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Como um cão me inspirou a planejar menos e a fazer mais. ALLYSSON LUCCA

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Como um cão me inspiroua planejar menos e a fazer mais.

ALLYSSON LUCCA

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ALLYSSON LUCCA

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Sem Plano de Negóciospor Allysson Lucca

www.lucca.co

Esse livro foi escrito durante minhas idas e vindas entre Manhattan e White Plains, em um MacBook Pro

utilizando o aplicativo iA Writer e InDesign

Todos os direitos reservados 2013 por Allysson Lucca. Nomes e marcas mencionados nessa obra pertencem

ao seus respectivos titulares.

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Agradecimentos

A todos aqueles que fazem parte da minha vida, no bem e no mal, porque aprendemos com todas as situações. A minha esposa em especial, que sempre me acompanhou e compartilhou sucessos e frustrações, e a minha filha que mesmo sem entender adaptou-se as nossas ausências.Às conversas com meu irmão sobre negócios e ideias que me fizeram perceber que a próxima oportunidade pode estar bem na sua frente e na maioria das vezes a gente simplesmente passa por ela despercebida.

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ÍNDICE

Mais Instinto, Menos Planejamento 06Empreender 09Noção do Mundo 14Uma bandana que mudaria tudo 19Validar uma idéia 21Portas abertas 24Filhos peludos 26Colaboradores 33Passo de gigante 35Mais novidades 41Uma revista no meio disso tudo 43Decisões difíceis 45Hora de virar a página 48Conclusão 49

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MAIS INSTINTO, MENOS PLANEJAMENTO

Um cão pode nos ensinar muitas coisas, compaixão, honestidade, sinceridade, fidelidade, amizade, gratidão, somente para listar algumas das suas qualidades, mas como poderiam esses seres magníficos nos ensinar algo sobre negócios? No meu caso aconteceu, e vou contar para vocês como um Jack Russell (a raça do cachorro do filme O Máscara) conseguiu botar para fora a vontade que eu tinha de empreender, que até então se manifestava somente por meio de experiências, como dizer… amadoras.

Você não vai encontrar aqui a fórmula mágica do sucesso, até porque o significado de sucesso pode ser visto de forma diferente entre as pessoas. Porém, alguns pontos devem sim fazer parte dessa matemática, por exemplo: fazer algo porque gosta, com pessoas que compartilham os mesmos objetivos e não focar somente no retorno financeiro de um projeto. Outro item que abordo nesse livro é a questão do planejamento. Perdi a conta das ideias que gostaria de tirar do papel e que por colocar tanto tempo em definições, pesquisa de mercado, investimento, retorno, ponto de equilíbrio, etc… simplesmente desisti. Não estou dizendo que planejar não serve a nada, mas cuidado para não limitar o seu impulso de fazer algo acontecer somente com base em dados e informações exatas.

Em um estudo de mais de 10 anos, o consultor de marcas e autor Martin Lindstrom publicou um livro intitulado BUYOLOGY, em que ele mostra a ciência por trás das decisões de compra. É incrível saber que, por exemplo, pesquisas de opinião simplesmente não dizem a verdade. Ficou comprovado por testes em laboratório que nós respondemos a algo e o nosso cérebro pensa em outro. Caímos na velha frase de Henry Ford “Se eu

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perguntasse aos meus clientes o que eles gostariam de ter, responderiam um cavalo mais rápido”. Deixar de realizar um projeto porque o tal do manual do empreendedor diz para não fazer nada sem antes ter um plano de negócios é, usando um termo diferente, triste.

Empreender significa tomar riscos, todavia gostaria de ir além disso, significa também quebrar modelos de negócios, buscar alternativas, errar e consertar.

A história que conto aqui só virou livro porque tive a oportunidade de parar um pouco e fazer uma espécie de inventário das coisas ao meu redor, das minhas experiências como empreendedor. Caí e levantei, tive extratos bancários gordos e momentos de desespero sem saber como pagar o próximo fornecedor, mas com a pessoa mais importante da minha vida ao meu lado, minha esposa, conseguimos passar por isso, juntos nós rimos e choramos, e hoje olhando para trás vejo que vale a pena compartilhar essa história.

Nossas vidas se dividem em duas etapas, que não é antes e depois do casamento, mas antes e depois do Jack, um cão de personalidade forte, pequeno, sem noção do seu tamanho; falam que faz parte do DNA terrier da raça, cães caçadores, desbravadores. Ele entrou para a família 5 anos atrás e desde então tudo virou uma aventura, cheguei a me jogar em dois rios diferentes para salvá-lo de dois afogamentos. Os Jacks Russells têm as pernas curtas e nos dois casos ele acabou se enroscado em plantas e não conseguia manter a cabeça para fora da água; também já participou de ensaios de moda, mas a maior façanha foi fazer a Mariana largar seu emprego em uma multinacional alemã para montarmos uma loja como ninguém ainda nunca tinha visto aqui no Brasil. Foi essa experiência que nos mostrou o que realmente empreender significava, a qual fizemos seguindo nossos instintos, com menos

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conversa e mais ação.

No final de cada capítulo, procurei elencar algumas dicas, espero sejam úteis para você colocar suas ideias em prática. A troca de ideias continua pelo meu blog www.lucca.co e pelo meu twitter @all_lucca

Boa leitura!

Jack, o culpado :)

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EMPREENDER

Durante os meses de verão e férias escolares, geralmente no meu tempo de escola isso acontecia entre novembro e fevereiro, nós praticamente fazíamos uma mudança para a casa que meu pai tinha recém - comprado no litoral paranaense. Eles chegavam a alugar uma kombi para levar roupa, comida, pranchas, etc… e mesmo sendo uma viagem curta, 1h30min de Curitiba, eu, meu irmão, minha irmã e minha mãe ficávamos na praia por 3 meses sem voltar para Curitiba. Durante todo esse tempo, o único que voltava era meu pai por compromissos de trabalho.

Foi um período fantástico, cheio de amigos, aventuras, às vezes pirraças e encrencas; eram, com certeza, os melhores meses do ano.

Foi em um desses verões que tive minha primeira experiência com o empreendedorismo, éramos ainda dois “guris” como se diz aqui no sul, e nem sabíamos da existência desse termo, empreender.

Nós ficávamos em um balneário, era um complexo de casas, todas parecidas, com muros baixos, hoje completamente mudado por causa da insegurança. O balneário era dividido em dois por uma rodovia estadual, não muito movimentada, era comum cruzar a estrada para ir à casa de amigos, para a praia, ou ao bar do Cecon, que ficava lá nos fundos de todas as casas. Não podia existir lugar pior para construir um bar, mas na época era o que tinha e por ser o único bar nas vizinhanças toda a molecada do balneário ia se encontrar lá depois do almoço. Ficávamos jogando sinuca, bola, tomando sorvete e refrigerante no grande terreno que circundava o local.

O sr. Cecon, dono do bar, era conhecido por todos, homem simples e honesto e no seu pequeno mundo

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reparou que nós ficávamos ali matando tempo e que esse tempo poderia render algo se focado em outras tarefas. Um dia ele chegou para nós e perguntou: “Querem ir vender sorvete na praia? Para cada sorvete vendido vocês ganham uma comissão.” Praticamente ninguém ia até o bar, imagine se alguém na praia ia andar quase 1km, cruzar uma rodovia para comprar um sorvete.

Aceitamos a proposta, lá fomos nós armados de caixinhas de isopor, aquelas que parecem uma bolsa de carteiro, para as areias da praia vender sorvete. Depois de muito sol na cabeça e dor no ombro pelo peso do isopor conseguíamos vender alguns, mas nada que mudasse nossas vidas e muito menos a do Sr. Cecon, dono do bar. Na verdade, foi ele quem mais ganhou com toda essa história, simplesmente porque o dinheiro da comissão que eles nos dava era gasto ali mesmo, comprando adivinha o quê? Sorvetes.

Nos anos que seguiram tive outras experiências que também nunca renderam algo duradouro em termos de negócios, mas que ajudaram a moldar ideias e aprender sempre mais sobre como levar um negócio. Na primeira bolha da internet, lá pelo ano 2000, eu e meu irmão pensamos em um site para estudantes, um lugar onde achar conteúdo de estudos, fórum para discussões, eventos, etc… o nome era “student” que por si só já virou um problema. No pouco tempo que ficou online recebíamos vários emails reclamando do nome, o pior é que não aprendemos a lição e repetimos o mesmo erro com o nome alguns anos depois. De qualquer maneira, a titulo de curiosidade, o site “student“ foi o primeiro site de IP fixo hospedado na NET aqui no Brasil.

