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Comandatuba B R A S I L I L H A , D O C E I L H A Na costa do Cacau, a ilha de Comandatuba é sinónimo de um dos maiores resorts do Brasil. Para quem procura espaço e sossego, mas não alinha na completa ociosidade, este é um destino de férias interessante, a dois ou em família. Praia, piscina, golfe, spa, caminhadas, bicicleta, desportos náuticos, passeios a cavalo, observação de aves… Uf! Não é caso para levar a agenda, mas vá com tempo para se deixar surpreender. POR CARLA MAIA DE ALMEIDA | FOTOS DE NUNO OLIVEIRA BT – comandatuba 12/29/05 4:59 PM Page 96

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ComandatubaB R A S I L

I L H A , D O C E I L H A …

Na costa do Cacau, a ilha de Comandatuba

é sinónimo de um dos maiores resorts do Brasil. Para quem procura espaço e sossego, mas não alinha

na completa ociosidade, este é um destino de férias interessante, a dois ou em família.

Praia, piscina, golfe, spa, caminhadas, bicicleta, desportos náuticos, passeios a cavalo, observação

de aves… Uf! Não é caso para levar a agenda, mas vá com tempo para se deixar surpreender.

P O R C A R L A M A I A D E A L M E I D A | F O T O S D E N U N O O L I V E I R A

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ns têm a Plaza Mayor, outros Trafalgar Square. E há quem tenha osSete Cascos. Ninguém sabe o nome da árvore mais frequentada daterra de Comandatuba; a tal que, como disse Alvinho, fotógrafo doHotel Transamérica, “é mais velha do que o rascunho da Bíblia”…Chamam-lhe, portanto, Sete Cascos – toponímia obscura aosolhos de um forasteiro, mas nem por isso impeditiva das funçõesessenciais: servir de aconchego a quem gosta de falar da vida alheiacom a bênção de uma sombra protectora. Sete Cascos, a sala de

estar ao ar livre dos patrícios de Comandatuba, é um dos últimos lugares antes do cais de embarquepara o Transamérica. Uma travessia de cinco minutos pelo canal onde o rio se mistura com o mar echegamos à ilha. É nítido o contraste entre dois mundos, não há que o esconder. De um lado, umpovoado parado no tempo: ruas de areia e terra batida, um cruzeiro de pedra, meia dúzia de lojas deartesanato, um restaurante e pouco mais. Do outro, um hotel que procura conciliar todo o confortocom as benesses da natureza, juntando no mesmo espaço propostas diferentes para umas férias bempassadas. A questão é: por onde começar?

Obviamente, pelo pequeno-almoço: pão com sementes de sésamo, queijo, frutas, sumo deacerola, café simples. E um beiju de tapioca com leite condensado, como suplemento de energia.Esperam-nos mais de vinte quilómetros de areal deserto, e nem as nuvens cinzentas da manhãchegam para descompor o cenário. A água do mar tem uma cor indefinida, pardacenta; explicam--nos, mais tarde, que é por causa da proximidade do manguezal e da força das chuvas que caíram nasemana anterior. Pouco importa. Da praia, nada nos move. Uma toalha, um chapéu e protectorsolar: assim se completa a santíssima trindade do descanso. Ali ficamos, a salvo de buzinas etelemóveis, apreciando de longe o esforço dos fiéis ao jogging, tentando cultivar a arte de não pensarem nada… sempre mais difícil do que parece.

UAntes ocupada por plantações de cacau, a ilha de Comandatuba

é hoje um destino de férias requintado, onde não falta sequer um aeroporto privado,

a 15 minutos do hotel. Muito mais importantes são a arte de bem receber e as benesses

de uma natureza generosa

RETRATOS DE COMANDATUBA...Onde a vida corre sem pressas, como convém; de bicicleta pela Praça de S. Boaventura, em Canavieiras; recepção aos hóspedes à moda da Bahia, no pontão de embarque do Hotel Transamérica

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CANAVIEIRASNo centro histórico param os vendedoresambulantes e todos aqueles que esperampela hora do forró, aos domingos à noite

