9

Como Julgar a Globalizacao

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 1/9

  , .

fm

III

i:I

!

I

i I1!L,

!~.

'I!ri

I

~ . ,

I r,,..

I

1I

,

i.

; I· I i ·

,

I II·

~ , '=

~,!!

I

f,,

II.

d

I

II

,.II

! II·

I

,

I, 1 ~ . .

17

-.:.

Ji I.~_ I

:::r

A globalizayao e vista frequentemente como uma ociden-

talizacao globalizada. Nesse P011to,tanto seus defensores quanta

seus opositores estao substancialmente de acordo. Os que tern 111na

visao otirnista da globalizacao a consideram uma contribuicao

maravilhosa da civilizacao ocidental para 0 mundo. Ha Ulna his-

t6ria simpaticamente estilizada na qual osgrandes desenvolvimen-

tos mundiais aconteceram na Europa: primeiro veio a Renascenca,

depois 0 Iluminismo e entao a I{evolu«ao Industrial, que propor-

cionaram Ulna grande melhoria dos padr6es de vida no Ocidcn.te.

E) agora, as grandes coriquistas do Ocidente estao se espalhando

pelo mundo. Nessa visao, a globalizacao nao e apenas boa, e ta111-

bern urn presente do Ocidente para 0mundo. Os entusiastas des-

sa leitura da historia tendem a se sentir frustrados nao s6 quando

esse grande beneficia e visto como Ulna maldicao, mas tambern

quando e desvalorizado e criticado pela ingratidao do mundo.

~: ' , : 1

~~ 1 I.. ,:.J i

.,

;;

. ,

I

1 '~

I

i

, ;

.i

. " J '

I.. I

,

I ;

I

I, .

I

Sob 0 ponto de vista oposto, 0 dorninio do Ocidente -------------s

vezes encarado eOOlOurna continuacao do imperialismo ocidell~

tal e 0 grallde vilao da historia. De acordo com essa visao, 0

i .,

,

\.

Page 2: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 2/9

 

.<

~

,

, I

~

f.~

~

.~\ .

!,

f

{~ iLII iSIII0 contcmporanco, dirigido e liderado por paiscs OC1.- Um movimcnto similar ocorreu na influencia do Oriente so-

bre a maternatica do Ocidente. 0 sistema decimal emcrgiu e tor-

nou-se bern descnvolvido na India entre os seculos II c VI e paSSOll

a ser usado por maternaticos arabes logo depois. Essas inovacoes

matcmaticas chegaram a Europa principalrucnte no ultimo qllar-

to do seculo x e passararn a exercer um impacto sobre os primei-

ros anos do milenio passado, desernpenhando 111TI papel impor-ta nte 1 1a revolucao cientifica qu e ajudou a transforrnar a Europa.

Os agentes da globalizacao 11aO sao exclusivarncnte nern eu-

ropeus nern ocidentais, nem sao necessariamente ligados a domi-I

nacao ocidentaL De fato, a Europa teria sido muito mais pobre ~

econornica, cultural e cicntificamente se tivesse resistido a

globalizacao da matematica , da ciencia e da tecnologia naquela

epoca. E, hoje, 0 mesmo principia e aplicavel, embora na direcao

oposta (do Ocidente para 0 Oriente). Re je it ar a g lo b al iz ac ;: ao da

cicncia e da tecnologia porque ela representa a influencia e 0 i111-

p er ia li sm o o ci de nt ai s n ao a pe l1 as s ig ni fi ca negligenciar as contri-

buicoes globais vindas de varias partes do mundo qlle estao

solidamentc par tras de toda ciencia e tecnologia chamadas oci-L

dentais, 111as tambem e uma decisao bastante tala do ponto de

vista pratico, dada a extensao de quanta 0 111U11do inteiro pode se

beneficiar C0111 0 processo.

d("lll~tis .unhiciosos e agressivos da Europa e da Arner ica do Norte,. .

tr ru ( 'slahclecido regras de comercio exterior e relacoes de ncg6-

cios que nan atendem aos intcrcsses das populacoes mais pobrcs. . .

do mu ndo. 0louvor a diversas identidades 1 1 < 1 0 ocidentais de -

finidas por religiao (como 0 islarnismo fundamentalista), regiao

(como a defesa dos valores asiaticos) au cultura (como a glori-

ficacao da etica do confucionismo ) pode jogar rnais lenha na

fogueira do confronto do Oriente CODl 0 Ocidente.

Mas sera que a globalizacao e mesmo uma nova maldicao do

Ocidente? Na verdade, ela nem e nova nem nccessariamente oci-

dental; e nao e nenhuma maldicao, Par milhares de anos, a globa-

lizacao tern contribuido para 0 progresso do mundo por meio da

viagem, do comercio, da migracao, da difusao de influencias cul-

turais e da disserninacao do conhecimento edo saber (inclusive

o cientif ico e 0 tecnologico). Essas inter-relacoes globais tern sido,

com frequencia, muito produtivas 110 desenvolvimento de varios

paises. E nao tern necessariamente tornado a forma de influencia

ocidental crescente. Na verdade, os agentes ativos da globaliza~ao

nao raramente se localizam bern I011ge do Ocidente.

