Como Plantar Tomate

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    1/429

    Tomate

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    2/429

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    3/429

    Vitria, ES2010

    Tomate

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    4/429

    2010 - IncaperInstituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia Tcnica e Extenso Rural

    Rua Afonso Sarlo, 160 - Bairro Bento Ferreira - CEP: 29052-010 - Vitria-ES - BrasilCaixa Postal: 391 - Telefone geral: (27) 3137 9888 - Telefax DCM: (27) 3137 [email protected] | www.incaper.es.gov.br

    Todos os direitos reservados nos termos da Lei no9.610, que resguarda os direitos autorais. proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio ou forma, sem a expressa autorizaodo Incaper.

    ISBN 978-85-89724-17-3Editor: DCM/IncaperTiragem: 2.000Junho 2010

    Chefe do Departamento deComunicao e Marketing

    Coordenao editorial

    Projeto grfico, editoraoeletrnica, arte-finalizao e capa

    Reviso de portugus

    Ficha catalogrfica

    Crditos das fotos

    Fotos da capa

    |

    |

    |

    |

    |

    |

    Joo Anselmo Molino

    Lilim Maria Ventorim Ferro

    Laudeci Maria Maia Bravin

    Raquel Vaccari de Lima Loureiro

    Cleusa Zanetti Monjardim

    Augusto Barraque, Laudeci MaMaia Bravin,

    Arquivos dos autores e Arquivos do Incaper

    635.642I59t2010

    Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia Tcnica e ExtensoRural. Tomate. Vitria, ES: Incaper, 2010.430 p.

    ISBN 978-85-89724-17-3

    1. Tomate I. Instituto Capixaba de Pesquisa, AssistnciaTcnica e Extenso Rural II. Ttulo

    Equipe de edio

    O texto desta obra foi composto na famlia de tipos Myriad Pro no corpo 11/16.Miolo impresso em papel couch fosco 115 g.

    Augusto Barraque|

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    5/429

    Apresentao

    O objetivo da elaborao deste livro foi reunir em uma obra tcnica as

    principais tecnologias de produo, colheita e ps-colheita do tomate, tendo

    por base princpios de produo que sejam economicamente viveis, de

    reduzido impacto sobre o homem e o meio ambiente, visando obteno de

    frutos que atendam aos requisitos dos mercados mais exigentes em termos

    de padro de qualidade e segurana do alimento.

    Para a sua elaborao, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia

    Tcnica e Extenso Rural (Incaper) adotou como estratgia congregar

    especialistas das principais reas do conhecimento da cultura do tomate,buscando organizar em uma obra as experincias e conhecimentos tcnico-

    cientficos mais relevantes gerados com a tomaticultura no Estado do

    Esprito Santo, agregando a esses os resultados de pesquisas locais e de

    diversos pesquisadores do Brasil, conhecedores do perfil dos agricultores e

    da realidade de produo deste Estado. E tambm alicerar uma atividade

    que representa a base econmica de muitas famlias, que tm na cultura do

    tomate a esperana de manter sua dignidade e visualizar seus sonhos. Nunca

    como proposta da verdade absoluta, mas instigando o debate reflexo e

    acreditando em construir, a partir do conhecimento j adquirido pela prtica

    e pela academia, um mundo cada vez melhor.

    Assim sendo, o Incaper, com este novo produto, disponibiliza para o

    setor agrcola uma obra indita no Estado do Esprito Santo, com contedo

    diversificado, de elevado valor pblico, preenchendo mais uma lacuna na

    demanda de referncias para a melhoria do padro tecnolgico da agricultura

    capixaba.

    Evair Vieira de MeloDiretor-presidente do Incaper

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    6/429

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    7/429

    Palavra do Secretrio de Agricultura

    TOMATE: DESTAQUE ENTRE AS HORTALIAS

    O Esprito Santo autossuficiente na produo da maioria das hortalias

    consumidas no Estado com excedentes exportveis, sendo o tomate o principal

    responsvel por esta proeza. Ocupa o 8 lugar no ranquig nacional, mesma

    posio ocupada pelo Brasil em escala mundial. Posio de destaque!

    Mais do que isso, exporta tomate para vrios Estados importantes da

    federao como os da regio Nordeste, So Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais

    e at para Braslia.

    Sua importncia econmica e social altamente significativa, pois em

    700 propriedades so cultivados cerca de 2 mil hectares/ano, que ocupa 10

    mil trabalhadores diretos, produzem em torno de 140 mil toneladas, e geram

    aproximadamente R$ 100 milhes. Os nmeros impressionam!

    Importante realar que essa atividade altamente intensiva de mo de

    obra, tendo em vista que a cada hectare ocupa, em mdia, cinco trabalhadores

    rurais. Da sua importncia social!

    Cabe ainda destacar que o Esprito Santo tradicional produtor destahortalia, com utilizao de duas pocas distintas de plantio: a de vero,

    realizada nas regies de montanhas, que se traduz em cerca de 60% da rea

    cultivada, e a de de inverno, naturalmente realizada nas regies quentes.

    Garantia de oferta de produo!

    O nvel tecnolgico da cultura considerado muito alto, uma vez que se

    posiciona nos mesmos patamares de outros importantes estados produtores,

    tais como Gois, So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A produtividade

    oscila entre 60 a 70 toneladas por hectare, perdendo apenas para Gois que

    chega a 80 t/ha, porm este produz, principalmente, o tomate industrial.

    Do total produzido, em torno de 70% comercializada atravs de

    caminhoneiros para diversos mercados nacionais. Do volume de produo

    que fica no Estado, 20 a 30% passa pela Central de Abastecimento do Esprito

    Santo (Ceasa-ES) e desses 72% comercializado na Grande Vitria, sendo

    76% em rede de supermercados e quiles, e 24% em feiras livres e cozinhas

    industriais. Mercado diversificado!A Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento Aquicultura e

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    8/429

    Pesca (Seag), atravs do Instituto Capixaba de Pesquisa Assistncia Tcnica

    e Extenso Rural (Incaper), vem conduzindo um programa de Produo

    Integrada (PI) para as propriedades que cultivam este fruto, que consiste

    em introduzir o conceito de Boas Prticas Agrcolas (BPA), visando garantir

    produtos de qualidade e ganhos nos indicadores de sustentabilidade. Os

    mercados esto mais exigentes.

    Da mesma forma, atravs do Instituto de Defesa Agropecuria e

    Florestal do Esprito Santo (Idaf) essa Secretaria mantm um programa de

    Monitoramento de Resduos de Agrotxicos, que tem proporcionado ganhos

    significativos nas aes de carter educativo, preventivo e fiscalizatrio

    atividade. Medida mais que necessria!

    Ainda tem se desenvolvido programas de capacitao de tcnicos eprodutores, tanto em BPA, quanto em Tecnologia de Aplicao Adequada

    de Agrotxicos, em parceria com o Servio Nacional de Aprendizagem Rural

    (Senar). Na mesma direo, a Seag tem criado mecanismos para ampliao da

    rede de extenso rural, atravs de aes tcnicas compartilhadas, tanto com

    a iniciativa privada, quanto com as Prefeituras, atravs de suas Secretarias

    Municipais de Agricultura. Qualificao e parcerias so fundamentais!

    Pela importncia dessa atividade para o Estado do Esprito Santo, e pela

    performance que ela apresenta, o tomate merece a dedicao dos autoresque culminou na publicao desta obra, to esperada pelos diversos agentes

    da cadeia produtiva, especialmente para os produtores que j esto vendo

    seu produto ser comercializado no Mercosul. Conquista merecida!

    Parabns a todos que fazem da cultura do tomate um caso de sucesso

    do agronegcio capixaba!

    Enio Bergoli da CostaSecretrio de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag)

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    9/429

    DedicatriaEsta obra dedicada aos agricultores capixabas, em especial queles

    que vm construindo a tomaticultura no Estado do Esprito Santo. Aos

    pesquisadores, extensionistas e aos profissionais ligados comercializao e

    ao processo de fiscalizao, que vm contribuindo com a construo dessa

    histria, e aos professores das diversas instituies de ensino superior e mdio,

    que, com os seus ensinamentos, transferem e fazem crescer o conhecimento

    da Olericultura no Brasil. Suas lutas e seus ideais permitiram o momento de

    destaque desta importante olercola para a economia do Estado do Esprito

    Santo e do pas. Nesse contexto, prestamos nossas homenagens a pessoas

    que muito influenciaram na construo desta histria, liderando, ensinandoou transferindo seus conhecimentos aos tcnicos, aos agricultores ou atuando

    na formao de profissionais:

    Engenheiro Agrnomo Aquira Mizubuti (in memoriam)Professor da UFV, Viosa/MG

    Engenheiro Agrnomo Fernando Antnio Reis Filgueira (in memoriam)Professor da UFU, Uberlndia/MG

    Tcnico Agrcola Gilberto Luiz Mazzo (in memoriam)Extensionista do Incaper

    Engenheiro Agrnomo Jones Pelzio CamposProfessor aposentado da UFV, Viosa/MG

    Engenheiro Agrnomo Jos de Barros FernandesExtensionista aposentado do Incaper

    Engenheiro Agrnomo Larcio ZambolimProfessor da UFV, Viosa/MG

    Engenheiro Agrnomo Vicente Wagner Dias CasaliProfessor da UFV, Viosa/MG

    Homenagem especial Associao Brasileira de Horticultura (ABH) e sua atual diretoria,

    liderada pelo Professor Paulo Csar Tavares de Melo e o Dr. Dimas Menezes,

    que, juntamente com todos aqueles que a dirigiram com dedicao e

    compromisso durante esses 50 anos, vm contribuindo para a transformaoda olericultura neste pas.