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PRIMEIRO PONTO A ASSINALAR no Hotel Transamérica: não é preciso procurarmuito para se usufruir de um certo sossego. Além da praia imensa, onde o leitor sepode dar ao luxo de ter os coqueiros como única companhia, há outros lugaresconvidativos. Entre uma cama de dossel num socalco virado ao mar ou uma chaiselongue no relvado, venha a preguiça e escolha. Por razões não muito fáceis de explicar,mas sobretudo por causa das árvores e das redes brasileiras, gostámos muito da Praçada Fonte, na zona dos bungalows. Informa o jardineiro-chefe que estas árvores degrande porte, esguias, de raízes caprichosas e insinuantes, chamam-se ficos e são as maisantigas do hotel. Dão uma sombra deliciosa e são o sítio ideal para ler um livro ouembalar numa sesta, desde que fora do horário em que os mosquitos atacam emesquadrão, ou seja, ao anoitecer. Durante os dias da nossa estada vou tentar convencero Nuno da superioridade do local, sem qualquer sucesso; o que tem, pelo menos, avantagem de deixar mais uma rede livre entre as quatro à disposição.

Se é certo que o hotel proporciona excelentes condições para a prática damodalidade preferida dos hóspedes – o dolce far niente –, também é verdade que, ali, sóse aborrece quem já é aborrecido por sistema. Não faltam coisas para fazer, quer naprópria ilha de Comandatuba quer na região à volta. Para começar, os amantes dogolfe vão sentir-se nas suas sete quintas: o campo do Transamérica foi eleito pelarevista “Golf Digest International” como o melhor do Brasil; e, para quem (comonós) é leigo na matéria, isto deve querer dizer algo.

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A SENHORA DA CASA VERDEMaria José Brigham, natural de Cabo Verde, é autora de deliciosos pratos que só podemdeixar boas cores aos comensais

PETISCA AQUIPara comparar caipirinhas e moquecas decamarão, recomendam-se os restaurantes comesplanada no centro histórico de Canavieiras

A COZINHA BAIANA É IRRESISTÍVEL para os apreciadores de peixe e marisco,

algo que não falta nos restaurantes do CENTRO HISTÓRICO DE CANAVIEIRAS

DO PÉ PARA A MÃOPorfírio Pereira Neto, mais conhecido por “seu”Fifa, guarda a bola e o álbum de fotografias dos

seus tempos de jogador de futebol. É também um hábil artesão de objectos à base

de coco e palmeira

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Roda, baiana, roda... A cultura tradicional da Bahia, marcada pela

mestiçagem musical, está à flor da pele de um povo que imprime à dança uma

linguagem gestual própria, tanto mais sedutora quanto imbuída de um espírito festivo

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Depois, todos os dias, havendo quorum suficiente, propõem-se actividades organizadas dedesporto e lazer para adultos e crianças. Enquanto os primeiros podem queimar calorias extra nassessões diárias de hidroginástica ou vólei de praia, os miúdos ficam entretidos – e acompanhadospor monitores – nas brincadeiras do “Pega Pega Aquático”, “Desafio do Tubarão” ou (só o nomeimpõe respeito) “Caos”. Passeios de bicicleta e aulas de pintura em seda são outras actividadesconjuntas para pais e filhos. Não requerem habilitações especiais e previnem o aparecimento dossintomas do conflito de gerações, um dia mais tarde.

Vale a pena sublinhar que o hotel é children-friendly, um critério relevante para quem planeiaférias em família. Além do serviço de baby-sitting, 24 horas por dia, existem boas infra-estruturas àdisposição, desde o miniparque infantil coberto até à Cozinha do Bebé, onde qualquer pessoa podeaquecer biberões e preparar outras refeições juniores. Quer isto dizer que o leitor vai atravessar ooceano Atlântico para descobrir que as crianças dos outros deviam ter ficado em casa? Não, pelasrazões que já adiantámos. A vantagem de um hotel grande é a de poder agradar a gregos, troianos ecartagineses… Não é só uma questão de espaço, evidentemente, mas também de organização, con-forto e qualidade do serviço, aspectos em que o Transamérica satisfaz plenamente. Acrescente-se aamabilidade espontânea dos empregados e a cotação sobe mais um nível. O único “senão” a apon-tar, a decoração algo pesada dos quartos, está a ser resolvido: as alas norte e sul, bem como algunsbungalows, encontram-se já remodeladas, segundo informações recebidas no fecho desta edição.