Como ilustracao, considere 0 mundo no inicio do ultimo 111i-

lenio, em vez de no seu final. Por volta do ano 1000,0 alcance glo-

bal da ciencia, da tecnologia e da maternatica estava mudando a

natureza do Velho Mundo, lTIaS a disserninacao naquela cpoca

era) em grande parte, n a d ir ec ao o po sta da qu e ve1110S atuahnen-

te o A alta tecnologia do rnundo do ano 1000 incluia 0 papel, a tipo-

grafia, a balestra, a p61vora , a ponte suspensa por corrente de fer-

ro, a pipa, a bussola, 0carrinho de mao e a ventoinha giratoria.Mil

anos arras, esses itens cram amplarnentc usados na China c to-

talmcnrc dcsconhecidos ern qualquer o ut ro lu ga r. j\ globalizacao

t ra to u d e c sp al ha -l os por todo 0 mundo, inclusive pela Europa. grandes co nq uistas ~ e ocorrerarn principalrnente na Eu.ropa c,

,, ,

. i, ,

r I

I I: 1 1 1 1,I

I :

1 i

IrI

,1

· II"I

I

·1,d

1 '! 1

,

!

II !

1 I· .1

:j!

: 1

I1 · 1 . .

i IIi ! lo ll

1 ·9

I . .

I·1 ! .

. !!.,

,: :

.1' i1 , UMA HERANyA GLOBAL

,I ,

'. I

, '

· · 1· '.u Ao resist ir ao diagn6stico da globalizac;:ao como fenomcno

de quintessencia originalmente ocidental , prccisamos suspeitar

nao apenas da ret6rica antiocidental, mas tambem do chauvinis-

1110 pro-ocidental ern muitos textos contemporancos, Certamcn-

te, a Renasccnca, 0 Iluminismo e a Revolucao Industrial foram

I . i

I

! II I

1 , 1 .

i

1 :

, I

; .

, .I l

Page 3: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 3/9

 

1 . I

• ; 1

I 11

1 I

; I.l

. [I

mais tarde, nas Americas. No cntanto, grande parte desscs desen-

volvimentos haseou-se na cxpericncia do resto do mundo, ern vez

de ter se confinado dcntro das fronteiras de l1111a tirnida civiliza-

<;30 ocidental.

Nossa civilizacao global e HI11a heranca do .111Ul1cio c nao

apenas uma colecao de culturas locais discrepantes. Quando Ull1

matematico moderno em Boston invoca urn algoritmo para re-solver urn problema de calculo dificil, e le pode nao saber que esta

ajudando a homenagear 0maternatico arabe Mohammad Ibn Mu-

sa -al- Khwarizmi, que viveu na primeira metade do seculo IX (a

palavra "algoritmo" deriva do nome al-Khwarizrni). Ha uma cor-

rente de relacoes intelectuais que unem a maternatica e a ciencia

ocidentais a uma quantidade de estudiosos distintarnente nao oci-

dentais, sendo al-Khwarizmi apenas um deles (0 termo "algebra"

deriva do titulo de sua obra famosa AI- lahr wa-a l-Muqah iiah i.

De fato, al-Khwarizmi e urn dos muitos contribuintes nao oei-

dentais cujas obras influenciararn a Renascenca europeia e, mais

tarde, 0 Iluminismo ea Revolucao Industrial . 0 Ocidente merece

credito total pelas cxtraordinarias conquistas que ocorreram na

do sanscr ito para 0 chines 110 seculo v por Kumarajiva, lIl11 estu-

dioso meio indiano, meio turco que viveu ern uma parte (10 Tur-

quistao Oriental" chamada Kucha C llue Blais tarde crnigrou para

a China, A obra foi impressa quatro seculos dcpois, ern 868 d.C .

'Iodo esse processo cnvolvcndo China) Turquia c India c corn cer-

teza globalizacao, mas 0 Ocidcnte nao esta nem mesmo a vista.

.

I

.11

I .

I. :i .

• 1

Ii

I

I'..

~~• i

, :I I~

. • I

1 ,:

A

INTERDEPENDENCIAS E MOVIMENTOS GLOBAIS

•I

o diagnostico incorreto de que se cleve resistir a globaliza<;:ao

de ideias e praticas porque ela leva a ternivel ocidentalizacao tern

desempcnhado UIll papel consideravclmente regressivo no ITIUll-

do colonial e p6s-colonial. Esse pressuposto incita tendencias pro-

vincianas e solapa a possibilidade de objetividade na ciencia e no

conhecimento.Elc nao e apenas contraproducente ern si mesmo;

dadas as interacoes globais atraves da historia, e le pode tambemlevar as sociedades nao ocidentais a dar urn tiro 110 pr6prio pc ~

ate mesmo no precioso pe de sua cultura.

