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Comissão Europeia

Comissão Europeia - European Commission · e contêm variadíssimos habitats, zonas-tampão e outros elementos paisagísticos. Em resultado, a Natura 2000 não só salvaguarda alguns

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Comissão Europeia

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Europe Direct é um serviço concebido para responder às suas perguntas sobre a União Europeia

Nova linha telefónica gratuita:00 800 6 7 8 9 10 11

Na Internet, está disponível muita informação adicional sobre a União Europeia, à qual se pode aceder através do servidor Europa (http://ec.europa.eu).

Para mais informação sobre Natura 2000 visite http://ec.europa.eu/environment/nature/index_en.htm

No final da presente publicação figura uma ficha bibliográfica.

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2009

ISBN 978-92-79-11577-6

© Comunidades Europeias, 2009Reprodução autorizada mediante indicação da fonte.As fotos incluídas na presente publicação estão protegidas por direitos de autor, não podendo ser utilizadas para outros fins sem a autorização expressa dos fotógrafos.

Impresso na Bélgica

Impresso em papel reciclado com etiqueta ecológica da UE para papél gráfico http://ec.europa.eu/environment/ecolabel/index_en.htm

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ÍNDICE

Natureza da Europa – um património natural rico

Natureza – um recurso valioso

Natureza... ameaçada

O que fazemos para o evitar? – A resposta da Europa

Directivas ‘Habitats’ e ‘Aves’

Rede Natura 2000 – uma rede europeia de sítios protegidos

Natura 2000 – parte de uma paisagem viva

Colocar as pessoas no centro da Natura 2000

Como funcionará a Natura 2000 na prática?

Como determinar o êxito alcançado?

Natura 2000 – a ajuda que cada um pode dar

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Embora ocupe menos de 5% da área continental do planeta, a Europa possui uma impressionante diversidade de plantas, animais e paisagens, muitos dos quais em nenhuma outra parte do mundo se encontram.

As diferenças de clima, topografia e geologia justificam muita desta biodiversidade. Do Círculo Polar Árctico aos amenos litorais mediterrânicos, dos picos alpinos às vastas planícies centrais, a diversidade de condições naturais no nosso pequeno continente é impressionante.

A nossa longa associação à terra tem igualmente influído na modelação da paisagem rural. Durante séculos, desenvolveram-se diferentes formas de trabalhar a terra, dando origem a muitos dos chamados habitats ‘seminaturais’, ricos em vida selvagem (prados, pastagens arborizadas, charnecas), porém inteiramente dependentes de um continuado aproveitamento humano para a sua sobrevivência.

Na Europa, a rica mistura de nacionalidades, culturas, línguas e identidades reflecte-se também fortemente em toda a nossa paisagem. Em poucos lugares do mundo há uma paleta tão variada, contrastante e regional de habitats, vida selvagem e paisagens culturais, entrelaçados em área tão reduzida – e é isto o que torna a Natureza tão especial na Europa.

Este é o nosso património natural.

Natureza da Europa – um património natural rico

natura 2000 2 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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Natureza da Europa – um património natural rico

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Natureza – um recurso valioso

DAREMOS SUFICIENTE VALOR À NATUREZA?

O valor estimado deste quadro de Monet é de 5 a 50 milhões de euros. Mas as

verdadeiras papoilas custam 5000 €/ha.

Protegendo o nosso património natural, poderemos assegurar que a rica diversidade de plantas, animais e habitats da Europa seja mantida para as gerações vindouras.

Quer vivamos na cidade ou no campo, quase todos procuramos ocasionalmente a Natureza, para admirar paisagens, passear a pé, nadar, pescar, espairecer, explorar ou simplesmente gozar o ar fresco e escutar o canto das aves. Conseguimos assim benefícios consideráveis em saúde e bem-estar.

Mas a Natureza além do seu valor intrínseco ou paisagístico, procura também inumeráveis benefícios que incluem a provisaõ de alimentos, fibras, água pura, solos fértiles e ainda bem mais. As zonas húmidas, por exemplo, proporcionam uma defesa natural contra cheias, actuando como esponjas que absorvem o excesso de água. Os juncais ajudam a purificar as águas poluídas, absorvendo substâncias tóxicas, as abelhas polinizam os cultivos e as turfeiras actuam como sumidouros naturais do dióxido de carbono, primeira causa do aquecimento do planeta.

A Natureza é, sobretudo, fonte vital de rendimento para inúmeras pessoas que, em toda a Europa, exploram os recursos naturais de modo sustentável. A agricultura pouco intensiva, por exemplo, é praticada em vastas zonas do continente, proporcionando subsistência a milhões de pessoas.

natura 2000 4 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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Natureza: parte da nossa identidade

Um recente estúdio sobre o valor económico dos Parques nacionais de Gales concluiu que os Parques

sustentam 12.000 postos de trabalho e geram um rendimento anual de

250 milhões de euros.

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Natureza ... ameaçada

O DESASTRE DO PRESTIGEAo afundar-se ao largo da costa norte de Espanha, em Novembro de 2002, o petroleiro Prestige derramou 64.000

toneladas de petróleo, matando cerca de 300.000 aves marinhas (sobretudo

araus-comuns, papagaios-do-mar e tordas-mergulheiras). Os danos para a

pesca, o turismo e o património natural, ao longo dos 3000 km de litoral poluído pelo

derrame, custaram aproximadamente 5 mil milhões de euros. Cerca de 30.000 pessoas foram directamente afectadas nos sectores da pesca e do marisco. Várias organizações locais de pescadores referiram uma queda

de 80% nas capturas normais.

O património natural europeu está sob ameaça crescente. Populações de espécies declinam a um ritmo alarmante, e são rapidamente destruídos inúmeros habitats valiosos, naturais e seminaturais. Quase metade das espécies de mamíferos e um terço das de répteis, peixes e aves da Europa estão hoje em perigo.

Este trágico declínio deve-se essencialmente à perda e fragmentação dos habitats de que as espécies dependem. Muitos desses habitats vão minguando, perante utilizações mais intensivas do solo, grandes infra-estruturas, como estradas, e a gradual expansão das zonas urbanas.

Em poucas décadas, foi drenada metade das valiosas zonas húmidas da Europa, para recuperação de terras e, em França, Itália e Espanha, desapareceram quase três quartos das dunas, sob a pressão inexorável do turismo de massas.

Mais recentemente, as alterações climáticas constituem a maior ameaça à Humanidade e à Biodiversidade, assim como a propagação contínua das espécies alienígenas invasivas que deslocam nossas espécies vegetais e animais indígenas.Outras ameaças à Natureza são a poluição, a exploração insustentável de recursos naturais e o abandono da terra.

natura 2000 6 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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Nem só as espécies raras, como ursos, borboletas e plantas endémicas, estão

ameaçadas. Nos últimos 20 anos, houve populações de pardal-doméstico que

diminuíram drasticamente, devido à destruição dos seus habitats. As charnecas de urze da Europa desapareceram já, na sua maioria. Consequentemente, muitas espécies que

dependem destes habitats para sobreviverem, como a lagartixa-da-areia ou a felosa-do-mato,

estão também em declínio

Diminuição do pardal-doméstico

na UE (fonte: BirdLife 2005)

Declínio

Estável

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Perante este declínio alarmante, entidades de toda a Europa têm exprimido inquietação crescente pela perda do seu património natural e da biodiversidade que sustentam a nossa saúde e prosperidade.

Os governos dos Estados-Membros da UE têm reagido em conformidade e, em 2001, na Cimeira Europeia de Gotemburgo, comprometeram-se a travar a perda de biodiversidade na Europa até 2010.

Como a Natureza não reconhece fronteiras nacionais, a melhor via para alcançar uma meta tão ambiciosa é coordenar esforços e congregar recursos.

Há rios, como o Danúbio, que atravessam muitos países – se um deles poluir uma parte do rio, todos podem ser afectados. As aves migratórias atravessam a Europa de lés a lés em busca de áreas de repouso, alimentação e reprodução. Se os seus habitats forem protegidos apenas numa parte do continente, reduzem-se inevitavelmente as hipóteses de sobrevivência das espécies.

A legislação comunitária estabelece a norma para a conservação da Natureza em toda a União Europeia e permite aos 27 Estados-Membros trabalharem em conjunto sob o mesmo enquadramento legislativo coeso, com vista à protecção das nossas espécies e tipos de habitat mais vulneráveis.

O que fazemos para o evitar? – A resposta da Europa

natura 2000 8 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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O que fazemos para o evitar? – A resposta da Europa

Ao migrar das áreas onde se alimenta no Inverno, a sul, para as áreas onde nidifica no Verão,

a norte, o grou-comum atravessa toda a Europa. Graças à legislação comunitária, há sítios protegidos ao longo da sua rota de migração,

em resultado do que as populações estão a aumentar na UE.

Sítios da Rede Natura 2000 designados para o grou-comum, estado Out.08

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Directivas ‘Habitats’ e ‘Aves’

As pedras angulares da legislação comunitária em matéria de conservação da Natureza são as Directivas ‘Habitats’ e ‘Aves’.

➧ A Directiva Aves, adoptada em 1979, visa proteger o conjunto da avifauna selvagem e os seus habitats mais importantes em toda a UE. Põe termo a determinadas práticas, como a detenção e a venda de aves selvagens nativas ou os métodos indiscriminados de abate, e institui um mecanismo legal para a regulamentação de outras actividades, como a caça, para assegurar a sua sustentabilidade.

A Directiva impõe, ainda, que os 27 Estados-Membros protejam os sítios mais importantes de todas as aves migratórias e de 190 espécies particularmente

ameaçadas, com especial atenção às zonas húmidas de importância internacional.

➧ Em 1992, a UE adoptou a Directiva Habitats, a qual, para proteger a vida selvagem na Europa, institui medidas similares às da Directiva Aves, mas se aplica a uma gama muito maior de espécies raras, ameaçadas ou endémicas, incluindo mais de mil animais e plantas. São também visados, pela primeira vez, cerca de 230 tipos de habitat raros e característicos, para efeitos de conservação por direito próprio.

Estas directivas representam a mais ambiciosa iniciativa de sempre, a grande escala, para conservar o nosso património natural em toda a União Europeia.

LINCE-IBÉRICO (Lynx pardinus)Com uma população de apenas 100 a 150

exemplares, o lince-ibérico é hoje uma des espécies mais ameaçada no mundo. A

intensificação da agricultura e os projectos de infra-estruturas (como estradas) têm fragmentado o seu habitat em tal grau

que o lince está actualmente confinado a bolsas isoladas no sudoeste de Espanha e em Portugal. A caça ilegal, a captura com armadilhas e os atropelamentos aliam-se às suas adversidades, juntamente com a

escassez da sua principal fonte de alimento, o coelho, dizimado pela mixomatose.

