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Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação Janeiro 2006 Patrocínio Combater os estrangulamentos do Comércio e do Negócio Electrónicos em Portugal

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Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação

Janeiro 2006

Patrocínio

Combater os estrangulamentos do Comércio e do Negócio Electrónicos

em Portugal

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

1

INTRODUÇÃO

A APDSI – Associação para a Promoção e

Desenvolvimento da Sociedade da Informação

– tem por objectivo cívico promover a

Sociedade da Informação e do Conhecimento

em Portugal, na convicção de que se trata de

um desígnio estruturante na conformação do

nosso futuro colectivo.

A Associação actua através da dinamização e

promoção de uma agenda pública de temas,

de natureza societária e abrangente,

conjunturalmente entendidos como relevantes

na linha prospectiva da realização equilibrada

da Sociedade da Informação e do

Conhecimento em Portugal.

O seu programa de actividades abarca a

realização de conferências e actos públicos de

divulgação, a formalização de reflexões e

estudos temáticos, destinados a estimular as

Instituições, e a Sociedade em geral, a

considerarem as questões inerentes à

afirmação da Sociedade da Informação e do

Conhecimento como componente relevante do

seu desenvolvimento.

Para operacionalizar o programa de

actividades a Associação recorre à

mobilização cívica, sem fins lucrativos, de

capital humano, representado quer pelos seus

associados quer por entidades ou

personalidades expressamente convidadas.

É neste contexto que apresentamos o

Manifesto “Combater os estrangulamentos do

Comércio e do Negócio Electrónicos em

Portugal”, documento de trabalho que reúne,

para divulgação, um conjunto de sugestões de

especialistas sobre medidas de estímulo ao

desenvolvimento do comércio electrónico no

nosso País.

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

2

ENQUADRAMENTO

As várias fontes internacionais de informação

comparativa sobre o ritmo de evolução, nos

vários países, da concretização de condições

para a emergência de uma Sociedade da

Informação e do Conhecimento, e dos

respectivos impactos ao nível dos

comportamentos dos cidadãos e das

organizações na adaptação e adopção das

“novas realidades”, apresentam Portugal numa

posição modesta entre os seus parceiros

comunitários.

Intuitivamente, pela observação do

comportamento passado dos cidadãos na

adesão a novas tecnologias e da capacidade

demonstrada, nas últimas décadas, pelo tecido

empresarial de alguns sectores de actividade

(Banca e Serviços Financeiros,

Telecomunicações, Indústria de moldes,

indústria automóvel, entre outros) no uso das

tecnologias da informação e comunicação

(TIC) na transformação dos seus modelos

operativos, fica-nos a convicção de que

Portugal tem tido, neste domínio, um

desenvolvimento inferior ao seu verdadeiro

potencial.

É este, na nossa perspectiva, o caso do quase

letárgico ritmo de desenvolvimento na adopção

de abordagens de Comércio Electrónico em

Portugal.

Como é óbvio, os indicadores básicos infra-

estruturais como sejam os de acesso e

utilização não podem ser ignorados.

Infelizmente para nós, também estes não são

os melhores!

Eurostat - Utilização Empresarial e Individual

0

20

40

60

80

100

120

SE DK FI DE AT EU25 UK ES IT EL PL CY LT HU PT

Empresarial Individual

Obs. São apenas apresentados os países sobre os quais

existia informação completa comparável i.e. sobre

utilização individual e empresarial.

Como se pode comprovar pelo gráfico

apresentado, quer os valores de utilização da

Internet por parte das empresas, quer a

utilização por parte dos cidadãos coloca

Portugal em índices bastante baixos e

particularmente evidentes quando comparados

com a Europa a vinte e cinco (EU25).

Contrastando um conjunto básico de

indicadores entre Portugal e a UE, tendo por

base algumas condições infra-estruturais

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

3

(empresas com sítios na Internet, acesso à

Internet por particulares a partir do domicílio) e

indicadores de disseminação de uso para

comércio electrónico (empresas que efectuam

compras/vendas pela Internet, particulares que

utilizam a Internet para fazer aquisições de

bens ou serviços) [ver quadro seguinte] torna-

se evidente que o nosso “gap” de utilização é

superior ao de acesso a infra-estruturas.

Indicador Portugal U.E.

Uso de computadores (empresas) 89% 92%

Empresas com sítios internet 30% 46%

População acesso Internet (casa) 26% 38%

Compras via Internet (empresas) 11% 26%

Vendas via Internet (empresas) 6% 18%

Compras via Internet (particulares) 4% 16%

Compras via Internet (“internautas”) 13% 23%

Fontes: Eurostat/Eurobarometer

Partindo do pressuposto, relativamente

consensual, de que o “gap” de acesso a infra-

estruturas tem vindo a evoluir favoravelmente,

fica por “explicar” o défice de capacidade de

converter as potencialidades infra-estruturais

em usos economicamente relevantes.

É incontestável que nas condições particulares

do nosso País, confrontado com a premência

de alterar o seu modelo de desenvolvimento

para se reposicionar em patamares mais

exigentes de competitividade sustentável, o

contributo potencial das abordagens de

comércio electrónico se afigura determinante

na estruturação de iniciativas de inovação ao

nível do tecido empresarial de pequena e

média dimensão [abrindo caminho ao

paradigma da empresa-rede, como, entre

outros, tão bem defende Castells].

Os benefícios da abolição/atenuação de

desvantagens comparativas de localização,

decorrentes da desmaterialização progressiva

das interacções subjacentes à actividade

económica, constituem um estímulo

competitivo crescente para as regiões

periféricas como Portugal.

Os riscos de exclusão são reais, e crescentes,

pondo seriamente em causa a capacidade de

desenvolvimento/sobrevivência das

organizações com défices significativos de

competências digitais.

O risco de que temos vindo a falar e para o

qual alertamos é real e ameaçador.

Efectivamente e independentemente da

evolução a que assistimos nos últimos anos

com taxas de crescimento razoáveis, a

realidade é que continuamos a crescer a uma

taxa inferior aos outros Estados Membros.

Existia ainda uma “ténue” esperança que,

quando comparado a 25, o nosso País se

encontrasse, apesar de tudo, em melhor

situação.

Como se verifica pelo quadro seguinte, tal não

acontece!

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

4

Existe na actualidade um elevado nível de

sensibilidade política, quer das instâncias

nacionais quer das comunitárias, para as

exigências da construção e operacionalização

de competências em TIC como vector

instrumental estratégico no quadro do

reposicionamento competitivo da Europa na

economia global [cf. Estratégia de Lisboa].

Lenta, mas progressivamente, o quadro legal

de referência vem sendo formalmente ajustado

para acolher, sem disrupções, as “novas

realidades”.

Fica assim alguma perplexidade acerca dos

constrangimentos que estarão a actuar como

inibidores do dinamismo na adopção do

comércio electrónico.

Vários estudos de opinião se têm focado na

identificação de barreiras ao desenvolvimento

do comércio electrónico e respectiva

relevância, tendo, no essencial, emergido

como mais importantes (ex. Eurostat E-

commerce in Europe):

• A inadequação dos produtos/serviços

transaccionados a um processo de

transacção electrónica;

• O custo elevado de operacionalização

e manutenção da necessária

plataforma tecnológica;

• A insegurança quanto à eficácia dos

processos de pagamento;

• A insegurança quanto ao

enquadramento legal e validade da

contratualização das relações

comerciais electrónicas;

• A ausência de massa crítica de

compradores;

• A dificuldade estratégica de superar a

canibalização dos canais de

distribuição tradicionais pelos canais

desmaterializados;

• Ineficiência dos sistemas de logística e

custo das entregas entendido como

excessivo pelos consumidores.

Parte substancial destas barreiras pode ser

seguramente atenuada, removendo

resistências à formação de massa crítica que

induza a desejada generalização e

banalização do comércio electrónico.

Que se pode fazer para inverter a actual

situação?