Considere a resistencia 11a India a util izacao das ideias e (011.-

ceitos ocidentais na cicncia e na rnatematica. Durante 0 seculo

XIX, esse debate fazia parte da controversia mais ampla entre edu-

cacao ocidental versus educacao indiana nativa. Agentes da "oci-

dentalizacao", COll10 0 ilustre Thomas Babington Macaulay) ** 11aO

viam merito algum na tradicao indiana. "Nunca encontrei um se-

quer entre eles [os defensores da t radicao indiana] que pudesse

negar que uma unica prateleira (ie uma boa biblioteca europeia

1

I .

~~.>::

~I;

: : . . 1 1 .T ·1

~

:~ ' I '!" I I

..... . . : !I..:I! I"

!. ,, .

I' I· I

. r•I

,

r,

Europa e na America europeizada, lTIaS a ideia de uma concep-

cao ocidental imaculada e pura fantasia da imaginacao .

Nao apenas 0 progresso da ciencia e da tecnologia globais

nao e urn fcnorneno exclusivamcnte conduzido pelo Ocidente,

como existiram desenvolvimentos globais da maior importancia

110S quais 0Ocidente nern sequer esteve envolvido. A impressao

do primeiro livro no mundo foi Ul11evento maravilhosamcnte glo-

balizado. A tecnologia da tipografia foi , claro, 11111a conquista in-

teiramente chinesa. Mas 0 conteudo veio de outro Iugar. 0primei-

[0 livro impresso foi um tratado indiano escrito originalmentc

ern sanscrito e traduzido para 0 chines por um mcio tureo. 0 li-

vro Va j rac ched ika J J ra jnapararn ita su t ra (a s vczcs chamado de Su -

ira diamante) e urn antigo tratado sobre 0budismo; fo: traduzido

)-O Turquistao Oriental f ica atuahnente na provincia de Xinjiang, regiao noroes-

te da China . (N. T.)

** Macaulay (1800-59), pocta, historiador e politico britanico, tcvc grande rclc-

vancia na Ind ia coloni al por te r in st it uido ( )uso obr igat 6r io do i.ngles ern vez de

s .i nscr ito ou arabc nas cscol as indianas a parti r da scx ta ser ie , (N. T.)

· I,

· ,

. .',

I'

I

1 I

1

, 1

. i

· II

2() 2]

Page 4: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 4/9

1

v ; iI (' S S( ' m u i s do que a literatura intcira da India e da Arabia", de-

( _ I t , rou. En1parte ern rctaliacao, os dcfensorcs da educacao nativa

resisl ira III a im p ortacao de tudo que fosse ocidental. Ambos os

l.ulos, cntretanto, aceitararn muito depressa a dicotorn ia basica

(Illrc duas civilizacocs divcrsas,

A matematica europeia, COll1 seu uso de conceitos C01110 0

scno,foi vista como

importacaopuramente "ocidcntal'

paraa 111-

dia. Aryabhata havia discutido 0 conceito de seno ern sua obra

classica sobre astronomia e matcmatica em 499 d.C., usando seu

nome em sanscrito, jya-ardha (Iitcralmente, "rneia corda"). Essa

palavra, pr imeiro encur tada para tya ern sanscrito, acabou se tor-

nando jiba, em arabe, e mais tarde ja ib, que significa "angra ou

baia" EITI sua hist6ria da maternatica, Howard Eves explica que,

por volta de 1150 d.C., Gherardo de Cremona traduziu jaib do

arabe para a palavra sinus) que corresponde, em latim, a angra ou

batao Essa e a fonte da moderna palavra "seno" 0conceito havia

viajado urn circulo completo saindo da India e entao retor- "

nando ao ponto de origem,

Entender a globalizacao meramcnte como imperia li smo de

ideias e crencas ocidentais (como a retorica COIIIfrequcncia tern

sugerido) seria UlTI erro grave e Cl15t050, da mesma forma qlle 0

teria sido se a Europa tivesse resistido a influencia oriental no i 1 1 1 -

cio do milenio passado ..Existem, e claro, aspectos rclacionados aglobalizacao que de fato a conectam C0111 irnperialismo (a hist6ria

da s conqu i st as , do colonialismo e da dorninacao est rangeira conti -

nua rclevante 110jede varias maneiras) e uma cornpreensao pas-co-

lonial do mundo tern seus meritos. Mas seria UITI gral1de equivoco

enxergar a globaliza~ao COIDO uma caracteristica prirnaria do i111-

perialismo. Ela e muito maior mais grandiosa do que isso.

