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Comentário a Tessalonicenses - Tomás de Aquino

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Santo Tomás de Aquino

Comentário aTessalonicenses Edição bilíngüe

Tradução:

Tiago Gadotti

Texto latino revisado por R. Busa S. J. (†) e E. Alarcón

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Comentário a Tessalonicenses, Santo Tomás de Aquino© Editora Concreta, 2015

Título original:Super I Epistolam B. Pauli ad Thessalonicenses lecturaSuper II Epistolam B. Pauli ad Thessalonicenses lectura

O texto latino utilizado nesta obra é o mesmo publicado no website Corpus Thomisticumda Fundación Tomás de Aquino (www.corpusthomisticum.org). Este texto está baseado naedição Marietti de 1954, transcrita por Roberto Busa S.J. e revisada por Enrique Alarcón.

© 2015 FUNDACIÓN T OMÁS DE AQUINO, P AMPLONA (ESPANHA). R EPRODUZIDO COM AUTORIZAÇÃO  DO  TITULAR .

Os direitos desta edição pertencem àEDITORA CONCRETA

Rua Barão do Gravataí, 342, portaria – Bairro Menino Deus – CEP: 90050-330Porto Alegre – RS – Telefone: (51) 9916-1877 – e-mail: [email protected] 

EDITOR :Renan Martins dos Santos

COORDENADOR EDIT ORIAL:

Sidney SilveiraTRADUÇÃO:

Tiago Gadotti

R EVISÃO:

Carlos Nougué

CAPA & DIAGRAMAÇÃO:

Hugo de Santa Cruz

DESENVOLVIMENT O DE EBOOK 

Loope – design e publicações digitaiswww.loope.com.br 

FICHA CATALOGRÁFICA

Tomás, de Aquino, Santo, 1225?-1274

T655c Comentário a Tessalonicenses / tradução de Tiago Gadotti, edição de Renan Santos. – Porto Alegre, RS:Concreta, 2015.

ISBN: 978-85-68962-04-6

1. Teologia. 2. Filosofia. 3. Filosofia medieval. 4. Metafisica. 5. Cristianismo. 6. Catolicismo. 7. Espiritualidade. I.Título.

CDD-230.2

Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica

ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer meio.

www.editoraconcreta.com.br 

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FCOLEÇÃO ESCOLÁSTICA

oram características marcantes do período escolástico a elevação da dialética a umcume jamais superado – antes ou depois, na história da filosofia –, o notávelapuro na definição de termos e conceitos, a clareza expositiva na apresentação das

teses, o extremo rigor lógico nas demonstrações, o caráter sistêmico das obras, aclassificação das ciências a partir de um viés metafísico e, por fim, a existência dumaabóboda teológica que demarcava a latitude e a longitude dos problemas esmiuçados pelarazão humana, os quais abarcavam todos os hemisférios da ordem do ser: da materiarima a Deus.O leitor familiarizado com textos de grandes autores escolásticos, como Santo Tomás

de Aquino, Duns Scot, Santo Alberto Magno e outros, estranha ao deparar com obras de períodos posteriores, pois identifica perdas de cunho metodológico que transformaram afilosofia num enorme mosaico de idéias esparzidas a esmo, nos piores casos, ouconcatenadas a partir de princípios dúbios, nos melhores. A confissão de EdmundHusserl ao discípulo Eugen Fink de que, se pudesse, voltaria no tempo para recomeçar oseu edifício fenomenológico serve como sombrio dístico do período moderno e pós-moderno: o apartamento entre filosofia e sabedoria – entendida como arquitetura em

ordem ao conhecimento das coisas mais elevadas – acabou por gerar inúmeras obrasmalogradas, mesmo quando nelas havia insights brilhantes.Constatamos isto em Descartes, Malebranche, Espinoza, Kant, Hegel, Schopenhauer,ietzsche, Husserl, Heiddegger, Ortega y Gasset, Wittgenstein, Sartre, Xavier Zubiri e

vários outros autores importantes cujos princípios filosóficos geraram aporias insanáveis,verdadeiros becos sem saída. Na prática, o filosofar que se foi cristalizando a partir do humanismo renascentista está

 para a Escolástica assim como a música dodecafônica, de caráter atonal, está para as polifonias sacras. Em suma, o nobre intuito de harmonizar diferentes tipos deconhecimento foi, aos poucos, dando lugar à assunção da desarmonia como algo

inescapável. As conseqüências desta atitude intelectual fragmentária e subjetivista, seja para a religião, seja para a moral, seja para a política, seja para as artes, seja para odireito, foram historicamente funestas, mas não é o caso de enumerá-las neste brevetexto. Neste ponto, vale advertir que a Coleção Escolástica, trazida à luz pela editora

Concreta em edições bilíngües acuradas, não pretende exacerbar um anacrônicoconfronto entre o pensar medieval e tudo o que se lhe seguiu. O propósito maior deste

 projeto é o de apresentar ao público brasileiro obras filosóficas e teológicas pouco

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difundidas entre nós, não obstante conheçam edições críticas na grande maioria daslínguas vernáculas. Tal lacuna começa a ser preenchida por iniciativas como esta, cujovetor pode ser traduzido pela máxima escolástica bonum est diffusivum sui  (o bemdifunde-se por si mesmo). Ocorre que esta espécie de bens, para ser difundida, precisaser plantada no solo fértil dos livros bem editados.

 No mundo ocidental contemporâneo, plasmado de maneira decisiva na longínquadúvida cartesiana, assim como nos ceticismos de todos os tipos e matizes que se lheseguiram; mundo no qual as certezas são apresentadas como uma espécie de acinte ouingenuidade epistemológica; mundo que se despoja de suas raízes cristãs para dar umsalto civilizacional no escuro; mundo, por fim, desfigurado pelas abissais angústiasalimentadas por filosofias caducas de nascença; em tal mundo, não nos custa afirmar com ênfase entusiástica o quanto este projeto foi concebido sem nenhum sentimentoambivalente. Ao contrário, moveu-nos a certeza absoluta de que apresentar o Absoluto éum bálsamo para a desventurada terra dos relativismos.

Vários autores do período serão agraciados na Coleção Escolástica com edições

 bilíngües: Santo Tomás de Aquino, São Boaventura, Santo Anselmo de Cantuária, SantoAlberto Magno, Alexandre de Hales, Roberto Grosseteste, Duns Scot, Guilherme deAuvergne e outros da mesma altitude filosófica.

Em síntese, a Escolástica é uma verdadeira coleção de gênios. Procuraremosdemonstrar isto apresentando-os em edições cujo principal cuidado será o de não lhesdesfigurar o pensamento.

Que os leitores brasileiros tirem o melhor proveito possível deste tesouro.

SIDNEY SILVEIRA

Coordenador da Coleção Escolástica

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AGRADECIMENTOS AOS COLABORADORES

Através de campanha no website  da Concreta para financiar o “Comentário aTessalonicenses”, 510 pessoas fizeram sua parte para que este livro se tornasse realidade,um gesto pelo qual lhes seremos eternamente gratos. Mais abaixo listamos aquelas quecolaboraram para ter seus nomes divulgados nesta seção:

Adailso Janesko

Adriano Pereira SilvaAlan Ébano OliveiraAlan Marques da RosaAlexandre da Luz SilvaAlexandre RochaAllan Victor de Almeida MarandolaAluísio DantasAlvaro MendesÁlvaro PestanaAmantino de MouraAna Claudia SilveiraAna Larissa Dantas Santos SimõesAnderson BrazAnderson CleitonAnderson Mello de CarvalhoAnderson RochaAndré Arthur CostaAndré Bender GranemannAndré Caniné de Oliveira Machado

André de Oliveira da CruzAndré Reis MirandaAndre RibeiroAndré Ricardo RodriguesAndrey Gomez Kopper Anselmo Luís CeregattoAntonio Carlos Correia de Araújo Jr.Antonio Chacar Hauaji

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Antônio Murilo Macedo da LuzAntonio Paulo LemeArolldo MacielArthur DutraArthur Jordan

Augusto Carlos Pola Jr.Augusto MendesAureliano Caldeira Horta FrançaBernardo Augusto Sperandio FilhoBernardo Cunha de MirandaBernardo Jordão Nogueira de SáBruce Oliveira CarneiroBrunno Messina Ramos de OliveiraBruno Barchi MunizBruno Brasil Leandri

Bruno José Queiroz CerettaBruno ValliniCamila Maria S. BernardinoCarlos Alberto de MagalhãesCarlos Alberto Leite de MouraCarlos Alberto Lopes da CostaCarlos Alexander de Souza CastroCarlos CrusiusCarlos Eduardo de Aquino de PáduaCarlos Eduardo Pauluk 

Carlos Frederico Gitsio K. T. da SilvaCarlos WolkarttChristopher StimamilioCláudia MakiaCláudio Márcio FerreiraCleber QueirozCleto Marinho de Carvalho FilhoClotilde Grosskopf Cristiano EulinoCristina GarabiniDallima Um TsengDaniel de Athayde QuélhasDaniel PinheiroDanilo Cortez GomesDanilo MartinsDanilo MiyazakiDavid Saboia Vale

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Davide LanfranchiDelania Gomes VieiraDiego LuvizonDiego PessiDimitri Mota

Diogo Ferreira Ribeiro LaurentinoDiogo FontanaDionisio LisbôaEdilia Cristina de CarvalhoEdilson LinsEdinho LimaEdnardo RodriguesEduardo dos Santos SilveiraEduardo Erminio MarinEduardo Fernandes

Eduardo Moreira dos SantosElaine Cristina Moreira BatistaElaine EgidioElaine FerreiraElaine RizzatoEline SantosElizabeth DiasElpídio FonsecaElyelton Cesar Emerson Silva

Enzo MarinniÉrico Raoni Santos da SilvaEstêvão Lúcio SobrinhoEvandro MaraschinEvanir Vieira Jr.Everton S. da SilvaEwerton CaetanoEwerton José WantrobaFabio DiasFabio LautonFabio NascimentoFabio Rogerio Pires da SilvaFábio Salgado de CarvalhoFabrício Tavares de MoraesFabrício VieiraFelipe Aguiar Felipe Câmara

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Felipe Corte LimaFelipe DiasFelipe GeraldesFelipe MazzarolloFernando Alves de Almeida

Fernando LopesFernando Santos Simões FerreiraFernando SimõesFilipi MartinsFirmino AbreuFrancisco A. L. SilvaFrancisco Peçanha NevesFranklin Picirilo NakaFrederico Carlos FerreiraGabriel Henrique Knüpfer 

Gabriel Pereira BuenoGabriela Soares ArrigoniGedson Alves de SouzaGenesio da Silva PereiraGenésio SaraivaGeovan PetryGeovânia FeitozaGideon de BritoGilberto LunaGio Fabiano Voltolini Jr.

Giovanni Wesley Campos SilvaGisleine Maria Franco de GodoyGiulia d’AmoreGiuliano Bastos EstrelaGiuliano CarvalhoGiuseppe Mallmann de SampaioGrazielli PozziGuilherme Batista Afonso FerreiraGuilherme Ferreira AraújoGuilherme RanalGustavo BarnabéGustavo BertocheGustavo de AraújoGustavo Mendonça RezendeHaberlandt Pereira DuarteHeitor Dias Antunes PereiraHenrique Montagner Fernandes

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Hilário da SilvaHumberto Campolina França Jr.Ícaro PadilhaIvan Antonio PinheiroJackson Ferreira Silva

Jackson ViveirosJairo BolzanJardel de Souza da SilvaJefferson Bombachim RibeiroJefferson Zorzi CostaJesus PereiraJoanees OliveiraJoão CastroJoão Marcelo Silva ZigurateJoão Marcos Costa

João Paulo ArraisJoão Pedro da Luz NetoJoão Vitor Trivilin NunesJoaquim ResendeJoel PaeseJonas Faga Jr.Jonas Henrique Pereira MacedoJonatan DornelesJorge Roberto PereiraJosé Alexandre

José Francisco dos SantosJose Marcio Carter José Max Lânio de Oliveira SouzaJosé MenezesJose Reis PimentaJosé Ribeiro Jr.Juliano ErichsenJulius LimaKaye Oliveira da SilvaKennedy CostaKleberson CarvalhoLayse Caroline da Silva SantiagoLeandro CasareLeandro MarquesLenine MarquesLeo StenioLeonardo Carvalho Paranaiba

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Leonardo Henrique SilvaLeonardo MacielLiana NettoLucas Cardoso da SilvaLucas Freitas

Lucas GuelfiLucas Monachesi RodriguesLucas MoraisLucas OliveiraLuciana AntoniolliLuciana Cristina Oliveira Costa SilvaLuciano DinizLuciano R. Moura e SilvaLuciano SaldanhaLucio Medeiros

Luis Henrique Galdino de MoraisLútio H. F. CândidoLysandro SandovalMarciano SouzaMárcio André Martins TeixeiraMarcius Vinicius JúlioMarco Antonio BenitoMarcos Antonio do NascimentoMarcos CostaMarcos Paulo

Marcos SalomãoMarcus MichilesMaria Rita Sulzbach de Aguiar Marilia de SouzaMarinaldo CavalariMário Jorge FreireMarlon Rodrigo de OliveiraMartha GandraMateus CruzMateus R. C. de PaulaMateus Rauber Du BoisMatheus Batista SantosMauricio Lebre ColomboMaurício NogueiraMauro Sergio RibeiroMessias LeandroMichel Pagiossi

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Milton Adolfo Santucci Jr.Mônica Siqueira

atanael Pereira Barrosazareno Delabeneta Gualandiei Afonso Ribeiro

elmo Fernandesicolas Barbieri Beoniikollas Ramos

Oacy CampeloOdair FerreiraOdinei Draeger Orlando TosettoPamela DuartePaulo CruzPaulo Eduardo Coelho da Rocha

Paulo Henrique Brasil RibeiroPaulo Leão AlvesPaulo Roberto FariaPedro Chudyk Huberuk Pedro Henrique Pinto de AquinoPedro Theil Melcop de CastroPhilippe Nizer Pietro Augusto AiresRafael de Almeida MartinRafael Martins

Rafael PlácidoRafaella Casali RamosRaphael GarciaRaphael SepulcriRaul LabreRaul LemosReginaldo MagroRenato da Silva Leite FilhoRenato GuimaraesRicardo Antônio MohallemRicardo BelleiRicardo Mazioli JacomeliRicardo RangelRinaldo Oliveira Araújo de FariaRoberto KolbeRobson Gois CavalcanteRodolfo Melchior Lopes

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Rodolfo MirandaRodrigo de Abreu OliveiraRodrigo de MenezesRodrigo LuizRodrigo Naimayer dos Santos

Rodrigo Rocha SilveiraRodrigo Santana SilveiraRonald RobsonRonaldo Fernandes da SilvaRonaldo ValentimRonildo MonteiroRosele Martins dos SantosSamuel Cardoso SantanaSamuel da Silva MarcondesSamuel Santos

Sandra SalomãoSandro BastosSebastião LeiteSérgio EduardoSergio Paulo RobertoSilmar José Spinardi FranchiSilvio José de OliveiraSilvio Livio Simonetti NetoTânia VieiraTatiana Ramos Prado

Tharsis MadeiraThiago AmorimThiago BorgesThiago JunglhausThiago RabeloTiago Arno Saldanha Kloeckner Tiago Bana FrancoTiago SfredoVanessa Sparagna Marques MaliciaVânia Maria de VasconcelosVicente do Prado TolezanoVictor Hugo BarbozaVinicius BarrosVinicius de Almeida AlvarengaVitor ColivatiVitor DuarteVitor Fonseca de Melo

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Vitor Hugo Pontes ButragoWagner CavalcanteWellington FelicioWellington Hubner Wellington Moreira Frutuoso

Wendel OrdineWendell Ramos MaiaWilliam BottazziniWilliam de Souza GuimarãesWilliam Gomes SilvaWilson Arnhold

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SUMÁRIO

CapaFolha de RostoCréditosColeção EscolásticaAgradecimentos aos colaboradoresApresentação

O vetor teológico do comentário: mérito, graça e profecia1.1 O mérito e os direitos da amizade (iure amicabili)1.2 Pr eeminência da graça, começo da glória1.3 Profecia: teologia de fundo metafísico

Conclusão: teologia para um mundo caóticootas prévias do tr adutor 

Comentário à 1ª Epístola de São Paulo aos TessalonicensesPref ácioCapítulo I

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 1, 1-10Capítulo II

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 2, 1-12Segunda Leitura – I Tessalonicenses 2, 13-20

Capítulo III

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 3, 1-13Capítulo IV

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 4, 1-11Segunda Leitura – I Tessalonicenses 4, 12-17

Capítulo VPrimeira Leitura – I Tessalonicenses 5, 1-13Segunda Leitura – I Tessalonicenses 5, 14-28

Super I Epistolam B. Pauli ad Thessalonicenses lecturaCaput 1

Lectio 1Caput 2Lectio 1Lectio 2

Caput 3Lectio 1

Caput 4Lectio1

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Lectio 2Caput 5

Lectio 1Lectio 2

Comentário à 2ª Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses

PrefácioCapítulo IPrimeira Leitura – II Tessalonicenses 1, 1-5Segunda Leitura – II Tessalonicenses 1, 6-12

Capítulo IIPrimeira Leitura – II Tessalonicenses 2, 1-5Segunda Leitura – II Tessalonicenses 2, 6-10Terceira Leitura – II Tessalonicenses 2, 10-16

Capítulo IIIPrimeira Leitura – II Tessalonicenses 3, 1-9

Segunda Leitura – II Tessalonicenses 3, 10-18Super II Epistolam B. Pauli ad Thessalonicenses lecturaCaput 1

Lectio 1Lectio 2

Caput 2Lectio 1Lectio 2Lectio 3

Caput 3

Lectio 1Lectio 2

Bibliografia citadaS. Thomae de Aquino Opera Omnia

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As leituras bíblicas deste livro estãolinkadas para facilitar a consulta dos textosnos dois idiomas. Basta clicar em"PRIMEIRA LEITURA" ou "SEGUNDALEITURA" para ser direcionado arespectiva "LECTIO" e vice-versa.

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O

APRESENTAÇÃO

 Frei Tomás: olhos postos na eternidade

SIDNEY SILVEIRA

Papa Pio XII certa vez salientara que ninguém pode dizer-se tomista se nãoconhece os comentários de Santo Tomás de Aquino à Sagrada Escritura,[ i ]entre os quais se encontra esta preciosa obra que o leitor tem em mãos – trazida

à luz pela editora Concreta numa primeira edição em língua portuguesa, compaginadacom o original latino. Grande razão tinha o notável Papa, pois todos os escritos do BoiMudo da Sicília estão, de maneira direta ou indireta, teleologicamente orientados a Deus,e não por outro motivo o único título acadêmico que, com agrado, o Aquinate aceitou aolongo de sua trajetória intelectual foi o de Doutor em Sacra Pagina, não sendo nenhumoutro capaz de seduzir este homem cuja inteligência estava vertida para as coisas doAlto.

Ressalta o próprio Tomás, sem dar margem a tergiversações hermenêuticas:O conhecimento de Deus é (...) o fim último de todas as atividades humanas.[ ii ]

Trata-se, pois, do  supremus et perfectus gradus vitæ,[ iii ] nas conhecidas palavras dosanto, no qual a inteligência humana alcança o ápice contemplativo possível neste mundo

 – daí o tipo de supremacia da ciência teológica com relação às demais: o seu objetoformal terminativo é o Próprio Ser,[ iv ] realidade metafísica da qual todas as demais são

 partícipes e sem a qual repugna à razão conceber a existência de qualquer ente. Emsuma, ou há a permanência absoluta no ser à qual costumamos atribuir o nome  Deus, ounada haveria. O Próprio Ser Subsistente é o horizonte possibilitante dos entes, no planoontológico, e o ponto arquimédico de sua inteligibilidade, no plano gnosiológico.

Os comentários de Tomás às epístolas paulinas pertencem, de acordo com a tradiçãode respeitados catalogadores modernos de sua obra, como Pierre Mandonnet[ v ] eMartin Grabmann,[ vi ] à época posterior à do primeiro período de seu magistério naUniversidade de Paris, já como Mestre Regente em Teologia (entre 1256 e 1259).[ vii ]Tratar-se-ia de lições subministradas quando o Aquinate chegou à corte do Papa UrbanoIV em Orvieto, no ano de 1261. Naquela ocasião, o seu secretário particular, Reginaldode Piperno, fora encarregado de transcrever estas leituras magistrais sobre as epístolas

 paulinas; somente depois de 1265, em Nápoles, o Aquinate teria voltado a ocupar-se dos

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comentários a São Paulo, como destaca Gallus Manser,[ viii ] assim como no começo dadécada de 70 daquele luminoso século XIII.

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O VETOR TEOLÓGICO DO COMENTÁRIO:MÉRITO, GRAÇA E PROFECIA

1.1 O mérito e os direitos da amizade (iure amicabili )

O rigor lógico e o elevado alcance da visão espiritual de Santo Tomás – a um só tempo

filosófica, teológica e mística – estão presentes em todos os comentários bíblicos que nosforam legados de sua pena. Com o presente livro não poderia ser diferente: nele vemos oAquinate referir-se à missão apostólica para cujo sucesso depende o grau de santidade devida dos pregadores,[ ix ] premissa esta que vale não apenas para os tessalonicenses dos

 primeiros anos do cristianismo, mas para homens de todas as épocas; e vemos também oinsigne teólogo extrair corolários da parte essencialmente profética do texto paulino,explicitando aspectos relevantes acerca de como estarão as coisas no mundo e na Igrejano tempo da manifestação do Anticristo.

Exemplo da argúcia interpretativa do Doutor Angélico é o trecho do comentário no qualafirma, após lembrar-nos que a palavra “tribulação” provém de tribulus  (cardo, planta

espinhosa) – e dizer que somos pungidos interiormente nas tribulações, numa etapa purgativa necessária ao crescimento espiritual –, que os santos suportam os espinhosdesta vida por dois motivos principais: para terror dos maus e para aumento dos própriosméritos.[ x ] Aqui, diga-se que o caráter analógico da noção de mérito subjaz a esta

 passagem do comentário,[ xi ] estando em primeiro lugar o mérito sobrenatural,recompensa outorgada ao homem  graças a Deus; e, em segundo lugar, o mérito natural,direito a uma recompensa pelas boas obras praticadas.

Em resumidas contas, o mérito sobrenatural supõe o estado de graça, amizade comDeus por cujo intermédio o homem adquire direito à recompensa sobrenatural, que não éoutra senão a salvação da alma, como em diferentes escritos aponta o Pe. Reginaldo

Garrigou-Lagrange, mais inspirado teólogo da escola neotomista no século XX. Por suavez, o mérito natural supõe apenas a boa ação levada a cabo, sem estar Deusobjetivamente considerado nela. Ora, como nos atos humanos o motivo  especifica ovalor de que são portadores, assim como o meio pelo qual podem ser aquilatados,convém dizer à guisa de exemplo que uma coisa é alguém arrepender-se apenas por enxergar a ação má praticada; outra, mui distinta, é arrepender-se por ver nessa açãouma ofensa a Deus. Eis, portanto, a diferença entre os arrependidos, no estrito sentidoteológico, e os remordidos pela consciência de qualquer delito; a diferença entre Pedro eJudas Iscariotes: o remorso deste é o macabro reverso do arrependimento daquele.

Todos os méritos acima aludidos têm como analogado supremo o sangue vertido por Cristo na cruz em ordem à redenção do gênero humano. Este é o mérito perfeitíssimo,fruto do amor de benevolência de Deus para com os homens. O seu valor é infinito esuperabundante porque radica na Pessoa do Verbo, que se encarnou voluntariamente – 

 por amizade aos homens.Em linhas gerais, os méritos estão subdivididos pelo Aquinate de acordo com o seguinte

esquema:

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Mérito de condignidade (de condigno): Perfecte de condigno. É o mérito de Nosso Senhor, que com o sacrifício na Cruzmereceu para nós a salvação que não merecíamos, por causa dos nossos pecados; De condigno. É o mérito concedido por Deus em reconhecimento ao esforço dohomem por seguir os mandamentos e fazer-se amigo de Deus.

Mérito de conveniência (de congruo): De congruo proprie. É o mérito proveniente dos direitos adquiridos pelo homemem virtude de sua amizade para com Deus. Noutras palavras, este mérito éconcedido por um direito de amizade (iure amicabili), o que faz refulgir o fato de agenuína amizade implicar responsabilidades recíprocas, nascidas do amor de

 benevolência. No caso de que se trata, o homem em estado de graça, rezando,torna-se partícipe da vontade divina na salvação dum pecador, na conversão duminfiel, na contrição perfeita duma pessoa na hora da morte, etc.; De congruo improprie. É o mérito do pecador que, estando em pecado mortal,

recebe graças atuais para rezar e voltar ao estado de graça.[ xii ]Em síntese, ao dizer neste Comentário a Tessalonicenses  que as tribulações do justo

servem para aumentar-lhe os méritos, Tomás está referindo-se propriamente ao méritode condigno; no caso, ao direito à recompensa por uma boa obra específica, a saber:suportar as tribulações e decantá-las espiritualmente, em prol do aperfeiçoamento da vidana fé.

Vale destacar, neste ponto, que o tipo de contemplação propiciada pelas verdades daEscritura, quando se entranham na alma humana – como propõe Santo Tomás no

 proêmio do seu magnífico Comentário ao Evangelho de João –, é de tríplice natureza:

alta, ampla e perfeita. A altitude provém da omniexcelência de Deus, que está acima detodas as criaturas. A amplitude é demarcada pelo fato de se contemplarem as coisas nacausa primeira, universalíssima. E, por fim, a  perfeição radica em que o contemplador éelevado à realidade contemplada, de maneira análoga a como uma inteligência seaperfeiçoa ao conhecer mais e melhor as coisas cognoscíveis.[ xiii ]

1.2 Preeminência da graça, começo da glória

O esquema geral das epístolas paulinas, de acordo com o Aquinate, refere-se à graçadivina em diferentes perspectivas:

> A graça que está em Cristo-Cabeça (Heb)> A graça de Cristo atuante nos principais membros do Corpo Místico:

a) Para o governo voltado à unidade eclesiástica (I Tm);b) Para a firmeza contra os perseguidores (II Tm);c) Para defender a unidade contra os hereges (Tt);d) Para o governo voltado às questões temporais (Fm).

> A graça de Cristo atuante em toda a Igreja:

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a) Considerada em si mesma (Rm);b) Contida nos sacramentos, com a seguinte subdivisão:

1- Com relação aos próprios sacramentos (I Cor);

2- Com relação à dignidade dos ministros (II Cor);3- Com exclusão de sacramentos circunstancialmente desnecessários (Gl).

c) Conforme o que causa a unidade, na seguinte ordem:1- Sobre a unidade da Igreja em si (Ef );2- Sobre o crescimento na unidade (Fp);

3- Sobre a defesa da unidade contra os erros (Cl).[ xiv ]

Observe-se que, neste esquema geral, não está contemplada a Epístola aosTessalonicenses, mas à luz do corpus thomisticum  podemos sem risco de erro inseri-lacomo mais um quesito referente à graça de Cristo atuante na Igreja, ao qual poderíamosdar a seguinte definição, para delimitar bem o tema tratado: anúncio profético dos tempos

do Anticristo. Isto é evidenciado na parte do comentário de Tomás referente a II Ts, esaltará aos olhos do leitor que se puser a estudar com atenção o presente volume.A graça é, a propósito, o pano de fundo teológico de tudo o que se vai afirmando ao

modo de corolário neste Comentário a Tessalonicenses. Um exemplo está logo no primeiro capítulo (nº. 6), no ponto onde se diz que, entre os bens espiritualmenteapetecidos, em primeiro lugar está a graça, princípio de todos os bens – consoante se lêem I Cor 10: “Pela graça de Deus, sou o que sou” –, sendo a paz o fim, porque a pazacontece quando os apetites estão literalmente locupletados, apaziguados, repousados no

 bem. Este sossego do espírito, no qual as potências da alma se mantêm hierarquicamenteordenadas umas às outras conforme a excelência dos atos aos quais tendem, é

 propriedade essencial da paz – e esta será tanto maior quanto mais excelso for o bemcontemplado. Aqui reluz o princípio tão caro a Tomás: Gratia inchoatio gloriæ  (“agraça é o começo da glória”), exatamente no ponto em que o comentário fala dos bons

 pregadores, os quais querem “agradar aos homens por causa da glória de Deus e paraque a pregação frutifique mais”.[ xv ]

1.3 Profecia: teologia de fundo metafísico

Em II Ts, São Paulo relata como estarão a Igreja e o mundo no tempo do Anticristo, eo faz de maneira concisa em versículos cujas proposições se vão encadeando aos

 poucos, certamente com o intuito de que tal procedimento apologético obtenha o êxito dedebelar erros nascentes entre cristãos enfatuados para quem a vinda gloriosa do Senhor era iminente. Por isso o Apóstolo dos Gentios lembra ao povo de Tessalônica que otempo da  Parusia  é incerto, porém será precedido de eloqüentes sinais precursores,sobretudo dois: a grande apostasia e a manifestação do homem do pecado, o Anticristo.

Assinale-se que Santo Tomás dá por pressuposto em seu comentário que somenteDeus possui inteligência omnicompreensiva, no sentido de esgotar a inteligibilidade detoda a criação num só ato. Por causa disso, entre as coisas por Ele conhecidas não

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 poderiam deixar de estar os chamados “futuros contingentes”, ou seja, tudo o que não édedutível pela ciência humana – nem pela angélica –, dada a circunstância de inserir-seem séries causais acidentalmente ordenadas, ou seja: as que acarretam efeitos distantesnão mensuráveis, em virtude do tipo de contingência metafísica no qual radicam.[ xvi ]Algo distinto ocorre, por exemplo, com a dedução de um fato futuro a partir do perfeito

conhecimento das causas, seja numa série essencial (  per se), seja numa série acidental( per accidens).[ xvii ]A respeito deste tópico, não nos custa salientar o seguinte: Deus não conhece estes

“futuríveis” como algo futuro, pois Ele é o agora eterno, realidade intangível que está para muito além das coisas que se geram e se corrompem – as quais o Criador conhececomo são, como eram, como serão e como poderiam ser. Ainda nesta ordem deconsiderações, observe-se que a natureza divina não pode ser medida pelo tempo:æternitas ambit totum tempus et excedit . Noutras palavras, o tempo é a medida domovimento, e a eternidade é a medida da imutabilidade absoluta de Deus quanto ao ser.

este sentido, só pode haver futuro para entes contingentes, como o homem, cuja

inteligência finita não alcança o que pode vir a ser ou não – sobretudo no tocante aescolhas livres radicadas na indeterminabilidade da vontade quanto aos meios, pois o fimá está dado: a forma inteligível de um bem.[ xviii ]Se o profeta é, pois, capaz de lograr o conhecimento do futuro, isto acontece porque

Deus o faz partícipe de sua omnisciência. Cumpre em tal cenário apenas destacar que a profecia não é prognóstico, não é especulação, não é cálculo, não é adivinhação, não éraciocínio, mas conhecimento certíssimo, intuitivo,[ xix ] do futuro humano à luz daciência divina. Assim se deu, por exemplo, com a Virgem Santíssima, cujo dom da

 profecia se evidencia no  Magnificat : “De hoje em diante, todas as gerações mechamarão bem-aventurada” (Lc, 1, 48). Assim foi predito por Maria, assim sucedeu.

Com estes princípios de ordem metafísico-teológica, ao comentar o texto paulino SantoTomás de Aquino conclui que muitos na Igreja receberão o Anticristo de braços abertos,[xx ] numa espécie de abominável conluio no qual estarão implicadas a intençãodepravada de clérigos apóstatas, contrária aos fins espirituais buscados pela Igreja; atraição ao seu múnus sacerdotal santificador; e, por fim, um elevado – e culpável – graude cegueira mental, oriunda do pecado diabólico por antonomásia: a soberba, que temcomo uma de suas conseqüências funestas o ódio a Deus.

Estamos no ponto nevrálgico do presente comentário do Aquinate à Epístola de SãoPaulo aos Tessalonicenses, essencialmente entrelaçado a outra verdade proféticadestacada alhures pelo Apóstolo dos Gentios: “Repreende, suplica, admoesta com toda a

 paciência e doutrina, porque virá o tempo em que os homens não suportarão a sãdoutrina” (II Tm, 4, 2-3). Não por outro motivo, quando Tomás alude ao “artifício doerro” (II Ts 2, 10), cita Isaías (19, 14) e afirma que a pena das pessoas seduzidas peloAnticristo provém de sua adesão condenável à mentira.[ xxi ]

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CONCLUSÃO: TEOLOGIA PARA UM MUNDO CAÓTICO

 No atual momento da Igreja e do mundo, editar este Comentário a Tessalonicenses  – apresentado ao público brasileiro em tradução do jovem talento Tiago Gadotti – assumeum caráter profilático, sobretudo para quem se rende à seguinte premissa: a fé tem por causa a autoridade de Deus, que se revela ao homem (  propter auctoritatem Dei

revelantis, numa famosa formulação), e a história não é outra coisa senão o pênduloespiritual que vai da negação odienta à anuência piedosa a essa autoridade do non serviam  luciferino ao obediente “sim” redentor de Cristo à vontade do Pai.[ xxii ] Sejacomo for, o anúncio profético do fim dos tempos por São Paulo, comentado em detalhe

 pelo Doutor Comum da Igreja, serve de alerta para muitas pessoas manterem o espíritoevangélico de vigilância e de atenção aos sinais dos tempos, tanto no plano político emoral, como no religioso. Não encerremos esta breve apresentação sem frisar que, em tudo quanto escreveu

Santo Tomás de Aquino, uma verdade multissecular hoje posta de lado está sempreimplicada, de maneira implícita ou explícita: no seio das nações, os erros podem ser tolerados como um fato – inescapável nalguns casos –, porém nunca transformados emdireitos. Na prática, esta premissa já foi abolida pela religião universal ecumenista cujostentáculos vislumbramos num horizonte tenebroso, no qual parece já não haver nenhumaautoridade espiritual, e o lugar de Deus vem sendo usurpado pelo homem, no mundo etambém no seio da própria Igreja, o que é gravíssimo. Em tal cenário, o preço por pagar será caro, de acordo com o Aquinate: a danação eterna para os que crerem na mentira.[xxiii ] Não em qualquer uma, mas naquela segundo a qual o homem pode realizar-se demaneira autônoma em relação à autoridade divina.

 Non sine magno dolore, observamos que a inércia hedonística do mundo

contemporâneo alcança o ponto de inflexão no qual a cultura e o direito assumem caráter  patógeno, com a disseminação de conceitos abstrusos, contrários ao senso comum, aos princípios civilizacionais elementares e aos bens espirituais que, no parecer do grandePapa Leão XIII, deviam ser a primeira preocupação do Estado[ xxiv ] – para desconfortode adeptos de filosofias liberais que consideravam no século XIX, e continuam aconsiderar no começo do XXI, tal premissa ingênua ou indevida, pois entronizaram aconsciência individual como árbitra suprema das ações humanas.

Quando se dará a ceifa aludida na Segunda Epístola aos Tessalonicenses, ninguém pode dizê-lo, mas a nenhuma pessoa custa meditar acerca dos sinais precursores do fim,revelados em diferentes passagens da Sagrada Escritura. Este é, a propósito, o convite de

Santo Tomás a quem folhear as páginas seguintes: contemplar as vicissitudes do tempocom os olhos da eternidade.

[ i ]  Acta Apostolicæ Sedis, 50 (1958), 152.[ ii ] SANTO TOMÁS DE AQUINO, Suma contra os Gentios, III, 25.[ iii ] Op. cit., IV, 11.[ iv ] A escola tomista sempre procurou distinguir os três objetos a que visam as ciências, sejam especulativas,sejam práticas: o objeto material , que pode servir de estudo a diferentes ciências; o objeto  formal motivo  (asaber: os meios dos quais se vale qualquer ciência para lograr os seus fins); e o objeto  formal terminativo, que

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não é outro senão o conhecimento principal a que visam as diferentes ciências. No caso da ciência teológica, por exemplo, o objeto material são os textos da Sagrada Escritura; o objeto formal motivo são os instrumentos – sobretudo metafísicos e lógicos – de que se vale para lograr as suas demonstrações; e o objeto formal terminativoé Deus, em seus atributos passíveis de ser assimilados pelas criaturas dotadas de potência intelectiva:simplicidade, infinitude, eternidade, imaterialidade, bondade, verdade, unidade, omnisciência, omnipotência, etc.[ v ] Pierre Mandonnet (1858-1936), historiador dominicano belga, foi um dos grandes expoentes da escolaneotomista, que ganhou impulso no final do século XIX após a publicação da Encíclica  Aeterni Patris, de Leão

XIII, datada de 04/08/1879. Entre os trabalhos teológicos importantes de Mandonnet estão Siger de Brabant et l’averroïsme latin au XIIIe Siècle e  Dante le théologien. O dominicano também se notabilizou por ser autor deuma das atualizações catalográficas importantes da obra de Santo Tomás, publicada em 1909 na  Revue Thomiste,intitulada  Des écrits authentiques de Saint Thomas d’Aquin.[ vi ] Martin Grabmann (1875-1949), sacerdote alemão, autor de uma importante  História do Método Escolástico( Die geschichte der scolastischen methode), estudou a fundo os catálogos da obra de Santo Tomás e procuroudar definições precisas quanto à autoria certa, provável, duvidosa, improvável ou apócrifa dos textos do corpusthomisticum. O jesuíta italiano Roberto Busa, primeiro a conceber a idéia de um léxico tomista digitalizado,conhecido como  Index Thomisticus, trabalho que durou cerca de 30 anos e teve o apoio da IBM – do qual écaudatária a Opera Omnia  de Santo Tomás hoje disponibilizada na Internet pelo Prof. Enrique Alarcón –, devemuito a estes e a outros estudiosos da escola neotomista.[ vii ] São dois os períodos de Santo Tomás de Aquino como professor na Universidade de Paris, subdivididosem três etapas: entre 1252 e 1256, como Bacharel Sentenciário; entre 1256 e 1259, como Mestre Regente em

Teologia; e, por fim, entre 1269 e 1272 – já conhecido por seus feitos intelectuais notáveis e temido pela fama decontroversista imbatível –, época em que recrudescia a perseguição às ordens mendicantes nos meiosuniversitários e eclesiásticos parisienses. O lema da atuação magisterial dominicana, legere, disputare, prædicare(ler, disputar, pregar), foi neste período o norte inamovível do trabalho de S. Tomás.  Ler  consistia em comentar aEscritura versículo a versículo, sendo o doctor  o hermeneuta abalizado que sabia ler e que ensinava a ler o textosagrado com método e critério; disputar   consistia em debater de maneira dialeticamente encadeada, com a participação dos ouvintes e a ajuda dum bacharel assistente; e  pregar  consistia em anunciar a palavra sagrada, seja para universitários, seja para populares.[ viii ] GALLUS  MANSER ,  La esencia del tomismo, Madri, Consejo Superior de Investigaciones Científicas,Instituto Luis Vives de Filosofia, 1953, p. 53. O alemão Gallus Maria Manser (1866-1950), outro nomeimportante da escola neotomista, notabilizou-se pelo trabalho aqui citado ( Das Wesen des Thomismus), cuja primeira edição alemã veio à luz em 1932, e a segunda em 1949. Foi professor de Lógica, de Ontologia e deHistória Medieval na Universidade de Freiburg, onde exerceu o cargo de reitor entre 1914 e 1918. Precisãoconceptual e clareza expositiva de cunho escolástico são notas distintivas dos escritos de Manser.[ ix ] Haurido da graça divina.[ x ] SANTO TOMÁS DE AQUINO, Comentário a Tessalonicenses, 2ª Epístola, 11.[ xi ] Os nomes não significam diretamente as coisas, pois têm como mediadores os conceitos da mente, que permitem à inteligência se identificar com os aspectos formais da realidade – assimilados imaterialmente. Entrequalquer cavalo, quadrúpede da ordem dos ungulados, e o nome “cavalo” existe o conceito mental de eqüinidade. Neste contexto, diga-se que a analogia é uma espécie de  semelhança proporcionada  da qual precisam valer-setodas as ciências para desenvolverem-se em seus respectivos âmbitos, conforme salienta o Pe. Maurílio Teixeira-Leite Penido no prólogo de seu clássico  Le rôle de l'analogie en theologie dogmatique. Nos raciocíniosanalógicos, o primeiro analogado realiza em si, de maneira perfeita ( simpliciter ), a noção mesma de analogia, ao passo que os analogados menores participam, de maneira limitada ( secundum quid ), do conceito principal. Não éo caso de explicitar nesta breve nota os sentidos da analogia nos dois principais tópicos que a escola tomista

definiu: 1- DE

 ATRIBUIÇÃO

: a)   plurium ad unum: vários analogados menores haurem sentido de alguma semelhançacom o analogado supremo. b) unius ad unum: um analogado menor realiza algo do conceito de que o analogadosupremo é portador. 2- DE PROPORCIONALIDADE, em distintos vetores: a) imprópria ou metafórica; b) própria.Como bibliografia elementar sobre o tema, indicamos o citado livro do Pe. Penido, que conheceu uma edição parao português cuja tradução foi revisada pelo autor ( A Função da Analogia em Teologia Dogmática, trazida à luz pela antiga editora Vozes em 1946); o denso tratado  De analogia, do dominicano da escola salmaticense SantiagoRamírez; e o escrito do lógico José Miguel Gambra intitulado  La Analogía en General , ainda em catálogo pelaeditora da Universidade de Navarra (EUNSA). A propósito, neste livro Grambra diz com acerto que somente ametafísica e a lógica têm competência para tratar do tema da analogia.[ xii ] Sobre o tema, veja-se o texto “Sobre as coisas políticas (VII): a Política em Santo Tomás”, no blog Contra Impugnantes, em: http://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2010/10/sobre-as-coisas-politicas-vii-politica.html

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[ xiii ] Cf. SANTO TOMÁS DE AQUINO. Comentário ao Evangelho de S. João, Proêmio, 1.[ xiv ] R ICARDO CLAREY; GUSTAVO NIETO; MARCELO LATTANZIO, Santo Tomás: Comentário de la Carta a los Filipenses,ed. bilíngüe, Mendoza, Ediciones del Verbo Encarnado, 2008, Introd., p. 18.[ xv ] SANTO TOMÁS DE AQUINO. Comentário a Tessalonicenses, 1ª Epístola, 30.[ xvi ] Uma série causal é acidentalmente ordenada  quando os efeitos atuais não necessitam do influxo causalconcomitante de toda a série para se manterem no ser, em sua forma presente. Por exemplo: para que um homemviva hic et nunc (aqui e agora) não é necessário que os seus bisavós ou tataravós ainda estejam no influxo causal

que distantemente o produziram, a saber: nos seus respectivos intercursos carnais, levados a cabo a determinadaaltura no decurso do tempo.[ xvii ] Uma série causal é essencialmente ordenada quando o efeito, após produzir-se, necessita do influxo atualde todas as causas da série para manter-se no ser em sua forma presente. Recorramos a um exemplo dado peloPe. Leonel Franca para aludir à natureza da série causal  per se. “Considerai, por exemplo, os olhos do homem. No fundo, um sistema de filetes nervosos, capazes de transmitir aos centros cerebrais uma sensação de luz,expandindo-se no interior do globo ocular em miríades de elementos diferenciados, cones e bastonetes, sensíveisà luz e à variedade das cores. Em seguida uma série de meios transparentes, sólidos ou líquidos, constituindo-seum sistema dióptrico centrado de modo que a imagem luminosa obtida se vá formar na superfície da retina. Umalente de curvatura variável – o cristalino – permite adaptá-lo a todas as distâncias (...). Um diafragma, eliminandoos raios periféricos, assegura a nitidez da imagem e corrige as conseqüências da aberração, de esfericidade. Ohumor lacrimal, lavando continuamente a superfície da refração, conserva-lhe a transparência. A dualidade dosórgãos visuais permite a visão estereoscópica com a percepção do relevo e da terceira dimensão. A posição dos

olhos na cabeça e um sistema de músculos sinérgicos ampliam o campo de visão facilitando-lhes os maisvariados movimentos. A cavidade dos olhos, as pálpebras (...) e sobrancelhas protegem a delicadeza desteaparelho que realiza o que ainda não conseguiram todos os nossos aparelhos óticos, fotográficos ecinematográficos. Diariamente os nossos olhos podem tomar mais de 864.000 clichês. Cada uma de suas partes é por sua vez uma obra-prima cuja complexidade os progressos da anatomia e da fisiologia nos vão revelando dedia para dia. Só o cristalino é formado por mais de duas mil e duzentas lamelas superpostas e concêntricas; seutecido é constituído por fibras prismáticas de seção hexagonal cujo número, dizem os tratados de histologia, seeleva a cinco milhões. A constituição histológica da retina é de uma complexidade estonteadora; nela já se chegama discernir mais de dez camadas de elementos, diferenciados de modo a assegurar não só a impressão daimagem, mas a percepção das cores e a constituição fotoquímica quase imediata dos elementos alterados por uma percepção anterior. (.. .) No efeito que observamos há (.. .) uma convergência  de todas as propriedades e ações para um determinado resultado [ver], (.. .) há uma  subordinação  a um bem superior que se obtém e que nãoencontra a sua explicação em cada um dos elementos [em separado]”, PADRE LEONEL FRANCA. O problema de Deus, 3. Argumento da f inalidade, 3.1 Teleologia Cósmica.  À luz deste trecho do Pe. Franca, explicitemos o princípio: nas causas essencialmente ordenadas, quando um dos elementos da série não alcança o seu fim próprio, ou o efeito não se produz, ou se produz com defeito. No caso do ser, se a sua indefectibilidade não fosseabsoluta, as causas essencialmente ordenadas sequer existiriam. O ser é o suposto fundamental de todas elas.[ xviii ] O objeto do entendimento (o verum) é superior ao da vontade (o bonum apprehensum), na medida em que para nós o bem só pode dizer-se “bom” enquanto verdadeiro. Neste sentido, a razão de bem (ratio boni) radicana razão de verdade (ratio veri), porque a vontade – que é o apetite intelectivo do bem – só deseja algo na única eexata medida em que se apresenta na forma inteligível de um bem. Em síntese, dada a sua constituiçãoontológica, a vontade não pode querer o mal em si ( simpliciter ), mas apenas acidentalmente ( per accidens), comoocorre a um suicida que, ao matar-se, deseja a morte porque esta, naquele momento, se lhe afigurou como amelhor maneira de pôr fim a seus tormentos existenciais. Ou seja: a vontade quis o que, no ato, lhe pareceu um bem. Em síntese, o verdadeiro está para o bom assim como o ato está para a potência, pois o ser dos entes é

apresentado à vontade somente após ser conhecido. Por isso Santo Tomás sustenta que não é possível querer oque não se conhece, pois algo só pode ser apetecido na medida em que o seu modo de ser ( modus essendi) sejadescortinado, nalgum grau, pela inteligência. Por conseguinte, o entendimento dá à vontade o seu objeto,conforme se lê num estupendo artigo da Suma Teológica (I, q. 82, a.3, ad.2).Para maiores detalhes sobre o tema, indicamos a série do blog  Contra Impugnantes intitulada “As relações entre ainteligência e a vontade”:I- http://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2009/10/as-relacoes-entre-inteligencia-e.html;II- http://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2009/11/as-relacoes-entre-inteligencia-e.html;III- http://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2010/05/as-relacoes-entre-inteligencia-e.htmlIV- http://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2010/09/as-relacoes-entre-inteligencia-e.html;V- http://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2010/09/as-relacoes-entre-inteligencia-e_20.html;

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NOTAS PRÉVIAS DO TRADUTOR 

• Antes de cada LEITURA  (comentário) de Santo Tomás a uma passagem, pusemos otexto bíblico, que não está presente na edição de que nos servimos, ou seja, na edição

 preparada por Roberto Busa S.J. e aprimorada por Enrique Alarcón.[ xxv ]

Agradecemos penhoradamente a este último pela cessão do texto latino ora apresentadoaos leitores brasileiros, ao lado da tradução para o português.• Antes de cada versículo bíblico, pusemos uma numeração entre colchetes que permiteao leitor localizar no texto do comentário a passagem exata em que o Santo Doutor comenta tal versículo. Esta disposição, porém, não é nossa. Tomamo-la da ediçãoMarietti[ xxvi ] das obras de Santo Tomás de Aquino.• Todas as citações da Bíblia Sagrada foram retiradas da tradução do Pe. MatosSoares, menos quando julgamos que sua tradução destoava do original e prejudicava acompreensão do texto.

• Utilizamos como fonte do original grego do Novo Testamento a consagrada ediçãocrítica de Westcott e Hort (1881).

• Ao longo do comentário do Aquinate, há notas explicativas e remissivas, as quais sãoapontadas respectivamente, ao seu final, com as abreviaturas N. C. (Nota doCoordenador) e N. T. (Nota do Tradutor).• Agradecemos de modo especial a Carlos Nougué por pacientemente revisar nossatradução.

[ xxv ] http://www.corpusthomisticum.org/c1t.html e http://www.corpusthomisticum.org/ct2.html[ xxvi ] SANTO TOMÁS DE AQUINO, Super Epistolas S. Pauli lectura, t. 2. Ed. R. CAI, 8ª ed, Taurini-Romae,Marietti, 1953, p. 163-209.

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COMENTÁRIO À

1ª Epístola

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DE SÃO PAULO AOS

TESSALONICENSES

(Super I Epistolam B. Pauli ad Thessalonicenses lectura)

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PREFÁCIO

 As águas cresceram, etc. (Gên. 7, 17).1. Estas palavras competem à matéria desta epístola. A arca, com efeito, é figura da

Igreja, como diz I Pedro 3, 20, porque, assim como na arca, enquanto outras pereceram, poucas almas foram salvas, assim na Igreja poucos, isto é, só os eleitos, serão salvos.[ 1]

As águas, porém, significam tribulações. Primeiro, porque as águas impelemcombatendo, assim como as tribulações. Mateus 7, 25: Transbordaram os rios, eassopraram os ventos e combateram aquela casa. Mas a Igreja não é movida peloembate dos rios. Por isso acrescenta: e não caiu.

Segundo, a água extingue o fogo. Eclo. 3, 33:  A água extingue o fogo ardente.  Astribulações extinguem o ímpeto das concupiscências de modo que os homens não assigam segundo seus caprichos, mas não extinguem a verdadeira caridade da Igreja. Cant.

8, 7:  As muitas águas não puderam extinguir a caridade, nem os rios terão força paraa afogar .Terceiro, as águas submergem pela inundação. Lam. 3, 54: Um dilúvio de águas veio

 sobre minha cabeça.  Mas a Igreja não é por elas submersa. Jn. 2, 5:  As águas mecercaram até a alma, o abismo me encerrou em si, as ondas do mar me cobriram acabeça, etc., e após isso: eu contudo verei ainda o teu santo templo, etc. (v. 5).

2. Portanto, ela não desanima, mas é sublevada. Primeiro, pela elevação da mente aDeus. Gregório: as coisas más que aqui nos comprimem compelem-nos a ir a Deus .[ 2 ]Os. 6, 1: Vendo-se na sua tribulação, dar-se-ão pressa a recorrer a mim.

Segundo, pela consolação espiritual. Sal. 93, 19: Segundo as muitas dores que provou

o meu coração, as tuas consolações alegraram a minha alma. II Cor. 1, 5:  Porque, àmedida em que nos crescem as penas de Cristo, crescem também por Cri  sto as nossasconsolações.

Terceiro, pela multiplicação dos fiéis, porque em tempo de perseguições Deus fezcrescer a Igreja. Ex. 1, 12: Quanto mais os oprimiam, tanto mais se multiplicavam ecresciam.

Assim, portanto, [aquelas palavras do Gênesis] convêm a esta epístola, pois, padecendo estes muitas tribulações, permaneceram fortes. Vejamos, pois, o texto.

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agir no futuro, cap. 4, 1: Quanto ao mais, etc.  Igualmente, primeiro dá graçasuniversalmente por seus bens; segundo, lembra-os em particular: Sabemos, irmãos, etc.Com respeito ao primeiro, faz duas coisas: primeiro põe a ação de graças; segundo, a suamatéria:  Lembrando-nos, etc. Igualmente, primeiro rende graças por eles; segundo, ora

 por eles:  fazendo continuamente memória de vós.