Se o lince-ibérico não recuperar, poderá ser a primeira espécie de felino a extinguir-se,

desde o tigre-dente-de-sabre, há 10.000 anos.

natura 2000 10 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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Directivas ‘Habitats’ e ‘Aves’

O leque de tipos de habitat a conservar ao abrigo da Directiva Habitats é muito

variado – das florestas naturais na Escandinávia aos campos calcários de lapiaz no litoral atlântico e aos prados

de altitude, ricos em espécies, nos Alpes. Espécies ameaçadas, como o mocho-real,

a borboleta-de-cobre e a anémona-oriental, estão hoje igualmente protegidas.

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Rede Natura 2000 – uma rede europeia de sítios protegidos

No cerne de ambas as directivas está a criação de uma rede ecológica de zonas de conservação da natureza –designada Rede Natura 2000.

Cada país tem sítios Natura 2000 designados, para a conservação dos habitats e espécies raros presentes no seu território. Até hoje, foram incluídos na rede mais de 25.000 sítios. No total, abrangem uma área considerável: quase um quinto das terras da Europa e uma parte significativa das águas que a rodeam. Por tanto, representa a maior rede de espaços naturais protegidos do mundo.

Individualmente, os sítios Natura 2000 variam de menos de 1 ha a mais de 5000 km², dependendo das espécies ou habitats que visam conservar (a maior parte anda em torno de 100–1000 ha). Alguns localizam-se em zonas remotas, mas, na maioria, fazem parte integrante dos nossos campos e contêm variadíssimos habitats, zonas-tampão e outros elementos paisagísticos.

Em resultado, a Natura 2000 não só salvaguarda alguns dos mais raros habitats e espécies da Europa, como também proporciona santuário a inúmeros outros animais, plantas e elementos da vida selvagem que, embora mais comuns, são parte igualmente importante do nosso património natural.

natura 2000 12 a naturEZa Da EurOPa Para SI

Directiva Habitats

Anexo I: tipos de Habitats

Anexo II: Espécies

Lista nacional de sitios

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COMO SE ESCOLHEM OS SÍTIOS NATURA 2000?Para as espécies e habitats ao abrigo da Directiva Habitats• FASE 1: O primeiro passo é da iniciativa dos Estados-Membros. Cada um deles identifica sítios com importância para a

conservação de espécies e habitats constantes da Directiva Habitats, presentes naturalmente no seu território. Nesta fase, a escolha deve ser feita numa base puramente ecológica.

• FASE 2: Os Estados-Membros enviam as suas listas nacionais Natura 2000 à Comissão Europeia, que examina a informação fornecida em toda a região biogeográfica e, em colaboração com os Estados-Membros, organizações envolvidas, cientistas independentes e organizações não-governamentais, selecciona sítios de importância comunitária. Se a lista for considerada insuficiente, os Estados-Membros são convidados a propor mais sítios, a fim de completar a rede.

• FASE 3: Na fase final, os Estados-Membros devem proteger formalmente essas zonas e adoptar medidas para manter ou restaurar o seu bom estado de conservação.

Para as espécies ao abrigo da Directiva Aves, os Estados-Membros clasificam os sitios e após a sua evalução incluem-se na rede Natura 2000.

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REGIÕES BIOGEOGRÁFICASA UE tem nove regiões biogeográficas, cada uma das quais com a sua mescla característica de vegetação,

clima, topografia e geologia. Agir a este nível torna mais fácil verificar as tendências de conservação de espécies e habitats com condições naturais similares, sem olhar a

fronteiras políticas ou administrativas.

Rede Natura 2000 – uma rede europeia de sítios protegidos

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ânica

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Directiva Aves

Zonas de Protecção Especial

Lista de Sitios de

Importância Comunitária

Zonas Especiais de Conservação

NATURA 2000

Mac

aron

ésia

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Natura 2000 – parte de uma paisagem viva

É frequente associar conservação da Natureza a reservas naturais estritas, de onde a actividade humana é sistematicamente excluída. A Natura 2000 adopta uma abordagem diferente. Reconhece plenamente que o Homem é parte integrante da Natureza e que ambos trabalham melhor em parceria.

Na verdade, o valor de muitos sítios da rede deriva precisamente da forma como têm sido geridos. Em tais casos, é importante garantir que esses tipos de actividade (como a agricultura extensiva) possam continuar no futuro.

Assim, embora haja certamente algumas reservas naturais estritas na rede, com limitação dos usos humanos em atenção à vida selvagem e aos habitats raros que nelas existem, os sítios Natura 2000 continuarão, na sua maioria, a ser geridos tendo em conta os habitats e espécies vulneráveis neles presentes.

Deste modo, a Natura 2000 apoia o princípio do desenvolvimento sustentável. Não se pretende banir a actividade económica, mas antes definir os parâmetros com base nos quais ela pode ser exercida, salvaguardando ao mesmo tempo a biodiversidade da Europa.

natura 2000 14 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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Natura 2000 – parte de uma paisagem viva

QUE OBRIGAÇÕES EXISTEM EM SÍTIOS NATURA 2000?

Dentro das áreas Natura 2000, os Estados Membros devem assegurar que:

• sejam evitadas actividades passíveis de perturbar significativamente as espécies ou

de deteriorar os habitats em atenção aos quais o sítio foi designado,

• sejam tomadas medidas positivas, sempre que necessário, para manter ou restaurar um ‘estado de conservação favorável’ dos

habitats e espécies.Por outro lado, os sítios Natura 2000 devem ser protegidos em relação a

novos projectos de desenvolvimento ou alterações drásticas na utilização dos

solos que possam prejudicar gravemente os seus valores naturais, a menos que tais projectos sejam de reconhecido

interesse público e que prevê-se medidas compensatórias adecuadas. Aos Estados-

Membros compete decidir o modo de cumprir estas condições. Não obstante,

todas as medidas de conservação devem ter em conta as características económicas,

sociais e culturais, bem como regionais e locais, dos sítios em questão.

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Colocar as pessoas no centro da Natura 2000

Por toda a Europa, existem já exemplos de como a Natura 2000 funciona na prática.

Na maior parte dos casos, bastarão pequenos ajustamentos para garantir a compatibilidade do aproveitamento da terra com a conservação das espécies e habitats presentes. Por exemplo: atrasar a ceifa umas semanas até as crias das aves nidificantes no solo poderem voar; evitar perturbações nas zonas de reprodução, alimentação ou repouso em certas alturas do ano, etc.

Todavia, haverá casos em que as alterações terão de ser mais profundas, para não agravar a deterioração de um sítio ou ajudá-lo a regressar a um estado favorável.

Em qualquer caso, é essencial que quem vive e trabalha em sítios Natura 2000 seja intimamente associado às decisões sobre a sua gestão a longo prazo. De proprietários e utilizadores privados da terra, autoridades, indústria, até grupos recreativos, ecologistas, comunidades locais e cidadãos a título individual – todos temos um papel importante a desempenhar para tornar Natura 2000 num sucesso e travar a perda da biodiversidade.

TRATAMENTO DE PROJECTOS DE GRANDE ESCALA

Os projectos que envolvam alterações significativas na utilização da terra dentro

de um sítio Natura 2000 (como a construção de estradas, a florestação de terrenos de pastagens para fins comerciais) devem

primeiro ser avaliados, para determinar se podem ter efeito significativo nos valores

naturais do sítio. Se o impacto não for considerado significativo, o projecto

poderá prosseguir.Se se previrem efeitos significativos,

terão de ser exaustivamente estudadas e seleccionadas alternativas menos agressivas – como o desvio da nova estrada, a escolha

de localizações fora da Natura 2000, etc.Em casos excepcionais, alguns projectos

prejudiciais podem ser prosseguidos dentro da Natura 2000 se se considerar que têm

reconhecido interesse público e não houver alternativas viáveis. Nessa altura, será

necessário tomar medidas de compensação para não comprometer a rede Natura 2000.

natura 2000 16 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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Colocar as pessoas no centro da Natura 2000

GESTÃO SUSTENTÁVEL DAS FLORESTAS NO LESTE DA ALEMANHACom 150 km², o faial de Hainich é um dos maiores do género na Europa. Após a reunificação alemã, o governo regional da Turíngia declarou uma

área considerável como parque nacional e sítio Natura 2000, para prevenir a sobreexploração. De início, a associação de proprietários privados de

uma grande parte da terra comunal opôs-se fortemente a esta designação, receando que o aproveitamento económico da floresta fosse impedido. Mas

as autoridades responsáveis pela conservação depressa dissiparam esses receios: a associação pratica uma forma de silvicultura selectiva, com retirada

das árvores adultas mediante um sistema de rotação, compatível com a conservação da biodiversidade na floresta. As duas partes fizeram um acordo de gestão sobre um aproveitamento dos recursos da floresta que salvaguarde os valiosos habitats e espécies presentes. Graças a este acordo, os silvicultores continuam a obter o seu sustento da floresta, sem a concorrência de operações

de corte a grande escala.

A AGRICULTURA NAS PLANÍCIES DE CASTRO VERDE (PORTUGAL)Nas vastas planícies de Castro Verde, no sul de Portugal, o sistema agrícola

tradicional baseia-se na produção extensiva de cereais de sequeiro, com pousio ao fim de 2–3 anos. Os habitats estépicos semi-naturais que daí resultam têm

valor imenso em termos de conservação da Natureza, sobretudo para aves. Todavia, a crescente concorrência da produção cerealífera intensiva tem

forçado muitos agricultores a abandonarem as terras em busca de outro tipo de trabalho, com consequências graves para a economia local e para a avifauna.

Com a inclusão de Castro Verde na Natura 2000, grupos de conservação da Natureza e agricultores decidiram aliar-se e exigir às autoridades um regime de apoio agro-ambiental que permita aos agricultores continuarem a gerir as suas terras como antes. O regime revelou-se bastante popular: mais de 350 km² de terrenos agrícolas estépicos voltaram a ser geridos extensivamente e as aves

estão a regressar em grande número.

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Como funcionará a Natura 2000 na prática?

natura 2000 18 a naturEZa Da EurOPa Para SI

ÁGUA PURA E SAUDÁVEL EM FRANÇA

A região de Auvergne, no centro da França, é famosa pela sua abundância de águas, grande parte das quais provém do Loire, que nasce nos cimos do Maciço Central. Um dos afluentes do Loire, o Allier, fornece 70% da água potável à cidade de Clermont-Ferrand e arredores. Para que a qualidade da água mantenha um padrão suficientemente elevado para consumo humano, o município criou zonas de protecção especial em torno das captações.