A qucstao da distribuicao das perdas e dos ganhos economi-

cos da globaliza<;ao pernlanece u m a ss un to inteiramente separa-

do e deve ser encaminhada C01110 U111a questao posterior e extrc-

o principal desafio refere-se a desigualdade internacional

e dentro de cada pais. As preocupantes desigualdades incluern

disparidades na r iqueza e tarnbem assimetrias brutais no poder e

nas oportunidades politicas, sociais e economicas.

Uma questao crucial diz respeito a divisao dos ganl10s poten-

ciais da globalizacao entre paises ricos e pobres e entre os dife-

mamcnte rclevante ..Ha evidencia significativa de que a eCOll0111ia

global tern levado prosperidade a muitas areas diferentes do glo-

b o o Urna pobreza generalizada dorninava 0 rnundo alguns seculos

atras; havia apenas alguns raros bolsoes de riqucza. Para superar- • I •

essa pen u r ia, inter-rclacocs eCOIICH11icas cxtensivas e tecnologia..

moderna foram e continuam sendo uma influencia crucial.. 0 que

tern ocorrido 11aEuropa) Amer ica, Iapao e Extrerno Oriente e Ulnalllensagem importante para todas as outras regioes, e nao pode-

mos ir 111Uitolonge 11a cornpreensao da natureza da globalizacao

hoje sern antes rcconhecer os frutos positivos dos contatos econo-

micos globais.

De fato, nao poderemos reverter as dificuldades economicas

dos pobres no rnundo se impedirrnos qlle eles tenham acesso as

grandes vantagens da tecnologia contcmporanea, a bern estabele-

cida ef iciencia do cornercio e do intercambio internacionais e aos

mer itos sociais e econornicos de viver em Ulna sociedade aberta.

Na verdadc, 0 ponto central e COlTIO fazer urn b0111 usa dos formi-

daveis beneficios do intercurso economico e do progresso tecno-

16gico de maneira a atender de forma adequada aos interesses dos

dcsti tuidos e desfavorecidos. Emminha opin iao , essa e a questao

qlle emerge dos assim chamados movimentos antiglobalizacao .

! :

i 'j .

I.!!~:11.'

23

i

1

I~

il.! ' = "

I

.ii

I

I ;

. 1

I 1

I

, . . . , . .

OS POBRES Esrr AO SE TORNANDO

MAIS POBRES?,

I·. iI

i iI

! I I .'

· .

,

• 1

· . II...i

22

I ~

II .I

 

Page 5: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 5/9

iIi·1I

I

rcntcs grupos dcntro de um pals. Nao e sufic iente cOIl1pree~!der

que os pobres do rnundo precisam da g l ob a li za< ;3 .o t an t o quanto

os ricos; tambcm e importantc garal lt ir que eles de fato consigarn

aquilo de que nccessitam. lsso pode exigir reforrna institucional

extensiva, 111CSI110 quando se defende a globaliza<;:ao.

'Iambem ha uma necessidade de maior clarezana formula-

cao das questoes distributivas. Por exernplo, e comum dizer que

os ricos cstao ficando mais rices e os pabres, rnais pobres. Mas.

isso de forma alguma ocorre uniforrucmente, ernbora haja si tua-

coes ass im. Muito depende da regiao e do grupo escolhidos e de

que indicadores de prosperidade cconornica estao sendo uti liza-

dos. Mas a tentativa de condenar a globalizacao ecoriomica corn

esse argumento mais fino que 0 gelD acaba por produzir UD1acr i -

tica peculiarmente fragil.

Por outro lado, os apologistas da globalizacao destacam sua

cren«a de que a maioria dos pobres engajados no cornercio e no,,

intercambio internacionais esta enr iquecendo. Portanto pros-

segue 0 argumento a globaliza<rao 113.0 e injusta com os pobres:

eles tambem se beneficiam.

Se aceitarmos a relevancia central dessa questao, entao todo

o deba te se concentra em determinar qua llado csta correto nessa

disputa empir ica. Mas, para inicio de conversa, sera mesmo esse 0

can lpo de batalha mais conveniente? Eu diria que nao,

das inter- rela<;:oes econornicas globais. Nao e adequado perguntar

se a desizuaidade intcrnacional esta sc tornando marginalmente~ L

i

, I

maior ou menor. Para se rcbelar contra a pobreza chocante C as

desiguaJdades excessivas (IllC caractcrizam 0 rnundo COllte111po-

raneo ou para protestar contra a divisao injusta do s bcneficios

da cooperacao global nao e nccessario mostrar que as imensas

desigualdades e injusticas dis tr ibut ivas estao tambern se tornan-

do nlarginaln1ente rnaiores. Esses sao dois assuntos complctarncn-

te separados.