Alguns anos mais tarde, já falo de 2004/2005, novamente me associei com meu irmão na criação de um quiosque para conversão de fitas VHS para DVD. Escolhemos o nome de

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“uCan” que se lido por um americano faria todo sentido “você pode”, mas ninguém no Brasil se ligou na ideia do nome e ficou no mínimo estranho, difícil de entender e associar com os serviços.

Deixando o nome de lado, o negócio em si foi um sucesso, naquele período eu ainda morava fora do Brasil, então não participava do dia a dia da empresa. Eu cuidava da parte de comunicação do projeto, mas também com certos limites devido a distância.

O quiosque estava localizado na entrada de pedestres de um grande shopping no centro de Curitiba, o produto chefe era a conversão de fitas VHS para DVD, em poucas semanas tínhamos uma fila de espera de 3 meses. Aos poucos ainda fomos adicionando outros serviços como xerox, impressões, scanner…. Os problemas porém não demoraram a acontecer. Mais adiante você vai encontrar um capítulo à parte somente sobre funcionários, esse foi o ponto que mais tarde nos levaria a fechar o negócio.

Nós éramos 6 sócios e com todo mundo trabalhando em paralelo sobrou para o meu irmão tocar o negócio sozinho praticamente. Como ele também tinha seu trabalho durante o dia, ficou difícil tocar o projeto, tomamos, então, a decisão de fechar.

Ter uma loja em shopping sem poder bancar gerente de loja e vendedores é para poucos, ou seja, esteja preparado para trabalhar, trabalhar e trabalhar, sem fim de semana, sem feriados, é muito puxado. Se você somar o investimento de tempo com a falta de pessoas comprometidas, e nesse caso ainda a ocorrência de furtos, fica complicado achar forças para fazer acontecer.

Outra experiência que ficou marcada para mim foi uma brincadeira lucrativa, que mais tarde se revelou útil por me explicar o conceito de tribos. Ainda nos tempos

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de faculdade, íamos em quase todos os shows que aconteciam na famosa pedreira em Curitiba. O lugar era uma antiga pedreira mesmo, que a prefeitura transformou em um espaço para eventos, mas esqueceram um pequeno detalhe, estacionamento. Fato que se tornou uma oportunidade para os comerciantes e moradores da região que transformavam seus espaços em estacionamentos durante os shows.

Nós deixávamos o carro estacionado sempre no mesmo lugar, uma oficina mecânica e junto com nós dois isopores grandes cheios de cerveja, era muita latinha para pouca gente, nosso grupo não passava de 4 pessoas. Então pensamos, que tal vender cerveja para as pessoas que iriam para o show por um preço um pouco menor que os outros vendedores? Na época ninguém tinha licença, permissão, nada disso para poder vender, quem chegasse ali com um isopor poderia vender o que quisesse.

Começamos a falar com as pessoas que passavam que estávamos vendendo cerveja por um preço especial, não lembro o valor exato, mas era algo em torno de R$0,20 centavos a menos em relação aos outros. A voz rapidamente se espalhou e vendemos tudo em questão de minutos. Nós nem pensamos em analisar os motivos do sucesso das vendas, nosso interesse era outro. Hoje, porém, eu tenho certeza de que não foi o preço que vendeu o “nosso produto”, foi um outro detalhe. Não colocamos nenhum cartaz, nada ali na nossa rodinha remetia a alguém que estivesse vendendo algo. A voz de “uns caras” vendendo cerveja mais barata se espalhou. Nós criamos, sem querer, uma sensação de exclusividade. Você só compraria a cerveja mais barata se fizesse parte de um grupo que sabia disso, você precisava fazer parte da nossa tribo, um conceito de mercado que hoje rende produtos de sucesso mais conhecidos como “invite only”, ou seja, você

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só tem acesso se consegue um convite para se inscrever. Muitos produtos de sucesso que vemos hoje nasceram com esse modelo de acesso, Gmail, por exemplo, foi um. O produto pode ser o mesmo que tantos outros, mas o fato de pertencer a um grupo exclusivo muda tudo, geralmente esse fator é somado a um preço maior porque justifica o limite de acesso, no nosso caso ficou melhor ainda porque o produto era mais barato.

Foi ao mesmo tempo divertido e lucrativo, afinal pagamos as cervejas vendidas, as que bebemos, o estacionamento e os ingressos do show. Repetimos a dose por mais dois shows, sempre com o mesmo sucesso, no terceiro tivemos uma surpresa. O dono da oficina tinha colocado um quiosque de uma marca famosa de cerveja, em poucas palavras, perdemos o ponto.

DICAS• Façaumlevantamentodosseusconhecimentos,oquevocê

sabefazer?Doquevocêgosta?Vocêpodetrabalharcomogerentedebanco,masoquevocêrealmentegostadefazerépintura.

• Coleteinformações,escreva,façaumcadernodeideias,seupassadoéasuahistória.

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NOçãO DO MuNDO

Comecei a trabalhar com 17 anos, desenhava rótulos de embalagens de farinha, carvão, arroz, feijão em uma grande fábrica de papel. Meu projeto na época era terminar a faculdade e ir para a Itália, tinha um fascínio por esse país, muito provavelmente por ser de origem italiana. Essa viagem acabou acontecendo uns 5 meses depois de formado, vendi meu carro para viajar por 1 mês na Europa e parar na Itália para tentar um emprego e ficar por lá por um tempo.

Essa viagem valeu por outras 10 faculdades, nenhuma escola iria me ensinar o que aprendi nesse tempo fora do Brasil. Eu acredito muito no fato de as pessoas nascerem ou não empreendedoras, mas experiências como essas são capazes de transformar qualquer um. Saber lidar com situações inesperadas, novas, sem a possibilidade de recorrer a conhecidos para pedir ajuda, aqueles momentos em que seu olhar fica vazio e você se pergunta, e agora? o que faço? Essa foi sem dúvida alguma a minha primeira experiência séria de empreendedorismo, o produto nesse caso era eu mesmo, o investimento meu carro, o lucro minha vida.

Acabei morando na Itália por 7 anos, momentos marcados também por outros dois fatos importantes, meu casamento com a Mariana e a fundação da Luccaco *be digital, empresa que ainda faz parte do meu dia-a-dia.

A própria Luccaco nasceu sem planejamento algum, na época eu trabalhava como ilustrador em uma agência que fazia sites e guias turísticos impressos. Em um dia normal de trabalho eu recebi do meu pai um daqueles famosos power-points com mensagens interessantes, esse

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em específico era baseado em um texto escrito por Donella Meadows, em 1992. Ela teve uma idéia muito boa, diminuir a população da terra para somente 1000 pessoas e a partir desse número dividir a população em raça, religião, poder aquisitivo, entre outros dados. O grande trunfo é que tudo fica mais fácil de entender quando falamos de centenas e não milhões, e a disparidade social e econômica do mundo que em vivemos fica explícita para quem lê o texto.

Pois bem, eu peguei aquele power-point e transformei em uma animação, coloquei fotos, animei os textos e adicionei uma música, publiquei o video na internet, nada de YouTube ou Vimeo, estamos falando de 2001, e mandei o link para meu pai obviamente e para alguns amigos. Lembre-se também que nessa época não existia rede-social, para algo ser chamado de viral, precisava entrar em um ciclo de emails, um passando para o outro. E foi exatamente isso que aconteceu, o video em dois meses teve 500 mil visitas que na época era muito, o provider cortou o servidor que o site estava hospedado e queria me cobrar alguns mil dólares de hospedagem porque era tudo baseado em banda consumida, entramos em um acordo e tudo se resolveu. Passaram mais alguns meses e o video já entrava na lista dos sites mais acessados do mundo, isso mesmo, do mundo. Lembro muito bem de um relatório em que o video aparecia junto com sites como Geocities e Yahoo. O video agora já tinha sido visto por milhões de pessoas, fizeram uma matéria na TV do Japão com uma entrevista minha por telefone, foi horrível porque na época mal falava inglês.

Foi quando alguém dentro da Organização Internacional do Trabalho (sigla ILO em inglês) viu o video e resolveu me contatar, eles queriam algo similar mas com números referentes ao trabalho da organização na luta contra o trabalho infantil.

