Upload
neuza-teixeira
View
213
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
poema
Citation preview
Como cândidas pombas
surpreendidas
Por furiosa tormenta,
Voam amedrontadas a acolher-seJunto à mãe que no seio as acalenta,
Assim elas também amedrontadas
Das tormentas da vida
Voam para o Céu, e no
materno seio
Procuram contra elas fiel
guarida.
Um dia eu vi-me só! Junto ao
meu berço
Os anjos não sorriam,
Nem sequer suas lágrimas
saudosas
Uma a uma nas faces me
caíam.Passaram tempos, e da infância aos dias
Seguiu-se uma outra idade;
Mas nem o tempo, nem paixões
mais vivas
Me extinguiram a imagem da
saudade.
Ainda as vejo a ambas, quando
às vezes
Em sonhadas delicias,
Recordo o tempo da passada
infância,
Recordo seu amor, suas carícias.
Outras vezes, mais vago o
pensamento,
Num só anjo as confunde;
E então adoro essa visão querida,
Que na alma ignotas sensações me
infunde.
Se a imagem delas é como o crepúsculo
De um dia já passado,A nova imagem será ainda aurora
De um dia ardentemente desejado?
Meu Deus! a flor dos campos
também murcha
Vive um momento apenas;
Mas depois nova quadra veste os
prados
De outro manto de rosas e açucenas.
Também as flores de infantil idade
Eu vi cair sem vida:
Deixa que a nova quadra dos vinte
anos
Se adorne de uma túnica florida.
Não és real. Para o seres
Não foras, ó flor, tão bela;
Se à mente Deus te
revela,
Não te cria o mundo,
não.
Vegetas no peito do
homem,
Mas não há viçoso
prado
Onde te beije
embriagadoO sopro da viração.
VISÃO