Dado que se exige, pois, muito controlo e gestão, a autarquia pediu ajuda ao grupo local de conservação da Natureza quando, em atenção às suas notáveis florestas aluviais, a maior parte da zona foi incluída na Natura 2000. As duas partes assinaram um acordo de gestão, identificando as acções necessárias para garantir a qualidade da água e manter os ricos valores naturais da área. Em resultado, a população de Clermont-Ferrand tem às suas portas, não só uma fonte permanente de água pura, mas também uma atraente reserva natural.

RECUPERAÇÃO DE ZONAS HÚMIDAS NA GRÉCIA OCIDENTAL

O delta do Amvrakikos é um complexo enorme de zonas húmidas que se estende por centenas de quilómetros em todas as direcções. Este ambiente de águas

salobras proporciona habitat ideal a aves aquáticas, incluindo o raro pelicano-frisado. Na década de 1980, partes do delta foram drenadas para fins agrícolas, mas

sem êxito, pois o lençol freático tornou-se excessivamente salgado. O Serviço de Desenvolvimento Regional decidiu então concentrar-se no melhor aproveitamento

dos recursos naturais da zona. A reputação internacional como pólo de biodiversidade colocava o delta em posição ideal para explorar o mercado emergente do ecoturismo. Após a restituição de uma grande parte do delta ao seu estado original, foi elaborado

um plano integrado de gestão, com agentes locais, para promover utilizações do solo e iniciativas de ecoturismo compatíveis com os princípios da Natura 2000. A julgar pelo

forte apoio local e pelo afluxo regular de turistas da Natureza, esta nova visão do Amvrakikos começa a surtir efeitos.

OBSERVAÇÃO DE CETÁCEOS NOS AÇORES

As profundas águas dos Açores, a meio do Atlântico Norte, fervilham de abundante vida marinha. Este arquipélago é um dos melhores locais da Europa para observar baleias e golfinhos. Um recurso natural tão valioso tem grande potencial para ecoturismo, mas, gerido inadequadamente, poderá prejudicar os animais. A fim de assegurar uma gestão profissional das actividades locais de observação de cetáceos, o Governo Regional dos Açores impôs um código de conduta para as

áreas marinhas da Natura 2000. Se respeitarem a regulamentação, as empresas locais recebem em troca uma preciosa formação em gestão de empresas e conservação marinha. Graças a esta colaboração, os Açores estão a ganhar rapidamente reputação internacional como local de observação de cetáceos e, em resultado, as empresas locais prosperam.

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Como funcionará a Natura 2000 na prática?

Muitas das iniciativas mencionadas forâm co-financiadas a través do instrumento LIFE. O fondo LIFE + comunitario leva, para o périodo 2007–2013, uma dotação de 800 milhões de euros destinada aos

projectos a favor da natureza e da biodiversidade que incluem apoio

para os projectos de meiores práticas e inovadores nos sitios Natura 2000.

http://ec.europa.eu/environment/life/index.htm

EMPRESAS DE ELECTRICIDADE AJUDAM A SALVAR AVES RARAS EM ESPANHA

A região de Aragão produz muita da electricidade em Espanha. Infelizmente, a extensa rede de linhas

de alta tensão é causa importante de mortalidade de aves gravemente ameaçadas, como o abutre quebra-ossos. Muitos exemplares morrem electrocutados ao

colidirem com os cabos. Em resposta ao problema, o governo regional está a colaborar estreitamente

com as empresas de electricidade, para adaptar mais de 350 km de linhas em sítios Natura 2000, tornando-as seguras para as aves. Desde que se

iniciou esta colaboração, a mortalidade das aves registou uma descida drástica. Algumas começaram mesmo a nidificar nos postes de alta

tensão. Por compromisso das empresas, todos os novos cabos passam a ser subterrâneos.

AUTORIDADES AUSTRÍACAS REPÕEM OS LEITOS DOS RIOS

Tal como em muitos rios dos Alpes austríacos, o curso do Obere Drau foi endireitado e canalizado para regularizar o seu caudal e permitir actividades agrícolas até à linha de água. No entanto, cedo se tornou evidente que estas complexas soluções de engenharia faziam mais mal do que bem, e não só à vida selvagem. Sem os meandros naturais e habitats ribeirinhos, o rio tinha cheias muito mais frequentes, conduzindo a uma rápida erosão do leito. Os níveis freáticos desceram e os agricultores começaram a queixar-se de que os campos secavam. Com a inclusão do Obere Drau na Natura 2000, as autoridades decidiram adoptar um método menos agressivo de gestão do rio. Repuseram-se os meandros ao longo de 40 km, abriram-se canais laterais e restauraram-se pauis ribeirinhos. O impacto nos lençóis freáticos e na vida selvagem foi tão positivo que há hoje planos para realizar obras idênticas noutros troços do rio.

APRENDER A VIVER COM OS GRANDES CARNÍVOROS DE

ROMÉNIA

A cadena montanhosa de Vrancea abriga a segunda maior população de grandes carnívoros de Roménia e sem duvída da União Europeia. A

população local, desde siglos atrás, têm conseguido meios de coabitação

harmoniosa com aquêles grandes e potencialmente perigosos predadores.

Sem embargo, faz ja algúm tempo desde que os sistemas tradicionais de proteção das terras e do gado foram abandonados, resultando num aumento da frequência das predações sobre o gado. Após a adesão

à UE, a Agência de Protecção do Meio Ambiente implantou uma unidade de intervenção para ajudar aos agricultores a protegerem o seu gado e conceder-lhes indemnizações

por perda de gado. Finalmente, incluíram-se no fondos de Desenvolvimento Rural da EU a favor de Roménia. A

Agência contribui também à diversificação da economía local promovêndo a região como destino de predilecção

para a observação da vida selvagem. Mais, pelo menos, os grandes carnívoros e os seres humanos têm conseguido

meios de coexistencia.

SILVICULTURA E CONSERVAÇÃO NA FINLÂNDIA

O centro da Finlândia é o coração da indústria madeireira do país. Aqui, quase toda a floresta pertence a privados e as restrições ao seu aproveitamento por motivo de uma designação Natura 2000 tendem a ser mal recebidas. O Serviço Regional do Ambiente decidiu que o melhor meio de persuadir os silvicultores privados a aceitarem a Natura 2000 seria facultar-lhes planos de gestão para os seus terrenos. Os planos avaliam o potencial económico da floresta num horizonte de 10 a 20 anos e esclarecem as actividades que, numa perspectiva de conservação, são permitidas. Uma ferramenta tão prática, não só ajuda os proprietários a gerirem o seu recurso com mais eficácia e rendimento, como dissipa o mito de que a Natura 2000 significa cessar toda a produção na floresta. A prova do contrário aí está.

CONSERVAÇÃO APOIA AGRICULTURA LOCAL NA

DINAMARCA

O vale do Rio Varde formava outrora um complexo de prados salgados

com elevadíssima biodiversidade. Ao longo do tempo, foram sendo

sistematicamente drenados para fins de agricultura intensiva, mas, com o colapso do mercado dos granulados

de feno, a associação local de agricultores teve de procurar outras fontes de rendimento.

Descobriu-se que a zona era ideal para pastoreio e produção extensiva de feno, com apoio financeiro de programas

agro-ambientais, desde que os terrenos voltassem a ser inundáveis. Entraram então em cena os responsáveis

pela conservação, decididos a devolver aos prados o seu estado natural. Mais de 250 agricultores inscreveram-se em

programas agro-ambientais, com um orçamento de 1 milhão de euros por ano. O seu futuro é agora mais seguro e a lezíria

voltou a ser gerida com a Natureza em mente.

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Como determinar o êxito alcançado?

Para poder valorar o andamento da rede Natura 2000, importará acompanhar a intervalos regulares os habitats e espécies indicados nas duas directivas comunitárias relativas à Natureza, para avaliar o seu estado de conservação.

Cada seis anos, os Estados-Membros deveraõ comunicar à Comissão a situação do estado de conservação dos respectivos habitats e espécies no seu país e as medidas que tiverem tomado para a sua conservação. A Comissão poderá então analisar essa informação a nível supra nacional, para determinar o estado global para cada espécie ou habitat a través da União europa.

Isso não só contribuirá a determinar o êxito global da rede Natura 2000 mas também e identificar áreas problemáticas que exijam esforços de conservação.

natura 2000 20 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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NOVO SOPRO DE VIDA PARA UM PEIXE ENDÉMICO RARO

Na ilha grega de Rodes, vive uma espécie rara de peixe de água doce, o gizani, que não existe em nenhuma outra parte do mundo. Este pequeno animal é um mestre da sobrevivência – passa toda a vida nos rios, nascentes e

pequenos reservatórios de água doce da ilha, enfrentando as cheias de Inverno com temperaturas negativas e as canículas e secas do pino do Verão. Quase todos os seus habitats estão hoje protegidos pela Natura 2000 e

foi adoptada regulamentação para controlar a captação de água e outras actividades que o possam prejudicar. Controlos recentes indicam que, em resultado destas iniciativas, o gizani está a recuperar bem. É um facto que a sua luta pela sobrevivência cativou o coração e a mente de habitantes e turistas. Até já existe, em seu nome, um

centro para visitantes.

PROTECÇÃO DAS GRUTAS DE MORCEGOS DO NORTE DA EUROPA

Um dos últimos redutos das espécies setentrionais de quirópteros da Europa situa-se ao longo das regiões fronteiriças entre a Bélgica, o Luxemburgo e a Alemanha. Infelizmente, muitos dos locais tradicionais de hibernação, como as grutas, têm sido danificados por actividades recreativas, mas, graças à História, há

alternativas. A região é percorrida por túneis e bunkers subterrâneos do tempo da Guerra, bem como por minas desactivadas e antigas fortificações. Mais de 150 destes pousos de hibernação estão hoje protegidos pela

Natura 2000 e vedados ao público. E os morcegos estão a reagir bem: nos sítios Natura 2000, as populações estabilizaram pela primeira vez em 50 anos.

