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A Transparência Brasil é uma organização brasileira, independente e autônoma. Rua Francisco Leitão 339 cj 122 05414-025 São Paulo SP Brasil. Tel: 55 11 3062 3436. E-mail: [email protected]. Como são os vereadores de três capitais: Recife, Fortaleza e Florianópolis Um resumo das características dos integrantes de três Câmaras Municipais elaborado a partir de informações coletadas no projeto Excelências (www.excelencias.org.br). Outubro/2008 Nas eleições de outubro de 2008, cerca de 90% dos vereadores em exercício nas capitais brasileiras tentam um novo mandato. Os números sobre a renovação nas Câmaras Municipais dão razão às apostas dos parlamentares. Embora considerável, o porcentual de vereadores que não consegue se reeleger cai a cada eleição. Em 2000, a taxa de renovação na Câmara da cidade de São Paulo foi de 58,2% e em 2004 caiu para 52,7%. No Rio de Janeiro, recuou de 57% para 48%, na mesma comparação. As razoáveis chances de sucesso, porém, devem-se provavelmente mais à falta de informações sobre a atuação dos vereadores do que ao seu desempenho no exercício do mandato. O presente estudo ajuda a preencher essa lacuna. Assim como relatórios anteriores, sobre vereadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte ( /www.excelencias.org.br/tres-camaras.pdf), Salvador, Curitiba e Porto Alegre (www.excelencias.org.br/SalCurPoa.pdf), este levantamento reúne diversos dados objetivos sobre vereadores de três importantes capitais brasileiras. O projeto Excelências. Lançado em 2006, tendo por alvo as eleições gerais daquele ano, o projeto Excelências (www.excelencias.org.br) rapidamente se transformou em fenômeno eleitoral da Internet, tendo sido visitado por milhões de internautas. Venceu o Prêmio Esso de Reportagem de 2006, na categoria “Melhor contribuição à imprensa”. É referência obrigatória para informações sobre parlamentares e Casas legislativas. O projeto traz informações sobre todos os parlamentares em exercício nas Casas legislativas das esferas federal, estadual e municipal das capitais, num total de 513 deputados federais, 81 senadores, 1059 deputados estaduais e 709 vereadores. Os dados informados no Excelências são extraídos de fontes públicas (as próprias Casas legislativas, o Tribunal Superior Eleitoral, tribunais estaduais e superiores, Tribunais de Contas e outras) e de outros projetos mantidos pela Transparência Brasil, como o Às Claras (dados sobre financiamento eleitoral, www.asclaras.org.br) e o Deu no Jornal (noticiário sobre corrupção, www.deunojornal.org.br). O Deu no Jornal é financiado pela Fundação Ford, instituição que, no passado, financiou também o Às Claras. O projeto conta com financiamento do Fundo para a Democracia das Nações Unidas e é publicado no portal iG. Este relatório. Preparado por Bianca Vaz Mondo, Juliana Mari Sakai e Rodolfo Vianna, sob a coordenação de Fabiano Angélico. Direção de Claudio Weber Abramo.

Como são os vereadores de três capitais: Recife, Fortaleza ...excelencias.org.br/docs/FloriRecFort.pdf · () rapidamente se transformou em fenômeno eleitoral da Internet, tendo

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A Transparência Brasil é uma organização brasileira, independente e autônoma.

Rua Francisco Leitão 339 cj 122 05414-025 São Paulo SP Brasil. Tel: 55 11 3062 3436. E-mail: [email protected].

Como são os vereadores de três capitais: Recife, Fortaleza e Florianópolis Um resumo das características dos integrantes de três Câmaras Municipais elaborado a partir de informações coletadas no projeto Excelências (www.excelencias.org.br). Outubro/2008 Nas eleições de outubro de 2008, cerca de 90% dos vereadores em exercício nas capitais brasileiras tentam um novo mandato. Os números sobre a renovação nas Câmaras Municipais dão razão às apostas dos parlamentares. Embora considerável, o porcentual de vereadores que não consegue se reeleger cai a cada eleição. Em 2000, a taxa de renovação na Câmara da cidade de São Paulo foi de 58,2% e em 2004 caiu para 52,7%. No Rio de Janeiro, recuou de 57% para 48%, na mesma comparação.

As razoáveis chances de sucesso, porém, devem-se provavelmente mais à falta de informações sobre a atuação dos vereadores do que ao seu desempenho no exercício do mandato.

O presente estudo ajuda a preencher essa lacuna. Assim como relatórios anteriores, sobre vereadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte (/www.excelencias.org.br/tres-camaras.pdf), Salvador, Curitiba e Porto Alegre (www.excelencias.org.br/SalCurPoa.pdf), este levantamento reúne diversos dados objetivos sobre vereadores de três importantes capitais brasileiras.

O projeto Excelências. Lançado em 2006, tendo por alvo as eleições gerais daquele ano, o projeto Excelências (www.excelencias.org.br) rapidamente se transformou em fenômeno eleitoral da Internet, tendo sido visitado por milhões de internautas. Venceu o Prêmio Esso de Reportagem de 2006, na categoria “Melhor contribuição à imprensa”. É referência obrigatória para informações sobre parlamentares e Casas legislativas.

O projeto traz informações sobre todos os parlamentares em exercício nas Casas legislativas das esferas federal, estadual e municipal das capitais, num total de 513 deputados federais, 81 senadores, 1059 deputados estaduais e 709 vereadores.

Os dados informados no Excelências são extraídos de fontes públicas (as próprias Casas legislativas, o Tribunal Superior Eleitoral, tribunais estaduais e superiores, Tribunais de Contas e outras) e de outros projetos mantidos pela Transparência Brasil, como o Às Claras (dados sobre financiamento eleitoral, www.asclaras.org.br) e o Deu no Jornal (noticiário sobre corrupção, www.deunojornal.org.br). O Deu no Jornal é financiado pela Fundação Ford, instituição que, no passado, financiou também o Às Claras.

O projeto conta com financiamento do Fundo para a Democracia das Nações Unidas e é publicado no portal iG.

Este relatório. Preparado por Bianca Vaz Mondo, Juliana Mari Sakai e Rodolfo Vianna, sob a coordenação de Fabiano Angélico. Direção de Claudio Weber Abramo.

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Câmara Municipal do Recife Por Bianca Vaz Mondo

A Câmara Municipal do Recife é composta por 36 vereadores. Seu orçamento em 2008 é de R$ 69 milhões, de modo que cada mandato de vereador custa R$ 1,9 milhão. É a segunda maior quantia entre as nove Câmaras das capitais nordestinas. Dividindo-se o total dos gastos com a Câmara pela população da cidade, verifica-se que o montante que cada morador de Recife desembolsa para manter a sua Casa Legislativa é R$ 45,07.

A Casa não fornece dados sobre o uso de verbas indenizatórias por seus integrantes, nem sobre os registros das viagens realizadas por eles. Somente estão disponíveis as listas de freqüência de cada uma das sessões plenárias realizadas desde setembro de 2007, mas a maneira como os dados são apresentados dificulta uma percepção da assiduidade de cada parlamentar em relação à totalidade das sessões.

Recursos recebidos pelos vereadores

Para a realização deste estudo, buscou-se obter junto à Câmara Municipal as seguintes informações:

• salário recebido pelos vereadores;

• verba destinada à remuneração de assessores de gabinete;

• número de assessores que podem ser contratados por cada vereador;

• recursos utilizados para cobrir outras despesas dos gabinetes (material de escritório, correio, telefones, veículos, combustível, consultoria, divulgação etc).

Todas as tentativas de conseguir esses dados foram infrutíferas. Foram feitas solicitações a funcionários da Secretaria de Coordenação Geral e da Assessoria Especial de Imprensa, que afirmaram desconhecer tais informações e indicaram como órgão competente para fornecê-las o Departamento de Administração.