SEDK

FIBE

DENL

NOEU

AT

IT

EE

IE

CZ

ELPT

LTCYHU

PLSK

RO

BG

Adopção de TIC

Utilização de TIC

SEDK

FIBE

DENL

NOEU

AT

IT

EE

IE

CZ

ELPT

LTCYHU

PLSK

RO

BG

SEDK

FIBE

DENL

NOEU

AT

IT

EE

IE

CZ

ELPT

LTCYHU

PLSK

RO

BG

Adopção de TIC

Utilização de TIC

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

5

FOCO DO MANIFESTO

Entendido como um fenómeno económico, o

Comércio Electrónico faz parte de um

processo de âmbito mais alargado, que

envolve modificações socioculturais,

caracterizado pela globalização dos mercados,

a mudança no sentido de uma economia

assente na informação e no conhecimento e

alterações provocadas no dia-a-dia pelas

diferentes evoluções da tecnologia.

Um dos sintomas mais claros resultantes

dessas alterações – adulterações, se

quisermos – traduz-se na forma como dois dos

mais antigos padrões de influência se

alteraram: O Tempo e a Distância.

É interessante verificar até que ponto

parâmetros tidos como adquiridos e mesmo

absolutos à menos de duas décadas, sofreram

câmbios de dimensão imprevisível.

O Comércio Electrónico e na generalidade a

Sociedade de Informação baseados nas

modernas infra-estruturas de

telecomunicações, reduziram a importância do

tempo como um dos factores determinantes na

estrutura económica e nas actividades sociais.

Todos estes processos reduzem também de

forma impressionante os custos das

transacções, simplificam, melhoram e

embaratecem os custos das pesquisas,

diminuindo obviamente a distância entre

compradores e vendedores.

Pretendemos, devido à importância gritante

destas matérias, sistematizar, num curto

documento de síntese, contributos de vários

especialistas identificando medidas para a

superação das barreiras, reais ou contextuais,

à expansão do comércio electrónico em

Portugal.

O documento, sob a forma de manifesto, é

orientado pelos seguintes princípios:

1 - Considerar como comércio

electrónico a definição restrita de:

- transacção digital [processo

desmaterializado intermediado por plataformas

computacionais e redes];

- de bens ou serviços [desmaterializados ou

não]

- com significado económico [configurando

uma relação de natureza contratual, no quadro

de actividade económica organizada];

2 - Mais do que produzir um

diagnóstico aprofundado e extenso sobre as

“razões”, coligiu-se uma síntese de “sugestões

de acção” convergentes na alteração do actual

posicionamento relativo do País nos contextos

internacionais relevantes [mercado interno

europeu, economia global];

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

6

3 - As acções sugeridas são

vincadamente pragmáticas [simples,

aplicáveis/exequíveis, orientadas a resultados

tangíveis] para que possam ter utilidade como

instrumentos de trabalho para as entidades

que venham a receber o Manifesto;

4 - Estão representados dos pontos de

vista estruturalmente relevantes no

ecossistema [ver figura], agregando as

sugestões dos vários segmentos

operacionalmente determinantes no esforço de

massificação do Comércio Electrónico

(domínio transaccional e “e-Markets”).

O Manifesto que de seguida se apresenta está

dividido em quatro partes.

O Comércio Electrónico visto pelo prisma

Familiar e do cidadão como indivíduo e

utilizador constitui a primeira parte da nossa

análise. A visão empresarial constitui a

segunda parte.

A terceira parte resume algumas das

conclusões – que resolvemos não separar –

uma vez que é nosso entendimento que a

integração de processos entre B2C e B2B é

fundamental, e alguns caminhos que

entendemos podem contribuir para a resolução

dos estrangulamentos identificados e

conclusões.

A quarta parte enumera de uma forma

pragmática, directa e objectiva as mais

importantes recomendações em cada uma das

vertentes do negócio electrónico.

Na primeira e na segunda parte elaborou-se

com base nas estatísticas existentes, fruto de

recolha preliminar, nomeadamente as do INE –

Instituto Nacional de Estatísticas, do IDC,

Vector 21, Eurostat, Anacom, CMVM, entre

outras organizações fidedignas que

consideramos de franca idoneidade e às quais,

desde já, manifestamos o nosso

agradecimento.

Os variados elementos estatísticos utilizados

servem como base a diferentes tipos de

conclusões que era importante estarem

presentes neste Manifesto.

Assim, obtém-se um “snapshot” fundamental

sobre a situação nacional, bem como, quando

comparado com a realidade da UE, muitas

vezes aparentemente contraditório, mas

essencial para as análises, os diagnósticos e

principalmente para o apontar dos caminhos

Empresa

Shopbots/motore s/leilões/e -Marketplaces MMMMaMarketplaceces

eAdvertising/eSecurity/ePayments/eLogistic

Indivíduo

Telecomunicacões e recursos“on-demand”

Plataformas/software/consultoria

Reguladores/Ent.certificadoras/Standards

“In

fom

ed

i-á

rios”

In

fra

-est

rutu

ras

e-M

ark

ets

D

om

ínio

Te

cn

oló

gic

o

Do

mín

io

tra

nsa

cc

ion

al C2C B2C B2B

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

7

de resolução que, entre outros, são o objectivo

deste documento.

Para a apresentação dos elementos

estatísticos de análise, adoptámos a seguinte

ordem metodológica: Infra-estrutura (tipo de

acessos e equipamentos) e só após as

características dos potenciais utilizadores quer

no âmbito do B2C quer do B2B (escalão etário,

formação, dimensão das empresas, etc.).

Trabalhámos com base no conhecimento que

nos foi transmitido pela experiência das

empresas que connosco contribuíram para o

corrente Manifesto e com o conhecimento

adicional de especialistas em determinadas

áreas que antecipávamos contribuírem para a

clarificação de alguns estrangulamentos

previamente identificados.

Pensamos que a metodologia adoptada reúne

de forma pragmática elementos fundamentais

bastantes de análise que, aliados de forma

independente ao conhecimento e experiência

prévia dos seus autores é base de sustentação

suficiente deste Manifesto.

Desejamos que o Manifesto com os seus

diagnósticos e recomendações construtivas

venha a constituir-se num elemento de análise

ponderada, merecedora da atenção dos

interessados e que contribua para a

eliminação progressiva dos estrangulamentos

identificados, levando a que Portugal, esteja

mais bem preparado para a sua contínua e

essencial convivência numa Sociedade de

Informação cada vez mais competitiva.

Como afirma o Dr. Manuel Lopes Rocha “O

futuro de qualquer país desenvolvido passa

pela sociedade do conhecimento, pela

inovação tecnológica e pela indústria da

cultura. São sectores nevrálgicos do

progresso. Ou os favorecemos ou

abdicamos... Antes de um problema jurídico,

temos aqui um problema político e cultural”.

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

8

AGRADECIMENTOS

Media Capital Multimédia – Na sua experiência

PME link – Na sua experiência

e-Constroi – Na sua experiência

Dr. Manuel Lopes Rocha pela colaboração na

parte relativa à Legislação

Codipor – Na área dos Standards

Marta Alves Cardoso e Filipe Paula Cardoso

na colecta de informação

Vodafone – Eng. António Carriço

TV Cabo – Eng. Sallas Pires

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

9

Primeira Parte – A Situação Actual

Âmbito Familiar e Individual

No que diz respeito ao meio de transporte

utilizado e respectiva largura de banda, a linha

analógica sobressai ainda com a maioria dos

utilizadores (52%), mas as ligações de “banda

larga” começam a ter um papel preponderante

com 33% de utilização através do cabo e 15%

com xDSL.

15,1

21,7

26,2

2002 2003 2004

Fonte: INE

Ligação à Internet

É notório o crescimento gradual ao longo dos

anos da penetração do computador pessoal no

ambiente dos agregados domésticos

portugueses. O crescimento médio cifra-se

pela ordem dos 25% para os computadores e

por 33% para a utilização da Internet.

Não é surpresa que Lisboa seja a área com

maior incidência, claramente acima da média

com uns reveladores 48% em relação aos

computadores e 39% no que concerne à

Internet.

Facto surpreendente é o Algarve com a

segunda posição: 40% nos computadores e

28% na Internet.

Tipo de Acesso

52%33%

15%

Analógica Cabo XDSL

Sem colocar em causa quaisquer dos

elementos de análise até porque, neste caso,

se complementam e reforçam, dados da

Anacom identificam um crescimento de

clientes de ISP na ordem dos 43% ao ano,

sendo que a maior relevância se localiza no

crescimento entre 2004 e 2005 dos clientes de

“banda larga” atingindo os 68 por cento.

Interessante será também citar, ainda de

acordo com dados da Anacom, que em 2005 o

número de utilizadores de ADSL ultrapassou

pela primeira vez os utilizadores de cabo.

No entanto “Portugal está abaixo da média da

União Europeia relativamente à utilização da

Internet... apenas 24 por cento dos

portugueses navegaram na rede no primeiro

trimestre de 2005... sendo a média europeia

de 47 por cento” segundo o Eurostat. Merece

uma reflexão atenta a afirmação por parte de

63 por cento dos portugueses que não querem

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

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ou não têm qualquer interesse na Internet ou

outra ainda que não a sabem utilizar (57%).

A média de utilização referida é já por si

ilustrativa do “deficit” português sendo que, no

entanto, temos também que caracterizar a

mesma, o que se torna, mais uma vez, um

exercício revelador.

Dos utilizadores portugueses da Internet, os

estudantes representam uma fatia de 91%,

claramente acima da média Europeia (85%),

sendo que dez dos vinte e cinco Estados

Membros se encontram acima do 90 por cento

(Eurostat).

Proporção radicalmente diferente quando

comparamos a percentagem de utilizadores

empregados. Estes representam apenas 37

por cento quando comparados com os 60% da

média europeia, sendo que apenas sete

Estados Membros se encontram abaixo dos 40

por cento (Eurostat).

Este tipo de comparação é dramático.

Apesar destes números, metade dos

utilizadores da Internet ainda acede à rede no

seu local de trabalho.

26,8

38,341,3

2002 2003 2004

Fonte: INE

Posse de Computador

Sendo um meio alternativo potencial de

acesso à Internet, a par com o telemóvel, o

meio televisivo merece-nos um olhar de maior

detalhe e destaque.

Segundo elementos da Anacom encontram-se

cablados cerca de três milhões e seiscentos

mil lares em Portugal para um total de

aproximadamente cinco milhões,

representando uma percentagem de lares

infra-estruturados de 73,6%.

Televisão - Acesso

Cabo

SatéliteAnalógica

Representando cerca de 29,3%, um milhão e

meio de subscritores utilizam o serviço

fornecido pelos operadores de cabo.

Quatrocentos e quatro mil portugueses

preferiram por várias razões subscrever o

serviço de DTH (Direct-to-Home).

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

11

Curioso será verificar - apesar de poderem

existir algumas sobreposições - que se

somarmos o número de casas passadas com

aquelas que utilizam serviço satélite

encontramos um número muito próximo de

quatro milhões e cem mil casas, que

representam um total de 82% do número de

House Holds em Portugal, ou seja, muito perto

do nosso universo.

Não sendo objecto do presente Manifesto, mas

sem nos podermos alhear das condições de

acesso, uma vez que determinantes, cabe

elaborar algumas interrogações:

• Sendo Portugal signatário do e-

Barcelona 2005, porque não utilizar

mais os canais alternativos para o e-

inclusion como são a Televisão e o

Telemóvel?

• Sendo Portugal reconhecidamente um

dos países com maior interacção entre

o Estado e as empresas, porque não

utilizar mais os canais alternativos?

• Sendo Portugal um país de reduzidas

dimensões territoriais e com cerca de

82% dos seus lares cobertos já com

potencial para infra-estrutura digital,

porquê adoptarmos a Televisão Digital

Terrestre?

79

99,4

13,9

41,3

Telemóvel Televisor ConsolaJogos

Computador

Aparelhos

É interessante constatar que o acesso à

Internet é já efectuado pelo Telemóvel por

21% dos Internautas, embora a utilização mais

comum seja ainda através do computador

(90%).

O telemóvel é um meio que merece um olhar

mais profundo e detalhado.

Em Portugal havia (no final de 2004) cerca de

10.800.000 telemóveis distribuídos pelos 3

actuais operadores: Optimus, TMN e

Vodafone.

Os operadores não têm divulgado o número de

telemóveis 3G. Estima-se, no entanto, que

existem entre 60.000 e 75.000 telemóveis de

terceira geração.

O número de telemóveis 3G não é muito

relevante do ponto de vista de comércio

electrónico pois a generalidade dos serviços

está disponível tanto para telemóveis 3G como

2G. No caso da Vodafone só há um serviço

exclusivo 3G: Mobile Music, isto é, o download

de faixas completas de música. Em relação a

outros serviços (por exemplo, acesso a TV) a

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

12

diferença está na qualidade: num telemóvel 3G

a qualidade é bastante superior.

O comércio electrónico através de telemóveis

está praticamente restrito à aquisição de

conteúdos digitais para os próprios telemóveis

(toques, imagens, músicas, vídeo clips, etc.).

Nalguns casos já se pode adquirir outros tipos

de bens (está disponível, por exemplo, a

possibilidade de pagamento de

estacionamento através de SMS). As

transacções efectuadas por telemóvel têm

sempre um valor baixo.

Estamos portanto a falar exclusivamente de

micro-pagamentos de bens digitais. Nada

impede que esta situação evolua e tudo leva a

crer que a curto/médio prazo tudo poderá ser

adquirido via telemóvel. Neste caso há um

problema que terá de ser resolvido: os

pagamentos terão de ser feitos por desconto

numa conta bancária e não na conta

telefónica, como até agora.

No Japão já existem em funcionamento

sistemas deste tipo: pagamentos contactless

por telemóvel, com débito na conta bancária,

etc.

Como dito atrás, o comércio electrónico por

telemóveis tem um campo de actuação

restrito. Mas, por outro lado, vários problemas

típicos do comércio electrónico estão aqui

totalmente resolvidos:

• Confiança. Ninguém hesita em comprar

bens através do telemóvel por 3 razões: os

valores são baixos; o interlocutor, directa

ou indirectamente, é o operador de

serviços móveis e portanto se alguma

coisa correr mal é só telefonar para o call

centre e o problema será resolvido;

• Facilidade de pagamento. Não é

necessário dar o número do cartão de

crédito pois na realidade o cartão não é

preciso: o débito é feito directamente no

plafond do telemóvel (se pré-pago) ou a

despesa é apresentada na factura do

cartão (se pós-pago);

• Stocks. Como os bens são digitais não há

stocks;

• Logística e Entrega. A entrega é feita “over

the air” em segundos. Não há obviamente

entregas físicas.

O volume de negócios anual do comércio

electrónico por telemóveis deve rondar os €60

milhões (estimativa dos operadores).

Há uma comparação interessante: as vendas

de conteúdos através de telemóveis têm

aproximadamente o mesmo valor da indústria

discográfica portuguesa (venda de CDs e

DVDs musicais, de acordo com informação

divulgada pela AFP)

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

13

Grande parte das vendas por telemóvel

consiste em 2 tipos de conteúdos: toques

(existe um operador que per si vende cerca de

15.000 toques por dia) e jogos Java. Estas

duas categorias representam cerca de 75%

das vendas totais.

O ritmo de crescimento das vendas por

telemóvel é muito elevado, da ordem dos 30 a

40% anuais.

Também neste caso a economia é dinamizada

envolvendo uma variedade enorme de

empresas que intervêm de diversas formas:

produzindo conteúdos, utilizando plataformas

disponibilizadas pelos operadores para

fazerem elas próprias vendas de conteúdos,

instalando sistemas para terceiros venderem

conteúdos, etc.

Talvez exista uma forma de se aprender com

um meio de sucesso como referimos

anteriormente e tentar extrapolar alguns dos

seus ensinamentos para outros meios.

Não podemos desprezar as características

deste meio. Os utilizadores caracterizam-se de

maneira completamente diversa da maioria

dos utilizadores da rede (são mais novos, mais

predispostos para a tecnologia, sensíveis aos

bens digitais, ainda não fidelizados pelos

meios tradicionais de venda, etc.).

16-24 25-34 35-44 45-54 > 55

5,2

8,5

Escalões Etários

Computador Internet

A análise da utilização da Internet com base

nos escalões etários toma particular relevância

em Portugal e também no particular deste

Manifesto, uma vez que temos hoje uma

população envelhecida chegando a inverter a

chamada pirâmide etária.

É aflitivo verificar que nos portugueses com

mais de 55 anos, apenas 8,5 por cento tem

acesso a um computador e somente 5,2 por

cento acedem à Internet.

Já no referente ao grau de instrução é

importante sublinhar que em Portugal os

cidadãos com instrução reduzida utilizam

muito menos a Internet (15%) do que os seus

concidadãos europeus.

