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EVANDRO SILVA DOS SANTOS
COMPARAÇÃO ENTRE SISTEMAS DE MEDIÇÃO,
UMA ALTERNATIVA PARA VALIDAÇÃO DE
MÉTODO ANALÍTICO NÃO-NORMALIZADO:
CASO PRÁTICO - ANÁLISE DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊN IO
CANOAS, 2007
2
EVANDRO SILVA DOS SANTOS
COMPARAÇÃO ENTRE SISTEMAS DE MEDIÇÃO,
UMA ALTERNATIVA PARA VALIDAÇÃO DE
MÉTODO ANALÍTICO NÃO-NORMALIZADO:
CASO PRÁTICO - ANÁLISE DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊN IO
Trabalho de Conclusão apresentado para a banca examinadora do curso de Química do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência parcial para obtenção do grau de Licenciado em Química, sob orientação da Profª. MSc. Adriana Lopes Barros.
CANOAS, 2007
3
TERMO DE APROVAÇÃO
EVANDRO SILVA DOS SANTOS
COMPARAÇÃO ENTRE SISTEMAS DE MEDIÇÃO,
UMA ALTERNATIVA PARA VALIDAÇÃO DE
MÉTODO ANALÍTICO NÃO-NORMALIZADO:
CASO PRÁTICO - ANÁLISE DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊN IO
Trabalho de Conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de
licenciado do curso de Química do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, pela
avaliadora:
Profª. MSc. Adriana Lopes Barros
Unilasalle
CANOAS, 2007
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus amados filhos Rhamaí, Khael e Tháryk, e a
minha esposa Mara Lúcia, agradeço a eles pelo estímulo e compreensão nos vários
momentos em que estive ausente.
Dedico-o também aos que têm perseverança; estes conhecem o valor de
transformar uma meta em realidade.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais Leone e Eunice, meu irmão Cassius e demais
familiares, pelas palavras de estímulo; aos amigos, pelo incentivo; aos colegas e
também amigos, Geovanir Oliveira e Eduardo Jardim, pelo apoio e contribuição de
ambos no desenvolvimento deste trabalho, aos amigos Clovis Zimmer e Rosane
Borges pelo estímulo; a todos os colegas de empresa que sempre foram
incondicionais no seu auxílio; à orientadora Profª MSc. Adriana Lopes Barros, pela
dedicação e direcionamento nesta monografia e a Profª MSc. Maira Ferreira, pela
forma como me recebeu nesta instituição.
6
RESUMO Validação de uma metodologia analítica é a atividade de identificar se um método é adequado ao uso pretendido. O objetivo deste trabalho é apresentar os conceitos mínimos necessários, na formação dos estudantes de cursos profissionalizantes de nível médio (neste caso mais especificamente o curso Técnico em Química), e sistematizar seu uso com foco na disciplina de química analítica. Neste trabalho é apresentada a sistemática de validação de método analítico não-normalizado por comparação com outro normalizado, baseado nas informações cruzadas dos testes estatísticos de Grubbs, F de Snedecor e Cochran. Esta foi testada através da avaliação dos resultados analíticos de duas amostras de efluente industrial, na determinação da demanda química de oxigênio (DQO). O uso da ferramenta desenvolvida e estudada na presente monografia contribuirá para a formação dos atuais e futuros profissionais da área química. Palavras-chave: Validação. Analítica. Ensino. Química.
ABSTRACT
Validation of an analytical methodology is the procedure of identifying whether a method is suitable for its intended use. The goals of this work are to show the minimum concepts required to guide technical course students and to systematize its application focused in the analytical chemistry. This monograph shows a methodic way to validate non standardized analytical methods by the comparison with standardized ones, based on crossed information of Grubbs, F-Snedecor and Cochran statistical tests. This comparison was tested by evaluating the analytical results of two effluent mill samples, during the determination of the chemical oxygen demand (COD). The use of the developed and studied tool will contribute for the training of present and future chemical professionals. Key words: Validation. Analytical. Education. Chemistry.
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................9
2 REVISÃO DA LITERATURA.............................. ................................................12
2.1 Teste G............................................ ...................................................................16
2.2 Teste F ............................................ ...................................................................16
2.3 Teste de Cochran................................... ...........................................................17
3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS.................. ..............................19
3.1 Repensando a Química ............................... .....................................................26
3.2 Competências em Química ............................ ..................................................26
3.3 Temas estruturadores do ensino de Química .......... ......................................27
3.4 Formação docente em Química........................ ...............................................28
4 METODOLOGIA........................................ .........................................................30
4.1 Estratificação das tarefas......................... ........................................................30
4.1.1 Identificação dos testes estatísticos mínimos.................................................30
4.1.2 Elaboração das rotinas de cálculo ..................................................................30
4.1.3 Planejamento da validação.............................................................................31
4.1.4 Realização dos testes de DQO em laboratório...............................................32
4.1.5 Capacitação das pessoas...............................................................................32
5 DESCRIÇÃO DOS TESTES SELECIONADOS .................. ...............................33
5.1 Aplicação dos conceitos ............................ ......................................................33
6 CASO PRÁTICO - ANÁLISE DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊN IO ...........36
6.1 Metodologia de ensaio - análise da DQO............. ...........................................38
6.1.1 Amostragem e estocagem..............................................................................38
6.1.2 Materiais e reagentes .....................................................................................38
6.1.3 Digestão da amostra.......................................................................................39
6.1.4 Método com uso de ferroína como indicador..................................................39
6.1.5 Método com uso de eletrodo redox como indicador .......................................40
6.2 Avaliação dos resultados........................... ......................................................41
6.2.1 Solução padrão de 100 mg L-1........................................................................41
8
6.2.2 Solução padrão de 250 mg L-1........................................................................43
6.2.3 Amostra de efluente industrial tratado ............................................................44
6.2.4 Amostra de efluente industrial bruto neutralizado...........................................46
7 CUSTOMIZAÇÃO DA PLANILHA ELETRÔNICA DE CÁLCULO..... ................49
8 CONCLUSÕES...................................................................................................50
REFERÊNCIAS.........................................................................................................53
SIGLAS E ABREVIATURAS .............................. ......................................................55
ANEXO 1 - Imagens dos equipamentos ................. ...............................................56
ANEXO 2 - Curvas de titulação potenciométrica...... ............................................57
ANEXO 3 - Tabelas .................................. ................................................................58
ANEXO 4 - Figuras .................................. ................................................................62
9
1 INTRODUÇÃO
A proposta deste trabalho consiste na capacitação de pessoas, durante a
atividade escolar, no uso de técnicas estatísticas para avaliar a adequação ao uso
de metodologias de ensaios não-normalizadas em atividades que envolvam medidas
quantitativas. Medições em análises químicas quer sejam para o controle da
qualidade de processos e produtos, quer sejam destinadas ao acompanhamento de
trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, quando consideradas "erradas" ou não
suficientemente confiáveis, podem representar grande desperdício de tempo e
dinheiro.
As atuais exigências nas diversas relações em um mundo globalizado
envolvendo, por exemplo, comércio internacional, qualidade de vida, meio ambiente,
alimentos, dentre outros itens, são hoje de grande importância. As regulamentações
internacionais e os sistemas de gerenciamento da qualidade requerem a validação
de métodos analíticos, para a obtenção de resultados confiáveis e adequados ao
uso pretendido. Existem, portanto, fortes razões legais, técnicas e comerciais, que
justificam o desenvolvimento contínuo no que se refere à validação de métodos
analíticos.
A validação permite demonstrar que o método é "adequado ao uso" pretendido.
Métodos normalizados, como os dos compêndios conceituados, já são métodos
validados e não é necessário proceder ao processo completo de validação desde
que não ocorram alterações significativas deles. Não há uma forma ou formas
absolutamente seguras de evitar arbitrariedade na decisão final acerca de um
resultado obtido, portanto definir ou propor sistemáticas claras e simples para serem
utilizadas na tomada de decisão é uma necessidade urgente, destacando-se ainda
que elas deverão estar apoiadas nos conceitos estatísticos vigentes.
10
Desse modo, a busca pela confiabilidade nos dados obtidos deixa a esfera
intuitiva do "certo ou errado" e sustenta-se na base consistente das ciências. O uso
de testes estatísticos adequados tais como, t de Student, Fisher, Cochran, Grubbs,
Análise de Variância, Teste de Hipóteses, entre outros, tornam as decisões, quanto
aos dados, menos subjetivas e facilitam a demonstração e a implementação de uma
nova técnica. Dessa forma, observa-se que sistemáticas claras para validação de
metodologias de análise são fundamentais nas atividades de um laboratório, pois
será através dessas ferramentas, que se poderá afirmar que determinado método é
suficientemente adequado para fornecer resultados dentro de um intervalo de
confiança especificado, uma vez que, como apresentado em Skoog, Wet, Holler e
Crouch (2004) para análises químicas o valor verdadeiro da média não pode ser
determinado, pois um número quase infinito de medidas seria necessário.
Não há neste trabalho, porém, a pretensão do aprofundamento estatístico,
apenas pretende demonstrar o uso adequado das ferramentas estatísticas
disponíveis. A observação do mercado de formação permite identificar que não se
encontra nos cursos profissionalizantes de nível médio, neste caso, no de técnico
em química, uma disciplina que aborde de maneira específica questões de validação
de metodologias analíticas. Eventualmente esse assunto é tangenciado nas
disciplinas de práticas.
Da mesma forma não e identificado em laboratórios das indústrias uma
ferramenta de avaliação consistente com as exigências mínimas de validação, ou
seja, "Nível 1", em que se procede a validação simples, considerando os testes
estatísticos mínimos necessários, de acordo com Leite (2002).
A tarefa de propor uma sistemática, a partir do uso de uma rotina de cálculo
capaz de padronizar e disponibilizar os meios necessários para realização dos
cálculos mínimos requeridos, é o desafio aceito e que se encontra descrito neste
trabalho, pois se tem como objetivo principal criar uma ferramenta com etapas de
validação e aceitação de resultados, quando da comparação de dois diferentes
métodos de ensaio para um mesmo objetivo analítico.
