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    Curso: Comrcio Internacional p/ RFB - 2014 (com videoaulas)

    Professor: Ricardo Vale

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  • Comrcio Internacional p/ AFRFB 2013/2014 Teoria e Questes

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    AULA 00: POLTICAS COMERCIAIS

    SUMRIO PGINA

    1-Palavras Iniciais 1 - 4 2-Breves Consideraes sobre as Teorias do Comrcio Internacional

    5 23 3-Polticas Comerciais 24 - 50 4- Modelos de Industrializao 51 - 63 5- Barreiras Tarifrias x Barreiras no-tarifrias 63 - 71 6- Questes Comentadas 71 - 84 5-Resumo O que vai cair na prova? 85 - 86 6- Lista de Questes e Gabarito 87 - 104

    Ol, amigos (as), tudo bem?

    com enorme alegria que comeamos, no dia de hoje, a edio 2013/2014 do nosso &XUVRGH Comrcio Internacional, voltado para os concursos da Receita Federal do Brasil (RFB). No d pra desanimar! No d pra fugir! H uma grande expectativa de que, nos prximos anos, tenhamos novos concursos para a RFB.

    Esse curso tem uma particularidade bastante relevante se comparado aos nossos cursos anteriores: nele, voc ter acesso a videoaulas gratuitas de todo o contedo de Comrcio Internacional. um material complementar, que ser til aos alunos que gostam dessa metodologia de ensino.

    Antes de mais nada, deixem que eu me apresente!

    Bem, minha misso ajud-los nesse caminho rumo aprovao. Para aqueles que ainda no me conhecem, meu nome Ricardo Vale e sou professor de Comrcio Internacional e Direito Internacional Pblico em cursos preparatrios presenciais e on-line. Alm disso, sou autor do livro Comrcio Internacional - Questes Comentadas SXEOLFDGR SHOD (GLWRUDMtodo. Atualmente, sou Analista de Comrcio Exterior, do MDIC, concurso em que fui aprovado em 2008.

    Como sempre gosto de enfatizar aos meus alunos, a disciplina de Comrcio Internacional fundamental para seus estudos, mas muita gente acaba deixando para estud-la depois que sai o edital. Esse um erro muito grande! So vrios os motivos da importncia dessa disciplina. Em primeiro lugar, est diretamente relacionada ao dia-a-dia do Auditor- Fiscal da RFB que exerce suas atribuies na Aduana. Em segundo lugar, porque o edital dessa disciplina gigante e a ESAF no pega leve (muita gente acaba no

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    conseguindo o mnimo). E, por fim, o que considero mais importante: com a cobrana de provas discursivas a partir de 2009, saber Comrcio Internacional tornou-se um grande diferencial. Na prova de Auditor-Fiscal RFB 2009 D (6$) OLWHUDOPHQWH GHVWUXLX LQ~PHURV DOXQRV QHVVa disciplina (perguntem a quem fez a prova!). Em 2012, por sua vez, tivemos uma questo dificlima de Legislao Aduaneira, matria intimamente relacionada ao Comrcio Internacional.

    Como sempre gosto de dizer, estudar a matria para saber marcar ; HP Xma prova objetiva, algo simples! Saber a matria para resolver uma prova discursiva, algo bem diferente! Portanto, meu amigo, vamos estudar com tudo R&RPpUFLR,QWHUQDFLRQDO

    Ao longo do curso, resolveremos inmeras questes de concursos anteriores, inclusive das provas mais recentes da ESAF que cobraram essa disciplina: AFRFB 2012 e MDIC 2012. Alm de utilizarmos inmeras questes da ESAF, trabalharemos tambm com centenas de questes inditas. Ressalto que essa estratgia se mostrou bastante efetiva por ocasio do concurso do MDIC 2012 e AFRFB 2012, ocasies em que tivemos a grata satisfao de ter abordado em nossos cursos 100% das questes cobradas em prova.

    Sobre as questes de nosso curso, gostaria de dizer que seguiremos a seguinte metodologia:

    1) Logo aps expor cada assunto, apresentarei algumas questes a HOHUHODFLRQDGDVSDUDTXHYRFrVDVMXOJXHPHP&HUWRRX(UUDGR2REMHWLYR valorizar cada enunciado.

    2) Ao final da aula, trarei novas questes, as quais estaro, por sua vez, no estilo ESAF.

    No vou mentir, meus amigos, o nosso curso ser bem grande! No fiquem com preguia! Vamos nos preparar o melhor possvel para enfrentar a ESAF! Para isso, seguiremos a filosofia do pensador Sun Tzu:

    6HYRFrFRQKHFHR LQLPLJRHFRQKHFHDVLPHVPR, no precisa temer o resultado de cem batalhas. Se voc se conhece, mas no conhece o inimigo, para cada vitria ganha sofrer tambm uma derrota. Se voc no conhece nem o inimigo nem a si PHVPRSHUGHUiWRGDVDVEDWDOKDV

    O contedo de Comrcio Internacional muito dinmico e se desatualiza rapidamente. Por isso, tenha cuidado ao utilizar materiais de anos anteriores. claro que a essncia continua sendo a mesma, mas vrios detalhes vo sendo modificados... Esse justamente um diferencial do nosso curso. Ao adquiri-lo, voc ter a garantia de que as informaes esto

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    atualizadas. Alm disso, o curso foi adequado exatamente ao edital de Auditor Fiscal da RFB.

    Amigos, minha misso auxili-los a gabaritar a prova de Comrcio Internacional. Posso garantir-lhes: farei de tudo para cumpri-la! Posso contar com sua ajuda e esforo nessa caminhada? - Ento, vamos em frente!

    Para cumprir nosso objetivo, seguiremos o seguinte cronograma:

    Aula 00 - 1. Polticas comerciais. Protecionismo e livre cambismo. Polticas comerciais estratgicas. 1.1. Comrcio internacional e desenvolvimento econmico. 1.2. Barreiras tarifrias. 1.2.1 Modalidades de Tarifas. 1.3. Formas de protecionismo no tarifrio. (20/11/2013) Aula 01 - 2. A Organizao Mundial do Comrcio (OMC): textos legais, estrutura, funcionamento. 2.1. O Acordo Geral Sobre Tarifas e Comrcio (GATT-1994); princpios bsicos e objetivos. 2.2. O Acordo Geral sobre o Comrcio de Servios (GATS). Princpios bsicos, objetivos e alcance. (30/11/2013) Aula 02 - 3. Sistemas preferenciais. 3.1. O Sistema Geral de Preferncias (SGP). 3.2. O Sistema Global de Preferncias Comerciais (SGPC). (09/12/2013) Aula 03 - 4. Integrao comercial: zona de preferncias tarifrias; rea de livre comrcio; unio aduaneira. 4.1 Acordos regionais de comrcio e a Organizao Mundial de Comrcio (OMC): o Artigo 24 do GATT; a Clusula de Habilitao. 4.2. Integrao comercial nas Amricas: ALALC, ALADI, MERCOSUL, Comunidade Andina de Naes; o Acordo de Livre Comrcio da Amrica do Norte; CARICOM. (19/12/2013) Aula 04 - 5. MERCOSUL. Objetivos e estgio atual de integrao. 5.1. Estrutura institucional e sistema decisrio. 5.2. Tarifa externa comum: aplicao; principais excees. 5.3. Regras de origem. (29/12/2013) Aula 05 - 6. Prticas desleais de comrcio. 6.1. Defesa comercial. Medidas Antidumping, medidas compensatrias e salvaguardas comerciais. (07/01/2014) Aula 06 - 7. Sistema administrativo e instituies intervenientes no comrcio exterior no Brasil. 7.1. A Cmara de Comrcio Exterior (CAMEX). 7.2. Receita Federal do Brasil. 7.3 Secretaria de Comrcio Exterior (SECEX). 7.4. O Sistema Integrado de Comrcio Exterior

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    (SISCOMEX). 7.5. Banco Central do Brasil (BACEN). 7.6. Ministrio das Relaes Exteriores (MRE). (17/01/2014) Aula 07 - 9. Contratos de Comrcio Internacional. 9.1. A Conveno das Naes Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias. 12. Termos Internacionais de Comrcio (INCOTERMS 2010). (27/01/2014) Aula 08 - 8. Classificao aduaneira. 8.1. Sistema Harmonizado de Designao e de Codificao de Mercadorias (SH). 8.2. Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM). (05/02/2014) Aula 09 - 13. Regimes aduaneiros. (Parte 01) (15/02/2014) Aula 10- 13. Regimes aduaneiros. (Parte 02). 10. Exportaes. 10.1 Incentivos fiscais s exportaes. 11. Importaes. 11.1. Contribuio de Interveno no Domnio Econmico. Combustveis: fato gerador, incidncia e base de clculo. (25/02/2014) Aula 11- Simulado Final (05/03/2014)

    Todos preparados? Ento vamos nossa aula!

    Um abrao,

    Ricardo Vale

    2VHJUHGRGRVXFHVVRpDFRQVWkQFLDQRREMHWLYR Observao importante: este curso protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias. Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos ;-)

    Orientao sobre as Videoaulas: Como material complementar aula de hoje, h 10 videoaulas, de aproximadamente 30 minutos cada uma, disponveis na rea do aluno.

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    1- BREVES CONSIDERAES SOBRE AS TEORIAS DO COMRCIO INTERNACIONAL:

    1.1- Introduo:

    O comrcio internacional compreende toda a circulao de bens e servios entre as fronteiras dos pases, abrangendo as operaes de compra e venda, aluguel, leasing, doao, financiamento e consignao, dentre outras. Em suma, no importa a natureza da operao realizada; se ela envolver circulao de mercadorias e servios entre pases, poderemos consider-la dentro do escopo do comrcio internacional.

    Dessa forma, d-se o nome de comrcio internacional ao conjunto global de relaes comerciais estabelecidas pelos pases entre si, por meio das quais estes buscam satisfazer suas necessidades. Mas, afinal, qual o fundamento da existncia do comrcio internacional? O que motiva os pases a realizarem as trocas internacionais?

