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Como Contar Histórias – A Arte de Contar Histórias Para o Evangelismo Infantil

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Como cativar e manter a atenção dos pequenos – Qual a melhor maneira de ensinar – Que recurso usar – Qual o melhor tom de voz. Histórias inéditas, Sugestões de recursos, aplicação prática e peças teatrais. Autor: Tânia Adel. Formato: 14x21. Número de páginas: 128. ISBN: 85-7459-252-7

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Introdução

A sociedade atual está passando por uma crise de valores e pre-cisa rever questões essenciais para a vida e para a formação dascrianças. Os princípios e os valores humanos como bases parauma boa educação, são insuficientes.

O contexto de hoje tem bombardeado a mente das criançasatravés da mídia com conceitos fúteis e passageiros, fruto deuma vida livre e sem compromisso com Deus. Dentro destaperspectiva, destaca-se a necessidade de ensinar a criança nocaminho correto em que deverá seguir. A contação de história éuma boa ferramenta para ensinar e formar o caráter cristão.

Nosso objetivo é verificar, constatar e analisar as contribui-ções entre a arte de contar história e o evangelismo infantil,relativas às duas diferentes áreas de atuação, quais sejam da teo-logia e da educação, e neste sentido o livro se organiza em tornode quatro capítulos.

O primeiro capítulo apresenta a criança e o seu desenvolvi-mento Integral, destacando os aspectos do seu desenvolvimen-to, tanto intelectual, quanto social e da sua personalidade,envolvendo também os principais problemas e característicasinfantis. Outro importante ponto abordado é a vida espiritual

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da criança a qual tem peculiaridades próprias muito poucocomuns à dos adultos.

Em seguida será apresentado um estudo sobre o evangelis-mo Infantil, com considerações gerais sobre o evangelismo eseus tipos, onde é efetuada uma verificação e análise das basesbíblicas para a evangelização de crianças, bem como quais são asestratégias e forma de se fazer evangelismo infantil.

Num terceiro momento, é apresentado o tópico relativo àarte de contar história para crianças no evangelismo infantil,onde é estudado o aspecto da narrativa, do contador de históri-as, bem como os métodos e a relação que há no ato de contarhistórias com o evangelismo infantil.

Por fim, numa última etapa será fornecida uma coletânea de“Histórias Práticas”, com várias sugestões e orientações, ondeserão tratadas as formas de se contar histórias, o porquê deonta-las, como onta-las, que tipo de material deve ser usado ecomo deve ser usado para atingir o coração da criança levandoesta a ter um encontro pessoal com Jesus Cristo.

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Capítulo 1

A CRIANÇA E O SEU

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL

Para falar a respeito da arte de contar história como estratégiade evangelismo infantil faz-se necessário inicialmente discorrersobre a natureza e as peculiaridades da criança em formação.

Para tanto, serão abordadas questões sobre o desenvolvi-mento da criança, suas principais características, seus proble-mas e necessidades, e ainda seus relacionamentos na sociedade,a fim de mostrar quem é a criança e como atingi-la em seusaspectos espirituais, através da estratégia artística de contar his-tória.

Durante os primeiros anos de vida a criança passa por diver-sas fases distintas, nas quais os interesses, pensamentos e senti-mentos são marcados por situações do cotidiano. Nesta fase dedesenvolvimento, a criança aprende muitas coisas por meio daobservação e repetição como, por exemplo: andar, falar, comer

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e beber, pedir para fazer necessidades fisiológicas, vestir-selavar-se, escovar os dentes, guardar as roupas e os brinquedos,etc. Ao realizar alguma atividade, sente-se satisfeita e por issodesejará tornar a fazê-la. Constata-se então, que o sentimentode satisfação é importante fator na aprendizagem infantil.

A criança sente grande prazer em ser objeto de atenção dosoutros, um sorriso, um aceno da cabeça, uma expressão de apro-

vação, um simples “muito bem”geralmente bastam para satisfa-zê-la. A criança aprende por expe-riência, o que ela vê ouve, ou sentea cada dia, serve-lhe de referênciapara ampliar progressivamente oseu conhecimento de mundo.

Principais Características da Criança

No trabalho com crianças é importante que o educador oulíder entenda as principais características e necessidades infan-tis por faixa etária, para elaborar atividades de interesse e quesejam de acordo com a maturidade das respectivas faixas etá-rias.

