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Combustíveis

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AutomobilísticaCombustíveis

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CURSO TÉCNICO DE AUTOMOBILÍSTICA

COMBUSTÍVEIS

2004

Page 3: Combustíveis

2

Combustíveis SENAI-SP, 2004 Trabalho elaborado e editorado pela Escola SENAI “Conde José Vicente de Azevedo”. Direção Luiz Carlos Emanuelli Coordenação José Antonio Messas Elaboração Mauro Alves dos Santos Revisão técnica José Reinaldo Baraldi SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Escola SENAI “Conde José Vicente de Azevedo” Rua Moreira de Godói, 226 - Ipiranga - São Paulo-SP - CEP. 04266-060 Telefone (011) 6166-1988 Telefax (011) 6160-0219 E-mail [email protected] Home page http://www.sp.senai.br/automobilistica

Page 4: Combustíveis

3

Apresentação......................................................................................................................5

Histórico..............................................................................................................................6

Cuidados no Manuseio.....................................................................................................11

Origem e Processamento do Petróleo..............................................................................22

Combustíveis e Combustão..............................................................................................31

Combustíveis e Emissões.................................................................................................34

Propriedades.....................................................................................................................36

Gasolina............................................................................................................................47

Álcool................................................................................................................................61

Gás Natural Veicular.........................................................................................................74

Diesel................................................................................................................................94

Gasolina x Álcool............................................................................................................112

Adulterações...................................................................................................................116

Tecnologias Alternativas.................................................................................................129

Referências Bibliográficas..............................................................................................135

Sumário

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4

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5

O profissional da área automobilística freqüentemente lida com situações envolvendo

problemas relacionados aos combustíveis. Para lidar com essas situações é necessária

a compreensão de alguns conceitos sobre suas propriedades, o conhecimento das

especificações, dos cuidados no manuseio e das precauções quanto ao uso

inadequado. Além disso, é fundamental que o profissional se mantenha atualizado sobre

as tendências tecnológicas nesta área, pois cada vez mais se confirmam as previsões

sobre a escassez e alta do preço do petróleo, assim o uso de combustíveis e tecnologias

alternativas se torna cada vez mais freqüente.

Apesar da história do petróleo ter o seu início em meados do século XIX (1859), foi no

século XX que ocorreram as principais transformações decorrentes da substituição do

carvão mineral pelo petróleo. Na verdade o petróleo não tem aplicação alguma, porém

seus derivados viabilizam o estilo de vida atual mediante o uso de produtos como

fertilizantes, plásticos, detergentes, combustíveis para geração de energia elétrica e

principalmente para os meios de transporte.

A facilidade do uso do petróleo e grande disponibilidade durante vários anos se

confrontam atualmente com as questões ambientais e a escassez. O grande desafio

passa a ser a redução da queima de combustíveis fósseis principalmente para redução

da poluição ambiental. Por outro lado o homem moderno não parece disposto a abrir

mão do conforto e comodidade que tem conquistado. O que se observa é uma tendência

de substituição gradativa dos combustíveis tradicionais por outras fontes de energia,

preferencialmente limpas e renováveis. Enquanto essa mudança não se completa torna-

se necessário o aprimoramento das tecnologias para uso dos combustíveis derivados do

petróleo de forma mais racional, evitando dessa forma o desperdício e gerando a menor

quantidade de poluentes possível. Nos últimos anos têm ocorrido grandes avanços

tecnológicos nos motores e seus sistemas, além de novas especificações dos

combustíveis com o objetivo de atender os limites de emissão de gases poluentes que

se tornam cada vez mais restritos.

Neste curso serão estudados os processos de obtenção dos combustíveis automotivos,

os cuidados para o manuseio, normas para armazenamento, conceitos relacionados às

propriedades e especificações permitindo uma análise comparativa entre os diferentes

tipos.

Apresentação

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6

Histórico

Para compreendermos a dependência do homem moderno em relação ao petróleo

precisamos relembrar um pouco da sua história. O uso do petróleo em larga escala teve

seu início nos Estados Unidos. Um fato marcante ocorreu em 1859, quando Edwin

Laurentine Drake, utilizando um mecanismo de perfuração improvisado e movido por

cabos extraiu petróleo de uma profundidade de aproximadamente 21 metros no estado

da Pensilvania. A produção inicial era de 20 barris por dia, nesta época o petróleo era

utilizado principalmente para lubrificação de máquinas e iluminação. Em 1868 John D.

Rockfeller fundou a Standard Oil Company e dedicou suas atividades principalmente no

refino e transporte do petróleo.

Em 1885, na Alemanha, Karl Benz e Gottlieb Daimler obtiveram sucesso ao aplicar o

motor de combustão interna em um veículo. A produção em massa dos automóveis foi

concretizada por Henry Ford, fabricando milhões de veículos movidos à gasolina.

O advento do automóvel foi um dos responsáveis pelo grande crescimento econômico

na época, pois além de provocar mudanças culturais proporcionou o desenvolvimento de

outras indústrias e outros setores da economia. O desenvolvimento foi tão rápido que na

década de 70 metade das reservas de petróleo dos Estados Unidos haviam se

esgotado. Surgem os novos produtores de petróleo para o mundo: os países do Oriente

Médio. Uma característica do petróleo é que ele não se encontra uniformemente

distribuído no mundo. Embora haja grandes reservas em algumas regiões, uma parcela

importante está concentrada nos países do Oriente Médio.

A industrialização do petróleo no Brasil começou tarde em relação aos outros países,

somente na década de 30 pensou-se concretamente nisso, e na década de 40 foram

iniciadas de forma efetiva a sua exploração e produção. Até então, todo o petróleo era

importado. Em 1933, a pesquisa passa a ser orientada pelo Departamento Nacional de

Produção Mineral, ligado ao Ministério da Agricultura. Os resultados começaram a

aparecer de fato em 1939, quando foi descoberta a primeira jazida petrolífera, em

Lobato, na Bahia. A partir daí, novas pesquisas e perfurações foram realizadas. Em

1941, o primeiro poço petrolífero brasileiro, também na Bahia, passa a produzir petróleo.

Com o objetivo de tornar o país auto-suficiente em petróleo, em 1953 o governo cria a

Petrobras e fica assegurada ao governo a exclusividade da pesquisa, lavra, refinação,

transporte e comercialização do petróleo e seus derivados. Em 1968 o petróleo existia

Page 8: Combustíveis

7

em grande quantidade e a baixo preço no exterior, e a política governamental de auto-

suficiência foi deixada de lado. A ordem passou a ser comprar petróleo onde fosse mais

barato. A partir desse ano a produção se mantém e o consumo cresce. A importação do

petróleo traz sérias conseqüências para o país, entre elas, o aumento da dívida externa.

A essa altura o mundo já está totalmente dependente do petróleo e se encontra dividido

em duas grandes categorias: a dos grandes produtores e a dos grandes consumidores.

Países produtores, como a Arábia Saudita, Argélia, Venezuela e Líbia, que permitiam

que empresas estrangeiras explorassem o petróleo, reuniram-se e criaram a OPEP1

Em 1973, o controle do preço do petróleo passa das grandes companhias para os

países exportadores. Ocorre a primeira crise mundial do petróleo. O petróleo tornou-se

assim uma arma política, nesse período o preço do barril aumentou em quatro vezes, o

governo brasileiro reagiu tentando reduzir o consumo interno com aumentos sucessivos

dos preços dos derivados.

Em 1978, nova crise, desta vez o preço internacional quintuplica. A Petrobras volta a

investir na prospecção de jazidas petrolíferas a fim de diminuir nossa dependência

externa. Em 1984 a produção nacional praticamente se iguala à quantidade de petróleo

importado.

O Brasil nos últimos anos tem se dedicado a diminuir sua dependência do petróleo

importado aumentando sua produção e procurando diversificar o uso de combustíveis

fósseis com combustíveis renováveis, além disso, as recentes descobertas de reservas

de gás natural abrem novas perspectivas para o cenário dos combustíveis no Brasil.

Apesar do aumento da produção de petróleo a capacidade de refino principalmente de

óleo Diesel é limitada, dessa forma ainda dependemos da importação de uma

quantidade significativa de óleo Diesel, cerca de 17% em 2002 (ANP2).

O gráfico 1 mostra a quantidade de derivados que o Brasil produziu, importou e exportou

no ano de 2003.

1 Organização dos Países Exportadores de Petróleo 2 Agência Nacional do Petróleo

Page 9: Combustíveis

8

Gráfico 1 Produção Exportação e Importação de derivados de Petróleo em Mbpd3

Produção, Exportação e Importação de Derivados

1.720

231 222

0200400600800

1.0001.2001.4001.6001.8002.000

2003

Mbpd

ProduçãoExportaçãoImportação

Fonte: ANP, 2003.

O gráfico 2 mostra a evolução da capacidade instalada e do volume produzido de

derivados de petróleo no período de 1997 à 2002.

Gráfico 2 Capacidade Instalada e Volume Produzido

Capacidade Instalada e Volume Produzido

0

500

1000

1500

2000

2500Mbpd

Capacidade Instalada 1812 1830 1953 1991 2021 2021Volume Processado 1403 1514 1608 1626 1710 1680

1997 1998 1999 2000 2001 2002

Fonte: ANP, 2003.

3 Milhões de Barris por Dia

Page 10: Combustíveis

9

A estrutura das refinarias não permite o atendimento da demanda interna de óleo Diesel

que é o derivado mais consumido no Brasil, dessa forma, dos derivados que são

importados a maior parte é de óleo Diesel. Os gráficos 3a e 3b mostram a quantidade dos

principais derivados consumida no ano de 2002.

Gráfico 3a Quantidade de derivados consumida em 2002

Distribuição dos Derivados em 2002 [Mbpd]

605

319286

151

67252 Diesel

GasolinaÓleo CombustívelNaftaQuerosene de AviaçãoOutros

Fonte: ANP, 2003.

Gráfico 3b Porcentagem da quantidade de derivados consumida em 2002

Distribuição dos Derivados em 2002 [%]

36%

19%17%

9%

4% 15% DieselGasolinaÓleo CombustívelNaftaQuerosene de AviaçãoOutros

Fonte: ANP, 2003.

Page 11: Combustíveis

10

Paralelamente à retomada de investimentos na pesquisa de jazidas petrolíferas, em

1973 o governo cria o Proálcool4, cujo objetivo é a substituição parcial da gasolina pelo

álcool etílico. Mais recentemente (2002), nessa mesma perspectiva, foi lançado o

Probiodiesel com o objetivo de reduzir a dependência de importação de óleo diesel,

além de reduzir a emissão de poluentes. Desde a década de 90 a liberação do uso do

gás natural para uso em veículos vem gradualmente aumentando o consumo deste

combustível. O gráfico 4 mostra como foi a evolução do consumo dos principais

combustíveis no setor de transporte no período de 1997 à 2002.

Gráfico 4 Consumo de Combustíveis no Setor de Transportes em mil tep5

Consumo dos Principais Combustíveis

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

mil tep

Gás Natural Óleo Diesel Gasolina Automotiva Álcool Etílico Hidratado

Fonte: Balanço Energético Nacional, 2003.

4 Programa Nacional do Álcool 5 Tonelada Equivalente de Petróleo

Page 12: Combustíveis

11

O mau uso do combustível pode provocar danos ao meio ambiente: ao ar, por ser um

produto volátil; à água, por dificultar sua oxigenação e também devido à sua toxidade

para a vida aquática; ao solo, pela precipitação de poluentes e em caso de vazamentos

pela possibilidade de vir a degradar as águas subterrâneas.

No caso de grandes derramamentos ou vazamentos, deve-se eliminar todas as fontes

de ignição, tais como fagulhas e chamas e não fumar na área. Deve-se ainda, evitar o

direcionamento para quaisquer sistemas de drenagem públicos ou a contaminação de

cursos d'água ou mananciais. O produto derramado deve ser confinado e o órgão

ambiental local deve ser informado. Pequenos derramamentos devem ser absorvidos

com terra ou outro material absorvente não combustível.

Com relação ao manuseio, atribuímos à falta de informação a adoção de procedimentos

altamente arriscados como a prática de se retirar o produto do tanque através de

sucção com a boca. A ingestão de combustível pode provocar irritação da mucosa

digestiva e seus vapores podem causar pneumonia química.

A vítima de intoxicação precisa ser encaminhada aos cuidados de um médico para uma

avaliação geral, isto, naturalmente, após os primeiros socorros descritos a seguir:

• Inalação: remover a pessoa para ambiente fresco e ventilado, mantê-la quieta e

agasalhada. Se a parada respiratória acontecer, ministrar respiração artificial;

• Contato com a pele: remover as roupas contaminadas e lavar com água e sabão os

locais atingidos;

• Contato com os olhos: lavar em água corrente durante 15 minutos;

• Ingestão: não provocar vômito; se a vítima estiver consciente, ingerir bastante água.

Outra prática condenável é a utilização do diesel como produto de limpeza. O contato

com a pele causa irritação e ressecamento; nos olhos, irritação com congestão da

conjuntiva, além de dor de cabeça, náuseas e tonteiras com a inalação prolongada.

Cuidados no manuseio

Page 13: Combustíveis

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Um fato importante relacionado ao uso dos combustíveis e suas emissões foi a criação

do PROCONVE6, instituído em 1986 pelo CONAMA7. O PROCONVE é um programa

que estabelece os limites de emissão de poluentes do ar por veículos novos e delega às

administrações estaduais e municipais a responsabilidade pela implantação de

programas de inspeção e manutenção de veículos automotores em uso. Para a

homologação de veículos novos em laboratórios os fabricantes utilizam combustíveis de

referência (padrão), pois, devido às suas características mais restritivas, permitem

melhor comparação dos valores de consumo e emissões entre os diversos testes

realizados em diferentes tipos de veículos. As diferenças entre o combustível de

referência e o combustível comercial não são sensíveis a ponto de alterar o

desempenho dos motores. Embora os veículos sejam homologados com combustíveis

de referência, são projetados e fabricados para operar com o combustível comercial,

sem prejuízo de consumo e emissões.

O armazenamento do combustível também deve ser feito de forma segura de acordo

com a Norma Regulamentadora NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis do

Ministério do Trabalho transcrita na seqüência.

NR 20 - Líquidos combustíveis e inflamáveis

20.1 Líquidos combustíveis.

20.1.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora - NR fica definido "líquido combustível"

como todo aquele que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70ºC (setenta graus

centígrados) e inferior a 93,3ºC (noventa e três graus e três décimos de graus

centígrados).

20.1.1.1. O líquido combustível definido no item 20.1.1 é considerado líquido combustível

da Classe III.

20.1.2 Os tanques de armazenagem de líquidos combustíveis serão construídos de aço

ou de concreto, a menos que a característica do líquido requeira material especial,

segundo normas técnicas oficiais vigentes no País.

20.1.3 Todos os tanques de armazenamento de líquidos combustíveis, de superfície ou

equipados com respiradouros de emergência, deverão ser localizados de acordo com a

Tabela A.

6 Programas de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores 7 Conselho Nacional do Meio Ambiente

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TABELA A

CAPACIDADE DO TANQUE (litros)

DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE À LINHA DE

DIVISA DA PROPRIEDADE ADJACENTE

DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE ÀS

VIAS PÚBLICAS

Acima de 250 até 1.000 1,5 m 1,5 m

Acima de 1.001 até 2.800 3 m 1,5 m

Acima de 2.801 até 45.000 4,5 m 1,5 m

Acima de 45.001 até 110.000 6 m 1,5 m

Acima de 110.001 até 200.000 9 m 3 m

Acima de 200.001 até 400.000 15 m 4,5 m

Acima de 400.001 até 2.000.000 25 m 7,5 m

Acima de 2.000.001 até 4.000.000 30 m 10,5 m

Acima de 4.000.001 até 7.500.000 40 m 13,5 m

Acima de 7.500.001 até 10.000.000 50 m 16,5 m

Acima de 10.000.001 ou mais 52,5 m 18 m

20.1.4 A distância entre 2 (dois) tanques de armazenamento de líquidos combustíveis

não deverá ser inferior a 1,00m (um metro).

20.1.5 O espaçamento mínimo entre 2 (dois) tanques de armazenamento de líquidos

combustíveis diferentes, ou de armazenamento de qualquer outro combustível, deverá

ser de 6,00m (seis metros).

20.1.6 Todos os tanques de superfície deverão ter dispositivos que liberem pressões

internas excessivas, causadas pela exposição à fonte de calor.

20.2. Líquidos inflamáveis.

20.2.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora, fica definido "líquido inflamável" como

todo aquele que possua ponto de fulgor inferior a 70ºC (setenta graus centígrados) e

pressão de vapor que não exceda 2,8 kg/cm2 absoluta a 37,7ºC (trinta e sete graus e

sete décimos de graus centígrados).

20.2.1.1 Quando o líquido inflamável tem o ponto de fulgor abaixo de 37,7ºC (trinta e

sete graus e sete décimos de graus centígrados), ele se classifica como líquido

combustível de Classe I.

Page 15: Combustíveis

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20.2.1.2. Quando o líquido inflamável tem o ponto de fulgor superior a 37.7ºC (trinta e

sete graus e sete décimos de graus centígrados)e inferior a 70ºC (setenta graus

centígrados), ele se classifica como líquido combustível da Classe II.

20.2.1.3. Define-se líquido "instável" ou "líquido reativo", quando um líquido na sua

forma pura, comercial, como é produzido ou transportado, se polimerize, se

decomponha ou se condense, violentamente, ou que se torne auto-reativo sob

condições de choque, pressão ou temperatura.

20.2.2 Os tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis serão constituídos de

aço ou concreto, a menos que a característica do líquido requeira material especial,

segundo normas técnicas oficiais vigentes no País.

20.2.3 Todos os tanques de superfície usados para armazenamento de líquidos

inflamáveis ou equipados com respiradouros de emergência deverão ser localizados de

acordo com a Tabela A do item 20.1.3 e a Tabela B:

TABELA B

TIPO DE TANQUE

PROTEÇÃO

DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE À LINHA DE DIVISA DA

PROPRIEDADE ADJACENTE

DISTÂNCIA MÍNIMA DO

TANQUE ÀS VIAS PÚBLICAS

Proteção contra

exposição

Uma e meia vezes as distâncias da

Tabela "A", mas nunca inferior a

7,5m

Uma e meia vezes as distâncias

da Tabela "A", mas nunca inferior

a 7,5m Qualquer

tipo

Nenhuma

Uma e meia vezes as distâncias da

Tabela "A", mas nunca inferior a

7,5m

Três vezes as distâncias da

Tabela "A", mas nunca inferior a

15m

20.2.4 O distanciamento entre tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis

instalados na superfície deverá obedecer ao disposto nos itens 20.1.4 e 20.1.5.

20.2.5Todos tanques de superfície utilizados para o armazenamento de líquidos

instáveis deverão ser localizados de acordo com a Tabela A do item 20.1.3 e a Tabela C:

Page 16: Combustíveis

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TABELA C

TIPO DE TANQUE

PROTEÇÃO

DISTÂNCIA MÍNIMA DO TANQUE À LINHA DE

DIVISA DA PROPRIEDADE

ADJACENTE

DISTÂNCIA MÍNIMA DO

TANQUE ÁS VIAS PÚBLICAS

Neblina de água

ou inertizado ou

isolado e resfriado

ou barricadas

As mesmas distâncias da

Tabela "A", mas nunca

menos de 7,5m

Nunca menos de 7,5m

Proteção contra

exposição

Duas vezes e meia a

distância da Tabela "A",

mas nunca menos de 15m

Nunca menos de 15m

Horizontal ou vertical

com respiradouros de

emergência que

impeçam pressões

superiores a 0,l75

kg/cm2 manométricas

(2,5 psig) Nenhuma

Cinco vezes a distância da

Tabela "A", mas nunca

menos de 30m

Nunca menos de 30m

Neblina de água

ou inertizado ou

isolado e resfriado

ou barricadas

Duas vezes a distância da

Tabela "A", mas nunca

menos de 15m

Nunca menos de 15m

Proteção contra

exposição

Quatro vezes a distância

da Tabela "A", mas nunca

menos de 30m

Nunca menos de 30m

Horizontal ou vertical

com respiradouros de

emergência que

permitam pressões

superiores a 0,175

kg/cm2 manométricas

(2,5 psig) Nenhuma

Oito vezes a distância da

Tabela "A", mas nunca

menos de 45m

Nunca menos de 45m

20.2.6 Os tanques que armazenam líquidos inflamáveis, instalados enterrados no solo,

deverão obedecer aos seguintes distanciamentos mínimos:

a) 1,00m (um metro) de divisas de outras propriedades;

b) 0,30m (trinta centímetros) de alicerces de paredes, poços ou porão.

20.2.7 Os tanques para armazenamento de líquidos inflamáveis somente poderão ser

instalados no interior de edifícios sob a forma de tanques enterrados.

20.2.8 Os tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis deverão ser equipados

com respiradouros de pressão e vácuo ou corta-chamas.

Page 17: Combustíveis

16

20.2.9 Os respiradouros dos tanques enterrados deverão ser localizados de forma que

fiquem fora de edificações e no mínimo a 3,50m (três metros e cinqüenta centímetros)

de altura do nível do solo.

20.2.10 Todos os tanques de superfície deverão ter dispositivos que liberem pressões

internas excessivas, causadas pela exposição à fonte de calor.

20.2.11 Todos os tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis deverão ser

aterrados segundo recomendações da Norma Regulamentadora - NR 10.

20.2.12 Para efetuar-se o transvazamento de líquidos inflamáveis de um tanque para

outro, ou entre um tanque e um carro-tanque, obrigatoriamente os dois deverão estar

aterrados como no item 20.2.11, ou ligados ao mesmo potencial elétrico.

20.2.13. O armazenamento de líquidos inflamáveis dentro do edifício só poderá ser

feito com recipientes cuja capacidade máxima seja de 250 (duzentos e cinqüenta) litros

por recipiente.

20.2.14 As salas de armazenamento interno deverão obedecer aos seguintes itens:

a) as paredes, pisos e tetos deverão ser construídos de material resistente ao fogo e de

maneira que facilite a limpeza e não provoque centelha por atrito de sapatos ou

ferramentas;

b) as passagens e portas serão providas de soleiras ou rampas com pelo menos 0,15m

(quinze centímetros) de desnível, ou valetas abertas e cobertas com grade de aço com

escoamento para local seguro;

c) deverá ter instalação elétrica apropriada à prova de explosão, conforme

recomendações da Norma Regulamentadora - NR 10;

d) deverá ser ventilada, de preferência com ventilação natural;

e) deverá ter sistema de combate a incêndio com extintores apropriados, próximo à

porta de acesso;

f) nas portas de acesso, deverá estar escrito de forma bem visível "Inflamável" e "Não

Fume".

Page 18: Combustíveis

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20.2.15 Os compartimentos e armários usados para armazenamento de combustíveis

inflamáveis, localizados no interior de salas, deverão ser construídos de chapas

metálicas e demarcados com dizeres bem visíveis "Inflamável".

20.2.16 O armazenamento de líquidos inflamáveis da Classe I, em tambores com

capacidade até 250 (duzentos e cinqüenta) litros, deverá ser feito em lotes de no

máximo 100 (cem) tambores.

20.2.16.1 Os lotes a que se refere o item 20.2.16, que possuam no mínimo 30 (trinta) e

no máximo 100 (cem) tambores, deverão estar distanciados, no mínimo, 20,00m (vinte

metros) de edifícios ou limites de propriedade.

20.2.16.2 Quando houver mais de um lote, os lotes existentes deverão estar

distanciados entre si, de no mínimo 15,00m (quinze metros).

20.2.16.3 Deverá existir letreiro com dizeres "Não Fume" e "Inflamável" em todas as

vias de acesso ao local de armazenagem.

20.2.17 Nos locais de descarga de líquidos inflamáveis, deverá existir fio terra

apropriado, conforme recomendações da Norma Regulamentadora - NR 10, para se

descarregar a energia estática dos carros transportadores, antes de efetuar a descarga

do líquido inflamável.

20.2.17.1 A descarga deve se efetuar com o carro transportador ligado à terra.

20.2.18. Todo equipamento elétrico para manusear líquidos inflamáveis deverá ser

especial, à prova de explosão, conforme recomendações da Norma Regulamentadora -

NR 10.

20.3. Gases Liquefeitos de Petróleo - GLP.

20.3.1 Para efeito desta Norma Regulamentadora, fica definido como Gás Liquefeito de

Petróleo - GLP o produto constituído, predominantemente, pelo hidrocarboneto

propano, propeno, butano e buteno.

20.3.2 Os recipientes estacionários, com mais de 250 (duzentos e cinqüenta) litros de

capacidade, para armazenamento de GLP serão construídos segundo normas técnicas

oficiais vigentes no País.

Page 19: Combustíveis

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20.3.2.1 A capacidade máxima permitida para cada recipiente de armazenagem de

GLP, será de 115.000 (cento e quinze mil) litros, salvo instalações de refinaria, terminal

de distribuição ou terminal portuário.

20.3.3 Cada recipiente de armazenagem de GLP deverá ter uma placa metálica, que

deverá ficar visível depois de instalada, com os seguintes dados escritos de modo

indelével:

a) indicação da norma ou código de construção;

b) as marcas exigidas pela norma ou código de construção;

c) indicação no caso afirmativo, se o recipiente foi construído para instalação

subterrânea;

d) identificação do fabricante;

e) capacidade do recipiente em litros;

f) pressão de trabalho;

g) identificação da tensão de vapor a 38ºC (trinta e oito graus centígrados) que seja

admitida para os produtos a serem armazenados no recipiente;

h) identificação da área da superfície externa, em m2 (metros quadrados).

20.3.4 Todas as válvulas diretamente conectadas no recipiente de armazenagem

deverão ter uma pressão de trabalho mínima de 18 Kg/cm2.

20.3.4.. Todas as válvulas e acessórios usados nas instalações de GLP serão de

material e construção apropriados para tal finalidade e não poderão ser construídos de

ferro fundido.

20.3.5 Todas as ligações ao recipiente, com exceção das destinadas às válvulas de

segurança e medidores de nível de líquido, ou as aberturas tamponadas, deverão ter

válvula de fechamento rápido próximo ao recipiente.

20.3.6 As conexões para enchimento, retirada e para utilização do GLP deverão ter

válvula de retenção ou válvula de excesso de fluxo.

20.3.7 Todos os recipientes de armazenagem de GLP serão equipados com válvulas

de segurança.

Page 20: Combustíveis

19

20.3.7.1 As descargas das válvulas de segurança serão afastadas no mínimo 3,00m

(três metros) da abertura de edificações situadas em nível inferior à descarga.

20.3.7.2 A descarga será através de tubulação vertical, com o mínimo de 2,50m (dois

metros e cinqüenta centímetros) de altura acima do recipiente, ou do solo quando o

recipiente for enterrado.

20.3.8 Os recipientes de armazenagem de GLP deverão obedecer aos seguintes

distanciamentos:

20.3.8.1 Recipientes de 500 (quinhentos) a 8.000 (oito mil) litros deverão estar

distanciados entre si de no mínimo 1,00m (um metro).

20.3.8.2 Recipientes acima de 8.000 (oito mil) litros deverão estar distanciados entre si

de no mínimo 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros).

20.3.8.3 Os recipientes com mais de 500 (quinhentos) litros deverão estar separados

de edificações e divisa de outra propriedade segundo a Tabela D:

TABELA D

CAPACIDADE DE RECIPIENTE (C)

AFASTAMENTO MÍNIMO (M)

de 500 a 2.000

de 2.000 a 8.000

acima de 8.000

3,0

7,5

15,0

20.3.8.4 Deve ser mantido um afastamento mínimo de 6,00 (seis metros) entre

recipientes de armazenamento de GLP e qualquer outro recipiente que contenha

líquidos inflamáveis.

20.3.9 Não é permitida a instalação de recipientes de armazenamento de GLP, sobre

laje de forro ou terraço de edificações, inclusive de edificações subterrâneas.

20.3.10 Os recipientes de armazenagem de GLP serão devidamente ligados à terra

conforme recomendações da Norma Regulamentadora - NR 10.

20.3.11 Os recipientes de armazenagem de GLP enterrados não poderão ser

instalados sob edificações.