    As teorias do comrcio internacional buscam explicar o fundamento das trocas internacionais, determinando o porqu de os pases comercializarem bens e servios entre si. Ao mesmo tempo em que fundamentam a origem do comrcio internacional, elas tambm explicam as vantagens do livre comrcio e seus efeitos econmicos.

    Segundo Paul Krugman1, os pases participam do comrcio internacional por dois motivos bsicos. Em primeiro lugar, em razo dos benefcios decorrentes das diferenas entre eles, o que lhes permite se especializarem na produo daquilo que fazem melhor em relao aos outros. Em segundo lugar, porque a especializao leva a economias de escala, isto , ao se especializarem, os pases produzem numa escala maior e de maneira mais eficiente do que se produzissem eles mesmos todos os bens de que necessitam.

    Com efeito, muito difcil imaginar o mundo de hoje sem o fenmeno do comrcio internacional. A globalizao e a interdependncia entre os pases aprofundou-se destacadamente na segunda metade do sculo XX, gerando um

    1 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010

    POR QUE OS PASES PARTICIPAM DO COMRCIO

    INTERNACIONAL?

    Diferenas na dotao de fatores de produo

    Economias de Escala

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    mercado global e intensificando as relaes econmicas internacionais. Os Estados esto cada vez mais ligados economicamente, por meio de elevado fluxo comercial de bens e servios e movimentos internacionais de capitais. As empresas transnacionais ganham cada vez maior destaque, com a intensificao do fenmeno da internacionalizao da produo.

    Nesse cenrio globalizado, os governos buscam solucionar o dilema entre liberalizar o comrcio ou proteger a indstria nacional, o que tem se tornado a tarefa mais importante (e mais rdua) dos formuladores das polticas de comrcio exterior. Sabendo que as relaes econmicas internacionais influenciam decisivamente no desenvolvimento e crescimento dos Estados, os governos se deparam diariamente com a dvida a respeito de qual nvel de liberalizao comercial devem permitir.

    Essa uma questo muito difcil de ser resolvida, ainda mais por tratar de interesses antagnicos: de um lado, a indstria nacional deseja receber proteo; do outro, os consumidores querem comprar produtos mais baratos. Para Krugman2, os conflitos de interesses dentro das naes impactam mais a determinao da poltica comercial do que os conflitos de interesses entre as naes. Assim, nem sempre a anlise de custo-benefcio feita pelos economistas colocada em prtica. Ao contrrio, a poltica comercial , muitas vezes, conduzida ao arrepio de consideraes econmicas, com foco na proteo a setores com maior capacidade de fazer seu lobby junto ao governo.

    Compreender quem ganha e quem perde (e o quanto ganham e quanto perdem) com as aes governamentais em matria de poltica comercial uma das grandes misses da economia internacional. Para que se possa discutir os efeitos econmicos do comrcio e assessorar corretamente os governos na formulao de polticas comerciais, faz-se necessrio, todavia, compreender corretamente o padro do comrcio3 o que nos explicado pelas teorias do comrcio internacional.

    Em seguida, teceremos alguns comentrios sobre as principais teorias do comrcio internacional. Embora esse assunto no esteja explcito no edital, ele pr-requisito para entendermos corretamente o fenmeno das trocas internacionais.

    2 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010 3 Entenda-se padro do comrcio como a explicao dos fatores que determinam a existncia do comrcio internacional.

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    1.2- Teorias Clssicas do comrcio internacional:

    A cincia econmica tem suas origens no estudo do comrcio internacional, sendo este considerado, desde os primrdios, um fator de desequilbrio no concerto das naes, permitindo que alguns Estados se colocassem na vanguarda do processo de desenvolvimento.

    No sculo XV, tem incio na Europa o expansionismo martimo, por meio do qual os Estados buscavam encontrar novos mercados consumidores e fornecedores de matrias-primas e metais preciosos. O antigo sistema feudal descentralizado dava, ento, lugar aos Estados modernos, em que a deciso poltica estava centralizada nas mos do soberano. No contexto das Grandes Navegaes e centralizao do poder poltico, os Estados implementaram a poltica econmica do mercantilismo e a burguesia emergiu como classe social de destacada importncia no perodo.

    Mais frente, estudaremos com mais detalhes sobre o mercantilismo. Por ora, basta sabermos que, sob a gide desse sistema econmico, o Estado era eminentemente intervencionista. No que diz respeito ao comrcio internacional, o mercantilismo pregava a acumulao da maior quantidade possvel de ouro e prata e supervits na balana comercial (exportaes superiores s importaes).

    No final do sculo XVIII, a concepo mercantilista de riqueza comeou, todavia, a ser contestada pelo pensamento liberal, que consagrava outro papel aos Estados. David Hume publica em 1758 seu ensaio 'D %DODQoD &RPHUFLDO H Adam Smith SXEOLFD HP $ 5LTXH]D GDV1Do}HV (UDP RV SULPHLURV SDVsos da filosofia liberal, que fundamentava a existncia do comrcio internacional.

    1.2.1- Teoria das Vantagens Absolutas:

    No ano de 1776, Adam Smith publica a sua obra-prima 8PDLQYHVWLJDomR VREUH D QDWXUH]D H DV FDXVDV GD ULTXH]D GDV QDo}HV, tambm chamada simplesmente de $ULTXH]DGDVQDo}HV Em sua tese, Smith advoga que a fonte da riqueza o trabalho, contrariando a idia mercantilista que atribua esse papel quantidade de metais preciosos existente no territrio de um pas.

    Segundo Adam Smith, o Estado deveria abster-se de intervir na economia, deixando que os mercados se autorregulassem. Adam Smith pregava, assim, a existncia da PmRLQYLVtYHO do mercado. Para ele, cada indivduo, ao tentar satisfazer seu prprio interesse, promove de uma forma mais eficaz o interesse da sociedade do que quando realmente o pretende

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    fazer. Apesar de cada indivduo agir egoisticamente em prol de si mesmo, a sociedade como um todo sai beneficiada. Existe uma frase que sintetiza muito bem as ideias de Adam Smith:

    1mR p GD EHQHYROrQFLD GR SDGHLUR GR DoRXJXHLUR RX GRcervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do HPSHQKRGHOHVHPSURPRYHUVHXauto-interesse.

    Realmente, as ideias de Adam Smith tm uma lgica muito interessante. Eu no sei cozinhar nem fabricar cervejas, mas consigo escrever alguma coisa de Comrcio Internacional. Ento, acho melhor eu continuar dando aulas! Essa a idia bsica. Cada um deve fazer aquilo em que for melhor.

    De acordo com Adam Smith, o Estado no deveria intervir na economia, a no ser para impedir a existncia de monoplios, ou em atividades que, embora no despertem interesse da iniciativa privada, sejam fundamentais. Jaime de Mariz Maia4, seguindo essa mesma linha de pensamento, afirma que a filosofia liberal limitava a participao dos Estados s atividades de preservao da justia, defesa nacional e complementao da iniciativa privada (realizao de empreendimentos para os quais h desinteresse da iniciativa particular).

    No campo do comrcio internacional, as idias de Adam Smith deram fundamento diviso internacional da produo. Cada pas se especializaria na produo de bens em que possusse maior eficincia, isto , em bens que pudesse produzir a um custo menor. O excedente de produo (aquilo que excede a capacidade de consumo interno) deveria ser objeto de trocas comerciais com outros pases. Essa era a Teoria das Vantagens Absolutas, segundo a qual o comrcio internacional resultante da diviso da produo possibilita diminuio de custos e aumento do bem-estar sociedade como um todo.

    Vejamos a um exemplo bem clssico!

    Imagine dois pases (Brasil e Inglaterra). No Brasil, um trabalhador consegue produzir 2 sapatos / hora ou 5 bolsas / hora. Na Inglaterra, um trabalhador consegue produzir 5 sapatos / hora ou 2 bolsas / hora. Olhando os nmeros, percebe-se que o Brasil mais eficiente na produo de bolsas, ao passo que a Inglaterra mais eficiente na produo de sapatos. Assim, segundo Adam Smith, o Brasil deve se especializar na produo de bolsas enquanto a Inglaterra se especializa na produo de sapatos.

    Se cada pas se especializar na produo de um bem, teremos, ao final de 4 horas de trabalho:

    4 MAIA, Jaime de Mariz. Economia Internacional e Comrcio Exterior. So Paulo: Atlas, 2008.

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    - No Brasil: 5 bolsas / h x 4 h = 20 bolsas

    - Na Inglaterra: 5 sapatos / h x 4h = 20 sapatos

    - A sociedade como um todo produz 20 bolsas e 20 sapatos

    Se ningum se especializasse em nada e cada pas trabalhasse 2 horas na produo de sapatos e 2 horas na produo de bolsas, teramos:

    - No Brasil: 5 bolsas / h x 2 h= 10 bolsas - 2 sapatos / h x 2 h = 4 sapatos

    - Na Inglaterra: 2 bolsas / h x 2 h = 4 bolsas - 5 sapatos / h x 2 h = 10 sapatos

    - A sociedade como um todo produz 14 bolsas e 14 sapatos

    Comparando as duas situaes, percebe-se que melhor para a sociedade como um todo que cada pas se especialize na produo de um bem, o que referenda a tese de Adam Smith. A Teoria das Vantagens Absolutas apresenta, portanto, uma alternativa para potencializar a produtividade da economia como um todo e trazer aumento de bem-estar sociedade.

    Recapitulando: pela Teoria das Vantagens Absolutas, cada pas deve se especializar na produo de bens em que seja mais eficiente. E como eu sei que um pas mais eficiente que o outro na produo de um determinado produto? Pela Teoria das Vantagens Absolutas, um pas ser mais eficiente na produo de um bem quando conseguir produz-lo a um custo inferior. E o custo de produo de um bem ser inferior quando for possvel empregar na fabricao deste a menor quantidade de trabalho possvel.