Sócio - Culturais

Não tem necessidade;

65,8

Contacto pessoal; 83,5

Fornecedores habituais; 62,9

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

14

Espantoso é verificar os baixíssimos níveis de

utilização da Internet e do Comércio

Electrónico, quando 95 por cento dos

utilizadores revelam nunca terem observado

uma experiência negativa.

Num estudo publicado no ano passado a

UMIC (Unidade de Missão Inovação e

Conhecimento) refere que apenas 5 por cento

dos portugueses fazem compras pela Internet,

sendo que também aqui os motivos apontados

para a não adesão se baseiam na preferência

pelo Comércio Tradicional e apontam os

custos como outras das principais razões.

Tal facto deveria de alguma forma contribuir

indirectamente para alterar progressivamente

a pré-disposição dos portugueses que ainda

não aderiram a estes processos, transmitindo-

lhes confiança e, directamente para um

aumento da utilização dos já aderentes.

Existirão períodos e campanhas de SALDOS

na Internet? Comparáveis?

Além de outras razões, 44 por cento dos

portugueses preferem o comércio tradicional e,

por outro lado, queixam-se dos processos

complicados de venda.

Tem-se verificado alguma melhoria na

navegabilidade dos sítios de comércio

electrónico portugueses. Verifica-se, por outro

lado, que processos que poderiam ser de uma

enorme simplicidade, tornam-se demasiado

complexos, misturando-se muitas vezes

conceitos de eficácia e eficiência com excesso

de informação no écran, demasiadas opções e

muito, mas mesmo muito pouco pragmatismo.

A falta de confiança e questões relacionadas

com a segurança e a privacidade são também

referidas, sendo que, em relação às questões

socioculturais, de forma aparentemente muito

menos significativa.

É também curioso citar que cerca de 500 mil

Lisboetas frequentam assiduamente – todos

os fins-de-semana - 10 Centros Comerciais na

zona da Grande Lisboa.

Parece sintomático.

Mais uma vez o fenómeno cultural emerge,

evidenciando o cidadão português a sua

apetência tradicional pela compra nos locais

de venda públicos, pela relação humana,

fidelização e preferência e conjugação do

“passeio” com as compras.

Razões de Ambiente

40,5

39,5

28,6

18,9

Segurança

Privacidade

Recepção/Devolução

Reclamações

As razões principais invocadas pelos

portugueses parra a adesão ao Comércio

Electrónico são curiosas e merecem também

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

15

alguma reflexão: 42 por cento dos

compradores referem como principal motivo a

raridade dos produtos em oferta – mais

adiante este factor será analisado em

pormenor – e 29 por cento citam a

comodidade e a rapidez como as razões

fundamentais de adesão.

Também aqui se podem retirar algumas

ilações.

Estes dados podem indiciar um perigo

escondido, porém significativo, para o CE

português, senão vejamos:

• Os compradores portugueses

privilegiam os produtos mais raros o

que os faz comprar nas lojas virtuais

estrangeiras;

Se este cenário permanecer e crescer e nada

for feito para o estagnar e fazer involuir,

poderemos no futuro deparar com as

seguintes situações:

• A grande maioria das compras

electrónicas efectuadas pelos

portugueses é de produtos estrangeiros

a partir de sítios no estrangeiro;

• A grande maioria das vendas

electrónicas efectuadas pelas Lojas

Virtuais portuguesas é efectuada para o

estrangeiro;

• Também aqui teremos um “déficit”, já

que se efectuam mais compras do que

vendas na “balança de transacções

electrónicas” com o estrangeiro.

A Bilhética, actividade de compra de bilhetes

para espectáculos ou outros eventos – que

pouca expressão tinha nos últimos anos - tem

vindo a aumentar a sua quota de preferência

nos cibernautas portugueses a cada ano

(17,7%).

Estamos em crer que o crescimento do

número de utilizadores on-line no que respeita

a bilhética está directamente relacionado com

o perfil dos utentes e com a característica do

bem transaccionado – bilhetes ou ingressos –

que se traduz na resultante de compras de

baixo valor, associado a uma relação de

confiança pré-estabelecida com as entidades

que os comercializam.

O Dr. Pedro Morais Leitão, administrador da

Média Capital Multimédia, adianta-nos dois

factores de extrema relevância: o primeiro vem

reforçar a cada vez maior importância da

bilhética no negócio electrónico, referindo

aquele responsável que, sublinha a

importância económica da venda de bilhetes

no total das vendas electrónicas; Pedro Morais

Leitão refere, no entanto, a sua decepção pelo

facto da desmaterialização dos bilhetes –

factor de sucesso essencial – não ter

avançado mais rapidamente, como era, aliás,

a sua expectativa.

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

16

Quanto ao comércio electrónico, no

respeitante à comercialização de bens

materiais, o seu contributo também é

significativo e revelador de algumas situações

que ainda não atingiram nem a maturidade

desejada, nem o profissionalismo da infra-

estrutura que se pretende.

Outro elemento de análise interessante reside

na evolução comportamental dos portugueses

no âmbito das compras electrónicas.

Interessante porque revelador de uma

alteração nos hábitos, interessante porque

rebate os argumentos da pura confiança e falta

de segurança e finalmente, interessante

devido ao facto de três áreas se terem tornado

extremamente relevantes nos últimos anos:

Venda de bilhetes para espectáculos,

agenciamento de viagens e transacções

financeiras.

Tipologia das Transacções

59

38

21

3

8

2

0

40

20

30

25

8

13

18

Livros

Música

Informática

Viagens

Vestuário

Financeiras

Bilhética

20041999

A grande maioria das Lojas Virtuais geridas

por terceiros não tem ou não consegue

estabelecer processos de controlo de

STOCKS adequado. Prende-se este facto com

a falta de integração entre as vertentes B2C e

B2B, resultando na maioria dos casos numa

disparidade entre o STOCK “virtual”

apresentado ao consumidor e o real.

Não querendo avançar com detalhes – não é o

objectivo do Manifesto – o que interessa

analisar são as consequências verificadas no

utilizador/consumidor.

Não sendo possível satisfazer uma

encomenda teoricamente já efectuada, a

quebra de confiança torna-se inevitável.

Por outro lado obrigar as empresas a

aceitarem a devolução de qualquer produto

adquirido pela Internet, defeituoso ou não,

dentro do prazo de sete dias após a sua

aquisição, levanta problemas tremendos de

custos aos comerciantes electrónicos.

Outra questão ainda deriva da ausência de

modelos de exploração baseados na

sindicação de catálogos. Mais uma vez falta de

integração?

Algumas pesquisas (ICP e IDC) referem que o

“ponto de estrangulamento reside nos custos,

educação do povo, falta de informação e

confiança nos processos”.

Estamos parcialmente de acordo.

Vale a pena uma vez mais dedicarmos algum

tempo à análise comportamental do utilizador

português. Dois elementos são interessantes

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

17

de forma a sustentar ou combater a tese

assente na falta de confiança.

Um deles, empírico, tem a ver com a adesão à

utilização das máquinas multibanco por parte

do cidadão português e o outro com o

crescimento extraordinário das transacções

financeiras na Internet.

A utilização massiva das máquinas multibanco

é muitas vezes referenciada como o apanágio

da facilidade com que os portugueses aderem

às novas tecnologias. Quando verificamos que

durante aproximadamente a primeira década

de utilização, 45% dos portugueses

consultavam o saldo antes e após efectuarem

os seus levantamentos, podemos especular

sobre a verdadeira motivação para a tão

massiva e generalizada utilização.

Seria confiança na tecnologia ou no sistema

bancário português? Tendemos para a última,

até porque é condição sine qua non para se ter

confiança que se conheçam os meandros da

tecnologia, coisa que, custa-nos a crer tenha

sido a base de confiança para a utilização do

referido sistema.

Acreditamos, isso sim, que os portugueses

transpuseram a sua legítima e legitimada

confiança no Sistema Bancário Português para

o Sistema Multibanco.

Debrucemo-nos agora sobre a utilização

transaccional financeira da Internet. O

crescimento é exponencial e aparentemente

contraditório com a teoria da confiança e

segurança como factores de inibição de

utilização da Internet.

Segundo a CMVM os portugueses

transaccionaram na sua actividade de Ordens

por conta de outrem cerca de 5.588.617.812€.