TRANSAMÉRICAÚnico equipamento hoteleiro da ilha de Comandatuba, soube tirar partido da sua integração na natureza. Uma arquitectura abertaao sol e ao vento concilia-se com a possibilidade de encontrar lugares de repouso e intimidade. Duplo em regime de meia-pensão a partir de €390

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CAIR NA TENTAÇÃO de uma rede brasileira, com uma água de coco fresca

um prazer simples para lembrar o gosto DE PARAR POR UM MOMENTO

JUNTO AO MARA poucos metros da praia, os bungalows

do Transamérica são uma das opções à escolha. O preço inclui pequeno-almoço e jantar

EEE3

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É TEMPO DE PÔR UM PÉ FORA DA ILHA, aproveitando o intervaloconcedido pelos imprevisíveis deuses da chuva. O nosso guia é o Arajan,que já tínhamos conhecido antes na Fazenda Country, uma empresa deecoturismo dedicada à organização de passeios a cavalo, de bicicleta e decaminhadas através de trilhos na mata atlântica (ver guia na pág. ???). Abanda sonora da viagem de automóvel até ao Ecoparque da Una é o “rei”Roberto Carlos, que teve a honra de presidir – em stereo – ao pedido decasamento de Arajan à senhora que hoje é sua mulher. O facto de Arajanser “o último dos românticos”, segundo designação do próprio, não inibeo seu conhecimento das fragilidades da região. É ele o primeiro a falar-nosda doença que assolou as plantações de cacau nos começos da década de198o, a terrível “vassoura de bruxa”, assim chamada por deixar atrás de sium rasto de cor queimada. A praga tornou mais pobres aqueles que jáeram pobres e, se alguma coisa trouxe de bom, foi ter acabado com “otempo dos coronéis”, obrigados a vender as terras pela melhor oferta.Ainda que subsista algum “coronelismo”, as memórias mais tenebrosasdessa época vão ficando guardadas pelas gerações mais velhas.

O Ecoparque da Una, criado em 1997, é tido como a melhor amostrade mata atlântica do Sul da Bahia: só num hectare, entre os mais de onzemil demarcados, foram descobertas 456 espécies diferentes de árvores. Ovisitante tem acesso a um percurso fácil de dois quilómetros, com partidajunto aos pés de seringueiras.

VIVER DA SELVAObservar os apanhadores de caranguejos

em plena mata de Comandatuba é uma das actividades que pode fazer a partir

do hotel Transamérica

100 METROS DE VERTIGENSA meio do passeio pelo Ecoparque da Una,

a ponte pênsil é o caminho (quase)obrigatório. Há uma alternativa pedestre,

para os mais hesitantes

ECOPARQUE DA UNAReserva Particular do Património Natural, este é umpedaço privilegiado de mata atlântica, aberto a todos os visitantes com sensibilidades ecológicas

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O PONTO ALTO DO PASSEIO é a ponte pênsil à Indiana Jones, 23 metros acima do solo, queoferece uma vista privilegiada para o emaranhado de vegetação: bromélias, orquídeas, palmiteiros,cipós… Com muita sorte, pode-se até avistar um dos animais famosos do parque, o bicho--preguiça ou o mico-leão-de-cara-dourada. Quanto a nós, o saldo foi absolutamentedecepcionante: uma mariposa, uma lesma, uma rã, mosquitos em excesso e uma centopeia morta.Vimos ainda formigueiros esburacados por garras de tatu, mas, do próprio, nem cheiro… O que,no caso, até talvez tenha sido bom.

Roberto Carlos continua a cantar quando o automóvel entra na Quinta das Bolandeiras poruma estrada de terra que a prudência aconselharia fazer de jipe. “Quando eu estou aqui/vivendoesse (lomba) momento lindo…”. A fazenda é uma das mais férteis da região, apostando napecuária e agricultura: coco, piaçaba, seringa, palmito, café e, sobretudo, cacau. O chamado “frutode ouro” nunca deixou de crescer nestes campos, nem mesmo durante a devastação da “vassourade bruxa”. A par do método tradicional, já se produz cacau geneticamente modificado, maisresistente às doenças e, pasme-se, “mais saboroso do que o normal”, garante Arajan.Experimentámos ambos os frutos (nenhum sabia a chocolate) e fomos obrigados a dar-lhe razão.Lá se vai mais um mito.