8. Quanto ao primeiro, pois, diz três coisas que devem estar na ação de graças.Primeira, ela deve ser ordenada, ou seja, [deve dirigir-se] a Deus. Por isso diz:  Damosraças a Deus. Sal. 84, 11: O Senhor dará graça e glória. Tia. 1, 17: Toda a dádiva

excelente e todo o dom perfeito vem do alto e descende do Pai das luzes . Ademais,deve ser assídua, razão por que [diz]  sempre. Por fim, deve ser universal:  por todos vós.I Tess. 5, 18:  por tudo dai graças.

9. Em seguida, ora por eles, dizendo:  fazendo continuamente memória de vós, etc.,como se dissesse: Toda vez que oro, tenho-vos na memória. Romanos 1, 9: Incessantemente faço menção de vós nas minhas orações.

10. Em seguida, quando diz: lembrando-nos da obra, põe os bens pelos quais rende

graças, ou seja, a fé, a esperança e a caridade. I Cor. 13, 13:  Agora, pois, permanecemestas três coisas: a fé, a esperança, a caridade, etc. Antepõe a fé, porque é a substância das coisas que se esperam, etc.   É necessário que o que se aproxima de Deus creia (Heb. 11, 1 e 6). Mas esta não é suficiente, se não tem operação e labor. Por isso diz: a obra e o trabalho da vossa fé.  Tia. 2, 26:  A fé sem obras é morta. Igualmente,

 porque se o que trabalha por Cristo é derrotado, sua fé de nada lhe serve. Luc. 8, 13: atécerto tempo crêem, mas no tempo da tentação voltam atrás. Por isso diz: a obra e otrabalho. É como se dissesse: lembrando-nos de vossa fé que opera e trabalha. [Lembra-lhes] também a caridade, em cujas obras abundam. I Tess. 4, 9: caridade daraternidade, etc. Igualmente, a esperança, que os faz suportar pacientemente as

adversidades. Rom. 12, 12: alegres na esperança, pacientes na tribulação. E aconstância, que a esperança produz. Tia. 5, 11: Vós ouvistes falar da paciência de Jó,etc.  A esperança, diz ele , de Nosso Senhor , isto é, que temos em Cristo, ou que Cristonos deu. I Ped. 1, 3: regenerou-nos para uma esperança viva, etc.  Esta esperança éerante Deus, não perante os olhos dos homens. Mat. 6, 1:  guardai-vos de fazer vossaustiça diante dos homens, etc. Heb. 6, 19: Temos a esperança como âncora segura da

alma, etc. Com efeito, a esperança no Antigo Testamento não conduziu a Deus.11. Em seguida, quando diz:  sabemos, irmãos, lembra-lhes os bens em particular.

Primeiro, louva-os por terem devota e prontamente aceitado a pregação, não obstante atribulação. Segundo, por não retrocederem dela por causa da tribulação, no cap. 2, 1: Efetivamente sabeis, etc. A primeira parte divide-se em duas, porque primeiro mostra deque sorte foi esta pregação; depois, como foi por eles recebida:  E vós vos fizestesimitadores nossos, etc. Quanto ao primeiro faz três coisas: primeiro, mostra o que sabiaacerca deles; segundo, o modo de sua pregação:  porque nosso Evangelho, etc.;  terceiro,o que eles sabiam sobre o Apóstolo:  sabeis, etc.

12. Diz, pois, irmãos amados de Deus, não só em comum, enquanto Deus vos dá oser da natureza, mas enquanto sois especialmente chamados aos bens eternos. Mal. 1, 2-

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3:  Amei Jacó, mas aborreci Esaú, etc.  Deut. 33, 3:  Ele amou os povos, etc.  Vossaeleição.  Como se dissesse: com toda a certeza reconheço-vos eleitos, porque nãomerecestes a eleição, mas fostes eleitos gratuitamente por Deus. E isto eu sei porqueDeus me deu um grande argumento na pregação, ou seja, aqueles a quem falo são eleitosde Deus, quando Deus lhes dá a graça de ouvir frutuosamente a palavra que lhes é

 pregada, ou quando me dá a graça de pregar-lhes copiosamente. Ezequiel 3, 26 parece, porém, contradizê-lo: e eu farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, etc.13. Por isso, primeiro, lembra quão virtuosamente lhes pregou; segundo, induz a seu

testemunho: como sabeis. Em verdade pregou virtuosamente, porque não o fez comsermão sublime, mas com virtude. I Cor. 2, 4:  A minha conversação e a minharegação não consistiram em palavras persuasivas da humana sabedoria, mas na

manifestação do espírito e da virtude.  I Cor. 4, 20: O reino de Deus não consiste nasalavras, mas na virtude. Ou isto pode referir-se à confirmação da pregação, ou à

maneira de pregar. Se se refere ao primeiro: minha pregação foi confirmada entre vós,não por argumentos, mas pela virtude dos milagres.[ 4 ] Mar. 16, 20: Cooperando com

eles o Senhor, e confirmando sua pregação com os milagres que a acompanhavam.Também foi confirmada pela doação do Espírito Santo. Por isso diz: no Espírito Santo.Atos 10, 44:  Estando Pedro ainda proferindo estas palavras, desceu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a pregação, etc. Heb. 2, 4: Comprovando Deus o seutestemunho por meio de sinais, maravilhas, várias virtudes e distribuições de EspíritoSanto. E em plenitude, etc. Acrescenta isto para que não creiam ter recebido menos doque os judeus. Como se dissesse: o Espírito Santo não faz acepção de pessoas, masesteve convosco na mesma plenitude com que esteve com os judeus. At. 2, 4:  foramtodos cheios do Espírito Santo, etc. Mas se se refere ao segundo: em virtude, isto é,exibindo-vos uma vida virtuosa.  At. 1, 1:  Jesus começou a fazer e a ensinar . E no

 Espírito Santo, ou seja, por seu impulso. Mat. 10, 20:  Não sereis vós que falais, etc.  Emrande plenitude, porque vos instruí em todas as coisas necessárias à fé.14. Induz, porém, o testemunho dos fiéis ao dizer: como vós sabeis, etc., isto é, quais

dons e virtudes mostramos a vós. II Cor. 5, 11:  Espero que também sejamos conhecidosdas vossas consciências.

15. Quando diz em seguida: e vós vos fizestes imitadores nossos, etc., mostra comoaceitaram sua pregação virtuosamente, sem recuar por causa das tribulações. Primeiro,mostra a sua virtude em imitar os outros; segundo, em se apresentarem como dignos deser imitados: de modo que vos tornastes.

16. Quanto ao primeiro faz duas coisas; primeiro, mostra os que foram imitados;segundo, em que os imitaram: recebendo. Quanto ao primeiro diz que eles imitaram osque deviam ser imitados, ou seja, os prelados. E por isso diz: vós vos fizestes imitadoresnossos. Fil. 3, 17: Sede meus imitadores, irmãos. Mas não nos imitaram naquilo em que

 prevaricamos como homens, e sim naquilo em que imitamos a Cristo. Por isso tambémdiz em I Cor. 4, 16: Sede meus imitadores, como eu o sou do Cristo, isto é, naquilo emque imitei a Cristo, a saber, na paciência em tempo de tribulação. Mat. 16, 24: Se alguémquer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.   I Ped. 2, 21:

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Cristo também sofreu por nós, deixando-vos o exemplo, para que sigais as suasisadas. E por isso diz: no meio de muita tribulação, com a alegria,  isto é, conquanto

muitas tribulações os ameaçassem por causa da palavra, contudo vós a aceitastes comgáudio. Tia. 1, 2: Tende por um motivo da maior alegria para vós as tribulações quevos afligem, etc. At. 5, 41: Os apóstolos saíam da presença do conselho, contentes por 

terem sido achados dignos de sofrer pelo nome de Jesus.  Com a alegria,  diz ele, do Espírito Santo, e não de outro qualquer, pois ele é o amor de Deus, que engendra alegrianos que sofrem por Cristo porque o amam. Cant. 8, 7:  Ainda que um homem dê todas asriquezas de sua casa pelo amor, ele as desprezará como nada.

17. E vós sois nossos imitadores de tal modo que podeis ser imitados por outros. Por isso diz: de modo que vos tornastes, etc.  Quanto a isso enuncia três coisas: primeira,mostra que são imitáveis; segunda, como sua fama foi divulgada:  por meio de vós sedifundiu, etc.; terceira, como são louvados por todos os povos: eles mesmos publicam,etc.

18. Portanto, diz: vós nos imitastes tão perfeitamente de modo que vos tornastes

modelo, ou seja, um exemplo de vida, não só em vossa terra, mas em outras. Mat. 5, 16: ssim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, etc.19. Porém vos tornastes exemplo para os fiéis aos quais a vossa fé se fez conhecida,

aos quais chegou a vossa bondade.  Por meio de vós se difundiu a palavra do Senhor,isto é, ao pregar o Senhor, propagou-se vossa fama, não só pela Macedônia e pela

cácia, que vos são próximas, mas a fé perfeita que tendes em Deus – aquela que Deusaceita e que vos une a Ele – propagou-se também por toda a parte. Rom. 1, 8: Vossa féé celebrada em todo o mundo, etc.  E um sinal disto é que não temos necessidade dedizer coisa alguma. Pois o bom pregador propõe o bem feito pelos outros comoexemplo. II Cor. 9, 2: O vosso zelo tem estimulado muitos.

20. Ao dizer em seguida:  De fato eles mesmos, etc., põe o louvor que eles recebem dosoutros, pois são eles mesmos que publicam, etc. Prov. 31, 31: e as suas obras a louvamnas portas da cidade. Louvam, porém, em vós a minha pregação e a vossa conversão.Anunciam, pois, a aceitação que tivemos entre vós, pois padecíamos grande dificuldadee tribulações. Louvam também vossa conversão.

21. E indicam como, de que e a que fostes convertidos. Quanto ao primeiro diz: comovos convertestes a Deus, isto é, quão facilmente e perfeitamente. Joel 2, 12: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração, etc. Eclo. 5, 8:  Não tardes em te converter aoSenhor, e não difiras de dia para dia. Quanto ao segundo, diz: dos simulacros.  I Cor.12, 2: Sabeis que, quando éreis gentios, concorríeis aos simulacros mudos, conformeéreis levados. Quanto ao terceiro, diz:  para servirdes a Deus, ou seja, prestando a Deus,e não à criatura, um culto de adoração. Isto é o contrário do dito em Rom. 1, 25:adoraram e serviram à criatura de preferência ao Criador, etc . Diz vivo para excluir oculto idolátrico, já que os idólatras adoravam alguns mortos cujas almas diziam ser deificadas, como a de Rômulo e a de Hércules. Deut. 32, 40:  Eu  vivo eternamente.Igualmente, porque os platônicos acreditavam que certas substâncias separadas eram

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deuses por participação, diz verdadeiro, não por participação da natureza divina, mas porque Deus recompensa os que o servem.

22. Por isso, como sois servos dele, resta-vos esperar a recompensa. Por isso diz:  paraesperardes a seu Filho, ou seja, o Filho de Deus, descendo do céu. Luc. 12, 36:  Fazeicomo os homens que esperam o seu senhor quando volta das bodas. Is. 30, 18: ditosos

todos os que o esperam. Estes são os que têm os rins cingidos. Há duas coisas, porém,que esperamos: primeira, a ressurreição, para que assim nos conformemos a Ele. Por isso diz: a quem Ele ressuscitou dos mortos, Jesus. Rom. 8, 11:  Ele, que ressuscitouesus Cristo dos mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, etc. Fil. 3, 21:

Transformará o nosso corpo de miséria, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso.Segunda, a libertação da pena futura reservada aos réprobos.[ 5 ] Mas somos libertos dacausa da pena, ou seja, do pecado, por Cristo. Por isso diz: o qual nos livrou da ira quehá de vir . Apoc. 6, 16:  Escondei-nos da face daquele que está sentado sobre o trono eda ira do Cordeiro. Ninguém pode livrar-nos desta ira senão Cristo. Mat. 3, 7: Quem vosensinou a fugir à ira vindoura?

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CAPÍTULO II

PRIMEIRA LEITURA – I TESSALONICENSES 2, 1-12

[23]1Efetivamente sabeis, irmãos, que a nossa ida a vós não foi sem fruto, [25] 2 pois,tendo primeiro sofrido e tolerado afrontas (como sabeis) em Filipos, tivemos

confiança em nosso Deus para vos pregar o Evangelho de Deus no meio de muitosobstáculos. [26]3A nossa exortação não procedeu de erro, nem de malícia, nem defraude, [28]4mas, como fomos aprovados por Deus, para que nos fosse confiado oEvangelho, assim falamos, não para agradar aos homens, mas a Deus, que sonda osnossos corações; [31]5realmente a nossa linguagem nunca foi de adulação, comosabeis, nem um pretexto de avareza; Deus é testemunha; [32]6nem buscamos glóriados homens, quer de vós, quer de outros. [33]7Podendo, como apóstolos de Cristo,ser-vos de algum peso, fizemo-nos pequenos entre vós, como a mãe que cerca deternos cuidados os seus filhos. 8Assim, amando-vos muito, ansiosamentedesejávamos dar-vos não só o Evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias

vidas, porquanto nos éreis muito queridos. [35]9Certamente vos lembrais, irmãos, donosso trabalho e fadigas; trabalhando de noite e de dia para não sermos pesados anenhum de vós, pregamos entre vós o Evangelho de Deus. [36]10Vós e Deus soistestemunhas de quão santa e justa e irrepreensivelmente procedemos convosco, quecrestes, [38]11assim como sabeis de que maneira a cada um de vós (como um pai aseus filhos) 12vos andávamos exortando, confortando e suplicando que andásseis deuma maneira digna de Deus, que vos chamou ao seu reino e glória.

23. Acima, ele os louvou por haverem recebido a palavra de Deus apesar dastribulações, aqui ele os louva por não haverem abandonado a palavra por causa das

tribulações. Acerca disto, faz três coisas: primeira, lembra-lhes as tribulações; segunda,mostra qual remédio lhes ofereceu, no capítulo 3, 1:  Pelo que, etc.; terceiro, qual foi omotivo (3, 8):  Porque agora vivemos, etc. E, já que antes disse que todos publicam avinda do Apóstolo até eles em vista de sua própria conversão, primeiro trata de suachegada; segundo, da sua conversão:  Por isso, também nós damos sem cessar graças a Deus, etc. Acerca do primeiro faz três coisas: primeira, comemora a sua própriaconstância antes de ter com eles; segunda, a sinceridade da doutrina pela qual osconverteu:  A nossa exortação, etc.; terceira, a sinceridade da sua conduta com osconversos:  Porque vós, etc. Igualmente, a primeira parte se subdivide em duas: primeiro,antepõe as tribulações que padeceu antes de vir a eles; segundo, de que modo não

 perdeu a confiança por causa delas: tivemos confiança em nosso Deus, etc.24. Diz, portanto: a nossa ida a vós é notável porque, como bem sabeis, ela não foi

inane, etc., ou seja, não foi fácil, porém muito difícil por causa das muitas tribulações.Ou então: não foi vã, isto é, vazia, mas plena. Gên. 1, 2:  A terra estava inane e vazia,etc. Ou ainda: não foi inane, isto é, passageira, mas foi estável. Fil. 2, 16:  Não corri emvão, nem trabalhei em vão. Mas, tendo primeiro sofrido paixões no corpo. Prov. 19, 11:

  doutrina do homem conhece-se pela paciência . Sal. 91, 15-16:  E estarão cheios de

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vigor, para anunciar . Ou então tribulações espirituais, pois toleramos  afrontas em Filipos, onde por causa da cura da pitonisa ele padeceu tribulações. E esta cidade é daMacedônia.

25. Nem por isso se extinguiu a confiança de pregar.[ 6 ] Isa. 12, 2:  Eis que Deus é omeu Salvador; viverei cheio de confiança e não temerei . Tivemos esta confiança para

vos  pregar o Evangelho de Deus com muita solici tude de vossa conversão. Rom. 12, 8:o que preside, seja solícito. II Cor. 11, 28:  Além destas coisas que são exteriores, tenhotambém a minha preocupação cotidiana, a solicitude de todas as igrejas.

26. Quando diz em seguida: a nossa exortação, etc., mostra a singeleza de sua pregação. Quanto a isto, faz duas coisas: primeira, demonstra a singeleza de sua doutrina;segunda, expõe certas coisas que disse:  Não falamos para agradar os homens, etc.Quanto à primeira, faz duas coisas: antes de tudo, afasta a corrupção da doutrina; emseguida, afirma a sua singeleza: como fomos aprovados, etc.

27. Ora, a doutrina se corrompe ou pela coisa que se ensina, ou pela intenção daqueleque ensina. Por causa do primeiro, a doutrina se corrompe de dois modos: primeiro, pelo

erro; por exemplo, quando se diz que a salvação é alcançada por Cristo e pelaobservância da Lei. II Tim. 3, 13: Os homens maus e sedutores irão de mal a pior,errando e induzindo outros ao erro. Por isso diz:  A nossa exortação não procede deerro, como a de alguns outros. Segundo, pela imundícia; por exemplo, a doutrina dos que

 permitem o entregar-se às volúpias, doutrina essa de um certo Nicolau,[ 7 ] que permitiamatrimônios promíscuos, em que a esposa era compartilhada com outros. Por isso diz:nem de imundícia. Apoc. 2, 20:  Permites a Jesabel, que se diz profetisa, ensinar e seduzir os meus servos, para fornicarem e comerem das coisas sacrificadas aos ídolos,etc. Jó 6, 30:  Não encontrareis iniqüidade na minha língua. Igualmente, a exortaçãotampouco é fraudulenta, como a de outros, que, embora digam a verdade, têm contudo

intenção corrupta, porque não buscam o proveito dos ouvintes nem a honra de Deus,mas buscam sua própria honra. Contra estes diz: nem de fraude. Jer. 9, 8:  A língua delesé uma seta que fere, e falou o dolo, etc.

28. Sua pregação não é, pois, corrupta, mas singela. Ora, algo é singelo quandoconserva a sua natureza. Portanto, será singela a pregação que for conforme ao teor e aofim com que Cristo ensinou. Por isso diz: como fomos aprovados, isto é, falamossegundo o modo e a intenção com que Deus nos elegeu e aprovou para pregar. Gál. 2, 7: Foi-me confiado o Evangelho para os não circuncidados, como a Pedro para oscircuncidados. At. 9, 15:  Este é uma instrumento escolhido por mim para levar o meunome diante das gentes, dos reis e dos filhos de Israel .

29. Quando diz em seguida: não para agradar aos homens, etc., mostra que sua pregação não foi fraudulenta. Primeiro, afasta dela o que poderia indicar fraude;segundo, dá um sinal disto: nunca foi; terceiro, indica a causa: nem um pretexto.

30. Quanto ao primeiro diz: a minha pregação não tem por fim agradar aos homens.Sal. 52, 6:  Dissipou os ossos dos que procuram agradar aos homens. Gál. 1, 10: Seagradasse aos homens, não seria servo de Cristo. Às vezes, contudo, os pregadoresdevem querer agradar aos homens por causa da glória de Deus e para que a pregação

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frutifique mais, como se diz em I Cor. 10, 33:  Eu em tudo procuro agradar a todos, etc.Mas, a Deus, etc. Prov. 16, 2: Todos os caminhos dos homens estão patentes aos seusolhos.

31. Um sinal disto é que não os adulamos dizendo-lhes coisas agradáveis. Is. 30, 10: Falai-nos de coisas agradáveis, posto que sejam erros, etc. Prov. 24, 28:  Não seduzas

a ninguém com os teus lábios, etc.32. E igualmente indica a causa. Alguém busca agradar aos homens por duas razões: para obter ou algum benefício ou a glória. Mas ele exclui as duas, primeiro dizendo:nunca foi, etc., porque não só evitamos a adulação, mas também qualquer    pretexto deavareza. I Tim. 6, 5:  Pensam que a piedade é uma fonte de lucro. Jer. 6, 13:  Desde omenor até ao maior, todos se entregam à avareza. Quanto ao segundo:  Nem buscamoslória, quer de vós, quer de outros  por pregar a doutrina, mesmo que pudéssemos

esperar disto glória, um salário e ainda o sustento – uma vez que eles lhe deviam a glóriae o sustento. Por isso diz:  Podendo   ser-vos de algum peso. Chama-o  peso  porque eraisto o que os pregadores perversos exigiam deles desmedidamente. Is. 3, 14: Vós

devorastes a minha vinha, etc.33. Em seguida, ao dizer  fizemo-nos, etc., manifesta estas duas coisas: primeira, quenão busca glória humana; segunda, que não busca pretexto para avareza: Certamente voslembrais, etc.

34. Quanto à primeira faz duas coisas: primeira, mostra a sua humildade; segunda, asua solicitude, servindo-se de uma símile: como a mãe, etc. Estabelece, portanto, a

 primeira dizendo:  Fizemo-nos pequenos entre vós, isto é, humildes. Eclo. 32, 1: Puseram-te como chefe? Não te ensoberbeças por isso; sê entre eles um deles mesmos.Mostra isto por uma símile, dizendo: como a mãe, que condescende com o filho,

 balbuciando ao lhe falar para que a criança aprenda a falar, e que condescende até nos

gestos. I Cor. 9, 22:  Fiz-me tudo para todos.  I Cor. 3, 1-2: Como a pequeninos emCristo, nutri-vos com leite, não com alimento sólido. [ Desejávamos dar-vos as] nossaróprias vidas.  Jo. 10, 11: O bom pastor expõe a sua vida pelas suas ovelhas, etc.

 Porquanto nos éreis muito queridos, etc. II Cor. 12, 15:  Eu de mui boa vontade darei oque é meu e me darei a mim pelas vossas almas, etc.

35. Quando diz em seguida: certamente vos lembrais, desenvolve o segundo pontoreferido acima, a saber: nunca foi um pretexto para avareza, porque nada recebemos devós, mas sim do nosso trabalho, etc.  Há alguns que de fato trabalham, mas comconforto; nós, porém, trabalhamos com fadiga. Diz ele: do nosso trabalho, não umtrabalho que exercita o corpo, mas um trabalho fatigante. Por isso acrescenta: e fadigas.Alguns trabalham de dia, nós, porém, trabalhamos de noite e de dia. Por estas palavras,queria preservá-los dos falsos [apóstolos], que recebiam muito, e também dos ociosos. ICor. 4, 12:  Laboramos, trabalhando com nossas próprias mãos.

36. Quando diz em seguida: vós sois, põe a pureza de sua conduta; primeiro, como elafoi santa com respeito à sua vida; segundo, como ela foi solícita com respeito à doutrina:assim como sabeis de que maneira, etc.

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37. Portanto, diz: sabeis quão santamente, isto é, com quanta pureza. Lev. 11, 44 e 19,2: Sede santos porque eu sou santo. Quão justamente, com respeito ao próximo. Tit. 2,12: Vivamos neste século sóbria, justa e piamente. Quão irrepreensivelmenterocedemos convosco, que crestes, isto é, nada fiz, desde o momento em que crestes,

que pudesse escandalizar alguém entre vós. Vede que a pregação de um só é às vezes

muito forte.38. Como  um pai. I Cor. 4, 15:  Fui eu que vos gerei em Jesus Cristo por meio do Evangelho, exortando-vos. Filem. 1, 8-9:  Ainda que eu tenha muita liberdade em JesusCristo para te mandar o que convém, contudo peço-te por caridade. E confortando-voscom doces palavras, ao contrário do que diz Ezequiel (34, 4):  Domináveis sobre elascom aspereza e com potência. Is. 61, 2-3:  Para consolar todos os que choram, paraconceder e dar consolação aos de Sião, que choram. E o que pregaste? Que andásseisdignamente, isto é, que vossa conduta fosse tal que conviesse aos ministros de Cristo.Col. 1, 10: Que andeis de um modo digno de Deus, agradando-lhe em tudo.  Deus que[vos chamou ao seu reino e glória] . Sab. 6, 21: O desejo da sabedoria conduz ao reino

eterno.

SEGUNDA LEITURA – I TESSALONICENSES 2, 13-20

[39]13Por isso, também nós damos sem cessar graças a Deus, porque, tendo vósrecebido a palavra de Deus, que ouvistes de nós, a abraçastes, não como palavra doshomens, mas (segundo é verdade) como palavra de Deus, a qual opera em vós quecrestes. [41]14Porque vós, irmãos, tornastes-vos imitadores das igrejas de Deus, quehá pela Judéia, das igrejas de Jesus Cristo, porque vós também sofrestes, de parte devossa própria nação as mesmas coisas que elas igualmente sofreram dos judeus,

[43]15que mataram o Senhor Jesus e os profetas, nos têm perseguido a nós, e nãoagradam a Deus e são inimigos de todos os homens, 16 proibindo-nos falar aos gentios

 para que sejam salvos, a fim de irem sempre enchendo a medida dos seus pecados; porque a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim. [49]17Ora, nós, irmãos, privados por um pouco de tempo de vós, quanto à vista, não quanto ao coração, ainda mais nosapressamos, com grande desejo, para ver a vossa face. [51]18Pelo que quisemos ir ter convosco (pelo menos eu, Paulo) uma e outra vez, mas Satanás impediu-nos.[52]19Pois, qual é a nossa esperança, ou a nossa glória, ou coroa de glória?Porventura não o sois vós diante do Senhor Jesus Cristo, na sua vinda? [54] 20Sim,vós sois a nossa glória e alegria.

39. O Apóstolo, após relembrar como foi sua chegada a eles, mostra aqui a qualidadede sua conversão. Quanto a isto faz duas coisas: primeiro, mostra que se converteram

 perfeitamente por uma fé firme; segundo, de que modo perseveraram firmemente nastribulações:  porque vós, etc.

40. Primeiro, pois, põe as boas ações pelas quais rende graças e dá a razão. Portanto,diz:  por isso,  porque vos preguei solicitamente, como um pai aos filhos, dou graças

 pelos seus bens, como um pai pelos bens dos filhos. III Jo. 1, 4:  Eu não tenho maior 

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alegria do que ouvir dizer que os meus filhos andam no caminho da verdade . Fil. 4, 6:com ação de graças. Mas quais são estas boas obras? Tendo vós recebido de nós, etc.Deve o pregador dar graças quando sua pregação aproveita aos ouvintes. E diz as

 palavras: a palavra de Deus, que ouvistes de nós, isto é, por meio de nós. Sal. 84, 9:Ouvirei o que o Senhor me disser . Rom. 10, 17:  A fé é pelo ouvido, e o ouvido pela

alavra de Cristo. Vós a abraçastes, isto é, firmemente a guardastes em vosso coração,não como palavra dos homens, pois as palavras dos homens são vãs. II Cor. 13, 3: Porventura quereis pôr à prova Cristo, que fala em mim?  II Ped. 1, 21: Com efeito, arofecia nunca foi dada pela vontade dos homens, mas os homens santos de Deusalaram inspirados pelo Espírito Santo. E por que vós dais graças? Pois aquele em que

crestes, Deus, operou em vós. Fil. 2, 13:  Deus é o que opera em vós o querer e oexecutar, segundo o seu beneplácito. Is. 26, 12: Senhor, és tu que fizeste para nós todasas nossas obras.

41. Em seguida, quando diz:  Porque vós, etc., mostra como perseveraram firmementenas tribulações. Quanto a isto, faz duas coisas: primeiro, põe as tribulações a que

resistiram; segundo, o remédio que lhes havia proposto:  Nós, irmãos, etc. Igualmente, a primeira parte se subdivide em duas: primeiro lhes elogia a paciência nas adversidades;segundo, repreende os que infligiram as adversidades: Que mataram o Senhor Jesus, etc.

42. Diz, portanto: aceitastes a palavra, não como dos homens, mas (segundo éverdade) como palavra de Deus, pois vos expusestes até à morte por causa dela. Comefeito, o homem que morre por Cristo dá testemunho de que as palavras da fé são

 palavras de Deus. Por isso a palavra “mártires” significa “testemunhas”.  Na Judéia, onde primeiro foi anunciada a fé em Cristo. Is. 2, 3:  De Sião sairá a lei, e de Jerusalém a

alavra do Senhor . Também ali se consumou a primeira perseguição contra a fé. At. 8,1:  Naquele dia levantou-se uma grande perseguição contra a Igreja que estava em

erusalém, etc. Heb. 10, 32:  Lembrai-vos dos primeiros dias em que, depois de terdes sido iluminados, sofrestes grande combate de sofrimentos.  E estes padeceramsofrimentos similares. Por isso diz: vós também sofrestes, da parte dos da vossa próprianação, isto é, da parte dos infiéis de Tessalônica. Mat. 10, 36: os inimigos do homem,etc.

43. Em seguida, quando diz: Que mataram o Senhor, etc., acusa os judeus, quecomeçaram as perseguições. E primeiro recorda a sua culpa; segundo, a razão de suaculpa: a fim de irem sempre enchendo.

44. Quanto ao primeiro, faz três coisas: primeiro, põe a sua culpa em comparação comos ministros de Deus; segundo, em comparação com Deus; terceiro, em comparaçãocom toda a humanidade. Os ministros de Deus são os pregadores. A pregação procede

 principalmente de Cristo; os profetas figuraram-na, e os apóstolos executaram-na. Contraos três insurgiram-se os judeus.

45. Primeiro, fala de Cristo: mataram o Senhor Jesus. Mat. 21, 38:  Este é o herdeiro;vinde, matemo-lo. Não se pode objetar a isto que foram os gentios que o mataram,

 porque os judeus clamaram com suas palavras a Pilatos que ele fosse morto. Jer. 12, 8:  Aminha herança tornou-se para mim como um leão entre selvas; levantou a voz contra

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mim, etc. Segundo, fala dos profetas: mataram os profetas. At. 7, 52:  A qual dosrofetas não perseguiram os vossos pais? Mataram até os que prediziam a vinda dousto, do qual vós agora fostes traidores e homicidas. Terceiro, fala dos apóstolos: a

nós, isto é, aos apóstolos. Mat. 10, 17:  Fá-los-ão comparecer nos seus tribunais, etc.46. Segundo, põe a culpa em comparação com Deus: e não agradam a Deus, mesmo

que cressem prestar a Deus um obséquio (Jo. 16, 2). Mas, porque têm zelo de Deus nãosegundo a ciência, não lhe agradam, pois não agem segundo a reta fé, e  sem fé éimpossível agradar a Deus  (Heb. 11, 6). Is. 5, 25:  Por isso o furor do Senhor seascendeu contra o seu povo, etc.

47. Terceiro, mostra a sua culpa em comparação com todo o gênero humano: e sãoinimigos de todos os homens. Gên. 16, 12:  A sua mão se levantará contra todos, etc.São inimigos de todos os homens porque proíbem e impedem a pregação aos gentios esua conversão. Em At. 11, 2, Pedro foi repreendido [pelos judeus] por ter ido atéCornélio. Igualmente em Lucas 15, 28, o filho mais velho – o povo judeu – indigna-se

 porque o Pai recebe o filho mais novo – o povo gentio. Is. 45, 10:  Ai do que diz ao pai:

 Por que me geraste? Núm. 11, 29: Quem dera que todo o povo profetizasse?48. Mas razão desta culpa é a permissão divina, que quer a consumação dos seus pecados. De fato, existe uma medida determinada de todas as ações, quer boas quer más, porque nada é infinito.[ 8 ] E a medida de todas elas está na presciência de Deus. Amedida do bem está na sua preparação. Ef. 4, 7:  Mas a cada um de nós foi dada araça segundo a medida do dom de Cristo.   Mas a medida dos males está em sua

 permissão, porque, se alguns são maus, não o são, contudo, na medida em que querem,mas na medida em que Deus o permite.[ 9 ] E por isto vivem tanto quanto Deus o

 permite. Mat. 23, 32:  Acabai, pois, de encher a medida de vossos pais, etc. E por issodiz:  A fim de irem sempre enchendo, etc. Com efeito, Deus deu aos judeus um espaço

de quarenta anos após a paixão de Cristo para fazerem penitência. Não se converteram,mas amontoaram pecados sobre pecados. E por isso Deus já não o permitiu. Por isso diz:orque a ira de Deus, etc.  II Reis 22, 13:  A ira do Senhor se ascendeu grandemente

contra nós, porque os nossos pais não ouviram as palavras deste livro, etc. Luc. 21,23:  Haverá grande angústia sobre a terra e ira contra este povo, etc.  Não creias queesta ira durará tantos anos, mas permanecerá até ao fim  do mundo, quando entrar a

 plenitude dos gentios, etc. Luc. 19, 44 e 21, 6 e Mat. 24, 2:  Não ficará aqui pedra sobreedra que não seja derrubada.49. Em seguida, quando diz: Ora nós, etc., mostra o remédio que lhes havia proposto,

ou seja, o ir até eles pessoalmente. Quanto a isso faz três coisas. Primeira, põe o propósito de visitá-los; segunda, o impedimento: mas Satanás impediu-nos; terceira, por que razão queria ir:  Pois qual é.

50. Portanto, diz: Ora nós, irmãos, privados de vós, de quem fomos separados por causa de vossas tribulações, quanto à palavra, isto é, não pudemos falar convosco, equanto à vista, isto é, não pudemos vê-los. Por estes dois motivos, faz-se necessária a

 presença do amigo, porque é consoladora. Porém não fomos separados quanto aocoração, porque de coração estamos presentes. I Cor. 5, 3: Quanto a mim, embora

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ausente de corpo, mas presente com o espírito.  Ainda mais nos apressamos para ver avossa face, etc., para que estejamos presentes de corpo, assim como estamos decoração. Rom. 15, 23:  Desejando há muitos anos ir ter convosco, etc.   Apressamo-nos,di-lo no plural, pois escreve em nome de três pessoas: de si mesmo, de Silvano e deTimóteo.

51. Por isso quisemos ir ter convosco, nós todos, pelo menos uma vez, mas eu Paulo,uma e outra vez, ou seja, duas vezes o propus, mas Satanás impediu-nos, isto é,suscitou obstáculos, talvez tempestades. Apoc. 7, 1:  Estes são os anjos que detêm osventos.

52. Quando diz em seguida: Qual é, etc., mostra a causa do propósito. Primeiro,quanto ao futuro; segundo, quanto ao presente: vós sois, etc.

53. Diz, portanto: desejo ver-vos, e dou graças pelos vossos bens, que são nossaesperança. Ora, por estes esperamos de Deus nossa recompensa, quando ele vier retribuir a cada um segundo as suas obras. Com efeito, a maior recompensa do pregador são aqueles que converteu. Ou a nossa alegria,  porque a alegria deles é a alegria

também do Apóstolo, assim como o bem deles é o bem do Apóstolo. Com efeito, o bemdo efeito reduz-se ao bem da causa. Ou a coroa de glória, porque aquele que osconduziu ao combate também recebe a coroa por seus combates. Com efeito, o generalque conduz os soldados na batalha será coroado. Eclo. 30, 2:  Aquele que instrui o seuilho será louvado nele, e nele mesmo se gloriará entre os seus conhecidos . E digo:

Qual é a nossa esperança?   Porventura não sois vós, no futuro , diante do Senhor JesusCristo, na sua vinda? (v. 19)

54. Mas já no presente, vós sois a nossa glória, perante todos os fiéis. I Cor. 9, 15:Tenho por melhor morrer, antes que alguém me faça perder a minha glória .  E a nossaalegria, pois desde já me alegro com os vossos bens.

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CAPÍTULO III

PRIMEIRA LEITURA – I TESSALONICENSES 3, 1-13

[55]1Pelo que, não podendo mais sofrer, preferimos ficar sós em Atenas, [58]2eenviamos Timóteo, nosso irmão e ministro de Deus no Evangelho de Cristo, para vos

fortalecer e confortar na vossa fé, [60]3a fim de que ninguém seja abalado por estastribulações, pois vós mesmos sabeis que para isto fomos destinados. [61]4Pois,quando ainda estávamos convosco, vos predizíamos que havíamos de padecer tribulações, como com efeito aconteceu e vós o sabeis. 5Por isso, não podendo eusofrer mais demora, enviei a reconhecer a vossa fé, temendo que o tentador vostenha tentado e que se torne inútil o nosso trabalho. [64]6Mas agora, voltandoTimóteo a nós, depois de vos ter visitado, e trazendo-nos boas-novas da vossa fé ecaridade da vossa sempre afetuosa lembrança de nós, do vosso desejo de nos ver – também sentimos desejo de vos ver – [65]7com isto temos sido consolados a vossorespeito, pela vossa fé, no meio de toda a nossa angústia e tribulação, 8 porque agora

vivemos, visto que vós estais firmes no Senhor. [67]9E que ação de graças podemosnós dar a Deus por vós, por toda a alegria que gozamos por vossa causa diante denosso Deus? [68]10Pedimos-lhe de noite e de dia, com a maior instância, quecheguemos a ver a vossa face e que completemos o que falta à vossa fé. [70] 11Que omesmo Deus e Pai nosso, e nosso Senhor Jesus Cristo encaminhe os nossos passos

 para vós. 12E o Senhor vos faça crescer e exuberar na caridade entre vós e para comtodos, assim como é a nossa para convosco, [72]13a fim de que vossos corações,livres de culpa, sejam confirmados na santidade diante de Deus Pai nosso, por ocasião da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos. Amém.

55. Lembrou-lhes as tribulações que padeciam e o remédio que lhes havia propostoentregar, e aqui mostra como os socorreu pela visita de Timóteo. E, primeiro, trata damissão do núncio; segundo, do relato feito por ele: mas agora; terceiro, do efeito desterelato sobre o Apóstolo: Temos sido consolados.  Igualmente, o primeiro se divide emtrês: primeiro, antepõe a causa por que o enviou; segundo, quem enviou; terceiro, por que motivo o enviou.

56. Diz, portanto:  Pelo que, isto é, porque Satanás nos impediu, contudo vós sois anossa glória; por isso não   pudemos mais sofrer   o peso do amor que nos inclina a vós.Is. 1, 14:  Elas tornaram-se molestas, estou cansado de as suportar . Gên. 45, 1:  Josénão se podia conter mais.

57.  Preferimos,  ou seja, Paulo e Silvano,  ficar sós em Atenas e enviamos Timóteo, porque era muito conveniente ao Apóstolo. Fil. 2, 20:  Não tenho ninguém unido comigoem sentimentos, e que se interesse por vós com afeto mais sincero. I Cor. 4, 17:  Enviei -vos Timóteo, que é meu filho caríssimo e fiel no Senhor .  Irmão,  por sua caridade

 prestativa. Prov. 18, 19: O irmão, que é ajudado pelo irmão, é como uma cidade forte. E ministro: que é uma dignidade eclesiástica. II Cor. 11, 23: São ministros de Cristo, etambém eu, etc. Ele o envia para fortalecê-los e para relatar-lho a ele.

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Gál. 6, 15:  Em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a incircuncisão valem nada, mas o ser uma nova criatura. Mas fé também ao Apóstolo. Por isso diz:  E da vossa sempreafetuosa lembrança. Eclo. 49, 1:  A memória de Josias é como uma composição dearomas, feita por perito perfumista, etc. Prov. 10, 7:  A memória do justo é comlouvores.  Desejando nos ver, assim como também nós, a vós.  Agostinho:  É duro o

espírito daquele que, não querendo praticar o amor, tampouco quer retribuí-lo.[ 11 ]Is. 51, 2:  Lançai os olhos para Abraão, vosso pai, etc.65. Quando diz em seguida: Com isso temos sido consolados, expõe o triplo efeito do

relato, a saber, a consolação espiritual; a ação de graças:  E que ação de graças, etc.; e amultiplicação da oração: de noite.

66. Diz, portanto: conquanto vos ameacem a necessidade das coisas temporais e astribulações corporais, temos sido consolados porque ouvimos tais coisas de vós. Sal. 93,19:  À proporção das muitas dores que atormentaram o meu coração, tuas consolaçõesalegraram-me a alma, etc. II Cor. 1, 3:  Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor JesusCristo, Pai de misericórdias e Deus de toda a consolação, etc. E isso  pela vossa fé, isto

é, por ouvirmos a firmeza de vossa fé,  porque agora vivemos, etc. É como se dissesse:amo tanto o vosso estado, que me reputo viver por ele. Gên. 45, 28:  Basta que aindaviva meu filho José.

67. Em seguida, quando diz:  E que, etc., põe o segundo efeito do relato feito, ou seja, aação de graças. É como se dissesse: eu não seria capaz de render a Deus por vós umaação de graças condigna. Miq. 6, 6: Que oferecerei ao Senhor, que seja digno dele, etc.?Sal. 116, 12: Que darei em retribuição ao Senhor, por tudo, etc.?  Deve-se, contudo,referir graças a Deus  por toda a alegria, que não é de todo exterior, mas que gozamosor vossa causa,  na consciência, diante do Senhor , que a vê. Ou, diante do Senhor ,

 porque apraz proximamente a Deus. I Cor. 13, 6: [A caridade] folga com a verdade,

etc.68. Quando diz em seguida: de noite, põe o terceiro efeito do relato. E primeiro põe a

multiplicação da oração e, segundo, mostra o que pede quando ora: Que o mesmo, etc.69. Diz, portanto: damos graças pelas coisas passadas, mas não cessamos de orar pelas

coisas futuras, ademais, de dia e de noite,  isto é, na adversidade e na prosperidade. Sal.54, 18:  De tarde, de manhã e ao meio-dia narrarei, etc.  E completemos, etc., não,

 porém, as coisas que eram necessárias à fé, mas algumas coisas secretas que o Apóstolonão lhes pregara por serem neófitos. I Cor. 3, 1:  Não vos pude falar como a espiri tuais,mas como a carnais, etc. Jo. 16, 12: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas vósnão, etc.

70. Em seguida, quando diz: Que o mesmo Deus, etc., demonstra o que deseja paraeles. Quanto a isto, primeiro mostra o que pede: a fim de que sejam confirmados.

71. Pede, porém, duas coisas: uma para si, que possa ir ter com eles. Por isso diz: Queo mesmo Deus e Pai nosso, etc.  Jo. 20, 17: Subo para meu Pai e vosso Pai, etc. Prov.16, 1: É ao homem que pertence preparar a sua alma, e ao Senhor governar-lhe alíngua. Outra para eles. Por isso diz: e vos faça crescer, ou seja, na fé. II Sam. 24, 3: OSenhor teu Deus queira multiplicar o teu povo outro tanto do que é agora, etc . E que

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aumentem os méritos.[ 12 ] Por isso diz: e faça abundar vossa caridade, que em via[ 13] sempre pode aumentar. Col. 3, 14: Sobretudo, porém, tende caridade, que é o vínculoda perfeição. E primeiro entre vós; em segundo,  para com todos. Gál. 6, 10:  Façamosbem a todos, mas principalmente aos irmãos da fé. E põe-se a si mesmo comoexemplo, dizendo:  Assim como, etc.  É como se dissesse: assim como também eu vos

amo. II Cor. 7, 3: Vós estais nos nossos corações, para juntos morrermos e vivermos.72. Mas para que pede?  A fim de que os vossos corações, livres de culpa, sejamconfirmados, isto é, que ninguém possa queixar-se de vós. Luc. 1, 6: Caminhandoirrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor . E na santidadediante de Deus, ou seja, daquele que vê o coração. Luc. 1, 75:  Diante dele com santidade e justiça, etc. E  por ocasião da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo  istoaparecerá, para que vos encontre santos. O seu advento será com todos os seus santos,isto é, que estejais na sua presença, assim como todos os santos [o estão] diante dele.

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CAPÍTULO IV

PRIMEIRA LEITURA – I TESSALONICENSES 4, 1-11

[73]1Quanto ao mais, irmãos, nós vos rogamos e suplicamos no Senhor Jesus que,como aprendestes de nós de que maneira deveis andar e agradar a Deus, assim andeis

 para ir progredindo cada vez mais. [77]2Com efeito, sabeis que preceitos vos dei, por  parte do Senhor Jesus. [78]3Porquanto esta é a vontade de Deus, a vossasantificação: que eviteis a fornicação, [80]4que cada um de vós saiba possuir seucorpo em santidade e honra, 5não nas paixões da concupiscência, como fazem osgentios que não conhecem a Deus, [81]6e que ninguém oprima ou engane o seu irmãoem qualquer assunto, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como já vosdissemos e atestamos. [84]7Em verdade Deus não nos chamou para a imundície, mas

 para a santidade. 8Aquele, pois, que despreza isto, não despreza um homem, masDeus, que também deu o seu Espírito Santo para habitar em nós. [85]9E, pelo que dizrespeito à caridade fraterna, não temos necessidade de vos escrever, porque vós

mesmos aprendestes de Deus que vos deveis amar uns aos outros. 10E, de fato, vósassim o praticais com todos os irmãos em toda a Macedônia. Mas nós vos rogamos,irmãos, a avançar, cada vez mais (na prática desta virtude). [88]11Procurai viver emserenidade, ocupar-vos dos vossos negócios e trabalhar com as vossas mãos, comovos ordenamos; procedei honestamente com os que estão fora (da Igreja) e nãocobiceis coisa alguma de alguém.

73. Acima, o Apóstolo louvou os fiéis por sua constância nas tribulações e por outros bens; aqui, admoesta-os a agir bem no futuro. E, primeiro, põe uma admoestação geral;segundo, especifica-a: Que eviteis, etc.  Quanto ao primeiro faz duas coisas: primeira,

 propõe o intento; segunda, justifica-o:  para ir progredindo, etc.74. Portanto, diz: soube de ouvida vossos bens pretéritos, mas quanto ao futuro nós

vos rogamos, etc. Mas primeiro os induz por si. Por isso diz:  Nós rogamos. Sal. 121, 6: Rogai as coisas para a paz, etc.  Igualmente, por Cristo, e assim diz: Suplicamos, etc.Ele os conjura porque eram perfeitos. I Tim. 5, 1:  Não repreendas com aspereza o velho,mas exorta-o como a um pai . Mas o que roga? Como aprendestes de nós, etc.  OApóstolo ensinou-lhes como deveriam andar pela via comum da justiça, que é pelosmandamentos. Por isso diz: aprendestes, etc.  Sal. 118, 32: O caminho dos teusmandamentos, etc. Igualmente, como agradariam a Deus pela via dos conselhos. Sab. 4,10: Tendo-se tornado agradável a Deus, foi por ele amado. Ou de que maneira deveisandar , ou seja,  pela reta operação. Jo. 12, 35:  Andai enquanto tendes luz. E comoagradar a Deus, ou seja, pela reta intenção.  Assim andeis, isto é, que observeis adoutrina primeira, não retrocedendo dela. Gál. 1, 8:  Ainda que nós mesmos ou um anjodo céu vos anuncie um Evangelho diferente daquele que vos temos anunciado, sejaanátema.

75. A razão da admoestação é tomada, primeiro, do fruto da admoestação observada;segundo, da própria admoestação: Sabeis que, etc.

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76. Portanto, diz: conquanto sejais bons, contudo pelo exercício dos mandamentos edos conselhos abundareis e progredireis; II Cor. 9, 8:  E Deus é poderoso para fazer abundar em vós todos os bens. A caridade é, com efeito, tão grande, que sempre restaem que progredir.

77. Ademais, as coisas que aceitastes da admoestação são honestas e úteis. Sal. 18, 8:

  lei do Senhor é imaculada, etc.   Prov. 6, 23: O mandamento é um candeia, e a leiuma luz e o caminho da vida. Por isso diz: que preceitos, ou seja, a qualidade dos preceitos. E isto o aceitastes  por parte do Senhor Jesus. I Cor. 11, 23:  Porque eu recebido Senhor o que também vos ensinei a vós, etc. Heb. 2, 3:  A palavra, tendo começado a ser anunciada pelo Senhor, vós que a ouviram, etc. Ei-lo:  Esta é a vontade de Deus, avossa santificação. Como se dissesse: todos os preceitos de Deus têm por finalidadetornar-vos santos. Pois a santidade supõe a pureza e a firmeza.[ 14 ] E todos os preceitosde Deus nos induzem a esses dois [propósitos]: a purificação do mal e a firmeza do bem.Rom. 12, 2:  Para que reconheçais qual é a vontade de Deus, ou seja, que é explicada

 pelos preceitos.

78. Em seguida, quando diz: que eviteis, admoesta em particular. E primeiro os corrigequanto a certas desordens que havia entre eles; segundo, promove a prática das boasobras: Quanto ao momento, etc.  (cap. 5, 1). Entre eles havia três desordens: em alguns,os vícios carnais; em outros, a curiosidade; em outros ainda, a tristeza pelos mortos. E

 por isso trata destas três. A segunda,  pelo que diz respeito à caridade (v. 9), e a terceira,mas não queremos  (v. 13). Quanto à primeira, faz duas coisas: primeira, exorta-os aabster-se de imoderado apetite das coisas carnais; segunda, põe a razão:  Porquevingador, etc. Novamente, divide a primeira em duas, porque primeiro proíbe a luxúria, esegundo a avareza. E sempre conjuga as duas, porque dizem respeito a objetoscorporais, embora a última termine em deleite espiritual. Igualmente, primeiro ensina a se

guardarem da luxúria com respeito a mulheres que não são suas, e segundo com respeitoà própria esposa: Que cada um de vós saiba.

79. Diz, portanto: Que eviteis a fornicação. Com efeito, a vontade de Deus é o abster-se da fornicação; logo, ela é pecado mortal, porque contrária ao preceito e à vontade deDeus. Tob. 4, 13:  Preserva-te de toda a fornicação.

80. Mas também, com respeito à vossa própria esposa, que vos abstenhaishonrosamente,  para que saiba cada um de vós possuir o seu vaso, isto é, a sua esposa,em santidade, abstendo-se em tempo oportuno, e em honra, não nas paixões, ou seja,de tal modo que preceda a paixão; como fazem os gentios, pois é dos gentios perseguir os deleites presentes, não porém os da vida futura.  Em santidade e honra, porque este éo devido uso do matrimônio: ou o bem da prole ou o cumprimento do dever [conjugal], eassim pode ocorrer sem pecado; mas às vezes ocorre pecado venial,[ 15 ] se aconcupiscência não se estende para além dos limites do matrimônio, ou seja, quando,mesmo que tenha concupiscência, ele não se serve de outra [mulher] que não seja a suaesposa. Mas, quando se dá para além dos limites do matrimônio, segue-se [que o

 pecado] é mortal, e isto quando [o homem], ainda que se sirva de sua esposa, [se serve]também de outras. Heb. 13, 4: Seja por todos honrado o matrimônio, e o leito conjugal 

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 sem mácula. Mas Deus julgará os fornicadores e os adúlteros. I Ped. 3, 7:  Do mesmomodo vós, maridos, convivei sabiamente com vossas mulheres, tratando-as com honra,como seres mais fracos e como herdeiras convosco da graça da vida, a fim de que não sejam impedidas as vossas orações.

81. Quando diz em seguida:  E que ninguém, proíbe a avareza. Por isso diz: Que

ninguém oprima, isto é, que não inflija violência ao apropriar-se das coisas alheias pelouso da força. Tia. 2, 6:  Porventura não são os ricos que vos oprimem? Ou engane por dolo. Jer. 5, 27: Como gaiola cheia de aves, assim são as suas casas cheias de dolo .

82. Em seguida, quando diz:  porque o Senhor é vingador, etc., põe a razão darecomendação. Primeiro, atribui-a ao castigo divino; segundo, mostra que este castigo éusto: não vos chamou, etc.83. Portanto, diz: abstenhamo-nos destas coisas, porque o Senhor é vingador . Gál 5,

21: Sobre tais coisas vos previno, como já vos disse, que os que as praticam nãoossuirão o reino de Deus.84. Pois a vingança de Deus é certamente justa; a primeira razão é o chamado de

Deus, e a segunda a contrariedade ao dom. Se o Senhor te chama para algo, e tu fazes ocontrário, és digno de pena. E por isso diz não nos chamou, etc. Ef. 1, 4:  Nele mesmonos acolheu antes da criação do mundo, por amor, para sermos santos e imaculadosdiante dele. Rom. 8, 30:  Aqueles que chamou, também os justificou, etc.  Por isso diz:

quele, pois, etc. É como se dissesse: esta é a razão especial que havia dito. Há outrarazão: estes vícios contrariam o Espírito que nos foi dado. Por isso, quem pratica taiscoisas faz injúria ao Espírito Santo. Heb. 10, 28-29: Se alguém violar a lei de Moisés, sob deposição de duas ou três testemunhas, morre sem remissão alguma, imaginai vósquanto maiores tormentos merecerá o que tiver considerado como profano o sangue dotestamento, com que foi santificado, e tiver ultrajado o Espírito da graça!

