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Comissão de Honra · Presidente da Academia de Ciências de Lisboa Prof. Doutor Adriano Moreira . ... A breve passagem do “Flor do Tâmega” como ... A Pintura Mural no Concelho

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Comissão de Honra

Presidente da República

Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva

Presidente da Assembleia da República

Dr. Jaime Gama

Primeiro Ministro

Eng.º José Sócrates

Ministra da Educação

Prof. Doutora Maria de Lurdes Rodrigues

Ministro da Cultura

Dr. José António Pinto Ribeiro

Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Prof. Doutor José Mariano Gago

Governadora Civil do Distrito do Porto

Dr.ª Isabel Oneto

Presidente da Câmara Municipal de Amarante

Dr. Armindo José da Cunha Abreu

Presidente da Assembleia Municipal de Amarante Dr. Celso Freitas

Reitor da Universidade do Porto

Prof. Doutor José Marques dos Santos

Presidente da Academia Portuguesa da História

Prof.ª Doutora Manuela Mendonça

Presidente da Academia de Ciências de Lisboa

Prof. Doutor Adriano Moreira

Comissão Científica

Prof. Doutora Conceição Meireles Pereira

Prof. Doutor José Augusto Pizarro

Prof. Doutora Lúcia Rosas

Comissão Organizadora

Presidente da Câmara Municipal de Amarante – Dr. Armindo Abreu

Dra. Maria José Queirós Lopes

Prof. Doutor António José Queirós

Secretaria Administrativa

Câmara Municipal de Amarante

Biblioteca Municipal Albano Sardoeira

Largo de Santa Clara

4600-034 Amarante

E-mail: [email protected]

Tel. 255420236

Fax: 255420280

PROGRAMA 15 de Maio (Quinta-feira) 10.00 h. Sessão de Abertura Salão Nobre da Câmara Municipal de Amarante 10.30 h. Apresentação das seguintes obras: - Foral Manuelino de Santa Cruz de Riba Tâmega

- Historia Antiga e Moderna da Sempre Leal e Antiquíssima Villa de Amarante

- O General Silveira e a Reedificação de Amarante

- Noticias de alguns artistas que trabalharam em Amarante

11.00 h. Pausa para café 11.15 h. Início dos Trabalhos 13.00 h. Almoço Livre 15.00 h. Continuação dos Trabalhos 16.30 h. Intervalo 16.40 h. Continuação dos Trabalhos 16 de Maio (Sexta-feira) 9.30 h. Início dos Trabalhos 10.45 h. Pausa para café 11.00 h. Continuação dos Trabalhos 13.00 h. Almoço Livre 15.00 h. Continuação dos Trabalhos 16.30 h. Visita a Travanca: Mosteiro e Casa Museu Acácio Lino 19.00 h. Jantar

17 de Maio (Sábado) 10.00 h. Início dos Trabalhos 11.30 h. Pausa para café 12.00 h. Conclusões do Congresso

1ª Secção

PPOOLLIITTIICCAA,, SSOOCCIIEEDDAADDEE EE CCUULLTTUURRAA

15 de Maio (Quinta-feira) Local: Cozinha dos Frades da Câmara Municipal de Amarante A Maçonaria em Amarante António Ventura As eleições municipais em Amarante durante a 1ª República António José Queirós QUIXOTE COMPANY: Memórias de Guerra de um Poeta-Soldado Luís Farinha Os livros de viagens “A Beira” e “Jornadas em Portugal”, na correspondência inédita de Teixeira de Pascoaes e Antero de Figueiredo João Francisco Marques Dois contemporâneos, Teixeira de Pascoaes e Gomes Monteiro: dois percursos diferentes Paulo de Oliveira Sá Machado Bruno e a “Renascença Portuguesa José Cardoso Marques A Correspondência de alguns amarantinos com Ilídio Sardoeira Maria José Queirós Lopes Uma memória letrada numa sociedade de camponeses analfabetos: um manuscrito esquecido sobre Amarante do início do século XIX. A memória económica-agrícola de Riba-Tâmega (1804). João Antunes Estêvão Elementos demográficos da região de Vila Meã ao tempo das Invasões Francesas (1807-1810) Maria Isabel Rodrigues Ferreira Vinhos produzidos no concelho de Amarante e seu contributo para a economia local Luís Van Zeller de Macedo 16 de Maio (Sexta-feira) Local: Cozinha dos Frades da Câmara Municipal de Amarante A presença dos Hospitalários em terras de Amarante Paula Maria de Carvalho Pinto Costa A senhorialização da Terra de Basto no século XIII e primeira metade do século XIV

Joana Catarina Sousa O património de Elvira Vasques e Soverosa no século XIII Paulo Jorge Cardoso Sousa e Costa A Linhagem de Ataíde: de Amarante até à Corte (Séculos XIII a XV) José Augusto de Sotto Mayor Pizarro O Mosteiro de Gondar – Património e Rendas Paula Cristina Nunes Correia Duarte A Casa da Portela em Amarante: confluência de itinerários familiares Lívio Pereira Correia As grandes cheias de Amarante: fatalidade(s), aleatoridade(s) e incerteza Francisco Silva Costa Amarante e o rio Tâmega: uma breve retrospectiva dos últimos 50 anos segundo a imprensa escrita local Francisco Silva Costa e Salete Carvalho O Concelho de Amarante em 1870: radiografia socioprofissional José Augusto Maia Marques O espelho do Poder: um século de vida amarantina nas actas parlamentares (1822-1910) Gonçalo Maia Marques 17 de Maio (Sábado) Local: Cozinha dos Frades da Câmara Municipal de Amarante Um iluminista do Vale do Tâmega – o 1º Mestre de D. Pedro IV Eugénio dos Santos Parlamentares de Amarante em finais de Oitocentos: o caso de João Pereira Teixeira de Vasconcelos Fernanda Paula Sousa Maia João Pereira de Vasconcelos – da Câmara dos Deputados à Câmara dos Pares Isilda Braga da Costa Monteiro A breve passagem do “Flor do Tâmega” como órgão do Partido Regenerador Liberal Maria da Conceição Meireles Pereira

2ª Secção PATRIMÓNIO, ARTE E ARQUEOLOGIA

15 de Maio (Quinta-feira) Local: Auditório da Biblioteca Municipal de Amarante Périplo pelo Património Arqueológico de Amarante: resultados de um projecto de investigação Joana Valdez O Convento da Santa Clara de Amarante: metodologia, resultados e perspectivas do estudo histórico arqueológico Ricardo Teixeira O Fosso de Fundição de S. Martinho de Mancelos (Amarante). Vilarinho: o chão que pisamos Susana Maria Fernandes Mendonça Bailarim A capela do Morgido (Candemil, Amarante Arlindo de Magalhães Ribeiro da Cunha Uma procuração de Manuel da Costa, pintor amarantino, firmada em Guimarães (1692) António José de Oliveira A herança do muratore: verdade e sprezattura na arquitectura do Nordeste português na segunda metade do séc. XVI José Ferrão Afonso O Concelho de Amarante e o seu valor patrimonial: Projecto de Difusão Carla Alves, Madalena Pinheiro, Nuno Leão e Susana Soares A estética do barroco joanino de Miguel Francisco da Silva nas igrejas de S. Pedro, S. Domingos e S. Gonçalo José Carlos Meneses Rodrigues 16 de Maio (Sexta-feira) Local: Auditório da Biblioteca Municipal de Amarante Arquitectura Românica do Concelho de Amarante: análise estilística e cronológica

Igreja de São Salvador de Freixo de Baixo

Ana Paula Morais Nunes

Igreja de Santa Maria de Jazente

António Emílio Ferreira

Igreja de Santo André de Telões

Artur Duarte Vasconcelos

Igreja de São Salvador de Lufrei

Cláudia Costa Pacheco

Igreja de Santa Maria de Gondar

Ednilson Fernandes

Igreja de São Salvador de Travanca

Francisco Manuel Neves e Tânia Raquel Silva

Igreja de São Salvador de Real

Maria de Jesus Martins

Igreja de São Martinho de Mancelos

Selma Andrea Cardoso

Igreja de São João de Gatão

Susana Maria Simões Moncóvio

A Pintura Mural no Concelho de Amarante. Lúcia Rosas e Paula Bessa Um conjunto de medalhas religiosas do Convento de Santa Clara de Amarante Maria da Graça Gonçalves Pereira, Helena Isabel Marçal Gomes e Maria Alice Martins Carneiro Cartofilia Amarantina: o Bilhete-postal Ilustrado nos primeiros anos do século XX Pedro Barros Pereira Amadeu de Sousa Cardoso (1887-1918) – Aqui, ali e em todo o lado… Um português na globalização do Modernismo Susana Maria Loureiro Restier Grijó Poças Deus, Pátria e Restauro: A acção da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais na salvaguarda dos monumentos religiosos de Amarante Milton Pedro Dias Pacheco De Vila sinuosa envelhecida a Princesa do Tâmega António Aurélio Macedo Patrício Estruturas moageiras no Baixo Tâmega Teresa Soeiro A Obra Hidroeléctrica do Olo António Aires A mina do Teixo, Serra do Marão Carla Maria Braz Martins

17 de Maio (Sábado) Local: Auditório da Biblioteca Municipal de Amarante As antigas casas da Câmara de Amarante no contexto das casas de Câmaras Portuguesas Carlos Caetano O Perímetro Florestal da Serra do Marão e Meia Via: uma perspectiva histórico-geográfico Salete Carvalho Árvores de Amarante: biodiversidade, condição fitossanitária e valor patrimonial Luís Miguel Pontes Martins Plano estratégico de mobilidade de Amarante Paula Teles Formas e praticas de habitar em contextos urbanos – um case study de antropologia urbana Fernando Matos Rodrigues

RESUMO DAS COMUNICAÇÕES

1ª Secção

PPOOLLIITTIICCAA,, SSOOCCIIEEDDAADDEE EE CCUULLTTUURRAA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM AMARANTE DURANTE A PRIMEIRA REPÚBLICA Durante a Primeira República houve eleições administrativas em 1913, 1917, 1919, 1922 e 1925. Neste estudo, a par da divulgação e interpretação dos resultados oficiais para a Câmara Municipal de Amarante, e do conhecimento das elites amarantinas da época, procurar-se-á contextualizar (tendo em conta o espectro político-partidário nacional) as forças concorrentes a esses actos eleitorais. Dar-se-á particular relevo às eleições de 1913 e 1917, em virtude de terem sido as mais disputadas neste município.