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Na época eu ainda trabalhava nessa agência em Milão, inventei uma desculpa para o chefe e junto com um amigo pegamos o carro e partimos em direção a Genebra, onde fica a sede da ILO. Sem experiência alguma de como fechar um negócio, fui lá com uma proposta de uma folha, escrito em inglês abaixo do nível básico, e mesmo assim escutei de uma das pessoas na sala, “uau… essa é a proposta mais clara que já vi nada vida”. Pronto, tinha conseguido fechar o primeiro trabalho da futura Luccaco.

Os frutos do video foram ainda além, empresas e escolas me procuravam porque queriam mostrar o video em eventos, etc… pensei então em vender CDROMs com projeto, o CD teria o video para exibir normalmente, um screensaver que a pessoa poderia instalar no seu PC e algumas imagens para desktop.

Vendia cada cópia por 10 euros, sem sistema de e-commerce, nada, era comum eu ir no banco com cheques de toda a parte do mundo para depositar, era pura confiança, o cliente me mandava cheque ou dinheiro por correio e quando eu recebia, mandava o CD. Além desse método usei muito o PayPal que na verdade foi o que movimentou tudo, consegui juntar alguns mil dólares na venda dos CDs, algumas cópias foram para empresas como Nokia, Nike e também grandes universidades.

Algum tempo mais tarde produzi camisetas, não foi somente comprar camisetas e mandar serigrafar, procurei uma confecção em Curitiba (já tinha voltado ao Brasil) e fizemos tudo do jeito que eu queria, produzimos 300 camisetas, devo ter umas 20 comigo ainda, o resto foi vendido pelos 4 cantos do planeta.

O projeto existe até hoje, mas não vendo mais nada relacionado ao tema, existem várias versões que foram adaptadas no YouTube, a original é “The Miniature Earth

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- Oficial Version” o vídeo pode ser visto no link www.miniature-earth.com

Ou seja, a Luccaco é fruto de um experimento, a vontade de fazer algo diferente. Depois de todos esses anos nos especializamos em produtos digitais, leia-se websites, aplicativos para celulares, tablets, revistas digitais, etc… trabalhamos com grandes organizações na Europa, nos EUA e aqui no Brasil também.

Espero já tenho ficado claro do porque do nome do livro, sem planejamento algum me envolvi em histórias magníficas, mas nenhuma delas foi tão desafiadora e divertida como um projeto relacionado ao mundo dos cães, esses seres fascinantes que nos dão tudo e não esperam nada em troca, somente respeito. Eu cresci com cães na família, e depois de alguns anos morando com a minha esposa resolvemos que era hora de um membro peludo entrar para a nossa matilha, esse foi um marco que digamos moldou as nossas escolhas de vida desde então.

Apresento Jack, o terrorista, odeia outros cães, já tentamos adestrar com dois profissionais diferentes, nada, tentei a medicina normal e nada, testamos a medicina floral e nada, li uns 10 livros diferentes sobre comportamento canino, e nada, o Jack não muda. A sorte, entretanto, é que ele é um figura, não tem quem olhe pra ele e não dê uma risadinha. Com dois anos de idade já foi pai e a Apple, sua filha, também acabou encontrando seu lugar na nossa família, são nossos dois filhos peludos.

Foi com o Jack, que vimos nascer uma oportunidade, assim que começamos a frequentar o mundo das petshops, consultórios veterinários, parques, etc… fomos reparando que existia um mercado carente de inovação, parecia que tudo era feito como há 20 anos, mesmos produtos, mesmos procedimentos, mesmos conceitos. Nem eu, nem

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a Mariana temos formação em veterinária, também nunca tivemos nenhuma experiência com comércio, mas quase que inconscientemente fomos filtrando essas informações, até que um dia resolvemos nos jogar de cabeça em um projeto cheio de riscos, mas que nos daria uma imensa satisfação de fazer acontecer.

DICAS• Abrasuamenteparanovasexperiências.• Procureaprenderoutraslínguas,éumaportaabertapara

conheceroutrosmundos.• Adoteumcão,sãoseresmagníficosquesónosensinam

coisasboas.:)

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uMA bANDANA QuE MuDARIA TuDO

Na época em que pegamos o Jack, a Mariana trabalhava em uma multinacional alemã, gastava uma hora no transito para ir até o trabalho e mais uma ou até uma hora e meia para voltar para casa, eu tive mais sorte, trabalhava perto de casa, ia caminhando para o escritório. Pensei então que poderia levá-lo comigo, assim não precisaria ficar o dia todo sozinho em casa, era eu e o Jack para cima e para baixo, hoje todo mundo ali no bairro nos conhecem. O tempo foi passando e ele cada dia mais fazendo parte do meu dia a dia, acho que foi por isso que comecei a procurar algum elemento que o deixasse mais humano, acabei pensando em uma bandana, dessas estilo motoqueiro. Começamos então a visitar algumas petshops em busca do acessório.

Não demorou muito para constatar o fato de que já tínhamos notado meses atrás. As petshops tinham sempre os mesmos produtos, na grande maioria feios, mal acabados, sem criatividade alguma, o único fator de escolha entre elas era proximidade de casa e preço porque as opções eram sempre as mesmas.

Desistimos da procura e acabei parando na Amazon.com (site de compras online), foi como se um novo mundo aparecesse na nossa frente. Bandanas dos mais variados tipos, cores e tamanhos e quando começamos a ver os produtos relacionados ficamos mais impressionados ainda, eram produtos que nem imaginávamos que existissem, roupas de grife, fantasias, perfumes e até biscoitos que não perdem em nada se comparado às opções para nós humanos.

Ficamos literalmente bobos com a quantidade de opções, mas toda essa informação ainda estava sendo analisada por nós como consumidores somente, não

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tínhamos ainda pensado que um dia isso poderia virar um negócio.

Em uma das tantas caminhadas com o Jack, sempre perto de onde moramos, passei na frente de uma casa antiga com dois senhores fazendo a reforma desse lugar. A construção era dos anos 60, típica casa de família, antiga, muito simpática, mas ficou anos abandonada e acabou virando ponto de lixo. O imóvel estava na área mais nobre da cidade, o bairro do Batel em Curitiba, então não demorou muito para a prefeitura notar o abandono e multar o proprietário com a ordem de revitalizar o local, era isso que estavam fazendo quando passei ali na frente.

O imóvel estava sendo dividido em 3 unidades, todas com a frente para a rua, e mesmo não sendo na avenida principal o lugar tinha um charme todo particular. Parei, troquei umas palavrinhas com os dois senhores, peguei o número do proprietário e liguei para saber detalhes sobre aluguel, disponibilidade, etc… Um detalhe importante, é que fiz isso sem ainda ter algum projeto na cabeça, foi pura curiosidade.

A estrutura do local ainda iria precisar de muito trabalho, mas como o ponto era bom, tinha certeza de que não ficaria muito tempo no mercado. Mostrei o imóvel para a Mariana e ficamos somente imaginando que tipo de negócio poderia funcionar ali. Passaram-se algumas semanas e nada que nos levasse a encarar o desafio de montar alguma coisa ali.

DICAS• Procurenãoforçarumaideia,elaumdiavaiaparecernasua

frente.• Nãodeixedeladoumprojetosimplesmenteporquevocênão

temexperiênciaalgumanaárea.• Faça,seprecisarligar,ligue,seprecisarparareperguntar,

pare,nãodependadosoutros,váatrásvocêmesmo.

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VALIDAR uMA IDEIA

Considero-me um homem de sorte por ter minha esposa ao meu lado, a Mariana me acompanhou em todas as aventuras sejam viagens, negócios, sempre discutimos tudo, do que vamos jantar até planos de largar um emprego para apostar em um novo projeto.

Foram essas conversas que ajudaram a moldar nossos objetivos e aspirações, sabíamos que de um lado ela tinha um bom trabalho, em uma grande empresa, mas qualidade de vida quase zero, horas no trânsito para passar o dia inteiro dentro de um escritório, voltar para casa de noite e repetir o ritual todo santo dia, não queríamos isso para nossas vidas.