Page 21: Combustíveis

20

20.3.12 As tomadas de descarga de veículo, para o enchimento do recipiente de

armazenamento de GLP, deverão ter os seguintes afastamentos:

a) 3,00m (três metros) das vias públicas;

b) 7,50m (sete metros e cinqüenta centímetros) das edificações e divisas de

propriedades que possam ser edificadas;

c) 3,00m (três metros) das edificações das bombas e compressores para a descarga.

20.3.13 A área de armazenagem de GLP, incluindo a tomada de descarga e os seus

aparelhos, será delimitada por um alambrado de material vazado que permita boa

ventilação e de altura mínima de 1,80m (um metro e oitenta centímetros).

20.3.13.1 Para recipiente de armazenamento de GLP enterrado, é dispensável a

delimitação de área através de alambrado.

20.3.13.2 O distanciamento do alambrado dos recipientes deverá obedecer aos

distanciamentos da Tabela E:

TABELA E

CAPACIDADE DE RECIPIENTE (C)

DISTÂNCIA MÍNIMA ENTRE O ALAMBRADO

E O RECIPIENTE (M)

até 2.000 1,5

de 2.000 a 8.000 3,0

acima de 8.000 7,5

20.3.13.3 O alambrado deve distar no mínimo 3,00m (três metros) da edificação de

bombas ou compressores, e 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros) da tomada de

descarga.

20.3.13.4 No alambrado, deverão ser colocadas placas com dizeres "Proibido Fumar" e

"Inflamável" de forma visível.

20.3.13.5 Deverão ser colocados extintores de incêndio e outros equipamentos de

combate a incêndio, quando for o caso, junto ao alambrado.

20.3.14 Os recipientes transportáveis para armazenamento de GLP serão construídos

segundo normas técnicas oficiais vigentes no País.

Page 22: Combustíveis

21

20.3.15 Não é permitida a instalação de recipientes transportáveis, com capacidade

acima de 40 (quarenta) litros, dentro de edificações.

20.3.15.1.Para o disposto no item 20.3.15, excetuam-se as instalações para fins

industriais, que deverão obedecer às normas técnicas oficiais vigentes no País.

20.3.16 O GLP não poderá ser canalizado na sua fase líquida dentro de edificação,

salvo se a edificação for construída com as características necessárias, e

exclusivamente para tal finalidade.

20.3.17. O GLP canalizado no interior de edificações não deverá ter pressão superior a

1,5 kg/cm2.

20.4 Outros gases inflamáveis.

20.4.1 Aplicam-se a outros gases inflamáveis, os itens relativos a Gases Liquefeitos de

Petróleo - GLP, à exceção de 20.3.1 e 20.3.4.

Page 23: Combustíveis

22

O petróleo foi inicialmente empregado como fármaco no tratamento de animais e era

recolhido de terrenos pantanosos nos quais se acumulava na forma de um óleo denso

de cor verde escuro. As principais teorias sobre a origem do petróleo são: a teoria da

origem orgânica (vegetal e animal) e a da origem inorgânica.

De acordo com a teoria orgânica vegetal, o petróleo teria sido formado a partir do carvão

fóssil, ou seja, por meio de uma destilação lenta, facilitada pela água do mar, por

plantas, algas unicelulares conservadas submersas nos mares quentes durante a era

mesozóica ou período cretáceo. Essa teoria seria confirmada pela presença de

impressões de algas e de outros seres vivos conservadas nas rochas que contém o

petróleo.

Segundo a teoria orgânica animal o petróleo teve sua origem no período cretáceo,

mediante a decomposição de organismos animais, especialmente animais marinhos nas

camadas sedimentares sujeitos à pressão e temperaturas elevadas. A decomposição

teria sido facilitada pela ação de microorganismos. De acordo com essa teoria, a gordura

animal teria se decomposto gerando os hidrocarbonetos.

A teoria inorgânica explica que o petróleo teria sido formado por diversas ações: ações

vulcânicas, ação do ácido carbônico e hidrogênico sobre os metais, ação da água sobre

carbonetos metálicos formando os diversos tipos de hidrocarbonetos que compõem o

petróleo.

Essas teorias têm sido sustentadas por comprovações científicas, mas observa-se que

cada uma delas é mais adequada para determinado tipo de petróleo. Isso explica as

diferentes composições do petróleo encontradas em diferentes regiões do mundo.

O petróleo bruto é encontrado basicamente em dois tipos de rochas: as calcárias e as

arenosas, no caso das rochas calcárias o petróleo está confinado em grandes cavidades

originadas pelo enrugamento da crosta terrestre durante seu esfriamento, no caso das

rochas arenosas o petróleo está absorvido nas porosidades. É possível encontrar

petróleo em profundidades que variam de 500 à 5000 metros.

Origem e Processamento do Petróleo

Page 24: Combustíveis

23

Figura 1 Reservatório de Petróleo

Os fatores que influenciam a ocorrência do petróleo são: a existência de rochas

geradoras que contenham matéria prima que se transforma em petróleo, presença de

rochas reservatório que possuam porosidade capaz de armazenar o óleo e presença de

rocha impermeável que possibilite o acúmulo. O petróleo ocorre na fase gasosa

(C1 a C4) líquida ( C5 à C29 ) e sólida ( C30 ou mais ) .

A produção do petróleo passa por várias etapas: descoberta do reservatório, exploração

do campo de petróleo, produção e abandono. O petróleo pode ocorrer tanto nos

continentes (produção “on-shore”) quanto no fundo dos oceanos (produção “off-shore”).

O princípio de construção e operação dos equipamentos de produção é basicamente o

mesmo acrescentando a necessidade de montagem das plataformas e uso de

tecnologia específica para perfurar o poço sob as águas em grandes profundidades.A

figura 2 ilustra um sistema de perfuração de um poço de petróleo.

Page 25: Combustíveis

24

Figura 2 Perfuração do poço do Petróleo

1. torre de perfuração. 2. motor de acionamento da mesa rotativa. 3. tubulação de

sustentação do furo de passagem do petróleo bruto. 4. orifício de saída da lama na

broca de perfuração. 5. cabo de aço para extração da sonda e colocação da tubulação

de sustentação. 6. tubulação de transporte da lama. 7. mesa rotativa. 8. tubulação de

retorno da lama. 9. bomba de circulação da lama. 10. sonda rotativa. 11. broca de

perfuração com coroa diamantada. 12. tanque para decantação da lama.

O Petróleo é uma mistura de vários tipos de hidrocarbonetos e na forma bruta não tem

aplicação. Torna-se necessário processa-lo, a fim de obter seus. Para cada aplicação

são necessárias características específicas e graças aos diferentes pontos de ebulição

dos hidrocarbonetos é possível separar e processar o petróleo possibilitando os diversos

usos que conhecemos.

Page 26: Combustíveis

25

A Tabela 1 apresenta a faixa de ebulição dos principais derivados do petróleo e suas

aplicações. Tabela 1- faixa de ebulição dos principais derivados do petróleo

Fração do Petróleo

Fórmula dos hidrocarbonetos

presentes

Faixa de ebulição [ ºC]

Aplicações

Gás de petróleo Gasolina Querosene Óleo combustível Óleo lubrificante Resíduo

CH4 à C4H10

C5H12 à C12H26

C12H26 à C16H34

C15H32 à C18H38

C17H36 à C20H42

À partir de C20H42

Até 20

40 à 200

175 à 320

230 à 350

acima de 350

Combustível doméstico e industrial Combustível solvente Iluminação combustível para aviões e óleo diesel Aquecimento industrial Lubrificação Asfalto para pavimentação e parafina

O petróleo pode ser encontrado nas cores preto castanho ou esverdeado e quanto à

densidade classifica – se em pesado, médio e leve. O grau API8 é utilizado como medida

de densidade, quanto maior o grau API, menor a densidade.O grau API é obtido à partir

da seguinte expressão: ºAPI = ( 141,5 / γ (g/cm3)) – 131,5

O seguinte critério é utilizado para classificação da densidade

Petróleo Pesado se: ºAPI < 20

Petróleo Médio se: 20 < ºAPI < 30

Petróleo Leve se: ºAPI >30

Exemplo 1 Exemplo 2

ºAPI da água; γ = 1(g/cm3) ºAPI do petróleo com γ = 0,88 (g/cm3)

ºAPI da água = (141,5 1 / 1(g/cm3)) – 131,5 ºAPI = (141,5 1 / 0,87(g/cm3)) – 131,5

ºAPI da água = 10 ºAPI ºAPI = 31 ºAPI

Exemplo 3 Exemplo 4

ºAPI do petróleo com γ = 0,91 (g/cm3) ºAPI do petróleo com γ = 0,94 (g/cm3)

ºAPI = (141,5 1 / 0,91(g/cm3)) – 131,5 ºAPI = ( 141,5 1 / 0,94(g/cm3)) – 131,5

ºAPI = 24 ºAPI ºAPI = 19 ºAPI

8 American Petroleun Institute

Page 27: Combustíveis

26

O petróleo leve é o tipo mais valorizado, pois a partir dele é possível obter produtos de

maior valor comercial como, por exemplo, as gasolinas de alto valor de octanagem. No

Brasil o petróleo da Bacia de Campos apresenta ºAPI entre 20 e 30.

As propriedades do petróleo dependem da sua origem e da sua composição. Pode se

classificar também o petróleo quanto a sua base.

Base Parafínica: compostos basicamente por alcanos (até 90%). Após a destilação

apresentam resíduos de substancias ceráceas contendo membros da série parafínica.

Produzem gasolina de baixo Número de Octano; querosene de alta qualidade; óleo

diesel de boas características de combustão, óleos lubrificantes de alto índice de

viscosidade, resíduos de elevada porcentagem de parafina.

Base Aromática: apresentam, além dos alcanos, 25 à 30 % de hidrocarbonetos

aromáticos, ou seja, derivados da cadeia do benzeno.

Base Naftênica: contém, além dos alcanos, 15 à 25 % de cicloalcanos, também

denominados hidrocarbonetos naftênicos . Apresentam em sua destilação, um resíduo

asfáltico. Produzem gasolina de alto Número de Octano; óleos lubrificantes de baixo

ponto de fluidez; óleos lubrificantes de baixo índice de viscosidade e resíduos asfáltico.

O processamento do petróleo ocorre nas refinarias e se dá em diversas etapas de

acordo com o tipo de derivado que se requer. Os tipos clássicos de Unidades de

Processamento para obtenção de combustíveis e outros derivados são: Destilação

Primária; Destilação a Vácuo; Visco-redução; Craqueamento Térmico; Craqueamento

Catalítico; Hidrocraqueamento. Figura 3 Esquema do processo de destilação do petróleo

Page 28: Combustíveis

27

Destilação Atmosférica: processo que separa por meio de vaporização e condensação

simultâneas, componentes de uma mistura cujos pontos de ebulição sejam diferentes.

Destilação a Vácuo: destilação sob pressão reduzida. A temperatura de ebulição é,

portanto reduzida suficientemente para evitar a decomposição ou craqueamento do

material destilado.

Page 29: Combustíveis

28

Visco-redução: é um tipo de craqueamento realizado a baixas temperaturas cuja

finalidade é a redução da viscosidade dos óleos combustíveis para aumentar o

rendimento na produção de óleo diesel bem como para posterior craqueamento para

produção da gasolina.

Craqueamento Térmico: processo para conversão de óleo pesado em hidrocarbonetos

de baixo ponto de ebulição, geralmente gasolinas, pela aplicação de calor.

Craqueamento Catalítico: é um processo que ocorre num reator em que a carga obtida

da destilação devidamente aquecida e vaporizada entra em contato com um catalisador

fluido (geralmente na forma de pó muito fino). Este catalisador acelera as reações

químicas pelas quais se obtém os gasóleos craqueados, pesados e leves.

Hidrocraqueamento: neste processo o catalisador utilizado é granulado e fica disposto

em camadas num leito estático. A carga a ser processada é aquecida vaporizada e

injetada juntamente com uma corrente de hidrogênio para o interior do reator e sai na

forma de vapor craqueado.

Page 30: Combustíveis

29

Figura 4 Esquema de Instalação de uma Refinaria

Page 31: Combustíveis

30

A Petrobras possui 14 refinarias localizadas entre os principais centros de produção e

consumo como mostra a figura 5. Geralmente o petróleo é transportado dos poços às

refinarias por meio de oleodutos. Já os produtos derivados são transportados

predominantemente por meio rodoviário até os centros de consumo. Exceto no caso da

gás natural cujo transporte é feito predominantemente por gasodutos, aliás isto é

apontado como uma das barreiras no disseminação do uso do gás natural, pois os

investimentos para expandir a malhas de distribuição são muito altos. Uma das soluções

é o uso dos “gasodutos virtuais” .Esses reservatórios transportados por caminhões

possibilitariam o desenvolvimento do mercado do gás em diversas regiões justificando

posteriormente a construção dos gasodutos.

Figura 5 Localização da Refinarias da Petrobras

Fonte: Petrobras, 2003.

Page 32: Combustíveis

31

Combustíveis e CombustãoCombustível é definido tecnicamente pela Norma Regulamentadora NR20 como “todo

produto que possua ponto de fulgor igual ou superior a 70ºC (setenta graus centígrados)

e inferior a 93,3ºC (noventa e três graus e três décimos de graus centígrados)”. De forma

mais simples, combustível poderia ser definido como qualquer substância que reaja

quimicamente liberando calor, porém existem diversas restrições técnicas ambientais e

comerciais no uso dos combustíveis, assim podemos ainda citar uma terceira definição

para combustível : substância de fácil obtenção que reaja facilmente com o ar

atmosférico liberando grande quantidade de calor facilmente controlável.

Normalmente um material considerado combustível apresenta em sua composição

carbono e hidrogênio. Alguns combustíveis podem conter indesejavelmente enxofre,

oxigênio e nitrogênio. A combustão do enxofre produz SO2 e SO3. Estas substâncias em

contato com água produzem ácidos sulfurosos e sulfúricos respectivamente. Assim, além

de substâncias tóxicas formam se substâncias corrosivas. O oxigênio presente num

combustível é considerado já ligado ao hidrogênio e dessa forma provoca uma queda na

quantidade de calor liberada, uma vez que a ligação que a ligação que promoveria essa

liberação de calor já está estabelecida. Essa ligação (oxigênio hidrogênio) produz a

chamada água ligada e expressa a quantidade de hidrogênio que não está disponível

para sofre combustão e liberar energia. O nitrogênio presente no combustível em

condições normais de combustão não apresenta reação com o oxigênio, normalmente

ele sai na forma de N2. Nos motores de combustão interna, dependendo das condições

de operação do motor e da relação ar combustível pode ocorrer um aumento na

temperatura dentro da câmara de combustão, nessas condições pode ocorrer a oxidação

do nitrogênio formando os óxidos de nitrogênio NO e NO3 genericamente denominados

NOX.

A reação de combustão em que os átomos de carbono e hidrogênio presentes no

combustível combinam se com o oxigênio é simplesmente uma reorganização das

ligações presentes, envolvendo os elétrons das camadas mais externas desses átomos.

Como a combustão é uma oxidação que se dá em alta temperatura, há necessidade de

que se tenha uma energia de ativação para que o processo possa iniciar. O núcleo dos

átomos envolvidos na combustão não sofrem qualquer tipo de alteração diante das

temperaturas desenvolvidas. Como é no núcleo que se tem as maiores energias de

Page 33: Combustíveis

32

interação entre as partículas (um milhão de vezes maior que as desenvolvidas nos

elétrons) podemos concluir que uma pequena parcela de energia é convertida em calor.

Nos motores de ignição por centelha (ciclo Otto) a energia inicial para o processo de

combustão é fornecida pelo sistema de ignição, nos motores de ignição espontânea

(ciclo Diesel) o calor necessário para iniciar a combustão se dá pelo aquecimento do ar

durante o tempo de compressão. A combustão de um modo geral ocorre na fase

gasosa, para o caso dos combustíveis líquidos, deve haver uma evaporação do mesmo

para que a reação ocorra. As principais reações durante o processo de combustão são:

C + O2 (g) → CO2 (g)

H2 (g) + ½ O2 (g) → H2O ( vapor )

H2 (g) + ½ O2 (g) → H20 ( líquida )

S (s) + O2 (g) → SO2 ( g )

S (s) + 3/2 O2 (g) → SO3 ( g )

Se a quantidade de oxigênio disponível para a combustão for insuficiente para a reação

podem ocorrer as seguintes reações

C + ½ O2 (g) → CO (g)

C + CO2 (g) → 2 CO (g)

Esta última reação é endotérmica, portanto parte da energia produzida na combustão

será desperdiçada. Se for adicionado mais oxigênio ao processo é possível ocorrer a

seguinte reação:

CO (g) + ½ O2 (g) → CO2

Conforme visto anteriormente quando os hidrocarbonetos reagem com o oxigênio, são

formados dióxido de carbono e água:

combustível + oxigênio → dióxido de carbono + água.

Esse processo é denominado combustão completa.

Page 34: Combustíveis

33

A gasolina, por exemplo, é um combustível obtido a partir do petróleo, constituído de

uma mistura de hidrocarbonetos dos quais o mais importante é o octano, cuja fórmula é

C8H18. Sua combustão pode ser representada simplificadamente pela equação química:

C8H18(l) + 25/2 O2(g) → 8 CO2(g) + 9 H2O(g) + 1302,7 kcal.

A equação anterior mostra que a queima de um mol de octano produz 1302,7 kcal de

energia.

O butano, componente do Gás Liqüefeito de Petróleo (GLP), também é derivado do

petróleo. A equação que representa a sua queima é:

C4H10(g) + 13/2 O2(g) → 4 CO2(g) + 5 H2O(g) + 688 kcal.

O metano, componente do gás natural, é um outro exemplo de combustível utilizado nas

indústrias, comércios, residências e veículos.

CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g) + 212,8 kcal.

Um combustível que é visto como substituto da gasolina e de outros derivados do

petróleo é o etanol ou álcool etílico.

C2H5OH(l) + 3 O2(g) → 2 CO2(g) + 3 H2O(g) + 326,7 kcal.

Estas combustões produzem milhões de toneladas de dióxido de carbono que são

lançados a cada ano na atmosfera, o que contribui para o agravamento do "efeito

estufa".

Page 35: Combustíveis

34

Os combustíveis derivados do petróleo (diesel, gasolina) são considerados tradicionais e

constituem cadeias de hidrocarbonetos. Como vimos anteriormente, no processo de

combustão esses hidrocarbonetos são oxidados e os resultados dessa reação

constituem se basicamente de Dióxido de Enxofre e Água (combustão ideal). A emissão

de Dióxido Enxofre durante muito tempo não era motivo de preocupação uma vez que

este gás não é tóxico. Porém pesquisas têm comprovado a associação das emissões

deste gás com o aumento da temperatura média da Terra pela acentuação do Efeito

Estufa.

Além disso, a combustão não ocorre de forma ideal, no processo de combustão formam

se gases poluentes como, por exemplo, o Monóxido de Carbono, Hidrocarboneto não

queimado, Óxidos de Nitrogênio, Óxidos de Enxofre entre outros. Diversos fatores

influenciam na quantidade de emissões, dentre esses fatores podemos destacar: o

projeto do motor, a manutenção, os hábitos do condutor e a qualidade do combustível.

Quando a quantidade de ar é limitada durante a queima do combustível, pode não haver

oxigênio suficiente para converter carbono em dióxido de carbono, o carbono pode ser

convertido em monóxido de carbono (CO). Quando isso ocorre a combustão

denominada incompleta.

Por exemplo:

2 CH4(g) + 3 O2(g) ⇒ 2 CO(g) + 4 H2O(g).

O monóxido de carbono é um gás extremamente tóxico, que reduz a capacidade da

hemoglobina em transportar oxigênio. É um gás incolor e inodoro, dificilmente

percebemos a sua presença. Portanto, é importante que durante a queima de um

combustível, haja ar suficiente para promover a combustão completa.

Caso a quantidade do ar seja extremamente baixa, produz-se apenas minúsculas

partículas sólidas de carvão, conhecidas por fuligem:

CH4(g) + O2(g) ⇒ C(s) + 2 H2O(g).

Para evitar a ocorrência de combustão incompleta, é necessário que os motores e seus

sistemas estejam bem ajustados.

Combustíveis e emissões

Page 36: Combustíveis

35

O tipo de combustão que ocorre pode ser relacionado com a cor da chama: por

exemplo, o gás de cozinha sofre combustão completa quando a chama é azul e limpa,

isto é, sem fuligem; no entanto, a queima da parafina (material que também é uma

mistura de hidrocarbonetos) numa vela acesa é parcial, resultando numa chama amarela

e fuliginosa.

O monóxido de carbono e a fuligem são dois exemplos de produtos indesejáveis

formados na queima de combustíveis. Há outros - por exemplo, muitos combustíveis

contêm enxofre, que é convertido em dióxido de enxofre quando ocorre a combustão.

S + O2 ⇒ SO2

O dióxido de enxofre é um dos poluentes responsáveis pela precipitação ácida.

Combustíveis diferentes apresentam propriedades distintas. Assim, devem ser

consideradas as vantagens e desvantagens de cada um e analisadas questões como

quantidade de calor produzido, custo, segurança, condições de armazenamento e

transporte, emissão de poluentes, etc.

Page 37: Combustíveis

36

O usuário espera que o motor do seu veículo tenha partida fácil e imediata, que possa

deslocar o veículo imediatamente de maneira suave e com rápida aceleração após a

partida, que depois de aquecido, o motor funcione de maneira suave e constante no

intenso trafego urbano e nas estradas sob todas as possíveis combinações de

clima.Tudo isso, mesmo que o motor tenha ficado parado por horas ou dias. De uma

maneira geral deseja-se um motor econômico e que necessite o mínimo possível de

reparações. Grande parte dessas expectativas é atendida pela qualidade do combustível

utilizado seja a gasolina, álcool, diesel ou gás natural.

As propriedades principais que influem sobre estas expectativas são: volatilidade,

pressão de vapor, resistência à detonação, resistência à formação de goma, teor de

enxofre, etc.

O combustível adequado para os veículos com motores de combustão interna

deve apresentar as seguintes características:

♦ Entrar em combustão de forma homogênea e progressiva sem detonar, de forma a

aumentar o rendimento do motor sem ocasionar danos;

♦ Vaporizar-se completamente no interior da câmara de combustão, para que

possa queimar-se completamente sem formar resíduos;

♦ Vaporizar-se suficientemente com o motor frio, de forma a enviar para o motor a

quantidade necessária para partir sem nenhuma dificuldade;

♦ Não vaporizar-se excessivamente, antes de alcançar o sistema de injeção de

forma a não acarretar problemas operacionais ao sistema de alimentação, que

possam acarretar interrupção do fluxo.

♦ Não produzir resíduos após combustão nem depósitos por oxidação para evitar

entupimentos e danos às peças do motor;

♦ Apresentar aspecto límpido indicando ausência de água, depósitos ou de

alterações de cor;

♦ Não ser corrosivo para evitar desgastes do motor;

♦ Não formar poluentes durante a queima para não produzir danos ambientais;

♦ Oferecer segurança no manuseio e baixo teor de produtos tóxicos.

Estudaremos a seguir cada uma das propriedades exigidas dos diversos combustíveis.

Propriedades

Page 38: Combustíveis

37

Poder Calorífico O Poder Calorífico é uma propriedade que representa a quantidade de calor liberada

durante a combustão de uma determinada quantidade de combustível. Durante o

processo de combustão nos motores de combustão interna, tanto a água presente no

combustível quanto à água formada pela oxidação do hidrogênio são vaporizadas, dessa

forma parte do calor é absorvida pela vaporização da água. Por esse motivo o Poder

Calorífico é classificado em Poder Calorífico Superior (PCS) e Poder Calorífico Inferior

(PCI).

Para compreendermos o conceito , velamos como ocorre o processo: os gases

resultante da combustão são denominados fumos e se as condições de pressão e

temperatura forem suficientes para manter a água no estado líquido os fumos estarão

isentos de vapor e dessa forma são denominados fumos em base seca, se as condições

de pressão e temperatura proporcionarem condições favoráveis a vaporização da água

os fumos conterão vapor e serão denominados fumos em base úmida, normalmente

esta condição ocorre nos motores de combustão interna .

O PCS é o calor total liberado por uma determinada quantidade de combustível quando

se tem os fumos em base seca, ou seja, não houve utilização de parte do calor gerado

para vaporizar a água.

O PCI é o calor liberado por uma determinada quantidade de combustível, menos a

quantidade de calor empregada para vaporização da água na formação de fumos de

base úmida. A Tabela 2 mostra os valores do Poder Calorífico dos principais tipos de

combustíveis. Tabela 2 – Poder Calorífico dos Principais Combustíveis

Poder Calorífico Combustível KJ/kg Kcal/kg Gás Liquefeito do Petróleo Gasolina sem álcool Gasolina com 20% de álcool Querosene Óleo Diesel Etanol Álcool Combustível Metanol Metano Propano Butano Acetileno Hidrogênio

49 030 46 900 40 546 45 144 44 581 29 636 27 200 22 200 53 922 49 951 49 324 40 964

120 802

11 730 11 220 9 700

10 800 10 730 7 090 6 507 5 311

12 900 11 950 11 800 9 800

28 900

Page 39: Combustíveis

38

A quantidade de calor produzida durante a queima de um combustível pode ser medida

experimentalmente, realizando-se a reação num aparelho chamado calorímetro. O

calorímetro é composto pelas seguintes partes:

Bomba calorimétrica: recipiente de aço inoxidável, de paredes resistentes e tampa

rosqueável. Na tampa existem válvulas para entrada de O2 e para saída dos gases após

a combustão. Na tampa também há eletrodos para o circuito elétrico. Dentro da bomba,

fica suspenso um pequeno recipiente (feito de aço inoxidável, quartzo, platina, etc.) que

contém a amostra de combustível.

Recipiente calorimétrico: recipiente metálico, cromado ou de aço inoxidável dentro do

qual se coloca sempre a mesma quantidade de água na qual se submerge a bomba, um

agitador e um termômetro.

Recipiente exterior: recipiente de dupla parede entre as quais há água ou um isolante

térmico sólido. Nele é colocado o recipiente calorimétrico sobre suportes isolantes.

Possui tampa com orifícios que permitem a passagem do termômetro, agitador e

condutores elétricos.

Sistema Elétrico: é utilizado para iniciar a queima do combustível da seguinte maneira:

um fio fino de ferro é aquecido pela passagem da corrente elétrica. O fio entra em

combustão e inicia a queima da amostra.

Termômetro: dois tipos de termômetros podem ser utilizados: termômetro com

graduação entre 20 e 35 ºC e divisões de 0,02 ºC, ou termômetro de Beckmann, que

possui bulbo grande, capilar muito fino, com depósito suplementar de mercúrio na parte

superior, escala de 5 ºC e divisões de 0,01 ºC que permite apenas a leitura de diferença

de temperatura. Figura 6 Calorímetro

Page 40: Combustíveis

39

O princípio em que se baseia o funcionamento do calorímetro é o seguinte: a reação

química libera energia térmica, que aquece a água. A variação da temperatura sofrida

pela água depende tanto da quantidade de calor liberada na combustão como da massa

de água presente no calorímetro. O calor pode ser medido em caloria, que por definição

é a quantidade de energia necessária para que um grama de água tenha sua

temperatura aumentada de 1ºC. Portanto conhecendo-se a massa de água presente no

calorímetro e sua variação de temperatura, é possível determinar a quantidade de

energia liberada durante a queima do combustível. O exemplo mostra como isso pode

ser feito.

1 cal eleva de 1ºC a temperatura de 1g de água

x cal eleva de 1ºC a temperatura de 210 g de água

Se durante o experimento, a variação de temperatura da água foi de 60ºC, a quantidade

de calor liberada durante a reação foi 60 vezes superior ao calculado anteriormente.

210 cal provoca em 210 g de água a variação de temperatura de 1ºC

y cal provoca em 210 g de água a variação de temperatura de 60ºC

À quantidade de calor liberada por unidade de massa (grama) de combustível

chamamos poder calorífico. Quanto maior o poder calorífico, maior é a força de

expansão dos gases que deslocam o êmbolo no motor, maior a eficiência do

combustível.