António José Queirós

A MAÇONARIA EM AMARANTE

Nesta comunicação faz-se uma abordagem da Maçonaria em Amarante, com as naturais limitações inerentes à escassez de fontes. Em primeiro lugar, o Triângulo nº 50, do Rito Escocês Antigo e Aceite, filial da Loja Liberdade e Progresso, do Porto, que esteve activo entre 1904 e 1914. Do mesmo modo se aborda a constituição de um triângulo do Rito Francês, em 1934, pouco antes da proibição da Maçonaria, mas que não se concretizou embora todo o processo estivesse concluído. Num e noutro caso analisam-se os respectivos quadros. Por último, embora de forma não exaustiva, referem-se diversos naturais de Amarante que fizeram parte da Maçonaria em oficinas fora do concelho, tanto no Continente como no Ultramar.

António Ventura

Eugénio dos Santos

PARLAMENTARES DE AMARANTE EM FINAIS DE OITOCENTOS: O CASO DE JOÃO PEREIRA TEIXEIRA DE VASCONCELOS Das inovações político-institucionais que o constitucionalismo oitocentista nos oferece, a Câmara dos Deputados é talvez a instância que, do ponto de vista do debate de ideias e confronto de opiniões, se nos afigura como um dos mais importantes palcos da vida política de então. Para muitos dos intelectuais portugueses nascidos no século XIX, formados no quadro teórico da ideologia liberal, a Câmara dos Deputados permitia-lhes, de certa forma, pôr em prática muitos dos ideais que defendiam e em que sinceramente acreditavam. Apesar do decadentismo vivido em finais de Oitocentos, o Parlamento correspondia ainda, para uma parte desses intelectuais, como um espaço vocacionado para cumprir a tarefa de restaurar a Pátria, pelo que muitos deles continuaram a revelar um empenhamento intelectual interveniente

e afirmativo que lhes valeria, também, serem escolhidos para representantes da nação, acedendo, assim, ao lugar de deputados. Não esqueçamos que, nestes tempos de mudança, a Câmara dos Deputados, para além da estrita função legislativa e fiscalizadora dos governos e da administração, emergia também como um importante fórum de debate político, a par de uma imprensa periódica aguerrida que, nesta época, acolhia nas suas redacções os mesmos protagonistas da tribuna parlamentar. Por isso, assumia-se, também, como um dos pólos de recrutamento da elite dirigente, bem como aparecia aos olhos dos seus contemporâneos, como um dos mais importantes aparelhos de sociabilidade da capital, ao qual, muitas vezes, se dirigiam as pessoas não para assistirem às sessões nas galerias, mas apenas para serem vistas. Foi a consciência da riqueza desta fonte e o facto de a conhecermos bem que nos levou a perceber o que levava um eminente político local, natural de Amarante e pai do futuro homem de letras Teixeira de Pascoaes, a abandonar alguns meses por ano a sua casa de família – a Casa de Gatão – e a sua vida pública local no Norte do país, e a instalar-se na capital, para intervir nesse palco político da nação por excelência – a Câmara dos Deputados.

Fernanda Paula Sousa Maia

AS GRANDES CHEIAS DE AMARANTE: FATALIDADE(S), ALEATORIDADE(S) E INCERTEZA O interesse pelo conhecimento do regime das cheias e das áreas inundáveis, assim como dos processos que as condicionam, foi sempre um domínio privilegiado da investigação. Infelizmente, no que respeita à cidade de Amarante, os estudos são praticamente inexistentes. Esta comunicação pretende fazer uma abordagem descritiva e interpretativa daquelas que foram consideradas as maiores cheias registadas na cidade de Amarante e centrando-se em três conceitos: fatalidade, aleatoriedade e incerteza. Os impactes sentidos na área inundada foram sempre de grande intensidade, principalmente no que diz respeito às áreas ribeirinhas, às ilhas e ínsuas instaladas ao longo do canal principal do rio Tâmega. As crises originadas por estas cheias prolongaram-se no tempo deixando marcas que ainda hoje são bem visíveis na paisagem natural e urbana de Amarante. Desta forma, optamos por uma abordagem essencialmente interpretativa do fenómeno das cheias do Tâmega no espaço urbano de Amarante entre 1960 e 2001.

Francisco da Silva Costa

AMARANTE E O RIO TÂMEGA: UMA BREVE RETROSPECTIVA DOS ÚLTIMOS 50 ANOS SEGUNDO A IMPRENSA ESCRITA LOCAL O rio Tâmega sempre assumiu um importante papel no desenvolvimento do centro urbano de Amarante. A abordagem na perspectiva jornalística do tema água, em geral, e do rio Tâmega na sua passagem pelo centro urbano de Amarante, em particular, ao longo do século na segunda metade do século XX foi a motivação de partida para a realização deste trabalho. Perspectivam-se os contributos que a consulta jornalística forneceu ao desenvolvimento da investigação científica a partir do relato dos factos ocorridos, mas também pela indicação de fontes, documentos, planos e projectos realizados O caso de estudo do rio Tâmega em Amarante mostra a validade da pesquisa jornalística no âmbito da investigação científica e de trabalhos académicos. A recolha, sistematização e tratamento da informação jornalística efectuada nos jornais locais, ao longo das últimas décadas, após ser devidamente certificada e completada, veio permitir:

- Reconhecer estrangulamentos e potencialidades dos recursos hídricos, em geral, e do rio Tâmega na sua relação com o centro urbano de Amarante, em particular, numa perspectiva temporal e espacial;

- Identificar as situações de conflito entre usos, utilizações da água, consumo e disponibilidade, qualidade da água e ecossistemas ribeirinhos;

- Interpretar as soluções de planeamento levadas a cabo; e, por isso - Compreender o contributo da informação jornalística local na dinamização do debate social.

Francisco da Silva Costa e Salete Carvalho

O ESPELHO DO PODER: AMARANTE NAS ACTAS PARLAMENTARES (1822-1910)

Pretende-se com esta comunicação demonstrar a mais valia da análise histórica do discurso e conteúdo das actas parlamentares como elemento de estudo da História Regional e Local. Este trabalho procura seguir os passos das referências ao Concelho de Amarante nos textos parlamentares que agora se encontram disponíveis na Internet em www.parlamento.pt. A nossa pesquisa estendeu-se a todas as Câmara Parlamentares criadas durante a vigência da Monarquia Constitucional (Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa; Câmara dos Deputados da Nação Portuguesa; Câmara dos Pares). A grande maioria das referências a Amarante relaciona-se com elementos de natureza demográfica e fiscal (resultados dos censos, actos eleitorais, regulamentações sobre a propriedade e lançamento de impostos), mas também se encontram notas de História Política e Social, associadas a episódios da vida quotidiana ou a ilustres amarantinos que hoje fazem parte dos anais da memória nacional. De entre estes, destaca-se a figura do General Silveira (Conde de Amarante).

Gonçalo Maia Marques

JOÃO PEREIRA TEIXEIRA DE VASCONCELOS – DA CÂMARA DOS DEPUTADOS À CÂMARA DOS PARES

A Câmara dos Pares e a Câmara dos Deputados assumiram, no contexto político nacional do século XIX e início do século XX, diferentes níveis de representatividade em função do sistema de legitimidade definido constitucionalmente. Cumprindo funções distintas mas que se pretendiam complementares, partia-se do princípio fundamental de que a legitimidade popular, reconhecida como dominante, não deveria abafar a diversidade que marcava o todo político e social que constituía a Nação. Nesse sentido, a Câmara dos Pares caracterizava-se por um baixo nível de representatividade que a afastava da legitimidade dominante e a enquadrava na legitimidade aristo-monárquica subalternizada pelo regime liberal oitocentista, face a uma Câmara dos Deputados, entendida como a “voz do povo”, para a qual elegia os seus representantes de acordo com o sistema constitucionalmente definido. Um aspecto essencial que justificava distintas formas de actuação. Contrariamente ao que acontecia na Câmara dos Deputados, onde muitos dos seus membros davam os primeiros passos numa carreira política em que colocavam muitas expectativas, a Câmara dos Pares apresentava-se, sobretudo no caso dos que eram nomeados pelo monarca, como o fim de linha de um trajecto profissional e/ou político. Um trajecto político feito, frequentemente, nos corredores de S. Bento, como deputados da Nação. É o caso de João Pereira de Vasconcelos que, em 5 de Outubro de 1906, toma assento na Câmara dos Pares, depois de quase duas décadas como deputado e de importantes cargos desempenhados dentro e fora de Amarante. A leitura das actas das sessões permite-nos acompanhar a actuação deste homem, que, embora certamente consciente das características do novo palco que pisava, se vai pautar pelo empenhamento e pela combatividade. A chegada à “prateleira dourada” que em

muitos casos a elevação ao pariato significava, não terá sido, assim, sentida por João Pereira de Vasconcelos, como procuraremos demonstrar na nossa comunicação.

Isilda Braga da Costa Monteiro

A SENHORIALIZAÇÃO DA TERRA DE BASTO NO SÉCULO XIII E PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIV

Localizada em pleno Norte Senhorial, a Terra de Basto, no século XIII e primeira metade do século XIV, era uma região atractiva quer para a população em geral, quer para os grupos privilegiados da sociedade. Era atravessada pelo Rio Tâmega – que constituía uma via de comunicação por excelência entre o Norte e o Rio Douro – tinha uma densidade populacional assinalável e as suas terras férteis acolhiam inúmeras instituições religiosas: igrejas, Ordens Militares e mosteiros, nomeadamente alguns de dimensão assinalável como o Mosteiro de Telões, o de Refojos, o de Arnoia e o de Freixo que beneficiando de sucessivas doações de bens nessa região acumularam em Basto um património vasto. Do mesmo modo, o rei e muitas famílias nobres – da alta nobreza de corte, media nobreza de corte à média nobreza regional e baixa nobreza regional – que possuíram bens nesta região ao longo desse período. A linhagem dos Sousa foi a que assumiu maior predomínio em Basto, devendo-se a presença de muitas outras famílias na região à ligação que tinham aos Sousa. Com a sua extinção biológica, outras linhagens assumiram este predomínio, nomeadamente os Briteiros, os Teles e os filhos bastardos de D.Dinis. A Terra de Basto, nos séculos XIII e XIV, era assim amplamente senhorializada.

