,08%. A diferença entre as duas centrais é de cerca de 900 trabalhadores. No último ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010, a CUT, ligada ao PT, representava 38,23% dos trabalhadores. Em 2015 caiu para 31,73% e neste ano, segundo o Ministério do Trabalho, para 30,4%. Já a UGT representava 7,19% dos trabalhadores em 2010 e passou para 11,29% neste ano.

(FONTE: Valor Econômico dia 20/05/2016)

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17 Estados e Distrito Federal têm desemprego superi or a 10% no 1º tri LUCAS VETTORAZZO - DO RIO Mais da metade das 27 unidades federativas brasileiras tiveram taxa de desemprego acima de 10% nos três primeiros meses do ano, divulgou o IBGE, na manhã desta quinta-feira (19).

Dados da Pnad Contínua, pesquisa de desemprego do instituto, mostraram que 17 Estados e o Distrito Federal estão nessa situação.

Apenas quatro unidades da federação tinham desemprego acima de 10% no primeiro trimestre de 2015 — Rio Grande do Norte (11,5%), Bahia (11,3%), Alagoas (11,1%) e Distrito Federal (10,8%).

A taxa de desemprego geral do país para o primeiro trimestre, de 10,9%, foi divulgada no final do mês passado pelo instituto. O que foi divulgado na manhã desta quinta-feira (19) foram os dados regionalizados para o período.

"Temos um quadro onde a desocupação se acentuou em todas as regiões do país", afirmou Cimar Azeredo, coordenador do Trabalho e Rendimento do IBGE.

Os Estados da Bahia (15,5%), Rio Grande do Norte (14,3%) e Amapá (14,3%) tiveram as maiores taxas do Brasil, enquanto Santa Catarina (6%), Rio Grande do Sul (7,5%) e Rondônia (7,5%) registraram as menores taxas.

O Estado de São Paulo apresentou taxa de desemprego de 12% no primeiro trimestre, a maior da série histórica, iniciada em 2012. O resultado indica aumento do desemprego —no trimestre imediatamente anterior, a taxa foi de 10,1%. Há um ano — no primeiro trimestre de 2015—, a taxa era de 8,5%.

Desde o segundo trimestre de 2014 a taxa de São Paulo supera a média geral para o país. Somente de janeiro a março, 471 mil pessoas entraram na fila de emprego no Estado.

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São Paulo encerrou o trimestre com 2,886 milhões de desocupados, alta de 19,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior. No intervalo de um ano, o número absoluto de desocupados cresceu 45,7%.

No caso dos ocupados, o Estado fechou o período com 21,1 milhões de pessoas nessa condição, queda de 1% nas duas bases de comparação. Somente na passagem do último trimestre de 2015 para o primeiro trimestre deste ano, 204 mil pessoas perderam seus empregos.

"São Paulo sente mais rapidamente esse processo de mudança no mercado de trabalho, por concentrar um grande número de indústrias, por exemplo. Como é o Estado mais desenvolvido do país, é uma espécie de farol do que ocorre no restante dos Estados", explicou Azeredo.

O Rio de Janeiro apurou desemprego de 10%, alta frente aos 8,5% do trimestre anterior. O indicador superou em muito o verificado um ano antes, no primeiro trimestre de 2015, de 6,6%.

REGIÕES

Três das cinco grandes regiões brasileiras tiveram desemprego superior a 10% — Norte (10,5%), Nordeste (12,8%) e Sudeste (11,4%).

No Nordeste, onde há o maior desemprego do país, a taxa esteve em 9,6% nos três primeiros meses de 2015.

"O Nordeste tradicionalmente tem uma taxa maior que outras regiões. Há uma informalidade maior, uma concentração menor de indústrias de grande porte e uma concentração maior de jovens nessa região."

Na outra ponta, Centro-Oeste (9,7%) e o Sul (7,3%) apresentaram melhores taxas no primeiro trimestre.

(FONTE: Folha de SP dia 20/05/2016)

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União perde R$ 12 bi com desemprego Cifra, referente aos quatro primeiros meses do ano, equivale ao valor que o governo pretendia arrecadar com a volta da CPMF em 2016 ADRIANA FERNANDES, BERNARDO CARAM - O ESTADO DE S.P AULO

BRASÍLIA - A explosão do desemprego já fez o governo perder em arrecadação tudo o

que contava ganhar com a volta da CPMF em 2016.

Nos quatro primeiros meses do ano, a Receita Federal perdeu R$ 12,4 bilhões por causa

do impacto provocado pela queda do emprego e dos salários no recolhimento de impostos

e contribuições federais.

O impacto negativo da perda de postos de trabalho nos últimos meses foi o que mais

pesou para a queda de 7,91% da arrecadação do governo federal de janeiro a abril, que

atingiu R$ 423,9 bilhões – o pior resultado desde 2010. Em abril, o tombo foi de 7,1%, com

arrecadação de R$ 110,89 bilhões.

O recuo do emprego bate diretamente na arrecadação de contribuições previdenciárias e

no Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). “É preciso um alerta para o tamanho do

problema.

A perda é maior do que parece à primeira vista”, disse José Roberto Afonso, pesquisador

do Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto de Direito Público (IDP).

O governo contava com arrecadação líquida de R$ 10 bilhões com a CPMF ao longo deste

ano, lembrou. Para Afonso, o espaço para um ajuste fiscal clássico é cada vez mais

limitado, pois não há como aumentar a carga tributária sobre uma base de cálculo que

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está “derretendo”. Ele ressaltou que, como a alta do desemprego é “líquida e certa” nos

próximos meses, o quadro vai piorar.

Desonerações. A reversão de boa parte da desoneração da folha salarial está evitando

que a queda na arrecadação não seja ainda mais acentuada. Enquanto a arrecadação da

contribuição previdenciária caiu R$ 7,2 bilhões (5,6%), a reversão das desonerações foi de

R$ 3,2 bilhões. Ou seja, excluído este efeito, a perda efetiva de arrecadação, que reflete

mais diretamente o maior desemprego e o menor reajuste salarial, foi de R$ 10,4 bilhões,

pelos cálculos do economista.

O mercado de trabalho também provocou uma queda de R$ 2 bilhões do IR retido na

fonte. Heleno Torres, professor de direito financeiro da Universidade de São Paulo,

explicou que a queda no emprego gera uma reação em cadeia para a arrecadação. Como

efeito imediato, o impacto das demissões é percebido na queda do recolhimento

previdenciário e do IRRF.

Mas, com o aumento do número de desocupados, caem também a renda e o consumo, o

que afeta a arrecadação de tributos que incidem sobre a produção, comércio e serviços.

Assim, também recua o pagamento de impostos sobre o lucro das empresas. “O cenário é

muito grave e a recuperação da arrecadação dependerá muito do emprego”, disse.

Para Torres, a entrada de dinheiro nos cofres do governo pela repatriação de recursos de

brasileiros no exterior pode melhorar um pouco a situação.

Mas, por enquanto, no primeiro mês de vigência da programa de repatriação, o Fisco não

verificou ingresso de recursos, segundo o chefe do Centro de Estudos Tributários da

Receita, Claudemir Malaquias. Pelas regras estabelecidas, o contribuinte tem até 31 de

outubro para aderir ao programa. “Os contribuintes, em massa, vão deixar para o final”,

disse. (FONTE: Estado de SP dia 20/05/2016)

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