Ao entrar em contato com este último departamento, foi-nos requisitado um pedido por escrito dirigido ao diretor de Administração, Sr. Tancredo Loyo. Posteriormente, o diretor confirmou por telefone o recebimento do ofício enviado e garantiu que seria atendido o mais breve possível, mas as informações solicitadas ainda estavam sendo reunidas pela equipe administrativa.

Em virtude do não-recebimento dos dados solicitados, buscou-se então obtê-los em contato com os gabinetes do presidente da Casa e do primeiro-secretário. Como estavam ausentes, suas assessorias não disponibilizaram as informações em questão.

Variação da representação partidária

Assim como observado em outros Legislativos municipais analisados em outros estudos da Transparência Brasil, a Câmara Municipal do Recife tem um grande número de partidos representados em sua composição. Nas eleições de 2004, foram 13 os partidos que conquistaram cadeiras na Casa; ao longo da atual legislatura, esse número subiu para 15. Nesse período, as bancadas partidárias sofreram algumas alterações, descritas no quadro abaixo.

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Partido Bancada eleita Bancada atual

PT 8 8 PMN 3 5

PTB/PAN 5 4

PFL/DEM 2 3

PMDB 4 3

PSB 2 2

PT do B 0 2

PV 2 2

PCdoB 1 1

PP 3 1 PRB 0 1

PSDB 1 1

PSDC 2 1

PSL 1 1

PTN 0 1

PL/PR 2 0

A representação partidária no Legislativo do Recife mostra um aspecto também presente em outras Câmaras Municipais: a bancada mais numerosa é a do partido ao qual o prefeito da cidade é filiado. O PT, partido do prefeito João Paulo, elegeu oito vereadores no último pleito e manteve esse patamar.

Cresceram de maneira mais significativa as bancadas do PMN e do PT do B, que conquistaram dois novos membros cada uma. Por sua vez, tiveram as maiores perdas o PR, que não é mais representado, e o PP, que perdeu dois terços de seus vereadores.

As trocas de partido entre os legisladores municipais, entre outras conseqüências, proporcionaram a três partidos – PT do B, PRB e PTN – representação que não conseguiram obter nas urnas. Dos 36 vereadores atualmente em exercício, nove (um quarto da Casa) mudaram de partido pelo menos uma vez na atual legislatura:

Vereador Partido eleito Partido atual

Antonio Oliveira PSL PT do B

Severino Gabriel PP PT do B

Gilvan Cavalcanti PSDC PMN

Valdir Facioni PL PMN

Carlos Gueiros* PTB PTB Cordeiro de Deus PL PRB

Gilberto Luna PSL PSB

Marcos Menezes PMDB DEM

Nildo Resende PP PTN

* O vereador Carlos Gueiros está filiado atualmente ao PTB, mesmo partido pelo qual foi eleito, mas ao longo da legislatura foi filiado também ao PRTB, partido pelo qual foi candidato a deputado estadual em 2006.

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Relação familiar com outros políticos

A partir da pesquisa sobre informações biográficas de cada um dos vereadores do Recife, realizada no âmbito do projeto Excelências, foi possível identificar que oito deles, isto é, 22% da Câmara Municipal, apresentam algum grau de parentesco com políticos e ex-políticos. Esse mesmo aspecto foi verificado também em relação à Câmara Municipal do Rio de Janeiro em estudo anterior (“Como são os vereadores de três capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte”). A relação abaixo indica cada um deles e os respectivos parentes.

Vereador Parentesco

André Ferreira (PMDB) Filho de Manoel Ferreira (deputado estadual, 2007-2011)

Antônio Luiz Neto (PTB) Filho de Antônio Luiz Filho (ex-deputado estadual)

Daniel Coelho (PV) Filho de João Coelho (ex-deputado estadual)

Gustavo Negromonte (PMDB) Filho de João Negromonte (deputado estadual, 2007-2011)

Henrique Leite (PT) Irmão de Sérgio Leite (deputado estadual, 2007-2011)

Priscila Krause (DEM) Filha de Gustavo Krause (ex-governador e ex-prefeito do Recife)

Romildo Gomes (DEM) Filho de Romildo José Ferreira Gomes (ex-vereador)

Vicente André Gomes (PC do B) Filho de Moacyr André Gomes (ex-deputado estadual)

O vínculo familiar com outros políticos contribui para que um candidato ganhe visibilidade, sobretudo no início da carreira política. Situação semelhante também pode acontecer com candidatos que tenham algum vínculo profissional com outros políticos, como é o caso de assessores de gabinete. Entre os vereadores do Recife há pelo menos quatro que atuaram em funções de assessoria no Legislativo e no Executivo:

Vereador Cargo ocupado

Augusto Carreras (PV) Assessor parlamentar da Câmara Municipal do Recife

Cordeiro de Deus (PRB) Chefe de gabinete do ex-deputado estadual Pastor João de Deus

Fred Oliveira (PMN) Oficial de gabinete da Casa Civil no governo Moura Cavalcanti

Luiz Vidal (PSDC) Chefe de gabinete de Jarbas Vasconcelos, quando deputado estadual

Afinidades com grupos de interesse

Entre os vereadores do Recife, oito foram identificados como sindicalistas: Antônio Luiz Neto (PTB), Fernando Nascimento (PT), Henrique Leite (PT), Josenildo Sinésio (PT), Jurandir Liberal (PT), Luiz Eustáquio (PT), Osmar Ricardo (PT) e Severino Ramos (PMN).

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Sete vereadores são ou foram policiais: Antônio Oliveira (PT do B), Fred Oliveira (PMN), Gilvan Cavalcanti (PMN), Henrique Leite (PT), João Arraes (PSB), José Antônio (PSL) e Marcos Menezes (DEM).

Há também quatro evangélicos: André Ferreira (PMDB), Cordeiro de Deus (PRB), Luiz Eustáquio (PT) e Valdir Facioni (PMN).

O vereador Luiz Eustáquio é o único que se pôde identificar como ligado a uma organização não-governamental; ele é fundador da Associação Oásis da Liberdade.

Com base nas declarações de bens apresentadas à Justiça Eleitoral neste ano, foi possível apontar o vereador Romildo Gomes como ruralista, em virtude de integrar seu patrimônio uma propriedade rural equivalente a parte significativa de seus bens.

A tabela abaixo mostra a parcela que cada um desses grupos representa em relação à totalidade dos vereadores. Em comparação às outras 54 Casas Legislativas do país que integram o projeto Excelências, a Câmara do Recife é a que possui o maior número de policiais e o segundo maior número de sindicalistas, relativamente ao total de seus integrantes.

Bancada Número %

Sindicalistas 8 22% Policiais 7 19%

Evangélicos 4 11%

Ligados a ONGs 1 3%

Ruralistas 1 3%

Ocorrências na Justiça e punições por Tribunais de Contas

Em levantamento feito para o projeto Excelências encontraram-se ocorrências da Justiça para dois vereadores:

Fred Oliveira: é réu em ação penal por apropriação indébita previdenciária (crime contra o patrimônio) na Justiça Federal.

Henrique Leite: a prestação de contas de sua campanha de 2004 foi desaprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Citações em matérias jornalísticas sobre corrupção

No início de agosto de 2008, a Câmara Municipal de Recife foi assunto de várias matérias jornalísticas, publicadas também nos jornais de maior circulação do país. O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE) apontou irregularidades na prestação de contas das verbas indenizatórias pagas aos vereadores em 2006 e 2007.

Segundo relatório da auditoria realizada, foram apresentados por 26 vereadores comprovantes de despesas “frios” ou adulterados e também notas fiscais de empresas-fantasma; em decorrência dessas fraudes, cerca de R$ 900 mil teriam sido pagos indevidamente aos parlamentares em questão. O tribunal notificou todos os vereadores envolvidos e ordenou a devolução dos montantes justificados irregularmente.