Do outro lado, nós dois com muita vontade de empreender, eu particularmente gostaria de experimentar o mundo do comércio, sempre estive no meio de serviços, tinha muita curiosidade de vender produtos, montar um layout de loja, marketing de varejo, campanhas, ofertas…. Não demorou muito para processarmos todas aquelas informações que tinham ficado guardadas nas nossas cabeças, a equação foi bem simples:

Adoramos cães + Não achamos nada legal para eles aqui + Sabemos que existe uma variedade enorme de produtos no exterior + Temos vontade de criar algo relacionado ao comércio + Conhecemos um ponto disponível no bairro nobre da cidade =

Pet Boutique

Não está escrito errado, é Pet Boutique mesmo, o conceito de PetShop não traduzia a ideia que tínhamos para o nosso negócio, e mesmo tendo uma boa ideia do

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que gostaríamos de fazer, tínhamos a nossa frente uma série de “nãos”:

• Não conhecíamos o mercado pet;

• Não tínhamos experiência alguma com comércio;

• Não tínhamos um plano de negócios;

• Não tínhamos um plano de saída;

• Não tínhamos capital;

Mesmo assim, tomamos nossa decisão e dessa vez não iríamos seguir os passos que nos fizeram desistir de outras ideias. Você sempre escuta pessoas de sucesso dizendo que precisa antes de tudo montar um plano de negócios, era o que fazíamos, mas no meio do caminho sempre acabavámos desistindo. Dessa vez ia ser diferente, nosso plano era um só, correr atrás de uma ideia e fazê-la acontecer.

Era hora, então, de sair de cima do muro. Decidimos que eu iria tomar conta da obra enquanto a Mariana mantinha seu emprego e assim que toda a estrutura estivesse pronta ela pediria demissão. Nesse meio tempo procuramos fazer alguns cursos no Sebrae, fluxo de caixa foi um deles, importantíssimo para qualquer negócio, o qual recomendo a todos.

Dois meses depois da decisão estava tudo pronto, durante o dia tocava meu estúdio e cuidava da obra, à noite depois que ela chegava em casa, procurávamos produtos online e fazíamos os pedidos, também preparávamos todo o resto, sacolas, aventais, papelaria, até os cabides mandamos fazer, eram todos em formato de osso, fomos até uma feira de artesanato local e achamos um artesão que conseguiu fazer o que queríamos. Nosso apartamento

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ficou cheio de caixas de produtos que importamos da China e dos Estados Unidos, somente produtos exclusivos que você não encontraria em nenhuma outra pet do Brasil. Nascia a Woof! Que hoje em dia opera sob outro nome, mais para frente explicarei o porquê.

DICAS• Procurediferenciais.• Quebreparadigmas,oclientenemsempresabeoquequer.• Saiadasuazonadeconforto.

Fachada da loja em 2009

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PORTAS AbERTAS

Sobreviver à reforma de um imóvel e montagem de uma loja garante a você imunização a muitas pragas que podem atingi-lo durante todo o processo de abertura de um negócio. A lista de tarefas é longa, inclui: documentos, financiamentos, licenças, alvarás e um dos pontos mais importantes, a escolha de um nome.

Tínhamos várias opções, mas queríamos de algum modo manter simples, pensamos então como poderia ser “Au!” em outras línguas, acabamos com Woof! que é tradução do au para o inglês, e mesmo esquentando a cabeça com isso ainda acho que não se compara ao estresse da reforma em si, falta de mão de obra séria, o pessoal aparece um dia para trabalhar e no outro simplesmente some, serviços mal feitos, preços absurdamente caros, prazos, correção de projeto e por aí vai.

No nosso caso, foi especialmente doloroso porque o proprietário nos deu o imóvel completamente cru, nem fiação tinha, tivemos que montar tudo, patente, torneiras, piso, alinhar paredes, encanamento…, foram 2 meses que serviram como um curso intensivo de reforma. Não bastassem esses problemas, todo dia chegava uma nova conta para pagar, nosso orçamento para montar a loja era de R$60.000,00 - no fim acabamos gastando R$80.000,00. Posso pelo menos afirmar sem medo nenhum que ficou espetacular, tínhamos criado algo sem comparação no Brasil, quem teve a oportunidade de nos visitar em Curitiba sabe do que estou falando.

A Woof! era diferente, a arquitetura do local lembrava uma boutique de moda, 90% dos produtos à venda eram importados, desde coleiras da Harley Davidson até camisas polo da Raulph Lauren. Outro item exclusivo era

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o fato de não termos banho&tosa, isso fazia parte da nossa estratégia, não queríamos que a loja tivesse aquele cheiro característico de PetShop.

Passamos o último dia organizando a loja, não conseguimos nem colocar os preços para a festa de inauguração que estava marcada para acontecer no dia seguinte, ou seja, abrimos a loja sem preços nas mercadorias.

A festa foi somente para amigos e familiares, mas não pelo fato de que quiséssemos assim, é que na verdade não tínhamos mais dinheiro para contratar uma assessoria de imprensa, ou seja, nada de gente famosa ou artigos em jornais, teríamos que escalar a montanha pelo lado mais difícil. E assim, no dia 1 de fevereiro de 2009, abrimos as portas! Mas praticamente ninguém ficou sabendo.

DICAS• Nãosigaumcaminho,façaoseuedeixeseurastro.• Emtodososmercadosaindaexisteespaçoparainovar.• Asuavontadedefazeracontecerdeveserinversamente

proporcionalaotamanhodosproblemasquevocêvaienfrentar.

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FILhOS PELuDOS

Nosso público-alvo estava bem definido, pela localização, estilo e produtos, pessoas de classe média alta para cima, que tratam seus cães como se fossem filhos. É uma tendência em países mais desenvolvidos e emergentes ver pessoas casando mais tarde, tendo filhos mais tarde ou até optando por não ter filhos. Muitas vezes, esses casais preenchem esse espaço com bichinhos de estimação que na grande maioria dos casos são cães.

Essa prática leva ao que chamamos de humanização, ou seja, a tendência de espelhar no cão comportamentos que são específicos dos humanos. Isso acontece de diversas formas, comprar roupinhas, coleiras com brilhantes, uma caminha superconfortável, banho de ofurô, cremes hidratantes e por aí vai. Na minha opinião, existe exagero por parte de alguns, tínhamos um cliente que só dava água mineral para o seu cãozinho, mas mesmo assim eu prefiro ver um cão mimado do que maltratado.

Sem dinheiro para campanhas de marketing, começamos a fazer pequenas ações. A primeira foi o “Blocão de Carnaval”, fizemos um esforço enorme para conseguir reunir uns 20 cachorros na praça que ficava atrás da loja, contratamos uma banda de marchinhas de carnaval e ficamos ali curtindo com o pessoal. Nossa intenção era de comunicar a loja obviamente e tentar vender algumas fantasias, coisa que não aconteceu.

Porém, algo ainda melhor aconteceria naquele evento, uma emissora de TV local ficou sabendo da festa e veio correndo para fazer uma entrevista, a matéria foi ao ar na mesma noite, não temos ideia de quanta gente viu o jornal, mas para nós foi uma grande conquista, foi a partir desse momento que começamos a criar uma imagem que

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acompanha a loja até hoje - Quer algo diferente? Vai na Woof! que você acha.

A falta de um plano de negócios nos levou a descobrir fatos que muito provavelmente poderíamos ter resolvido antes de montar o negócio, mas tenho a convicção de que o tempo que perderíamos para levantar esses dados seria muito maior se comparado ao tempo que levamos para buscar soluções e buscar soluções.

Por exemplo, o fluxo de pessoas na frente da loja era praticamente zero, não estávamos em uma área de comércio, mas simplesmente em uma região rica e bonita da cidade, que tenta se tornar um centro de comércio de rua, entretanto enfrenta muitos obstáculos para fazer isso acontecer. A solução foi comunicar direto com os moradores da região, de preferência com aqueles que têm um cão em casa. Fizemos isso com panfletos, eu pegava o Jack e ia andar pelo bairro pedindo aos porteiros para deixar uns panfletos nos apartamentos e nas recepções. Eu e a Mariana também fomos algumas vezes no chamado “parcão” em Curitiba, um lugar onde as pessoas levam seus cães para brincar, íamos de um a um entregando panfletos.

Além da falta de movimento, para entrar na loja você precisava subir 5 degraus, se você consultar um arquiteto ele vai dizer que cada degrau representa 5% a menos de pessoas que entram na sua loja. Não tinha muito o que podíamos fazer nessa questão, procurei então diminuir o problema tentando chamar a atenção das pessoas, fizemos isso montando um display de um Dálmata sentado em tamanho real segurando na boca um quadro negro pequeno em que escrevíamos promoções, etc… Quem passava de carro ou até mesmo a pé às vezes confundia o display com um cão de verdade. Não posso afirmar que percebemos grandes mudanças, mas pelo menos sabia que

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os poucos que passavam por ali saberiam que aquela loja depois dos degraus era uma pet.

