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Indice: 1- Anatomia da faca 2- Tipos de pontas 3- Geometria da lâmina 4- Cor da lâmina: Negra, Fosca ou Polida? 5- Como escolher uma faca? ______________________________________________ 1- A Anatomia da Faca Todo mundo sabe o que é um gume ou o que é uma lâmina mas existem sempre dúvidas relativamente aos nomes de outras partes de uma faca ou canivete. Serve este artigo para trazer alguma luz ao assunto mas salvaguardando, antes de mais, duas coisas: em primeiro nem todas as partes poderão estar aqui descritas; em segundo os nomes atribuídos poderão ser outros uma vez que não existe um consenso generalizado ou publicado sobre a anatomia das facas e é natural que o leitor poderá encontrar nomes diferentes (estes, contudo, são perfeitamente válidos). Uma faca é composta por duas secções fundamentais: a lâmina e o punho. Mesmo em facas que não têm revestimento no punho (por exemplo a CRKT NECK), não quer dizer que não o tenham pois a função sobrepõe-se à fisionomia do objecto. Seguem- se dois diagrama que ilustram as partes destes dois grupos, incluindo as suas traduções para inglês: A Lâmina

Como Escolher Uma Faca - Tutorial

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Indice:

1- Anatomia da faca2- Tipos de pontas3- Geometria da lâmina4- Cor da lâmina: Negra, Fosca ou Polida?5- Como escolher uma faca?

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1- A Anatomia da Faca

Todo mundo sabe o que é um gume ou o que é uma lâmina mas existem sempre dúvidas relativamente aos nomes de outras partes de uma faca ou canivete. Serve este artigo para trazer alguma luz ao assunto mas salvaguardando, antes de mais, duas coisas: em primeiro nem todas as partes poderão estar aqui descritas; em segundo os nomes atribuídos poderão ser outros uma vez que não existe um consenso generalizado ou publicado sobre a anatomia das facas e é natural que o leitor poderá encontrar nomes diferentes (estes, contudo, são perfeitamente válidos).

Uma faca é composta por duas secções fundamentais: a lâmina e o punho. Mesmo em facas que não têm revestimento no punho (por exemplo a CRKT NECK), não quer dizer que não o tenham pois a função sobrepõe-se à fisionomia do objecto. Seguem-se dois diagrama que ilustram as partes destes dois grupos, incluindo as suas traduções para inglês:

A Lâmina

Ponta (point): Parte fundamental e posterior da lâmina que se destina a perfurar e onde geralmente convergem as linhas de desbaste do gume.

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Fio de Corte ou Gume (edge): Parte afiada destinada ao corte. Resulta do processo de desbaste da lâmina num ou em ambos os lados da folha de metal.

Plano de Desbaste ou Bisel (grind ou bevel): Área que vai desde o dorso até ao fio de forma progressiva e que é determinante quanto à resistência da lâmina e ao seu poder de corte.

Ricasso (ricasso): Área anterior da lâmina (geralmente junto à guarda do punho) que mantém a espessura original e confere uma resistência extra à lâmina assim como funciona de segurança.

Espigão (tang): Parte da lâmina que percorre parte ou a totalidade do punho. Serve como união entre a lâmina e o cabo.

Fio Falso (false edge): Resulta da convergência de um segundo desbaste e embora pareça, não corta. Serve apenas como auxiliar de penetração.

Espinha ou Dorso (back ou spine): Parte mais larga da lâmina e que garante a resistência da mesma. Chama-se espinha especialmente quando se encontra no centro de uma lâmina de dois fios (como numa adaga).

Mosca (fuller): Reentrância longitudinal na lâmina que tem vários propósitos incluindo o de retirar peso à faca e de facilitar o retirar da faca caso esta penetre na totalidade (evita a geração de vácuo).

O Punho

Guarda (guard): Protege a mão do utilizador de deslizar para a lâmina, possibilitando que este exerça mais força no acto.

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Cabo (grip): Parte fundamental cuja ergonomia proporciona um manuseio confortável e prático da faca.

Furo de Atilho (lanyard hole): Destinado a prender um atilho ou corrente que facilite o acesso à faca ou permitindo que esta possa ser pendurada.

Cravo (nail): Taco metálico facultativo que faz a união entre o punho e o espigão.

Pomo (butt ou pummel): Parte mais anterior da faca. Pode destinar-se a fixar o espigão ou simplesmente a consistir em mais um factor ergonómico. Alguns pomos têm características funcionais como em facas de combate e podem servir de martelo ou quebra-vidros em facas de sobrevivência.

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2- Tipos de pontas

1. Ponta tantô

Conhecida pelo seu design triangular, é um modelo encontrado notadamente nas katanás, wakizashis e tantôs japonesas.

Sua geometria permite que o dorso da lâmina acompanhe a ponta até a parte mais distal possível, conferido resistência mecânica.