1 cal = 1g ⇒

x 210g

x = 210 g x 1 cal

1g

⇒ x = 210 cal

210 cal = 1ºC ⇒

y 60ºC

y = 60 ºC x 210 cal

1ºC

⇒ y = 12600 cal

Page 41: Combustíveis

40

Densidade A densidade é a medida da quantidade de massa contida em determinado volume de

combustível, esta propriedade pode ser utilizada para avaliar se o combustível está

contaminado. O óleo diesel, por exemplo, possui densidade de 0,82 à 0,87 g/cm3, se

estiver misturado com solvente que normalmente possui densidade menor , esta

medida diminuirá. A mesma análise pode ser feita para a gasolina e para o álcool.

Volatilidade

A volatilidade pode ser entendida como a facilidade que o combustível tem para

evaporar, é uma propriedade extremamente importante, uma vez que o processo de

combustão se dá em meio gasoso. Nos motores ciclo Otto, o combustível é transferido

do tanque para a linha de alimentação e daí para o sistema de alimentação onde se

mistura com o ar e passa para dentro da câmara de combustão. Na gasolina estão

presentes centenas de compostos, cada qual com um ponto de ebulição. A vaporização

em local impróprio pode dificultar o funcionamento do sistema. Para determinar a

volatilidade das gasolinas são utilizadas as seguintes propriedades: pressão de vapor

Reid e curva de destilação. A curva de destilação dá uma idéia da volatilidade da

gasolina em toda a faixa de destilação, já a pressão de vapor Reid é um bom indicativo

da volatilidade da porção mais leve da gasolina, isto é, dos compostos mais voláteis.

A curva de destilação pode ser representada por três pontos T10, T50 e T90

correspondentes às temperaturas de 65ºC 120ºC e 190 ºC. Isso indica que nessas

temperaturas, respectivamente ocorre a vaporização de 10%, 50% e 90% do volume

inicial da gasolina. Estas temperaturas caracterizam a volatilidade das frações leves,

médias e pesadas presentes no combustível. Essas frações, por sua vez, têm efeito

sobre diferentes regimes de operação do motor.

A volatilidade das frações leves tem influência tanto sobre a partida a frio, como sobre

partida a quente, podendo causar o bloqueio do sistema de alimentação quando a

volatilidade for excessiva. As perdas por evaporação também são fortemente

influenciadas pela volatilidade das frações leves.

A volatilidade das frações médias da gasolina tem influência direta sobre seu

comportamento durante o período de aquecimento, resposta à aceleração, economia de

combustível em pequenos deslocamentos.

A porção mais pesada da gasolina é responsável pela economia de combustível com o

motor quente. As frações pesadas são, no entanto, de combustão mais difícil e podem

contribuir para a formação de depósitos de carbono ou de resíduos da gasolina oxidada,

que se transformam em uma goma nas válvulas de admissão e câmara de combustão e

Page 42: Combustíveis

41

podem também causar o recobrimento das velas de ignição, impedindo a formação de

centelha. A má qualidade da queima também provocará a diluição do lubrificante por

combustível não queimado.

O depósito excessivo nas válvulas acarretará em aumento de emissões, perda de

potência e, em casos extremos, danos mecânicos ao motor. O depósito na câmara de

combustão provoca um aumento na taxa de compressão e consequentemente a

detonação.

Evidentemente a volatilidade em toda a faixa de destilação da gasolina deve ser

equilibrada, de forma a proporcionar um desempenho adequado em todas as condições

de utilização do motor. Este desempenho adequado é denominado dirigibilidade, que

nada mais é do que fazer com que o motor corresponda às expectativas do motorista

em todas as condições de funcionamento seja na partida a frio, a quente, numa

aceleração brusca, no consumo dentro da cidade ou em estrada.

Por outro lado, excessiva volatilidade pode resultar na formação de bolhas de vapor de

gasolina no sistema de alimentação (tamponamento – vapor lock) e interromper o fluxo

de combustível com conseqüente parada do motor.

A volatilidade do combustível deve ser medida pelo ensaio de destilação ASTM D86/67

que consiste na evaporação controlada e recuperação das frações.

No mínimo devem ser recuperados: 10% a 65°C; 50% a 120°C e 90% a 190°C.

O Ponto Final de Evaporação (PFE) deve ser 220°C máximo e o resíduo de destilação

1% do volume, no máximo 2%. Os seguintes itens são influenciados por essa

propriedade:

Partida a Frio: Em baixas temperaturas há dificuldade para a evaporação satisfatória da

gasolina o que resulta em mistura insuficiente para o motor. A presença do óleo diesel

misturado na gasolina (para baixar o custo) faz o mesmo efeito. Para garantir fáceis

partidas são especificadas as temperaturas nas quais 10% e 50% da gasolina sejam

evaporados.

Operação Normal: Depois da partida, o motor necessita de um período de aquecimento

para funcionar bem. Ao ser atingida a temperatura de funcionamento, no caso da

gasolina ter alta temperatura de vaporização (ou haver presença de óleo diesel),

poderão permanecer pequenas gotas de gasolina até o momento da ignição da mistura

ar-combustível dentro da câmara de combustão e a vaporização completa ocorre

somente durante a combustão, resultando em queima incompleta e maior formação de

depósitos nos pistões. No caso de temperatura de vaporização muito baixa, a gasolina

poderá ser superaquecida e neste caso o motor aspira menor quantidade de ar porque

Page 43: Combustíveis

42

parte espaço foi ocupada pelo vapor de combustível. Isso resulta menor rendimento

volumétrico e menor potência desenvolvida pelo motor.

Na tubulação de admissão verifica-se a presença de uma mistura de gases (ar,

combustível) e gotículas de combustível o que faz com que a mistura não seja

homogênea resultando em alimentação diferente de cada cilindro. Uma mistura com

gotículas fornece maior potência devido ao melhor rendimento volumétrico do que uma

mistura com vapor de gasolina superaquecido, porém a mistura com gotículas resulta

em combustível não queimado e menor rendimento térmico.

Aceleração: Quando o combustível não está totalmente vaporizado, o fluido contido na

tubulação de admissão consiste em ar, combustível vaporizado, gotículas de

combustível e formam uma película de combustível junto às paredes do coletor de

admissão. Esta película move-se em direção ao cilindro com uma velocidade menor do

que o fluxo da mistura. Com o motor em regime constante, a mistura que chega ao

cilindro é dosada no sistema de alimentação. Porém quando se deseja subitamente

maior aceleração a película se move a uma velocidade inferior a do fluxo de ar,

enquanto a mistura não chega ao cilindro a mistura será pobre e provoca falhas no

motor. Para compensar esta deficiência temporária de combustível, o carburador tem

uma bomba de pistão ou de diafragma que numa abertura súbita do acelerador, lança

uma quantidade adicional de combustível no fluxo de ar para compensar o combustível

que corre pela parede. O mesmo efeito pode ser obtido pelo sistema de injeção

eletrônica.

Diluição do óleo lubrificante. Quando a gasolina tem componentes muito pesados,

portanto de difícil evaporação, haverá combustível líquido dentro do cilindro. A gasolina

líquida dissolve o lubrificante nas paredes dos cilindros e a mistura flui pelos anéis para

o cárter do motor. As conseqüências são: redução da película lubrificante sobre as

paredes dos cilindros e redução da viscosidade do óleo do motor com potencial para

aumento de desgaste dos cilindros, mancais e outros componentes.

Para reduzir essas dificuldades ao mínimo, controla-se o final da destilação e a

temperatura referente à recuperação de 90%. O Gráfico 5 apresenta a curva de

destilação característica da gasolina.

Page 44: Combustíveis

43

Gráfico 5 Curva de Destilação da Gasolina

Curva de Destilação da Gasolina

0

50

100

150

200

250

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

% Evaporada

Tem

pera

tura

ºC

% Evaporada

Inflamabilidade

Nos motores de combustão interna, além do controle da entrada de combustível e ar, é

necessário fornecer uma determinada quantidade de energia para que a combustão se

inicie. Esta energia é fornecida à mistura na forma de uma centelha na vela de ignição

para os motores ciclo Otto. Já nos motores ciclo Diesel o calor necessário para iniciar a

combustão é obtido no momento da compressão do ar no cilindro. O comportamento de

uma mistura ar combustível em contato com uma fonte de calor pode ser descrito

através do ponto de ebulição, ponto de fulgor, ponto de combustão e ponto de ignição.

O Ponto de Ebulição corresponde à temperatura na qual as moléculas de um líquido

iniciam uma agitação intensa.

O Ponto de Fulgor corresponde à temperatura na qual o combustível se vaporiza em

quantidade suficiente para que seu vapor, em mistura com o ar, possa inflamar se

instantaneamente pela aproximação de uma chama.

O Ponto de Combustão corresponde à temperatura na qual os vapores do combustível

queimam em contato com uma chama e continuam a queimar na ausência desta, pois a

vaporização se dá em quantidade suficiente para alimentar a combustão.

O Ponto de Ignição é a temperatura na qual um combustível se inflama mesmo sem a

presença de chama.

A Tabela 3 apresenta o Ponto de Ebulição, o Ponto de Fulgor e o Ponto de Ignição de

Alguns Combustíveis.

Page 45: Combustíveis

44

Tabela 3 Ponto de Ebulição, o Ponto de Fulgor e o Ponto de Ignição.

Combustível Ponto de Ebulição

ºC

Ponto de Fulgor

ºC

Ponto de Ignição

ºC

Etanol 78 13 423

Éter Etílico 34,6 -45 180

Benzeno 80 -11 562

Tolueno 111 4 536

Gasolina 40-200 -43 280

Querosene 175-320 45 255

Óleo Combustível 230-350 66 259

O Gráfico 6 apresenta o ponto de ebulição de alguns hidrocarbonetos e mostra que

quanto maior a sua massa molar, maior a temperatura de ebulição.

Gráfico 6 faixa de ebulição dos principais derivados do petróleo

Porcentagem de Resíduo de Carbono É o teor de resíduo obtido após a evaporação das frações voláteis do produto,

submetido a aquecimento sob condições controladas. Considerando-se o produto sem

aditivos, a porcentagem de resíduo de carbono correlaciona-se com a quantidade de

P O N T O D E E B U L IÇ Ã O

C H 4

C 2 H 6

C 3 H 8

C 4 H 1 0

C 5 H 1 2

C 6 H 1 4

C 7 H 1 6

C 8 H 1 8

C 9 H 2 0

C 1 0 H 2 2

C 1 2 H 2 6

- 2 0 0

- 1 5 0

- 1 0 0

- 5 0

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0

16 44 72 100

128

170

m a s s a m o la r

º C

P O N T O D EE B U L IÇ Ã O

Page 46: Combustíveis

45

depósitos que podem ser deixados pelo combustível na câmara de combustão. Valores

muito altos de resíduo de carbono podem também levar à maior contaminação do óleo

lubrificante por fuligem. O teste consiste em aquecer uma amostra (tomada dos 10%

finais de destilação), colocando-a em um bulbo de vidro a 550 ºC, por um tempo

predeterminado. O resíduo remanescente é calculado como fração percentual da

amostra original.

Corrosividade O cobre é um dos metais mais facilmente corroído, por isso desenvolveu se um teste

que mede a capacidade do combustível em corroer uma lâmina de cobre. A corrosividade medida na lâmina de cobre informa sobre potencial de ataque corrosivo

sobre o sistema de alimentação do motor (reservatórios, tubulações, bomba de

combustível e componentes de ligas não ferrosas do sistema de combustível).

Teor de Enxofre Todo petróleo contém compostos de enxofre sob diferentes formas e quantidades

variáveis conforme sua origem. Esses compostos são indesejáveis por várias razões:

• Podem provocar odor desagradável,

• Corrosão no sistema de exaustão,

• Alguns tipos são corrosivos em: equipamento de refinação, tanque de

armazenamento e motores,

• Deterioração do óleo lubrificante,

• Inibem certos catalisadores usados nos processos de fabricação da gasolina,

• Agem como produtos antagônicos em relação aos compostos antidetonantes,

reduzindo sua eficiência,

• Desgaste do motor,

• Durante a combustão forma óxidos de enxofre que poluem a atmosfera.

Apesar das propriedades lubrificantes do enxofre, seu alto teor no combustível é

indesejável porque os óxidos de enxofre (Sox) podem levar à formação de ácidos

sulfuroso e sulfúrico devido à condensação de umidade.

O enxofre contido no combustível é transformado em SO2 e SO3 durante o processo de

combustão. O SO3 na presença de água dá origem ao ácido sulfúrico, produto altamente

corrosivo, esta é uma das razões para os lubrificantes de motores diesel conterem

aditivos neutralizadores de ácidos. A quantidade de enxofre contida no combustível é

expressa em porcentagem de massa e é limitada pelas especificações da Agência

Page 47: Combustíveis

46

Nacional do Petróleo. No Brasil até a década de 90 o teor máximo de enxofre

especificado era de 1,0%, porém este limite foi reduzido gradualmente de forma que o

óleo diesel distribuído nas regiões metropolitanas tem um limite é 0,2% de enxofre na

sua composição.

Page 48: Combustíveis

47

Gasolina

A gasolina é uma mistura complexa formada por vários tipos de hidrocarbonetos (C5H12

à C12H26), e o Octano (C8H18) é o seu principal componente. É obtida por processos de

destilação, craqueamento, reformação e polimerização que se desenvolvem nas

refinarias. Entre as propriedades da gasolina podemos destacar a volatilidade que

permite a vaporização e a mistura com o ar possibilitando a combustão. A facilidade de

partida e consumo satisfatório são diretamente influenciados por esta propriedade. Se a

vaporização for lenta a partida torna se difícil, se for muito rápida poderá ocorrer nas

tubulações e dutos do sistema comprometendo seu funcionamento, este efeito é

denominado “vapor lock”. Na segunda metade do século XX, por falta de testes

científicos e exatos, a volatilidade da gasolina era testada por um método conhecido

como Ensaio do Segundo Andar, que consistia em derramar uma determinada

quantidade de gasolina de uma janela do segundo andar. O combustível era

considerado como insuficientemente volátil se uma determinada quantidade dessa

gasolina atingisse o solo na forma líquida. Veremos a seguir as principais propriedades

especificadas para a gasolina.

Pressão de Vapor De uma maneira geral, a pressão de vapor de um líquido volátil é a pressão exercida

pelos vapores do mesmo, num espaço confinado. No caso da gasolina, as condições de

ensaio devem ser cuidadosamente estabelecidas uma vez que a pressão de vapor varia

com a temperatura, a quantidade de ar dissolvida e a relação de vapor para o líquido

existente dentro do recipiente.

A pressão de vapor da gasolina quando medida a 37,8 ºC (100 ºF), em uma bomba com

uma relação de ar para líquido de 4/1 é conhecida como a pressão de vapor Reid e é

expressa em kPa (abs).

A pressão de vapor Reid está intimamente relacionada com as características de

volatilidade do produto. É importante nas perdas por evaporação durante o

armazenamento, transporte e manuseio. Pressões de vapor elevadas e temperaturas

baixas no ponto de 10% da curva de destilação resultam em facilidade de partida do

motor; entretanto também aumentam a tendência de tamponamento pelo vapor de

Page 49: Combustíveis

48

combustível durante a operação do motor pelo aumento da vaporização no sistema de

alimentação.

Embora a pressão de vapor seja um dos fatores na quantidade de vapor formado sob

condições que levam ao tamponamento, não é o melhor índice desta tendência.

Considera-se atualmente mais representativa a temperatura para dar uma relação de

vapor / líquido (V/L) igual a 20. Quanto mais baixa a temperatura com V/L = 20, maior a

tendência de causar o tamponamento por vapor.

Gomas e seu período de indução A gasolina pode conter compostos instáveis que pela polimerização poderão formar

depósitos de gomas ou lacas tanto durante o armazenamento como no motor. Altas

temperaturas favorecem a polimerização e formação de depósitos.

A goma é uma substância resinosa que no início permanece solúvel na gasolina e

depois se precipita, aumentando as condições de desgaste e obstruindo a passagem da

gasolina nas tubulações e furos calibrados dos componentes do sistema de injeção.

A formação de goma é reduzida com a incorporação de aditivos inibidores. O período de

indução especifica o tempo que a gasolina pode passar sem que a concentração de

goma ou outras substâncias indesejáveis tenham influência nociva considerável. O

período de indução é determinado através de ensaios de oxidação.

Poder antidetonante Outra importante propriedade da gasolina é seu poder antidetonante. O comportamento

da gasolina depende diretamente das características construtivas do motor em que é

aplicada, principalmente da relação de compressão. Nos motores ciclo Otto a mistura ar

combustível deve sofrer uma determinada compressão sem que ocorra a combustão

espontânea. As propriedades antidetonantes são indicadas pelo Índice de Octano. Este

Índice é obtido pela comparação com misturas padrões de isoctano puro (Índice 100) e

heptano normal puro (Índice 0 ) . Considerando que o hidrocarboneto isoctano tem

excelente poder antidetonante e o heptano normal possui características antidetonante,

se uma gasolina apresenta as mesmas características de detonação de uma mistura de

70% de isoctano e 30% de heptano normal, é classificada com Índice equivalente 70.

Até a década de 70, no Brasil, para aumentar o índice de octano da gasolina adicionava

se Chumbo Tetraetila (C2H5)4Pb, substância altamente venenosa e causadora de

intoxicação por inalação e contato com a pele. À partir de 1980 a adição de álcool à

gasolina permitiu além do aumento do índice de octano, a economia de petróleo. Neste

Page 50: Combustíveis

49

mesmo ano o CNP9 normalizou a adição de álcool etílico à gasolina, permitindo o

aumento da relação de compressão e eficiência dos motores, assim foi possível na

época, aumentar o índice de octano de 73 para 80 (mínimo) com teor de álcool de 22 %

na gasolina.

Poder Antidetonante e parâmetros que influem no requisito octanagem

Detonação é uma reação química instantânea de uma porção final de combustível com o

oxigênio do ar. No momento em que salta a faísca da vela, começa uma frente de

chama que vai percorrendo a câmara de combustão. Decorrente desse fato, a pressão

vai aumentando e, em conseqüência, a temperatura sobe. Pode ocorrer que o

combustível que ainda não foi atingido pela “frente de chama”, não resista à temperatura

gerada e entre em “combustão espontânea”. O resultado é que aparece um aumento

extremamente brusco de pressão que provoca um barulho semelhante a uma “batida de

pino”.

O requisito de qualidade antidetonante pode ser entendido como a resistência do

combustível a sofrer uma detonação prematura devido à compressão, em condições de

operação definidas e é influenciada pela:

Taxa de compressão: Quanto maior a taxa de compressão maior será a

temperatura e a pressão no interior do motor, o que exige maior resistência a

detonação do combustível.

Avanço de ignição: Quanto maior o avanço de ignição maior será a temperatura

e pressão no interior da câmara, necessitando de maior número de octano

O número de octano denominado octanagem é o indicativo do poder antidetonante da

gasolina que é aferido por um ensaio de laboratório efetuado experimentalmente em um

motor com taxa de compressão variável.

Número de Octano A octanagem é expressa por de um número, denominado de Número de Octano, que

corresponde à porcentagem volumétrica de um composto químico chamado iso-octano

C8H18 em uma mistura com n – heptano C7H16, que apresenta a mesma qualidade

antidetonante da amostra. Ela é aferida pela comparação da intensidade de detonação

do combustível com a produzida pela queima de misturas dos padrões acima citados em

motores e condições padronizados. O composto químico iso-octano é considerado

9 Conselho Nacional do Petróleo

Page 51: Combustíveis

50

padrão de boa qualidade, ao qual é conferido o valor de octanagem igual a 100 (cem),

enquanto que o composto químico n-heptano é considerado padrão de má

qualidade, ao qual é conferido o valor de octanagem igual a zero (0).

n- heptano H3C – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH3

CH3

iso octano H3C – C – CH2 – CH – CH3

CH3 CH3

Na verdade, a mistura de hidrocarbonetos que compõem a gasolina não precisa ter

obrigatoriamente nem o heptano, nem o isoctano. Uma gasolina com número de octano

igual a 80 é aquela que resiste à compressão, sem detonação, equivalente a uma

mistura de 80% de iso-octano e 20 % de n-heptano. Essa gasolina oferece uma

resistência a compressão 20% menor que uma gasolina formada somente por iso-

octano. Assim, quando se diz que uma gasolina usada em aviação apresenta número de

octano igual a 120 , isso não quer dizer que ela seja constituída de 120% de iso-octano

(seria um absurdo), mas sim de uma mistura que oferece uma resistência a compressão

20% maior do que a gasolina formada somente por iso-octano.

Entre os métodos existentes para a determinação do número de octano, destacam-se o

Método Motor (MON) e o Método Pesquisa (RON), que são realizados segundo

condições operacionais diferentes.

Escala de Octanagem 0% isoctano 50% isoctano 100% isoctano100 % n-heptano 50% n-heptano 0% n-heptano

I

Page 52: Combustíveis

51

Um veículo está sujeito a funcionar em diferentes condições: ora mais severas, ora mais

suaves. Desta forma, a melhor maneira de expressar a octanagem da gasolina é através

dos dois métodos ou da média entre eles que é denominada Índice Antidetonante (IAD)

ou Antiknock lndex (AKI) . Portanto, quando citarmos um valor de octanagem é

necessário especificar se é MON, RON ou IAD (AKI).

Conforme vimos anteriormente o número de octano é um indicativo do poder

antidetonante da gasolina. A octanagem MON (Motor Octane Number) representa a

situação de uso do motor em altas rotações. A octanagem RON (Research Octane

Number) representa a situação de uso do motor em baixas rotações.

Portanto, se durante o teste de um combustível em um veículo sob carga em 2a

marcha a 80kmlh, e ocorre a detonação é sinal de que o número de octano MON está

baixo. De outra forma, se o veículo estiver ainda sob carga, porém em 5a marcha a 80

km/h e ocorre a detonação sinal de que o número de octanas RON está baixo.

Alguns países referem se ao número de Octanas RON, outros ao número de octanas

MON e outros ao IAD. A Tabela 4 apresenta um resumo dos números de octano em

algumas regiões do mundo.

Octanagem: característica das gasolinas em resistir à combustão espontânea

(sem centelha)

Medição: Número de Octano

Método Motor (MON) – Altas rotações e cargas

Método Pesquisa (RON) - Acelerações partindo de baixas rotações e altas

cargas

Índice Antidetonante (IAD) = (MON + RON) / 2

Page 53: Combustíveis

52

Tabela 4 Número de Octano COMUM PREMIUM

MON RON IAD MON RON IAD

BRASIL 80 - 87 - - 91

EUA 82 - 87 - - 91

EUROPA 80 91 - 85 95 -

JAPÃO - 89 - - 96 -

ARGENTINA - 83 - - 93 -

MON (Motor Octane Number) é medido em um motor padrão de taxa de compressão

variável denominado CFR.(Cooperative Fuel Research), este motor possui um sistema

para medir detonações (Knockmeter) e um carburador com três cubas selecionáveis. As

condições do ensaio são as seguintes: mistura aquecida a 150ºC antes de entrar na

câmara de combustão, rotação de 900 rpm e avanço de faísca variável de ângulo de 19

a 26º APMS10 (conforme a taxa). O combustível a ser ensaiado é comparado com

padrões de forma a se determinar o valor da octanagem. O MON representa situações

de carga com altas rotações.

RON (Research Octane Number) é medido em motor padrão de taxa de compressão

variável (ASTM-CFR). Tal motor possui um sistema para medir detonações

(Knockmeter) e um carburador com três cubas selecionáveis. As condições do ensaio

são as seguintes: mistura não-aquecida antes de entrar na câmara de combustão,

rotação de 600 rpm e avanço da faísca fixo em ângulo de 13 o APMS. O combustível a

ser ensaiado é comparado com padrões de forma a se determinar o valor de

octanagem. O RON representa situações de carga com baixas rotações.

A detonação ainda pode ocorrer quando a taxa de compressão do motor for muito alta

para o tipo de gasolina empregada. A taxa de compressão de um motor é a relação

entre o volume da mistura de ar e combustível contida pelo cilindro quando o pistão está

no ponto morto inferior e o volume quando está no ponto superior.

Se no ponto morto inferior o volume for de 500 cm3 e no ponto superior for 60 cm3, a

taxa de compressão será 500/60 = 8,33 : 1.

Quando a combustão é normal, a mistura ar-combustível queima uniformemente no

momento em que salta a centelha da vela. Entretanto, se a taxa de compressão for

demasiadamente elevada para o tipo de gasolina em uso, uma parte da mistura queima

Page 54: Combustíveis

53

uniformemente e o restante detona . Além do ruído, a detonação resulta em sobre

aquecimento, perda de potência e se prolongada, poderá danificar o motor.

A gasolina atual é mais resistente à detonação do que antigamente graças a novos

método de refinação e modificação dos projetos dos motores.

O Requisito de Octanagem de um veículo é definido pelo fabricante e deve ser

informado aos usuários no manual do proprietário.

Gasolina sem de chumbo

O chumbo tetraetila era utilizado antigamente no Brasil como aditivo para melhorar as

propriedades antidetonantes da gasolina. Devido aos danos causados aos

catalisadores e aos males à saúde que este composto provoca decidiu-se eliminá-lo da

gasolina. A eliminação dos compostos de chumbo resulta em combustível com

octanagem insuficiente para modernos motores com alto grau de eficiência (alta taxa de

compressão). A gasolina, por conseguinte, terá que ser preparada a partir de

componentes especialmente eficientes e de alta octanagem. Alguns desses

componentes são alquilados e isômeros com alta porcentagem de aromáticos e

isoparafinas. Alguns exemplos de aditivos que não contêm metais e são utilizados para

aumentar a octanagem são o éter denominado metil-terciário-butiléter (MTBE) e os

álcoois ( metanol ou etanol).

Tolerância de água nas misturas de álcool anidro e gasolina Gasolina e álcool anidro (isento de água) são miscíveis em todas as proporções em

amplas faixas de temperaturas. Porém pequenas quantidades de água podem causar a

separação do álcool e da gasolina. O início da separação é indicado por turvação da

mistura.

A quantidade de água tolerável cresce com o aumento da temperatura e da quantidade

de álcool presente na mistura. Em temperatura de aproximadamente 25 oC e presença

de aproximadamente 25% de álcool na gasolina, tolera-se uma quantidade de água de

aproximadamente 1,2%. Aumentando essa quantidade de água ocorrerá separação do

álcool que irá para o fundo do reservatório. O benzol, benzeno e acetona aumentam a

tolerância de água da mistura de gasolina e álcool.

Gasolina Premium: motores com taxa de compressão mais elevada (nacionais ou

importados) tendem a ter um desempenho melhor utilizando gasolina de maior

10 Antes do Ponto Morto Superior

Page 55: Combustíveis

54

octanagem (Preminun). Por outro lado, este combustível pode fazer pouca ou nenhuma

diferença para os demais veículos, projetados para rodar com a gasolina comum.

Indicada para veículos avançados tecnologicamente (motores com alta taxa de

compressão, ignição mapeada, injeção eletrônica e sensor de detonação), a gasolina

premium diferencia-se da comum pelo preço (cerca de 18% superior) e pelo número de

octano. Enquanto a gasolina comum tem Índice Antidetonante 87 a gasolina premium

tem Índice Antidetonante 91.

Com maior octanagem, motores modernos vão automaticamente se ajustar para

trabalhar com ponto de ignição mais avançado, pois a premium tem maior poder

antidetonante. Para exemplificar: um motor que rende 100 CV de potência com gasolina

premium européia, por exemplo, não atinge esse limite sendo alimentado com a

gasolina comum nacional. Agora, com a premium, teoricamente esse motor vai poder

render o mesmo que lá fora. Portanto, a premium não aumenta a potência do motor,

apenas aproveita melhor capacidade que o propulsor tem de gerar energia.

A octanagem da gasolina premium foi estabelecida pela média aritmética de duas

normas de medição: a RON e a MON. Além da maior octanagem, a premium tem

também menor teor de enxofre, que foi reduzido de 0,2% para 0, 1 % significando

menos emissão de poluentes.

Gasolinas Aditivadas: são gasolinas que contêm aditivo detergente/dispersante. São

altamente recomendáveis, pois têm a função de limpar e manter limpo o sistema de

alimentação. É importante ter em mente que se forem utilizadas em um sistema muito

velho e sujo, toda a sujeira do tanque e tubulação irá soltar-se, podendo saturar filtros

num primeiro momento.