O resultado dessas ações de comunicação foi aparecendo devagarinho, o boca a boca foi na verdade a nossa melhor publicidade e com isso fomos conseguindo espaço na mídia também. Todos queriam saber um pouco mais sobre aquele produto de marca, o qual ninguém imaginava que existisse para cães. O maior jornal da cidade, praticamente toda semana, passava na loja para fotografar algum acessório e colocar no caderno animal que é publicado todo sábado. Esse mesmo jornal, todo ano faz um concurso chamado “cachorro do ano”, fomos convidados para organizar um desfile no evento de premiação, foi uma loucura completa conseguir coordenar o evento, mas no fim saiu tudo certo e o desfile foi um sucesso.

Tentamos algumas vezes anúncios em revistas locais, essas que pipocam por aí em consultórios, salões de beleza…. Os vendedores de anúncios dessas revistas são bem insistentes para não usar outro termo e nós comerciantes, ingênuos, geralmente entramos na história espetacular da revista e investimos nesses produtos que, pelo menos no nosso caso, não deram retorno algum. Pelo simples fato de que essas revistas não têm um target bem definido, eles disparam para todos os lados, montam algo para classe AA, porém distribuem a revista em qualquer lugar, colocam matéria de culinária do lado de uma de carro, e geralmente essas matérias são pagas. Repare que se você está lendo sobre uma matéria de alta cozinha francesa, nas páginas seguintes vai ter o anúncio de um restaurante francês, é tudo assim, combinado, pago, ineficiente, na verdade, sua marca está ali para fazer parte de uma bolha, status não significa vendas.

É diferente se você analisar pelo lado de conceito de marca, se o seu objetivo é criar um produto que se encaixe

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em um específico nicho de luxo, por exemplo, esse é um investimento que deve ser considerado sim, você está criando uma marca nesse caso, é um longo caminho, ao contrário da imediatez de uma venda.

Na medida em que fomos aumentando nossa clientela, começamos a perceber que a falta de banho&tosa era mais danosa para o negócio que o fato de a loja não ter cheiro característico de petshop. As pessoas estão acostumadas a resolver todas as necessidades de seus cães no mesmo lugar, acessórios, alimentação, banho&tosa e veterinário, esse último um ponto que iríamos incluir no nosso projeto mais tarde.

Precisávamos corrigir a nossa rota mais uma vez, felizmente já tínhamos um espaço reservado para o banho&tosa, resolvemos então construir uma banheira e compramos todos os materiais necessários.

Abrir o banho&tosa significava mudar a estrutura do nosso negócio, a maior delas era a inclusão de um serviço, item que eu preferia deixar de lado, eu queria lidar com comércio somente, já tenho meu estúdio que vende serviços. Além disso, também precisaríamos de funcionários, pelo menos um no início, assim a Mariana continuaria na loja atendendo e essa pessoa ficaria responsável pelo banho&tosa. O último fator era o investimento, já estávamos muito apertados pela recente inauguração, ter que comprar equipamentos, reformar o espaço de banho e ainda contratar um profissional seria bem complicado.

Mesmo assim, evitamos a calculadora e novamente fomos lá e fizemos, tínhamos que antes de qualquer coisa oferecer algo que nenhuma outra pet oferecia. Começamos a analisar o passo a passo de um banho&tosa completo, o percurso é mais ou menos assim: o cão chega à loja,

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o cliente pede o serviço, o cão é então levado até a área de banho onde espera sua vez, entra no banho, água, shampoo, hidratante, escova os dentes, limpa orelha, seca, se for preciso é tosado, corta as unhas, passa perfume e está pronto para voltar pra casa.

Nós tínhamos que individualizar esses passos e aplicar diferenciais para o nosso serviço. Quem tem um cão, sabe que a hora do banho é geralmente muito estressante, eles ficam às vezes por horas fechados em gaiolas em um ambiente barulhento e quente. Eu tinha consciência que resolver por completo o estresse do banho era uma tarefa quase impossível, mas como poderíamos pelo menos diminuir essa experiência infeliz? Definimos alguns itens que teriam o nosso toque e que se tornariam nossos diferenciais:

• Ambiente livre de gaiolas, mandamos construir berços em PVC, se com a gaiola padrão poderíamos ter 15 cachorros, com os berços teríamos 5 somente. Ofereceríamos qualidade não quantidade;

• Chamar o cão pelo seu nome, sempre;

• Ar-condicionado na área de banho também;

• Montamos essa área em uma espécie de mezanino, facilitando a saída do cheiro, por mais que em dias muito movimentados podíamos sentir, era bem mais suave que qualquer outra pet que você fosse visitar;

• Só trabalharíamos com produtos de qualidade;

• E a cerejinha no bolo, cães machos sairiam do banho com bandanas superlegais enquanto as fêmeas saíam com colarzinhos e lacinhos exclusivamente feitos para nossos clientes.

Não queríamos simplesmente oferecer aquelas gravatinhas indecentes que vemos nas pets, buscávamos

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algo diferente e mais uma vez o mercado não oferecia isso. A Mariana foi atrás e fazia os acessórios ela mesma. Mais pra frente achamos alguns fornecedores que nos ajudariam, mas volta e meia precisávamos de algo novo e lá ia a Mariana inventar novos acessórios. Os mais famosos foram da Festa Junina e da Páscoa. Lembro muito bem de clientes que apareciam de longe porque tinham ouvido falar dos nossos “mimos“, em datas específicas como festa junina e páscoa a procura era ainda maior.

O início do banho&tosa foi bastante difícil, resolvemos que ao invés de contratar alguém iríamos pagar um curso para a minha irmã, nos sentíamos mais tranquilo em saber que alguém da família ia cuidar de seres tão preciosos para nós e para nossos clientes.

Depois de poucos meses entre curso e reforma, chegou a hora de testar nosso novo serviço e não queria fazer isso com qualquer um, precisava ser com alguém que eu pudesse depois perguntar, e aí, como foi? Alguém sem medo para me dizer se foi um serviço bem feito ou precisava melhorar. Peguei o telefone e liguei para um casal de grandes amigos, não precisei pedir duas vezes, lá estava o Lupi Lupan com seu problema sério de coluna pronto para testar nosso banho&tosa, eu não ficava toda hora na loja, mas fiz questão de estar presente nesse momento, ajudei minha irmã e tentando manter a calma pedi o veredicto aos “pais” do Lupi. O serviço foi bom, mas tinha espaço para melhorar e muito, era hora de começar a espalhar a voz e fazer todo esse investimento trabalhar para nós.

Focamos na qualidade e no bem-estar dos cães, o preço tanto do banho como da tosa era sempre um pouco mais alto que nos outros lugares, mas o boca a boca anulou o fator “mais caro”, e foi mais uma vez a nossa melhor ferramenta de marketing. Tínhamos clientes que vinham do outro lado da cidade e casos que por comodidade o

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cliente levava seu cão em outra pet, mas voltava correndo dizendo que ninguém dava o banho que nós dávamos. Agora, um dos pontos que me deixa mais orgulhoso é o fato de ter visto 3 acidentes pequenos em 4 anos de loja, era a prova que procurávamos fazer um serviço de qualidade e não de quantidade.

DICAS• Nãoinvistatodoseutempoemplanejamento,façaese

precisofor,corrijaarota;• Avaliebemondeecomocomunicarseuproduto/serviço,

existemmuitasarmadilhasporaí,mídiascaríssimassemretornoalgum;

• Peçasugestões,conselhosaamigos,familiares,clientesmaispróximos,nãopensequevocêéodonodarazão,elespodemajudarnosucessodoseunegócio;

• Opreçotambéméumdiferencialquepodeserexplorado.

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COLAbORADORES

Esse assunto merece um capítulo a parte, você não consegue escalar seu negócio se não existirem pessoas preparadas e honestas ao seu lado. Nós tentamos atrasar o possível a contratação de mais gente, mas chega uma hora que se torna necessidade e é aqui que você começa a pensar duas vezes sobre crescer ou não.

Lidar com gente é difícil, não se iluda, as poucas vezes que pensei em desistir de tudo foi por problemas com empregados. Falta de compromisso, honestidade, seriedade, empenho, a lista é grande… gente que você tenta ajudar, mas em troca recebe um puxão de tapete. Nunca espere das pessoas aquilo que você faria em determinadas situações, a queda nesses casos é sempre maior.