Joana Catarina Sousa

MEMÓRIA ECONÓMICA-AGRICOLA DE RIBA-TÂMEGA (1803-04) Analisa este artigo as partes 1ª e 4ª da mesma memória: as partes dedicadas ás questões económicas e agrícolas, afinal algumas respostas ao referido inquérito. Não sendo o autor um especialista nas matérias versadas – confessa aliás que teve propositadamente de se instruir para poder responder a algumas das perguntas – as respostas veiculam uma posição que não poderemos denominar de senso comum local. Na verdade, além de propor – na linha fisiocrática – os aumentos na produção agrícola, mas também a instalação de algumas fábricas e o incremento do comércio agrícola, o autor da memória parece veicular os interesses duma elite vinhateira interessada em poder exportar. Em matéria de comércio e agricultura o autor da memória, apelando á urgente necessidade de tornar o rio Tâmega navegável, refere-se explicitamente a todo o riba-Tâmega. As estatísticas demográficas amarantinas que nos proporcionou são decerto tributárias dos censos da época: o do final do século XVIII e o início do século XIX. Refere dum modo geral as instituições locais – câmaras, Misericórdia e confrarias – propondo soluções para alguns problemas jurisdicionais que incidiam sobre a “rua de Amarante”, dividida por três câmaras. Se estes temas, da última e 4ª parte da memória – repetindo já autênticos lugares – comuns, com pelo menos meio século, se referem dum modo especial a Amarante – já os temas versados na 1ª parte, sobre o fomento agrícola e mercantil de riba-Tâmega, mereciam em meu entender ser integralmente publicados.

João Antunes Estêvão

UMA MEMÓRIA LETRADA NUMA SOCIEDADE DE CAMPONESES ANALFABETOS: UM MANUSCRITO ESQUECIDO SOBRE AMARANTE DO INÍCIO DO SÉCULO XIX Este artigo analisa resumidamente as partes 2ª e 3ª da memória: aquelas partes que são dedicadas ás “antiguidades” locais. Há meia dúzia de temas que preenchem o conteúdo: A pretensa antiguidade pré-romana da vila de Amarante e sua ponte; a sua população na época medieval; o tema das “beatrias”; a polémica sobre a ordem religiosa professada por S. Gonçalo; os solares principais de Amarante e concelhos limítrofes; os “ilustres” naturais ou oriundos da vila de Amarante e arrabaldes: os que se distinguiram nas obras de virtude e aqueles outros que se destacaram nas armas e sobretudo nas letras (profanas e religiosas). Respostas dum erudito local a um grande inquérito á escala provincial, a memória dá-nos um protótipo desse tipo de erudito: movido pelo desejo de “engrandecer” a sua pátria local – mesmo que para isso seja preciso inventar-lhe, retórica e polemicamente, um remoto e pretenso passado pré-romano. Sem interesse enquanto obra historiográfica (a censura não lhe concedeu sequer o direito a ser impressa), a memória não deixa no entanto de ser uma interessante fonte histórica local/regional. Que nos permite, entre outras coisas, aferir a assimilação num meio rural da cultura letrada profana da época: uma cultura sob um processo de mudança, onde a ciência empírica ia tomando o lugar do saber teórico tradicional baseado em “autoridades” consagradas.

João Antunes Estêvão

OS LIVROS DE VIAGENS “A BEIRA” E “JORNADAS EM PORTUGAL” NA CORRESPONDÊNCIA INÉDITA ENTRE TEIXEIRA DE PASCOAES E ANTERO DE FIGUEIREDO

A correspondência entre Teixeira de Pascoaes e Antero de Figueiredo, ainda inédita, é particularmente reveladora de um desnudar mútuo da natureza humano-literária, mercê de um conjunto de motivações convergentes no sentido de um auto-ajuizamento que passavam, a propósito dos livros que se ofereciam. Falando de “A Beira”, Antero reconhece que «traz, vincada, a mesma marca pessoal de toda a sua obra: alta visão, profundo subjectivismo». Por sua vez, acusando a recepção de “Jornadas em Portugal”, entusiasmado, Pascoaes escreve: «Se todos os livros são dignos de admiração, este é digno de amor». […] “Lê-lo é percorrer Portugal divinamente revelado nas suas paisagens e nas suas almas”. Significativa amostra, esta, que se encontra multiplicada, a propósito de outras obras, no intercâmbio epistolar dos dois amigos.

João Francisco Marques

A LINHAGEM DE ATAÍDE: DE AMARANTE ATÉ À CORTE (SÉCULOS XIII A XV) Estudo das origens de uma linhagem da média/pequena nobreza regional, oriunda das terras amarantinas, e que, mercê das vicissitudes políticas da segunda metade do século XIV, se posicionou a partir do século XV no grupo das principais linhagens da alta nobreza de corte.

José Augusto de Sotto Mayor Pizarro

O CONCELHO DE AMARANTE EM 1870: RADIOGRAFIA SOCIOPROFISSIONAL

Tendo como base o livro do «Recenseamento dos mancebos aptos para o recrutamento militar deste Concelho de Amarante» de 1870, depositado no Arquivo Distrital do Porto, o autor procurará delinear uma perspectiva dos aspectos socioprofissionais do Concelho, não só no que respeita às principais actividades económicas desenvolvidas pela população, mas abordando

também questões tão curiosas e diversas como a emigração (para longe e para perto), ou a antroponímia e a toponímia. No final cotejar-se-á, ainda que de modo breve, esta fonte com outras idênticas. Para uma melhor compreensão, o estudo será acompanhado de mapas e gráficos.

José Augusto Maia Marques

BRUNO E A "RENASCENÇA PORTUGUESA”

A "Nova Renascença, como movimento cultural, literário, filosófico e artístico, tem na figura de Bruno o seu polar de suporte principal, nas bases de seu «edifício cultural». Tendo como suportes fundamentais o anti-positivismo, o republicanismo e uma certa"maneira de ser " do povo português, pressupostos estes que estão na base de toda a obra e vida de Bruno. No «O Brasil Mental» o ataque cerrado à filosofia de Augusto Comte, na «A Ideia de Deus», uma teoria original sobre a origem, a fundamentação e a superação do "Mal", no "O Encoberto", uma nova filosofia da História de Portugal, contrária à de Antero de Quental e de Oliveira Martins. São estes os pilares fundamentais da obra de Bruno, conjuntamente com a sua constante campanha de pedagogia cívica e política, campanha essa que vai ser uma constante na pedagogia da "Renascença Portuguesa": uma nova filosofia da educação da República para o povo. No que concerne ao «O Encoberto», aos últimos escritos de Bruno na «A Águia» e outras publicações para complementar a sua obra "Os Cavaleiros do Amor ou A Religião da Razão" e " Teoria Nova da Antiguidade", Bruno concebe uma nova filosofia da História de Portugal. Mas aqui tratava-se de estudar as nossas origens heterodoxas medievais e sobretudo o problema do "Sebastianismo", que não será uma filosofia própria dos Portugueses, como o querem fazer certas correntes de opinião, mas sim o próprio Homem que se há-de transformar, transformando-se rumo de novo ás origens-integração do Ser no Universo. Baseando-se nisto, a "Renascença Portuguesa" nomeadamente Pascoais, "inventou" a "saudade", uma filosofia da "Raça Lusitana", que há-de ter uma missão especial a cumprir no Mundo (será o V império de Vieira e Pessoa?). Bruno ao desligar-se por completo da vida política e social a partir de 1911, dedicando-se exclusivamente à sua obra, há aqui como que um hiato difícil de compreender. Só colabora na «A Águia» para publicar os seus trabalhos que fariam parte das suas últimas obras. Tirando isto não mais se referirá a ninguém em particular nem fará nenhuma intervenção cívica ou cultural. Por outro lado os da "Renascença Portuguesa" não mais se refere a ele a não ser quando morre em Novembro de 1915. Bastante estranho este tipo de comportamento de ambas as partes! As "lições" de Bruno ficarão por estudar, e só em parte a "Renascença Portuguesa" as levará por diante.

José Cardoso Marques

A CASA DA PORTELA EM AMARANTE: CONFLUÊNCIA DE ITINERÁRIOS FAMILIARES Na Casa da Portela, ao longo dos séculos estudados confluem, por virtude das antigas práticas de alianças matrimoniais, diversas famílias. Considerando o extracto económico-social da “casa” verifica-se que as alianças praticadas se fazem dentro de grupos familiares muito similares e por vezes de gerações próximas. Numa investigação originalmente efectuada para correcção de Felgueiras Gayo no seu grande título Vasconcelos vai descobrir-se que os Vasconcelos, de Felgueiras, se vão unir aos Peixotos, de Amarante. Os itinerários familiares percorridos pelas personagens do ramo estudado que vai confluir nesta união, têm início

documental em meados de Quinhentos e prolongam-se até fins de Setecentos, época em que começam a abundar obras sobejamente conhecidas e vastas sobre estas famílias, tornando por isso irrelevante a inserção de mais gerações descendentes no trabalho. Esta investigação sobre os itinerários deste ramo da família Vasconcelos, num período de alguma obscuridade, tem especial interesse genealógico pois quase todas as famílias da região estão com ela relacionadas através de uma vasta teia de linhas portadoras deste apelido. Como estudo de uma caso exemplifica comportamentos de preservação do património e como contributo para o estudo da aproximação, a montante, do tronco dos Vasconcelos antigos, fornece um subsídio.