Quando a coopera<rao produz ganhos, muitos arranjos sao

possiveis. C01110 0 teorico dos jogos e matcrna tico John Nash dis-

cutiu mais de rncio seculo atras (em "The barga ining problem"

[0problema da negociacao], publicado 11a Econometrira en1 1950,

que foi citado, e nt re o u tr as obras, pela Academia Real Sueca de

Ciencias quando Nash recebeu 0 Prernio Nobel de cconornia),

geralmente 0 ponto central nao e se UITI sistema elTI particular emelhor para todos do que ncnhurn sistema seria, 1 1 1 a s se ele resul-

I·1

! ' I ,· . 'I.~·1

j .

I

I j.,

i

I I ::~ I~

I ' II 1

I

..

ta nU111_a divisao justa dos beneficios. Nao se pode retu tar a cnrica

de q u e u r n s istema dis tr ibut ivo e injusto dizendo-se S i 1 1 1 p l e s 1 1 1 C n -

te que todas as partes envolvidas estao ern rnelhor condicao do

que cstar iam na auscr icia de coopcracao; 0 excrcicio real e a esco-

Iha entre essas alternativas.

I i <

II l

I

I:IIII

j="[I1I!,

, II,i.

I I

I(I , '

I :,

! I

I I

, i

"MA ANALOGIA COM A FAMILIA

JUSTI9A GLOBAL E 0 PROBLEMA~

DA NEGOCIA<;AO Por analogia, para argU111elltar qlle Ul11 sistema familiar par-

t icularmente desigual e sexis ta e injus to, nao e necess21rio rnostrar

que as mulhercs se daria rn c0111parativanle11te melhor se nao ti-

vessem familia algurna, mas apenas que a divisao dos beneficios e

seriamentc dcsigual naquele s istema par ticular. Antes que a injus-

tica na relacao entre os sexos fosse reeonhecida COllIO aJgo a ser

I '

I 'I .

, .

I. i!

MCSI110 que os pobrcs se tornassern apenas urn pouco mais

ricos, isso 113.0 significaria necessariarnente que estivessern rece~

bendo uma parte justa dos bcnefic ios potcncialmcntc enorrnes

,

III

I·,!

II

,

I,

I

I I·I .

II )I

\ I,

; I

II I~ ~

24

25

  , l

Page 6: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 6/9

j\

contemporaneo.

· ,·I

, .~

· [

•• explicitamcntc discutido (C01110 acabou acontcccndo en) decadas

recentes), houve tentativas de dcscaracterizar a questao clos sistc-

111a s fam il ia re s i nj u st o s sugerindo qu e as 111111heres nao precisa-

riam viver ern farnilias se elas considcravam aquele sistema tao

injusto. Tambem se argumcntou que, desde que as rnulhercs, as-

SilTI como os homens, sebeneficiavam do fato de viver ern familia,

os sistemas existentes nao podium ser injustos. Mas l11eSll10quan-

do aceitamos que tanto as h om en s q uan ta as mulheres podem

obter algum ganho do fato de viver em familia, a questao da dis-

tribuicao injusta pcrmancce ..Muitos sistemas farniliares ' quan-

do comparados com ausencia de qualquer sistema familiar po-

dem satisfazer a condicao de beneficiarcm hornens e mulheres.

Averdadeira questao e: qual 0 grau de justica C01nque os benefi-

cios associados a esses sistemas sao distribuidos?

Da mesma forma, nao se pode refutar a acusacao de que 0

sistema global e injusto mostrando que ate os pobres ganham al-guma coisa dos contatos g lo ba is e q 11 enao se tornam necessaria-

mente mais pobres por i sso. A resposta pode estar errada au nao,

mas a pergunta COl11 certeza esta errada. 0ponto critico 118.0 e sa-

ber se os pobres esrao se tornando l11arginaln1cl1tenlais pobres

ou mais ricos. Nem seeIes estariam ern melhor situacao se excluis-}

scm a si pr6prios das interacocs globalizadas.

Mais uma vez, a questao real e a distribuicao dos beneficios

da globalizas:ao.Na verdade, e par isso que muitos dos que pro-

testam contra a globalizacao, que buscarn U111 acordo melhor pa-

ra os destituidos da econornia mundial, nao sao ao contrario

de sua propria retorica e da s visocs atribuidas a eles por outros -

realmente "antiglobalizacao" Tambem e por isso que nao 1 1 a real

contradicao 110 Iato de os assim chamados protcstos antigloba-

]iza<;~jo terem se tornado os cvcntos mais globalizados do 11111ndo

, I.

•i'

i I

I,.

I,

['.J

I

·ii,I '~ ' .

,· ,, i

I :•

,;

:I

,

I .1I

. Ii

: ~ I · :; : I., .,

,!

~

, '

..I ;!_

I,~I

I ~:

. • 1

I

'lt,

! '

;1

, ,

· ~'l I i l, .