Como contornar essa situação? Não sei. Procuro sempre me informar, aprender métodos que conectem mais os funcionários à empresa e mesmo tentando entender essa relação, vejo que realmente é um casamento complicado.Felizmente, claro, ainda existem pessoas boas; graças a esses poucos iluminados que buscam uma oportunidade é que conseguimos forças para tocar o barco para frente.

A loja tinha acabado de completar 1 ano quando a Mariana ficou grávida, começamos a buscar alguém para substituí-la, não foi fácil, ela parou de ir na loja no 9º mês de gravidez, praticamente parou para ir para o hospital.

Nesse período tínhamos a Rose que cuidava da parte de banho&tosa, minha irmã mudou de cidade e teve que nos deixar. Contratamos a Gisele para inicialmente substituir a Mariana nos primeiros meses de vida da nossa filha, mas ela acabou nos acompanhando por anos, foi, mesmo assim um período complicado. Eu não podia ficar na loja, e as vendas caíam sem nenhum aparente motivo a

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não ser simplesmente o fato de a Mariana não estar lá. A loja conseguia com muito esforço pagar suas contas. Eu e a Mariana até então não tínhamos pego salário algum, nem um centavo.

Sei muito bem que em todo planejamento os especialistas dizem “o dono precisa ganhar um salário”, mas eu iria deixar de pagar contas e salários para nos pagar e correr o risco de fechar? Não! nós acreditávamos no projeto e sabíamos que um dia tudo entraria nos eixos, tivemos que esperar mais do que pensamos por causa da pausa da gravidez, mas continuamos focados em fazer a coisa acontecer.

DICAS• Tenhapaciência,lidarcomgenteéumadastarefasmais

difíceisemqualquernegócio;• Pessoasmaisvelhastendemasermaisempenhadas,as

responsabilidadessãomaiores;• Mantenhaofoco,vocêmontouumnovonegócioparaganhar

umsalárioouparacriaralgonovo?Odinheirodeveserconsequência.

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PASSO DE gIgANTE

No segundo ano da loja recebemos alguns contatos de empresas que montam projetos de franquias, chamou a atenção deles o fato de ser uma pet diferente em um mercado que não para de crescer no Brasil. Montar um projeto de franquia não é muito simples, requer tempo, organização e dinheiro.

Você precisa normalizar tudo, desde o fluxo dos clientes, os equipamentos usados, o layout da loja, a comunicação, os uniformes, o treinamento dos funcionários, os sistemas de venda, fornecedores… A sugestão da franquia apareceu quase na mesma hora de outro convite inusitado, que nos fez tomar outro rumo e mais uma vez virou nossas vidas de cabeça para baixo.

Uma grande empresa no ramo de administração de shopping centers tinha acabado de comprar o shopping mais elitizado de Curitiba, que estava na verdade falido. Essa empresa já tinha feito vários desses “extreme makeovers”, eles compram um shopping meio mal das pernas, reformam tudo, colocam novas lojas, fazem uma nova campanha de comunicação e voilà, o shopping é de novo um sucesso. A pessoa encarregada pela venda dos espaços do shopping nos ligou e explicou a ideia, praticamente era de pegar o espaço de uma antiga pet, que já tinha fechado, no piso da garagem e abrir a loja ali. A nossa primeira reação foi de conquista, ficamos sabendo que duas petshops já tinham contatado a nova administração querendo alugar o espaço, mas eles queriam algo diferente e acharam esse conceito na nossa loja somente.

Agora, porque sairíamos de um lugar charmoso, já conhecido pelos nossos clientes para se meter em um shopping com seus horários malucos e custos exorbitantes?

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Foi uma pergunta que precisou de alguma reflexão, analisamos alguns pontos.

Pontos Negativos de ter uma loja em shopping

• Horários, shopping praticamente nunca fecha e se você não abrir prepara-se para uma multa bem salgada. Ou seja, seu funcionário faltou? Corra para abrir a loja;

• O custo do aluguel é bem maior se comparado a uma loja de rua;

• Você paga o 13º aluguel, isso mesmo, e aluguel de shopping não é barato;

• Existe um outro custo que é o condomínio, que também não é baixo.

Pontos Positivos

• O fluxo de pessoas no nosso caso seria aproximadamente 20 vezes maior;

• O espaço disponível também seria maior;

• Estacionamento (que por sinal era bem complicado na loja de rua);

• Segurança (sofremos um assalto a mão armada em plena tarde na rua);

• Custo, o fato do shopping ter nos procurado nos ajudou muito na negociação dos valores.

Entre os itens da lista, o que mais pesou na nossa escolha foi com certeza o fluxo de pessoas, teríamos a chance de crescer a base de clientes facilmente. Com mais espaço disponível também iríamos conseguir adicionar mais dois serviços, o DayCare, uma espécie de creche

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para as pessoas deixarem seus cães ali por algumas horas e um consultório veterinário que até então também não tínhamos.

E dinheiro? Não tínhamos nem conseguido pagar o investimento da primeira loja, como iríamos conseguir mais R$150.000,00 para montar a nova? Dessa vez tivemos que gastar algumas horas em planejamento, fizemos alguns cálculos baseados no fluxo e ticket médio dos nossos clientes e mesmo sabendo dos riscos (shopping falido, má reputação da pet que estava instalada ali antes e falta de dinheiro) resolvemos de novo mergulhar de cabeça.

O dinheiro necessário viria de 3 fontes: cartão BNDES para pagar o que desse da obra, móveis, sistema de ar, iluminação, etc… não deu para pagar tudo porque existem limitações no uso do cartão e nem todas as empresas aceitam. Conseguimos vender as instalações da loja de rua por R$ 80.000,00 e tivemos ainda que emprestar mais R$ 14.000,00 para cobrir o que faltou, lá se foi o nosso carro.

Montar uma loja em shopping é completamente diferente de uma loja na rua, existem regras e horários específicos, tudo acontece das 22h até as 9h do dia seguinte, sem negociação, o contrato estipula também um dia certo de abertura, se você não conseguir abrir na data, leva multa aplicada por dia. Você precisa ter um arquiteto e um engenheiro responsável, algumas papeladas e burocracia. Precisa montar um tapume em volta de toda a loja para as pessoas não verem o que acontece lá dentro, e só aí já foram R$4.000,00 - jogados no lixo, porque depois da obra pronta os tapumes são reutilizados pelo fornecedor, não por você.

O estado do local era lamentável, sujo, fedorento, na reforma tiramos tudo, até a fiação foi direto para o lixo, refizemos a loja inteira, a única coisa que ficou foram os

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vidros da vitrine. Instalamos um sistema de ventilação na área do banho para que o cheiro não ficasse forte, fizemos as banheiras para banho de uma maneira que não maltratasse as costas dos tosadores, e mantivemos o nosso conceito de sem gaiolas instalando bercinhos, dessa vez, feitos em vidro que ficaram superbacanas.

Foram meses de loucura total, eu costumo dizer que se não tive um infarto nessa época, não vou mais ter. Tínhamos uma loja funcionando na rua, meu escritório e seus projetos, uma filha recém-nascida e uma obra de 100M² em shopping com prazo definido de abertura. Foi um período turbulento. Tivemos que rever, refazer, cancelar, adaptar, brigar, dar risada, sair de casa às 23h e voltar às 3h como zumbis, acordar de noite para controlar nossa pequena, e às 7h estar em pé porque o dia lá fora continuava normalmente.

Deparamo-nos ainda com a total falta de profissionalismo de uma empresa que até então era nossa fornecedora, acabou que tivemos que mudar o nome da loja por causa disso, o que no fim revelou-se como um fator positivo, o novo nome era ainda mais direto, claro e de fácil pronúncia.

Na noite anterior à inauguração, lembro-me de chegar à loja e vê-la cheia de entulhos e gente, aquilo parecia uma casa de loucos, era gente para todos os lados, quem dava o último retoque na pintura, quem ajeitava as luzes da vitrine, quem consertava as portas, os móveis… e eu ainda indo pra cima e pra baixo pegando as coisas da nossa loja da rua e levando para o shopping, detalhe que fiz isso sozinho, ou seja, quer empreender, prepare-se para arregaçar as mangas e não espere ajuda de ninguém, ela raramente aparece.

O último item que colocamos na nova loja foi um quadro,

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uma pintura a óleo do Jack, e esse quadro tem uma história que vale a pena ser contada. Nos anos de loja na rua, uma pintora de outra cidade mandava emails para a Mariana dizendo que ela fazia retratos de cães a óleo e sempre mandava alguns exemplos por fotografia. Nossa reação sempre foi a mesma - ok, se alguém um dia pedir, sabemos quem indicar - mas nosso contato nunca foi além disso.