A análise das informações obtidas durante o estudo do assunto teve como
orientação os seguintes focos:
• Apresentar uma ferramenta de validação com base nos testes Grubbs,
Cochran e F para comparação de duas diferentes metodologias de
análise sendo uma normalizada e outra não-normalizada;
11
• Demonstrar a aplicabilidade da ferramenta através da validação da
determinação da Demanda Química de Oxigênio - DQO, pelo método
potenciométrico (método não-normalizado), tendo como referencial o
método de digestão por refluxo fechado com uso de ferroína como
indicador (método normalizado), em amostra de efluente industrial.
• Disponibilizar de forma gratuita essa ferramenta aos possíveis usuários,
sendo eles instituições de ensino, laboratórios e indústrias.
Conforme Barros (2002), validação de métodos analíticos não-normalizados
deve ser efetuada após seleção, desenvolvimento e otimização dos métodos. Leite
(2002) define que validar é estar com o objetivo voltado para a confiabilidade
analítica do laboratório e do método desenvolvido para se obter o resultado
desejado. É importante lembrar que não existe modelo pronto para sistemas de
validação, portanto devem-se fazer adaptações, adequando as recomendações às
suas necessidades.
12
2 REVISÃO DA LITERATURA
Muitas decisões importantes são baseadas em resultados de análises químicas
quantitativas. Sempre que as decisões forem baseadas em resultados analíticos, é
importante ter alguma indicação quanto à qualidade dos resultados, isto é, o quanto
se pode confiar neles para cada propósito pretendido. Os usuários de resultados de
análises químicas estão sob crescente pressão para a eliminação da repetição de
esforços freqüentemente despendida para sua obtenção. A confiança em dados
obtidos fora da organização do usuário é um pré-requisito para se atingir esse
objetivo.
Em alguns setores da química analítica, é atualmente, um requisito formal (e
freqüentemente sob forma de lei) para laboratórios que introduzam medidas de
garantia da qualidade para assegurar a capacidade de fornecimento de dados com
qualidade requisitada. Tais medidas incluem o uso de métodos de análise validados
e o uso de procedimentos internos de controle de qualidade, entre outros.
Na química analítica, há grande ênfase na precisão de resultados obtidos pela
utilização de um método específico, mais do que por rastreabilidade a um padrão
definido ou unidade do Sistema Internacional (SI). Isso leva ao uso de métodos
oficiais para atender a requisitos legais e comerciais. Entretanto, como existe uma
exigência formal para estabelecer confiança nos resultados, é essencial que o
resultado de uma medição seja rastreável a uma referência definida, tal como a
unidade do SI, um material de referência ou, quando aplicável, um método definido
ou empírico.
Procedimentos internos de controle da qualidade, ensaios de proficiência e
credenciamento podem auxiliar no rastreamento para estabelecer evidência de
rastreabilidade para um dado padrão. Como conseqüência desses requisitos, os
13
químicos estão sob crescente pressão para demonstrarem qualidade de seus
resultados e, particularmente, para demonstrarem adequação ao uso, fornecendo
uma medida de confiança que pode ser alocada ao resultado. É desejável que seja
incluído o grau de concordância esperado de um resultado com outros resultados
normalmente independendo dos métodos analíticos utilizados. (GUIA EURACHEM/
CITAC, 2002)
A comprovação, através do fornecimento de evidência objetiva, de que os
requisitos para uma aplicação ou uso específicos pretendidos foram atendidos é
uma forma de demonstrar que o método é adequado ao uso. (NBR ISO 9000)
Leite (2002) afirma que comparar resultados faz parte do dia-a-dia do químico
analítico, garantir que resultados diferentes são comparáveis e que a precisão de
ambos é coerente é sempre uma decisão a ser tomada pelo grupo da confiabilidade.
Geralmente o objetivo final de cada pesquisa ou análise científica é identificar
relações entre variáveis. Assim, o avanço da ciência deve sempre empenhar-se em
encontrar relações consistentes entre técnicas disponíveis para facilitar as atividades
diárias.
Alguns testes são considerados adequados no apoio a esta tomada de decisão
e utilizam-se da análise de variância para isso. De forma geral, a finalidade da
análise de variância (ANOVA) é testar diferenças significativas entre os métodos
comparados, cujo objetivo principal é testar e analisar as variações entre eles.
Conforme Lopes e Franco (2001), as situações em que a análise da variância
pode ser aplicada são comparação de metodologia/equipamentos, realização de
acordo de especificações, identificação das necessidades de treinamento de
técnicos, avaliação de novos métodos, validação de métodos e avaliação de
precisão. É fundamental que se disponha de meios e critérios objetivos para
demonstrar, através da validação, que os métodos de ensaios executados
conduzem a resultados confiáveis e adequados à qualidade pretendida.
De acordo com a NBR ISO/IEC 17025, ao ter o objetivo de confirmar que os
métodos são apropriados para o uso pretendido, o proponente deve validar:
• Métodos não-normalizados;
• Métodos criados/desenvolvidos pelo próprio proponente;
• Métodos normalizados usados fora dos escopos para os quais foram
concebidos;
• Ampliações e modificações de métodos normalizados.
14
Se um método existente for modificado para atender a requisitos específicos do
demandante, ou um método alternativo for desenvolvido, o executante deve se
assegurar de que as características de desempenho do método atendem aos
requisitos necessários para as operações analíticas pretendidas. (INMETRO-DOQ-
CGCRE-008, 2003)
Um método analítico pode ser validado intralaboratorialmente ou
interlaboratorialmente. No próprio laboratório, através de testes de recuperação de
um ou dois dos enfoques seguintes, o analista pode validar um método analítico em
comparação com um método independente ou através do emprego de material de
referência certificado. Em programas interlaboratoriais, a validação pode ser obtida
através de um estudo colaborativo que envolva vários laboratórios. Se o método
escolhido já foi objeto de um estudo colaborativo, ainda assim o analista é obrigado
a validá-lo intralaboratorialmente para demonstrar que pode ser usado em seu
laboratório ou, pelo menos, fazer sua qualificação. Os requisitos de validação estão
claramente demonstrados e associados a clientes e métodos. (LUNA, 2005)
O Manual INMETRO-DOQ-CGCRE-008 (2003) cita que as características de
desempenho do método devem estar claramente declaradas e incluir, quando
aplicável:
Especificidade e Seletividade: Uma amostra, de maneira geral, consiste de
analitos a serem medidos, da matriz e de outros componentes que podem ter algum
efeito na medição, mas que não se quer quantificar. A especificidade e a
seletividade estão relacionadas ao evento da detecção. Um método que produz
resposta para apenas um analito é chamado específico. Um método que produz
respostas para vários analitos, mas que pode distinguir a resposta de um analito da
de outros, é chamado seletivo.
Faixa de trabalho e Faixa linear de trabalho: No limite inferior da faixa de
concentração, os fatores limitantes são os valores dos limites de detecção e de
quantificação. No limite superior, os fatores limitantes dependem do sistema de
resposta do equipamento de medição. A faixa linear de trabalho de um método de
ensaio é o intervalo entre os níveis inferior e superior de concentração do analito no
qual foi demonstrado ser possível a determinação com precisão, exatidão e
linearidade exigidas, sob as condições especificadas para o ensaio.
Linearidade: A habilidade de um método analítico em produzir resultados que
sejam diretamente proporcionais à concentração do analito em amostras, em uma
15
dada faixa de concentração, é denominada linearidade. A quantificação requer que
se conheça a dependência entre a resposta medida e a concentração do analito.
Sensibilidade: O parâmetro que demonstra a variação da resposta em função
da concentração do analito é a sensibilidade. Pode ser expressa pela inclinação da
curva de regressão linear de calibração e é determinada, simultaneamente, aos
testes de linearidade. A sensibilidade depende da natureza do analito e da técnica
de detecção utilizada.
Limite de detecção (LDM): Esse parâmetro é definido como a concentração
mínima de uma substância medida e declarada com 95% ou 99% de confiança de
que a concentração do analito é maior que zero.
Limite de quantificação: Esse limite refere-se à menor concentração do analito
que pode ser determinada com um nível aceitável de precisão. Pode ser
considerado como a concentração do analito correspondente ao valor da média do
branco mais cinco, seis ou 10 desvios padrão. Algumas vezes é também
denominado “Limite de Determinação”.
Exatidão e tendência: A característica deste item é definida como a
concordância entre o resultado de um ensaio e o valor aceito como referência e
convencionalmente verdadeiro. A exatidão, quando aplicada a uma série de
resultados de ensaio, implica uma combinação de componentes de erros aleatórios
e sistemáticos (tendência).
Precisão: Precisão é um termo geral para avaliar a dispersão de resultados
entre ensaios independentes, repetidos de uma mesma amostra, amostras
semelhantes ou padrões, em condições definidas.
Robustez: Esse parâmetro mede a sensibilidade apresentada face a pequenas
variações. Um método diz-se robusto ao revelar-se praticamente insensível a
pequenas variações que possam ocorrer enquanto está sendo executado.
Incerteza de medição: Parâmetro que, associado ao resultado de uma
medição, caracteriza a dispersão dos valores que podem ser razoavelmente
atribuídos ao mensurando.
Após a leitura e avaliação dos referencias utilizados, foram selecionados três
testes que se relacionam com a sistemática proposta: Teste Grubbs (teste G), Teste
F e Teste de Cochran.
16
2.1 Teste G
É comum em um trabalho experimental ocorrer identificação de situações em
que, ao obter ou analisar um conjunto de dados, um ou mais valores aparentemente
diferem dos outros. Isso poderá ocasionar conclusões errôneas e distorção de
conclusões. As suas causas podem ser variadas, sejam humanas, de método ou de
outro tipo de situação anômala. Da sua identificação depende muitas vezes a
validade das conclusões que são obtidas. Para verificar a existência de valores
dispersos nas extremidades do conjunto de resultados, utiliza-se o Teste de Grubbs.