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    10/429

    Agradecimentos

    Ao Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia Tcnica e Extenso Rural

    (Incaper), pelo apoio tcnico, financeiro e operacional para a confeco destaobra, em especial aos seus servidores ligados direta ou indiretamente ao

    Departamento de Comunicao e Marketing, pelo esforo e dedicao nos

    servios de editorao: Augusto Carlos Barraque, Dirley Paulina Nodari de

    Castro, Laudeci Maria Maia Bravin e Lilim Maria Ventorim Ferro.

    Ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) pela

    coordenao dos trabalhos com a Produo Integrada (PI) e ao Conselho

    Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), pelo

    financiamento do projeto da PI Tomate de Mesa no Esprito Santo, quepermitiram a retomada dos trabalhos com a cultura do tomate no Estado e

    a reorganizao de uma equipe multidisciplinar, o que motivou e resultou

    na elaborao desta obra. Em especial agradecemos ao Dr. Jos Rozalvo

    Andrigueto e ao Dr. Luiz Carlos Bhering Nasser pela liderana nesse processo

    da PI no Brasil.

    Aos autores e revisores pela dedicao, esforo e empenho na

    elaborao e reviso dos captulos, primando sempre pela qualidade tcnica,pela atualidade e veracidade das informaes contidas em cada parte deste

    livro.

    A todas as instituies cujos profissionais participaram na elaborao e

    no lanamento desta obra, que esperamos possa atender a sua finalidade de

    contribuir para o desenvolvimento da tomaticultura, atravs da melhoria do

    seu sistema de produo.

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    11/429

    Autores

    Antnio Alberto SilvaEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Solos e Nutrio de Plantas, Professor da UFVViosa/MG [email protected]

    Carlos Alberto Simes do CarmoEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Fitotecnia, Pesquisador do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

    Celso Luiz MorettiEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fitotecnia, Pesquisador Embrapa/HortaliasBraslia/DF [email protected]

    Cludio Pagotto Ronchi

    Engenheiro Agrnomo, D.Sc. Fisiologia Vegetal, Professor UFV/Campus de Rio ParanabaRio Paranaba/MG [email protected]

    David dos Santos MartinsEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Entomologia, Pesquisador do IncaperVitria/ES [email protected]

    Dirceu PratissoliEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Entomologia, Professor CCA-UFESAlegre/ES [email protected]

    Eveline Monteiro Cordeiro de Andrade

    Nutricionista, D.Sc. Cincia e Tecnologia de Alimentos, Professora UNIFALAlfenas/MG [email protected] Cludio Lopes de FreitasEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fitotecnia, Professor da UFERSAMossor/RN [email protected]

    Gustavo Costa de AlmeidaEngenheiro Agrnomo, CEASAMINASContagem/MG [email protected]

    Hlcio CostaEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fitopatologia, Pesquisador do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

    Jacimar Luis de SouzaEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fitotecnia/Agroecologia, Pesquisador do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

    Jos Aires VenturaEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fitopatologia, Pesquisador do IncaperVitria/ES [email protected]

    Jos Mauro de Sousa BalbinoEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fisiologia Vegetal, Pesquisador do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    12/429

    Jos Srgio SalgadoEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Solos e Nutrio de Plantas, Pesquisador do IncaperVitoria/ES [email protected]

    Leonardo Falqueto CalimanEngenheiro Agrnomo, Empresrio e Produtor Rural

    Venda Nova do Imigrante/ES [email protected]

    Lino Roberto FerreiraEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Agronomia, Professor da UFVViosa/MG [email protected]

    Lcio Lvio Fres de CastroEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Recursos Hdricos, Pesquisador do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

    Lus Henrique Lopes de FreitasTcnico em Agropecuria, Departamento de Fitotecnia/UFVViosa/MG

    Luiz Carlos PrezottiEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Solos e Nutrio de Plantas, Pesquisador do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

    Marcos Jos de Oliveira FonsecaEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Produo Vegetal, Pesquisador Embrapa/Agroindstria de AlimentosGuaratiba/RJ [email protected]

    Maria Elizabete Oliveira Abaurre

    Engenheira Agrnoma, M.Sc. Fitotecnia, Pesquisadora do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

    Mrio PuiattiEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Biologia Vegetal, Professor da UFVViosa/MG [email protected]

    Maurcio Jos FornazierEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Entomologia, Pesquisador do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

    Rosana Maria Alto Borel

    Economista, Tcnica Planejamento do IncaperCRDR-Centro Serrano, Domingos Martins/ES [email protected]

    Tarcsio da SilvaEstatstico, CEASAMINASContagem/MG [email protected]

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    13/429

    Revisores Tcnicos

    Andr Guaroni MartinsEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Solos e Nutrio de Plantas, Pesquisador do Incaper

    Carlos Alberto Simes do CarmoEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Fitotecnia, Pesquisador do Incaper

    Csar Jos FantonEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Entomologia, Pesquisador do Incaper

    Csar Pereira TeixeiraEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Fitotecnia, Pesquisador do Incaper

    Cludio Pagotto Ronchi

    Engenheiro Agrnomo, D.Sc. Fisiologia Vegetal, Professor da UFV, Rio Paranaba/MG

    Edgar Antonio FormentiniEngenheiro Agrnomo, Extensionista do Incaper

    Francisco Xavier Ribeiro do ValeEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fitopatologia, Professor da UFVFrederico de Pina MattaEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Melhoramento de Plantas, Professor do CCA-UFES

    Joo Batista Silva ArajoEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Fitotecnia, Pesquisador do Incaper

    Jos Aires VenturaEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fitopatologia, Pesquisador do Incaper

    Jos Mauro de Sousa BalbinoEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fisiologia Vegetal, Pesquisador do Incaper

    Jos Altino Machado FilhoEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Cincias Agrrias, Pesquisador do Incaper

    Lilim Maria Ventorim FerroAdministradora de Empresa, M.Sc. Economia Domstica, Tcnica Planejamento do Incaper

    Lino Roberto FerreiraEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Agronomia/Produo Vegetal, Professor da UFV

    Luciano Macal FazoloEconomista, Extensionista do Incaper

    Lcio Lvio Fres de CastroEngenheiro Agrnomo, M.Sc. Recursos Hdricos, Pesquisador do Incaper

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    14/429

    Luiz Fernando Ganassali de Oliveira JuniorEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fisiologia e Manejo Ps-colheita, Professor da UFES

    Marcelo Antnio ThomazEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Fitotecnia, Professor do CCA-UFES

    Maria Amlia Gava FerroEngenheira Agrnoma, D.Sc. Gentica e Melhoramento de Plantas, Pesquisadora Embrapa/Incaper

    Maria da Penha AngelettiEngenheira Agrnoma, M.Sc. Fitotencia, Pesquisadora do Incaper

    Marlon Vagner Valentim MartinsEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Produo Vegetal, Pesquisador do Incaper

    Ricardo da Silva BaptistaEngenheiro Agrnomo, Extensionista do Incaper

    Romrio Gava FerroEngenheiro Agrnomo, D.Sc. Gentica e Melhoramento de Plantas, Pesquisador do Incaper

    Scheilla Marina BraganaEngenheira Agrnoma, D.Sc. Fitotecnia, Pesquisadora do Incaper

    Vera Lcia Rodrigues Machado BenassiBiloga, D.Sc. Entomologia, Pesquisadora do Incaper

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    15/429

    Sumrio

    CAPTULO 1

    UTILIZAO DOS PRINCPIOS DA PRODUO INTEGRADA NATOMATICULTURA1. INTRODUO ..........................................................................................................2. DEMANDA MERCADOLGICA ........................................................................3. ORIGEM DA PRODUO INTEGRADA ..........................................................4. O SISTEMA DE PRODUO INTEGRADA ....................................................5. A PRODUO INTEGRADA NO BRASIL ........................................................6. A PRODUO INTEGRADA NO ESPRITO SANTO ....................................7. CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................

    8. REFERNCIAS ..........................................................................................................

    CAPTULO 2SISTEMA ORGNICO DE PRODUO DE TOMATE1. INTRODUO ..........................................................................................................2. O AGROECOSSISTEMA ORGNICO ................................................................2.1 PRINCPIOS GERAIS DA AGRICULTURA ORGNICA ....................................2.1.1 A construo do agroecossistema produtivo e a converso ...2.1.2 Diversificao e equilbrio ecolgico ....................................................

    2.1.3 Teoria da trofobiose ......................................................................................2.1.4 Manejo e conservao do solo .................................................................2.1.5 Fertilizao do solo e reciclagem de matria orgnica ................2.2 MANEJO DO SISTEMA ORGNICO ...................................................................3. MANEJO ORGNICO DO TOMATEIRO DE MESA........................................3.1 CULTIVARES, CLIMA E POCA DE PLANTIO ...................................................3.2 FORMAO DAS MUDAS ...................................................................................3.3 PREPARO DO SOLO E ADUBAO ...................................................................3.4 PLANTIO E ESPAAMENTO .................................................................................3.5 MANEJO DA CULTURA .........................................................................................

    3.6 PRAGAS E DOENAS ............................................................................................3.7 COLHEITA E RENDIMENTO ..................................................................................3.8 CUSTO DE PRODUO ........................................................................................4. REFERNCIAS ..........................................................................................................

    CAPTULO 3CARACTERSTICAS SOCIOECONMICAS DO CULTIVO DOTOMATEIRO NO ESTADO DO ESPRITO SANTO1. INTRODUO ..........................................................................................................

    2. MERCADO NACIONAL .........................................................................................3. PANORAMA DA TOMATICULTURA NO ESPRITO SANTO .....................