85. Em seguida, quando diz:  E pelo que diz respeito à caridade, etc., aparta-os daociosidade. Deve saber-se que, como diz Jerônimo [ao comentar] a Epístola aos Gálatas,[ 16 ] os tessalonicenses eram liberais, e os ricos entre eles costumavam dar muito; e por isso os pobres se prendiam ociosamente ao seu benefício, não cuidando em trabalhar,mas em vagar pelas casas. E por isso, em primeiro lugar recomenda a liberalidade dosque dão; em segundo dissuade do ócio aqueles que recebem:  Procurai. Diz, pois,

 primeiro, que não é preciso admoestá-los à caridade; segundo, admoesta-os aaperfeiçoar-se nela:  Mas nós vos rogamos.

86. Diz, portanto:  Pelo que diz respeito à caridade fraterna, isto é, que ameis osirmãos, não temos necessidade de vos escrever . Rom. 12, 10:  Amai-vos reciprocamentecom caridade fraternal . Heb. 13, 1:  Permaneça entre vós a caridade fraterna. A razão éque vós mesmos aprendestes de Deus, ou seja, o preceito na lei. Lev. 19, 18:  Amarás oteu amigo como a ti mesmo. Também no Evangelho. Jo. 13, 34:  Dou-vos um novomandamento: Que vos ameis uns aos outros, etc. Ou aprendestes pela disciplina interior.Jo. 6, 45: Todo aquele que ouve e aprende do Pai, vem a mim, etc. E aprende-se assim

 pelo Espírito Santo.

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87. Ao dizer em seguida:  Mas nós vos rogamos, exorta-os a progredir na caridade,dizendo: e, porque tendes caridade para com todos, rogamos  que progridais. E,conquanto alguns abusem dela, vós, contudo, insisti. Prov. 15, 5:  Na justiça abundantehá grandíssima força.

88. Quando diz em seguida:  procurai, argüi os ociosos, e primeiro a sua inquietude;

segundo, mostra como reprimi-la; terceiro, por quê.89. Portanto, diz:  Procurai viver com serenidade. Prov. 7, 10-11:  Faladora e andeja,inquieta e impaciente, cujos pés não podem parar dentro de casa, etc. II Tess. 3, 7:

ão vivemos desregrados entre vós, nem comemos de graça o pão de ninguém, mascom trabalho e fadiga, trabalhamos de noite e de dia, etc.

90. Reprimindo-se o ócio por exercer algum ofício. Por isso diz:  Procurai ocupar-vosdos vossos negócios. Prov. 24, 27:  Lavra cuidadosamente o teu campo, para quedepois edifiques a tua casa. Diz, porém, os vossos; mas porventura não se deve cuidar de negócio alheio? E parece que sim. Rom. 16, 2:  E a ajudeis em qualquer negócio.Respondo: deve dizer-se que todas as coisas podem ser feitas desordenadamente, se são

feitas fora da ordem da razão, ou seja, quando alguém age improbamente, e [podem ser feitas] ordenadamente, ou seja, quando se observa a ordem da razão, e em [caso de]necessidade; e isto é louvável. Trabalhai com as vossas mãos, isto é, trabalhando comvossas mãos. Eclo. 33, 29:  Porque a ociosidade ensina muita malícia, etc. Ez. 16, 49: Eis qual foi a causa da iniquidade de Sodoma, tua irmã: a soberba, a fartura de pão ea abundância, a ociosidade dela e de suas filhas, e o não estender a mão para o pobreindigente, etc. E isto é um preceito para todos aqueles que não têm outros meios pelosquais ganhar a vida licitamente; pois é de preceito da natureza que o homem sustente ocorpo. II Tess. 3, 10: Se alguém não quer trabalhar, também não coma.

91. Há dupla razão para isto. A primeira, para exemplo dos outros. Por isso diz:

 Procedei honestamente, etc. Com efeito, os infiéis vos detestam ao ver o vosso proceder tão ocioso. I Tim. 3, 7:  Importa também que tenha boa reputação entre aqueles queestão fora, etc. A segunda razão, para que não desejeis as coisas que são dos outros. Por isso diz:  E não cobiceis coisa alguma de alguém. Prov. 21, 25: Os desejos matam oreguiçoso. Ef. 4, 28:  Aquele que furtava, não furte mais, etc. E, por isso, se se reprime

a inquietude, produzem-se um bom exemplo e a repressão do cobiça.

SEGUNDA LEITURA – I TESSALONICENSES 4, 12-17

[92]12Mas não queremos, irmãos, que estejais na ignorância acerca dos que dormem, para que não vos entristeçais como os outros, que não têm esperança. [94]13Pois, secremos que Jesus morreu e ressuscitou, (cremos) também (que) Deus trará com eleaqueles que adormeceram nele. [96]14 Nós, pois, vos dizemos isto, segundo a palavrado Senhor, que os que estamos vivos, que restamos para a vinda do Senhor, não

 passaremos adiante daqueles que adormeceram. [97]15Porque o mesmo Senhor, aomando (de Deus), à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, descerá do céu;os que morreram em Cristo, ressuscitarão primeiro; [102]16depois, nós, os que

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vivemos, os que ficamos, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens,ao encontro de Cristo, nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor.[105]17Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.

92. Anteriormente, induziu-os à continência da cupidez,[ 17 ] e refreou-os daociosidade. Aqui ele os refreia da tristeza desordenada. Primeiro, antepõe uma

admoestação; segundo, assinala a razão:  Pois, se cremos.93. Proíbe, portanto, que se entristeçam desordenadamente. Por isso diz: como os

outros. Porém, parece que o Apóstolo sensatamente concede o entristecer-se pelosmortos; contudo, proíbe algo, ou seja, que se entristeçam desordenadamente. Por issodiz: como os outros. Com efeito, aquele que se entristece, a saber, pelos mortos, tem

 piedade. Primeiro, por causa da morte do frágil corpo. Devemos, com efeito, amá-los[aos mortos], mas o corpo por causa da alma.[ 18 ] Eclo. 41, 1: Ó morte, quão amarga éa tua memória, para um homem que tem paz, etc. Segundo, por causa da divisão e daseparação, que é dolorosa para os amigos. I Sam. 15, 32:  Assim separa a morteamarga?  Terceiro, porque pela morte se dá a recordação do pecado. Rom. 6, 23: Oestipêndio do pecado é a morte. Quarto, porque se dá a recordação de nossa morte. Ecl.7, 2:  Nela recorda-se o fim de todos os homens, e o que está vivo considera no que lhehá de acontecer, etc. Portanto, devemos entristecer-nos, mas moderadamente. Eclo. 22,11: Chora pouco sobre o morto, porque ele entrou no descanso, etc . Por isso diz: comoos outros, que não têm esperança, ou seja, porque estes crêem que tais defeitos são

 perpétuos, mas nós não. Fil. 3, 20-21:  Esperamos o Salvador nosso Senhor JesusCristo, o qual transformará o nosso corpo de miséria, fazendo-o semelhante ao seucorpo glorioso. Por isso diz expressamente: acerca dos que dormem. Jo. 11, 11:  Nossoamigo Lázaro dorme. O que dorme faz três coisas. Deita-se na esperança de levantar-se.

Sal. 40, 9:  Porventura o que dorme não poderá outra vez levantar-se? Assim também oque morre na fé. Ademais, a alma daquele que dorme vigia. Cant. 5, 2:  Eu durmo, mas omeu coração vela, etc. Além disso, o homem levanta-se por fim mais refeito e maisforte. Assim, os santos ressurgirão incorruptíveis (I Cor. 15, 52).

94. Em seguida, quando diz:  Pois, se cremos, põe a razão da admoestação. Primeiro,afirma a ressurreição; segundo, exclui a suspeita de dilação:  Nós, pois, vos dizemos;terceiro, põe a ordem da ressurreição:  Porque o mesmo Senhor.

95. Mas deve saber-se que o Apóstolo, em I Cor. 15, 12, afirma a nossa ressurreição a partir da ressurreição de Cristo, pois ela é causa da nossa, razão por que argumenta nestelugar pela causa. E a ressurreição de Cristo não é apenas a causa, mas também o

exemplar, porque o Verbo encarnado ergue [ suscitat ] os corpos, mas o Verbo  simpliciter [ergue] as almas. Pois Cristo, porque assumiu a carne e nela ressuscitou, é exemplar denossa ressurreição. E não é só isto, mas também causa eficiente, porque tudo o que sefez pela natureza humana de Cristo não foi feito só segundo a virtude da humanidade,mas segundo a virtude da divindade unida a ele. Por isso, assim como o seu tato curavaum leproso, enquanto era instrumento da divindade, assim a ressurreição de Cristo écausa de nossa ressurreição, não enquanto [ressurreição] do corpo, mas enquantoressurreição do corpo unido ao Verbo da vida. E por isso o Apóstolo, supondo isto

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firmemente, argumenta assim:  Porque se cremos, firmemente, que Jesus ressuscitou,cremos também que aqueles que adormeceram, etc.   Adormeceram em Jesus  os queforam feitos conformes à sua morte pelo batismo. Ou em Jesus, aqueles que ele levaráconsigo. Zac. 14, 5:  E virá o Senhor meu Deus, e todos os santos com ele, etc. Is. 3, 14:O Senhor entrará em juízo com os anciãos do seu povo e com os seus príncipes .

96. Em seguida, quando diz:  Nós, pois, exclui a dilação da ressurreição. É como sedissesse: Sabemos que eles ressuscitarão e virão com Cristo, razão por que não devemosdoer-nos tanto. Com efeito, os que se encontrarem vivos não alcançarão a glória daressurreição antes que os mortos. E por isso nós vos dizemos isto, não segundo umaconjectura humana, mas  segundo a Palavra do Senhor , cujas palavras não falham, queos que estamos vivos, isto é, os que estão vivos não obterão a consolação do advento deCristo antes dos mortos. E por isto diz: Os que estamos vivos. Aos que não entendem

 parece que nesta passagem o Apóstolo disse que isto aconteceria durante a sua própriavida, e aos tessalonicenses também parecia isto. Por isso, escreveu-lhes outra epístola,onde disse:  Não vos movais facilmente dos vossos sentidos, etc. (II Tess. 2, 2). Mas não

fala de si ou dos que então estavam vivos, mas daqueles que então se encontrarem vivos.Que restamos, isto é, que restarem após a perseguição do Anticristo.  Não passaremosadiante, isto é, não receberão a consolação primeiro. I Cor. 15, 52:  Num momento, aoabrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta, etc.

97. Em seguida, quando diz:  Porque o mesmo, etc., mostra a ordem e o modo daressurreição. Primeiro, propõe a causa da ressurreição; segundo, a sua ordem e o seumodo: os que morreram; terceiro, conclui com a sua consolação:  Portanto, consolai-vos,etc.

98. Mostra o primeiro ao dizer: O mesmo Senhor , onde se deve notar que, como sedisse, a causa da ressurreição comum é a ressurreição de Cristo. Mas se dizes: esta já

ocorreu, por que, pois, não se lhe seguiu o seu efeito? Respondo: deve dizer-se que ela écausa de nossa ressurreição segundo opera pela virtude divina. Mas Deus opera pelaordem de sua sabedoria. Logo, nossa ressurreição ocorrerá no tempo disposto pelasabedoria divina. Para mostrar que Cristo é a causa, mostra que na presença de Cristotodos os mortos ressurgirão. Para a realização da ressurreição comum concorre triplacausa: uma principal, ou seja, a virtude da divindade; uma segunda instrumental, ou seja,a virtude da humanidade de Cristo; uma terceira como que ministerial, ou seja, a virtudedos anjos, que produzirão algum efeito na ressurreição. Com efeito, Agostinho prova[ 19] que as coisas feitas agora pelas criaturas corpóreas são feitas por Deus, por seuintermédio; mas na ressurreição algumas coisas serão feitas por eles, como o coletar o

 pó. Mas a reintegração dos corpos e a união da alma ao corpo serão feitas imediatamente por Cristo.

99. Põe, portanto, estas três causas. Primeira, a humanidade gloriosa de Cristo,dizendo: o mesmo Senhor, etc. At. 1, 11: Virá do mesmo modo que o vistes ir para océu.  Ao mando.  No seu primeiro advento, veio como obediente. Fil. 2, 8:  Feitoobediente até a morte. E isto porque aquele foi o advento da humildade, mas este é o daglória. Luc. 21, 27: virá com grande poder e majestade. Segunda, a virtude dos anjos,

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ao dizer: à voz do Arcanjo. Não que opere pela voz do Arcanjo, mas por seu ministério.Diz do Arcanjo  porque todos os anjos ministram a Igreja sob um único Arcanjo. Apoc.12, 7:  Este é Miguel, príncipe da Igreja. E à voz do Arcanjo, isto é, de Cristo, príncipedos anjos. Is. 9, 6:  Anjo de grande conselho. À sua voz corpórea, ou espiritual, ocorreráa ressurreição. Jo. 5, 28: Ouvirão a voz do Filho de Deus, ou seja: “Mortos, levantai! E

vinde ao julgamento”, e eles obedecerão à sua voz. Terceira, a virtude da divindade, aodizer: ao som da trombeta de Deus. Esta é a virtude divina, porque se diz “voz doArcanjo” enquanto [a ressurreição] é realizada pelo ministério dos arcanjos, e “trombetade Deus” enquanto é realizada pela virtude divina. E diz-se trombeta por causa de suasonoridade, que provém de Deus ao ressuscitar os mortos. Igualmente, “trombeta”convém a trabalhos cujo uso foi múltiplo no Antigo Testamento, como para a guerra.  E todo o universo combaterá com ele (Sab. 5, 20). Igualmente era usada nas solenidades;assim na Jerusalém Celeste. Igualmente, para mover o exército a fugir, e então os santosmoverão o exército. Pois, se é uma voz corpórea, diz-se trombeta por estas razões; ounão será uma voz corpórea, mas a virtude de Cristo presente e manifesta a todo o

mundo.100. Em seguida, quando diz: os que morreram, etc., põe a ordem da ressurreição, equanto a isto faz três coisas: primeira, põe a ressurreição dos mortos; segunda, oencontro com os vivos:  Nós, os que vivemos; terceira, a beatitude dos santos, [vivos emortos]: e assim para sempre.

101. Por ocasião destas palavras, alguns creram que os pósteros, no fim, jamaismorreriam, como diz Jerônimo em uma carta,[ 20 ] por causa disto que diz:  Depois, nós,etc.  Pois de outro modo ele teria distinguido em vão os vivos dos mortos. Mas emsentido contrário I Cor. 15, 51: Todos ressurgiremos. Igualmente em Rom. 5, 12:  Assimassou a morte a todos os homens, etc. Portanto, deve dizer-se que alguns serão

encontrados vivos no tempo em que Cristo virá para o juízo; mas naquele momento detempo morrerão e ressuscitarão imediatamente. E, por causa do parco intervalo,reputam-se viventes.

102. Mas então há uma questão, porque se diz aqui que os que morreram em Cristoressuscitarão primeiro; depois, nós, etc. Portanto, os mortos ressuscitarão antes que osvivos se encontrem com Cristo, e neste encontro morrerão. Portanto, algunsressuscitarão primeiro, e assim a ressurreição de todos não será simultânea, o que écontrário àquilo de I Cor. 15, 52:  Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao somda última trombeta, etc.  Respondo: deve dizer-se que aqui há dupla opinião. Algunsdizem que a ressurreição não será simultânea, mas primeiro os mortos virão com Cristo.E então, no advento de Cristo, os vivos serão arrebatados nas nuvens, e nestearrebatamento morrerão e ressuscitarão. E assim, quando se diz que será em ummomento, entende-se que ocorrerá em um tempo parco. E, se se diz que ocorrerá emum instante, então isto não se deve referir à ressurreição total de todos, mas àressurreição dos [indivíduos] singulares, pois o [indivíduo] singular ressurgirá em uminstante. Mas outros dizem que todos ressuscitarão simultaneamente e em um instante.

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CAPÍTULO V

PRIMEIRA LEITURA – I TESSALONICENSES 5, 1-13

[106]1Quanto, porém, ao tempo e ao momento não temos necessidade, irmãos, quevos escrevamos, [108]2 porque vós sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como

um ladrão durante a noite. [109]3Quando disserem paz e segurança, então lhessobrevirá uma destruição repentina, como a dor a uma mulher grávida, e nãoescaparão. [113]4Mas vós, irmãos, não estais nas trevas, de modo que aquele dia vossurpreenda como um ladrão, [115]5 porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia:nós não somos filhos da noite nem das trevas. [116]6 Não durmamos, pois, como osoutros, mas vigiemos e sejamos sóbrios. [118]7Os que dormem, dormem de noite: eos que se embriagam, embriagam-se de noite. [119]8Mas nós, que somos do dia,sejamos sóbrios, estando revestidos da couraça da fé e da caridade, e (tendo) por elmo a esperança da salvação, [121]9 pois Deus não nos destinou para a ira, mas paraalcançar a salvação, por Nosso Senhor Jesus Cristo, 10que morreu por nós, a fim de

que, ou vigiemos ou durmamos, vivamos juntamente com ele. [122]11Pelo que,consolai-vos mutuamente e edificai-vos uns aos outros, como já fazeis. [124]12Ora,nós vos suplicamos, irmãos, que tenhais consideração com aqueles que trabalhamentre vós, que vos governam no Senhor e vos admoestam, 13e que tenhais para comeles uma caridade particular, por causa do seu trabalho; vivei em paz com eles.

106. Anteriormente, ele corrigiu neles o que devia ser corrigido; aqui, exorta-os quantoao futuro; e, primeiro, faz uma admonição; segundo, uma oração: Que o Deus de paz.Estas duas coisas, porém, nos são necessárias. Pois, porque as coisas boas que fazemos

 procedem de livre-arbítrio, por isso o homem precisa da admonição, e, porque também

 procedem da graça, por isso [precisa] da oração. Quanto ao primeiro faz duas coisas: primeira, exorta-os a preparar-se para o juízo vindouro; segunda, mostra de que modo preparar-se:  Pelo que, consolai-vos, etc.  Novamente, a primeira se subdivide em duas, porque primeiro mostra qual será a condição do juízo futuro; segundo, como eles devem preparar-se para ele:  Não durmamos, etc.  Igualmente, a primeira se subdivide em duas, porque, primeiro, antepõe a condição do juízo futuro; segundo, expõe-na: Quandodisserem. Igualmente, primeiro ele lhes quieta o afã acerca da ciência do advento futuro;segundo, mostra o que podem saber acerca dele: Vós sabeis.[ 21 ]

107. Diz, portanto: era necessário escrever-vos sobre as coisas postas anteriormente, pois carecíeis disto. Mas quanto ao tempo,  ou seja, quanto ao verão, ao inverno, ouantes, quanto aos tempos futuros, não precisava [escrever-vos], porque algumas destascoisas estão reservadas unicamente à ciência divina. Mat. 24, 36 e Mar. 13, 32: Quantoàquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai, etc. At. 1, 7:  Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos, etc. Ecl.7, 1: Que necessidade tem o homem de inquirir coisas superiores à sua capacidade,quando ignora o que lhe é vantajoso na sua vida, enquanto dura o número dos dias da sua peregrinação, etc.?

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108. E por isso não é preciso escrever-vos, pois aquilo que devíeis saber vós sabeis, ouseja, que o dia do Senhor virá como um ladrão durante a noite. Mas todos os dias sãodo Senhor. Sal. 118, 91:  Por tua ordem persevera o dia. Mas este dia é do Senhor demodo especial, porque faz a sua vontade em todos, a qual se cumpre nos bons aoatingirem o fim previsto por Deus, a saber, a salvação. I Tim. 2, 4: Quer que todos os

homens se salvem, etc. Sal. 74, 3:  No tempo que eu tiver fixado, julgarei com justiça.Ele virá como um ladrão, de modo impremeditado. Luc. 12, 39: Se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, etc. II Ped. 3, 10: Como um ladrão, virá o diado Senhor. Apoc. 3, 3: Virei a ti como um ladrão. Como, porém, se diz que o dia virá ànoite? Mas deve saber-se que [ele virá] dos dois modos: de dia, para manifestar oscorações. I Cor. 4, 5:  Até que venha o Senhor, o qual não só porá às claras o que seacha escondido nas trevas, mas ainda descobrirá os desígnios dos corações; mas denoite, por causa da incerteza. Mat. 25, 6:  À meia-noi te, ouviu-se um clamor: Eis quevem o esposo, etc. Com efeito, a hora em que virá é incerta.

109. Em seguida, quando diz: Quando disserem, expõe o que dissera; primeiro, quanto

aos maus; segundo, quanto aos bons:  Mas vós, irmãos.  Quanto ao primeiro faz duascoisas. Primeira, descreve a presunção dos maus; segunda, o perigo da demora.110. Portanto, diz: ele virá como um ladrão porque de improviso. Quando disserem:az,  quanto às coisas presentes, isto é, enquanto vivem tranqüilamente, estão assim

enganados. Sab. 14, 22: Vivendo em grande guerra de ignorância, dão o nome de paz atantos e tão grandes males.  E segurança, quanto ao futuro. Luc. 12, 19: Ó alma, tensmuitos bens em depósito para largos anos: descansa, come, bebe, regala-te.

111. Mas em sentido contrário Luc. 21, 26 [diz]:  Mirrando-se os homens de susto, naexpectação do que virá sobre o mundo, etc. Logo, não haverá segurança. Há duplasolução. Uma é de Agostinho, que é a seguinte: naquele tempo haverá alguns bons, que

se afligirão, chorarão e expectarão.[ 22 ] E é destes que se fala em Lucas 21, 26:irrando-se, pela privação das volúpias, e pela abundância dos males, etc., mas para os

maus haverá paz e segurança. A outra solução é dada pela Glosa.[ 23 ]112. Em seguida, quando diz:  Então uma destruição repentina,  descreve o perigo,

segundo quatro [razões]. Primeiro, porque será súbito: Uma repentina.  Is. 30, 13:Subitamente se desmorona, quando menos se espera. Segundo, porque será mortífero:destruição. Jó 18, 14:  A morte, como um rei, o calcará. Terceiro, será aflitivo: como ador.  Sal. 47, 7:  Ali sentiram dores como a mulher que está de parto. Quarto, seráinevitável: e não escaparão. Jó 11, 20:  E não lhes ficará refúgio. Agora se foge da ira deDeus, para a sua misericórdia; porém então não será tempo de misericórdia, mas deustiça.113. Em seguida, quando diz:  Mas vós, expõe o que disse sobre os bons, e faz duas

coisas. Primeira, separa os bons do consórcio dos maus; segunda, assinala a razão:orque todos vós.114. Portanto, diz:  Não estais nas trevas, porque Cristo vos iluminou com respeito

àquele dia, e por isso ele não vos é improviso. Jo. 8, 12: O que me segue não anda nastrevas, mas terá a luz da vida.

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115. E a razão disto é  porque todos vós sois filhos da luz. Acrescenta que eles sãofilhos da luz e do dia. Segundo a Escritura, diz-se que são filhos de algo aqueles queabundam neste algo. Is. 5, 1: que é filha do óleo, isto é, que tem muito óleo. Portanto,aqueles que participam muito da luz e do dia dizem-se seus filhos. Esta luz é a fé deCristo. Jo. 8, 12:  Eu sou a luz do mundo, etc. Jo. 12, 36: Crede na luz, para que sejais

ilhos da luz. Igualmente, do dia. Com efeito, assim como pela luz se produz o dia,assim pela fé em Cristo se produz o dia, ou seja, a excelência das boas obras. Rom. 13,12:  A noite está quase passada, etc. E por isso não somos filhos da noite, isto é, dainfidelidade, nem das trevas, isto é, dos pecados. Rom. 13, 12:  Deixemos, pois, as obrasdas trevas, etc.

116. Em seguida, quando diz:  Não durmamos, mostra como se devem preparar paraaquele advento; primeiro, de que modo pela reparação dos males; segundo, pela práticados bens: revestidos.  Quanto ao primeiro, faz duas coisas: primeira, põe a admonição;segunda, a sua razão: Os que dormem.

117. Portanto, diz: uma vez que o dia do Senhor é como um ladrão, Luc. 12, 39: Se o

ai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, vigiaria sem dúvida, logo, porque o sabeis, vigiai. Por isso diz:  Não durmamos, no sono do pecado. Ef. 5, 14: Desperta, tu que dormes; levanta-te dentre os mortos. Igualmente, nem [no sono] da preguiça. Prov. 6, 9:  Até quando dormirás, ó preguiçoso?   Mas vigiemos, pela solicitude.Mat. 24, 42: Vigiai, pois, etc. E para isto é necessário que  sejamos sóbrios, que o corpoe também a mente sejam sóbrios, isto é, não ocupados em volúpias e em cuidadosmundanos. Luc. 21, 34: Velai, pois, sobre vós, para que não suceda que os vossoscorações se tornem pesados com as demasias do comer e do beber  . I Ped. 5, 8: Sede sóbrios e vigiai .

118. Mas a razão disto é a conformidade do tempo, porque aqueles que dormem ou se

embriagam fazem algo à noite. Mas nós não somos da noite. Logo, etc. Portanto, diz: Osque dormem, dormem de noite, isto é, consagram a noite ao descanso e o dia aotrabalho. Sal. 103, 22:  Desponta o sol e reúnem-se, e vão esconder-se em seus covis. Eno mesmo Salmo, v. 23: Sai o homem para a sua obra, e para os trabalhos até à noite .Igualmente, alguns se abstêm do vinho durante o dia para cuidar de seus negócios, mas ànoite quase não se preocupam. Jó 24, 15: O olho do adúltero observa a escuridão.Portanto, o sono e a embriaguez convêm à noite, pois que aqueles que estão envoltos nanoite da infidelidade e nas trevas dos pecados são ébrios, pelo amor das coisas presentes,e sem ter a esperança das coisas futuras. Ef. 4, 19:  Desesperando, entregaram-se àdissolução, à prática de toda a impureza, à avareza, etc.  Mas nós, que somos do dia,isto é, que pertencemos ao dia da honestidade e da fé,  sejamos sóbrios.  Rom. 13, 13:Caminhemos, como de dia, honestamente.

119. Em seguida, quando diz:  Estando revestidos, mostra como devem preparar-se pelos bens. E, primeiro, faz uma admonição geral; segundo, uma especial:  Pelo que.Igualmente, a primeira se divide em duas, porque, primeiro, faz a própria admonição;segundo, põe a sua razão: não nos destinou.

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120. Mas há no homem dois membros principais, que os soldados costumavam proteger nas batalhas, a saber: o coração, que é princípio da vida, e a cabeça, ou seja, o princípio do movimento exterior, e da qual procedem os sentidos, e de algum modo osnervos.[ 24 ] Protege-se o coração com a loriga[ 25 ] e a cabeça com a gálea.[ 26 ]

ossa vida espiritual é Cristo, por quem a alma vive, e o Senhor habita em nós pela fé.

Ef. 3, 17: Que Cristo habite pela fé em vossos corações. Habita também pela caridade,que informa a fé. I Jo. 4, 16: Quem permanece na caridade, permanece em Deus, e Deus nele. E por isso devemos ter fé e caridade. Por isso diz: estando revestidos daloriga da fé e da caridade, porque protege as partes vitais, e tendo por gálea  aesperança da salvação, que é princípio do movimento espiritual, que procede daintenção do fim que esperamos alcançar.

121. Ao dizer em seguida:  pois não nos destinou, mostra a razão de como isto éoperado em nós. E, primeiro, pela predestinação divina; segundo, pela graça de Cristo.Terceiro, mostra o modo de obter a salvação. Portanto, diz:  pois Deus não nos destinou,isto é, não nos ordenou. Jo. 15, 16:  E vos destinei , ou seja, os santos,  para que vades,

etc.  Para a ira, isto é, para que alcancemos sua ira. Sab. 1, 13:  Deus não fez a morte.Ez. 18, 23:  Porventura é da minha vontade a morte do ímpio? diz o Senhor Deus, etc.as para alcançar, isto é, para alcançarmos a salvação. Mat. 11, 12: O reino dos céus

adquire-se à força, e são os violentos que o arrebatam. I Ped. 2, 9: Vós, porém, soisuma geração escolhida, um sacerdócio real, etc. E isto é pela graça de Cristo. Por issodiz:  Por nosso Senhor Jesus Cristo, etc. At. 4, 12: Sob o céu, nenhum outro nome foidado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos. Que morreu por nós,  isto é,salvou-nos morrendo por nós. I Ped. 3, 18:  Morreu o justo pelos injustos, para nosoferecer a Deus, sendo efetivamente morto segundo a carne, mas vivificado pelo Espírito. E Cristo ensinou-nos o modo de adquiri-la ao obrar nossa salvação, por sua

morte e ressurreição. Rom. 4, 25:  Foi entregue pelos nossos pecados e ressuscitou paranossa justificação. E por isso diz:  A fim de que, ou vigiemos ou durmamos, vivamosuntamente com ele. Rom. 14, 8: Ou nós vivamos ou nós morramos, somos do Senhor.122. Em seguida, quando diz:  Pelo que, ensina-nos como nos devemos preparar 

quanto às condições especiais das pessoas. E quanto a isto faz três coisas. Primeira,mostra como devemos tratar os iguais; segunda, como os súditos devem tratar um

 prelado:  Nós vos suplicamos, etc.; terceira, como os prelados [devem tratar] os súditos: Pedimos-vos, etc.

123. Devemos, porém, consolar os iguais nas adversidades; por isso diz: Consolai-vosmutuamente. Também [devemos] edificá-los pelo exemplo; por isso diz:  Edificai-vos unsaos outros. Rom. 14, 19: Observemos o que contribui para a edificação mútua.

124. Mas os súditos devem aos seus superiores, primeiro, o reconhecimento dos benefícios; segundo, a caridade; terceiro, a paz. Daí que tenhais consideração,  isto é,que reconheçais os seus benefícios. Heb. 13, 7:  Lembrai-vos dos que vos guiam, etc.Que reconheçais, diz ele, primeiro da parte deles, o enorme labor que suportam por vós.Por isso diz: que trabalham entre vós,  para o vosso bem. II Tim. 2, 3: Suporta ostrabalhos como um bom soldado de Jesus Cristo. Segundo, da parte de Deus. E por isso

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devemos reverenciá-los como a Deus. Por isso diz: Que vos governam no Senhor , isto é,em lugar do Senhor. II Cor. 2, 10: Se alguma coisa perdoei, foi por amor de vós naessoa de Cristo. Terceiro, de vossa parte, porque eles são úteis a vós. Por isso diz:  E 

vos admoestam, para que tenhais, etc. Por isso, em segundo lugar, vós lhes deveis umacaridade mais abundante, isto é, além [da devida] aos outros. Terceiro, a paz, por causa

de seu trabalho. Mas alguns agem contra isto. Amós 5, 10:  Eles aborreceram o que osrepreendia à porta, etc. Eclo. 19, 5: O que aborrece a correção verá abreviada a suavida. Mas vós tende paz por causa da obra de correção, que respeita propriamente aoofício deles. Sal. 119, 7: Quando lhes falava, contradiziam-me sem motivo.

SEGUNDA LEITURA – I TESSALONICENSES 5, 14-28

[125]14Pedimos-vos também, irmãos, que corrijais os inquietos, consoleis os pusilânimes, suporteis os fracos, sejais pacientes com todos. [127]15Vede que nenhumretribua a outro mal por mal, mas procurai sempre fazer bem entre vós e para com

todos. [129]16Estai sempre alegres; [130]17orai sem cessar: [130]18 por tudo dai graças(a Deus) porque esta é a vontade de Deus, em Jesus Cristo, em relação a todos vós.[132]19 Não extingais o Espírito; [134]20não desprezeis as profecias; [135]21examinaitudo e abraçai o que for bom; 22guardai-vos de toda a aparência do mal. [136]23Que oDeus de paz vos santifique em tudo, a fim de que todo o vosso espírito, a alma e ocorpo, se conservem sem culpa para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.[138]24Fiel é aquele que vos chamou, o qual também cumprirá. [139] 25Irmãos, orai

 por nós. 26Saudai todos os irmãos com ósculo santo. 27Eu vos conjuro pelo Senhor que esta carta seja lida a todos os santos irmãos. 28A graça de nosso Senhor JesusCristo seja convosco. Amém.

125. Acima ele mostrou como os súditos devem haver-se com os prelados, aqui mostrao contrário. Quanto a isto faz duas coisas: primeiro, ensina como os prelados devemhaver-se com os sacerdotes que são súditos; segundo, como devem haver-se com todosem geral: Vede que nenhum.

126. Mas deve saber-se que o cuidado dos prelados deve tender a duas coisas, ou seja,desviar os outros do pecado e custodiar-se a si próprios. Quanto ao primeiro, o Apóstolodiz três coisas. Com efeito, os súditos podem padecer um defeito de três modos:

 primeiro, no ato; segundo, na vontade; terceiro, na virtude. No ato, porém, quando prorrompem no ato do pecado, e então devem ser corrigidos. E, conquanto devam ser 

corrigidos de todo e qualquer pecado, especialmente, porém, [devem sê-lo] do pecado deinquietude. E por isso diz: que corrijais os inquietos.  II Tess. 3, 7:  Não vivemosdesregrados entre vós. Eclo. 19, 17:  Repreende o teu próximo antes de o ameaçar, e dálugar ao temor . Na vontade, porém, quando não empreende coisas grandes, porque é

 prostrado pelas adversidades e pelos pecados precedentes. Daí que diga: Consoleis osusilânimes.  Pusilânime é aquele que não tem ânimo para coisas grandes, temendo

falhar. Is. 35, 4:  Dizei aos pusilânimes: Tomai ânimo e não temais. Jó 4, 4: Tuasalavras firmaram os vacilantes, etc. Na virtude, porém, ou quando pecam pela

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fraqueza ou quando são débeis no bem agir, e estes devem ser encorajados. Por isso diz: suportai, isto é, encorajai pelas vísceras da caridade, os fracos,  cuja virtude é débil ou para resistir ao mal ou para fazer o bem. Rom. 15, 1:  Nós que somos mais fortes,devemos suportar as fraquezas dos débeis. O prelado deve precaver-se do pecado, dequalquer modo que seja, e maximamente da impaciência, porque ele carrega todo o peso

do povo. Núm. 11, 14:  Eu só não posso suportar todo este povo, porque se me tornaesado, etc. Prov. 19, 11: A doutrina do homem conhece-se pela paciência. Sal. 91, 15:Serão muito pacientes e anunciarão.

127. Ao dizer em seguida: Vede que nenhum, mostra como devem haver-se com todosem geral. Quanto a isto faz duas coisas: primeira, mostra como todos devem haver-secom alguns; segunda, como [devem haver-se] com todos. Quanto à primeira, faz trêscoisas: primeira, mostra como devem haver-se com o próximo; segunda, como devemhaver-se com as coisas de Deus:  Estai sempre alegres; terceira, como devem haver-secom seus dons:  Não extingais o Espírito.

128. Eles devem haver-se com o próximo de tal modo que não lhes inflijam males e

que se esforcem por bem-fazer-lhes. Daí que diga: acima falei em especial, mas agoradigo em geral que nenhum retribua, etc.  Sal. 7, 5: Se paguei com mal aos que moaziam. Mas em sentido contrário: freqüentemente se reclama vingança diante de umuiz. Respondo: assim como o ato moral é tomado segundo a intenção do fim, assim a

intenção pode ser dupla: ou do mal do outro, de tal modo que ela cesse aí, e isto é ilícito, pois procede da malignidade da vingança; ou do bem da correção ou da justiça e daconservação da república, e assim não se paga mal por mal, mas sim o bem, ou seja, asua correção. Quanto ao segundo diz:  Mas sempre bem, etc. E diz  procurai fazer , e nãoazei, porque tu deves por ti agarrar as ocasiões de fazer o bem a teu próximo, e não

esperar que ele te dê ocasião para fazer-lhe o bem. Sal. 33, 15:  Busca a paz, e vai em

 seu seguimento. Rom. 12, 21:  Não te deixeis vencer do mal , de tal modo a seres movidoa malfazer, mas vence o mal com o bem, arrastando-o para o bem. Gál. 6, 10:  Enquantotemos tempo, façamos bem a todos.

129. Em seguida, quando diz:  Estai sempre alegres, mostra como devem haver-se comDeus. São necessárias, pois, três coisas. Primeira, alegrar-se nele. Por isso diz:  Estai sempre alegres, ou seja , em Deus, porque qualquer mal que nos advenha é incomparávelcom o bem que é Deus. E por isso nenhum mal pode interrompê-lo. Daí que diga: sempre alegres.

130. Segunda, orai para receberdes os benefícios: Orai sem cessar. Luc. 18, 1:  Importaorar sempre e não cessar de o fazer . Mas como isto pode dar-se? Respondo: deve dizer-se que isto pode dar-se triplamente. Primeiro, ora sem cessar aquele que não interrompeas horas estabelecidas.[ 27 ] De modo similar encontramos em II Samuel 9, 7: Tucomerás sempre pão à minha mesa. Segundo: sempre, isto é, orai continuamente; masentão se toma “oração” pelo efeito da oração. De fato, a oração é uma interpretação ouexplicação do desejo, pois, quando desejo algo, peço-o em oração. Assim, a oração é um

 pedido a Deus daquilo que nos convém, e por isso o desejo tem valor de oração. Sal. 9,38: O Senhor ouviu o desejo dos pobres. Certamente, tudo o que fazemos procede do

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desejo. Portanto, a oração permanece em virtude nas coisas boas que fazemos, porqueos bens que fazemos provêm de um bom desejo. A Glosa diz:  Não cessa de orar quemnão cessa de benfazer .[ 28 ] Terceiro, quanto à causa da oração, ou seja, a prática daesmola. Nas Vidas dos Santos Padres  [está escrito]:  Aquele que dá esmola sempre ora,orque aquele que recebe a esmola ora por ti, mesmo quando dormes.[ 29 ]

131. Quanto ao terceiro, orar para receber benefícios, e dar graças pelos já recebidos,diz: em tudo, ou seja, na prosperidade e na adversidade, dai graças. Rom. 8, 28: Todasas coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus. Col. 2, 7: Crescendo neleem ação de graças. Fil. 4, 6: Com ação de graças.  Pois esta é a vontade, etc. I Tim. 2,4: O qual quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.

132. Ao dizer em seguida:  Não extingais o Espírito, etc., mostra como deve haver-secom os dons de Deus. Primeiro, que não os impeçam; segundo, que não os desprezem:rofecias.133. Mas o Espírito Santo é uma Pessoa divina, incorruptível e eterna, e, por isso, em

sua substância não pode ser extinto. Contudo, diz-se que alguém extingue o Espírito, de

um modo, quando extingue o seu fervor, ou em si mesmo ou em outro.[ 30 ] Rom. 12,11:  Fervorosos de espírito. Com efeito, quando alguém quer fazer algo de bom pelofervor do Espírito Santo, ou também quando surge algum movimento para o bem, e ele oimpede, extingue o Espírito Santo. At. 7, 51: Vós resistis sempre ao Espírito Santo. Deoutro modo, pecando mortalmente. Com efeito, o Espírito Santo sempre vive em si, masvive em nós quando nos faz viver nele; mas, quando alguém peca mortalmente, oEspírito Santo não vive nele. Sab. 1, 5: O Espírito Santo foge das ficções, etc. De umterceiro modo, ocultando-o. É como se dissesse: se tendes um dom do Espírito Santo,usai-o para utilidade do próximo. Eclo. 20, 32: Sabedoria escondida, e tesouro invisível,que utilidade haverá em ambas as coisas? Mat. 5, 15:  Nem se acende uma lucerna, e

 se põe debaixo do alqueire, etc.134.  Não desprezeis as profecias.  Com efeito, alguns entre eles eram poderosos no

espírito de profecia e eram considerados pelos outros como insanos. I Cor. 14, 1:  Aspiraiaos dons espirituais e, sobre todos, ao da profecia. Ou  profecias, isto é, a doutrinadivina. Com efeito, os expoentes da doutrina divina são chamados profetas. É como sedissesse: não rejeiteis as palavras de Deus e as pregações. Jer. 20, 8:  A palavra doSenhor tornou-se-me em opróbrio e em ludíbrio todo o dia.

135. Em seguida, quando diz:  Examinai tudo, mostra as maneiras como devem haver-se com todas as coisas, e uma delas é que usem de discrição em tudo. Rom. 12, 1: vossoculto racional . Nesta matéria deve haver um exame diligente, a eleição do bem e asupressão do mal. Quanto ao primeiro diz: não desprezeis as profecias, porém examinaitudo, ou seja, as coisas que são dúbias. Com efeito, as coisas manifestas não precisam deexame. I Jo. 4, 1:  Não queirais crer em todo o espírito. Jó 12, 11:  Porventura o ouvidonão distingue as palavras? Quanto ao segundo, diz:  Abraçai o que for bom. Gál. 4, 18: É bom que sejais sempre zelosos pelo bem. Quanto ao terceiro, diz: Guardai-vos de todaa aparência do mal.  Is. 7, 15:  Para que saiba rejeitar o mal e escolher o bem. E diz

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aparência porque devemos também evitar aquilo que tem semelhança com a malícia, ouseja, aquilo que não podemos guardar diante dos homens sem escândalo para eles.

136. Em seguida, quando diz: Que o Deus, acrescenta uma oração, e quanto a isto faztrês coisas: primeira, ora por eles; segunda, dá-lhes esperança de que ela será escutada;terceira, faz admonições especiais.

137. Portanto, diz: Assim vos admoesto, mas isto de nada vale se Deus não der agraça. Por isso que o Deus de paz vos santifique. Lev. 21, 8:  Eu sou o Senhor que vos santifico, etc.   Em tudo, ou seja, que sejais totalmente santos. E isto a fim de que semculpa, etc. Por ocasião destas palavras, alguns afirmaram que no homem um é o espíritoe outro é a alma, pondo no homem duas almas, uma que anima e outra que raciocina. Eestas [afirmações] foram reprovadas pelos dogmas eclesiásticos. Por isso, deve saber-seque estes [espírito e alma] não diferem segundo a essência, mas segundo a potência. Emnossa alma há certas virtudes que são atos dos órgãos corporais, como as potências da

 parte sensitiva. Há outras que não são atos de tais órgãos, mas são separadas deles,como são as potências da parte intelectiva. E estas se chamam espírito, como que

imateriais de algum modo separadas do corpo, enquanto não são atos do corpo; etambém se chamam mente. Ef. 4, 23:  Renovai-vos, pois, no espírito de vossa mente.Mas enquanto anima se diz alma,[ 31 ] porque isto lhe é próprio. E Paulo fala aqui emsentido próprio. Pois para o pecado concorrem três coisas: a razão, a sensualidade e aexecução do corpo. Portanto, deseja que em nenhuma destas haja pecado: na razão, nasensualidade e na execução do corpo. Não [haja pecado] na razão; por isso diz: a fim deque o vosso espirito, isto é, vossa mente, se conserve íntegro.  Com efeito, a razão écorrompida em todo e qualquer pecado, porque todo e qualquer mau é ignorante.Igualmente, nem [haja pecado] na sensualidade. Por isso diz: a alma.  Igualmente, nemno corpo; e por isso diz: e o corpo. Mas isto ocorre quando ele é resguardado imune do

 pecado. E diz  sem culpa, não  sem pecado, o que só pertence a Cristo. Mas ser semculpa também pertence a outros que, conquanto cometam pecados veniais, não cometem

 pecados graves, que escandalizam o próximo. Luc. 1, 6: Caminhando sem culpa emtodos os mandamentos e preceitos do Senhor. E acrescenta:  para a vinda, etc., isto é,

 perdurando até ao fim da vida. Ou todo o espírito refere-se ao dom do Espírito Santo. Écomo se dissesse: que esteja íntegro o dom do Espírito Santo que tendes.

138. Ao dizer em seguida:  Fiel, etc., dá-lhes esperança de que será ouvido. É como sedissesse: como eu espero, assim acontecerá, pois aquele que vos chamou cumprirá. Sal.144, 13: O Senhor é fiel em todas as suas palavras.  Rom. 8, 30:  Aqueles que chamou,também os justificou, etc.

139. Por último, acrescenta algumas admonições privadas, ou seja, a oração:  Irmãos,orai por nós.  Igualmente, a paz mútua: Saudai todos os irmãos com ósculo santo,  não

 proditório, como aquele de Judas (Mat. 26, 49), nem libidinoso, como aquele da mulher libidinosa (Prov. 7, 10). Que esta carta seja lida, etc.  Com efeito, ele temia que os

 prelados a ocultassem por causa de algumas coisas que havia nela. Prov. 11, 26: O queesconde o trigo será amaldiçoado entre os povos, etc.  Por fim, conclui a epístola comuma saudação.

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[ 1 ] Toda vez que, em sua vasta obra, Santo Tomás fala de “eleitos”, está referindo-se aos predestinados, ouseja, aos que se salvam graças a um beneplácito da vontade divina. Os dados de que se vale o Aquinate têm aSagrada Escritura como fonte primária: 1- EXISTÊNCIA DA P REDESTINAÇÃO: Vinde, benditos de meu Pai, possuí oreino que vos está preparado desde a criação do mundo (Mt. 25, 34); 2- EFEITOS DA P REDEST INAÇÃO (ELEIÇÃO,

JUSTIFICAÇÃO E GLORIFICAÇÃO):  E aqueles que [Deus] predestinou, também os chamou; e aqueles que chamou,também os justificou; e aqueles que justificou, também os glorificou  (Rm. 8, 30); 3- OS PREDESTINADOS SÃO

ELEITOS POR  DEUS:  Porque são muitos os chamados e poucos os escolhidos (Mt. 22, 14). Se não se abreviassem

aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma; porém, serão abreviados aqueles dias em atenção aos escolhidos(Mt. 24, 22); 4- A PREDESTINAÇÃO É GRATUITA: quando a Sagrada Escritura ensina sobre este particular, háquatro proposições a considerar: a) A vontade divina é causa  de todos os dons que Deus concede aos homens.Por conseguinte, todos esses dons são inteiramente gratuitos (eleição, vocação, conversão, perdão dos pecados,fé, justificação, salvação, glorificação, etc.); b) Deus não é apenas causa dos dons, pelos quais somos chamados,ustificados, salvos, etc., mas é também causa de que creiamos, queiramos, obremos o bem e nos salvemos, etc.;c) Não é o homem quem se distingue de outro homem na perseverança final; é Deus quem os distingue  f azendo auns melhores que a outros;  d)  A glorificação é o último efeito  da predestinação, e esta procede de umconhecimento amoroso prévio aos méritos e deméritos humanos, ou, em suma, de uma dileção de Deus. É, portanto, a dileção divina a causa de Deus predestinar à glória os eleitos; 5- APREDESTINAÇÃO É CERTA, INFALÍVEL

E IMUTÁVEL:  Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão alarde de grandes milagres erodígios para enganarem, se fosse possível, até mesmo os escolhidos. (Mc. 13, 22).  E a vontade do Pai que me

enviou é que eu não perca nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia  (Jo. 6, 39); 6- A

PREDESTINAÇÃO SE REALIZA COM A NOSSA COOPERAÇÃO: Trabalhai na vossa salvação com temor e tremor  (Flp. 2,12). [N. C.][ 2 ] Há bastante divergência sobre a fonte desse suposto trecho de S. Gregório Magno, citado igualmente por S.Boaventura e autores posteriores. Provavelmente trata-se de uma paráfrase de “ Mali enim bonos magis ab hujusmundi desideriis expediunt, dum affligunt; quia dum multa eis hic violenta ingerunt, festinare illos ad supernacompellunt ” [“Com efeito, os maus livram mais os bons dos desejos deste mundo quando os afligem; poisquando lhes impõem muitas violências, compelem-nos a correr atrás das coisas superiores.”], in  Exp. Vet. ac

ovi Test.  (PL 79, 725C), ou de “ Acriores hostis insidiae, ad gratiae adiutorium postulandum nos compellunt ”[“As insídias mais acerbas do inimigo compelem-nos a pedir o auxílio da graça.”], in  Moralia (PL 75, 757A).[ 3 ] “(...) quia istis bonis scribit ”. Aqui se refere Santo Tomás aos homens bons, ou seja, aos que procuramandar na graça de Deus. [N. C.][ 4 ] “Virtude” é um termo que, no glossário da metafísica tomista, possui o sentido geral de hábito operativobom, sendo este a realidade intermediária entre o ato e a potência que auxilia o ente a alcançar o fim ao qual estáteleologicamente orientado. Mas no caso da “virtude dos milagres” se trata duma força vinda do alto, pois“milagre”, na acepção da palavra, é evento extraordinário que não obedece à ordem natural, nas coisas em que sedá. A etimologia do termo (do latim miror, ari = admirar-se) aponta tratar-se de algo que não sucede natural ouhabitualmente. O milagre não é uma operação oculta da natureza, pois neste caso a sua fonte não seria divina; a propósito, ter uma causa oculta é aspecto acidental, e não essenc ial, do milagre. Santo Tomás arrola, na SumaContra os Gentios (III, c.101) três gêneros de milagres: a) Quando Deus faz uma coisa que a natureza não poderealizar em nenhuma hipótese (ressurreição dos corpos, transubstanciação eucarística, etc); b) Quando Deus fazalgo que, por princípio, a natureza  poderia realizar , se não houvesse impedimentos acidentais (que um paralíticovolte a andar e um cego volte a ver, considerando-se que andar e ver são possibilidades metafísicas inscritas naorma entis  humana); c)  Quando Deus faz algo servindo-se instrumentalmente das potências inscritas na

natureza, para apressar um processo que ela mesma realizaria por virtude própria (a cura de uma febre, por exemplo).