Desta forma, destacam-se a seguir algumas das principaiscaracterísticas físicas, mentais, sociais, emocionais e espirituaisde cada faixa infantil.

Crianças de 0 a 3 anos:

Características Físicas – São continuamente ativas, têmreação espontânea e impulsiva, sistema nervoso sensível, saúdedelicada, resistência limitada, diferença de amadurecimento, os

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A criança sente grande prazer

em ser objeto de atenção dos

outros, um sorriso, um aceno

da cabeça, uma expressão de

aprovação, um simples “mui-

to bem” geralmente bastam

para satisfazê-la.

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músculos pequenos não têm coordenação. Pernas mais curtasem proporção ao corpo, que mede cerca de 60 cm de altura.Com estas características físicas as crianças nesta faixa etárianecessitam de: 1. Oportunidade e espaço para suas atividades.2. Materiais que possam ver, ouvir, tocar, cheirar, sentir o gosto.3. Descansos durante as atividades, o programa para elas deveser tranquilo e sem pressa, bem como utilizar matérias, cadeirase brinquedos adequados e dentro do alcance.

Características Mentais – Gosto pela repetição e rotina,imaginativas e sugestionáveis, sua experiência e conhecimentoe vocabulário são limitados, habilidade musical pouco desen-volvida, prestam atenção durante dois a três minutos, memórianão confiável, são curiosas e fazem inumeráveis perguntas. Paratrabalhar com esta faixa etária em relação às característicasmentais faz-se necessário o uso da família e conhecido, contarhistórias, sugerir meios e modos, evitar abstrações e simbolismo,fazer uso de gravuras e objetos, utilizar vocabulário adotado pelacriança, ter programas e atividades variadas fornecendo materi-ais que despertem a curiosidade e repetir o essencial que se quertransmitir muitas vezes.

Características Sociais – São individualistas e egocêntricas,dependentes, exigem atenção. São imitantes, negativas, ansio-sas em satisfazer o “não” aprendido anteriormente. As brinca-deiras energéticas lhes são interessantes. Para trabalhar o aspec-to social da criança nesta faixa etária é necessário dar cuidadoindividual, fornecendo tempo para brincadeiras livres, sabendoque elas precisam de vigilância constante, pois não são respon-sáveis. É importante o adulto que está trabalhando com elamostrar-se positivo e, como elas são imitantes, é necessário darexemplos apropriados de conduta, ter consistência de vida epalavra.

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Características Emocionais e Espirituais – São tímidas eemocionalmente sensíveis, carinhosas, despertando-se espiritu-almente, estimulando a confiança natural. São capazes de ado-rar, cheias de surpresa e admiração. São medrosas. Tem sensibi-lidade a atmosfera espiritual. São maleáveis, impressionáveis,susceptíveis ao ensino. Estão em crescente sentimento do que écerto e errado. Sendo assim, trabalha-se o emocional e o espiri-tual criando atmosfera permissiva e segura. Desenvolvendouma consciência de Deus e do seu amor por elas e ensinan-do-lhes o hábito de oração. Tendo em vista que elas são medro-sas, faz-se necessário conta-lhes histórias de outras crianças quesuperaram o medo, mostrando-lhes que Deus as protege.É necessário contar sempre a verdade, nunca ensinar algo quevenha a desaprender e distinguir o que é certo e o que errado

Crianças de 4 a 5 anos:

Características Físicas – Rápido crescimento, extrema ati-vidade, músculos pequenos com habilidades motoras incomple-tas, não estando totalmente desenvolvidas. Estão aprendendohábitos de saúde e assim aumentando a responsabilidade porsua própria pessoa. A saúde é ainda delicada, cansando-se comfacilidade. Os processos sensoriais estão ativos e as reaçõesmotoras são espontâneas. Para trabalhar com crianças nesta fai-xa etária são necessários programas alternados de atividades edescanso, fornecendo-lhes materiais abundantes, robustos e cria-tivos como tintas, lápis de cera, massa de modelar, etc., tendoespaço suficiente para que elas possam locomover-se. Usar nasilustrações figuras grandes e duráveis, pois esta é a oportunidadepara aprenderem ao ver e fazer coisas, para tanto, direcione asatividades, não as reprima.