Conforme recomendação da norma ISO 5725-2: 1994, para um universo de 5 a 30
dados, o qual orienta para a tomada de decisão de permanência ou exclusão de um
resultado suspeito, considerado intervalo de confiança de 95%, e os valores
comparados com os valores tabelados de Gcrítico (ver tabela 1, anexo 4), o teste
estatístico é
s
XXG maior
máx
)( −=
s
XXG menor
mín
)( −=
2.2 Teste F
A comparação entre a precisão dos sistemas em comparação é avaliada com o
Teste F, o qual se baseia na variância dos resultados obtidos. O foco é avaliar a
homogeneidade entre duas variâncias a certa probabilidade. Este é um teste de
hipóteses desenvolvido por George Waddell Snedecor (1881 – 1974) e baseia-se na
distribuição F (ver tabela 2, anexo 4), desenvolvida por Sir Ronald Aylmer Fischer
(1890 – 1962). A idéia principal é comparar a variância de uma população de dados,
duas a duas, para certa probabilidade. Isto é feito, verificando se a variância de dois
17
conjuntos de dados é igual para um desejado nível de confiança de 95%. (SARAIVA
e COUTINHO, 2001)
O número de amostras paralelas em cada nível de concentração deve ser
maior ou igual a sete para permitir o uso adequado dos modelos estatísticos e
proporcionar uma comparação válida (INMETRO-DOQ-CGCRE-008, 2003). O teste
estatístico é
22
212
2
21 sssendo
s
sFCalculado >=
2.3 Teste de Cochran
Este é um teste de hipóteses desenvolvido por William Gemmell Cochran
(1909–1980) e baseia-se na distribuição F desenvolvida por Sir Ronald Aylmer
Fischer (1890 – 1962).Tem como finalidade avaliar a homogeneidade de variâncias
a uma certa probabilidade. (SARAIVA e COUTINHO, 2001)
18
A idéia principal é comparar a maior variância de uma população de dados com
a soma de todas as variâncias dessa população. Para certa probabilidade,
comparando ao valor de Ccrítico tabelado (ver tabela 3, anexo 4), o teste estatístico é
∑= 2
2
s
sC maior
Neste teste, todos os conjuntos de dados devem ter o mesmo grau de liberdade. É
importante observar que, ao contrário do teste de Cochran, no teste de F não é
necessário que os dois conjuntos tenham o mesmo "grau de liberdade".
19
3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
A reformulação do ensino médio no Brasil, estabelecida pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996, regulamentada em 1998 pelas
Diretrizes do Conselho Nacional de Educação e pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais, procurou atender a uma reconhecida necessidade de atualização da
educação brasileira. Tem como objetivos impulsionar uma democratização social e
cultural mais efetiva pela ampliação da parcela da juventude brasileira que completa
a educação básica, responder a desafios impostos por processos globais, que têm
excluído da vida econômica os trabalhadores não-qualificados, por conta da
formação exigida de todos os partícipes do sistema de produção e de serviços.
A expansão exponencial do ensino médio brasileiro é outra razão pela qual
esse nível de escolarização demanda transformações de qualidade, para se adequar
à promoção humana de seu público atual, diferente de trinta anos atrás, quando
suas antigas diretrizes foram elaboradas. A idéia central expressa na nova Lei, e que
orienta a transformação, estabelece o ensino médio como etapa conclusiva da
educação básica de toda a população estudantil – e não mais somente uma
preparação para outra etapa escolar ou para o exercício profissional. Isso desafia a
comunidade educacional a pôr em prática propostas que superem as limitações do
antigo ensino médio, organizado em duas principais tradições formativas, a pré-
universitária e a profissionalizante.
O Ministério da Educação e Cultura (MEC) afirma a necessidade dessa
reformulação em virtude de, nos últimos anos, o número de matrículas na primeira
série do ensino médio ser maior do que o número de formados na oitava série do
ensino fundamental. Ou seja, está havendo um retorno de alunos à escola, muito
provavelmente em função do desemprego crescente que tem tornado o mercado de
20
trabalho cada vez mais seletivo e competitivo: freqüentemente, exige-se formação
de nível médio não apenas para funções mais complexas, mas, sobretudo para
funções que poderiam ser exercidas por pessoas apenas com nível fundamental.
Trata-se de utilizar o certificado de nível médio como fator de pré-seleção dos
inúmeros desempregados candidatos ao cargo. Tal contexto acarreta, segundo o
MEC, uma necessidade de expandir a rede, devido a sua incapacidade de absorver
a demanda crescente pelo ensino médio, bem como acarreta a necessidade de
melhoria da qualidade do ensino e sua adequação às novas conquistas
tecnológicas. Visando atender a esses objetivos, o MEC encaminhou ao Conselho
Nacional de Educação a proposta de resolução que estabelece a organização
curricular e a base nacional comum do ensino médio1.
Especialmente em sua versão pré-universitária, o ensino médio tem se
caracterizado por uma ênfase na estrita divisão disciplinar do aprendizado. Seus
objetivos educacionais se expressavam e, usualmente, ainda se expressam em
termos de listas de tópicos que a escola média deveria tratar, a partir da premissa de
que o domínio de cada disciplina era requisito necessário e suficiente para o
prosseguimento dos estudos. Dessa forma, parecia aceitável que só em etapa
superior tais conhecimentos disciplinares adquirissem, de fato, amplitude cultural ou
sentido prático. Por isso, essa natureza estritamente propedêutica não era
contestada ou questionada, mas hoje é inaceitável.
Em contrapartida, em sua versão profissionalizante, o ensino médio era ou é
caracterizado por uma ênfase no treinamento para fazeres práticos, associados por
vezes a algumas disciplinas gerais, mas, sobretudo voltados a atividades produtivas
ou de serviços. Treinava-se para uma especialidade laboral, razão pela qual se
promovia certo aprofundamento ou especialização de caráter técnico, em detrimento
da formação mais geral, ou seja, promoviam-se competências específicas
dissociadas de formação cultural mais ampla.
É importante que continuem existindo e se disseminem escolas que promovam
especialização profissional em nível médio, mas que essa especialização não
comprometa a formação geral para a vida pessoal e cultural em qualquer tipo de
atividade.
1 Comentário de Alice Ribeiro Casimiro Lopes, licenciada em química pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e doutora em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é professora da Faculdade de Educação da UFRJ.
21
O novo ensino médio, nos termos da lei, de sua regulamentação e de seu
encaminhamento, deixa de ser, portanto, simplesmente preparatório para o ensino
superior ou estritamente profissionalizante, para assumir necessariamente a
responsabilidade de completar a educação básica. Em qualquer de suas
modalidades, isso significa preparar para a vida, qualificar para a cidadania e
capacitar para o aprendizado permanente, em eventual prosseguimento dos estudos
ou diretamente no mundo do trabalho.
A intenção de completar a formação geral do estudante nessa fase implica,
entretanto, uma ação articulada, no interior de cada área e no conjunto das áreas.
Essa ação articulada não é compatível com um trabalho solitário, definido
independentemente no interior de cada disciplina, como acontecia no antigo ensino
de segundo grau no qual se pressupunha outra etapa formativa na qual os saberes
se interligariam e, eventualmente, ganhariam sentido. Agora, a articulação e o
sentido dos conhecimentos devem ser garantidos já no ensino médio. Em um
mundo como o atual, de tão rápidas transformações e de tão difíceis contradições,
estar formado para a vida significa mais do que reproduzir dados, denominar
classificações ou identificar símbolos. Significa
• saber se informar, comunicar-se, argumentar, compreender e agir;
• enfrentar problemas de diferentes naturezas;
• participar socialmente, de forma prática e solidária;
• ser capaz de elaborar críticas ou propostas; e,
• especialmente, adquirir uma atitude de permanente aprendizado.
Uma formação com tal ambição exige métodos de aprendizado compatíveis, ou
seja, condições efetivas para que os alunos possam
• comunicar-se e argumentar;
• defrontar-se com problemas, compreendê-los e enfrentá-los;
• participar de um convívio social que lhes dê oportunidades de se
realizarem como cidadãos;
• fazer escolhas e proposições;
• tomar gosto pelo conhecimento, aprender a aprender.
As características de nossa tradição escolar diferem muito do que seria
necessário para a nova escola. De um lado, essa tradição compartimenta disciplinas
em ementas estanques, em atividades padronizadas, não referidas a contextos
22
reais. De outro lado, ela impõe ao conjunto dos alunos uma atitude de passividade,
tanto em função dos métodos adotados, quanto da configuração física dos espaços
e das condições de aprendizado. Estas, em parte, refletem a pouca participação do
estudante, ou mesmo do professor, na definição das atividades formativas.
(MACEDO, 1998)
As perspectivas profissional, social ou pessoal dos alunos não fazem parte das
preocupações escolares; os problemas e desafios da comunidade, da cidade, do
país ou do mundo recebem apenas atenção marginal no ensino médio, que também
por isso precisaria ser reformulado. A falta de sintonia entre realidade escolar e
necessidades formativas reflete-se nos projetos pedagógicos das escolas,
freqüentemente inadequados, raramente explicitados ou objeto de reflexão
consciente da comunidade escolar. A reflexão sobre o projeto pedagógico permite
que cada professor conheça as razões da opção por determinado conjunto de
atividades, quais competências se busca desenvolver com elas e que prioridades
norteiam o uso dos recursos materiais e a distribuição da carga horária. Permite,
sobretudo, que o professor compreenda o sentido e a relevância de seu trabalho em
sua disciplina, para que as metas formativas gerais definidas para os alunos da
escola sejam atingidas. Sem essa reflexão, pode faltar clareza sobre como conduzir
o aprendizado de modo a promover, junto ao alunado, as qualificações humanas
pretendidas pelo novo ensino médio. (MACEDO, 1998)
Assim, mais freqüentemente, a perspectiva dos jovens brasileiros que hoje
estão nessa escola é obter qualificação mais ampla para a vida e para o trabalho, já
ao longo de sua escolarização básica e imediatamente depois. Isso exige revisão
numa escola que se caracterizava, sobretudo, como preparatória para a educação
superior. Adequar a escola a seu público atual é torná-la capaz de promover a
realização pessoal, a qualificação para um trabalho digno, para a participação social
e política, enfim, para uma cidadania plena da totalidade de seus alunos e alunas.