Lívio Pereira Correia

QUIXOTE COMPANY: MEMÓRIAS DE GUERRA DE UM POETA-SOLDADO Há quase quarenta anos morria em Lisboa o então Director da revista Seara Nova, amarantino de nascimento e homem de um mundo que sonhava maior, unido pelo Atlântico, do seu Minho Natal a Angola e a Timor. Augusto Casimiro dos Santos (1889-1967), a ele nos referimos, foi intelectual seareiro, poeta, soldado e resistente à Ditadura que de mansa, em 1926, se eternizou para além da sua morte. Cavaleiro do Ideal, militou desde sempre, pela escrita e pelas armas, ao lado dos que imaginavam para Portugal uma República democrática, firmemente alicerçada sobre os valores universais da liberdade e da fraternidade, tão vasta nos ideais como na capacidade de voltar a “dar novos mundos ao mundo”. Em seu Diário Imperfeito se auto-define como um “homem, soldado e poeta sempre a sonhar um sonho e a tentar realizá-lo”. Lutou na Flandres e em Angola pelo mesmo desígnio – dar a Portugal o lugar que considerava pertencer-lhe no novo concerto das nações coloniais de finais do séc. XIX e início do seguinte. Desde a “Renascença Portuguesa” até à “Seara Nova”, sempre pertenceu àquele escasso grupo de portugueses a quem não bastava uma República qualquer. Por isso se opôs ao consulado de Sidónio e depois à Ditadura Militar que, para enganar os homens, se travestira de republicana. Como tantos outros, perdeu quase tudo – a carreira, o bom-nome, um futuro –, mas não hipotecou a dignidade e a honra. Esta é a pequena-grande história de um vencido/vencedor – pelo tempo e pelas ideias. Aquele em que militou pela sua Dulcineia ainda não era – não podia ter sido –, o tempo da República Democrática que os novos ventos trouxeram com o 25 de Abril. Também não foi o tempo dos “novos brasis em África” que tanto imaginou como possíveis e em que tanto se empenhou, como militar e como administrador. O mundo mudou tão rapidamente que, de ideal, a “missão civilizadora” dos portugueses se tornou, em pouco tempo, velha e decrépita. Em 1967, quando Augusto Casimiro deixou o mundo dos vivos, a Guerra das Colónias não era mais uma de entre tantas outras que tinham ocorrido ao longo do século: era funda e definitiva. Africa Nostra (1923), Portugal e o Atlântico (1955) e Angola e o futuro (1961) compunham visões e propunham “soluções” de um entendimento a que o tempo roubou o sentido. De resto, alguma solução pode ser boa se o problema for insolúvel?

Luís Farinha

VINHOS PRODUZIDOS NO CONCELHO DE AMARANTE E SEU CONTRIBUTO PARA A ECONOMIA LOCAL O trabalho proposto abrangerá os seguintes aspectos:

a) Área de vinha actual. b) Número de produtores por freguesia. c) Número de produtores-engarrafadores e sua distribuição geográfica.

1 – Marcas de vinho verde tinto 2 – Marcas de vinho verde branco 3 – Outras marcas (Espadeiro, Rose, Espumantes)

d) Quantidade de vinhos comercializados.

1 – Por cada tipo (tinto, branco, outras) 2 – Comercializados no mercado local 3 – Comercializados no mercado regional e nacional 4 – Comercializados no mercado internacional

e) Volume correspondente aos vinhos comercializados. f) Reflexo sobre a economia do concelho. g) Conclusões.

Luís Van Zeller de Macedo

A BREVE PASSAGEM DO FLOR DO TÂMEGA COMO ÓRGÃO DO PARTIDO REGENERADOR LIBERAL O histórico semanário de Amarante – Flor do Tâmega – fundado em finais de 1886 pelo seu proprietário e director Pedro Carneiro, foi durante 13 números, mais exactamente nas vésperas da instauração da República – de 10 de Julho a 2 de Outubro 1910 – órgão do Partido Regenerador Liberal. Tratou-se, evidentemente, de um corte radical com a sua habitual posição de "Órgão dos Interesses do Concelho". Nesse lapso de tempo, o jornal pertenceu a Barreto Sacchetti que também assegurou a direcção do periódico. Posteriormente a esta partidarização efémera, o jornal regressou, em termos gerais, à sua tradicional orientação.

Maria da Conceição Meireles Pereira

ELEMENTOS DEMOGRÁFICOS DA REGIÃO DE VILA MEÃ AO TEMPO DAS INVASÕES FRANCESAS (1807-1810) A propósito das comemorações do II Centenário das Invasões Francesas e sendo Amarante terra que esteve na encruzilhada da segunda, resolvemos aproveitar a efeméride e tratar demograficamente quatro das freguesias do concelho: S. Martinho de Mancelos, São Paio de Oliveira, São Salvador de Real, São Salvador de Travanca, cujo núcleo de duas delas – Oliveira e Real – fazem parte integrante da região de Vila Meã. No trabalho a apresentar pretendemos para além da caracterização histórica da região fazer o seu estudo demográfico durante esses quatro anos. A par da contagem objectiva dos registos paroquiais relativos a baptismos, casamentos e óbitos é nossa intenção retirar outra informação implícita nas fontes, que vai desde o estado em que esta se encontra até às anotações feitas pelo pároco, que apesar de serem pontuais são significativas. O trabalho em questão não pode esquecer o tratamento onomástico dos baptizados por constituir um elemento importante e que reflecte as crenças e costumes. Apesar do intervalo temporal ser pequeno esperámos contribuir e apontar alguns caminhos para o estudo demográfico do concelho.

Maria Isabel Rodrigues Ferreira

A CORRESPONDÊNCIA DE ALGUNS AMARANTINOS COM ILÍDIO SARDOEIRA

Maria José Queirós Lopes

O MOSTEIRO DE GONDAR – PATRIMÓNIO E RENDAS O trabalho que queremos apresentar é sobre a Igreja Mosteiro de St.ª Maria de Gondar, fundada como mosteiro beneditino possivelmente no séc. XIII, e mais tarde comenda da Ordem de Cristo em 1515. Pensamos que tem lugar neste Congresso que se quer sobre a história de Amarante, uma vez que a cidade está intimamente ligada às aldeias que a cercam. Gondar, onde se situa o mosteiro que estudámos é uma delas. No passado, a vila de Amarante estava tão ou mais ligada a estes arredores que com ela se entrelaçavam. Os campos de vinha e de policultura entravam cidade dentro e viviam nos pequenos quintais que existiam na continuidade das casas. O Mosteiro de Gondar e as igrejas suas anexas, não foram só centros percursores da exploração das terras onde se localizavam e que através desta breve comunicação pretendemos, em primeira análise, dar a conhecer, mas também detinha propriedades urbanas na antiga vila de Amarante. Assim, numa intervenção que será necessariamente breve, pretendemos traçar a história possível da instituição religiosa e salientar o património que esta possuía, mais detalhadamente na cidade de Amarante. Dizemos história possível, pois a principal fonte é a cópia do tombo existente no Arquivo Distrital de Braga, «Gondar Sta. Maria/ Tombo desta Igreja e Mosteiro 1548» - L. 293, privilegiando-se a vertente patrimonial. Não deixaremos, no entanto, de tentar em breves traços, vislumbrar o percurso histórico da instituição que, ainda hoje, é mais do que um simples monumento, acolhendo cerimónias religiosas tão significativas como a celebração pascal dos habitantes de Gondar.

Paula Cristina Nunes Correia Duarte

A PRESENÇA DOS HOSPITALÁRIOS EM TERRAS DE AMARANTE

A Ordem do Hospital, instituição religioso-militar de dimensão supranacional, esteve presente em grande parte do Norte de Portugal e respondia, sobretudo, a desafios de natureza sócio-caritativa, embora associasse uma actuação militar aos seus objectivos primordiais. A Ordem do Hospital era uma organização que marcava presença à escala nacional desde tempos medievais, não constituindo excepção as terras de Amarante, onde preencheu um espaço merecedor de reflexão. Atendendo ao enquadramento proporcionado por esta instituição, Amarante constituía um pólo de interesse, na medida em que a faceta local desta região, através da Ordem, estava inserida nos contextos nacional e internacional, onde se projectava. Assim, os Hospitalários eram uma referência, tanto no âmbito religioso, a par de outras congregações monásticas, como no ambiente social que caracterizava as terras vizinhas do Tâmega. Com efeito, os Hospitalários constituíam pontos de referência da organização senhorial, desempenhando funções económicas, ao nível da posse da terra, da sua inserção em redes económicas mais amplas e da organização social do espaço que lhe estava subjacente, bem como funções de assistência social aos peregrinos que se movimentavam no noroeste peninsular. A estas atribuições acrescentavam-se outras, igualmente fundamentais, exercidas no plano administrativo e judicial e essenciais para avaliarmos o perfil da presença da Ordem na região de Amarante.

Paula Maria de Carvalho Pinto Costa

DOIS CONTEMPORÂNEOS: TEIXEIRA DE PASCOAES (1877-1952) E GOMES MONTEIRO (1893-1950) DOIS PERCURSOS – DOIS DESTINOS Teixeira de Pascoaes, um vulto inquestionável da Literatura Portuguesa, poeta por excelência e líder representante do saudosismo, integra o movimento da “Renascença Portuguesa” e apresenta em 1910, no Porto, juntamente com Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão a célebre e renomeada revista “A Águia”. Gomes Monteiro, um outro vulto, ainda pouco divulgado, que agora desponta, depois de largo silêncio, publicou e traduziu cerca de cinquenta títulos, tem nos seus livros “Feras no Povoado” (1947) dedicado a Boticas - Trás-os-Montes, “Vencidos da Vida” (1944) e “Bocage esse desconhecido” (1942) as suas principais referências. Foi Director da Revista “Arquivo Nacional”. Jornalista do Diário de Notícias, para além de tradutor e conferencista. Têm percursos distintos, não se conheceram, trilharam caminhos distintos, as suas obras praticamente nunca se cruzaram ao longo das mais diversas edições, a não ser no ano de 1945, quando Pascoaes publica “Santo Agostinho” e Gomes Monteiro “Morte e Ressurreição da França”. Dois destinos nas Letras Portuguesas a reviver.

Paulo de Oliveira Sá Machado

O SENHORIO DE ELVIRA VASQUES DE SOVEROSA O século XII termina com a distribuição da herança de D. Gonçalo Sousa pelos seus descendentes. Elvira Vasques é sua neta por parte de sua mãe Teresa Gonçalves, que havia casado com Vasco Fernandes de Soverosa. Os outros herdeiros são o Conde D. Mendo Sousão e a Condessa Elvira da Faia Recebeu o nome próprio de sua bisavó Elvira Fernandes de Marnel e casou-se com Paio Soares de Valadares e teve geração. Teve uma relação incestuosa com Vasco Magudo que também resultou geração. O seu domínio era constituído sobretudo pelos bens que recebeu em dote e era constituído pelas honras de Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia), Amarante (vila e couto) e Vila Marim, onde mandou erguer a torre de Quintela, fortaleza precursora da cidade de Vila Real. E juntamente com o domínio de seus irmãos Gil Vasques de Soverosa e Alda Vasques, com quem possuía uma honra em comum, era um domínio com alguma dimensão, que se impunha e controlava importantes eixos viários. Possuía ainda os padroados de algumas igrejas e diversas propriedades espalhadas pela tenência familiar de Sousa, Basto e Panóias.