Sim, o valor está correcto!

Analisados pela perspectiva da evolução os

números são igualmente esclarecedores,

como se pode verificar pelo gráfico

apresentado de seguida, ainda tendo como

base valores da CMVM.

0

2.000.000.000

4.000.000.000

6.000.000.000

Transacções - Ordens de Compra

2001 2002 2003 2004

A realidade demonstra que o fenómeno

cultural é de muito maior relevância do que à

primeira vista possa parecer.

Âmbito Empresarial

A média europeia de utilização por parte do

sector empresarial com base em banda larga

ronda os 53 por cento, enquanto em Portugal

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

18

esse número desce para 49 por cento, valores,

no entanto, já muito próximos.

Empresas - Largura de Banda

33,9

60,6

5,4

< 128 Kbps

> 128 e < 2 mbps

> 2 mbps

Citando novamente o Eurostat, a utilização em

Portugal cifra-se pelos 77 pontos percentuais,

mas ainda assim abaixo da média europeia de

89 por cento.

Utilização Internet Banda Larga

Dinamarca 97 80

Finlândia 97 71

Bélgica 96 70

Suécia 96 75

Alemanha 94 54

Áustria 94 55

Eslovénia 93 62

Irlanda 92 32

Estónia 90 68

EU 25 89 53

Holanda 88 54

Espanha 87 72

Grécia 87 21

Itália 87 51

Inglaterra 87 44

Polónia 85 28

Chipre 82 35

Lituânia 81 50

Portugal 77 49

Como se verifica, não se encontram

referenciados todos os Estados Membros.

Tomámos em consideração apenas aqueles

que tinham dados comparativos completos.

Consideramos então que 85 por cento das

empresas nacionais já têm computador e 72%

já têm ligação à Internet, sendo que

paradoxalmente, apenas 23 por cento

transaccionam produtos e um número ainda

mais reduzido (10%) serviços.

Ainda de acordo com a mesma fonte, quando

comparamos Portugal a 15 do ponto de vista

das empresas de tecnologia, percebemos

claramente que o nosso País se encontra

numa situação francamente complicada.

Portugal e a União Europeia a 15

96%

4%

EU15PT

Infelizmente para nós, a situação não melhora

quando estabelecemos comparações a 25.

Portugal e a União Europeia a 25

97%

3%

EU25PT

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

19

O nosso vizinho – Espanha – sofreu nos

últimos anos um “shifting” interessante nos

processos de negócio que merece a nossa

atenção.

Há quatro anos, praticamente 100 por cento do

tráfego de comunicações B2B passava pelas

VAN (value added network). Hoje mais de 78%

do tráfego, incluindo o grande incremento dos

passados anos, passam pela Internet, gerando

uma poupança significativa nos mesmos

processos.

Para que se tenha uma noção mais concreta,

uma mensagem PRICAT (actualiza as

informações dos catálogos electrónicos de

produtos), custava cerca de 30€ no seu

trânsito. Hoje o custo é o da comunicação.

Empresas - Tipo de Acesso

7,2

51,0

3,635,0

8,5

26,5

Cabo DSL Sem fios Analógico Outra banda larga RDIS

Segundo a Vector 21 o Mail é o serviço mais

utilizado.

Na nossa opinião o Mail está ser utilizado

como substituto da carta e do Fax e, não

verdadeiramente como uma opção consciente

das vantagens e da troca de informação ou

transaccional.

Numa palavra, em Portugal estamos mais a

transpor do que verdadeiramente a aproveitar

as vantagens do meio.

Provavelmente este facto está relacionado

com a constatação pela maioria das empresas

que os custos de comunicação e da

informação são menores que os dos meios

tradicionais.

Muitas vezes as empresas adoptam a filosofia

do Comércio Electrónico, não porque

acreditam no negócio, mas utilizam as suas

metodologias e modelos como motores de

alteração dos seus processos internos de

negócio, suas melhorias e adaptação ou

migração para outros modelos de negócio.

No entanto ouve-se uma queixa generalizada

por parte das PME da falta de suporte nas

áreas das tecnologias de informação e

comunicação.

Interessante é também verificar que a maioria

das empresas portuguesas tem já um Sitio

para anunciar os seus produtos. Também a

maioria das empresas diz que utiliza a Internet

para conhecer melhor os produtos da

concorrência.

Parece aberrante e contraditório!

O mesmo motivo que leva as empresas a

colocarem informação na Internet – a

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

20

concorrência – é o mesmo que as leva a

utilizar a rede.

Estamos mais uma vez perante a motivação

errada.

8067

22

92 87

43

100 98

69

10 e < 50 > 50 e < 250 > 250

Empresas - Utilização

Computador Internet Sitio

Analisando em maior pormenor o fenómeno no

âmbito das empresas cabem aqui duas áreas

fundamentais do negócio B2B: a já tradicional

SCM - Supply chain Management e o e-

procurement.

Todos os dias, em cada empresa é gerado e

processado um volume monumental de

documentos. Os documentos em papel, desde

as notas de encomenda, guias de remessa,

relatórios de vendas, notas de crédito e

facturas até aos catálogos de produtos,

fornecem o fluxo de informação vital que deve

anteceder, acompanhar ou seguir os bens

físicos numa transacção comercial. Qualquer

interrupção ou disrupção nos fluxos físicos ou

informativos prejudica o funcionamento normal

da cadeia de abastecimento, resultando num

aumento significativo de custos.

Recentemente, as empresas têm canalizado

vastos recursos de toda a ordem com o intuito

de simplificar os processos de produção e

distribuição. No entanto, não se olhou às

vantagens do melhoramento do fluxo de

informação dentro e entre organizações. As

administrações das empresas confrontadas

com mercados cada vez mais concorrenciais,

não podem ignorar as ferramentas que

permitem realizar uma gestão eficaz da

informação e que lhes permita tomar decisões,

no local e no momento certos.

O EDI é muito mais do que mais uma

tecnologia: trata-se de uma nova forma de

gerir a informação.

Mas inúmeras são as dificuldades da

massificação de projectos desta natureza,

sendo as razões para tal facto o mais simples

possível:

• Falta de confiança entre parceiros

comerciais. A maioria das vezes estes

projectos/programas são apresentados

pelos clientes, dada a falta de

confiança, os fornecedores acabam por

não “aceitar” participar nesses

projectos com os seus parceiros

comerciais;

• A desconfiança por parte dos

fornecedores faz com que estes

apenas levem em consideração as

mais-valias que o cliente irá extrair e

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21

nunca para as suas próprias mais-

valias;

• A falta de sensibilização das empresas

nacionais para os projectos de

colaboração entre parceiros comerciais;

• Falta de análise custo/benefício. Total

desconhecimento por parte dos

fornecedores das mais-valias que

podem extrair com a implementação

deste tipo de projectos/programas;

• Os fornecedores dão sempre muita

importância aos custos de

implementação e dado alguns dos

proveitos não serem tangíveis,

desvalorizam os ganhos que poderão

vir a extrair;

• O facto de pensarem, e ter sido

transmitida a opinião, que a

implementação seria algo

extremamente caro;

• Os fornecedores satisfazem apenas as

necessidades/exigências dos clientes e

nunca pensam em massificar estes

seus projectos, no seu meio ambiente

interrompendo a possível expansão de

processos semelhantes;

• Como os projectos de EDI envolvem

uma forte componente de ordem

organizacional e dado que a maioria

das empresas não quer alterar os seus

processos de negócio as mais-valias

acabam por ser muito reduzidas;

• Desconhecimento e não aplicação das

evoluções tecnológicas destas

ferramentas/metodologias. Antes

falava-se de EDI (EDIFACT/EANCOM)

sobre Rede de Valor acrescentado

(VAN), hoje fala-se em EDI

(EDIFACT/EANCOM e XML) sobre a

Internet.

Em alguns casos chega-se a confundir

ausência de legislação com a falta de

Standards ou soluções técnicas impraticáveis.

Aliás facto interessante é a permanente

referência pelas PME à falta de Standards,

nomeadamente em documentos mais

utilizados como a factura, recibos, notas de

encomenda, guias de transporte ou

documentos fiscais.

Todos eles já existem!

Será interessante citar o exemplo de uma

grande empresa com que falámos e que tem

cerca de dois mil fornecedores.