    A Teoria das Vantagens Absolutas no era suficiente, entretanto, para explicar o comrcio entre dois pases quando um deles fosse, comparado ao outro, mais eficiente na produo de todos os bens. A soluo a esse questionamento foi dada pela Teoria das Vantagens Comparativas, que estudaremos no prximo tpico.

    Outra crtica teoria das Vantagens Absolutas a de que Adam Smith considerou que os custos dos produtos eram determinados exclusivamente pela mo-de-obra utilizada em sua produo. Na verdade, outros fatores entram na composio de custos de um produto, como a disponibilidade de matria-prima e de capital.

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    Vejamos como isso j foi cobrado em concursos anteriores!

    1. (AFRF-2000) A Teoria das Vantagens Absolutas afirma em quais condies determinado produto ou servio poderia ser oferecido com custo de oportunidade maior que o do concorrente.

    Comentrios:

    A Teoria das Vantagens Absolutas afirma que os pases devem se especializar na produo daquilo em que forem mais eficientes. A forma de se medir essa eficincia pelo custo de produo. Logo, cada pas deve se especializar na produo dos produtos que tenham menor custo de produo. O custo de oportunidade no tem qualquer relao com a Teoria das Vantagens Absolutas. Questo errada.

    2. (AFRF-2000-adaptada)- O grande mrito de Adam Smith foi mostrar que o comrcio seria proveitoso para dois pases, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o outro na produo de todas as mercadorias.

    Comentrios:

    Pela Teoria das Vantagens Absolutas, o comrcio internacional no seria proveitoso para dois pases se um deles fosse mais eficiente que o outro na produo de todos os bens. Foi a Teoria das Vantagens Comparativas a grande responsvel por demonstrar que, mesmo nessa situao, o comrcio internacional seria benfico. Falaremos, a seguir, sobre a Teoria das Vantagens Comparativas. Questo errada.

    TEORIA DAS VANTAGENS ABSOLUTAS

    Cada pas se especializa na produo dos produtos em

    que mais eficiente (menor custo de produo)

    CRTICAS

    - No explica o comrcio entre dois pases quando um deles mais eficiente que o outro na produo de todos os bens.

    - Custos de produo determinados exclusivamente pela mo-de-obra.

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    1.2.2- Teoria das Vantagens Comparativas:

    A Teoria das Vantagens Comparativas, tambm chamada de Teoria dos Custos Comparados, foi elaborada por David Ricardo. Ela tem como objetivo principal explicar que o comrcio internacional ser possvel mesmo quando um pas for mais eficiente na produo de todos os bens. Em outras palavras, o comrcio internacional existir ainda que um pas possua vantagens absolutas na produo de todos os bens considerados.

    Para David Ricardo, o comrcio internacional no seria determinado pelas vantagens absolutas, mas sim pelas vantagens comparativas.

    Mas qual seria o conceito de vantagem comparativa?

    Vejamos a situao abaixo!

    Imaginemos 2 pases (Brasil e Inglaterra). No Brasil, um trabalhador consegue produzir 1 sapato / hora ou 4 bolsas / hora. Na Inglaterra, um trabalhador consegue produzir 5 sapatos / hora ou 6 bolsas / hora. Se fssemos levar em considerao a Teoria das Vantagens Absolutas, no haveria comrcio entre os dois pases, j que o Brasil no mais eficiente que a Inglaterra na produo de nenhum dos produtos.

    Todavia, segundo a Teoria das Vantagens Comparativas, o comrcio internacional traz benefcios mesmo diante desse tipo de situao. Embora seja mais eficiente que o Brasil tanto na produo de sapatos quanto na produo e bolsas, a Inglaterra relativamente mais eficiente na produo de sapatos. Para produzir bolsas, o Brasil at que chega perto da Inglaterra... Mas o Brasil no um produtor muito bom de sapatos. Concluso: as vantagens comparativas no se baseiam na eficincia de um pas, mas sim na deficincia deste na produo de um bem.

    No modelo ricardiano, os custos de produo esto baseados unicamente na produtividade do trabalho. Assim, os pases se especializaro na produo de bens que o seu trabalho produz de forma relativamente eficiente e importaro bens que seu trabalho produz de forma comparativamente ineficiente.5

    Segundo Paul Krugman6, o modelo das vantagens comparativas faz projees equivocadas em vrios aspectos:

    5 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010 6 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010

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    1) O modelo das vantagens comparativas prev um grau de especializao muito elevado, que no existe na prtica.

    2) O modelo ricardiano considera que o comrcio internacional no produz efeitos indiretos sobre a distribuio de renda no interior dos pases. Todavia, os efeitos prticos do comrcio internacional sobre a renda so bastante fortes.

    3) O modelo ricardiano no reconhece que uma das causas do comrcio internacional so as diferenas entre as dotaes de recursos entre os pases. Tal constatao s aparece com o Teorema Hecksher-Ohlin, conforme a seguir.

    4) O modelo das vantagens comparativas no leva em conta que uma das causas do comrcio so as economias de escala.

    Ainda que o modelo ricardiano no seja o retrato mais fiel da realidade, seus principais pressupostos tm sido confirmados por meio de evidncias empricas. Com efeito, o que determina a especializao de um pas na produo de um bem so as vantagens comparativas e no as vantagens absolutas.

    Vejamos como esse assunto j foi cobrado em concursos anteriores!

    3. (AFRF-2002.2- adaptada) - Segundo a teoria clssica do comrcio internacional, na concepo de David Ricardo, o comrcio entre dois pases mutuamente benfico quando cada pas especializa-se na

    TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS

    Cada pas se especializa na produo de bens em que seja relativamente mais eficiente

    O comrcio internacional ser possvel mesmo quando um pas for mais eficiente na produo

    de todos os bens

    COMO ?

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    produo de bens nos quais possa empregar a menor quantidade de trabalho possvel, independentemente das condies de produo e do preo dos mesmos bens no outro pas, o que permitir a ambos auferir maiores lucros com a exportao do que com a venda daqueles bens nos respectivos mercados internos.

    Comentrios:

    A Teoria das Vantagens Absolutas que determina que cada pas ir se especializar na produo de bens nos quais possa empregar a menor quantidade de trabalho possvel. Pela Teoria das Vantagens Relativas, cada pas se especializa na produo de bens cujo custo de produo seja relativamente inferior. Ademais, ao contrrio do que diz a assertiva, a especializao depende dos preos dos produtos no mercado internacional. Afinal de contas, um pas no vai querer se especializar na produo de um bem que seja desvalorizado em mbito mundial. A questo est, portanto, errada.

    4. (ACE-2008) - De acordo com o modelo ricardiano, as vantagens comparativas, baseadas em diferenas nos custos de produo, na demanda e na presena de economias de escala, justificam a existncia do livre comrcio entre pases e se traduzem em ganhos adicionais para consumidores e produtores domsticos.

    Comentrios:

    As diferenas entre as demandas pelos produtos, bem como a presena de economias de escala no so levadas em considerao pelo modelo ricardiano. A questo est, portanto, errada.

    5. (ACE-2002-adaptada) - Ao se considerar a eficincia produtiva GRV SDtVHV $ H % SDUD TXH R SDtV $ DSURYHLWH RV JDQKRV GHvantagem comparativa ao produzir um bem ou servio especfico, ele precisa possuir vantagem absoluta na produo do mesmo bem em UHODomRD% Comentrios:

    O examinador fez uma grande mistura entre a Teoria das Vantagens Absolutas e a Teoria das Vantagens Comparativas. Questo errada.

    6. (AFRF-2000-adaptada)- O grande mrito de Adam Smith foi mostrar que o comrcio seria proveitoso para dois pases, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o outro na produo de todas as mercadorias.

    Comentrios:

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    A Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith no explica o comrcio entre dois pases quando um deles mais eficiente que o outro na produo de todos os bens. Foi David Ricardo, com a Teoria das Vantagens Comparativas, que mostrou que o comrcio seria proveitoso para dois pases, ainda que um deles possusse vantagem absoluta na produo de todas as mercadorias. Questo errada.

    7. (Questo Indita)- Cada pas especializa-se na produo dos bens em que possua vantagem relativa, importando do outro aqueles bens para os quais o custo de oportunidade de produo interna seja relativamente menor.

    Comentrios:

    Pela Teoria das Vantagens Comparativas, um pas ir se especializar na produo de bens em que possua vantagem relativa, importando do outro aqueles bens em que possua maior custo de oportunidade. Questo errada.

    1.3-Teorema Hecksher-Ohlin:

    O Teorema Hecksher-Ohlin leva o nome de dois economistas suecos (Eli Hecksher e Bertil Ohlin), os quais buscaram explicar a causa do comrcio internacional. Afinal de contas, por que os pases comercializam entre si? Por que existe o comrcio internacional?

    Se nos lembrarmos da Teoria das Vantagens Absolutas e da Teoria das Vantagens Comparativas, verificaremos que a produtividade do trabalho era o fator que diferenciava os pases. O nico fator de produo considerado por essas teorias era, justamente, o trabalho.

    Ocorre que as trocas internacionais no podem ser explicadas exclusivamente por diferenas na produtividade do trabalho. Ao contrrio, h vrios outros fatores de produo envolvidos. Segundo Krugman7, XPDYLVmRrealista do comrcio deve levar em conta no apenas a importncia do trabalho, mas tambm de outros fatores de produo, como terra, capital e recursos minerais.

    Imaginemos, por exemplo, o comrcio entre Brasil e Alemanha. O Brasil se especializa na produo de soja, enquanto a Alemanha se especializa na produo de bens de alta tecnologia. Assim, o Brasil exporta soja para a Alemanha, importando bens de alta tecnologia. A que est a grande questo

    7 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010

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    respondida pelo Teorema Hecksher-Ohlin! Por que o Brasil se especializou na produo de soja e a Alemanha se especializou na produo de bens de alta tecnologia?

    O Brasil se especializou na produo de soja porque, em seu territrio, h abundncia do fator de produo terra. E soja um produto intensivo em terra! Por sua vez, a Alemanha se especializou na produo de bens de alta tecnologia porque possui abundncia do fator de produo capital. E os bens de alta tecnologia so intensivos em capital.

