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QUEDA DO PIB: VEM MAIS AJUSTE Mobilizar para que os ricos paguem pela crise Professores de São Paulo em greve contra Serra COMBATE SOCIALISTA COMBATE SOCIALISTA nº 31 PUBLICAÇÃO DA CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES - CST Tendência Interna do Partido Socialismo e Liberdade ABRIL/2010 www.cstpsol.com DF: ARRUDA NA CADEIA! QUE O POVO DECIDA QUEM GOVERNARÁ PÁGINAS 6 E 7 PSOL: REBELIÃO DA BASE DERROTA COLIGAÇÃO COM PV DE MARINA PÁGINAS 8 E 9 GRÉCIA: MILHÕES SE MOBILIZAM CONTRA RETIRADA DE DIREITOS PÁGINA 16

Combate Socialista 31

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QUEDA DO PIB: VEM MAIS AJUSTE: Mobilizar para que os ricos paguem pela crise DF: ARRUDA NA CADEIA! QUE O POVO DECIDA QUEM GOVERNARÁ PSOL: REBELIÃO DA BASE DERROTA COLIGAÇÃO COM PV DE MARINA GRÉCIA: MILHÕES SE MOBILIZAM CONTRA RETIRADA DE DIREITOS

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QUEDA DO PIB: VEM MAIS AJUSTE

Mobilizar para que osricos paguem pela crise

Professores de São Pauloem greve contra Serra

COMBATESOCIALISTACOMBATESOCIALISTA

nº 31

PUBLICAÇÃO DA CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES - CST

Tendência Internado Partido Socialismoe Liberdade

ABRIL/2010

www.cstpsol.com

DF: ARRUDA NA CADEIA!QUE O POVO DECIDAQUEM GOVERNARÁ

PÁGINAS 6 E 7

PSOL: REBELIÃO DA BASEDERROTA COLIGAÇÃOCOM PV DE MARINA

PÁGINAS 8 E 9

GRÉCIA: MILHÕES SEMOBILIZAM CONTRA

RETIRADA DE DIREITOS PÁGINA 16

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CONJUNTURA

COMBATESOCIALISTACOMBATESOCIALISTA

PUBLICAÇÃO DA CORRENTESOCIALISTA DOS TRABALHADORESCST/PSOL - SEÇÃO DA UNIDADEINTERNACIONAL DOSTRABALHADORES - UITwww.uit-ci.org

Av. Gomes Freire 367 - 2º º andar -Centro - Rio de Janeiro - Telefone (21) 2507-9337 [email protected]

Editoria:Silvia Santos e Rosi MessiasTradução e correção:Adriano Dias, Neide Solimões eCedício VasconcellosDiagramação e projeto e gráfico:Marcello Bertolo

As matérias assinadas são deresponsabilidade dosautores e colaboradores

Se os propagandistas docapital disseminaram a idéiaque o mundo estava saindoda crise, Europa está aí pardesmentí-los. Endividados e abeira da falência, Espanha,Itália, Portugal, Grécia e Irlan-da enfrentam o dilema de terque aplicar os planos de aus-teridade ditados pelo BancoCentral europeu e enfrentara ira das massas. Ira que naGrécia levou a greves geraise duras lutas mostrando aomundo que o povo gregonão está disposto a pagarpela crise.

O reflexo no Brasil ficou evi-dente quando em 2009 o PIBretrocedeu -0,2%. Veio entãoo corte de mais de 20 bilhõesdo orçamento, o aumento detarifas e o projeto de conge-lar o salário do funcionalismopor 10 anos. Os mega inves-timentos do PAC estão atra-sados em mais de 50%, masocultos por trás da farta pu-blicidade governamentalque inaugura obras inacaba-das para deslanchar a can-didata do presidente Lula

O ano eleitoral prometeum espetáculo de financia-mentos milionários e marke-ting para vender candidatosque prometem mundos efundos, mas representam osmesmos interesses dos donosdo poder econômico. Mas2010 também promete lutas,que, por sinal, já estão acon-tecendo. Os professores doEstado de SP entram na 3ª se-mana de greve e suas massi-vas assembléias tumultuam ocentro da capital. Mas os do-centes lutam pelo país intei-ro, assim como os rodoviári-os de BH, a Philips de Mauáe outros.

Apoiando estas greves eapostando a seu triunfo éque se prepara para junho oCongresso da Classe Traba-lhadora que aspira reunir asentidades classistas numamesma central para enfren-tar o governo, os patrões eos burocratas governistas.

Na disputa eleitoral tam-bém não pode faltar a expres-são política dos trabalhadorese do povo. No PSOL a derrotada proposta de apoio à Mari-na do PV é um bom augúrio.Falta agora retomar a tradi-ção radical que originou opartido, seu programa e suaspropostas, para impulsionar aFrente de Esquerda e enfren-tar a falsa polarização de pe-tistas e tucanos.

Editorial A falência das privatizaçõesde Garotinho e Cabral

Segundo a ONG Transpa-rência Brasil, dos 70 deputa-dos estaduais do Rio de Ja-neiro, 37 respondem a pro-cessos nas esferas federal eestadual sendo investigadospelo Tribunal de Contas doEstado (TCE) e da União(TCU). São processos por for-mação de quadrilha, extor-são, homicídio, enriqueci-mento ilícito e improbidadeadministrativa. É uma ver-dadeira quadrilha instaladana ALERJ.

Enquanto isso, com SergioCabral no Palácio das Laran-jeiras, sofremos um verdadei-ro desgoverno: sucateamentodos serviços públicos, privati-zação, terceirização, favoreci-mento das empreiteiras e docapital privado. Como conse-qüência, temos servidorespúblicos com salários arrocha-dos, crise na educação e saú-de e um aumento absurdo daviolência.

O Rio de Janeiro foi o pri-meiro estado a implementaras Organizações Sociais nasaúde pública, uma verdadei-ra privatização branca. Nãorealiza concursos públicos demodo suficiente, e usa contra-tações temporárias. Agorapropõe a terceirização do se-tor jurídico das Fundações eAutarquias do Estado, abrin-do as portas para os escritóri-os de advocacias, como o desua esposa, exercerem ativi-dades próprias de servidorespúblicos.

"São as águas de marçofechando o verão..."

A bela canção de Tom Jo-bim eternizada na voz de ElisRegina retrata as chuvas quecaem todos os anos nesse pe-

ríodo no Rio de Janeiro. Oproblema é que nossa cidadenão está preparada para en-frentar essa situação.

O relatório do Tribunal deContas aponta falhas e defi-ciências na limpeza de rios ecanais da cidade por parte daPrefeitura. O resultado sãoruas alagadas, entupimentode bueiros e a falta de escoa-mento da água.

No início do ano o desmo-ronamento de encostas emAngra dos Reis vitimou deze-nas de pessoas e no últimotemporal na capital forammais 6 mortos. Enquanto ve-mos as verbas para contençãode catástrofes diminuídas, oPrefeito Eduardo Paes, par-ceiro de Cabral, gastou R$322.535,04 com aluguel de ja-tinhos.

O drama dostransportespúblicos

As chocantes cenas dostrens superlotados, sem arcondicionado, com falhas nasoperações e trens desgover-nados, revelam a precarieda-de do serviço e a situação dra-mática da população que de-pende desse meio de trans-porte. No ano passado umarevolta da população, repri-mida duramente pela políciade Cabral, colocou a nu esseproblema.

A situação do metrô não émenos grave. A inauguraçãoda linha Pavuna (zona nor-te) até Botafogo (zona sul),cujo objetivo era diminuir otempo do trajeto é um verda-deiro pesadelo. Inauguradacom Lula, Cabral e Paes nopalanque, é um verdadeirocaos. A superposição de li-nhas e diminuição de vagões,trazem não só lentidão e de-

moras, mas também elevan-do o risco de acidentes.

A entrega para a iniciati-va privada destes serviços,que deveriam ser fiscalizadospela Agência Reguladoramostrou-se um completo fra-casso. A Agência, integradapor afilhados de políticos cor-ruptos, nada faz diante dasquebras de contratos das con-cessionárias que tem uma dastarifas mais caras do país:metrô: R$2,80 e ônibusR$2,35.

É necessário acabar comeste modelo que não pode fi-car nas mãos de empresas pri-vadas. É necessário organizara mobilização da populaçãousuária para exigir a imedia-ta revogação dos contratoscom as empresas concessioná-rias. Quem tem que garantirum transporte público, comqualidade e segurança temque ser o Estado.

Rosi MessiasMembro da ExecutivaEstadual do PSOL

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ECONOMIA

BabáMembro da DireçãoNacional do PSOL

Uma falsa polarização seabriu com a emenda do Depu-tado Ibsen Pinheiro (PMDB/RS). A proposta dispõe que osroyalties¹ do petróleo sejamdistribuídos para todos os es-tados pelo critério do Fundo deParticipação dos estados emunicípios. Rio de Janeiro eEspírito Santo, veriam suareceita de royalties despencar.

A partir daí, a “guerra” foiinstalada. O governador Ser-gio Cabral (PMDB/RJ e alia-do de Lula) chorou frente àscâmeras prevendo falência e aimpossibilidade de garantir aCopa e as Olimpíadas. O res-to dos estados festejou a recei-ta “extra” que poderão receber.

No PSOL, a divisão dosparlamentares acompanhou alógica da guerra fiscal entreos governos. No Rio, ChicoAlencar somou-se ao protestoindignado, enquanto LucianaGenro, aliou-se a Ibsen e fes-tejou o aumento da receitapara o Rio Grande do Sul.

Com ou sem emenda, opovo não vê a cor dodinheiro

Na Assembléia Legislativado RJ, o Deputado MarceloFreixo do PSOL levantou ques-tões importantes para o deba-te. Disse “[...] podemos aprovei-tar essa grande mobilização dasociedade para fazermos umdebate sobre o que foi feito des-sa verba até agora no Rio deJaneiro [...] Ora, esses recursosforam aplicados no meio am-biente? Esses recursos foramaplicados nas conseqüências enos danos sociais? [...] Esse éum debate que nós temos quefazer. Tem que acabar com acaixa-preta dos royalties de boaparte dos municípios do Rio deJaneiro. Então, vamos aprovei-tar essa grande mobilização,

essa justa mobilização, e pro-por que a verba dos royaltiesseja uma verba carimbada ecom controle social. [...] Talvezseja interessante que nós nãofaçamos o debate apenas dos15% relacionados aos royalti-es. Que a gente possa fazer umdebate profundo também sobreos 85%. Por que não debatemosneste momento o regime de con-cessão do Fernando HenriqueCardoso, ou o regime de parti-lha do Governo Lula, onde dealguma maneira quem maislucra são as grandes multina-cionais? [...]”

O dinheiro público deveriabeneficiar a maioria do povobrasileiro, não importando seo estado produz petróleo, sojaou minério. A riqueza do solo,subsolo e da produção temque garantir saúde, moradia,educação, trabalho, seguran-ça, independente do estadoonde vive cada um. Mas, nãoé o que acontece. O dinheirodos royalties que recebem Riode Janeiro ou Espírito Santovai para beneficiar o podereconômico. Daí sai dinheiropara as empreiteiras, para acorrupção, para os favores que

“lubrificam” o funcionamentoda falsa democracia.

O governo centraliza naUnião as receitas, distribuin-do muito pouco, porque daí sai,também, o superávit para pa-gar juros aos banqueiros. Nos-sos parlamentares, devemdenunciar esta situação. Dizerque se enganam os que achamque haverá mais moradias,escolas ou hospitais. Se assimfosse, o que fez o governadorCabral com os royalties querecebeu nesses anos? Melho-rou a saúde? Ou o transportepúblico? Foram construídasmoradias ou por acaso melho-rou a segurança pública?

Os socialistas não podemcolaborar para criar falsos con-frontos entre a população dosdiferentes estados, enquanto ariqueza é levada pelas multi-nacionais, graças à política deFHC e de Lula, de Ibsen Pi-nheiro e Sergio Cabral!

É necessário o controle dodinheiro pelos trabalhadores epela população. Defendemosque os estados produtores re-cebam o necessário para ab-sorver os custos do impactoambiental proveniente da pro-

dução de petróleo ou para oaumento das despesas sociaisem função do fluxo migratóriopara áreas que necessitam demão de obra e oferecer melho-res salários. Mas, isso deve serfeito com recursos “carimba-dos” como diz Marcelo Freixo,e não para quegovernantes disponham deum caixa suplementar parafazer o que bem entender.

Para que o petróleo sejanosso e a riqueza distribuídapara o povo brasileiro, chama-mos a lutar por uma Petro-brás 100% estatal; pelo con-trole da empresa e da produ-ção pelos trabalhadores e asociedade. Por estabelecer,em debate nacional, um pla-no de investimentos, não so-mente dos royalties, e sim detodo o dinheiro público, ga-rantindo reais benefícios àmaioria da população.

¹Royalties São um tipo especial dereceita pública. Diferente dos tribu-tos, não incidem sobre os contribuin-tes e sim sobre a propriedade públi-ca de uma riqueza nacional. Quemexplora minérios em geral, que no Bra-sil são considerados propriedade daunião, deve pagar, entre outros direi-

tos e impostos, os royalties.

Royalties do PETRÓLEO,o debate é outro!

PARA Lula o petróleonão é nosso

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CONJUNTURA

Eleições 2010

FESTA da democracia

Adolfo Santos

Parafraseando o presiden-te Lula, poderíamos dizer que“nunca neste país” se fez tan-ta campanha eleitoral abu-sando do poder, enganando apopulação com falsas promes-sas e se utilizando tão escan-caradamente do dinheiro sujoda corrupção. Claro que quemtem memória poderá dizer quesempre foi assim. Mas com oPT no governo, estes mecanis-mos foram banalizados aoponto de nem causar constran-gimentos para quem os prati-ca nem escandalizar os eleito-res. Como escreveu RobertoJefferson na FSP referindo-seao mensalão: O PT deu cará-ter rotineiro a tudo isso navida brasileira

Nesse formato está se de-senvolvendo a atual campa-nha para a sucessão presi-dencial. A propaganda só po-deria começar depois do dia5 de julho. Que seja comple-tamente fora dos prazos le-gais é só um detalhe que ne-nhum juiz tem a coragem depunir. Dessa forma, com umasuper exposição, a até poucotempo desconhecida, DilmaRousseff levada a tiracolopelo presidente Lula inaugu-rando até obra inconclusa,começa a subir nas pesquisasameaçando ultrapassar emcurto prazo o candidato tuca-no José Serra.

A ascensão de Dilmae o vacilo de Serra

A ascensão da ministraDilma, uma burocrata filiadapor longos anos ao PDT, quenunca participou de uma elei-

ção, demonstra como nessesprocessos se podem fabricarcandidatos e impô-los pelaforça da exposição, o que épossível fazer com muito po-der e dinheiro. O PAC (Planode Aceleração do Crescimen-to) é parte deste estratagema.Ainda que as obras que deve-riam estar concluídas não te-nham avançado nem 20% ,Lula e Dilma – chamada daMãe do PAC- percorrem o paísinaugurando pedaços do PACque ninguém sabe quandoirão concluir. Além disso, nãoé casual que o dedo de Lulatenha apontado para essaneo-petista passando porcima de todo o PT. Se eleita,Dilma será sua sucessora ide-al: fiel e obediente discípulaque não vai intentar jogo pró-prio e uma figura que não farásombra ao próprio Lula.

Do outro lado, o tucanoJosé Serra, que anda esqui-vando os ovos que lhe jogamos professores em greve, nãoconsegue emplacar com forçasua candidatura. Primeiro foia resistência que lhe opôs Aé-

cio Neves, que também pre-tendia o cargo. Agora não con-segue um vice à altura que oajude na disputa, mais aindaquando seus parceiros doDEM, com o caso Arruda, es-tão em frangalhos. Mas ape-sar do desespero da cúpulatucana pela demora em lan-çar a candidatura, Serra aca-ba de reconhecer que serácandidato. Todos esses vaci-los contribuíram para a per-da de fôlego, ainda que o go-vernador de SP continua lide-rando as pesquisas. O proble-ma dos tucanos e de seus par-ceiros do DEM/PFL, é que sãouma “oposição” que não podefazer oposição. Não poderiaser diferente. Os planos eco-nômicos do governo Lula, emgeral, são uma continuidadedos aplicados por seu anteces-sor FHC e portanto os mes-mos que defende Serra.

Irmãos siameses naeconomia e nacorrupção

Tanto se igualam estes ir-

mãos siameses, que tambémandam de mãos dadas no que-sito corrupção. Tucanos e de-mistas, além de seu passadocom armários cheios de cadá-veres, estão tentando por to-dos os meios se descolar domensalão do DF. O grandeesquema montado pelo gover-nador Arruda será difícil deabafar, já que ainda existemgravações por serem ouvidase o mais provável é que novosatores façam parte do elencodessa novela que já derrubouvários figurões ligados à can-didatura Serra e comprome-teu até o pré-candidato ao go-verno do PT, Agnelo Queiroz,que de tudo sabia e conhecia,mas ficou de bico calado natentativa de negociar seu si-lêncio em troca de favores.

Por sua parte o PT, gran-de protagonista do mensalão,que levou o Procurador Ge-ral da República a indiciar acúpula do partido por forma-ção de quadrilha, agora agre-ga mais uma pérola a seucurrículo. Seu tesoureiro,João Vaccari Neto, dirigentebancário de SP e cogitadopara chefiar as finanças dacampanha Dilma, está sendoinvestigado, acusado de des-viar recursos da Bancoop (Co-operativa Habitacional dosBancários).

Segundo a FSP, “o Presi-dente licenciado da Bancoop,Vaccari, é acusado de repas-sar recursos da cooperativapara os cofres de campanhaspetistas”. Esses recursos, quesaiam dos bolsos dos coope-rativados para adquirir mo-radias, alguns de cujos pro-jetos nunca saíram do papel,seriam utilizados para abas-

ou FARSA da democracia?PSOL-RJ

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CONJUNTURA

tecer um novo esquema demensalão, segundo denun-ciou o doleiro Lúcio Funaro,convertido na principal tes-temunha depois de fazeracordo de delação premiada.Somente a segurança da ab-soluta impunidade faz possí-vel que mais uma vez, umtesoureiro do PT esteja envol-vido em tamanho esquema.

Por isto, não é errado di-zer que o que a grande im-prensa costuma chamar de“festa da democracia”, quan-do se refere às eleições, hoje,mais do que nunca, conver-teu-se na “farsa da democra-cia”. Sem financiamento pú-blico de campanha, reduzido,igualitário e com controle pú-blico, será impossível que apolítica e a disputa de proje-tos se coloquem no centro dasdisputas eleitorais.

Com Dilma ou comSerra perdem ostrabalhadores

Não é casual que o WallStreet Journal, numa referên-cia às eleições brasileiras es-crevera: “Tanto faz Dilma ouSerra”. O imperialismo e asmultinacionais sabem que in-dependente de algum discur-so mais “progressista” por par-te de Lula, sua base de gover-no assim como a falsa oposi-ção tucano-demista, defendema mesma política econômica.Trata-se do plano que iniciouFHC para beneficio dos ban-queiros (novamente o Brasilvolta a ser o país com os jurosmais altos do mundo), que de-

fende o agronegócio, que pri-vilegia os interesses das mul-tinacionais e que em definiti-vo, cuida muito bem dos inte-resses do capitalismo nacionale internacional.

Não existe no Brasil umadireita dirigida pelo imperia-lismo, ameaçando um gover-no de esquerda como diz o pre-sidente venezuelano HugoChávez, para justificar seuapoio a Dilma. O próprio Lulase encarrega de demonstrar ocontrário quando manda tro-pas ao Haiti em consonânciacom a política de Bush; quan-do se vangloria de ter efetua-do o maior ajuste já visto naeconomia deste país, quandoele mesmo diz que nunca nahistória os banqueiros ganha-ram tanto dinheiro como emseu governo, quando nãomexe um dedo para tirar a re-forma agrária do papel conti-nuando a beneficiar os lati-fundiários e o agronegócio,quando criminaliza as lutas,quando não se importacom a destruição do meioambiente como acontececom a usina hidroelétri-ca de Belo Monte, quan-do defende e se une à tur-ma dos Sarney, RenanCalheiros, Fernando Co-llor e do que pior existena política brasileira.

Neste contexto, tam-pouco é alternativa acandidatura de MarinaSilva que não rompeucom o governo do PT econtinua a reivindicar osavanços sociais conquis-tados sob os governos de

Lula e, pasmem, de FHC! Acandidatura de Marina fazparte deste regime e nuncachamou nem chamará a lutarpara derrotar o atual projetoeconômico. Não o fará porquealém de não romper com o PT,uniu-se a um partido fisioló-gico que é base do governo fe-deral com Zequinha Sarney àcabeça e que faz alianças comos tucanos no Rio de Janeiroe com Gilberto Kassab em SãoPaulo, além de propor o donoda Natura como candidato avice.

O papel da esquerdanas lutas e naseleições

É verdade que Lula possuiuma imensa popularidade.Uma popularidade conquista-da por uma política assisten-cialista que reparte as miga-lhas que sobram do festim dogrande capital e pela traiçãodas direções históricas domovimento. A CUT e a UNE,por exemplo, que foram coop-tadas pelo governo com car-gos oficiais ou favorecidas porpolíticas governistas, calam edissimulam os problemas eatuam para impedir a luta ea mobilização. Mas, não émenos certo que existem gra-ves e profundos problemassociais que necessitam seremresolvidos, como salário, edu-cação, saúde, segurança emoradia. Isto fica demonstra-do nas lutas em curso, aindaque parciais, dispersas e ato-mizadas que se alastram pelo

Brasil afora. Os valorosos pro-fessores do estado de São Pau-lo e as últimas campanhas sa-lariais em várias categoriassão prova da vontade de lutados trabalhadores.

Mais do que nunca neces-sitamos que nosso partido pri-vilegie a construção de umaalternativa sindical e políticapara unificar essas lutas eajudar a desenvolver a mobi-lização. Uma alternativa quedesmascare as mentiras e asfalsas promessas do governo,que tenta convencer a popu-lação pobre que votando dedois em dois anos se conseguemudar a vida.

No inicio de junho, impor-tantes setores do movimentosindical organizados na CON-LUTAS, na Intersindical e emdiversos sindicatos indepen-dentes, se reunirão num Con-gresso da classe trabalhado-ra em Santos para se unificarnuma nova Central Sindicalcom o objetivo de disputar adireção do movimento às di-reções governistas.

Nosso partido, o PSOL,deve apostar com tudo nesseCONCLAT para fortalecer anova ferramenta. Da mesmaforma, deve se esforçar paraenterrar definitivamentequalquer aliança eleitoral quenão seja com os partidos queconformaram a Frente de Es-querda em 2006 e somar nes-sa frente a todos os que lutampara derrotar o governo, a fal-sa oposição de direita e o pla-no econômico que ambos de-fendem.

DILMA, com as bençãosde Lula e Hillary Clinton

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ARRUDA PRESO e

O Distrito Federal é ocentro de uma das maiorescrises política na história doBrasil. As imagens do di-nheiro sendo guardado emmeias, bolsas e cuecas indig-naram todo o país. Fruto dapressão popular, a prisão dogovernador e a sua cassaçãopor infidelidade partidáriacolocou em xeque o regimepolítico no DF. Com apoioreduzido o vice governadorPaulo Octávio também re-nunciou. Vários pedidos deIMPEACHMENT tramitamna Câmara Distrital e o STJpediu autorização ao legis-lativo para processar o ex-governador.

O Governador interinoWilson Lima foi eleito du-rante a crise para a Presi-dência da Câmara com oapoio do próprio Arruda. As-sumiu com o objetivo de aba-far o escândalo e tentar jun-to com a oposição "propositi-va" petista construir um pac-to de governabilidade paraevitar as investigações. Éacusado de alterar o PlanoDiretor do Gama (cidade-sa-télite do DF) liberando terre-nos residenciais para cons-truir postos de gasolina embeneficio de amigos.

CâmaraLegislativa - Umacasa de costas parao povo.

A submissa Câmara legis-lativa, a casa legislativa maiscara do Brasil, por mais detrês meses, enrolou o proces-so de IMPEACHMENT do

governador cassado e acusousomente três deputados porquebra de decoro parlamen-tar. A cassação de arruda sóveio pelo TRE/ DF por 4 vo-tos a 3. A CPI da corrupçãotem gosto de pizza e o Minis-tério Público apresentou de-nuncia contra 26 parlamen-tares (entre Titulares e su-plentes) o que torna maisquestionável essa casa. Ago-ra, absurdamente, estão pro-pondo eleições indiretas paragovernador.

Na falsademocracia dosricos os escândalosse repetem.

Há muito no Brasil os es-cândalos são a marca da polí-tica nacional. Seja no Gover-no Lula, passando pelo Men-salão do PT , seja no âmbitoestadual do PSDB, no casoYeda no RS, seja no DF, como Mensalão do DEM ou cor-rupção em outros governos(como no caso do governo Ro-riz onde o esquema começou).

Os escândalos se repetemporque existe um acordo en-tre os três poderes (Executi-vo, Legislativo e Judiciário)

para que os ricos e os políti-cos não sejam punidos. Ocaso do banqueiro DanielDantas protegido pelo judi-ciário, executivo e legislati-vo, é um pequeno exemplodessa impunidade para osmilionários. Os escândalosatingem os mesmos parti-dos: o PT, PMDB, PSDB,DEM e suas legendas saté-lites como é o caso do PV ePPS. É assim porque essespartidos governam para ospoderosos, os grandes em-presários, os latifundiários eainda indicam os seus juí-zes. A conseqüência de tan-ta corrupção é a impunida-de, a criminalização da po-breza e um abismo socialque coloca a capital do paíscomo uma das mais desi-guais do mundo.

O protagonismo domovimento ForaArruda.

O movimento Fora Arru-da, que teve sua origem naocupação da Câmara Legisla-tiva, cumpriu papel funda-mental nas mobilizações nãodeixando que as denúncias seapagassem da memória da

população.A ocupação da CL-DF foi

fato marcante, pois os estu-dantes denunciaram as mano-bras da base do ex-governa-dor que inviabilizavam as in-vestigações contra os acusa-dos. Como na ocupação daUnB, mais uma vez a juven-tude foi protagonista no pro-cesso de mobilização conse-guindo colocar na cadeia ogovernador e garantindo asua cassação.

A CUT e o PT nãoapostaram namobilização.

A CUT e o PT sempreapostavam nos acordos e con-ciliações abandonando a mo-bilização popular. Com o focona eleição presidencial e nadisputa eleitoral do DF já fe-charam acordo com o PTB deGim Argelo (Senador do DFenvolvido em várias denun-cias) no intuito de fazer pa-lanque para Dilma Rousse-ff. A CUT em nenhum mo-mento chamou os trabalha-dores a fazer paralisaçõescontra o mensalão do DEMevitando envolver a classena luta para derrotar o go-verno. Na ocupação da Câ-mara Legislativa o presiden-te do PT-DF exigiu que osmilitantes do PT se retiras-sem da ocupação e no ato dodia 09/12 PT e CUT quandoviram a possibilidade de en-fretamento entre os estudan-tes e o BOPE simplesmentese retiraram do ato.

Nem intervenção!Nem eleiçãoindireta!

A partir da evolução dacrise no DF a PGR (Procu-

Adriano Diase Fábio Felix

PSOL-DF

cassado pela mobilização!

POLÍCIA reprime atocontra Arruda

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CONJUNTURA

Agora o POVO deve elegero NOVO GOVERNADOR!

radoria Geral da República)solicitou ao STF (SupremoTribunal Federal) interven-ção federal, o mesmo STFque nunca puniu um corrup-to. Devido à gravidade dasdenuncias e o aprofunda-mento da crise muitos ten-dem a pensar na interven-ção como a única saída polí-tica para o DF, o que não éverdade, já que a interven-ção não garante as investi-gações até as últimas conse-qüências e a punição de to-dos os corruptos. O inter-ventor seria nomeado peloPresidente Lula, o mesmoque protegeu José Dirceu eSarney e no DF orientouPaulo Otavio a permanecerno cargo e passaria pelo avaldo congresso nacional dosatos secretos. Na verdadeessa proposta serve para cos-turar um pacto de governa-bilidade e retomar o que eleschamam de "normalidade".

Também não podemos per-mitir que uma câmara demaioria corrupta decida quem

será o novo governador, poisseria legitimar o fim das in-vestigações e premiar, comum cargo de governador, umnovo corrupto. Mesmo que oeleito não seja um parlamen-tar, teria, inevitavelmente,ligações com a máfia.

PSOL tem querever a sua posição

Diante da explosão do es-cândalo e das mobilizações oPSOL DF teve a correta ati-tude de participar das ativi-dades do Fora Arruda, masa maioria das correntes doPSOL DF tiveram o equivo-co de apoiar a intervençãofederal. Política oficialmen-te aprovada pelo partido,com voto contrário da CST.De acordo com a nota "a for-ma de acabar com a rouba-lheira, tirar todos os corrup-tos dos postos chaves". Tra-ta-se de realizar uma assep-sia, uma limpeza, das insti-tuições da democracia bur-guesa, pois o "importante é

O POVO ocupa aAssembléia Legislativa

que os poderes executivo elegislativo do Distrito Fede-ral estejam saneados" (idem).Lula, o STF e o Congressonão vão sanear com a inter-venção, pois fazem parte domesmo jogo político, sendoum equivoco apostar nessapolítica.

A democracia burguesanão pode ser vista como sefosse um regime neutro, semconteúdo de classe, que pode-ria ser capaz de fazer justi-ça. No caso do DF, durante aocupação da câmara legisla-tiva, o tribunal de justiçanão ouviu os estudantes. De-terminou o fim da ocupaçãoe autorizou o uso da forçapolicial para garantir o com-primento da sentença em fa-vor de Arruda.

Por isso nossas bandeirasdevem se chocar contra o re-gime da corrupção, do podereconômico denunciando opacto de governabilidade queestá se costurando entre PTe DEM para deixar tudocomo está.

ParticipaçãoPopular paramudar a regra dojogo. Por eleiçõesDiretas já!

Caso não mude as regrasdo jogo os escândalos conti-nuarão. A corrupção somen-te pode ser combatida com anossa mobilização e com pro-postas que alterem o regimepolítico. Propostas que per-mitam a população revogaros mandatos dos parlamen-tares e políticos que enga-nam o povo ou se envolvamem crime de corrupção. Quetodos os corruptos sejam pre-sos e tenham seus bens con-

fiscados com o ressarcimen-to público do que foi rouba-do. Para isso é necessário arealização de uma assem-bléia constituinte no DF,com a eleição dos seus mem-bros feita com financiamen-to restrito e público de cam-panha, tempo de TV igual ecom mandato revogável.Contra o financiamento pri-vado de campanha origemdos esquemas de propinaque beneficiam políticos eempresários. O governadornão pode continuar com opoder centralizador de indi-car os administradores regi-onais. Defendemos a escolhapela população dos adminis-tradores regionais. Pela anu-lação da votação do PDOTonde 19 deputados recebe-ram R$420.000 de propinapara votar a favor deste pro-jeto que beneficia a especu-lação imobiliária e a degra-dação do meio ambiente.

Com a crise nos poderes aantecipação das eleições,com outras regras, tambémse torna necessária. Deve-mos ser contra as eleiçõesindiretas que serão realiza-das pela maioria corrupta daCLDF. Quem deve escolhero novo governador é a popu-lação via eleições diretas.

Mas para fazermos asmudanças é muito importan-te que movimento Fora Ar-ruda, Sindicatos, a CONLU-TAS, entidades estudantisconstruam a mobilizaçãoconvocando a populaçãopara decidir sobre o futurodo Distrito Federal. Somen-te a mobilização, com a po-pulação decidindo, poderáalterar as regras do regimepolítico e fazer avançar mu-danças significativas no Dis-trito Federal.

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PARTIDO

Um DEBATE além daTÁTICA ELEITORAL

Durante dois meses os três pré-candidatos do PSOL àpresidência da República – Plínio de Arruda Sampaio, Babá eMartiniano Cavalcante percorreram vários estados debatendo suaspropostas com a militância. Também foram realizadas plenárias defiliados no país inteiro para debater as propostas e eleger osdelegados para a Conferência Nacional, que acontecerá nos dias 10e 11 de abril, no Rio de Janeiro.

Do ponto de vista político, esta conferência tem umaimportância superior ao Congresso do partido realizado em agostode 2009. Naquele momento foi desperdiçada a oportunidade deavançar nos debates e definições políticas, uma vez que HH, o MÊSe o MTL ameaçaram rachar o partido e polarizaram o congressoem torno se Heloísa Helena devia ou não ser a presidente do PSOL,independentemente de não ter a maioria dos delegados.

Desta vez, entramos nos verdadeiros debates que fazem aestratégia, o caráter do PSOL e o seu programa. Tem uma grandeimportância, pois da nossa parte somos categóricos ao afirmar queos rumos, o projeto original e o programa que originaram o PSOLestão comprometidos. Daí a necessidade de contribuir com nossavisão do que está em jogo nesta conferência.

Um primeiro triunfo: rebelião no

Estes debates e o fato deque o PSOL terá candidaturaprópria em outubro, são frutode uma vitoriosa resistênciaque percorreu o PSOL. Inici-almente, os defensores dacandidatura própria eram osmilitantes da CST, do C-SOL,do BRS, Plínio e os setoresque apoiavam sua pré-candi-datura, e numerosos militan-tes independentes. Mas o blo-co anti-Marina foi crescendo,com a declaração da Secreta-ria Sindical do Partido; daTLS; de militantes e dirigen-

tes da APS, do MTL e do En-lace. Numerosos diretóriosmunicipais e estaduais rejei-taram a possibilidade de apoi-ar ou fazer aliança com o PV.Dirigentes históricos comoMilton Temer; intelectuaiscomo Carlos Nelson Couti-nho, Ricardo Antunes ou Chi-co de Oliveira foram funda-mentais nesta resistência. Foiesta pressão e a crise instala-da que fez recuar à maioriada Executiva e não a aliançade Gabeira com os tucanos noRJ, sobre o qual já havia su-

ficientes alertas. Foi essa re-belião que conseguiu um pri-meiro triunfo ao impedir queo PSOL desse um passo queaceleraria sua crise e suatransformação em um parti-do da ordem, força auxiliar doPV, partido fisiológico da basegovernista.

No entanto, a candidatu-ra de Martiniano, apoiadapelo MÊS, o MTL e HeloísaHelena, expressa as correntesque foram vanguarda noapoio à Marina, que reivindi-cam ter feito esse movimento

e que pretendem dar continui-dade a essa orientação que,em nome da “ampliação”, bus-ca acordos com partidos bur-gueses que são base do gover-no Lula como o PV e o PSB.

No contraponto, as candi-daturas de Plínio e de Babá -em que pese às suas divergên-cias políticas – expressam umelemento comum, essencialpara a sobrevivência do par-tido: a resistência ao apoio aMarina/PV e a necessidade deo PSOL se apresentar de caraprópria, chamando a votar 50!

PSOL disse não a Marina e o PV

Silvia SantosExecutiva Nacional do PSOL

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PARTIDO

A visão daconjuntura eo programa

Os debates no PSOL ti-veram como centro aavaliação da conjuntura,o programa e a políticapara enfrentar os desafi-os que ela coloca e o ba-lanço do PSOL desde ocongresso de agosto.

A candidatura de Mar-tiniano colocou com cla-reza sua visão: que a con-juntura é muito ruim paraos socialistas, que o espa-ço para o PSOL é ínfimo,que a classe não luta eque Lula está muito forte.Foi por esta caracteriza-ção que avalizaram adecisão de Heloísa Hele-na de concorrer para oSenado, visto que consi-deraram que não davapara trocar “4 anos demandato por três mesesde campanha” como seliderar a batalha eleitoralcontra os candidatos deLula e FHC fosse uma ta-refa de pouca importân-cia!

Na sua análise, nãoconsideram a crise daeconomia capitalistamundial e seus reflexos noBrasil, nem a situação daluta de classes na Améri-ca Latina e na Europa.Não falam das ações domovimento de massas noBrasil, das quase 400 gre-ves que acontecem to-dos os anos, nos novos di-rigentes que questionamà direção da CUT, da cri-se social, da falta de res-posta estrutural por partedo governo Lula às ne-cessidades do povo tra-balhador. Da falta de al-ternativas, do vazio deoposição. No seu raciocí-nio, buscam justificar comelementos reais da con-juntura, como a popula-ridade do Lula e a faltade um ascenso nacionalda luta de classes, umapolítica centrada na dis-puta eleitoral com pro-postas que abandonamo programa original doPSOL.

Ainda que Martiniano esti-vesse certo na análise da con-juntura, sua proposta é comple-tamente errada. Pois o que fazé se adaptar aos elementosmais negativos da sua interpre-tação da realidade – o peso deLula, a falta de um ascenso na-cional – para apresentar pro-postas que acredita ser possí-vel de aplicar na atual correla-ção de forças. Este é o proble-ma metodológico fundamentalque as invalida globalmente.

Martiniano afirma que “acorrelação de forças não nospermite apresentar propostasgerais de estatização de setoreseconômicos, sejam da indústriaou dos serviços como educaçãoe saúde.” Isto significa dizer aoscompanheiros do PSOL quemilitam na saúde que não po-dem defender o fim das Fun-dações, pois a correlação de for-ças não dá!

Um partido que se reivindi-ca socialista intervêm todos osdias para fortalecer as lutas denossa classe, se apoiando noselementos mais positivos da re-alidade, ajudando assim, a mu-dar a correlação de forças, e comesse objetivo também intervêmna campanha eleitoral.

Uma proposta de governoque se reivindica de esquerdae socialista não pode ser cum-prida, a não ser com uma mu-dança qualitativa da correlaçãode forças entre as classes. Sópoderá se aplicar, se a luta domovimento coloca em xeque aordem política e econômica,através de rupturas com a atu-al ordem. Um partido que sereclama socialista tem que atu-ar e ter política para que issoaconteça. Em qualquer outrasituação, um partido socialistasó chegará ao poder se adap-tando às circunstâncias, mu-dando seu programa e se ofe-recendo para administrar a cri-se do capital. Esta é a dinâmi-ca ineludível que está por trásda proposta de Martiniano.

Não é por acaso que na sua

proposta não aparece a pala-vra luta ou mobilização. Sen-do que apresentar uma políti-ca e um chamado para mobili-zar as massas é o elemento cha-ve e fundamental de um pro-grama de esquerda. Se as elei-ções são uma importante táti-ca para os socialistas, a mobi-lização é estratégica, pois semela, o povo não conquistará ne-nhuma de suas reivindicaçõese nenhuma proposta progra-mática que aponte a resoluçãodos problemas de fundo do povopoderá ser aplicada.

Por isso, também discorda-mos da concepção programáti-ca da candidatura de Martini-ano, que padece de um erro queo PT também teve: a utopia demudar o caráter de classe doEstado Burguês apresentado“uma proposta de regulamen-tação do exercício da democra-cia direta prevista na Constitui-ção”. Trata-se de uma incom-preensão total do desarme pro-gramático que o PT teve ao lon-go de sua existência: a teoriade que o Estado burguês é umacasca vazia, que pode ser pre-enchida pelos trabalhadores aseu favor. Trata-se da repeti-ção de um erro já experimen-tado no modo petista de “gover-nar para todos” através do pro-grama democrático e popular.Com estas propostas, Martini-ano chama a abandonar o pro-jeto originário do PSOL.

A proposta defendida por

Babá é categórica, de esquer-da e de classe, colocando no cen-tro o caráter radical do PSOLque fundamos. Reivindicandoo programa do PSOL, o daFrente de Esquerda de 2006 eos 15 pontos votados na Exe-cutiva de dezembro Babá cen-trou em três aspectos: utilizara campanha eleitoral para for-talecer as lutas populares e aconstrução de uma Nova Cen-tral da classe trabalhadora;chamar à mobilização em de-fesa da soberania nacional con-cretizando em três aspectos: aauditoria e suspensão do paga-mento dos juros da dívida pú-blica, a defesa da Amazônia de-flagrando uma campanha con-tra a construção da hidrelétri-ca de Belo Monte e a luta pelarestatização das empresas pri-vatizadas, começando pela de-fesa da Petrobrás 100% esta-tal. E para finalizar, a luta con-tra a corrupção e contra estafalsa democracia do poder eco-nômico e da corrupção, cha-mando o povo a se mobilizarpara impor uma AssembléiaNacional Constituinte onde apopulação decida os rumos dapolítica e da economia do país.

Por estes motivos políticoestratégicos é que apresenta-mos a candidatura do compa-nheiro Babá e chamamos a for-talecer um campo daqueles quenão querem abandonar o pro-grama e a proposta que deu ori-gem ao PSOL.

A candidatura de Martiniano queracabar com o caráter radical do PSOL

BABÁ, em debate entrepré-candidatos no Rio,defende o programaoriginal do PSOL

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SINDICAL

CONCLAT: o primeiropasso vai ser dadoDouglas Diniz

Coordenação daUnidos pra Lutar

Faltam poucos meses paraa realização do Congresso daClasse Trabalhadora e a fun-dação de uma nova centralsindical para organizar nos-sas lutas.

Quando nos dias 05 e 06de junho os delegados (as)eleitos nas bases dos sindi-catos, oposições e movimen-tos sociais votarem o planode luta, o programa, o esta-tuto e a direção dessa cen-tral, estaremos dando umpasso a mais na organizaçãode uma alternativa de dire-ção para a classe trabalha-dora brasileira.

A principal tarefa com aqual fundamos a Conlutasque foi de unificar em umamesma organização parte dosindicalismo combativo denosso país estará concluída.

Será emocionante o mo-mento em que todos escuta-rem pelos microfones o anún-cio do surgimento desse novoembrião de direção.

Unidade paraderrotar governo epatrões

O sentimento de unidadeque será expresso na confor-mação dessa nova central, nãoserá obra do acaso, é parte dacompreensão política comumde que o governo Lula não énosso governo e de que a CUTse esgotou como central paraorganizar nossas lutas.

Entretanto a construçãodesse momento não foi algofácil e o congresso da novacentral não resolverá todos osproblemas nem superará asdificuldades.

A disputa pela direção daclasse trabalhadora brasilei-ra estará apenas começando.

A eleição do primeiro pre-sidente de origem operária em

nosso país e a incorporação daCUT e centrais sindicais ofici-ais ao projeto do governo Lulade beneficiar o sistema finan-ceiro, a burguesia nacional, asmultinacionais e o agronegó-cio, fez com que setores com-bativos rompessem com essaCentral e iniciassem a constru-ção de uma nova ferramenta.

A reforma da previdênciado governo Lula que contoucom o apoio da CUT fez sur-gir em todo o país os Fórunsde Luta contra as reformas dogoverno, vanguarda indiscu-tível do projeto que estamosconstruindo.

A criação da Conlutas, aformação da InterSindical e osurgimento de oposições sin-dicais classistas e combativaspara disputar a direção dasentidades de base dos traba-lhadores apenas iniciou esseprocesso de organização.

Disputar a direçãopolítica da classetrabalhadora

O CONCLAT ao unificarem uma mesma entidade essemovimento abre a perspecti-va de disputar, superar econstruir essa nova direção.

Somos conscientes que anova central só se consolida-rá a medida que avance a lutade classes em nosso país.

Sem que amplos setoressaiam a lutar e a se enfren-tar com o governo e os pa-trões será muito difícil avan-

çar na construção de umaCentral de massas.

Será decisiva nossa inter-venção unitária nas greves ecampanhas salariais em cur-so, bem como nas disputas dossindicatos contra as centraisgovernistas.

É nesse processo que seforjará e se testará a nova di-reção que todos estamos cons-truindo.

A nova onda da crise eco-nômica que ameaça a Europae boa parte das economiasmundiais terá repercussõesno nosso país. A reação do mo-vimento de massas ao planode ajuste que está preparan-do o governo federal pós-elei-ções será o espaço privilegia-do para nossa intervenção econstrução.

Nosso grande desafio seráresponder essa situação. Oxa-lá tenhamos êxito na tarefa.

A diluição incondicional da Conlutas e da Intersindical, ospólos mais avançados na construção da nova central, de-monstrará para outros setores como a ASS e o PCB que po-demos avançar na unificação e na conformação de umaorganização democrática que agrupe todos os que lutamcontra o governo e os patrões.

Qualquer movimento que culmine após a fundação danova central, com a manutenção dessas organizações, si-nalizaria contra essa possibilidade e nos colocaria diante deuma situação política delicada de conviver com a estruturade uma central dentro de outra central.

Afastaria a possibilidade de dialogo com outros setores edificultaria os passos seguintes para ampliação de nosso pro-jeto.

No congresso da Conlutas que antecederá o CONCLATdefenderemos a diluição de nossa organização (Conlutas)na nova central e proporemos que os avanços obtidos noterreno jurídico e contábil estejam a serviço da construçãodessa nova organização.

É parte da tradição de nosso movimento a formação decorrentes, grupos e tendências sindicais, portanto é licita aposição de quem quiser assim se organizar e batalhar porsuas posições sindicais e políticas.

A usurpação do nome da Conlutas e do pequeno maisimportante legado do projeto que todos ajudamos politica-mente e financeiramente a construir, é inaceitável.

A Conlutas e a novacentral sindical

PLENÁRIA unificadarumo à nova Central

FOTO: SAMUEL TOSTA

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SINDICAL

Todo apoio à GREVE dosprofessores de SÃO PAULO

Quando fechávamos à edição de Combate Socialista a greve dos professores doEstado de São Paulo entrava em sua 3° semana. Por sua importância política epor ser parte de uma categoria que nos últimos meses vem protagonizando emtodo o país lutas importantes contra prefeitos e governadores, CS entrevistou aProfessora de história Silvana Soares, Diretora da APEOESP, Conselheira daSub-Sede Lapa (capital) e militantes da Unidos Pra Lutar.

CS: O que motivou agreve dos professores deSão Paulo?

Silvana:A greve do magis-tério paulista, uma vez que,oficialmente, todos os setores,exceto os funcionários, delibe-raram pela greve (professores,diretores e supervisores), éresultado das medidas auto-ritárias que vem sendo imple-mentadas pelo governo deSerra /Paulo Renato. Dentretais medidas, destacamos aLei nº 1093/09, que institui aprova para que os professoresministrem aulas; a Lei nº1094/09, que obriga o profes-sor, aprovado em concurso, afreqüentar 4 meses de cursi-nho preparatório e após umnovo exame, se novamenteaprovado, ser aceito na redede ensino; a Lei nº 1097/09,que institui o reajuste salari-al por “avaliação de mérito”,ou seja, no máximo 20% dos

professores podem auferir re-ajuste. Ademais, há mais de10 anos o governo não apre-senta nenhuma proposta iso-nômica de reajuste salarial,operando com o sistema debonificação por mérito. Talmedida é injusta, discrimina-tória e divisionista, uma vezque “atinge” desigualmente otrabalhador da ativa e discri-mina o aposentado, que se-quer recebe tal bonificação.Portanto, tem um objetivo cla-ro: dividir trabalhadores eenfraquecer o movimento sin-dical!

CS: Como esta a adesão aomovimento greve?

Silvana: Realizamos anossa terceira assembléia es-tadual, no último dia 19 demarço, na Av. Paulista. Com-pareceram à assembléia maisde 60 mil professores. Apesardas ameaças de multa ao sin-

dicato, estimadas em cerca de500 mil por assembléia, a ca-tegoria não se curvou! Foi asegunda assembléia massivana Av. Paulista com passea-ta em direção à Praça da Re-pública. Foi um símbolo deresistência da categoria e doseu principal sindicato –APEOESP. A greve se encon-tra em ascensão, com um ín-dice de 60% de paralisação,apesar das mentiras planta-das na mídia pelo governo,uma vez que este apresentaum pífio índice de 1% de ade-são. Contra o governo e amídia, temos o movimentoreal!

CS: Quais os próximos

passos que pretende dar acategoria?

Silvana: A nossa próximaassembléia será no Paláciodos Bandeirantes, dia 26 demarço, às 14 horas. Vamosdireto ao governador forçaruma negociação! Sabemosque poderá haver repressão,pois hoje a instituição quemais tem manchado a ima-gem deste governo, que querse cacifar ao Executivo Fede-ral, é a APEOESP e a cate-goria que este sindicato repre-senta.

As subsedes de nossa en-tidade tem realizado umaverdadeira caça ao governa-dor, basta acompanharmos asua agenda de inauguraçõesde obras: onde está o gover-nador, lá estão osprofessores(as) solicitandonegociação e denunciando oeleitoralismo explícito nos co-mícios.

A semana que se inicia, 3ª.em greve, será decisiva e osesforços dos ativistas deveráser maior no sentido de ele-var os índices de paralisação.À luta, pois!

EDUCAÇÃO EMMOVIMENTO -PROFESSORES EM LUTA

Em luta pela implanta-ção do Piso Nacional, rea-justes salariais e Planos deCarreira trabalhadores emeducação de 12 estados(MG, PB, RO, TO, SC, GO,AP, BA, AL, PR, RN e PI) fize-ram greves e mobilizações.No dia 16/03 atendendo aconvocação da CNTE amaioria dos estados brasilei-ros fizeram um dia de para-lisação nacional.

GREVE DE RODOVIÁRIOSDE BELO HORIZONTE

Ocorreu entre os dias 22à 25/02 a greve dos rodovi-ários de BH e região. Os tra-balhadores que reivindica-vam 37% depois refizeram aproposta de 12% de reajus-te salarial, jornadas de 6 ho-ras, manutenção do despa-chante e cobrador que es-tavam sendo demitidos,conseguiram importantesvitórias. Reajuste salarial de4,5% e reposição do INPC(4,34%) além da manuten-ção dos trabalhadoresameaçados de demissão.

PLENÁRIA NACIONALDA CNESF CONTRAO PLP-549/2010

Ocorreu no dia 14/03com a participação 187 de-legados representando de12 entidades do funcionalis-mo federal a Plenária daCNESF, na pauta o PLP-549/2010 que congela saláriosdo funcionalismo federalpor 10 anos e o PL-4497/01que regulamenta o direitode greve da categoria. Foivotado o seguinte calendá-rio: 01/abril ato nos estadose 12 a 18/abril ato nacionalcom caravana em Brasília.

NOTICIÁRIOSINDICAL

ATO público dos professores. Nodetalhe: Silvana, dirigente da Apeoesp

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CONJUNTURA

São Paulo

ENCHENTES: algumaspropostas políticas

Por RaulMarcelo,deputadoestadualPSOL/SP

imposto tem como destino aconstrução de moradias popu-lares tarefa de responsabili-dade da CDHU.

Entretanto, além dos já co-nhecidos problemas de impro-bidade, a CDHU não tem umapolítica que priorize as ocupa-ções de risco. O orçamento daCDHU para este ano será deR$ 1,4 bilhão, o que possibili-tará a entrega de 32 mil mo-radias além das regulariza-ções e revitalizações de bair-ros. Se ampliarmos estes re-cursos em mais R$ 3 bilhões épossível construir mais de 100mil moradias este ano. Ouseja, com uma nova diretrizpolítica na CDHU é possívelresolver imediatamente a si-tuação de calamidade na qualnos encontramos.

Os recursos sairiam dopróprio orçamento do Estado.O presidente da República,quando esteve recentementeem São Paulo, afirmou queteria interesse em executarprojeto de combate às enchen-tes no Estado - o chamado"PAC das enchentes". Se essenão foi mais um dos tantosdiscursos eleitoreiros está

dada a deixa para o governa-dor enviar à Assembleia Le-gislativa uma proposta de al-teração no orçamento. Assim,ao invés de destinarmos R$ 8bilhões ao Governo Federal,para fazer frente aos juros dadívida do Estado que é prati-camente toda federalizada,poderíamos enviar 40% a me-nos. Isto possibilitaria ter osR$ 3 bilhões mencionados aci-ma, viabilizando assim a re-moção das famílias que habi-tam áreas de risco, respeitan-do a dignidade humana e en-tregando-lhes outra casa enão um cheque despejo de R$5 mil como tem feito a Prefei-tura de São Paulo.

A Assembleia não se furta-ria em aprovar uma alteraçãoorçamentária de tal importân-cia, desde que o destino final,a construção de moradias parafamílias que habitam áreas derisco, ficasse bem claro e im-positivo no texto legal.

Pois bem, está lançada aproposta. Resta saber se exis-te vontade política para en-frentar e debelar o problema,ou se vamos continuar ouvin-do: "as enchentes são de res-

ponsabilidade dos municípi-os", como afirmou o vice-go-vernador Alberto Goldman.Ou, como declarou a Secretá-ria de Estado de Saneamentoe Energia, Dilma Pena, a umcanal de televisão: "em ape-nas 10 anos será possível re-solver o problema".

Fazer jogo de empurra etratar o problema como inso-lúvel em nada vai alterar oatual quadro. A populaçãoestá de luto e indignada comas 75 mortes ocorridas e todoo prejuízo ocasionado a milha-res de famílias. Em uma situ-ação como esta é preciso ousa-dia e estatura política paraque medidas sejam tomadas.

O governo Serra (PSDB) eo presidente Lula (PT) preci-sam assumir suas responsabi-lidades, no que tange à cons-trução de moradias em SãoPaulo em local adequado. Fal-ta de recursos não é desculpa:a fonte já esta apontada. Bas-ta saber se de fato existe inte-resse em acabar com o proble-ma, ou se vamos culpar eter-namente a natureza.

È preciso que os prefeitostambém intervenham no pla-nejamento urbano dando ên-fase nesta questão. Enquantoas águas de março não fechamo verão todos os paulistas se-guem convivendo com estatriste realidade. Esperamosque a memória não se apague,após a passagem das chuvastorrenciais, e que possamosmobilizar e construir políticasque preparem e estruturemnossos municípios, para que aschuvas de fim de ano não con-tinuem vitimando e transtor-nando os cidadãos do Estado.

"Há uma força motrizmais poderosa que ovapor, a eletricidade e aenergia atômica: avontade."Albert Einstein

O cientista mais popular doséculo XX, além de saber mui-to sobre física, também reco-nhecia a importância da von-tade e do planejamento nasrealizações humanas. Einsteindeixou isto cristalino em seusapontamentos registrados sobo título "Como eu vejo o mun-do". Esta referência serve pararefletirmos sobre as chuvasdeste início de ano classifica-das corretamente como fora docomum, mas cujos efeitos, es-pecialmente sobre a populaçãopobre, são recorrentes.

É a população mais pobreque paga pela falta de políti-cas de ocupação do solo urba-no, em que pese já existiremdispositivos legais como o Es-tatuto das Cidades. No entan-to poucos municípios o imple-mentam e aqueles que o fa-zem no intuito de debelar aocupação de áreas de risco,várzeas, margens de rios eencostas, esbarram na faltade recursos. É justamenteneste ponto que o Governo doEstado tem responsabilidade.

Desde 1989, a AssembleiaLegislativa do Estado de SãoPaulo, aprova junto com oProjeto de Lei Orçamentárioo aumento do ICMS em 1%.Este crescimento regular do

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MEIO-AMBIENTE

BELO MONTE: um crimecontra os POVOS e a NATUREZAO governo Lula pretenderealizar um leilão para aconstrução da hidrelétricade Belo Monte, em abril.Por isso conversamos comDion Monteiro, do ComitêMetropolitano doMovimento Xingu Vivopara Sempre. A entrevistana íntegra pode ser lida emwww.cstpsol.com.

COMBATE SOCIALISTA:Quais os impactos sociais eambientais da Usina Hidre-létrica de Belo Monte?Dion Monteiro: São diversos

os impactos, porém dois cha-mam mais atenção. O primei-ro deles refere-se à estimativafeita pelo governo federal deque aproximadamente 100 milpessoas migrarão para a re-gião, principalmente para a ci-dade de Altamira. Alguns es-pecialistas falam que este nú-mero será de no mínimo 150mil pessoas. A Eletrobrás ob-serva no EIA/RIMA que 18 milempregos diretos serão geradosno pico da obra, durante 02anos (entre o 3º e o 4º ano), e 23mil empregos indiretos serãoobtidos, totalizando 41 mil pos-tos de trabalho, ou seja, nascontas do próprio governo apro-ximadamente 60 mil pessoasque migrarão não terão empre-go em nenhum momento. Aobra está prevista para durar10 anos. No final da constru-ção a quantidade de empregosestimados é de apenas 700 di-retos e 2.700 indiretos. O EIA/RIMA avalia que 32 mil mi-grantes deverão ficar na regiãoapós o termino da obra. A ou-tra situação refere-se a constru-ção da barragem principal dausina de Belo Monte.Com essebarramento, uma área de apro-ximadamente 100 Km da cha-mada Volta Grande do Xingu,terá a sua vazão de água redu-zida ficando apenas em torno

de 30% do que ocorre hoje. Oparecer técnico nº114/2009, as-sinado por 06 analistas ambi-entais do IBAMA, e um dos do-cumentos base para a emissãoda licença prévia foi categóricoem afirmar que “o estudo so-bre o hidrograma de consensonão apresenta informações queconcluam acerca da manuten-ção da biodiversidade, a nave-gabilidade e as condições devida das populações do Trechode Vazão Reduzida”.

CS: Propaga-se a ideiaque a Usina beneficiará opovo do Pará. Na visão docomitê quem será benefi-ciado?DM: O principal objetivo da

UHE Belo Monte é atendercom energia barata as empre-sas do eixo centro-sul do país.Assim, aproximadamente 80%será para atender as empre-sas deste eixo e até 20%, casoa negociação realizada entre ogoverno federal e o governo doPará se concretizem, ficarápara atender as empresas ele-tro-intensivas deste estadoprincipalmente as transnaci-onais VALE e ALCOA geran-do vantagens competitivaspara estes grupos no cenáriointernacional, mas não pre-vendo nem 1 quilowatt (KW)

para atender as comunidadesamazônicas que até hoje nãopossuem energia elétrica.

CS: Há alguma relaçãocom projetos para Amazô-nia, ao estilo da IIRSA (Ini-ciativa para a Integraçãoda Infra-estrutura Sul-americana)?DM: O Programa de Acele-

ração do Crescimento (PAC)representa a própria IIRSAno Brasil e a UHE Belo Mon-te é o maior investimento doPAC no país, fazendo assimparte de um projeto de inte-gração energética Sul-ameri-cana. Esse é um dos motivosque faz com que essa obra re-ceba atenção especial do go-verno do presidente Lula. Issoficou particularmente eviden-te no fato ocorrido no mês defevereiro de 2010, quando ex-pressando uma ação de gover-no defendida pelo próprio pre-sidente, a Advocacia-Geral daUnião (AGU) ameaçou pro-cessar membros do MPF quese contraporem ao processo delicenciamento e construção daUsina Hidrelétrica de BeloMonte alegando que as açõesdo MPF são “sem fundamen-to e destinadas exclusivamen-te a tumultuar a consecuçãode políticas públicas relevan-

tes para o país”.

CS: Qual sua avaliaçãosobre as iniciativas recen-tes do comitê?DM: A mobilização das enti-

dades que compõem o Comitêcomeçaram em setembro de2009, por ocasião da audiên-cia pública (privada) que acon-teceu aqui em Belém. Houvemuita repressão contra agri-cultores e indígenas que foramimpedidos, pelos soldados daForça Nacional, de entrar noauditório onde estava ocorren-do a audiência com a justifica-tiva de garantir a segurançados representantes do gover-no e das empresas. Em outu-bro o Comitê Metropolitano doMovimento Xingu Vivo paraSempre foi formalmente cria-do. Em dezembro nos fizemosuma manifestação que termi-nou com a ocupação da sede daEletronorte. Em fevereiro de2010 fizemos uma vigília emfrente ao IBAMA e agora emmarço reunimos com o MPFpara discutir algumas estraté-gias. Além disso fazemos per-manente debates em rádios co-munitárias e educativas, tele-visão, nas universidades e ago-ra queremos fazer esse traba-lho nas escolas municipais eestaduais. Essas iniciativasmostram que o Comitê temconseguido atingir seus obje-tivos, que é trazer o debatepara a região metropolitana,sensibilizar as pessoas e lutarcontra Belo Monte e o modelode desenvolvimento impostopara a Amazônia.

DIONMonteiro, doComitêMetropolitanodoMovimentoXingu Vivopara Sempre.

FOTO: Maurício Santos

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INTERNACIONAL

Entre os lutadores antiim-perialistas e democráticosestá crescendo a preocupaçãocom respeito à situação deCuba. São centenas de milha-res na América Latina e nomundo, os que durante maisde cinqüenta anos defende-ram a revolução cubana, fren-te ao bloqueio e todos os ata-ques do imperialismo e os gu-sanos de direita de Miami.

Dirigimo-nos a essa imen-sa vanguarda que simpatizae defende há mais de meioséculo Cuba para propor que,ao repúdio ao bloqueio, some-mos o pedido ao governo cu-bano para que garanta a li-berdade de expressão, organi-zação e mobilização para opovo. A morte de Orlando Za-pata Tamayo, o pedreiro de 42anos, que aconteceu em 23 defevereiro após 83 dias de gre-ve de fome em protesto pelasituação das prisões, signifi-cou um alerta. Agora, outrogrevista de fome, o jornalistaGuilherme Fariñas, exige alibertação de duas dúzias dedissidentes presos. O governotem rejeitado qualquer diálo-go para procurar uma saída aesta situação.

A única informação oficialque apareceu sobre a morte deZapata Tamayo foi, em 27 defevereiro, uma matéria noGranma, o porta-voz oficial doPC Cubano. Ali afirma que setratava de um preso comum,um delinqüente utilizado pe-los “inimigos internos e exter-nos” da revolução. Seja umpreso comum ou um opositorpolítico, é repudiável a atua-ção do governo, da “justiça” e

do regime castrista, que levouZapata a morrer nessas con-dições desumanas.

Também é repudiável queo povo cubano não possa teracesso a uma informação com-pleta e verificável sobre todasas circunstâncias e implicân-cias políticas que levaram aesta morte e possa debatê-laslivremente.

Infelizmente, estes fatosconfirmam que impera emCuba uma ditadura estalinis-ta com seu conhecido e tradi-cional regime de partido úni-co. Os burocratas do PC pre-tenderam esconder esta reali-dade com suas periódicas elei-ções supostamente “democrá-ticas”. Nada mais falso. O queexiste é um aparato monolíti-co que exerce o controle totalde todos os meios de comuni-cação e proíbe todo direito a seorganizar, manifestar ou fazergreve. Enquanto isso, há anosque existe um avançado pro-cesso de restauração capitalis-ta que o regime esconde.

O Músico Pablo Milanés,insuspeito de ser “opositor”,disse que se Fariñas morre“devemos condenar Fidel Cas-tro, desde o ponto de vista

humano... as idéias se discu-tem e combatem, não se en-carceram” (El Mundo – Espa-nha 13/03/2010).

Os trabalhadores e estu-dantes não têm nenhum direi-to para protestar, não temacesso livre à informação atra-vés da internet e as redes quea juventude usa no mundo in-teiro, não tem liberdade paradiscutir e se organizar, paradefender suas conquistas revo-lucionárias e melhor combaterà direita pró-ianque.

Essa falta de liberdadesestá provocando uma crescen-te insatisfação na população.Foram os jovens os que ques-tionaram há mais de um anoo fato que não se possa viajarlivremente para o exterior.

Estas reivindicações e pro-testos merecem a solidarieda-de dos lutadores antiimperi-alistas, socialistas e democrá-ticos do mundo. Não podemosdeixar em mãos do imperia-lismo e seus porta-vozes estabandeira. O imperialismo eseus governos capachos nãotêm autoridade política nemmoral para falar de direitoshumanos quando em nome desua democracia burguesa in-

vadem países, saqueiam e re-primem os povos do mundo.

Há que se exigir o direitode greve, a liberdade de cons-truir sindicatos, grêmios estu-dantis e partidos políticos.Plenas liberdades democráti-cas: o livre uso da internet,contra a censura, pela liber-dade de ir e vir dentro e forado país. Pelos direitos da ju-ventude: a se expressar livre-mente, contra a censura namúsica, na arte. No imediatodevemos exigir que o governocubano não repita com Fa-riñas a atrocidade cometidacom Orlando Zapata.

Chamamos os partidos po-líticos, os dirigentes sindicais,camponeses, populares, estu-dantis e intelectuais, que sereivindicam democráticos,antiimperialistas e de esquer-da a nos unificar em umacampanha internacional emtorno destas propostas.

Estes direitos democráti-cos elementares são impres-cindíveis e urgentes paracombater as campanhas polí-ticas dos setores pró-ianquese fortalecer o povo cubanopara que possa defender asconquistas da revolução.

A JUVENTUDE e o POVO CUBANO

precisam de LIBERDADEComitê de Enlace

Unidade Internacionaldos trabalhadores (UIT) e

Corrente InternacionalRevolucionária (CIR)

DOIS momentos: Che, defensor da liberdade dos povos latinos.Hoje, jornalista Fariña em greve de fome por liberdade política.

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José CastilloCorrespondência Internacional

Estourou a bolha do EUROA crise européia mostra

que a crise econômica mundi-al capitalista não foi supera-da. Explodiu o mega-projetoespeculativo da chamada“Euro-zona” e mais uma vezfalharam os prognósticos dosanalistas do sistema. A criseda Grécia, Espanha e Portu-gal são as expressões maisagudas dessa crise geral.

Em meados de 2007 explo-diu uma das maiores crisesda história do capitalismo,tendo como epicentro os Es-tados Unidos, mas rapida-mente estendendo-se ao res-to do mundo. Os analistas epolíticos da burguesia tenta-ram explicar a crise como um“erro” do “neoliberalismo”,mas na realidade se trata deum processo muito mais pro-fundo baseado no própriofuncionamento do capitalis-mo imperialista dos últimos40 anos: a queda da taxa delucro dos principais ramos daeconomia mundial e a apari-ção de uma imensa massa defundos líquidos - capital “ga-soso”- que circulava pelomundo buscando e conjuntu-ralmente conseguindo, valo-rizar-se de forma fictíciaatravés da especulação finan-ceira, gerando “bolhas” depseudo-prosperidade que empouco tempo terminavam es-tourando.

Não há umarecuperação daeconomia capitalista

Durante 2009 vimosuma desaforada propagandatratando de nos convencer que“a crise já havia passado”, que“se vislumbrava a recupera-ção”, mas essas expressões dedesejos da burguesia imperia-lista mundial e seus porta-vo-zes não refletiam a realidade.Nos próprios Estados Unidos,o desemprego segue acima de

10%, o mercado imobiliáriocontinua sem pagar milhõesde hipotecas e ainda há 700bancos em dificuldades.

Mas o que está ruindo nes-te começo de 2010 é o mega-projeto especulativo chamado“zona euro”. O capital mono-pólico e financeiro das gran-des potências européias cons-truiu um grande espaço paraseus lucros espetaculares:semi-colonizar as economiasmais débeis do sul e leste daEuropa, aproveitando os me-nores valores imobiliários, einclusive sua mão de obramais barata. Em 2009, os 16países da zona euro mostramuma média de queda de suaseconomias de 4,1%, com 23milhões de desempregados.Cada vez mais são os econo-mistas burgueses que insis-tem em que “não há saídadentro da moeda única, sal-vo brutais ajustes e anos derecessão em países como Es-panha, Grécia, ou Portugal”(Wall Street Journal, Finan-cial Times e The Economist,15/16/2). Isto significa queo capitalismo imperialistapretende sair estruturalmen-te desta crise crônica aplican-do uma ofensiva para atacaros salários, precarizar o em-prego, elevar os ritmos de tra-

balho, retirar os benefícios so-ciais, enfim, atacar todas as

Na manhã do dia 26/02 o SINTUFF e o Diretório Acadêmicode Enfermagem da UFF promoveram na frente da estação dasBarcas S/A, um Ato de Solidariedade ao povo do Haiti. A popu-lação expressou positivamente sua colaboração com a cam-panha. Com a venda de bótons e camisas foram arrecadadosmais de mil reais. Esta atividade se repetiu na porta do HospitalAntonio Pedro na semana seguinte contando com o apoio dosfuncionários e pacientes. Em todas as Universidades, os traba-lhadores e estudantes devem organizar comitês de solidarieda-de ao Haiti exigindo o fim das ocupações militares. O dinheiroarrecadado será enviado ao agrupamento ROZO (Rede deOrganizações da Zona Oeste, de Haití), que realiza ações desolidariedade em diversos acampamentos e solicitaram apoioaos sindicatos do Brasil. O Sindicato dos Químicos de SJC/SP estácoletando dinheiro entre os trabalhadores nas fábricas e no Pará,o SINTSEP, SINTRAM, DCE da Unama organizaram a venda decartões postais com imagens da situação do Haiti, para arre-cadar recursos financeiros para enviar ao ROZO. A campanhaestá sendo bem aceita nas bases dos sindicatos.

Solidariedade ao Haiti

conquistas e necessidades dostrabalhadores. Mas essasmedidas só estão ocasionan-do fortes rebeliões e protestos.

Na Espanha 200.000 tra-balhadores saíram às ruas deMadrid passando por cima daUGT e CCOO em dezembropassado. No mês de fevereirohouve enormes manifestaçõescontra a reforma da aposen-tadoria. Setenta mil pessoasem Madrid, 50.000 em Barce-lona e outras menores em ou-tras oito cidades. Esta é a res-posta ao plano de ajuste dogoverno de Zapatero que secomprometeu a economizar50 bilhões de euros em qua-tro anos e reduzir o déficit a3% do PIB, tal como o exige aUnião Européia.

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José CastilloCorrespondência Internacional

GRÉCIA: Rebeliãocontra o AJUSTE

A Grécia se converteu numpesadelo para as potênciasimperialistas européias.Como os demais países peri-féricos da Europa, a burgue-sia grega e os dirigentes deseus partidos acreditavam “sesalvar” com a entrada naUnião Européia. No ano de2001 a velha moeda, o drac-ma, foi substituída pelo euro.Mas, a Grécia nunca deixoude ser um “sócio pobre” da UE,apenas beneficiada porque anova moeda lhe permitia al-guns negócios a banqueiros,especuladores imobiliários eempresários turísticos dasilhas do Egeu.

Quando chegou a crisemundial, o governo do entãoprimeiro ministro Kostas Ka-ramanlis (da Nova Democra-cia – centro direita -) imple-mentou fortes medidas deajuste, com centro numa fe-roz reforma educativa. A res-posta foi uma onda de grevese mobilizações com quatroparalisações gerais em 2008,que culminaram com a rebe-lião juvenil de dezembro des-se ano, que tomou as princi-pais cidades em resposta aoassassinato de um jovem ati-vista pela polícia, colocando ogoverno à beira do colapso.

Tal como era de se espe-rar, Karamanlis foi derrota-do nas eleições de outubro poroutro partido burguês tradi-cional grego: o Movimento So-cialista Panhelênico (PA-SOK), ascendendo como pri-meiro ministro Giorgius Pa-pandreus, que havia desen-volvido uma forte campanha

prometendo estimular a eco-nomia, apoiado pela direçãoda Confederação Geral deTrabalhadores Gregos(GSEE) e do sindicato de em-pregados públicos (Adedy).

A Comissão Européiaordena o ajuste

Por ordem da ComissãoEuropéia, o governo de Pa-pandreus lançou um duro cor-te orçamentário, seu “plano deEstabilidade”, que inclui umdrástico corte de gastos públi-cos (10%), um rebaixamentodos salários dos funcionários(os sindicatos denunciam queos cortes chegam a 20%), au-mentos de impostos e reformado sistema previdenciáriopara subir a idade de aposen-tadoria de 61 a 63 anos.

Os governos de Merkel eSarkozy, como cabeças daspotências dominantes daUnião Européia, exigiram dogoverno grego que cumprisseo ajuste fiscal até 16 de mar-ço, condicionando a realizarmedidas de ajuste ainda maisprofundas, como eliminar o14º salário (equivalente ao sa-

lário anual complementar) senão se observassem avançossignificativos.

Explode a resistênciaApesar de que tanto a Cen-

tral Sindical como o Sindicatode Empregados Públicos sãocontrolados pelo governantePASOK, a pressão das basesos obrigou a realizar medidasde força. No mês de fevereiro,300.000 empregados públicospararam, incluindo hospitais,escolas, controladores de trá-fego aéreo e funcionários adu-aneiros. Os trabalhadores pri-vados fizeram uma greve soba direção do GSEE, que atéentão tinha evitado mobilizar.As bases de ADEDY tambémobrigaram a sua direção a so-mar-se a essa jornada. Umaimensa greve geral paralisouo país.

A Grécia ficou visivelmen-te “bloqueada” quando come-çou a greve por tempo inde-terminado dos trabalhadoresde aduanas, seguida por umagreve dos empregados das es-tações de serviço e dos taxis-tas. O próprio Ministro das Fi-

nanças grego Giorgos Papa-constantinou não pode entrarem seu escritório porque es-tava bloqueado por emprega-dos em greve.

Finalmente, na greve ge-ral do dia 24 de fevereiro pa-raram mais de 3 milhões depessoas. O país ficou parali-sado. Jornalistas e técnicos datelevisão se somaram no quese chamou um apagão infor-mativo de 24 horas. Uns50.000 trabalhadores se mo-bilizaram à tradicional PraçaSyntagma em Atenas, desta-cando-se claramente os con-tingentes de jovens.

Os banqueiros, a burgue-sia imperialista e os dirigen-tes da União Européia estãodispostos a fazer com que ostrabalhadores paguem o cus-to deste novo capítulo da cri-se. A dúvida é se o governogrego terá a fortaleza sufici-ente para resistir à luta ope-rária e popular. O objetivo depassar esses brutais planosde ajustes não é "salvar Gré-cia", mas sim aos banqueirosocidentais que jogaram naroleta financeira, tiveramenormes lucros, e agora te-mem ficar com empréstimosincobráveis. Se passar oajuste, a Grécia ficará maispobre e colonizada pelasgrandes potências. Por isso aclasse operária e os jovensdesse país têm a urgente ta-refa de exigir a suspensão dopagamento da dívida exter-na grega, de derrotar o pla-no de ajuste de Papandreuse da União Européia e darum exemplo para os traba-lhadores de todo o continen-te: quem deve pagar pela cri-se são os capitalistas.