Tendo em vista as práticas tradicionalmente adotadas na escola média
brasileira, o que está sendo proposto depende de mudanças de atitude na
organização de novas práticas. Por isso, além da proposição de temas
estruturadores para o trabalho de cada disciplina, procura-se esboçar algumas
sugestões de diferentes formas e estratégias de se conduzir o aprendizado. Nessa
nova compreensão do ensino médio e da educação básica, a organização do
aprendizado não será conduzida de forma solitária pelo professor de cada disciplina,
23
pois as escolhas pedagógicas feitas numa disciplina não serão independentes do
tratamento dado às demais, uma vez que é uma ação de cunho interdisciplinar que
articula o trabalho das disciplinas, no sentido de promover competências. As
linguagens, ciências e humanidades continuam sendo disciplinares, mas é preciso
desenvolver seus conhecimentos de forma a constituírem, a um só tempo, cultura
geral e instrumento para a vida, ou seja, desenvolver, em conjunto, conhecimentos e
competências. Contudo, assim como a interdisciplinaridade surge do contexto e
depende da disciplina, a competência não rivaliza com o conhecimento; ao contrário,
se funda sobre ele e se desenvolve com ele. (PCNEM, 2006)
O novo ensino médio deve estar atento para superar contradições reais ou
aparentes entre conhecimentos e competências. Para quem possa temer que se
estejam violando os limites disciplinares, quando estes se compõem com
conhecimentos e competências, vale lembrar que as próprias formas de organização
do conhecimento, as disciplinas, têm passado por contínuos rearranjos. Muitas
disciplinas acadêmicas e muitos campos da cultura resultam de processos recentes
de sistematização de conhecimentos práticos ou teóricos, reunindo elementos que,
em outras épocas, estavam dispersos em distintas especialidades.
Ainda que as disciplinas não sejam sacrários imutáveis do saber, não haveria
qualquer interesse em redefini-las ou fundi-las para objetivos educacionais. É
preciso reconhecer o caráter disciplinar do conhecimento e, ao mesmo tempo,
orientar e organizar o aprendizado, de forma que cada disciplina, na especificidade
de seu ensino, possa desenvolver competências gerais. Há nisso uma contradição
aparente, que é preciso discutir, pois específico e geral são adjetivos que se
contrapõem, dando a impressão de que o ensino de cada disciplina não possa servir
aos objetivos gerais da educação pretendida. Em determinados aspectos, a
superação dessa contradição se dá em termos de temas, designados como
transversais, cujo tratamento transita por múltiplas disciplinas; no entanto, nem todos
os objetivos formativos podem ser traduzidos em temas. A forma mais direta e
natural de convocar temáticas interdisciplinares é simplesmente examinar o objeto
de estudo disciplinar em seu contexto real, não fora dele. Por exemplo, sucata
industrial ou detrito orgânico doméstico, acumulados junto a um manancial, não
constituem apenas uma questão biológica, física, química, tampouco é apenas
sociológica, ambiental, cultural, ou então só ética e estética – abarcam tudo isso e
mais que isso.
24
Há habilidades e competências, no entanto, cujo desenvolvimento não se
restringe a qualquer tema, por mais amplo que seja, pois implicam um domínio
conceitual e prático, para além de temas e de disciplinas. A própria competência de
dar contexto social e histórico a um conhecimento científico é um exemplo que não
está restrito nem às ciências, nem à história, nem a uma soma delas. O que é
necessário compreender é que, precisamente por transcender cada disciplina, o
exercício dessas competências e dessas habilidades está presente em todas elas,
ainda que com diferentes ênfases e abrangências. Não há receita, nem definição
única ou universal, para as competências, que são qualificações humanas amplas,
múltiplas e que não se excluem entre si; ou para a relação e a distinção entre
competências e habilidades.
Disciplina alguma desenvolve tudo isso isoladamente, mas a escola as
desenvolve nas disciplinas que ensina e nas práticas de cada classe e de cada
professor. No entanto, como as disciplinas não estão usualmente organizadas em
termos de competências, mas em termos de tópicos disciplinares, se desejamos que
elas estejam atentas para o desenvolvimento de competências, é útil esboçar uma
estruturação do ensino capaz de contemplar, a um só tempo, uma coisa e outra.
(PCN's, 1997)
Essa é a idéia que preside a concepção de temas estruturadores do processo
de ensino, para apresentar, com contexto, os conhecimentos disciplinares já
associados a habilidades e competências específicas ou gerais. Por essa razão,
quando forem trabalhadas as várias disciplinas da área de conhecimento,
juntamente com a apresentação das competências no âmbito disciplinar, serão
apresentados temas estruturadores do ensino de cada disciplina, que facilitarão a
organização do aprendizado compatível com a ambição formativa expressa acima.
São, enfim, uma sugestão de trabalho, não um modelo fechado. Uma vantagem, ao
adotar esse esquema, ou algo equivalente, é que, além de permitir uma organização
disciplinar do aprendizado, também dá margem a alternativas de organização do
aprendizado na área e no conjunto das áreas. No âmbito escolar, essa organização
por área também contribui para melhor estruturação do projeto pedagógico da
escola. (PCN's, 1997)
Não se pode deixar de avaliar o material aqui apresentado frente às crescentes
demandas no meio educacional, principalmente do ensino profissionalizante de nível
médio. O alinhamento deste trabalho aos Parâmetros Curriculares Nacionais
25
(PCN's) pode ser verificado ao serem cruzadas as respectivas definições com os
decretos e resoluções a serem citados.
Conforme a proposta apresentada para o ensino de química nos PCNEM -
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2006), nos quais se afirma
que o aprendizado de Química deve possibilitar ao educando a construção do
conhecimento científico e as aplicações tecnológicas este trabalho está diretamente
alinhado às competências gerais, principalmente ao item "investigação e
compreensão" no que se refere às medidas, quantificação, grandezas e escalas,
abordando claramente uma sistemática para selecionar e utilizar instrumentos de
medição e de cálculo, representar dados e utilizar escalas, fazer estimativas,
elaborar hipóteses e interpretar resultados.
Essa abordagem confirma-se adequada ao ser observado o decreto número
5.154 de 23 de julho de 2004, o qual aborda entre outras questões, em seu artigo 1º,
inciso II, a educação profissional técnica de nível médio. O artigo 4º do referido
decreto define que, como forma de alinhar a educação profissional técnica de nível
médio aos termos dispostos no § 2° do art. 36 da Le i n° 9.394 - Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, de 1996 que, o ensino médio, atendida a formação
geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas, e é no
intuito da preparação para o exercício da função que o presente trabalho se afirma.
O desenvolvimento de competências para a laborabilidade, conforme define a
Resolução da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação
(CNE/CEB) número 4, de dezembro de 1999, é possível ser identificado de acordo
com o definido pelo inciso III do artigo 3°.
Baseado nas informações anteriormente expostas, afirma-se que a
disponibilização dessa sistemática e a ferramenta de cálculo nela baseada, aos
cursos de formação profissional (técnica de nível médio) atende as necessidades
tanto da legislação vigente, quanto das instituições de ensino, do mercado de
trabalho e, principalmente, dos educandos.
A sistemática apresentada pode ser considerada acessível, pois não são
utilizados conceitos estatísticos excessivamente aprofundados, portanto possíveis
de uso nos cursos profissionalizantes ou mesmo de graduação. Neste último caso,
em disciplinas de química analítica ou de quimiometria.
A utilização do caso prático - análise da DQO, em amostra de efluentes
industriais reforça a importância das questões ambientais, sempre tão presentes no
26
dia-a-dia dos profissionais da área, sendo de fácil demonstração e realização nas
aulas práticas das instituições de ensino.
3.1 Repensando a Química
Temos conhecimento, tanto por experiência própria como por relatos de outros
educadores da área de Química, de propostas de ensino que propiciam boa
aprendizagem química já no ensino médio. Entretanto, quando se escreve ou se
discute sobre ensino/aprendizagem da disciplina (dissertações de mestrado, teses
de doutorado, encontros de ensino de química, análise de desempenho dos
vestibulandos em química etc.), há ênfase na baixa qualidade tanto das propostas
de ensino (livros didáticos mais usados) como da compreensão da ciência química,
em particular, por alunos do ensino médio.
Há muitas razões para desejarmos a boa aprendizagem química por parte das
pessoas em geral. Chassot (1993), por exemplo, chama a atenção para a diferente
leitura do mundo possibilitada às pessoas pelo conhecimento químico. Essa visão
mais ampla permite que os indivíduos integrem-se à sociedade de forma mais ativa
e consciente. Com o conhecimento científico a sua disposição, cada indivíduo atua
de forma específica sobre a natureza, modificando-a e modificando-se, segundo as
teses do pensamento dialético. Graças às interações e aos desenvolvimentos
tornados possíveis pelo conhecimento químico, a natureza hoje se apresenta ao
homem com feições muito diferentes. O próprio homem também já não é o mesmo,
depois do contato com sensações e possibilidades antes impossíveis. (PIEDADE e
MALDANER, 1995)
3.2 Competências em Química
As competências gerais a serem desenvolvidas na área de Ciências da
Natureza, Matemática e suas Tecnologias dizem respeito aos domínios da
representação e comunicação, envolvendo leitura e interpretação de códigos,
27
nomenclaturas e textos próprios da Química e da Ciência, transposição entre
diferentes formas de representação, busca de informações, produção e análise
crítica de diferentes tipos de textos; investigação e compreensão, ou seja, uso de
idéias, conceitos, leis, modelos e procedimentos científicos associados a essa
disciplina; e da contextualização sociocultural, ou seja, inserção do conhecimento
disciplinar nos diferentes setores da sociedade, suas relações com os aspectos
políticos, econômicos e sociais de cada época e com tecnologia e cultura
contemporâneas. As competências, em qualquer desses domínios, se inter-
relacionam e se combinam, não havendo hierarquia entre elas. No ensino da
Química, os conteúdos abordados e as atividades desenvolvidas devem ser
propostos de forma a promover o desenvolvimento de competências dentro desses
três domínios, com suas características e especificidades próprias.
3.3 Temas estruturadores do ensino de Química
A proposta apresentada quanto à organização dos conteúdos leva em
consideração duas perspectivas para o ensino de Química presente nos PCNEM: a
que considera a vivência individual dos alunos – seus conhecimentos escolares,
suas histórias pessoais, tradições culturais, relação com os fatos e os fenômenos do
cotidiano e informações veiculadas pela mídia; e a que considera a sociedade em
sua interação com o mundo, evidenciando como os saberes científico e tecnológico
vêm interferindo na produção, na cultura e no ambiente.