O gráfico 7 apresenta os preços médios da gasolina comum no período de 1994 à 2002.

Page 56: Combustíveis

55

Gráfico 7 Preços médios da gasolina

Preços médios da gasolina

0,000,200,400,600,801,001,201,401,601,80

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

R$/l

Fonte: ANP, 2003

Portaria nº 309 de 2001 da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Especificações para a Gasolina A qualidade da gasolina é classificada em dois tipos: gasolina tipo A e gasolina tipo C. A

diferença maior entre os dois tipos é a adição de álcool etílico anidro. (ver tabela 1)

Page 57: Combustíveis

56

ESPECIFICAÇÃO

Gasolina Comum Gasolina Premium MÉTODO

CARACTERÍSTICA UNIDADE

Tipo A Tipo C Tipo A Tipo C ABNT ASTM

Cor - (1) (2) (1) (2)

Aspecto - (4) (4) (4) (4) visual(3)

Álcool Etílico Anidro

Combustível - AEAC % vol. 1 máx.(5) (6) 1 máx.(5) (6) NBR 13992

Massa específica a 20 ºC Kg/cm3 anotar anotar anotar anotar NBR7148

NBR14065

D 1298

D 4052

Destilação NBR9619 D86

10% evaporado, máx. ºC 65,0 65,0 65,0 65,0

50% evaporado, máx. ºC 120,0 120,0 120,0 120,0

90% evaporado, máx. ºC 190,0 190,0 190,0 190,0

PFE, máx. ºC 220,0 220,0 220,0 220,0

Resíduo, % vol. 2,0 2,0 2,0 2,0

Nº de Octano Motor, MON,min - (8) (9) 82,0 (9) - - MB 457 D2700

Índice Antidetonante – IAD,

mín. (10) - (8) 87,0 (8) 91,0 MB457

D2699

D2700

Pressão de Vapor a 37,8 ºC

(11) KPa

45,0 a

62,0

69,0

máx.

45,0 a

62,0

69,0

máx

NBR 4149

NBR

14156

D4953

D5190

D5191

D5482

Goma Atual Lavada, máx. mg/100mL 5 5 5 5 NBR14525 D381

Período de Indução a 100 ºC Mín. (12) (13) 360 (12) (13) 360 NBR 4478 D525

Corrosividade ao cobre a 50

ºC, 3h, máx. - 1 1 1 1 NBR14359 D130

Enxofre, máx. (14) % massa 0,12 0,10 0,12 0,10 NBR 6563

NBR14533

D1266

D2622

D3120

D4294

D5453

Benzeno, máx. (14) % vol. 1,2 1,0 1,96 1,5 -

D3606

D5443

D6277

Chumbo, máx. ( 5) g/L 0,005 0,005 0,005 0,005 - D3237

Aditivos (15) - - - - - - -

Hidrocarbonetos (14) (16) % vol MB 424 D1319

Aromáticos, máx. (16) 57 45 57 45

Oleofínicos, máx. (17) 38 30 38 30

Page 58: Combustíveis

57

(1) De incolor a amarelada, isenta de corante.

(2) De incolor amarelada se isenta de corante cuja utilização é permitida no teor máximo

de 50 ppm com exceção da cor azul, restrita à gasolina de aviação.

(3) A visualização será realizada em proveta de vidro, conforme a utilizada no Método

NBR 7148 ou ASTM D1298.

(4) Límpido e isento de impurezas.

(5) Proibida a adição. Deve ser medido quando houver dúvida quanto à ocorrência de

contaminação.

(6) O AEAC a ser misturado às gasolinas automotivas para produção da gasolina C

deverá estar em conformidade com o teor e a especificação estabelecidos pela

legislação em vigor.

(7) No intuito de coibir eventual presença de contaminantes o valor da temperatura para

90% de produto evaporado não poderá ser inferior à 155 ºC para gasolina A e 145°C

para gasolina C.

(8) A Refinaria, a Central de Matérias-Primas Petroquímicas, o Importador e o

Formulador deverão reportar o valor das octanagem MON e do IAD da mistura de

gasolina A, de sua produção ou importada, com AEAC no teor mínimo estabelecido pela

legislação em vigor.

(9) Fica permitida a comercialização de gasolina automotiva com MON igual ou superior

a 80 até 30/06/2002.

(10) Índice antidetonante é a média aritmética dos valores das octanagens determinadas

pelos métodos MON e RON.

(11) Para os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de

Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e

Tocantins, bem como para o Distrito Federal, admite-se, nos meses de abril a novembro,

um acréscimo de 7,0 kPa ao valor máximo especificado para a Pressão de Vapor.

(12) A Refinaria, a Central de Matérias-Primas Petroquímicas, o Importador e o

Formulador deverão reportar o valor do Período de Indução da mistura de gasolina A, de

sua produção ou importada, com AEAC no teor máximo estabelecido pela legislação em

vigor.

Page 59: Combustíveis

58

(13) O ensaio do Período de Indução só deve interrompido após 720 minutos, quando

aplicável, em pelo menos 20% das bateladas comercializadas. Neste caso, e se

interrompido antes do final, deverá ser reportado o valor de 720 minutos.

(14) Os teores máximos de Enxofre, Benzeno, Hidrocarbonetos Aromáticos e

Hidrocarbonetos Olefínicos permitidos para a gasolina A referem-se àquela que

transformar-se-á em gasolina C através da adição de 25% ± 1% de álcool. No caso de

alteração legal do teor de álcool na gasolina os teores máximos permitidos para os

componentes acima referidos serão automaticamente corrigidos proporcionalmente ao

novo teor de álcool regulamentado.

(15) Utilização permitida conforme legislação em vigor, sendo proibidos os aditivos a

base de metais pesados.

(16) Fica permitida alternativamente a determinação dos hidrocarbonetos aromáticos e

olefínicos por cromatografia gasosa. Em caso de desacordo entre resultados

prevalecerão os valores determinados pelos ensaios MB424 e D1319.

(17) Até 30/06/2002 os teores de Hidrocarbonetos Aromáticos e Olefínicos podem ser

apenas informados.

Métodos de Ensaio

MB 424 Produtos líquidos de petróleo - Determinação dos tipos de hidrocarbonetos pelo

indicador de absorção por fluorescência

MB 457 Combustível – Determinação das características antidetonantes –

Índice de octano – Método motor

NBR 4149 Gasolina e misturas de gasolina com produtos oxigenados – Determinação

da pressão de vapor – Método seco

NBR 6563 Gás Liquefeito de Petróleo e Produtos Líquidos de Petróleo – Determinação

de enxofre – Método da lâmpada

NBR 7148 Petróleo e Produtos de Petróleo – Determinação da massa específica,

densidade relativa e °API – Método do densímetro.

NBR 9619 Produtos de Petróleo – Determinação das propriedades de destilação

NBR 13992 Gasolina Automotiva – Determinação do teor de álcool etílico anidro

combustível (AEAC)

NBR 14065 Destilados de Petróleo e Óleos Viscosos – Determinação da massa

específica e da densidade relativa pelo densímetro digital.

Page 60: Combustíveis

59

NBR 14156 Produtos de Petróleo – Determinação da pressão de vapor – Mini Método

NBR 14359 Produtos de Petróleo – Determinação da corrosividade – Método da lâmina

de cobre

NBR 14478 Gasolina - Determinação da estabilidade à oxidação pelo método

do período de indução

NBR 14525 Combustíveis - Determinação de goma por evaporação

NBR 14533 Produtos de Petróleo - Determinação do enxofre por Espectrometria

de Fluorescência de Raios X ( Energia Dispersiva)

Método ASTM TÍTULO

D 86 Distillation of Petroleum Products

D 130 Detection of Copper Corrosion from Petroleum Products by the Copper Strip

Varnish Test

D 381 Existent Gum in Fuels by Jet Evaporation.

D 525 Oxidation Stability of Gasoline (Induction Period Method).

D 1266 Sulfur in Petroleum Products (Lamp Method)

D 1298 Density, Relative Density (Specific Gravity), of API Gravity of Crude Petroleum

and Liquid Petroleum Products by Hydrometer Method

D 1319 Hydrocarbons Types in Liquid Petroleum Products by Fluorescent Indicator

Adsorption

D 2622 Sulfur in Petroleum Products by Wavelenght Dispersive

X-Ray Fluorescence Spectrometry

D 2699 Knock Characteristics of Motor and Aviation Fuels by the Research Method

D 2700 Knock Characteristics of Motor and Aviation Fuels by the Motor Method

D 3120 Trace Quantities of Sulfur in Light Liquid Petroleum Hydrocarbons by Oxidative

Microcoulometry

D 3237 Lead In Gasoline By Atomic Absorption Spectroscopy

D 3606 Benzene and Toluene in Finished Motor and Aviation Gasoline by Gas

Chromatography

D 4052 Density and Relative Density of Liquids by Digital Density Meter

D 4294 Sulfur in Petroleum Products by Energy Dispersive X-Ray Fluorescence

Spectroscopy

D 4953 Vapor Pressure of Gasoline and Gasoline-oxygenate Blends (Dry Method)

D 5190 Vapor Pressure of Petroleum Products (Automatic Method)

Page 61: Combustíveis

60

D 5191 Vapor Pressure of Petroleum Products (Mini Method)

D 5443 Paraffin, Naphthene, and Aromatic Hydrocarbon Type Analysis in Petroleum

Distillates

Through 200°C by Multi-Dimensional Gas Chromatography

D 5453 Sulphur in light hydrocarbons, motor fuels and oils by ultraviolet fluorescence

D 5482 Vapor Pressure of Petroleum Products (Mini Method – Atmospheric)

D 6277 Determination of Benzene in Spark-Ignition Engine Fuels Using Mid Infrared

Spectroscopy.

Page 62: Combustíveis

61

A necessidade de substituição do petróleo obrigou um grande número de países a

desenvolver pesquisas para utilizar combustíveis alternativos. No fim do século XIX

devido ao início da produção de automóveis em escala comercial, o álcool da biomassa

foi considerado o combustível ideal, entretanto, em virtude das descobertas de grandes

reservas de petróleo e do baixo custo do seu transporte, a utilização de álcool de

biomassa ficou restrita às industrias de bebida, farmacêutica e de solventes.

Devido às duas crises mundiais do petróleo na década de 70 (1973 e 1979), o álcool

voltou a ser considerado como fonte de energia renovável para substituir os derivados

mais leves do petróleo.

Nos motores ciclo Otto podem ser utilizados tanto o álcool anidro como o álcool

hidratado . O álcool anidro é obtido na passagem do álcool já concentrado por

destilação, com cerca de 92% em peso numa terceira coluna juntamente com benzeno

ou hexano que, por extração permite chegar a 99,3% em peso. No caso do álcool

hidratado, a terceira coluna não é utilizada, obtendo se um álcool com 92% em peso. O

álcool anidro é utilizado em mistura com a gasolina, pois são miscíveis em quaisquer

proporções, isso não ocorre com o álcool hidratado porque o teor de água existente em

sua composição dificulta a mistura com a gasolina. O álcool anidro possui Índice de

Octano superior ao da gasolina, por isso quando utilizado em mistura com esse derivado

aumenta a octanagem e elimina ou reduz a necessidade de adição do Chumbo

Tetraetila (CTE).

Outra vantagem do uso do álcool é economia de energia conseguida nas operações de

refino, na medida em que a produção de gasolina de baixo índice de octano exige menor

processamento, pois as etapas de craqueamento e ou reforma normalmente são

realizadas para aumentar a octanagem, são dispensáveis para essa finalidade. Após

vários estudos e testes concluiu se que na proporção entre 20 e 25 % em volume de

álcool, os motores operam satisfatoriamente.

Os tipos de álcool que temos no mercado, para o uso automotivo, recebem o nome de

álcool carburante. São compostos oxigenados adicionados à gasolina (quando o objetivo

Álcool

Page 63: Combustíveis

62

for o aumento de octanagem) ou para uso puro em motores projetados para utilização

de tal combustível.

O metanol é um álcool oriundo da mesma família do etanol; seu uso, como carburante,

remonta ao início do século, quando teve sua utilização como combustível pelo pioneiro

Henry Ford. Nos primórdios do desenvolvimento da tecnologia dos motores a combustão

interna, em 1916, Ford já declarava que "o álcool é mais limpo e melhor combustível

para automóveis do que a gasolina e acredito que será o combustível do futuro para os

motores de combustão interna". Os alemães, na 2ª guerra mundial, utilizaram tal

combustível em larga escala.

Pode ser extraído da nafta, do xisto, gás, da madeira ou do carvão vegetal. Os meios

mais simples e usuais são a gaseificação do carvão vegetal e da madeira ou pirólise dos

mesmos. Na Europa se utiliza um processo de reação catalítica de monóxido de carbono

e hidrogênio, muito caro e altamente sofisticado.

São necessárias 2 toneladas de madeira para uma produção de 200 litros de álcool ou

metanol. O Brasil com grandes áreas cultiváveis produz álcool com um custo

infinitamente inferior utilizando cana de açúcar, mandioca, babaçu, batata, eucalipto,

beterraba, etc.

O metanol é extremamente tóxico: penetra no corpo humano pela pele, vias respiratórias

e digestivas, podendo levar à cegueira total ou parcial e até mesmo à morte. A principal

vantagem em sua utilização é o poder de resistência à detonação: possuindo um

elevado índice de octanagem (que se situa na faixa de 90 a 120, avaliado pelo sistema

MON, ou método motor). Este valor é meramente comparativo à gasolina, uma vez que

o álcool não possui octano propriamente ditas.

Essa resistência à detonação viabiliza a utilização do metanol em motores com alta taxa

de compressão, na ordem de 10:1 a 17:1, proporcionando ótimo desempenho, pois

aproveita em torno de 40% da energia fornecida. Em termos mecânicos, suas contra-

indicações são o baixo poder calorífico, menor do que o do etanol (causa maiores

dificuldades para as situações de partida a frio), a baixa miscibilidade à gasolina (quando

é utilizado para aumentar seu índice de octano) e sua facilidade de pré-ignição.

A utilização do álcool como combustível implica aumento de consumo devido ao menor

poder calorífico, quando comparado ao da gasolina. Isto significa que é necessária maior

quantidade de combustível para realização do mesmo trabalho.

Page 64: Combustíveis

63

O etanol ou AEHC, Álcool Etílico Hidratado Carburante, é produzido no Brasil através da

fermentação de açúcares (amido e celulose), e é o combustível que adquirimos nas

bombas dos postos de combustíveis. Sua composição de álcool e água é padronizada,

pois alterações em sua densidade acarretarão mau funcionamento e possíveis danos

internos ao motor.

O álcool hidratado é utilizado exclusivamente como combustível, por motivos de

economia produtiva e por sua eficiência. É adicionada pequena quantidade de gasolina

para inibir seu uso doméstico ou na fabricação de bebidas, por exemplo.

O álcool etílico hidratado possui 96% de pureza e 4% de água (96° GL). O álcool anidro

(sem água) é miscível com a gasolina em qualquer proporção e tem, como resultado, um

combustível com ótimas características antidetonantes. Para cada 5% de álcool

consegue-se um aumento de octanagem em aproximadamente 2 pontos percentuais,

sem os inconvenientes da adição de chumbo tetraetila (CTE), que é extremamente

poluente e destrói os elementos dos catalisadores.

O álcool anidro possui características de pureza na ordem de 99,95%, com 0,05% de

água na escala G.L. (Gay Lussac). Ou seja, é considerado isento de água. Para obter

álcool puro ou anidro, deve-se retirar a quantidade de excedente de água, um dos

processos utilizados consiste em adicionar cal viva à mistura. A cal viva, ou cal virgem

(Óxido de Cálcio), tem a propriedade de reagir com a água, formando hidróxido de cálcio

segundo essa equação:

Como o hidróxido de cálcio não é solúvel em álcool etílico, ocorre a formação de uma

mistura heterogênea. Através de filtração, separa-se o hidróxido de cálcio.

Cada litro de álcool obtido na destilação produz cerca de 12 litros de resíduos do mosto

fermentado, os quais recebem o nome de vinhoto. O lançamento de vinhoto nos rios e

lagos pode provocar graves problemas biológicos, pois tal produto serve de alimento

CaO + H2O Óxido de cálcio água

Ca (OH)2

Hidróxido de cálcio

Page 65: Combustíveis

64

para bactérias. Essas bactérias, ao se encontrarem com alimento em grande

quantidade se proliferam rapidamente. Como são organismos aeróbios, o consumo de

oxigênio passa a ser maior do que o fornecimento, já que sua produção, através da

fotossíntese dos vegetais continua a mesma. A redução da quantidade de oxigênio

dissolvido na água causa a morte peixes e pequenos animais aquáticos, que morrem

asfixiados. Mas em seu lugar surgem outros organismos microscópios, capazes de viver

sem oxigênio, chamados anaeróbios, em que, em sua atividade, produzem substancias

de cheiro desagradável.

Por esse motivo, severas restrições são feitas pela Secretaria do Meio Ambiente ao

lançamento indiscriminado do vinhoto nos rios e lagos. O aproveitamento do vinhoto

como fertilizante tem sido a alternativa mais empregada na Brasil.

Etapas da produção de açúcar e álcool

moagem e filtração

aquecimento

fermentação

cana-de-açúcar

garapa

melaço

açúcar preto mosto

açúcar comum etanol 96º GL vinhoto

etanol 100º GL

destilação

desidratação

Page 66: Combustíveis

65

O Brasil foi um dos primeiros países a banir o chumbo tetraetila da gasolina, passando a

incorporar o álcool anidro como aumentador de octanagem (compostos oxigenados que

possuem características de aumentar a resistência do combustível a detonação). Isso

elevou nossa gasolina ao patamar das de boa qualidade vendidas na Europa (índices de

90 octano).

Quando compramos a garrafa de álcool no mercado e lemos a inscrição 90%, significa

que a quantidade de álcool puro possui aproximadamente 10% de água. Alguns

combustíveis e fluidos (álcool, benzol, metanol e propanol) são higroscópicos, isto é,

possuem a propriedade de absorver a umidade do ar e diluí-la em sua composição.

O gráfico 8 apresenta os preços médios do álcool etílico no período de 1994 à 2002.

Gráfico 8 Preços médios do álcool

Preços médios do álcool etílico hidratado ao consumidor

0,000,200,400,60

0,801,001,20

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

R$/l

Fonte: ANP, 2003

Portaria nº 126, de 8.8.2002 da Agência Nacional do Petróleo. Especificação para o Álcool

Altera a redação dos artigos 3º, 4º, 5º, 6º, 8º, 10 e Regulamento Técnico, inclui o artigo

4º-A, revoga o art. 12 e ratifica os demais dispositivos da Portaria ANP nº 2, de 16 de

janeiro de 2002 que estabelece as especificações para comercialização do Álcool Etílico

Anidro Combustível (AEAC) e do Álcool Etílico Hidratado Combustível (AEHC) em todo o

Page 67: Combustíveis

66

território nacional e define obrigações dos agentes econômicos sobre o controle de

qualidade do produto.

O DIRETOR-GERAL da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO - ANP, no uso de suas

atribuições legais, com base nas disposições da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997 e

na Resolução de Diretoria nº 540, de 7 de agosto de 2002, torna público o seguinte ato:

Art. 1°. Os artigos 3°, 4°, 5°, 6º, 8º e 10 da Portaria ANP nº 2, de 16 de janeiro de 2002,

passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 3°. Os Produtores e Importadores deverão manter sob sua guarda, pelo prazo

mínimo de 2 (dois) meses a contar da data da comercialização do produto, uma

amostra-testemunha de cada batelada de produto comercializado, armazenada em

embalagem devidamente lacrada e acompanhada de Certificado de Qualidade. (NR)

§ 1º. O Certificado de Qualidade, referente à batelada do produto comercializado deverá

ser firmado pelo químico responsável pelas análises laboratoriais efetivadas, com

indicação legível de seu nome e número da inscrição no órgão de classe. (NR)

§ 2º. Durante o prazo assinalado no caput deste artigo a amostra-testemunha e o

respectivo Certificado de Qualidade deverão ficar à disposição da ANP para qualquer

verificação julgada necessária. (NR)

Art. 4º. A documentação fiscal referente às operações de comercialização do AEAC e do

AEHC realizadas pelo Produtor ou Importador deverá ser acompanhada de cópia legível

do respectivo Certificado de Qualidade, atestando que o produto comercializado atende

às especificações estabelecidas no Regulamento Técnico. No caso de cópia emitida

eletronicamente, deverá estar indicado, na cópia, o nome e o número da inscrição no

órgão de classe do responsável técnico pelas análises laboratoriais efetivadas. (NR)

Art. 5°. O Distribuidor de combustíveis automotivos, autorizado pela ANP a realizar as

adições de AEAC à gasolina A, para produção da gasolina C, deverá manter sob sua

guarda, pelo prazo mínimo de 7 (sete) dias, uma amostra-testemunha, armazenada em

embalagem devidamente lacrada, coletada ao final do dia, de cada tanque de AEAC em

operação, acompanhada do Certificado de Qualidade emitido pelo Produtor ou

Importador, sempre que houver recebimento deste produto. (NR)

Art. 6º. O Distribuidor de combustíveis automotivos deverá certificar a qualidade do

AEHC a ser entregue ao Revendedor Varejista através da realização de análises

Page 68: Combustíveis

67

laboratoriais em amostra representativa do produto, emitindo o Boletim de Conformidade

devidamente assinado pelo respectivo responsável técnico, com indicação legível de seu

nome e número da inscrição no órgão de classe, contendo as seguintes características

do produto: aspecto, cor, massa específica, teor alcoólico, potencial hidrogeniônico e

condutividade elétrica. (NR)

§ 1º. O Boletim de Conformidade original deverá ficar sob a guarda do Distribuidor, por

um período de 2 (dois) meses, à disposição da ANP, para qualquer verificação julgada

necessária. (NR)

§ 2º. Os resultados da análise das características constantes do Boletim de

Conformidade deverão estar enquadrados nos limites estabelecidos pelo Regulamento

Técnico, devendo o produto atender às demais características exigidas no mesmo.

§ 3º. Uma cópia do Boletim de Conformidade deverá acompanhar a documentação fiscal

de comercialização do produto no seu fornecimento ao Revendedor Varejista. No caso

de cópia emitida eletronicamente, deverá estar registrado, na cópia, o nome e o número

da inscrição no órgão de classe do responsável técnico pelas análises laboratoriais

efetivadas. (NR)

Art. 8º. O Distribuidor deverá enviar à ANP, até o 15º (décimo quinto) dia do mês

subseqüente àquele a que se referirem os dados enviados, um sumário estatístico dos

Boletins de Conformidade emitidos, gravado em disquete de 3,5 polegadas para

microcomputador ou através do endereço eletrônico [email protected], ambos no

formato de planilha eletrônica, devendo conter:

I – identificação do Distribuidor;

II – mês de referência dos dados certificados;

III – volume total comercializado no mês;

IV – identificação do Produtor ou Importador de quem foi adquirido o AEHC e

V – tabela de resultados em conformidade com o modelo abaixo:

Page 69: Combustíveis

68

Característica

Unidade Método Mínimo Máximo Média Desvio

Massa específica a 20°C kg/m³

Teor alcoólico °INPM11

Potencial hidrogeniônico (pH) —

Condutividade elétrica µS/m

onde:

Método – procedimento padronizado constante da especificação em vigor segundo o

qual a característica foi analisada (NR)

Mínimo, Máximo – valores mínimos e máximos encontrados nas determinações

laboratoriais do mês

Média – média ponderada pelos volumes objetos das análises realizadas

Desvio – desvio padrão da amostragem

Art. 10. Fica concedido o prazo de 30 (trinta) dias, a partir da publicação da presente

Portaria, para que o Produtor, o Importador e o Distribuidor se adeqüem ao disposto nos

arts. 3°, 4°, 4°-A , 5°, 6° e 8° desta Portaria”. (NR)

Art. 2°. A Tabela das Especificações do AEAC e do AEHC contida no Regulamento

Técnico ANP nº 01/2002 da Portaria ANP nº 2, de 16 de janeiro de 2002, passa a vigorar

com a seguinte redação:

11 Instituto Nacional de Pesos e Medidas

Page 70: Combustíveis

69

Regulamento Técnico ANP nº 01/2002

ESPECIFICAÇÕES MÉTODO CARACTERÍSTICA

UNIDADE

AEAC AEHC ABNT

/NBR

ASTM (1)

Aspecto — (2) (2) Visual

Cor — (3) (3) Visual

Acidez total (como ácido acético), máx.

mg/l 30 30 9866 D 1613

Condutividade elétrica, max. µS/m 500 500 10547 D 1125

Massa específica a 20°C kg/m³ 791,5 máx. 807,6 a 811,0 (4)

5992 D 4052

Teor alcoólico °INPM 99,3 mín. 92,6 a 93,8 (4) 5992 —

Potencial hidrogeniônico (pH) — — 6,0 a 8,0 10891 —

Resíduo por evaporação, máx. (5)

mg/100ml — 5 8644 —

Teor de hidrocarbonetos, máx. (5) (NR)

%vol. 3,0 3,0 13993 —

Íon Cloreto, máx. (5)

mg/kg — 1 10894 /

10895

D 512(6)

Teor de etanol, mín. (7) %vol. 99,3 92,6 — D 5501

Íon Sulfato, máx. (8) (NR) mg/kg — 4 10894/

12120

Ferro, máx. (8) mg/kg — 5 11331 —

Sódio, máx. (8) (NR) mg/kg — 2 10422 —

Cobre, máx. (8) (9) (NR) mg/kg 0,07 — 10893 —

(1) Poderão ser utilizados como métodos alternativos para a avaliação das

características nos casos de importação do álcool, com exceção do método ASTM

D4052, que poderá ser sempre utilizado como método alternativo para a determinação

da massa específica.

(2) Límpido e isento de impurezas.

(3) Incolor a amarelada se isento de corante, cuja utilização é permitida no teor máximo

de 20mg/l com exceção da cor azul, restrita à gasolina de aviação.

(4) Aplicam-se na Importação e Distribuição os seguintes limites para a massa

específica e teor alcoólico do AEHC: 805,0 a 811,0 e 92,6 a 94,7 respectivamente.

Page 71: Combustíveis

70

(5) Limite admitido na Importação e Distribuição, não sendo exigida a análise para a

emissão do Certificado de Qualidade pelos Produtores. (NR)

(6) Procedimento C e modificação constante na ASTM D4806.

(7) Requerido quando o álcool não for produzido por via fermentativa a partir da cana-

de-açúcar.

(8) O produtor deverá transcrever no Certificado de Qualidade o resultado obtido na

última determinação quinzenal, conforme previsto no art. 4º-A da presente Portaria.

(NR).

(9) Deverá ser sempre determinado no AEAC que tiver sido transportado ou produzido

em local que possua equipamentos ou linhas de cobre, ou ligas que contenham este

metal.(NR)

Art. 3°. Fica incluído o artigo 4°-A na Portaria ANP nº 2, de 16 de janeiro de 2002, com a

seguinte redação:

“Art.4°-A. Os produtores deverão enviar mensalmente à ANP/SQP, até o 15º (décimo

quinto) dia àquele a que se referirem os dados enviados, um sumário estatístico dos

Certificados de Qualidade com os valores mínimo, máximo, médio e desvio das

seguintes características: acidez, condutividade elétrica, massa específica, teor

alcoólico, potencial hidrogeniônico, sulfato, ferro, cobre, e sódio.

§ 1°. As análises de sulfato ferro, cobre e sódio serão realizadas quinzenalmente em

uma amostra composta preparada a partir das amostras coletadas diariamente dos

tanques em movimentação.

§ 2°. Na hipótese do AEAC transportado ou produzido em local que possua

equipamentos ou linhas de cobre, ou ligas que contenham este metal, a análise de cobre

deverá ser sempre realizada para a emissão do Certificado de Qualidade.

§ 3°. Os sumários estatísticos deverão conter a identificação da unidade produtora, o

mês a que se refere o envio e o volume total de produto comercializado, cujas amostras

foram analisadas, em conformidade com o modelo abaixo.