RETORNO DO ÁGUIA-IMPERIAL NO CÉU HÚNGARO

O águia-imperial é uma ave de presa de grande envergadura presente nas planicies estépicas dos Cárpatos. O seu bastião, na União europeia, situá-se na Hungria, onde na década de 1980 só era possivél observar entre 10

e 20 pares. A organização nacional para à protecção das aves decidiu, pois, iniciar uma operação importante de salvaguarda da espécie. Têm-se isolado mais de 10.000 linhas elétricas em vista da prevenção de riscos

de electrocução, têm se protegidos os ninhos, asegurado o seguimento dos juvenis através de sistemas telemétricos, salvado e atendido as aves doentes e antes tûdo, os agricultores e os produtores florestais locais

têm- se comprometido a manter as práticas de cultivo extensivo e impelir desmatamentos nas zonas chaves de nidificação. Em 2005, a poblação compreendia 75–80 pares reproductoras graças áquelas iniciativas.

REINTRODUÇÃO DA CAMURÇA NOS APENINOS

A camurça do Abruzo vivia outrora livremente nas altitudes dos Apeninos, na Itália Central. Todavia, a caça excessiva e a destruição dos habitats levaram esta subespécie endémica literalmente à beira da extinção. Em

meados da década de 1950, a população caíra para 20 exemplares. Os responsáveis pela conservação decidiram, pois, criar um centro local de reprodução em cativeiro e iniciar a reintrodução de pequenos núcleos de camurças

em zonas cuidadosamente seleccionadas na cordilheira dos Apeninos. A iniciativa foi acompanhada de uma grande campanha de informação e de controlos mais estritos sobre a caça e o turismo. Desde que se iniciou o

programa, a população ultrapassou já 1000 exemplares – o máximo em mais de um século.

O ABETOURO ESTRONDEIA DE NOVO NA GRÃ-BRETANHA

O abetouro é uma espécie esquiva de garça que frequenta pauis e canaviais. O canto rouco do macho (“estrondo”) é por vezes o único sinal da sua presença. Durante o século passado, a espécie entrou em declínio

gradual por toda a Europa, devido principalmente à destruição de habitats adequados. O Reino Unido não é excepção. Em 1997, a população caíra para 11 machos detectados e era certo que desapareceria se nada fosse

feito. Foram imediatamente tomadas medidas para restaurar os habitats existentes e reconstituir canaviais em locais estratégicos de todo o país, para que a espécie pudesse expandir a sua área. Em resultado, a população

de abetouros quintuplicou nos últimos sete anos, uma das histórias de maior êxito para a vida selvagem da Grã-Bretanha.

UMA AJUDINHA ÀS PLANTAS

As Canárias têm uma das maiores diversidades vegetais da Europa, superando as Galápagos, com mais de 500 espécies endémicas. Contudo, a distribuição restrita das plantas torna-as muito vulneráveis a qualquer mudança no seu ambiente. Algumas espécies, como a Sambucus palmensis, são hoje tão raras que a simples protecção dos habitats não basta. O governo canário deu, pois, início a um programa de recuperação destas espécies, colhendo

sementes de plantas selvagens, cultivando-as em viveiros especiais e transplantando-as para locais adequados nas várias ilhas. A população selvagem de Sambucus palmensis já quadruplicou. E tampouco falta onde a

reintroduzir: nas Canárias, mais de 30% dos terrenos estão designados como Natura 2000, em reconhecimento da notável biodiversidade do arquipélago.

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Natura 2000 – a ajuda que cada um pode dar

Na Europa, onde quer que nos encontremos, podemos apoiar em muito os objectivos da rede Natura 2000:

➧ Porque não documentar-se e explorar sítios Natura 2000 próximos? Há-os que oferecem serviços de visita, observação da vida selvagem e outras atividades para toda a família que permitiram-lhe aproveitar o melhor do que a zona oferece.

➧ Colaborar voluntariamente em acções de gestão e vigilância. As organizações de conservação procuram constantemente voluntários que os ajudem a restaurar e manter as suas zonas selvagens.

➧ Levar as crianças num sítio Natura 2000 a descobrirem a vida selvagem local. Aqueles sítios são também maravilhosas salas de aula ao ar livre e incentivam as crianças e os adultos a seguir atividades de ar livre favoravéis para a nossa saúde?

➧ Criar o seu própio paraíso selvagem num canto de jardim o numa zona verde perto da sua casa planteando espécies vegetais índigenas ricas em néctar, implantando um pequeno charco ou amontanhando madeira para facilitar a hibernação dos insectos.

➧ Também se pode apoiar a economia no interior e nas proximidades de sítios Natura 2000, comprando produtos estacionais respetuosos da natureza que contribuem a preservar os habitats e espécies presentes na zona.

Seja qual for a sua opção, partilhe as experiências com outros e incentive-os a interessarem-se pela Natura 2000 – afinal de contas, é a Natureza da Europa para si!

natura 2000 22 a naturEZa Da EurOPa Para SI

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Natura 2000 – a ajuda que cada um pode dar

PARA SABER MAIS SOBRE NATURA 2000: visite o sítio web da Comissão Europeia http://www.ec.europa.eu/environment/

nature/index _en.htm

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natura 2000 24 a naturEZa Da EurOPa Para SI

PÁG 2 Abernethy Forest (UK) © K. Sundseth; Elsenborn meadows (BE) © F. Vassen; Dorset heaths (UK) © J. Houston; Bluebell woods (BE) © K. Taskinen; Lech Valley (AT) © A. Vorauer (www.4hour.cc); Southern Greece (EL) © B. Gibbons/Natural Image; Hohe Tauern NP (AT) © M. Fritz; Relictual

grasslands, Ardèche (FR) © P. Collin/ENC; Hungarian wetland (HU) destaques Grass-of-Parnassus © A. Gagg; Betony © P. Creed; Small red damselfly © B. Gibbons/Natural Image; Boletus erythropus

© P. Creed; Stoat © Nature Photographers; Eleonora’s falcon © M. Ravasini; Southern gentian © P. Creed; Spotted fritillary © J. Asher; Fire salamander © E. van Uchelen/Saxifrage

PÁG 3 Red kite © M. Read; The Burren (IE) © www.burrenbeo.co; Waddensea seals (NL) © A. Maywald; Lapland (FI) © J. Luhta; Čepkeliai bog pool (LI) © V. Monsevičiu; Hortobagy NP (HU)

© L. Lisztes; Danube Delta (BU) © www.deltaresort.com; The Julian Alps (SL) © T. Jesenicnik/TNP; Sardinian coast (IT) © K. Sundseth; Dehesas (ES) © Fundacion Global Nature – Extremadura; Hainich

beech forest (DE) © T. Stephan; Madeira (PT) © M. Freitas

PÁG 8 EU flags; Wigeon in flight © D. Kjaer; Danube floodplain (AT) © H. Dolecek; Banded demoiselle (SL) © J. Petutschnig, Umweltbüro Klagenfurt; Gothenburg Summit (2001)

© A. Andersson; Danube River (AT) © NP Donau Auen; Gothenburg Summit (2001) © A. Andersson; Hawksbill turtle (EL) © Archelon; destaques Kingfisher © D. Kjaer PÁG 9 Cranes, Champagne Ardenne (FR) © A. Balthazard/LPO; Dancing cranes (FI) © J. Luhta; Cranes in mires

(FI) © J. Luhta; Cranes in flight (EE) © M. Kose; Cranes in Gallocantera (ES) © A. Torres; Cranes with chick (FI) © J. Luhta sobreposição Flying crane © P. Dubois

PÁG 10 Lady’s slipper (AT) © Archiv Abt. Umweltschutz; Black-throated diver (FI) © J. Luhta; Short-beaked common dolphin (EL) © S. Agazzi (http://www.tethys.org); Bearded

vulture (AT) ©EGS-Österreich/N. Roth-Callies; rosalia alpina (FR) © J. Asher; European mink (EE) © T. Maran; Cyprus mouflon (CY) © A. Antoniou; European pond terrapin © E. van Uchelen/

Saxifraga; Isoplexis chalcanthia, Canary Islands (ES) © Consejeria de Medio Ambiente del Gobierno de Canarias; Iberian lynx (ES) © Proyecto LIFE Lince Junta de Andalucia destaques

Collared flycatcher (CZ) © J. Hlasek; Calypso orchid (FI) © M. O’Briain; Marsh fritillary (UK) © J. Asher PÁG 11 Boreal forest (FI) © K. Sundseth; Eagle owl (EE) © M. Kose; Limestone pavement

(UK) © P. Creed; Large copper (FR) © J. Asher; Eastern pasqueflower (CZ) © J. Hlasek; Poet’s narcissus, hay meadow, Pyrenees (FR) © P. Creed

PÁG 16 Children at Weidmoos (DE) © Gem. Lamprechtshausen; Grindenschwarzwald (DE) © Abt. Landespflege, Arbeitsbereich Wildökologie; Ministry officials (DE) © Rädle; Hunting

(FR) © FACE; Stakeholders in Tirol (AT) © Archiv der Abteilung Umweltschutz, Amt der Tiroler Landesregierung; Schütt-Dobratsch NP (AT) © LIFE-Project Schütt-Dobratsch; Agricultural

advisors, Termoncarragh (IE) © C. Keena; New Forest LIFE Partnership (UK) © New Forest LIFE Partnership; Hiking (FR) © F Flavier PÁG 17 Hainich beech forest (DE) © Nationalpark Hainich;

Black woodpecker (LV) © V. Larmanis; Castro Verde (PT) © K. Sundseth; Shepherding (ES) © Fundación Global Nature

PÁG 18 Vavre et Foret du Moulin (FR) © LN_CEPA_J. Saillard, Fédération des Conservatoires d’espaces naturels; Otter © P Glendell/English Nature; Lagarou lagoon (EL)

© G. Rousopoulos; Dalmatian pelican (EL) © A. Ivanenko; Whale watching, Azores (PT) © F. Cardiges/ImagDOP; Sperm whale (PT) © J. Fontes/ImagDOP PÁG 19 Adjusting power cables Aragon (ES) © Red Electrica de Espana; White stork nesting on power cables (ES)

© Red Electrica de Espana; Learning to live with large Carnivores (RO) © Silviu Chiriac, LIFE project; Brown Bear (RO) © Silviu Chiriac, LIFE project; Varde meadows (DK) © S. Mariegaard;

Corncrake (LV) © A. Petrins; Foresters (FI) © P. Kulmala; Siberian jay (FI) © J. Luhta; Obere Drau (AT) © I. Hoffman, ecoconsult.com; Kingfishers © J. Zmölnig

CAPA: mosaico © K. Taskinen; © J. Luhta; © P. Creed; © R. Hoelzl/4nature; © P. Creed;

© J. Luhta; © B. Gibbons/Natural Image; © New Forest LIFE Partnership;

© G. Logan/SNH foto principal © A. ZanettiPÁGINA DO ÍNDICE © S. Bickel/BBOWT

Todas as fotografias incluídas na presente publicação estão protegidas por direitos de autor, não podendo ser utilizadas sem a prévia autorização escrita dos autores.