Como recebemos a loja (esq.) e depois da reforma (dir.)

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Exatos 3 dias antes de inaugurarmos a loja no shopping, a pintora envia um outro email, dessa vez com uma pintura do Jack, não lembro agora, onde ela conseguiu a foto dele, mas a pintura ficou espetacular, um retrato a óleo do Jack, o cão que mudou nossas vidas, isso merecia destaque, precisava daquela pintura no nosso novo espaço. Liguei para ela na hora e por sorte ela se encontrava a 3 horas de carro de Curitiba, não pensei duas vezes, fui até Santa Catarina buscar o quadro que já tinha lugar marcado na loja, já na entrada, com um pequeno detalhe, logo abaixo colocamos uma placa escrita “Fundador”, foi um sucesso.

DICAS• Procureterumaválvuladeescape,sejapraticandoesporte,

caminhandocomseuscães…ninguémédeferro.• Avalieoimpactodassuasdecisõesnoseudiaadia,o

quantoissoafetaasuafamília.Valeapena?• Sejacoerente,nãoabraumalojadeluxoemumshopping

popular.

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MAIS NOVIDADES

Na nova loja, era obrigação manter o nosso já tradicional histórico de inovação. Dessa vez seria com o consultório veterinário, minha ideia era a seguinte, porque ter uma sala escura nos fundos da loja e alugar esse espaço para um recém-formado em veterinária se temos um espaço super- moderno para explorar? Foi então que decidi entrar em contato com os dois maiores hospitais veterinários de Curitiba, o primeiro me pediu para deixar recado e não retornou, o segundo gostou da ideia e começamos a conversar sobre como colocar em prática o projeto.

Basicamente, iríamos abrir uma filial express daquele que é o maior hospital veterinário do Sul do Brasil, a ideia era aconselhar os clientes do hospital a usarem o ponto express para rápidas consultas, exemplo: vacinas, antipulgas, consultas rápidas. Tivemos que trabalhar um pouco na questão de contrato, etc… mas no fim deu tudo certo, éramos a primeira pet com uma filial do maior hospital veterinário do Sul do Brasil no mesmo espaço.

Essa foi, porém, uma ideia que não funcionou, no decorrer do tempo começamos a notar alguns problemas, que acabaram no cancelamento dessa parceria. O consultório acabou ficando esquecido, não tinha medicamentos, a veterinária trabalhava poucas horas por dia, não eram feitas campanhas, nada. Tentamos ajustar a rota umas três vezes, mas não teve jeito, tivemos que aceitar a realidade que aquilo não estava funcionando. Tive a sorte, entretanto, de conhecer um empreendedor como poucos, o dono do hospital que me ajudou a analisar a situação e decidimos por encerrar a parceria.

Tínhamos de qualquer maneira uma loja impecável, banho e tosa elogiado por todos, produtos exclusivos e

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artigos em jornais e revistas. Não demorou muito para começarmos a incomodar o mercado pet da região, esse incômodo da concorrência começou a aparecer na forma de cópia, começaram a vender produtos que até pouco tempo só nós tínhamos, mas isso faz parte, o que mais me incomodava na época era o assédio aos nossos profissionais e as visitas “secretas”, lojistas que vinham sondar a loja. O cúmulo foi quando uma senhora começou a filmar a loja do lado de fora, mas ela não percebeu que a máquina acende a luz vermelha quando está gravando, o pior é que ela procurava disfarçar, como se estivesse falando com uma amiga sua, a Mariana foi até ela e perguntou se ela estava filmando, toda sem jeito disse obviamente que não.

De um lado isso era chato, claro, mas de outro nos dava a certeza de que tínhamos acertado na fórmula, afinal, se estavam procurando nos copiar é porque algo interessante existia ali.

Os números da loja também mudaram muito, tínhamos passado de uma média de 40 cachorros por mês no banho&tosa para aproximadamente 400, o faturamento da loja quadruplicou, claro que o nosso custo também aumentou, mas víamos um futuro promissor para o negócio, ao ponto de retomar as conversas com o pessoal da franquia.

Foi então, um ano depois de estarmos com a loja aberta no shopping, que mais uma vez nos vimos de fronte a escolhas nada fáceis.

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uMA REVISTA NO MEIO DISSO TuDO

Antes de continuar, abro um capítulo à parte porque mesmo não sendo projeto da loja, a revista Au. foi consequência disso tudo, do Jack, da Apple, da loja, dos eventos, dos clientes…. Quem gosta de cães do jeito que eu gosto molda sua rotina para que eles se lembrem que são animais, isso inclui ir ao parque, ir à praia, procurar um bosque… eu chamo isso de estilo de vida. Eles dão uma trabalheira, sem dúvida alguma, mas deixam a casa de qualquer um mais alegre e feliz.

Até então, não existia no Brasil uma publicação que tratasse desse relacionamento cão/homem de uma forma mais simples, natural; as publicações disponíveis eram todas técnicas, para criadores, expositores… ou aquelas que entram no esquema, faça para vender anúncio, mas ninguém lê. Eram anos que tinha o desejo de criar uma revista, mas o alto custo de impressão, logística, edição, etc… me forçou a deixar o projeto na gaveta.

Foi quando em 2010 a Apple lança o iPad, no momento fiquei somente maravilhado por ser uma pessoa que gosta de tecnologia, mas com o tempo e o sucesso do produto começaram aparecer revistas para essa plataforma. Informei-me sobre o processo de converter revistas para tablet e decidi que era hora de a Revista Au. ganhar vida.

Foi o primeiro projeto brasileiro de revista 100% dedicado ao iPad, esse fato ajudou muito na divulgação da publicação porque chamou a atenção da mídia, a revista apareceu no O Globo, no Gizmodo Brasil, na MacMagazine entre outros, ganhou também um prêmio do fabricante do software que usei, a Adobe.

Contudo, como todo projeto, não foram somente boas notícias, eu montava a revista sozinho, a Ana Corina do

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site Mãe de Cachorro me ajudou muito escrevendo alguns artigos e falando com pessoas da área para contribuir com conteúdo. Mas não tinha nenhuma equipe comercial e eu simplesmente não tinha mais como disponibilizar tempo para o projeto. Fui levando enquanto pude, o custo mensal do software que usava era pago pela Luccaco, mas sem retorno algum, o projeto teve que voltar pra gaveta, tivemos 06 edições e um retorno incrível dos leitores. A Revista Au. Estilo de Vida e Cultura Canina hoje vive como uma comunidade no Facebook (www.facebook.com/Au.Revista), esperando uma opção viável para voltar a ser publicada.

DICAS•Nãoselimiteaumaopção,avaliealternativas.•Useatecnologiaparadiminuircustos.•Dêum“curtir”napáginadaAu.www.facebook.com/Au.Revista

Revista Au. para iPad

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DECISÕES, DIFÍCEIS...

A Luccaco é um estúdio digital, onde desenvolvemos websites, aplicativos, etc… temos as Nações Unidas como um dos nossos maiores clientes. É uma longa história, mas resumindo, já são 7 anos que prestamos serviços para diversas agências do sistema ONU, por isso eu costumo visitar os Estados Unidos umas 2 vezes ao ano para ter reuniões e prospectar novos projetos. Em uma dessas viagens percebi que estava perdendo negócios importantes pelo simples fato de não estar nos EUA, comecei então avaliar a ideia de abrir uma filial da Luccaco em Nova Iorque, assim ficaria mais perto dos meus potenciais clientes. Mas essa decisão além de ser bem complicada traria questões como, o que fazer com a loja? Estamos dispostos a deixar tudo? Simplesmente passar o timão do navio para outra pessoa e subir em outro barco?

Eu costumo dizer que na nossa vida as coisas se encaixam, é por isso que planejar tudo nos mínimos detalhes é algo que não faço. Nossa vida não tem um caminho pré-definido é acerto e erro, cabe a nós ajustar a rota e seguir em frente ou simplesmente parar e voltar pra trás, o resultado vai ser ou sucesso ou fracasso, ponto.

Os meses foram passando e começamos a analisar os pontos positivos e negativos de investir na ideia da mudança. Abaixo, elenco os itens que praticamente decidiram a nossa escolha.