Page 72: Combustíveis

71

Característica

Método

Unidade

Mínimo

Máximo

Média

Desvio

onde:

Característica – item da respectiva especificação do produto

Método – procedimento padronizado constante na especificação em vigor segundo o

qual a característica foi analisada

Unidade – unidade em que está reportado o valor da característica

Mínimo, Máximo – valores mínimos e máximos encontrados nas determinações

laboratoriais do mês

Média – média ponderada pelos volumes objetos das análises realizadas

Desvio – desvio padrão da amostragem

§ 4°. Os relatórios deverão ser enviados à ANP gravados em disquetes de 3,5

polegadas para microcomputador ou através do e-mail no endereço [email protected].”

Art. 4º. Ficam ratificados os demais dispositivos da Portaria ANP nº 2, de 16 de janeiro

de 2002, que deverá ser republicada com as alterações determinadas por esta Portaria.

Art. 5°. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 6°. Revogam-se o artigo 12 da Portaria ANP nº 2, de 16 de janeiro de 2002, e

demais disposições em contrário.

Significado dos ensaios

As características do AEHC são importantes pelos seguintes motivos:

A massa específica, o grau INPM (Instituo Nacional de Pesos e Medidas) e o teor de

contaminantes influem sobre o teor alcoólico e são indicativos do grau de pureza. Maior

massa específica usualmente indica maior porcentagem de água presente

(contaminação acidental ou proposital) e conseqüentemente menor teor calorífico e

problemas de funcionamento do motor. Maior teor alcoólico não traz prejuízos. A

Page 73: Combustíveis

72

contaminação com gasolina por si não é prejudicial e age como desnaturante,

impedindo o uso do AEHC para consumo humano.

O resíduo de evaporação está relacionado à quantidade de resíduos presentes, que

podem ter influência negativa sobre o carburador em forma de entupimento ou causar

obstrução prematura do filtro combustível.

A acidez total, os aldeídos, os ésteres, os álcoois superiores e a alcalinidade estão

ligados ao potencial de efeito corrosivo sobre o sistema de alimentação de combustível

que inclui reservatório, linhas, bomba de combustível e carburador.

Principais vantagens da utilização do álcool hidratado As principais vantagens do álcool hidratado em relação à gasolina brasileira do tipo C

são:

• Maior potência e maior torque,

• Menor formação de resíduos na câmara de combustão,

• Maior velocidade de combustão.

O número de octano no álcool é mais alto do que o de alguns tipos de gasolina e este

aumento de octanagem permite o motor trabalhar com maior taxa de compressão e mais

alto torque e potência.

Motores a gasolina produzem gases de combustão contendo monóxido e dióxido de

carbono, vapor de água, gases de nitrogênio e de enxofre. O motor a álcool apresenta

menor produção desses gases principalmente em relação ao monóxido de carbono

(60% a menos).

O álcool também queima de maneira mais limpa, deixando menor quantidade de

resíduos na câmara de combustão do que a gasolina.

A velocidade de propagação da queima do álcool é mais rápida do que a da gasolina o

que equivale a um avanço do ponto de ignição do motor.

Desvantagens da utilização do AEHC em motor de ciclo Otto Os pontos negativos do uso do AEHC são:

• Dificuldade de partida a baixa temperatura,

• Maior consumo de combustível,

Page 74: Combustíveis

73

• Maior quantidade de gases de nitrogênio na descarga e a presença de aldeído

acético.

As dificuldades de partida a baixas temperaturas resultam do alto calor latente de

vaporização e a menor volatilidade do álcool.

O consumo mais elevado de combustível resulta do poder calorífico em

aproximadamente 40% inferior ao da gasolina.

A vaporização da gasolina numa mistura estequiométrica com ar resulta numa redução

de temperatura de aproximadamente 5oC. Para os álcoois, esta temperatura é menor

ainda. Por outro lado com a mesma adição de calor por unidade de massa, a

percentagem de álcool vaporizado nos múltiplos de admissão será menor. O uso do

álcool reduz, com seu elevado efeito de refrigeração, a temperatura melhorando dessa

maneira a eficiência volumétrica do motor. Por outro lado, os álcoois têm um peso

molecular muito menor do que a gasolina e ocupam proporcionalmente maior volume do

que igual massa de gasolina. O alto calor latente de vaporização é o responsável pelo

aumento de potência útil.

A volatilidade é um fator muito importante na vaporização do combustível. A gasolina é

composta de um grande número de moléculas diferente com pontos de ebulição que se

encontram na faixa de 37oC a 220oC.

Os álcoois são deficientes em frações leves em tomo de 40oC e são essas as frações

importantes em partidas a frio.

As quantidades de óxidos de nitrogênio (NOx) e de aldeído acético dos álcoois são 30 a

40% maiores do que as da gasolina.

O álcool tem viscosidade muito baixa, aliada a um muito baixo poder lubrificante, de

modo que, para seu uso em motores Diesel, tem que receber reforços através de

compostos solúveis em álcool (óleos vegetais etc.) para poder proporcionar lubrificação

adequada ao sistema de injeção diesel.

Page 75: Combustíveis

74

Gás Natural Veicular O gás natural veicular é definido pela ANP como sendo “uma mistura combustível

gasosa, tipicamente proveniente do gás natural e biogás, destinada ao uso veicular e

cujo componente principal é o metano, observadas as especificações estabelecidas”.

Abrange a faixa de hidrocarbonetos que vai do metano ao butano (metano como

componente principal)

A primeira descoberta de gás natural no Brasil remonta ao ano de 1947, na Bahia,

juntamente com a descoberta do óleo nesta região. Consideráveis descobertas foram

realizadas no Rio de Janeiro na década de 80, na bacia de Campos, em Urucu na selva

amazônica e na bacia de Santos. É da Bolívia que provem atualmente a maior

quantidade de gás natural utilizado no Brasil. O consumo de gás natural correspondeu

4,7% do consumo energético Brasileiro, conforme o Balanço Energético Nacional (BEN)

de 2002 alcançou a média de 27. 109 m3/dia, deste volume 9,9% correspondeu ao uso

automotivo. O gráfico 9 apresenta a produção anual de Gás Natural no Brasil no período

de 1993 à 2002. Gráfico 9 : Produção Anual de Gás Natural no Brasil

Produção de gás natural (milhões m3)

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

Fonte: ANP, 2003.

Page 76: Combustíveis

75

O Gás Natural pode ser classificado quanto à sua origem em Gás Natural Associado e

Gás Natural não-Associado. O Gás Natural Associado – encontra –se dissolvido no

petróleo bruto e é separado durante a produção do óleo. Gás Natural não-Associado – é

obtido diretamente de um reservatório contendo predominantemente gás natural (não

dissolvido no óleo)

A seguir estão relacionados os principais atos legais relacionados ao uso de GNV no

Brasil:

Portaria DENATRAN nº 60, de 26/11/2002.Esta Portaria estabelece que a inspeção de

veículos modificados para GNV (e outros veículos que sofrem alterações) poderá ser

feita por entidades públicas ou paraestatais, desde que autorizadas pelo INMETRO.

Estas entidades, portanto, poderão atestar o cumprimento da legislação de trânsito

vigente, especialmente quanto à segurança. Portaria nº 104 da Agência Nacional do Petróleo - ANP, de 08/07/2002. Estabelece a especificação do gás natural, de origem nacional ou importada, a ser

comercializado em todo o território nacional.

Resolução CONAMA 291, de 25/10/2001.Esta Resolução institui o CAGN - Certificado

Ambiental para Uso do Gás Natural em Veículos Automotivos, e regulamenta os

conjuntos de componentes do sistema de GNV, os chamados "kits", inclusive quanto aos

limites de emissões aceitáveis.

Portaria nº 101 da Agência Nacional do Petróleo - ANP, de 26/06/2001.Estabelece as

Parcelas Referenciais de Transporte para o cálculo dos preços máximos do gás natural

de produção nacional para vendas à vista às empresas concessionárias de gás

canalizado a partir de 1º de julho de 2001.

Portaria no. 32, da Agência Nacional do Petróleo - ANP, de 06/03/2001. A ANP, através desta Portaria, regulamenta o exercício da atividade varejista de Gás

Natural Veicular - GNV em posto revendedor. Entre os vinte artigos da Portaria,

destacamos o 3o. que tem as Normas e Regulamentos Técnicos que devem ser

observados, o 4o., que dá definições claras sobre os vários aspectos do gás natural e

das empresas que atuam na área, e o 11o., que assinala as entidades governamentais

que deverão ser ouvidas na construção destes postos.

Resolução CONAMA nº. 273, de 8/1/2001. O Conselho Nacional do Meio Ambiente -

CONAMA estabelece condições para a construção (e desativação) de postos

revendedores, postos de abastecimento, instalações do sistema retalhista e postos

Page 77: Combustíveis

76

flutuantes de combustíveis. Embora não mencione especificamente as instalações de

GNV (Gás Natural Veicular), várias disposições da Resolução aplicam-se a estes

equipamentos.

01/01/2001. O Decreto no. 19392 cria o Programa de Conservação de Energia para a

cidade do Rio de Janeiro, e estabelece como condição para os novos postos de

abastecimento a oferta de GNV - Gás Natural Veicular. O postos antigos são

incentivados a ter abastecimento com este combustível.

Portaria nº 243 da Agência Nacional do Petróleo - ANP, de 18/10/2000. Regulamenta

as atividades de distribuição e comercialização de gás natural comprimido (GNC) a

granel e a construção, ampliação e operação de Unidades de Compressão e

Distribuição de GNC. Revoga as Portarias DNC nº 26 de 7 de novembro de 1991 e nº

24, de 29 e setembro de 1993.

Portaria nº 108 da Agência Nacional do Petróleo - ANP, de 28/06/2000. Estabelece as Tarifas de Transporte de Referência para o cálculo dos preços máximos

do gás natural de produção nacional para vendas à vista às empresas concessionárias

de gás canalizado a partir de 1º de Julho de 2000.

Ministério de Minas e Energia / Ministério da Fazenda. Portaria número 003, de

17/02/2000.Determina que os preços máximos do gás natural de produção nacional para

venda as empresas concessionárias de gás canalizado serão calculados por fórmula.

Lei 3335, de 29/12/1999. Do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Esta lei estabelece alíquotas reduzidas (1%) para o Imposto sobre a Propriedade de

Veículos Automotores - IPVA no Estado do Rio de Janeiro, caso o veículo use gás

natural ou energia elétrica. É um incentivo interessante para o uso do GNV no Estado.

NBR13973, de 31/10/1997. Fixa condições mínimas exigíveis para o projeto, fabricação

seriada e inspeção de cilindros em plástico reforçado, com selante não-metálico, com

capacidade volumétrica em água excedendo 20L, mas não superior a 1000L, para

utilização na armazenagem de GMV, onde o gás é usado como combustível do veículo,

ou então par o transporte de gás em cilindro para o reabastecimento de postos de

recarga. É baseada em uma pressão de trabalho do gás natural de 20 MPa a 21 graus

Celsius, e uma pressão máxima de enchimento de 26 MPa.

05/07/96. Lei da Prefeitura de São Paulo, nº 12.140, obrigando as empresas prestadoras

de serviço de transporte coletivo integrantes do Sistema Municipal de Transporte

Page 78: Combustíveis

77

Coletivo a substituir seus veículos movidos a diesel, ou converter seus motores por

outros movidos a GNC.

12/01/96. Portaria no 20 do Ministério das Minas e Energia trata do exercício das

atividades, construção e operação de Postos Revendedores de Gás Natural Veicular, os

quais deverão observar as normas estabelecidas pelo antigo DNC, hoje ANP - Agência

Nacional de Petróleo, bem como as normas de segurança e as de proteção ao meio

ambiente.

12/01/96. Decreto do Presidente da República, nº 1.787, que autoriza a utilização de

GNC em veículos automotores e motores estacionários, nas regiões onde o referido

combustível for disponível, obedecidas as normas e procedimentos estabelecidos pelo

DNC.

NBR12236, de 07/02/1994. Fixa condições exigíveis para projeto básico e de

detalhamento, construção, montagem e operação de postos de abastecimento de gás

combustível comprimido para uso automotivo, com pressão máxima de operação

limitada para 25 MPa.

25/11/93. Resolução nº 775 do DENATRAN para licenciamento de veículos convertidos

para gás natural mediante apresentação do Certificado de Homologação, expedido pelo

INMETRO ou por órgão técnico por ele credenciado.

25/09/92. Portaria do Ministério de Minas e Energia (MME), nº 553, que autoriza a

utilização de GNC para fins automotivos em frotas de ônibus urbanos e interurbanos, em

táxis, em frotas cativas de empresas e de serviços públicos e em veículos de transporte

de cargas.

07/11/91. Portaria do Departamento Nacional de Combustíveis (DNC), nº 26, que

autoriza a venda de GNC em posto operado por distribuidora ou terceiros.

04/10/91. Portaria do Ministério da Infra-Estrutura (MINFRA), nº 222, que libera o uso do

GNC em táxis, desde que em volume equivalente ao usado em substituição ao diesel.

11/05/91. Portaria do Ministério da Infra-Estrutura (MINFRA), nº 107, que autoriza as

distribuidoras de combustíveis a distribuir GNC, obedecidas as normas do DNC.

28/02/89 e 15/09/89. Resoluções nº 727 e nº 735 autorizaram a utilização do Gás

Natural em frotas cativas em veículos com motores do ciclo Otto com obrigatoriedade do

certificado de homologação da conversão, expedido pelo INMETRO ou entidade por ele

credenciada, para obtenção da licença junto aos Departamentos de Trânsito.

Page 79: Combustíveis

78

08/08/86. Portaria do Ministério de Minas e Energia (MME), nº 1061, que autoriza a

utilização de GNC em substituição de óleo diesel nas frotas de ônibus, frotas cativas de

serviço público e veículos de carga.

Conversão de Veículos para o uso do GNV A utilização de Gás Natural Veicular (GNV) demonstra um grande potencial de

crescimento, em março de 2003 o percentual de participação no uso correspondia a

11,7%. O uso de gás natural para abastecimento de veículos automotivos só foi liberado

no Brasil no início da década de 90, primeiramente para frotas cativas e de empresas e

táxis e posteriormente para veículos do público em geral, desde que condições técnicas

pré-estabelecidas fossem respeitadas. Hoje a frota de veículos já alcança o número de

570 mil veículos.

Tabela 5 Total de Conversões para o uso de GNV

Ano Conversão Frota

Até 1993 1.792 1.792

1994 1.892 3.684

1995 307 3.991

1996 892 4.883

1997 4.458 9.341

1998 9.400 18.741

1999 24.410 43.151

2000 44.073 87.224

2001 197.527 284.751

2002 95.764 380.515

Março 2003 42.051 422.566

2003 192.000 572.515

2004 198.000 770.515

2005 216.000 986.515

Page 80: Combustíveis

79

A conversão de um veículo que utiliza gasolina ou álcool para uso de gás natural

obedece algumas regras básicas e critérios técnicos. Primeiramente o veículo deve ser

acrescido de um reservatório (cilindro) próprio para o acondicionamento do combustível.

Este cilindro possui condições específicas para uso do GNV, não possui pontos de

solda, e é construído a partir de chapas metálicas deformadas mecanicamente e que

prontos devem resistir a um teste hidrostático de aproximadamente 700 atm, a pressão

de armazenamento do GNV é de 200 atm. Na saída do reservatório deveremos dispor

de uma válvula de segurança e de um registro de bloqueio seguido de uma tubulação

metálica própria para suportar a pressão até o redutor.

O redutor é um dos elementos essenciais para o veículo movido a gás natural, é neste

componente que a pressão elevada existente no cilindro e na tubulação, é reduzida para

próxima a da atmosfera. Em quase todos os veículos os componentes citados estão

presentes, mas há elementos cuja presença depende do estágio tecnológico do kit

utilizado, (Geração do kit).

Primeira geração: para veículos com sistema de alimentação de combustível dotados de

carburador. Este Kit é composto por um redutor de pressão cuja finalidade é reduzir a

pressão do gás de 200 bar para a pressão atmosférica para que seja aspirado pelo

motor juntamente com o ar. A mistura do gás com o ar é feita pelo misturador, por efeito

Venturi. Este é um componente crítico nas instalações, pois se for mal dimensionado

pode comprometer a eficiência do sistema de alimentação quando o motor estiver

funcionando com o combustível original. A mudança de combustível é feita pelo usuário,

mediante uma chave seletora instalada no painel de instrumentos do veículo. Esta chave

tem a finalidade de interromper a alimentação do combustível original e acionar um

solenóide que permite a alimentação do gás natural ao motor pela tubulação de baixa

pressão. O controle da vazão do gás é feito manualmente e é fixo.

Segunda geração: a segunda geração, na verdade, não é exatamente uma evolução, e

sim uma adaptação do kit para viabilizar o seu uso em motores com sistema de injeção

eletrônica. Além dos componentes básicos (redutor de pressão, misturador, válvula

solenóide etc.) possui componentes eletrônicos com a função de bloquear o sistema de

injeção original do veículo. O módulo de gerenciamento eletrônico do sistema de injeção

envia sinais aos atuadores (bicos injetores) uma vez que estes sinais são interrompidos

quando ocorre a mudança para o gás, é necessário que um dispositivo eletrônico simule

os bicos injetores para que o módulo eletrônico não interprete isto como falha do

Page 81: Combustíveis

80

sistema. O mesmo módulo recebe informações dos sensores presentes nos sistemas de

injeção, um desses sensores é a sonda lambda, que é um sensor de oxigênio instalado

no escapamento e que fornece uma indicação da relação ar/combustível.

Quando o motor está operando com gás a relação ar combustível é diferente do

combustível original, a leitura do teor de oxigênio diferente dos parâmetros pré-

estabelecidos também é motivo para que o módulo entenda como uma irregularidade , o

que resultaria numa constante indicação de falha do sistema.

Terceira geração: representa uma evolução, já que dispõe de um sistema de controle

eletrônico da vazão do gás em malha fechada, otimizando a relação ar/combustíveis

para as condições específicas de operação do veículo, porém ainda não se trata de um

sistema de injeção eletrônica para o gás.

Quarta geração: possui um sistema de injeção do gás individual para cada cilindro do

motor com pressão positiva através de multipontos, com controle eletrônico auxiliado

pelos sensores, ou seja, é um sistema de injeção eletrônica para o gás natural, a grande

vantagem é a eliminação do misturador, assim a interferência no sistema de alimentação

original é minimizada.

Qualquer que seja o tipo de kit escolhido pelo usuário, existe a opção de inserir no

sistema um variador de avanço, que tem a função de alterar a curva do sistema de

ignição do motor, isto é, o ponto de ignição, que é o momento da emissão da centelha

na vela de ignição, é modificado para um valor mais adequado à queima do gás natural.

A relação de compressão ideal para a queima do gás (aproximadamente 14:1) é maior

do que as que são utilizadas nos motores a gasolina (9:1) ou a álcool (10:1), dessa

forma quando um motor é convertido para uso do gás natural ele opera com uma taxa

de compressão que não é ideal para o processo de combustão, assim, utiliza–se a

estratégia de alterar o ponto de ignição com o propósito de aumentar a eficiência do

processo de combustão. Além da influência do tipo de tecnologia adotada na conversão

de veículos ocorre também a influência da qualidade do serviço de instalação,

manutenção e inspeção. Sistemas de má qualidade ou instalados inadequadamente

podem gerar índices de emissões maiores que os encontrados nos veículos não

convertidos.

Conforme citado anteriormente o uso do gás natural em veículos atualmente é feito

mediante conversão de veículos originariamente a gasolina álcool ou diesel.

O usuário interessado em converter seu veículo ao uso do gás necessita solicitar ao

Page 82: Combustíveis

81

órgão executivo de trânsito (DETRANs CIRETRANs12) uma autorização para

modificação das características originais de fábrica, posteriormente deve procurar uma

das oficinas credenciadas pelo INMETRO13 para fazer a instalação do KIT de conversão

. O veículo convertido deve ser submetido a uma inspeção em um Organismo de

Inspeção Credenciado pelo INMETRO e, de posse do Certificado de Segurança Veicular

(CSV), deve providenciar junto ao órgão executivo de trânsito a alteração tipo de

combustível no CRLV14.

Atualmente o INMETRO atribuiu responsabilidade ao IPEM15 para fazer o

credenciamento de oficinas instaladoras de KIT de conversão e aos Organismos de

Inspeção Credenciados para fazer tanto a primeira inspeção como as inspeções anuais

obrigatórias nos veículos convertidos. Em outubro de 2003 tornou se obrigatório o uso

do selo de inspeção fixado no para brisa como pré-requisito para o abastecimento.

Portaria nº 104, da ANP de 8 de julho de 2002

Estabelece a especificação do gás natural, de origem nacional ou importado, a ser

comercializado em todo o território nacional.

O DIRETOR-GERAL da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO - ANP no uso de suas

atribuições legais, considerando as disposições da Lei n° 9.478, de 06 de agosto de

1997 e a Resolução de Diretoria nº 455, 03 de julho de 2002, torna público o seguinte

ato:

Art. 1º Fica estabelecida, através da presente Portaria, a especificação do gás natural,

de origem nacional ou importado, a ser comercializado em todo o território nacional,

consoante as disposições contidas no Regulamento Técnico ANP nº 3/2002, parte

integrante desta Portaria.

Art. 2º Os importadores, processadores, carregadores, transportadores e distribuidores

de gás natural que operam no País deverão observar o disposto no Regulamento

Técnico em anexo nas suas etapas de comercialização e de transporte.

Parágrafo único. A comercialização e o transporte do gás natural não especificado no

Regulamento Técnico ficam autorizados, desde que respeitadas as condições de

entrega por duto dedicado do referido produto, o acordo entre todas as partes envolvidas

12 DETRAN – Departamento de Trânsito DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito 13 INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia e Normalização 14 CRLV – Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo 15 IPEM- Instituto de Pesos e Medidas

Page 83: Combustíveis

82

e os limites de emissão de produtos de combustão estabelecidos pelo órgão ambiental

com jurisdição na área.

Art. 3º Para os fins desta Portaria, ficam estabelecidas as seguintes definições:

I. Carregador: pessoa jurídica que contrata o transportador para o serviço de transporte

de gás natural;

II. Transportador: pessoa jurídica autorizada pela ANP a operar as instalações de

transporte;

III. Processador: pessoa jurídica autorizada pela ANP a processar o gás natural;

IV. Instalações de Transporte: dutos de transporte de gás natural, suas estações de

compressão ou de redução de pressão, bem como as instalações de armazenagem

necessárias para a operação do sistema;

V. Ponto de Recepção: ponto no qual o gás natural é recebido pelo transportador do

carregador ou de quem este autorize.

VI. Ponto de Entrega: ponto no qual o gás natural é entregue pelo transportador ao

carregador ou a quem este autorize;

Art. 4º A presente Portaria aplica-se ao gás natural processado, a ser utilizado para fins

industriais, residenciais, comerciais, automotivos e de geração de energia.

Parágrafo único. O Regulamento Técnico em anexo não se aplica ao uso do gás natural

como matéria-prima em processos químicos.

Art. 5º O carregador fica obrigado a realizar as análises do gás natural nos pontos de

recepção, no intervalo máximo de 24 horas, a partir do primeiro fornecimento e

encaminhar o resultado ao transportador através de Certificado de Qualidade, o qual

deverá conter a análise de todas as características, os limites da especificação e os

métodos empregados, comprovando que o produto atende à especificação constante do

Regulamento Técnico anexo.

§ 1° O Certificado de Qualidade deverá apresentar o nome do responsável técnico, com

indicação de seu número de inscrição no órgão de classe competente.

§ 2° O carregador que deixar de efetuar a análise do gás natural deverá preencher o

Certificado de Qualidade com os dados enviados pelo produtor/importador de quem

adquiriu o produto, tornando-se responsável pela sua qualidade.

§ 3° O carregador deverá enviar à ANP, até o 15º (décimo quinto) dia do mês

subseqüente àquele a que se referirem os dados enviados, um sumário estatístico dos

Page 84: Combustíveis

83

Certificados de Qualidade, emitidos através do endereço eletrônico

[email protected], no formato de planilha eletrônica, devendo

conter:

I - codificação ANP do carregador ;

II - mês e ano de referência dos dados certificados;

III - volume total comercializado no mês;

IV - codificação ANP do ponto de recepção onde foi realizada a análise;

V - quadro de resultados em conformidade com o modelo abaixo:

CARACTERÍSTICA UNIDADE

Método

de

Ensaio

Mínimo Máximo Média

Ponderada

Desvio

Padrão

Número

de

Análises

Poder Calorífico

Superior

KJ / m3

Índice de Wobbe KJ / m3

Metano %vol

Etano %vol

Propano %vol

Butano e mais

pesados %vol

Inertes(N2+CO2) %vol

Nitrogenio %vol

Oxigênio % vol

Gás Sulfídrico mg/m3

Ponto de orvalho

de água, 1 atm (1) ºC

Nota:

(1) Valores referidos a 20° C e 101,325 kPa exceto ponto de orvalho de água.

onde:

Mínimo, Máximo – valores mínimos e máximos encontrados nas determinações

laboratoriais do mês

Média Ponderada – média ponderada pelos volumes objeto das análises realizadas no

mês

Desvio Padrão – desvio padrão da média

Número de Análises – número total de análises no mês.

Page 85: Combustíveis

84

Art. 6º O transportador fica obrigado a realizar a análise do produto e a emitir o Boletim

de Conformidade:

I – em todos os pontos de recepção após a homogeneização da mistura entre o gás

entrante e o gás passante no intervalo máximo de 24 horas a partir do primeiro

recebimento;

II - em todos os pontos de entrega com incidência de inversão de fluxo no duto de

transporte e vazão superior a 400 mil m³/d no intervalo máximo de 24 horas a partir da

primeira entrega.

§ 1º Em caso de inexistência de mistura de produtos distintos, o transportador, que

deixar de efetuar a análise, deverá preencher o Boletim de Conformidade com os dados

enviados pelo carregador, constantes no Certificado de Qualidade, tornando-se

responsável pela sua qualidade.

§ 2º O transportador deverá encaminhar ao carregador cópia do Boletim de

Conformidade, com o

nome do responsável técnico e indicação de seu número de inscrição no órgão de

classe competente, comprovando a qualidade do gás, através da apresentação dos

resultados, dos limites da especificação e dos métodos de ensaio pertinentes às

análises das seguintes características:

I - poder calorífico superior;

II- índice de Wobbe;

III - teores de metano, etano, propano, butano e mais pesados, inertes, nitrogênio e

oxigênio.

§ 3º. O transportador deverá enviar à ANP, até o 15o (décimo quinto) dia do mês

subseqüente àquele a que se referirem os dados enviados, um sumário estatístico dos

Boletins de Conformidade emitidos, através do endereço eletrônico

[email protected], no formato de planilha eletrônica,

contendo as seguintes informações:

I - codificação da ANP do transportador;

II – mês e ano de referência dos dados certificados;

III - volume total comercializado no mês;

IV - codificação ANP da instalação de análise;

V - codificação do carregador do gás natural e

VI - quadro de resultados em conformidade com o modelo abaixo:

Page 86: Combustíveis

85

CARACTERÍSTICA

(1) UNIDADE

Método

de

Ensaio

Mínimo Máximo Média

Ponderada

Desvio

Padrão

Número

de

Análises

Poder Calorífico

Superior

KJ / m3

Índice de Wobbe KJ / m3

Metano %vol

Etano %vol

Propano %vol

Butano e mais

pesados %vol

Inertes(N2+CO2) %vol

Nitrogenio %vol

Oxigênio % vol

Gás Sulfídrico mg/m3

Ponto de orvalho

de água, 1 atm (1) ºC

Nota:

(1) Valores referidos a 20° C e 101,325 kPa.

onde:

Mínimo, Máximo – valores mínimos e máximos encontrados nas determinações

laboratoriais do mês

Média Ponderada – média ponderada pelos volumes objeto das análises realizadas no

mês

Desvio Padrão – desvio padrão da média

Número de Análises – número total de análises no mês.

Art. 7º Para efeito de identificação de carregador, transportador, ponto de recepção e

instalação de análise, em atendimento ao disposto nos artigos 5º e 6º, deverão ser

utilizados os códigos que permanecerão atualizados na página da ANP no endereço

eletrônico www.anp.gov.br.