Intocável, mesmo, é a fama de D. Milza, que aprendeu a fazer doces “com a vida e osprogramas de televisão”. Mão certeira para o açúcar, é ela quem assegura as sobremesas para opessoal da fazenda. Somos convidados a entrar em casa e a conhecer a “cozinha de roça” que ficanas traseiras, uma espécie de fábrica de chocolate de Willy Wonka em versão rudimentar. Daquisaem a geleia de cacau, o mel de cacau, o licor de cacau e as pastilhas de cacau – que Arajanprefere chamar “partilhas” –, tudo de provar e chorar por mais. Partilhámos as pastilhas que D.Milza não pode vender, mas que ofereceu generosamente, a título de degustação, e regressámosao hotel meditando sobre os malefícios da gula. Não seria a única vez…

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AS PLANTAÇÕES DE CACAU são uma das maiores riquezas das fazendas da região

vale a pena conhecer a origem do saboroso chocolate, a que chamam O FRUTO DO OURO

SÓ CHOCOLATENa fazenda das Bolandeiras, D. Milza

prepara tudo o que a imaginação podeconceber com o bendito cacau.

Um doce de pessoa, também

RAÍZES PORTUGUESASNo povoado de Comandatuba encontra-se a casa da família Chaves, com origens em terratransmontana. O patriarca ainda é afectuosamentetratado por “seu” Manuelzinho

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O CANSAÇO DO DIA, a juntar a uma banda sonora cheia de emoções, levam-nos a nãoadiar por mais um momento a experiência no spa do Transamérica. Trata-se do primeirodo grupo L’Occitane en Provence a ser instalado num resort, seguindo a filosofia da marcafrancesa: preferência pelos óleos essenciais e ingredientes naturais, a que se acrescentamaqui alguns exclusivos. É o caso da máscara corporal de lama negra, cuja matéria-prima,amiga da pele, vem da lagoa no extremo sul da ilha de Comandatuba. O nosso conselho éque tire a prova in loco e reserve a ida ao spa para outras propostas aromáticas: lavanda,verbena, oliva, amêndoa, mel, karité… Dos banhos completos às massagens, passando poruma série de tratamentos de rosto, cabelo, pés e mãos, o menu é um desafio à capacidadede decisão de qualquer um. Sugerimos a massagem “Repouso do Golfista”, para acabarcom as tensões localizadas e alongar os músculos; e a massagem “Pedras do Sol”, compedras vulcânicas aquecidas. Mesmo para quem não percebe de geologia, garante um sonoabsolutamente mineral.

Voltaríamos noutro dia para experimentar o romântico “Banho de Lavanda”, umúltimo souvenir da Provença em território tropical, e regressámos ao quarto como por umtapete de nuvens. De referir que o espaço do L’Occitane é, só por si, um convite àtranquilidade. Mediante uma taxa de utilização, o hóspede pode usufruir apenas dachamada “área de relaxamento”; quer dizer, experimentar o jacuzzi, refrescar-se na piscina edormitar nas espreguiçadeiras, sem mais – ou talvez com uma bebida fresca vinda do bardo spa. Pode também fazer as vezes que quiser o “Caminho das Pedras”, de onde sairácom os pés bem massajados por seixos e jactos de água borbulhante. Se sabe o que é ocalvário, bem… o “Caminho das Pedras” deve ser mais ou menos o oposto.

No Transamérica pode-se comprar um pouco de tudo, desde um elástico para ocabelo a um real até uma jóia H. Stern para levar como presente no regresso a casa.Recebem-se jornais diários e a Internet costuma estar acessível. Os restaurantes e bares dohotel, com preços variáveis mas sem exageros, oferecem uma boa amostra da cozinhabaiana e não só; à noite, há música ao vivo e discoteca. Contudo, sendo perfeitamentepossível passar as férias sem sair da ilha, é duvidoso que alguém o faça. E ainda bem.

ENTRE DUAS MARGENS, as águas beneficiam com o vizinho manguezal

habitat de várias espécies de caranguejo, UM AUTÊNTICO MAR DE FERTILIDADE

OLHOS POSTOS NO MARTudo o que vier à rede, pode ser peixe para o almoço; à porta do estaminé, “seu” Adonel convida a um trago

da invencível “catuaba”. Depois do surf, é hora de vigia para Chocolate, um dos nadadores-salvadores do Transamérica

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O MARINHEIRO-ESCRITORJoilson Maia, o marinheiro que perdeu as graças do mare ganhou o gosto de contar histórias. Há livros a bordo, para quem quiser comprar

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PERDERIA, POR EXEMPLO, a oportunidade de fazer a travessia do canalcom Joilson Maia, marinheiro-escritor de sorriso largo que gosta de começaras frases por “numa outra época…”, coisa bonita de se ouvir. Joilson jáescreveu três livrinhos de memórias – as memórias possíveis de quem só tem31 anos – e todos estão disponíveis na biblioteca do hotel. Ele próprio osvende no barco, por dez reais.