    23252628293031

    32

    3536363639

    42434548494951535455

    59616365

    69

    7173

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    16/429

    3.1 CARACTERIZAO DO SISTEMA DE PRODUO .......................................3.1.1 Mo de obra e o uso de insumos .............................................................3.1.2 Arrendamento da terra ................................................................................3.2 COMERCIALIZAO E ORIGEM DOS RECURSOS .........................................4. CONCLUSO ............................................................................................................5. REFERNCIAS ..........................................................................................................

    CAPTULO 4FISIOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DO TOMATEIRO1. INTRODUO ..........................................................................................................2. INTERAO GENTIPO X AMBIENTE ..........................................................3. GERMINAO .........................................................................................................4. CRESCIMENTO VEGETATIVO .............................................................................5. FLORESCIMENTO ...................................................................................................

    6. ESTRUTURA REPRODUTIVA ..............................................................................7. DESENVOLVIMENTO DA ESTRUTURA REPRODUTIVA AT A

    ANTESE ......................................................................................................................7.1 FATORES AMBIENTAIS ..........................................................................................7.2 REGULADORES DE CRESCIMENTO ...................................................................8. FRUTIFICAO E DESENVOLVIMENTO DO FRUTO .................................8.1 FATORES AMBIENTAIS ..........................................................................................8.2 REGULADORES DE CRESCIMENTO ...................................................................9. DESENVOLVIMENTO DO FRUTO AT O INCIO DO

    AMADURECIMENTO .............................................................................................10. AMADURECIMENTO DO FRUTO ...................................................................11. DISTRBIOS FISIOLGICOS ...........................................................................11.1 ABSCISO DE FLORES E DE FRUTOS .............................................................11.2 PODRIDO ESTILAR (PE) OU APICAL DE FRUTOS ....................................11.3 RACHADURAS DE FRUTOS ...............................................................................12. REFERNCIAS .......................................................................................................

    CAPTULO 5CLIMA, POCA DE PLANTIO E CULTIVAR1. INTRODUO ..........................................................................................................2. CLIMA .........................................................................................................................3. POCA DE PLANTIO ..............................................................................................4. CULTIVARES .............................................................................................................4.1 VARIEDADE, CULTIVAR E HBRIDO ...................................................................4.1.1 Grupo Santa Cruz ...........................................................................................4.1.2 Grupo Caqui ....................................................................................................4.1.3 Grupo Salada ....................................................................................................4.1.4 Grupo Saladete ou Italiano .......................................................................

    4.1.5 Grupo Cereja ....................................................................................................4.1.6 Grupo Holands (tipo cacho ou penca) ....................................................

    767779808283

    8586879091

    92

    939395979799

    99101104105106108109

    121122124125125128129129129

    129130

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    17/429

    5. REFERNCIAS ..........................................................................................................

    CAPTULO 6PRTICAS CULTURAIS1. INTRODUO ...........................................................................................................2. LOCAL DE PLANTIO ................................................................................................3. PREPARO DO SOLO ...............................................................................................4. PRODUO DE MUDAS ......................................................................................5. SUBSTRATO .............................................................................................................6. TRANSPLANTIO ......................................................................................................7. ESPAAMENTO .......................................................................................................8. TUTORAMENTO ......................................................................................................9. AMONTOA .................................................................................................................10. DESBROTA ..............................................................................................................

    11. PODA OU CAPAO ..........................................................................................12. PODA DE FOLHAS ...............................................................................................13. RALEAMENTO DE PENCAS ..............................................................................14. ROTAO DE CULTURA E ADUBAO VERDE ........................................15. COBERTURA DO SOLO ......................................................................................16. REFERNCIAS .......................................................................................................CAPTULO 7MANEJO DA GUA PARA A CULTURA

    1. INTRODUO .........................................................................................................2. NECESSIDADE DE GUA PARA A CULTURA ...............................................3. DISPONIBILIDADE DE GUA NO SOLO PARA AS PLANTAS ................3.1 CAPACIDADE DE CAMPO E PONTO DE MURCHA PERMANENTE ...........4. A GUA PARA A CULTURA DO TOMATE .......................................................5. SISTEMAS DE IRRIGAO PARA A CULTURA .............................................6. MTODOS PARA DETERMINAO DA IRRIGAO .................................7. ESTIMATIVA DE PARMETROS PARA O CLCULO DA IRRIGAO ..7.1 EVAPOTRANSPIRAO ........................................................................................7.2 GUA DISPONVEL NO SOLO .............................................................................8. DETERMINAO DA NECESSIDADE HDRICA EM

    MICROIRRIGAO ................................................................................................8.1 CLCULO DO VOLUME DE GUA POR GOTEJADOR ..................................9. REFERNCIAS ..........................................................................................................

    CAPTULO 8NUTRIO E ADUBAO DO TOMATEIRO1. INTRODUO ..........................................................................................................2. CALAGEM ..................................................................................................................

    3. CLCULO DA QUANTIDADE DE NUTRIENTES A SER APLICADA .......4. ADUBAO ORGNICA .......................................................................................

    130

    133135136137138139140141144144

    145145146146147147

    149151153154155160161162162

    163165165166

    169170

    171173

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    18/429

    5. SINTOMAS DE DEFICINCIAS E PARTICULARIDADES DOSNUTRIENTES ............................................................................................................

    5.1 NITROGNIO ...........................................................................................................5.2 FSFORO .................................................................................................................5.3 POTSSIO .................................................................................................................5.4 CLCIO ......................................................................................................................5.5 MAGNSIO ...............................................................................................................5.6 ENXOFRE ..................................................................................................................5.7 BORO .........................................................................................................................5.8 ZINCO ........................................................................................................................5.9 SILCIO .......................................................................................................................6. ANLISE FOLIAR ....................................................................................................7. FERTIRRIGAO ....................................................................................................8. QUALIDADE DA GUA ........................................................................................

    9. SALINIZAO DO SOLO .....................................................................................10. REFERNCIAS .......................................................................................................

    CAPITULO 9PRINCIPAIS PRAGAS DA CULTURA DO TOMATEIRO ESTAQUEADONA REGIO DAS MONTANHAS DO ESPRITO SANTO1. INTRODUO .........................................................................................................2. VETORES DE VIROSES ..........................................................................................2.1 TRIPES, LACERDINHA ...........................................................................................

    2.2 MOSCA-BRANCA ....................................................................................................2.3 PULGO-DA-BATATINHA .....................................................................................2.4 PULGO-VERDE ......................................................................................................3. TRAAS, MINADORES E BROCAS ...................................................................3.1 TRAA DO TOMATEIRO .......................................................................................3.2 MOSCA-MINADORA, LARVAMINADORA ....................................................3.3 BROCA-PEQUENA; BROCA-PEQUENA-DO-TOMATEIRO; BROCA-

    PEQUENA-DO-FRUTO ..........................................................................................3.4 LAGARTA DA ESPIGA-DO-MILHO; BROCA-GRANDE-DO-TOMATE;

    BROCA-GRANDE-DO-FRUTO; BROCO ..........................................................4. MTODOS DE AMOSTRAGEM DAS PRINCIPAIS PRAGAS ....................5. PRAGAS QUE OCORREM EM SURTOS ...........................................................5.1 COLEPTEROS .........................................................................................................5.1.1 Desfolhadores ..................................................................................................5.1.1.1 Larva alfinete; Vaquinha verde-amarela; Brasileirinho; Patriota ....5.1.1.2 Vaquinha da batatinha; Burrinho da batatinha; Vaquinha das

    solanceas; Burrinho das solanceas ......................................................5.1.2 Broqueadores de caule e razes ..............................................................5.1. 2.1 Bicho-de-tromba-do-elefante ....................................................................

    5.1.2.2 Broca-do-caule-do-tomateiro; Bicho-de-tromba-de-elefante ........5.2 LEPIDPTEROS ......................................................................................................

    174174175176176178178178179179180180182

    183183

    185188188

    190191192194194197

    199

    202204205205205205

    206206206

    206207

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    19/429

    5.2.1 Pragas Iniciais ...................................................................................................5.2.1.1 Lagarta rosca ...................................................................................................5.2.2 Desfolhadores .................................................................................................5.2.2.1 Lagarta das solanceas ................................................................................5.2.3 Brocas dos frutos ............................................................................................5.2.3.1 Lagarta-da-maa-do-algodoeiro ..............................................................5.2.3.2 Broco ................................................................................................................5.2.3.3 Falsa-medideira-da-couve ..........................................................................5.2.3.4 Traa-da-batatinha ........................................................................................5.3 ORTPTEROS ..........................................................................................................5.3.1 Pragas iniciais ..................................................................................................5.3.1.1 Grilo preto ..........................................................................................................5.3.1.2 Cachorrinho dgua; Grilo toupeira; Paquinha ....................................5.4 HEMPTEROS/HETERPTEROS ..........................................................................

    5.4.1 Percevejo ............................................................................................................5.4.1.1 Percevejo-do-tomate; Chupador-do-tomate ........................................5.4.1.2 Percevejo-de-renda; Mosquito-do-tomateiro ......................................5.5 CAROS ....................................................................................................................5.5.1 caro .....................................................................................................................5.5.1.1 caro rajado ......................................................................................................5.5.1.2 caro-branco; caro tropical; caro da rasgadura; caro da

    queda do chapu do mamoeiro ................................................................5.5.1.3 Microcaro; caro do bronzeamento .....................................................