    Segundo o Teorema Hecksher-Ohlin, os pases se especializam na produo de bens intensivos no fator de produo abundante em seu territrio. Dessa forma, se um pas possui abundncia do fator de produo terra, ele ir se especializar na produo e exportao de bens que sejam intensivos em terra. Do mesmo modo, se um pas possui abundncia do fator de produo capital, ele se especializar na produo e exportao de bens intensivos em capital.

    O Teorema Hecksher-Ohlin no nega a Teoria das Vantagens Comparativas, mas sim a complementa, explicando o porqu cada pas possui vantagem na produo de determinado bem. Com efeito, o fator determinante da especializao a dotao de fatores de produo. Da esse teorema ser tambm FRQKHFLGRFRPR7HRULDGD3URSRUomRGRV)DWRUHV

    O modelo ricardiano levava em considerao um nico fator de produo: o trabalho. J pelo modelo de Hecksher-Ohlin so levados em considerao todos os fatores de produo. Pode-se dizer que, nesse modelo, as vantagens comparativas so determinadas pela abundncia dos fatores de produo. Cabe enfatizar que estamos aqui falando em abundncia relativa (oferta relativa) de fatores de produo. Nesse sentido, haver comrcio entre dois pases mesmo que um deles tenha maior dotao absoluta que o outro em todos os fatores de produo.

    O comrcio internacional , assim, decorrente das diferentes dotaes dos fatores de produo entre os pases. Em outras palavras, o comrcio internacional somente existe em funo de os pases possurem diferentes dotaes de terra, capital e produtividade da mo-de-obra. Ao comercializarem seus produtos, como se os pases estivessem comercializando fatores de produo. Cabe destacar que no modelo Hecksher-Ohlin considera-se que as tecnologias dos pases so as mesmas, somente variando a dotao dos fatores de produo.8 Destaque-se que dizer que as tecnologias dos pases so as mesmas significa assumir que a tecnologia uma constante nesse modelo.

    8 A tecnologia molda os fatores de produo, combinando-os de forma mais ou menos eficiente para a fabricao de um bem.

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    Vejamos como esse assunto j foi cobrado em provas anteriores!

    8. (ACE-2012) De acordo com o modelo de David Ricardo, o padro de especializao produtiva de um pas e, por consequncia, a composio de sua pauta exportadora est diretamente relacionada s dotao dos fatores de produo.

    Comentrios:

    O modelo ricardiano considera a existncia de apenas um fator de produo: a produtividade da mo-de-obra. O modelo que explica o comrcio internacional a partir das diferenas nas dotaes de fatores de produtos o teorema Hecksher-Ohlin. Questo errada.

    9. (ACE-2012) O modelo Hecksher-Ohlin preconiza que um pas produzir e exportar aqueles produtos cujos fatores produtivos sejam aproveitados mais eficientemente, independentemente de sua oferta internamente.

    Comentrios:

    Segundo o modelo Hecksher-Ohlin, um pas ir produzir e exportar os produtos que sejam intensivos no fator de produo relativamente abundante

    TEOREMA HECKSHER-OHLIN

    O comrcio internacional determinado pelas diferenas entre as

    dotaes dos fatores de produo

    Ao contrrio do modelo das vantagens comparativas, leva em considerao a

    existncia de outros fatores de produo

    Os pases se especializam na produo de bens intensivos no fator de

    produo abundante em seu territrio

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    em seu territrio. Nesse sentido, a oferta interna do fator de produo determinante para explicar o padro do comrcio. Questo errada.

    10. (AFRF-2002.2- adaptada) - De acordo com a moderna teoria do comrcio internacional, segundo o modelo Hecksher-Ohlin, a produtividade da mo-de-obra determina os padres de especializao e as possibilidades de comrcio entre os pases.

    Comentrios:

    Segundo o modelo de Hecksher-Ohlin, o padro de especializao determinado pela dotao dos fatores de produo. O modelo ricardiano que estabelece que a especializao decorre da produtividade da mo-de-obra. A assertiva est, portanto, errada.

    11. (Questo Indita)-O Teorema Heckscher-Ohlin atribui o comrcio internacional diferena de produtividade entre os pases, o que resultado da diferena de tecnologias entre cada um deles.

    Comentrios:

    No modelo Heckscher-Ohlin, a tecnologia assumida constante, sendo o comrcio internacional decorrente da diferena entre os pases no que diz respeito dotao dos fatores de produo. Questo errada.

    12. (Questo Indita)- Segundo o Teorema Hecksher-Ohlin, o comrcio entre dois pases no ser possvel quando um pas possuir uma dotao superior de outro pas em todos os fatores de produo considerados.

    Comentrios:

    Pelo teorema Hecksher-Ohlin, o comrcio internacional ser possvel mesmo quando um pas possuir dotao superior de outro pas em todos os fatores de produo considerados. Isso porque o que deve ser analisado so as dotaes relativas dos fatores de produo. Lembre-se de que o Teorema Hecksher-Ohlin no nega a Teoria das Vantagens Comparativas! A assertiva est, portanto, errada.

    13. (ACE-2012) O modelo Hecksher-Ohlin permite demonstrar como a oferta relativa de fatores de produo e o emprego dos mesmos em diferentes intensidades na produo explicam os padres de especializao e as possibilidades do comrcio internacional.

    Comentrios:

    No modelo Hecksher-Ohlin, o que determina a especializao a abundncia relativa dos fatores de produo em um pas, ou seja, a

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    oferta relativa de fatores de produo. Os pases se especializam na produo de bens intensivos no fator de produo relativamente abundante no pas. Questo correta.

    1.4-Novas Teorias do Comrcio Internacional:

    No modelo Hecksher-Ohlin, o que determinava a existncia do comrcio internacional eram as diferenas entre as dotaes de fatores de produo dos pases. Nesse sentido, caso dois pases possussem estruturas produtivas semelhantes, no haveria comrcio entre eles. Entretanto, alguns economistas refutaram essa ideia ao descobrir que uma grande parte do fluxo comercial era justamente entre pases com estruturas produtivas semelhantes.

    Segundo Paul Krugman9, as economias de escala permitem que exista comrcio entre dois pases mesmo que estes possuam idnticas dotaes de fatores de produo. Cabe destacar que as economias de escala tm um papel determinante para o comrcio internacional, na medida em que a maioria dos setores produtivos caracteriza-se por possu-las.

    Mas o que so as economias de escala?

    As economias de escala, tambm chamadas de ganhos de escala, ocorrem quando o aumento dos fatores produtivos (trabalho, capital) empregados na fabricao de um bem leva a um aumento mais do que proporcional da produo. H economias de escala, por exemplo, quando os fatores de produo so duplicados e a produo mais do que dobra. Podemos dizer que, diante de economias de escala, o custo de se produzir o prximo produto (custo marginal) cada vez menor.

    As economias de escala surgem com a especializao. Cada pas, ao produzir um nmero restrito de bens, ter condies de faz-lo de maneira bem mais eficiente do que se tentasse produzir tudo. A grande questo que essas economias de escala levam, na maioria das vezes, a estruturas de mercado distintas da concorrncia perfeita.

    9 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

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    Outra explicao para a existncia do comrcio internacional entre pases com estruturas produtivas semelhantes foi dada por Linder, que desenvolveu a chamada 7HRULD GRV *RVWRV GRV &RQVXPLGRUHV. Para Linder, o comrcio internacional seria determinado pelo comportamento da demanda, a qual influenciada pelos gostos dos consumidores. Os gostos dos consumidores, por sua vez, so condicionados pelo nvel de renda de uma economia. Nesse sentido, se a renda de um pas elevada, haver maior demanda por bens sofisticados; por outro lado, se a renda baixa, a demanda por bens sofisticados no ser muito grande.

    Dessa forma, quanto maior a semelhana de demanda entre dois pases, mais semelhante ser tambm a estrutura produtiva destes. Alm disso, quanto mais semelhante a demanda entre dois pases, maior ser o fluxo comercial entre eles. Em outras palavras, quanto mais semelhante for o nvel de renda, maior ser o volume das trocas comerciais entre os pases. A hiptese de Linder explica, assim, o porqu do intenso fluxo comercial entre pases desenvolvidos. Ela tambm justifica a existncia do comrcio intra-indstria, isto , o comrcio de bens produzidos pelo mesmo segmento industrial (no exemplo, o comrcio de automveis).

    Cabe destacar, ainda, que Linder no pretendeu, com sua teoria, explicar o comrcio de bens agrcolas, mas to somente o comrcio de bens manufaturados. O comrcio de bens agrcolas continuaria a ser explicado pelo modelo da dotao de fatores.

    ECONOMIAS DE ESCALA

    -Aumento dos fatores produtivos gera

    aumentos mais do que proporcionais na

    produo.

    - Surgem com a especializao.

    - Permitem o comrcio internacional ainda

    quando dois pases possuam idnticas

    dotaes de fatores de produo.

    MODELO DE LINDER

    Fluxo comercial ser mais intenso entre pases com mesma estrutura de

    demanda

    Admite a existncia do comrcio intraindstria

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    1.4.1- Concorrncia Monopolstica:

    A concorrncia monopolstica uma estrutura de mercado que se caracteriza pela presena de um grande nmero de empresas, cada uma possuindo o monoplio de seu prprio produto. Nesse tipo de estrutura mercadolgica, existem caractersticas de uma concorrncia perfeita (grande nmero de vendedores) e caractersticas de um monoplio (cada empresa detentora nica de seu produto).

    Mas como assim uma empresa tem o monoplio de seu prprio produto?

    Simples! Na concorrncia monopolstica, as empresas obtm o monoplio em virtude da diferenciao do produto. Existem vrios refrigerantes, mas a marca Coca-Cola um monoplio daquela empresa. Existem vrias marcas de bolsas, mas a marca Dolce Gabana monoplio daquela empresa.