Paulo Jorge Cardoso Sousa Costa

2ª Secção PATRIMÓNIO, ARTE E ARQUEOLOGIA ARQUITECTURA ROMÂNICA DO CONCELHO DE AMARANTE: ANÁLISE ESTILÍSTICA E CRONOLÓGICA 1 - A Igreja de São Salvador de Freixo de Baixo (Amarante) A Igreja de Freixo de Baixo, deve ser entendida e analisada no seu enquadramento territorial. Antigo Mosteiro de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho as estruturas, que actualmente estão adjacentes ao templo, recordam a pré-existência dos aposentos monásticos. A presença de uma torre sineira monumentalizada coloca várias questões de ordem simbólica.

Ana Paula Bandeira M. V. Nunes 2 - Igreja de Santo André de Telões (Amarante) A Igreja de Santo André de Telões (Amarante) coloca várias interrogações relativamente à sua cronologia. Aparentando ser uma igreja da época românica as soluções que apresenta, nomeadamente no que diz respeito ao portal ocidental e aos cachorros, indiciam estarmos perante uma peça de resistência ou seja, nela parecem patentear-se modelos de origem românica muito repetidos ao longo do tempo que se foram afastando das soluções formais mais antigas.

Artur Vasconcelos

3 - Igreja de Santa Maria de Jazente (Amarante) A Igreja de Santa Maria de Jazente (Amarante) teve origem na fundação de um mosteiro feminino tendo aderido à Ordem Beneditina no século XII. O templo, tal como hoje se apresenta, apesar das transformações que recebeu na Época Moderna, corresponderá a uma construção do século XIII. A inusitada relação entre a altura e a largura da nave coloca questões muito interessantes que temos intenção de abordar nesta comunicação.

António Ferreira

4 - Igreja de São Salvador de Lufrei (Amarante) A Igreja de São Salvador de Lufrei (Amarante) teve origem na fundação de um mosteiro feminino, tendo aderido à Ordem Beneditina no século XII. O templo, tal como hoje se apresenta, parece corresponder a uma construção muito tardia no contexto da cronologia da arquitectura românica do concelho de Amarante. No entanto, e apesar de ter sido profundamente intervencionada, principalmente no que diz respeito às proporções originais, é de notar a forte presença do arco triunfal que enquadra a capela mor. Propomo-nos encontrar os elementos medievais que identificam esta igreja com a arquitectura românica.

Cláudia Pacheco

5 - A Igreja de Santa Maria de Gondar (Amarante) A Igreja de Santa Maria de Gondar (Amarante) teve origem na fundação de um mosteiro beneditino que remontará ao século XII. O templo é um interessante e saboroso testemunho do românico tardio da região de Amarante. A nossa proposta consiste na análise cronológica dos seus elementos construtivos e decorativos.

Ednilson Fernandes 6 - Igreja de São Salvador de Travanca (Amarante) A Igreja de São Salvador de Travanca (Amarante) é um dos mais notáveis monumentos românicos do Concelho de Amarante. A sua fundação remonta ao século XI, tendo adoptado a Regra de São Bento entre os anos 1080 e 1115. A nossa proposta consiste na análise cronológica e estilística deste templo já que nele se conjugam elementos datáveis do século XII com outros, claramente do século XIII.

Francisco Neves e Tânia Silva 7 - Igreja de São Salvador de Real (Amarante) A Igreja de São Salvador de Real (Amarante) corresponde a uma construção muito tardia no contexto da cronologia da arquitectura românica do concelho de Amarante. Apesar de ter sido profundamente intervencionada na Época Moderna, estão ainda patentes alguns elementos românicos que nos propomos identificar.

Maria de Jesus Martins 8 - Igreja de São Martinho de Mancelos (Amarante) A Igreja de São Martinho de Mancelos (Amarante) foi fundada no século XII, tendo pertencido a um Mosteiro de Agostinhos e mais tarde de Dominicanos, subalternos ao Convento de São Gonçalo de Amarante. Não obstante as alterações e acréscimos que sofreu, conserva o portal principal, cujos elementos parecem corresponder a uma construção tardia, no contexto da cronologia da arquitectura românica do concelho de Amarante. As estruturas adjacentes recordam a pré-existência dos aposentos monásticos e a torre sineira de feição defensiva orienta-nos para questões simbólicas.

Selma Cardoso 9 - Igreja de São João Baptista de Gatão (Amarante) Segundo a tradição, a igreja de Gatão terá sido fundada no século IX, por um senhor da monarquia leonesa. No século XIII, a região de Amarante conheceu um grande desenvolvimento. Para tanto contribuíram as suas potencialidades agrícolas e a construção da ponte sobre o Tâmega. A construção da igreja de São João Baptista de Gatão, em moldes Românicos, está atribuída à segunda metade do século XIII. Uma abordagem actual dessas persistências deve, tendo em conta a história material, salientar os valores e os elementos formais da estética Românica: valores de implantação e integração na paisagem, elementos como a escala, a técnica construtiva, o plano, o portal, o arco-cruzeiro e a sua ornamentação como nobilitação do sagrado, e a capela-mor.

Susana Moncóvio

A OBRA HIDRO-ELECTRICA DO OLO FRIDÃO “ A obra hidroeléctrica do Olo (…) é uma realidade museológica, que deve ser preservada e defendida porque é um símbolo do poder criador dum grande amarantino (…) demonstrativa da sua sede de engrandecimento e de progresso tecnológico.”

in “ Em Defesa da Obra Hidroeléctrica do Olo”

Pedro Alvellos-1983 Edição do autor O trabalho que pretendo apresentar ao II Congresso Histórico de Amarante, visa essencialmente dar a conhecer o desenrolar dos acontecimentos, relativos àquela grande obra, e que culminaram na inauguração da luz eléctrica em Amarante. Tomaremos contacto com as características da iluminação da vila, anterior à electricidade, com a carestia do combustível utilizado, que foi agravada pelas condições impostas pela I Guerra Mundial e ainda com as diversas alternativas ponderadas pelo Município. Vamos aperceber-nos da vontade férrea do Dr. António do Lago Cerqueira em dotar Amarante de uma série de infraestruturas que considerava indispensáveis ao seu desenvolvimento e progresso. Tomaremos contacto com os pormenores das discussões políticas e verificaremos a importância legal do referendo, indispensável à realização das grandes obras pretendidas. O trabalho visa ainda identificar algum do património construído, afectado pela obra, bem como os respectivos proprietários, e as indemnizações pagas pelo Município. Vamos analisar as condições do empréstimo contraído para execução das obras e as diversas alterações do valor, propostas face ao evoluir da situação. Tomaremos contacto com as opiniões de alguns técnicos, nomeadamente a de Tomás Joaquim Dias, autor do projecto e de Jorge Cunha, gerente técnico da Companhia de Electricidade da cidade do Porto da época. Vamos acompanhar o desenrolar das obras; as dificuldades que foram surgindo; a falta de cumprimento de prazos até à tomada de posse administrativa da obra pelo executivo municipal e a conclusão das mesmas. Amarante vai finalmente sair da penumbra dos candeeiros de petróleo e a luz eléctrica uma realidade que os amarantinos vão saudar com estrondosa alegria e gratidão. Teremos ainda oportunidade para fazer uma análise do primeiro Regulamento do Fornecimento da energia Eléctrica aprovado pela Câmara Municipal de Amarante e que veio disciplinar o uso da nova energia. Só conhecendo bem o nosso património e a história que lhe está subjacente poderemos dar verdadeiro valor e contribuir para a sua defesa intransigente. É urgente preservar aquela grande obra, jóia da arqueologia industrial amarantina, presentemente votada ao abandono. As imagens do fotógrafo Carlos Leite ajudarão a “contar a história”

António Aires

AMARANTE, DE VILA SINUOSA E ENVELHECIDA A PRINCESA DO TÂMEGA

Em inícios de séc. XX, Amarante era uma vila atravessada em toda a sua extensão por uma rua. Quelhas e ruelas faziam a ligação entre casas senhoriais, tascas, igrejas, albergarias, açougues, barracas, igrejas e capelas.

Existiam também quatro largos: o Largo Sertório de Carvalho, ex-Campo da Feira, local onde se realizavam quinzenalmente as feiras de gado e artefactos ligados à agricultura, campo de treino do Quartel de Artilharia 4, Campo de Futebol e Praça de Touros; a Praça da Républica, ex-Largo de S. Gonçalo, local privilegiado para ajuntamentos ligados à religiosidade e culto do santo e local do mercado semanal; o Largo de S.tª Luzia, ex-Ordem e Largo Conselheiro António Cândido, ex-Príncipe ou Arquinho, portas da Vila, atravessados por Ribeiras em toda a sua extensão. Nas entradas principais da Vila existiam alguns pardieiros em condições pouco abonatórias, para além de algumas casas senhoriais em ruínas. Esta geografia da Vila nada contribuía para a fama que S. Gonçalo, desde o séc. XIII expandiu para além fronteiras. Em 1901 foi dado o primeiro sinal de dar à Vila uma geografia mais concertada, tendo como base a expropriação de alguns terrenos. Entretanto a Câmara compra as instalações do antigo Colégio de S. Gonçalo (antiga escola do Pe. Sertório), para a instalação do quartel de Artilharia 4, que viria a oferecer ao Ministério da Guerra. A colocação de fontanários e mictórios públicos, veio melhorar a qualidade de vida na vila e contribuir para o melhoramento de comportamentos menos próprios e, apesar de Amarante se estar a tornar mais funcional, ainda havia muito a melhorar, principalmente com o problema da Praça da República ou Largo de S. Gonçalo ficar intransitável em dias de mercado pois era, naquele espaço que, artesãos, agricultores e romeiros vendiam e transaccionavam os seus produtos. Começava a pensar-se na construção de uma barragem hidroeléctrica, realçando vantagens na escolha do rio Olo. Amarante estava envolvida num alvoroço de obras. Este contributo para o conhecimento mais profundo de Amarante e da sua história, é um relato cronológico de quanto houve de relevante quer em infra-estruturas quer em mudanças comportamentais que, de alguma forma, entre 1900 e 1970 alteraram para melhor os “modus vivendis” da então Vila de Amarante.