    6. CONTROLE DE VETORES .....................................................................................7. CONTROLE DE TRAAS E BROCAS .................................................................8. CONTROLE DA MOSCA-MINADORA .............................................................9. BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS .....................................................................CAPITULO 10DOENAS DO TOMATEIRO NO ESTADO DO ESPIRITO SANTO:RECONHECIMENTO E MANEJO1. INTRODUO .........................................................................................................2. DOENAS CAUSADAS POR FUNGOS ............................................................2.1 FUNGOS DA PARTE AREA .................................................................................2.1.1 Mela ou requeima ..........................................................................................2.1.2 Pinta-preta ........................................................................................................2.1.3 Septoriose .........................................................................................................2.1.4 Mancha de estenflio ....................................................................................2.1.5 Odio e mancha de oidiopsis .....................................................................2.1.6 Mancha de cladosporium ...........................................................................2.2 FUNGOS DE SOLO .................................................................................................2.2.1 Murcha de fusarium ......................................................................................

    2.2.2 Murcha de verticillium .................................................................................2.2.3 Mofo cinzento ..................................................................................................

    207207207207207207208208210210210210210211

    211211211211211211

    212212

    213214215226

    227228228228233237239242245247247

    253257

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    20/429

    2.2.4 Podrido ou mofo de esclerotnia ..........................................................2.2.5 Murcha de esclerdio ou podrido do colo ...................... .......... .......3. DOENAS CAUSADAS POR BACTRIAS ......................................................3.1 MURCHADEIRA ......................................................................................................3.2 TALO-OCO ................................................................................................................3.3 MANCHA BACTERIANA .......................................................................................3.4 PINTA BACTERIANA ..............................................................................................3.5 CANCRO BACTERIANO ........................................................................................4. DOENAS CAUSADAS POR NEMATOIDES ................................................4.1 NEMATOIDES DAS GALHAS ................................................................................5. DOENAS CAUSADAS POR VIRUS E FITOPLASMAS ................................5.1 MOSAICO-AMARELO ............................................................................................5.2 VIRA-CABEA DO TOMATEIRO ..........................................................................5.3 MOSAICO COMUM ................................................................................................

    5.4 RISCA OU MOSAICO Y ..........................................................................................5.5 BROTO-CRESPO ......................................................................................................5.6 TOPO-AMARELO E AMARELO-BAIXEIRO ........................................................5.7 MOSAICO - Geminivirus(complexo de espcies) .......................................5.8 CLICE GIGANTE ...................................................................................................7. REFERNCIAS .........................................................................................................CAPTULO 11MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO TOMATEIRO

    1. INTRODUO ..........................................................................................................2. MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS ......................................3. CARACTERSTICAS DAS PLANTAS DANINHAS E SEUS

    PREJUZOS AO TOMATEIRO ..............................................................................4. ASPECTOS DA COMPETIO DE PLANTAS DANINHAS ........................5. PERODO CRTICO DE COMPETIO DAS PLANTAS DANINHAS ......6. MTODOS DE CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ..............................6.1 CONTROLE PREVENTIVO .....................................................................................6.2 CONTROLE CULTURAL .........................................................................................6.3 CONTROLE MECNICO ........................................................................................6.4 CONTROLE QUMICO ...........................................................................................6.4.1 Principais herbicidas recomendados para a cultura do

    tomateiro ...........................................................................................................6.4.1.1 Clethodim .........................................................................................................6.4.1.2 Fluazifop-p-butil .............................................................................................6.4.1.3 Metribuzin ........................................................................................................6.4.1.4 Trifuralin ............................................................................................................7. DICAS PARA DETECO DE RESDUOS DE HERBICIDAS EM

    ESTERCO BOVINO .................................................................................................

    8. REFERNCIAS ..........................................................................................................9. APENDICE .................................................................................................................

    261265267267271274277282288288291291295297

    299300301303306314

    317318

    319322323327327329

    330333

    334334335336337

    340

    342347

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    21/429

    CAPITULO 12APLICAO DE DEFENSIVOS NA CULTURA DO TOMATE1. INTRODUO ..........................................................................................................2. EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL ...........................................2.1 LUVAS ........................................................................................................................2.2 BOTAS IMPERMEVEIS .........................................................................................2.3 JALECO E CALAS .................................................................................................2.4 BON RABE ...........................................................................................................2.5 VISEIRA FACIAL ......................................................................................................2.6 RESPIRADORES (MSCARAS) ............................................................................2.7 AVENTAL ...................................................................................................................2.8 LIMPEZA DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL ..................3. APLICAO DE DEFENSIVOS AGRCOLAS .................................................4. EQUIPAMENTOS PARA APLICAO DE DEFENSIVOS AGRCOLAS

    NO TOMATEIRO ......................................................................................................4.1 PULVERIZADOR COSTAL MANUAL ..................................................................4.2 PULVERIZADOR COSTAL MOTORIZADO ........................................................4.3 PULVERIZADOR ACOPLADO SOBRE RODAS ................................................4.4 PULVERIZADOR ESTACIONRIO .......................................................................4.5 PULVERIZADOR DE BARRA ACOPLADO AO TRATOR .................................5. PONTAS DE PULVERIZAO ............................................................................5.1 PONTAS DE JATO PLANO .......................................................................................5.2 PONTAS DE JATO CNICO ...................................................................................

    6. TAMANHO DAS GOTAS .......................................................................................7. COBERTURA DO ALVO .........................................................................................8. USO DE SURFATANTES ........................................................................................9. SISTEMA DE CONDUO DA CULTURA ........................................................10. VOLUME DE CALDA ............................................................................................11. CALIBRAO DO PULVERIZADOR ..............................................................12. AVALIAO DOS PULVERIZADORES ANTES DO INCIO DAS

    OPERAES ..........................................................................................................13. CONDIES AMBIENTAIS NA APLICAO DE DEFENSIVOS

    AGRCOLAS ...........................................................................................................14. PRESSO DE TRABALHO .................................................................................15. MISTURA DE DEFENSIVOS AGRCOLAS NO TANQUE DO

    PULVERIZADOR ...................................................................................................16. DESTINO FINAL DAS EMBALAGENS VAZIAS ..........................................17. REFERNCIAS .......................................................................................................

    CAPITULO 13MANEJO NA COLHEITA E PS-COLHEITA1. INTRODUO ..........................................................................................................

    2. PADRO DE QUALIDADE DO TOMATE ..........................................................

    349351352353354354354354355355355

    356356359359360362363364366

    367369370371372373

    374

    374376

    376377378

    381

    382

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    22/429

    3. CAUSAS E CONSEQUNCIAS DA PERDA DO PADRO DEQUALIDADE .............................................................................................................

    4. FISIOLOGIA DO AMADURECIMENTO DO TOMATE .................................4.1 DESORDENS FISIOLGICAS ...............................................................................5. PONTO DE COLHEITA ..........................................................................................6. CUIDADOS NA COLHEITA E PS-COLHEITA ...............................................7. PROCEDIMENTOS E MANEJO EM PS-COLHEITA DOS FRUTOS ......7.1 SELEO E CLASSIFICAO ..............................................................................7.1.1 Grupos .................................................................................................................7.1.2 Subgrupos .........................................................................................................7.1.3 Classes ou calibres .........................................................................................7.1.4 Tipos ou graus de seleo ou categoria ...............................................7.1.5 Requisitos gerais ............................................................................................7.2 LAVAGEM DOS FRUTOS .......................................................................................

    7.2.1 Qualidade da gua ........................................................................................7.2.2 Agentes qumicos antimicrobianos .......................................................7.2.3 Sade e higiene dos trabalhadores .......................................................7.3 INFRAESTRUTURA DA CASA DE EMBALAGEM ............................................7.4 EMBALAGEM ...........................................................................................................7.5 ARMAZENAMENTO REFRIGERADO .................................................................7.6 TRANSPORTE ..........................................................................................................8. RASTREABILIDADE ...............................................................................................9. POSSIBILIDADE DE USO COMO PRODUTO MINIMAMENTE

    PROCESSADO .........................................................................................................10. REFERNCIAS .......................................................................................................CAPITULO 14COMERCIALIZAO DO TOMATE1. INTRODUO ..........................................................................................................2. COMERCIALIZAO DE TOMATE SANTA CRUZ NAS CEASAS DA

    REGIO SUDESTE ..................................................................................................3. LEGISLAO NA COMERCIALIZAO DE PRODUTOS

    HORTCOLAS ...........................................................................................................3.1 A CLASSIFICAO DE PRODUTOS HORTCOLAS ..........................................3.1.1 Embalagem ........................................................................................................3.1.2 Rotulagem ..........................................................................................................4. UTILIZAO DO MARKETING NA COMERCILIZAO DE FRUTAS

    E HORTALIAS ........................................................................................................5. REFERNCIAS ..........................................................................................................

    384385387388389392392394394394395395396

    397399399400401405409410

    411411

    415

    416

    420421421422

    425427

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    23/429

    Captulo 1

    UTILIZAO DOS PRINCPIOS DA PRODUOINTEGRADA NA TOMATICULTURA

    Jos Mauro de Sousa BalbinoJos Srgio Salgado

    David dos Santos Martins

    1. INTRODUO

    Busca-se, com a implantao da Produo Integrada (PI) para o tomate,

    envolver, organizar e normatizar a cadeia produtiva dessa cultura, visando

    desenvolver aes que levem a uma produo economicamente vivel e

    socialmente justa, eliminao do uso de defensivos extremamente txicos,

    reduo da quantidade de tratamentos fitossanitrios por ano nas culturas,

    reduo da presso seletiva sobre predadores das pragas, diminuio

    dos riscos de contaminao do solo, da gua, do fruto e do prprio homem

    e capacitao de tcnicos e agricultores envolvidos no agronegcio.

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    24/429

    24

    Captulo 1

    Enfim, busca-se a implementao de um sistema produtivo sustentvel que

    proporcione a produo de frutos com padro de qualidade, visando atender

    tanto o mercado nacional como o internacional.

    A normatizao que vem sendo implementada para o tomate tem por

    base as experincias acumuladas, principalmente com a Produo Integrada

    de Frutas (PIF).

    A Produo Integrada (PI) surgiu na Europa como uma extenso do

    manejo integrado de pragas e evoluiu, ocupando muitas reas em pases

    tradicionalmente produtores de frutas. Na Amrica do Sul, a Argentina foi

    o primeiro pas a implant-la. No Brasil, iniciou-se com a cultura da ma,

    marco da PI no pas, e no Estado do Esprito Santo, iniciou-se com a cultura

    do mamo.O uso da PI vem se intensificando em diversas regies produtoras

    de frutas e hortalias da Alemanha, ustria, Sua, Itlia, Espanha, Blgica e

    Portugal. Nesses pases, as frutas e hortalias obtidas da PI so certificadas,

    sendo preferidas pelos grandes canais de comercializao (SANHVEZA, 2000).

    Quanto produo de hortalias, a Espanha o pas que tem a maior rea

    cultivada com esse sistema (LOPES; SILVA, 2010).

    No Brasil, os estudos com a Produo Integrada de hortalias iniciaram-

    se recentemente com as culturas da batata e do tomate de mesa e paraindstria, visando atender a sustentabilidade da cultura e as exigncias de

    mercados.

    O tomate, principal olercola produzida no Esprito Santo, apresenta

    alta infestao de pragas e incidncia de doenas, exigindo frequentes

    intervenes com defensivos nos sistemas de produo convencional. Estas

    intervenes aumentam a probabilidade de contaminao dos agricultores,

    do ambiente e do consumidor, sendo esse o principal impacto desse sistemade produo.

    Assim sendo, para a tomaticultura e para a agricultura de maneira geral,

    o desafio que se apresenta a substituio do manejo convencional, baseado

    no uso intensivo dos insumos agrcolas, muitas vezes utilizados de forma

    abusiva, por sistemas alternativos, apoiados na utilizao racional e eficiente

    desses produtos, de forma a estimular os processos biolgicos e manter e/ou

    recuperar o potencial da biodiversidade ambiental (PROTAS, 2003).

    Neste captulo, sero abordados aspectos relacionados s exigncias demercado, a proposio das normas da Produo Integrada, como alternativa

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    25/429

    25

    Utilizao dos princpios da produo integrada na tomaticultura

    para atender a essas demandas, com nfase para o tomate, e apresentar

    alguns avanos obtidos pela PI, principalmente no Estado do Esprito Santo.

    2. DEMANDA MERCADOLGICA

    Embora no Brasil a produo de hortalias seja de aproximadamente 19

    milhes de toneladas, menos de 2% so exportados (EMBRAPA, 2010). Esses

    resultados refletem, em parte, limitaes desse segmento, quando buscam

    competir em mercados mais exigentes e apontam para a necessidade de

    aes emergenciais que favoream a sua competitividade. Nesse contexto,

    destacam-se: o planejamento e a adequao da infraestrutura da base de

    produo, a qualidade do produto, a segurana do alimento, a logstica dedistribuio e o marketing para os diversos produtos. Ou seja, h muito o que

    ser realizado para se conquistar mercados mais exigentes.

    O cenrio mercadolgico internacional sinaliza que cada vez mais

    ser valorizado o aspecto qualitativo e o respeito ao ambiente na produo

    agrcola. Os pases maiores importadores e as principais frutas exportadas

    pelo Brasil, por exemplo, mostram a grande potencialidade do mercado ainda

    existente nesse setor, tendo em vista, principalmente, o aperfeioamento dos

    mercados, a mudana de hbitos alimentares e a necessidade de alimentosseguros (SANHUEZA; ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2003). Nesse sentido,

    fundamental que seja entendido por todos os envolvidos nas cadeias

    produtivas das diversas hortalias que esse segmento dever seguir o mesmo

    propsito, e o tomate, como uma das principais culturas no setor, dever

    servir de um desses modelos tanto no sentido de atender ao mercado interno,

    quanto para garantir padro de qualidade para exportao. Assim sendo,

    vale como referencial para o tomate as mesmas questes que vm sendoapontadas de maneira geral pelos mercados mais exigentes: (i) movimento

    dos consumidores, principalmente europeus, na busca de frutas e hortalias

    sadias e com ausncia de resduos de defensivos prejudiciais sade humana;

    e (ii) a presena de importantes cadeias de distribuidores e de supermercados

    europeus, que tm pressionado exportadores de frutas e hortalias para

    o estabelecimento de regras de produo que levem em considerao:

    ausncia de resduos de agroqumicos, adequao do ambiente e condies

    de trabalho e higiene do produto e do trabalhador (ANDRIGUETO; KOSOSKI,2003; SANHUEZA; ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2003).

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    26/429

    26

    Captulo 1

    Tambm o mercado interno vem apontando e exigindo mudanas

    rpidas e radicais para o segmento produtivo, seja para distribuio in natura,

    seja para processamento ou para refeies coletivas. Mostra que h grandes

    oportunidades dentro do agronegcio, mas que essas oportunidades exigem

    mudanas de comportamento pelas pessoas envolvidas, visando a alteraes

    no padro tecnolgico de gerenciamento da produo e sua distribuio,

    estabelecendo um compromisso de buscar um processo sustentvel e de

    melhoria continuada.

    Para que essa atividade se torne sustentvel, fundamental que se

    procure, mais do que um produto de qualidade, uma produo de qualidade.

    Esta produo de qualidade um nome genrico que apresenta mltiplos

    aspectos. No sentido amplo, implica que os produtos devam apresentar certosrequisitos como gosto, consistncia, maturao, apresentao, inexistncia

    de resduos txicos acima dos nveis permitidos, e que a tecnologia utilizada

    seja de mnimo impacto sobre o meio ambiente e no prejudique a sade do

    agricultor (PROTAS, 2003).

    O vertiginoso crescimento das atividades industriais, ocorrido no

    ltimo quarto do sculo XX, despertou, principalmente nas comunidades

    mais esclarecidas, uma forte conscientizao de que a natureza no infinita

    em sua capacidade de absorver os impactos de todas as atividades humanas,no ritmo em que vem ocorrendo, sem que sejam alteradas as condies

    ambientais globais. Especificamente no caso da produo agrcola, os

    grandes benefcios decorrentes da utilizao dos defensivos, descobertos a

    partir da dcada de 40, traduzidos em maior eficcia e facilidade de utilizao,

    bem como na soluo de problemas fitossanitrios at a insolveis, foram

    perturbados pela frequncia de ocorrncias de efeitos secundrios. Dentre

    esses efeitos vale ressaltar a possibilidade de intoxicao do homem e deanimais domsticos, a degradao do ambiente e, em particular, o efeito

    sobre os organismos auxiliares benficos, a poluio da gua e do solo pelos

    defensivos e a seleo de organismos de espcies de pragas com resistncia

    aos defensivos em uso (PROTAS, 2003).

    3. ORIGEM DA PRODUO INTEGRADA

    Os primeiros trabalhos com a PI surgiram na Alemanha e Sua na dcadade 70 e posteriormente na Itlia com a PIF. A PI surgiu como uma extenso

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    27/429

    27

    Utilizao dos princpios da produo integrada na tomaticultura

    do manejo integrado de pragas, uma vez que, juntamente, agricultores e

    pesquisadores constataram que era possvel estender esses conhecimentos

    para produzir frutas com qualidade, reduzir o uso de defensivos e o impacto

    ambiental, desde que as prticas fossem realizadas dentro do pomar de

    forma integrada (FACHINELLO, 2003). Porm, foi a partir dos anos 80 e 90

    que a PI tomou grande impulso em funo do movimento de consumidores

    que buscavam frutos sadios, com qualidade e sem resduos de defensivos

    (SANSAVINI, 1998). No entanto, apenas em 1993, a Organizao Internacional

    de controle Biolgico e Integrado contra os Animais e Plantas Nocivos (OICB)

    publicou as diretrizes gerais para pomceas, e em 1997, para frutas de caroo

    (CROSS; DCKER, 1994; CROSS et al., 1996, apud FACHINELLO, 2003).

    A adoo do sistema de produo integrada evoluiu em curto espao detempo, tomando conta de muitas reas existentes em pases tradicionalmente

    produtores de frutas. Na Amrica do Sul, a Argentina foi o primeiro pas a

    implantar o sistema, em 1997 (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2003), seguindo-se no

    mesmo ano o Uruguai, que, embora tenha iniciado as primeiras discusses

    sobre o tema em 1994, somente em 1997 iniciou formalmente o primeiro

    programa de produo integrada em frutas e um ano depois em hortalias

    (NUNES et al., 2003).

    Quanto s hortalias, a Espanha vem desenvolvendo a PI para cultivosob tnel desde o incio da dcada de 90, havendo uma evoluo do processo

    que permitiu a aprovao, em dezembro de 1997, de um regulamento

    especfico para a Produo Integrada de tomate sob tnel. Assim sendo,

    segue-se a tendncia de adoo de mtodos mais racionais para o manejo

    de pragas e a aplicao de tecnologias voltadas para o respeito ao ambiente

    (BELTA; LASTRES, 2005).

    A Organizao Internacional de controle Biolgico e Integrado contraos Animais e Plantas Nocivos (OICB) define a PI como o sistema de produo

    que gera alimentos e demais produtos de alta qualidade, mediante a aplicao

    de recursos naturais e regulao de mecanismos para a substituio de

    insumos poluentes e a garantia da sustentabilidade agrcola. A PI enfatiza

    o enfoque do sistema holstico, envolvendo a totalidade ambiental como

    unidade bsica; o papel central do agroecossistema; o equilbrio do ciclo

    de nutrientes; a preservao e o desenvolvimento da fertilidade do solo e a

    diversidade ambiental como componentes essenciais; e mtodos e tcnicasde controle biolgico e qumico cuidadosamente equilibrados, levando-

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    28/429

    28

    Captulo 1

    se em conta a preservao ambiental, o retorno econmico e os requisitos

    sociais (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2002).

    A PI, alm de ser uma proposta de agricultura sustentvel sob o ponto

    de vista ecolgico, social e econmico, uma possibilidade de sobrevivncia

    e garantia de concorrer com os mercados externos, pois as normas tcnicas

    so aceitas pela sociedade e pelos distribuidores (FACHINELLO, 2003).

    4. O SISTEMA DE PRODUO INTEGRADA

    A PI um sistema de diretrizes tcnicas e de normas, sendo as

    especificidades definidas, por consenso, por meio de um Comit Gestor

    Voluntrio. Este conjunto de normas busca a produo de alimentos e outrosprodutos de alta qualidade com a utilizao racional dos recursos naturais e

    de mecanismos reguladores para controlar os insumos agrcolas, assegurando

    uma produo agrcola sustentada, auditada por Organismos de Avaliao da

    Conformidade (OAC) nacionais ou internacionais.

    A PI baseada em trs componentes bsicos:

    preveno: com base na utilizao de cultivares resistentes, proteoaos inimigos naturais, fertilizao dirigida e diversificao de cultivos e outras

    de ao similares;observao: aplicao de sistemas de alerta, de medidas quarenten-

    rias e adoo de nveis de danos para monitoramento e deteco de pragas e

    doenas e capacitao e aperfeioamento da equipe envolvida no processo; e

    interveno: por intermdio da adoo de mtodos mecnicos, qu-micos e biolgicos para controle de pragas e doenas, como o emprego de

    feromnios, produtos biolgicos, inimigos naturais e produtos fitossanitrios

    registrados no Ministrio da Agricultura Pecuria e Abastecimento (MAPA).As normas da PI esto organizadas em 15 reas temticas, distribudas

    em normas tcnicas obrigatrias, recomendadas, proibidas e permitidas com

    restries (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2002). As reas temticas contempladas

    so:

    capacitao de recursos humanos;organizao de produtores;recursos naturais;

    material propagativo;implantao de lavoura;

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    29/429

    29

    Utilizao dos princpios da produo integrada na tomaticultura

    nutrio de plantas;manejo e conservao do solo;recursos hdricos e irrigao;manejo da parte area;proteo integrada da planta;colheita e ps-colheita;anlise de resduos;processo de empacotadoras (casas de embalagem);sistema de rastreabilidade e cadernos de campo eassistncia tcnica.Com essas normas busca-se, com a integrao, o envolvimento e a

    organizao da cadeia produtiva do tomate, visando desenvolver aes quelevem a atender aos objetivos e s metas da PI.

    5. A PRODUO INTEGRADA NO BRASIL

    No Brasil, a busca de solues tecnolgicas que viabilizassem tcnica

    e economicamente a produo integrada iniciou em 1997, com a cultura

    da ma, por intermdio de um projeto de pesquisa multi-institucional e

    interdisciplinar liderado pela Embrapa Uva e Vinho. Devido ao seu sucesso,

    esse projeto foi levado a condio de programa de referncia para outras

    cadeias produtivas no pas (PROTAS, 2003). Aps a incluso de vrias fruteiras

    no programa, em 2004, outras solicitaes foram enviadas ao Ministrio da

    Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA), dentre as quais a incluso de

    projetos para a Produo Integrada de hortalias, como tomate para indstria

    e para mesa, batata, gengibre, inhame e taro.

    Uma das aes prioritrias do programa da produo integrada no Brasilconsiste num sistema de produo orientada e de livre adeso por parte dos

    agricultores e das empacotadoras, que poder ser utilizado como ferramenta

    para se concorrer nos mercados nacional e internacional (ANDRIGUETO;

    KOSOSKI, 2003).

    Os avanos com os projetos da PI no Brasil levaram construo do seu

    marco legal com base na Normativa n 20 do MAPA em 2001 (ANDRIGUETO;

    KOSOSKI, 2002).

    O marco legal da PI no Brasil composto pelas Diretrizes Gerais para

    a Produo Integrada, pelo Regulamento de Avaliao da Conformidade,

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    30/429

    30

    Captulo 1

    pelas definies e conceitos da PI, pelo Regimento Interno da Comisso

    Tcnica, pelos Formulrios de Cadastro e outros componentes (ANDRIGUETO;

    KOSOSKI, 2002; ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2003; MARTINS, 2003).

    6. A PRODUO INTEGRADA NO ESPRITO SANTO

    No Estado do Esprito Santo, o projeto da produo integrada teve seu

    incio com a cultura do mamo, efetivamente implantado no comeo de 2001.

    Esse projeto marcou tambm a implantao das aes visando produo

    integrada com essa cultura no Brasil (MARTINS; YAMANISHI; TATAGIBA, 2003).

    Os principais benefcios alcanados com a implantao da PI de

    Mamo tm sido verificados quanto reduo na utilizao dos defensivose suas consequncias nos aspectos ambientais, toxicolgicos e econmicos;

    organizao da base produtiva, ao treinamento e profissionalizao de

    tcnicos e agricultores (MARTINS, 2003).

    Em razo dos resultados alcanados com a PI Mamo e da exigncia do

    mercado pela qualificao de outros produtos, o Incaper estendeu essa linha

    de trabalho, solicitando ao MAPA novos projetos contemplando as culturas do

    morango (COSTA et al., 2004) coco, tomate para mesa e as razes e tubrculos

    (gengibre, inhame e taro).No final de 2004, iniciou-se, no Esprito Santo, um conjunto de aes

    buscando-se adotar os princpios da PI na cultura do tomate de mesa,

    tendo sido realizados, a partir do ano de 2005, seminrios e divulgao de

    materiais esclarecendo sobre as normas que regulamentam esse sistema

    de produo e cursos tcnicos sobre a cultura com base nas normas da PI.

    Concomitantemente, criou-se um comit para elaborao preliminar das

    normas tcnicas especficas para a produo integrada do tomate (BALBINOet al., 2006). As normas para o tomate tm tambm por base o marco legal

    da produo integrada descrito na Normativa n 20 do MAPA (ANDRIGUETO;

    KOSOSKI, 2002).

    O conjunto de normas para o tomate nesse sistema visa, alm do

    padro de qualidade dos frutos, reduzir os impactos da sua produo sobre o

    ambiente, no que se refere principalmente aos cuidados com o solo, a gua e

    os inimigos naturais, visando minimizar a ocorrncia das principais doenas

    e pragas que atacam a cultura, o que certamente acarretar reduo naaplicao de defensivos. Assim, por consequncia, estar contribuindo para

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    31/429

    31

    Utilizao dos princpios da produo integrada na tomaticultura

    atenuar a degradao do ecossistema, propiciando uma tendncia para uma

    agricultura de carter sustentvel, com maior segurana do alimento.

    A PI exige normalmente ajustes no sistema produtivo, e para tanto tem-

    se realizado acompanhamentos de lavouras com vistas a serem referncias

    para a cultura, incluindo, nesse caso, ajustes para o monitoramento de pragas

    e doenas (BALBINO et al., 2006; FORNAZIER; PRATRISSOLI; BALBINO, 2006) e

    testes de cultivares melhor adaptados ao sistema (COSTA; CARMO; VENTURA,

    2007).

    7. CONSIDERAES FINAIS

    A produo integrada tem evoludo no mundo em resposta sexigncias de mercado pela gerao de alimentos limpos e com reduzido

    impacto negativo sobre o meio ambiente.

    Para que os avanos que se procura alcanar dentro do agronegcio

    do tomate se consolidem necessria a implementao de mais aes que

    busquem uma produo sustentvel e uma viglia permanente, visando

    minimizar os retrocessos oriundos de diversos princpios culturais, h muito

    imbudos em vrios agentes envolvidos no desenvolvimento de sua cadeia

    produtiva.O conjunto de manejo para o tomate visa, alm do padro de qualidade

    dos frutos, a aes de reduo dos impactos da sua produo sobre o meio

    ambiente, evitando a contaminao do solo e da gua e correta avaliao

    da ocorrncia das principais pragas e doenas, para seu adequado e efetivo

    controle, reduzindo o uso de defensivos. Assim sendo, contribui para a

    proteo do ecossistema, propiciando uma tendncia para uma agricultura

    de carter sustentvel, com maior segurana do alimento.Merece tambm destaque o fato de que cada vez mais os mercados vm

    exigindo produtos de elevado padro de qualidade, oriundos de sistemas de

    produo voltados para o princpio da sustentabilidade ambiental e a busca

    da preservao da sade do agricultor e dos consumidores.

    No Brasil, verifica-se que a atual tendncia deva ser orientar a todos os

    agentes da cadeia produtiva, no sentido de no s aplicar tcnicas visando a

    maior produtividade, mas tambm utilizar aquelas que permitam a gerao

    de produtos de melhor padro de qualidade para consumo. Neste contexto, adefinio de um sistema de Produo Integrada para o Tomateiro (PI Tomate)

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    32/429

    32

    Captulo 1

    no Estado do Esprito Santo significa, no plano tecnolgico, uma equiparao

    aos pases com agricultura mais desenvolvida; no plano mercadolgico, a

    habilitao para competir tanto no mercado interno quanto no externo; e

    no plano estratgico, a possibilidade da oferta de produtos diferenciados,

    capazes de conceder garantia da sustentabilidade da cultura no Estado.

    8. REFERNCIAS

    ANDRIGUETO, J. R., KOSOSKI, A. R. (Org.) Marco legal da produointegrada de frutas do Brasil. Braslia, DF: MAPA/SARC, 2002.

    ANDRIGUETO, J. R., KOSOSKI, A. R. Desenvolvimento e conquista da

    produo integrada de frutas no Brasil. In: MARTINS, D. dos S. (Ed.). PapayaBrasil: qualidade do mamo para o mercado interno. Vitria, ES: Incaper,2003.

    BALBINO, J. M. de S.; FORNAZIER, M. J.; ABAURRE, M. E. O.; BOREL, R. M. A.;COSTA, H.; CASTRO, L. L. F. de; PREZOTTI, L. C.; CARMO, C. A. S. do. Aespara a construo participativa da produo integrada do tomate de mesano Esprito Santo. In: MARTINS, D. dos S. (Ed.). SEMINRIO BRASILEIRO DEPRODUO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Anais... Vitria, ES: Incaper,

    2006.

    COSTA, H.; BALBINO, J. M. de S.; TEIXEIRA, C. P.; FORNAZIER, M. J.; PREZOTTI,L. C.; CASTRO, L. L. F. de; BOREL, R. M. A.; VENTURA, J. A.; MARTINS, D.dos S. Produo integrada de morangueiro. In: SIMPSIO NACIONAL DOMORANGO E DO 1 ENCONTRO DE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVASDO MERCOSUL, 2, 2004, Pelotas. Anais... Pelotas, RS: Embrapa ClimaTemperado, 2004.

    COSTA, H.; CARMO, C. A. S. do; VENTURA, J. A. Avaliao de hbridos detomate mancha-de-estenfilio em condies de campo, no Estado doEsprito Santo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA,47.,2007,Porto Seguro:BA. Anais... Porto Seguro, BA, 2007.

    EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria. Hortalias emnmeros: situao da produo de hortalias no Brasil, 2008. Acesso em 12/mar./2010.

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    33/429

    33

    Utilizao dos princpios da produo integrada na tomaticultura

    FACHINELLO, J. C. Situao e perspectiva da Produo integrada na Europa.In: PROTAS, J. F. da S.; SANHUEZA. R.M.V.(Ed.). Produo integrada defrutas: o caso da ma no Brasil. Bento Gonalves, RS: Embrapa Uva e Vinho,2003.

    FORNAZIER, M. J.; PRATISSOLI, D.; BALBINO, J. M. de S. Manejo Integrado econtrole biolgico de pragas como base inicial da produo integrada detomate na regio de montanha do Esprito Santo. In: SEMINRIO BRASILEIRODE PRODUO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitria. Anais... Vitria, ES:Incaper, 2006.

    LOPES, P. R. C.; SILVA, A. de S. S. Possibilidades da produo integradaem hortalias. Disponvel em: . Acesso em: 12 mar. 2010.

    MARTINS, D. dos S. Situao atual da produo integrada de mamo noBrasil. In: MARTINS, D. dos S. (Ed.). Papaya Brasil: qualidade do mamo parao mercado interno. Vitria, ES: Incaper, 2003.

    MARTINS, D. dos S, YAMANISHI, O. K., TATAGIBA, J. da S. Normas tcnicas edocumentos de acompanhamento da produo integrada de mamo.

    Vitria, ES: Incaper, 2003. (Incaper, Documento, 120).

    NUNES, S.; SCATONI, I.; LEONI, C.; MONDINO, P.; TELLIS, V.; CARREGA, E.Situacin actual y perspectivas de la produccin integrada frutcula enUruguay. In: SEMINRIO BRASILEIRO SOBRE PRODUO INTEGRADA DEFRUTAS, 5;, 2003, Bento Gonalves. Anais... Bento Gonalves, RS: EmbrapaUva e Vinho, 2003.

    PROTAS, J. F. da S. Marcos referenciais da produo integrada de ma: da

    concepo implantao. In: PROTAS, J.F. da S.; SANHUEZA. R.M.V.(Ed.).Produo integrada de frutas: o caso da ma no Brasil. Bento Gonalves,RS: Embrapa Uva e Vinho, 2003.

    SANHUEZA, R. M. V. Produo integrada de frutas. In: CONGRESSOBRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 16., 2000, Fortaleza. Anais... Fortaleza:Sociedade Brasileira de Fruticultura; Embrapa Agroindstria Tropical, 2000.CD-ROM

    SANHUEZA, R. M. V.; ANDRIGUETO, J. R.; KOSOSKI, A. R. Situao atual daproduo integrada de frutas no Brasil. In: SEMINRIO BRASILEIRO SOBRE

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    34/429

    34

    Captulo 1

    PRODUO INTEGRADA DE FRUTAS, 5., 2003, Bento Gonalves, Anais...Bento Gonalves, RS: Embrapa Uva e Vinho, 2003.

    SANSAVINI, S. Integrated fruit production: process, issues, prospects after ten

    years experience. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 15., 1998,Poos de Caldas: MG, Anais... Poos de Calda, MG.

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    35/429

    35

    Sistema orgnico de produo de tomate

    Captulo 2

    SISTEMA ORGNICO DE PRODUODE TOMATE

    Jacimar Luis de Souza

    1. INTRODUO

    No campo da alimentao, certamente um dos maiores desejos de umapessoa consumir tomates sem resduos de agrotxicos, principalmente pela

    quantidade ingerida e pela forma de consumoin naturadesta hortalia na dieta

    diria. Este captulo apresenta inicialmente os princpios gerais e as tcnicas

    de produo da agricultura orgnica para aplicao no cultivo do tomate

    orgnico de mesa. Posteriormente, enfoca-se o manejo orgnico especfico

    da cultura do tomate, detalhando as variveis tecnolgicas, cultivares,

    formao de mudas, preparo do solo, adubao orgnica, biofertilizao

    suplementar, tratos culturais adaptados ao sistema, controle alternativo de

    Foto:LaudeciM.

    M.B

    ravin(DomaineOrgnicos).

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    36/429

    36

    Captulo 2

    pragas e doenas, colheita e rendimento, alm da avaliao e do desempenho

    econmico da cultura. As tecnologias e os resultados apresentados, ao

    contrrio do pensamento da maioria dos tcnicos e agricultores deste pas,

    indicam plena viabilidade tcnica e, especialmente, econmica da produo

    dessa importante espcie em sistema orgnico.

    2. O AGROECOSSISTEMA ORGNICO

    2.1 PRINCPIOS GERAIS DA AGRICULTURA ORGNICA

    A produo de alimentos orgnicos no significa apenas substituir

    insumos sintticos por insumos orgnicos no manejo dos cultivos que sepretende fazer. Representa muito mais que isto. Subentende-se cumprir

    requisitos no mbito dos direitos trabalhistas, do estatuto da criana e

    do adolescente, dos princpios e das tcnicas de produo e, em algumas

    situaes, da certificao dos produtos, para alcance de credibilidade no

    mercado.

    Neste momento, sero enfocados alguns desses aspectos citados,

    especialmente os relacionados a um apropriado planejamento tcnico

    do sistema produtivo, apresentando as etapas necessrias para se chegar produo orgnica do tomate de mesa de forma sustentvel e eficaz,

    sem perder a ideia da insero da cultura no contexto geral da agricultura

    orgnica.

    2.1.1 A construo do agroecossistema produtivo e a converso

    Ecossistema um sistema funcional de relaes entre organismosvivos e seu ambiente, delimitado arbitrariamente, mantendo um equilbrio

    dinmico no espao e no tempo. A manipulao e a alterao dos ecossistemas

    pelo homem, com o propsito de estabelecer uma produo agrcola,

    tornam os agroecossistemas muito diferentes dos ecossistemas naturais, ao

    mesmo tempo em que se conservam processos, estruturas e caractersticas

    semelhantes. Os agroecossistemas, comparados aos ecossistemas naturais,

    tm muito menos diversidade funcional e estrutural, alm do que, quando a

    colheita o enfoque principal, h perturbaes em qualquer equilbrio que setenha estabelecido, e o sistema s pode ser mantido se a interferncia externa

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    37/429

    37

    Sistema orgnico de produo de tomate

    com trabalho e insumos for mantida (ALTIERI,1989; GLIESSMAN, 2000).

    O desafio de criar agroecossistemas sustentveis o de alcanar

    caractersticas semelhantes s de ecossistemas naturais, permitindo manter

    uma produo desejada. Um agroecossistema que incorpore as qualidades de

    ecossistemas naturais de estabilidade, equilbrio e produtividade assegurar

    melhor a manuteno do equilbrio dinmico necessrio para estabelecer

    uma base ecolgica de sustentabilidade, principalmente quando se pensa

    na produo de um determinado produto, como o tomate de mesa, no

    presente caso. Isto pressupe que o referido cultivo deva ser realizado dentro

    de um processo, por exemplo, rotacionado com outras espcies, e/ou que

    o ambiente onde se insira conte com um grau de diversificao dos fatores

    envolvidos que garanta o mnimo de estabilidade ecolgica. Caso contrrio,representaria uma produo com substituio de insumos sintticos por

    insumos orgnicos apenas e no uma agricultura orgnica plena.

    Nesse sentido, Gliessman (2000) prope os seguintes princpios

    orientadores para a converso de propriedades agrcolas a sistemas

    agroecolgicos:

    PRINCPIOS ORIENTADORES DA CONVERSO DE SISTEMASAGRCOLAS PARA AGROECOLGICOS

    O processo dessa converso pode ser complexo, exigindo mudanas

    nas prticas de campo, na gesto da unidade de produo agrcola em

    seu dia-a-dia, no planejamento, no marketing e na filosofia. Os seguintes

    princpios podem servir como linhas mestras orientadoras neste processo

    geral de transformao:

    Mover-se de um manejo de nutrientes, cujo fluxo passa atravs dosistema, para um manejo baseado na reciclagem de nutrientes, como umacrescente dependncia em relao a processos naturais, tais como a fixao

    biolgica do nitrognio e as relaes com micorrizas.

    Usar fontes renovveis de energia, em vez das no-renovveis.Eliminar o uso de insumos sintticos no-renovveis oriundos de fora

    da unidade produtiva, que podem potencialmente causar danos ao ambiente

    ou sade dos produtores, assalariados agrcolas ou consumidores.

    Quando for necessrio, adicionar materiais ao sistema de produo,usando aqueles que ocorrem naturalmente, em vez de insumos sintticos

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    38/429

    38

    Captulo 2

    manufaturados.

    Manejar pragas, doenas e ervas espontneas, em vez de control-las.

    Restabelecer as possveis relaes biolgicas que possam ocorrernaturalmente na unidade produtiva, em vez de reduzi-las ou simplific-las.

    Estabelecer combinaes mais apropriadas entre padres de cultivo epotencial produtivo e limitaes fsicas da paisagem agrcola.

    Usar uma estratgia de adaptao do potencial biolgico e genticodas espcies de plantas agrcolas e animais s condies ecolgicas da

    unidade produtiva, em vez de modific-la para satisfazer as necessidades das

    culturas e animais.

    Enfatizar a conservao do solo, gua, energia e recursos biolgicos. Incorporar a ideia de sustentabilidade a longo prazo no desenho emanejo geral do agroecossistema.

    Entretanto, muito antes das questes relativas ao agroecossistema,

    situa-se o homem contido nele. Nessa direo, Pereira (2000) discute a

    converso do homem e o perodo de transio da propriedade, acrescentando

    substancial contribuio, relatada nos pargrafos listados a seguir.

    A prtica da agroecologia um processo que passa por um estilo devida, isto , transformar transformando-se. Como processo, passa por vrias

    dimenses ou etapas importantes. Uma delas se refere converso ou perodo

    de transio, que vem a ser aquele perodo de tempo varivel que preciso

    para a propriedade passar do modelo convencional ao sistema agroecolgico

    ou orgnico, ou seja, constituir-se num agroecossistema.

    Por converso, entende-se um processo gradual e crescente de

    desenvolvimento interativo na propriedade at chegar a um agroecossistema.Est orientado para a transformao do conjunto da unidade produtiva,

    gradativamente, at que se cumpra por completo o todo. S aps transposta

    essa fase, isto , cumprido o conjunto de requisitos para a produo orgnica,

    atendendo s normas observadas pelas entidades certificadoras, que se

    pode obter o selo orgnico. A transio deve ser feita a partir de pequenas

    glebas, iniciando-se pelas reas mais apropriadas, num processo crescente.

    Essa etapa ou fase do processo contempla pelo menos trs dimenses

    principais: educativa, biolgica e normativa.

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    39/429

    39

    Sistema orgnico de produo de tomate

    Por fim, considerar que o processo deve ser conduzido segundo umasequncia lgica e explcita, isto , um projeto de converso. Este projeto

    basicamente constitui-se de um diagnstico de toda a propriedade, levantando

    todos os recursos disponveis, alm das relaes sociais e comerciais que esta

    mantm, assim como a ocupao da rea e o seu respectivo rendimento fsico

    e econmico.

    Neste diagnstico, so identificadas as principais dificuldades ouentraves, assim como o potencial da propriedade. Nesta fase, tambm so

    identificadas as necessidades do agricultor, incluindo a sua capacitao. O

    projeto deve incluir um cronograma e um fluxograma entre as atividades,

    estabelecendo-se metas claras e viveis.

    O aspecto comercial tambm extremamente importante nesteprocesso. Um projeto bem feito no poder prescindir desta fase ou etapa.

    Os canais de comercializao devem ser previamente identificados e

    definidos.

    A certificao uma opo para assegurar aos agricultores ummercado diferenciado. A rea ou propriedade estar convertida quando se

    tiverem cumpridos os prazos e prescries previstas nas normas, quando

    somente ento estar habilitada a receber o selo de qualidade.

    2.1.2 Diversificao e equilbrio ecolgico

    A monocultura representa um dos maiores problemas do modelo de

    produo agrcola praticado atualmente, porque, no existindo diversificao

    de espcies numa determinada rea, as pragas e doenas ocorrem de forma

    mais intensa sobre a cultura, por ser a nica espcie vegetal presente no local.

    Portanto, o monocultivo torna o sistema de produo mais instvel e sujeitos adversidades do meio.

    Os equilbrios biolgico ambiental e econmico de grandes regies

    no podem ser mantidos com as monoculturas. A diversificao de culturas

    o ponto-chave para a manuteno da fertilidade dos sistemas, para o controle

    de pragas e doenas e para a estabilidade econmica regional. Nesse aspecto,

    choca-se frontalmente com a ideia de especializao agrcola, frequentemente

    levada ao extremo nas monoculturas regionais. Historicamente, as

    monoculturas regionais apenas se tm viabilizado com doses crescentes de

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    40/429

    40

    Captulo 2

    agroqumicos ou com a incorporao de novas terras em substituio quelas

    j exauridas (KHATOUNIAN, 2001).

    Reforando o tema, Gliessman (2000) relata que a monocultura uma

    excrescncia natural de uma abordagem industrial da agricultura, e suas

    tcnicas casam-se bem com a agricultura de base agroqumica, tendendo a

    favorecer o cultivo intensivo do solo, a aplicao de fertilizantes inorgnicos,

    a irrigao, o controle qumico de pragas e as variedades especializadas de

    plantas com estreita base gentica que as tornam extremamente suscetveis

    em termos fitossanitrios. A relao com os agrotxicos particularmente

    forte; cultivos da mesma planta em grandes reas so mais suscetveis a

    ataques devastadores de pragas especficas e requerem proteo qumica.

    Sistemas de produo diversificados so mais estveis, porque dificultama multiplicao excessiva de determinada praga e doena e permitem que

    haja um melhor equilbrio ecolgico no sistema de produo, por intermdio

    da multiplicao de inimigos naturais e outros organismos benficos.

    Assim, uma propriedade que utiliza a prtica orgnica fundamental-

    mente tem que se preocupar em buscar primariamente diversificar a paisagem

    geral, de forma a restabelecer a cadeia alimentar entre todos os seres vivos,

    desde micro-organismos at animais superiores e pssaros. Para tanto, se

    faz necessrio compor uma diversidade de espcies vegetais, de interessecomercial ou no, recomendando que se opte por espcies locais, adaptadas

    s condies edafoclimticas da regio. Como exemplo, em reas marginais

    s glebas de produo e nas bordas de riachos pode-se proceder ao plantio

    de espcies como goiaba, ing, pitanga, araana, birib, nspera, abacate,

    calabura, jamelo, amora, uva japonesa, dentre outras.

    Alm disso, fundamental tambm proceder ao manejo da vegetao

    espontnea. Este manejo pode ser realizado de trs formas (Figura 1), visandopermitir a conservao natural da vegetao do prprio local, conforme

    segue:

    1. Manter as reas de refgio fora das reas cultivadas para interesse

    comercial, inclusive reas com alagamento natural, visando preservar ao

    mximo os aspectos naturais estabelecidos pelo ecossistema local ao longo

    de anos.

    2. No utilizar intensivamente o solo, procedendo ao planejamento de

    faixas de cultivo intercaladas com faixas de vegetao espontnea, chamadas

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    41/429

    41

    Sistema orgnico de produo de tomate

    de corredores de refgio. Para diviso dos talhes de plantios deixar corredores

    de 2,0 a 4,0 m de largura, para abrigar a fauna local.

    3. Proceder ao controle parcial da vegetao ocorrente dentro das

    reas cultivadas, aplicando a tcnica de capinas em faixas para culturas com

    maiores espaamentos nas entrelinhas (tomate, pimento, couve-flor etc.)

    e manter a vegetao entre os canteiros para culturas cultivadas por esse

    sistema de plantio (alface, cenoura, alho etc.).

    Figura 1 - Corredores de refgio entre plantio de morango e tomate ( esquerda),capina em faixa em cultivo de quiabo ( direita), manejo de ervas espontneasentre canteiros de morango (abaixo), em sistema orgnico de produo.

    Esses trs aspectos anteriores sero os responsveis pela maior

    estabilidade do sistema produtivo e representaro uma diminuio expressiva

    de problemas com pragas e doenas, to comuns em sistemas desequilibrados

    ecologicamente. Vale lembrar que o no cumprimento desses princpios tem

    sido uma das maiores falhas em propriedades rurais, mesmo com prticas

    orgnicas, em franca atividade no Brasil.Para completar, o estabelecimento de um desejvel nvel de diversidade

  • 7/24/2019 Como Plantar Tomate

    42/429

    42

    Captulo 2

    gentica e a adoo de um sistema de produo com culturas diversificadas,

    de interesse comercial, tambm so fundamentais. Para tanto, recomenda-se

    que se adote um plano de uso do solo de forma mais sustentvel possvel,

    procedendo ao planejamento dos plantios, visando permitir o descanso

    (pousio) e a revitalizao dos solos, no mximo de dois em dois anos, por

    intermdio do plantio solteiro ou misto de leguminosas (exemplo: mucuna-