,

1

!!,

ALTERANDO ARRANJOS GLOBAIS

' " I I

Mas sera que os grupos menos favorecidos podem conseguir

Ull1 quinhao rnelhor das rclacoes econornicas e sociais globaliza-

das sen} renunciar a economia de rnercado ern si? Eles podcm, COIn

certeza. A utilizacao da eCOll01TI, iade mercado e consistente COIn

uma grande variedade de padroes de propriedade, disponibilida-

des de recursos, oportunidades sociais e regras de operacao (tais

C01110 leis de patente e regulamentos antitruste). E, dependendo

dessas condicoes, a econornia de mercado gera grande variedade

de precos, de terrnos de comercio exterior, de distribuicao de renda

e de muitos outros resultados, de modo geraL Os sistemas de pre-

videncia social e outras intcrvcncoes publicas podcm g erar novas

modificacocs nos resultados de processos de rnercado, e juntos

podern diminuir variados niveis de desigualdade e pobreza.

A questao central nao e se a econornia de mercado deve au

nao ser usada. Essa questao e superficial e facil de responder, pois

e dificil coriquistar prosperidade econornica scm fazer usn extcn-

sivo das oportunidades de intcrcambio e de especializacao que as

relacoes de mercado oferecem. MeS1110 que a operacao de UIl1a

econornia de mercado especffica seja significativamente defeituo

sa) nao ha C01110 abrir 11150 da inst i tu icao dos mercados de 1110do

geral COll10 poderoso motor de progrcsso econornico.

Mas este rcconhccimento nao poe fim a discussao sobre as

relacoes de mercado globalizadas. A cconornia de mercado nao

funciona p or s i 1 11 eS l1 lanas relacoes globais - de fato, ela nao po-

de operar sozinha nell1111eSl110 dentro de um unico pais. Isso na o

apenas porque urn sistema de mercado inclusivo pode gerar re-

sultados 111Uito distintos dcpcndendo de varias condicocs habi-

l itadoras (por excmplo, (01110 os reCUfSOS fisicos sao distribui-

dos, COll10 os recursos humanos sao desenvolvidos, qu e regras tie

relacocs negociais prcvalecem, qlle sistemas de previdencia social

I· II

26 27

Ii

i ! I

I

 

Page 7: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 7/9

I

csLIO em vigor etc.). Essas 111CS111aS coridicoes habilitadoras dcpen-

dcm de f()f1113 crucial das instituicocs econorn icas, sociais e poh-

Ic as q ue operam nacional e globalnlcl1te.

() papel crucial dos rnercados nao torna as outras institui-

cocs insignificantes, lllCS1110 em tcrrnos dos resultados qlle a eco-

nomia de mercado pode produzir. Como tem sido amplamente

demonstrado par estudos empiricos, os resultados de mercado

sao massivamente influenciados por politicas publicas em educa-

cao, epidemiologia, reforma agraria, estabelecimentos de micro-

credito, protecoes legais apropriadas etc.; e ern cada um desses

campos, ha ainda muito a fazer por meio da acao publica, 0 que

pode alterar radicalmcnte 0resultado de relacoes cconornicas 10 -

cais e globais.

,

; I, '

, ,\ :

i :

I1

II

!

'II

I .-I!

', I,

~ ~!

,

iI

. . . --

INSTITUI90ES E DESIGUALDADES

, :, , I.

~ 1

!

A global izacao tern muito a oferecer; mas mesmo ao defen-

de-la precisamos, SelTI nenhuma contradicao, admit ir a lcgit imi-

dade de muitas das quest6es levantadas pelos que se opoern a ela,

Pode haver urn d iagn6stico equ ivocado quanta a localizacao dos

problemas (eles nao estao na globalizacao ein si), 111as as preocu-

pacoes eticas e humanas que dao origem a esse questionamcnto

exigem uma seria rcavaliacao da adequacao dos arranjos institu-

cionais nacionais e globais que caracterizam 0 11111ndocontempo-

ranee e dao forma a s relacoes economicas e sociais globalizadas.

o capitalisrno global csta muito Blais preocupado ern ex-

pandir 0 dominio das relacoes de mercado do que, por cxcmplo,

em estabe lecer a democracia , expandir a educacao elernentar, au

incrcmcntar as oportun idades sociais para os pobres do mundo,

(:01110 a globaliza<;:3o de rncrcados C , ern si l11eS111a, uma aborda-

gC111muito inadcquada a prosperidade 1 1 1 1 1 1 1 d i a l , e precisoir alern

!

i 'i

, !I

i

,I'I

, ,

"ii

,

I"I, ,

1 i

i ir : I

, I : 'I

1

i "I: I

II ,1

I

I,I

das prioridades que encontram expressao no foco cscolhido do

capitalismo global.