Comissão Europeia

Embora ocupe menos de 5% da área continental do planeta, a Europa possui uma impressionante diversidade de plantas, animais e paisagens, muitos dos quais em nenhuma outra parte do mundo se encontram.

As diferenças de clima, topografia e geologia justificam muita desta biodiversidade. Do Círculo Polar Árctico aos amenos litorais mediterrânicos, dos picos alpinos às vastas planícies centrais, a diversidade de condições naturais no nosso pequeno continente é impressionante.

A nossa longa associação à terra tem igualmente influído na modelação da paisagem rural. Durante séculos, desenvolveram-se diferentes formas de trabalhar a terra, dando origem a muitos dos chamados habitats ‘seminaturais’, ricos em vida selvagem (prados, pastagens arborizadas, charnecas), porém inteiramente dependentes de um continuado aproveitamento humano para a sua sobrevivência.

Na Europa, a rica mistura de nacionalidades, culturas, línguas e identidades reflecte-se também fortemente em toda a nossa paisagem. Em poucos lugares do mundo há uma paleta tão variada, contrastante e regional de habitats, vida selvagem e paisagens culturais, entrelaçados em área tão reduzida – e é isto o que torna a Natureza tão especial na Europa.

Este é o nosso património natural.

Natureza da Europa – um património natural rico

natura 2000 2 a naturEZa Da EurOPa Para SI

Perante este declínio alarmante, entidades de toda a Europa têm exprimido inquietação crescente pela perda do seu património natural e da biodiversidade que sustentam a nossa saúde e prosperidade.

Os governos dos Estados-Membros da UE têm reagido em conformidade e, em 2001, na Cimeira Europeia de Gotemburgo, comprometeram-se a travar a perda de biodiversidade na Europa até 2010.

Como a Natureza não reconhece fronteiras nacionais, a melhor via para alcançar uma meta tão ambiciosa é coordenar esforços e congregar recursos.

Há rios, como o Danúbio, que atravessam muitos países – se um deles poluir uma parte do rio, todos podem ser afectados. As aves migratórias atravessam a Europa de lés a lés em busca de áreas de repouso, alimentação e reprodução. Se os seus habitats forem protegidos apenas numa parte do continente, reduzem-se inevitavelmente as hipóteses de sobrevivência das espécies.

A legislação comunitária estabelece a norma para a conservação da Natureza em toda a União Europeia e permite aos 27 Estados-Membros trabalharem em conjunto sob o mesmo enquadramento legislativo coeso, com vista à protecção das nossas espécies e tipos de habitat mais vulneráveis.

O que fazemos para o evitar? – A resposta da Europa

Ao migrar das áreas onde se alimenta no Inverno, a sul, para as áreas onde nidifica no Verão,

a norte, o grou-comum atravessa toda a Europa. Graças à legislação comunitária, há sítios protegidos ao longo da sua rota de migração,

em resultado do que as populações estão a aumentar na UE.

natura 2000 8 a naturEZa Da EurOPa Para SI

Sitios da Rede Natura 2000 designados para o grou-comum, estado Out.08

Directivas ‘Habitats’ e ‘Aves’

As pedras angulares da legislação comunitária em matéria de conservação da Natureza são as Directivas ‘Habitats’ e ‘Aves’.

➧ A Directiva Aves, adoptada em 1979, visa proteger o conjunto da avifauna selvagem e os seus habitats mais importantes em toda a UE. Põe termo a determinadas práticas, como a detenção e a venda de aves selvagens nativas ou os métodos indiscriminados de abate, e institui um mecanismo legal para a regulamentação de outras actividades, como a caça, para assegurar a sua sustentabilidade.

A Directiva impõe, ainda, que os 27 Estados-Membros protejam os sítios mais importantes de todas as aves migratórias e de 190 espécies particularmente

ameaçadas, com especial atenção às zonas húmidas de importância internacional.

➧ Em 1992, a UE adoptou a Directiva Habitats, a qual, para proteger a vida selvagem na Europa, institui medidas similares às da Directiva Aves, mas se aplica a uma gama muito maior de espécies raras, ameaçadas ou endémicas, incluindo mais de mil animais e plantas. São também visados, pela primeira vez, cerca de 230 tipos de habitat raros e característicos, para efeitos de conservação por direito próprio.

Estas directivas representam a mais ambiciosa iniciativa de sempre, a grande escala, para conservar o nosso património natural em toda a União Europeia.

LINCE-IBÉRICO (Lynx pardinus)Com uma população de apenas 100 a 150

exemplares, o lince-ibérico é hoje uma des espécies mais ameaçada no mundo. A

intensificação da agricultura e os projectos de infra-estruturas (como estradas) têm fragmentado o seu habitat em tal grau

que o lince está actualmente confinado a bolsas isoladas no sudoeste de Espanha e em Portugal. A caça ilegal, a captura com armadilhas e os atropelamentos aliam-se às suas adversidades, juntamente com a

escassez da sua principal fonte de alimento, o coelho, dizimado pela mixomatose.

Se o lince-ibérico não recuperar, poderá ser a primeira espécie de felino a extinguir-se,

desde o tigre-dente-de-sabre, há 10.000 anos.

O leque de tipos de habitat a conservar ao abrigo da Directiva Habitats é muito

variado – das florestas naturais na Escandinávia aos campos calcários de lapiaz no litoral atlântico e aos prados

de altitude, ricos em espécies, nos Alpes. Espécies ameaçadas, como o mocho-real,

a borboleta-de-cobre e a anémona-oriental, estão hoje igualmente protegidas.

natura 2000 10 a naturEZa Da EurOPa Para SI

Colocar as pessoas no centro da Natura 2000

Por toda a Europa, existem já exemplos de como a Natura 2000 funciona na prática.

Na maior parte dos casos, bastarão pequenos ajustamentos para garantir a compatibilidade do aproveitamento da terra com a conservação das espécies e habitats presentes. Por exemplo: atrasar a ceifa umas semanas até as crias das aves nidificantes no solo poderem voar; evitar perturbações nas zonas de reprodução, alimentação ou repouso em certas alturas do ano, etc.

Todavia, haverá casos em que as alterações terão de ser mais profundas, para não agravar a deterioração de um sítio ou ajudá-lo a regressar a um estado favorável.

Em qualquer caso, é essencial que quem vive e trabalha em sítios Natura 2000 seja intimamente associado às decisões sobre a sua gestão a longo prazo. De proprietários e utilizadores privados da terra, autoridades, indústria, até grupos recreativos, ecologistas, comunidades locais e cidadãos a título individual – todos temos um papel importante a desempenhar para tornar Natura 2000 num sucesso e travar a perda da biodiversidade.

TRATAMENTO DE PROJECTOS DE GRANDE ESCALA

Os projectos que envolvam alterações significativas na utilização da terra dentro

de um sítio Natura 2000 (como a construção de estradas, a florestação de terrenos de pastagens para fins comerciais) devem

primeiro ser avaliados, para determinar se podem ter efeito significativo nos valores

naturais do sítio. Se o impacto não for considerado significativo, o projecto

poderá prosseguir.Se se previrem efeitos significativos,

terão de ser exaustivamente estudadas e seleccionadas alternativas menos agressivas – como o desvio da nova estrada, a escolha

de localizações fora da Natura 2000, etc.Em casos excepcionais, alguns projectos

prejudiciais podem ser prosseguidos dentro da Natura 2000 se se considerar que têm

reconhecido interesse público e não houver alternativas viáveis. Nessa altura, será

necessário tomar medidas de compensação para não comprometer a rede Natura 2000.

natura 2000 16 a naturEZa Da EurOPa Para SI

GESTÃO SUSTENTÁVEL DAS FLORESTAS NO LESTE DA ALEMANHACom 150 km², o faial de Hainich é um dos maiores do género na Europa. Após a reunificação alemã, o governo regional da Turíngia declarou uma

área considerável como parque nacional e sítio Natura 2000, para prevenir a sobreexploração. De início, a associação de proprietários privados de

uma grande parte da terra comunal opôs-se fortemente a esta designação, receando que o aproveitamento económico da floresta fosse impedido. Mas

as autoridades responsáveis pela conservação depressa dissiparam esses receios: a associação pratica uma forma de silvicultura selectiva, com retirada

das árvores adultas mediante um sistema de rotação, compatível com a conservação da biodiversidade na floresta. As duas partes fizeram um acordo de gestão sobre um aproveitamento dos recursos da floresta que salvaguarde os valiosos habitats e espécies presentes. Graças a este acordo, os silvicultores continuam a obter o seu sustento da floresta, sem a concorrência de operações

de corte a grande escala.

A AGRICULTURA NAS PLANÍCIES DE CASTRO VERDE (PORTUGAL)Nas vastas planícies de Castro Verde, no sul de Portugal, o sistema agrícola

tradicional baseia-se na produção extensiva de cereais de sequeiro, com pousio ao fim de 2–3 anos. Os habitats estépicos semi-naturais que daí resultam têm

valor imenso em termos de conservação da Natureza, sobretudo para aves. Todavia, a crescente concorrência da produção cerealífera intensiva tem

forçado muitos agricultores a abandonarem as terras em busca de outro tipo de trabalho, com consequências graves para a economia local e para a avifauna.

Com a inclusão de Castro Verde na Natura 2000, grupos de conservação da Natureza e agricultores decidiram aliar-se e exigir às autoridades um regime de apoio agro-ambiental que permita aos agricultores continuarem a gerir as suas terras como antes. O regime revelou-se bastante popular: mais de 350 km² de terrenos agrícolas estépicos voltaram a ser geridos extensivamente e as aves

estão a regressar em grande número.

Como funcionará a Natura 2000 na prática?

Muitas das iniciativas mencionadas forâm co-financiadas a través do instrumento LIFE. O fondo LIFE + comunitario leva, para o périodo 2007–2013, uma dotação de 800 milhões de euros destinada aos

projectos a favor da natureza e da biodiversidade que incluem apoio

para os projectos de meiores práticas e inovadores nos sitios Natura 2000.

http://ec.europa.eu/environment/life/index.htm

natura 2000 18 a naturEZa Da EurOPa Para SI

ÁGUA PURA E SAUDÁVEL EM FRANÇA

A região de Auvergne, no centro da França, é famosa pela sua abundância de águas, grande parte das quais provém do Loire, que nasce nos cimos do Maciço Central. Um dos afluentes do Loire, o Allier, fornece 70% da água potável à cidade de Clermont-Ferrand e arredores. Para que a qualidade da água mantenha um padrão suficientemente elevado para consumo humano, o município criou zonas de protecção especial em torno das captações.

Dado que se exige, pois, muito controlo e gestão, a autarquia pediu ajuda ao grupo local de conservação da Natureza quando, em atenção às suas notáveis florestas aluviais, a maior parte da zona foi incluída na Natura 2000. As duas partes assinaram um acordo de gestão, identificando as acções necessárias para garantir a qualidade da água e manter os ricos valores naturais da área. Em resultado, a população de Clermont-Ferrand tem às suas portas, não só uma fonte permanente de água pura, mas também uma atraente reserva natural.

RECUPERAÇÃO DE ZONAS HÚMIDAS NA GRÉCIA OCIDENTAL

O delta do Amvrakikos é um complexo enorme de zonas húmidas que se estende por centenas de quilómetros em todas as direcções. Este ambiente de águas

salobras proporciona habitat ideal a aves aquáticas, incluindo o raro pelicano-frisado. Na década de 1980, partes do delta foram drenadas para fins agrícolas, mas

sem êxito, pois o lençol freático tornou-se excessivamente salgado. O Serviço de Desenvolvimento Regional decidiu então concentrar-se no melhor aproveitamento

dos recursos naturais da zona. A reputação internacional como pólo de biodiversidade colocava o delta em posição ideal para explorar o mercado emergente do ecoturismo. Após a restituição de uma grande parte do delta ao seu estado original, foi elaborado

um plano integrado de gestão, com agentes locais, para promover utilizações do solo e iniciativas de ecoturismo compatíveis com os princípios da Natura 2000. A julgar pelo

forte apoio local e pelo afluxo regular de turistas da Natureza, esta nova visão do Amvrakikos começa a surtir efeitos.

OBSERVAÇÃO DE CETÁCEOS NOS AÇORES

As profundas águas dos Açores, a meio do Atlântico Norte, fervilham de abundante vida marinha. Este arquipélago é um dos melhores locais da Europa para observar baleias e golfinhos. Um recurso natural tão valioso tem grande potencial para ecoturismo, mas, gerido inadequadamente, poderá prejudicar os animais. A fim de assegurar uma gestão profissional das actividades locais de observação de cetáceos, o Governo Regional dos Açores impôs um código de conduta para as

áreas marinhas da Natura 2000. Se respeitarem a regulamentação, as empresas locais recebem em troca uma preciosa formação em gestão de empresas e conservação marinha. Graças a esta colaboração, os Açores estão a ganhar rapidamente reputação internacional como local de observação de cetáceos e, em resultado, as empresas locais prosperam.

EMPRESAS DE ELECTRICIDADE AJUDAM A SALVAR AVES RARAS EM ESPANHA

A região de Aragão produz muita da electricidade em Espanha. Infelizmente, a extensa rede de linhas

de alta tensão é causa importante de mortalidade de aves gravemente ameaçadas, como o abutre quebra-ossos. Muitos exemplares morrem electrocutados ao

colidirem com os cabos. Em resposta ao problema, o governo regional está a colaborar estreitamente

com as empresas de electricidade, para adaptar mais de 350 km de linhas em sítios Natura 2000, tornando-as seguras para as aves. Desde que se

iniciou esta colaboração, a mortalidade das aves registou uma descida drástica. Algumas começaram mesmo a nidificar nos postes de alta

tensão. Por compromisso das empresas, todos os novos cabos passam a ser subterrâneos.

AUTORIDADES AUSTRÍACAS REPÕEM OS LEITOS DOS RIOS

Tal como em muitos rios dos Alpes austríacos, o curso do Obere Drau foi endireitado e canalizado para regularizar o seu caudal e permitir actividades agrícolas até à linha de água. No entanto, cedo se tornou evidente que estas complexas soluções de engenharia faziam mais mal do que bem, e não só à vida selvagem. Sem os meandros naturais e habitats ribeirinhos, o rio tinha cheias muito mais frequentes, conduzindo a uma rápida erosão do leito. Os níveis freáticos desceram e os agricultores começaram a queixar-se de que os campos secavam. Com a inclusão do Obere Drau na Natura 2000, as autoridades decidiram adoptar um método menos agressivo de gestão do rio. Repuseram-se os meandros ao longo de 40 km, abriram-se canais laterais e restauraram-se pauis ribeirinhos. O impacto nos lençóis freáticos e na vida selvagem foi tão positivo que há hoje planos para realizar obras idênticas noutros troços do rio.

APRENDER A VIVER COM OS GRANDES CARNÍVOROS DE

ROMÉNIA

A cadena montanhosa de Vrancea abriga a segunda maior população de grandes carnívoros de Roménia e sem duvída da União Europeia. A

população local, desde siglos atrás, têm conseguido meios de coabitação

harmoniosa com aquêles grandes e potencialmente perigosos predadores.

Sem embargo, faz ja algúm tempo desde que os sistemas tradicionais de proteção das terras e do gado foram abandonados, resultando num aumento da frequência das predações sobre o gado. Após a adesão

à UE, a Agência de Protecção do Meio Ambiente implantou uma unidade de intervenção para ajudar aos agricultores a protegerem o seu gado e conceder-lhes indemnizações

por perda de gado. Finalmente, incluíram-se no fondos de Desenvolvimento Rural da EU a favor de Roménia. A

Agência contribui também à diversificação da economía local promovêndo a região como destino de predilecção

para a observação da vida selvagem. Mais, pelo menos, os grandes carnívoros e os seres humanos têm conseguido

meios de coexistencia.

SILVICULTURA E CONSERVAÇÃO NA FINLÂNDIA

O centro da Finlândia é o coração da indústria madeireira do país. Aqui, quase toda a floresta pertence a privados e as restrições ao seu aproveitamento por motivo de uma designação Natura 2000 tendem a ser mal recebidas. O Serviço Regional do Ambiente decidiu que o melhor meio de persuadir os silvicultores privados a aceitarem a Natura 2000 seria facultar-lhes planos de gestão para os seus terrenos. Os planos avaliam o potencial económico da floresta num horizonte de 10 a 20 anos e esclarecem as actividades que, numa perspectiva de conservação, são permitidas. Uma ferramenta tão prática, não só ajuda os proprietários a gerirem o seu recurso com mais eficácia e rendimento, como dissipa o mito de que a Natura 2000 significa cessar toda a produção na floresta. A prova do contrário aí está.

CONSERVAÇÃO APOIA AGRICULTURA LOCAL NA

DINAMARCA

O vale do Rio Varde formava outrora um complexo de prados salgados

com elevadíssima biodiversidade. Ao longo do tempo, foram sendo

sistematicamente drenados para fins de agricultura intensiva, mas, com o colapso do mercado dos granulados

de feno, a associação local de agricultores teve de procurar outras fontes de rendimento.

Descobriu-se que a zona era ideal para pastoreio e produção extensiva de feno, com apoio financeiro de programas

agro-ambientais, desde que os terrenos voltassem a ser inundáveis. Entraram então em cena os responsáveis

pela conservação, decididos a devolver aos prados o seu estado natural. Mais de 250 agricultores inscreveram-se em

programas agro-ambientais, com um orçamento de 1 milhão de euros por ano. O seu futuro é agora mais seguro e a lezíria

voltou a ser gerida com a Natureza em mente.

Page 27: Comissão Europeia - European Commission · e contêm variadíssimos habitats, zonas-tampão e outros elementos paisagísticos. Em resultado, a Natura 2000 não só salvaguarda alguns

PÁG 4 Food Fair (HU) © F. Kis/WWF Hungary; Birdwatching Waddensea (DE) © M. Stock; Diver in the Azores (PT) © P. Wirtz/ImagDOP; Fishermen (ES) © SEO/BirdLife; Great Kemeri Bog

(LV) © K. Sundseth; Forestry (SE); River Ain (FR) © G. Brevet; Production of cork (ES) © APCOR PÁG 5 Yllas NP (FI) © K. Taskinen; Poppy field (UK) © P. Creed

PÁG 6 Floods, Oxford (UK) © Newquest; Benidorm (ES); Peat extraction (IE) © Bord na Mona; Intensive agriculture (DE) © D. Miletich/4nature; New motorway (PT) © LPN; Tank tracks,

Salisbury Plain (UK) © MOD; Waste dumping (UK) © Wiltshire Wildlife Trust; Construction site, Sicily (IT) © DG Regio; Ochre pollution (UK) © P. Wakely/English Nature; Prestige disaster clean-

up operation (ES) © El Correo Gallego PÁG 7 House sparrow (UK) © D. Kjaer; Brown bear (FI) © J. Luhta; Omphalodes littoralis (FR) © P. Creed; Wildmoor Heath (UK) © J. Asher; Dartford warbler

(UK) © D. Bright; Apollo butterfly (FR) © J. Asher; Sand lizard (UK) © B. Gibbons/Natural Image

PÁG 14 Coastal meadows (EE) © M. Kose; Dehesas (ES) © Funcación Global Nature – Extremadura; Alpine meadows © R. Hoelzl/4nature; Cutting reedbeds (EE) © M.V. Rannap; Untersee (DE) © E. Stegmaier – RP Freiburg; Fishermen (ES) © Spanish Cetacean Society SEC;

Shepherding, West Münster (DE) © L. Aschenmeier; Burren, grazing (IE) © www.burrenbeo.com; Fishermen (EL) © G. Rousopoulos destaques Natterjack toad (EE) © M.V. Rannap; Dormouse (UK) © M. Read; Arctic tern © J. Ruuskanen PÁG 15 Transporting timber, Söderåsen NP (SE) ©

O. Fiskesjö; Wooded meadows (LV) © V. Larmanis; White stork (CZ) © J. Hlasek; Shepherding (FR) © G. Lopez/Wildlife Pictures

PÁG 12 Triglav NP (Sl) © J. Mihelec; Wetland and egrets (SK) © A. Popovic; Kuronian spit (LT) © Z. Markvenas; Bialowieza Forest (PL) © B. Gibbons/Natural Image; Upper Teesdale

(UK) © P. Creed; Coastal habitat (MT) © V. Mercieca/The Gaia Foundation; Alpine meadow (FR) © B. Gibbons/Natural Image; Stora Alvaret (SE) © S. Forslund; Samaria Gorge, Crete (EL) © P.

Creed PÁG 13 Boreal forest (FI) © J. Luhta; Atlantic oakwoods (IE) © K. Sundseth; Trockenrasen (DE) © Dr A. Didion; Mercantour (FR) © F. Flavier; Pannonic salt steppes (HU) © S. Göri; Macin Mountains (RO) © MMNPA; Shabla Lake Complex (BU) © S. Spasov Garrigue habitat (EL) © B. Gibbons/Natural Image; Mediterranean Scrub (ES) © B. Gibbons/Natural Image; Phoenix palm

habitat, Crete (EL) © C.A. Thanos

PÁG 20 Lake Constance forget-me-not (AT) © Amt der Landeshauptstadt Bregenz; Mediterranean monk seal (EL) © MOM (www.mom.gr); Hierro giant lizard (ES)

© D.L. Sánchez; Parrot fish (MT); White-clawed crayfish (UK) © English Nature; Maltese everlasting (MT) © University of Catania, Sicily; Lesser kestrel (PT) © LPN; European bison (PL)

© B. Gibbons/Natural Image; Great bustard (HU) © Hortobagy NP; Sand grouse (ES) © A. Torres destaques European wolf (Croatia) © D. Huber; Scarce large blue (CZ) © J. Hlasek;

Crocus hartmannianus (CY) © A. Antoniou; Hermit beetle (SE) © K. Claesson; Cyprus bee orchid (CY) PÁG 21 Ladigesocypris ghigii (EL) © A. Zoumbouloglou; Freshwater stream, Rhodes (EL)

© P.S. Economidis; Protecting bat caves (LU) © F. Schwaab; Pipistrelle bat (UK) © BBOWT; Imperial Eagle (HU) © A. Kovacs; Radio tagging (HU) © M. Horvath; Reedbed restoration (UK)

© RSPB; Bittern (UK) © P. Vines; argyranthemum lidii (ES) © Consejeria de Medio Ambiente del Gobierno de Canarias; Replanting endemic plants (ES) © Consejeria de Medio Ambiente del

Gobierno de Canarias

PÁG 22 Wardens on Lampedusa (IT) © S. Picchi; Bird Fair (UK) © Lee Valley Regional Park; Outdoor picnic Yllas (FI) © K. Taskinen; Green days in Romania (RO) © Eurosite; Games for

bearded vulture; German bread (DE); Tatra NP (SK) © Popp & Hackner/4nature; Children’s ID charts (UK) © Lee Valley Regional Park Authority PÁG 23 Volunteers (UK) © LIFE project Lowland Limestone Pavements; Encountering Alpine marmots (AT) © H. Schweiger/4nature; Releasing

sea turtles, Lampedusa (IT) © A. Zanetti

Natureza – um recurso valioso

DAREMOS SUFICIENTE VALOR À NATUREZA?

O valor estimado deste quadro de Monet é de 5 a 50 milhões de euros. Mas as

verdadeiras papoilas custam 5000 €/ha.

Protegendo o nosso património natural, poderemos assegurar que a rica diversidade de plantas, animais e habitats da Europa seja mantida para as gerações vindouras.

Quer vivamos na cidade ou no campo, quase todos procuramos ocasionalmente a Natureza, para admirar paisagens, passear a pé, nadar, pescar, espairecer, explorar ou simplesmente gozar o ar fresco e escutar o canto das aves. Conseguimos assim benefícios consideráveis em saúde e bem-estar.

Mas a Natureza além do seu valor intrínseco ou paisagístico, procura também inumeráveis benefícios que incluem a provisaõ de alimentos, fibras, água pura, solos fértiles e ainda bem mais. As zonas húmidas, por exemplo, proporcionam uma defesa natural contra cheias, actuando como esponjas que absorvem o excesso de água. Os juncais ajudam a purificar as águas poluídas, absorvendo substâncias tóxicas, as abelhas polinizam os cultivos e as turfeiras actuam como sumidouros naturais do dióxido de carbono, primeira causa do aquecimento do planeta.

A Natureza é, sobretudo, fonte vital de rendimento para inúmeras pessoas que, em toda a Europa, exploram os recursos naturais de modo sustentável. A agricultura pouco intensiva, por exemplo, é praticada em vastas zonas do continente, proporcionando subsistência a milhões de pessoas.

Natureza: parte da nossa identidade

natura 2000 4 a naturEZa Da EurOPa Para SI

Um recente estúdio sobre o valor económico dos Parques nacionais de Gales concluiu que os Parques

sustentam 12.000 postos de trabalho e geram um rendimento anual de

250 milhões de euros.

Natureza ... ameaçada

O DESASTRE DO PRESTIGEAo afundar-se ao largo da costa norte de Espanha, em Novembro de 2002, o petroleiro Prestige derramou 64.000

toneladas de petróleo, matando cerca de 300.000 aves marinhas (sobretudo

araus-comuns, papagaios-do-mar e tordas-mergulheiras). Os danos para a

pesca, o turismo e o património natural, ao longo dos 3000 km de litoral poluído pelo

derrame, custaram aproximadamente 5 mil milhões de euros. Cerca de 30.000 pessoas foram directamente afectadas nos sectores da pesca e do marisco. Várias organizações locais de pescadores referiram uma queda

de 80% nas capturas normais.

Nem só as espécies raras, como ursos, borboletas e plantas endémicas, estão

ameaçadas. Nos últimos 20 anos, houve populações de pardal-doméstico que

diminuíram drasticamente, devido à destruição dos seus habitats. As charnecas de urze da Europa desapareceram já, na sua maioria. Consequentemente, muitas espécies que

dependem destes habitats para sobreviverem, como a lagartixa-da-areia ou a felosa-do-mato,

estão também em declínio

Diminuição do pardal-doméstico

na UE (fonte: BirdLife 2005)

O património natural europeu está sob ameaça crescente. Populações de espécies declinam a um ritmo alarmante, e são rapidamente destruídos inúmeros habitats valiosos, naturais e seminaturais. Quase metade das espécies de mamíferos e um terço das de répteis, peixes e aves da Europa estão hoje em perigo.

Este trágico declínio deve-se essencialmente à perda e fragmentação dos habitats de que as espécies dependem. Muitos desses habitats vão minguando, perante utilizações mais intensivas do solo, grandes infra-estruturas, como estradas, e a gradual expansão das zonas urbanas.

Em poucas décadas, foi drenada metade das valiosas zonas húmidas da Europa, para recuperação de terras e, em França, Itália e Espanha, desapareceram quase três quartos das dunas, sob a pressão inexorável do turismo de massas.

Mais recentemente, as alterações climáticas constituem a maior ameaça à Humanidade e à Biodiversidade, assim como a propagação contínua das espécies alienígenas invasivas que deslocam nossas espécies vegetais e animais indígenas.Outras ameaças à Natureza são a poluição, a exploração insustentável de recursos naturais e o abandono da terra.

natura 2000 6 a naturEZa Da EurOPa Para SI

Declínio

Estável

COMO SE ESCOLHEM OS SÍTIOS NATURA 2000?Para as espécies e habitats ao abrigo da Directiva Habitats• FASE 1: O primeiro passo é da iniciativa dos Estados-Membros. Cada um deles identifica sítios com importância para a

conservação de espécies e habitats constantes da Directiva Habitats, presentes naturalmente no seu território. Nesta fase, a escolha deve ser feita numa base puramente ecológica.

• FASE 2: Os Estados-Membros enviam as suas listas nacionais Natura 2000 à Comissão Europeia, que examina a informação fornecida em toda a região biogeográfica e, em colaboração com os Estados-Membros, organizações envolvidas, cientistas independentes e organizações não-governamentais, selecciona sítios de importância comunitária. Se a lista for considerada insuficiente, os Estados-Membros são convidados a propor mais sítios, a fim de completar a rede.

• FASE 3: Na fase final, os Estados-Membros devem proteger formalmente essas zonas e adoptar medidas para manter ou restaurar o seu bom estado de conservação.

Para as espécies ao abrigo da Directiva Aves, os Estados-Membros clasificam os sitios e após a sua evalução incluem-se na rede Natura 2000.

Esté

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REGIÕES BIOGEOGRÁFICASA UE tem nove regiões biogeográficas, cada uma das quais com a sua mescla característica de vegetação,

clima, topografia e geologia. Agir a este nível torna mais fácil verificar as tendências de conservação de espécies e habitats com condições naturais similares, sem olhar a

fronteiras políticas ou administrativas.

Rede Natura 2000 – uma rede europeia de sítios protegidos

No cerne de ambas as directivas está a criação de uma rede ecológica de zonas de conservação da natureza –designada Rede Natura 2000.

Cada país tem sítios Natura 2000 designados, para a conservação dos habitats e espécies raros presentes no seu território. Até hoje, foram incluídos na rede mais de 25.000 sítios. No total, abrangem uma área considerável: quase um quinto das terras da Europa e uma parte significativa das águas que a rodeam. Por tanto, representa a maior rede de espaços naturais protegidos do mundo.

Individualmente, os sítios Natura 2000 variam de menos de 1 ha a mais de 5000 km², dependendo das espécies ou habitats que visam conservar (a maior parte anda em torno de 100–1000 ha). Alguns localizam-se em zonas remotas, mas, na maioria, fazem parte integrante dos nossos campos e contêm variadíssimos habitats, zonas-tampão e outros elementos paisagísticos.

Em resultado, a Natura 2000 não só salvaguarda alguns dos mais raros habitats e espécies da Europa, como também proporciona santuário a inúmeros outros animais, plantas e elementos da vida selvagem que, embora mais comuns, são parte igualmente importante do nosso património natural.

natura 2000 12 a natureza da europa para si

Med

iterr

ânica

Mar

Neg

ro

Directiva Aves

Zonas de Protecção Especial

Lista de Sitios de

Importância Comunitária

Zonas Especiais de Conservação

NATURA 2000

Directiva Habitats

Anexo I: tipos de Habitats

Anexo II: Espécies

Lista nacional de sitios

Mac

aron

ésia

Natura 2000 – parte de uma paisagem viva

É frequente associar conservação da Natureza a reservas naturais estritas, de onde a actividade humana é sistematicamente excluída. A Natura 2000 adopta uma abordagem diferente. Reconhece plenamente que o Homem é parte integrante da Natureza e que ambos trabalham melhor em parceria.

Na verdade, o valor de muitos sítios da rede deriva precisamente da forma como têm sido geridos. Em tais casos, é importante garantir que esses tipos de actividade (como a agricultura extensiva) possam continuar no futuro.

Assim, embora haja certamente algumas reservas naturais estritas na rede, com limitação dos usos humanos em atenção à vida selvagem e aos habitats raros que nelas existem, os sítios Natura 2000 continuarão, na sua maioria, a ser geridos tendo em conta os habitats e espécies vulneráveis neles presentes.

Deste modo, a Natura 2000 apoia o princípio do desenvolvimento sustentável. Não se pretende banir a actividade económica, mas antes definir os parâmetros com base nos quais ela pode ser exercida, salvaguardando ao mesmo tempo a biodiversidade da Europa.

QUE OBRIGAÇÕES EXISTEM EM SÍTIOS NATURA 2000?

Dentro das áreas Natura 2000, os Estados Membros devem assegurar que:

• sejam evitadas actividades passíveis de perturbar significativamente as espécies ou

de deteriorar os habitats em atenção aos quais o sítio foi designado,

• sejam tomadas medidas positivas, sempre que necessário, para manter ou restaurar um ‘estado de conservação favorável’ dos

habitats e espécies.Por outro lado, os sítios Natura 2000 devem ser protegidos em relação a

novos projectos de desenvolvimento ou alterações drásticas na utilização dos

solos que possam prejudicar gravemente os seus valores naturais, a menos que tais projectos sejam de reconhecido

interesse público e que prevê-se medidas compensatórias adecuadas. Aos Estados-

Membros compete decidir o modo de cumprir estas condições. Não obstante,

todas as medidas de conservação devem ter em conta as características económicas,

sociais e culturais, bem como regionais e locais, dos sítios em questão.

natura 2000 14 a naturEZa Da EurOPa Para SI

Natura 2000 – a ajuda que cada um pode dar

Na Europa, onde quer que nos encontremos, podemos apoiar em muito os objectivos da rede Natura 2000:

➧ Porque não documentar-se e explorar sítios Natura 2000 próximos? Há-os que oferecem serviços de visita, observação da vida selvagem e outras atividades para toda a família que permitiram-lhe aproveitar o melhor do que a zona oferece.

➧ Colaborar voluntariamente em acções de gestão e vigilância. As organizações de conservação procuram constantemente voluntários que os ajudem a restaurar e manter as suas zonas selvagens.

➧ Levar as crianças num sítio Natura 2000 a descobrirem a vida selvagem local. Aqueles sítios são também maravilhosas salas de aula ao ar livre e incentivam as crianças e os adultos a seguir atividades de ar livre favoravéis para a nossa saúde?

➧Criar o seu própio paraíso selvagem num canto de jardim o numa zona verde perto da sua casa planteando espécies vegetais índigenas ricas em néctar, implantando um pequeno charco ou amontanhando madeira para facilitar a hibernação dos insectos.

➧ Também se pode apoiar a economia no interior e nas proximidades de sítios Natura 2000, comprando produtos estacionais respetuosos da natureza que contribuem a preservar os habitats e espécies presentes na zona.

Seja qual for a sua opção, partilhe as experiências com outros e incentive-os a interessarem-se pela Natura 2000 – afinal de contas, é a Natureza da Europa para si!

natura 2000 22 a naturEZa Da EurOPa Para SI

PARA SABER MAIS SOBRE NATURA 2000: visite o sítio web da Comissão Europeia http://www.ec.europa.eu/environment/

nature/index­_en.htm

Como determinar o êxito alcançado?

Para poder valorar o andamento da rede Natura 2000, importará acompanhar a intervalos regulares os habitats e espécies indicados nas duas directivas comunitárias relativas à Natureza, para avaliar o seu estado de conservação.

Cada seis anos, os Estados-Membros deveraõ comunicar à Comissão a situação do estado de conservação dos respectivos habitats e espécies no seu país e as medidas que tiverem tomado para a sua conservação. A Comissão poderá então analisar essa informação a nível supra nacional, para determinar o estado global para cada espécie ou habitat a través da União europa.

Isso não só contribuirá a determinar o êxito global da rede Natura 2000 mas também e identificar áreas problemáticas que exijam esforços de conservação.

natura 2000 20 a naturEZa Da EurOPa Para SI

NOVO SOPRO DE VIDA PARA UM PEIXE ENDÉMICO RARO

Na ilha grega de Rodes, vive uma espécie rara de peixe de água doce, o gizani, que não existe em nenhuma outra parte do mundo. Este pequeno animal é um mestre da sobrevivência – passa toda a vida nos rios, nascentes e

pequenos reservatórios de água doce da ilha, enfrentando as cheias de Inverno com temperaturas negativas e as canículas e secas do pino do Verão. Quase todos os seus habitats estão hoje protegidos pela Natura 2000 e

foi adoptada regulamentação para controlar a captação de água e outras actividades que o possam prejudicar. Controlos recentes indicam que, em resultado destas iniciativas, o gizani está a recuperar bem. É um facto que a sua luta pela sobrevivência cativou o coração e a mente de habitantes e turistas. Até já existe, em seu nome, um

centro para visitantes.

PROTECÇÃO DAS GRUTAS DE MORCEGOS DO NORTE DA EUROPA

Um dos últimos redutos das espécies setentrionais de quirópteros da Europa situa-se ao longo das regiões fronteiriças entre a Bélgica, o Luxemburgo e a Alemanha. Infelizmente, muitos dos locais tradicionais de hibernação, como as grutas, têm sido danificados por actividades recreativas, mas, graças à História, há

alternativas. A região é percorrida por túneis e bunkers subterrâneos do tempo da Guerra, bem como por minas desactivadas e antigas fortificações. Mais de 150 destes pousos de hibernação estão hoje protegidos pela

Natura 2000 e vedados ao público. E os morcegos estão a reagir bem: nos sítios Natura 2000, as populações estabilizaram pela primeira vez em 50 anos.

RETORNO DO ÁGUIA-IMPERIAL NO CÉU HÚNGARO

O águia-imperial é uma ave de presa de grande envergadura presente nas planicies estépicas dos Cárpatos. O seu bastião, na União europeia, situá-se na Hungria, onde na década de 1980 só era possivél observar entre 10

e 20 pares. A organização nacional para à protecção das aves decidiu, pois, iniciar uma operação importante de salvaguarda da espécie. Têm-se isolado mais de 10.000 linhas elétricas em vista da prevenção de riscos

de electrocução, têm se protegidos os ninhos, asegurado o seguimento dos juvenis através de sistemas telemétricos, salvado e atendido as aves doentes e antes tûdo, os agricultores e os produtores florestais locais

têm- se comprometido a manter as práticas de cultivo extensivo e impelir desmatamentos nas zonas chaves de nidificação. Em 2005, a poblação compreendia 75–80 pares reproductoras graças áquelas iniciativas.

REINTRODUÇÃO DA CAMURÇA NOS APENINOS

A camurça do Abruzo vivia outrora livremente nas altitudes dos Apeninos, na Itália Central. Todavia, a caça excessiva e a destruição dos habitats levaram esta subespécie endémica literalmente à beira da extinção. Em

meados da década de 1950, a população caíra para 20 exemplares. Os responsáveis pela conservação decidiram, pois, criar um centro local de reprodução em cativeiro e iniciar a reintrodução de pequenos núcleos de camurças

em zonas cuidadosamente seleccionadas na cordilheira dos Apeninos. A iniciativa foi acompanhada de uma grande campanha de informação e de controlos mais estritos sobre a caça e o turismo. Desde que se iniciou o

programa, a população ultrapassou já 1000 exemplares – o máximo em mais de um século.

O ABETOURO ESTRONDEIA DE NOVO NA GRÃ-BRETANHA

O abetouro é uma espécie esquiva de garça que frequenta pauis e canaviais. O canto rouco do macho (“estrondo”) é por vezes o único sinal da sua presença. Durante o século passado, a espécie entrou em declínio

gradual por toda a Europa, devido principalmente à destruição de habitats adequados. O Reino Unido não é excepção. Em 1997, a população caíra para 11 machos detectados e era certo que desapareceria se nada fosse

feito. Foram imediatamente tomadas medidas para restaurar os habitats existentes e reconstituir canaviais em locais estratégicos de todo o país, para que a espécie pudesse expandir a sua área. Em resultado, a população

de abetouros quintuplicou nos últimos sete anos, uma das histórias de maior êxito para a vida selvagem da Grã-Bretanha.

UMA AJUDINHA ÀS PLANTAS

As Canárias têm uma das maiores diversidades vegetais da Europa, superando as Galápagos, com mais de 500 espécies endémicas. Contudo, a distribuição restrita das plantas torna-as muito vulneráveis a qualquer mudança no seu ambiente. Algumas espécies, como a Sambucus palmensis, são hoje tão raras que a simples protecção dos habitats não basta. O governo canário deu, pois, início a um programa de recuperação destas espécies, colhendo

sementes de plantas selvagens, cultivando-as em viveiros especiais e transplantando-as para locais adequados nas várias ilhas. A população selvagem de Sambucus palmensis já quadruplicou. E tampouco falta onde a

reintroduzir: nas Canárias, mais de 30% dos terrenos estão designados como Natura 2000, em reconhecimento da notável biodiversidade do arquipélago.

Page 28: Comissão Europeia - European Commission · e contêm variadíssimos habitats, zonas-tampão e outros elementos paisagísticos. Em resultado, a Natura 2000 não só salvaguarda alguns

KH-78-09-606-PT-C

Comissão Europeia Natura 2000 – A Natureza da Europa para siLuxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias2009 – 28pp – 21 x 29,7 cmISBN 978-92-79-11577-6

Natura 2000 constitui a iniciativa mais ambiciosa jamais tomada para preservar a riqueza do património natural europeu. Permite aos 27 Estados-Membros da UE colaborar a fim de proteger nossas espécies faunísticas e florísticas e habitats mais valiosas, sobre toda a sua área de repartição natural na Europa e idependentemente das fronteiras nacionais. Este projecto centra se na criação de uma rede ecológica de sítios denominada rede Natura 2000. Até agora, cerca de 25 000 sítios foram incluídos nesta rede que passa a ser a maior rede de áreas naturais protegidas do mundo.

Como Natura 2000 faz parte integrante da nossa paisagem, é importante que os sítios continuem a ser geridos de uma forma que tenha em conta os habitats e as espécies vulneráveis existentes. A finalidade pretendida não é proibir todas as actividades económicas, mas antes definir os parâmetros que permitam o exercício de uma actividade económica ao mesmo tempo que se preserva a biodiversidade da Europa.

Desde o cidadão interessado até aos proprietários privados e utilizadores, passando pelos funcionários do Estado e pelos grupos de defesa do ambiente, cada um tem um papel importante a desempenhar para tornar Natura 2000 num sucesso.

A Rede europeia Natura 2000