    Mas como aplicar o modelo de concorrncia monopolstica ao comrcio internacional?

    ImaginemoVGRLVSDtVHV$H%RVTXDLVSRVVXHPFDGDXPYiULDVfbricas de automveis. Se considerarmos todas essas fbricas, so produzidos nesses dois pases cerca de 60 modelos de automveis. No entanto, no h uma organizao nesse mercado! A Honda possui uma fbrica no pas A e uma fbrica no pas B, as quais produzem, ao mesmo tempo, o Honda Civic e o Honda Accord. A Renault tambm possui uma fbrica no pas A e uma fbrica no pas B, as quais produzem, simultaneamente, o Renault Clio e o Renault Megane. Nesse mercado desorganizado, so produzidos, tanto no pas A quanto no pas B, os 60 modelos de automveis fabricados na regio.

    Essa no a situao ideal! As empresas fabricantes de automveis esto perdendo os ganhos de escala. A Honda deveria produzir o Honda Civic apenas no pas A e o Honda Accord apenas no pas B. A Renault deveria produzir o Renault Clio apenas no pas A e o Renault Megane apenas no pas B. Fazendo essa diviso, as empresas iro conseguir otimizar seus recursos, reduzindo custos e produzindo em maior quantidade, o que lhes permitir beneficiar-se das economias de escala, que resultaro dos ganhos de especializao.

    Nessa nova situao, nenhum dos dois pases produz a totalidade das modelos de automveis, o que d ensejo ao comrcio internacional. Se um consumidor do pas A deseja comprar um Renault Megane, ele dever import-lo do pas B. Da mesma forma, se um consumidor do pas B deseja comprar um Honda Civic, ele dever compr-lo do pas A.

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    Segundo Paul Krugman10, o FRPpUcio internacional possibilita a criao de um mercado integrado, sempre maior do que o de qualquer pas e, desse modo, torna possvel oferecer simultaneamente aos consumidores uma variedade maior de produtos a preos mais baixos Todo mundo sai ganhando com a integrao dos dois mercados! Os consumidores passam a ter acesso a uma variedade maior de produtos a preos reduzidos; as empresas, por sua vez, podero produzir mais e a custos mais baixos.

    As economias de escala permitem, portanto, a existncia do comrcio intra-indstria, assim denominado o comrcio dentro de um mesmo setor industrial. Apesar de uma parte importante dos fluxos de comrcio exterior na atualidade ser resultante do comrcio intra-indstria, este convive com o comrcio inter-indstria.

    Vejamos como esse assunto j foi cobrado em prova!

    14. (ACE-2012) O aproveitamento de economias de escala em diferentes pases conduz especializao em um nmero restrito de produtos, reduzindo assim a oferta de bens no mercado mundial e as possibilidades de comrcio entre eles.

    Comentrios:

    As economias de escala fazem com que cada pas se especialize em um nmero limitado de bens. No entanto, isso aumenta as possibilidades de comrcio entre os pases e aumenta a oferta de bens no mercado mundial. Questo errada.

    10 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

    CONCORRNCIA MONOPOLSTICA

    - Diferenciao de Produtos

    - Economias de Escala

    - Comrcio intraindstria

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    15. (ACE-2012) Em um modelo de concorrncia imperfeita e em condies monopolsticas, o comrcio internacional restringido pela segmentao dos mercados, escalas de produo limitadas e pequena diversidade de bens disponveis para o intercmbio comercial.

    Comentrios:

    Em um modelo de concorrncia monopolstica, h ganhos de escala e uma maior diversidade de bens disponibilizada para o intercmbio comercial. Questo errada.

    16. (ACE-2012) Mesmo em condies de concorrncia imperfeita, as possibilidades e os ganhos do comrcio resultam de vantagens comparativas relativas tal como definidas no modelo ricardiano e no do aproveitamento de economias de escala pelas indstrias.

    Comentrios:

    No modelo de concorrncia imperfeita, os ganhos do comrcio resultam das economias de escala. Em modelos de concorrncia perfeita, os retornos de escala so constantes. Questo errada.

    17. (ACE-2012) No modelo de concorrncia monopolstica centrado na produo de manufaturas, um pas tanto produzir e exportar bens manufaturados como tambm os importar, alimentando assim o comrcio intra-indstrias e gerando ganhos extras no comrcio internacional.

    Comentrios:

    O modelo de concorrncia monopolstica explica o comrcio intraindstria, que resulta das economias de escala. Assim, cada pas exporta e importa, ao mesmo tempo, bens manufaturados. Questo correta.

    18. (ACE-2012) Os rendimentos crescentes associados ao aproveitamento de economias de escala alimenta a concentrao monopolstica, levando assim ao aumento dos preos nos mercados domsticos e no mercado internacional e impactando negativamente o comrcio internacional.

    Comentrios:

    Os rendimentos crescentes de escala esto, de fato, associados ao aproveitamento de economias de escala. No entanto, os ganhos de escala levam reduo dos preos nos mercados domstico e internacional. Questo errada.

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    19. (Questo Indita)- Segundo Krugman, o comrcio internacional possvel entre pases que tenham estruturas de produo semelhante, tendo em vista as economias de escala.

    Comentrios:

    O Teorema Hecksher-Ohlin no reconhecia a possibilidade de haver comrcio entre pases com a mesma estrutura de produo. Por sua vez, Krugman, ao explicar o papel das economias de escala, demonstra que o comrcio internacional ser possvel mesmo entre pases que possuam estrutura de produo semelhante. Questo correta.

    20. (ACE-2008) - A hiptese de Linder de que o volume de comrcio maior entre pases ricos e semelhantes do que entre pases com nveis de rendimento per capita distintos decorre, em parte, da existncia de economias de escala e dos padres diferenciados de demanda que prevalecem nesses dois grupos de pases.

    Comentrios:

    Quanto mais semelhante for a estrutura de demanda entre dois pases, maior ser o volume de comrcio entre eles. Questo correta.

    21. (Questo Indita)- Segundo Linder, o comrcio de produtos primrios seria explicado pelo Teorema Heckscher-Ohlin. J o comrcio de produtos industrializados determinado pela estrutura da demanda, cujo principal determinante a renda per capita de um pas.

    Comentrios:

    De fato, Linder no utilizou seu modelo para explicar o comrcio de produtos primrios, mas to somente o comrcio de bens industrializados. Segundo Linder, quanto mais semelhantes forem os gostos dos consumidores (estrutura da demanda) de dois pases, maior ser o volume de comrcio entre eles. O principal determinante da estrutura da demanda a renda per capita. Questo correta.

    22. (Questo Indita)- O modelo ricardiano ignora o papel das economias de escala como uma causa do comrcio internacional, o que torna impossvel explicar, pela Teoria das Vantagens Comparativas, os grandes fluxos comerciais entre naes aparentemente similares.

    Comentrios:

    As economias de escala somente passaram a ser consideradas como impulsionadores do comrcio internacional a partir de Paul Krugman. Questo correta.

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    2- POLTICAS COMERCIAIS:

    2.1- Aspectos Gerais:

    Comecemos nosso assunto com uma srie de indagaes. O que poltica comercial? Qual importncia ela tem para um pas? Quais so as principais polticas comerciais? O que uma poltica comercial estratgica?

    Bem, a poltica comercial , ao lado da poltica monetria, fiscal e cambial, uma vertente da poltica macroeconmica conduzida por um governo. Ela determina a forma pela qual um pas se relaciona com outros pases no que diz respeito ao comrcio exterior (exportaes e importaes). Assim, a poltica comercial pode ser entendida como um conjunto de medidas governamentais que influencia as transaes comerciais que um pas tem com os outros.

    A conduo da poltica comercial determina o grau de abertura econmica de um pas. Em tempos de globalizao, h uma forte tendncia de interconexo das economias e de aprofundamento do comrcio exterior. Todavia, nem sempre foi assim. Em outras pocas, as prticas protecionistas preponderavam. Se analisarmos a prpria Histria do Brasil, perceberemos o quanto isso verdade.

    Fazendo uma rpida regresso temporal, voltemos dcada de 90. O incio dessa dcada representa um ponto de inflexo na mudana da poltica comercial brasileira, na medida em que se promove a abertura comercial. O governo Collor (1990-1992), logo em seu incio, levou a cabo notria mudana no regime de importaes brasileiras. Nesse sentido, foram eliminadas diversas restries ao comrcio at ento existentes: reduziram-se as alquotas dos tributos na importao e acabou-se com as chamadas reservas de mercado (proibio s importaes), como a existente no setor de informtica.

    Pois bem, deixando o Brasil de lado, quando falamos em poltica comercial, temos que nos lembrar automaticamente do protecionismo e do liberalismo, certo?

    O protecionismo uma poltica comercial que representa a contraposio s ideias liberalistas apregoadas pelas teorias do comrcio internacional. Os protecionistas enxergam o livre comrcio como algo perigoso aos interesses nacionais e pregam pela proteo indstria nacional. Assim, uma poltica comercial protecionista a que impe restries livre circulao de mercadorias e servios.

    Na viso dos protecionistas, a indstria nacional no deve ser exposta concorrncia ou ento sair perdendo, sofrendo graves prejuzos. Se voc gosta de acompanhar jornais e revistas, j deve ter percebido o quanto a LQG~VWULD QDFLRQDO WHP FKRUDGR QRV ~OWLPos tempos, pleiteando junto ao

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    governo brasileiro a adoo de medidas protecionistas. No Brasil, chega-se a argumentar que h um ULVFR GH GHVLQGXVWULDOL]DomR do Pas diante da concorrncia com os produtos chineses.

    Para falar um pouco sobre a histria do protecionismo, precisamos voltar Idade Moderna, quando a poltica econmica dos Estados era baseada no mercantilismo, que no foi um sistema aplicado homogeneamente na Europa. 1D YHUGDGH KDYLDP YiULRV HVWLORV GH PHUFDQWLOLVPR (VSDQKD HPortugal tinham como base fundamental a extrao das riquezas coloniais; a Inglaterra, por sua vez, buscou desenvolver mais seu comrcio exterior de produtos manufaturados.