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Imediatamente após a divulgação do caso pela imprensa, a presidência da Câmara publicou nota oficial afirmando que o sistema de verbas indenizatórias seria extinto. Segundo o documento, o pagamento de despesas antes realizadas por cada gabinete seria centralizado pela Câmara Municipal, que iniciaria os processos licitatórios necessários.

De acordo com as fotos publicadas na edição do Jornal do Commercio de 6 de agosto, são estes os 23 vereadores em exercício investigados pelo TCE são (três dos apontados pelo TCE não estavam em exercício em setembro/outubro de 2008):

Andre Ferreira, Antônio Luiz Neto, Augusto Carreras, Caio Pires, Cordeiro de Deus, Daniel Coelho, Eduardo Marques, Fred Oliveira, Gilvan Cavalcanti, Liberato Costa Júnior, Luiz Eustáquio, Luiz Helvecio, Luiz Vidal, Marcos Menezes, Mozart Sales, Osmar Ricardo e Romildo Gomes.

Evolução patrimonial

Dos vereadores em exercício na Câmara Municipal, somente sete foram candidatos em 2006, ano em que a Justiça Eleitoral passou a publicar a declaração de bens de todos os candidatos. Assim, a análise da evolução patrimonial só é possível para esse grupo.

Como mostra o quadro abaixo, o vereador Severino Ramos apresentou o maior crescimento porcentual em seu patrimônio, que quase triplicou nos últimos dois anos. Mozart Sales, por sua vez, teve a maior redução no patrimônio. Chama a atenção o caso de Vicente André Gomes, que declarou possuir exatamente o mesmo patrimônio em 2006 e em 2008.1

Vereador Bens 2006 (R$) Bens 2008 (R$) Evolução

Severino Ramos (PMN) 15.000 44.500 196,70%

Luiz Vidal (PSDC) 148.819 247.254 66,10%

Nildo Resende (PTN) 190.000 240.000 26,30%

Carlos Gueiros (PTB) 4.323.351 4.674.103 8,10%

Vicente André Gomes (PC do B) 129.540 129.540 0,00%

Jurandir Liberal (PT) 357.095 353.500 -1,00% Mozart Sales (PT) 475.207 305.213 -35,80%

Doações x patrimônio

Políticos não só recebem doações para suas campanhas eleitorais. Muitos deles também realizam doações, em geral para si mesmos.

Na comparação de dados entre doações e patrimônio, nota-se que muitos políticos são bastante generosos, fazendo doações que representam fatia considerável do conjunto de seus bens.

Nota-se que o vereador de Recife que mais enriqueceu entre 2006 e 2008 foi também o mais generoso eleitoralmente. Em 2006, o parlamentar efetuou doações a campanhas eleitorais que representaram mais de 30% de seu patrimônio declarado naquele ano. A generosidade de Mozart Sales lhe custou

1 Ver em www.excelencias.org.br/@patrimonios.php o levantamento completo da variação patrimonial dos

parlamentares de todo o país que são candiatos em 2008.

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mais de 20% do conjunto de seus bens. Para o vereador Jurandir Liberal, o porcentual foi um pouco superior a 10%.2

Vereador Bens/2006 % Doações/2006 Severino Ramos (PMN) 15.000 32,70% 4.900 Mozart Sales (PT) 475.207 21,20% 100.617 Jurandir Liberal (PT) 357.095 10,50% 37.653

Perfil do financiamento eleitoral

Os dados sobre o financiamento eleitoral a candidatos a vereador no Recife, referentes às eleições de 2004, mostram que a obrigatoriedade da prestação de contas de campanha, um importante mecanismo de controle implementado pela Justiça Eleitoral, ainda é muito desrespeitada. Isso acontece, entre outras razões, por causa da dificuldade dos organismos eleitorais em fiscalizar a veracidade das informações oferecidas e da quase inexistência de sanções para os inadimplentes, sobretudo no caso de quem não se elege.

Pouco menos que a metade dos 730 candidatos recifenses apresentou informações sobre suas receitas e despesas. Para 226 das 364 prestações de contas entregues – isto é, 62% -, o banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral aponta receitas e despesas iguais a zero; desse modo, só é possível obter dados sobre o financiamento de 138 candidatos, 19% do total. O gráfico abaixo ilustra esse panorama, com um grande número de candidatos representados na extremidade esquerda do eixo que representa as receitas:

Com base nessas 138 prestações de contas, é possível identificar um montante de R$ 2.581.308,00 como o total de recursos despendidos para financiar os concorrentes a uma vaga no Legislativo municipal em 2004. Dessa quantia, quase metade corresponde às receitas declaradas por candidatos eleitos. É importante notar, contudo, que as prestações de contas de apenas 20 dos 36 eleitos apresentam detalhadamente as receitas e despesas da campanha. Para esses 20, a média de arrecadação

2 A “generosidade” eleitoral de todos os parlamentares das principais Casas legislativas é analisada em

www.excelencias.org.br/@dpat.php.

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foi de R$ 63.997,60; considerando todas as 138 declarações, cada candidato obteve em média R$ 18.705,13. O quadro abaixo traz a votação, a receita e a relação receita/voto para os vereadores eleitos:

Nome Votos Receita Receita/voto

Dilson de Moura Peixoto Filho 15200 270.390,00 17,79 Priscila Borges Krause Gonçalves 8376 125.000,00 14,92

Luiz Helvécio de Santiago Arauto 7576 88.680,00 11,71

Gustavo Vasconcelos Negromonte 7970 86.500,00 10,85

Daniel Pires Coelho 5289 75.877,00 14,35

Jurandir Pereira Liberal 8969 75.508,00 8,42

Romildo José Ferreira Gomes Filho 7602 72.706,00 9,56 Marcos Antônio de Souza Menezes 7038 72.140,00 10,25

Luciana Vieira de Azevedo 14147 70.535,00 4,99

Augusto José Carreras Cavalcanti de Albuquerque 5441 61.244,00 11,26

Vicente Manoel Leite André Gomes 7960 56.646,00 7,12

João Alberto de Freitas Marins 9219 55.538,00 6,02

Josenildo Sinésio da Silva 6908 30.306,00 4,39

Henrique José Leite de Melo 8403 23.990,00 2,85

Carlos Frederico Gomes Fred Oliveira 4448 22.024,00 4,95

André Ferreira Rodrigues 7232 21.066,00 2,91

Sílvio Serafim Costa Filho 10731 21.038,00 1,96 Liberato Pereira da Costa Júnior 8201 20.049,00 2,44

José Alves de Oliveira 5418 20.000,00 3,69

Severino Ramos de Santana 5489 10.715,00 1,95

Antônio Luiz da Silva Neto 9707 0,00

Carlos Alberto Gueiros 8288 0,00

Danilo Jorge Barros Cabral 10013 0,00

Eduardo Amorim Marques da Cunha 8669 0,00

Elediak Francisco Cordeiro 8875 0,00

Francismar Mendes Pontes 12278 0,00 Gilvan Cavalcanti da Silva 4432 0,00

João de Andrade Arraes 8071 0,00

José Antônio da Silva 7283 0,00

José Medeiros de Oliveira 8520 0,00

Luiz Vidal Silva 4830 0,00

Mozart Júlio Tabosa Sales 8470 0,00

Osmar Ricardo Cabral Barreto 9973 0,00

Roberto Sérgio Ribeiro Coutinho Teixeira 4729 0,00

Severino Gabriel Beltrão 3330 0,00

Valdir Facioni 6206 0,00

Entre os 20 principais financiadores dos candidatos a vereador no Recife predominam as pessoas físicas e, entre estas, candidatos que financiaram as próprias campanhas. As sete empresas que aparecem nesse grupo são mostradas nas tabelas seguintes, juntamente com os candidatos financiados

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por cada uma delas, seus partidos e quanto cada um recebeu; também foi analisada a eficiência do financiamento realizado por cada empresa, tanto em termos do número de candidatos eleitos quanto do montante “investido” em cada um deles.