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Características Mentais – Pouco tempo de atenção (cinco adez minutos), imaturidade mental, elas querem fazer mais doque são capazes. O vocabulário é pequeno, mas está em rápidocrescimento. São curiosas, fazendo incontáveis perguntas paraobter informação, pensamento inicial desafiado. Têm limitadosconceitos de espaço e tempo, sendo o “eterno agora”. O pensa-mento é concreto e literal, fazendo imagens mentais das coisas.São altamente imaginativas. Nesta faixa etária suas necessida-des são brincadeiras, jogos, histórias e programas, que não pas-sem de cinco a dez minutos, e que sejam explicados lenta e cla-ramente. É também necessário responder-lhes todas as suas per-guntas com honestidade, procurando razões por detrás das per-guntas e encorajando-as a pensarem por si mesmas. Em relaçãoao espaço e tempo, refreie-se a referir à história ou cronologia,enfatize o presente. Explique em termos do que é conhecido.Aumente a experiência da criança. Incentive a imaginação dis-tinguindo o fato da imaginação.

Características Sociais – São individualistas e negativas,imitam línguas, modos, hábitos, etc. São conformistas, pois oque o professor é tem muita influência. Já têm consciência degrupo, sendo extremamente sociais, pois querem estar e fazercoisas com as pessoas, estão aprendendo a liderar atividades, háum aumento da independência. São pensativas e têm instintosmaternais. Interessam-se por jogos energéticos. Desejam apro-vação dos adultos com forte desejo de agradar-lhes. Para traba-lhar nesta faixa etária é necessário ensinar a obediência e a ale-gria em fazer a coisa certa, sendo exemplo consistente para elas.É importante promover oportunidades para atividades em gru-po ensinando-lhes responsabilidades e espírito de cooperação.

Características Emocionais e Espirituais – Intensas, mascom emoções passageiras. Forte desejo de amar. São crédulas,cheias de admiração, estão ansiosas em serem ensinadas e

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aprender. Com relação as suas necessidades deve-se evitar des-pertar emoções negativas e aprovar a expressão emocional posi-tiva. Também, deve-se frisar o amor e cuidado de Deus por elase a certeza do amor e afeto dos pais. Ensinar a verdade semprepara que nada precise ser desaprendido. É necessário encorajara confiança no Senhor e também estimular o desejo dela à ado-ração.

Crianças de 6 a 8 anos:

Características Físicas – Crescimento mais lento, sendoque os músculos pequenos das mãos não estão completamentecoordenados. A energia e a vitalidade flutuam. São susceptíveisa doenças. Período de doença contagiosa. Estão em alto nível deatividade, falta de sossego. Os sentidos aguçados. Nesta faixaetária suas necessidades são usar os músculos grandes e para issoé preciso designar tarefas simples, que sejam fáceis de fazer. Terum programa equilibrado e proporcionar oportunidades paraatividades variadas. Usar métodos de exploração. Fornecerobjetos para serem vistos e manuseados junto com o ensino.

Características Mentais – Rica extensão de habilidades deleitura. Interesses variados. Estão ampliando experiências,aumentando habilidades e precisão, desenvolvendo o poder deargumentar. Têm pensamento concreto e literal com inicio dopensamento abstrato. Estão aprendendo maior autocontrole eempregando mais auto-avaliação. A memória está melhorando,embora ainda não seja de confiança, tem um crescimento dointeresse na realidade presente e imediata para o interesse pelopassado. O tempo de atenção aumenta (sete a quinze minutos).São extremamente sociáveis e cada vez mais comunicativas.São curiosas e desejosas de aprender. Para trabalhar com estafaixa etária se faz necessário utilizar materiais segundo a idade.

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As classes precisam ser divididas. É preciso ensinar a ler a bíblia,desenvolver o prazer de canções, ritmos, histórias real e danatureza bem como histórias em quadrinhos; também rádios fil-mes etc., enfim é preciso empregar técnicas de ensino variadas.Fazer uso de argumentações nas soluções dos problemas dela,confrontar e defender questões. É importante ensinar a alegriado autocontrole (fruto do Espírito Santo) e de confiar nisso.Deve-se promover a expressão dos próprios sentimentos e ideiasdelas.