CO In o t er n ressaltado Q ernpresario e investidor George SOfOS,

as interesses dos negoc ios inte rnacionais tern forte prcferencia

por trabalhar CO 111 . autocracias ordenadas e altamente organizadas

ern vez de democracias participativas e menos regularncntadas, e

isso pode ter uma influenc ia regressiva sabre 0 desenvolvimento

igualitario. Alt~111disso, ernpresas multinacionais podem exercer

inf luencia na alocacao de gastos puhlicos em paises do Terceiro

M undo para que se d e preferencia a seguran<;a e ao benl-estar dos

administradores e a ltos executives e nao ao cornbate ao ana lfabe-

tisrno, [al ta de ass istcncia medica e outras adversidades sofridas

pelos pobres. Essas possibi lidades nao impoem, e claro, barreiras

inrransponiveis ao desenvolvimento, mas e irnpor tante assegurar

que as barreiras transponiveis sejam de fato transpostas.

rl

, ..._ . _ . _ , .

OMISSOES E COMISSOES

As injusticas que caracterizam 0 l11U11do estao intimamente

relacionadas a var ias ornissoes que precisarn ser discutidas, prill-

cipalrnente disposicoes institucionais. 'Ientei identificar alguns dos

principais problemas em meu livro Desenvolvimento como iiberda-

de (Companhia das Letras, 2000). Politicas globais podern ajudar

a desenvolver institlli~6esnacionais (par exernplo, na defesa da

dernocracia e na manutcncao de escolas e postos de saude), mas

tambern ha a necessidade de rcexaminar a adcquacao dos propr ios

arranjos institucionais globais. A distr ihuicao dos beneficios na

economia global depende, entre outras coisas, de urna variedade

de arranjos institucionais globais, inclusive os que sc refcrem ao

comcrcio justo, inicial.ivas medicas, intercarnbios educacionais,

locais para a disseminacao tecnol6gica, rest.ricoe» eco16gicas e al11-

29

  I~

Page 8: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 8/9

~,

II

,

IL,

~ !

~i·,,

1

,

iI

d1

,

1 I,

hicl1lais C 0 tratamento equitativo das dividas acumuladas, qu e to -ra III rnuitas vczcs contraidas no passado por governantes milita-

II,IIIos paises q1le ganham mais dinheiro nesse ti po terri vel de

I 'H' l('rl"jO. Os paises do G-8 venderam 87C Y o do total de arrnas ex-

1 1 1 1 1 L ,d as n o 1111111do intciro, Sornente a parte dos Estados Unidos

t Ilt'gou a quase 5 0 % do total de vendas 110 111U11do. Alcrn disso,

I1I<'}',a ;'1 68°; { ) 0 total das exportacoes americanas de arrnas que f()-

I . 1 1 1 1 I1ara paises em dcscnvolvimcnto.

As arrnas sao usadas corn resultados sangrentos e efeitosd('v;lstadores sobre a economia, a politica e a sociedade. De certo

111()do, esta e a continuacao do nocivo papel desernpenhado pelas

J'ott"l1cias mundiais na genese e no florescimento do militarisrno

IJ( ,1 i lco 1 1aAfrica entre os anos 1960 e 1980, quando 0 continente

(T~I disputado na Guerra Fria. Durante essas decadas, quando lide-

; t',l) militates ·lVIobuto Sese Seko au Jonas Savimbi, ou qualquer

c )\ It 10 destruiam instituicoes sociais e politicas (c, no final, a

t )n1C111 economica tambem), eles podiam contar COll1 0 apoio tan-

to dos Estados Unidos e seus aliados quanta da Uniao Sovietica,

t l.pcudcndo das suas aliancas militates. As potencias mundiais de-um Ulna enorrne rcsponsabilidade por terem aju dad o na su bver-

,·)~I()ciadernocracia naAfr ica e por todas as consequencias negati-

V~IS de longo prazo dessa subversao. 0in teresse par "empurrar"

.umamentos garante a s potencias urn papel continuo na escala-

(Ia dos conflitos militares hoje 11 aAfrica e ern outras partes do

mundo. A recusa dos Estados Unidos en1 participar de 11lTIa severa

;'~"l10repressiva conjunta ate 111eSlTIO contra vendas il icitas de ar-

u ra s de pequeno porte (conforme s ug er id o p eto secretario-geral da

( )NU Kofi Annan) ilustra as dificuJdades envolvidas nessa questao,

I: I

l Ij I

I

. /

res rrrcsponsavers.

Alem das graves omissoes que precisam ser corrigidas, tarn-

bern existem scrios problemas de praticas que devem sc r discutidos

ate mesmo por Ulna necessidade clerncntar de ctica global. Eles

incluem nao apenas restr icoes de cornercio inefic ientes e injustas

que inibern as exportacoes dos paises pobres, (01110 tarnbem leis

de patente que irnpedem 0 usa de drogas que podem salvar vi-

das para doencas C01110 a aids e que proporcionam incenti-

vo inadeguado para pesquisa medica voltada ao desenvolvimento

de remedies que nao se repetern (C01110 a s vac ina s ), Esses aSSUl1-

t os t er n sido discutidos isoladamente, lTIaS deVelTIOSnotar 0 quan-

to eles todos se encaixam em padroes gerais de arranjos que mi-

nam 0 que a global izacao tern a oferecer de born.