VOTORATIM PARTICIPAÇÕES LTDA

Priscila Krause PFL Eleito R$ 60.000,00 Heráclito Cavalcanti Carneiro Monteiro Neto PFL Suplente R$ 40.000,00

Marco Aurélio de Medeiros Lima PMDB Suplente R$ 10.000,00

João Henrique Glasner PSDB Suplente R$ 10.000,00

Paulo Roberto Souza e Silva PFL Suplente R$ 10.000,00

Romildo José Ferreira Gomes Filho PFL Eleito R$ 10.000,00

Total R$ 140.000,00

Eficiência 33% 50%

ARC & AUDITORES INDEPENDENTES SC

Gustavo Vasconcelos Negromonte PMDB Eleito R$ 60.000,00

Eficiência 100% 100%

RANDS E RICARDO ADVOGADOS ASSOCIADOS

Dilson de Moura Peixoto Filho PT Eleito R$ 19.900,00

Luiz Eustáquio Ramos Neto PT Suplente R$ 15.000,00

Jurandir Pereira Liberal PT Eleito R$ 6.000,00

Total R$ 40.900,00

Eficiência 67% 63%

USINA GOIANÉSIA S/A

Romildo José Ferreira Gomes Filho PFL Eleito R$ 20.000,00 Priscila Borges Krause Gonçalves PFL Eleito R$ 10.000,00

Heráclito Cavalcanti Carneiro Monteiro Neto PFL Suplente R$ 10.000,00

Total R$ 40.000,00

Eficiência 67% 75%

COMERCIO CONFECÇOES SANTA HELENA LTDA

Marco Aurélio de Medeiros Lima PMDB Suplente R$ 25.000,00

Eficiência 0% 0%

COND.PROC.INDIVISO DE SHOPING CENTER RECIFE

Jorge Ribeiro De Souza PMDB Suplente R$ 25.000,00

Eficiência 0% 0%

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PETRO CABO LTDA

Daniel Pires Coelho PV Eleito R$ 23.270,00

Eficiência 100% 100%

As doações dessas sete empresas somaram R$ 354.170,00 e beneficiaram 12 candidatos. No quadro abaixo está a distribuição desses recursos entre os candidatos e a parcela do montante em questão que coube a cada um deles.

Candidato Receitas Número de doadores

%

Priscila Borges Krause Gonçalves R$ 70.000,00 2 20% Heráclito Cavalcanti Carneiro Monteiro Neto R$ 50.000,00 2 14%

Marco Aurélio de Medeiros Lima R$ 35.000,00 2 10%

Romildo José Ferreira Gomes Filho R$ 30.000,00 2 8%

João Henrique Glasner R$ 10.000,00 1 3%

Paulo Roberto Souza e Silva R$ 10.000,00 1 3%

Gustavo Vasconcelos Negromonte R$ 60.000,00 1 17%

Dilson de Moura Peixoto Filho R$ 19.900,00 1 6%

Luiz Eustáquio Ramos Neto R$ 15.000,00 1 4%

Jurandir Pereira Liberal R$ 6.000,00 1 2% Jorge Ribeiro De Souza R$ 25.000,00 1 7%

Daniel Pires Coelho R$ 23.270,00 1 7%

R$ 354.170,00

Observando a prestação de contas dos vereadores atualmente em exercício, é possível identificar doadores que foram responsáveis por uma parcela significativa de suas arrecadações. Abaixo estão listados os vereadores que tiveram pelo menos um quarto de sua receita eleitoral recebida de um único financiador; as pessoas jurídicas estão destacadas em negrito.

Vereador Doador Parcela Montante

André Ferreira Manoel Ferreira da Silva 28,48% R$ 6.000,00

Petro Cabo Ltda. 30,67% R$ 23.270,00 Daniel Coelho

Joao Ramos Coelho 26,69% R$ 20.250,00

Gustavo Negromonte Arc & Auditores Independentes SC 69,36% R$ 60.000,00

Isaltino José do Nascimento Filho 51,95% R$ 40.000,00 Luiz Eustáquio

João Paulo Lima Silva 25,97% R$ 20.000,00

Priscila Krause Votoratim Participações Ltda. 48% R$ 60.000,00

Romildo Gomes Usina Goianésia S/A 27,51% R$ 20.000,00

Severino Ramos Companhia Brasileira De Distribuição S/A 65,33% R$ 7.000,00

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Câmara Municipal de Fortaleza Por Rodolfo Vianna

A Câmara Municipal de Fortaleza é integrada por 41 vereadores. A Casa não publica na Internet informações a respeito do uso de verbas de gabinete de seus integrantes nem divulga dados sobre viagens realizadas pelos parlamentares. A Câmara informa as presenças em reuniões plenárias, mas omite dados sobre o comparecimento dos vereadores ao trabalho nas comissões.

O orçamento para 2008 da Câmara de Fortaleza é de R$ 73.226.250,00. Dividindo-se esse número pela quantidade de vereadores, atinge-se o montante de R$ 1.786.006,10. Isso é o que cada mandato de vereador custará aos cofres municipais este ano. Por outro lado, dividindo-se o total dos gastos com a Câmara pela população da cidade, o número resulta em R$ 30,12. Esse é o montante com que cada morador de Fortaleza arcará em 2008 para manter a sua Casa Legislativa.

Recursos recebidos pelos vereadores

Por mais de uma semana tentou-se obter os dados referentes ao salário de cada vereador como também as verbas indenizatórias e de gabinete às quais têm direito durante o mandato, mas não se obteve êxito. Mesmo sendo informações públicas, não constam da página da Câmara na Internet. Diversos departamentos da Casa Legislativa não souberam ou não quiseram informar. Tentou-se obter os dados diretamente com os vereadores, porém tampouco isso foi possível.

Variação da representação partidária

Em Fortaleza, ao todo 15 vereadores estão em partidos diferentes daqueles pelos quais se elegeram, representando uma porcentagem de 37% do total de parlamentares do legislativo fortalezense.

A seguir a tabela da composição das bancadas eleitas e a composição partidária atual da Câmara de Vereadores de Fortaleza (em set.2008). Em vermelho, as bancadas que sofreram as maiores alterações.

Partido Bancadas eleitas Bancadas atuais

PHS 4 6

PSL 4 5

PMN 2 4

PMDB 7 3

PSB 1 3

PSDB 2 3

PT 3 3

PFL/DEM 2 2 PDT 2 2

PPS 2 2

PV 2 2

PAN/PTB 2 1

PL/PR 3 1

PRB 0 1

12

Partido Bancadas eleitas Bancadas atuais

PRP 1 1 PRTB 0 1

PTB 0 1

PCdoB 1 0

PP 2 0

PTN 1 0

O partido que mais perdeu representatividade ao longo da legislatura foi o PMDB, que de sete vereadores eleitos passou para apenas três. O PP, que chegou a eleger dois vereadores, não mais possui representação na casa. O antigo PL, hoje PR, também perdeu dois edis, diminuindo sua bancada de três para um representante. Os partidos que mais ganharam representantes foram o PHS, o PMN e o PSB, que passaram a ter mais dois vereadores cada. Todos fazem parte da base aliada da prefeita Luizianne Lins (PT).

Segue tabela com os vereadores em exercício que trocaram de partido ao longo da legislatura:

Vereador Partido eleito Partido atual

Adelmo Martins PP PR Alri Nogueira PSL PSDB

Carlos Sidou PAN PV

Chico Rodrigues PSL PSDC

Débora Soft PTN PSL

Elpídio Nogueira PPS PSB Gelson Ferraz PL PRB

Jorge Vieira PL PMN

José Carlos PMDB PPS

Luciram Girão PL PSL

Regina Assêncio PMDB PHS

Terezinha de Jesus PMDB PHS

Tomaz Holanda PV PMN

Walter Cavalcante PMDB PHS

Willame Correia PHS PTB

Suplentes em exercício

São cinco os vereadores que se elegeram suplentes e que estão em exercício na Câmara de Fortaleza (set.2008): José Ribeiro, Magaly Marques, Márcio Lopes, Paulo Mindello e Rogério Pinheiro. Considerando os 41 vereadores, os suplentes em exercício representam 12% do total de parlamentares.