Não se procura uma ligação artificial entre o conhecimento químico e o
cotidiano, restringindo-se a exemplos apresentados apenas como ilustração ao final
de algum conteúdo; ao contrário, o que se propõe é partir de situações
problemáticas reais e buscar o conhecimento necessário para entendê-las e
procurar solucioná-las. Enfatiza-se, mais uma vez, que a simples transmissão de
informações não é suficiente para que os alunos elaborem suas idéias de forma
significativa. É imprescindível que o processo de ensino-aprendizagem decorra de
atividades que contribuam para que o aluno possa construir e utilizar o
conhecimento. Uma maneira de selecionar e organizar os conteúdos a serem
ensinados é por meio de “temas estruturadores”, que permitem o desenvolvimento
28
de um conjunto de conhecimentos de forma articulada, em torno de um eixo central
com objetos de estudo, conceitos, linguagens, habilidades e procedimentos próprios.
Para a compreensão ampla das transformações químicas em diferentes níveis,
é necessário que se saiba estabelecer relações entre as grandezas envolvidas, que
se reconheça em que extensão a transformação ocorre, que se identifiquem,
caracterizem e quantifiquem os seus reagentes e produtos, as formas de energia
nela presentes e a rapidez do processo. Esse conhecimento ganha um novo
significado ao se interpretar os fenômenos tratados por meio de modelos
explicativos. Entender como o ser humano vem se utilizando e se apropriando do
mundo natural exige o estabelecimento de relações entre os muitos campos do
saber, de maneira que o olhar da Química não exclui, ao contrário, necessita de
constante interação com conhecimentos da Biologia, Astronomia, Física, História,
Geografia, Geologia e até mesmo da Economia, Sociologia e Antropologia.
3.4 Formação docente em Química
A formação de professores de Química tem mobilizado um número cada vez
maior de pesquisadores no Brasil. Educadores em Química têm mostrado uma
preocupação com o modelo tecnicista de formação docente (SCHNETZLER e
ARAGÃO, 2000; MALDANER, 2000). Esse modelo considera necessário um
conhecimento teórico sólido que constitua a base para que o profissional atue na
prática, ou seja, a prática passa a se constituir no campo de aplicação de
conhecimentos teóricos.
Uma formação docente calcada nesse modelo concebe a prática como um
mundo à parte, separado do campo teórico, normalmente idealizado. Indícios dessa
separação são encontrados nos currículos das licenciaturas em Química, nos quais,
de modo geral, a separação entre disciplinas do conteúdo específico e aquelas
chamadas de pedagógicas, com o conseqüente reforço da dicotomia teoria/prática,
levam à formação de professores despreparados para lidar com toda a
complexidade do ato pedagógico (SCHNETZLER e ARAGÃO, 2000). Neste, a
diversidade de contextos da prática e as singularidades inerentes a cada contexto
tornam ineficaz uma formação de caráter tecnicista.
29
Segundo Schön (2000), os problemas da prática, em qualquer atividade
profissional, nem sempre se apresentam bem estruturados, de forma que as
soluções técnicas, normalmente resultantes da aplicação rigorosa do conhecimento
acadêmico, científico, não dão conta da resolução dos problemas que estão além
dos cânones desses conhecimentos e que constituem as “zonas de prática
pantanosas e indeterminadas”. Nestas, o rigor acadêmico, científico, cede lugar à
relevância, na medida em que essas zonas correspondem à incerteza, à
singularidade e aos conflitos de valores, elementos presentes no contexto de sala de
aula.
Essas questões, infelizmente, não fazem parte dos currículos de formação
inicial do professor, que apresentam o conhecimento científico como verdadeiro,
acabado, preciso e válido, levando a acreditar que basta um bom conhecimento da
matéria a ser ensinada e alguns recursos didáticos adequados. Acredita-se que um
dos fatores determinantes dessa concepção é a influência da filosofia positivista de
Comte na academia, onde esse conhecimento, além de ser produzido é, também,
socializado, através do currículo. As “zonas indeterminadas da prática” de Schön
exigem do professor uma atitude de reflexão sobre os problemas que se apresentam
no seu cotidiano, requerendo uma formação sólida, mais crítica, como requisito
mínimo para solucioná-los.
A busca de soluções envolve o repensar sobre a sua própria prática, a tomada
de consciência sobre as suas próprias concepções e o confronto entre essas
concepções e o cotidiano da sala de aula, tendo em conta o contexto atual da
Educação Científica e da Educação, de modo geral.
Piedade e Maldaner (1995) relatam que esse “mergulho” na prática da sala de
aula traz à tona questões contemporâneas relativas às dificuldades de
aprendizagem dos alunos; aos problemas resultantes do multiculturalismo que,
muitas vezes, estão presentes sem que o professor se dê conta; aos processos de
avaliação de aprendizagem; à relação professor-aluno; às concepções de ensino e
de aprendizagem; às concepções de Ciência e conhecimento científico; e a muitas
outras questões que desafiam o professor.
30
4 METODOLOGIA
4.1 Estratificação das tarefas
Como forma de organizar as atividades necessárias para a execução do
trabalho, fez-se a divisão de acordo com a característica de cada fase. Assim, o
trabalho foi dividido em quatro etapas distintas:
• Identificar os testes estatísticos mínimos;
• Elaborar as rotinas de cálculo;
• Planejamento da Validação;
• Testar a DQO em laboratório, com amostra de efluente e solução padrão.
4.1.1 Identificação dos testes estatísticos mínimos
Após a verificação e a leitura das referências consultadas a respeito do
assunto, foram selecionados três testes para compor o fluxo de validação de
métodos analíticos.São eles: Teste G, Teste F e Teste de Cochran.
4.1.2 Elaboração das rotinas de cálculo
Esse passo consistiu na elaboração das respectivas fórmulas de cálculo e sua
inserção na planilha eletrônica. Após essa construção, foram estabelecidos os
31
vínculos possíveis através dos "links" automáticos para que não corra redundância
de dados e os resultados parciais obtidos possam ser utilizados de forma
compartilhada, evitando dessa forma a obtenção de dados divergentes.
4.1.3 Planejamento da validação
A atividade de planejamento pode ser verificada conforme fluxograma a seguir
Fonte: autoria própria, 2007.
32
4.1.4 Realização dos testes de DQO em laboratório
Além das soluções de referência a serem utilizadas, duas neste caso, optou-se
pelo teste de comparação dos métodos em dois tipos de efluentes industriais
distintos, identificados como Efluente Bruto Neutralizado e Efluente Tratado.
As soluções de referência foram preparadas de acordo com os volumes de
solução titulante consumidos para as amostras pelo método normalizado.
4.1.5 Capacitação das pessoas
O uso dessa proposta pressupõe que alguns itens estejam sob controle, caso
contrário ter-se-á a introdução de elementos que poderão influenciar
significativamente os resultados observados. Destacam-se dois:
Curva de aprendizado - A preocupação com o profissional que realiza os testes
justifica-se por dois fatores importantes: modelamento mental e velocidade
requerida. Os seres humanos, em fase inicial de qualquer atividade nova,
demonstram baixo rendimento, o que se explica justamente pelos aspectos
anteriormente citados. É necessário que, ao desenvolver o teste, o funcionário
responsável realize a rotina analítica uma série de vezes sem compromisso
quantitativo com o resultado final, mas com o objetivo de dominar a técnica.
Qualificação do analista - O analista sem treinamento compromete o resultado
e o domínio de práticas laboratoriais. A qualificação do pessoal envolvido é fator
primordial para a validação, mesmo que as atividades sejam consideradas rotineiras
como preparação e uso de vidrarias. De acordo com Leite (2002), a preparação do
indivíduo ou do grupo que atuará nessa atividade deve ser considerado nas etapas
previamente estabelecidas.
33
5 DESCRIÇÃO DOS TESTES SELECIONADOS
5.1 Aplicação dos conceitos
Inicialmente os resultados foram avaliados pelo teste de Grubbs, a fim de
identificar se os dados disponíveis para uma mesma amostra são considerados
válidos. Posteriormente, foi aplicado o teste F, o qual avaliou a precisão do método
proposto, frente ao método normalizado. Logo depois, os dados foram avaliados
pelo teste de Cochran, que verificou a homogeneidade das variâncias entre os dois
sistemas de medição.
Para a execução dos testes mencionados, observou-se o detalhamento dos
cálculos:
Teste G
Rejeita valores com, base na amplitude das medidas e seu desvio padrão
s
XXG maior
máx
)( −=
Onde:
X = média dos resultados
Xmaior = maior valor do conjunto de resultados
s = desvio padrão do conjunto de resultados
34
s
XXG menor
mín
)(´
−=
Onde:
X = média dos resultados
Xmenor = menor valor do conjunto de resultados
s = desvio padrão do conjunto de resultados
Se G>Gcritíco, o resultado questionável pode ser rejeitado;
Se G<Gcritíco, o menor valor, por enquanto, é aprovado.
Teste F
O teste estatístico
22
212
2
21 sssendo
s
sFCalculado >=
Onde: o denominador é o conjunto da população considerado como o padrão.
Se o conjunto q1 tem n1 elementos com n1 graus de liberdade, e o conjunto q2
tem n2 elementos com n2 graus de liberdade, através da fórmula acima calcula-se o
valor de F.
Através da tabela Ftabelado, verifica -se qual o valor tabelado para n1 graus de
liberdade do numerador e n2 graus de liberdade do denominador. A tabela de
valores mais comumente usada é a para a probabilidade p= 5%.
Se Ftabelado > Fcalculado há homogeneidade entre as variâncias dos dois
sistemas, isto é, se Fcalculado for menor que o Ftabelado, não há um efeito importante
sobre a precisão dos resultados do método na faixa de concentração em estudo.
Se Ftabelado < Fcalculado não há homogeneidade entre as variâncias dos dois
sistemas, ou seja, identifica-se um efeito importante sobre a precisão do método na
faixa de concentração em estudo, as variâncias podem ser consideradas desiguais.