António Aurélio Macedo Patrício

UMA PROCURAÇÃO DE MANUEL DA COSTA, PINTOR AMARANTINO, FIRMADA EM GUIMARÃES (1692) Ao desenvolver a nossa pesquisa no fundo notarial do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, com vista à realização da nossa dissertação de doutoramento, compulsámos documentação que julgamos de interesse para a história de arte do noroeste de Portugal. Aproveita-se esta ocasião para trazer à luz uma procuração, na qual encontramos como principal interveniente Manuel da Costa, pintor, morador em Amarante. Como a omnipresença não é própria do homem, Manuel da Costa, na sua carreira, certamente terá criado uma rede de solidariedades, que o permitiria representar em causas pessoais, cíveis e profissionais, evitando a sua deslocação. Como zelador dos seus interesses e no desempenho da sua actividade recorria a procurações. Nesta procuração redigida a 29 de Junho de 1692, na casa de António Ribeiro da Costa, sita no Toural (Guimarães), pelo tabelião João Gomes de Araújo, nomeia como seus procuradores advogados e solicitadores nos auditórios de Guimarães e do Porto. A causa, embora desconhecida, parece remeter para uma acção judicial nas comarcas do Porto e de Guimarães. Nesta delegação de poder e de poderes, podemos constatar que este pintor teve acções simultâneas e nem sempre coetâneas no espaço, o que lhe obrigava a criar uma máquina complexa, já que sua presença física era impossível. Através dos seus constituintes, criava tentáculos no Porto e em Guimarães para que em seu nome, o pudessem representar e agir, nomeadamente na justiça, em conformidade com os interesses do próprio.

António José de Oliveira

A CAPELA DE MORGIDO (CANDEMIL, AMARANTE) A capela do Morgido, assim é conhecida pelos habitantes do lugar (da freguesia de Candemil), despertou-me curiosidade quando recentemente entrou em obras de conservação e limpeza. Desde logo pela sua localização: encrostada no centro no núcleo habitacional mais antigo. Mas também pela tradição conservada pelos locais: que o seu lugar primitivo não fora ali. Decidi procurar documentação. Se é que a havia. A coisa mais curiosa que com que me deparei a seguir foi a da história dos cultos nela instalados: porque uma coisa é o que se vê e outra o que se diz. Mas também os cultos têm a sua história! Finalmente. Parece evidente que há ali materiais importados. A ser verdade, donde?. Mais uma vez a tradição popular pode ter razão, mas não toda a razão. Portanto, sobre a capela do Morgido, as certezas e as perguntas não respondidas.

Arlindo de Magalhães Ribeiro da Cunha O CONCELHO DE AMARANTE E O SEU VALOR PATRIMONIAL: PROJECTO DE DIFUSÃO As propostas que apresentaremos terão de ser compreendidas e enquadradas dentro de um plano global na área da gestão patrimonial, visando abranger os diversos pólos de dinamização cultural. O projecto funcionará em várias vertentes, tentando articular, entre as necessidades sentidas e as soluções desejadas, a melhor forma de intervir, conservar e divulgar. Este objectivo só poderá ser atingido com o desenvolver de actividades que proporcionem uma consciencialização e interacção de modo a fomentar e aumentar a auto-estima das populações com a cultura e património da sua terra. Estas vertentes adaptar-se-ão às necessidades da população e à disponibilidade da Câmara Municipal e respectivas Juntas de Freguesia num trabalho colectivo e contínuo. Para poder atingir os objectivos acima descritos é indispensável uma investigação profunda e rigorosa. Só assim será possível tomar conhecimento da riqueza cultural do Concelho, a fim de a valorizar e preservar. As dinâmicas de divulgação criarão variados pólos de interesse direccionados tanto a nível regional como turístico, nacional e internacional.

Carla Primavera Gonçalves Alves, Madalena Da Conceição Pinheiro, Nuno Jorge Leão E Susana Isabel Gouveia Soares

A MINA DO TEIXO, SERRA DO MARÃO A mina do Teixo, também conhecida por Penedo Ruivo, situa-se em plena Serra do Marão, na freguesia de Teixeira, concelho de Baião, mas numa área limítrofe à da freguesia de Candemil, concelho de Amarante. Enquadrada por um ambiente de grande romanização, esta área é atravessada a Noroeste pelo antigo caminho da Sª da Serra, desde Quintela até à Capelinha da Sª da Serra, entroncando na estrada nacional de Amarante a Mesão Frio, no sítio de Padrões; e por um outro que passa por Murgido e Póvoa, seguindo pelos recessos da serra até ao pontão da ribeira da Póvoa. Geologicamente, no local da mina predominam os xistos negros e mais a Sul os xistos esverdeados, que são cortados por diversos veios e filões quartzosos. Mineralogicamente o filão mais relevante apresenta um enchimento quartzoso com pequena quantidade de feldspato e moscovite, que aflora na vertente do Teixo, com a direcção média SO-NE, mergulhando para NO com o pendor de 45º. Este filão tem uma possança média de 80 cm, e a mineralização principal é a cassiterite que se encontra disseminada na massa do filão em grãos finos.

Este local terá tido, muito provavelmente, exploração em época romana, sendo que os principais trabalhos, visíveis no terreno, são do séc. XX, aquando da concessão da exploração nos anos 40. Palavras-chave: Exploração Mineira, Romanização, Época Contemporânea.

Carla Maria Braz Martins

AS CASAS DA CÂMARA DOS ANTIGOS CONCELHOS DO VALE DO TÂMEGA As velhas casas da câmara constituíram desde muito cedo a sede do poder local português que, como sabemos, se materializava essencialmente numa rede densíssima de concelhos. De acordo com um quadro administrativo e um ordenamento legal também muito cedo definido e codificado, os agentes do poder local detinham amplas competências, nomeadamente em matéria judicial e administrativa – competências e funções que impuseram características comuns às casas do concelho, que começam a surgir nalgumas vilas e cidades do Reino na segunda metade do século XIV. Assim, no quadro do que tem sido chamado de municipalização do território, se a organização do poder local foi historicamente um dos mais importantes factores da unidade e da própria identidade nacional, também a construção e o uso multissecular das casas da câmara proporcionou um corpus arquitectónico de uma extensão, de uma coerência, de uma homogeneidade e de uma valia verdadeiramente transcendente. Com efeito, enquanto sedes do poder concelhio, as casas da câmara definem e respeitam uma tipologia arquitectónica própria, modelada para responder às suas funções essenciais de abrigarem, num edifício normalmente de dois pisos e sob um telhado comum, uma sala para as audiências, uma câmara para as vereações e uma cadeia para os presos – aquelas localizadas no seu piso nobre, esta no piso térreo. Outros e muito visíveis elementos identificadores desta tipologia – e como tal reconhecidos por todos, residentes e forasteiros – eram as grades da cadeia nas janelas respectivas, as armas reais esculpidas na fachada e a torre ou campanário que sustinha o sino da câmara. Como também sabemos, é do próprio nome da sala reservada – câmara – onde se reuniam os vereadores e demais oficiais camarários que derivou o nome da própria instituição concelhia portuguesa. Esta tipologia-base (que sobreviveu longamente à implantação do Liberalismo) conheceu variantes significativas, nomeadamente em relação às suas componentes principais, à sua localização, à sua implantação urbana e até ao seu próprio nome – para não falarmos nas variantes que decorriam da época de construção ou nas que lhes eram impostas pelos materiais ou pelos próprios recursos financeiros disponíveis. Porém, estas variantes, embora sempre muito dignas de registo, não têm normalmente qualquer cunho regional ou local significativo, pelo que não parece dever falar-se de uma casa da câmara minhota, transmontana, alentejana ou algarvia. Do mesmo modo, consideramos que as casas da câmara dos velhos concelhos do Vale do Tâmega partilhavam no essencial as características comuns das demais casas da câmara dos concelhos portugueses. Porém, a sobrevivência de um conjunto significativo de exemplares nesta área geográfica suscita um olhar mais aprofundado sobre este valioso embora desconhecido e desvalorizado património, muito dele hoje lamentavelmente em ruínas ou (o que porventura ainda é pior) vítima de mutilações e de intervenções muito grosseiras. Com efeito, o estudo destas casas não só nos permite apreender o essencial da história deste riquíssimo corpus da arquitectura portuguesa, como traz até nós algo dos desígnios funcionais, simbólicos e estéticos das comunidades e das vereações que as construíram, que as financiaram, que as usaram e que nelas se reviram durante séculos. Propõe-se uma revisitação necessariamente muito breve da longa história das casas da câmara dos velhos concelhos do vale do Tâmega. O percurso inicia-se com a hoje muito difícil restituição dos locais de reunião dos Homens-Bons dos Concelhos que, aqui como por toda a parte, tinham lugar em sítios consagrados pelo costume, como aconteceu no dia 19 de Julho de 1383 “na villa de chaues Em çima da Çisterna”, onde teve lugar a eleição dos Procuradores do Concelho de Chaves às tão dramáticas Cortes de Santarém de 1383.

Considerar-se-ão em seguida os momentos mais importantes da história desta componente da nossa velha arquitectura concelhia, que integra as casas da câmara de origem manuelina de Ribeira de Pena e de Vila Pouca de Aguiar (ambas posteriormente muito transformadas) e a notável casa da câmara também quinhentista de Amarante, que remonta ao reinado de D. Sebastião. Outro grande momento desta história é proporcionado pela série de casas da câmara joaninas de Boticas, pelas dos antigos concelhos de Bem Viver, de Porto Carreiro, de Aguiar de Sousa (Paredes), de Sobrosa e pela da honra de Baltar (estas três já no Vale do Sousa), aparentemente todas elas datáveis da primeira metade do século XVIII. Merece referência ainda a vizinha casa da câmara pombalina de Penafiel, que anuncia não só o final do Antigo Regime mas também o modelo arquitectónico mais comum das casas da câmara da Época Liberal (doravante designadas pela expressão medieval paços do concelho). O percurso encerra-se com o triunfo do Liberalismo, com a extinção de inúmeros concelhos a partir de 1836 e com a consequente demolição, venda ou adaptação a novas funções das velhas casas da câmara, assim tornadas devolutas. Desse momento derradeiro chegou-nos o testemunho do último grande acto concelhio aí realizado, as eleições para o recém-criado cargo de Administrador do Concelho, que ainda tiveram lugar nas casas da câmara dos velhos concelhos de origem medieval. Assim – e para nos cingirmos apenas aos antigos concelhos hoje integrados no Concelho de Amarante – aquelas eleições ainda tiveram lugar, a 24 de Janeiro de 1836, “nas casas da Câmara deste Concelho” de Mancelos, a que se seguiram as dos concelhos de Santa Cruz de Riba-Tâmega, de Gestaço, de Travanca, de Gouveia de Riba Tâmega e, enfim, as de Aboim, estas realizadas a 22 de Fevereiro de 1836, “na casa de Audiência deste Concelho”. Porém, para lá da simples inventariação, o que cumpre realçar é a variedade, a riqueza e até a própria sobrevivência de um conjunto significativo de Casas da Câmara nos antigos concelhos do Vale do Tâmega. Ora, pela sua história, pelo seu simbolismo e pela sua qualidade arquitectónica, estas casas da câmara são monumentos essenciais da identidade e do património cultural e histórico local que há que conservar, dignificar e sobretudo devolver às comunidades a que pertencem e ao serviço de quem estiverem durante séculos.