Em 2006, três vereadores fortalezenses foram eleitos deputados estaduais. São eles: Augustinho Moreira, Lula Morais e Ferreira Aragão. Os vereadores Nelba Fortaleza e Martins Nogueira (suplente que tinha assumido a vaga deixada pela eleição de Augustinho Moreira deputado estadual) foram cassados por infidelidade partidária. O vereador Aluísio Eleutério está licenciado para ocupar a presidência da Companhia Docas do Ceará.

13

Relação familiar com outros políticos

Dos dados pessoais coletados sobre os vereadores, através dos perfis que disponibiliza a página da Câmara de Fortaleza ou coletados em matérias de jornal, foi possível identificar ao menos cinco vereadores parentes de políticos ou de ex-políticos – nada menos que 12% do total de parlamentares. São eles:

Vereador Parentesco

Carlos Sidou Filho de José Sidou, ex-vereador

Elpídio Nogueira Irmão de Dr. Sarto, deputado estadual (2007-2011)

Luciram Girão Irmão de Lucilvio Girão, deputado estadual (2007-2011)

Magaly Marques Irmã de Carlomano Marques, deputado estadual (2007-2011)

Tin Gomes Primo de Ciro Gomes, deputado federal, de Cid Gomes, governador do Ceará e de Ivo Gomes, deputado estadual (2007-2001)

Afinidades com grupos de interesses

O projeto Excelências relaciona parlamentares com grupos de interesse, classificando-os em “bancadas”. Através dos perfis disponíveis dos atuais parlamentares pode-se chegar à seguinte composição:

Bancadas Vereadores %

Evangélicos 3 7% Ligados a ONGs 2 5%

Sindicalistas 2 5%

Donos de escola/faculdade 1 2%

São evangélicos os vereadores Eliezer Moreira, Elpídio Nogueira e Gelson Ferraz. Ligados a alguma organização não-governamental (ONG) ou entidade beneficente são dois: Guilherme Sampaio e José Carlos. São de origem sindical os vereadores Márcio Lopes e Rogério Pinheiro. E, por fim, o vereador Guilherme Sampaio também é proprietário de estabelecimento de ensino.

Ocorrências na Justiça e punições por Tribunais de Contas

Dos 41 vereadores fortalezenses, dois apresentam ocorrências na Justiça ou em Tribunal de Contas: Débora Soft e Helder Couto. Ambos tiveram rejeitadas suas prestações de conta de campanha: Débora Soft, as referentes a sua campanha a deputada estadual em 2006; e Helder Couto, as referentes a sua campanha a deputado estadual em 2002.

Citações em matérias jornalísticas sobre corrupção

O banco de dados do projeto Deu no Jornal (www.deunojornal.org.br, projeto da Transparência Brasil que recolhe matérias jornalísticas sobre corrupção) dá conta de que dos vereadores

14

fortalezenses, 3 (ou 7% do total) tiveram publicadas reportagens por possível envolvimento em casos de corrupção ou outras irregularidades. São eles:

Débora Soft: foi acusada por três de seus assessores de reter parte de seus salários. Outra matéria menciona a denúncia do Ministério Público Estadual contra a vereadora por estelionato e constrangimento ilegal. Segundo a matéria, ela teria instalado as duas linhas telefônicas de seu comitê eleitoral usando documentos de uma empregada da então candidata, deixando dívidas de cerca de R$ 14 mil em seu nome em 2004.

Elson Damasceno: foi alvo de inquérito administrativo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pela acusação de continuar recebendo o salário de economista sem comparecer ao trabalho desde 2003.

Tin Gomes: contratou o irmão Carlos Frederico Carmo Gomes como assessor em seu gabinete.

Presença dos vereadores em plenário

Dos poucos dados disponibilizados pela Câmara de Vereadores de Fortaleza para acompanhamento da atividade parlamentar está a presença em sessão plenária.

Dentre as 402 sessões sobre as quais há dados disponíveis (quando os dados indicam um número menor isso significa que o parlamentar não esteve em exercício por algum período), os vereadores faltaram em média a 15% delas. Os dez mais faltosos (tabela abaixo) não compareceram a mais de 20% das sessões.

Vereador Sessões Faltas justificadas

Faltas não-

justificadas %

Regina Assêncio (PHS/CE) 337 6 10 40%

Magaly Marques (PMDB/CE) 25 0 154 40%

Machadinho Neto (DEM/CE) 402 1 124 39%

Débora Soft (PSL/CE) 347 1 126 36%

Carlos Mesquita (PMDB/CE) 378 2 101 34%

Alri Nogueira (PSDB/CE) 402 11 77 28%

Willame Correia (PTB/CE) 321 0 94 24%

Carlos Sidou (PV/CE) 402 0 85 23%

Idalmir Feitosa (PSDB/CE) 402 4 1 22%

José Ribeiro (PSDB/CE) 14 2 14 21%

Por outro lado, são 14 os vereadores que faltaram a menos de 10% das sessões:

Vereador Sessões Faltas justificadas

Faltas não-justificadas

%

Eliezer Moreira (DEM/CE) 402 0 12 3%

Helder Couto (PMN/CE) 402 0 7 3%

Tin Gomes (PHS/CE) 402 5 0 3%

José Carlos (PPS/CE) 363 0 11 4%

Marcílio Gomes (PSL/CE) 141 0 18 5%

15

Vereador Sessões Faltas justificadas

Faltas não-justificadas

%

Guilherme Sampaio (PT/CE) 402 2 8 5%

Márcio Lopes (PDT/CE) 188 2 15 5%

José do Carmo (PSL/CE) 402 15 7 6%

João Batista (PRTB/CE) 402 0 25 8%

João da Cruz (PV/CE) 402 7 30 8%

Gelson Ferraz (PRB/CE) 402 3 8 8%

Iraguassu Teixeira (PDT/CE) 402 4 19 9%

Paulo Mindello (PSB/CE) 221 0 33 9%

José Maria Pontes (PT/CE) 383 1 31 9%

Evolução patrimonial

Como muitos vereadores que concorrem às eleições de 2008 foram candidatos também em 2006, é possível analisar a sua variação patrimonial nesse intervalo de tempo: 3

Vereador Bens 2006 Bens 2008 Variação

Tomaz Holanda 0 55.000 8

Paulo Mindello 26.000 153.150 489,00%

Salmito Filho 86.246 170.000 97,10%

Alri Nogueira 270.912 513.044 89,40%

Iraguassu Teixeira 537.642 936.801 74,20%

João da Cruz 75.000 120.000 60,00%

Carlos Mesquita 120.000 120.000 0,00%

Média de variação 134,95%

Além do vereador Tomaz Holanda, que apresentou variação infinita (já que em 2006 tinha patrimônio nulo) , o vereador Iraguassu Teixeira foi o que obteve o maior crescimento de patrimônio. Em dois anos, o vereador acumulou quase R$ 400 mil, o que representa, dividindo esse valor por 24 meses (dois anos), um acréscimo patrimonial de quase R$ 17 mil a cada 30 dias.

Doações x patrimônios4

Em 2006 Tomaz Holanda, que tenta sua reeleição como vereador de Fortaleza, declarou não ter posses, mas doou R$ 4,7 mil para sua própria candidatura a deputado estadual.

Paulo Mindello, que tenta sua reeleição como vereador de Fortaleza, declarou em 2006 possuir bens no montante de R$ 26 mil, mas realizou no mesmo ano doações eleitorais no total de R$ 30 mil, ou 116% do que declarou possuir. 3 Ver em www.excelencias.org.br/@patrimonios.php o levantamento completo da variação patrimonial dos

parlamentares de todo o país que são candiatos em 2008. 4 A “generosidade” eleitoral de todos os parlamentares das principais Casas legislativas é analisada em

www.excelencias.org.br/@dpat.php.