35
Teste de Cochran
Para efetuá-lo, devem ser realizados os seguintes passos:
Se cada um dos q conjuntos têm n elementos com n graus de liberdade,
usando a equação acima calcular o valor de C. O número de graus de liberdade (n)
deve ser o mesmo.
O teste estatístico é
∑= 2
2
s
sC maior
Através da tabela de Cochran (ver tabela 3, anexo 4), verifica–se qual o valor
de C tabelado para n graus de liberdade. A tabela de valores mais comumente
usada é a para a probabilidade p = 5%.
Constituir as hipóteses.
Se Ccalculado > Ctabelado, não há homogeneidade entre as variâncias dos dois
sistemas.
Se Ccalculado < Ctabelado, há homogeneidade entre as variâncias dos dois sistemas.
36
6 CASO PRÁTICO - ANÁLISE DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIG ÊNIO
A determinação da DQO (demanda química de oxigênio) consiste em uma
técnica utilizada para a avaliação do potencial de matéria redutora de uma amostra,
através de um processo de oxidação química em que se emprega o dicromato de
potássio.
A análise da DQO é largamente empregada como sistemática para medir o
grau de poluição de despejos industriais e domésticos, em um pequeno período de
tempo. A DQO reflete a quantidade total de componentes oxidáveis, seja carbono
ou hidrogênio de hidrocarbonetos, nitrogênio, enxofre e fósforo de detergentes, é
muito útil quando utilizada conjuntamente com a DBO5 - Demanda Bioquímica de
Oxigênio em cinco dias, para observar a biodegradabilidade de despejos.
A DQO de uma amostra de efluentes e de processos de tratamento de água,
pode ser determinada através do íon dicromato, Cr2O72-, na forma de um de seus
sais, onde ele é dissolvido em ácido sulfúrico com sulfato de prata, sendo o
resultado de ambos um poderoso agente oxidante. E, ao final dessa etapa, titular
com sulfato ferroso amoniacal.
O número de oxigênio que a amostra teria consumido na oxidação do mesmo
material é igual a 6/4 = 1,5 vezes o número de mols de dicromato, já que o
dicromato aceita seis elétrons por íon enquanto o oxigênio aceita apenas quatro.
Assim, o número de mols de O2 requeridos para oxidação é 1,5 vezes o número de
mols do dicromato realmente utilizado. Abaixo a semi-reação do oxigênio:
O2 + 4 H+ + 4 e- 2 H2O
37
A semi-reação de redução do dicromato durante a oxidação da matéria
orgânica:
Cr2O72- + 14 H+ + 6 e- 2 Cr3+ + 7 H2O
Cr6+ Cr3+
Amarelo Verde claro
No método da DQO normalizado, a semi-reação que ocorre na etapa final da
análise para identificar-se o ponto final da titulação é a seguinte:
6 Fe+2 + Cr2O7-2 + 14 H+ 2 Cr+3 + 6 Fe+3 + 7 H2O
Fe+2 Fe+3
Verde Vermelho tijolo fraco
No método normalizado, o ponto final da titulação ocorre com a formação do
íon Fe+3, tendo em vista a adição da solução de ferroína, que atua como indicador.
Conforme Douglas Skoog (2002, pág. 530), sabe-se que é possível realizar a
determinação da DQO com eletrodos específicos, conforme citação abaixo:
“Eletrodos de platina, ouro, paládio ou de outros metais inertes servem como eletrodos indicadores para sistemas de oxidação/redução. Nessas aplicações, o eletrodo inerte atua como fonte ou depósito para elétrons transferidos de um sistema redox na solução.”
38
A reação que ocorre é uma reação redox, a qual indica a capacidade do
eletrodo na identificação de transferência de elétrons, ou seja, mudança do número
de oxidação de +6 para +3 do íon cromo.
Eletrodo com anel de ouro - Fonte: Metrohm
6.1 Metodologia de ensaio - análise da DQO
As etapas de coleta, preservação e digestão da amostra são comuns aos dois
métodos, sendo o titulométrico a referência, uma vez que é internacionalmente
reconhecido. São apresentadas, portanto, de forma separada somente as etapas de
titulação, após digestão.
6.1.1 Amostragem e estocagem
Preferencialmente coletar as amostras em frascos de vidro. A amostra deve ser
preservada a pH menor que 2,0, com ácido sulfúrico P.A. concentrado e refrigerado
a 4 °C, caso seja realizada após 24 horas da colet a.
6.1.2 Materiais e reagentes
• Tubos de Digestão para DQO 25 mm x 150 mm;
• Bloco de Digestão;
• Aparelho Titrino 799 Metrohm;
• Eletrodo combinado de vidro com anel de ouro;
• Béquer 150 mL;
39
• Dicromato de Sódio – Na2CrO7 0,0167 M;
• Ácido Sulfúrico + Sulfato de Prata – H2SO4 + Ag2SO4
• Sulfato Ferroso Amoniacal Fe(NH4)2(SO4)2.6H2O - 0,1 M
6.1.3 Digestão da amostra
Os tubos de digestão devem ser lavados com solução de ácido sulfúrico 20%,
para evitar contaminação da amostra. A seguir, devem ser adicionados amostra e
reagente conforme tabela abaixo:
Tubo de Digestão
(mm)
Amostra
(mL)
Solução de Digestão
K2Cr2O7, (mL)
Ácido Sulfúrico
Reagente (mL)
Volume final
(mL)
25 x 150 10,0 6,0 14,0 30,0
Adicionar o ácido sulfúrico reagente lentamente pelas paredes do tubo de
digestão. Fechar os tubos e homogeneizar com movimentos circulares. Recomenda-
se cuidado neste processo de homogeneização devido à forte reação
desencadeada. Em seguida, colocar os tubos no sistema de aquecimento para a
digestão da amostra. A digestão deve ser procedida por duas horas, a temperatura
de 150 ± 2 ºC. Após este período, retirar os tubos do sistema de aquecimento e
deixar resfriar à temperatura ambiente.
6.1.4 Método com uso de ferroína como indicador
Transferir a amostra para erlenmeyer, lavando as paredes do tubo de digestão
com água desmineralizada. Adicionar duas a três gotas de indicador ferroína e titular
com solução de sulfato ferroso amoniacal 0,1 M até ponto de viragem de azul
esverdeado para vermelho tijolo. Preparar uma prova em branco com idêntico
volume de amostra utilizado e obedecer à mesma adição de reagentes. A solução
de sulfato ferroso amoniacal 0,1 M deve ser padronizada sempre no momento da
análise. Para padronização, utiliza-se a prova em branco e calcula-se a
concentração molar do titulante da seguinte forma:
40
M1 x V1 = M2 x V2
Onde:
M = concentração molar da solução de sulfato ferroso amoniacal
V1 = volume de solução de dicromato de potássio 0,0167 M, em mL
V2 = volume de solução de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação, em mL
Resultados
.
8000)(
Vol
FMBADQO
×××−=
Onde:
DQO = demanda química de oxigênio, expresso em mg L-1O2.
A = volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da PB, em mL.
B = volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da amostra, em mL.
M = concentração molar do sulfato ferroso amoniacal
Vol = volume da amostra, em mL.
F = Fator de diluição da amostra, quando houver diluição
Este procedimento é aplicado para valores de DQO acima de 40 mg L -1
Observação: As diluições da amostra devem propiciar o consumo aproximado
de 50% do dicromato de potássio, fornecido para digestão em relação à prova em
branco. Obtêm-se os valores nessa faixa quando os testes tomam coloração
amarela levemente esverdeada.
6.1.5 Método com uso de eletrodo redox como indicador
Transferir para os béqueres de 150 mL a amostra PB e as amostras em
análise, lavando as paredes dos tubos de digestão com água. Colocar a amostra PB
para homogeneização no agitador do Titrino 799. Posteriormente, inserir o eletrodo
na mistura. Iniciar a titulação com o Sulfato Ferroso Amoniacal até atingir o EP1 na
curva de titulação. O resultado poderá ser obtido no próprio software do Titrino 799,
denominado Metrohm Vesuv 3.00.
Outra possibilidade de obtermos os resultados é a fórmula de cálculo abaixo:
41
.
8000)(
Vol
FMBADQO
×××−=
Onde:
DQO = demanda química de oxigênio, expresso em mg L -1O2.
A = volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da PB, em mL.
B = volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da amostra, em mL.
M = concentração molar do sulfato ferroso amoniacal
Vol = volume da amostra, em mL.
F = fator de diluição da amostra, quando houver diluição
Observação: As diluições da amostra devem propiciar um consumo
aproximado de 50% do dicromato de potássio, fornecido para digestão em relação à
prova em branco.
6.2 Avaliação dos resultados
6.2.1 Solução padrão de 100 mg L-1
Esta solução padrão foi escolhida em função de que o resultado esperado de
uma das amostras de trabalho, neste caso o Efluente Industrial Tratado, é desta
mesma faixa de trabalho, ou seja, através do uso da solução padrão em um mesmo
patamar de grandeza da amostra é possível identificar se alguns requisitos mínimos
estão atendidos como, por exemplo, a capacitação do analista, a resolução do
equipamento, a qualidade das soluções envolvidas e a sensibilidade dos métodos,
dentre outros.
Através da análise dos resultados do Padrão de DQO de 100 mg L-1, foi
possível identificar pelos testes selecionados que não se verificou nenhuma
evidência de diferença significativa entre os métodos, tanto na comparação da
precisão dos sistemas, quanto na comparação da variância dos sistemas.
42
Resultados
Ferroína Potenciometria
113,4 116,5 105,7 100,7 103,4 104,9 103,1 104,1 104,1 99,9 103,6 102,8 102,5 112,3 102,5 104,9 112,0 103,9 104,2 114,3
Dados Básicos Média: 105,5 106,4 Mínimo: 102,5 99,9 Máximo: 113,4 116,5
Desvio Padrão: 3,95 5,80 Variância: 15,57 33,66
n 10 10
Teste G
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Gmáximo 2,01 1,74
Gmínimo 0,75 1,13
Gcrítico 2,29 2,29
Resultado do Teste Nenhum valor rejeitado Nenhum valor rejeitado
Teste F
Fcalculado 2,162
Fcrítico 3,180
Resultado do Teste Não se pode afirmar que existam diferenças significativas de precisão entre os métodos.
Teste Cochran
Ccalculado 0,684
Ccrítico 0,801
Resultado do Teste Não se pode afirmar que existam diferenças significativas de variância entre os métodos.
Incerteza Tipo A
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Resultado do Teste ±2,8 ±4,2
43
6.2.2 Solução padrão de 250 mg L-1
Pelo mesmo motivo anteriormente citado, esta solução padrão foi escolhida em
função de que o resultado esperado de uma das amostras de trabalho, neste caso o
Efluente Bruto Neutralizado, é desta mesma faixa de trabalho.
No caso do Padrão de DQO de 250 mg L-1, a análise dos resultados identificou,
pelos testes selecionados, que não se verificou nenhuma evidência de diferença
significativa entre os métodos, tanto na comparação da precisão dos sistemas,
quanto na comparação da variância dos sistemas.
Resultados
Ferroína Potenciometria 251,0 247,3 251,6 251,4 255,7 254,8 254,1 253,4 251,0 245,2 251,3 252,6 250,0 252,6 249,0 254,8 250,2 251,4 250,7 251,0
Dados básicos Média: 251,5 251,5 Mínimo: 249,0 245,2 Máximo: 255,7 254,8
Desvio Padrão: 1,99 3,08 Variância: 3,97 9,49
n 10 10
Teste G
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Gmáximo 2,13 1,09
Gmínimo 1,23 2,03
Gcrítico 2,29 2,29
Resultado do Teste Nenhum valor rejeitado Nenhum valor rejeitado
Teste F
Fcalculado 2,387
Fcrítico 3,180
Resultado do Teste Não se pode afirmar que existam diferenças significativas de precisão entre os métodos.
44
Teste Cochran
Ccalculado 0,705
Ccrítico 0,801
Resultado do Teste Não se pode afirmar que existam diferenças significativas de variância entre os métodos.
Incerteza Tipo A
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Resultado do Teste ±1,4 ±2,2
6.2.3 Amostra de efluente industrial tratado
A opção pela amostra deste efluente ocorreu em função da necessidade de
aprimoramento da forma de controle e monitoramento, quando de seu lançamento
em um corpo hídrico receptor, independente da fonte geradora. Toda empresa que
possui monitoramento de seus lançamentos de efluentes hídricos, seja para controle
interno, seja pelo órgão regulador, tem especial atenção a esse parâmetro.
A avaliação inicial dos resultados identifica que deve ser aplicado o critério de
exclusão de acordo com o teste de Grubbs, para o maior resultado encontrado no
método não-normalizado.
Resultados
Ferroína Potenciometria 129,5 127,5 135,1 122,4 130,1 126,3 139,0 122,3 135,9 127,1 128,1 129,1 127,9 127,1 130,6 137,5 136,4 122,6 125,8 129,0
Dados Importantes Média: 131,8 127,1
Mínimo: 125,8 122,3 Máximo: 139,0 137,5
Desvio Padrão: 4,41 4,50 Variância: 19,47 20,22
n 10 10
45
Teste G
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Gmáximo 1,62 2,32
Gmínimo 1,37 1,07
Gcrítico 2,29 2,29
Resultado do Teste Nenhum valor rejeitado Menor valor aceito / Rejeitar maior valor
Após a exclusão do par de dados, como forma de satisfazer a exigência de
todos os testes utilizados nas sistemáticas, o conjunto restante de resultados foi
novamente avaliado. A segunda avaliação não identificou necessidade de rejeição
de resultados. A análise dos testes não identificou a existência de evidência de
diferença significativa entre os métodos, tanto na comparação da precisão dos
sistemas, quanto na comparação da variância.
Resultados
Ferroína Potenciometria 129,5 127,5 135,1 122,4 130,1 126,3 139,0 122,3 135,9 127,1 128,1 129,1 127,9 127,1 x x 136,4 122,6 125,8 129,0
Dados Importantes Média: 132,0 125,9 Mínimo: 125,8 122,3 Máximo: 139,0 129,1
Desvio Padrão: 4,66 2,77 Variância: 21,69 7,69
n 9 9
Teste G
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Gmáximo 1,51 1,14
Gmínimo 1,33 1,31
Gcrítico 2,215 2,215
Resultado do Teste Nenhum valor rejeitado Nenhum valor rejeitado
46
Teste F
Fcalculado 0,355
Fcrítico 3,180
Resultado do Teste Não se pode afirmar que existam diferenças significativas de precisão entre os métodos
Teste Cochran
Ccalculado 0,738
Ccrítico 0,801
Resultado do Teste Não se pode afirmar que existam diferenças significativas de variância entre os métodos
Incerteza Tipo A
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Resultado do Teste ±3,6 ±2,1
6.2.4 Amostra de efluente industrial bruto neutralizado
Através da análise dos resultados, foi possível identificar pelos testes
selecionados que não se verificou nenhuma evidência de diferença significativa
entre os métodos, tanto na comparação da precisão dos sistemas, quanto na
comparação da variância desses dois sistemas.
Resultados
Ferroína Potenciometria 1081,0 946,0 1056,0 958,0 1041,0 996,0 1049,0 978,0 1041,0 983,0 1046,0 989,0 998,0 1001,0 984,0 1007,0 966,0 947,0 1001,0 1000,0
47
Dados Importantes
Média: 1026,3 980,5 Mínimo: 966,0 946,0 Máximo: 1081,0 1007,0
Desvio Padrão: 36,63 22,72 Variância: 1341,79 516,28
n 10 10
Teste G
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Gmáximo 1,49 1,17
Gmínimo 1,65 1,52
Gcrítico 2,29 2,29
Resultado do Teste Nenhum valor rejeitado Nenhum valor rejeitado
Teste F
Fcalculado 0,385
Fcrítico 3,180
Resultado do Teste Não se pode afirmar que existam diferenças significativas de precisão entre os métodos
Teste Cochran
Ccalculado 0,722
Ccrítico 0,801
Resultado do Teste Não se pode afirmar que existam diferenças significativas de variância entre os métodos
Incerteza Tipo A
Ferroína - SM 21th Potenciometria - Metrohm
Resultado do Teste ±26,2 ±16,3
Diante das seguintes informações, pode-se identificar que a titulação da DQO
com auxílio de eletrodo redox, proposta pelo método não-normalizado apresenta-se
sem diferenças significativas de precisão e de variâncias, proporcionando
confiabilidade aos usuários. Da mesma forma, esse fato pode ser verificado para as
amostras de efluente industrial - Tratado e Bruto Neutralizado.
Com a realização de todos os testes previstos para esta determinação da DQO
via eletrodo combinado de vidro com anel de ouro, foi possível verificar que o
método potenciométrico de determinação da Demanda Química de Oxigênio,
48
comparado ao método normalizado apresentado no Standard Methods 21th, pode
ser considerado adequado ao uso para um intervalo de confiança de 95%.
49
7 CUSTOMIZAÇÃO DA PLANILHA ELETRÔNICA DE CÁLCULO
O arquivo de trabalho construído no aplicativo Excel® é composto de três
planilhas, cujas células de dados estão vinculadas de acordo com a pertinência e a
utilização das informações sem necessidade de redigitação delas.
Após a entrada das informações principais, devem ser incluídos, nas
respectivas colunas, os valores obtidos nos testes de laboratório e pressionado o
botão "Calcular" (ver anexo 2 - figura 1, entrada de informações).
Automaticamente o sistema processa os cálculos necessários, cujos resultados
serão utilizados nos passos seguintes dos testes estatísticos. Através dos vínculos
entre as células, o sistema conforme a planilha "Parte I" aplica os testes G, F e de
Cochran (ver anexo 3 - figura 2, relatório de dados).
Caso a opção seja por seguir as orientações pelo sistema, a partir da análise
estatística, a planilha "Conclusão" apresenta um relatório final com o resultado do
processo de validação (ver anexo 4 - figura 3, relatório de validação).
50
8 CONCLUSÕES
Observando alguns currículos (no ensino médio e cursos profissionalizantes),
verifica-se que, de modo geral, eles têm priorizado os aspectos conceituais da
química, apoiados na tendência que vem transformando a cultura química em
cultura basicamente escolar, descolada das origens científicas e de qualquer
contexto social ou tecnológico. Tais currículos apresentam número excessivo de
conceitos, cuja interdisciplinaridade é dificilmente percebida pelos alunos.
A quantidade de conceitos e procedimentos que são introduzidos a cada aula,
é muito grande para que seja possível ao aluno, em pouco tempo, compreendê-los e
ligá-los logicamente à estrutura mais ampla que dê significado à aprendizagem da
química. Para eles, fica a impressão de se tratar de uma disciplina totalmente
desvinculada da realidade, que requer mais memória do que o estabelecimento de
relações. Na maioria das vezes, os conceitos são “perigosamente” confundidos com
definições, as quais o educando passa a usar de maneira mecânica em problemas
encontrados nas suas diversas tarefas, sem condições de avaliar se são pertinentes
ou não.
Uma das maneiras de buscar a resolução deste tema é apoiar-se nas relações
existentes entre as diversas ciências, ou seja, na interdisciplinaridade. De acordo
com os PCN's (1997), a interdisciplinaridade refere-se a abordagem epistemológica
dos objetos de conhecimento ,enquanto a transversalidade diz respeito
principalmente à dimensão da didática. [...] A primeira questiona a visão
compartimentada da realidade e refere-se a uma relação entre disciplinas. Os temas
transversais dão, pois, sentido social a procedimentos e conceitos próprios das
áreas convencionais, superando, assim, o aprender apenas pela necessidade
escolar. Há afinidades maiores entre determinadas áreas e determinados temas.
Não considerar essas especificidades levar-nos-ia ao formalismo mecânico.
51
A proposição deste trabalho, cujo foco é o uso transversal dos conhecimentos
das ciências da área da estatística, do conhecimento dos indivíduos e da química
propriamente dita, uma vez que se entende por Educação em Química a postura na
qual ocorre a priorização da construção de conhecimentos pelo aluno e a
contextualização do processo ensino-aprendizagem no seu dia-a-dia.
Conforme Coutinho2, de nada vale um conhecimento se esse é incapaz de
produzir progresso pessoal e social. Será completamente inútil e infértil se não
permitir o desabrochar da compreensão do conteúdo junto com o despertar da
consciência crítica. Além disso, é sabido que a educação é fator primordial para
autonomia e crescimento, seja econômico ou cultural do indivíduo ou dos grupos
sociais, e considerando a nossa sociedade dependente de ciência e de tecnologia é
de se imaginar que alguns riscos existam, para uma nação, para um povo sem
educação científica. Por ser uma das ciências naturais de base, a Química deve
estar presente na vida e na escola de todo indivíduo que almeje ser atuante no meio
científico.
A educação química deve ser objeto de investimentos em recursos humanos e
materiais, dada sua importância para oportunizar o saber científico e a cidadania,
pois não basta ensinar os "quês" e os "comos" da Química. É preciso ensinar
também os "porquês", "quem" e "quando". Galembeck (2000) afirma que devemos
ensinar a importância da inovação em Química, educando os alunos para que, uma
vez formados e atuantes no mercado profissional nas suas mais diversas funções,
eles sejam efetivamente determinados no esforço conjunto pela continuidade do
desenvolvimento científico e tecnológico.
Mendes (2002) afirma que as instituições de ensino devem estar atentas para
atender a rapidez do processo de inovação tecnológica, a qual exige das pessoas
esforço cada vez maior em formação, treinamento e reciclagem, considerando que é
fundamental neste processo a integração entre os vários níveis de instrução e
disciplinas o uso das atuais ferramentas e tecnologias (como a planilha eletrônica de
cálculos neste caso). Tais instrumentos, no ensino, apresentam-se como alternativas
viáveis para a melhoria em qualidade e aumento em quantidade de atendimento às
demandas da qualificação dos alunos, melhorando o desempenho através de
programas de formação, especialização e atualização.
2 Prof. Jorge Ricardo Coutinho Machado é Licenciado em Química, Especialista em ensino de Ciências e Professor do DMTOE/CED/UFPa.
52
Portanto o uso dos conceitos estatísticos associados ao contexto da química
está diretamente alinhado e mostra-se aderente frente às necessidades específicas
identificadas.
A validação em análise química é uma atividade dinâmica e permanente que se
inicia nas fases de seleção, desenvolvimento e verificação do método e na
qualificação dos equipamentos, materiais. Um processo de validação bem definido
evidencia que o sistema e o método são adequados ao uso pretendido. Ela é
essencial para definir se métodos desenvolvidos estão completamente adequados
aos objetivos a que se destinam, a fim de se obter resultados que possam ser
satisfatoriamente interpretados. Dessa forma, possibilita o conhecimento das
limitações e da confiabilidade nas medidas realizadas nas análises.
Em função do propósito do método, alguns dos parâmetros apresentados
podem deixar de ser avaliados, contudo a variância e a precisão dele constituem
parâmetros sempre estudados, independente do seu propósito, exceto para métodos
com objetivo apenas qualitativo. Um método pode ser considerado validado, mesmo
que alguns parâmetros não se enquadrem nos limites estabelecidos na literatura,
mas que sejam criteriosamente conhecidos e, portanto, adequados aos objetivos do
estudo a ser realizado.
A metodologia apresentada atende aos requisitos mínimos. De acordo com a
literatura pesquisada, é de fácil utilização e mostrou-se adequada aos dados
obtidos, no caso real, para o teste da DQO realizado. É, pois, plenamente viável o
uso da sistemática proposta nos cursos profissionalizantes de nível médio, ou
mesmo de graduação, já que os cálculos são possíveis de serem executados com
uso de recursos mínimos - neste caso uma planilha eletrônica de cálculo - e reforça,
junto aos educandos, as propostas voltadas para o ensino de química, conforme os
Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Médio (2000).
Não ter validação é ter apenas um número, não um re sultado! (LEITE, 2002)
53
REFERÊNCIAS
ABNT - INMETRO. Guia Para a Expressão da Incerteza de Medição . 2ª edição, 1998. BARROS, Cleide Bassani de. Princípios da Validação de Métodos Analíticos , Biológico, São Paulo, v.64, n.2, p.175-177, jul./dez., 2002. BRASIL. MEC - Ministério da Educação e Cultura, Resolução CEB N.º 4 , de dezembro de 1999. BRASIL. MEC - PCNEM - Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais, 2006 , <www.portal.mec.gov.br/seb/pdf/CienciasNatureza. pdf>, acessado em 25/05/2007. BRITO, Natilene Mesquita; JUNIOR, Ozelito Possidônio de Amarante; POLESE, Luciana; RIBEIRO, Maria Lúcia. Validação de métodos analíticos: estratégia e discussão - Pesticidas . Revista Ecotoxicologia e Meio Ambiente. Curitiba, v. 13, jan./dez. 2003. CASIMIRO, Alice Ribeiro Lopes. Ensino Médio . Química nova na escola n° 7, maio 1998. CLESCERLL, L. S.; GREENBERG, A. E.; EATON, A. D. Standard Methods for Examination of Water & Wastewater. Washington: EPA/APHA, 2003, 21th Edition. GALEMBECK, Fernando. Editorial . Química Nova. São Paulo, v. 23, nº 1, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422000000100001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 05 nov. 2007. GALLAS, Márcia Russman. Incerteza de medição . IF-UFRGS. Disponível em <www.if.ufrgs.br/~marcia/medidas.pdf>. Acesso em: 23 mai. 2007. Sócio Estatística. Glossário de termos estatísticos mais utilizados . Disponível em <www.socio-estatistica.com.br/Edestatistica/glossario.htm>. Acesso em: 01 jun. 2007. BRASIL. Presidência da República Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto Nº 5.154 de 23 de julho de 2004. GUIA EURACHEM/CITAC, Determinando a Incerteza nas medições Analítica s. 2ª edição 2002. INMETRO, ABNT. Guia para expressão da incerteza de medição . Sociedade Brasileira de Metrologia. agosto de 1977.
54
INMETRO. DOQ-CGCRE-008: Orientações sobre validação de métodos de ensaios químicos, revisão: 01 – MARÇO/2003. INMETRO. Vocabulário internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia . 3ª ed. Rio de Janeiro, 2003. ISO 5725-2, Accuracy (trueness and precision) of measurement me thods and results - Part 2, First Edition 1994. JANF, Gomes. Estatística para Químicos : Antelóquio para "Estatística para Químicos" de Natália Cordeiro e Alexandre Magalhães. In Introdução à Estatística: Uma Perspectiva Química Cordeiro, N.; Magalhães, A.. Ed. 2001. LEITE, Flávio. Validação em análise química, 4° edição, Campinas - SP. Editora Átomo, 2002. LÔBO, Soraia Freaza; MORADILLO, Edilson Fortuna de. Epistemologia e a formação docente. Química nova na escola. n° 17, maio 2003 . LUNA, Ana Lucia Martins de Palmigiani; Avaliação das Incertezas de Medições Analíticas em Implementação de um Modelo de Control e - Dissertação apresentada ao Instituto Oswaldo Cruz como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Tecnologia de Imunobiológicos, Rio de Janeiro 2005. MACEDO, Elizabeth Fernandes de. Os Temas Transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais . Química nova na escola. Temas transversais n° 8, novembro de 1998. Intervalos de confiança. PUC-RIO , 1999. Disponível em <http://www-di.inf.puc-rio.br/~celso/disciplinas/confianca-Noemi.ppt#256,1,IntervalosdeConfiança>. Acesso em: 17 jun. 2007. PIEDADE, Maria do Carmo Tocci; MALDANER,Otavio Aloisio. Repensando a Química. Química nova na escola N° 1. maio 1995 SARAIVA, Celso Pinto; COUTINHO, Maria Angélica de Oliveira. O que, quando, como e onde calibrar equipamentos . Revista Metrologia e Instrumentação, 2001. MENDES, Sebastião Florêncio. Uso de novas tecnologias no ensino de química estrutura, aplicação e avaliação . Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção Universidade Federal de Santa Catarina. Dissertação de mestrado. Florianópolis, maio de 2002. SKOOG, Douglas A.; HOLLER F. James; NIEMAN Timothy A.; CARACELLI Ignez (tradução).[et al.]. Princípios de análise instrumental . 5 ed. – Porto Alegre Bookmann, 2002. SKOOG, Douglas A.; HOLLER F. James; WEST, Donald M.; CROUCH, Stanley R. (tradução Marco Grassi). [et al.]. Fundamentos de química analítica . 8 ed. – Thomson, 2006.
55
SIGLAS E ABREVIATURAS
°C - Graus Celsius
0,1 M - Concentração molar (neste caso 0,1 mol L-1)
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANOVA - Análise de Variância
APHA - American Public Health Association
ASTM - Association for Standardization and Test Methods
BPL - Boas práticas de laboratório
DQO - Demanda Química de Oxigênio
EP1 - End point 1 (ponto final 1)
FDA - Food and Droug and Administration
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia
ISO - International Standard Organization
ISO/IEC 17025
mL - mililitros
mW - milivolts
NBR ISO 9000 - Norma NBR-ISO 9000
P.A. - Para Análise
PCNEM - Parâmetros curriculares nacionais - ensino médio
pH - Potencial Hidrogeniônico
SI - Sistema Internacional de Unidades
LDM - Limite de detecção do Método
56
ANEXO 1 - Imagens dos equipamentos
Titulação Potenciométrica - Fonte: autoria própria, 2007.
Titulação com uso de Ferroína - Fonte: Autoria própria, 2007.
Digestão da Amostra - Fonte: Autoria própria, 2007.
57
ANEXO 2 - Curvas de titulação potenciométrica
Fonte: Autoria própria, 2007.
Fonte: Autoria própria, 2007.
58
ANEXO 3 - Tabelas
Tabela 1 - Valores críticos para Teste de Grubbs
Fonte: ISO 5725-2, Accuracy (trueness and precision) of measurement methods and results - Part 2,
First Edition 1994.
61
Tabela 4 - Valores críticos para Teste t de Student
Fonte: www.estv.ipv.pt/TabelaTStudent.pdf, acesso em 15/03/2007.