Leia-se a respeito do caráter sobrenatural dos milagres, na perspectiva tomista, em:http://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2011/01/milagre-o-que-e-como-e-e-de-onde-provem.html [N. C.][ 5 ] Em sentido teológico, predestinação à salvação e reprovação são tópicos da providência divina. Embora, paraa escola tomista, seja verdadeiro que Deus nega a graça da perseverança final ao réprobo, isto não significa queeste estivesse predestinado a perder-se. Façamos referência a dois aspectos importantes: 1- Deus é causa indiretada impenitência final, porque, como castigo aos graves pecados precedentes de um homem, nega-lhe a graçaeficaz pela qual ele poderia levantar-se do estado de pecado; 2- Deus é causa direta da imposição da pena eterna.Mas não se perca de vista que a causa da impenitência final é exclusivamente o pecado, nunca Deus. Ver SumaTeológica, I, q. 23,  De Predestinatione. [N. C.][ 6 ] Para Santo Tomás, confiança é uma esperança fortalecida por inabalável convicção (cf. Suma Teológica, IIª-IIª, q. 129, art. 6, ad.3). Está é a convicção da fé, que tem como uma de suas propriedades justamente a

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confiança – convicção espiritual sem a qual o cristão é incapaz de encontrar remédios para os dramas de sua própria alma, de suportar as injustiças, etc. [N. C.][ 7 ] Não existem fontes primárias que nos dêem informações precisas acerca da origem e da natureza da seitados nicolaístas. Vários Padres da Igreja a mencionam – como, por exemplo, Irineu de Lyon, Hipólito de Roma eClemente de Alexandria. De acordo com Santo Tomás, o grupo incentivava a poligamia e o compartilhamento deesposas com mais de um homem. A opinião mais aceita é de que se tratava de um grupo heretizante dos temposapostólicos, o qual não deve ser confundido com os nicolaístas de tempos posteriores, que na prática eram

contrários ao celibato sacerdotal e cuja posição foi condenada no I Concílio de Latrão, que vetou o casamento desacerdotes, diáconos, subdiáconos e monges. A propósito, o Papa Nicolau II proibiu leigos de assistirem a missasrezadas por padres amancebados. Sobre o tema, ver  Dictionnaire de Théologie Catholique, vol. XI, Paris,Librairie Letouzey et Ané, 1931, p.499-505. [N. C.][ 8 ] Nada, com exceção de Deus, que é infinitude  simpliciter . [N. C.][ 9 ] “Si malum est, Deus est .” SANTO TOMÁS DE AQUINO, Suma Contra os Gentios, III, Cap. 71, n.9. A famosafrase “se há o mal, Deus existe” dá por pressuposto que o mal é privação do bem devido; portanto, o mal estásempre inerido nalgum bem, visto não ter substância. O pecado, que é o mal na vontade, pressupõe a existênciada vontade; a cárie pressupõe a existência do dente, etc. A possibilidade metafísica do mal, em última instância,depende da atualidade inexaurível do bem absoluto, o qual não pode ser outro senão Deus. Assim, se  per absurdum  o nada absoluto se interpusesse na ordem do ser, nada mais poderia vir a ser, pois o nada não tem potência operativa. A hipótese de aflorar o nada absoluto na ordem do ser supõe que todas as coisas sãocontingentes, o que é insustentável na perspectiva metafísica. Santo Tomás, em diferentes obras, demonstra que

Deus permite os males em vista de bens incomensuravelmente superiores. [N. C.][ 10 ] Na verdade, uma paráfrase do original no comentário da Glossa Ordinaria  sobre o Apocalipse, 12, 10:“Off icium diaboli est  accusare , id est per peccatum accusabiles reddere. Die ac nocte. In prosperis delectando, inadversis contristando” [“O ofício do Diabo é acusar , isto é, tornar os homens acusáveis por causa do pecado.Dia e noite. Deleitando na prosperidade, e contristando na adversidade”] (PL 114, 731D). A mesma paráfraseutilizada por S. Tomás já se consagrara anteriormente em outros comentadores medievais, incluindo PedroLombardo, o célebre autor das Sentenças.[ 11 ]  De Catech. Rud. IV (PL 40, 314).[ 12 ] Como se salientou na apresentação a esta obra, para a escola tomista, a noção de mérito é analógica. No plano natural, em sentido lato, trata-se de uma recompensa em reconhecimento a qualquer boa obra. Ex.: O alunomereceu tirar 10 na prova. No plano sobrenatural, trata-se de uma recompensa  graças a Deus. E aqui, em primeiro lugar, vem o conceito de mérito DE CONDIGNIDADE, subdividido em dois tópicos: 1-  Perfecte decondigno: É o mérito perfeitíssimo de Cristo. Com o sacrifício na cruz, Ele mereceu para nós a redenção, quenão merecíamos; 2-  De condigno: É o mérito concedido por Deus em reconhecimento ao esforço de um homem para seguir os mandamentos, buscar a graça, etc. Por ele o homem abre-se ao influxo de novas graças em ordemà glória e pode ser chamado “amigo de Deus”. Depois vem o conceito de mérito DE CONVENIÊNCIA, também emdois tópicos: 1-  De congruo proprie: É o mérito proveniente dos direitos adquiridos pelo homem justo em virtudede sua amizade com Deus (mérito concedido in iure amicabili, segundo Santo Tomás). Por esse mérito umhomem em estado de graça, rezando, consegue de Deus a salvação de um pecador; a conversão de um infiel; queum homem não morra em impenitência final, etc. O mérito de Nossa Senhora, mediadora de todas as graças, paraconosco é deste tipo. 2-  De congruo improprie. É o mérito do pecador que, mesmo estando em pecado mortal,recebe graças atuais para rezar e para voltar ao estado de graça. [N. C.][ 13 ] Ou seja, nesta vida, durante o estado de viador. [N. T.][ 14 ] Pureza (munditiam) e firmeza (  f irmitatem) são os dois pilares da santidade, de acordo com o Aquinate.Trata-se da predisposição habitual por cujo intermédio o homem orienta a Deus, de maneira excelente, os seus

atos próprios, ou seja, os provenientes da inteligência e da vontade, potências superiores da alma. Ancoradanestas duas virtudes, a santidade é algo próprio do homem religioso; não por outro motivo, Santo Tomás afirmaque a santidade não difere da virtude da religião em essência, mas apenas por uma distinção de razão. Quando oDoutor Comum ressalta, a esta altura do comentário, que os preceitos de Deus nos compelem a purificar o malque há em nós e a ter firmeza no bem, certamente tem em vista o conceito de religião arrolado na SumaTeológica (IIª-IIª, q. 81). [N. C.][ 15 ] Segundo Santo Tomás, por conta da mancha do pecado original, pode haver pecado venial nocumprimento do débito conjugal: são os casos em que os apetites sensitivos, por sua veemência, fazem o homemnão deliberar a respeito dos fins do matrimônio e buscar o deleite como fim em si. [N. C.][ 16 ] Comm. in Epist. ad Gal ., II (PL 26, 356A-B).[ 17 ] A cupiditas é, para o Doutor Angélico, o desejo excessivo dos bens temporais. Trata-se duma inclinação

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que, ao desgovernar-se, pode transformar um homem em escravo hedonístico de pequenas vontades nunca assazsatisfeitas. Ademais, a cupidez, que é uma espécie de desordem do apetite concupiscível, faz diminuir a caridade.Cf. Suma Teológica, IIª-IIª, q. 24, art. 10, ad. 2. [N. C.][ 18 ] “(...) et corpus propter animam”, Optou-se, na presente edição, por traduzir a conjunção “et ” pelaadversativa “mas” com o intuito de preservar o que parece ter sido a intenção de S. Tomás ao salientar a preeminência da alma com relação ao corpo, e com isto apontar que o motivo da tristeza pela morte de uma pessoa não pode ser o que, nela, tem menor dignidade ontológica. [N. C.]

[ 19 ]  De civ. Dei, XX, 20 (PL 41, 688).[ 20 ] Epistola 119,  Ad Minervium et Alexandrum Monachos, 8 (PL 22, 973).[ 21 ] Santo Tomás começa, neste trecho do seu comentário, a apontar para o clímax do escrito – que virá na parte seguinte: o tempo do Anticristo, para o qual os homens de fé devem estar devidamente preparados. [N. C.][ 22 ]  De civ. Dei, XX, 2 (PL 41, 659).[ 23 ] Lucas 21, 25-26:  Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; na terra, consternação dos povos pelaconfusão do bramido do mar e das ondas, mirrando-se os homens de susto, na expectação do que virá sobre todoo mundo, porque as virtudes do céu se abalarão. A Glossa Ordinaria traz o seguinte comentário: “Esta passagemtrata do momento do advento de Cristo, quando todas as virgens, tanto as prudentes como as tolas, despertadas por um clamor insólito, porão em ordem as suas lâmpadas, ou seja, as suas obras, aguardando com grande temor o desenlace instantâneo do juízo eterno. Ao se aproximar o juízo final, o som do mar e o das ondas seconfundem, a Terra fica cheia de habitantes aterrorizados por todos os lados. Os maiores luminares celestes,feridos por extraordinário horror, ocultam sua face espantada, pois, aproximando-se o seu fim, os elementos,

como que tomados de temor, agitam-se e bramem” (PL 114, 335C). [N. T.][ 24 ] Tanto em latim como em português “nervo” significa não só uma parte do corpo, mas também “força,energia, vigor”. [N. T.][ 25 ] Espécie de couraça. [N. T.][ 26 ] Ou elmo. [N. T.][ 27 ] Ou seja, as Horas Canônicas. [N. T.][ 28 ] No original, “Semper orat qui semper bene agit ” [“Sempre ora quem sempre age bem”] (PL 114, 620).[ 29 ] Provavelmente uma paráfrase ou resumo moral do próprio S. Tomás de uma das histórias narradas no livroV das Vidas dos Santos Padres  [Vitae Patrum], libelo XII (PL 73, 942D), em que um certo abade Lucas, aoexplicar para dois monges como é possível orar sem cessar até mesmo dormindo, diz o seguinte: “Quandoermansero tota die laborans et orans corde vel ore, facio plus minus sedecim nummos, et pono ex eis ad ostium

duos, et residuos manduco. Qui acceperit illos duos denarios, orat pro me tempore quo ego manduco vel dormio;atque ita per gratiam Dei impletur a me quod scriptum est: Sine intermissione orate” [“Quando passo o dia todotrabalhando e orando, com o coração ou com a boca, recebo mais ou menos dezesseis moedas. Ponho duas foradas portas; uso as demais para comer. Quem tomar os denários ora por mim pelo tempo em que como ou durmo;e assim se cumpre pala graça de Deus o que está escrito: Orai sem cessar”].[ 30 ] S. Tomás se vale aqui da analogia de atribuição para salientar de que modo é possível dizer que o espírito pode extinguir-se. [N. C.][ 31 ]  Alma vem justamente do lat. anĭma, ae. [N. T.]

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facit, quia primo ponit gratiarum actionem; secundo eius materiam, ibi memores. Item primo pro eis gratias agit; secundo pro eis orat, ibi memoriam vestri.

Quantum ergo ad primum dicit tria, quae debent esse in gratiarum actione. Primo quodsit ordinata, scilicet ad Deum. Ideo dicit  gratias agimus Deo. Ps. LXXXIII, 12:  gratiamet gloriam dabit dominus. Iac. I, 17: omne datum optimum et omne donum perfectum

de sursum est descendens a patre luminum. Item assidua, quia  semper . Item universalis,ibi  pro omnibus vobis. Infra V, 18: in omnibus gratias agite.Deinde orat pro eis, dicens memoriam vestri faciens, etc., quasi dicat: quandocumque

oro, habeo vos in memoria. Rom. c. I, 9:  sine intermissione memoriam vestri facio semper in orationibus meis.

Deinde cum dicit memores operis, ponit bona de quibus agit gratias, scilicet fidem,spem et charitatem. I Cor. XIII, 13: nunc autem manent fides, spes, charitas: tria haec,et cetera. Fidem praemittit, quia est substantia sperandarum rerum, et cetera.

ccedentem enim ad Deum oportet credere, et cetera. Hebr. c. XI, 1 et 6. Haec autemnon est sufficiens, nisi habeat operationem et laborem. Et ideo dicit operis fidei vestrae

et laboris. Iac. II, 26:  fides sine operibus mortua est . Item quia qui laborando propter Christum deficit, nihil valet. Lc. VIII, 13: ad tempus credunt, et in tempore tentationisrecedunt . Ideo dicit operis et laboris. Quasi dicat: memores fidei vestrae operantis etlaborantis. Item, charitatis, in cuius operibus abundabant. Infra IV, 9: charitatemraternitatis, et cetera. Item  spei, quae facit patienter sustinere adversa. Rom. XII, 12:

 spe gaudentes, in tribulatione patientes. Et  sustinentiae, quam spes facit. Iac. V, 11:atientiam Iob audistis, et cetera. Spei, inquam, domini nostri, id est, quam habemus

de Christo, vel quam Christus dedit nobis. I Petr. I, 3: regeneravit nos in spem vivam, etcetera. Haec spes est ante Deum, non ante oculos hominum. Matth. VI, 1: attendite neiustitiam vestram faciatis coram hominibus, et cetera. Hebr. VI, 19: quam sicut 

anchoram habemus animae tutam, et cetera. Spes enim in veteri testamento non induxitad Deum.

Deinde cum dicit  scientes, fratres, in speciali commemorat eorum bona, quos primocommendat, quod devote et prompte susceperunt praedicationem, non obstantetribulatione; secundo quod propter tribulationem ab ea non recesserunt, in II capite, ibinam ipsi scitis. Iterum prima pars dividitur in duas, quia primo ostendit qualis fuit ista

 praedicatio; secundo qualiter ab eis recepta, ibi et vos imitatores. Circa primum tria facit,quia primo ostendit quid circa eos sciebat; secundo modum praedicationis suae, ibi quia Evangelium. Tertio quid ipsi sciebant de apostolo, ibi  sicut scitis.

Dicit ergo o fratres dilecti a Deo. Non solum communiter, inquantum dat esse naturae,sed inquantum specialiter ad bona aeterna estis vocati. Mal. I, 2:  Iacob dilexi , Esauautem odio habui, et cetera. Deut. XXXIII, 3: dilexit populos, et cetera.  Electionemvestram. Quasi dicat: certitudinaliter cognosco vos esse electos, quia hanc electionem nonmeruistis, sed a Deo estis gratuite electi. Et hoc scio, quia Deus dedit mihi magnumargumentum in praedicatione, scilicet quod illi, quibus loquor, sunt a Deo electi, scilicetquando Deus dat eis gratiam fructuose audiendi verbum eis praedicatum, vel mihi gratiam

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copiose praedicandi eis. Contra videtur esse quod dicitur Ezech. III, 26: et linguam tuamadhaerere faciam palato tuo, et cetera.

Ideo primo commemorat quam virtuose eis praedicavit, secundo inducit eorumtestimonium, ibi  sicut scitis. Virtuose quidem, quia non fuit in sublimitate sermonis, sedin virtute. I Cor. II, v. 4:  sermo meus et praedicatio mea non in persuasibilibus

humanae sapientiae verbis, sed in ostensione spiritus et virtutis. I Cor. IV, v. 20: nonenim in sermone est regnum Dei, sed in virtute. Vel potest referri ad confirmationem praedicationis, vel ad modum praedicandi. Si ad primum, sic confirmata fuit praedicatiomea vobis, non argumentis, sed virtute miraculorum. Unde dicitur Mc. ult.: dominocooperante et sermonem confirmante sequentibus signis. Item in datione spiritus sancti;unde dicit: et in spiritu sancto. Act. c. X, 44: adhuc loquente Petro verba haec, cecidit  spiri tus sanctus super omnes, qui audiebant verbum, et cetera. Hebr. II, 4: contestante Deo signis et portentis et variis virtutibus et spiri tus sancti distributionibus. Et inlenitudine, et cetera. Et hoc addit, ne crederent se minus recepisse quam Iudaei; quasi

dicat: spiritus sanctus non est personarum acceptor, sed in ea plenitudine fuit apud vos

sicut apud Iudaeos. Act. II, 4: repleti sunt omnes spiritu sancto, et cetera. Sed si adsecundum, sic in virtute, id est virtuosam vitam vobis ostendens. Act. I, 1: coepit dominus facere et docere. Et in spiritu sancto, scilicet suggerente. Matth. X, v. 20: nonestis vos qui loquimini, et cetera.  In plenitudine multa, scilicet quia instruxi vos deomnibus ad fidem necessariis.

Inducit autem eorum testimonium ad hoc, cum dicit  sicut vos sci tis, etc., id est, qualiadona et virtutes ostendimus in vobis. II Cor. V, 11:  spero autem in conscienti is vestrismanifestos nos esse.

Deinde cum dicit et vos imitatores, etc., ostendit quomodo praedicationem suamvirtuose receperunt, nec propter tribulationes recesserunt. Et primo ostendit eorum

virtutem in hoc, quod alios imitati sunt; secundo quod aliis se imitabiles praestiterunt, ibiita ut facti sitis.

Circa primum duo facit, quia primo ostendit quos sunt imitati; secundo in quibus suntimitati, ibi: excipientes. Circa primum dicit, quod imitati sunt eos quos debuerunt, scilicet

 praelatos. Et ideo dicit imitatores nostri facti, et cetera. Phil. III, v. 17: imitatores meiestote, fratres. Sed imitati sunt non eo in quo delinquimus sicut homines, sed in quoimitamur Christum. Unde et dicitur I Cor. IV, 16: imitatores mei estote, sicut et egoChristi, id est, in quo imitatus sum Christum, scilicet in patientia tribulationis. Matth.XVI, 24:  si quis vult post me venire, abneget semetipsum, et tollat crucem suam, et  sequatur me. I Petr. c. II, 21: Christus passus est pro nobis, vobis relinquens exemplum,ut sequamini vestigia eius. Et ideo dicit in tribulatione multa cum gaudio, id est,quamvis multa tribulatio immineret propter verbum, tamen illud accepistis cum gaudio.Iac. I, 2: omne gaudium existimate, fratres mei, cum in tentationes varias incideritis,et cetera. Act. V, 41: ibant apostoli gaudentes a conspectu Concilii, quoniam dignihabiti sunt pro nomine Iesu contumeliam pati. Cum gaudio, inquam,  spiri tus sancti,non alio quocumque, qui est amor Dei, qui facit gaudium patientibus propter Christum,

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quia amant eum. Cant. VIII, 7:  si dederit homo omnem substantiam domus suae prodilectione, quasi nihil despiciet eam.

Et sic estis imitatores nostri, quod scilicet aliis estis imitabiles. Unde dicit ita ut facti sitis, et cetera. Circa quod tria facit, quia primo ostendit eos esse imitabiles; secundoquomodo eorum fama divulgata est, ibi a vobis enim diffamatus; tertio quomodo ab

omnibus laudabantur populis, ibi ipsi enim annuntiant .Dicit ergo: ita perfecte nos imitati estis, ut sitis facti forma, id est, exemplum vitae, nonsolum in terra vestra, sed in aliis. Matth. V, 16:  sic luceat lux vestra coram hominibus, ut videant opera vestra, et cetera.

Sed credentibus forma facti estis quibus fides vestra innotuit. Ad quod bonitas vestraaccessit.  A vobis enim diffamatus est sermo domini , id est, praedicandi dominum, id est,vestra fama diffusa est, non tantum in Macedonia et Achaia, quae sunt vobis vicinae,sed  fides vestra ad Deum perfecta, id est, quam Deus acceptat, et quae coniungit vosDeo, quae etiam est in omni loco  divulgata. Rom. I, 8:  fides vestra annuntiatur inuniverso mundo, et cetera. Et signum huius est, quia non est necesse, et cetera. Boni

enim praedicatoris est bona aliorum in exemplum adducere. II Cor. IX, 2: vestra enimaemulatio provocavit plurimos.Deinde cum dicit ipsi enim, etc., ponit eorum laudem qua ab aliis laudabantur, quia de

nobis annuntiant , et cetera. Prov. ult.: laudent illam in portis opera eius. Laudantautem in vobis meam praedicationem et vestram conversionem. Annuntiant ergo qualemintroitum habuerimus ad vos, quia cum magna difficultate et in tribulationibus. Laudantetiam vestram conversionem.

Et ostendit quomodo, a quo, et ad quid conversi sunt. Quo ad primum dicit et quomodoconversi estis ad Deum, id est, quam faciliter, et perfecte. Ioel. II, 12: convertimini ad me in toto corde vestro, et cetera. Eccli. V, 8: ne tardes converti ad dominum, et ne

differas de die in diem. Quo ad secundum dicit a simulacris. I Cor. XII, 2:  sciti squoniam cum gentes essetis, ad simulacra muta prout ducebamini euntes. Quo adtertium dicit  servire Deo, scilicet servitute latriae, non creaturae, sed Deo. Contra quoddicitur Rom. I, 25:  servierunt creaturae potius quam creatori, et cetera. Et dicit vivo, utexcludat idololatriae cultum, quia idololatrae colebant quosdam mortuos, quorum animasdixerunt deificatas, sicut Romulum et Herculem. Et ideo dicit vivo. Deut. XXXII, 40:vivo ego in aeternum. Item quia Platonici putabant quasdam substantias separatas deosesse participatione, dicitur vero, non participatione divinae naturae, sed quia servientes eisunt remunerandi.

Ideo, quia sic estis, restat ut remunerationem expectetis. Unde dicit et expectare filiumeius, scilicet Dei, de caelis  descendentem. Lc. XII, 36: et vos similes hominibusexpectantibus dominum suum quando revertatur a nuptiis. Is. XXX, 18: beati omnesqui expectant eum. Illi autem sunt, qui sunt lumbis praecincti. Duo autem expectamus,scilicet resurrectionem, ut scilicet ei conformemur. Unde dicit quem suscitavit ex mortuis Iesum. Rom. c. VIII, 11: qui suscitavit Iesum Christum a mortuis, vivificabit et mortalia corpora vestra, et cetera. Phil. III, 21: reformabit corpus humilitatis nostraeconfiguratum corpori claritatis suae. Item liberari a poena futura, quae imminet reis. A

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causa autem poenae, scilicet a peccato, liberamur per Christum. Unde dicit qui eripuit nos, et cetera. Apoc. VI, 16: abscondite vos a facie sedentis super thronum et ab iraagni, et cetera. Ab hac ira nullus potest nos liberare nisi Christus. Matth. III, 7: quisdemonstrabit vobis fugere a ventura ira?

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CAPUT 2

LECTIO 1

1Αὐτοὶ γὰρ οἴδατε, ἀδελφοί, τὴν εἴσοδον ἡμῶν τὴν πρὸς ὑμᾶς ὅτι οὐ κενὴ γέγονεν,2ἀλλὰ προπαθόντες καὶ ὑβρισθέντες καθὼς οἴδατε ἐν Φιλίπποις ἐπαρρησιασάμεθα

ἐν τῷ θεῷ ἡμῶν λαλῆσαι πρὸς ὑμᾶς τὸ εὐαγγέλιον τοῦ θεοῦ ἐν πολλῷ ἀγῶνι. 3ἡ γὰρπαράκλησις ἡμῶν οὐκ ἐκ πλάνης οὐδὲ ἐξ ἀκαθαρσίας οὐδὲ ἐν δόλῳ, 4ἀλλὰ καθὼςδεδοκιμάσμεθα ὑπὸ τοῦ θεοῦ πιστευθῆναι τὸ εὐαγγέλιον οὕτως λαλοῦμεν, οὐχ ὡςἀνθρώποις ἀρέσκοντες ἀλλὰ θεῷ τῷ δοκιμάζοντι τὰς καρδίας ἡμῶν. 5οὔτε γάρ ποτεἐν λόγῳ κολακείας ἐγενήθημεν, καθὼς οἴδατε, οὔτε ἐν προφάσει πλεονεξίας, θεὸςμάρτυς, 6οὔτε ζητοῦντες ἐξ ἀνθρώπων δόξαν, οὔτε ἀφ’ ὑμῶν οὔτε ἀπ’ ἄλλων,7δυνάμενοι ἐν βάρει εἶναι ὡς Χριστοῦ ἀπόστολοι. ἀλλὰ ἐγενήθημεν νήπιοι ἐν μέσῳ

 ὑμῶν, ὡς ἐὰν τροφὸς θάλπῃ τὰ ἑαυτῆς τέκνα, 8οὕτως ὁμειρόμενοι ὑμῶν εὐδοκοῦμενμεταδοῦναι ὑμῖν οὐ μόνον τὸ εὐαγγέλιον τοῦ θεοῦ ἀλλὰ καὶ τὰς ἑαυτῶν ψυχάς, διότιἀγαπητοὶ ἡμῖν ἐγενήθητε. 9μνημονεύετε γάρ, ἀδελφοί, τὸν κόπον ἡμῶν καὶ τὸν

μόχθον: νυκτὸς καὶ ἡμέρας ἐργαζόμενοι πρὸς τὸ μὴ ἐπιβαρῆσαί τινα ὑμῶνἐκηρύξαμεν εἰς ὑμᾶς τὸ εὐαγγέλιον τοῦ θεοῦ. 10 ὑμεῖς μάρτυρες καὶ ὁ θεός, ὡς ὁσίωςκαὶ δικαίως καὶ ἀμέμπτως ὑμῖν τοῖς πιστεύουσιν ἐγενήθημεν, 11καθάπερ οἴδατε ὡςἕνα ἕκαστον ὑμῶν ὡς πατὴρ τέκνα ἑαυτοῦ 12παρακαλοῦντες ὑμᾶς καὶπαραμυθούμενοι, καὶ μαρτυρόμενοι εἰς τὸ περιπατεῖν ὑμᾶς ἀξίως τοῦ θεοῦ τοῦκαλοῦντος ὑμᾶς εἰς τὴν ἑαυτοῦ βασιλείαν καὶ δόξαν.

Supra commendavit eos, quod in tribulationibus verbum Dei receperunt, hiccommendat eos, quod ab eo non recesserunt propter tribulationes. Et circa hoc tria facit,quia primo commemorat eorum tribulationes; secundo ostendit quale eis remedium

adhibuit, in III capite, ibi  propter quod ; tertio propter quid quia nunc vivimus. Quia verosupra dixit de eis nuntiari ab omnibus introitum apostoli ad eorum conversionem, ideo

 primo agit de introitu suo; secundo de eorum conversione, ibi ideo et nos gratias. Circa primum tria facit, quia primo commemorat suam constantiam, quam habuit antequam adeos veniret; secundo sinceritatem doctrinae per quam eos convertit, ibi exhortatio enimnostra; tertio sinceritatem suae conversationis cum conversis, ibi vos enim. Iterum primain duas, quia primo praemittit tribulationes, quas passus est antequam ad eos veniret;secundo quomodo fiduciam ex hoc non amisit, ibi  fiduciam habuimus.

Dicit ergo: dico quod annuntiat introitum nostrum, quem et vos scitis, quoniam non fuit inanis, etc., id est levis, sed difficilis, quia per multas tribulationes. Vel non inanis, id estvacuus, sed plenus. Gen. c. I, 2: terra erat inanis et vacua, et cetera. Vel non inanis, idest mobilis, sed stabilis. Phil. c. II, 17: non in vanum cucurri, neque in vacuum laboravi.Sed ante sumus  passi passiones corporales. Prov. XIX, 11: doctrina viri per patientiamnoscitur . Ps. XCI, 15: bene patientes erunt, ut annuntient . Item spirituales, quiacontumeliis  ex hoc affecti in Philippis, ubi propter curationem pythonissae passus esttribulationes. Et haec civitas est Macedoniae.

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 Nec tamen propter haec fiducia praedicandi est extincta. Is. XII, 2: ecce Deus salvator meus, fiducialiter agam, et non timebo. Et haec fiducia fuit praedicandi ad vos Evangelium Dei in multa sollici tudine de vestra conversione. Rom. XII, 8: qui praeest in sollicitudine. II Cor. XI, 28:  praeter ea quae extrinsecus sunt, instantia meaquotidiana, sollicitudo omnium Ecclesiarum.

Deinde cum dicit exhortatio, ostendit sinceritatem suae praedicationis. Et circa hoc duofacit, quia primo probat sinceritatem suae doctrinae; secundo quaedam quae dixerat,exponit, ibi non quasi hominibus. Circa primum duo facit, quia primo excluditcorruptionem doctrinae; secundo ponit sinceritatem, ibi  sed sicut probati.

Doctrina autem corrumpitur vel propter rem quae docetur, vel propter intentionemdocentis. Propter primum dupliciter corrumpitur doctrina, scilicet vel per errorem, sicutdocens salutem esse per Christum cum legalibus. II Tim. III, 13: mali homines et  seductores proficient in peius errantes, et in errorem alios mittentes. Ideo dicitexhortatio enim nostra non est , sicut aliquorum, de errore. Vel propter immunditiam,sicut dicentium vacandum esse voluptatibus, quae doctrina est a quodam Nicolao, qui

 permisit promiscua matrimonia, communicans alii suam uxorem; ideo dicit neque deimmunditia. Ap. II, v. 20:  permittis mulierem Iezabel, quae se dici t prophetam, docereet seducere servos meos fornicari, et manducare de idolotitis, et cetera. Iob VI, 30: noninvenietis in lingua mea iniquitatem. Item nec est exhortatio in dolo sicut quorumdam,qui licet verum dicant, habent tamen intentionem corruptam, quia non profectumauditorum neque Dei honorem, sed suum quaerunt honorem. Contra quod dicit neque indolo. Ier. IX, 8:  sagitta vulnerans lingua eorum, dolum locuta est , et cetera.

Sua ergo praedicatio non est corrupta, sed sincera. Sincerum autem aliquid est, quodservat suam naturam. Tunc autem est praedicatio sincera, quando quis docet eo tenore etfine quo Christus docuit. Et ideo dicit  sed sicut probati, id est, eo modo et ea intentione

qua Deus nos elegit et approbavit ad praedicandum Evangelium loquimur. Gal. II, 7:creditum est mihi Evangelium praeputii, sicut Petro circumcisionis. Act. IX, v. 15: vaselectionis est mihi iste, ut portet nomen meum coram gentibus, et regibus, et filiis Israel .

Deinde cum dicit non quasi hominibus, etc., ostendit quod sua praedicatio non est indolo. Primo excludens illud per quod videretur esse dolosa; secundo manifestat per signum, ibi neque aliquando; tertio per causam, ibi neque in occasione.

Propter primum dicit: praedicatio mea non est quasi hominibus placens, scilicet finaliter.Ps. LII, 6: dissipata sunt ossa eorum, qui hominibus placent . Gal. I, 10:  si hominibuslacerem, Christi servus non essem. Aliquando tamen debent velle placere hominibus

 propter gloriam Dei, ut praedicatio magis fructificet, sicut dicitur I Cor. X, 33: ego per omnia omnibus placeo, et cetera. Sed Deo, et cetera. Prov. XVI, 2: omnes viaehominum patent oculis eius.

Huius autem signum est, quia non adulati sumus loquentes eis placentia. Is. c. XXX,10: loquimini nobis placentia, videte nobis errores, et cetera. Prov. XXIV, 28: nonlactes quemquam labiis tuis, et cetera.

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Et idem ostendit per causam. Propter duo enim aliquis quaerit hominibus placere,scilicet vel propter beneficia, vel propter gloriam. Hoc autem hic excludit, et primo,

 primum, dicens neque fuimus, et cetera. Quia non solum adulationem devitamus, sedetiam omnem occasionem avaritiae. I Tim. VI, 5: existimantium quaestum esseietatem. Ier. VI, 15: a minori quippe usque ad maiorem, omnes avaritiae student .

Secundo, secundum, ibi neque quaerentes a vobis neque ab aliis gloriam  de doctrina,cum haberemus unde possemus gloriari et accipere, imo oneri esse, quia debebant eigloriam et sustentationem; unde dicit cum possemus. Et vocat onus, quia perverse eis

 praedicantes ultra modum haec ab eis quaerebant. Is. III, 14: vos enim depasti estisvineam meam, et cetera.

Deinde cum dicit  sed facti sumus, etc., manifestat haec duo, et primo quod non quaerithumanam gloriam; secundo quod nec occasionem avaritiae, ibi memores enim estis.

Circa primum duo facit; quia primo ostendit suam humilitatem; secundo subsimilitudine ostendit suam sollicitudinem, ibi tamquam si nutrix. Ponit ergo primum,dicens quod  facti sumus parvuli, etc., id est humiles. Eccli. XXXII, v. 1: rectorem te

osuerunt? Noli extolli, sed esto in illis quasi unus ex ipsis. Quod ostendit insimilitudine, dicens tamquam si nutrix, quae scilicet condescendit infanti balbutiendo eiloquens, ut puer loqui discat, et in gestibus ei etiam condescendit. I Cor. IX, 22: omnibusomnia factus sum. I Cor. III, 1: tamquam parvulis in Christo lac vobis potum dedi, nonescam. Etiam animas. Io. X, 11: bonus pastor animam suam dat pro ovibus suis, etcetera. Quoniam charissimi, et cetera. II Cor. XII, 15: ego autem libentissimeimpendam et superimpendar ego ipse pro animabus vestris, et cetera.

Deinde cum dicit memores enim estis, ostendit, secundum, quod supra dixerat, scilicetitem neque per occasionem avaritiae, quia nihil a vobis sumpsimus, sed de labore, quialaboris, et cetera. Et aliqui laborant quidem, sed ex solatio, sed nos non, sed cum labore.

Ideo dicit laboris nostri, non propter exercitationem corporis, sed cum fatigatione. Undedicit et fatigationis. Aliqui etiam laborant de die, nos vero nocte et die. Per hoc enimvoluit arcere pseudo, qui nimis accipiebant, et propter otiosos inter eos. I Cor. IV, 12:laboramus operantes manibus nostris, et cetera.

Deinde cum dicit vos enim estis, ponit puritatem suae conversationis, et primoquomodo sancta, quo ad vitam; secundo quomodo sollicita, quo ad doctrinam, ibiqualiter unumquemque.

Dicit ergo: scitis quam sancte, id est pure. Lev. XI, 44 et XIX, 2:  sancti estote, quiaego sanctus sum. Iuste, quo ad proximum. Tit. II, 12:  sobrie et iuste, et pie vivamus inhoc saeculo. Sine querela, vobis qui credidistis, id est ex quo credidistis nihil agentes,unde quis posset scandalizare unumquemque vestrum singulariter. Nota quod singularis

 praedicatio quandoque multum valet.Tamquam  pater . I Cor. IV, 15: in Christo Iesu per Evangelium ego vos genui.

 Deprecantes. Philem. 8: multam fiduciam habens in Christo Iesu imperandi tibi quod ad rem pertinet, propter charitatem magis obsecro. Et consolantes  per verba lenia.Contra quod dicitur Ezech. XXXIV, 4: cum austeritate imperabatis eis cum potentia. Is.LXI, 2: ut consolarer omnes lugentes, et ponerem consolationem lugentibus Sion. Et

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quid praedicasti? Ut digne, id est, ut vestra conversatio esset talis, qualis decet ministrosChristi. Col. I, 10: ambuletis digne Deo per omnia placentes. Deo, qui, et cetera. Sap.VI, 21: concupiscentia itaque sapientiae deducet ad regnum perpetuum.

LECTIO 2

13Καὶ διὰ τοῦτο καὶ ἡμεῖς εὐχαριστοῦμεν τῷ θεῷ ἀδιαλείπτως, ὅτι παραλαβόντεςλόγον ἀκοῆς παρ’ ἡμῶν τοῦ θεοῦ ἐδέξασθε οὐ λόγον ἀνθρώπων ἀλλὰ καθώς ἐστινἀληθῶς λόγον θεοῦ, ὃς καὶ ἐνεργεῖται ἐν ὑμῖν τοῖς πιστεύουσιν. 14 ὑμεῖς γὰρ μιμηταὶἐγενήθητε, ἀδελφοί, τῶν ἐκκλησιῶν τοῦ θεοῦ τῶν οὐσῶν ἐν τῇ Ἰουδαίᾳ ἐν ΧριστῷἸησοῦ, ὅτι τὰ αὐτὰ ἐπάθετε καὶ ὑμεῖς ὑπὸ τῶν ἰδίων συμφυλετῶν καθὼς καὶ αὐτοὶ

 ὑπὸ τῶν Ἰουδαίων, 15τῶν καὶ τὸν κύριον ἀποκτεινάντων Ἰησοῦν καὶ τοὺς προφήτας,καὶ ἡμᾶς ἐκδιωξάντων, καὶ θεῷ μὴ ἀρεσκόντων, καὶ πᾶσιν ἀνθρώποις ἐναντίων,16κωλυόντων ἡμᾶς τοῖς ἔθνεσιν λαλῆσαι ἵνα σωθῶσιν, εἰς τὸ ἀναπληρῶσαι αὐτῶντὰς ἁμαρτίας πάντοτε. ἔφθασεν δὲ ἐπ’ αὐτοὺς ἡ ὀργὴ εἰς τέλος. 17Ἡμεῖς δέ, ἀδελφοί,

ἀπορφανισθέντες ἀφ’ ὑμῶν πρὸς καιρὸν ὥρας, προσώπῳ οὐ καρδίᾳ, περισσοτέρωςἐσπουδάσαμεν τὸ πρόσωπον ὑμῶν ἰδεῖν ἐν πολλῇ ἐπιθυμίᾳ. 18διότι ἠθελήσαμενἐλθεῖν πρὸς ὑμᾶς, ἐγὼ μὲν Παῦλος καὶ ἅπαξ καὶ δίς, καὶ ἐνέκοψεν ἡμᾶς ὁ Σατανᾶς.19τίς γὰρ ἡμῶν ἐλπὶς ἢ χαρὰ ἢ στέφανος καυχήσεως ἢ οὐχὶ καὶ ὑμεῖς ἔμπροσθεν τοῦκυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ ἐν τῇ αὐτοῦ παρουσίᾳ; 20 ὑμεῖς γάρ ἐστε ἡ δόξα ἡμῶν καὶ ἡχαρά.

Supra ostendit apostolus qualis fuit ad eos introitus suus, hic ostendit qualis fuit eorumconversio. Et circa hoc duo facit, quia primo ostendit, quod perfecte conversi sunt per fidem firmam; secundo quomodo fortiter perstiterunt in tribulationibus, ibi vos enim.

Ponit ergo primo bona eorum pro quibus gratias agit, et reddit rationem. Dicit ergoideo, quia sollicite vobis praedicavi, sicut pater filiis, ideo de bonis vestris  gratias ago,sicut pater de bonis filiorum. III Io. II, v. 4: maiorem horum non habeo gratiam, quamut audiam filios meos in veritate ambulare. Phil. IV, 6: cum gratiarum actione. Sed dequo? Quoniam cum accepissetis a nobis, et cetera. Gratias debet agere praedicator quando verbum eius in auditoribus proficit. Et dicit verba auditus Dei a nobis, id est, per nos. Ps. LXXXIV, 9: audiam quid loquatur in me dominus Deus. Rom. X, 17:  fidesenim ex auditu, auditus autem per verbum Christi. Accepistis illud , id est, firmiter incorde tenuistis, non ut verbum hominum, quia vana verba hominis. II Cor. XIII, 3: anexperimentum quaeritis eius, qui in me loquitur Christus?  II Petr. I, 21: non enim

voluntate humana allata est aliquando prophetia, sed spiritu sancto inspirati locuti sunt sancti Dei homines. Et quare gratias agitis? Quia hoc ipsum quod credidistis, Deusin vobis operatus est. Phil. II, 12:  Deus est qui operatur in vobis velle et perficere probona voluntate. Is. c. XXVI, 13: omnia opera nostra operatus es in nobis, domine.

Deinde cum dicit vos enim, ostendit quomodo fortiter perstiterunt in tribulationibus. Etcirca hoc duo facit, quia primo ponit tribulationes eorum in quibus steterunt; secundoquod remedium proposuit adhibere, ibi nos autem. Item prima dividitur in duas, quia

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donationis Christi. Malorum vero, in permissione, quia si aliqui sunt mali, non tamenquantum volunt, sed quantum Deus permittit. Et ideo tamdiu vivunt, quamdiu perveniantad hoc, quod Deus permittit. Matth. XXIII, 32: implete mensuram patrum vestrorum, etcetera. Et ideo dicit ut impleant , et cetera. Deus enim dedit Iudaeis post passionemChristi spatium poenitentiae per quadraginta annos, nec conversi sunt, sed addebant

 peccata peccatis. Et ideo Deus non plus permisit. Unde dicit hic  pervenit ira Dei, etcetera. IV Reg. XXII, 13: ira Dei magna succensa est contra nos, quia non audierunt atres nostri verba libri huius, et cetera. Lc. XXI, 23: erit enim pressura magna super 

terram, et ira populo huic, et cetera. Et non credas quod haec ira sit per centum annos,sed usque in finem mundi, quando plenitudo gentium intraverit, et cetera. Lc. XIX, 44 etXXI, 6 et Matth. XXIV, 2: non relinquetur lapis super lapidem, qui non destruatur .

Deinde cum dicit nos autem, ostendit remedium, quod eis proposuit adhibere, scilicetquod personaliter iret ad eos. Et circa hoc duo facit, quia primo ponit propositum suaevisitationis; secundo impedimentum, ibi  sed impedivit ; tertio causam quare volebat ire,ibi quae autem est .

Dicit ergo nos autem, fratres, desolati a vobis, a quibus eramus separati, vel propter tribulationes vestras, ore, id est, carentes collocutione, et aspectu, id est, carentes visione: propter haec enim duo necessaria est amici praesentia, quia est consolativa; sed noncorde, quia corde sumus praesentes. I Cor. V, 3: ego absens quidem corpore, praesensautem spiritu. Abundantius festinavimus faciem, et cetera. Ut sicut corde, sic et corpore

 praesens esset. Rom. XV, 23: cupiditatem habens veniendi ad vos ex multis iamraecedentibus annis, et cetera.  Festinavimus, dicit pluraliter, quia scribit ex persona

trium, scilicet sui, Silvani et Timothei.Ideo etiam voluimus venire ad vos, omnes forte semel, sed ego Paulus  semel et i terum,

id est, bis proposui,  sed impedivi t nos Satanas, id est, procuravit impedimenta, forte per 

aeris tempestates. Ap. VII, 1: isti sunt Angeli, qui tenent ventos.Deinde cum dicit quae est enim, ostendit causam propositi. Primo quantum ad

futurum; secundo quantum ad praesens, ibi vos enim, et cetera.Dicit ergo: desidero videre vos, et gratias ago de bonis vestris, quae sunt spes nostra.am pro his speramus a Deo praemia, quando reddere venerit unicuique secundum

opera sua. Maxima enim est retributio praedicatori ex his quos convertit.  Aut gaudium,quia gaudium illorum est gaudium apostoli, sicut bonum eorum est bonum apostoli;

 bonum enim effectus reducitur in bonum causae.  Aut corona gloriae, quia procertaminibus eorum et iste, qui induxit ad certandum, coronatur. Dux enim, qui induxitmilites ad pugnam coronabitur. Eccli. XXX, v. 2: qui docet filium, laudabitur in illo, et in medio domesticorum in illo gloriabitur , et cetera. Haec, inquam, spes, quae est?

onne vos? Imo sic in futuro ante dominum nostrum Iesum Christum in adventu eius.Sed etiam in praesenti vos enim estis, apud omnes fideles,  gloria nostra. I Cor. c. IX,

15: melius est mihi mori, quam ut gloriam meam quis evacuet. Et gaudium, quo laetor de bonis vestris in praesenti.

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CAPUT 3

LECTIO 1

1Διὸ μηκέτι στέγοντες εὐδοκήσαμεν καταλειφθῆναι ἐν Ἀθήναις μόνοι, 2καὶἐπέμψαμεν Τιμόθεον, τὸν ἀδελφὸν ἡμῶν καὶ συνεργὸν τοῦ θεοῦ ἐν τῷ εὐαγγελίῳ

τοῦ Χριστοῦ, εἰς τὸ στηρίξαι ὑμᾶς καὶ παρακαλέσαι ὑπὲρ τῆς πίστεως ὑμῶν 3τὸμηδένα σαίνεσθαι ἐν ταῖς θλίψεσιν ταύταις. αὐτοὶ γὰρ οἴδατε ὅτι εἰς τοῦτο κείμεθα:4καὶ γὰρ ὅτε πρὸς ὑμᾶς ἦμεν, προελέγομεν ὑμῖν ὅτι μέλλομεν θλίβεσθαι, καθὼς καὶἐγένετο καὶ οἴδατε. 5διὰ τοῦτο κἀγὼ μηκέτι στέγων ἔπεμψα εἰς τὸ γνῶναι τὴν πίστιν

 ὑμῶν, μή 6Ἄρτι δὲ ἐλθόντος Τιμοθέου πρὸς ἡμᾶς ἀφ’ ὑμῶν καὶ εὐαγγελισαμένουἡμῖν τὴν πίστιν καὶ τὴν ἀγάπην ὑμῶν, καὶ ὅτι ἔχετε μνείαν ἡμῶν ἀγαθὴν πάντοτε,ἐπιποθοῦντες ἡμᾶς ἰδεῖν καθάπερ καὶ ἡμεῖς ὑμᾶς, 7διὰ τοῦτο παρεκλήθημεν,ἀδελφοί, ἐφ’ ὑμῖν ἐπὶ πάσῃ τῇ ἀνάγκῃ καὶ θλίψει ἡμῶν διὰ τῆς ὑμῶν πίστεως, 8ὅτι

 νῦν ζῶμεν ἐὰν ὑμεῖς στήκετε ἐν κυρίῳ. 9τίνα γὰρ εὐχαριστίαν δυνάμεθα τῷ θεῷἀνταποδοῦναι περὶ ὑμῶν ἐπὶ πάσῃ τῇ χαρᾷ ᾗ χαίρομεν δι’ ὑμᾶς ἔμπροσθεν τοῦ θεοῦ

ἡμῶν, 10 νυκτὸς καὶ ἡμέρας ὑπερεκπερισσοῦ δεόμενοι εἰς τὸ ἰδεῖν ὑμῶν τὸπρόσωπον καὶ καταρτίσαι τὰ ὑστερήματα τῆς πίστεως ὑμῶν; 11αὐτὸς δὲ ὁ θεὸς καὶπατὴρ ἡμῶν καὶ ὁ κύριος ἡμῶν Ἰησοῦς κατευθύναι τὴν ὁδὸν ἡμῶν πρὸς ὑμᾶς: 12 ὑμᾶςδὲ ὁ κύριος πλεονάσαι καὶ περισσεύσαι τῇ ἀγάπῃ εἰς ἀλλήλους καὶ εἰς πάντας,καθάπερ καὶ ἡμεῖς εἰς ὑμᾶς, 13εἰς τὸ στηρίξαι ὑμῶν τὰς καρδίας ἀμέμπτους ἐνἁγιωσύνῃ ἔμπροσθεν τοῦ θεοῦ καὶ πατρὸς ἡμῶν ἐν τῇ παρουσίᾳ τοῦ κυρίου ἡμῶνἸησοῦ μετὰ πάντων τῶν ἁγίων αὐτοῦ. ἀμήν.

Commemoravit tribulationes quas passi erant, et remedium quod proposuit eisimpendere, hic ostendit quomodo eis subvenisset visitando per Timotheum. Et primo agit

de missione nuntii; secundo de relatione facta per eum, ibi nunc autem; tertio de effecturelationis in apostolo, ibi ideo consolati. Item prima in tres, quia primo praemittit causamquare misit eum; secundo qualem misit; tertio causam propter quam misit.

Dicit ergo  propter quod , id est, quia impedivit nos Satanas, tamen vos estis glorianostra; ideo non sustinentes pondus amoris inclinantis ad vos. Is. I, 14:  facta sunt mihimolesta, et cetera. Gen. XLV, 1: non se poterat ultra cohibere.

 Placuit nobis, scilicet Paulo et Silvano, remanere Athenis solis et misimus Timotheum,quia erat apostolo convenientissimus. Phil. II, 20: neminem habeo tam unanimem, qui sincera affectione pro vobis sollicitus sit . I Cor. IV, 17: misi ad vos Timotheum, qui est ilius meus charissimus et fidelis in domino. Fratrem, per charitatem adiuvantem. Prov.

XVIII, 19:  frater qui iuvatur a fratre, quasi civitas firma. Et ministrum. Ecclesiaedignitas est. II Cor. XI, 23: ministri Christi sunt, et ego, et cetera. Mittit autem adconfirmandos eos et referendum sibi.

Deinde cum dicit ad confirmandos, etc., ostendit quod mittitur ad confirmandum. Et primo facit hoc; secundo ponitur ratio confirmationis, ibi ipsi enim.

Dicit ergo ad confirmandos vos et exhortandos, quia per exhortationes animus hominisconfirmatur. Iob IV, 4: vacillantes confirmaverunt sermones tui. Lc. XXII, v. 32: et tu

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aliquando conversus confirma fratres tuos. Et indigetis exhortari  pro fide vestra, ut nemo moveatur in his tribulationibus. Eccli. c. X, 4:  si spiri tus potestatem habentisascenderit super te, locum tuum ne dimiseris.

Est autem ratio duplex confirmans. Una ex ordinatione divina: ipsi enim scitis, etc.,quasi dicat: ita voluit Deus, ut per tribulationes in caelum intraretis. Act. XIV, 22:  per 

multas tribulationes oportet vos intrare in regnum Dei , et II Tim. III, 12: omnes qui pievolunt vivere in Christo Iesu, persecutionem patientur . Per hanc viam ivit Christus. Lc.ult.: oportebat Christum pati et resurgere, et sic intrare in gloriam suam.

Alia ratio est ex parte praenuntiationis, quia praevisa minus feriunt. Unde dicit nam et cum apud , etc., id est, quia ego praedixi vobis tribulationes, quas estis passi in istis annis,misi ad cognoscendum, etc., qualiter scilicet essetis fortes in fide. Prov. XXVII, v. 23:diligenter agnosce vultum pecoris tui, et greges tuos considera.

 Is qui tentat , scilicet Diabolus. Matth. IV, 3: accedens tentator , Glossa: cuius officiumest tentare. Sed contra: tentant mundus et caro. Iac. c. I, 14: unusquisque tentatur aconcupiscentia sua, et cetera. Item Gen. XXII, 1: tentavit Deus Abraham, et cetera.

Respondeo. Tentare est experimentum de aliquo sumere. In hoc considerandum est adquid velit sumere, et quomodo. Nam hoc est dupliciter: vel ut ipse cognoscat, vel ut aliumcognoscere faciat. Primo modo Deus non tentat, ipse enim scit quid est in homine Io. II,25. Secundo modo sic: Deus enim tentavit Abraham, scilicet ut alii scirent fidem eius.Sed primo modo tentare est dupliciter, scilicet ut promoveat ad bonum, sicut episcopus

 promovendos examinat; vel aliquis tentat ut decipiat, et hoc est Diaboli, quia scilicetinquirit conditionem hominum, ut secundum diversas conditiones ad diversa vitia ad quae

 proni sunt inducat. I Petr. V, 8: adversarius vester Diabolus, et cetera. Officium ergoeius est tentare ad decipiendum. Mundus autem et caro dicuntur tentare materialiter, quia

 per ea, ad quae ipsa inclinant, sumitur experimentum de homine, utrum firmus sit ad

mandata Dei et dilectionem. Si enim vicerit concupiscentia, non perfecte diligit Deum. Etsimiliter quando res mundi vel terrent, vel afficiunt.

 Et inanis, quia si tentationi non resistitis, labor vester esset inanis. Gal. IV, 11: timeovos ne forte sine causa laboraverim in vobis. Ez. XVIII, 24: omnes iustitiae eius quasoperatus est, non recordabuntur . Inanis autem dicitur, respectu mercedis aeternae; tamen

 bona ante peccatum commissa ad aliquid valent, quia post poenitentiam reviviscunt, etdisponitur quis faciliter ad convertendum.

Deinde cum dicit nunc autem, etc., ostendit quomodo retulit Timotheus bona eorum pertinentia ad Deum et apostolum: ad Deum fidem et charitatem. Gal. VI, 15: in Christo Iesu, neque circumcisio aliquid valet, neque praeputium, sed nova creatura. Sed fidem,etiam ad apostolum; unde dicit et quia memoriam. Eccli. XLIX, 1: memoria Iosiae incompositione operis facta, opus pigmentarii , et cetera. Prov. X, 7: memoria iusti cumlaudibus, et cetera.  Desiderantes videre nos, sicut et nos quoque vos. Augustinus: durusest animus, qui dilectionem, et si non velit impendere, noluit rependere . Is. LI, 2:attendite ad Abraham patrem vestrum, et cetera.

Deinde cum dicit ideo consolati, ponitur effectus relationis triplex, scilicet spiritualisconsolationis, gratiarum actionis, ibi quam enim, et orationis multiplicatae, ibi nocte.

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Dicit ergo: quia talia audivimus de vobis, licet necessitates temporalium immineant ettribulationes corporales, tamen consolati sumus. Ps. XCIII, 19:  secundum multitudinemdolorum meorum in corde meo consolationes tuae laetificaverunt animam meam, etcetera. II Cor. I, 3: benedictus Deus et pater domini nostri Iesu Christi, pater misericordiarum, et Deus totius consolationis, et cetera. Et hoc  per fidem vestram, id

est, audiens firmitatem fidei vestrae, quoniam vivimus, et cetera. Quasi dicat: tantumdiligo statum vestrum, quod reputo me per ipsum vivere. Gen. c. XLV, 28:  suffici t mihi si adhuc Ioseph filius meus vivit .

Deinde cum dicit quam enim, etc. ponitur secundus effectus relationis factae, scilicetgratiarum actio; quasi dicat: non sufficio, quod aliquam condignam gratiarum actionemagam Deo pro vobis. Mich. VI, 6: quid dignum offeram domino, et cetera. Ps. CXV, v.12: quid retribuam domino pro omnibus, et cetera. Referendae sunt tamen gratiarumactiones in omni gaudio, quod omnino non est exterius, sed quo gaudemus propter vos,in conscientia, ante dominum, qui videt eam. Vel ante dominum, quia de proximo placetDeo. I Cor. XIII, 6: congaudet veritati, et cetera.

Deinde cum dicit nocte, etc., ponitur tertius effectus relationis, et primo proponitmultiplicitatem orationis, secundo ostendit quid orando optet, ibi ipse autem, et cetera.Dicit ergo: gratias agimus de praeteritis, nec tamen deficimus quin oremus pro futuris,

imo nocte ac die, id est, adversis et prosperis. Ps. LIV, 18: vespere et mane ac meridienarrabo, et cetera. Quae desunt , et cetera. Non quidem quae erant de necessitate fidei,sed aliqua secreta, quae necdum apostolus eis praedicavit in sua novitate. I Cor. III, 1:non potui loqui vobis quasi spiritualibus, sed quasi carnalibus, et cetera. Io. XVI, 12:multa habeo vobis loqui, quae non, et cetera.