16

Em 2006, Salmito Filho doou quase 50% de seu patrimônio. Outros dois vereadores doaram entre 15% e 30% do que declararam possuir.

Vereador Bens/2006 % Doações/2006

Tomaz Holanda (PMN) 0 8 4.700

Paulo Mindello (PSB) 26.000 116,20% 30.210

Salmito Filho (PT) 86.246 49,70% 42.895

Carlos Mesquita (PMDB) 120.000 29,20% 35.000

Alri Nogueira (PSDB) 270.912 15,20% 41.123

Perfil do financiamento eleitoral

Com base nos dados do projeto “Às Claras”, da Transparência Brasil, constata-se que o total de arrecadação dos 925 candidatos a vereador de Fortaleza foi de R$ 2.402.096,00. Em média, a campanha à vereança custou R$ 8 mil a cada candidato.

Foram excluídos para cálculo de média de custo de campanha os candidatos que declararam que nada arrecadaram como também aqueles que não apresentaram declarações à Justiça Eleitoral. Dos 925 candidatos, 626 se encontram nessa situação: nada menos que 68% dos participantes do pleito de 2004.

A média de arrecadação dos 41 candidatos eleitos foi de R$ 27.345,68, muito superior à média dos candidatos não-eleitos, que ficou em pouco menos de R$ 5 mil. A soma de receitas dos 41 candidatos eleitos foi de R$ 1.121.173,00, o que representa uma parcela de 47% de todo o montante arrecadado por todos os 925 candidatos (R$ 2.402.096,00).

Abaixo a tabela com todos os 41 vereadores eleitos, suas respectivas votações, receitas e média de custo dos votos, ordenados da maior para a menor arrecadação.

Nome Votos Receita/votos Receita

Antonio Idalmir Carvalho Feitosa 6784 14,56 98.778,00

Nelba Aparecida Fortaleza 15562 5,27 81.965,00

Terezinha de Jesus Lima 12026 6,47 77.810,00

17

Nome Votos Receita/votos Receita

Joao Salmito Filho 5886 9,56 56.252,00

Carlos Alberto Gomes Mesquita 14691 3,80 55.809,00

José Alri Rodrigues Nogueira 6850 7,27 49.805,00

Jorge Vieira 7716 5,90 45.539,00

Marcus Savius Teixeira Sousa 10510 4,28 45.000,00

Walter Lima Frota Cavalcante 13066 3,00 39.221,00

Regina Cely Diniz Assêncio 10814 3,35 36.203,00

Antônio da Silveira Machado Neto 8322 3,80 31.617,00

Gelson Ferraz de Medeiros 12363 2,39 29.538,00

Antonio Augusto Moreira E Silva 12212 2,40 29.250,00

Jose Maria Arruda Pontes 7361 3,94 29.000,00

Agostinho Frederico Carmo Gomes 6573 4,27 28.035,00

Luiz Carlos Andrade Morais 5679 4,87 27.648,00

Luciram Girão Sales 6908 3,99 27.587,00

Aluisio Sergio Novais Eleuterio 6066 4,52 27.430,00

Elpidio Nogueira Moreira 6800 4,03 27.400,00

Jose Iraguassu Teixeira 7241 3,71 26.859,00

Jose Carlos Beserra de Carvalho 12285 2,11 25.940,00

José do Carmo Gondim 4902 4,37 21.405,00

Edvania Matias Ferreira 11590 1,84 21.289,00

Guilherme de Figueredo Sampaio 5333 3,82 20.380,00

Francisco Mangueira Sobrinho 5807 3,10 18.000,00

Eliezer Moreira da Silva 10563 1,68 17.766,00

Glauber Lacerda Sindeaux 7092 2,28 16.135,00

Antonio Helder Couto Bezerra 8477 1,83 15.500,00

José Adelmo Mendes Martins 8462 1,71 14.508,00

Marcílio Catunda Ferreira Gomes 8437 1,65 13.946,00

Mario Helio Portela Reinaldo 5809 1,60 9.270,00

Raimundo Nonato Ferreira Aragao 10554 0,81 8.500,00

Tomaz Holanda de Lima 4812 1,48 7.145,00

Joao da Cruz Silva 4266 1,63 6.944,00

Maria De Fátima Arrais Leite 5220 1,19 6.220,00

Francisco Rodrigues Filho 4215 1,42 6.000,00

Carlos Magno Bezerra Sidou 4491 1,11 5.000,00

Francisco Willame Correia de Lima 4066 1,23 5.000,00

José Elson Damasceno 4230 1,06 4.500,00

Francisco de Santana Fernandes 3559 1,00 3.575,00

João Batista Gomes da Silva 4357 0,78 3.404,00

18

Dentre os 40 maiores doadores para a campanha de vereador de 2004 em Fortaleza, foram separadas as seis empresas que mais doaram. As pessoas físicas e os partidos e/ou comitês financeiros não foram considerados nessa análise. Nas tabelas abaixo calculam-se a eficiência da doação de cada uma dessas empresas, ou seja, os candidatos para quem ela doou e se ele foi eleito vereador ou não.

CONSTRUTORA CETRO LTDA

Marcus Sávio Teixeira Sousa Eleito pela legenda R$ 27.000,00

Eficiência 100% 100%

POLIGONAL PROJ E CONSTRUÇÕES

Nelba Aparecida Maia Fortaleza Eleita R$ 25.000,00

Eficiência 100% 100%

SANTA BRANCA EMP. FARMACEUTICOS

João Salmito Filho Eleito R$ 20.000,00

Eficiência 100% 100%

BIC BANCO INDUSTR E COM LTDA

Marcio Eduardo de Lima Lopes Suplente R$ 20.000,00

Eficiência 0% 0%

CAMILO CONSTRUÇÕES LTDA

Marcus Sávio Teixeira Sousa Eleito pela legenda R$ 15.000,00

Eficiência 100% 100%

J G CONSTRUÇÕES LTDA

Nelba Aparecida Fortaleza Eleita R$ 14.850,00

Eficiência 100% 100%

Analisando o perfil das empresas doadoras, observa-se a preponderância de estabelecimentos do ramo da construção civil. Das seis maiores doadoras, quatro se encaixam nesse perfil.

Tanto os vereadores Marcus Teixeira quanto a vereadora cassada Nelba Fortaleza receberam doação de mais de uma das maiores empresas doadoras.

O vereador Marcus Teixeira teve sua campanha inteira financiada por empresas da construção civil. Três construtoras doaram ao vereador um montante total de R$ 45 mil, sendo este o total de receita declarado pelo parlamentar. O vereador Marcus Teixeira já foi auditor da Secretaria da Administração do Estado do Ceará, diretor administrativo da Empresa Técnica de Transporte S.A. (ETTUSA) e contador da Superintendência de Desenvolvimento de Obras do Estado do Ceará (SOEC).

19

Câmara Municipal de Florianópolis Por Juliana Sakai

A Câmara Municipal de Florianópolis é integrada por 16 vereadores. Seu orçamento para 2008 é de R$ 28.789.150,00. Dividindo-se esse montante pela quantidade de vereadores, atinge-se a quantia de R$ 1.799.321,88. Isso é o que cada cadeira de vereador custa aos cofres municipais este ano. Por outro lado, dividindo-se o total dos gastos com a Câmara pela população da cidade, o número resulta em R$ 72,57. Esse é o montante que cada morador de Florianópolis desembolsará este ano para manter a sua Casa Legislativa. É o maior custo por habitante entre as capitais da Região Sul.