    Podemos dizer que as principais caractersticas do mercantilismo eram: i) protecionismo alfandegrio (com o objetivo de obter supervits comerciais); ii) atuao ativa do Estado (intervencionismo estatal) e; iii) busca de acumulao de ouro e prata (quanto mais ouro e prata um pas possusse em seu territrio, mais rico ele seria). Os mercantilistas consideravam tambm que a existncia de uma populao numerosa seria benfica ao pas, uma vez que resultaria em maior disponibilidade do IDWRUGHSURGXomRWUDEDOKR

    Os tericos mercantilistas pregavam o desenvolvimento econmico por meio do enriquecimento das naes pelo comrcio exterior e pela explorao das riquezas coloniais. Quanto mais um pas exportasse e menos importasse, mais riqueza teria ele no seu territrio. Para isso, os Estados adotavam prticas de protecionismo alfandegrio - com a imposio de barreiras tarifrias ao comrcio exterior - e medidas que incentivassem a exportao. O objetivo era aumentar o bem-estar nacional por meio da acumulao de ouro e prata, que poderia ocorrer por meio do comrcio exterior ou da explorao colonial.

    Segundo os mercantilistas, quanto mais ouro e prata um pas possusse em seu territrio, mais caros se tornariam seus produtos, os quais valeriam mais no mercado internacional11. Assim, esses produtos seriam exportados por preos elevados e, consequentemente, entraria ainda mais ouro e prata no territrio do pas. Mas ser que isso era verdade?

    No. David Hume contestou essa lgica mercantilista. Para ele, os supervits e dficits que um pas tivesse em sua Balana Comercial seriam automaticamente corrigidos pelas foras do mercado. Era a Teoria Fluxo-Espcie-Preo. Vejamos!

    Se um pas tiver muito ouro e prata em seu territrio, seus produtos, de fato, se tornam mais caros no mercado internacional. No entanto, como os

    11 A ideia de que quanto mais ouro e prata um pas tiver em seu territrio mais caros se tornam seus produtos compatvel com a Teoria Quantitativa da Moeda, assunto estudado em Economia.

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    produtos esto muito caros, a demanda por eles se reduz (Lei da Oferta e da Procura) e, portanto, entra menos ouro e prata no territrio do pas (dficit comercial). Com a entrada de menos ouro e prata em seu territrio, os preos dos produtos iro se reduzir e, consequentemente, aumentar a demanda por eles no mercado internacional. A consequncia sero supervits na Balana Comercial e o aumento do ingresso de ouro e prata. Percebam, caros amigos, que trata-se de um mecanismo de ajuste automtico da Balana Comercial. Assim, para Hume, no haveria uma acumulao infinita de ouro e prata.

    Modernamente, fala-se na existncia de um neomercantilismo, que uma poltica comercial eminentemente protecionista, baseada em estmulos s exportaes e imposio de restries s importaes. O objetivo principal dessas polticas alcanar supervits na Balana Comercial, o que conquistado por meio de estmulos s exportaes e imposio de barreiras s importaes. A caracterstica marcante do neomercantilismo (neoprotecionismo) a ampla utilizao de barreiras no-tarifrias, o que nos permite afirmar que trata-VH GH XP SURWHFLRQLVPR PDLV UHTXLQWDGR um nova forma de protecionismo.

    No sculo XVIII, com o surgimento da Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith e, em seguida, da Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo, o protecionismo comea a perder ainda mais seu espao. Isso no quer dizer que ele no fosse empregado a essa poca, mas j existia uma nova forma de se pensar o comrcio internacional. Surge o livre-cambismo, que pregava que os mercados possuem a capacidade de se autorregularem e que um comrcio internacional livre de barreiras seria fundamental para o crescimento e desenvolvimento econmico. O livre-cambismo apregoado por Adam Smith pregava a remoo dos obstculos legais ao comrcio internacional.

    Todavia, no perodo entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundiais, particularmente a partir da quebra da Bolsa de Nova York em 1929, os pases recrudesceram fortemente as prticas protecionistas.

    Numa tentativa de combater o protecionismo, em 1947, os pases assinaram o GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) e por meio de sucessivas Rodadas de Negociao foram progressivamente reduzindo as tarifas aduaneiras incidentes nas importaes.

    Com essas progressivas redues tarifrias e o crescente acesso a mercados, comea a ganhar expresso uma nova forma de protecionismo: a utilizao de barreiras no-tarifrias. Se no passado as tarifas eram muito elevadas - impedindo o comrcio - e agora elas haviam sido rebaixadas, como proteger as indstrias nacionais? Os pases no podiam voltar atrs em relao s suas concesses tarifrias. Logo, eles precisavam proteger sua indstria com o uso de barreiras no-tarifrias.

    0DVRicardo, o que so essas barreiras no-WDULIiULDV"

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    No existe uma definio precisa do que sejam barreiras no-tarifrias. O entendimento que vocs precisam ter o de que barreiras no-tarifrias so todas as restries ao comrcio internacional que no so impostas por meio de tarifas aduaneiras. Assim, uma regulamentao tcnica (requisitos de segurana para brinquedos, por exemplo) ou uma medida sanitria e fitossanitria so espcies de barreiras no-tarifrias. Mais frente, ns falaremos maiores detalhes sobre as barreiras no-tarifrias, combinado?

    As barreiras no-tarifrias se transformaram, assim, QD QRYDFDUDdo protecionismo, muitas vezes passando a constituir-se em obstculos arbitrrios e desnecessrios ao comrcio internacional. Era preciso, portanto, regulament-las. E quem melhor do que uma organizao internacional para faz-lo?

    Pois bem, em 1994 foi criada a Organizao Mundial do Comrcio. Nosso objetivo, pelo menos por agora, no falar detalhadamente sobre a OMC. O que precisamos saber que desde sua criao, o protecionismo continuou a decrescer. A partir daquele momento, haveria uma organizao internacional responsvel por administrar o sistema multilateral de comrcio, contribuindo para a liberalizao do comrcio internacional, seja por meio da progressiva reduo tarifria, seja por meio de um esforo de regulamentao das barreiras no-tarifrias.

    Mas ser que podemos dizer que o protecionismo no existe hoje em dia? Com certeza no! As prticas protecionistas perduram at os dias atuais. Logo, embora possamos dizer que, ao longo do tempo houve uma progressiva reduo do protecionismo, este, de forma alguma, foi eliminado. Destaque-se, ainda, que a crise financeira de 2008 provocou um recrudescimento das prticas protecionistas. E um detalhe importante: o protecionismo adotado tanto por pases desenvolvidos quanto por pases em desenvolvimento.

    Atualmente, o protecionismo se evidencia principalmente no campo agrcola, setor econmico bastante protegido, principalmente pelos pases desenvolvidos. Como exemplo, cita-se os elevados subsdios concedidos pelos pases europeus aos produtos agrcolas. Esse , inclusive, um empecilho ao fechamento da Rodada de Doha os pases desenvolvidos no querem fazer concesses em termos de acesso a mercado no que diz respeito aos produtos agrcolas, enquanto pedem concesses em NAMA (Non Agricultural Market Access).

    A dicotomia entre protecionismo e liberalismo uma das grandes questes da cincia econmica na atualidade. Segundo diversos economistas, o comrcio internacional considerado o grande motor do desenvolvimento econmico. Nesse sentido, cresce de importncia a poltica de comrcio exterior adotada por cada pas, a qual pode variar desde o protecionismo exacerbado at a ampla liberalizao comercial.

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    A poltica comercial adotada por um pas est, portanto, diretamente relacionada estratgia de desenvolvimento por ele levada a cabo. Em outras palavras, a estratgia de desenvolvimento de cada pas varia segundo o grau de exposio de sua economia ao mercado internacional. Os pases que adotam polticas comerciais de orientao liberal so a favor dos esquemas preferenciais (SGP e SGPC) e dos acordos regionais de integrao. Em aulas futuras, abordaremos detalhadamente os acordos regionais e os esquemas preferenciais. Por ora, basta sabermos que todos esses acordos (esquemas preferenciais e acordos regionais) se baseiam na reduo e at eliminao dos direitos aduaneiros incidentes sobre as operaes de comrcio exterior e, portanto, esto diretamente, ligados ao liberalismo.

    Vejamos como esses assuntos j foram cobrados em prova!

    23. (AFTN- 1998-adaptada) Segundo a lgica protecionista, o comrcio e a indstria so mais importantes para um pas do que a agricultura e, portanto, devem ser submetidos a tarifas para evitar a concorrncia com produtos estrangeiros.

    Comentrios:

    Os protecionistas no consideram o comrcio e a indstria mais importantes para o pas do que a agricultura. Na verdade, eles no estabelecem uma carga valorativa para cada uma dessas atividades econmicas. O que se v, todavia, na prtica, que os produtos agrcolas so os mais afetados pelo protecionismo. Questo errada.

    24. (AFTN-1998-adaptada)- Est relacionada com a prtica do mercantilismo o princpio segundo o qual o Estado deve incrementar o bem-estar nacional.

    Comentrios:

    De fato, o objetivo central do mercantilismo o incremento do bem-estar nacional, o que alcanado por meio do acmulo de metais preciosos no territrio do pas. Questo correta.

    25. (AFTN-1998-adaptada)- Est relacionado com a prtica do mercantilismo o conjunto de concepes que inclua o protecionismo, a atuao ativa do Estado e a busca de acumulao de metais preciosos, que foram aplicadas em toda a Europa homogeneamente no sculo XVII.

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    Comentrios:

    O mercantilismo no foi aplicado na Europa de forma homognea. Questo errada.

    26. (AFTN 1998- adaptada)- Segundo o mercantilismo, o comrcio exterior deve ser estimulado, pois um saldo positivo na balana fornece um estoque de metais preciosos.

    Comentrios:

    Segundo as ideias mercantilistas, quanto mais ouro e prata um pas possuir em seu territrio, mais rico ele ser. Uma das formas de acumulao de ouro e prata por meio da obteno de saldos comerciais positivos. Questo correta.