Deinde cum dicit ipse autem Deus, etc., demonstrat quid optet eis. Et circa hoc primoostendit quid petat, ibi ad confirmanda.

Petit autem duo: unum ex parte sua, ut posset ire ad eos. Unde dicit ipse Deus et pater noster , et cetera. Io. XX, 17: ascendo ad patrem meum et patrem vestrum, et cetera.Prov. XVI, 1: hominis est praeparare animum, et domini gubernare linguam. Aliud ex

 parte eorum. Unde dicit vos autem multiplicet , scilicet in fide. II Reg. XXIV, v. 3:adaugeat dominus populum suum centuplum, quam sunt , et cetera. Et ut augeantur merita. Unde dicit et abundare faciat charitatem vestram, quae semper in via crescere

 potest. Col. III, 14:  super omnia charitatem habete, quod est vinculum perfectionis. Et primo, invicem; secundo, in omnes. Gal. VI, 10: operemur bonum ad omnes: maximeautem ad domesticos fidei. Et ponit exemplum de seipso, dicens quemadmodum, etc.,quasi dicat: sicut et ego diligo vos. II Cor. VII, 3: in cordibus nostris estis ad commoriendum et ad convivendum.

Sed ad quid petit?  Ad confirmanda corda vestra sine querela, id est, ut nullus possitconqueri de vobis. Lc. I, 6: incedentes in omnibus mandatis et iustificationibus sinequerela. Et  sanctitate ante Deum, scilicet qui cor videt. Lc. I, 75: in sanctitate et iustitiacoram ipso, et cetera. Et hoc apparet in adventu domini nostri Iesu Christi , ut vosinveniat sanctos; qui adventus erit cum omnibus sanctis eius, id est, sitis in conspectueius, sicut sunt omnes sancti ante eum.

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CAPUT 4

LECTIO 1

1Λοιπὸν οὖν, ἀδελφοί, ἐρωτῶμεν ὑμᾶς καὶ παρακαλοῦμεν ἐν κυρίῳ Ἰησοῦ, ἵνακαθὼς παρελάβετε παρ’ ἡμῶν τὸ πῶς δεῖ ὑμᾶς περιπατεῖν καὶ ἀρέσκειν θεῷ, καθὼς

καὶ περιπατεῖτε, ἵνα περισσεύητε μᾶλλον. 2οἴδατε γὰρ τίνας παραγγελίας ἐδώκαμεν ὑμῖν διὰ τοῦ κυρίου Ἰησοῦ. 3τοῦτο γάρ ἐστιν θέλημα τοῦ θεοῦ, ὁ ἁγιασμὸς ὑμῶν,ἀπέχεσθαι ὑμᾶς ἀπὸ τῆς πορνείας, 4εἰδέναι ἕκαστον ὑμῶν τὸ ἑαυτοῦ σκεῦος κτᾶσθαιἐν ἁγιασμῷ καὶ τιμῇ, 5μὴ ἐν πάθει ἐπιθυμίας καθάπερ καὶ τὰ ἔθνη τὰ μὴ εἰδότα τὸνθεόν, 6τὸ μὴ ὑπερβαίνειν καὶ πλεονεκτεῖν ἐν τῷ πράγματι τὸν ἀδελφὸν αὐτοῦ, διότιἔκδικος κύριος περὶ πάντων τούτων, καθὼς καὶ προείπαμεν ὑμῖν καὶδιεμαρτυράμεθα. 7οὐ γὰρ ἐκάλεσεν ἡμᾶς ὁ θεὸς ἐπὶ ἀκαθαρσίᾳ ἀλλ’ ἐν ἁγιασμῷ.8τοιγαροῦν ὁ ἀθετῶν οὐκ ἄνθρωπον ἀθετεῖ ἀλλὰ τὸν θεὸν τὸν καὶ διδόντα τὸ πνεῦμααὐτοῦ τὸ ἅγιον εἰς ὑμᾶς. 9Περὶ δὲ τῆς φιλαδελφίας οὐ χρείαν ἔχετε γράφειν ὑμῖν,αὐτοὶ γὰρ ὑμεῖς θεοδίδακτοί ἐστε εἰς τὸ ἀγαπᾶν ἀλλήλους: 10καὶ γὰρ ποιεῖτε αὐτὸ εἰς

πάντας τοὺς ἀδελφοὺς [τοὺς] ἐν ὅλῃ τῇ Μακεδονίᾳ. παρακαλοῦμεν δὲ ὑμᾶς,ἀδελφοί, περισσεύειν μᾶλλον, 11καὶ φιλοτιμεῖσθαι ἡσυχάζειν καὶ πράσσειν τὰ ἴδιακαὶ ἐργάζεσθαι ταῖς [ἰδίαις] χερσὶν ὑμῶν, καθὼς ὑμῖν παρηγγείλαμεν, 12ἵναπεριπατῆτε εὐσχημόνως πρὸς τοὺς ἔξω καὶ μηδενὸς χρείαν ἔχητε.

Supra commendavit apostolus fideles de constantia in tribulationibus et aliis bonis, hicin futurum monet ad bene agendum. Et primo proponit generalem admonitionem;secundo specificat, ibi ut abstineatis. Circa primum duo facit, quia primo proponitintentum, secundo rationem monitionis assignat, ibi ut abundetis, et cetera.

Dicit ergo: audivi bona vestra praeterita, sed in futurum rogamus, et cetera. Inducit

autem eos primo ex parte sua. Et ideo dicit rogamus. Ps. CXXI, 6: rogate quae ad acem sunt , et cetera. Item ex parte Christi, et sic dicit obsecramus, et cetera. Obsecrat

autem, quia erant perfecti. I Tim. V, 1:  seniorem te ne increpaveris, sed obsecra ut atrem. Sed quid rogat? Ut quemadmodum, et cetera. Docuerat eos apostolus quomodo

oporteret eos ambulare in via communi iustitiae, quae est per mandata. Unde dicit:accepistis, et cetera. Ps. CXVIII, 32: viam mandatorum tuorum, et cetera. Itemquomodo placerent Deo in via consiliorum. Sap. IV, 10:  placens Deo factus est dilectus.Vel quomodo ambuletis, scilicet per rectam operationem. Io. XII, 35: ambulate dumlucem habetis. Quomodo placeatis, scilicet per rectam intentionem. Sic et ambuletis, idest, ut servetis primam doctrinam non recedendo ab ea. Gal. I, 8:  sed licet nos aut 

ngelus de caelo evangelizet vobis praeter quam quod evangelizavimus vobis,anathema sit .

Ratio monitionis accipitur primo ex fructu servatae monitionis; secundo ex ipsamonitione, ibi  sciti s enim quae, et cetera.

Dicit ergo: licet sitis boni, tamen per exercitium mandatorum et consiliorum abundabitiset proficietis. II Cor. IX, 8:  potens est Deus omnem gratiam abundare facere in vobis.Est enim charitas tam magna, quod semper restat quo proficiendum sit.

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Item quae ex monitione accepistis, honesta sunt et utilia. Ps. XVIII, 8: lex dominiimmaculata, et cetera. Prov. VI, 23: mandatum lucerna est, et lex lux et via vitae. Ideodicit quae praecepta, id est, qualia. Et hoc  per dominum Iesum accepta ab eo. I Cor. c.XI, 23: ego enim accepi a domino quod et tradidi vobis, et cetera. Hebr. II, 3: quaecum initium accepisset enarrari per dominum ab his, qui audierunt , et cetera. Et haec

sunt ista.  Haec est voluntas Dei sanctificatio vestra, quasi dicat: omnia praecepta Deisunt ad hoc quod sitis sancti. Sanctitas enim dicit munditiam et firmitatem. Et omnia Dei praecepta inducunt ad ista, ut quis mundus sit a malo, et firmus in bono. Rom. XII, 2:

robetis quae sit voluntas Dei , scilicet explicata per praecepta.Deinde cum dicit ut abstineatis, monet in speciali. Et primo corrigit eos de quibusdam

inordinationibus inter eos; secundo promovet ad observantiam bonorum, V cap., ibi detemporibus. Tres autem inordinationes erant inter eos, scilicet carnalium vitiorumquantum ad quosdam, item curiositatis, item tristitiae de mortuis, et ideo de istis agit.Secunda, ibi de charitate autem. Tertia, ibi nolumus vos. Circa primum duo facit, quia

 primo monet abstinere ab immoderato appetitu carnalium; secundo ponit rationem, ibi

quoniam vindex. Iterum prima in duas, quia primo prohibet luxuriam; secundo avaritiam.Et coniungit haec semper: quia utrumque est circa obiectum corporale, licet hoccompleatur in delectatione spirituali. Item, primo docet cavere luxuriam quantum ad nonsuam, secundo quantum ad uxorem propriam, ibi ut sciat .

Dicit ergo ut abstineatis a fornicatione. Voluntas enim Dei est abstinere a fornicatione,ergo est peccatum mortale, quia est contra praeceptum et voluntatem Dei. Tob. IV, 13:attende tibi ab omni fornicatione.

Sed et respectu uxoris abstineatis honeste, ut sciat unusquisque vas suum, id est,uxorem,  possidere in sanctificatione, cessando ad tempus, et in honore, non inassione, ut scilicet passio praecedat;  sicut et gentes, quia hoc est gentilium quaerere

delectationes praesentes, non autem futurae vitae.  In sanctificatione et honore, quia hicest debitus usus matrimonii, quia est ad bonum prolis, vel ad reddendum debitum, et sic

 potest esse sine peccato; sed aliquando est veniale peccatum, si non efferatur concupiscentia ultra limites matrimonii, scilicet quando licet concupiscentiam habeat, nontamen uteretur ea nisi esset uxor sua. Sed quando est extra limites matrimonii, sequitur mortale, et hoc quando si non esset sua uxor, adhuc uteretur ea, et libentius cum alia.Hebr. ult., 4:  sit honorabile connubium, et thorus immaculatus. Fornicatores autem etadulteros iudicabit Deus. I Petr. III, 7: viri similiter cohabitantes secundum scientiamquasi infirmiori vasculo muliebri impartientes honorem, tamquam cohaeredibusratiae et vitae, ut non impediantur orationes vestrae.Deinde cum dicit et ne quis, prohibet avaritiam. Unde dicit et ne quis supergrediatur ,

id est, violentiam inferat auferendo aliena per potentiam. Iac. II, 6: nonne divites per otentiam vos opprimunt? Neque circumveniat   per dolum. Ier. V, 27:  sicut decipulalena avibus, sic domus eorum plenae dolo.Deinde cum dicit quoniam vindex, etc., ponitur ratio monitionis, quam primo assignat

ex divina ultione; secundo ostendit hanc ultionem esse iustam, ibi non enim vocavit .

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Dicit ergo: abstineamus ab his, quia dominus est vindex. Gal. V, 21:  praedico vobis sicut praedixi , quoniam qui talia agunt, regnum Dei non consequentur . Nam certe iuste ulciscitur, cuius una est ratio ex Deo vocante, secunda ex contrarietate

doni. Si dominus vocat te ad unum, et tu agis contrarium, dignus es poena. Et ideo dicitnon enim vocavit , et cetera. Eph. I, 4: elegit nos in ipso ante mundi constitutionem, ut 

 simus sancti et immaculati in conspectu eius in charitate. Rom. VIII, 30: quos vocavit,hos et iustificavit , et cetera. Ideo dicit itaque, etc.; quasi dicat: haec est una ratiospecialis quam dixi. Alia est ratio, quia contrariantur haec vitia spiritui, qui datus estnobis. Unde qui haec agit, iniuriam facit spiritui sancto. Ideo dicit qui etiam, et cetera.Hebr. X, 28: irritam quis faciens legem Moysi sine ulla miseratione duobus, vel tribustestibus moritur, quanto magis putatis deteriora mereri supplicia, qui filium Deiconculcaverit et sanguinem testamenti pollutum duxerit in quo sanctificatus est, et  spiri tui gratiae contumeliam fecerit?

Deinde cum dicit de charitate autem, etc., retrahit ab otiositate. Sciendum est autem,quod sicut dicit Hieronymus in epistola ad Galatas, Thessalonicenses erant liberales, et

erat consuetudo apud eos divites dare multum; et ideo pauperes otiose inhaerebant beneficio eorum, non curantes labores, sed discurrere per domos. Et ideo primocommendat liberalitatem dantium; secundo otium accipientium dissuadet, ibi et operamdetis.

Dicit ergo primo, quod non indigent moneri ad charitatem; secundo monet quod in ea proficiant, ibi rogamus autem. Dicit ergo de charitate autem fraternitatis, id est, quoddiligatis fratres, non est necesse scribere vobis. Rom. XII, 10: charitate fraternitatisinvicem diligentes. Hebr. ult.: charitas fraternitatis maneat in vobis. Et ratio est quiaipsi didicistis a Deo, scilicet praeceptum in lege. Lev. XIX, 18: diliges amicum tuum sicut teipsum. Item in Evangelio. Io. XIII, 34: mandatum novum do vobis, ut diligatis

invicem, et cetera. Vel didicistis interiori disciplina. Io. VI, 45: omnis qui audivit a patreet didicit, venit ad me, et cetera. Et hoc addiscit per spiritum sanctum.

Deinde cum dicit rogamus autem, hortatur eos ad proficiendum in charitate, dicens: etquia habetis charitatem ad omnes, ideo rogamus ut proficiatis. Et licet alii abutantur, vostamen insistatis. Prov. XV, 5: in abundanti iustitia virtus maxima est .

Deinde cum dicit et operam detis, arguit otiosos, et primo eorum inquietudinem;secundo ostendit quomodo eam reprimant; tertio quare.

Dicit ergo: operam detis, ut quieti sitis. Prov. VII, 10:  garrula et vaga, quietisimpatiens, nec valens pedibus suis in domo consistere, et cetera. II Thess. III, 7: noninquieti fuimus inter vos, neque gratis panem manducavimus ab aliquo, sed in laboreet fatigatione nocte et die operantes, et cetera.

Otium reprimentes exercendo negotia. Unde dicit et ut vestrum negotium agatis. Prov.XXIV, 27: diligenter exerce agrum, ut postea aedifices domum tuam. Dicit autemvestrum, sed numquid non alienum negotium est agendum? Et videtur quod sic. Rom.ult.: assistatis ei in quocumque negotio. Respondeo. Dicendum est, quod omnia possuntinordinate fieri, si fiant praeter ordinem rationis, tunc scilicet quando aliquis se improbegerit, et ordinate, scilicet quando servatur ordo rationis, et in necessitate, et hoc est

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commendabile.  Et operemini manibus vestris, id est, operando manibus vestris. Eccli.XXXIII, 29: multa mala docuit otiositas, et cetera. Ez. XVI, 49: haec fuit iniquitasSodomae sororis tuae, superbia, saturitas panis, et abundantia, et otium ipsius et iliarum eius, et manum egeno et pauperi non porrigebant , et cetera. Et hoc est in

 praecepto omnibus illis, qui non habent alia unde licite vivere possunt; quia de praecepto

naturae est, quod homo corpus sustentet, II Thess. III, 10: qui non vult operari, necmanducet .Huius est duplex ratio. Prima propter exemplum aliorum. Unde dicit ut et honeste, et

cetera. Infideles enim videntes conversationem vestram sic otiosam, detestantur vos. ITim. III, 7: oportet autem illum testimonium habere bonum ab his qui foris sunt , etcetera. Secunda ratio, ut non desideretis ea quae sunt aliorum; unde dicitur et nulliusaliquid desideretis. Prov. XXI, 25: desideria occidunt pigrum. Eph. IV, 28: quiurabatur, iam non furetur , et cetera. Et ideo haec inquietudo si reprimatur, est in bonum

exemplum, et in repressionem desiderii.

LECTIO 2

13Οὐ θέλομεν δὲ ὑμᾶς ἀγνοεῖν, ἀδελφοί, περὶ τῶν κοιμωμένων, ἵνα μὴ λυπῆσθεκαθὼς καὶ οἱ λοιποὶ οἱ μὴ ἔχοντες ἐλπίδα. 14εἰ γὰρ πιστεύομεν ὅτι Ἰησοῦς ἀπέθανενκαὶ ἀνέστη, οὕτως καὶ ὁ θεὸς τοὺς κοιμηθέντας διὰ τοῦ Ἰησοῦ ἄξει σὺν αὐτῷ.15τοῦτο γὰρ ὑμῖν λέγομεν ἐν λόγῳ κυρίου, ὅτι ἡμεῖς οἱ ζῶντες οἱ περιλειπόμενοι εἰςτὴν παρουσίαν τοῦ κυρίου οὐ μὴ φθάσωμεν τοὺς κοιμηθέντας: 16ὅτι αὐτὸς ὁ κύριοςἐν κελεύσματι, ἐν φωνῇ ἀρχαγγέλου καὶ ἐν σάλπιγγι θεοῦ, καταβήσεται ἀπ’οὐρανοῦ, καὶ οἱ νεκροὶ ἐν Χριστῷ ἀναστήσονται πρῶτον, 17ἔπειτα ἡμεῖς οἱ ζῶντες οἱπεριλειπόμενοι ἅμα σὺν αὐτοῖς ἁρπαγησόμεθα ἐν νεφέλαις εἰς ἀπάντησιν τοῦ

κυρίου εἰς ἀέρα: καὶ οὕτως πάντοτε σὺν κυρίῳ ἐσόμεθα. ὥστε παρακαλεῖτεἀλλήλους ἐν τοῖς λόγοις τούτοις.

Supra induxit ad continentiam a cupiditatibus, et compescuit ab otiositate, hic compescitab inordinata tristitia. Primo praemittens monitionem, secundo assignat rationem, ibi  sienim credimus.

Prohibentur ergo, ne scilicet inordinate tristentur, unde dicit  sicut et caeteri. Videtur autem apostolus bene concedere tristari pro mortuis, aliquid tamen prohibere, ne scilicetinordinate tristentur, unde dicit  sicut et caeteri. Quod enim aliquis tristetur, scilicet demortuis, habet pietatem. Primo propter defectum corporis deficientis. Debemus enim eos

diligere, et corpus propter animam. Eccli. XLI, v. 1: o mors, quam amara est memoriatua homini pacem habenti, et cetera. Secundo propter discessum et separationem, quaedolorosa est amicis. I Reg. XV, 32:  siccine separat amara mors? Tertio quia per mortemfit commemoratio peccati. Rom. VI, 23:  stipendia peccati mors. Quarto quia fitcommemoratio mortis nostrae. Eccle. VII, 3: in illa enim finis cunctorum admonetur hominum, et vivens cogitat quid futurum sit , et cetera. Sic ergo tristandum, sedmoderate. Unde Eccli. XXII, 11: modicum plora supra mortuum, quoniam requievit , etcetera. Et ideo dicit  sicut et caeteri qui spem non habent , scilicet quia isti credunt

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huiusmodi defectus perpetuos, sed nos non. Phil. III, 20-21:  salvatorem expectamusdominum nostrum Iesum Christum, qui reformabit corpus humilitatis nostrae,configuratum corpori claritatis suae. Unde signanter dicit de dormientibus. Io. XI, v.11:  Lazarus amicus noster dormit . Dormiens enim tria facit. Cubat in spe surgendi. Ps.X: numquid qui dormit non adiiciet ut resurgat?  Sic et qui moritur in fide. Item in

dormiente anima vigilat. Cant. c. V, 2: ego dormio, et cor meum vigilat , et cetera. Item postea homo resurget magis refectus et vegetus. Sic sancti resurgent incorruptibiles, ICor. XV, 52.

Deinde cum dicit  si enim credimus, ponitur ratio monitionis. Et primo astruitresurrectionem; secundo excludit dilationis suspicionem, ibi hoc enim vobis; tertio ponitresurrectionis ordinem, ibi quoniam ipse dominus.

Sciendum est autem quod apostolus I Cor. XV, 12 ex resurrectione Christi astruitnostram, quia illa est causa nostrae, unde arguit per locum a causa. Et resurrectio Christinon est causa solum, sed etiam exemplar: quia verbum caro factum suscitat corpora,verbum vero simpliciter animas. Etenim eo quod Christus accepit carnem, et in ea

resurrexit, est exemplar nostrae resurrectionis. Nec solum hoc est, sed et causa efficiens:quia quae humanitate Christi gesta sunt, non solum sunt gesta secundum virtutemhumanitatis, sed virtute divinitatis sibi unitae. Unde sicut tactus suus curabat leprosuminquantum instrumentum divinitatis, sic resurrectio Christi causa est nostrae resurrectionisnon inquantum corporis, sed inquantum resurrectio corporis uniti verbo vitae. Et ideoapostolus, hoc firmiter supponens, sic arguit:  si enim credimus, firmiter, quod Christusresurrexit, ita et eos qui dormierunt , et cetera. Illi dormierunt per Iesum, qui facti suntconformes morti eius per Baptismum. Vel  per Iesum, quos secum adducet , scilicet cumipso Christo. Zac. XIV, 5: et veniet dominus Deus meus omnesque sancti eius cum eo, etcetera. Is. III, 14: dominus ad iudicium veniet cum senibus populi sui et principibus

eius.Deinde cum dicit hoc enim, excludit dilationem resurrectionis; quasi dicat: scimus quod

resurgent et venient cum Christo, ideo non debemus tantum dolere. Non enim illi, quiinvenientur vivi, prius consequentur resurrectionis gloriam, quam mortui. Et ideo hocenim vobis dicimus, non ex coniectura hominis, sed in verbo domini, cuius verba nondeficient, quia nos qui vivimus, id est, illi, qui sunt vivi, non prius sortientur consolationem ex adventu Christi, quam mortui. Et ideo dicit nos qui vivimus. Ex quovidetur non intelligentibus, quod apostolus hic dicat, quod adhuc apostolo vivente hocfieret, et hoc etiam Thessalonicensibus videbatur. Et ideo scribit eis aliam epistolam, inqua dicit, II Thess. II, 2: non moveamini a vestro sensu, et cetera. Sed non loquitur ex

 persona sua, et tunc existentium, sed eorum qui tunc vivi reperientur. Qui residui sumus,id est, erunt residui post persecutionem Antichristi.  Non praeveniemus eos, id est, non

 prius recipient consolationem. I Cor. XV, 52: in momento enim, in ictu oculi, innovissima tuba, et cetera.

Deinde cum dicit quoniam ipse, etc., ostendit ordinem resurrectionis et modum. Primo proponit resurrectionis causam; secundo eius ordinem et modum, ibi et mortui; tertioconcludit eorum consolationem, ibi itaque consolamini invicem.

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Primum ostendit dicens ipse dominus. Ubi notandum est, quod, sicut dictum est, causacommunis resurrectionis est resurrectio Christi. Sed si dicas, quod iam fuit, quare ergonon sequitur effectus eius? Respondeo. Dicendum est, quod est causa resurrectionisnostrae secundum quod operatur in virtute divina. Deus autem operatur per ordinem suaesapientiae. Tunc ergo erit nostra resurrectio, quando hoc disposuit ordo divinae

sapientiae. Ut ostendat quod Christus sit causa, ostendit quod ad praesentiam Christiomnes mortui resurgent. Ad resurrectionem autem communem faciendam triplex causaconcurrit. Una principalis, scilicet virtus divinitatis; secunda instrumentalis, scilicet virtushumanitatis Christi; tertia quasi ministerialis, scilicet virtus Angelorum, qui habebuntaliquem effectum in resurrectione. Augustinus enim probat, quod ea quae fiunt nunc per creaturas corporales, fiunt a Deo eis mediantibus; in resurrectione vero aliqua per eossunt agenda, sicut collectio pulveris; sed reintegratio corporum, et unio animae ad corpus,erit immediate per Christum.

Has ergo tres causas ponit. Primo humanitatem Christi gloriosam, dicens ipse dominus,et cetera. Act. I, 11: quemadmodum vidistis eum ascendentem in caelum, ita veniet. In

iussu. In primo adventu venit ut obediens. Phil. II, 8:  factus est obediens usque ad mortem. Et hoc, quia ille fuit adventus humilitatis, sed iste erit gloriae. Lc. XXI, 27: venit cum potestate magna et maiestate. Secundo virtutem Angelorum, cum dicit in voce

rchangeli. Non quod operetur in voce eius, sed ministerio eius. Et dicit  Archangeli,quia omnes Angeli sub uno Archangelo ministrant Ecclesiae. Apoc. XII, 7: hic est 

ichael princeps Ecclesiae. Vel in voce Archangeli, id est, Christi principis Angelorum.Is. c. IX: magni consilii Angelus. Et in voce eius corporali, vel spirituali erit resurrectio.Io. V, 28: audient vocem filii Dei , scilicet: surgite, mortui, et venite ad iudicium, et illivoci corporali obedient. Tertio virtutem divinitatis, cum dicit in tuba Dei. Haec est virtusdivina, quia dicitur vox Archangeli, inquantum fiet ministerio Archangelorum, et tuba Dei,

inquantum virtute divina fiet. Et dicitur tuba propter eius sonoritatem, quae provenit aDeo suscitans mortuos. Item tuba congruit ad officia, cuius usus fuit multiplex in veteritestamento, ut ad bellum: et tunc pugnabit pro eo orbis terrarum, Sap. V, 21. Item fiebatusus eius ad solemnitates, sic ista ad caelestem Ierusalem. Item ad movendum castra, ettunc sancti movebunt castra. Unde si sit vox corporalis, dicitur tuba propter has rationes;vel non erit vox corporalis, sed virtus divina Christi praesens et manifesta toti mundo.

Deinde cum dicit et mortui, ponitur ordo resurrectionis, et circa hoc tria facit, quia primo ponit resurrectionem mortuorum; secundo occursum vivorum, ibi deinde; tertio beatitudinem sanctorum utrorumque, ibi et sic semper .

Occasione horum verborum crediderunt aliqui quod futuri in fine numquammorerentur, ut dicit Hieronymus in epistola, propter hoc quod dicit deinde nos, etc.: aliasenim frustra distingueret viventes a morientibus. Sed contra I Cor. XV, 51: omnes quidemresurgemus. Item:  sicut in Adam omnes moriuntur , etc., ut habetur Rom. V, 12 ergomors ad omnes pertransit . Dicendum est ergo, quod aliqui invenientur vivi in temporeillo, quo Christus veniet ad iudicium; sed in illo momento temporis morientur et statimresurgent. Et ideo propter modicam interpolationem reputantur viventes.

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Sed tunc est quaestio, quia dicitur hic et mortui, qui in Christo sunt, resurgent primi,et deinde nos, et cetera. Ergo prius resurgent mortui, quam vivi occurrant Christo, et inhoc occursu morientur. Ergo prius aliqui resurgent et sic non erit omnium resurrectiosimul, quod est contra illud I Cor. XV, 52: in momento, in ictu oculi, in novissima tuba,et cetera. Respondeo. Dicendum est, quod duplex est hic opinio: quidam enim dicunt

quod resurrectio non erit simul, sed primo mortui venient cum Christo. Et tunc, inadventu Christi, vivi rapientur in nubibus, et in illo raptu morientur et resurgent. Et ideoquod dicitur esse in momento, intelligitur, quia in modico tempore fiet. Et si dicatur, quoderit in instanti, tunc non est hoc referendum ad totam resurrectionem omnium, sed adresurrectionem singularium, quia singulus resurget in instanti. Alii vero dicunt quodomnes simul et in instanti resurgent. Quod ergo dicit: resurgent primi, denotat ordinemdignitatis, non temporis.

Sed videtur hoc difficile, quia de vivis multi erunt probati in persecutione Antichristi,qui dignitate praecellent multos prius defunctos. Et ideo videtur aliter esse dicendum,quod omnes morientur et omnes resurgent, et quod simul. Nec apostolus dicit hic quod

illi prius resurgent, quam isti, sed quod illi prius resurgent, quam isti occurrant. Apostolusenim non ponit ordinem resurrectionis ad resurrectionem, sed ordinem ad raptum, vel adoccurrentiam. Nam primo veniente domino morientur qui invenientur vivi, et tunc statimcum illis, qui prius mortui fuerant resurgentes rapientur in nubibus, etc., ut apostolus hicdicit. Est autem haec inter bonos et malos differentia, quia mali remanebunt in terra,quam dilexerunt, boni rapientur ad Christum, quem quaesierunt. Matth. XXIV, 28: ubiuerit corpus, ibi congregabuntur et aquilae. In resurrectione etiam sancti

conformabuntur Christo, non solum quantum ad gloriam corporis, Phil. III, sed etiamquantum ad situm, quia Christus erit in nube. Act. I, 9: et nubes suscepit eum; et:quemadmodum vidistis eum, et cetera. Sic et sancti a nubibus rapientur. Et quare hoc?

Ad ostendendum eorum deiformitatem. In veteri enim testamento gloria domini apparuit per modum nubis. III Reg. VIII, 10: dominus venit in nebula. Hae nubes erunt praeparatae virtute divina ad ostensionem gloriae sanctorum. Vel ipsa fulgentia corporagloriosorum videbuntur malis quaedam nubes, qui erunt in terra. Matth. c. XXV, 6: ecce sponsus venit, exite obviam ei.

Deinde cum dicit et sic semper , ostendit beatitudinem sanctorum, quia semper eruntcum domino, eo fruentes. Io. XIV, v. 3: iterum veniam et accipiam vos ad meipsum, ut ubi ego sum, et vos sitis. Hoc sancti desiderant. Phil. I, 23: desiderium habens dissolviet esse cum Christo.

Deinde cum dicit itaque, etc., concludit consolationem habendam esse de mortuis,dicens: ex quo sancti resurgunt, et nullum detrimentum consequuntur, ergo de mortuisconsolamini. Is. XL, 1: consolamini, consolamini, popule meus, dicit dominus Deusvester .

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CAPUT 5

LECTIO 1

1Περὶ δὲ τῶν χρόνων καὶ τῶν καιρῶν, ἀδελφοί, οὐ χρείαν ἔχετε ὑμῖν γράφεσθαι,2αὐτοὶ γὰρ ἀκριβῶς οἴδατε ὅτι ἡμέρα κυρίου ὡς κλέπτης ἐν νυκτὶ οὕτως ἔρχεται.

3ὅταν λέγωσιν, εἰρήνη καὶ ἀσφάλεια, τότε αἰφνίδιος αὐτοῖς ἐφίσταται ὄλεθροςὥσπερ ἡ ὠδὶν τῇ ἐν γαστρὶ ἐχούσῃ, καὶ οὐ μὴ ἐκφύγωσιν. 4 ὑμεῖς δέ, ἀδελφοί, οὐκ ἐστὲ ἐν σκότει, ἵνα ἡ ἡμέρα ὑμᾶς ὡς κλέπτης καταλάβῃ, 5πάντες γὰρ ὑμεῖς υἱοὶφωτός ἐστε καὶ υἱοὶ ἡμέρας. οὐκ ἐσμὲν νυκτὸς οὐδὲ σκότους: 6ἄρα οὖν μὴκαθεύδωμεν ὡς οἱ λοιποί, ἀλλὰ γρηγορῶμεν καὶ νήφωμεν. 7οἱ γὰρ καθεύδοντες

 νυκτὸς καθεύδουσιν, καὶ οἱ μεθυσκόμενοι νυκτὸς μεθύουσιν: 8ἡμεῖς δὲ ἡμέραςὄντες νήφωμεν, ἐνδυσάμενοι θώρακα πίστεως καὶ ἀγάπης καὶ περικεφαλαίαν ἐλπίδασωτηρίας: 9ὅτι οὐκ ἔθετο ἡμᾶς ὁ θεὸς εἰς ὀργὴν ἀλλὰ εἰς περιποίησιν σωτηρίας διὰτοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ Χριστοῦ, 10τοῦ ἀποθανόντος ὑπὲρ ἡμῶν ἵνα εἴτεγρηγορῶμεν εἴτε καθεύδωμεν ἅμα σὺν αὐτῷ ζήσωμεν. 11διὸ παρακαλεῖτε ἀλλήλους

καὶ οἰκοδομεῖτε εἷς τὸν ἕνα, καθὼς καὶ ποιεῖτε. 12Ἐρωτῶμεν δὲ ὑμᾶς, ἀδελφοί,εἰδέναι τοὺς κοπιῶντας ἐν ὑμῖν καὶ προϊσταμένους ὑμῶν ἐν κυρίῳ καὶ νουθετοῦντας

 ὑμᾶς, 13καὶ ἡγεῖσθαι αὐτοὺς ὑπερεκπερισσοῦ ἐν ἀγάπῃ διὰ τὸ ἔργον αὐτῶν.εἰρηνεύετε ἐν ἑαυτοῖς.

Supra correxit in eis corrigenda, hic monet eos in futurum, et primo ponit monitionem;secundo orationem, ibi ipse autem Deus. Haec autem duo sunt nobis necessaria. Namquia bona quae facimus sunt ex libero arbitrio, ideo indiget homo monitione, et quoniamsunt etiam ex gratia, ideo oratione. Circa primum duo facit, quia primo hortatur, ut

 praeparent se ad futurum iudicium; secundo ostendit praeparandi modum, ibi  propter 

quod consolamini. Iterum prima in duas, quia primo ostendit qualis sit conditio futuriiudicii; secundo qualiter praeparent se ad illud, ibi igitur non dormiamus. Item prima induas, quia primo praemittit conditionem futuri iudicii; secundo exponit, ibi cum enim.Item primo quietat eorum sollicitudinem circa scientiam futuri adventus; secundo ostenditquid circa illum sciant, ibi ipsi enim.

Dicit ergo: necesse erat, quod scriberem de praemissis, quia indiguistis. Sed detemporibus, scilicet aestate, hyeme, vel potius, quae tempora futura sint, non eratnecesse, quia quaedam de his sunt soli divinae scientiae reservata. Matth. XXIV, 36 etMc. XIII, v. 32: de die illa, vel hora nemo scit, neque Angeli in caelo, neque filius,nisi pater , et cetera. Act. I, 7: non est vestrum nosse tempora, vel momenta, et cetera.Eccle. VII, 1: quid necesse est homini maiora se quaerere, cum ignoret quid conducat  sibi in vita, numero dierum vitae suae? et cetera.

Et ideo hoc non est necesse scribere, quia illud quod sciendum est vos scitis, quiascilicet dies domini sicut fur in nocte, et cetera. Sunt autem omnes dies domini. Ps.CXVIII, v. 91: ordinatione tua perseverant dies. Sed iste specialiter est domini, quiafacit in omnibus suam voluntatem, quae impletur in bonis, qui perducuntur ad finem

 praescitum a Deo, scilicet salutem. I Tim. II, 4: vult omnes homines salvos fieri, et

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cetera. In malis, quia punientur. Ps. LXXIV, 3: dum accepero tempus, ego iustitiasiudicabo. Iste veniet sicut fur, id est, ex impraemeditatione. Lc. XIII, 36:  si sciret aterfamilias qua hora fur veniret , et cetera. II Petr. c. III, 10: adveniet dies domini

 sicut fur . Apoc. III, 3: veniam tibi tamquam fur . Quomodo autem dies dicitur venire innocte? Sed sciendum quod utrumque est, quia in die venit propter manifestationem

cordium I Cor. c. IV, 5: quoadusque veniat dominus, qui et illuminabit absconditatenebrarum, et manifestabit consilia cordium, sed in nocte propter incertitudinem.Matth. XXV, 6: media nocte clamor factus est, ecce sponsus venit , et cetera. Incertumenim est qua hora erit.

Deinde cum dicit cum enim dixerint , exponit quae dixerat, et primo quantum ad malos;secundo quantum ad bonos, ibi vos autem. Circa primum duo facit. Primo describit

 praesumptionem malorum; secundo periculum morae.Dicit ergo: veniet sicut fur, quia ex improviso. Cum enim dixerint pax, quantum ad

 praesentia, id est, dum tranquille vivunt, sic decipiuntur. Sap. XIV, 22: in magno viventesinscientiae bello, tot et tam magna mala pacem appellant. Et securitas , quantum ad

futura. Lc. XII, 19: anima mea, multa habes bona reposita in annos plurimos,requiesce, comede, bibe, et epulare.Sed contra Lc. XXI, 26: arescentibus hominibus prae timore et expectatione, quae

 supervenient universo orbi, et cetera. Ergo nulla securitas. Solutio est duplex. Una quaeest Augustini, quae talis est: in tempore illo aliqui erunt boni, et affligentur, lugebunt, etexpectabunt; et de hoc dicitur Lc. XXI, 26: arescentibus  ex carentia voluptatum, etabundantia malorum, etc., sed in malis erit pax et securitas. Alia datur solutio in Glossa.

Deinde cum dicit tunc repentinus, describit periculum a quatuor. Primo quia subitum,ibi repentinus. Is. XXX, 13:  subito dum non speratur, veniet contritio eius. Secundoquia mortiferum, ibi interitus. Iob XVIII, 14: calcet super eum quasi rex interitus, et

cetera. Tertio afflictivum, ibi dolor . Ps. XLVII, 7: ibi dolores ut parturientis, et cetera.Quarto inevitabile, ibi et non effugient . Iob XI, 20: effugium peribit ab eis. Ab ira Deinunc est effugere ad eius misericordiam, ibi vero non est tempus misericordiae, sediustitiae.

Deinde cum dicit vos autem, exponit quae dixerat quo ad bonos, et duo facit, quia primo excipit bonos a consortio malorum; secundo rationem assignat, ibi omnes enimvos.

Dicit ergo: non estis in tenebris, quia illuminati estis per Christum de illo die, ideo vobisnon est improvisus. Io. VIII, 12: qui sequitur me, non ambulat in tenebris, sed habebit lumen vitae.

Et huius ratio est, ibi: omnes enim vos filii lucis estis. Astruit enim quod sunt filii luciset diei. Filii autem alicuius rei in Scriptura dicuntur aliqui propter abundantiam in re illa.Is. V, 1: in cornu filio olei, id est, habente multum oleum. Qui ergo participant multumde die et luce dicuntur eorum filii. Haec lux est fides Christi. Io. VIII, v. 12: ego sum luxmundi, et cetera. Io. XII, 36: credite in lucem, ut filii lucis sitis. Item diei. Sicut enimex luce fit dies, ita ex fide Christi fit dies, scilicet honestas bonorum operum. Rom. XIII,12: nox praecessit , et cetera. Et ideo non sumus  filii noctis, id est, infidelitatis, neque

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tenebrarum, id est, peccatorum. Rom. XIII, 12: abiiciamus ergo a nobis operatenebrarum, et cetera.

Deinde cum dicit igitur non dormiamus, etc., ostendit qualiter se praeparent ad illumadventum, et primo qualiter per ultionem malorum, secundo per observantiam bonorum,ibi induti. Circa primum duo facit, quia primo ponit monitionem, secundo eius rationem,

ibi qui enim dormiunt .Dicit igitur: ex quo dies domini est sicut fur, Lc. XII, 39:  si sciret paterfamilias quahora fur veniret, vigilaret utique, ergo vos, quia scitis, vigiletis. Unde dicit igitur nondormiamus, somno peccati. Eph. V, 14:  surge, qui dormis, et exurge a mortuis. Item nec

 pigritiae. Prov. VI, 9: usquequo, piger, dormis?  et cetera. Sed vigilemus, per sollicitudinem. Matth. XXIV, 42: vigilate itaque, et cetera. Et ad hoc est necessarium,quod  sobrii simus, ut et corpus et mens sint sobria, id est, non occupata voluptatibus, etcuris mundi. Lc. XXI, 34: attendite vobis, ne forte graventur corda vestra crapula et ebrietate. I Petr. c. V, 8:  sobrii estote, et vigilate.

Ratio autem huius est ex temporis congruitate, quia qui dormiunt, vel ebrii sunt, aliquid

faciunt in nocte. Sed nos non sumus in nocte. Ergo, et cetera. Dicit ergo qui enimdormiunt, nocte dormiunt , idest, tempus noctis deputant quieti, diem vero operationi. Ps.CIII, 22: ortus est sol, et congregati sunt, et in cubilibus suis collocabuntur . Et rursumibi, 23: exibit homo ad opus suum, et ad operationem suam usque ad vesperam . Itemabstinent aliqui a vino in die propter negotia exercenda, sed de nocte tantum non curant.Iob XXIV, 15: oculus adulteri observat caliginem. Somnus ergo et ebrietas est nocticonveniens, eo quod nocte infidelitatis et tenebris peccatorum occupati, sunt ebrii, per amorem praesentium non habentes spem futurorum. Eph. IV, 19: desperantestradiderunt se impudicitiae in operationem immunditiae omnis in avaritia, et cetera.

os autem qui diei sumus, id est pertinentes ad diem honestatis et fidei,  simus sobrii .

Rom. XIII, 13: honeste ambulemus in die.Deinde cum dicit induti, etc., ostendit quomodo se praeparent per bona; et primo ponit

monitionem generalem; secundo specialem, ibi  propter quod . Item prima in duas, quia primo ponit ipsam monitionem; secundo rationem eius, ibi quoniam non posuit .

Sunt autem in homine duo principalia membra, quae consueverunt in bellis protegi,scilicet cor, quod est principium vitae, et caput, scilicet principium motus exterioris, a quosunt sensus, et aliquo modo nervi. Et protegitur cor lorica, caput galea. Spiritualis vita innobis est Christus, per quem anima vivit, et dominus in nobis per fidem habitat. Eph. III,17: habitare Christum per fidem in cordibus vestris. Habitat etiam per charitatem, I Io.IV, 16: qui manet in charitate, in Deo manet, et Deus in eo, quae informat fidem. Etideo debemus habere fidem et charitatem. Unde dicit loricam fidei et charitatis, quia

 protegit vitalia, et galeam, spem salutis, quae est principium motus spiritualis, quod estex intentione finis, quem speramus assequi.

Deinde cum dicit quoniam non posuit nos, ostendit rationem quomodo in nobisoperatur. Et primo ex praeordinatione divina, secundo ex gratia Christi, tertio ostenditmodum consequendae salutis. Dicit ergo quoniam non posuit , id est, non ordinavit. Io.XV, 16:  posui vos, scilicet sanctos, ut eatis, et cetera.  Deus in iram, id est, ad hoc, ut

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consequamur eius iram. Sap. I, 13:  Deus mortem non fecit . Ezech. XVIII, 23: numquid voluntatis meae est mors impii? Dicit dominus Deus, et cetera. Sed in acquisitionem,id est, ut acquiramus salutem. Matth. XI, 12: regnum caelorum vim patitur, et violentirapiunt illud . I Petr. II, 9: vos estis genus electum, regale sacerdotium, et cetera. Et hoc

 per gratiam Christi, ideo dicit  per dominum nostrum, et cetera. Act. IV, 12: non est aliud 

nomen sub caelo datum hominibus, in quo oporteat nos salvos fieri. Qui mortuus est ro nobis, id est, salvavit nos, moriendo pro nobis. I Petr. III, 18: mortuus est iustus proiniustis, ut offeret nos Deo mortificatos quidem carne, vivificatos autem spiritu. Etmodus perveniendi est quia Christus docuit nos operando salutem nostram, et hocmoriendo et resurgendo. Rom. IV, 25: traditus est propter delicta nostra, et resurrexit ropter iustificationem nostram. Et ideo dicit  sive vigilemus, sive dormiamus, simul 

cum illo vivamus. Rom. XIV, 8:  sive vivimus, sive morimur, domini sumus.Deinde cum dicit  propter quod , docet nos quomodo praeparemus nos quantum ad

speciales conditiones personarum. Et circa hoc tria facit, quia primo ostendit quomodo sedebeant habere ad aequales; secundo quomodo subditi se habeant ad praelatum, ibi

rogamus autem; tertio quomodo praelati ad subditos, ibi rogamus autem.Debemus autem aequalibus consolationem in adversis; unde dicit consolamini invicem.Item aedificationem in exemplis; unde dicit et aedificate, et cetera. Rom. XIV, 19: quaeaedificationis sunt invicem custodiamus.

Subditi autem ad praelatos, primo debent beneficiorum recognitionem, secundocharitatem, tertio pacem. Unde ut noveritis, id est, ut recognoscatis beneficia eorum.Hebr. ult.: mementote praepositorum vestrorum, et cetera. Noveritis, inquam, primo, ex

 parte eorum, quia maximum laborem ferunt pro vobis. Unde dicit eos qui laborant inter vos, pro bono vestro. II Tim. II, 3: labora sicut bonus miles Christi, et cetera. Secundoex parte Dei. Et ideo est habenda reverentia ad eos sicut ad Deum. Unde dicit et 

raesunt vobis in domino, id est, vice domini. II Cor. II, 10: ego si quid donavi vobis inersona Christi. Tertio ex parte vestra, quia sunt vobis utiles. Unde dicit: et monent vos,

ut habeatis, et cetera. Ideo, secundo, debetis eis charitatem abundantius, idest prae aliis.Tertio  pacem  propter opus illorum. Sed contra hoc quidam agunt. Amos V, 10: odiohabuerunt in porta corripientem  et cetera. Eccli. XIX, v. 5: qui odit correctionem,minuetur vita. Sed vos habete pacem propter opus correctionis, quod proprie spectat adeorum officium. Ps. CXIX, 7: dum loquebar illis, impugnabant me gratis.

LECTIO 2

14παρακαλοῦμεν δὲ ὑμᾶς, ἀδελφοί, νουθετεῖτε τοὺς ἀτάκτους, παραμυθεῖσθε τοὺςὀλιγοψύχους, ἀντέχεσθε τῶν ἀσθενῶν, μακροθυμεῖτε πρὸς πάντας. 15ὁρᾶτε μή τιςκακὸν ἀντὶ κακοῦ τινι ἀποδῷ, ἀλλὰ πάντοτε τὸ ἀγαθὸν διώκετε [καὶ] εἰς ἀλλήλουςκαὶ εἰς πάντας. 16πάντοτε χαίρετε, 17ἀδιαλείπτως προσεύχεσθε, 18ἐν παντὶεὐχαριστεῖτε: τοῦτο γὰρ θέλημα θεοῦ ἐν Χριστῷ Ἰησοῦ εἰς ὑμᾶς. 19τὸ πνεῦμα μὴσβέννυτε, 20προφητείας μὴ ἐξουθενεῖτε: 21πάντα δὲ δοκιμάζετε, τὸ καλὸν κατέχετε,22ἀπὸ παντὸς εἴδους πονηροῦ ἀπέχεσθε. 23Αὐτὸς δὲ ὁ θεὸς τῆς εἰρήνης ἁγιάσαι ὑμᾶς

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ὁλοτελεῖς, καὶ ὁλόκληρον ὑμῶν τὸ πνεῦμα καὶ ἡ ψυχὴ καὶ τὸ σῶμα ἀμέμπτως ἐν τῇπαρουσίᾳ τοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ Χριστοῦ τηρηθείη. 24πιστὸς ὁ καλῶν ὑμᾶς, ὃς καὶποιήσει. 25ἀδελφοί, προσεύχεσθε [καὶ] περὶ ἡμῶν. 26ἀσπάσασθε τοὺς ἀδελφοὺςπάντας ἐν φιλήματι ἁγίῳ. 27ἐνορκίζω ὑμᾶς τὸν κύριον ἀναγνωσθῆναι τὴν ἐπιστολὴνπᾶσιν τοῖς ἀδελφοῖς. 28Ἡ χάρις τοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ Χριστοῦ μεθ’ ὑμῶν.

Supra ostendit quomodo subditi debent se habere ad praelatos, hic ostendit e converso.Et circa hoc duo facit, quia primo docet quomodo praelati ad sacerdotes subditos sedebeant habere; secundo generaliter quomodo se debeant habere ad omnes, ibi videte nequis.

Sciendum est autem, quod cura praelatorum ad duo debet tendere, scilicet adretrahendum alios a peccatis, et ad custodiendum seipsos. Quantum ad primum, triaapostolus dicit. Tripliciter enim subditi possunt pati defectum. Primo in actu, secundo involuntate, tertio in virtute. In actu autem, quando prorumpunt in actum peccati, et tuncsunt corrigendi. Et quamvis de omni peccato, specialiter tamen corrigendi sunt de peccatoinquietudinis. Et ideo dicit corripite inquietos. II Thess. III, 7: non inquieti fuimus inter vos. Eccli. XIX, 17: corripe proximum antequam commineris,  et da locum timori. Involuntate vero, quando non aggreditur magna, quia deiicitur propter adversa et peccata

 praecedentia. Unde dicit consolamini pusillanimes. Pusillanimis est non habens animumad magna, timens ne deficiat. Is. XXXV, v. 4: dicite pusillanimis: confortamini et nolitetimere. Iob IV, 4: vacillantes confirmaverunt manus tuae, et cetera. In virtute autem,quando vel ex infirmitate peccant, vel debilitantur in bono actu, et isti sunt fovendi. Undedicit  suscipi te, scilicet in visceribus charitatis fovendo, infirmos, quorum est virtusdebilis, vel ad resistendum malis, vel ad faciendum bona. Rom. XV, 1: debemus nosirmiores, imbecillitates infirmorum sustinere. Praelatus autem debet se custodire a

defectu cuiuscumque modi, et maxime ab impatientia quia ipse portat totum pondusmultitudinis. Num. XI, 14: non possum solus sustinere omnem hanc multitudinem, quiaravis est mihi, et cetera. Et ideo dicit  patientes estote ad omnes. Prov. XIX, 11:

doctrina viri per patientiam noscitur . Ps. XCI, 15: bene patientes erunt, ut annuntient .Deinde cum dicit videte ne quis, ostendit generaliter quomodo se habeant ad omnes. Et

circa hoc duo facit, quia primo ostendit qualiter omnes in quibusdam debeant se habere;secundo quid in omnibus, ibi omnia autem. Circa primum tria facit, quia primo ostenditquomodo se debeant habere ad proximum; secundo quomodo se habeant in his quae adDeum sunt, ibi  semper gaudete; tertio quomodo se habeant ad eius dona, ibi  spiri tumnolite.

Quantum ad proximum debent se habere, ut non inferant ei mala, et ut studeant ei benefacere. Unde dicit: dixi supra in speciali, sed nunc in generali dico ne quis malum, etcetera. Ps.:  si reddidi retribuentibus mihi mala. Sed contra: multoties vindicta petitur coram iudice. Respondeo. Sicut actus moralis sumitur secundum intentionem finis, sic adduo potest esse intentio vel ad malum illius, ita quod quiescat ibi, et hoc est illicitum, quiaex livore vindictae; vel ad bonum correctionis seu iustitiae et conservationis reipublicae,et sic non reddit malum pro malo, sed bonum, scilicet eius correctionem. Quantum adsecundum dicit  sed semper quod bonum est , et cetera. Et dicit  sectamini , et non faciatis:

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 Prophetias nolite spernere. Aliqui enim apud istos spiritu prophetiae erant pollentes,qui ab istis reputabantur insani. I Cor. XIV, 1: aemulamini spiritualia, magis autem ut rophetetis. Vel  prophetias, id est, divinam doctrinam. Exponentes enim divinam

doctrinam dicuntur prophetae; quasi dicat: non spernatis verba Dei et praedicationes.Hier. XX, 8:  factus est sermo domini in opprobrium et in derisum tota die.

Deinde cum dicit omnia autem probate, ostendit qualiter se habeant ad omnia, et unumest, quod in omnibus utantur discretione. Rom. XII, 1: rationabile obsequium vestrum.In hac materia debet esse diligens examinatio, boni electio, mali abiectio. Quantum ad

 primum dicit  prophetias nolite spernere, tamen, omnia probate, scilicet quae sunt dubia.Manifesta enim examinatione non indigent. I Io. IV, 1: omni spiritui nolite credere. IobXII, 8: nonne auris verba diiudicat?  Quantum ad secundum dicit quod bonum est tenete. Gal. IV, 18: bonum autem aemulamini in bono semper . Quantum ad tertium dicitab omni specie mala abstinete vos. Is. VII, 15: ut sciat reprobare malum et eligerebonum. Et dicit,  specie, quia etiam quae habent similitudinem malitiae vitare debemus,quae scilicet non possemus servare coram hominibus absque scandalo eorum.