A Casa não publica na Internet a freqüência dos vereadores nas Comissões nem nas sessões Plenárias. A Câmara da capital catarinense fornece informações a respeito do uso de verbas de gabinete de seus integrantes, mas apresenta os dados em um arquivo anexo, o que dificulta o acompanhamento automático das despesas. A Câmara informa os gastos com diárias, mas também nesse caso os dados aparecem em um arquivo separado – e não há detalhes sobre as viagens.

Recursos recebidos pelos vereadores

Cada parlamentar recebe um salário mensal de R$ 7.607,47. Além disso, eles têm disponíveis R$ 3 mil por mês para gastos com material de escritório, telefone, cópias, correspondência e viagens. Essa quantia é cumulativa anualmente. Há ainda R$ 11 mil mensais para a contratação de até oito assessores de gabinete nomeados pelo parlamentar. Assim, cada gabinete representa mensalmente para a Câmara um custo de até R$ 21.607,47.

Variação da representação partidária

Os 16 edis florianopolitanos estão divididos por nove siglas partidárias. Tem a maior bancada o PP, com 25% das cadeiras. Embora tenha eleito apenas um vereador em 2004, o PMDB é hoje o segundo partido mais representado, com 19% ou três vereadores. Essa mudança nas bancadas do Legislativo deve-se em função da troca de sigla do prefeito (licenciado) Dário Berger. Dois parlamentares eleitos pelo PSDB acompanharam Berger, migrando para o PMDB durante o mandato. Outros partidos tiveram sua composição alterada durante a legislatura em função de infidelidade partidária, como apresentam as tabelas abaixo:

Partido Bancada eleita Bancada atual

PP 4 4

PMDB 1 3

PFL/DEM 3 2

PTB 2 2

PSDB 3 1

PCdoB 1 1

PL/PR 1 1

PT 1 1

PRB 0 1

20

Vereador Partido eleito Partido atual

Deglaber Goulart PSDB PMDB

Gean Marques Loureiro PSDB PMDB

Alceu Nieckarz PL PRB

João Batista Nunes PFL PR

Afinidades com grupos de interesse

Entre os 16 parlamentares, dois foram identificados como evangélicos: Alceu Nieckarz (PRB) e Jair Antônio Miotto (PTB). Há dois vereadores com origem sindical: Angela Albino (PC do B) e Márcio José Pereira de Souza (PT). Um parlamentar é ligado a organização não-governamental: Jaime Tonello (DEM).

Ocorrências na Justiça

De acordo com dados mantidos pelo Projeto Excelências, dois parlamentares têm processos no Tribunal de Justiça de Santa Catarina: Guilherme da Silva Grillo (PP) e Juarez Silveira (PTB). Grillo recorre de decisão de primeira instância que o condenou a dois anos de serviços comunitários e ao pagamento de dez dias-multa, por interceptação telefônica. Já Silveira tem duas condenações no Tribunal do estado. Em um caso, o TJ-SC manteve decisão anterior que lhe impôs pagamento de multa e restituição de verbas públicas irregularmente apropriadas, destinadas a viagens não realizadas. No outro caso, foi condenado a pagar multa civil e a devolver aos cofres públicos tudo o que recebera em razão do exercício indevido do cargo de Diretor de Planejamento da Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina (Codesc). Silveira exerceu simultaneamente os cargos públicos de diretor da Codesc e de vereador de Florianópolis. O petebista apresenta ainda uma execução fiscal de R$ 438.679,83 por sonegação de imposto de renda de pessoa física na Seção Judiciária estadual do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Citações em matérias jornalísticas sobre corrupção

O Projeto Deu no Jornal (www.deunojornal.org.br), da Transparência Brasil coleta notícias, da imprensa brasileira sobre corrupção e outras irregularidades. Quatro parlamentares da Câmara de Florianópolis são citados em matérias jornalísticas.

Em uma notícia publicada em março de 2007 pelo Diário Catarinense, João Batista Nunes (PR) é acusado pelo dono de uma casa noturna de lhe pedir R$ 20 mil para intermediar a liberação de documentos que permitissem o funcionamento do estabelecimento.

O vereador João da Bega (PMDB) teve noticiado seu afastamento do cargo de diretor regional da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) por determinação da Justiça, que considerou o acúmulo dos cargos de diretor de empresa estatal e de vereador de Florianópolis um ato de improbidade administrativa. Segundo o Ministério Público, o parlamentar teria recebido, ilicitamente, R$ 52.164,84. Ainda de acordo com o A Notícia, a decisão liminar determinou os bloqueios de suas contas bancárias e de seus bens.

21

Em junho de 2007, foi reportada a prisão em flagrante do vereador Guilherme da Silva Grillo (PP) sob a acusação de ter grampeado o telefone do colega Juarez Silveira (PTB). A Justiça condenou-o a dois anos de prisão, substituídos por prestação de serviços comunitários, e dez dias-multa.

Juarez Silveira foi citado em diversas matérias por seu suposto envolvimento no esquema de compra e venda de licenças ambientais, desmontado pela Operação Moeda Verde da Polícia Federal, que culminou com a cassação do seu mandato. Apontado como líder da quadrilha, teve prisão temporária decretada e foi indiciado pela PF. O TJ julgou ilegal a sua cassação e o parlamentar voltou a ocupar o cargo após um ano. Seus processos por sonegação de imposto de renda e acúmulo indevido de cargos públicos também foram noticiados pelos jornais catarinenses.

Evolução patrimonial5

Os candidatos a eleições são obrigados a fornecer à Justiça Eleitoral suas declarações de bens, as quais, desde o pleito de 2006, são tornadas públicas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Isso permite determinar a evolução do patrimônio dos políticos que são candidatos em 2008 e que tenham participado da eleição de 2006. No caso da Câmara de Florianópolis, 13 dos atuais 16 integrantes da Casa concorrem à reeleição em 2008. Desses, quatro concorreram nas eleições gerais de 2006, dispondo-se, portanto, de informações sobre o patrimônio que declararam na época. Confrontando-se os dois conjuntos de declarações, verifica-se que os parlamentares em questão experimentaram uma variação patrimonial média de 4,9%. Matematicamente, quando a declaração de bens se alterou a partir de zero, a evolução patrimonial tende ao infinito (8 ), como em um dos casos na tabela a seguir. Note-se que um dos parlamentares enriqueceu 50% em dois anos:

Nome Bens 2006 (R$) Bens 2008 (R$) Evolução patrimonial

Márcio José de Souza (PT) 0 1.000 8

Alceu Nieckarz (PRB) 50.000 75.000 50,00%

Ângela Albino (PCdoB) 120.090 120.000 -0,10%

João Batista Nunes (PR) 346.072 223.778 -35,30%

Doações x patrimônios6

O fato de, no Brasil, os candidatos a eleições serem obrigados a fornecer à Justiça Eleitoral a sua declaração de bens, aliado a outra obrigação, a de informar os doadores de suas campanhas eleitorais, permite realizar outro tipo de comparação. Candidatos a eleições não apenas recebem recursos de financiadores de suas campanhas, mas também contribuem, eles próprios, não só para suas campanhas como, muitas vezes, para as campanhas de outros políticos.

Em 2006, Márcio José de Souza (PT) declarou não ter qualquer bem, mas doou à sua própria campanha a deputado estadual mais de R$ 80 mil.

No mesmo ano Alceu Nieckarz (PRB) disse ter doado a sua campanha a deputado federal uma quantia que representa mais de metade de seu patrimônio.

5 Ver em www.excelencias.org.br/@patrimonios.php o levantamento completo da variação patrimonial dos

parlamentares de todo o país que são candiatos em 2008. 6 A “generosidade” eleitoral de todos os parlamentares das principais Casas legislativas é analisada em

www.excelencias.org.br/@dpat.php.