    27. (AFTN 1998 adaptada)- Segundo o mercantilismo, a riqueza da economia depende do aumento da populao e do volume de metais preciosos do pas.

    Comentrios:

    Para os mercantilistas, quanto mais metais preciosos um pas possuir em seu territrio, mais rico ele ser. O aumento da populao tambm fator que contribui para o aumento da riqueza nacional, pois representa maior fora de trabalho. Questo correta.

    28. (AFTN 1998 adaptada)- Segundo o mercantilismo, uma forte autoridade central essencial para a expanso dos mercados e a proteo dos interesses comerciais.

    Comentrios:

    O mercantilismo se baseava em um forte intervencionismo estatal, que se materializava na imposio de restries s importaes e incentivos s exportaes. O objetivo era a obteno de supervits na Balana Comercial. Questo correta.

    29. (AFTN-1998-adaptada)- Segundo o livre-cambismo, correto afirmar-se que o governo deve se limitar manuteno da lei e da ordem.

    Comentrios:

    O livre cambismo se baseia na noo de que os mercados so capazes de se autorregularem. Nesse sentido, o governo no deve intervir na economia, atuando somente na manuteno da lei e da ordem. Questo correta.

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    30. (AFTN 1998- adaptada)- Segundo o livre cambismo, o governo deve remover todos os obstculos legais para o funcionamento de um comrcio livre.

    Comentrios:

    Essa assertiva descreveu em poucas palavras o livre cambismo! Segundo entendimento da ESAF, essa poltica comercial se caracteriza pela remoo de todos os obstculos legais ao funcionamento de um comrcio livre. Questo correta.

    31. (AFTN 1998- adaptada)- Segundo o livre cambismo, todas as moedas devem ser conversveis em ouro.

    Comentrios:

    indiferente aos liberalistas que as moedas sejam todas conversveis em ouro. O ponto central do livre cambismo a inexistncia de obstculos ao comrcio. Questo errada.

    32. (AFRFB-2009)- A participao no comrcio internacional importante dimenso das estratgias de desenvolvimento econmico dos pases, sendo perseguida a partir de nfases diferenciadas quanto ao grau de exposio dos mercados domsticos competio internacional.

    Comentrios:

    A poltica comercial de um pas est relacionada sua estratgia de desenvolvimento. Alguns pases, como o Brasil, por exemplo, so mais protecionistas. Outros, como o Chile, possuem a economia mais aberta ao mercado internacional. Questo correta.

    33. (AFRFB-2009- adaptada)- As polticas comerciais inspiradas pelo neo-mercantilismo privilegiam a obteno de supervits comerciais notadamente pela via da diversificao dos mercados de exportao para produtos de maior valor agregado.

    Comentrios:

    Os supervits na Balana Comercial defendidos pelo neomercantilismo so conquistados por meio de estmulo s exportaes e imposio de restries s importaes (e no pela diversificao dos mercados de exportao!). Questo errada.

    34. (AFRF 2000)- O livre cambismo uma doutrina de comrcio estabelecida atravs de tarifas protecionistas, a subveno de crditos, a adoo de cmbios diferenciados.

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    Comentrios:

    Exatamente o contrrio do que afirma a assertiva! O livre cambismo se baseia na retirada dos entraves ao comrcio internacional, sejam eles de carter tarifrio ou no-tarifrio. Questo errada.

    35. (AFRF 2000)- O livre cambismo rege que a livre troca de produtos no campo internacional, os quais seriam vendidos a preos mnimos, num regime de mercado, se aproximaria ao da livre concorrncia perfeita.

    Comentrios:

    Em um mercado de concorrncia perfeita, h muitos vendedores e muitos compradores, nenhum dos quais possui poder para influenciar os preos. Com a livre circulao de mercadorias, h um aumento da oferta de produtos que, consequentemente, leva a uma reduo de preos. Os preos chegam, ento, a um valor mnimo. Questo correta.

    36. (AFRF 2000)- O livre cambismo uma doutrina pela qual o governo no prev a remoo dos obstculos legais em relao ao comrcio e aos preos.

    Comentrios:

    Ao contrrio do que afirma a questo, no livre cambismo o governo prev a remoo dos obstculos legais em relao ao comrcio e aos preos. Questo errada.

    37. (AFRFB-2009)- Pases que adotam polticas comerciais de orientao liberal so contrrios aos esquemas preferenciais, como o Sistema Geral de Preferncias, e aos acordos regionais e sub-regionais de integrao comercial celebrados no marco da Organizao Mundial do Comrcio por conterem, tais esquemas e acordos, componentes protecionistas.

    Comentrios:

    Os pases que seguem uma orientao liberalista em suas polticas de comrcio exterior so a favor dos acordos regionais e dos esquemas preferenciais (SGP e SGPC). Questo errada.

    38. (AFRF -2003)- Sobre o protecionismo, em suas expresses contemporneas, correto afirmar-se que tem aumentado em razo da proliferao de acordos de alcance regional que mitigam o impulso liberalizante da normativa multilateral.

    Comentrios:

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    Conforme afirma a questo, os acordos regionais de comrcio tm efetivamente proliferado nos ltimos anos. Em consulta ao site da OMC, pode-se verificar que h, atualmente, mais de 200 acordos regionais notificados junto quela organizao internacional. No entanto, a proliferao de acordos regionais, ao contrrio do que afirma a questo, um fato que deve ser associado ao liberalismo. Questo errada.

    39. (AFRF-2002.2) - Com relao s prticas protecionistas, tal como observadas nas ltimas cinco dcadas, correto afirmar-se que assumiram expresso preponderantemente no-tarifria medida que, por fora de compromissos multilaterais, de acordos regionais e de iniciativas unilaterais, reduziram-se as barreiras tarifrias.

    Comentrios:

    De fato, o protecionismo tornou-se eminentemente no-tarifrio nas ltimas dcadas, uma vez que as tarifas foram sendo progressivamente reduzidas em razo das negociaes comerciais, motivo pelo qual a questo est correta.

    40. (AFRF 2003)- Sobre o protecionismo, em suas expresses contemporneas, correto afirmar-se que possui expresso eminentemente tarifria desde que os membros da OMC acordaram a tarificao das barreiras no-tarifrias.

    Comentrios:

    O protecionismo possui, atualmente, expresso eminentemente no-tarifria. Questo errada.

    41. (AFRF-2002.1)- No que se refere ao comrcio internacional, a dcada de noventa foi caracterizada pelo recrudescimento do protecionismo em virtude do contexto recessivo herdado da dcada anterior.

    Comentrios:

    A dcada de 90 ficou caracterizada pela reduo do protecionismo. Questo errada.

    42. (AFRF-2002.1)- No que se refere ao comrcio internacional, a dcada de noventa foi caracterizada pela preponderncia das exportaes de servios aos pases desenvolvidos.

    Comentrios:

    Os pases desenvolvidos que so os grandes exportadores de servios. Questo errada.

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    2.2- O protecionismo no mbito do sistema multilateral de comrcio:

    Em primeiro lugar, eu gostaria de fazer um questionamento. Para que vocs acham que foram criadas regras de comrcio internacional?

    O sistema multilateral de comrcio, hoje administrado pela OMC, foi criado para limitar a adoo de prticas protecionistas. No que a OMC (Organizao Mundial do Comrcio) impea a adoo desse tipo de prtica, mas suas regras so um fator dissuasrio do protecionismo.

    Na prxima aula trataremos de forma bem aprofundada sobre as regras da OMC, mas por ora basta sabermos que as regras do sistema multilateral inibem a utilizao de prticas protecionistas, na medida em que regulamentam como estas podem ser usadas. Desta forma, fica expressamente condenado o uso de medidas protecionistas que se configurem em prticas arbitrrias e discriminatrias ou ainda em restries veladas ao comrcio internacional.

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    Meus amigos, existem vrias situaes em que a Organizao Mundial do Comrcio autoriza sejam adotadas prticas protecionistas. As prticas protecionistas encontram amparo na normativa da OMC quando destinadas proteo da indstria nascente, promoo da segurana nacional, deslealdade comercial, diante de restries no Balano de Pagamentos, diante de um surto de importaes ou, ainda, em razo de excees gerais relacionadas no art. XX do GATT.

    Proteo Indstria Nascente

    Promoo da Segurana Nacional Promoo da Segurana Nacional Promoo da Segurana Nacional

    Deslealdade Comercial

    Restries no Balano de Pagamentos

    Surto de Importaes

    Excees Gerais

    ARGUMENTOS

    PROTECIONISTAS

    AMPARADOS PELA

    NORMATIVA DA OMC

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    2.2.1- Proteo Indstria Nascente:

    A proteo indstria nascente, ideia originalmente concebida pelo alemo Friedrich List, est regulamentada pelo art. XVIII do GATT, LQWLWXODGR $MXGD GR (VWDGR HP IDYRU GR GHVHQYROYLPHQWR HFRQ{PLFRVejamos o teor do referido dispositivo:

    ARTIGO XVIII- AJUDA DO ESTADO EM FAVOR DO DESENVOLVIMENTO ECONMICO 1. As Partes Contratantes reconhecem que a realizao dos objetivos do presente Acordo ser facilitada pelo desenvolvimento progressivo de suas economias, em particular nos casos das Partes Contratantes cuja economia no asseguram populao seno um baixo nvel de vida e que est nos primeiros estgios de seu desenvolvimento. 2. As Partes Contratantes reconhecem, alm disso, que pode ser necessrio para as Partes Contratantes previstas no pargrafo primeiro, com o objetivo de executar seus programas e suas polticas de desenvolvimento econmico orientados para a elevao do nvel geral de vida de suas populaes, tomar medidas de proteo ou outras medidas que afetem as importaes e que tais medidas so justificadas na medida em que elas facilitem a obteno dos objetivos deste Acordo. Elas estimam, em conseqncia, que estas Partes Contratantes deveriam usufruir facilidades adicionais que as possibilitem: (a) conservar na estrutura de suas tarifas aduaneiras suficiente flexibilidade para que elas possam fornecer a proteo tarifria necessria criao de um ramo de produo determinado, e (b) instituir restries quantitativas destinadas a proteger o equilbrio de suas balanas de pagamento de uma maneira que leve plenamente em conta o nvel elevado e permanente da procura de importao suscetvel de ser criada pela realizao de seus programas de desenvolvimento econmico.