Características Sociais – Crescimento contínuo da depen-dência para a independência assumindo maiores responsabili-dades. São imitantes e inventivas, gostam da arte dramática,fazem amigos com maior facilidade e estão preocupadas comstatus no grupo. Simpatia facilmente despertada. São fáceis aagradar e fazer bem feito, estão sensíveis aos sentimentos dosadultos. São imaturos emocionalmente, também egoístas e indi-vidualistas. São amigáveis e cooperativas. Têm forte senso dejustiça. Exigem a vez e os direitos delas e são altamente compe-titivas. Para trabalhar com estas características nesta faixa etá-ria é necessário dar responsabilidade por meio de trabalho gru-pal supervisionado, encorajando a combinação adequada daindependência com a dependência. É bom representar situa-ções, imitando os grandes personagens da bíblia e suas caracte-rísticas e incentivar o companheirismo cristão. É pertinente aju-dar no desenvolvimento gradual de modos e hábitos aceitáveis.Encorajar e dar bastante elogios. Estimular o trabalho delas emconjunto com entusiasmo contagiante.

Características Emocionais e Espirituais – Emoções facil-mente despertadas e usadas. Estão preocupadas com o certo e oerrado. São crédulas e tem duvidas, devido a vozes contraditóri-as. Já têm consciência de salvação, por causa da consciência dopecado. Estão fascinadas com o céu e com Deus. Apreciação

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pelo sobrenatural. Crescente desejo ao amor e segurança. Paratrabalhar com o emocional e o espiritual nesta faixa etária énecessário treinar as emoções para amar e odiar as coisas apro-priadas. Aplicar a Bíblia para situações da vida real ajudando-asa tomar decisões. Elas precisam aprender a fidelidade em exporo erro. E a direcionar a crença ao Senhor, a andar confiante noSenhor sabendo que Ele é o seu Amigo e Confidente. É necessá-rio apresentar Jesus Cristo para a sua salvação individual e ensi-nar a verdade espiritual na realidade da experiência delas, falarde milagres e ensinar o cuidado e o amor de Deus para com elas.

Crianças de 9 a 11 anos:

Características Físicas – Cheios de energia, crescimentorápido, amam fazer coisas e fazem primeiro e pensam depois.São fortes e saudáveis, barulhentas e gostam de brigar, apreciamfazer o difícil e o competitivo, manifestando diferenças indivi-duais e habilidades. São um tanto curiosas sobre o sexo. Parasuprir as necessidades desta faixa etária é necessário fornecermuitas coisas construtivas a fazer, como obras artesanais, traba-lhos manuais, representação ativa e dramática, acampamentos,excursões, caminhadas, fazer com que pensem nas consequên-cias de suas ações, além de estimulá-las a ter bom comporta-mento e a desenvolver hábitos saudáveis.

Características Mentais – Forte senso geográfico e históri-co, estudos reais sem fantasia. São colecionadores, gostam deler, escrever e conversar. São críticos e estão desenvolvendo opoder de argumentação lógica, memória de conhecimentosadquiridos por repetição em seu ponto mais alto, mente literal,sendo o simbolismo difícil de entender, desejam fazer as coisasbem feitas, porém perdem o interesse se forem desencorajadas.Para desenvolver trabalhos interessantes nesta faixa etária é

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necessário ensinar cronologia e geografia na Bíblia sempre tra-çando as viagens, é importante desenhar e usar mapas bemcomo, linhas do tempo. Desenvolver entre eles coleções relaci-onadas a missões, selos, moedas e curiosidades. Deve-se forne-cer-lhes também um bom material de leitura e fazer uso demateriais que exijam deles escrever algo. Estar sempre incenti-vando para fazer novas atividades, bem como a terminar empre-endimentos iniciados, também é preciso incentivá-los e elo-giá-los sempre.

Características Sociais – Podem aceitar responsabilidades,mas não gostam de autoridade sobre elas, têm forte senso de jus-tiça e honra, e discutirão acerca do que é justo em clubes ejogos. São patrióticas. Têm forte instinto de turma como, porexemplo, em times e clubes. Neste período são depreciativas emrelação ao sexo oposto, porém desenvolvem amizades fortescom colegas do mesmo sexo. São seguidoras de astros popularese de heróis e são indisciplinadas e imprudentes no gastar. Paratrabalhar com esta faixa etária é necessário dar-lhes certas res-ponsabilidades e deveres específicos. Não se deve ameaçar oufazer ultimatos sendo para elas um guia e não um ditador. Sem-pre que possível separar a classe em meninos e meninas, fazendoda mesma um clube. É importante despertar-lhes o senso depertencer ao grupo. Desenvolver hábitos disciplinados como,por exemplo, administrar mesada e ter responsabilidades pelahigiene pessoal. Como acreditam em heróis, apresente Cristocomo heróis delas.