Cenário brasileiro

Todo empreendedor no Brasil deveria ganhar o título de super-herói, por algum motivo que vai muito além do meu conhecimento eu acredito que o governo brasileiro

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não quer que sua empresa funcione, cresça, dê lucro… mas o contrário, o estado está presente para acabar com você, ele vai te sugando, seja por impostos altíssimos ou pela burocracia infinita, isso pra não falar no QI, o famoso quem indica, se você não conhece alguém que conhece o tal fiscal, esqueça, você vai ficar na fila por anos até ter o documento de que precisa.

É uma série de incompetências acumuladas, seja na Receita Federal, nos Correios, na Prefeitura, nos órgãos de controle, simplesmente nada funciona e se não bastasse toda essa ineficiência você pode apostar que se tiver algo que eles possam fazer para complicar a sua vida, eles farão.

Custo de vida

“Você precisa ser muito rico pra morar no Brasil”, ouvi isso de um amigo Italiano, ele visitou nosso país e ficou simplesmente abismado com os preços de tudo, do almoço ao carro popular, de roupas ao preço de um smartphone, é tudo no mínimo duas vezes mais caro que no exterior, falo dos Estados Unidos e posso incluir boa parte da Europa também.

Ter que pagar 3, 4, 5 vezes mais pelo mesmo produto que vemos lá fora, ter que pagar uma carga tributária no mesmo nível que se paga na Suíça, mas sem ver nenhum retorno desse dinheiro em forma de segurança, saúde, infraestrutura, educação, não é fácil.

Cansaço

Depois de 4 anos em um ritmo alucinado, a canseira bateu, não era difícil a Mariana ter que fazer turnos de 12 horas seguidas almoçando uma coxinha, também não era raro eu ter que sair do meu escritório às 18h e ir para a loja ficar

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até fechar. Sem falar no tempo precioso que estávamos perdendo com a nossa filha.

A equação no fim era muito simples, os ganhos não estão pagando as perdas, sejam elas físicas, emocionais e ou financeiras. Nesse período de proprietários de loja, tivemos a oportunidade de conhecer donos de grandes marcas, gente com 5, 6 ou mais lojas em diferentes shoppings e setores, faturamentos altos, mas todos eles com alguns pontos em comum, famílias desestruturadas e colapsos físicos, não era isso que queríamos.

Aceitamos a ideia de ter criado algo diferente, de ter mudado alguns conceitos de mercado, mas pagamos um preço por ter feito isso, era hora de diminuir a marcha e dar um tempo para nós.

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hORA DE VIRAR A PÁgINA

Na época da decisão, a loja estava com 5 funcionários, contando a Mariana. Foi difícil explicar para todos, principalmente para a Rose e para a Gisele, os motivos da decisão, que a canseira bateu, mas explicamos diretinho os pontos que nos levaram a optar por esse caminho. Ainda sem ter ideia de como e por onde começar, ficamos sabendo que uma cliente da loja ouviu os boatos e se interessou pela compra do negócio. Isso seria fantástico porque teríamos certeza de que essa pessoa trataria os cães tão bem quanto nós tratávamos. Abrimos um canal de contato e depois de uns 2 meses de negociações, fechamos a venda.

Era mais um capítulo que terminava, uma etapa da nossa vida que nunca iremos esquecer. O valor que recebemos não nos deixou rico, longe disso eu diria, mas foi suficiente para pagar os financiamentos que ainda tínhamos em aberto e cobrir nosso investimento, nossa riqueza ficou no conhecimento, nenhuma escola pode te ensinar o que aprendemos nesse período e isso realmente não tem preço.

A loja está lá, vai fazer um ano que fechamos a venda, no começo eu queria saber o que estava acontecendo, como a nova proprietária estava indo, mas com o tempo fomos vendo que cada um teu seu jeito de fazer as coisas, era melhor então se desligar completamente e deixar o filho enfrentar os desafios do mundo.

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CONCLuSãO

O empreendedorismo nunca me foi ensinado, tivemos em família alguns exemplos, minha mãe, por exemplo, teve um jardim de infância e uma loja de roupas há uns 25 anos, meu pai tem seu próprio negócio também, mas não posso saber se minha vontade de criar, fazer, arriscar… vem desse passado, só espero que nunca acabe, pois é o que nos faz sentir produtivo, útil.

Nessas aventuras aprendi que precisamos ficar atentos aos falsos gurus empreendedores, eu adoro ler blogs, revistas, artigos que falem de técnicas de gerenciamento de projeto, de como organizar ideias, de como fazer acontecer, mas é importante separar o joio do trigo. É muito comum você ver por aí palestras, workshops, cursos, artigos, livros, etc… de pessoas que vendem fórmulas mágicas de administração e marketing, mas essas pessoas nunca tiveram uma experiência sequer na vida. Escrevi no meu blog um post sobre o assunto que coloco aqui em seguida:

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Os novos “gurus”

Faz tempo que venho percebendo essa “tendência”, então achei interessante aprofundar o assunto e seria legal, ouvir opiniões.

Hoje, adotamos novos meios para avaliar as pessoas, não basta seu caráter, sua índole, sua experiência profissional, sua contribuição para uma determinada área, para muitos é suficiente que tenha alguns seguidores no Twitter, ou que entre para alguma lista de “experts” ou ainda, seja palestrante em algum evento.

*Como sua empresa pode vender milhões! por Ciclano, que nunca teve uma empresa e muito menos ganhou milhões*

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Como avaliamos aqueles que se dominam “gurus” de algum assunto? Eu procuro pela sua experiência profissional, seja ele um designer, um empreendedor, um técnico… Fico assustado quando vejo eventos onde o João ou Pedro darão palestras e quando você vai pesquisar mais sobre esses profissionais descobre que não fizeram nada, nenhum projeto relevante, importante, nada…

*Construindo um time criativo e fazendo sua empresa decolar” por Fulano, que nunca trabalhou em uma equipe e muito menos administrou uma empresa na sua vida*

Li sobre um profissional que está listado como expert em uma área de tecnologia digital, pensei “preciso seguir esse cara” então fui logo ao Twitter para começar a ler seus “pensamentos, ideias, etc…” bastou 5 minutos para ver que seus posts são fotos da esquina onde mora, conselhos do que comer, links para sites bonitinhos, e por aí vai… onde está o guru que aparece na lista dos experts?

Acabou a era da meritocracia (se é que ela um dia existiu) e começamos a era do blá, blá, blá?

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Endereço do blog: www.lucca.co

Depois da venda da loja, muitas coisas aconteceram, entre elas a abertura da filial da Luccaco nos Estados Unidos, no momento que escrevo se passaram 6 meses que mudamos para Nova Iorque, eu, Mariana, nossa filha, o Jack e a Apple. A adaptação por enquanto está indo superbem, ainda precisamos organizar muita coisa para realmente saber se vamos ficar ou não, o nosso prazo é de um ano, se algo não sair do que jeito que gostaríamos simplesmente faremos as malas e voltaremos para Curitiba.

Sempre seguindo a ideia de que as coisas se encaixam,

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estamos hoje em período que chamo de pausa ativa. Não temos nenhum projeto no momento, mas não podemos simplesmente não fazer nada. Como falei antes, a vontade de empreender está sempre presente. Procuro, então, me focar na Luccaco e a Mariana começou a se especializar em outra área que adora, a culinária, que um dia talvez vire algo maior.

O interessante de tudo isso foi achar inspiração e tempo para conseguir escrever essas histórias que espero sejam úteis para você, e que a vontade de correr atrás de um sonho não fique somente no plano de negócios. Corra atrás com o mesmo foco de um cão, desvie os buracos, pule os galhos, mas não pare até você alcançar a bolinha.

Fim.

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SOBRE O AUTOR, Allysson lucca

Nascido em Curitiba, formado pela PUC-PR em design gráfico com especialização em web pelo Instituto Europeu de Design em Milão, onde morou por 7 anos.Empreendedor por “acidente“, já se envolveu na criação de vários negócios, recebeu reconhecimentos importantes na área de design como o Webby Awards, Adobe MAX Awards e o Prêmio A Marca Você S/A.Adora cães e teve sua vida mudada por eles, história que conta aqui no - Sem Plano de Negócios - onde busca desmitificar a obsessão pelo planejamento, de que tudo deve ser calculado antes de ser colocado em prática, é um guia para tirar sonhos do papel.Atualmente vive em Nova York com sua esposa, filha e cães, onde atua como Business Developer pelo seu estúdio, a Luccaco *be digital.

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