Outra acao global de certa forma menos discutida que

causa intensa miseria e privacoes duradouras refere-se ao envol- "

vimento das potencias mundiais no comercio globalizado de ar-

mas. Essa e uma area que requer urgentemente uma nova inicia-

tiva global, q ue v a a ler n da necessidade 1 1 1 U i t o importante de

conter 0 terrorismo, .110qual 0 enfoque 110jeesta tao pesadamen-

tc concentrado.

Guerras locais e conflitos militares, q ue te rn consequencias

111Uitod e st ru ti va s ( e nt re elas a de abalar as perspectivas eC0l1C>l11i-

ca s dos paises pobres), utilizarn-se nao apenas de tens6es regio-

n ai s, l TI aS tarnbern do comercio global de armamcntos, 0status

quo rnundial e s ta f irmcmen t e entrincheirado nesse tipo de nego-

cia: os paises qlle sao membros permancntes do Conselho de Se-

guran~a da Organizacao das Nacoes Un id as f or am juntos respon-

savcis por 81 (Y o da s exportacocs mundiais de ar rnas de 1996 a 2000.

De fato, os Iidcres mundiais que exprcssarn profunda frust racao

corn a "irresponsabili(iade" dos ativistas antiglobalizacao gover-

.--

PARTICIPA9AO EQUITATIVA NAS

(}PORTUNIDADES GLOBAIS

"I:;

;I ii

I

I

I

I ~

I I1 •

II ., ,

I II !,. ,I·

: Ihi : iI :: .

'I -

I '

I I . ,I ,

I I

I .,

,

I '

I I

. ,I

I ,

Para concluir, a confusao de globalizacao COll1 ocidcntaliza-

< . ~· ~I Ona« e S0111ente a-historica, como tambern desvia a atcncao,

.1

, ;

i

!. 31.

II .r,

 

Page 9: Como Julgar a Globalizacao

5/14/2018 Como Julgar a Globalizacao - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/como-julgar-a-globalizacao 9/9

·1I

!I

· .

, 1

I I.

II1

. I

I I

i l I!

· i I. ;

II :· Ii '

! Ii

I '

I II . I

1 1 . 1 ·1. b

2. Exclusao e inclusaoos muitos bcnef icios potenciais da intcgracao global. A globali-

zacao e um processo historico que ofcreceu 110 passado uma abun-

dancia de oportunidades e recompcnsas e continua a fazc-Io ho-

je. A simples existcncia de grandiosos beneficios potenciais e que

torna a qucstao da justica na divisao dos beneficios da globaliza-

cao tao criticamente importante.

o. ponto central da controversia nao e a globalizacao enl si,..... _- _" . - ......

...

nern 0 uso do mercado como instituicao, lTIaS a desigualdade 110

equilibria geral dos arranjos institucioriais que produz Ulna

divisao muito desigual dos beneficios da globaliza~ao. A questao

113.0 e somente se os pobres tambcm ganham algurna coisa COll1 a

globalizacao, mas se nela eles participam equitativamente e dela

recebem oportunidades justas. Ha urna necessidade urgente de

reformar os arranjos institucionais alern dos nacionais para

se poder superar tanto os erros de ornissao como os de acao que

tendern a dar aos pobres de varias partes do mundo oportunida-

des tao limitadas. A globalizacao merece uma defesa baseada na "

razao, mas essa defesa tambern precisa de reformato terna desta conferencia, « I nc l uindo 0 cxcluido", fa z born

usa c ia i d ei a relativamcnte nova de "exclusao" C01110 u ma form a

de privacao. I sso e apropriado porqlle 0 conceito de "cxclusao"

tern se dcmoristrado util C01110 idcia organizacional. Muitas pri-

vacoes e violacocs de dirciros humanos de fato assumcm a forma

da e xc lu sa o d e p re rr og at iv as individuais clcmcntarcs qu e deve

riam ser dadas (01110 certas, como () accsso a justica ou a libcrdadc

de exprcssao. j\ lillg11agenl da exclusao e sllficicntcillente apta,

assim COll10 0 sa o a vcrsatilidade e () alcance do sell conceito. Po-

demos, C0111 proveiro, d iscut i r uma variedade de exclusoes, esco-

lhidas a partir de UI 1 1 a diversidadc de a re a s , abrangendo os earn-pos politico) ccoriomico e social.

H e : l boas razocs para que os Sul-Asia ticos pelos Dircitos Hu-

manos" queirarn essa versatilidade, pois temos de nos interessar

I :

I

. . . - . . -

INTRODUCYAO

I

I I1 1

1

.1

l

; - So ut h A si an s f or I - fLl lnan R igh t s (SAI-IR), ON(; c ri ad a e rn 200n para prOl"110VCr a

dcfcsa d ns d ir ci to s humanos no sul d a A si a. (N. '1'.)

33