Chega o dia em que vamos de passeio a Canavieiras, ver as casas decores garridas frente à estátua florida de Iemanjá, mãe dos orixás, rainha daságuas. Do tempo em que Canavieiras ficou conhecida como “a princesinhado Sul”, em alusão aos ricos fazendeiros do cacau, sobram exemplos dearquitectura dignos de ser apreciados. Alguns concentram-se no chamado“sítio histórico”, onde também descobrimos a Casa Verde, restaurantepopular que serve caldo verde e bacalhau à brás, e vinho do Dão paraacompanhar. A proprietária é D. Maria José Brigham, natural de CaboVerde, no Brasil há 3o anos, uma senhora adorável de olhos… verdes. Estáexplicado o nome da casa. Sem remorsos, trocámos o saudosismo do menulusitano pelo produto local e encomendámos bobó de camarão e uma batidade maracujá com cachaça. Cinco estrelas.

Ainda em matéria de gastronomia, e para quem não quiser fazer 4okmaté à cidade de Ilhéus, terra da Gabriela, bastam cinco minutos de barcodesde o Transamérica até ao povoado de Comandatuba. Em climadescontraído, o restaurante Caminho do Mar serve almoços e jantaressabiamente preparados por D. Joseane, que nos recomendou catado dearatu (a espécie de caranguejo mais frequente do manguezal) e peixe nachapa, tudo muito fresco e saboroso.

Alternativa à caminhada de cinco quilómetros pela

areia, o percurso semi-radical feito em “quadriciclo” leva-nos,

depois de um trilho de lombas e terrenos alagadiços,

até à praia de Barra Norte, um dos extremos da ilha.

Previna-se contra os omnipresentes mosquitos

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Aldeia pacata e vagarosa, Comandatuba permanece estranhamente subdesenvolvida. Ao queapurámos, o poder local não parece muito interessado em tirar partido da proximidade do hotel, criandomelhores condições para atrair os hóspedes. É pena, mas ninguém ganha em contribuir para oisolamento. No mesmo dia em que nos reunimos com Alvinho à volta do catado de aratu, o últimoantes do regresso, fizemos um percurso pelo mais genuíno que a terra tem para oferecer. Conhecemos osorriso de ouro puro do “coronel” Itamar Chaves, cujos antepassados vieram de Chaves, Trás-os--Montes, Portugal... Conhecemos o “seu” Fifa, “Fifi” de nome profissional, um craque da bola dageração de Pelé, que guardou dos tempos de glória um álbum de fotografias e muitas curiosidades quesó lamentamos não ter tempo para ouvir contar… Conhecemos ainda a famosa “Catuaba do Adonel”,um tónico natural “altamente afrodisíaco, estimulante do sistema nervoso”, que serve também para a“insónia, nervosismo, falta de memória, convalescença, neurastenia e hipocondria”. E pensar que oremédio de todos estes males está na casca das árvores…

O “seu” Adonel tem 89 anos e é a prova viva da panaceia, sendo procurado por homens emulheres de todas as idades, e até pelos defuntos que repousam no cemitério vizinho ao bar – cujoúnico defeito, diz ele, é o de “não pagarem o que bebem”. Talvez o leitor ache que exageramos. Masdepois de passar uns dias aqui, atento às pessoas e à natureza, é provável que comece a acreditar emhistórias mais velhas “do que o rascunho da Bíblia”. No regresso a casa, poderá então começar as frasespor: “Numa outra época, eu estive em Comandatuba…”. e

AROMAS DA PROVENÇA, óleos essenciais e outros ingredientes naturais

combinam com a tranquilidade do spa l’Occitane, A DOIS PASSOS DA PRAIA

VENHA CONNOSCO NA PÁG. 116

BANHO DE LAVANDAPara se recompôr do passeio pelo Ecoparque, nadamelhor que os tratamentos do spa do Transamérica, o primeiro do grupo l’Occitane en Provence a ser instalado num resort

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