Deinde cum dicit ipse autem, subdit orationem, et circa hoc tria facit, quia primo orat pro eis; secundo dat spem de exauditione; tertio dat speciales monitiones.Dicit ergo: ita moneo, sed nihil valet, nisi Deus gratiam det. Unde ipse Deus pacis

 sanctificet vos. Lev. XXI, 8: ego dominus, qui sanctifico vos, et cetera.  Per omnia, idest, ut sitis totaliter sancti. Et hoc ut integer , et cetera. Occasione enim verborum istorumdixerunt quidam quod in homine aliud est spiritus, et aliud anima, ponentes duas inhomine animas, unam quae animat, aliam quae ratiocinatur. Et haec sunt reprobata inecclesiasticis dogmatibus. Unde sciendum quod haec non differunt secundum essentiam,sed secundum potentiam. In anima enim nostra sunt quaedam vires, quae sunt actuscorporalium organorum, sicut sunt potentiae sensitivae partis. Aliae sunt, quae non sunt

actus talium organorum, sed sunt abstractae ab eis, sicut sunt potentiae intellectivae partis. Et hae dicuntur spiritus, quasi immateriales et separatae aliquo modo a corpore,inquantum non sunt actus corporis, et dicuntur etiam mens. Eph. IV, 23: renovamini spiri tu mentis vestrae. Inquantum autem animat, dicitur anima, quia hoc est ei proprium.Et loquitur hic Paulus proprie. Nam ad peccandum tria concurrunt: ratio, sensualitas etexecutio corporis. Optat ergo, quod in nullo horum sit peccatum. Non in ratione; undedicit ut spiritus, id est, mens vestra, servetur integer . In omni enim peccato ratiocorrumpitur, secundum quod omnis malus est ignorans. Item nec in sensualitate, undedicit anima. Item nec in corpore; et ideo dicit et corpus. Hoc autem fit sic, quandoservatur immune a peccato. Et dicit  sine querela, non sine peccato, quod est soliusChristi; sed esse sine querela est etiam aliorum, qui etsi venialia, non tamen committuntgravia, et quibus proximus scandalizatur. Lc. I, 6: incedentes in omnibus mandatis et iustificationibus domini sine querela. Et addit in adventu, etc., scilicet perdurandousque in finem vitae. Vel integer spiritus  refertur ad donum spiritus sancti, quasi dicat:donum spiritus sancti, quod habetis, sit integrum.

Deinde cum dicit  fidelis, etc., dat spem exauditionis; quasi dicat: ut ego spero, sic fiet,quia et ipse qui vocavit faciet , id est, complebit. Ps. CXLIV, 13:  fidelis dominus in

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omnibus verbis suis, et cetera. Rom. c. VIII, 30: quos vocavit, hos et iustificavit , etcetera.

Ultimo subiungit familiares monitiones, scilicet orationem, ibi orate; item mutuam pacem, ibi  salutate omnes fratres in osculo sancto, non proditorio, sicut Iudas Matth.XXVI, 49 nec libidinoso, ut libidinosa mulier Prov. VII, 10. Ut legatur , et cetera.

Timebat enim ne praelati propter aliqua quae erant hic, eam occultarent. Prov. XI, 26:qui abscondit frumenta, maledicetur in populis, et cetera. Ultimo concludit epistolam insalutatione.

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COMENTÁRIO À

2ª Epístola

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DE SÃO PAULO AOS

TESSALONICENSES

(Super II Epistolam B. Pauli ad Thessalonicenses lectura)

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PREFÁCIO

Congregai-vos, para que vos anuncie as coisas que virão nos últimos dias, etc.  (Gên.49, 1)

1. Estas palavras competem a esta epístola. Com efeito, elas tocam duas coisas que lheconvêm, a saber, o fruto e sua matéria. Por isso diz:  Para que vos anuncie, etc.  Comefeito, ela trata das coisas que acontecerão nos últimos dias, que são três, ou seja, os

 perigos para a Igreja, no tempo do Anticristo. II Tim. 3, 1:  Nos últimos dias sobrevirãotempos perigosos, etc. Igualmente, o suplício dos maus. Sal. 72, 17:  Até que eu entre no santuário de Deus, etc. Certamente em enganos os pusestes, derribaste-os quando seelevavam. Igualmente, o prêmio dos bons. Prov. 31, 25:  A fortaleza e o decoro são os seus atavios. E isto se trata nesta epístola.

2. Mostra-se a utilidade, porque congregai-vos.  Assim, por esta epístola se alcança acongregação, ou seja, a concórdia na verdade, porque discordavam sobre o juízo futuro,

 por causa daquilo que dissera na primeira epístola:  Nós, os que vivemos, etc. (I Tess. 4,16) Sal. 146, 2: Congregará os dispersos de Israel.  Igualmente, a concórdia dasvontades, porque, quando consideram que as coisas temporais perecerão todas no fim domundo, permite-se entender que eles se congregam para buscar uma única coisa, a saber,o prêmio celeste. Eclo. 30, 24: Congrega o teu coração na sua santidade. Igualmente, [aconcórdia] das cogitações, em uma única verdade estável. Is. 66, 18:  Mas eu vireirecolher as obras e os seus pensamentos, e reuni-los, etc.

3. Assim, portanto, patenteiam-se o fruto e a matéria, porque na primeira [epístola] eleos fortaleceu contra as perseguições pretéritas, enquanto aqui os fortalece contra asfuturas.

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CAPÍTULO I

PRIMEIRA LEITURA – II TESSALONICENSES 1, 1-5

[4]1Paulo, Silvano e Timóteo, à Igreja dos tessalonicenses, em Deus nosso Pai e noSenhor Jesus Cristo. [7]2Graça e paz vos sejam dadas, da parte de Deus, nosso Pai, e

da do Senhor Jesus Cristo. [8]3 Nós devemos, irmãos, dar sempre graças a Deus por vós, como é justo, porque a vossa fé vai em grande aumento e abunda em cada umde vós a caridade mútua; [10]4de sorte que também nós mesmos nos gloriamos devós nas igrejas de Deus, pela vossa paciência e fé no meio de todas as perseguições etribulações, que sofreis 5em prova do justo juízo de Deus, para que sejais tidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis.

4. Esta epístola divide-se em saudação e em narração epistolar: devemos dar graças,etc. Igualmente, primeiro se põem as pessoas saudantes; segundo, as pessoas saudadas;terceiro, os bens desejados.

5. Mas são as mesmas pessoas que da primeira epístola. Põem-se, porém, três pessoassaudantes, para que a autoridade da epístola apareça mais robusta. Ecl. 4, 12: O cordel triplicado dificultosamente se quebra.

6.  À Igreja dos tessalonicenses, etc.  Igreja significa congregação, que deve ser emDeus, pois de outro modo é má. Sobre a boa [congregação] se diz no Salmo 49, 5:Congregai diante dele os seus santos, etc.  Em Cristo, isto é, na fé nele. Rom. 5, 2:  Peloqual temos acesso pela fé a esta graça.

7. Em seguida, deseja-lhes bens, e primeiro a paz. Com efeito, ela é o princípio detodos os dons espirituais. I Cor. 15, 10:  Pela graça de Deus, sou o que sou. Igualmente,a paz que é o fim dos homens. Sal. 147, 3:  Foi ele que estabeleceu a paz nos teus fins,

etc. E isto é da parte de Deus, etc. Tia. 1, 17: Toda a dádiva excelente e todo o domerfeito vêm do alto e descende do Pai das luzes, etc.    E do Senhor Jesus. II Ped. 1, 4:

 Por ele mesmo nos deu as maiores e mais preciosas promessas.8.  Nós devemos dar graças, etc.  Esta é a narração epistolar. E, primeiro, os instrui

acerca das coisas futuras dos últimos dias; segundo, admoesta-os familiarmente sobrealgumas coisas, no capítulo III: Quanto ao mais, irmãos, etc.  Igualmente, primeiro osadmoesta, como se disse, quanto ao prêmio dos bons, e quanto à pena dos maus;segundo, quanto aos perigos no tempo do Anticristo, no capítulo II: Ora nós vosrogamos, etc.  Igualmente, primeiro, dá graças pela preparação para o juízo futuro;segundo, descreve o próprio juízo:  Porque é justo.  Igualmente, primeiro, dá graças pelo

 progresso; segundo, mostra o fruto do progresso; terceiro, um sinal.9. Portanto, diz:  Nós devemos dar graças, etc.  Já que na primeira epístola ele lhes

elogiou a fé e a caridade e outros bens em que abundavam, por isso diz:  Nós devemosdar sempre graças por vós, porque o bem que tendes, reputo-o meu. III Jo. 1, 4:  Eu nãotenho maior alegria do que ouvir dizer que os meus filhos andam no caminho daverdade. E isto a Deus, sem o qual nada de bom pode ser feito. E isto é justo, porquedamos graças por grandes bens. II Mac. 1, 11:  Livrados por Deus de grandes perigos,

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rendemos-lhe grandes ações de graças. Por quê? Porque crescem os bens espirituais.Com efeito, eles são perigosamente custodiados, a não ser que o homem progrida neles.Mas, entre estes dons de Deus, o primeiro é a fé, pela qual Deus habita em nós; e

 progredimos nela segundo o intelecto.[ 32 ] Ef. 3, 17:  E que Cristo habite pela fé nosvossos corações. E assim o homem progride pelo conhecimento, pela devoção e pela

adesão. O segundo [dom] é a caridade, pela qual Deus está em nós segundo o efeito. IJo. 4, 16:  Deus é caridade; quem permanece na caridade, permanece em Deus e Deusnele. E por isso diz: e abunda [a caridade]. Prov. 15, 5:  Na justiça abundante hárandíssima força, etc. I Tess. 4, 9:  Pelo que diz respeito à caridade fraterna, não

temos necessidade de vos escrever, porque vós mesmos aprendestes de Deus que vosdeveis amar uns aos outros, etc.

10. E então põe o progresso, quando diz: de sorte que nos gloriamos de vós, porque oque é vosso reputo meu. Com efeito, a glória dos prelados é o bem dos discípulos. Prov.10, 1: O filho sábio dá alegria a seu pai, etc. Prov. 17, 6: Os filhos dos filhos são acoroa dos velhos, etc. II Cor. 9, 2:  Eu me glorio de vós.

11. E depois põe um sinal do progresso, a saber, a paciência, que se tornamaximamente evidente nas tribulações. Tia. 1, 12:  Bem-aventurado o homem que suporta a tentação, etc. Nas tribulações devem resguardar-se duas coisas, a saber, a paciência, para não desertar da fé. Tia. 1, 4:  A paciência faz obras perfeitas. E a fédurante as perseguições. I Cor. 4, 12:  Padecemos perseguição e a suportamos. Por issodiz:  Pela fé em todas as vossas perseguições e tribulações.  “Tribulação” deriva detribulus  [“cardo, planta espinhosa”], pois somos pungidos interiormente pelas aflições.Gên. 3, 18:  Ela te produzirá espinhos e abrolhos. Sal. 24, 17:  As tribulações do meucoração multiplicaram-se. E os santos suportam-nas por duas [razões], ou seja, paraterror dos maus. Com efeito, se Deus não poupa os bons neste mundo, como poupará os

maus no futuro?[ 33 ] I Ped. 4, 17:  E, se primeiro começa por nós, qual será o fimdaqueles que não obedecem ao Evangelho de Deus, etc.?  Jer. 49, 12:  Eis que aquelesque não estavam condenados a beber o cálice, decerto beberão, etc . Segundo, paraaumento dos méritos. Daí que diga:  para que sejais tidos por dignos, etc. Pois, como sediz em Mat. 11, 12: O reino dos céus adquire-se à força, e são os violentos que oarrebatam. E em Luc. 24, 26:  Porventura não era necessário que o Cristo sofresse taiscoisas, e que assim entrasse na sua glória? Rom. 8, 17: Se sofremos com ele, para ser com ele glorificados. Por isso diz:  pelo qual também padeceis. Com efeito, a tribulaçãosuportada por Deus faz-nos dignos do reino de Deus. Mat. 5, 10:  Bem-aventurados osque sofrem perseguições, etc. I Ped. 4, 15:  Nenhum de vós, porém sofra comohomicida, ladrão, maldizente ou cobiçador do alheio.

SEGUNDA LEITURA – II TESSALONICENSES 1, 6-12

[12]6Se, contudo, é justo diante de Deus dar tribulação àqueles que vos atribulam 7e avós que sois atribulados, dar descanso conosco, quando aparecer o Senhor Jesus, ládo céu com os anjos do seu poder, [15]8em uma chama de fogo, para tomar vingança

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daqueles que não conheceram a Deus e não obedeceram ao Evangelho de nossoSenhor Jesus Cristo; [18]9esses tais serão punidos com a perdição eterna, longe daface do Senhor e da glória do seu poder, [19]10quando ele vier naquele dia, para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável em todos os que creram,

 porque vós crestes no testemunho que nós demos diante de vós. [23]11Por isso

oramos incessantemente por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da suavocação, cumpra todos os desígnios da sua bondade e a obra da fé com o seu poder,[25]12a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja glorificado em vós, evós nele, pela graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.

12. Anteriormente tratou da idoneidade deles para o juízo futuro, aqui trata da formado juízo. E primeiro põe o juízo quanto à punição dos maus e quanto ao prêmio dos

 bons; segundo, [trata] das duas partes uma a uma: em uma chama. Igualmente, primeiroafirma o juízo quanto à punição dos maus; segundo, quanto ao prêmio dos bons: quandoele vier.

13. Quanto ao primeiro, disse acima: Sofreis em prova, etc.  (v. 4-5); aqui acrescenta:Se, contudo, é justo, etc. “Se” em lugar de “porque”. Por isso outras versões rezam: “jáque, visto que”. Ou  se, contudo refere-se [ao trecho]: em prova do justo juízo de Deus.É como se dissesse: é justo que padeçais estas coisas, se, contudo, por causa delasmereceis. Porém a primeira versão e exposição são melhores.  É justo retribuir. Sal. 93,2:  Exalta-te tu, que julgas a terra; dá aos soberbos o que merecem.  Is. 33, 1:  Ai de tique devastas! Porventura não serás também tu devastado?  Tribulação, ou seja, dadanação eterna. Rom. 8, 35: Tribulação, angústia, etc.?

14.  E a vós que sois atribulados, descanso.  Luc. 16, 25:  Recebeste os bens em tuavida, e Lázaro, ao contrário, males; por isso ele é agora consolado e tu és

atormentado. Apoc. 14, 13:  De hoje em diante diz o Espírito que descansem dos seustrabalhos. Conosco, isto é, com glória igual. Mas porventura isto é verdade? Respondo:há dois tipos de igualdade, ou seja, a absoluta de quantidade e a de proporção. A primeiranão é igual quanto à participação do homem, mas é igual quanto à beatitude participada,que é Deus; com efeito, o homem participa [de Deus] segundo mais e menos, ou seja,conforme ame a Deus mais ou menos ardentemente. Mas, conforme a segunda, haveráigualdade total, porque a glória de Pedro está para a graça dada a ele, e para seusméritos, assim como a glória de Lino está para a sua [graça]. Isto ocorrerá, diz ele,quando aparecer, etc. Jo. 5, 22: O Pai deu ao Filho todo o juízo, e isto enquanto Filhodo homem. Por isso prossegue dizendo:  E deu-lhe o poder de julgar  (Jo. 5, 27), porque

aparecerá para todos em forma humana; mas agora não aparece porque sua humanidadeestá latente na glória de Deus; mas então ela aparecerá. Is. 40, 5:  Então a glória doSenhor se manifestará, etc. E isto com os anjos do seu poder , com seus ministros. Mat.25, 31: Quando pois vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele,etc.

15. Ao dizer em seguida: em uma chama de fogo, trata destas duas coisas, a saber, a punição dos maus e a premiação dos bons. Quanto à punição dos maus, mostra que elaserá acerba, justa e diuturna.[ 34 ]

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16. Portanto, diz:  para tomar vingança, isto é, para julgar os que hão de ser punidos,em uma chama de fogo, queimando a face da terra, e envolvendo os réprobos eexpulsando-os para sempre. Sal. 96, 3: O fogo irá diante dele, etc.

17. Igualmente, será justa, por causa de dupla culpa, ou seja, a de infidelidade e a devida má. Quanto ao primeiro diz: não conheceram, isto é, não quiseram conhecer, a

 Deus. Jó 21, 14:  Não queremos saber nada dos teus caminhos. I Cor. 14, 38: Se alguémo ignorar, será ignorado, etc. Quanto ao segundo diz: não obedeceram ao Evangelho denosso Senhor Jesus Cristo.  Rom. 10, 16:  Nem todos obedecem ao Evangelho. Adesobediência é um pecado tão grande, que por ela a morte entrou no mundo, como sediz em Rom. 5, 19.

18. Igualmente, é diuturna, porque  serão punidos com a perdição eterna. E isto podeser lido duplamente, segundo há duas penas, ou seja, a de sentido e a de dano: Quanto à

 pena de sentido pode entender-se assim:  serão punidos, isto é, sofrerão penas eternas,que não terão fim, e isto com a perdição, porque sempre morrerão. Com efeito, as penasdesta vida são diferentes das da outra. Pois aqui, quanto mais acerbas, tanto mais breves

são, porque se extinguem.[ 35 ] Mas aquelas [outras] são gravíssimas, porque são penasda morte e são intermináveis. Por isso se diz que estarão sempre como que morrendo.Sal. 48, 15: Serão pasto da morte. Is. 66, 24: O seu verme não morrerá. A pena dedano, porém, é dupla, porque serão separados da visão de Deus. Por isso diz: longe daace do Senhor, ou seja, serão removidos. Jó 13, 16:  Nenhum hipócrita ousará aparecer 

diante dos seus olhos. A outra é a privação da visão da glória dos santos. Is. [26, 10]: Oímpio é tolhido para que não veja a glória dos santos, etc. Ou de outro modo: da facedo Senhor, etc. Por isto se mostra a causa da acerbidade da pena de sentido. Com efeito,o sentido pode ser suprimido ou por um juiz superior ou pela potência do superior; masisto não ocorrerá, porque este juízo procede da face do Senhor. Sal. 16, 2:  Do teu rosto

 saia a minha sentença. E por isso diz que  serão punidos, ou seja, sofrerão, pela  face doSenhor.

19. Ao dizer em seguida: Quando ele vier , trata da premiação dos santos. E, primeiro, põe o prêmio; segundo, o mérito: que creram.

20. Ele louva a glória dos santos, quanto à sua essência, pela participação da glória deDeus, quando diz:  para ser glorificado, etc., e quanto ao seu excesso: e admirável . Diz,

 portanto: quando ele vier. Cristo certamente é glorioso. Fil. 2, 11: Toda a língua confesseque o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai .  Para ser glorificado nos seus santos, porque o seu bem é comunicativo; ou  para ser glorificado nos seus santos, quesão seus membros, nos quais habita e nos quais é glorificado, quando a sua glória, ouseja, de cabeça, chegar aos membros. Is. 49, 3:  Israel, tu és meu servo, eu sereilorificado em ti. E isto excede toda e qualquer admiração. Por isso diz admirável, etc.

Com efeito, a admiração é o estupor procedente de grande fantasia.[ 36 ] Ora, a glóriados santos é tamanha que não pode caber na opinião dos homens. E por isso diz:admirável. Sab. 5, 2:  Ficarão assombrados ao ver a repentina salvação dos justos, etc.

21. Em seguida, põe o mérito: os que creram, etc.  E põe primeiro o mérito da fé;segundo, o sufrágio da oração:  por isso.

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22. Diz, portanto: Esta será a glória, porque vós crestes no testemunho que nós demos sobre vós o que cremos sobre Cristo, naquele dia,  isto é, por causa daquele dia, porqueo bem que fazemos, fazemo-lo por causa daquele dia. E diz que este testemunho está sobre vós, isto é, para além do sentido humano. Eclo. 3, 25:  Muitas coisas te foramreveladas que excedem a inteligência humana, etc.  Com efeito, a fé não tem mérito

onde a razão humana apresenta prova. Com efeito, se não estivesse acima de nós, o crer não seria grande mérito. Ou diz  sobre vós, isto é, ela domina-vos a vós que subjugaishumildemente vosso intelecto para crer. II Cor. 10, 5:  Reduzindo à sujeição todo oentendimento na obediência a Cristo. É assim que expõe a Glosa. Ou de outro modo emais conforme à letra: digo que Cristo será glorificado em vós, que credes, no dia douízo, quando os apóstolos julgarem; e então o testemunho sobre vós, isto é, sobre a

 prontidão de vossa fé, será certo e acreditado, isto é, crível.23. Ao dizer em seguida:  Por isso oramos, etc., acrescenta o sufrágio da oração, e,

 primeiro, propõe aquilo que pede; segundo, com que fim:  para que vos faça dignos;terceiro, por que meio se pode alcançar o que é pedido:  pela graça.

24. Pede, porém, uma coisa da parte de Deus e duas outras da nossa parte. Diz, portanto:  Por isso, isto é, por causa daquele dia, oramos sempre.  Rom. 1, 9-10: Incessantemente faço menção de vós nas minhas orações. I Sam. 12, 23:  Longe demim, pois, este pecado contra o Senhor, que eu cesse de orar por vós. Mas para quê? Para que o nosso Senhor vos faça dignos de sua vocação, isto é, para que vos façaviver neste mundo de maneira digna da sua vocação. Ef. 4, 1: Que andeis de um mododigno da vocação a que fostes chamados. Igualmente, de nossa parte ele pede duascoisas: da parte da vontade, que eles fruam de toda a bondade; por isso diz: que cumpratodos os desígnios da sua bondade, isto é, que cumpra em vós a vontade de todo o bem.Fil. 2, 13:  Deus é o que opera em vós o querer e o executar, segundo o seu beneplácito.

Igualmente, da parte do intelecto, que creiam perfeitamente; por isso diz: a obra da fé.Rom. 10, 10: Com o coração se crê para alcançar a justiça, mas com a boca se faz aconfissão para conseguir a salvação.  E que opereis isto com poder , isto é, comconstância e fortaleza, de tal modo que não cesseis de confessá-lo por nenhum temor.Ou então  por isso, isto é, oramos por aquele dia, para que Deus se digne de dar-vos avós aquilo para o qual vos chamou. I Ped. 3, 9:  Para isto fostes chamados, a fim de queossuais a bênção como herança. E que complete todo o bem que desejais, que é na

vida eterna, quando possuirmos a Deus. Sal. 102, 5:  É ele que sacia com bens o teudesejo. Igualmente, que complete a obra da fé, o que ocorrerá quando virmos então facea face aquele que agora vemos por espelho e em enigma.

25. E para que fim?  A fim de que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo sejalorificado, etc., isto é, que seja para a glória de Cristo; e por vós, tanto agora como no

futuro, o nome de Cristo é glorificado em vossas boas obras. Mat. 5, 16:  Para que vejamas vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus . Pelo contrário,sobre os maus se diz em Is. 52, 5 e em Rom. 2, 24: O nome de Deus por causa de vós éblasfemado.

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26. Mas por que meio poderemos alcançá-lo?  Pela graça do nosso Deus, que é a raizde todos os nossos bens. I Cor. 15, 10:  Pela graça de Deus, sou o que sou, etc. [ 37 ]

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CAPÍTULO II

PRIMEIRA LEITURA – II TESSALONICENSES 2, 1-5

[27]1Ora nós vos rogamos, irmãos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pelanossa reunião com ele, [29]2que não vos movais facilmente dos vossos sentimentos

nem vos perturbeis por qualquer espírito, ou por certos discursos, ou por qualquer carta como enviada de nós, como se o dia do Senhor estivesse perto. [32]3 Ninguémde modo algum vos engane, porque isto não será sem que antes venha a apostasia esem que tenha aparecido o homem do pecado, o filho da perdição, [38]4o qual seoporá a Deus e se elevará sobre tudo o que se chama Deus ou que é adorado, desorte que se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus.[41]5 Não vos lembrais que eu vos dizia estas coisas, quando ainda estava convosco?

27. Mais acima o Apóstolo mostrou as coisas futuras quanto à pena dos maus e ao prêmio dos bons; aqui anuncia as coisas futuras quanto aos perigos para a Igreja, que

existirão no tempo do Anticristo. E primeiro anuncia a verdade sobre estes perigosfuturos; segundo, admoesta-os a permanecer na verdade:  E vós, irmãos. Quanto ao primeiro faz duas coisas: Primeira, exclui a falsidade; segunda, instrui-os acerca daverdade:  Porque isto não será.  Novamente, a primeira [divide-se] em três: primeiro,rememora por que devem ser induzidos; segundo, mostra a que devem ser induzidos:que não vos movais facilmente; terceiro, remove aquilo que poderia movê-los:  por qualquer espírito.

28. Mas ele os induz por três coisas, ou seja, pelas próprias preces:  Nós vos rogamos,não preceituamos. Filem. 1, 8-9: Ainda que eu tenha muita liberdade em Jesus Cristoara te mandar o que convém, contudo peço-te por caridade.  Segunda, pelo advento de

Cristo, desejável para os bons, ainda que terrível para os maus. Am. 5, 18:  Ai dos quedesejam o dia do Senhor, etc. II Tim. 4, 8:  Não só a mim, mas também àqueles quedesejam a sua vinda, etc. Apoc. 22, 20: Vem, Senhor Jesus, etc. Terceira, pelo desejo e

 pelo amor da inteira congregação dos santos, com ele, ou seja, onde está Cristo, porqueem qualquer lugar, em que estiver um cadáver, juntar-se-ão aí as águias (Mat. 24, 28).Ou com ele, isto é, no mesmo, pois todos os santos estarão no mesmo lugar e na mesmaglória. Sal. 49, 5: Congregarei diante dele os seus santos.

29. Mas a que ele os induz?  Para  que não vos movais facilmente dos vossos sentimentos.  Uma coisa é ser movido, outra coisa é ser impelido pelo terror. Mas émovido de seus sentidos aquele que abandona o que tinha. É como se dissesse: nãoabandoneis facilmente a minha doutrina. Eclo. 19, 4:  Aquele que crê de leve é leviano decoração. O terror, porém, é certa trepidação com temor do contrário. E por isso diz: nemvos aterrorizes.  Jó 15, 21: Um estrondo de temor está sempre em seus ouvidos.Igualmente, se há paz, ele sempre suspeitará de insídias. Sab. 17, 10:  Porque sendomedrosa a maldade, ela condena-se por seu próprio testemunho, etc.

30. Em seguida, quando diz:  por qualquer espírito, ele remove o que poderia movê-los; primeiro, em especial; segundo, em geral:  Ninguém.

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31. Mas alguém é seduzido por uma falsa revelação; por isso diz:  por qualquer espírito, isto é, se alguém disser que lhe foi revelado por meio do Espírito Santo, ou peloEspírito Santo, algo que é contrário à minha doutrina, não vos aterrorizeis.[ 38 ] I Jo. 4,1:  Não queirais crer em todo o espírito. Ez. 13, 3:  Ai dos profetas insensatos, que seguem o seu próprio espírito, e não vêem nada. Às vezes até Satanás se transforma

em anjo de luz, como se diz em II Cor. 11, 14. I Reis 22, 22:  Irei e serei um espíritomentiroso na boca de todos os seus profetas.  Segundo, [alguém é seduzido] peloraciocínio ou pela falsa exposição da Escritura; por isso diz:  por certos discursos. II Tim.2, 17:  E a palavra deles lavra como gangrena.  Ef. 5, 6:  Ninguém vos seduza comalavras vãs. Terceiro, por uma autoridade aduzida segundo uma significação má. II

Ped. 3, 15-16: Conforme também nosso irmão caríssimo Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, como também faz em todas as suas cartas, em que faladisto, nas quais há algumas coisas difíceis de entender, que os indoutos e inconstantesadulteram (como também as outras Escrituras), etc.  Mas quanto a que eles eramseduzidos? Como se o dia do Senhor estivesse perto.  E diz: nem por qualquer carta

como enviada de nós. Pois na primeira epístola, se não fosse bem entendida, ele pareciadizer que o advento do Senhor instava, como aqui:  Nós, os que vivemos, etc. (I Tess. 4,16)

32. Ao dizer em seguida:  Ninguém, etc., faz o mesmo em geral. Luc. 21, 8: Vede, nãovos deixeis enganar, etc. I Cor. 15, 33:  Não vos deixeis seduzir. Mas a razão por que oApóstolo remove estas coisas, ou seja, sobre o advento do Senhor, é porque o preladonão deve de modo algum querer que pela mentira sejam procurados alguns bens.[ 39 ] ICor. 15, 15: Somos assim considerados falsas testemunhas de Deus, etc. Igualmente,

 porque a coisa crida – ou seja, que instava o dia do Senhor – era perigosa. Primeiro, porque se daria ocasião para maior sedução, porque depois do tempo dos apóstolos

haveria alguns que diriam ser o Cristo. Luc. 21, 8:  Muitos dirão: sou eu, etc. E por issoo Apóstolo não o quis. Igualmente, o demônio freqüentemente simula ser o Cristo, comose patenteia [na história] de São Martinho.[ 40 ] E por isso não quis que fossemseduzidos. Mas Agostinho põe outra razão, porque o perigo para a fé era iminente.[ 41 ]Daí um diria: “O Senhor virá tarde, e então me prepararei para ele”. Outro diria: “Elevem logo, e por isso me prepararei agora”. Ainda outro diria: “Não sei”. E este dizmelhor, porque concorda com Cristo. Mas erra mais aquele que diz: “logo”, porque,tendo-se passado um termo [de tempo], os homens se desesperam e crêem que as coisasescritas são falsas.

33. Ao dizer em seguida: Sem que antes venha a apostasia, etc., afirma a verdade; e primeiro mostra as coisas que hão de vir no advento do Anticristo. E são duas: uma delas precede o advento do Anticristo; a outra é o seu próprio advento.

34. A primeira é a apostasia, que é multiplamente exposta na Glosa. Primeiro, da fé, porque a fé havia de ser recebida em todo o mundo. Mat. 24, 14: Será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo. Isto portanto precede [a apostasia], o que,segundo Agostinho, ainda não se cumpriu;[ 42 ] e depois disso muitos apostatarão da fé,etc. I Tim. 4, 1:  Nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, etc. Mat. 24, 12:  A

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[culpa] é porque ele se prefere a Cristo. Por isso diz:  se elevará, etc. Diz-se Deus de trêsmodos: primeiro, naturalmente. Deut. 6, 4: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é oúnico Senhor . Segundo, opinativamente. Sal. 95, 5: Todos os deuses das gentes sãodemônios. Terceiro, participativamente. Sal. 81, 6:  Eu disse: sois deuses. Mas oAnticristo prefere-se a todos estes. Dan. 11, 36:  Elevar-se-á e engrandecerá contra todo

o deus; falará insolentemente contra o Deus dos deuses.40. Mas o sinal da culpa dá-se quando diz:  De sorte que se sentará no templo, etc.Com efeito, a soberba do Anticristo é maior do que a de todos os precedentes. Por isso,como se lê sobre Caio César, que quando ainda vivo quis ser adorado, pondo umaestátua sua em certo templo, e [como] se diz em Ezequiel (28, 2) sobre o rei de Tiro:disseste: Eu sou Deus, assim é crível que o Anticristo faça o mesmo, dizendo ser Deus ehomem. E como sinal disto se sentará no templo. Mas em que templo? Não foi eledestruído pelos romanos? E por isso dizem alguns que o Anticristo é da tribo de Dan,que não está nomeada entre as outras doze tribos em Apocalipse 7, 5-8. E por isso osudeus serão os primeiros a recebê-lo e reedificarão o templo em Jerusalém, e assim se

cumprirá aquilo de Daniel 9, 27:  Estará no templo a abominação e o ídolo; Mat. 24, 15:Quando, pois, virdes a “abominação da desolação”, que foi predita pelo profeta Daniel, posta no lugar santo – o que lê entenda. Mas outros dizem que nem Jerusalémnem o templo jamais serão reedificados, mas a desolação permanecerá até a consumaçãoe o fim. E crêem nisto até alguns judeus. E por isso se expõe no templo de Deus, isto é,na Igreja, porque muitos da Igreja o receberão.[ 48 ] Ou segundo Agostinho  sentar-se-áno templo de Deus,[ 49 ] isto é, reinará e dominará, como se ele com seus núnciosfossem o templo de Deus, assim como Cristo é com os seus.

41. Em seguida, quando diz:  Não vos lembrais, mostra que não escreve nada novo; écomo se dissesse: outrora, quando estava convosco, eu vos disse isso. I Jo. 2, 7:  Eu não

vos escrevo um mandamento novo, mas um mandamento velho, que vós recebestesdesde o princípio.  II Cor. 10, 11: Quais somos nas palavras por carta, estandoausentes, tais seremos também de fato, estando presentes.

SEGUNDA LEITURA – II TESSALONICENSES 2, 6-10

[42]6E vós agora sabeis o que é que o retém, a fim de que seja manifestado a seutempo. [44]7Com efeito, o mistério da iniqüidade já se opera, somente falta queaquele, que agora retém, desapareça. [46]8E então se manifestará esse iníquo (aquem o Senhor Jesus matará com o sopro da sua boca e destruirá com o resplendor da sua vinda); [47]9a vinda dele é por obra de Satanás, com todo o poder, com sinaise prodígios mentirosos, [51]10e com todas as seduções da iniqüidade para aqueles quese perdem, porque não abraçaram o amor da verdade para serem salvos.

42. Acima o Apóstolo, prenunciando, narrou o advento e a culpa do Anticristo; aqui elemostra a causa da dilação. E, primeiro, mostra que eles tinham ciência da causa;segundo, propõe a causa obscuramente: com efeito, o mistério.

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43. Diz, portanto: digo que é necessário que seja revelado o homem do pecado. O queagora o detém, isto é, qual é a causa que o tarda, vós sabeis, porque eu vos disse, desorte que no presente o detém a fim de a seu tempo, isto é, no tempo congruente,  sejarevelado. Ecl. 8, 6 e 3, 11: Todas as coisas têm o seu tempo e a sua oportunidade.  Tudoele fez bem a seu tempo.

44. Quando diz em seguida: com efeito, o mistério, põe a sua causa. E esta passagem émultiplamente exposta, porque este mistério  pode estar no caso nominativo ou noacusativo. Se do primeiro modo, o sentido é: eu digo a seu tempo porque já opera omistério, isto é, está oculto figurativamente nos mendazes, que parecem bons, e contudosão maus. E estes operam o ofício do Anticristo. II Tim. 3, 5: Tendo uma aparência deiedade, porém não tendo a realidade. Mas do segundo modo o sentido é: pois o Diabo,

 por cujo poder virá o Anticristo, já começou a operar ocultamente a sua iniqüidade, pelostiranos e pelos sedutores, porque as perseguições da Igreja neste tempo são figurasdaquela última perseguição contra todos os bons, e são como que imperfeitas emcomparação àquela.

45. Só falta que aquele, que agora o retém, etc. Isto é exposto de muitos modos. Deum modo, segundo a Glosa[ 50 ] e segundo Agostinho,[ 51 ] que dizem que algunsopinaram que o Anticristo era Nero, que primeiro perseguiu os cristãos, e que não foimorto, mas foi subtraído, e um dia há de voltar. Por isso o Apóstolo, suprimindo [estaopinião], diz:  falta que aquele, que agora o retém, o Império Romano, retenha-o até que seja tirado, isto é, até que morra. Mas deste modo não é conveniente, porque já se passaram muitos anos desde que Nero morreu, ou seja, no mesmo ano em que oApóstolo [morreu]. Mas é melhor que se refira a Nero enquanto pessoa pública doImpério Romano, até que seja tirado, isto é, até que o Império Romano seja tolhido domundo. Is. 23, 9:  Foi o Senhor dos exércitos que formou este desígnio, para derrubar a

 soberba de toda a glória e para reduzir à ignomínia, etc. Ou então,  somente falta queaquele que agora o retém, isto é, que agora detém o advento do Anticristo, retenha-o

 para que não venha; é como se fosse necessário que alguns ainda venham à fé e queoutros se apartem dela. Como se dissesse: que estas idas e vindas, que agora o retêm,até que venha, retenham-no até  que aquele imundo seja tolhido. Ou assim: aquele queagora retém  a fé, retenha-a, isto é, esteja firme nela. Apoc. 3, 11: Guarda o que tens,ara que ninguém tome a tua coroa.  Até que seja tirado,  isto é, [até que] a confusa

congregação dos maus seja separada e posta à parte, o que ocorrerá na perseguição doAnticristo. Ou:  falta que, etc., isto é, que o mistério da iniqüidade, isto é, a iniqüidademística, que o retém, retenha-o até que seja tirado,  isto é, até que a iniqüidade se torne

 pública: e ocorra como algo público entre os homens. Com efeito, muitos agora pecamocultamente, mas um dia o farão abertamente: porque Deus tolera os pecadoresenquanto são ocultos, até quando pecarem publicamente, e então não os tolerará, comose patenteia no caso dos sodomitas (Gên. 19, 24).[ 52 ] Contudo, Agostinho confessaque desconhecia aquilo que o Apóstolo lhes dissera, e que já sabiam.[ 53 ] Daí que diga:Vós agora sabeis o que é que o retém.  E, ademais, não era muito necessário sabê-lo.

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46. Ao dizer em seguida:  E então, etc., põe o advento do iníquo e sua pena. Primeiro,a manifestação; segundo, sua pena. Quanto ao primeiro diz esse iníquo, no singular,manifestar-se-á, porque a sua culpa será manifesta, a quem o Senhor Jesus matará como espírito da sua boca. Is. 9, 6:  Fará isto o zelo do Senhor dos exércitos, isto é, o zeloda justiça, que é o amor. Com efeito, o espírito de Cristo é o amor de Cristo; e este zelo

que tem pela Igreja procede do Espírito Santo. Ou com o espírito da sua boca, isto é,com seu mandato; porque Miguel há de matá-lo no monte das oliveiras, de onde Cristoascendeu; assim como também o imperador Juliano foi extinto pela mão de Deus. E estaé a pena presente, ainda que seja punido também eternamente, porque o destruirá com oresplendor , isto é, em seu advento resplandecendo todas as coisas. I Cor. 4, 5:  Porá àsclaras o que se acha escondido nas trevas, etc. E o destruirá, ou seja, com a danaçãoeterna. Sal. 27, 5: Tu os destruirás, etc. Di-lo com o resplendor , porque parecia que elehavia obscurecido a Igreja, e as trevas são expelidas pelo resplendor, porque tudo o que oAnticristo prometer se mostrará mentira.

47. Ao dizer em seguida:  A vinda dele é, prediz o poder do Anticristo. E quanto a isto

faz duas coisas: primeira, põe o seu poder de sedução;[ 54 ] segunda, a sua causa, pelaustiça do Senhor:  porque não abraçaram o amor. Igualmente, a primeira [divide-se] emtrês: primeiro, põe o autor deste poder; segundo, o modo da sedução; terceiro, mostra osque serão seduzidos.

48. O autor deste poder é o Diabo, e por isso Cristo o destruirá. I Jo. 3, 8: Paradestruir as obras do Diabo é que o Filho de Deus veio ao mundo. E por isso diz que oadvento  do Anticristo é  por obra de Satanás, isto é, por instigação sua. Apoc. 20, 7:Satanás será solto da sua prisão, sairá e seduzirá as nações, etc. Com efeito, algo éoperado por obra de Satanás, como no possesso, em quem não só instiga a vontade, mastambém impede o uso da razão: o que, contudo, não se lhe imputa como culpa, porque

não tem uso do livre-arbítrio. Mas o Anticristo não será assim, senão que terá uso dolivre-arbítrio, segundo as sugestões do Diabo, como se diz de Judas. Jo. 13: 27:  Entrounele Satanás, ou seja, instigando-o.

49. Mas enganará do seguinte modo: primeiro, pelo poder secular; segundo, pelavirtude dos milagres. Quanto ao primeiro diz: com todo o poder,  ou seja, secular.[ 55 ]Dan. 11, 43: Tornar-se-á senhor dos tesouros de ouro e de prata, de tudo que há derecioso no Egito. Ou com um poder simulado. Mas quanto ao segundo diz: com sinais,

etc.  Sinais são maravilhas, ainda que pequenas. Mas os prodígios são grandes, quemostram alguém como prodigioso, como que “longe do dedo”.[ 56 ] Apoc. 13, 13:Operou grandes prodígios, de sorte que até fez descer fogo do céu sobre a terra à vistados homens. Mat. 24, 24:  Farão grandes milagres e prodígios, de tal modo que (seosse possível) até os escolhidos seriam enganados.50. E diz mentirosos. O milagre se diz mentiroso porque é deficiente ou quanto à

verdadeira razão de fato, ou quanto à razão de milagre, ou quanto ao devido fim domilagre.[ 57 ] O primeiro ocorre nas prestidigitações, quando os demônios zombam dosolhares, para que [uma coisa] pareça que é outra: assim como Simão Mago degolou umcarneiro, e depois o mostrou vivo; e degolou um homem, e depois o homem, que se cria

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degolado, mostrou-se vivo, e acreditaram que havia ressuscitado. E isto fazem oshomens comutando os fantasmas e enganando. Do segundo modo, dizem-se milagresimpropriamente, e que ocorrem com plena admiração, quando se vê o efeito mas seignora a causa. Portanto, as coisas que têm uma causa oculta para alguém, e não simpliciter , dizem-se certas maravilhas, e não milagres  simpliciter . Mas as coisas que

têm  simpliciter   causa oculta são propriamente milagres, cuja causa é o próprio Deusglorioso, porque eles transcendem toda a ordem da natureza criada. Às vezes, porém,fazem-se certas maravilhas, mas não além da ordem da natureza, e que têm, contudo,causas ocultas. E isto fazem muito mais os demônios, que conhecem as virtudes danatureza e têm determinadas eficácias para [produzir] efeitos especiais, e isto fará oAnticristo; mas não [fará] aquelas coisas que têm verdadeira razão de milagre, porque [osdemônios] nada podem nas coisas que estão acima da natureza. Do terceiro modo,dizem-se milagres segundo são ordenados a atestar a verdade da fé e a conduzir os fiéis aDeus. Mar. 16, 20: Cooperando com eles o Senhor, e confirmando sua pregação commilagres que a acompanhavam. Mas, se a alguém assiste à glória dos milagres e ele não

usa deles para isto, os milagres são verdadeiros quanto à razão de coisa feita, e quanto àrazão de milagre, mas são falsos quanto ao fim devido e quanto à intenção de Deus.Contudo, não haverá isto no Anticristo, porque ninguém faz verdadeiros milagres contraa fé, e porque Deus não é testemunha de falsidade. Por isso alguém que prega uma falsadoutrina não pode fazer milagres, embora possa fazê-lo alguém que tem uma vida má.

51. Em seguida, mostra os que serão seduzidos, ao dizer:  para aqueles que se perdem,isto é, para os condenados à perdição segundo a presciência divina. Jo. 17, 12:  Nenhumdeles se perdeu, exceto o filho da perdição. E é assim porque as minhas ovelhas ouvema minha voz (Jo. 10, 27).

TERCEIRA LEITURA – II TESSALONICENSES 2, 10-16

[52]10e com todas as seduções da iniqüidade para aqueles que se perdem, porque nãoabraçaram o amor da verdade para serem salvos. Por isso Deus lhes enviará oartifício do erro, de tal modo que creiam na mentira, [55]11 para que sejamcondenados os que não deram crédito à verdade mas se comprazeram na iniqüidade.[56]12Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós, ó irmãos queridos deDeus, porque Deus vos escolheu como primícias para a salvação, pela santificação doEspírito e pela verdadeira fé, [58]13à qual vos chamou por meio do nosso Evangelho,

 para vos fazer alcançar a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. [59]14Permanecei, pois,constantes, irmãos, e conservai as tradições, que aprendestes, ou por nossas palavrasou por nossa carta. [61]15O mesmo nosso Senhor Jesus Cristo, e Deus e Pai nosso, oqual nos amou e nos deu uma consolação eterna e uma boa esperança pela graça,[62]16console os vossos corações e os confirme em toda boa obra e palavra.

52. Após mostrar em quem terá lugar o engano do Anticristo, a saber, nos condenadosà danação segundo a presciência divina, assinala aqui a causa das predições. E, primeiro,mostra a causa disto e como serão enganados; segundo, como os fiéis serão livrados

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disto:  Mas nós. Igualmente, primeiro, põe apenas a culpa; segundo, a pena com a culpa;terceiro, apenas a pena. O processo do pecado é este: com efeito, pelo demérito do

 primeiro pecado, [o pecador] é primeiro desamparado da graça, e cai em outro pecado, edepois é punido eternamente.

53. Diz portanto que a causa por que são enganados é que não quiseram receber a

verdade da caridade, isto é, a verdade do Evangelho. Jo. 8, 46: Se eu vos digo averdade, por que me não credes? Jó 24, 13:  Eles foram rebeldes à luz. E diz a caridadeda verdade, porque, se a fé não é formada pela caridade, ela nada é. I Cor. 13, 2:  Aindaque eu tivesse toda a fé, até ao ponto de transportar montes, se não tivesse caridade,não seria nada, etc.  Gál. 6, 15:  Em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem aincircuncisão valem nada, mas o ser uma nova criatura.   E acrescenta a utilidade daverdade dizendo:  para serem salvos. Rom. 5, 1:  Justificados, pois, pela fé, tenhamosaz com Deus, pelo Senhor, etc.54. Mas a culpa e a pena são a sua sedução; por isso diz: lhes enviará, isto é, permitirá

que lhes sobrevenha o artifício do erro. Is. 19, 14: O Senhor difundiu no meio dele um

espírito de vertigem.  I Reis 22, 22: Serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas.  E por isso diz: de tal modo que creiam na mentira, isto é, na falsadoutrina do Anticristo. Rom. 1, 28:  Deus abandonou-os a um sentimento depravado,ara que fizessem o que não convém.55. Mas apenas a pena é a danação eterna; por isso acrescenta:  para que sejam

ulgados, ou seja, com juízo de danação. Jo. 5, 29: Os que tiverem feito obras más sairão ressuscitados para o juízo, etc. Todos os que não deram crédito à verdade. Jo. 3,18: Quem não crê, já está condenado.

56. Em seguida, quando diz: mas nós, mostra porque os fiéis serão livrados. E primeirodá graças por eles; segundo, rememora os benefícios divinos, pelos quais eles são

livrados de tais coisas. Diz portanto assim: eles são enganados, mas nós devemos dar raças. Rom. 1, 8:  Primeiramente dou graças ao meu Deus, pelo Senhor, em nome de

todos vós, etc. Mas põe um duplo benefício de Deus, ou seja, a eleição de Deus, que éeterna, e a vocação, que é temporal: à qual vos chamou.

57. Diz, portanto: que, porque, nos escolheu, ou seja, a nós, apóstolos, e a vós, fiéis.Ef. 1, 4:  Nele mesmo nos escolheu antes da criação do mundo, para sermos santos, etc.Jo. 15, 16: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi.  Quanto àeleição toca três coisas, ou seja, a ordem dos eleitos, o fim da eleição e o meio dealcançar o fim. Todos os que o são foram eleitos desde o princípio do mundo. Deut. 33,3:  Ele amou os povos; todos os santos estão na sua mão.  Mas os apóstolos sãoespecialmente as primícias. Rom. 8, 23:  Nós mesmos temos as primícias do Espírito,etc. E por isso diz: as primícias da fé. Igualmente, o fim da eleição é a salvação eterna; e

 por isso diz:  para a salvação. I Tim. 2, 4: Quer que todos os homens se salvem, etc.Mas isto ocorre, primeiro, da parte de Deus, pela graça santificante; por isso diz:  pela santificação do Espírito; segundo, de nossa parte, há o consenso do livre-arbítrio pelafé; por isso acrescenta:  pela fé na verdade.

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confirme, para que queiramos eficazmente. E isto em toda a boa obra e palavra. Oobrar precede a palavra, porque  Jesus começou a fazer e a ensinar  (At. 1, 1).

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CAPÍTULO III

PRIMEIRA LEITURA – II TESSALONICENSES 3, 1-9

[63]1Quanto ao mais, irmãos, orai por nós para que a palavra de Deus se propague eseja glorificada, como é entre vós, 2e para que sejamos livres de homens importunos

e maus, porque a fé não é de todos. [66]3Mas Deus é fiel, que vos confirmará eguardará do maligno. 4Confiamos no Senhor, quanto a vós, que não só fareis o quevos mandamos. [68]5O Senhor, pois, dirija os vossos corações no amor de Deus e na

 paciência de Cristo. [69]6 Nós vos ordenamos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que viver desordenadamente e nãosegundo a doutrina que foi recebida por nós. [71]7Em realidade, vós mesmos sabeiscomo deveis imitar-nos, pois que não vivemos desregrados entre vós, [73]8nemcomemos de graça o pão de ninguém, mas com trabalho e fadiga, trabalhando denoite e de dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. [74]9 Não porque nãotivéssemos poder para isso, mas para vos dar em nós mesmos um modelo a imitar.

63. Acima os instruiu sobre as coisas futuras, nos novíssimos, aqui os instrui sobrecertas coisas que particularmente deviam fazer. Primeiro, dá a instrução; segundo, aconclusão da epístola: que o mesmo Deus de paz.  Igualmente, primeiro, admoesta-os acomo haver-se com ele mesmo; segundo, no que ele confia acerca deles: mas Deus éiel ; terceiro, como haver-se com os outros, que andam desordenadamente:  Nós vos

ordenamos. Quanto ao primeiro, põe, em primeiro lugar, uma oração; em segundo, o quese deve pedir em oração:  para que a palavra.

64. Portanto, diz: Quanto ao mais, ou seja, porque sois suficientemente instruídos,orai por nós. Rom. 15, 30:  Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e

ela caridade do Espírito Santo, que me ajudeis com as vossas orações por mim a Deus. E isto é devido porque eles cuidam da utilidade da grei. Heb. 13, 7:  Lembrai-vosdos que vos guiam, que vos anunciam a palavra de Deus, etc.

65. Segundo, mostra o que deve ser pedido, ou seja, que sejam tolhidos osimpedimentos à pregação; e por isso diz:  para que a palavra de Deus se propague,

 porque não pode ser totalmente impedida, mas [pode] ser retardada. Por isso diz:  seropague. Col. 4, 3: Orando ao mesmo tempo também por nós, para que o Senhor nos

abra a porta da palavra, para anunciarmos o mistério de Cristo.  Igualmente,  para que seja clarificada, ou seja, pela clara e lúcida exposição, diante dos rudes e dos sábios,assim como é entre vós. Rom. 1, 14:  Eu sou devedor aos sábios e aos ignorantes. Prov.14, 6:  Para os homens prudentes a sabedoria é fácil.  Igualmente, pelos milagres, quesão demonstrações da fé. Com efeito, toda e qualquer ciência é clara pelasdemonstrações, e por isto se deve orar. At. 4, 29: Concede a teus servos que, com toda aconfiança, anunciem a tua palavra, etc.  Igualmente, segundo, deve orar-se pelos

 pregadores, que sejam livrados de homens importunos e maus, ou seja, dos pseudo-apóstolos, que são importunos ao disputar e maus ao seduzir. Ou dos perseguidores quecogitaram a iniqüidade no coração. E a razão da petição é porque a fé não é de todos,

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 porque, embora pareçam tê-la, não têm todavia a verdadeira. Is. 53, 1: Senhor, quem deucrédito ao que nós ouvimos? Rom. 10, 16:  Nem todos obedecem ao Evangelho.

66. Em seguida, quando diz:  Fiel, etc., põe a confiança que tem neles. E, primeiro, fazisto; segundo, ora por eles: O senhor, pois, etc.

67. Mas a confiança pende daquele que dá a graça e dos homens que têm livre-arbítrio,

 para que sejam dirigidos na graça. Diz, primeiro, da parte de Deus: confio em que orareise sereis ouvidos, porque  fiel é o Senhor , que vos confirmará  nos bens que operou emvós. I Ped. 5, 10:  Deus vos aperfeiçoará, fortificará e consolará, etc. E vos guardarádo mal , da culpa e da pena. Contudo, se incidirem no mal da pena, isto lhes é bom,

 porque todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, como se dizem Rom. 8, 28. Segundo, da parte deles diz:  Mas confiamos quanto a vós, irmãos, ouseja, pela graça que recebestes, mas no Senhor , não em vossa virtude. Heb. 6, 9:  De vós,ó caríssimos, esperamos melhores coisas e mais vizinhas da salvação, etc. Pois tudo oque vos mandamos, etc., ou seja, porque perseverareis. Êx. 24, 7:  Faremos tudo o que oSenhor disse.