Carlos Caetano

FORMAS E PRATICAS DE HABITAR EM CONTEXTOS URBANOS – O BAIRRO CANCELA DE ABREU – UM CASE STUDY DE ANTROPOLOGIA URBANA Este estudo sobre o Bairro Cancela de Abreu (cidade de Amarante) insere-se numa análise de antropologia urbana, a partir de um estudo de caso, que se realizou nos anos de 2005 por uma equipa de alunos do 2º ano do Curso de Arquitectura da ESAP. A partir de um trabalho de campo exaustivo e de uma pesquisa documental realizada por mim, elaborou-se um relatório sobre as formas e as práticas de habitar deste pequeno núcleo de moradores desde a década de cinquenta até à actualidade. Estudaram-se as formas de organização e de apropriação do espaço, em função de códigos sociais e culturais específicos, sem contudo se cair em estereótipos fáceis e redutores. Compreenderam-se os mecanismos de integração dos moradores no bairro e na cidade de Amarante, associados ao aparecimento de novos contextos e contextualidades urbanas emergentes. Elaboraram-se mapas de organização, de apropriação do espaço bairro, em função das novas transformações sociais e culturais dos seus actores. Compreendendo desta forma os mecanismos de auto-referência e de imagem positiva do ser e do viver no bairro, enquanto comunidade de referencia positiva e de integração mais ampla no contexto de uma urbanidade difusa e expansiva.

Fernando Matos Rodrigues

PÉRIPLO PELO PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO DE AMARANTE: RESULTADOS DE UM PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO Amarante é um concelho com uma situação geográfica particular, favorável ao desenvolvimento da vida Humana. Apresenta diferentes e complementares tipos de paisagem, possibilitando vários tipos de adaptação, nomeadamente devido à grande abundância de água que corre nos seus rios e ribeiros. A presença do Homem encontra-se, assim, atestada em diversas zonas do município, tendo sido já identificados inúmeros vestígios do passado, de épocas e tipologias diversas. Algum do património amarantino tem vindo a ser contemplado em obras científicas, embora a maior parte delas remontem já à primeira metade do séc. XX, altura em que estavam ainda ausentes os conhecimentos e técnicas actuais de investigação. Face ao grande potencial do concelho, verifica-se a necessidade de investir no estudo e investigação de Amarante, correndo o risco de, através do desconhecimento, se perder o Património desta região. Ao longo de 9 meses foi levado a cabo o Levantamento Arqueológico do Concelho de Amarante, inserido no âmbito de um estágio profissional proporcionado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional em parceria com a Câmara Municipal de Amarante. O projecto referido teve como objectivo primordial a elaboração de um documento onde se sistematizasse todo o conhecimento actual e adquirido no decorrer dos trabalhos, relativo a sítios de interesse patrimonial do concelho. Na presente comunicação pretende-se, então, apresentar os resultados da investigação mencionada, e proporcionar um maior conhecimento do Património de Amarante, em constante risco, face ao desenvolvimento e “modernidade” desenfreada a que assistimos em pleno séc. XXI.

Joana Valdez

A ESTÉTICA DO BARROCO JOANINO DE MIGUEL FRANCISCO DA SILVA NAS IGREJAS DE S. PEDRO, S. DOMINGOS E S. GONÇALO

A delimitação cronológica de 1729-1746 permite-nos evidenciar a irradiação do barroco joanino da cidade do Porto (Miguel Francisco da Silva, arquitecto-entalhador, um dos intérpretes do retábulo-mor da Sé do Porto) para o Norte do País, designadamente o centro histórico de Amarante. Inferimos que a escola da arte da talha de Miguel Francisco da Silva – além do retábulo-mor da igreja de S. Pedro – está presente nos retábulos mores de S. Domingos e de S. Gonçalo, seguindo o seu percurso e o dos entalhadores que executaram os seus riscos: José da Fonseca Lima e Manuel da Costa Andrade. Espécimes retabulares utilizados:

a. Os retábulos mores de S. Francisco (Guimarães, Manuel da Costa Andrade, 1743) e de S. Domingos

b. As ilhargas da capela-mor de S. Domingos e os remates dos retábulos mor e colaterais de Bustelo (Penafiel, José da Fonseca Lima, 1742)

c. Os remates dos retábulos mores de S. Pedro (risco de Miguel Francisco da Silva e execução de José da Fonseca Lima, 1746) e de S. Domingos

d. Os retábulos mores da Sé do Porto (Miguel Francisco da Silva, 1729), de Santa Clara (Porto, Miguel Francisco da Silva, 1730) e de S. Gonçalo

José Carlos Meneses Rodrigues

A HERANÇA DO MURATORE: VERDADE E SPREZATTURA NA ARQUITECTURA DO NOROESTE PORTUGUÊS NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVI Francisco de Cremona, que exerceu em S. Pedro do Vaticano a actividade de muratore, foi o arquitecto responsável pelo programa construtivo empreendido por D. Miguel da Silva na Foz do Douro no segundo quartel do século XVI. Entre as obras por ele dirigidas conta-se a fachada da residência abacial, em que é visível a falta de consuetudo, no sentido vitruviano do termo, já que os elementos estruturantes primam pela ausência. Seria o próprio Vitrúvio a conceber a possibilidade de a arquitectura ser uma imagem de si própria; o humanismo erasmista acrescentar-lhe-ia a nocão de intimidade e recusa do aparato exterior; Castiglione, a traição do Cortesão e da dissimulação que entende como sprezattura. Na fachada da residência abacial, o carácter de uma arquitectura que transforma a parede num ecrã liso a que são apostos significados poderia, portanto, ser uma dupla linguajem. Outras, na cidade do Porto, se lhe seguiram, em que a traição de Castiglione, depois codificada e tornada regra por Serlio, foi exposta. Ela seria igualmente adoptada pela arquitectura religiosa da segunda metade do século do Noroeste do país, sobretudo em Amarante, onde se ergueram algumas das suas obras mais representativas

José Ferrão Afonso A PINTURA MURAL NAS IGREJAS DO CONCELHO DE AMARANTE

A pintura mural de motivação religiosa tem, nos últimos anos, despertado vivamente o interesse da investigação em História da Arte. O número de exemplares encontrados em obras de conservação acrescentou, muito significativamente, o corpus da pintura mural portuguesa dos finais da Idade Média. Propomos uma análise da pintura mural das igrejas do concelho de Amarante, enquadrada nas novas perspectivas de investigação.

Lúcia Rosas e Paula Bessa

ÁRVORES DE AMARANTE: BIODIVERSIDADE, CONDIÇÃO FITOSSANITÁRIA E VALOR PATRIMONIAL

As atribulações por que passa o arvoredo urbano e o número de anos necessários para que os seus benefícios ultrapassem os custos a eles associados, são razões de sobra que demonstram a importância da instalação de métodos de gestão de modo a melhorar a vida das árvores e, concomitantemente, de todos os benefícios delas esperados. Além disso, a crescente procura de zonas arborizadas obriga ao aumento dos espaços verdes, devendo na medida do possível ser de manutenção fácil e económica, preparados e equipadas para o lazer em segurança de todas as faixas etárias e também para o desporto. Os aspectos relacionados com a segurança do património arbóreo levam também à necessidade de uma intervenção continuada pelos responsáveis pelo planeamento, instalação, condução e sua manutenção. A avaliação fitossanitária e inventário é portanto uma peça essencial para a gestão eficaz e melhor rentabilizar os recursos disponíveis. É nesse sentido que surge o presente estudo, consequência da solicitação da Câmara Municipal de Amarante (CMA) à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). O resultado foi a criação de um conjunto de ferramentas dinâmicas de apoio ao decisor – Base de Dados – associadas à posição geográfica das árvores inventariadas. O universo considerado compreende os principais espaços verdes actualmente a cargo da CMA. São 7 locais onde foram avaliadas 835 árvores: 1- Mata do Carvalhido; 2 e 3 – Alameda da Rua Capitão Augusto Casimiro; 4 – Alameda Teixeira Pascoaes, Mercado e Museu, 5 – Rossio (margem direita) e Mercado; 6 – Rossio (margem esquerda); 7- Avenida General Silveira. Com o inventário pretendeu conhecer-se ao pormenor cada árvore, ficando esta a usufruir de um Bilhete de Identidade, onde consta a maioria dos atributos para uma correcta caracterização

histórica. A análise contempla os parâmetros dendrométricos, dendrológicos, ambiente da árvore, factores limitantes, de sanidade e de interesse especial. A conjugação destes aspectos é reunida na classe de estrago, associando-lhe as intervenções para melhorar a condição global da árvore nos aspectos da sanidade, estética, segurança, valor patrimonial.

Luís Miguel Pontes Martins

UM CONJUNTO DE MEDALHAS RELIGIOSAS DO CONVENTO DE SANTA CLARA DE AMARANTE Os trabalhos arqueológicos efectuados na “Casa da Cerca”, antigo Convento de Santa Clara de Amarante, proporcionaram a descoberta de um conjunto rico e variado de peças de uso pessoal e da indumentária das religiosas – anéis de vidro, alfinetes, crucifixos, contas de rosário e medalhas com iconografia religiosa. Nesta comunicação apresentam-se os resultados do estudo de um conjunto de medalhas religiosas provenientes de diversos contextos arqueológicos dos séculos XVI-XVIII. Para além da contextualização dos depósitos onde foram recolhidas – como, por exemplo, os níveis associados a enterramentos – efectua-se uma caracterização mais específica das peças, nomeadamente do ponto de vista morfológico, do seu material, da iconografia representada, do seu uso.