Apenas 17 por cento transaccionam

electronicamente, sendo que os restantes

ainda estabelecem o seu relacionamento de

negócio via Fax.

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22

Se já existem standards, se 78 por cento das

empresas já tem computador e quase igual

número têm acesso à Internet, o que os

detêm?

Até porque 59 por cento das empresas

nacionais não pretende nem planeia adquirir

ou vender bens ou serviços através da Internet

(INE).

Quanto à temática do procurement fazemos

aqui questão de fazer uma pausa no nosso

discurso para clarificarmos o sentido do termo

dentro do contexto deste Manifesto.

Normalmente e em termos leigos, tem-se

utilizado o procurement como qualquer

processo de compra electrónica através da

Internet.

Não é bem assim!

Existe uma distinção essencial – até porque os

processos de negócio são diferentes – entre

bens indirectos, ou seja bens não envolvidos

na cadeia de produção (e-procurement) e bens

directos, os que entram na cadeia produtiva

como matéria-prima (Supply chain

Management) ou parte integrante da cadeia de

valor produtiva.

Contrasta no entanto com a política levada a

cabo nos últimos anos pelo Governo

Português o posicionamento das empresas

portuguesas em relação ao Procurement.

Existem vantagens inegáveis numa correcta

implementação do e-procurement,

nomeadamente a selecção prévia de

fornecedores, a compra agregada, a Internet

como meio de comunicação de baixo custo e o

fim das compras “maverick”.

Prova disso mesmo, reside na iniciativa e-

Constroi que reuniu as maiores empresas de

construção civil do País e respectivos

fornecedores e cujo sucesso não para de

crescer. Novos serviços, optimização de

processos e verdadeiro e tangível valor

acrescentado são alguns dos factores que

para tal contribuíram.

Não conhecemos, no entanto, nenhum

exemplo em Portugal de uma empresa que

tenha enveredado por uma implementação

desta natureza. Porquê?

Empresas - Segurança

5,8 8,4

30,2

13,9

69,3

Assinatura digital Encriptação Firewalls Autenticação (PIN) Antivírus

> 10 e < 50 > 50 e < 250 > 250

Empresas - Transacções C.E.

Vendas Encomendas

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

23

Na Comunidade Europeia assume-se a

existência e a expansão de uma estrutura

preparada para o negócio electrónico,

contribuindo indirectamente para igual

existência de um quadro jurídico de suporte a

este tipo de transacções.

Curiosamente e segundo o Eurostat mais de

40% das empresas inquiridas, apontaram as

barreiras legais como inibidoras do

crescimento das transacções on-line, sendo

que é curioso notar que as empresas que já

utilizam estes métodos não revelaram atribuir

grande importância a estas barreiras.

Temos, no entanto, que interpretar o sentido

atribuído às barreiras legais pelas empresas e,

para tal, continuaremos a utilizar como base o

estudo levado a cabo pelo Eurostat. A maioria

das empresas consultadas são PMES o que é

importante para uma interpretação transposta

ao tecido empresarial português.

Muitas vezes os entrevistados consideram

barreiras legais a não existência da lei ou o

seu próprio desconhecimento, verificando este

estudo que muitas das questões levantadas já

se encontram cobertas pela actual legislação.

O estudo citado define também o conceito de

barreira legal como “... Uma lei ou a ausência

de uma lei que por qualquer motivo inibe as

empresas de aderirem ao Comércio

Electrónico”, mas, e este aspecto não só é

curioso, mas também fundamental “... Que

barreira legal também é o processo que advém

de uma obrigatoriedade consagrada na lei que

aumenta os custos de implementação”.

O facto inegável traduz-se na relação de

problemas reportados que afectam todas as

componentes relacionadas com os processos

transaccionais electrónicos como a validade de

um contrato e o seu reconhecimento, as

assinaturas electrónicas, a relação com as

taxas, o fornecimento de serviços através da

oferta electrónica, os pagamentos electrónicos

e outras actividades relacionadas como seja o

Marketing.

Mais uma vez e, paradoxalmente, não existem

registos de grandes e importantes quezílias

relacionadas com a actividade do negócio

electrónico, sendo que todas as questões têm

sido resolvidas entre as partes e apenas 4%

chegaram a tribunal.

Parece isto querer significar que a estrutura

legal existente é suficiente para suportar este

novo meio.

No entanto, quando abordamos a questão do

negócio electrónico transfronteiriço a questão

é bastante diferente.

Várias das empresas entrevistadas afirmaram

que abandonaram o Comércio electrónico

transfronteiriço devido a problemas legais

(58%), levando praticamente à estagnação ou

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

24

mesmo à diminuição da actividade de negócio

na rede.

Parece existir fundamentalmente uma falta de

informação e conhecimento gritantes do actual

quadro legal.

No âmbito do consumidor, e apenas para citar

um outro exemplo já referenciado

anteriormente, as empresas queixam-se dos

direitos excessivos daquele. Uma empresa à

qual um consumidor adquiriu determinado bem

pode ser confrontada com a devolução do

mesmo dentro dos próximos sete dias úteis.

Obviamente, torna-se extremamente

complicado gerir este tipo de situação.

Outro exemplo curioso e esclarecedor quanto

às idiossincrasias das transposições legais da

mesma directiva europeia reside na diferença

na atribuição da responsabilidade da

devolução de produtos adquiridos através da

rede. Em alguns países a responsabilidade e

em consequência os custos inerentes são do

comprador; noutros do vendedor.

É também interessante notar a confusão entre

a existência ou ausência de um quadro

legislativo bastante, porque a razão mais

citada para a não adesão à factura electrónica

é relacionada com a falta de um standard

relacionado com as assinaturas digitais. Ora

em 1999, o EESSI-European Electronic

Signatures Standardization Initiative publicou

essas recomendações. Pouco foi noticiado,

divulgado e naturalmente conhecido.

Há no entanto o reconhecimento que as

directivas comunitárias referentes à área do

Comércio electrónico são muito recentes e

alguns países ainda não efectuaram a sua

transposição.

Parece também ser opinião comum que a

informação sobre o quadro jurídico existente

deveria ser também acompanhada de um

“package” informativo da maior latitude que

abrangesse também informação comercial e

tecnológica.

Para ser eficiente o Comércio Electrónico

“obriga” a que todos os documentos relevantes

na cadeia de valor sejam electrónicos o que

pede por um maior esforço na criação de

standards documentais.

No âmbito da Factura Electrónica a falta de

harmonização das transposições gerou o

aparecimento de regras divergentes, bem

como de condições extremamente restritivas

aplicadas em alguns países.

Em Portugal este exemplo é sintomático. A

directiva 115/2001 foi transposta para o

ordenamento jurídico português em finais de

2003 e a regulamentação ainda não foi

publicada.

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25

Tornou-se legal a factura electrónica dentro do

espaço europeu em Janeiro de 2005!

Outros exemplos interessantes relativos à

forma de transposição das directivas

comunitárias para o quadro legal português

são os citados na valiosa contribuição do Dr.

Manuel Lopes Rocha.

“... Deve mover-nos, enquanto cidadãos, a

preocupação por um texto legislativo que, ao

invés de contribuir para a consagração da

Internet como um espaço de liberdade e

responsabilidade, não imune à lei dos Estados

reflectida pelo operador judiciário, se encontra

sujeita a um conjunto de regras e de controlos

de tipo administrativo, postergando, em clara

desobediência da Lei Fundamental, a

actividade dos tribunais.

Ora, não apenas por esta razão, mas por

outras que de seguida melhor

desenvolveremos, está em causa a defesa dos

Direitos, Liberdades e Garantias tal como

plasmadas nas nossas leis e até nas várias

práticas interiorizadas pelo nosso tecido

social”.

E considera que no âmbito do desvio do

princípio da lei que “... Pode inclusivamente

uma qualquer entidade de supervisão aplicar,

no caso concreto, uma norma de Direito Penal,

mandando retirar um determinado conteúdo

por que subsumível a um qualquer tipo legal

penal...”.

E continua mais à frente “Daqui resulta que,

com a lei ora aprovada, teríamos a solução

inédita de, em Portugal, não serem só os

tribunais que aplicam normas penais a um

caso concreto, podendo vir a fazê-lo qualquer

entidade que seja de supervisão para os

efeitos deste diploma legal...” Parece ainda

mais absurdo quando “... no caso do referido

art.º 18º do DL nº7/2004, de 7 de Janeiro, a

entidade de supervisão nem sequer vai

formular, repete-se, apenas um juízo opinativo

ou mero parecer técnico, vai, pelo contrário, no

exercício de uma actividade meramente

jurisdicional, proceder à composição autoritária

de um litígio entre particulares”.

E finaliza “... Esta solução de erigir uma

entidade de supervisão central, no caso a

ANACOM, como dispondo de uma área de

actuação horizontal que tem, potencialmente,

por horizonte a totalidade da ordem jurídica.

Ou seja, esta entidade vai usufruir de poderes,

tanto quanto julgamos inéditos no direito

nacional, de se constituir como uma verdadeira

Polícia da Internet, cabendo a outras entidades

de supervisão algum escopo residual...

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

26

CONCLUSÕES

Constatamos assim que, pesados os números,

todos os indicadores têm aumentado ao longo

dos últimos anos e, em particular, nos dois

mais recentes.

Os níveis, até agora considerados como

fundamentais, assim o demonstram: nos lares

portugueses, o computador pessoal tem cada

vez mais expressão (crescimento de 25% ao

ano), a utilização da Internet impõe-se a cada

ano (33% de crescimento) e até o acesso por

banda larga tem visto o seu crescimento

aumentar significativamente (49% dos

utilizadores) entre o cabo e o xDSL.

Se portanto existem áreas onde o crescimento

é claro, não podemos deixar de referir uma vez

mais que os índices de penetração na terceira

idade – claramente importante em Portugal –

são ridículos (5,2%).

Contrasta também com a falta de diversidade

e incremento de meios alternativos de acesso

à sociedade do conhecimento em Portugal e

ao comércio electrónico em particular...

Como referimos na nossa introdução, tudo

parece proporcionar um crescimento

proporcional do Comércio Electrónico.

Tal não acontece!

Teremos que procurar as razões desse

aparente paradoxo em condicionalismos de

diferente teor, que não os meramente

estatísticos.

Culturalmente os portugueses parecem ter um

franco desinteresse pelo meio, preferindo a

deslocação aos centros comerciais (500 mil

lisboetas passam o seu fim-de-semana em dez

centros comerciais da capital), do que o

aparente conforto das compras electrónicas.

Muitos referem inclusivamente a preferência

pelo contacto humano e conhecimento dos

interlocutores que prevalecem no Comercio

Tradicional.

A falta de oferta personalizada aliada aos

processos de compra electrónica –

classificados como demasiado complexos –

também não contribui para o sucesso do

negócio electrónico.

A navegabilidade e os conceitos ergonómicos

actuais também não beneficiam o meio.

De tal maneira assim é que 95 por cento dos

portugueses jamais utilizaram a Internet para

efectuar aquisições de produtos ou serviços,

nem tão pouco demonstram qualquer interesse

(63%).

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27

A raridade parece ser um dos poucos

elementos propiciadores da utilização do meio.

Os compradores afirmaram ser um dos

principais motivos da sua adesão: encontram

produtos disponíveis na Internet considerados

como raros ou de difícil existência em

Portugal.

Curioso é verificar que o mesmo se considera

quando analisamos o comprador estrangeiro.

Este também compra nos sítios portugueses,

provavelmente com o mesmo objectivo:

raridade.

A confiança parece ser outro factor

fundamental, apesar das questões

relacionadas com a segurança virem

progressivamente a perder peso.

Parece de maior relevância considerar que os

portugueses preferem movimentar verbas

significativas nos sítios dos seus bancos ou

mesmo em transacções de bolsa, do que

utilizar sítios de comércio electrónico.

Pensamos que tal comportamento advém da

transposição da confiança no sector bancário

para o meio electrónico. A mesma

interpretação poderá ser elaborada para as

compras electrónicas de micro-valor, das quais

a bilhética, é o maior e mais claro exemplo e,

teoria igualmente suportada pelas compras de

baixo valor através do telemóvel.

O crescimento de actividade do Comércio

Electrónico nos telemóveis atinge os 35% ao

ano – pelas razões já apontadas –

nomeadamente pelo baixo valor transaccional

e total ausência de logística.

Embora as iniciativas de interactividade na

televisão não terem encontrado sucesso,

parece existir a necessidade de encontrar uma

fórmula que permite utilizar os mais correctos

modelos e serviços de acordo com o perfil de

utilizadores.

Com excepção de algumas iniciativas

louváveis, também o Comércio Electrónico

interempresarial parece padecer das mesmas

doenças. A estagnação, na generalidade,

impera!

Aparentemente não existe conhecimento das

verdadeiras vantagens da utilização do

Comércio Electrónico, do seu enquadramento

jurídico nem das tecnologias aplicadas.

Não se percebe a aplicabilidade dos negócios

das novas tecnologias e em concreto do

computador e da Internet como veículos ou

ferramentas de negócio.

As necessidades de formação são de tal forma

evidentes que se chega ao ponto das

empresas portuguesas acreditarem que, por

utilizarem determinadas tecnologias estão a

“financiar” os seus parceiros de negócio.

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

28

A falta de integração entre os processos de

gestão mais profissionalizados e os sítios de

Comércio Electrónico vêm reforçar este

sentimento.

As empresas não se preocupam com a

optimização dos processos envolvidos na

aquisição de bens indirectos, não

profissionalizam a sua oferta, visto que não

conhecem as necessidades dos seus clientes

(extended supply) e todos os indicadores que

temos têm pouca base de sustentação.

Não se efectuam benchmarkings como

processos de avaliação quotidianos, nem

verdadeiros e aplicados estudos do ROI são

elaborados.

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29

RECOMENDAÇÕES

Antes de estruturarmos as sugestões finais

numa forma mais evidente e objectiva através

de um quadro resumo, iremos reflectir sobre as

reflexões e conclusões que a elas nos

levaram.

Alguns considerandos merecem ainda uma

menção extra, uma vez que apesar de não

estarem directamente relacionadas com o

nosso quadro resumo, têm influência no actual

status quo.

De tudo o que atrás fomos expondo com base

em elementos retirados de vários inquéritos e

sondagens, parece claro que os utilizadores

pedem um esforço de simplificação da

navegação

Dentro dos sítios, uma melhoria significativa

dos conceitos de ergonomia, uma maior

adequação dos conceitos de CRM e parece

também que, inseridos no contexto, sejam

incluídos aspectos formativos nos conteúdos

dos SITIOS, como forma de esclarecimento e

ajuda aos utilizadores menos apetrechados

tecnicamente.

Importante parece também a adaptação dos

conteúdos, produtos e serviços aos meios

utilizados, a adequação dos produtos

comercializados e uma melhor relação custo

beneficio incluindo preço/transporte.

Os meios de pagamento ou a falta deles, são

também considerados como inibidores fortes

de uma maior utilização das transacções

electrónicas. Meios de pagamento adequados,

de confiança, eficazes e simples fazem

seguramente a diferença, utilizando a

confiança no sistema bancário como forma de

transposição da barreira da confiança. Em vez

de inventar meios de pagamento adaptados

aos novos meios, porque não utilizar a

transposição dos existentes aos quais os

cidadãos já estão habituados e, mais

importante já confiam?

Novos meios de pagamento são também

necessários no B2B e a Sociedade Bancária

poderia desempenhar um papel de muito

maior relevância na dinamização do Comércio

electrónico.

No que concerne a divulgação, muito pode

ainda ser feito. Instalação de SITIOS de

comércio electrónico nos SHOPPING

CENTERS como elementos formativos e de

adaptação ao meio, bem como em outros

locais públicos como estações de metro, de

comboio, estádios de futebol entre outros, são

alguns exemplos que aqui deixamos.

Com maior complexidade evidencia-se a

necessidade de uma “DECO electrónica” que

para além de proteger os consumidores, possa

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transmitir a existência de um controlo da

oferta.

Controlar o Deficit Externo do Comércio

Electrónico é outro elemento fundamental para

conhecermos a nossa situação e, para o qual

precisamos de métricas.

Não sendo nem podendo vir a ser a

convergência de aparelhos um factor

essencial, a sua divergência e a disparidade

de utilizações parecem paradoxalmente

transformar-se em elementos potenciadores

de serviços.

O papel das Associações Empresariais é

fundamental no que se refere aos aspectos

formativos e informativos, assim como o

conceito da “Cooperativa Electrónica” como

meio agregador de venda e meio aglomerador

de compra.

Da travessia da ponte entre a informação e o

conhecimento, as empresas portuguesas ter-

se-ão de aperceber da necessidade de

aumentar a sua actual confiança dos

processos electrónicos de forma a abrir

caminho para a extended supply chain e para

a utilização de processos inteligentes com

conhecimento prévio das necessidades de

reposição de STOCKS dos seus clientes, entre

outros.

O Estado tem forçosamente que ter maior

celeridade na transposição das directivas

comunitárias, legislar atempadamente para

evitar erros, precipitações e desadequações

do reaproveitamento de leis existentes,

aproveitar as transposições das directivas

comunitárias para melhorar e não apenas para

transpor, cumprir e fazer cumprir o e-Barcelona

2005 e actuar ao longo do processo educativo

e formativo.

O Estado como utilizador e dinamizador

provoca e promove como consequência a

utilização por parte dos cidadãos e das

empresas.

Aumentando os serviços electrónicos

disponíveis e utilizando com inteligência as

directivas e a própria dinâmica da União

Europeia o Estado tem um papel de enorme

relevância no estabelecimento de uma

atmosfera de confiança.

De forma a conseguirmos estruturar de forma

coerente e concisa as nossas sugestões,

identificámos três pilares fundamentais: a

Sociedade Civil, o Tecido Empresarial e o

Estado que constróem os planos verticais do

nosso Quadro Resumo complementarmente

com os indivíduos, as empresas e a

administração pública.

Atravessando horizontalmente os três traves

mestras da Sociedade encontramos quatro

vectores essenciais à viabilização do eco

sistema do Comércio Electrónico: os meios

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COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

31

necessários, o conhecimento, a mudança e

finalmente o desenvolvimento.

Temos, em consequência, que preparar o

Ambiente, evidenciar o Potencial, estimular a

Utilização e realizar os Benefícios.

A acessibilidade, apesar de em crescendo,

ainda não é suficiente em quantidade no

referente ao meio tradicional. É incipiente na

televisão e já significativa nos telemóveis.

A exclusão etária tem que ser contrariada de

forma notória, a divulgação é outro requisito e a

sensibilização para o estabelecimento de uma

atmosfera de confiança é crucial.

A informação e a formação são pilares mestres

e estão muito aquém das necessidades reais

actuais, sendo que a disponibilização de

acessos e da informação em lugares públicos

poderão revelar-se como mecanismos eficazes

no combate à e-exclusão.

A contínua e melhorada tarefa de

regulamentação é força prioritária, bem como a

promoção da desmaterialização e da

digitalização da sociedade do quotidiano.

Objectivamente terá que ser efectuado um

esforço significativo para conseguir transmitir à

totalidade do eco sistema a percepção das

vantagens da utilização dos meios electrónicos,

do valor do acesso à informação e da atmosfera

de confiança, elementos imprescindíveis para a

melhoria continuada da utilização da Internet.

Da actual utilização da Internet -

fundamentalmente direccionada aos conteúdos

- teremos que crescer para uma utilização

transaccional, transformando a informação em

conhecimento, incrementando os níveis de

proficiência e de forma perfeitamente evolutiva

e natural assistir à mudança comportamental

resultante.

As empresas após o acesso básico estar

garantido, terão que percepcionar as vantagens

inerentes ao Comércio Electrónico, optimizar e

especializar a sua oferta de produtos

direccionada ao meio, criar novos modelos de

negócio verdadeiramente adequados à Internet.

Como consequência, estamos convencidos que

rapidamente através da integração da cadeia de

valor, da optimização de processos, da

profissionalização da oferta, as empresas

portuguesas irão aumentar a sua produtividade,

competir de forma mais equitativa e criar

oportunidades de exportação, característica

nativa e inerente ao Comércio Electrónico.

O Estado tem também um papel basilar na

dinamização do Comércio Electrónico.

Ao divulgar as vantagens da utilização do e-

Gov, dar visibilidade ao Comércio Electrónico e

estimular a inovação, estará a contribuir para a

sua própria sofisticação e dos próprios

cidadãos.

A redução dos custos de contexto, a

optimização e agilização dos processos a par

com as poupanças directa e indirecta irão

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

32

contribuir para uma melhoria do perfil

competitivo do País.

Em suma, os cidadãos, as empresas e o Estado

têm de construir, de forma continuada e

persistente, o caminho essencial para a

Sociedade do Conhecimento.

Se não o fizermos, temos que estar cientes que

a informação não tratada nem processada, à

qual não atribuímos valor e a qual não

interpretamos, não tem qualquer utilidade.

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MANIFESTO

COMBATER OS ESTRANGULAMENTOS DO COMÉRCIO E DO NEGÓCIO ELECTRÓNICOS EM PORTUGAL

33

•Informação e Formação•Estabelecimento de Atmosfera de Confiança no CE•Divulgação das Vantagens do e-Gov•Dar visibilidade às vantagens do CE•Promoção de Standards•Estimulo à inovação

•Informação e Formação•Estabelecimento de Atmosfera de Confiança do CE•Percepção das Vantagens do CE•Divulgação de Boas Práticas•Oferta de produtos raros ou especializados•Adequação da oferta•Novos modelos de negócio

•Informação e Formação•Percepção das Vantagens do CE•Percepção do valor do acesso à informação

•Melhoria de custo/beneficio•Poupanças directas•Optimização de processos•Agilidade•Transparência•Melhoria do perfil competitivo do País•Redução dos custos de contexto

•Generalização da utilização do CE•Aumento da Produtividade•Competitividade•Oportunidades Transfronteiriças

•Transformação da informação em conhecimento•Incremento dos níveis de proficiência•Mudança comportamental

•Publicação de conteúdos e interacção básica

•Sofisticação da oferta de serviços e-GOV

•Utilização orientada àcomunicação e marketing

•Incremento da oferta e utilização transaccional

•Utilização orientada aos conteúdos

•Incremento da utilização transaccional

•Estimulo à Desmaterialização•Promoção de acessos em locais públicos•Promover a Identidade Digital•Combater exclusões•Regulação de Mercado•Sensibilização•Descriminação Positiva

•Capacidade de Acesso•Meios desmaterializados de Pagamento•Sensibilização•Adequação dos Sistemas de Informação•Maturidade do Mercado IT•Capacidade de Financiamento

•Acessibilidade•Custo de Acesso•Divulgação•Sensibilização•Contrariar a exclusão etária

Sociedade Civil Tecido Empresarial Estado

EmpresasAdministração

Pública

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Individuos

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•Informação e Formação•Estabelecimento de Atmosfera de Confiança no CE•Divulgação das Vantagens do e-Gov•Dar visibilidade às vantagens do CE•Promoção de Standards•Estimulo à inovação

•Informação e Formação•Estabelecimento de Atmosfera de Confiança do CE•Percepção das Vantagens do CE•Divulgação de Boas Práticas•Oferta de produtos raros ou especializados•Adequação da oferta•Novos modelos de negócio

•Informação e Formação•Percepção das Vantagens do CE•Percepção do valor do acesso à informação

•Melhoria de custo/beneficio•Poupanças directas•Optimização de processos•Agilidade•Transparência•Melhoria do perfil competitivo do País•Redução dos custos de contexto

•Generalização da utilização do CE•Aumento da Produtividade•Competitividade•Oportunidades Transfronteiriças

•Transformação da informação em conhecimento•Incremento dos níveis de proficiência•Mudança comportamental

•Publicação de conteúdos e interacção básica

•Sofisticação da oferta de serviços e-GOV

•Utilização orientada àcomunicação e marketing

•Incremento da oferta e utilização transaccional

•Utilização orientada aos conteúdos

•Incremento da utilização transaccional

•Estimulo à Desmaterialização•Promoção de acessos em locais públicos•Promover a Identidade Digital•Combater exclusões•Regulação de Mercado•Sensibilização•Descriminação Positiva

•Capacidade de Acesso•Meios desmaterializados de Pagamento•Sensibilização•Adequação dos Sistemas de Informação•Maturidade do Mercado IT•Capacidade de Financiamento

•Acessibilidade•Custo de Acesso•Divulgação•Sensibilização•Contrariar a exclusão etária

Sociedade Civil Tecido Empresarial Estado

EmpresasAdministração

Pública

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