68. Em seguida, quando diz: O Senhor, etc., ora por eles, dizendo: O Senhor dirija, ouseja, que chegueis.  É ao homem que pertence preparar a sua alma, e ao Senhor oovernar-lhe a língua, como se diz em Prov. 16, 1. E logo depois: O coração do homem

dispõe o seu caminho; mas ao Senhor pertence dirigir os seus passos, ou seja, até ao prêmio destinado. E por isso diz dirija os vossos corações, não só as obras exteriores; eisto no amor de Deus. Mas são duas as coisas pelas quais andamos na via da salvação,ou seja, pelos bens que fazemos e pelos males que suportamos. Mas as obras não são

 boas se não são dirigidas ao fim da caridade.[ 59 ] I Tim. 1, 5: O fim do preceito é acaridade, etc. Igualmente, nem a paciência, a não ser por Cristo. Luc. 21, 19:  Pela vossaerseverança salvareis as vossas almas. Mat. 5, 11:  Bem-aventurados sois, quando vos

insultarem e vos perseguirem.  E por isso diz: na paciência de Cristo, isto é, natolerância dos males por Cristo, ou segundo seu exemplo. I Ped. 2, 21: Cristo sofreu por nós, deixando-vos o exemplo, etc.

69. Em seguida, quando diz:  Nós vos ordenamos, etc., mostra como se haverem comos homens desordenados. E, primeiro, propõe a ordem; segundo, expõe-na: vós mesmos,etc.; terceiro, mostra a necessidade de propor a ordem: ouvimos.

70. Diz, portanto: assim viveis, e assim confio; mas, porque há certos males entre vós,ordenamos, etc., ou seja, aos perfeitos, em nome, etc.  Com efeito, isto pertence ao

 prelado. Is. 58, 1:  Anuncia ao meu povo as suas maldades, e à casa de Jacó os seusecados, etc. Ez. 3, 18:  Eu requererei da tua mão o seu sangue. E segue-se a ordem,

dizendo: que vos aparteis, etc. E por isso se introduziu na Igreja [o costume] de evitar osmaus, para que os mais fracos não sejam maculados com o seu consórcio. Eclo. 13, 1: Oque tocar o pez, ficará manchado dele. I Cor. 5, 6: Um pouco de fermento faz levedar toda a massa. Igualmente, para a cura do pecador, para que a confusão converta-se emsua salvação. Eclo. 4, 25:  Porque há vergonha que leva ao pecado, e há vergonha quetraz consigo glória e graça. Isto não deve ser feito ligeiramente, mas com deliberação emadureza. I Cor. 5, 4-5: Congregados vós e o meu espírito, com o poder de nosso

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Senhor Jesus, seja o tal entregue a Satanás, para a morte, etc. E assim se diz aqui quevos aparteis, etc. E não deve ocorrer a excomunhão senão por algum pecado, porqueaqui se diz: desordenadamente, etc. E isto quando algo é mau em si e contrário à ordemdo direito natural, como expõe a Glosa. I Cor. 14, 40:  Faça-se tudo decentemente e comordem.  Rom. 13, 1: Todo o que existe é ordenado por Deus.  Ou porque é proibido e

contrário à doutrina da Igreja. Daí que diga: e não segundo a tradição, etc.  Acima, nosegundo [capítulo]: Conservai as tradições, que aprendestes, ou por nossas palavras ouor nossa carta.71. Em seguida, quando diz:  Em realidade, vós mesmos, etc., expõe o último que

dissera, ou seja,  segundo as tradições, mostrando o que é esta tradição e como areceberam dele. Mas esta tradição é que não sejam ociosos, ou curiosos. E, primeiro,mostra como a receberam pelo exemplo; segundo, como pela palavra. Igualmente,

 primeiro, mostra que evitou a inquietude; segundo, de que modo; terceiro, assinala acausa.

72. Diz, portanto:  A tradição que receberam, vós sabeis, etc., porque os prelados não

devem ser imitados em todas as coisas, mas naquelas em que são segundo a regra deCristo. I Cor. 4, 16 e 11, 1: Sejais meus imitadores, como eu o sou do Cristo.   E emquê?  Pois que não vivemos inquietos entre vós. Com efeito, os tessalonicenses erammuito liberais. I Tess. 4, 9:  Pelo que diz respeito à caridade fraterna, não temosnecessidade de vos escrever, porque vós mesmos aprendestes, etc.  E por esta razão os

 pobres viviam ociosamente, e por causa do ócio se davam a obras indevidas, e que nãolhes pertenciam. E isto era inquietude. E por isso diz:  pois que não andamos inquietos,etc. I Tess. 4, 11:  Procurai viver em serenidade, etc.

73. Igualmente, nem comemos de graça o pão, etc. , porque trabalhava com as obrasde suas mãos. At. 20, 34: Vós mesmos sabeis, porque estas mãos me serviam para as

coisas que eram necessárias a mim e àqueles que comigo estavam. Prov. 31, 27:  E nãocomeu o pão ociosa. Núm. 16, 15: Tu sabes que nunca recebi deles nem tanto como umasninho, etc. Mas com trabalho e fadiga.   Não pouco, mas de noite e de dia, isto é,continuamente, porque às vezes era necessário pregar e ensinar, e o [tempo] ele oempregava no trabalho,  para não sermos pesados a nenhum de vós. II Cor. 12, 13:  Emque tendes vós sido inferiores às outras igrejas exceto que em nada vos fui pesado?

74. Em seguida, quando diz:  Não porque, etc., assinala a causa de seu trabalho manual.Aí, primeiro, exclui a causa falsa; segundo, põe a verdadeira. Em verdade, a causa falsaseria se alguém dissesse que não lhe era lícito receber deles um soldo. E por isso diz:  Nãoorque não tivéssemos, pelo contrário, tínhamos o poder de viver às expensas dos fiéis. I

Cor. 9, 13: Os que servem ao altar, têm parte do altar.  Mat. 10, 10: O operário é dignodo seu alimento.  I Cor. 9, 14:  Assim ordenou também o Senhor, aos que pregam o Evangelho, que vivam do Evangelho.  E assim há dois gêneros de homens que têm o poder de viver do Evangelho, às expensas dos fiéis, ou seja, os que servem ao altar e os pregadores.

75. Em seguida, quando diz:  Mas para vos, etc., põe a causa verdadeira. Poisencontramos uma dupla causa por que o Apóstolo trabalhou com as mãos; uma [na

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Epístola aos] Coríntios e outra aqui. Com efeito, [os coríntios] eram avaros, e davamcom dificuldade, como se diz ali. Mas a causa por que trabalhou aqui foi o ócio deles. E

 por isso diz:  para vos dar um modelo, etc., ou seja, do trabalhar. I Tim. 4, 12: Sê modelodos fiéis na palavra, no modo de tratar com o próximo, na caridade, na fé, nacastidade. I Ped. 5, 3:  Feitos exemplares do rebanho. Outra causa é posta na Glosa,[ 60

] em I Cor. 4, ou seja, quando não encontramos alguém que nos dê, então trabalhamos.Uma quarta causa era que não fossem ociosos, como os monges do Egito. Eclo. 33, 29: ociosidade ensina muita malícia.  Por isso aqueles que não se exercitam num ofício,

ou no estudo, ou na leitura, vivem perigosamente ociosos.

SEGUNDA LEITURA – II TESSALONICENSES 3, 10-18

[76]10Desta sorte, quando ainda estávamos convosco, vos declarávamos que, sealguém não quer trabalhar, também não coma. [78]11Ouvimos dizer que alguns entrevós andam inquietos, nada fazendo, mas ocupando-se de coisas vãs; [80]12a estes,

 pois, que assim procedem, ordenamos e rogamos no Senhor Jesus Cristo que comamo seu pão, trabalhando pacificamente. [82]13E vós, irmãos, não vos canseis nunca defazer o bem. [84]14Se algum não obedece ao que ordenamos pela nossa carta, notai-o, e não tenhais comércio com ele, a fim de que se envergonhe; [87]15não oconsidereis todavia como um inimigo, mas adverti-o como irmão. [88]16Que o mesmoSenhor de paz vos dê sempre a paz em todo o lugar. O Senhor seja com todos vós.[91]17A saudação é de minha própria mão, de mim, Paulo; é esta a minha assinaturaem todas as minhas cartas; é assim que eu escrevo. 18A graça de nosso Senhor JesusCristo seja com todos vós. Amém.

76. Acima o Apóstolo mostrou o que lhes transmitira pelo exemplo, ou seja, que nãofossem inquietos, senão que trabalhassem; aqui mostra como lhes transmitiu isto em palavras e em fatos, [estando] presente. Daí que diga: Quando estávamos. É como sedissesse: para vos darmos um modelo, fizemos o que ensinamos, porque vosdeclarávamos que, etc. Estas palavras, como dizem a Glosa[ 61 ] e Agostinho no livrosobre os trabalhos dos monges,[ 62 ] alguns as pervertiam como se não fosse lícito aosservos de Deus trabalhar com as mãos, por causa do que se diz em Mat. 6, 34:  Não vosreocupeis, etc. Pois dizem que este trabalho pertence à solicitude pelo alimento. E por 

causa disso referiam isto às obras espirituais; como se dissesse: se alguém não quiser fazer obras meritórias e espirituais, não é digno de comer. Mas isto é contra a intenção

do Apóstolo, que diz: declarávamos que fazíamos assim, ou seja, em labor e fadiga.77. Mas o que significa  se alguém não quer, etc.? É isto um conselho ou um preceito?E parece ser um preceito, porque abaixo se diz: Se alguém não obedece a nossa palavra,etc.  Portanto, todos estão obrigados a trabalhar com as mãos. Aquele, pois, que nãotrabalha com as mãos, mas fica ocioso, peca mortalmente. Respondo: deve dizer-se queé preceito, mas algo é preceituado duplamente:  simpliciter  ou sob condição. Preceitua-se simpliciter  aquilo que é necessário à salvação: e estas são as obras das virtudes. Mas sobcondição, como num caso tal em que não se pode observar o preceito sem o trabalho

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manual. Mas preceitua-se ao homem que sustente o seu corpo, pois de outro modo seriaum homicida de si mesmo. Gên. 2, 16: Come de todas as árvores do paraíso, etc.Portanto, o homem está obrigado por preceito a nutrir seu corpo, e similarmente estamosobrigados a tudo o mais sem o que o corpo não pode viver. Por isso, quem não temoutro modo por onde sustentar o corpo licitamente, quer por uma posse quer por um

negócio lícito, está obrigado a trabalhar, para que não furte. Ef. 4, 28:  Aquele queurtava, não furte mais, mas antes ocupe-se, trabalhando com suas mãos, etc.   É portanto preceito quando não pode viver licitamente de outro modo. Daí que diga: Sealguém não quer trabalhar, também não coma. Um dos dois é portanto necessário paraque o homem possa comer, ou seja, que tenha posses ou que trabalhe. Sal. 127, 2:Quando comeres do trabalho das tuas mãos, etc. I Tess. 4, 11:  Procurai trabalhar comas vossas mãos, como vos ordenamos, etc.

78. Em seguida, quando diz: Ouvimos, etc., põe a necessidade deste preceito, porque oApóstolo diz isto não tanto por causa do dever de ensinar quanto por causa do vício do

 povo. Por isso, primeiro, põe a culpa, que induz a necessidade do preceito; segundo,

aplica o remédio: a estes, pois, etc.79. Diz, portanto: Ouvimos, etc.; é como se dissesse: não oculto este preceito, porqueouvimos que alguns, etc. Com efeito, é preciso que a alma do homem sempre se ocupecom algo, e por isso é necessário que os ociosos padeçam inquietude com coisas ilícitas.I Tess. 4, 11:  Procurai viver em serenidade, etc.  E acrescenta: mas agindocuriosamente, ou seja, com respeito aos negócios dos outros. Prov. 21, 25: Os desejosmatam o preguiçoso.

80. Em seguida aplica o remédio, quando diz: a estes, pois, que, etc. E, primeiro, da parte dos que pecam; segundo, da parte dos outros:  E vós, etc.

81. Portanto, diz: a estes que assim procedem ordenamos severamente, como prelado,

e rogamos  caritativamente, como seu pai, que comam o seu pão, não o alheio, mas odevido a eles, ou seja, o adquirido licitamente, em silêncio, isto é, sem inquietude, nãocorrendo para lá e para cá. Is. 32, 17: O culto da justiça, o silêncio. Eclo. 33, 29:  Aociosidade ensina muita malícia.

82. Em seguida, quando diz:  E vós, etc., da parte dos outros que não pecam aplica umduplo remédio. Ou seja, primeiro que não cessem de bem-fazer; segundo, que corrijamos outros: Se algum, etc.

83. Portanto, diz:  E vós, etc.; como se dissesse: não queirais deixar de bem-fazer,embora os ociosos abusem. Gál. 6, 9:  Não nos cansemos, pois, de fazer o bem, etc.  Eisto é necessário, mesmo que trabalhem com as mãos e não lhes falte nada, porque énecessário [prestar] ajuda aos outros.

84. Em seguida, quando diz: Se algum, etc., indica que sejam corrigidos; e, primeiro,mostra em que ordem sejam punidos; segundo, mostra o efeito da pena: a fim de que seenvergonhem; terceiro, o fim: não o considereis.

85. Mas, na ordem, primeiro põe a culpa; segundo, sua manifestação; terceiro, sua punição. A culpa é a desobediência; e por isso diz: Se algum não obedece. I Sam. 15, 23: Porque o desobedecer é como um pecado de magia, e o não querer submeter-se é como

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um crime de idolatria.  A manifestação e a demonstração são postas quando diz:  pelanossa carta, notai-o, isto é, manifestai-o, mas pela inquisição da verdade. Jó 29, 16:  Dascausas que eu não tinha conhecimento, informava-me delas com toda a diligência.  A

 pena deles é a sentença de excomunhão; daí que diga: e não tenhais comércio com ele,etc.  I Cor. 5, 11: Com este tal nem comer deveis.  II Jo. 10:  Não o recebais em vossa

casa, nem o saudeis.  Nota aqui que se inflige a excomunhão pela desobediência;contudo, isto deve ser demonstrado. Daí que diga: Se algum não obedecer, por vossaepístola, notai-o, isto é, indicai-o a nós, para que seja punido; e contudo vós nesteínterim não tenhais comércio com ele.

86. Mas o efeito da pena é a fim de que se envergonhe, e por isto recobre os sentidos.Eclo. 4, 25:  Há vergonha que leva ao pecado, e há vergonha que traz consigo glória eraça.87. Mas o fim e a intenção devem ser a correção, que a caridade intenta. Daí que diga:

não o considereis como um inimigo, porque isto não deve ser feito pela inveja do ódio,mas pelo esforço da caridade; é como se dissesse: que o eviteis, mas não por ódio de

inimizade. Mat. 5, 44:  Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam. E por isso diz: mas adverti-o como irmão. E nisso se mostra a caridade. Sal. 132, 1: Ó quãobom e quão suave é viverem os irmãos em união, etc.

88. Em seguida, quando diz: Que o mesmo, etc., conclui a epístola. E, primeiro, põe aconclusão; segundo, a saudação, que é como que o selo da epístola:  A saudação, etc.Igualmente, o primeiro [divide-se] em dois: primeiro, deseja-lhes os dons de Deus;segundo, o próprio Deus: O Senhor seja, etc.

89. Quanto ao primeiro diz: Que o mesmo, etc.  Diz-se Deus de paz quanto a duascoisas. Com efeito, a paz consiste em duas coisas, ou seja, que o homem concordeconsigo, e com os outros. E não se pode ter suficientemente nenhum dos dois senão em

Deus: porque [o homem] não concorda suficientemente consigo senão em Deus, emenos ainda com os outros, porque o afeto do homem concorda consigo mesmo quandoo que é apetecido segundo um é suficiente a todos, o que nada pode ser além de Deus.Sal. 102, 5:  É ele que sacia com bens o teu desejo. Com efeito, quaisquer coisas além deDeus não são suficientes para todos, mas Deus é suficiente. Jo. 16, 33:  Para que tenhaisaz em mim, etc.  Igualmente, os homens não se unem entre si senão naquilo que lhes é

comum, e isto é maximamente Deus. E por isso diz: O Deus de paz vos dê, não a paztemporal, mas a  sempiterna, isto é, a espiritual, que começa aqui[ 63 ] e se perfaz lá.[ 64] Sal. 147, 3:  Foi ele que estabeleceu a paz nas tuas fronteiras, etc. E isto em todo olugar , e em todo o mundo, entre os fiéis.

90. Quanto ao segundo diz: O Senhor seja com todos vós, porque não se possuinenhum bem, se não for possuído pela fé e pela caridade.

91.  A saudação é minha, e diz isto por causa dos infiéis que pervertiam as suasepístolas. Gál. 6, 11: Vede que carta vos escrevi por meu próprio punho, etc. Esta é aminha assinatura, etc.  A graça, isto é, o dom gratuito de Deus, que vos faz gratos aDeus, etc. Jo. 1, 17:  A graça e a verdade foram trazidas por Jesus Cristo.

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[ 32 ] Santo Tomás costuma salientar, por meio de diferentes proposições, o fato de que a fé é adesão intelectualà verdade. Numa delas, diz o Aquinate que “a fé é o hábito da mente pelo qual principia em nós a vida eterna”(“ f ides est habitus mentis qua inchoatur vita aeterna in nobis”, cf. SANTO TOMÁS DE AQUINO,  De Veritate, Q.14, art. 2). Este parecer rendeu-lhe, ao longo de sua trajetória como teólogo, não poucos problemas, pois aimensa maioria dos mestres do século XIII estava de acordo com a seguinte proposição: a fé não se encontra nogênero das ciências, pois a ciência versa “de apparentibus” e a fé, “de absentibus”. Na “Quaestio de fide”, a qualintegra o monumental  De Veritate, o Doutor Angélico frisa que o assentimento às verdades da fé e os

movimentos da potência cogitativa se dão concomitantemente na alma fiel, embora a fé não seja causada por umdiscurso racional, mas pela vontade deificada por uma força que vem do alto, à qual se costuma dar o nome devirtude teologal . Neste ponto, toda atenção é pouca: o fato de a fé não nascer de argumentos humanos – aomodo de demonstrações filosóficas ou de teoremas matemáticos cuja verdade se impusesse ao intelecto de quemos contemplasse – não implica que ela seja irracional, pois o assentimento a qualquer bem se dá, conjuntamente, pela força da inteligência e por uma especial inclinação da vontade ao bem. No caso da fé, o bem é a felicidade perfeita à qual o homem tende por natureza, mesmo quando ignora este fato por completo. Portanto, embora a féseja mistério impossível de elucidar enquanto o homem peregrinar por este mundo, só o é porque se dá no vasoda razão. [N. C.][ 33 ] Nesta passagem, a referência de Santo Tomás à justiça divina e aos réprobos que, por conta dela, irão parao inferno é inequívoca. [N. C.][ 34 ] Ou seja: os condenados não terão paz. [N. C.][ 35 ] Na vida presente, uma dor insuportável leva cedo ou tarde à morte, e então cessa. Neste ponto do

comentário, o Boi Mudo tem diante de si a antropologia assimilada de Aristóteles, segundo a qual o que éexcessivo para qualquer sentido o destrói: o excesso de luz cega, o excesso de som ensurdece, etc. Não por outro motivo, nesta vida é impensável uma dor ao mesmo tempo aguda e inextinguível, ao contrário do quesucederá no inferno, conforme salienta Santo Tomás. [N. C.][ 36 ] Santo Tomás está a referir-se literalmente à potência sensitiva interna da imaginação (ou fantasia, comotambém a chama), a qual é depositária das formas recebidas pelos sentidos, ao modo de imagem. Nas acertadas palavras de Mondin, fantasia é, para o Aquinate, a potência graças à qual o homem reproduz ou representa – sejafielmente, seja livre e criativamente – as imagens dos objetos sensíveis. Cf. BATTISTA  MONDIN,  Dizionario Enciclopedico del Pensiero di San Tommaso d’Aquino, Bologna, Edizioni Studio Domenicano, 2000, p. 285. Neste trecho do comentário, ao assinalar que o estupor é precedido de grande fantasia, Santo Tomás estáapontando para o fato de que o procedimento cognoscitivo humano passa sempre pelas imagens, ou seja: não háintuição direta das formas inteligíveis. Esta é a sua gnosiologia. [N.C.][ 37 ] De acordo com o adágio escolástico, a graça é o começo da glória (“ gratia inchoatio gloriae”). [N. C.][ 38 ] Não pode haver a menor sombra de dúvidas quanto ao fato de que o catolicismo pressupõe uma doutrina àqual os homens anuem por fé, virtude teologal infusa que os faz assentir à Sagrada Escritura e ao Magistério daIgreja, os quais contêm, de maneira inequívoca, um conjunto de proposições preceptivas. [N. C.][ 39 ] Na esteira de Santo Agostinho, é completa a adesão de Santo Tomás à tese de que a mentira é – sobquaisquer ângulos que a contemplemos – sempre injustificável, embora seja às vezes compreensível. Para ohomem, há e sempre haverá modos de não dizer a verdade integralmente, quando a isto não esteja obrigado, semmentir. A casuística das chamadas restrições mentais latas (e lícitas) ganhou corpo na Igreja ao longo dos séculose nos aponta para um modelo de ação cristã. [N. C.][ 40 ] Pode-se ler este relato na  Legenda Áurea, de Jacopo de Varazze (São Paulo, Companhia das Letras, 2003, pp. 934-935). [N. T.][ 41 ]  De civ. Dei, XX, 19 (PL 41, 685).[ 42 ]  Epist. ad Cath. sive De unit. ecc., 43 (PL 43, 424).

[ 43 ]  De civ. Dei, XX, 23 (PL 41, 694).[ 44 ] Sermo LXXXII  (PL 54, 422B).[ 45 ] Não há como honestamente colocar em dúvida o fato de que Santo Tomás se refere à apostasia no seio daIgreja Católica Apostólica Romana, sinal claro de que os tempos do Anticristo estarão próximos. Tal apostasianão pode ser outra senão uma mudança de vetor na doutrina, o que não pode ser feito sem colaboração efetivada hierarquia da Igreja, custodiadora da doutrina. Como se vê, com o Doutor Comum estamos muito distantes docatolicismo água-com-açúcar, pois, neste mesmo comentário, o Aquinate afirma que muitos na Igreja receberão oAnticristo. [N. C.][ 46 ] PL 114, 621C.[ 47 ] No Comentário às Sentenças  de Pedro Lombardo  (II, XLIII, q. 1, art. 1, sol.), Santo Tomás define o pecado de malícia como ex electione, ex industria e, por fim, ex certa scientia. Em resumo, o malicioso: 1- Elege

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livremente o mal, ou seja: no próprio exercício da liberdade, ele a corrompe em seus princípios. Sendo a vontadeo apetite intelectivo do bem, a eleição do mal significa que o malicioso – para chegar a tal ponto psicologicamentedramático – sofre de patologia proveniente de um defeito na vontade, a qual não consegue eleger o bem demaneira ordenada. Peca ele, pois, ex electione, por livre escolha; 2- Obra com engenho o mal. Ao contrário dosujeito que age mal movido por alguma paixão – e é, portanto, facilmente suscetível de arrepender-se, cessada a paixão –, o malicioso mostra-se industrioso ao bolar planos para fazer o mal a outrem, com o intuito de prevalecer obstinadamente a qualquer custo. Peca, pois, ex industria; 3- Estuda os meios para lograr o fim mau.

Daí dizer-se que o malicioso peca ex certa scientia, ou seja, conhece ou procura conhecer bem os meios que perverterá em suas ações movidas pela má-intenção. Vejam-se outros detalhes do pecado de malícia em:http://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2011/09/ciencia-da-malicia.html; ehttp://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2008/08/o-pecado-de-malcia-alguns-remdios-etc.html [N. C.][ 48 ] Por terrível que possa parecer para católicos que tenham da fé opiniões adocicadas ou eufemísticas, emcompleto desacordo com a doutrina dos Doutores e com o Magistério eclesiástico de todos os tempos, únicoshermeneutas abalizados da verdade revelada, Santo Tomás está dizendo de maneira clara que o Anticristo terá participação, direta ou indireta, na hierarquia da Igreja Católica, em cuja corrupção da doutrina terá papel ativo.[N. C.][ 49 ]  De civ. Dei, XX, 19 (PL 41, 685).[ 50 ] PL 114, 621C.[ 51 ]  De civ. Dei, XX, 19 (PL 41, 686).[ 52 ] A hipocrisia, para frei Tomás, é menos má do que o descaro, pois este representa o fato de todas as

 barreiras morais terem caído. Em síntese, o hipócrita dissimila porque perdura nele alguma baliza de bem, com oqual quer ser publicamente identificado. Daí a definição de hipocrisia como  simulação de virtude  (cf. SumaTeológica, IIª-IIª, q. 111, art. 2), ao passo que o descaro é a assunção do mal de maneira insanável, pois,chegado a este ponto dramático, não resta ao pecador senão cair numa espiral de intermináveis justificativas paraatos moralmente injustificáveis. Ademais, o malefício social acarretado pelo pecador público, escandaloso, émuitíssimo mais grave que a ação do hipócrita. [N. C.][ 53 ]  Loc. cit.[ 54 ] Não nos custa ressaltar que a sedução vem sempre acompanhada da mentira dolosa, a qual, para ter eficácia, precisa valer-se de verdades apresentadas fora da reta ordem. Uma mentira sincera, ou seja, assumida pelo mentiroso como tal, perderia no ato o poder de sedução. [N. C.][ 55 ] Se imaginarmos que, pela primeira vez na história humana, existe a possibilidade tecnológica e política paraaflorar um governo mundial com poder de mando sobre as nações, como o propugnado pelo Papa Bento XVI naEncíclica Caritas in Veritate, bem ao sabor do  De Monarchia, de Dante, poderemos ver nisto um grave sinal dostempos. [N. C.][ 56 ] Aqui S. Tomás faz derivar a palavra  prodigius  (prodígio) de  procul a digito  (lit.: longe do dedo). E podesignificar “longe do dedo de quem vê”, ou seja, “fora do seu alcance”, ou então “longe do dedo”, ou seja,“operação feita à distância, movendo objetos sem usar a mão”. [N. T.][ 57 ] Sobre a natureza dos milagres, ver nota 4. [N. C.][ 58 ] Provavelmente uma adaptação do seguinte trecho em  De Celest. Hier. (PG 3, 139-140): “ἀλλ' ὅτι καὶ τοῦτοτοῖς μυστικοῖς λογίοις ἐστὶ πρεπωδέστατον τὸ δι' ἀποῤῥήτων καὶ ἱερῶν αἰνιγμάτων ἀποκρύπτεσθαι καὶ ἄβατοντοῖς πολλοῖς τιθέναι τὴν ἱερὰν καὶ κρυφίαν τῶν ὑπερκοσμίων νοῶν ἀλήθειαν. Ἔστι γὰρ οὐ πᾶς ἱερὸς οὐδὲπάντων, ὡς τὰ λόγιά φησιν, ἡ γνῶσις” [“É muito acertado as Escrituras secretas esconderem-se através de sinaismisteriosos e sagrados, e tornarem inacessível às multidões a verdade santa e oculta das inteligênciassupramundanas. Pois nem todos são santos, e, como as Escrituras afirmam, o conhecimento não pertence atodos”].

[ 59 ] Está aqui implicada a conhecida tese tomista segundo a qual a caridade dá forma às demais virtudes, poistodas elas se orientam teleologicamente à caridade como a seu fim próprio, superior. Em breves palavras, asvirtudes são tanto mais virtuosas quanto melhor estejam orientadas à caridade. [N. C.][ 60 ] PL 114, 533. A referência provável é ao capítulo 9 de I Coríntios, onde o Apóstolo trata do assunto. O erroaqui talvez seja do copista, já que os números romanos IV e IX são muito semelhantes. [N. T.][ 61 ] PL 114, 624.[ 62 ]  De op. monach., XIII, 14 (PL 40, 559).[ 63 ] Isto é, no tempo. [N. T.][ 64 ] Isto é, na eternidade. [N. T.]

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Congregamini, ut annuntiem quae ventura sunt vobis, diebus novissimis, et cetera.Haec verba competunt huic epistolae. Duo enim tanguntur quae ei conveniunt, scilicet

fructus, et eius materia. Unde dicitur ut annuntiem, et cetera. Agitur enim in ea de his,quae ventura sunt in diebus novissimis, quae sunt tria, scilicet pericula Ecclesiae, temporeAntichristi. II Tim. c. III, 1: in novissimis diebus instabunt tempora periculosa, et

cetera. Item malorum supplicia. Ps. LXXII, 17: donec intrem sanctuarium Dei, etcetera. Verumtamen propter dolos posuisti eis, deiecisti eos dum allevarentur . Item praemia bonorum. Prov. ult.:  fortitudo et decor indumentum eius. Et de his agitur in hacepistola.

Utilitas ostenditur, quia congregamini. Sic acquiritur ex hac epistola congregatio,scilicet concordantium in veritate, quia discordabant de iudicio futuro, propter hoc quoddicit in prima epistola: deinde nos qui vivimus, et cetera. Ps. CXLVI, 2: dispersiones Israelis congregabit . Item voluntatum, quia cum considerant quod quaecumquetemporalia sunt, in novissimo mundi peribunt, datur intelligi quod eos congregant adunum quaerendum, scilicet caeleste praemium. Eccli. XXX, 24: congrega cor tuum in

 sanctitate eius. Item cogitationum ad unam stabilem veritatem. Is. ult.: ego autem operaeorum et cogitationes eorum venio ut congregem, et cetera.Sic ergo patet fructus et materia, quia in prima munivit eos contra persecutiones

 praeteritas, hic munit eos contra futuras.

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eis homo. In his donis autem Dei, primum est fides, per quam Deus habitat in nobis, et inhac proficimus secundum intellectum. Eph. III, 17: habitare Christum per fidem incordibus vestris. Et sic proficit homo per cognitionem, devotionem et inhaesionem.Secundum est charitas, per quam Deus est in nobis secundum effectum. I Io. IV, 16: Deus charitas est, et qui manet in charitate, in Deo manet, et Deus in eo. Et ideo dicit

et abundat. Prov. XV, 5: in abundanti iustitia, virtus est maxima, et cetera. I Thess. IV,9: de charitate autem fraternitatis non necesse habuimus scribere vobis, ipsi enim a Deo didicistis, ut diligatis invicem, et cetera.

Et tunc ponitur profectus, cum dicit: ita quod ego glorior inde apud alios, quia vestrareputo mea. Bonum enim discipulorum est gloria praelatorum. Prov. X, v. 1:  filius sapiens laetificat patrem, et cetera. Prov. XVII, 6: corona senum, filii filiorum, etcetera. II Cor. IX, 2:  pro quo de vobis glorior .

Et tunc ponit signum profectus, scilicet patientiam, quae ostenditur maxime intribulationibus. Iac. I, 12: beatus vir qui suffert tentationem, et cetera. In tribulationibussunt duo servanda, scilicet patientia, ne discedat a fide. Iac.:  patientia opus perfectum

habet . Et fides in persecutionibus. I Cor. IV, 12:  persecutionem patimur et sustinemus.Unde dicit in fide, in omnibus persecutionibus vestris et tribulationibus. Quae quidemtribulationes dicuntur a tribulis, quibus interius per afflictiones pungimur. Gen. III, 18: spinas et tribulos germinabit tibi . Ps. XXIV, 17: tribulationes cordis mei multiplicatae sunt . Et haec sancti sustinent propter duo, scilicet propter terrorem malorum. Si enimDeus non parcit bonis in hoc mundo, quomodo parcet malis in futuro? I Petr. II:  si autemrimum a nobis, quis finis eorum, qui non credunt Dei Evangelio, et cetera. Hier.

XLIX, 12: ecce quibus non erat iudicium, ut biberent calicem, et cetera. Secundo adaugendum meritum. Unde dicit ut digni, et cetera. Nam, ut dicitur Matth. XI, 12,regnum caelorum vim patitur, et violenti rapiunt illud . Et Lc. ult.: nonne haec oportuit 

Christum pati, et ita intrare in gloriam suam? Rom. VIII, 17:  si tamen compatimur, ut et conglorificemur . Unde dicit  pro quo et patimini . Tribulatio enim quae fertur pro Deo,facit dignum regno Dei. Matth. V, v. 10: beati qui persecutionem patiuntur , et cetera. IPetr. IV, 15: nemo vestrum patiatur quasi homicida, aut fur, aut maledicus, aut alienorum appetitor .

LECTIO 2

6εἴπερ δίκαιον παρὰ θεῷ ἀνταποδοῦναι τοῖς θλίβουσιν ὑμᾶς θλῖψιν 7καὶ ὑμῖν τοῖςθλιβομένοις ἄνεσιν μεθ’ ἡμῶν ἐν τῇ ἀποκαλύψει τοῦ κυρίου Ἰησοῦ ἀπ’ οὐρανοῦμετ’ ἀγγέλων δυνάμεως αὐτοῦ 8ἐν πυρὶ φλογός, διδόντος ἐκδίκησιν τοῖς μὴ εἰδόσινθεὸν καὶ τοῖς μὴ ὑπακούουσιν τῷ εὐαγγελίῳ τοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ, 9οἵτινες δίκηντίσουσιν ὄλεθρον αἰώνιον ἀπὸ προσώπου τοῦ κυρίου καὶ ἀπὸ τῆς δόξης τῆς ἰσχύοςαὐτοῦ, 10ὅταν ἔλθῃ ἐνδοξασθῆναι ἐν τοῖς ἁγίοις αὐτοῦ καὶ θαυμασθῆναι ἐν πᾶσιντοῖς πιστεύσασιν, ὅτι ἐπιστεύθη τὸ μαρτύριον ἡμῶν ἐφ’ ὑμᾶς, ἐν τῇ ἡμέρᾳ ἐκείνῃ.11Εἰς ὃ καὶ προσευχόμεθα πάντοτε περὶ ὑμῶν, ἵνα ὑμᾶς ἀξιώσῃ τῆς κλήσεως ὁ θεὸςἡμῶν καὶ πληρώσῃ πᾶσαν εὐδοκίαν ἀγαθωσύνης καὶ ἔργον πίστεως ἐν δυνάμει,

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12ὅπως ἐνδοξασθῇ τὸ ὄνομα τοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ ἐν ὑμῖν, καὶ ὑμεῖς ἐν αὐτῷ,κατὰ τὴν χάριν τοῦ θεοῦ ἡμῶν καὶ κυρίου Ἰησοῦ Χριστοῦ.

Supra egit de eorum idoneitate ad futurum iudicium, hic agit de forma iudicii. Et primo ponit iudicium quantum ad punitionem malorum et praemia bonorum; secundo deutraque parte sigillatim, ibi in flamma. Item primo ponit iudicium quantum ad punitionem

malorum; secundo quantum ad praemia bonorum, ibi cum venerit .Quantum ad primum dicit supra  sustinetis in exemplum, etc., hic subinfert,  si tamen

iustum est ; si, pro quia. Unde alia littera habet  si quidem. Vel  si tamen, referatur inexemplum iusti iudicii; quasi dicat: iustum est, quod haec patiamini, si tamen ex hocmereamini. Sed prima littera et expositio est melior.  Iustum est retribuere. Ps. XCIII, 2:exaltare, qui iudicas terram, redde retributionem superbis. Is. XXXIII, 1: vae quiraedaris, nonne et tu praedaberis? Tribulationem, scilicet aeternae damnationis. Rom.

VIII, 35: tribulatio, an angustia, et cetera. Et vobis qui tribulamini requiem. Lc. XVI, 25: recepisti bona in vita tua, et Lazarus

 similiter mala. Nunc autem hic consolatur, tu vero cruciaris. Apoc. XIV, 13: amodoenim iam dicit spiritus, ut requiescant a laboribus suis. Nobiscum, id est, aequalemgloriam. Sed numquid hoc est verum? Respondeo. Duplex est aequalitas, scilicet absolutaquantitatis, et proportionis. Et prima non est aequalis quantum ad participationemhominis, sed aequalis quantum ad beatitudinem participatam, quae est Deus; homo enim

 participat secundum magis et minus, scilicet secundum quod ardentius, vel minusardenter amat Deum. Sed secundum secundam, omnimoda aequalitas erit, quia ita estgloria Petri ad gratiam sibi datam et meritum suum, sicut gloria Lini ad suam. Hoc,inquam, erit in revelatione, et cetera. Io. c. V, 22:  pater omne iudicium dedit filio suo,et hoc inquantum filio hominis; unde sequitur et potestatem dedit ei iudicium facere,

quia in forma humana omnibus apparebit, sed modo non apparet, quia humanitas eiuslatet in gloria Dei, sed tunc apparebit. Is. XL, 5: et revelabitur gloria domini , et cetera.Et hoc cum Angelis virtutis eius, ministris suis. Matth. XXV, 31: cum venerit filiushominis in maiestate sua, et omnes Angeli eius cum eo, et cetera.

Deinde cum dicit in flamma ignis, agit de utraque, scilicet punitione malorum, et praemiatione bonorum; sed in punitione malorum ostendit acerbam, iustam et diuturnam.

Dicit ergo dantis vindictam, id est, iudicantis puniendos in flamma ignis, faciem orbiscomburentis, et involventis reprobos, et detrudentis in perpetuum. Ps. XCVI, 3: ignisante ipsum praecedet , et cetera.

Item erit iusta propter duplicem culpam, scilicet infidelitatis, et malae vitae. Quantum

ad primum dicit qui non noverunt , id est, noluerunt cognoscere,  Deum. Iob XXI, v. 14: scientiam viarum tuarum nolumus. I Cor. XIV, 38: ignorans ignorabitur , et cetera.Quantum ad secundum dicit qui non obediunt Evangelio domini nostri Iesu Christi .Rom. X, 16: non omnes obediunt Evangelio. Inobedientia est tantum peccatum, quod

 per eam mors venit in hunc mundum, ut dicitur Rom. V, 19.Item est diuturna, quia  poenas dabunt in interi tu aeternas. Et potest legi dupliciter,

secundum quod duplex est poena, scilicet sensus et damni. De poena sensus potestintelligi sic: dabunt , id est, sustinebunt poenas aeternas non finiendas, et hoc in interitu,

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quia semper morientur. Aliter enim est de poenis huius vitae et illis. Nam hic quanto plusacerbiores, tanto sunt breviores, quia extinguuntur, sed illae sunt gravissimae, quia sunt

 poenae mortis, et sunt interminabiles. Unde dicitur quod semper erunt quasi in morte. Ps.XLVIII, 15: mors depascet eos. Is. ult.: vermis eorum non morietur . Poena autem damniest duplex, quia separabuntur a visione Dei. Unde dicit a facie domini, scilicet remoti.

Iob XIII, 16: non veniet in conspectu eius omnis hypocrita. Alia est privatio visionisgloriae sanctorum. Is. ult.: tollatur impius ne videat gloriam sanctorum, et cetera. Velaliter, a facie domini, et cetera. In hoc ostenditur causa acerbitatis poenae sensus.Sensus enim alicuius evacuatur, vel propter superiorem iudicem, vel propter superioris

 potentiam; sed hoc non erit, quia hoc iudicium procedet a facie domini. Ps. XVI, 2: devultu tuo iudicium meum prodeat , et cetera. Et ideo dicit dabunt poenas, id estsustinebunt, a facie domini.

Deinde cum dicit cum venerit , agit de praemiatione sanctorum. Et primo ponit praemium; secundo meritum, ibi qui crediderunt .

Gloriam sanctorum commendat, et quantum ad essentiam, per participationem gloriae

Dei, cum dicit  glorificari, etc., et quantum ad eius excessum, ibi et admirabilis. Dicitergo cum venerit : Christus certe gloriosus est. Phil. II, 11: omnis lingua confiteatur, quiadominus Iesus Christus in gloria est Dei patris. Glorificari in sanctis eius, quia bonumsui est communicativum; vel  glorificari in sanctis eius, qui sunt membra sua, in quibushabitat, et in quibus glorificatur, quando sua gloria, scilicet capitis, derivatur usque ad suamembra. Is. XLIX, 3:  servus meus es tu, Israel, quia in te gloriabor . Et hoc excedetomnem admirationem. Unde dicit admirabilis, et cetera. Siquidem admiratio est stupor 

 procedens ex magna phantasia. Tanta vero sanctorum gloria non potest cadere inopinionem hominum. Et ideo dicit admirabilis. Sap. V, 2: mirabuntur in subitationeinsperatae salutis, et cetera.

Deinde ponit meritum, ibi qui crediderunt , et cetera. Et ponit primo meritum fidei,secundo suffragium orationis, ibi in quo.

Dicit ergo: haec erit gloria, quia creditum est nostrum testimonium super vos, quodcredidimus de Christo, in illo die, id est, propter illum diem, quia bona quae agimus,sunt propter illum diem. Et dicit hoc testimonium est super vos, id est, super sensumhumanum. Eccli. IX:  plurima super sensum hominis, et cetera. Fides enim non habetmeritum, ubi humana ratio praebet experimentum. Nisi enim esset supra vos, non essetmagni meriti credere. Vel dicit  super vos, id est, dominatur vobis subiicientibusintellectum vestrum humiliter ad credendum. II Cor. X, 5: in captivitatem redigentesomnem intellectum in obsequium Christi. Sic exponit Glossa. Vel aliter et magissecundum litteram: dico, quod glorificabitur Christus in vobis, qui credidistis, in dieiudicii, quando apostoli iudicabunt; et tunc testimonium, quod est super vos, id est, de

 promptitudine fidei vestrae, erit certum et creditum, id est credibile.Deinde cum dicit in quo oramus etc., subiungit suffragium orationis, et primo proponit

quod petit; secundo quo fine, ibi ut clarificetur ; tertio per quod posset assequi petitum,ibi  secundum gratiam.

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Petit autem unum ex parte Dei, et duo ex parte nostra. Dicit ergo in quo, id est, propter quem diem, etiam nos oramus semper . Rom. I, 9:  sine intermissione memoriam vestriacio semper in orationibus meis. I Reg. XIII, 23: absit autem hoc peccatum a me in

domino, ut cessem orare pro vobis. Sed ad quid? Ut dignetur vos vocatione sua Deus,id est, faciat vos in mundo digne conversari suae vocationi. Eph. IV, 1: digne ambuletis

vocatione qua vocati estis. Item ex parte nostra duo petit: ex parte voluntatis, ut plenefruantur omni bonitate; unde dicit ut impleat omnem voluntatem bonitatis, id est, impleatin vobis voluntatem omnis boni. Phil. I: qui operatur in nobis velle et perficere pro bonavoluntate. Item ex parte intellectus, ut perfecte credant; ideo dicit et opus fidei. Rom. X,10: corde enim creditur ad iustitiam, ore autem confessio fit ad salutem. Et hocoperemini in virtute, id est, in constantia et fortitudine, ut nullo timore cessetis aconfessione eius. Vel sic in quo, id est, propter quem diem oramus, ut Deus dignetur vobis dare illud ad quod vocavit vos. I Petr. III, 9: in hoc vocati estis, ut benedictionemhaereditate possideatis. Et impleat omne bonum, quod desideratis, quod est in vitaaeterna, quando habebimus Deum. Ps. CII, 5: qui replet in bonis desiderium tuum. Item

impleat opus fidei, quod erit quando id quod hic per speculum et in aenigmate videmus,videbimus tunc facie ad faciem.Sed quo fine? Ut clarificetur nomen domini nostri Iesu Christi, etc., id est, ad gloriam

Christi sit; et per vos, tam in praesenti quam in futuro, nomen Christi glorificetur in bonisvestris. Matth. V, 16: videant opera vestra bona, et glorificent patrem vestrum qui incaelis est . E converso de malis dicitur Is. LII, 5, et Rom. II, 24: nomen Dei per vosblasphematur .

Sed per quid poterimus illud consequi? Secundum gratiam Dei nostri, quae est radixomnium bonorum nostrorum. I Cor. c. XV, 10:  gratia Dei sum id quod sum, et cetera.

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CAPUT 2

LECTIO 1

1Ἐρωτῶμεν δὲ ὑμᾶς, ἀδελφοί, ὑπὲρ τῆς παρουσίας τοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ Χριστοῦκαὶ ἡμῶν ἐπισυναγωγῆς ἐπ’ αὐτόν, 2εἰς τὸ μὴ ταχέως σαλευθῆναι ὑμᾶς ἀπὸ τοῦ νοὸς

μηδὲ θροεῖσθαι μήτε διὰ πνεύματος μήτε διὰ λόγου μήτε δι’ ἐπιστολῆς ὡς δι’ ἡμῶν,ὡς ὅτι ἐνέστηκεν ἡ ἡμέρα τοῦ κυρίου. 3μή τις ὑμᾶς ἐξαπατήσῃ κατὰ μηδένα τρόπον:ὅτι ἐὰν μὴ ἔλθῃ ἡ ἀποστασία πρῶτον καὶ ἀποκαλυφθῇ ὁ ἄνθρωπος τῆς ἀνομίας, ὁ

 υἱὸς τῆς ἀπωλείας, 4ὁ ἀντικείμενος καὶ ὑπεραιρόμενος ἐπὶ πάντα λεγόμενον θεὸν ἢσέβασμα, ὥστε αὐτὸν εἰς τὸν ναὸν τοῦ θεοῦ καθίσαι, ἀποδεικνύντα ἑαυτὸν ὅτι ἔστινθεός. 5Οὐ μνημονεύετε ὅτι ἔτι ὢν πρὸς ὑμᾶς ταῦτα ἔλεγον ὑμῖν;

Superius apostolus ostendit futura, quantum ad poenas malorum, et praemia bonorum,hic annuntiat futura quantum ad pericula Ecclesiae, quae erunt tempore Antichristi. Et

 primo nuntiat veritatem de futuris periculis; secundo monet, ut in veritate permaneant, ibi

itaque, fratres. Circa primum duo facit, quia primo excludit falsitatem; secundo instruitde veritate, ibi quoniam nisi. Iterum prima in tres, quia primo commemorat illud ex quodebent induci; secundo ostendit ad quid debent induci, ibi ut non cito; tertio removet illudquod eos movere posset, ibi neque per spiritum.

Inducit autem ex tribus, scilicet propriis precibus, ibi rogamus, non praeceptis. Philem.V, 8: multam fiduciam habens in Christo Iesu imperandi tibi, quod ad rem pertinet,ropter charitatem magis obsecro. Secundo ex adventu Christi, desiderabili bonis, licet

terribili malis. Amos V, 18: vae desiderantibus diem domini, et cetera. II Tim. IV, v. 8:non solum autem mihi, sed et his qui diligunt adventum eius, et cetera. Apoc. ult.: veni,domine Iesu, et cetera. Tertio ex desiderio et amore totius congregationis sanctorum, in

idipsum, scilicet ubi Christus est, quia Matth. XXIV, 28: ubi erit corpus, ibicongregabuntur et aquilae. Vel in idipsum, id est, in idem, quia omnes sancti loco etgloria erunt in eodem. Ps. XLIX, v. 5: congregate illi sanctos eius.

Sed ad quid inducit? Ut non cito moveamini a vestro sensu. Est autem aliud moveri,aliud terreri. Movetur autem a suo sensu, qui praetermittit quod tenebat; quasi dicat: noncito dimittatis doctrinam meam. Eccli. XIX, 4: qui cito credit, levis est corde. Terror autem est quaedam trepidatio, cum formidine contrarii. Et ideo dicit ne terreamini. IobXV, 21:  sonitus terroris semper in auribus eius. Item si pax, illi semper insidiassuspicantur. Sap. XVII, 10: cum enim sit timida nequitia, dat testimoniumcondemnationi , et cetera.

Deinde cum dicit neque per spiritum, removet quod eos movere posset, primo inspeciali, secundo in generali, ibi ne quis.

Seducitur autem quis per falsam revelationem; unde dicit neque per spiritum, id est: siquis dicat sibi revelatum per spiritum sanctum, vel a spiritu sancto aliquid quod est contradoctrinam meam, non terreamini. I Io. IV, 1: nolite omni spiritui credere. Ez. XIII, 3:vae prophetis insipientibus, qui sequuntur spiritum suum, et nihil vident . Aliquandoetiam Satanas transfigurat se in Angelum lucis, ut dicitur II Cor. c. XI, 14; et III Reg.

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ult.: egrediar, et ero spiritus mendax in ore omnium prophetarum eius. Secundo per ratiocinationem, vel falsam expositionem Scripturae; ideo dicit neque per sermonem. IITim. II, 17:  sermo eorum ut cancer serpit . Eph. V, 6: nemo vos seducat inanibus verbis.Tertio per auctoritatem inductam in malo intellectu. II Petr. ult.:  sicut charissimus frater noster Paulus, secundum sibi datam sapientiam scripsit vobis, sicut in omnibus

epistolis, loquens in eis de his, in quibus sunt quaedam difficilia intellectu, quaeindocti et instabiles depravant, sicut et caeteras Scripturas, et cetera. Sed de quoseducebantur? Quasi instet dies domini. Et dicit neque per epistolam tamquam per nosmissam. Quia in prima epistola nisi bene intelligatur, videtur dicere instare dominiadventum, ut illud: deinde nos qui vivimus, et cetera.

Deinde cum dicit ne quis, etc., facit idem in generali. Lc. XXI, 8: videte ne seducamini , et cetera. I Cor. XV, 33: nolite seduci. Ratio autem quare haec removetapostolus, scilicet de adventu domini, est, quia praelatus nullo modo debet velle quod per mendacium aliqua bona procurentur. I Cor. c. XV, 15: invenimur autem et falsi testes, etcetera. Item quia res credita erat periculosa, quod scilicet instaret dies domini. Primo quia

daretur occasio maioris seductionis, quia futuri erant post tempora apostolorum aliqui, quidicerent se esse Christum. Lc. XXI, 8: multi dicent: ego sum, et cetera. Et ideoapostolus noluit. Item Daemon frequenter praetendit se esse Christum, sicut patet de

 beato Martino. Et ideo ne seducantur, noluit. Augustinus autem ponit aliam rationem,quia immineret periculum fidei. Unde diceret aliquis: tarde veniet dominus, et tunc

 praeparabo me ad eum. Aliud diceret: veniet cito, et ideo nunc me praeparabo. Aliusdiceret: nescio. Et hic melius dicit, quia concordat Christo. Sed ille plus errat, qui dicit:cito; quia, elapso termino, homines desperarent, et crederent falsa esse quae scripta sunt.

Deinde cum dicit quoniam nisi venerit discessio, etc., astruit veritatem; et primoostendit quae ventura sunt ad Antichristi adventum. Et sunt duo, quorum unum praecedit

adventum Antichristi; aliud est ipse adventus eius.Primum est discessio, quod multipliciter exponitur in Glossa. Et primo a fide, quia

futurum erat, ut fides a toto mundo reciperetur. Matth. XXIV, 14: et praedicabitur hoc Evangelium regni in universo orbe. Istud ergo praecedit quod secundum Augustinumnondum est impletum, et post multi discedent a fide, et cetera. I Tim. IV, 1: innovissimis temporibus discedent quidam a fide, et cetera. Matth. XXIV, 12: refrigescet charitas multorum. Vel discessio a Romano imperio, cui totus mundus erat subditus.Dicit autem Augustinus, quod hoc figuratur Dan. II, 31 in statua, ubi nominantur quatuor regna; et post illa adventus Christi, et quod hoc erat conveniens signum, quia Romanumimperium firmatum fuit ad hoc, quod sub eius potestate praedicaretur fides per totummundum.

Sed quomodo est hoc, quia iamdiu gentes recesserunt a Romano imperio, et tamennecdum venit Antichristus? Dicendum est, quod nondum cessavit, sed est commutatumde temporali in spirituale, ut dicit Leo Papa in sermone de apostolis. Et ideo dicendumest, quod discessio a Romano imperio debet intelligi, non solum a temporali, sed aspirituali, scilicet a fide Catholica Romanae Ecclesiae. Est autem hoc conveniens signum,

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non nominatur Apoc. c. VII, 5. Et ideo Iudaei primo eum recipient, et reaedificabunttemplum in Ierusalem, et sic implebitur illud Dan. IX, 27: erit in templo abominatio et idolum; Matth. XXIV, 15: cum vero videritis abominationem desolationis, quae dictaest a Daniele propheta, stantem in loco sancto, qui legit intelligat . Quidam vero dicunt,quod numquam Ierusalem, nec templum reaedificabitur, sed usque ad consummationem

et finem perseverabit desolatio. Et hoc etiam aliqui Iudaei credunt. Ideo exponitur intemplo Dei, id est, in Ecclesia, quia multi de Ecclesia eum recipient. Vel secundumAugustinum, in templo Dei sedeat , id est, principetur et dominetur, tamquam ipse cumsuis nuntiis sit templum Dei, sicut Christus est cum suis.