Maria da Graça Gonçalves Pereira, Helena Isabel Marçal Gomes e Maria Alice Martins Carneiro

DEUS, PÁTRIA E RESTAURO: A ACÇÃO DA DIRECÇÃO GERAL DOS EDIFÍCIOS E MONUMENTOS NACIONAIS NA SALVAGUARDA DOS MONUMENTOS RELIGIOSOS DE AMARANTE A política cultural promovida durante o regime fascista do Estado Novo deixou no património arquitectónico religioso marcas e testemunhos, que evidenciam uma renovada filosofia de intervenção, no legado histórico e artístico da Nação. De acordo com as novas directrizes ideológicas, a actuação governamental na salvaguarda dos monumentos depositários da identidade portuguesa, sobretudo se ligados à Igreja, traduziu-se ora numa resoluta exaltação patriótica, ora num esquecimento nefasto. Uma panorâmica significativamente completa e deveras elucidativa encontra-se no Convento de São Gonçalo e em outros edifícios sagrados de Amarante, cujo estudo metodológico asseguram uma percepção bastante enriquecedora do quanto comportam e traduzem essas vicissitudes. Assim, é o nosso objectivo analisar e contextualizar as múltiplas fases de restauro programadas de acordo com as orientações políticas culturais, emanadas das repartições administrativas ministeriais e locais, e executadas pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais num conjunto de monumentos religiosos existentes na cidade de Amarante.

Milton Pedro Dias Pacheco

Paula Teles

CARTOFILIA AMARANTINA: O BPI NOS PRIMEIROS ANOS DO SÉCULO XX

1. O aparecimento do Bilhete Postal a. Do BP ao BPI b. O BPI como meio de comunicação, instrumento de promoção e divulgação

turística, cultural, económica e de acção política; c. O BPI como retrato da sociedade;

d. O período de ouro do BPI

2. O Bilhete postal Ilustrado em Amarante: a. As imagens de Amarante antes do aparecimento do BPI; b. O BPI e a fotografia; c. Temas do BPI amarantino; d. Os fotógrafos e Artistas amarantinos e o BPI; e. Editores locais e nacionais de PBI’s.

Pedro Barros Pereira

O CONVENTO DE SANTA CLARA DE AMARANTE: METODOLOGIA, RESULTADOS E PERSPECTIVAS DO ESTUDO HISTÓRICO ARQUEOLÓGICO Situada na zona mais elevada do núcleo histórico de Amarante, sobranceira ao emblemático mosteiro de S. Gonçalo, a Biblioteca Municipal ocupa a única ala preservada, ainda que muito transformada, do antigo Convento de Santa Clara, desaparecido no século XIX. Com origem provável num recolhimento feminino documentado desde o século XIII, que terá adoptado o hábito de Santa Clara entre 1389 e 1444, o convento prosperou ao longo dos séculos XVI e XVII e chegou a albergar mais de uma centena de religiosas. O edifício monástico, parcialmente destruído por ocasião das invasões napoleónicas, em 1809, após o violento incêndio que atingiu a vila de Amarante, foi posteriormente transformado em residência particular de um abastado proprietário da região. Tornou-se a partir de então conhecido como “Casa da Cerca” devido ao muro ou cerca monástica que se preservou ainda durante muito tempo, constituindo, juntamente com a ruína da igreja, os únicos testemunhos do antigo estabelecimento religioso. O recente projecto de adaptação do edifício motivou o desenvolvimento de um programa de investigação histórica e arqueológica que tem vindo a permitir recuperar e valorizar a memória histórica e patrimonial do desaparecido convento de Santa Clara de Amarante. Os trabalhos arqueológicos que antecederam e acompanharam a execução do projecto permitiram a interpretação e a salvaguarda científica dos vestígios, contribuindo também para fundamentar algumas das soluções do projecto. Apresenta-se uma visão global do desenvolvimento do estudo histórico-arqueológico, desde a metodologia adoptada, os principais resultados obtidos e as perspectivas que se abrem no âmbito de um programa mais amplo de valorização, extensível também aos espaços exteriores do actual edifício.

Ricardo Teixeira

O PERÍMETRO FLORESTAL DA SERRA DO MARÃO E MEIA VIA: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-GEOGRÁFICA A aplicação do conceito do Regime Florestal Parcial aos terrenos baldios traduz-se na criação de vários Perímetros Florestais ao longo do século XX. Neste contexto, o Perímetro Florestal da Serra do Marão e Meia Via foi criado a 18 de Novembro de 1916. Esta comunicação pretende analisar, numa perspectiva histórico-geográfica, a utilização/gestão do baldio e a relação entre os compartes e o Estado. Neste sentido identificam-se vários momentos: no início do século, com os baldios a pertencerem às populações locais, incumbindo-lhes a gestão desses mesmos espaços; a partir da década de 20 até 1974, o ordenamento e gestão dos baldios passa a ser levada a cabo pelos serviços florestais; e finalmente após 1974 assiste-se à devolução dos baldios às populações, as quais ainda hoje fazem a gestão desses espaços. Tentaremos também reconstituir o processo de florestação e desarborização do baldio, esta última verificada essencialmente após a década de 60 e inferir a partir daí, da importância dos

incêndios e da rearborização, incidido, preferencialmente, a análise no período pós-incêndio de 1985. Estes baldios desempenham, para além da função produtora, um importante papel de preservação da floresta e da sustentabilidade que garante pelo seu uso múltiplo. Simultaneamente possibilitam um desenvolvimento capaz de valorizar as especificidades dos espaços rurais e assim garantir a fixação das populações locais.

Salete Carvalho

VILARINHO: O CHÃO QUE PISAMOS

O lugar de Vilarinho localizado, entre o Tâmega e a linha-férrea que liga Livração a Amarante, é uma zona rica em água que lhe concede excelente potencial agrícola. Mas não é sobre a beleza ou as características físicas deste local que pretendemos escrever, mas sim das histórias que por vezes a terra esconde e que às vezes se revelam quase por acaso. Seja acaso ou não, por vezes, um simples buraco que é aberto para efeito de abastecimento de água, electricidade ou até terraplanagens para fins variados, pode trazer à superfície um sem número de informações que, para nós, arqueólogos, são apenas mais uma chave para tentar “descodificar” o nosso passado. O trabalho de escavação no lugar de Vilarinho (Vila Caiz) Amarante surgiu da sequência da execução do “Sistema de Abastecimento de Águas e Drenagem de Águas residuais das freguesias de Fregim, Louredo e Vila Caiz e da responsabilidade da Câmara Municipal de Amarante. No dia 13 de Março, os serviços da Estação Arqueológica de Freixo (IPPAR) foram alertados por populares para o facto dos trabalhos referidos anteriormente estarem a implicar a destruição de vestígios arqueológicos diversos, no lugar de Vilarinho, freguesia de Vila Caíz. O que nos conta o “chão” de Vilarinho? É essa a nossa proposta… dar conhecer as histórias que a “terra” esconde.

Susana Bailarim

O FOSSO DE FUNDIÇÃO DE S. MARTINHO DE MANCELOS (AMARANTE) A descoberta de um possível fosso de fundição de sinos no adro da Igreja /Mosteiro de Mancelos (freguesia de Mancelos, concelho de Amarante, distrito do Porto) deu-se na sequência de trabalhos escavação decorrentes da necessidade de alargamento do cemitério actual bem como da abertura de valas (duas laterais e uma central) no mesmo local. O trabalho foi encomendado pela Câmara Municipal de Amarante e pela Junta de Freguesia de Mancelos e adjudicado à Empresa Edimarco que contactou a Escola Profissional de Arqueologia para proceder ao trabalho de escavação visto tratar-se de um monumento classificado (Dec. n.º 24347, DG 188 de 11 de Agosto de 1934, e o por um despacho de Outubro de 1973). Foi durante esta escavação que surgiu na sondagem, um fosso de fundição de sinos. No decurso do trabalho foram identificados vários níveis de remeximento dos quais resultaram alguns achados importantes: várias moedas, alfinetes de mortalha, uma medalha, alfinetes de cabelo, material cerâmico e ainda fragmentos de azulejo em corda-seca com possíveis datações entre séc.16-17. Da escavação da sondagem, ao alcançarmos o afloramento, reparámos que este apresentava, na parte central da quadrícula, uma mancha de forma circular. O estudo de fossas de fundição é relativamente recente em Portugal, o que limita um pouco o avanço desta investigação. Só agora começaram a surgir alguns exemplos de fossas de fundição susceptíveis de serem comparadas entre si mas que não permitem, ainda, estabelecer uma tipologia. A bibliografia existente em português é também muito escassa sendo necessário recorrer aos poucos estudos pontuais feitos em Portugal e a trabalhos publicados no Estrangeiro.

Susana Bailarim

AMADEU DE SOUSA CARDOSO (1887-1918) – AQUI, ALI E EM TODO O LADO… UM PORTUGUÊS NA GLOBALIZAÇÃO DO MODERNISMO Quase noventa anos passados da morte de Amadeu de Sousa Cardoso, que lugar tem o artista de Amarante que foi o primeiro movimento artístico á escala global do século XX? Foi Amadeu um protagonista do modernismo? De dimensão nacional ou global ? A génese desta comunicação tem como base a nossa investigação, que conta já com quinze anos, sobre aquele que foi o grande amigo e companheiro de trabalho de Amadeu: o artista italiano Amedeo Modigliani (1884-1920). À medida que estudámos a relação de Modigliani com outros artistas que com ele estiveram em Paris no início do século XX, pontualmente fomos encontrando a herança de Amadeu nos legados de alguns desses artífices, como ainda verificámos ecos desses criadores na produção do pintor. O que se pretende então, na apresentação da inesperada compilação destes elementos diversos, é uma reflexão não só sobre o importante movimento modernista, assim como sobre o papel de Amadeu neste contexto, tentando mostrar como o português revolucionou o peculiar panorama artístico nacional e afirmou-se de forma pertinente nas diversas ramificações internacionais desta corrente criadora. O desafio maior da história da arte actualmente é o da revisão de conceitos, agora que este século nos fornece novas metodologias científicas de investigação, impondo por isso a verificação de biografias e obras artísticas.

Susana Maria Loureiro Restier Grijó Poças

ESTRUTURAS MOAGEIRAS NO BAIXO TÂMEGA Neste trabalho voltaremos a equacionar a problemática das unidades moageiras do Baixo Tâmega, salientando a sua originalidade e o carácter sistémico desta actividade no âmbito regional, dos quais decorre a importância do estudo e da preservação das estruturas remanescentes, bem como da memória a elas associada, para a compreensão do quotidiano da sociedade rural a que pertenceram.

Teresa Soeiro