Art. 8º A ANP poderá, a qualquer tempo, inspecionar os instrumentos utilizados para a

elaboração do Certificado de Qualidade e do Boletim de Conformidade do gás natural

especificados nesta Portaria.

Art. 9º Os Certificados de Qualidade emitidos pelo carregador e os Boletins de

Conformidade emitidos pelo transportador deverão ser mantidos e disponibilizados à

Page 87: Combustíveis

86

ANP sempre que solicitados por um período mínimo de 2 (dois) meses a contar da data

de emissão.

Art. 10. O gás natural deverá ser odorizado no transporte de acordo com as exigências

previstas durante o processo de licenciamento ambiental conduzido pelo órgão

ambiental com jurisdição na área.

Art. 11. O gás natural deverá ser odorizado na distribuição de forma que seja detectável

ao olfato humano seu vazamento quando sua concentração na atmosfera atingir 20% do

limite inferior de inflamabilidade.

Parágrafo Único: A dispensa de odorização do gás natural em dutos de distribuição

dedicados cujo destino não recomende a utilização de odorante e passe somente por

área não urbanizada deve ser solicitada ao órgão estadual com jurisdição na área para

sua análise e autorização.

Art. 12. Ficam concedidos os prazos abaixo mencionados para que os agentes

mencionados no artigo 2° atendam aos limites da especificação constante do

Regulamento Técnico em anexo, período no qual poderão ainda atender às

especificações constantes das Portarias ANP n° 41 e 42, de 15 de abril de 1998:

I – 180 dias para a região nordeste e

II –90 dias para a região norte, centro-oeste, sul e sudeste.

Art. 13. Fica concedido o prazo de 90 dias a partir da publicação da presente Portaria,

para que carregadores apresentem o primeiro sumário estatístico dos Certificados de

Qualidade conforme o art. 5°.

Art. 14. Fica concedido o prazo de 180 dias para que transportadores apresentem o

primeiro sumário estatístico dos Boletins de Conformidade conforme o art.6°.

Art. 15. O não atendimento ao disposto nesta Portaria sujeita o infrator às penalidades

previstas na Lei nº 9.847 de 26 de outubro de 1999 e demais disposições aplicáveis.

Art. 16. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 17. Revogam-se a Portaria ANP n° 128, de 28 de agosto de 2001, e demais

disposições em contrário, observados os termos do art. 12 desta Portaria.

Page 88: Combustíveis

87

ANEXO - Regulamento Técnico ANP Nº 3/2002

1. Objetivo

Este Regulamento Técnico aplica-se ao gás natural, de origem nacional ou importado, a

ser comercializado em todo o território nacional, compreendendo um gás processado

combustível que consiste em uma mistura de hidrocarbonetos, principalmente metano,

etano, propano e hidrocarbonetos mais pesados em quantidades menores.

1.1 Nota explicativa

O gás natural permanece no estado gasoso sob condições de temperatura e pressão

ambientes. É produzido a partir do processamento de gás extraído de reservatório e

apresenta normalmente gases inertes, tais como nitrogênio e dióxido de carbono, bem

como traços de outros constituintes.

A etapa de processamento do gás natural permite reduzir concentrações de

componentes potencialmente corrosivos como o sulfeto de hidrogênio, dióxido de

carbono, além de outros componentes como a água e hidrocarbonetos mais pesados,

condensáveis quando do transporte e da distribuição do gás natural.

2. Sistema de Unidades

O sistema de unidades a ser empregado neste regulamento técnico é o SI de acordo

com a norma brasileira NBR 12230.

Desta forma, a unidade de energia é o J e seus múltiplos ou o kWh, a unidade de

pressão é o Pa e seus múltiplos e a unidade de temperatura o K (Kelvin) ou o °C (grau

Celsius).

A grafia a ser obedecida é a determinada pela NBR 12230.

3. Características

Os ensaios constantes dessa especificação referidos aos seus respectivos significados e

propriedades de desempenho, bem como outras definições relevantes, encontram-se

relacionados a seguir.

As condições de referência empregadas neste Regulamento Técnico são condições de

referência de temperatura e pressão equivalentes a 293,15 K e 101,325 kPa e base

seca.

3.1 Poder Calorífico

3.1.1 Poder Calorífico Superior

Quantidade de energia liberada na forma de calor, na combustão completa de uma

quantidade definida de gás com o ar, à pressão constante e com todos os produtos de

Page 89: Combustíveis

88

combustão retornando à temperatura inicial dos reagentes, sendo que a água formada

na combustão está no estado líquido.

3.1.2 Poder Calorífico Inferior

Quantidade de energia liberada na forma de calor, na combustão completa de uma

quantidade definida de gás com o ar, à pressão constante e com todos os produtos de

combustão retornando à temperatura inicial dos reagentes, sendo que todos os produtos

inclusive a água formada na combustão estão no estado gasoso.

O poder calorífico superior difere do poder calorífico inferior pela entalpia de

condensação da água.

3.1.3 Estado de Referência

Os valores de poder calorífico de referência das substâncias puras empregados neste

Regulamento Técnico foram extraídos da ISO 6976 sob condições de temperatura e

pressão equivalentes a 293,15 K, 101,325 kPa, respectivamente e base seca.

3.2 Densidade Relativa

Quociente entre a massa do gás contida em um volume arbitrário e a massa de ar seco

com composição padronizada pela ISO 6976 que deve ocupar o mesmo volume sob

condições normais de temperatura e pressão.

3.3 Índice de Wobbe

Quociente entre o poder calorífico e a raiz quadrada da densidade relativa sob as

mesmas condições de temperatura e pressão de referência.

O índice de Wobbe é uma medida da quantidade de energia disponibilizada em um

sistema de combustão através de um orifício injetor. A quantidade de energia

disponibilizada é uma função linear do índice de Wobbe.

Dois gases que apresentem composições distintas, mas com o mesmo índice de Wobbe

disponibilizarão à mesma quantidade de energia através de um orifício injetor à mesma

pressão.

3.4 Número de Metano

O número de metano indica a capacidade antidetonante do gás natural resultante de

suas características na aplicação veicular, sendo seus limites passíveis de comparação

com a octanagem da gasolina.

O poder antidetonante é a capacidade do combustível resistir na aplicação veicular, sem

detonar, aos níveis de temperatura e pressão reinantes na câmara de combustão do

motor, proporcionados pela compressão a que é submetida a mistura ar/combustível.

Page 90: Combustíveis

89

O poder antidetonante de combustíveis líquidos (gasolina) é medido através do número

de octano (MON ou RON). Os valores típicos do número de octano do gás natural

encontram-se entre 115 e 130, sendo que o metano apresenta 140.

No intuito de obter uma melhor representação do poder antidetonante dos combustíveis

gasosos, desenvolveu-se a nova escala denominada número de metano - NM que utiliza

como referências o metano puro (NM=100) e o hidrogênio (NM=0). É empregado o

procedimento disposto na ISO 15403 para o cálculo do número de metano a partir da

composição do gás.

3.5 Composição

Frações ou percentagens mássicas, volumétricas ou molares dos principais

componentes, componentes associados, traços e outros componentes determinados

pela análise do gás natural. Para gases ideais a fração volumétrica equivale à fração

molar.

O propano e os hidrocarbonetos mais pesados apresentam poder calorífico, na base

volumétrica, superior ao metano. Embora adequados aos motores de combustão, são

indesejáveis em teores elevados no uso veicular por apresentarem poder antidetonante

muito inferior ao metano, assim reduzindo o número de metano. No que se refere ao

emprego do gás natural processado em turbinas a gás e indústrias, esses componentes

acarretam problemas de qualidade de combustão.

3.6 Enxofre Total

É o somatório dos compostos de enxofre presentes no gás natural.

Alguns compostos de enxofre na presença de água ocasionam a corrosão de aços e

ligas de alumínio. O gás sulfídrico (H2S) é o componente mais crítico no que se refere à

corrosão e será tratado separadamente.

3.7 Gás Sulfídrico

Sua presença depende da origem bem como do próprio processo empregado no

tratamento do gás e pode acarretar problemas nas tubulações e nas aplicações finais do

gás natural.

O gás sulfídrico na presença de oxigênio pode causar corrosão sob tensão,

especialmente em cobre, podendo ser nocivo aos sistemas de transporte e utilização do

gás natural.

Page 91: Combustíveis

90

3.8 Ponto de Orvalho

O ponto de orvalho é a temperatura na qual ocorre a formação da primeira gota de

líquido quando o gás sofre resfriamento ou compressão. Os líquidos normalmente

encontrados são água, hidrocarbonetos ou glicol, que apresentam pontos de orvalho

distintos.

O requerimento de segurança mais importante do gás natural é a temperatura no ponto

de orvalho para evitar formação de líquido. A água no estado líquido é precursora da

formação de compostos corrosivos através da combinação de componentes do gás

natural, especificamente CO2 e H2S. A combinação de agentes corrosivos e a pressão

variável, durante o transporte de combustível, pode resultar em rachaduras

metálicas e causar obstruções nos sistemas de gás.

Os hidratos, formados quando a água livre reage com hidrocarbonetos podem obstruir

linhas de instrumentação, válvulas de controle e filtros.

3.9 Inertes

Os principais compostos inertes presentes no gás natural são o dióxido de carbono

(CO2) e o nitrogênio (N2). Sua presença em misturas gasosas reduz o poder calorífico,

além de aumentar a resistência à detonação no caso do uso veicular e, portanto, o

número de metano. A presença do dióxido de carbono se deve à técnica de extração do

gás natural ou à ocorrência natural na origem do produto. O dióxido de carbono tem

ação corrosiva quando na presença de água.

3.10 Oxigênio

Presente em baixas concentrações. Nestas condições atua como diluente do

combustível e é crítico na presença de água, mesmo em baixas concentrações,

pois pode provocar corrosão de superfícies metálicas.

3.11 Partículas sólidas

Causam problemas de contaminação, obstrução e erosão dos sistemas de alimentação

de combustível dos veículos e orifícios injetores de queimadores industriais. Quando o

gás natural é destinado a combustível de turbina, as partículas sólidas provocam erosão

nas partes em que circula o gás quente.

3.12 Partículas líquidas

Causam alterações bruscas na temperatura da chama e na carga da turbina à gás,

retorno de chama nas chamas pré-misturadas e podem nuclear a condensação de

Page 92: Combustíveis

91

frações mais pesadas do gás natural. Quando a presença de líquido é identificada no

gás natural destinado a turbinas, são empregados separadores e o

fluxo é aquecido para vaporizar a fase líquida.

4. Normas Aplicáveis

A determinação das características do produto far-se-á mediante o emprego de normas

da “ American Society for Testing and Materials” (ASTM), da “International Organization

for Standardization” (ISO) e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Os dados de incerteza, repetitividade e reprodutibilidade fornecidos nos métodos

relacionados neste regulamento, devem ser usados somente como guia para aceitação

das determinações em duplicata de ensaio e não devem ser considerados como

tolerância aplicada aos limites especificados neste Regulamento.

A análise do produto deverá ser realizada em amostra representativa do produto obtida

segundo método

ISO 10715 – Natural Gas: Sampling Guidelines.

Normas e Métodos de Ensaio :

As características incluídas no Quadro I anexo deverão ser determinadas de acordo com

a publicação mais recente dos seguintes métodos de ensaio:

4.1 Normas ABNT MÉTODO TÍTULO

NBR 12230 SI – Prescrições para sua aplicação

4.2 Normas ASTM MÉTODO TÍTULO

ASTM D 1945 Standard Test Method for Analysis of Natural Gas by Gas Chromatography

ASTM D 3588 Standard Practice for Calculating Heat Value, Compressibility Factor, and Relative

Density (Specific Gravity) of Gaseous Fuels

ASTM D 5454 Standard Test Method for Water Vapor Content of Gaseous Fuels Using

Electronic Moisture Analyzers

ASTM D 5504 Standard Test Method for Determination of Sulfur Compounds in Natural Gas and

Gaseous Fuels by Gas Chromatography and Chemiluminescence

Page 93: Combustíveis

92

4.3 Normas ISO MÉTODO TÍTULO

ISO 6326 Natural Gas – Determination of Sulfur Compounds, Parts 1 to 5

ISO 6570 Natural Gas – Determination of Potential Hydrocarbon Liquid Content, Parts 1 to 2

ISO 6974 Natural Gas – Determination of composition with defined uncertainty by gas

chromatography, Parts 1 to 5

ISO 6976 Natural Gas – Calculation of calorific values, density, relative density and Wobbe

indexfrom composition

ISO 10715 Natural Gas – Sampling Guidelines

ISO 13686 Natural Gas – Quality Designation

ISO 15403 Natural Gas – Designation of the quality of natural gas for use as a compressed

fuel forvehicles

Quadro 1 Especificação do Gás Natural (1)

LIMITE (2) MÉTODO

CARACTERÍSTICA

(1) UNIDADE

Norte Nordeste

Sul,

Sudeste,

Centro-

oeste

ASTM ISO

Poder Calorífico

Superior

KJ / m3

KWh / m3

34000 a 38400

9,47 a 10,67

35000 a 42000

9,72 a 11,67

D3588

6976

Índice de Wobbe KJ / m3 40500 a 45000 46500 a 52500 - 6976

Metano %vol 68,0 86,0 D1945 6974

Etano %vol 12,0 10,0

Propano %vol 3,0

Butano e mais

pesados %vol 1,5

Oxigênio %vol 0,8 0,5

Inertes(N2+CO2) %vol 18,0 5,0 4,0

Nitrogenio % vol Anotar 2,0

Enxofre Total , máx mg/m3 70 D5504 6326-2

6326-5

Gás Sulfídrico mg/m3 10,0 15,0 10,0 D5504 6326-2

6326-5

Ponto de orvalho

de água, 1 atm (1) ºC -39 -39 -45 D5454 -

Page 94: Combustíveis

93

Observações:

(1) O gás natural deve estar tecnicamente isento, ou seja, não deve haver traços visíveis

de partículas sólidas e partículas líquidas.

(2) Limites especificados são valores referidos a 293,15 K (20 ºC) e 101,325 kPa (1 atm)

em base seca, exceto ponto de orvalho.

(3) Os limites para a região Norte se destinam às diversas aplicações exceto veicular e

para esse uso específico devem ser atendidos os limites equivalentes à região Nordeste.

(4) O poder calorífico de referência de substância pura empregado neste Regulamento

Técnico encontra-se sob condições de temperatura e pressão equivalentes a 293,15 K,

101,325 kPa, respectivamente em base seca.

(5) O índice de Wobbe é calculado empregando o Poder Calorífico Superior em base

seca. Quando o método ASTM D 3588 for aplicado para a obtenção do Poder Calorífico

Superior, o índice de Wobbe

deverá ser determinado pela fórmula constante do Regulamento Técnico.

(6) O gás odorizado não deve apresentar teor de enxofre total superior a 70 mg/m³.

Page 95: Combustíveis

94

Diesel

O combustível utilizado nos motores ciclo Diesel é o óleo que leva o mesmo nome deste

tipo de motor. O óleo Diesel é mais viscoso que a gasolina, esta propriedade é uma

característica essencial, considerando que através da viscosidade se garante a

lubrificação adequada dos componentes do sistema de combustível que opera sob altas

pressões e se obtém a pulverização na câmara de combustão facilitando o contado das

partículas de combustível com ar no processo de combustão. O óleo Diesel está

classificado numa faixa intermediária de densidade superior ao querosene e inferior aos

lubrificantes. Este tipo de combustível contém uma quantidade de parafina que em

baixas temperaturas provocam problemas de fluidez do combustível principalmente

através dos filtros. Para contornar este tipo de problema alguns países fornecem óleo

diesel adequado para baixas temperaturas. No Brasil os fabricantes de motores

recomendam a adição de querosene ao óleo diesel, a quantidade de querosene deve

ser maior quanto menor for a temperatura. Um dos grandes inconvenientes do óleo

diesel sempre foi o teor de enxofre, porém existe um grande esforço para reduzir este

teor prioritariamente nas regiões metropolitanas, minimizando os problemas das

precipitações ácidas provocadas principalmente pelos óxidos de enxofre.

Inflamabilidade A inflamabilidade é uma característica fundamental para o óleo diesel, pois ele deve auto

inflamar-se facilmente e com grande rapidez quando entra em contato com o ar

comprimido no cilindro do motor. Como o tempo que decorre entre o início de injeção e a

inflamação da mistura (atraso de ignição) tem grande influencia no rendimento e na

suavidade de funcionamento do motor, é necessário que o óleo diesel possua um

elevado grau de inflamabilidade. A inflamabilidade depende da temperatura de

inflamação espontânea, da viscosidade e do seu calor específico. Para determinar a

inflamabilidade utiliza-se um motor padrão, que permite comparar o óleo diesel com um

combustível padrão escolhido como referência.

Page 96: Combustíveis

95

Número de Cetano É a medida da qualidade de ignição do óleo diesel, determinado através de um teste

com motor padrão de um único cilindro. É determinado em motores especiais, sendo

normalmente adotado o motor C.F.R. Diesel. Outras vezes prefere-se determinar a

qualidade de ignição indiretamente através do Índice de Cetano ou do Índice Diesel.

O número de cetano de um combustível é numericamente a percentagem em volume de

cetano em uma mistura com alfa-metil-naftaleno, a qual é equivalente em qualidade de

ignição ao combustível em questão. O cetano é um hidrocarboneto (C16H34) de ótima

qualidade de ignição, a ele é atribuído o índice 100. O alfa-metil-naftaleno e de baixa

qualidade de ignição, razão pela qual lhe é atribuído o índice 0 (zero).

Um combustível poderá, com número de cetano muito baixo, causar alguns

inconvenientes sérios, tais como, dificuldade na partida e marcha lenta irregular,

vibrações ou batidas do motor.

Na prática, o número de cetano do óleo diesel varia de 40 a 60. Os motores de alta

rotação, como os automotivos, necessitam de números de cetano mais elevados que os

motores estacionários de baixa rotação.

Uma consideração a ser feita é de que os motores diesel que trabalha em grandes

altitudes necessitam de combustível com maior número de cetano. Isto se deve ao fato

da pressão atingida no interior da câmara de combustão, não ser a mesma que a do

nível do mar, devido à menor pressão atmosférica. Sendo a pressão menor, a

temperatura atingida pela compressão é mais baixa, tomando mais difícil a ignição do

combustível.

Índice de Cetano Assim como o número de cetano, índice de cetano está ligado à qualidade de ignição. O

índice de cetano apresenta uma correlação com o número de cetano e é determinado

pelas refinarias como substituto do mesmo, pela sua praticidade. É calculado a partir da

densidade e temperatura de destilação de 50% do produto. A fórmula utilizada foi

desenvolvida pela ASTM e consta no método D976, e é representado pela expressão

abaixo:

IC = 454,74 – 1641,416D + 774,74 D2 – 0,554B + 97,803(logB)2

Onde:

Page 97: Combustíveis

96

D = densidade a 15 ºC (g/cm3)

B = temperatura da destilação de 50% do produto (ºC)

Índice Diesel O Índice Diesel é uma das maneiras de determinação da qualidade de ignição do diesel

através de ensaios mais simples como o ponto de anilina e a densidade em graus API.

A tabela 6 apresenta uma comparação entre os valores do Índice Diesel e Índice de

Cetano. O Índice Diesel é calculado pela seguinte expressão:

Tabela 6 Comparação entre o Índice Diesel e o Índice de Cetano

ÍNDICE DIESEL NÚMERO DE CETANO 20 30

30 37

40 43

50 50

60 56

70 62

80 68

90 75

Ponto de anilina É a menor temperatura em que um determinado volume de Diesel é completamente

miscível em igual volume de anilina (anilina é uma substância utilizada para fabricação

de corantes e é obtida do benzeno). A anilina tem uma ação dissolvente seletiva sobre

os hidrocarbonetos. Os aromáticos são mais solúveis que os naftênicos e parafínicos,

assim o ponto de anilina é utilizado para verificação do conteúdo parafínico do Diesel.

Pelo método ASTM D611 e ABNT MB 299 uma amostra de anilina e combustível é

colocada num tubo de vidro, agitada mecanicamente e aquecida gradualmente até a

miscibilidade completa, a mistura é resfriada anotando-se a temperatura de separação

dos elementos. O ponto de anilina então é uma indicação de temperatura.

Índice Diesel = ponto de anilina em o F x o API 100

Page 98: Combustíveis

97

Ponto de fulgor Uma propriedade básica que distingue o óleo Diesel brasileiro dos seus semelhantes

internacionais é o baixo ponto de fulgor em conseqüência da adição de naftas e outras

correntes normalmente não adicionadas ao óleo Diesel com a finalidade de estender a

produção nacional insuficientes do óleo Diesel. A favor dessas adições apresenta-se a

redução do teor de enxofre; contra a adição de naftas coloca-se a fácil inflamabilidade

do óleo Diesel brasileiro, impedindo a seleção desse combustível para as aplicações em

que a menor inflamabilidade do óleo Diesel é o ponto fundamental de segurança

(embarcações, etc.). Por isso é fornecido óleo Diesel com padrão internacional para

navios.

Viscosidade

Os líquidos escoam com velocidades diferentes. A viscosidade expressa a medida da

resistência que um líquido oferece ao escoamento. A viscosidade dos óleos

combustíveis, incluindo o óleo Diesel não pode deixar de ser considerada, pois o

combustível deve fluir na velocidade adequada pelo sistema de injeção o qual é

lubrificado pelo próprio combustível. O estabelecimento de uma viscosidade mínima

impede vazamentos e uma viscosidade máxima previne as dificuldades com as bombas

decorrentes do uso de um óleo demasiado viscoso, além disso, a viscosidade adequada

permitirá uma pulverização adequada do combustível dentro da câmara de combustão.

A viscosidade dinâmica (ou absoluta) pode ser medida em pascal segundo (Pa. s) ou

poise. Um poise equivale a 0,1 Pa.s.

Os viscosímetros usualmente dependem da força da gravidade sobre o fluido, em uma

determinada temperatura, para fazê-lo passar por um orifício. A medição por esse

método proporciona a viscosidade cinemática geralmente em Stokes (St) ou centiStokes

( cSt). A viscosidade dinâmica em centipoise (cP) é igual à viscosidade cinemática em

cSt multiplicada pela densidade em kg/dm3. Normalmente a viscosidade cinemática é

especificada para o óleo Diesel.

Ponto de Entupimento Outra propriedade controlada no óleo Diesel é o ponto de entupimento que influi

diretamente no escoamento a baixas temperaturas, assegurando a facilidade de partida

nestas condições. O ponto de entupimento representa temperatura em que o diesel

deixa de fluir através de um filtro padronizado, ou que leva mais do que 60 segundos

para passar através deste mesmo filtro.

Page 99: Combustíveis

98

Destilação

A destilação influi sobre a volatilidade e o ponto de névoa sobre a fluidez do óleo Diesel.

Ambos os fatores influem sobre a aceleração do motor, o efeito de diluição do óleo do

cárter e a partida a falo do motor. Havendo problemas de partida a frio atribuíveis ao

comportamento do óleo Diesel a baixas temperaturas, pode ser adicionado querosene

ao óleo Diesel para melhorar a partida a frio.

Teor de Cinzas É o teor de resíduos inorgânicos não combustíveis apurado após a queima de uma

amostra do produto. Essa avaliação visa garantir que os sais ou óxidos metálicos,

formados após a combustão do produto e que se apresentam como abrasivos, não

venham a causar depósitos numa quantidade que prejudique os anéis pistões e

cilindros. O ensaio é feito queimando-se uma determinada quantidade de amostra,

seguido da calcinação do resíduo com sua posterior quantificação como porcentagem de

cinzas no óleo.

Ponto de Névoa É definido como a menor temperatura em que se observa a formação de uma turvação

numa amostra do produto, indicando o início da cristalização de parafinas e outras

substâncias de comportamento semelhante que estão presentes e tendem a separar-se

do diesel, quando este é submetido a baixas temperaturas de resfriamento contínuo .

Valores de Ponto de Névoa superiores à temperatura ambiente conduzem a maiores

dificuldades de partida e a perdas de rendimento do motor devido a obstrução do

sistema pela parafina. O teste é feito submetendo-se uma determinada quantidade da

amostra a um resfriamento numa taxa específica, até que haja o aparecimento, pela

primeira vez, de uma área turva no fundo do tubo de teste.

Estabilidade Química A estabilidade de um combustível pode ser definida como a resistência deste produto a

reações químicas de degradação durante a estocagem que levam à formação de

sedimentos e/ou variação de cor.

A degradação de cor é um indicativo da formação de sedimentos, não apresentam

degradação de cor.

A ocorrência de sedimentos é sempre uma grande preocupação. Sua formação pode

acarretar problemas operacionais, tais como entupimento de filtros e desgaste dos bicos

injetores. Além disso, esses sedimentos podem servir de agentes coadjuvantes para

Page 100: Combustíveis

99

água, sujeira e ferrugem os quais podem ser encontrados no sistema de distribuição do

combustível. Juntos proporcionam ambiente conveniente para o crescimento de

microorganismos e, conseqüente, contaminação microbiológica, degradação do produto

corrosão e corrosão do sistema de combustível (tanques, filtros, bombas e injetores).

Emissões de Motores Diesel As emissões do motor Diesel são compostas de fuligem (combustão incompleta), óxidos

(óxidos, sulfato do combustível, fosfatos, nitratos do óleo), frações orgânicas solúveis

(craqueamento térmico - 70 a 90% do óleo, 10 a 30% do combustível).

As emissões podem ser reduzidas pelo uso de aditivos detergentes. Maior economia de

combustível pode ser obtida por aditivos melhoradores de número de cetano.

Sedimentos podem ser reduzidos por inibidores de oxidação e melhor fluidez e melhor

partida a frio podem ser conseguidas por aditivos melhoradores de fluxo.

Efeito da variação de qualidade sobre o desempenho do motor diesel. Destilação Densidade Viscosidade Número

de cetano

Inicial 50 % Final

Enxofre Aromáticos

Potência e economia de combustível

+ + + + -

Partida a frio - + - -

Emissão de:

Fumaça negra

- - + - - -

Fumaça branca

+

HC + + -

CO +

NOX + + - -

Partículas + - - - -

Ruídos de combustão

- + -

Depósitos nos bicos injetores

- -

(+) efeito positivo sobre o motor ou meio ambiente

( - ) efeito negativo sobre o motor ou meio ambiente

Page 101: Combustíveis

100

Requisitos Básicos para óleo diesel

Boa qualidade de ignição: partida suave com o motor frio, minimizar o tempo retardado,

aquecimento uniforme do motor e aceleração gradual.

• Apresentar teores mínimos de água, resíduos e sedimentos, proporcionando maior

vida útil aos filtros, bico injetores, câmara de combustão e áreas de exaustão.

• Não ocasionar altas taxas de corrosão e desgaste.

• Não diluir o óleo lubrificante.

• Ser de fácil nebulização.

• Mínima degradação durante o transporte, manuseio e estocagem.

• Proporcionar alto rendimento ao motor.

• Causar o mínimo impacto ambiental.

Contaminações O diesel deve ser livre de água e sedimentos para minimizar a contaminação e impedir

a proliferação de microorganismos, admitidos no tanque através do respiro de ar. Estes

microorganismos conduzem à degradação do combustível reduzindo ainda a facilidade

de separação água-diesel com o emulsionamento destas substâncias. A presença

destes microorganismos nesta emulsão produz uma massa de coloração marro ou

preta, conhecida como "borra microbiológica" que causa problemas de entupimento de

telas e filtros, além de corrosão. A água pode ser indevidamente arrastada no processo

de refino, no transporte do diesel, durante a estocagem ou no próprio tanque do veículo,

devido à condensação da umidade relativa do ar (orvalho). Desta maneira, não se deve

permitir a formação e lastro de água nos tanques de estocagem do produto, assim

como se recomenda fazer drenagens periódicas para removê-la.

A recirculação no sistema de combustível causa o estressamento térmico do diesel o

que pode formar produtos de degradação, sólidos de cor escura.

A presença de água e sedimentos em valores acima das especificações traz as

seguintes influências:

• No motor: Desgaste da bomba e bico injetor;

Entupimento do filtro;

Combustão inadequada;

Page 102: Combustíveis

101

• Nas emissões: aumento de CO e de hidrocarbonetos;

• No veículo: formação de borra e corrosão no tanque

Tipos O óleo diesel é classificado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), órgão

governamental vinculado ao Ministério de Minas e Energia que regulamenta as

características, preços e utilização dos combustíveis conforme os seguintes tipos:

• Para transporte terrestre: comum (tipo C), metropolitano (tipo D) e de referência;

• Tipo A como referência para transporte marítimo.

Esta classificação não visa somente às necessidades dos diferentes usuários.

Demonstra, também, preocupações ambientais. Por exemplo, para o caso de transporte

terrestre em grandes cidades ou no interior, dispõe-se de dois tipos de combustíveis: o

metropolitano e o comum. A diferença entre eles não está em características outras

senão o teor máximo de enxofre, 0,2% e 0,5% em massa, respectivamente. Cabe ao

Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA, como órgão normativo, a

responsabilidade de definir as regiões de utilização do diesel metropolitano, isto é,

regiões cuja qualidade do ar requer mais atenção. Atualmente estas regiões são: São

Paulo, Santos, Cubatão, Rio de Janeiro, Salvador, Aracaju, Recife, Fortaleza, Porto

Alegre, Curitiba, São José dos Campos, Campinas, Belo Horizonte e Belém.O diesel de

referência é produzido especificamente para fabricantes de motores. Através de ensaios

de consumo e emissão utilizando este produto, o IBAMA16 habilita a certificação de

novos modelos.

Quanto ao diesel, destinado a embarcações marítimas, é encontrado em três tipos:

marítimo comercial, especial para Marinha do Brasil e para uso na região Antártida.

O primeiro tipo é o produto comercial destinado às pequenas embarcações marítimas e

difere do diesel terrestre comum apenas na especificação do Ponto de Fulgor, (Ponto

de Fulgor é a temperatura em que um produto vaporiza em quantidade suficiente para

formar com o ar uma mistura explosiva, isto é, uma mistura capaz de se inflamar

momentaneamente, quando na incidência de uma centelha) que se trata de uma

16 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

Page 103: Combustíveis

102

propriedade fundamental para a segurança na utilização do óleo diesel comercial, que

impõe restrições mais severas ao seu uso no mar.

Os dois últimos tipos deste diesel são produzidos para as necessidades militares

apresentando maior rigidez, além do ponto de fulgor, quanto às características de

ignição, de volatilidade, de escoamento a baixas temperaturas, estabilidade e teor de

enxofre. Isto se deve às condições de sua utilização em embarcações militares - rapidez

e desempenho, baixas temperaturas e regiões de preservação, entre outras.

Regulamento Técnico DNC nº 02/97 e Tabelas de Especificação.Especificações do Óleo Diesel Óleos Diesel Comercial Automotivo tipos “A”, “B”, “C”, “D” e do Óleo Diesel Marítimo,

conforme Tabelas I, II, III,

Page 104: Combustíveis

103

CARACTERÍSTICAS UNID.

ESPECIFICAÇÕES (1) MÉTODOS

TIPOS A (2)

B (3) (6)

C (6)

D (6)

ABNT ASTM / IP

APARÊNCIA Aspecto

-

Límpido e isento de impurezas

visual

Visual

Cor ASTM, máx. 3,0 3,0 3,0 3,0 MB-351 D-1500 COMPOSIÇÃO Enxofre, máx.

%

m/m

1,00

0,50

0,30

0,20

MB-902

D-1552, D-2622 ou D-4294

VOLATILIDADE Destilação: 50% recuperados 85% recuperados, máx.

º C

245,0 - 310,0 370,0

245,0 - 310,0 370,0

245,0 - 310,0 360,0

245,0 - 310,0 360,0

0

NBR-9619

D-86

DENSIDADE a 20ºC/4ºC

g/cm3

0,8200 0,8800

0,8200 a 0,8800

0,8200 a 0,8800

0,8200 a 0,870

NBR-7148

D-1298 D-4052

FLUIDEZ Viscosidade a 40ºC

cSt

1,600 - 6,000

1,600 - 6,000

1,600 - 6,000

1,600 - 6,000

NBR-10441

D-445

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx.

º C

(4)

(4)

(4)

(4)

IP-309

CORROSÃO Corrosividade ao cobre (3h a 50ºC), máx.

-

2

2

2

2

MB-287

D-130

COMBUSTÃO Cinzas, máx.

%

m/m

0,020

0,020

0,020

0,020

NBR-9842

D-482

RCR, nos 10% finais da destilação, máx.

%

m/m

0,25

0,25

0,25

0,25

MB-290

D-524

Número de cetano, mín.

40,0 (5) 40,0 (5) 42,0 (5) 42,0 (5) D-613

CONTAMINANTES Água e sedimentos

% v/v

0,05

0,05

0,05

0,05

D-1796

Tabela i

Especificação para óleo diesel automotivo comercial

(1) - Todos os limites especificados são valores absolutos de acordo com a Norma ASTM

E-29.

(2) - Comercializado no País, exceto nas Capitais citadas na TABELA IV e deixará de ser

comercializado a partir de janeiro de 1998, sendo substituído pelo óleo diesel tipo "B".

Page 105: Combustíveis

104

(3) - Óleo diesel comercializado nas regiões metropolitanas das capitais constantes da

TABELA IV, até outubro de 1997. A partir de janeiro de 1998, será comercializado em todo

o Brasil, fora das regiões metropolitanas citadas.

(4) - Conforme TABELA II.

(5) - Fica permitido, alternativamente ao ensaio de número de cetano, a utilização do índice

de cetano calculado pelo método ASTM D-4737, com valor mínimo de 45,0. Em caso de

desacordo de resultados prevalecerá o valor do número de cetano.

(6) - Será comercializado nas regiões metropolitanas, de acordo com o Programa de

Melhoria de Qualidade do Óleo Diesel.

UNIDADES DA

FEDERAÇÃO

JAN. FEV. MAR.

DEZ.

ABR. OUT. NOV. MAI. JUN. JUL.

AGO. SET.

DF - GO - MG - ES - RJ 13 11 7

SP - MT - MS 12 9 5

PR - SC - RS 11 8 2

Tabela ii

Ponto de Entupimento de filtros a frio (ºc, valores máximos).

Page 106: Combustíveis

105

Tabela iii

Especificação para o óleo diesel marítimo

(1) - Todos os limites especificados são valores absolutos de acordo com a Norma ASTM

E-29.

(2) - Conforme TABELA II.

(3) - Fica permitido, alternativamente ao ensaio de número de cetano, a utilização do índice

de cetano calculado pelo método ASTM D-4737, com valor mínimo de 45,0. Em caso de

desacordo de resultados prevalecerá o valor do úmero de cetano.

CARACTERÍSTICAS UNIDADE ESPECIFICAÇÕES MÉTODOS (1) ABNT ASTM / IP

APARÊNCIA

Aspecto

Límpido e isento de

impurezas

visual

Visual

Cor ASTM, máx. 3,0 MB-351 D-1500

COMPOSIÇÃO

Enxofre, máx.

% m/m

1,00

MB-902

D-1552, D-2622

ou

D-4294

VOLATILIDADE

Destilação:

50% recuperados

85% recuperados, máx.

Ponto de fulgor, mín.

Densidade a 20ºC/4ºC

º C

º C

245,0 – 310,0

370,0

60,0

0,8200 a 0,8800

NBR-9619

MB-48

NBR-7148

D-86

D-93 ou D-56

D-1298 ou D-4052

FLUIDEZ

Viscosidade a 40º C

cSt

1,600 - 6,000

NBR-10441

D-445

Ponto de entupimento

de filtro a frio, máx.

ºC

(2)

IP-309

CORROSÃO

Corrosividade ao cobre

(3 h a 50º C), máx.

2

MB-287

D-130

COMBUSTÃO

Cinzas, máx

% m/m

0,020

NBR-9842

D-482

RCR, nos 10% finais.

Da destilação, máx

% m/m

0,25

MB-290

D-524

Número de cetano, mín. 40,0 (3) D-613

CONTAMINANTES

Água e sedimentos

% v/v

0,05

D-1796

Page 107: Combustíveis

106

Tabela iv

Cronograma de implantação do programa de melhoria do óleo diesel

Biodiesel As fontes renováveis de energia têm se apresentado como uma opção racional para a

diversificação da matriz energética mundial. Experiências bem-sucedidas e pesquisas

tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento envolvendo

biocombustíveis têm indicado a viabilidade técnica e econômica do seu uso. A

TIPOS DE ATUAL OUT/1997 JAN/1998 JAN/2000

ÓLEO DIESEL D

São Paulo, Santos,

Cubatão, Rio de

Janeiro, Salvador,

Aracaju, Recife e

Fortaleza.

Nas anteriores e

Porto Alegre,

Curitiba, São

José dos

Campos,

Campinas, Belo

Horizonte e

Belém.

ÓLEO DIESEL C

São Paulo,

Santos,

Cubatão,

Salvador e

Aracaju.

Nas anteriores e

Porto Alegre,

Curitiba, São

José dos

Campos,

Campinas, Rio

de Janeiro, Belo

Horizonte,

Recife,

Fortaleza e

Belém.

Porto Alegre,

Curitiba, São José

dos Campos,

Campinas, Belo

Horizonte e Belém.

ÓLEO DIESEL B

Porto Alegre,

Curitiba, Rio de

Janeiro, Belo

Horizonte,

Recife e

Fortaleza.

Demais regiões

Demais regiões

ÓLEO DIESEL A

Demais regiões

Demais regiões

Extinto

Extinto

Page 108: Combustíveis

107

transesterificação dos óleos vegetais para obtenção de ésteres de ácidos graxos

conhecidos como biodiesel tem sido explorada com diversidade de opções de matérias-

primas (tais como óleo de mamona, dendê, soja e outros) e processos (via química e

enzimática).

Os biocombustíveis, uma vez inseridos na matriz energética mundial, podem contribuir

para a redução de emissão de poluentes na atmosfera, para a retenção do carbono

devido ao crescimento do cultivo das espécies vegetais necessárias à sua produção,

bem como para redução da dependência dos combustíveis fósseis.

Além dos ganhos ambientais devem ser considerados os efeitos socioeconômicos

decorrentes do desenvolvimento do agronegócio e demais setores da cadeia produtiva

dos biocombustíveis. O Brasil conta com a experiência pioneira no uso do álcool como

combustível em motores veiculares, e após a tentativa de difundir o uso do biodiesel na

década de 70, ressurge a proposta de se produzir o biodiesel a partir de plantas

oleaginosas.

Portaria nº 255 de 15.9.2003 da.Agencia Nacional do Petróleo (ANP). Especificações para o Biodiesel

O DIRETOR-GERAL da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO - ANP, no uso de suas

atribuições, com base nas disposições da Lei n° 9.478, de 6 de agosto de 1997 e na

Resolução de Diretoria nº 447, de 2 de setembro de 2003 e

Considerando que o biodiesel é um combustível renovável produzido a partir de óleos de

origem vegetal ou animal e álcool, a ser utilizado em mesclas com óleo diesel;

Considerando que diversas instituições e empresas brasileiras desenvolvem pesquisas

sobre biodiesel;

Considerando o interesse para o País em buscar sucedâneos para o óleo diesel;

Considerando a necessidade de estabelecer futuramente as normas e especificações

para comercialização do biodiesel, visando proteger os consumidores e o meio

ambiente;

Considerando a necessidade de evitar conflitos entre agentes que produzem e fornecem

o combustível e fabricantes de equipamentos que o utilizam; resolve:

Page 109: Combustíveis

108

Art. 1º Fica estabelecida, através da presente Portaria, a especificação do biodiesel

puro a ser adicionado ao óleo diesel automotivo para testes em frotas cativas ou para

uso em processo industrial específico nos termos da Portaria ANP nº 240, de 25 de

agosto de 2003.

§ 1º Para fins desta portaria, frota cativa corresponde a um conjunto limitado de veículos

operados por empresa, cuja finalidade é a realização de testes com biodiesel.

§ 2º A proporção do biodiesel a ser adicionado ao óleo diesel automotivo será de no

máximo 20 % em volume.

Art. 2º Para os efeitos desta Portaria, o biodiesel é definido como um combustível

composto de mono-alquilésteres de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de óleos

vegetais ou de gorduras animais e designado B100, conforme a especificação contida

no Regulamento Técnico ANP nº 2/2003, parte integrante desta Portaria.

Art. 3º Os produtores de biodiesel ficam obrigados a realizar as análises do produto por

batelada fornecida e a encaminhar o resultado ao responsável pelos testes em frotas

cativas através de Certificado de Qualidade, o qual deverá conter a análise de todas as

características, os limites da especificação e os métodos empregados, comprovando

que o produto atende à especificação constante do Regulamento Técnico anexo.

Art. 4º Os produtores de biodiesel deverão manter sob sua guarda, pelo prazo mínimo

de 06 (seis) meses a contar da data da comercialização do produto, uma amostra

testemunha do produto fornecido para teste, armazenado em embalagem cor âmbar de

1 (um) litro de capacidade, fechada com batoque e tampa inviolável, mantida em

temperatura igual ou inferior a 18 C e acompanhada de Certificado de Qualidade.

§ 1º O Certificado de Qualidade do produto fornecido para testes deverá ser assinado

pelo químico responsável pelas análises laboratoriais efetivadas, com indicação legível

de seu nome e número da inscrição no órgão de classe.

§ 2º Durante o prazo assinalado no caput deste artigo a amostra-testemunha e o

respectivo Certificado de Qualidade deverão ficar à disposição da ANP para qualquer

verificação julgada necessária.

§ 3º Uma segunda amostra-testemunha, deverá ser encaminhada ao CEPAT - Centro de

Pesquisas e Análises Tecnológicas da ANP, acompanhada do respectivo Certificado de

Qualidade.

Page 110: Combustíveis

109

Art. 5° O não atendimento ao disposto nesta Portaria sujeita o infrator às penalidades

previstas na Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, e no Decreto nº 2.953, de 28 de

janeiro de 1999.

Art. 6° Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7° Ficam revogadas as disposições em contrário.

ANEXO

Regulamento Técnico da ANP Nº 2/2003

1. Objetivo

Este Regulamento Técnico aplica-se ao biodiesel - B100, de origem nacional ou

importada a ser comercializado em território nacional para uso automotivo em testes em

frotas cativas ou processo industrial específico, adicionado na proporção de até 20% em

volume ao óleo diesel especificado segundo a Portaria ANP em vigor.

2. Normas Aplicáveis

A determinação das características do biodiesel será feita mediante o emprego das

normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), das normas

internacionais "American Society for Testing and Materials" (ASTM), da "International

Organization for Standardization" (ISO) e do "Comité Européen de Normalisation" (CEN).

Os dados de incerteza, repetitividade e reprodutibilidade fornecidos nos métodos

relacionados neste Regulamento devem ser usados somente como guia para aceitação

das determinações em duplicata do ensaio e não devem ser considerados como

tolerância aplicada aos limites especificados neste Regulamento.

A análise do produto deverá ser realizada em uma amostra representativa do mesmo

obtida segundo métodos ABNT NBR 14883 - Petróleo e produtos de petróleo -

Amostragem Manual ou ASTM D 4057 - Prática para Amostragem de Petróleo e

Produtos Líquidos de Petróleo (Practice for Manual Sampling of Petroleum and

Petroleum Products).

As características constantes da Tabela de Especificação deverão ser determinadas de

acordo com a publicação mais recente dos seguintes métodos de ensaio:

Page 111: Combustíveis

110

MÉTODOS CARACTERÍSTICAS

UNIDADES

LIMITES ABNT NBR ASTM D ISO

Ponto de fulgor, mín. °C

100,0

14598

-

93

-

-

ISO/CD 3679

Água e sedimentos, máx. % volume 0,050 - 2709 -

Viscosidade a 40°C, mm2/s Anotar

(1)

10441 445 EN ISO 3104

Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,020 9842 874 ISO 3987

Enxofre total, máx. % massa 0,001 -

-

5453

-

-

EN ISO 14596

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 °C, máx.

-

1

14359

130

EN ISO 2160

Número de Cetano, mín.

-

45

-

613

EN ISO 5165

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx.

°C (2) 14747 6371 -

Resíduo de carbono, máx. % massa

0,05

-

-

4530,

189

EN ISO 10370,

-

Índice de acidez, máx. mg KOH/g 0,80 14448

-

664

-

-

pr EN 14104

Glicerina livre, máx. %massa 0,02

-

-

-

6584

-

-

-

pr EN 14105

pr EN 14106

Glicerina total, máx. %massa 0,38

-

-

6584

-

-

pr EN 14105

Aspecto

- LII (3) - - -

Destilação;

95% vol. recuperado, máx.

°C 360 (4) - 1160 -

Massa específica a 20ºC kg/m3 Anotar

(5)

7148,

14065

1298,

4052

-

-

Metanol ou Etanol, máx. % massa 0,5 - - pr EN 14110

Page 112: Combustíveis

111

Índice de iodo, máx. % massa Anotar -

-

pr EN 14111

Monoglicerídeos, máx.

% massa 1,00 -

-

6584

-

-

pr EN 14105

Diglicerídeos, máx.

% massa

0,25

-

-

6584

-

-

pr EN 14105

Triglicerídeos, máx.

% massa 0,25 -

-

6584

-

-

pr EN 14105

Sódio + Potássio, máx mg/kg

10

-

-

-

-

pr EN 14108

pr EN 14109

Fósforo, máx. mg/kg 10 - 4951 pr EN 14107

Estabilidade à oxidação a 110°C, mín

h 6 - - pr EN 14112

Tabela I: Especificação Preliminar do Biodiesel B100

Nota:

(1) A mistura biodiesel-óleo diesel utilizada deverá obedecer aos limites estabelecidos

para Viscosidade a 40 ºC constantes da Portaria ANP que especifica óleo diesel

automotivo, em vigor.

(2) A mistura biodiesel-óleo diesel utilizada deverá obedecer aos limites estabelecidos

para Ponto de entupimento de filtro a frio constantes da Portaria ANP que especifica

óleo diesel automotivo, em vigor.

(3) LII - Límpido e isento de impurezas

(4) Temperatura equivalente na pressão atmosférica.

(5) A mistura biodiesel-óleo diesel utilizada deverá obedecer aos limites estabelecidos

para Massa específica a 20ºC constantes da portaria ANP que especifica óleo diesel

automotivo, em vigor.

Page 113: Combustíveis

112

Gasolina x Álcool

Tabela 7 Principais Propriedades do Álcool e da Gasolina

Álcool Hidratado Gasolina E22

Densidade kg/l 0,81 0,74

5970 9400

Kcal/kg

PCI

Kcal/kg 4836 6956

TAI ºC 420 400

Ponto de Ebulição ºC 78 40 a 220

106

RON

Nº de Octano

MON 87 80

A conversão de motores a gasolina para utilizar álcool hidratado como combustível tem

sido muito freqüente. Muitas vezes o usuário não conhece as implicações deste tipo de

transformação. Além dos aspectos técnicos a ser considerados, devemos lembrar que

nos casos de alteração do tipo de combustível o veículo deve ser submetido a uma

inspeção em Organismo credenciado pelo INMETRO para que o proprietário, de posse

do Certificado de Segurança Veicular CSV, possa providenciar a alteração do Certificado

de Registro e Licenciamento do Veículo CRLV. A seguir faremos uma análise

comparativa entre as principais propriedades desses dois combustíveis e dessa forma

teremos uma noção mais clara das conseqüências deste tipo de conversão.

Page 114: Combustíveis

113

A Gasolina

A gasolina não é uma substância pura, é uma mistura de centenas de hidrocarbonetos

que têm entre 3 a 12 carbonos, proveniente de uma faixa da destilação do petróleo. Há

componentes mais leves e mais pesados na gasolina. Com o tempo, os mais leves se

evaporam deixando apenas os mais pesados. Por isso se diz que a gasolina "ficou

envelhecida". Em aproximadamente 2 meses, a gasolina tem a sua composição

alterada de forma significativa devido a evaporação dos componentes leves, restando os

hidrocarbonetos mais pesados, que possuem menor índice de octano. Dessa forma é

comum a gasolina envelhecida provocar detonação. Normalmente, quanto maior o

número de carbonos na cadeia (molécula mais pesada), menor é o índice de octano.

Isso explica porque a adição de óleo diesel, querosene e outros solventes à gasolina

pode também provocar a detonação. Esses componentes mais pesados também têm

uma vaporização mais difícil. Quando expostos ao calor em estado líquido, vão se

degradando e formam a conhecida "borra" de gasolina. No Brasil os motores a gasolina

são projetados para trabalhar com um mistura de gasolina e álcool. A quantidade de

álcool é determinada pelo órgão regulador do governo, a Agencia Nacional do petróleo,

e nos últimos anos tem variado entre 22 e 25 %. Um dos principais motivos para o uso

desta mistura é a redução das emissões de poluentes.

O Álcool O álcool, ao contrário da gasolina, é uma substância pura (etanol), embora seja

encontrado nos postos como sendo uma mistura de 95% de etanol e 5% de água, em

volume. É uma molécula cuja fórmula é C2H5OH. Por ter oxigênio na composição, a

molécula ganha uma polaridade que faz com que o álcool seja líquido à temperatura

ambiente (o etano, C2H6 é um gás) pela maior coesão entre as moléculas. É um

combustível que deixa uma quantidade mínima de resíduos (borras), é considerado mais

"limpo" que a gasolina, ao contrário do que se pensava nos primeiros anos do Proálcool.

Tem a desvantagem de ser mais corrosivo no estado líquido que a gasolina, o que

demanda um tratamento anticorrosivo nos metais que têm contato com o álcool em sua

fase líquida, normalmente através de um revestimento com um metal que não reaja com

ele, como por exemplo, o níquel.

Page 115: Combustíveis

114

Diferenças entre os combustíveis Poder calorífico (capacidade de gerar energia)

O álcool, por conter oxigênio na molécula, tem um poder calorífico menor que o da

gasolina, uma vez que o oxigênio (34,7% do peso molecular do etanol é oxigênio)

aumenta o peso molecular, mas não produz energia. Isto explica o maior consumo de

combustível de um motor a álcool em relação ao mesmo motor a gasolina. O álcool

hidratado (95%) produz a energia de 20,05 MJ/litro, enquanto a gasolina (com 22% de

álcool) produz 27,57 MJ/l. Nota-se que a gasolina produz 37,5% mais energia do que o

álcool.

Proporção estequiométrica O álcool tem proporção estequiométrica de 8,4: 1 (8,4 partes de ar para cada parte de

álcool) em massa, enquanto a gasolina tem 13,5:1. Para a mesma massa de ar, é

utilizado 60% a mais de massa de álcool. Em volume, é necessário 43% a mais de

álcool do que de gasolina. Por isso os bicos injetores dos motores a álcool permitem

maior. Um fato interessante que decorre disto é a seguinte: apesar de a gasolina

fornecer a mais 37,5% de energia, o fato de ser necessário 43% a mais de álcool para a

mistura faz com que um motor ganhe em torno de 5% de torque e potência quando

passa a queimar álcool.

Octanagem O álcool tem maior poder antidetonante do que a gasolina. Enquanto a gasolina comum

tem 85 octano, o álcool tem o equivalente a 110 octano. Isto significa que ele consegue

suportar maior compressão sem detonar. Isto faz com que um motor a álcool possa ter

uma taxa de compressão maior do que um motor a gasolina. Enquanto as taxas para

gasolina variam entre 9 e 10,5:1, as taxas para álcool ficam entre 12 e 13,5:1. Como o

rendimento térmico do motor aumenta conforme aumenta sua taxa de compressão, os

motores a álcool tendem a ter um rendimento térmico maior do que um motor a gasolina,

compensando parte do menor poder calorífico. Outra característica que diferencia o

álcool da gasolina é a velocidade da propagação da chama do álcool que é menor

exigindo maiores avanços de ignição.

Calor de vaporização O álcool tem um calor de vaporização de 0,744 MJ/l, enquanto a gasolina tem 0,325MJ/l.

Isto quer dizer que o álcool necessita de mais do que o dobro de energia para se

vaporizar. Quando o álcool se vaporiza a temperatura do coletor diminui bastante e com

Page 116: Combustíveis

115

a temperatura coletor é diminuída, a vaporização se torna mais difícil. Assim o álcool se

desloca no estado líquido dentro do coletor provocando falta de combustível na mistura.

Para evitar essa ocorrência o coletor de admissão dos motores a álcool é aquecido pelo

líquido de arrefecimento. Este aquecimento é muito mais necessário em um motor a

álcool, pela sua maior demanda de energia para vaporizar-se.

Ponto de fulgor Uma explosão é uma reação em cadeia. Quando uma molécula de combustível reage

com o oxigênio presente no ar, essa reação libera energia, que faz com que a molécula

vizinha também reaja. O ponto de fulgor é a temperatura a partir da qual pode haver

uma quantidade suficiente de combustível vaporizado a ponto de gerar uma reação em

cadeia. O ponto de fulgor do álcool é 13ºC. Isto significa que não é possível haver

combustão do álcool abaixo desta temperatura. Isto explica por que

é necessário usar gasolina para a partida a frio em motores a álcool em temperaturas

baixas. O ponto de fulgor da gasolina pura é de aproximadamente -40ºC.

Estas duas propriedades acima decorrem do oxigênio presente na molécula do álcool,

que a polariza. Isto faz com que a força de coesão entre as moléculas seja maior do que

as da gasolina, que se mantém líquida pelo maior peso de suas moléculas, apolares em

sua grande maioria. A menor atração molecular da gasolina é que faz com que esta

tenha menor calor de vaporização e ponto de fulgor.

Page 117: Combustíveis

116

AdulteraçõesOs preços dos combustíveis se encontram liberados atualmente. Do ponto de vista

econômico o consumidor pode se beneficiar, pois a livre concorrência geralmente

provoca redução dos preços, porém nessa “guerra de preços” infelizmente ocorrem

práticas ilícitas de adulteração dos combustíveis. Essa adulteração, no caso da gasolina,

geralmente é feita com solventes, água e excesso de álcool.

Os primeiros sintomas dessa mistura aparecem pouco após o abastecimento,

repentinamente o motor passa a ter um comportamento estranho, começa a "bater pino",

engasgar, a marcha lenta fica irregular além da dificuldade de partida.

O uso freqüente de gasolina adulterada pode trazer sérias conseqüências ao motor. O

solvente misturado à gasolina começa a atacar os componentes do sistema de

alimentação. Esses produtos químicos corroem mangueiras, plásticos e deixa seus

resíduos no circuito de alimentação. Após alguns meses, o solvente danifica a bomba de

combustível (mecânica ou elétrica), obstrui filtros e bicos injetores.

Das fraudes já conhecidas a mistura de solvente à gasolina é uma das mais nocivas

para o motor. Mas essa não é a única forma de adulteração, há casos em que se

encontram até 35% de álcool anidro na gasolina.

Quando uma gasolina é contaminada com diesel ocorre uma perda de octanagem e um

grande aumento na tendência de formação de depósitos no sistema de admissão. Como

a octanagem do Diesel é negativa, resulta que pequenas quantidades desse produto

provocam sensível diminuição da octanagem da gasolina.

No caso de motores ciclo Otto a quatro tempos ocorrerá diluição do óleo do cárter

(reduzindo a viscosidade e aumentando o nível do óleo lubrificante) devido às frações

pesadas do diesel que, condensando na parede do cilindro, escoam para o cárter. O

resultado é desgaste acentuado do motor, devido à deficiência de lubrificação. No caso

de motores Otto a dois tempos (motocicletas e motores pequenos), a formação de

gomas nos rolamentos irá fazer com que a sua vida seja diminuída, podendo ocorrer

inclusive ocorrer engripamentos.

Page 118: Combustíveis

117

Sintomas de gasolina adulterada

Motor começa a falhar de repente,

Marcha lenta se altera e fica irregular,

Partidas se tornam mais difíceis,

Motor dá sinais de pré-ingnição ("batida de pino"),

Escapamento elimina muita água com o motor frio.

Motor "engasga" ou chega parar,

• Potência e torque se reduzem gradativamente,

• Desempenho e rendimento diminuem,

• Acelerações se tomam cada vez mais lentas,

• Emissões de poluentes aumentam,

• Consumo passa a ser maior.

Os problemas se agravam com o tempo:

• Borrachas do sistema de alimentação se decompõem,

• Resíduos no combustível provocam entupimentos generalizados,

• Depósitos de carvão aumentam nas válvulas e velas,

• Óleo do cárter vai perdendo o poder lubrificante,

• Desgaste de partes móveis do motor é acelerado.