22

Vereador Bens/2006 (R$) % Doações/2006 (R$)

Márcio José Pereira de Souza (PT) 0 8 82.243

Alceu Nieckarz (PRB) 50.000 54% 27.000

Perfil do financiamento eleitoral

Uma análise sobre a relação entre a arrecadação eleitoral e a votação obtida por cada um dos 177 candidatos a vereador em Florianópolis nas eleições de 2004 confirma que essas duas variáveis estão fortemente relacionadas. É o que mostra o gráfico a seguir, extraído da base de dados do projeto Às Claras (www.asclaras.org.br), mantido pela Transparência Brasil:

O impacto do financiamento eleitoral também pode ser constatado pela diferença de arrecadação entre candidatos e eleitos. A média de arrecadação dos 128 candidatos que declararam ter recebido algum financiamento eleitoral é de R$ 11.774,40. Entre os eleitos a quantia sobe para R$ 40.215,94 ou 3,4 vezes mais o arrecadado por candidatos. O montante conjunto declarado pelos eleitos – R$ 643.455,00 – corresponde a 43% da quantia arrecadada por todos candidatos. A tabela a seguir fornece informações sobre quantidade de votos, receita e a relação receita/voto, dos 16 vereadores eleitos, organizadas pelo custo do voto:

Nome Votos Receita Receita/votos

Juarez Silveira 3568 84.000,00 23,54

Guilherme da Silva Grillo 6338 99.420,00 15,69

Ptolomeu Bittencort Junior 3416 51.260,00 15,01

Jair Antonio Miotto 2445 30.208,00 12,36

Marcílio Guilherme Ávila 4597 49.820,00 10,84

João Itamar da Silveira 3163 33.300,00 10,53

Joao Batista Nunes 4925 50.717,00 10,30

Alexandre Filomeno Fontes 4026 38.773,00 9,63

Alceu Nieckarz 3507 33.102,00 9,44

23

Nome Votos Receita Receita/votos

Jaime Tonello 3652 28.789,00 7,88

Gean Marques Loureiro 5364 37.000,00 6,90

Walter da Luz 7057 43.281,00 6,13

João Aurélio Valente Júnior 3654 18.021,00 4,93

Márcio José Pereira de Souza 4528 20.274,00 4,48

Angela Albino 4280 18.675,00 4,36

Deglaber Goulart 3213 6.815,00 2,12

Assim como o que ocorre em outras cidades, os maiores financiadores de campanhas ao cargo vereador de Florianópolis são pessoas jurídicas, revelando o forte interesse privado na eleição de algumas candidaturas. No caso da capital catarinense, houve uma grande presença de dinheiro de empresas de construção e engenharia civil no pleito de 2004.

Os candidatos financiados pelas pessoas jurídicas que realizaram maiores doações estão listados a seguir. As duas últimas linhas de cada tabela representam a “eficiência” do financiamento, tanto em termos da porcentagem de candidatos financiados que foram eleitos quanto na forma da porcentagem doada a eleitos sobre o total financiado.

CARLOS HOEPCKE ADM. PART. ENGENHARIA

Guilherme da Silva Grillo PP Eleito R$ 58.420,00

Eficiência 100% 100%

KOERICH CONSTRUÇÃO E PARTICIPAÇÃO LTDA

Juarez Silveira PTB Eleito R$ 5.000,00

João Aurélio Valente Júnior PP Eleito pela legenda R$ 4.900,00

Jaime Tonello PFL Eleito R$ 3.500,00 Júlia da Silva Milis Syracuse PP Suplente R$ 3.000,00

Marcílio Guilherme Ávila PP Eleito R$ 2.500,00

Alexandre Filomeno Fontes PP Eleito R$ 2.500,00

Joao Aparicio Telles Pires Bittencourt PSDB Suplente R$ 2.500,00

Ezequiel Maia Neto PSC Suplente R$ 2.500,00

Joao Batista Nunes PFL Eleito R$ 2.500,00

Ptolomeu Bittencort Junior PFL Eleito pela legenda R$ 2.500,00

Antonio Henrique Costa Bulcao Vianna PFL Suplente R$ 2.500,00

Aloisio Acácio Piazza PMDB Suplente R$ 2.500,00 Wilter Domingues PMDB Suplente R$ 1.250,00

Flávio Ricardo Félix PDT Não Eleito R$ 1.250,00

Luciano Fullgraf PP Suplente R$ 1.250,00

Aurélio Castro Remor PSDB Suplente R$ 1.000,00

Total R$ 41.150,00

Eficiência 43,8% 56,9%

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HABITASUL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

Juarez Silveira PTB Eleito R$ 40.000,00

Eficiência 100% 100%

COTESA ENGENHARIA LTDA

Aldo Pedro Ferrari PT Suplente R$ 20.000,00

Édio dos Santos PT Suplente R$ 10.000,00

Marcelo Galvão Fogaça de Almeida PT Suplente R$ 5.000,00

Total R$ 35.000,00

Eficiência 0% 0%

EUGÊNIO RAULINO KOERICH S/A

Jaime Tonello PFL Eleito R$ 3.500,00

Júlia da Silva Milis Syracuse PP Suplente R$ 3.000,00

Marcílio Guilherme Ávila PP Eleito R$ 2.500,00

Alexandre Filomeno Fontes PP Eleito R$ 2.500,00

Joao Aparicio Telles Pires Bittencourt PSDB Suplente R$ 2.500,00

Ezequiel Maia Neto PSC Suplente R$ 2.500,00

Aloisio Acácio Piazza PMDB Suplente R$ 2.500,00

Joao Batista Nunes PFL Eleito R$ 2.500,00

Ptolomeu Bittencort Junior PFL Eleito pela legenda R$ 2.500,00 Antonio Henrique Costa Bulcao Vianna PFL Suplente R$ 2.500,00

Flávio Ricardo Félix PDT Não Eleito R$ 1.250,00

Luciano Fullgraf PP Suplente R$ 1.250,00

Wilter Domingues PMDB Suplente R$ 1.250,00

Aurélio Castro Remor PSDB Suplente R$ 1.000,00

Total R$ 31.250,00

Eficiência 35,7% 43,2%

FORMACCO CONSTRUÇÕES E COM. LTDA

Joao Aderson Flores PFL Suplente R$ 5.000,00

Ptolomeu Bittencort Junior PFL Eleito pela legenda R$ 5.000,00 Marcílio Guilherme Ávila PP Eleito R$ 5.000,00

Antonio Henrique Costa Bulcao Vianna PFL Suplente R$ 3.000,00

João Itamar da Silveira PMDB Eleito R$ 3.000,00

Joao Aparicio Telles Pires Bittencourt PSDB Suplente R$ 3.000,00

Juarez Silveira PTB Eleito R$ 3.000,00

Total R$ 27.000,00

Eficiência 57,1% 59,3%

Uma característica importante no perfil do financiamento privado diz respeito ao peso de cada doação no total geral recebido pelo candidato. Quanto mais a doação de uma empresa representa no montante

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total arrecadado pelo candidato, mais se apresenta o risco de este ser devedor de contrapartidas àquele doador. A tabela seguinte aponta os vereadores em exercício que receberam mais de 25% de suas doações de uma única empresa (ou duas, como em um dos casos):

Vereador Doador Doação Parcela da receita total

Guilherme da Silva Grillo CARLOS HOEPCKE ADM. PART. ENGENHARIA R$ 58.420,00 58,8%

Juarez Silveira HABITASUL EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

R$ 40.000,00 47,6%

Ptolomeu Bittencort Jr FIRST S.A. R$ 20.000,00 39,0%

Deglaber Goulart METALURGICA ACACIO LTDA R$ 2.000,00 29,4%

BAUTEC CONSTRUÇÃO E INCORPORAÇÃO LTDA.

R$ 5.000,00 27,8% João Aurélio Valente Jr

KOERICH CONSTRUÇÃO E PARTICIPAÇÃO LTDA R$ 4.900,00 27,2%

Gean Marques Loureiro JAIME ALEIXO DE SOUZA E CIA LTDA R$ 10.000,00 27,0%