2. Spear point (ponta de lança)

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As pontas neste formato têm simetria entre seus lados, deixando a parte mais distal da faca exatamente no centro da lâmina. Isto garante o máximo de eficiência e segurança em estocadas.

3. Clip point

Encontradas nas facas bowie, as clip points são um modelo de ponta clássico. A parte mais distal da lâmina se torna extremamente fina, de modo gradativo, o que proporciona a maior facilidade de penetração da ponta, apesar de ter sua resistência um pouco diminuída.

4. Guthook

Guthook é uma espécie de gancho no dorso da ponta, normalmente utilizado em facas de caça, com a função de tirar a pele dos animais caçados.

5. Drop point

As drop points são pontas de design simples, relativamente fáceis de serem confeccioadas e dão um aspecto "limpo" à faca. São pontas recomendadas, especialmente, para facas de utilização geral.

Existem variações de todos estes tipos de pontas e muitas vezes torna-se difícil classificar determinada ponta em um tipo ou outro. O que o usuário precisa saber, grosso modo, é que uma ponta extremamente fina facilita a estocada e pode ser boa para facas de combate, todavia, perderá em resistência.

Não faria sentido também fazer uma faca com cara de bowie, com uma ponta tantô, devendo-se observar a harmonia entre a ponta e o conjunto.

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3- Geometria da lâmina

A parte perfuro-cortante da faca, onde se encontra o gume, geralmente construída em aço e revestida pelo cabo numa das extremidades, permitindo a sua empunhadura segura. O formato da lâmina determina o tipo de faca e, em conjunto com a geometria transversal da lâmina (vazado ou desbaste), adequa a faca ao tipo de material a ser cortado e também a profundidade do corte a ser feito. Basicamente temos três tipos:

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1 ScandinavianScandinavian ou scandi é uma variação do Flat Ground deixando bastante massa na lâmina e, consequentemente mais pesada.

2 Flat GroundEsta geometria cria um plano só, do dorso até o fio. Este plano confere ao gume a possíbilidade de um fio bastante acentuado. É bastante comum. Sua principal característica é a leveza e o equilíbrio.

3 High flatVariação do Flat Ground deixando pouca massa na lâmina.

4 Hollow GroundSão dois desbastes côncavos laterais. A lâmina tem fica com pouca massa próxima ao fio e deve ser usada para serviços delicados. Existe uma boa chance do gume ser bastante afiado. Normalmente esta geometria é usada para navalhas.

5 Convex GroundExiste bastante massa proxima ao fio. Neste caso, a lâmina torna-se resistente a trabalhos mais pesados. Machados são um exemplo clássico para lâminas do tipo convexa.

6 CinzelA geometria em forma de cinzel é caracterizada pelo vazado em apenas um lado da lâmina. Utilizada geralmente em ferramentas onde precisa-se manter o corte reto e empurar o material cortado para apenas um lado.

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As facas para corte de peixe, na culinária Japonesa, são em forma de cinzel.

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4- Negra, Fosca ou Polida?

Acabamento Negro

As lâminas pretas não são em vão associadas à utilização militar de facas e canivetes. O processo de pintura ou anodizagem do aço com pigmento preto é um procedimento comum em facas destinadas a uma utilização especial. O negro reduz a capacidade de reflexão da lâmina ao seu mínimo, evitando assim que o operador não seja denunciado pelo flash de uma lâmina polida. Mais no domínio da utilização quotidiada, as lâminas pretas marcam a diferença pelo estilo. O acabamento negro, especialmente os que contém na sua composição Nitrato de Titânio, ajudam à proteção do aço contra corrosão, contudo é uma lâmina mais difícil de manter imaculada especialmente se for uma peça usada em trabalho. Adicionalmente, enquanto novas, as lâminas tendem a largar pigmento e a sujar mãos e roupa - recomenda-se um desgaste inicial ligeiro para prevenir situações indesejadas. Em determinados contextos uma lâmina preta pode intimidar mais do que uma lâmina comum.

Acabamento Fosco

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Com um nível intermédio de anti-reflexo, não ostentam tanto “peso” quanto as lâminas negras. São igualmente difíceis de serem mantidas como novas mas se forem bem estimadas são lâminas lindíssimas e contribuem de forma decisiva para o aparato visual da faca. Menos intimidantes que a lâmina preta e, considerada por alguns, uma escolha mais selecta. Este efeito é geralmente conseguido mediante um banho de ácido antes da afiação, o que se traduz num custo acrescido.

Acabamento Polido

Capaz de reflectir luz com facilidade, uma lâmina polida pode ser uma grande vantagem para fins de sinalização em termos de sobrevivência. Como não tem tratamento aplicado, o bom estado da lâmina dura muito mais tempo mesmo depois de afiar o gume - mais fácil na manutenção. Torna a faca mais barata e num canivete comum não se torna num elemento tão constrangedor para terceiros como uma lâmina preta - é mais comum logo é mais aceite. Contudo, ao nível de combate, está provado que uma lâmina brilhante tende a intimidar mais o adversário.