Serviços recomendáveis

• Escoamento do combustível adulterado e limpeza do tanque,

• Troca das mangueiras e conexões do sistema de alimentação,

• Limpeza do sistema de combustível,

• Substituição de todos os filtros de combustível,

• Teste de vazão da bomba mecânica ou elétrica de combustível,

• Teste ou da válvula reguladora de pressão.

Cuidados ao abastecer

Geralmente as marcas conhecidas são mais confiáveis, principalmente os que possuem

sistema de controle de qualidade.A gasolina aditivada é uma boa opção, pois contém

detergentes que dificultam a formação de depósitos. Se a economia for imprescindível,

aumente o rigor ao escolher o posto. Evite aqueles que anunciam gasolina comum a

preços muito baixos, pois o risco do combustível estar adulterado é maior. O preço é um

Page 119: Combustíveis

118

bom referencial da qualidade do combustível. Uma boa opção é escolher o posto que

oferece o preço médio. Fique atento aos postos que possuam programa de qualidade

assegurada pela marca. Pergunte ao gerente se o posto está equipado com lacre

eletrônico nos reservatórios e depois se certifique que ele realmente existe.

Atualmente, esses dispositivos estão presentes nos tanques de alguns poucos postos

das redes Shell, BR, Esso e lpiranga, concentrados principalmente em São Paulo e no

Rio de Janeiro, onde estão os maiores mercados. O grande problema para o

consumidor é que na maioria desses postos não há referências diretas ao lacre

eletrônico. Portanto, fica difícil descobrir se o posto realmente tem o dispositivo. A

adoção do sistema pelos donos desses estabelecimentos não é obrigatória, o que

exige das distribuidoras um árduo trabalho de conscientização e convencimento.

No caso do carro a álcool, antes de abastecer, verifique a qualidade do álcool no

densímetro, instrumento geralmente localizado ao lado da bomba. Ele é obrigatório e

fica exposto ao público em local bem visível. Em caso de dúvida, leia as instruções

gravadas no aparelho.

Em resumo, a escolha do posto deve ser feita observando os seguintes itens:

• Procure ir sempre ao mesmo posto, já previamente definido, pois se o

combustível for adulterado ficará fácil identificar a procedência.

• Desconfie dos postos com preços baixos ou longos prazos para pagamento, pois

podem estar vendendo combustíveis adulterados.

• Escolha o posto cujos preços sejam uma média entre o mais baixo e os mais

alto praticados pelos demais.

• Se possível, use sempre a gasolina aditivada. Em alguns postos, esse

combustível tem preço bem próximo ao da gasolina comum.

• Coloque pouco combustível de cada vez. Se estiver contaminado, você poderá

diluí-lo com gasolina de melhor qualidade em outro posto.

• Procure por faixas e selos de qualidade nas bombas e veja se o posto faz parte

do programa de qualidade de combustível da distribuidora.

• Observe também nas bombas, faixas ou cartazes se há selos que confirmem a

existência de lacres eletrônicos nos reservatórios.

• Fique atento ao rendimento do veículo após abastecer.

Page 120: Combustíveis

119

• Se desconfiar do combustível, volte e peça ao gerente do posto para fazer um

teste do produto. É um direito do consumidor.

• Em caso de suspeita de irregularidade acione a distribuidora da marca ou um dos

órgãos encarregados pela fiscalização.

É recomendado aos postos de combustíveis e empresas que possuam reservatórios

próprios que realizem alguns testes. A medição da densidade, avaliação do aspecto e

teor de álcool anidro na gasolina são testes relativamente simples, porém é bom

lembrar que alguns tipos de adulterações não podem ser detectados por estes testes.

Portaria 248 da ANP, 31 de outubro de 2000

Estabelece o Regulamento Técnico ANP nº 3/2000 que trata do controle da qualidade do

combustível automotivo líquido adquirido pelo Revendedor Varejista para

comercialização.

O DIRETOR-GERAL da AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO - ANP, no uso de suas

atribuições, considerando o disposto no inciso I, art. 8º da Lei nº 9.478, de 06 de agosto

de 1997 e tendo em vista a Resolução de Diretoria n( 666, de 31 de outubro de 2000,

torna público o seguinte ato:

Art. 1º. Fica aprovado, através da presente Portaria, o Regulamento Técnico em anexo

que trata do controle da qualidade do combustível automotivo líquido adquirido pelo

Revendedor Varejista para comercialização.

Art. 2º. O Revendedor Varejista somente poderá receber no Posto Revendedor

combustível automotivo líquido de caminhão-tanque cujos compartimentos estejam com

os respectivos bocais de entrada e saída lacrados pelo Distribuidor ou pela ANP.

Art. 3º. O Revendedor Varejista fica obrigado a coletar amostra de cada compartimento

do caminhão-tanque que contenha o combustível a ser recebido e efetuar as análises

descritas no Regulamento Técnico em anexo, ressalvado o disposto no art. 4º desta

Portaria.

Page 121: Combustíveis

120

§ 1º. Os resultados das análises de qualidade serão reportados em formulário

denominado “Registro das Análises de Qualidade” cujo modelo consta do Regulamento

Técnico aprovado pela presente Portaria.

§ 2º. Os Registros das Análises de Qualidade correspondentes aos combustíveis

recebidos nos últimos 6 (seis) meses deverão ser mantidos nas dependências do Posto

Revendedor.

§ 3º. O Revendedor Varejista fica obrigado a recusar o recebimento do produto caso

apure qualquer não conformidade nas análises referidas no caput deste artigo, devendo

comunicar o fato à ANP através de carta, fac-simile ou correspondência eletrônica, no

prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, considerado-se somente os dias úteis.

Art. 4º. O Revendedor Varejista poderá não efetuar as análises citadas no art. 3º desta

Portaria, desde que preencha o Registro das Análises de Qualidade com os dados

enviados pelo Distribuidor de quem adquiriu o produto, tornando-se responsável pelo

mesmo.

Art. 5º. O Revendedor Varejista fica obrigado a manter o Boletim de Conformidade de

que trata a Portaria nº 197, de 28 de dezembro de 1999, ou legislação que venha a

substituí-la, expedido pelo distribuidor do qual adquiriu a gasolina, referentes aos 5

(cinco) últimos carregamentos de gasolina recebidos.

Art. 6º. O Revendedor Varejista fica obrigado a coletar no ato do recebimento 1 (uma)

amostra-testemunha com volume de 1l (um litro) de cada compartimento do caminhão-

tanque que contenha o combustível a ser recebido, mantendo em seu poder aquelas

referentes aos 2 (dois) últimos carregamentos de cada produto.

Parágrafo único. Os procedimentos de coleta, acondicionamento, etiquetagem e

armazenamento das amostras serão realizados de acordo com o disposto no

Regulamento Técnico aprovado pela presente Portaria, obedecendo-se as regras de

segurança emanadas dos órgãos competentes.

Art. 7º. As amostras-testemunhas, os Boletins de Conformidade e os Registros das

Análises de Qualidade deverão ficar à disposição da ANP para qualquer verificação que

julgue necessária.

Page 122: Combustíveis

121

Art. 8º. O Revendedor Varejista fica obrigado a realizar as análises mencionadas no

Item 2 do Regulamento Técnico aprovado pela presente Portaria sempre que solicitado

pelo consumidor.

Art. 9º. O Revendedor Varejista que tiver equipamento medidor interditado em razão de

produto que esteja em desacordo com as especificações ou com vícios de qualidade,

terá o mesmo lacrado e identificado pela ANP através de faixa contendo os dizeres

“INTERDITADO PELA AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO”, que deverá permanecer

até a desinterdição do equipamento.

Art. 10. A desinterdição do equipamento através de rompimento do lacre e a retirada da

faixa referidos no artigo anterior somente poderão ser efetuadas por representante da

ANP, mediante o atendimento dos seguintes requisitos:

I - comprovação junto a ANP, através de cópia da Nota Fiscal de Devolução, de que o

produto em desacordo com as especificações foi encaminhado à Distribuidora;

II - solicitação de desinterdição, informando já estar de posse de novo produto em

substituição àquele que se encontrava em desacordo com as especificações.

Art. 11. Ao verificar a existência de produto que esteja em desacordo com as

especificações, a ANP entregará ao Revendedor Varejista uma amostra de contraprova.

Parágrafo único. O rompimento do lacre e as análises laboratoriais que porventura o

Revendedor Varejista queira efetuar na amostra contraprova deverão ser presenciados

por representante da ANP.

Art. 12. O Revendedor Varejista deverá atender ao disposto nos artigos 3º ou 4º e 6º

desta Portaria à partir do 30º (trigésimo) dia contados da data de sua publicação.

Art. 13. O não atendimento às disposições desta Portaria sujeita o infrator às

penalidades previstas na Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, e em legislação

complementar.

Art. 14. Fica revogada a Portaria DNC nº 42, de 17 de novembro de 1994, e demais

disposições em contrário.

Art. 15. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Page 123: Combustíveis

122

Regulamento Técnico ANP Nº 3/2000

1. As amostras-testemunhas deverão ser coletadas em frascos de vidro escuro ou de

PET -Polietileno Tereftalato de cor âmbar de 1 litro de capacidade, fechadas com

batoque e tampa inviolável, etiquetadas conforme modelo do item 5 deste Regulamento

Técnico, colocadas em saco plástico, lacradas com lacre numerado e armazenadas em

lugar arejado, sem incidência de luz e suficientemente distante de fonte artificial de calor;

2. As amostras coletadas com a finalidade de efetuar as análises de qualidade no

recebimento de produtos deverão contemplar as seguintes características;

2.1 Gasolina

2.1.2 Aspecto e Cor

2.1.3 Densidade Relativa a 20ºC/4ºC ou Densidade e temperatura da amostra

2.1.4 Teor de Álcool

2.2 Álcool Etílico Hidratado Combustível -AEHC

2.2.1 Aspecto e Cor

2.2.2 Massa Específica a 20 ºC

2.2.3 Teor Alcoólico

2.3 Óleo Diesel

2.3.1 Aspecto e Cor

2.3.2 Densidade Relativa a 20ºC/4ºC (C ou Densidade e temperatura da amostra

3. As metodologias utilizadas nas análises de qualidade são as seguintes:

3.1 Aspecto e Cor - Gasolina e Óleo Diesel

3.1.1 Material:

- proveta de 1000ml, limpa e seca

3.1.2 Procedimento:

Page 124: Combustíveis

123

- lavar a proveta com parte da amostra, descartar e encher novamente com a amostra, e

- fazer a verificação visual do aspecto quanto à coloração e à presença de impurezas.

3.1.3 Resultados:

- expressar os resultados de aspecto observados da seguinte forma:

a) límpido e isento de impurezas,

b) límpido e com impurezas,

c) turvo e isento de impurezas, e

d) turvo e com impurezas,

- expressar a cor visual

3.2 Aspecto e Cor -Álcool Etílico (AEHC)

3.2.1 Material:

- proveta de 1000ml, limpa e seca.

3.2.2 Procedimento:

- lavar a proveta com parte da amostra, descartar e encher novamente com a amostra, e

- fazer a verificação visual da aparência quanto ao aspecto e a presença de material em

suspensão,

3.2.3 Resultados:

- expressar os resultados de aspecto observados da seguinte forma:

a) límpido e isento de material em suspensão,

b) límpido e com material em suspensão,

c) turvo sem material em suspensão, e

d) turvo com material em suspensão,

- expressar a cor visual.

Page 125: Combustíveis

124

3.3 Massa Específica a 20ºC/4ºC e Teor Alcoólico no AEHC).

3.3.1 Material:

- proveta de 1000ml,

- densímetro de vidro, escala 0,750-0,800g/ml e 0,800-0,850g/ml, subdivisões de

0,0005g/ml,

- termômetro de imersão total, escala de –5ºC a 50°C, precisão de 0,5ºC.

3.3.2 Procedimento:

- lavar a proveta com parte da amostra, descartar e encher novamente com a amostra,

- introduzir o termômetro

- imergir o densímetro limpo e seco de tal forma que flutue livremente sem tocar o fundo

e as paredes da proveta,

- aguardar alguns minutos para que se estabeleça a estabilidade térmica do conjunto e a

posição de equilíbrio do densímetro e,

- proceder às leituras do densímetro e da temperatura da amostra e anotar.

3.3.3 Cálculo:

com auxílio da tabela de conversão de massa específica e volume de misturas de álcool

etílico e água, e de acordo com a temperatura, da amostra, encontrar a massa

específica a 20ºC e o correspondente teor alcoólico em (INPM),

3.4 Teor de Álcool na Gasolina

3.4.1 Material:

proveta de vidro de 100ml graduada em subdivisões de 1ml com boca esmerilhada e

tampa,

3.4.2 Reagente:

solução aquosa de cloreto de sódio a 10% p/v (100g de sal para cada litro de água)

3.4.3 Procedimento:

Page 126: Combustíveis

125

- colocar 50ml da amostra na proveta previamente limpa, desengordurada e seca,

- adicionar a solução de cloreto de sódio até completar o volume de 100ml,

- misturar as camadas de água e amostra através de 10 inversões sucessivas da

proveta, evitando agitação enérgica,

- deixar em repouso por 15 minutos a fim de permitir a separação completa das duas

camadas,

- anotar o aumento da camada aquosa em mililitros.

NOTA: Os volumes 50 e 100ml deverão ser ajustados pelo menisco inferior.

3.4.5 Cálculo e Resultado:

V=(A x 2) + 1, onde:

V = Teor de álcool (AEAC) na gasolina, e

A = aumento em volume da camada aquosa (álcool e água)

3.5 Densidade Relativa a 20ºC/4ºC - Gasolina e do Óleo Diesel)).

3.5.1 Material:

- proveta de 1000ml,

- densímetro de vidro para derivados de petróleo, escala 0,700–0,750g/ml; 0,750–

0,800g/ml para gasolina e 0,800–0,850g/ml e 0,800–0,900g/ml para óleo diesel, com

subdivisões de 0,0005g/ml

- termômetro de imersão total, escala de –20ºC a 102°C, precisão de 0,2ºC (tipo ASTM

12C)

- tabela de correção das densidades e dos volumes para os derivados de petróleo

3.5.2 Procedimento:

- lavar a proveta com parte da amostra, descartar. Encher novamente com a amostra

- introduzir o termômetro

Page 127: Combustíveis

126

- imergir o densímetro limpo e seco de forma que flutue livremente sem tocar o fundo e

as paredes da proveta

- aguardar alguns minutos para que o densímetro alcance a estabilidade térmica e a

posição de equilíbrio

- proceder as leituras de densidade relativa e da temperatura da amostra e anotar

3.5.3 Cálculo:

com auxílio da tabela de correção das densidades e dos volumes, e de acordo com a

temperatura da amostra converter o valor encontrado para 20ºC/4ºC

4. O Posto Revendedor, além dos equipamentos necessários à realização das análises

relacionadas no item 3, deve possuir e manter aferidos em perfeito estado de

funcionamento:

4.1 termodensímetro de leitura direta, aprovado pelo Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial -INMETRO, instalado nas bombas medidoras de

AEHC, indicando no seu corpo as instruções de funcionamento

4.2 medida-padrão de 20 litros aferida pelo INMETRO, para verificação dos

equipamentos medidores quando solicitado pelo consumidor no ato do abastecimento

4.3 régua medidora ou outro equipamento metrológico que permita a verificação dos

estoques de combustíveis automotivos armazenados em seus tanques

5. Modelo de etiqueta para as amostras-testemunhas

Page 128: Combustíveis

127

AMOSTRA - TESTEMUNHA

PRODUTO: DATA DA COLETA:

NÚMERO DO LACRE

DISTRIBUIDOR:

CNPJ DO DISTRIBUIDOR:

N° NOTA FISCAL DE RECEBIMENTO:

TRANSPORTADOR:

CNPJ DO TRANSPORTADOR:

NOME DO MOTORISTA:

N° RG DO MOTORISTA:

PLACA DO CAMINHÃO-TANQUE/REBOQUE:

RAZÃO SOCIAL DO POSTO REVENDEDOR:

CNPJ DO POSTO REVENDEDOR:

RESPONSÁVEL PELO RECEBIMENTO:

ASSINATURA DO MOTORISTA:

ASSINATURA DO RESPONSÁVEL PELO RECEBIMENTO:

6. Formulário - Registro das Análises de Qualidade

RAZÃO SOCIAL DO POSTO REVENDEDOR:

CNPJ DO POSTO REVENDEDOR:

ENDEREÇO DO POSTO REVENDEDOR:

BAIRRO: CIDADE/ESTADO:

DADOS DE RECEBIMENTO

Produto

Volume recebido (litros)

Data da coleta

Distribuidor

CNPJ do Distribuidor

Page 129: Combustíveis

128

Transportador

CNPJ do Transportador

Nota Fiscal do Produto

Placa do Caminhão/Reboque

Nome Motorista

RG Motorista

Nome do Analista

RESULTADOS DAS ANÁLISES

Aspecto

Cor

Densidade Relativa 20°C/4°C

Massa Específica a 20°C

Teor de álcool na Gasolina

Teor Alcoólico no AEHC

Responsável pelo preenchimento:

Assinatura:

Especificações Gasolina Comum e Aditivada

Densidade mínima a 20 / 4 ºC = 0,7167

Densidade máxima a 20 / 4 ºC = 0,7569

Porcentagem de álcool anidro = 25 à 26 %

Diesel

Densidade mínima a 20 / 4 ºC = 0,8200

Densidade máxima a 20 / 4 ºC = 0,8700

Álcool Etílico Hidratado Carburante

Densidade mínima a 20 / 4 ºC = 0,8075 (93,8 ºINPM)

Densidade máxima a 20 / 4 ºC = 0,8110 (92,6 ºINPM)

Page 130: Combustíveis

129

Tecnologias alternativas

O esgotamento dos combustíveis fósseis e a degradação do meio ambiente estão entre

os principais e cruciais problemas enfrentados pela sociedade moderna.

Estes problemas são relacionados porque uma das principais fontes de poluição

ambiental é o uso indiscriminado de combustíveis fósseis para produzir energia. Em

particular, o uso desses combustíveis em um número cada vez maior de veículos que

transitam nos grandes centros urbanos é uma das maiores preocupações atuais, visto o

grande número de poluentes produzidos. Soma-se ao problema da poluição ambiental,

o problema da escassez do petróleo. Existe muita polêmica com relação às reservas

mundiais de petróleo, muitos especialistas afirmam que o início do século XXI é o

período em que metade das reservas mundiais de petróleo terão sido consumidas. A

partir desse fato é natural que haja um aumento gradativo no preço internacional do

petróleo (atualmente oscilando entre 25 e 30 $US o barril). Diante desse cenário

diversos países vêm desenvolvendo pesquisas para o uso mais racional dos

combustíveis tradicionais (fósseis), além dos combustíveis e tecnologias alternativas.

Podemos citar, por exemplo, o avanço tecnológico dos motores de combustão interna, a

adoção do uso do gás natural veicular (apesar de ser um combustível fóssil é muito

mais limpo que os convencionais e têm sido subutilizado), o uso dos biocombustíveis, o

desenvolvimento dos veículos híbridos e as promissoras células de combustível.

Sistemas Flexíveis de Combustível

Os motores preparados para operar com mais de um combustível (gasolina e álcool) em

qualquer proporção por opção do usuário estão se tornando uma realidade no Brasil. A

tecnologia empregada no gerenciamento do sistema de combustível tem permitido bons

resultados, assim o usuário pode abastecer o veículo com o combustível que lhe

proporciona maior vantagem (economia x desempenho). Vimos em capítulos anteriores

que o álcool e a gasolina têm propriedades diferentes e em função disso exigem dos

motores determinadas características específicas. Os parâmetros de operação dos

sistemas de ignição e injeção de combustível podem ser corrigidos em função do tipo

de combustível ou mistura utilizados, porém a taxa de compressão do motor idealmente

Page 131: Combustíveis

130

deveria ser variável também, desse modo seria possível obter o máximo rendimento do

motor. Como a construção de motores com taxa de compressão variável tem custo mais

elevado, os fabricantes têm optado por fazer motores com valores de taxa de

compressão intermediários entre os valores ideais para motores a álcool e a gasolina.

Este mesmo conceito é empregado nos Estados Unidos e principalmente na Europa

para motores ciclo Diesel que podem operar com óleo diesel puro ou misturado em

qualquer proporção com o biodiesel.

Os fabricantes de veículos e de autopeças estão desenvolvendo também sistemas que

permitem ainda que o motor com sistema de combustível flexível possa operar com um

terceiro combustível: o gás natural. Aqui vale a mesma observação sobre a taxa de

compressão que no gás natural deve ser maior ainda que nos motores a álcool para se

obter o melhor rendimento.

Veículos Híbridos

O veículo híbrido pode ser considerado uma variável do veículo elétrico.Enquanto os

veículos elétricos possuem um conjunto de baterias que são recarregadas a partir de

uma fonte estacionária demandando um tempo muito elevado para essa recarga,

somando a isso a baixa autonomia e o peso das baterias além da necessidade de

implantação de uma infraestrutura para recarga das baterias. Os veículos híbridos

representam algumas soluções para alguns desses problemas, pois são veículos

elétricos que possuem um gerador acionado por um motor de combustão interna, o

motor de combustão interna utilizado para acionar o gerador é bem menor do que os

motores dos veículos convencionais, além disso, o regime de funcionamento também

contribui para redução das emissões e economia de combustível. A tecnologia dos

veículos híbridos pode ser aplicada tanto em veículos leves quanto pesados, utilizando

tanto motores ciclo Otto quanto motores ciclo Diesel. Empresas como a Toyota e a

Honda estão iniciando a comercialização desses modelos. No Brasil a empresa Eletra

fabrica veículos pesados (ônibus) com a seguinte configuração: um motor diesel de

pequeno porte é utilizado para acionar um gerador de energia elétrica que será utilizada

para acionamento dos motores de tração.Com essa configuração pode-se atingir uma

economia de combustível de até 50% e uma redução de aproximadamente 70% na

emissão de poluentes.

Page 132: Combustíveis

131

A produção de veículos híbridos é vista como uma etapa intermediária para introdução

das células de combustível nos veículos, uma vez que o veículo híbrido é um veículo

elétrico, e possui a estrutura para receber a célula de combustível, de custo elevado

ainda, no lugar no motor de combustão interna.

O sistema de tração do veículo híbrido fabricado pela Eletra possui duas fontes de

energia: um motogerador, composto por um motor de combustão interna (motor diesel)

que aciona um gerador (alternador) e um conjunto de baterias cuja função é acumular

energia elétrica utilizado somente nos momentos de alta demanda de energia, por

exemplo, durante acelerações rápidas ou aclives acentuados, isso complementa a

energia continuamente gerada pelo alternador.Além desses dois conjuntos, o veículo

dispõe de um motor elétrico de tração que é acoplado ao eixo de tração por meio de

redutores mecânicos, e é o responsável pela movimentação do mesmo. A tração é

sempre feita pelo motor elétrico e o motor a combustão interna não participa diretamente

do acionamento do eixo de tração, ao contrário de determinadas categorias de veículos

híbridos que utilizam tração dual. A velocidade do motor elétrico e, portanto, velocidade

do veículo é controlada por um sistema eletrônico que responde aos comandos de

aceleração e/ou frenagem introduzidos pelo motorista. A figura. 7 mostra, de forma

simplificada, o sistema de tração de um veículo híbrido.

Figura 7 Esquema Simplificado de um Veículo Híbrido

Page 133: Combustíveis

132

O motor diesel (ou outro motor de combustão equivalente) aciona o alternador em

regime de rotação constante. Um sistema regulador de rotação mantém a rotação do

motor diesel constante, independentemente da potência fornecida pelo alternador.

A tensão gerada pelo alternador é primeiramente retificada. Está tensão C.C alimenta o

motor elétrico de tração e seu sistema eletrônico de controle de velocidade. A tensão de

saída retificada é devidamente controlada e é também usada para carregar o banco de

baterias sempre que a potência exigida pelo motor de tração for pequena ou mesmo

nula como, por exemplo, quando o veículo opera em baixas velocidades ou em declives.

Por outro lado, sempre que a demanda energética do motor de tração exigir uma

potência superior àquela gerada pelo alternador, o sistema eletrônico de controle

reconhecerá essa necessidade e direcionará a saída das baterias para também

alimentar o motor de tração, somando-se à potência fornecida pelo alternador, ou seja o

banco de baterias trabalha como um “pulmão energético”, acumulando energia sempre

que as condições operacionais do veículo forem suaves, fornecendo energia ao motor

de tração sempre que as condições operacionais assim o exigirem.

Célula a Combustível Nos motores convencionais, a energia química armazenada nos combustíveis é liberada

através da combustão. Neste processo o combustível reage com oxigênio produzindo

água e dióxido de carbono e liberando parte da energia armazenada nas ligações

químicas. Conforme vimos anteriormente, na combustão real a queima dos combustíveis

produzem também alguns poluentes. A combustão direta ideal pode ser resumida da

seguinte forma.

Combustível + O2 → H2O + CO2 + energia (a maior parte na forma de calor).

Outro problema é a eficiência do aproveitamento da energia química contida no

combustível. A maior parte da energia liberada na combustão no motor dos automóveis

está na forma de calor. O movimento do veículo é o resultado da expansão que este

calor provoca nos gases dentro dos motores. Apenas uma pequena parcela (25 a 35%)

da energia química pode ser aproveitada como energia mecânica. A maior parte da

energia é simplesmente liberada no meio ambiente na forma de calor, o que também é

Page 134: Combustíveis

133

uma forma de poluição.Em resumo, os maiores problemas de produção de energia por

meio de combustão são:

• Combustível fóssil não é renovável;

• O aproveitamento da energia é pequeno (baixa eficiência);

• Poluição ambiental severa promovendo problemas sérios para a saúde e bens

materiais.

A célula a combustível é uma alternativa em que a combustão é realizada de maneira

controlada, aumentando a eficiência do aproveitamento da energia liberada e de modo

menos poluente. A idéia é aproveitar o deslocamento que os elétrons sofrem durante a

combustão. Existem células de combustível de diversos tipos, sendo aquela à base de

membrana de troca de prótons (também chamada de polímero sólido) a principal

candidata para o uso em automóveis, devido ao custo mais baixo, ao tamanho mais

adequado, ao projeto simples e à operação em baixa temperatura (< 120ºC). As células

de combustível utilizam o hidrogênio, que pode ser gerado dentro do próprio veículo a

partir do etanol, metanol ou gás natural.

O princípio de funcionamento está esquematizado na figura 8, utilizando como

combustível o hidrogênio (H2). O hidrogênio entra em contato com um metal e cede

elétrons para este metal produzindo H+. Esse elétron circula por um circuito elétrico

externo, onde sua energia pode ser aproveitada, e retorna para a célula a combustível

onde, novamente através de um metal, encontra-se com o oxigênio. Os dois pólos da

célula são ligados por um eletrólito, ou seja, uma substância ou solução que permite o

movimento de íons. Através do eletrólito, íons com o oxigênio que ganhou elétrons de

um lado e o hidrogênio que perdeu elétrons do outro se ligam formando água, que é o

produto desta reação. Por este processo até 50% da energia química pode ser

transformada diretamente em energia elétrica. Se outros combustíveis forem usados,

outros produtos serão obtidos.

Page 135: Combustíveis

134

Figura 8 – Esquema de uma célula de combustível

A reação global do processo na célula a combustível utilizando hidrogênio é:

2H2(g) + O2(g) => 2H2O + energia.

Este mesmo princípio pode ser utilizado em usinas de geração de energia elétrica com a

vantagem de que uma parte da energia química ainda é transformada em calor e

também pode ser aproveitada (co-geração), por exemplo, em sistemas para

aquecimento de água. Assim a eficiência do aproveitamento da energia química pode

chegar a 80%.

Podemos resumir as vantagens dessa tecnologia nos seguintes itens:

• Possui elevada eficiência de conversão:

- Elétrica 50%,

- Com cogeração 80% (calor pode ser usado para aquecer água).

• Geração no local, sem poluição química (porque produz somente água) e sem

poluição sonora.

• Vida útil de 40.000 horas.

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Referências Bibliográficas

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