Características Emocionais e Espirituais – Têm poucostemores, mas muitos problemas. São irascíveis e egocêntricas,menosprezam demonstrações extremas de afeto e têm desgostopor sentimento na religião. São muito barulhentas, com sensode humor aguçado. Têm perguntas sobre o Cristianismo e reco-nhecem o pecado como pecado, mas suas emoções representam

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pouco em termos de religião, são intensamente práticas e preci-sam de encorajamento e motivação espiritual. Estabelecemaltos padrões para si mesmos, mas seus ideais não são fixos.Podem expressar preocupações sobre a vida em casa, sobretudoquando ocorre separação ou divorcio, ou seus relacionamentoscom padrasto e madrasta. Para trabalhar com esta faixa etária énecessário aprender com elas como se sentem sobre as coisas eaconselhá-las pessoalmente ensinando o que se deve ou nãotemer, mostrar-lhes que a vida deve ser centrada em Cristo.Ajudá-los a encontrar sempre as respostas na Bíblia e fixar ospadrões bíblicos. Proporcionar-lhes atividades nas quais elesvenham a crescer espiritualmente, fazer coisas práticas, haja vis-ta que neste período elas são intensamente práticas, portantodeve-se, evitar histórias, que sejam muito apelativas e que emo-cionam. Ser compreensível e sensível com a situação das crian-ças, não as ridicularizando nem fazendo julgamentos, mas sim,mostrando o amor incondicional de Deus e apoiando-as comoser especial.

Problemas Emocionais da Criança

A criança, também, apresenta vários tipos de problemascomo depressão, ansiedade, medo, insegurança, necessidade deser aceita, entre outros, os quais elas absorvem desde o nasci-mento podendo a criança ter vários deles ao mesmo tempo, ouapenas um ou outro.

A criança Deprimida: Diagnosticar depressão é mais difícilnas crianças do que nos adultos, pois os sintomas podem serconfundidos com mal criação ou birra, mau humor, tristeza eagressividade. O que diferencia a depressão das tristezas do dia adia é a intensidade, a persistência e as mudanças em hábitos

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normais das atividades da criança1. Neste sentido, os sintomasde depressão são o: sentimento de desesperança, dificuldade deconcentração, memória ou raciocínio, angústia, pessimismo,agressividade, falta de apetite, tronco arqueado, isolamento,apatia, falta de prazer em executar atividades, sono excessivoque não satisfaz ou insônia; desatenção em tudo o que tentafazer, queixas de dores, baixa auto-estima e sentimento de infe-rioridade, ideia de suicídio ou pensamentos de tragédias e mor-te, sensação frequente de cansaço e perda de energia, sentimen-to de culpa, dificuldade em afastar-se da mãe.

Já as causas da depressão infantil podem ocorrer através dealguns aspectos como nascimento não desejado pelos pais e afalta de aceitação posterior; sexo masculino ou feminino nãocorrespondente aos desejos dos pais; educação autoritária ouextremamente tolerante; a situação econômica familiar, e aindigência psíquica coletiva repercutem no desenvolvimento dacriança, fazendo-a deprimida2. Ainda pode-se destacar a ausên-cia materna e paterna, bem como a separação do casal, e casosde depressão induzida ou transposição infantil das “distimias”(abatimentos) melancólicas da mãe que passam para o filho.Tudo isso contribui sobremaneira com depressões e neuroses nainfância.

Por outro lado a depressão infantil é mais difícil e complexade ser diagnosticada, pois as características específicas dedepressão em crianças e adolescentes podem dificultar o diag-nóstico. Sabe-se que o humor tende a ser mais irritável, comqueixas somáticas frequentes, condutas anti-sociais, e abuso desubstâncias ilícitas em adolescentes. Dificuldades escolares e desociabilização são sugestivas nesta faixa etária3. A Psicoeduca-

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1 BANDIM (1995, p.27-32)

2 CARMO (1987, p.70)

3 LOPES (2009, p.2491)

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ção familiar é essencial para o sucesso do tratamento. O uso demedicamentos deve ser feito sempre que necessário, em dosesadequadas para essa população e a critério médico, bem como aassociação de psicoterapia mais diretiva é recomendada na maio-ria dos casos por especialistas.

Quanto ao sentimento de incapacidade e inferioridade tãouniversalmente dominantes em todas as idades da vida atual,este é um dos motivos pelo qual os pais desejam proteger seusfilhos da agonia da inferioridade, tendo em vista que a atual epi-demia de insegurança resultou de um sistema totalmente injus-to e desnecessário de avaliação de valores humanos, ora predo-minante em nossa sociedade, o qual se ensina às nossas criançasque o mérito e a aprovação social estão além do seu alcance.Assim, glorificando um modelo idealizado o qual, poucos conse-guem igualar-se. Com isto cria-se um imenso exército de“joões-ninguéns” – que nasceram perdedores e ficam desanima-dos da vida antes de ela realmente começar. A questão do méri-to pessoal não é apenas preocupação daqueles que têm faltadele. Num sentido real, a saúde de toda a sociedade depende dafacilidade com que seus membros individuais podem obter acei-tação pessoal. Assim, sempre que as chaves do amor-próprioparecem estar fora do alcance de uma grande percentagem depessoas, há uma ocorrência ampla e certa de “doenças mentais”,neuroses, ódio, alcoolismo, abuso de drogas, violência e desor-dem social. O mérito pessoal não é uma coisa em que os sereshumanos têm a liberdade de pegar ou largar4. Precisamos dele equando é inatingível, todos sofrem. Os pais podem fornecer aosseus filhos a força interior necessária para sobreviver aos obstá-culos que enfrentarão. Os pais podem abrir a estrada doamor-próprio e do mérito pessoal.

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4 DOBSON (1981, p.12-14)

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A Criança e seus Medos:

A sensação de medo desempenha papel danoso na formaçãoda personalidade infantil. O seu reflexo, muitas vezes decisivo,se faz sentir na personalidade adulta.

Das atemorizações sofridas nos primeiros anos, há pessoasque, inconscientemente, se ressentem por toda a existência,calando-se na profundeza da sua psique complexos ou fobiasque mais tarde concorrem para trazer-lhes timidez, covardia. E,na idade adulta, mostram-se incapazes de tomar atitudes positi-vas em face de situações de maior ou menor importância. Mui-tos indivíduos fracassados na vida refletem influências recebi-das na infância, na adolescência ou na mocidade.

Sobre essa questão, cabe esclarecer que o medo dá origem avários distúrbios, tais como a ansiedade, a irresolução, o desa-lento, o acabrunhamento, a covardia, que infundem na criançaum complexo de inferioridade. Esse complexo, se não for devi-damente estudado e corrigido, poderá prolongar-se por toda asua infância e ainda acompanhar a vítima através da adolescên-cia, ou mesmo persistir por toda a sua existência. Um fato devi-damente constatado é que a conduta de todo o indivíduo refletea influência por ele recebida nos seus primeiros períodos devida.

Em relação ao medo, não importam quão tolos e ridículoseles possam parecer aos adultos, mas para as crianças são muitoreais e, portanto, devem ser tratados com respeito. Tanto as cri-anças como os adultos têm dois tipos de medo razoável de situa-ções perigosas. O primeiro é o medo normal, que se experimen-ta ao enfrentar um perigo real. O segundo tipo de medo é cha-

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mado de ansiedade, isso ocorre quando a pessoa sente-se trans-tornada, e não se sabe o porquê, é uma preocupação sem saberexatamente o que a preocupa. A diferença entre ansiedade e omedo normal é que este é uma resposta ao que está acontecen-do no mundo exterior e aquela está relacionada a um mal-estarmais profundo sobre problemas que existem dentro da pessoa.Não é causada por um perigo externo real.

Assim, o medo é uma emoção humana universal e, tanto ascrianças e adolescentes, quanto os adultos podem e devemexperimentá-lo fisiologicamente, pois ele é benéfico na conser-vação da espécie na medida em que serve de resposta adaptativaem muitas situações diversas. Já a ansiedade é um sentimentovago e desagradável de medo e apreensão caracterizada por ten-são, ou estado de alerta contínuo e expectativa de algum perigo.

Todas as pessoas experimentam, alguma vez na vida, medo eansiedade, de uma ou de outra forma e em graus variados. A dis-tinção entre ambas as emoções não é clara. As duas envolvemum padrão fisiológico e outro psicológico de reações incluindosensações e emoções desagradáveis e de tensão. Embora a ansie-dade e o medo sejam frequentemente classificados como afetosou emoções, desempenham um papel fundamental na motiva-ção humana. À semelhança dos motivos de hostilidade e depen-dência, o medo e a ansiedade são estados inferidos, mas desagra-dáveis5. Certas condições ou eventos induzem medo e ansieda-de, e subsequentemente, o indivíduo tenta atingir certos objeti-vos ou fazer alguma coisa que reduza a inquietação e odesconforto que acompanham o medo e a ansiedade. O medo égeralmente considerado a emoção mais específica; é uma res-posta a objetos e estímulos especificáveis e particulares, taiscomo veículos em alta velocidade ou animais selvagens. A ansie-dade é um estado emocional mais difuso, desfocado e menos

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5 MUSSEN (1977, p. 31)

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claramente percebido; difere do medo principalmente por suaqualidade “desvinculada”: sua falta de um ou mais focos objeti-vos e realísticos. É, porém, difícil de manter uma distinção rigo-rosa entre medo e ansiedade, especialmente no caso de criançaspequenas, porque estas não diferenciam nem entre interior eexterior, nem entre perigos reais e imaginários.

É importante mencionar que, se por um lado o medo é preju-dicial conforme foi visto acima, por outro, o medo assim como ador e a febre são mecanismos naturais, instrumentos e compo-nentes que servem para a defesa do ser humano. Nessa linha omedo, no curso da evolução, tem sido fundamental, talvez maisdo que qualquer outra emoção, tem sido crucial para a sobrevi-vência6. É claro que, nas circunstâncias atuais, os sentimentosequivocados são a praga do nosso cotidiano e, por isso, vivemosinquietos, angustiados e com uma série de preocupações ou, noextremo patológico, com crises de pânico, fobias ou desordemobsessivo-compulsiva.

A Criança e suas Necessidades

Todo ser humano tem necessidades que são básicas em suavida. A primeira delas é o amor, pois sem amor ninguém conse-gue expressar amor. Em relação às crianças, as suas necessida-des devem ser supridas de forma constante pelos pais, sendo queo amor pelas crianças não é abstrato e sim concreto, por issodeve ser expresso verbalmente e através de ação.

Além de serem amadas as crianças necessitam também deoutros atributos entre os quais esclarecendo que as criançasnecessitam de carinho, pois elas têm uma capacidade imensa deamar, portanto deve-se demonstrar amor a toda e qualquer crian-

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6 GOLEMAN (1995, p.311)

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ça, pois elas precisam sentir-se amadas. A falta de amor prejudi-cará a construção de sua personalidade. As crianças necessitamtambém de elogios, portanto deve-se demonstrar alegria quan-do a criança for bem sucedida, por menor que seja o empreendi-mento. Deve-se ajudá-la a valorizar a persistência e a obter umasensação de vitória, instituindo pequenas tarefas objetivas quesejam capazes de alcançar. Outro aspecto importante é quetoda criança precisa se sentir segura em relação ao amor que aspessoas que a cercam sentem por ela, sabendo assim, que poderácontar sempre com a ajuda e o carinho dessas pessoas cada vezque se encontrar em dificuldades.

A criança necessita ainda de orientação, ou seja, direçãopara saber se portar em relação às pessoas e às coisas do mundoem que vive. Ela também precisa de controle, pois é necessárioimpor limites às crianças para que cresçam maduras. Precisa deaceitação, não deve existir nenhum tipo de preconceito emrelação a sua aparência física, e situação social. Assim, as neces-sidades das crianças precisam ser supridas por seus pais, profes-sores e por aqueles que com elas trabalham. Para o adulto mui-tas vezes não é fácil entender a criança e perceber quais são asnecessidades. Por isso, o trabalho com elas deve começarconhecendo as suas características, para que a partir daí hajauma interação maior entre o adulto e a criança, e nesta linha,falar da natureza infantil e como deve o adulto agir diante dasua pertinente característica. No geral, as crianças são7: A) Agi-tadas e irrequietas – Obrigá-las a ficar imóveis e mudas durantemuito tempo é algo sacrificante. Logo, utilize sempre atividadesobjetivas e que não tomem tempo a fim de cansá-las. B) Curio-sas – Procure explorar a curiosidade das crianças apresentandomateriais didáticos e variados para que possa manusear. C) Ima-ginativas – Não é só o corpo da criança que se movimenta.

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7 COSTA (2000, p.66-69)

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O equilíbrio também tem uma dose de imaginação que faz comque a criança crie um mundo de fantasia. D) Afetivas – A afeti-vidade da criança é passiva e ativa ao mesmo tempo.

A vida Espiritual da Criança

Acerca da vida espiritual da criança esclarece-se que numprimeiro momento não são dadas as condições para que a religi-osidade humana se manifeste, mas pouco a pouco, com as expe-riências afetivas da primeira infância e os comportamentos imi-tativos a criança vai se abrindo para o mundo do religioso.

Com as experiências básicas da primeira infância, que é aconfiança que ela desenvolve em quem cuida dela, em si mesmae nos outros, inicia-se a base para a religião. Assim o amor quereceberem fará que se identifiquem com o amor de Deus, e àmedida que aprendem a confiar em pessoas, aprendem a confiarem Jesus.

Religiosidade Infantil

Embora na faixa etária de 0 aos 2 anos, não sejam dados nemsequer os primeiros sinais de religiosidade, ela é crucial para afutura religiosidade da criança, porque nela se constituem asestruturas básicas de sua personalidade, assim informa onde suainteligência se encontra no período denominado “sensó-rio-motor”. Nesta fase há um rápido desenvolvimento da coor-denação motora, o que permite à criança passar de respostassimplesmente reflexas a comportamentos intencionais cada vezmais complexos, nesta passagem de respostas reflexas permitedescobrir um progressivo avanço em sua compreensão da reali-dade.

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Para alguns estudiosos (Piaget) esta é uma etapa fundamen-talmente egocêntrica, na qual a criança é o centro, e todo oavanço em sua compreensão da realidade se dá em função dadistinção e consciência do mundo como algo distinto, com exis-tência autônoma e manipulável.

Dentro dessa perspectiva, a concepção que a criança faz dooutro como uma realidade distinta acontece em torno dos novemeses e isso faz com que ela estabeleça uma relação de apegocom o seu cuidador principal; que já é concebido como alguémdistinto e será à base de toda a relação afetiva futura com osoutros e lugar de aprendizagem da própria auto-estima8. Assim acriação do vinculo está no fundamento de toda a relação afetivaconsigo mesmo, com os outros e, portanto, com Deus.

Investir tempo na primeira infância da criança significasemeadura com garantia de vitória. É neste período onde eladesenvolve confiança e aonde o calor afetivo, vindo do meiofamiliar, vai gerar vida segura e uma personalidade saudável.Assim ela aprenderá a amar a si própria, amar quem dela cuida e

consequentemente vai amar aDeus, pois irá aprender que é Elequem cuida tanto dela quanto dasua família e como isso ela vaidesenvolvendo assim a sua fé.

Os estágios no Desenvolvimento da Fé:

Infância – (0 a 2 anos) – A coisa mais importante no desen-volvimento da fé durante este período é o conceito de confiançabásica. Isto quer dizer que a criança está aprendendo a confiarnos outros e em si mesma. É a pedra fundamental da personali-dade da criança. Esta habilidade determina como a criança verá

Como Contar Histórias 20

Investir tempo na primeira

infância da criança significa

semeadura com garantia de

vitória.

8 AVILA (2007, p. 138-139)

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o mundo e tomará todas as suas decisões importantes. É a basepara qualquer religião. Um senso de confiança saudável, que éaprendido através dos pais e outras pessoas importantes, sãoessenciais para a formação de uma fé saudável.

Estágio Um – (Crianças de 2 a 6 anos) – A fé desta criança écaracterizada pela intuição. As crianças não separam os fatos dafantasia, o natural do sobrenatural, o saber do sentir. Elas inter-pretam os acontecimentos com bastante imaginação porqueelas não raciocinam como os adultos. Também a fé é limitadapela dependência dos pais. A autoridade de sua fé está na comu-nidade e em suas tradições. O conteúdo da fé destas criançasdepende do que os adultos falam e vivem, mas elas estarão ten-tando interiorizar esta fé para si mesma.

Estágio Dois – (Crianças de 7 a 12 anos) – Elas estão saindodo período da fé fantasia e tem mais interesses em fatos, perso-nalidades e exemplos concretos. Podem distinguir a realidadeda fantasia e juntar logicamente os acontecimentos da tradiçãocristã, e por isso elas começam a desenvolver uma fé pessoalúnica. A importância do grupo faz este período importante paraa introdução da criança na participação ativa da vida da igreja.A fé é uma questão de convicção pessoal em vez de herança dafé dos pais. É importante usar histórias para que elas possamexplorar os possíveis papeis e situações em sua própria vida.O maior problema com este período é que elas podem ser lega-listas, enfatizando obras e regras, exigindo perfeição na condutacristã. Os lideres precisam ajudar estas crianças a serem maisabertas e nutrirem um relacionamento com Cristo.

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