Mas mesmo vistas as diferenças, existe algo que prevalece sobre todas elas: o gosto pessoal. Siga o que o seu coração pede e ficará, por certo, satisfeito.

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5- Como escolher uma faca?

Qual é a melhor faca para o meu uso? Que marca devo escolher?As facas são objetos apaixonantes, funcionais e indispensáveis para a existência humana. A compra da primeira faca, para a maior parte das pessoas, é um ritual longo, cheio de dúvidas e insegurança.

É comum que as pessoas procurem por uma faca única, aquela que será a solucionadora de todos os problemas, aquela faca que, ao mesmo tempo, vai ser portada em meio urbano, vai abrir caixas, cortar árvores e ainda servir como faca de caça e de mergulho.

Ora, imaginem se um atirador resolvesse procurar uma arma que fosse útil em todas as situações. Ele precisaria de um cano longo para mais precisão, um cano curto para portabilidade. Um projétil perfurante para meios militares e um projétil que transfira toda a sua energia para o alvo, em meios urbanos. Seria possível? Certamente ele teria muito mais desempenho se tivesse um rifle para os tiros distantes e uma pistola para a portabilidade.

Da mesma forma, quem vai comprar uma faca deve entender que o desempenho desta ferramenta é proporcional à função para a qual ela foi desenvolvida, ou seja: uma grande bowie não fará com qualidade o trabalho de um pequeno canivete, uma faca de mergulho não será uma boa faca de defesa pessoal, uma faca de caça não será uma boa faca tática.

É preciso estabelecer critérios para a escolha da sua nova companheira, por meio de perguntas simples:

1. Para que vou usá-la?

Qual será a função que darei à faca primordialmente? A maior parte do tempo, ela será usada como utilitária, como camp knife ou como faca de defesa? Se você não sabe quais são os tipos de facas mais comuns, teremos um outro texto explicando cada um deles e suas respectivas funções, em breve.

2. Onde vou utilizá-la?

Infelizmente, considerando-se o preconceito ainda existente com a cutelaria, em muitos centros urbanos existem pessoas que acham inadequado o porte ostensivo de uma faca. Assim, se você pretende comprar uma faca para usar na cidade, certamente será melhor dar preferência àquelas dobráveis ou com perfil pequeno, de modo que seja fácil dissimular e não chamar a atenção.

De modo análogo, deve-se levar em consideração as condições principais do ambiente onde a faca vai ser usada. Ambientes de praia ou exageradamente úmidos são extremamente agressivos para os metais, fazendo-os oxidar com maior velocidade.

Uma faca de aço carbono, nestas condições, precisa de cuidados especiais e constantes, você está disposto a pagar este preço?

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3. Por que quero uma faca?

Existem muitas justificativas para se adquirir uma faca ou canivete: as facas têm valor artístico, têm valor colecionável, afetivo, funcional, protetor, entre muitos outros.

É preciso lembrar, todavia, que se você quer uma faca de valor artístico, é bem provável que este valor seja gradativamente depreciado se a faca for utilizada com frequência.

4. Qual o nível de desempenho que eu procuro?

Encontram-se facas dos mais variados fabricantes, procedências e materiais. Algumas são feitas em larga escala e com materiais mais simples, para reduzir os custos ao limite. São exemplos destas facas aquelas encontradas em camelôs e até mesmo algumas das linhas mais baratas dos grandes fabricantes.

Este tipo de faca pode ser um bom primeiro contato com o mundo da cutelaria. Elas não têm muito valor agregado, nem funcionalidade excepcional, mas fazem você perceber o quanto é bom possuir e portar uma faca.

No lado oposto da história têm-se as facas de alto desempenho. São peças feitas com materiais cuidadosamente escolhidos, aços de qualidade, empunhaduras ergonômicas e geometria impecável. Estas são aquelas feitas para quem já tem uma boa noção de cutelaria, e são exigentes quanto ao desempenho e funcionalidade. São exemplos destas facas algumas das artesanais confeccionadas pelos bons cuteleiros e as industriais bem desenvolvidas internacionalmente.

A escolha entre os dois extremos varia de pessoa pra pessoa. Não adiantaria que se recomendassem exclusivamente as facas de alto desempenho, se o usuário não fosse dar utilidade pra ela. Muitas vezes as facas baratas, embora semidescartáveis, podem ter melhor relação custo/benefício que as de alto desempenho, o que deve ser avaliado caso a caso.

A escolha de uma faca não é tarefa fácil. É preciso entender que, independentemente do modelo escolhido, ele não será útil em todas as situações imagináveis. Deve-se considerar os fatores como objetivo, causa, local de uso e desempenho esperado e

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analisá-los com calma e ceticismo no decorrer da escolha.

Tendo os 4 fatores bem definidos, é possível filtrar em muito as opções de escolha, reduzindo a análise final aos critérios como aparência, valor afetivo, preço relativo e assim por diante.

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