Deinde cum dicit non retinetis, ostendit quod nihil novi scribet; quasi dicat: olim cumessem apud vos, dixi hoc. II Io., 5: non mandatum novum scribo vobis, sed mandatumvetus, quod habuistis ab initio. II Cor. X, 11: quales fuimus verbo per epistolasabsentes, tales et praesentes in facto, et cetera.

LECTIO 2

6καὶ νῦν τὸ κατέχον οἴδατε, εἰς τὸ ἀποκαλυφθῆναι αὐτὸν ἐν τῷ ἑαυτοῦ καιρῷ. 7τὸγὰρ μυστήριον ἤδη ἐνεργεῖται τῆς ἀνομίας: μόνον ὁ κατέχων ἄρτι ἕως ἐκ μέσουγένηται. 8καὶ τότε ἀποκαλυφθήσεται ὁ ἄνομος, ὃν ὁ κύριος Ἰησοῦς ἀνελεῖ τῷπνεύματι τοῦ στόματος αὐτοῦ καὶ καταργήσει τῇ ἐπιφανείᾳ τῆς παρουσίας αὐτοῦ,9οὗ ἐστιν ἡ παρουσία κατ’ ἐνέργειαν τοῦ Σατανᾶ ἐν πάσῃ δυνάμει καὶ σημείοις καὶτέρασιν ψεύδους 10καὶ ἐν πάσῃ ἀπάτῃ ἀδικίας τοῖς ἀπολλυμένοις, ἀνθ’ ὧν τὴνἀγάπην τῆς ἀληθείας οὐκ ἐδέξαντο εἰς τὸ σωθῆναι αὐτούς.

Superius apostolus praenuntians narravit adventum et culpam Antichristi, hic ostendit

causam dilationis. Et primo ostendit eos habere huius scientiae causam; secundo causamillam obscure proponit, ibi nam mysterium.Dicit ergo: dico quod oportet revelari hominem peccati.  Et quid nunc detineat , id est,

quae sit causa, quod tardet,  sciti s, quia ego dixi vobis, ita quod sic ad praesens detinet, ut  suo tempore, id est, congruo tempore, reveletur . Eccle. VIII, 6: omni negotio tempus et opportunitas est . Et ibidem III, 11: omnia fecit Deus bona in tempore, et cetera.

Deinde cum dicit nam mysterium, etc., causam eius ponit. Et haec littera multipliciter exponitur, quia hoc mysterium  potest esse nominativi casu, vel accusativi. Si primomodo, est sensus: dico ut suo tempore, quia etiam iam mysterium, id est, figuraliter occultatum, operatur in fictis, qui videntur boni, et tamen sunt mali. Et hi operantur 

officium Antichristi. II Tim. III, 5: habentes speciem pietatis, virtutem autem eiusabnegantes. Sed secundo modo est sensus: nam Diabolus, in cuius potestate venietAntichristus, iam incipit operari occulte iniquitatem suam, per tyrannos et seductores,quia persecutiones Ecclesiae huius temporis sunt figurae illius ultimae persecutioniscontra omnes bonos, et sunt sicut imperfectae comparando ad illam.

Tantum ut qui tenet , et cetera. Hoc exponitur multipliciter. Uno modo, secundumGlossam, et Augustinum, qui dicunt, quod quidam opinati sunt Neronem, qui primo

 persecutus est Christianos, esse Antichristum, et quod non fuerat occisus, sed subtractus,

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et quandoque restituendus. Unde apostolus hoc evacuans, dicit tantum ut qui tenet nunc,Romanum imperium, teneat, donec de medio fiat , id est, donec moriatur. Sed hoc modonon est conveniens; quia multi anni sunt, quod Nero mortuus est, illo scilicet anno quoapostolus. Sed melius est quod referatur ad Neronem, prout est persona publica Romaniimperii, donec de medio fiat , id est, tollatur Romanum imperium de hoc mundo. Is.

XXIII, v. 9: dominus exercituum cogitavit hoc, ut detraheret superbiam omnis gloriae,et ad ignominiam, et cetera. Vel aliter tantum ut qui tenet , id est, detinet modoadventum Antichristi, teneat , ne veniat; quasi sit necessarium, quod adhuc aliqui veniantad fidem, et aliqui recedant. Quasi dicat: ut discessus et accessus qui nunc tenet   donecveniat, teneat donec tollatur ille obscoenus. Vel sic: tantum qui nunc tenet  fidem, teneat ,id est, firmus sit in ea. Ap. II: tene quod habes, ut nemo accipiat coronam tuam, donecde medio fiat , id est, congregatio malorum permixta, separetur, et fiat seorsum, quod eritin persecutione Antichristi. Vel tantum, etc., id est, ut mysterium iniquitatis, id est,iniquitas mystica, quae detinet, detineat donec fiat de medio, id est, donec iniquitasreducatur in publicum: et fiat quasi aliquid existens in publico de medio. Multi enim modo

occulte peccant, sed tamen quandoque fiet in aperto: quia Deus sustinet peccatoresquamdiu sunt occulti, donec publice peccent, et tunc non sustinebit, ut patet de SodomitisGen. XIX, 24. Sed tamen Augustinus confitetur se nescire quid apostolus illis loquitur,qui iam sciebant. Unde dicit quid nunc detineat, scitis. Et praeterea hoc non erat multumnecessarium ad sciendum.

Deinde cum dicit et tunc, etc., ponitur adventus iniqui, et poena eius. Primomanifestatio; secundo eius poena. Quantum ad primum dicit ille, singulariter, iniquusrevelabitur , quia manifesta erit eius culpa, quem dominus Iesus interficiet spiritu oris sui. Is. XI:  zelus domini exercituum faciet hoc, id est, zelus iustitiae, qui est amor.Spiritus enim Christi est amor Christi, et hic zelus est spiritus sancti, quem habet ad

Ecclesiam. Vel  spiri tu oris sui, id est, mandato suo; quia Michael interfecturus est eumin monte oliveti, unde Christus ascendit; sic et Iulianus manu divina extinctus est. Et haecest poena praesens, licet futura etiam aeternaliter punietur, quia destruet illustratione,etc., id est, in adventu suo omnia illustrante. I Cor. IV, 5: illuminabit absconditatenebrarum, et cetera. Et destruet, inquam, aeterna, scilicet damnatione. Ps. XXVII, v. 5:destruet illos, et cetera. Et dicit, illustratione, quia ipse visus est Ecclesiam obtenebrare,et tenebrae expelluntur illustratione, quia quicquid Antichristus ostenderit, ostendetur fuisse mendacium.

Deinde cum dicit eum cuius est adventus, praedicit potestatem Antichristi. Et circa hocduo facit, quia primo ponit potestatem eius ad seducendum; secundo huius causam exdomini iustitia, ibi eo quod charitatem. Iterum prima in tres, quia primo ponit actoremhuius potestatis; secundo modum seducendi; tertio ostendit seducendos.

Actor huius potestatis est Diabolus, et ideo destruet eum Christus. I Io. III, 8: in hocapparuit filius Dei, ut dissolvat opera Diaboli . Et ideo dicit, quod adventus  Antichristierit  secundum operationem Satanae, id est ex instinctu eius. Ap. XX, 7:  solvetur Satanasde carcere suo, et exibit, et seducet gentes, et cetera. Operatur enim aliquid secundumoperationem Satanae, sicut arreptitius, in quo non solum instigat voluntatem, sed etiam

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impedit usum rationis: quod tamen non imputatur ad culpam eius, quia non habet usumliberi arbitrii. Antichristus autem non sic; sed habebit usum liberi arbitrii, in quo estDiabolus suggerens, sicut dicitur de Iuda Io. c. III: introivit in eum Satanas, scilicetinstigando.

Decipiet autem hoc modo: primo per potentiam saecularem; secundo per virtutem

miraculorum. Quantum ad primum dicit in omni virtute, scilicet saeculari. Dan. XI, 43:dominabitur thesaurorum auri et argenti, et in omnibus pretiosis Aegypti . Vel virtute,scilicet simulata. Quantum autem ad secundum dicit in signis, et cetera. Signa suntquaedam mira etiam parva. Prodigia vero magna, quae aliquem prodigiosum ostendunt,quasi procul a digito. Ap. XIII, 13:  fecit signa magna, ita ut et ignem faceret descenderede caelo, et cetera. Matth. XXIV, 24: dabunt signa magna et prodigia, ita ut in erroreminducantur, si fieri potest, etiam electi.

Et dicit mendacibus. Miraculum mendax dicitur, vel quia deficit a vera ratione facti, vela vera ratione miraculi, vel a debito fine miraculi. Primum fit in praestigiis, quando per Daemones illuduntur aspectus, ut aliud videatur, quam est: sicut Simon magus fecit

decollari arietem, et postea ostensus est vivus; et homo decollatus est, et postea homo,qui credebatur decollatus, ostensus est vivus, et creditus est resuscitatus. Et hoc faciunthomines commutando phantasmata et decipiendo. Secundo modo illa dicuntur miraculaimproprie, quae plena sunt admiratione, quando effectus videtur, et ignoratur causa.Quae ergo habent causam occultam alicui, et non simpliciter, dicuntur quidem mira, etnon miracula simpliciter. Sed quae simpliciter causam occultam habent, sunt propriemiracula, quorum causa est ipse Deus gloriosus, quia totum ordinem naturae creataetranscendunt. Aliquando vero fiunt aliqua mira, sed non praeter ordinem naturae, sedoccultas causas habent: et haec multo magis faciunt Daemones, qui virtutes naturaesciunt, et qui habent determinatas efficacias ad speciales effectus, et haec faciet

Antichristus; sed non quae habent veram rationem miraculi, quia non possunt in illa quaesunt supra naturam. Tertio modo dicuntur miracula, secundum quod sunt ordinata adattestandum veritati fidei, ad reducendum fideles in Deum. Mc. c. ult.: dominocooperante, et sermonem confirmante sequentibus signis. Sed si alicui adest gloriamiraculorum et non utatur eis ad hoc, miracula quidem sunt vera quo ad rationem reifactae, et quo ad rationem miraculi, sed sunt falsa quantum ad finem debitum, etintentionem Dei. Sed tamen hoc non erit in Antichristo, quia nullus contra fidem facitvera miracula, quia Deus non est testis falsitatis. Unde aliquis praedicans falsamdoctrinam non potest facere miracula, licet aliquis habens malam vitam posset.

Deinde ostendit seducendos, cum dicit his qui pereunt , id est, in praescitis ad perditionem. Io. XVII, 12: nemo ex eis periit, nisi filius perditionis. Et hoc ideo, quiaIo. X, 27: oves meae vocem meam audiunt .

LECTIO 3

10καὶ ἐν πάσῃ ἀπάτῃ ἀδικίας τοῖς ἀπολλυμένοις, ἀνθ’ ὧν τὴν ἀγάπην τῆς ἀληθείαςοὐκ ἐδέξαντο εἰς τὸ σωθῆναι αὐτούς. 11καὶ διὰ τοῦτο πέμπει αὐτοῖς ὁ θεὸς ἐνέργειαν

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πλάνης εἰς τὸ πιστεῦσαι αὐτοὺς τῷ ψεύδει, 12ἵνα κριθῶσιν πάντες οἱ μὴπιστεύσαντες τῇ ἀληθείᾳ ἀλλὰ εὐδοκήσαντες τῇ ἀδικίᾳ. 13Ἡμεῖς δὲ ὀφείλομενεὐχαριστεῖν τῷ θεῷ πάντοτε περὶ ὑμῶν, ἀδελφοὶ ἠγαπημένοι ὑπὸ κυρίου, ὅτι εἵλατο

 ὑμᾶς ὁ θεὸς ἀπαρχὴν εἰς σωτηρίαν ἐν ἁγιασμῷ πνεύματος καὶ πίστει ἀληθείας, 14εἰςὃ καὶ ἐκάλεσεν ὑμᾶς διὰ τοῦ εὐαγγελίου ἡμῶν, εἰς περιποίησιν δόξης τοῦ κυρίου

ἡμῶν Ἰησοῦ Χριστοῦ.15

ἄρα οὖν, ἀδελφοί, στήκετε, καὶ κρατεῖτε τὰς παραδόσεις ἃςἐδιδάχθητε εἴτε διὰ λόγου εἴτε δι’ ἐπιστολῆς ἡμῶν. 16αὐτὸς δὲ ὁ κύριος ἡμῶν ἸησοῦςΧριστὸς καὶ ὁ θεὸς ὁ πατὴρ ἡμῶν, ὁ ἀγαπήσας ἡμᾶς καὶ δοὺς παράκλησιν αἰωνίανκαὶ ἐλπίδα ἀγαθὴν ἐν χάριτι, παρακαλέσαι ὑμῶν τὰς καρδίας καὶ στηρίξαι ἐν παντὶἔργῳ καὶ λόγῳ ἀγαθῷ.

Postquam ostendit in quibus habet locum deceptio Antichristi, scilicet in praescitis addamnationem, hic assignat causam praedictorum. Et primo ostendit causam huius, etquomodo decipientur; secundo quomodo fideles ab eo liberentur, ibi nos autem. Item

 primo ponit eorum culpam tantum; secundo poenam cum culpa; tertio poenam tantum.Et est hic processus peccati: primo enim quis ex demerito primi peccati deseritur a gratia,et cadit in aliud peccatum, et post in aeternum punitur.

Dicit ergo, quod causa quare decipientur est quia noluerunt recipere charitatisveritatem, id est, veritatem Evangelii. Io. VIII, v. 46:  si veritatem dico, quare noncreditis mihi? Iob XXIV, 13: ipsi fuerunt rebelles lumini. Et dicit charitatem veritatis,quia nisi sit formata fides per charitatem, nihil est. I Cor. XIII, 2:  si habuero fidem, ita ut montes transferam, charitatem autem non habuero, nihil sum, et cetera. Gal. ult.: inChristo Iesu neque circumcisio, neque praeputium aliquid valet, sed nova creatura. Etsubdit utilitatem veritatis, dicens ut salvi fierent . Rom. V, 1: iustificati ex fide, pacemhabeamus ad Deum per dominum, et cetera.

Sed culpa et poena est eorum seductio; unde dicit mittet , id est, permittet illis venire,operationem erroris. Is. XIX, 14: miscuit dominus in medio eius spiritum vertiginis.III Reg. ult.: ero spiritus mendax in ore omnium prophetarum eius. Et ideo dicit ut credant mendacio, id est, falsae doctrinae Antichristi. Rom. II:  propter quod tradidit illos Deus in reprobum sensum, ut faciant ea quae non conveniunt .

Sed poena tantum est aeterna damnatio; unde subdit ut iudicentur , scilicet iudiciodamnationis. Io. V, 29: et procedent qui mala fecerunt in resurrectionem iudicii , etcetera. Omnes qui non crediderunt veritati. Io. III, 18: qui non credit, iam iudicatusest .

Deinde cum dicit nos autem, ostendit quare fideles Christi liberentur. Et primo agit

gratias pro eis; secundo commemorat divina beneficia, quibus a talibus liberantur. Dicitergo sic: illi decipientur, sed nos debemus gratias agere. Rom. I, 8:  primum quidemratias ago Deo meo semper pro vobis per dominum, et cetera. Duplex autem ponit Dei

 beneficium, scilicet electionem Dei, quae est aeterna, et vocationem, quae est temporalis,ibi in qua et vocavit vos.

Dicit ergo quod , pro quia, elegit nos, scilicet apostolos, et vos, scilicet fideles. Eph. I,4: elegit nos in ipso ante mundi constitutionem, ut essemus sancti, et cetera. Io. XV, 16:non vos me elegistis, sed ego elegi vos. Circa electionem tria tangit, scilicet ordinem

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electorum, finem electionis, et medium consequendi finem. Electi sunt omnes sancti a principio mundi. Deut. XXXIII, 3: dilexit populos, omnes sancti in manu illius sunt .Sed apostoli specialiter sunt primitiae. Rom. VIII, 23: nos ipsi primitias spiritushabentes, et cetera. Et ideo dicit  primitias fidei . Finis item electionis est salus aeterna; etideo dicit in salutem. I Tim. II, 4: omnes homines vult salvos fieri , et cetera. Hoc autem

fit, primo, ex parte Dei per gratiam sanctificantem; unde dicit in sanctificatione spiritus;secundo, ex parte nostra, est consensus liberi arbitrii per fidem; ideo subdit et in fideveritatis.

Deinde cum dicit in qua et vos vocavit , etc., ponit secundum beneficium, quod estvocatio temporalis Christi, quae sequitur electionem. Rom. VIII, 30: quos vocavit, hos et iustificavit , et cetera. Et de hac vocatione nota parabolam, Lc. XIV, 16 de eo, qui fecitcoenam magnam, et cetera. Et addit  per Evangelium nostrum, id est, a me praedicatum.Sed ad quam coenam?  In acquisitione gloriae, id est, ut acquiramus Christi gloriam.

Deinde cum dicit itaque, etc., monet tenere veritatem, et primo ponit monitionem;secundo orationem, ibi ipse autem dominus, et cetera. Et facit primum, quia opus

nostrum dependet a libero arbitrio; secundum vero, quia indiget auxilio gratiae.Et primo monet ad standum, cum dicit  state in veritate. Gal. V, 1:  state, et noliteiterum iugo servitutis contineri. Secundo docet modum standi, ibi et tenete traditiones,id est, documenta, quae a maioribus traduntur. Nam documenta quae traduntur aminoribus, quandoque non sunt servanda, quando scilicet contrariantur documentis fidei.Matth. XV, 6: irritum fecistis mandatum Dei, propter traditionem vestram. Sedservanda sunt quae ordinantur ad mandata Dei. Quas didicistis. Act. XVI, 4:  Paulusdocebat, ut tenerent traditiones et documenta quae erant decreta ab apostolis et  senioribus, qui erant Ierosolymis, et cetera. Et has traditiones dupliciter ediderunt,quasdam verbis unde dicit  per sermonem, quasdam in Scripturis ideo addit  sive per 

epistolam. Unde patet, quod multa in Ecclesia non scripta, sunt ab apostolis docta, etideo servanda. Nam multa, secundum iudicium apostolorum, melius erat ut occultarentur,ut dicit Dionysius. Unde apostolus I Cor. X dicit caetera cum venero disponam.

Deinde ponit orationem, ibi ipse autem dominus noster Iesus Christus, etc.; quasidicat: sic moneo, sed nihil valet nisi adsit divinum auxilium. Et ideo ponit primo duplexDei beneficium. Primum est amor eius ad nos, quo alia nobis impendit; ideo dicit dilexit nos. Secundum est spiritualis consolatio, ibi et dedit consolationem aeternam. II Cor. I,v. 4: qui consolatur nos in omni tribulatione nostra. Is. XL, 1: consolamini,consolamini, popule meus, dicit dominus Deus vester , et cetera. Et dicit consolationemaeternam, scilicet contra omnia mala imminentia et futura. Et ideo expectamus  spembonam, id est, bonorum aeternorum infallibilitatem. I Petr. I, 3: qui secundum magnammisericordiam suam regeneravit nos in spem vivam. Et hoc in gratia, scilicet per quamsperamus consequi vitam aeternam. Rom. VI, 23:  gratia Dei vita aeterna.

Petit autem pro eis exhortationem, quae est monitio ducens animum ad volendum. Ethanc potest facere homo exterius; sed non esset efficax, nisi esset interius spiritus Dei.Unde dicit exhortetur corda vestra, id est, instiget. Os. II, 14: ducam eam in solitudinem, et loquar ad cor eius. Item petit confirmationem, unde dicit et confirmet .

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Ps. LXVII, 29: confirma hoc, Deus, quod operatus es in nobis. Quasi dicat: exhortetur  per gratiam, ut velimus, et confirmet ut efficaciter velimus. Et hoc in omni opere bono et  sermone. Praecedit opus sermonem, quia coepit Iesus facere et docere Act. I, 1.

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CAPUT 3

LECTIO 1

1Τὸ λοιπὸν προσεύχεσθε, ἀδελφοί, περὶ ἡμῶν, ἵνα ὁ λόγος τοῦ κυρίου τρέχῃ καὶδοξάζηται καθὼς καὶ πρὸς ὑμᾶς, 2καὶ ἵνα ῥυσθῶμεν ἀπὸ τῶν ἀτόπων καὶ πονηρῶν

ἀνθρώπων: οὐ γὰρ πάντων ἡ πίστις. 3πιστὸς δέ ἐστιν ὁ κύριος, ὃς στηρίξει ὑμᾶς καὶφυλάξει ἀπὸ τοῦ πονηροῦ. 4πεποίθαμεν δὲ ἐν κυρίῳ ἐφ’ ὑμᾶς, ὅτι ἃ παραγγέλλομεν[καὶ] ποιεῖτε καὶ ποιήσετε. 5ὁ δὲ κύριος κατευθύναι ὑμῶν τὰς καρδίας εἰς τὴνἀγάπην τοῦ θεοῦ καὶ εἰς τὴν ὑπομονὴν τοῦ Χριστοῦ. 6Παραγγέλλομεν δὲ ὑμῖν,ἀδελφοί, ἐν ὀνόματι τοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ Χριστοῦ, στέλλεσθαι ὑμᾶς ἀπὸ παντὸςἀδελφοῦ ἀτάκτως περιπατοῦντος καὶ μὴ κατὰ τὴν παράδοσιν ἣν παρελάβοσαν παρ’ἡμῶν. 7αὐτοὶ γὰρ οἴδατε πῶς δεῖ μιμεῖσθαι ἡμᾶς, ὅτι οὐκ ἠτακτήσαμεν ἐν ὑμῖν 8οὐδὲδωρεὰν ἄρτον ἐφάγομεν παρά τινος, ἀλλ’ ἐν κόπῳ καὶ μόχθῳ νυκτὸς καὶ ἡμέραςἐργαζόμενοι πρὸς τὸ μὴ ἐπιβαρῆσαί τινα ὑμῶν: 9οὐχ ὅτι οὐκ ἔχομεν ἐξουσίαν, ἀλλ’ἵνα ἑαυτοὺς τύπον δῶμεν ὑμῖν εἰς τὸ μιμεῖσθαι ἡμᾶς.

Supra instruxit eos de futuris in novissimis, hic instruit eos de quibusdam, quae particulariter eis agenda erant, ubi primo ponitur instructio; secundo epistolae conclusio,ibi ipse autem Deus pacis. Item primo monet qualiter se habeant ad ipsum; secundoostendit quid de eis confidat ipse, ibi  fidelis autem Deus; tertio quomodo se habeant adalios, qui inordinate ambulant, ibi denuntiamus autem vobis. Circa primum primo ponitorationem; secundo quid in oratione est petendum, ibi ut sermo.

Dicit ergo de caetero, scilicet quia estis sufficienter instructi, orate pro nobis. Rom. XV,30: obsecro igitur vos, fratres, per dominum nostrum Iesum Christum et per charitatem spiri tus sancti, ut adiuvetis me in orationibus vestris pro me ad Deum. Et hoc est

debitum, quia curati habent curam utilitatis gregis. Hebr. XIII, 7: mementoteraepositorum vestrorum, qui vobis locuti sunt verbum Dei , et cetera.Secundo ostendit quid petendum est, ut scilicet tollantur impedimenta praedicationis; et

ideo dicit ut sermo Dei currat , quia non potest totaliter impediri, sed retardari. Ideo dicitcurrat . Col. IV, 3: orantes simul etiam pro nobis, ut dominus aperiat nobis ostium sermonis ad loquendum mysterium Christi . Item ut clarificetur , scilicet per claram etlucidam expositionem, apud rudes et sapientes,  sicut et apud vos. Rom. I, 14: sapientibus et insipientibus debitor sum. Prov. XIV, v. 6: doctrina prudentium facilis.Item per miracula, quae sunt demonstrationes fidei. Est enim omnis scientia clara per demonstrationes, et hoc est orandum. Act. IV, 29: da servis tuis cum omni fiducia loquiverbum tuum, et cetera. Item, secundo, orandum est pro praedicatoribus, ut liberentur abimportunis et malis hominibus, scilicet pseudoapostolis, qui sunt importuni indisputando, mali in seducendo. Vel a persecutoribus qui cogitaverunt iniquitatem in corde.Et ratio petitionis est, quia omnium non est fides, quia licet videantur habere eam, nontamen habent veram. Is. LIII, v. 1: domine, quis credidit auditui nostro? Rom. X, 16:non omnes obediunt Evangelio.

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Deinde cum dicit  fidelis, etc., ponit fiduciam quam habet de eis. Et primo facit hoc;secundo orat pro eis, ibi dominus autem, et cetera.

Fiducia autem pendet ex eo qui gratiam dat, et ex hominibus qui sunt liberi arbitrii, utdirigantur in gratia. Dicit, primo, ex parte Dei: confido quod orabitis, et exaudiemini, quiafidelis est dominus, qui confirmabit   in bonis quae in vobis est operatus. I Petr. ult.:

erficiet, confirmabit, consolidabitque, et cetera.  Et custodiet a malo, culpae et poenae.Si tamen in mala poenae incidant, est eis in bonum, quia diligentibus Deum omniacooperantur in bonum, ut dicitur Rom. VIII, 28. Secundo, ex parte eorum dicitconfidimus autem de vobis, fratres, scilicet ex gratia quam accepistis, sed in domino,non in virtute vestra. Hebr. VI, 9: confidimus autem de vobis, dilectissimi, meliora et viciniora salutis, et cetera. Quoniam quaecumque praecipimus, etc., id est, quoniam

 perseverabitis. Ex. XXIV, 7: omnia verba, quae locutus est dominus, faciemus.Deinde cum dicit dominus, etc., pro eis orat, dicens dominus autem dirigat , scilicet ut

 perveniatis.  Est autem hominis animam praeparare, et domini linguam gubernare, utdicitur Prov. XVI, 1. Et paulo post: cor hominis disponit viam suam, sed domini est 

dirigere gressus eius, scilicet ad destinatum bravium. Et ideo dicit dirigat corda nostra,non solum exteriora opera; et hoc in charitate Dei. Duo autem sunt, per quae in viasalutis incedimus, scilicet bona quae facimus, et mala quae sustinemus. Sed opera nonsunt bona, nisi directa in finem charitatis. I Tim. c. I, 5:  finis praecepti est charitas, etcetera. Item nec patientia, nisi per Christum. Lc. XXI, 19: in patientia vestraossidebitis animas vestras. Matth. V, 11: beati eritis, cum maledixerint vobis

homines. Et ideo dicit et patientia Christi, id est, tolerantia malorum propter Christum,vel ad exemplum eius. I Petr. II, 21: Christus passus est pro nobis, vobis relinquensexemplum, et cetera.

Deinde cum dicit denuntiamus, etc., ostendit quomodo se habeant ad homines

inordinatos. Et primo proponit edictum; secundo exponit, ibi ipsi enim, etc.; tertioostendit necessitatem edicti proponendi, ibi audivimus.

Dicit ergo: sic vos vivitis, et sic confido; sed quia sunt quidam mali inter vos,denuntiamus, etc., scilicet perfectis, in nomine, et cetera. Hoc enim ad praelatum

 pertinet. Is. LVIII, 1: annuntia populo meo scelera eorum, et domui Iacob peccataeorum, et cetera. Ez. III, 18:  sanguinem illius de manu tua requiram. Et sequitur edictum, dicens ut subtrahatis, et cetera. Ex hoc introductum est in Ecclesia, quod malivitentur, et hoc ne infirmiores ex eorum consortio maculentur. Eccli. XIII, 1: qui tetigerit icem inquinabitur ab ea. I Cor. c. V, 6: modicum fermentum totam massam corrumpit .

Item ad sanationem peccantis, ut confusio cedat ei in salutem. Eccli. IV, 25: est confusioadducens peccatum, et est confusio adducens gloriam. Nec hoc debet fieri passim, sedcum deliberatione et maturitate. I Cor. V, 4: congregatis vobis et meo spiritu cum virtutedomini Iesu tradere huiusmodi hominem Satanae in interitum, et cetera. Et sic hicdicitur ut subtrahatis, et cetera. Nec debet fieri excommunicatio, nisi pro aliquo peccato,quia hic dicitur inordinate, et cetera. Et hoc est quando aliquid est secundum se malum,et contra ordinem iuris naturalis, ut Glossa exponit. I Cor. XIV, 40: ut omnia honeste et  secundum ordinem fiant in vobis. Rom. XIII, 1: omnia quae sunt, a Deo ordinata sunt .

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Vel quia est prohibitum, et contra doctrinam Ecclesiae. Unde dicit et non secundumtraditionem, et cetera. Supra secundo huius: tenete traditiones quas didicistis sive per  sermonem, sive per epistolam nostram.

Deinde cum dicit ipsi enim, etc., exponit quantum ad ultimum quod dixerat, scilicet secundum traditiones, ostendens quae sit traditio haec, et quomodo acceperunt ab ipso.

Est autem haec traditio ut non essent otiosi, vel curiosi. Et primo ostendit quomodoacceperunt exemplo; secundo quomodo verbo. Item primo ostendit quod vitavitinquietudinem; secundo quomodo; tertio assignat causam.

Dicit ergo traditionem quam acceperunt, scitis, etc., quia praelati sunt imitandi non inomnibus, sed in his, quae sunt secundum regulam Christi. I Cor. IV, 16 et c. XI, 1:imitatores mei estote, sicut et ego Christi. Et in quo? Quoniam non inquieti fuimusinter vos. Erant enim Thessalonicenses valde liberales. I Thess. IV, 9: de charitateraternitatis non necesse habemus scribere vobis, ipsi enim didicistis, et cetera. Et hac

ratione pauperes otiose vivebant, et ex otio dabant se operibus indebitis, nec pertinentibusad eos. Et hoc erat inquietudo. Et ideo dicit quoniam non inquieti, et cetera. I Thess. IV,

v. 11: operam detis, ut quieti sitis, et cetera.Item neque gratis panem manducavimus, etc., quia operibus manuum operabatur. Act.XX, 34 dicitur: ipsi scitis quoniam ad ea quae mihi opus erant, et his qui mecum sunt,ministraverunt manus istae. Et Prov. ult.:  panem otiosa non comedit . Num. XVI, 15: tu scis, quia nec asellum quidem unquam acceperim ab eis, et cetera. Sed in labore et atigatione. Non parum, sed nocte et die, id est, continue, quia aliquando oportebat eum

 praedicare et docere, et residuum ponebat in labore, ne quem vestrum gravaremus. IICor. XII, 13: quid est quod prae caeteris minus habuistis, nisi quod non gravavi vos?

Deinde cum dicit non quasi, etc., assignat causam sui operis manualis. Ubi excludit primo causam falsam, secundo ponit veram. Falsa quidem causa esset si quis diceret

quod ei non liceret accipere ab eis sumptus. Et ideo dicit non quasi non habuerimus,immo habuimus potestatem vivendi de sumptibus fidelium. I Cor. IX, 13: qui altarideserviunt, cum altari participant . Matth. X, v. 10: dignus est operarius cibo suo. ICor. c. IX, 14:  sic et dominus ordinavi t his qui Evangelium annuntiant, de Evangeliovivere. Et sic ex Evangelio sunt duo genera hominum potestatem habentium vivere exaliorum sumptibus, qui scilicet altari deserviunt, et praedicatores.

Deinde cum dicit  sed ut vos, etc., ponit veram causam. Nam duplicem causaminvenimus, quare apostolus manibus laboravit: una apud Corinthios; alia hic. Illi enimerant avari, et graviter tulissent, sicut ibi dicitur. Causa autem quare laboravit hic fuithorum otium. Et ideo dicit ut nos formam daremus, etc., scilicet laborandi. I Tim. IV, 12:exemplum esto fidelium in verbo, in conversatione, in charitate, in fide, in castitate. IPetr. V, 3:  forma facti gregis. Alia causa ponitur in Glossa, I Cor. IV, scilicet quando noninvenimus qui det nobis, et tunc laborabat. Quarta causa erat, ut sicut monachi Aegyptinon essent otiosi. Eccli. XXXIII, 29: multam malitiam docuit otiositas. Unde qui nonhabent exercitium officii, vel studii, vel lectionis, periculose vivunt otiosi.

LECTIO 2

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10καὶ γὰρ ὅτε ἦμεν πρὸς ὑμᾶς, τοῦτο παρηγγέλλομεν ὑμῖν, ὅτι εἴ τις οὐ θέλειἐργάζεσθαι μηδὲ ἐσθιέτω. 11ἀκούομεν γάρ τινας περιπατοῦντας ἐν ὑμῖν ἀτάκτως,μηδὲν ἐργαζομένους ἀλλὰ περιεργαζομένους: 12τοῖς δὲ τοιούτοις παραγγέλλομεν καὶπαρακαλοῦμεν ἐν κυρίῳ Ἰησοῦ Χριστῷ ἵνα μετὰ ἡσυχίας ἐργαζόμενοι τὸν ἑαυτῶνἄρτον ἐσθίωσιν. 13 ὑμεῖς δέ, ἀδελφοί, μὴ ἐγκακήσητε καλοποιοῦντες. 14εἰ δέ τις οὐχ 

 ὑπακούει τῷ λόγῳ ἡμῶν διὰ τῆς ἐπιστολῆς, τοῦτον σημειοῦσθε, μὴσυναναμίγνυσθαι αὐτῷ, ἵνα ἐντραπῇ: 15καὶ μὴ ὡς ἐχθρὸν ἡγεῖσθε, ἀλλὰ νουθετεῖτεὡς ἀδελφόν. 16αὐτὸς δὲ ὁ κύριος τῆς εἰρήνης δῴη ὑμῖν τὴν εἰρήνην διὰ παντὸς ἐνπαντὶ τρόπῳ. ὁ κύριος μετὰ πάντων ὑμῶν. 17Ὁ ἀσπασμὸς τῇ ἐμῇ χειρὶ Παύλου, ὅἐστιν σημεῖον ἐν πάσῃ ἐπιστολῇ: οὕτως γράφω. 18ἡ χάρις τοῦ κυρίου ἡμῶν ἸησοῦΧριστοῦ μετὰ πάντων ὑμῶν.

Supra ostendit apostolus quid eis suo exemplo tradidit, ut scilicet non essent inquieti,sed ut operarentur, hic ostendit quomodo hoc praesens verbis et factis tradidit. Unde dicitcum essemus, quasi dicat: ut formam daremus vobis, fecimus quod docuimus, quia hocdenuntiabamus, quoniam, et cetera. Haec verba, sicut dicit Glossa et Augustinus in librode operibus monachorum, quidam pervertebant quod non sit licitum servis Dei manibusoperari, propter hoc quod dicitur Matth. VI, 34: nolite solliciti esse, et cetera. Namdicunt hanc operationem pertinere ad sollicitudinem victus. Et propter hoc istudreferebant ad spiritualia opera; quasi dicat: si quis non vult facere opera meritoria etspiritualia, non est dignus manducare. Sed hoc est contra intentionem apostoli, qui dicitdenuntiabamus nos sic fecisse, scilicet in labore et fatigatione.

Sed quid est quoniam si quis non vult , et cetera? Estne hoc consilium vel praeceptum?Et videtur esse praeceptum, quia infra dicitur:  si quis non obedieri t verbo nostro, etcetera. Ergo omnes tenentur manibus operari. Qui igitur non operatur manibus, sed stat

otiosus, peccat mortaliter. Respondeo. Dicendum est quod est praeceptum, sed aliquid praecipitur dupliciter: simpliciter, vel sub conditione. Simpliciter praecipitur quod per seest necessarium ad salutem: et haec sunt opera virtutum. Sub conditione vero, ut quandotalis est casus, quod sine opere manuali praeceptum servari non potest. Praecipitur autemhomini quod corpus suum sustentet, alias enim est homicida sui ipsius. Gen. II, 16: deomni ligno Paradisi comede, et cetera. Ex praecepto ergo tenetur homo corpus suumnutrire, et similiter ad omnia, sine quibus corpus non potest vivere, tenemur. Undequicumque non habet alias, unde corpus sustentet licite, vel possessione, vel licitonegotio, tenetur laborare, ne furetur. Eph. IV, 28: qui furabatur, iam non furetur, magisautem laboret operando manibus suis, et cetera. Est ergo praeceptum, quando aliter non

 potest licite vivere. Unde dicit  si quis non vult operari, nec manducet . Est ergo alterumduorum necessarium, ut homo possit manducare, scilicet vel quod habeat possessionem,vel quod licite procuret. Ps. CXXVII, 2: labores manuum tuarum quia manducabis, etcetera. I Thess. IV, 11: operamini manibus vestris, sicut praecepimus vobis, et cetera.

Deinde cum dicit audivimus, etc., ponit necessitatem huius praecepti, quia apostolusdicit hoc non tam ex officio docentis, quam propter vitium gentis. Ideo primo ponitculpam quae inducit necessitatem praecepti; secundo adhibet remedium, ibi his autemqui, et cetera.

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Dicit ergo audivimus, etc.; quasi dicat: ideo non occulto hoc praeceptum, quiaaudivimus quosdam, et cetera. Anima enim hominis semper oportet quod circa aliquidoccupetur, et ideo necesse est quod otiosi inquietudinem patiantur circa illicita. I Thess. c.IV, 11: operam detis ut quieti sitis, et cetera. Et addit  sed curiose agentes, scilicet denegotiis aliorum. Prov. XXI, 25: desideria occidunt pigrum.

Deinde adhibet remedium, cum dicit his autem qui, et cetera. Et primo ex parte peccantium, secundo ex parte aliorum, ibi vos autem, et cetera.Dicit ergo his qui sunt eiusmodi denuntiamus  severe, ut praelatus, et obsecramus

charitative, ut pater eorum, ut panem suum, non alienum sed debitum sibi, scilicet liciteacquisitum, cum silentio, id est, sine inquietudine, non discurrendo, manducet . Is. XXX:cultus iustitiae, silentium. Ez. multam malitiam docuit otiositas.

Deinde cum dicit vos autem, etc. ex parte aliorum non peccantium duplex adhibetremedium. Primo scilicet quod non cessent benefaciendo, secundo quod illos corripiant,ibi quod si quis, et cetera.

Dicit ergo vos autem, etc., quasi dicat: nolite deficere benefaciendo, licet otiosi

abutantur. Gal. V: bonum facientes, non deficiamus, et cetera. Et hoc necessarium est,etiam si operentur manibus, et non deesset illis aliquid, quia necessaria est aliis subventio.Deinde cum dicit quod si quis, etc., innuit quod corrigantur, et primo ostendit quo

ordine puniantur; secundo ostendit effectum poenae, ibi ut confundantur ; tertio finem, ibiet nolite, et cetera.

In ordine vero, primo, ponit culpam, secundo eius manifestationem, tertio eius punitionem. Culpa est inobedientia; et ideo dicit quod si quis non obedierit . I Reg. XV,23: quasi peccatum ariolandi est repugnare, et quasi scelus idololatriae nolleacquiescere. Manifestatio et convictio ponitur, cum dicit hunc per epistolam notate, idest, manifestate, sed per veritatis inquisitionem. Iob c. XXIX, 16: causam quam

nesciebam, diligentissime investigabam. Poena eorum est sententia excommunicationis;unde dicit et non commisceamini cum illo, et cetera. I Cor. V, 11: cum huiusmodi neccibum sumere. II Io. V, 10: nolite recipere eum in domum, nec ave ei dixeritis. Hic notaquod excommunicatio infligitur pro inobedientia; debet tamen esse convictus. Unde dicit si quis non obedierit, per epistolam vestram, hunc notate, id est, significate nobis, ut puniatur: et tamen vos interim ne commisceamini cum illo.

Sed effectus poenae est, ut confundatur , et ex hoc resipiscat. Eccli. IV, 25: est confusioadducens peccatum, et est confusio adducens gloriam.

Finis autem et intentio debet esse eius correctio, quam intendit charitas; unde dicit et nolite invicem existimare, quia non debet fieri ex livore odii, sed ex studio charitatis;quasi dicat: quod ipsum vitatis, non fiat ex odio inimicitiae. Matth. V, 44: diligiteinimicos vestros, benefacite his qui oderunt vos. Et ideo dicit  sed corripite ut fratrem.In quo ostenditur charitas. Ps. CXXXII, v. 1: ecce quam bonum, et quam iucundumhabitare fratres in unum, et cetera.

Deinde cum dicit ipse autem, etc., concludit epistolam. Et primo ponitur conclusio;secundo salutatio, quae est quasi epistolae sigillum, ibi  salutatio, et cetera. Iterum primain duas, quia eis primo optat dona Dei, secundo ipsum Deum, ibi dominus sit , et cetera.

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Quantum ad primum dicit ipse, et cetera. Deus dicitur esse pacis quantum ad duo. Paxenim consistit in duobus, ut scilicet homo concordet ad seipsum, et ad alios. Et neutrum

 potest haberi sufficienter nisi in Deo: quia sibi non concordat sufficienter nisi in Deo etminus aliis quia tunc affectus hominis concordat in seipso quando quod appetitur secundum unum, sufficit quantum ad omnes, quod nihil potest esse praeter Deum. Ps.

CII, 5: qui replet in bonis desiderium tuum. Quaecumque enim alia, praeter Deum, nonsufficiunt ad omnes, sed Deus sufficit. Io. XVI, 33: in me pacem habebitis, et cetera.Item homines non uniuntur inter se, nisi in eo quod est commune inter eos, et hoc estmaxime Deus. Et ideo dicit  Deus pacis det , non pacem temporalem, sed  sempiternam, idest, spiritualem, quae hic incipit, et ibi perficitur. Ps. CXLVII, 3: qui posuit fines tuosacem, et cetera. Et hoc in omni loco, et in toto mundo apud fideles.Quantum ad secundum dicit dominus sit cum omnibus vobis, quia nihil aliud bene

habetur, nisi ipse habeatur per fidem et charitatem.Salutatio mea, hoc dicit propter infideles pervertentes epistolas eius. Gal. ult.: videte

qualibus litteris scripsi vobis manu mea, et cetera. Quod est signum, et cetera. Gratia,

id est, gratuitum donum Dei, quod gratos vos reddit Deo, et cetera. Io. I, 17:  gratia et veritas per Iesum Christum facta est .

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BIBLIOGRAFIA CITADA

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GALLUS MANSER,  La esencia del tomismo, Madri, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, InstitutoLuis Vives de Filosofia, 1953.

JACOPO DE VARAZZE,  Legenda Áurea, trad. Hilário Franco Júnior, São Paulo, Companhia das Letras, 2003.

JOSÉ MIGUEL GAMBRA,  La analogía en general: síntesis tomista de Santiago M. Ramírez, Pamplona, EUNSA,2002.

MARTIN GRABMANN,  Die geschichte der scolastischen methode, 2 vol., Freiburg i.B., 1909-1911.

PADRE LEONEL FRANCA, O problema de Deus, 2ª. ed., Rio de Janeiro, Agir, 1955.

PADRE PENIDO,  A Função da Analogia em Teologia Dogmática, Petrópolis, Vozes, 1946.

PAPA BENTO XVI, Caritas in Veritate, 2009.

PAPA LEÃO I MAGNO, Sermones (PL 54).

PAPA LEÃO XIII

 Aeterni Patris, 1879.

 Rerum Novarum, 1891.

PAPA PIO XII  , Acta Apostolicæ Sedis 50, 1958.

PEDRO LOMBARDO, Sententiae in IV libris distinctae. Collegii S. Bonaventurae ad Claras Aquas, Grottaferrata,1971-1981.

PIERRE MANDONNET

 Dante le théologien. Introduction à l’intelligence de la vie, des ouevres et de l’art de Dante Alighieri, Paris, Desclée de Brouwer, 1935.

 Des écrits authentiques de Saint Thomas d’Aquin, 2ª ed., Fribourg, L’Oeuvre de Saint-Paul, 1910.

Siger de Brabant et l’averroïsme latin au XIIIe Siècle, Louvain, Institut supérieur de philosophie de l’Université,1908-1911.

PSEUDO-DIONÍSIO AREOPAGITA,  De Coelesti Hiearchia, in Corpus Dionysiacum I, ed. Beate Regina Suchla.Berlin, Walter de Gruyter, 1990.

RICARDO CLAREY; GUSTAVO NIETO; MARCELO LATTANZIO, Santo Tomás: Comentário de la Carta a los Filipenses, ed. bilingüe, Mendoza, Ediciones del Verbo Encarnado, 2008.

SANTO AGOSTINHO

 A Cidade de Deus, Petrópolis, Vozes, 1991.

 De Catechizandis Rudibus (PL 40, 309-348).

 Escritos antidonatistas, in: Obras completas de san Agustín, ed. bilíngüe, trad. Santos Santamarta, Madrid,B.A.C., 1994, vol. XXXIV.

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 Escritos morales, in: Obras completas de san Agustín, ed. bilíngüe, ed. de Félix García, Lope Cilleruelo, RamiroFlórez, Madrid, B.A.C., 1956, vol. XII.

SANTIAGO RAMÍREZ,  De analogia secundum doctrinam aristotelico-thomisticam, Madrid, Ciencia Tomista,1921-1922.

SÃO GREGÓRIO MAGNO

 De Expositione Veteris Ac Novi Testamenti (PL 79, 683-1136D).

oralia (PL 75, 509 e ss.).

SÃO JERÔNIMO

Commentaria in Epistolam ad Galatas (PL 26, 307-438).

 Epistolae (PL 22, 325-1182).

VÁRIOS AUTORES

 Dictionnaire de Théologie Catholique, 15 vol., Paris, Librairie Letouzey et Ané, 1902-1972.

Vitae Patrum (PL 73-74).

WALFRIDO ESTRABÃO (ANSELMO DE LAON), Glossa Ordinaria (PL 113-114).

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S. THOMAE DE AQUINO OPERA OMNIA

I) OBRAS MAIORES

Scriptum super SententiisSumma contra GentilesSumma Theologiae

II) QUAESTIONES

a) Quaestiones disputatae

 De malo De potentia De spiritualibus creaturis De veritate De virtutibusQ. de anima

 b) Quaestiones de quolibet

III) OPÚSCULOS

a) Opúsculos filosóficos

 De aeternitate mundi De ente et essentia

 De principiis naturae De substantiis separatis De unitate intellectus

 b) Opúsculos teológicos

 De articulis Fidei De rationibus Fidei Principium Rigans montesSuper DecretalesCompendium theologiae

c) Opúsculos de combate a favor dos mendicantes

Contra impugnantes

Contra retrahentes De perfectione

d) Censuras

Contra errores Graecorum De forma absolutionis

e) Rescripta

 Ad Bernardum Ad ducissam Brabantiae

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 De emptione De iudiciis astrorum De mixtione elementorum De motu cordis De operationibus occultis De regno De sortibus

 ResponsionesIV) COMENTÁRIOS

a) A Aristóteles

 Expositio libri Peryermeneias Expositio libri Posteriorum Analyticorum In libros De caelo et mundo In libros De generatione et corruptione In libros PhysicorumSentencia libri De animaSentencia libri De sensu et sensatoSententia libri EthicorumSententia libri Metaphysicae

Sentencia super MeteoraTabula EthicorumSententia libri Politicorum

 b) Aos neoplatônicos

Super De divinis nominibusSuper librum De causis

c) A Boécio

 Expositio libri De ebdomadibusSuper De Trinitate

V) COMENTÁRIOS BÍBLICOS

a) Ao Antigo TestamentoSuper IobSuper Psalmos

 b) Commentaria cursoria

Super Isaiam In Jeremiam

c) Ao Novo Testamento

Super IoannemSuper Matthaeum

d) Catena aurea

Catena in MatthaeumCatena in MarcumCatena in LucamCatena in Ioannem

e) Às Cartas de S. Paulo

Super RomanosSuper I ad CorinthiosSuper II ad CorinthiosSuper Galatas

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Super EphesiosSuper PhilipensesSuper ColossensesSuper I ThessalonicensesSuper II ThessalonicensesSuper I TimotheumSuper II Timotheum

Super TitumSuper PhilemonemSuper Epistolam ad Hebraeos

VI) CONFERÊNCIAS E SERMÕES

a) Conferências

 In Symbolum Apostolorum Expositio Salutationis angelicae De decem praeceptis In orationem dominicam

 b) Sermões

 Attendite a f alsis

 Emitte spiritum Inueni David Osanna Filio David Seraphim stabant  Ecce Rex tuus venit  Exiit qui seminat  Homo quidem f ecit cenam Lauda et letare Puer JesusVeniet desideratos

VII) DOCUMENTOS

a) Acta

 b) Obras coletivas

 De secretoOrdinationes pro promotione studii

c) Reportationes Alberti Magni Super Dionysium

 De ecclesiastica hierarchia ystica teologia

 Epistulae

d) De divinis nominibus

VIII) OBRAS DE PROVÁVEL AUTENTICIDADE

a) Lectura Romana in primum Sententiarum Petri Lombardi

 Index quaestionum Lectura Romana

 b) Quaestiones

 De libro vitae

c) Obras litúrgicas

Officium Corporis ChristiOfficium «Sacerdos» et Missa «Cibavit» Insertum in Missa «Cibavit»

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d) Sermões

 Abjiciamus opera Beata gens Beati qui habitant  Beatus vir Coelum et terra Ecce ego

Germinet terra Homo quidam erat dives Lux orta Principium biblicum: Hic est liber 

e) Preces

 Adoro te deuote

IX) OBRAS DE AUTENTICIDADE DÚBIA

a) Quaestiones

 De immortalitate animae De cognitione animae

 b) Opúsculos f ilosóficos De fallaciis De propositionibusmodalibus

c) Rescripta

Consilium de usura De sortibus [Recensio brevior]

d) Obras litúrgicas

Officium Corporis Christi «Sapientia» et Missa «Ego sum panis»

e) Sermões

 Anima mea

 Petite et accipietisSapientia confortabit Tria retinent 

f) Preces

Concede michi

g) Obras coletivas

 Acta Capitulorum Provincialium Provinciae Romanae

h) Reportationes

 Alberti Magni Super Ethica commentum et quaestiones

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Index

Folha de Rosto 2Créditos 3

Coleção Escolástica 5Agradecimentos aos colaboradores 7Sumário 16Apresentação 19

O vetor teológico do comentário: mérito, graça e profecia 21

1.1 O mérito e os direitos da amizade (iure amicabili) 21

1.2 Preeminência da graça, começo da glória 22

1.3 Profecia: teologia de fundo metafísico 23Conclusão: teologia para um mundo caótico 25

 Notas prévias do tradutor 29Comentário à 1ª Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses 31

Prefácio 32

Capítulo I 33

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 1, 1-10 33

Capítulo II 38

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 2, 1-12 38Segunda Leitura – I Tessalonicenses 2, 13-20 41

Capítulo III 45

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 3, 1-13 45

Capítulo IV 49

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 4, 1-11 49

Segunda Leitura – I Tessalonicenses 4, 12-17 52

Capítulo V 57

Primeira Leitura – I Tessalonicenses 5, 1-13 57Segunda Leitura – I Tessalonicenses 5, 14-28 61

Super I Epistolam B. Pauli ad Thessalonicenses lectura 68Caput 1 69

Lectio 1 69

Caput 2 74

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Lectio 1 74

Lectio 2 77

Caput 3 80

Lectio 1 80

Caput 4 83

Lectio1 83

Lectio 2 86

Caput 5 90

Lectio 1 90

Lectio 2 93

Comentário à 2ª Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses 99Prefácio 100

Capítulo I 101

Primeira Leitura – II Tessalonicenses 1, 1-5 101

Segunda Leitura – II Tessalonicenses 1, 6-12 102

Capítulo II 107

Primeira Leitura – II Tessalonicenses 2, 1-5 107

Segunda Leitura – II Tessalonicenses 2, 6-10 110

Terceira Leitura – II Tessalonicenses 2, 10-16 113

Capítulo III 117

Primeira Leitura – II Tessalonicenses 3, 1-9 117

Segunda Leitura – II Tessalonicenses 3, 10-18 120

Super II Epistolam B. Pauli ad Thessalonicenses lectura 126Caput 1 127

Lectio 1 127

Lectio 2 128

Caput 2 132

Lectio 1 132

Lectio 2 135

Lectio 3 137

Caput 3 141

Lectio 1 141

Lectio 2 143

Bibliografia citada 147S. Thomae de Aquino Opera Omnia 149

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