    Percebam, meus amigos, que a normativa da OMC bem restritiva em relao aos pases que podem utilizar esse mecanismo protecionista. Segundo o dispositivo supracitado, somente podem invocar a proteo indstria nascente como argumento para adotar medidas que afetem as importaes aqueles pases cujas economias estejam nos primeiros estgios de desenvolvimento. Assim, pela normativa da OMC, no qualquer pas que poder alegar a proteo indstria nascente como argumento para a poltica protecionista. No pensem que o Brasil, por exemplo, conseguiria faz-lo! Esse instrumento para pases como Haiti, Somlia, etc.

    Destaque-se que no poder ser concedida indstria nacional por tempo indeterminado com fundamento no art. XVIII do GATT. Tal proteo temporria, limitada ao tempo necessrio para que a indstria possa sair dos primeiros estgios de desenvolvimento.

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    Como j dissemos anteriormente, o fundamento terico para a proteo indstria nascente so as idias de Friedrich List. Segundo ele, complicado que a indstria nacional possa se desenvolver caso o mercado esteja dominado por empresas estrangeiras oriundas de pases economicamente mais desenvolvidos. Assim, para que a indstria nacional possa se desenvolver e, a mdio prazo, concorrer com as indstrias estrangeiras, faz-se mister a adoo de um SURWHFLRQLVPRHGXFDGor.

    De acordo com List, o livre comrcio no seria bom, portanto, para todos os pases, mas somente para aqueles que tivessem uma economia mais madura. Assim, somente pases que se encontrassem no mesmo estgio de desenvolvimento poderiam comercializar produtos entre si.

    O princpio do DSUHQGHU ID]HQGR OHDUQLQJ E\ GRLQJ permite justificar a proteo indstria nascente. Isso quer dizer que uma indstria protegida durante seus primeiros estgios de desenvolvimento consegue desenvolver-se tecnologicamente e, ao acumular conhecimento e experincia, passa a gozar dos benefcios das economias de escala.

    O argumento da indstria, embora tenha muita lgica, tem algumas premissas questionveis. H indstrias, por exemplo, que so protegidas em sua fase inicial e, posteriormente, se tornam competitivas por outro motivo que no o protecionismo. Segundo Krugman12, SDUDMXVWLILFDURDUJXPHQWRGDindstria nascente, necessrio ir alm do ponto de vista plausvel, ainda que questionvel, de que os setores sempre precisam ser protegidos quando QRYRV Nesse sentido, a teoria econmica defende que a proteo indstria nascente se justifica diante de falhas de mercado, como as imperfeies do mercado de capitais.

    Apesar das controvrsias em torno do argumento da indstria nascente, trs das maiores economias mundiais (EUA, Alemanha e Japo) promoveram seu desenvolvimento econmico com base nessa ideia. Assim, no LQtFLRGHVHXGHVHQYROYLPHQWRLQGXVWULDOHVWHVSDtVHVIHFKDUDPDVSRUWDVDRcomrcio exterior.

    Segundo alguns economistas, a existncia de falhas de mercado (mercado financeiro ineficiente, por exemplo) um argumento para a utilizao de prticas protecionistas (tarifas e subsdios) que tenham como objetivo proteger a indstria nascente. Mais frente, nos aprofundaremos sobre as falhas de mercado.

    12 KRUGMAN, Paul; OBSTFELD, Maurice. Economia Internacional: teoria e poltica. 8 edio, So Paulo: Pearson Prentice Hall. 2010

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    As falhas de mercado so consideradas pela doutrina econmica um argumento legtimo para a adoo de prticas protecionistas. No entanto, a OMC no considera este um argumento legtimo para o protecionismo. Se uma questo falar sobre as falhas de mercado e no se referir expressamente OMC, ela deve ser analisada luz da doutrina econmica.

    2.2.2- Promoo da Segurana Nacional:

    A promoo da segurana nacional est definida no art. XXI do GATT, dispositivo transcrito a seguir:

    ARTIGO XXI- EXCEES RELATIVAS SEGURANA Nenhuma disposio do presente Acordo ser interpretada: (a) como impondo a uma Parte Contratante a obrigao de fornecer informaes cuja divulgao seja, a seu critrio, contrria aos interesses essenciais de sua segurana; (b) ou como impedindo uma Parte Contratante de tomar todas as medidas que achar necessrias proteo dos interesses essenciais de sua segurana: (i) relacionando-se s matrias desintegrveis ou s matrias primas que servem sua fabricao; (ii) relacionando-se ao trfico de armas, munies e material de guerra e a todo o comrcio de outros artigos e materiais destinados direta ou indiretamente a assegurar o aprovisionamento das foras armadas; (iii) aplicadas em tempo de guerra ou em caso de grave tenso internacional; (c) ou como impedindo uma Parte Contratante de tomar medidas destinadas ao cumprimento de suas obrigaes em virtude da Carta das Naes Unidas, a fim de manter a paz e a segurana internacionais.

    Com base nesse dispositivo, alguns tericos protecionistas justificam a proteo a certas indstrias, como por exemplo, a indstria blica, a indstria energtica ou mesmo a indstria de alimentos. Segundo estes, se o pas entrar em um conflito armado, precisar contar com uma indstria blica eficiente para poder lhe fornecer os armamentos de que necessita, no dependendo de nenhum fornecedor estrangeiro em uma situao destas.

    Em relao proteo indstria de alimentos, muitos pases a justificam por consider-la uma atividade estratgica, com o argumento de que sua populao no pode ficar dependendo do fornecimento de alimentos por outro pas. H algum tempo atrs, os Estados Unidos se utilizaram do argumento da segurana nacional para impor restries exportao de

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    alimentos e commodities agrcolas para seu territrio. Alegavam como fundamento o receio do bioterrorismo.

    2.2.3- Deslealdade Comercial:

    A deslealdade comercial outro argumento que pode ser utilizado para a adoo de prticas protecionistas, estando definida no art. VI do GATT. Falaremos mais desse assunto em aulas posteriores. Por enquanto, basta sabermos que, para combater prticas desleais de comrcio, como o dumping ou o subsdio, admite-se que sejam adotados mecanismos protecionistas, respectivamente as medidas antidumping e compensatrias.

    2.2.4- Restries no Balano de Pagamentos:

    Polticas protecionistas tambm podem ser usadas quando um pas estiver sofrendo restries em seu Balano de Pagamentos. Essa possibilidade est definida no art. XII do GATT, que estabelece que uma Parte Contratante poder, com o fim de resguardar sua posio financeira exterior e equilibrar o seu Balano de Pagamentos, restringir o volume ou o valor das mercadorias permitidas para importar. Essas restries devero, no entanto, ser impostas na medida do necessrio para afastar a ameaa iminente de diminuio relevante de suas reservas monetrias ou deter tal diminuio ou ainda para aumentar suas reservas monetrias no caso de estas serem muito exguas, considerando uma taxa razovel de crescimento.

    Diante da crise financeira internacional de 2008, alguns pases alegaram restries em seu Balano de Pagamentos para adotarem medidas protecionistas. Foi o caso, por exemplo, do Equador, que adotou salvaguardas comerciais para se proteger diante do desequilbrio de suas contas externas.

    2.2.5- Surto de Importaes:

    Um surto de importaes tambm pode exigir uma poltica comercial protecionista, estando prevista essa possibilidade no art. XIX do GATT. Falaremos mais sobre isso na aula sobre Defesa Comercial. Por enquanto, basta sabermos que, diante de um surto de importaes que cause ou ameace causar dano indstria nacional possvel que sejam adotadas salvaguardas comerciais. Essa medida tem como objetivo fornecer uma proteo temporria indstria nacional, de forma que esta possa ganhar flego por um instante.

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  • Comrcio Internacional p/ AFRFB 2013/2014 Teoria e Questes

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    2.2.6- Excees Gerais:

    O art. XX do GATT relaciona vrias situaes em que se admitem prticas protecionistas. Dentre as mais importantes citamos: i) medidas necessrias proteo da sade e da vida das pessoas e dos animais e preservao dos vegetais ( o que d embasamento para a aplicao de medidas sanitrias e fitossanitrias e regulamentaes tcnicas); ii) medidas relativas conservao dos recursos naturais esgotveis, se tais medidas forem aplicadas conjuntamente com restries produo ou ao consumo nacionais; iii) medidas necessrias proteo da moralidade pblica.

    Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

    43. (AFRF-2002.2) - Com relao s prticas protecionistas, tal como observadas nas ltimas cinco dcadas, correto afirmar-se que encontram amparo na normativa da Organizao Mundial do Comrcio (OMC), quando justificadas pela necessidade de corrigir falhas de mercado, proteger indstrias nascentes, responder a prticas desleais de comrcio e corrigir desequilbrios comerciais.

    Comentrios:

    Conforme a questo afirma, a normativa multilateral d respaldo imposio de prticas protecionistas como forma de proteger a indstria nascente e combater prticas desleais de comrcio. No entanto, a OMC no DPSDUDRSURWHFLRQLVPRSDUDILQVGHFRUUHomRGHIDOKDVGHPHUFDGRtampouco para corrigir desequilbrios na Balana Comercial (admite-se o protecionismo para corrigir desequilbrios no Balano de Pagamentos!). Questo errada.

    44. (AFRF-2000-adaptada) So razes que levam adoo de tarifas alfandegrias: a necessidade de aumento da arrecadao governamental, o desequilbrio no Balano de Pagamentos, a proteo indstria nascente, a promoo da segurana nacional e o estmulo competitividade de uma empresa.

    Comentrios: