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Caderno de Diálogos Combatendo os ACIDENTES e as DOENÇAS do TRABALHO Por um mundo melhor e sustentável

Combatendo os ACIDENTESe as DOENÇAS do TRABALHO

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Nós do sindicato entendemos que todos perdem - trabalhadores, empresários, governo e sociedade - com as doenças e com os acidentes de trabalho. Por isto tomamos uma atitude, publicar um manual de orientação e de prevenção as doenças e acidentes de trabalho. Quando ocorre uma doença ou acidente de trabalho “ a culpa” pode ser de um ou uma, mas a responsabilidade é de todos.

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Caderno de Diálogos

Combatendo os ACIDENTES e as DOENÇAS do TRABALHO

Por um mundo melhor e sustentável

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Apresentação do Caderno LER e DORT do STIQFEPAREsta não é uma cartilha ou uma apostila tradicional, também não é um material

bonito pra ficar parado e guardado, mofando nas gavetas ou enfeitando prateleiras ou mesas de centro e de visitas.

Esta cartilha é um instrumento de trabalho e um mecanismo de defesa da saúde e da segurança dos trabalhadores e trabalhadoras e de nossas vidas.

O debate sobre a LER\DORT e sobre o Assédio no Local de Trabalho no Brasil ainda é muito novo, a legislação é imprecisa e a desinformação é grande.

Nós do sindicato entendemos que todos perdem - trabalhadores, empresários, go-verno e sociedade - com as doenças e com os acidentes de trabalho. Por isto tomamos uma atitude, publicar um manual de orientação e de prevenção as doenças e acidentes de trabalho.

Quando ocorre uma doença ou acidente de trabalho “ a culpa” pode ser de um ou uma, mas a responsabilidade é de todos.

Esta cartilha só vale e só vai cumprir seu papel se gerar conversa, se gerar debate. Não é um caderno pronto e acabado, é um instrumento de diálogo, orientação e de conscientização pessoal e social.

Esperemos que você leia, que converse com seus amigos, conhecidos e parentes. Que passe adiante fazendo com que outras pessoas possam ler e conhecer mais sobre o assunto. Defendemos a vida e a saúde e não queremos ninguém doente.

É neste sentido que o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Far-macêuticas do Paraná, em conjunto com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras nas Indústrias Plásticas do Paraná, tem o prazer de fazer chegar até você este material. É o Sindicato mais uma vez cumprindo seu dever de lutar e orientar os trabalhadores, na defesa de seus direitos e de melhores condições de vida e trabalho.

Leia, discuta, e nos envie sua opinião e sugestões do que pode ser feito para com-bater as doenças e acidentes de trabalho, melhorando ainda mais a qualidade e condi-ção de vida de todos nós.

Obrigado e bom proveito!

Donizal LopezPresidente do STQFEPAR

Francisco SobrinhoDiretor Técnico Administrativo do Instituto Adolpho Bauer

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Nos últimos anos trabalhadores, trabalhadoras e os sindicatos têm enfrentado um dos mais sérios pro-

blemas de saúde: os Distúrbios Osteomus-culares Relacionados ao Trabalho – DORT ou como são conhecidas as Lesões por Esforços Repetitivos – LER.

No mundo todo se observa um aumen-to significativo da ocorrência das lesões em músculos e ligamentos principalmente de membros superiores que tem relação com o trabalho. Tem-se constatado um aumento do número de casos de tendinites, tenossi-novites, epicondilites, dor nos músculos do pescoço, síndrome do túnel do carpo, etc.

No Brasil a Previdência Social/INSS avalia que cerca de 80% dos casos de doenças adquiridas pelos trabalhadores, que tem relação com o tipo de trabalho que ele realiza, são representadas pelas LER/DORT, confirmando os efeitos que as mudanças ocorridas nas condições e nos ambientes de trabalho têm trazido para a vida dos trabalhadores.

Constatamos nesses últimos anos de reestruturação produtiva a nocividade que muitos processos automatizados, com diminuição dos postos de trabalho e o au-mento do ritmo e da pressão para se alcan-çar maior produtividade, têm trazido para a saúde dos trabalhadores. São novos riscos e novas doenças acometendo os trabalha-

dores.Diante do medo do desemprego os tra-

balhadores, muitos deles já doentes, ten-tam se esconder achando que os sintomas passarão. Esses funcionários demoram para procurar auxílio até chegar a conclu-são que não conseguem mais continuar trabalhando. A partir daí procuram assis-tência médica deparando-se com um novo drama: provar que o seu adoecimento tem relação com o trabalho que vinha realizan-do.

O número de casos conhecidos, apesar de ser elevado, não representa a realidade. Existem muitos casos que não são conhe-cidos, ou melhor, não tem relacionamento com a atividade de trabalho. Isto reflete a falta de ação responsável por parte dos empregadores, que não investem em am-bientes saudáveis, e também pela precária ação do Estado, que não consegue exercer uma fiscalização eficaz quanto ao cumpri-mento da legislação.

Por isso é importante o papel do Sin-dicato em auxiliar os trabalhadores com informações sobre a doença, suas causas e origens e principalmente como evitá-la. É papel do sindicato e dos trabalhadores lutarem por melhores empregos e principal-mente por melhores condições e ambiente de trabalho.

Texto elaborado com referência bibliográfica de: Ferreira Junior, M. Saúde no trabalho: temas básicos para o profissional que cuida da saúde dos trabalhadores/ Mario Ferreira Junior. – São Paulo: Roca,2000.Maeno, M. Cadernos de Saúde do Trabalhador: Lesões por Esforços Repetitivos. INST/CUT.Federação dos trabalhadores nas Indústrias de SC - Cartilha sobre LER/DORTMaterial elaborado por Zuher Handar, Médico do Trabalho e Consultor de Saúde do Trabalhador

Saúde também é papel do sindicato

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LER - Lesões por Esforço RepetitivoÉ um termo que pode abranger varias alterações das partes moles do sistema músculo-esquelético.Pode significar uma doença que atinge os músculos e os tendões dos membros superiores - dedo, punho, cotovelo - além de atingir os ombros e pescoço. É causada pela sobrecarga de um determinado grupo muscular, devido ao uso repetitivo ou pela manutenção de posturas contraídas, que resultam em dor, cansaço e declínio do desempenho profissional.

DORT - Distúrbios Osteomusculares RelacionadosSão movimentos repetidos de qualquer parte do corpo que podem provocar lesões em tendões, músculos e articulações, principalmente dos membros superiores, ombros e pescoço devido ao uso repetitivo ou a manutenção de posturas inadequadas resultando em dor, fadiga e declínio do desempenho profissional.

O que são LER e DORT?

As alterações que ocorrem nos músculos, tendões e ligamentos são devido à sobrecarga que vai se acumulando com o passar do tempo, principalmente quando falta condições para descansar adequadamente e se recuperar.São inflamações provocadas por atividades do trabalho que exigem do trabalhador a realização de suas tarefas em condições que não são ergonômicas, trabalhando em posições incômodas, fazendo muita força física, além da repetitividade.

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O adoecimento dos trabalhadores tem uma relação direta com o modo de trabalhar, principalmente em função da maneira como é organizado o trabalho, exigindo muito do trabalhador.Infelizmente as empresas que enxergam somente o lucro, priorizam a redução de custo, aumentando sua produtividade, sem aumentar o quadro de funcionários, gerando uma pressão muito grande sobre os trabalhadores para alcançarem a produção desejável.As empresas introduzem novas formas de gestão, de organização do trabalho, novas máquinas e novos equipamentos, não levando em consideração o seu reflexo na saúde dos trabalhadores.Na prática, isso tem significado a limitação da autonomia por parte dos trabalhadores e trabalhadoras sobre os movimentos do seu corpo, criatividade e liberdade de expressão, impondo desta maneira a execução de trabalhos com atividades repetitivas por muito tempo, sem respeitar a necessidades de pausa que o corpo humano exige para recuperar suas energias físicas e mentais.Com isto as conseqüências mais evidentes que se observa são as LER/DORT e muitas outras doenças relacionadas ao trabalho, principalmente as doenças mentais.

Como os trabalhadores adoecem?

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Fatores que contribuem para o aparecimento das LER/DORT Não tem uma única causa, são vários os fatores que contribuem para o seu aparecimento

n Modificações introduzidas no processo de trabalho, decorrentes da modernização e informatizaçãon Mobiliário inadequadon Posturas viciosasn Forçan Repetitividaden Ritmo aceleradon Exigência de tempo n Falta de autonomian Fragmentação das tarefasn Cobrança de produtividade sob formas de prêmios de produçãon Relações com as chefiasn Relações autoritárias de gerenciamento

n Intensificação do ritmo de trabalhon Quadro reduzido de funcionários, intensificação do trabalho com jornada prolongada e freqüente realização de horas extras.n Ausência de pausas durante a jornada de trabalhon Trabalho realizado em ambientes frios, ruidosos e mal ventilado n Equipamentos e máquinas com defeito ou mal adaptadas ao posto de trabalho

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Tenossinoviteinflamação de tecido que reveste os tendões

Tendiniteinflamações dos tendões

Síndrome cervicobraquialdor difusa em membros superiores e região da coluna cervical

Síndrome do túnel do carpocompressão do nervo mediano ao nível do punho

Síndrome do ombro dolorosocompressão de nervos e vasos na região do ombro

Epicondilite inflamação de tendões do cotovelo

Tenossinovite de DeQuervaininflamação da bainha de tendões do polegar

Bursite de ombro inflamação das bursas, que são pequenas bolsas que se situam entre os ossos e os tendões das articulações do ombro

Quais são as doenças que podem ser consideradas como LER ou DORT?

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O tempo vai passando...Os músculos, tendões e articulações continuam sendo exigidos para executar as tarefas que podem ter movimentos repetitivos.O esforço e a repetitividade vai desgastando as estruturas osteomusculares.A dor e a fadiga no início não é percebida. Agora elas aparecem.Alguns movimentos começam provocar dores percebidas pelas pessoas.No início a dor acontece somente quando se faz o movimento e durante o trabalho.Posteriormente fica mais frequente, principalmente durante a noite e nos fins de semana.Você tem a sensação de que o repouso é insuficiente.Quando a dor se torna mais forte causa sofrimento e dificuldade para realizar as tarefas de rotina.

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Como surgem os sintomas?

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GRAU I (no início)Sensação de peso e desconforto no membro afetadoDor espontânea com pontadas ocasionais durante a jornada de trabalhoA dor é leve e ainda não interfere na produtividadeMelhora com o repousoNão tem sinais clínicos definidos

GRAU II (algum tempo depois)Dor é mais persistente e mais intensaAparece durante a jornada de trabalho e de forma contínuaAinda é tolerávelPermite o desempenho da atividade, mas afeta o rendimento nos períodos de maior esforçoA dor é mais localizada e pode vir acompanhada de formigamento e calor local, além de distúrbios da sensibilidade Os sinais clínicos de um modo geral continuam ausentesPode aparecer um nódulo e pode ter dor ao palpar o músculo acometido.

Quais são os estágios de evolução da LER/DORT?A doença pode ser controlada se for diagnosticada no seu início e tiver tratamento adequado

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Nestes casos o trabalhador deve obrigatoriamente ser afastado da função, causa da doença, e se for o caso, deverá ser afastado do trabalho

GRAU IVDor forte e contínua, por vezes insuportávelA dor é irradiada para todo o membro afetadoPerda da força muscularPerda dos movimentos do membroInchaço e até mesmo deformidadesAtrofias, principalmente de dedos, devido ao desusoCapacidade de trabalho anuladaAs atividades do cotidiano são muito prejudicadas.

GRAU IIIA dor torna-se mais consistente e mais forteTem irradiação mais definidaO repouso em geral só diminui a intensidade, nem sempre a fazendo desaparecer por completoA dor começa a aparecer fora do horário de trabalho, especialmente à noitePerde-se um pouco da força muscularHá queda da produtividade ou mesmo a impossibilidade de executar a funçãoComeça a aparecer os sinais clínicos: inchaço, alteração de sensibilidade, dor a movimentar o membro afetadoO retorno ao trabalho começa a ficar um pouco mais complicadoÉ comum aparecer alterações psíquicas, com quadro de depressão, ansiedade e angústia, associados à LER/DORT

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Os sintomas vão aparecendo lentamente e, dependendo da pessoa e da lesão que está se instalando, podem aparecer com diferentes intensidades ou até aparecer ao mesmo tempo.

Quais são os sintomas?

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Caixas de supermercados e no comércio em geral Caixas de bancos e de serviços em geralOutras atividades do setor financeiro tais como compensação de cheques, escrituração, abertura de contas

Embaladores de vários setores da indústria: cosméticos, vidro, metalúrgica, farmacêutica, plástica, alimentosTrabalhadores e trabalhadoras de linhas de montagem nos setores da eletro-eletrônica e metalúrgica

Operadores de máquinas de diversos ramos de atividade, entre as quais, prensas de alimentação manual, microfilmagemVidreiros manuais

Costureiras, riscadeiras, bordadeiras, arrematadeirasAçougueiros Bilheteiros de metrô

Operadores de tele-atendimento, tele-marketing e tele-informaçõesTelefonistas

Atividades que podem provocar LER/DORT

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1 São atividades que exigem a execução de movimentos repetitivos com os braços2 Exigem que as pessoas fiquem com uma posição fixa dos ombros e pescoço por tempo prolongado3 O processo de trabalho é fixo sem possibilidade de mudança4 Exige-se que as pessoas cumpram cada etapa naquele momento e daquela maneira, sem possibilidade de ter autonomia para melhor adequação 5 O trabalho é realizado em “série” e cada etapa depende da outra 6 O ritmo de trabalho exigido não depende do trabalhador ou trabalhadora

7 Há uso de máquinas ou equipamentos que exigem posturas ou movimentos forçados e/ou repetitivos8 O mobiliário e o ambiente físico não são adequados9 Há exigência de prolongamento de jornada de trabalho com frequência10 Há pressão para se produzir11 Não há possibilidade de pausas espontâneas para descanso12 O ciclo de trabalho é determinado por esteira rolante 13 Não há canais formais de manifestações dos trabalhadores ou trabalhadoras sobre o trabalho executado, suas dificuldades, alternativas para melhorar

Como essas atividades de trabalho podem contribuir para o aparecimento das LER/DORT?

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O afastamento do trabalho é muitas vezes obrigatório, pois significa poupar o trabalhador ou a trabalhadora da exposição aos fatores de risco (esforço repetitivo, pressões, excesso de ritmo e jornada de trabalho), propiciando melhor disponibilidade de tempo para realização do tratamento.

Os casos que forem diagnosticados e tratados precocemente podem até curar, mas infelizmente a maior parte dos casos só é diagnosticada em fases mais avançadas e na sua imensa maioria já são crônicos e difíceis de serem curados totalmente.

O tratamento deve ter como objetivo melhorar a qualidade de vida, propiciar alívio dos sintomas (sobretudo da dor) e recuperar a capacidade para o trabalho. Vários recursos terapêuticos podem ser utilizados. É importante uma abordagem interdisciplinar, pois nenhum profissional de saúde detém todos os conhecimentos e recursos para desenvolver um programa integral de assistência e reabilitação.

Tratamento

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De acordo com a legislação, ao suspeitar da doença a empresa é obrigada a emitir a CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho, encaminhando-a para o INSS para notificação e regularização do afastamento do trabalho.

A CAT deve ser emitida logo nos primeiros momentos em que há o diagnóstico ou indícios de há uma doença do trabalho.

A comunicação de doença do trabalho ao INSS é importante não somente para o tratamento, mas também para que o trabalhador ou trabalhadora possa receber os benefícios acidentários previsto em lei, bem como se readaptar ao exercício de outra função. Além disto, dos dados coletados das CAT’s podem ajudar na construção de eficientes programas de prevenção da LER/DORT.

Após a CAT ser emitida e o trabalhador encaminhado do INSS, que fará o registro do fato

encaminhando o trabalhador para a perícia médica para caracterização do nexo causal, que é o estudo da relação entre a doença e o trabalho.

Constatada a relação entre a doença e o trabalho, o médico avalia se o trabalhador ou trabalhadora está incapacitado para o trabalho e este deverá receber o benefício do INSS, chamado de B91 (auxilio doença do trabalho).

Este benefício garante ao trabalhador o direito previdenciário, mesmo sem ter um ano de contribuição, além da estabilidade ao emprego por até um ano após a alta e continuidade do depósito do seu fundo de garantia.

Caso não seja estabelecido o nexo da doença com o trabalho, será classificado como um afastamento por doença que não foi adquirido no trabalho, conhecido como B31 (auxilio doença).

Afastamento do trabalho e comunicação de acidente de trabalho

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Levantamento dos problemas de LER/DORT nos locais de trabalho, tais como queixas freqüentes de dores por parte dos trabalhadores, trabalhos que exigem movimentos repetitivos ou aplicação de forças.Isto pode ser feito com um levantamento daqueles que procuram espontaneamente o serviço médico da empresa ou do sindicato. Também pode ser por um inquérito sobre queixas osteomusculares, através de questionários e exames médicos;

Comprometimento da gerência e direção com a prevenção e com a participação dos trabalhadores para a solução dos problemas.

Como se previne LER/DORT?Prevenir é eliminar as causas de algum evento antes que ele aconteça. Prevenir Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) significa eliminar ou neutralizar os eventos ou condições que levam ao seu aparecimento.

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Capacitação dos trabalhadores e empregadores sobre LER/DORT, para que possam avaliar os riscos potenciais dos seus locais de trabalho.

Análise das atividades dos postos de trabalho, para identificar as condições de problemáticas.

Implantação de medidas de controles efetivos para neutralização dos riscos de LER/DORT. Avaliação e acompanhamento da implantação dos mesmos

Garantir liberdade de comunicação ao trabalhador sobre as suas queixas com garantia de não ser demitido

Priorizar o diagnóstico para realizar o tratamento precoce, evitando o agravamento das afecções e a incapacidade para o trabalho.

Melhorar a organização do trabalho, planejando novas vagas, novas funções, operações e processos evitando condições de trabalho que coloquem os trabalhadores em risco.

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A Norma Regulamentadora 17, do Ministério do Trabalho, entre outras coisas estabelece que:

O mobiliário deve proporcionar conforto ao(à) trabalhador(a) para executar suas atividades;

Para atividades que exijam que o(a) trabalhador(a) fique em pé, devem ser previstos assentos para descansos durante as pausas;

Devem ser incluídas pausas para descanso nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, a partir de análise ergonômica;

Quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento do trabalho, por mais de 15 dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento;

Nas atividades de processamento de dados, o empregador não pode:

promover sistemas de avaliação dos trabalhadores envolvendo remuneração e outras vantagens; o número máximo de toques reais exigidos não pode ultrapassar 8.000 por hora trabalhada; o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite máximo de 5 horas e nas atividades de entrada de dados deve haver pausas de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada de trabalho.

O que a legislação diz na prevenção das LER/DORT

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1 - Por que devemos ter a preocupação com a saúde do trabalhador?

2 - O que se entende por saúde e segurança do trabalhador ? Quem é o responsável pela preservação da saúde do funcionário e da funcionária dentro do seu ambiente de trabalho?

Primeiramente os trabalhadores e as trabalhadoras têm necessidade de traba-lhar para garantir um nível de vida suficien-temente satisfatório para sua família, para isto se vêem obrigados a realizar ativida-des que poderiam apresentar riscos para a sua saúde.

Diante desta situação desfavorável para a saúde do trabalhador e do persisten-te descaso com os ambientes de trabalho por parte dos empregadores, é necessário que o movimento sindical continue com suas políticas de luta por melhores condi-

ções de vida dos trabalhadores, desenvol-vendo ações na prevenção dos riscos nos ambientes de trabalho.

O sindicato deve definir e dar conhe-cimento aos dirigentes sindicais e demais trabalhadores das políticas e orientações em Segurança e Saúde no Trabalho; os princípios de atuação sindical a serem desenvolvidas, bem como estabelecer os critérios e as orientações para o processo de negociação coletiva, relativo à seguran-ça e saúde do trabalhador, caso venha a ocorrer.

De uma maneira muito simples pode-mos entender que a saúde do trabalhador, ou saúde e segurança no trabalho, são me-didas que devem ser tomadas para uma melhoria permanente das condições e dos ambientes de trabalho e que deve estar inserido e integrado no processo de ges-tão geral da empresa. Tem como objetivo promover a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras, no sentido global e integral, garantindo a sua proteção, evitando danos em consequência do trabalho.

De acordo com a legislação nacional

e internacional, considerando as inúmeras convenções e recomendações da Organi-zação Internacional do Trabalho, o empre-sário que dirige e controla a atividade labo-ral tem a obrigação legal de garantir a saúde e a segurança no trabalho. Entretanto não podemos deixar de visualizar a importân-cia que tem os trabalhadores no controle de sua saúde e os direitos que eles têm de que ela seja devidamente protegida.

Ainda de acordo com essas legislações, o direito a vida e a saúde é fundamental ao ser humano e não pode estar sujeito à ne-

Ação sindical na prevenção dos riscos no ambiente de trabalho

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3 - Como construir um Plano (eficaz) de Prevenção dos riscos?

4 - Ação sindical

Deve-se avaliar os riscos e corrigi-los dentro da organização do trabalho. O plano deve contemplar uma avaliação periódica dos riscos, bem como investigar quais os problemas que eles podem causar para a saúde dos trabalhadores. É necessário também informar e formar trabalhadores em matéria de segurança e saúde no trabalho.

A elaboração do Plano de Prevenção, de acordo com a Norma Regulamentadora N.9, que trata do Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais – PPRA, deve ser realizado considerando os resultados da avaliação dos riscos que o empregador realizou. Esta avaliação é obrigatória à to-das as empresas. No plano devem constar todas as medidas que deverão ser adotas para assegurar uma proteção eficaz, bem como o cronograma de execução de ações de proteção aos trabalhadores e trabalha-doras feitas pelo empregador.

É importante recordar que planejar a prevenção é controlar os riscos na origem, priorizando a proteção coletiva e individual,

assegurando a eficácia do plano e atualizá-lo sempre que necessário.

Indiscutivelmente a prevenção somen-te será eficaz se contar com a participação dos trabalhadores e trabalhadoras, contri-buindo com sua auto-proteção diante dos riscos observados, conforme estabelece a Norma Regulamentadora N. 7, que trata do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO.

Quando os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras não são respeitados, ou quando as medidas de prevenção não são tomadas adequadamente ou ainda quando a legislação não é respeitada, a denuncia aos órgãos competentes se faz necessária. Essas denúncias podem ser feitas ao Mi-nistério do Trabalho e Emprego, por meio das Delegacias Regionais do Trabalho; ao Sistema Único de Saúde – SUS, por inter-médio das Unidades de Saúde nos municí-pios; à Vigilância Sanitária ou aos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador.

A ação dos trabalhadores na segurança e saúde no trabalho deve objetivar o con-trole dos riscos que estão presentes nos lo-cais de trabalho, buscando a melhoria das

condições e dos ambientes de trabalho e prevenindo acidentes e doenças que aco-metem os trabalhadores.

O controle dos riscos não será eficaz se

gociação e nem subordinado a interesses particulares ou econômicos.

Para que se garanta o exercício dos di-reitos dos trabalhadores, os sindicatos de-vem buscar também o apoio do poder pú-

blico, que tem a responsabilidade de ditar as normas concretas de proteção, vigiar, controlar a sua aplicação e atuar no des-cumprimento das leis e normas com poder de intervenção.

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5 - Metodologia de ações

não tiver a participação dos trabalhadores e trabalhadoras presentes no acompanha-mento do processo de reconhecimento das situações de risco, como também na elabo-ração de propostas alternativas de solução para o problema identificado, assim como-na avaliação dos resultados.

Neste sentido destacamos três pontos importantes que devem ser seguidos: n Atividade permanente de identifica-ção e investigação dos problemasn Sensibilização dos demais trabalha-dores para a situação encontradan Solução por meio de uma negocia-ção coletivaComo auxilio no processo de sensibili-

zação dos demais trabalhadores é impor-tante lembrá-los que:n Os danos à saúde podem ser evita-dosn A saúde não se vende nem se troca por adicionais n A participação dos trabalhadores é imprescindível, atuando conjuntamente com os técnicosÉ importante lembrar que a ação le-

gal pode não ser suficiente, tornando-se fundamental e decisivo o controle das condições e dos ambientes de trabalho por parte dos trabalhadores.

O papel dos dirigentes sindicais nas ati-vidades de prevenção consiste em:n Acompanhar as situações nos locais de trabalhon Investigação das situações de riscon Investigação dos acidentes e doen-ças decorrentes do trabalho n Fazer um levantamento das opiniões dos demais trabalhadoresn Acompanhar as análises e trabalhos feitos pela empresa, instituições ou en-tidades n Participar ativamente das visitas de inspeção n Acompanhar as avaliações técnicas das condições de trabalho n Interpretar criticamente os informes dados pela empresan Avaliar em conjunto com os técnicos os riscos e as medidas de prevenção

O dirigente sindical deve ainda, em con-junto com a CIPA e os demais trabalhado-res, estudar alternativas e propôr soluções técnicas para os problemas detectados, negociar planos gerais e medidas concre-tas a serem tomadas e caso necessário apresentar as denúncias diante do des-cumprimento do acordo.

Para modificar a realidade precisamos conhecer bem os problemas, envolver os interessados e oferecer soluções viáveis.

Algumas perguntas nos auxiliam a iden-

tificar e definir bem o problema:n Quais são os fatos que se apresen-tam?n Qual é a causa do problema?

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6 - Para pensar: uma avaliação ou reflexão de nossas ações e práticasn Mantemos os trabalhadores informa-dos a todo o momento desde o início da identificação do problema?n Utiliza para isto algum instrumento de comunicação que possa realmente chegar até eles as informações neces-sária?n Recolhe as suas opiniões e suges-tões quando visita os locais de trabalho ou em outras reuniões?n Utiliza as idéias deles para planejar as ações de prevenção?n Realiza pesquisa para conhecer as suas opiniões sobre os riscos e seus efeitos na saúde?n Já realizou alguma reunião ou reali-zou palestras de esclarecimento sobre o assunto?

n Forma grupos com pessoas interes-sadas para discutir o assunto e para estabelecer um plano de ação que contemple a participação dos demais trabalhadores?Para finalizar todo este processo deve

lembrar que identificar o problema, propor melhorias e chegar a um acordo satisfa-tório sobre as medidas é tão importante como também assegurar que as medidas que estão sendo postas em prática sejam eficazes e que estejam dando resultados positivos.

Finalmente deve estabelecer um siste-ma de vigilância, com avaliações periódicas e registro de informações que permitam um seguimento permanente da situação por parte dos trabalhadores através da CIPA.

n Há outras causas ou fatores que contribuem para isto?n A quem está afetando? n Quais são as opiniões e posiciona-mentos dos trabalhadores atingidos?n Como se pode avaliar o problema?n Este problema constitui um grave ris-co para a saúde os trabalhadores?n Este problema tem amparo nas nor-mas legais?n Qual a solução como medida de pre-venção é possível?n Que tipo de ação (legal, sindical) ou de negociação é possível?Na avaliação dos locais de trabalho,

com objetivo de podermos conhecer bem

os problemas devemos primeiramente fazer uma análise geral da área, posteriormente devemos fazer uma análise setorial onde o problema pode estar mais presente.

Em seguida deve-se realizar a análise dos riscos específicos, e procurar identifi-car se esses problemas já foram identifica-dos pela empresa e se está registrado no PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, bem como verificar se está existindo uma notificação dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Além disso, deve também iden-tificar que medidas estão sendo tomadas pela empresa para solucionar o problema dos riscos por ela identificados.

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Parceria INTITUTO ADOLPHO BAUER

STQFEPAR – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Paraná

ApoioFETIEP – Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado do Paraná

FETIESC – Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Paraná

Desenvolvimento TécnicoEquipe do INSTITUTO ADOLPHO BAUER (colocar a logo do IAB)Coordenação Geral e Concepção da Cartilha – Adilton de PaulaCoordenadora de Convênios e Projetos – Maria Alice da Silva

Editoração e ilustração gráfica – Laércio CastroTextos e argumentos técnicos – Dr. Zuher Handar

Data de elaboraçãoAbril de 2009

Agradecimentos especiaisIdemar Antonio Martini e Equipe FETIESC, pela seção dos textos e modelos básicos.

Tiragem5000 (cinco mil exemplares)

Caderno de Diálogos

Combatendo os ACIDENTES e as

DOENÇAS do TRABALHO

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NA LUTA PELA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DA CLASSE TRABALHADORA