Upload
dodien
View
227
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
COMPARATIVO DE CUSTOS DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS, ALVENARIA ESTRUTURAL E ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO NO CASO DO
EMPREENDIMENTO PIAZZA MAGGIORE
CURITIBA2011
GISAH ABRAMOVICI PILOTTOTHOMPSON RICARDO DO VALLE
COMPARATIVO DE CUSTOS DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS, ALVENARIA ESTRUTURAL E ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO NO CASO DO EMPREENDIMENTO PIAZZA
MAGGIORE
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná como parte dos requisitos para obtenção do título de Graduado em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. José A. Freitas Junior
CURITIBA2011
TERMO DE APROVAÇÃO
GISAH ABRAMOVICI PILOTTOTHOMPSON RICARDO DO VALLE
COMPARATIVO DE CUSTOS DE SISTEMAS CONSTRUTIVOS, ALVENARIA ESTRUTURAL E ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO NO CASO DO
EMPREENDIMENTO PIAZZA MAGGIORE
Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Graduado em Engenharia Civil, Setor de Tecnologia da Universidade federal do Paraná, pela seguinte banca examinadora:
Orientador:
Prof. José A. Freitas JuniorDepartamento de Construção Civil – UFPR
Examinadores:
Prof. Carlos Frederico Parchen
Profa Laila Valduga Artigas
Curitiba, 2 de Dezembro de 2011
AGRADECIMENTOS
Após todo o esforço dedicado a este trabalho, somos imensamente
gratos aos nossos pais, pela dedicação, pelos ensinamentos e principalmente,
por acreditarem em nossos sonhos. Foram eles quem sempre nos incentivaram
a buscar nossos objetivos, lutaram juntos e comemoraram nossas conquistas.
A quem amamos, muito obrigado pelo carinho e compreensão durante
toda essa jornada.
A Deus por ter nos presenteado com uma amizade com laços fortes
diante de um trabalho tão importante para nossa formação, criando assim um
ambiente favorável para o sucesso do nosso trabalho.
Aos engenheiros Marcio Conte e Filipe Smiderle, pelas informações e
conhecimentos passados que contribuíram imensamente para o
desenvolvimento deste estudo.
Por fim, nossos agradecimentos ao nosso orientador, o professor José
de Almendra Freitas Jr. por ter nos guiado e acompanhado para o resultado
deste projeto.
Nosso objetivo foi alcançado, porque somos rodeados de pessoas que
acreditam em nossa capacidade e nosso sucesso. Obrigado!
RESUMO
A economia brasileira atravessa, nos últimos anos, um ótimo momento.
Por este motivo, houve um grande crescimento nos investimentos na
construção civil, muitos empreendimentos surgiram e ainda há muitos a serem
construídos. Sendo assim, na busca pelo maior rendimento possível do
investimento, muitas empresas se deparam com a escolha do sistema
construtivo ideal para seus interesses. Desse modo, este estudo busca
apresentar a melhor solução do ponto de vista econômico para um edifício
residencial de tamanho e padrão médios. Na comparação entre os sistemas de
estrutura em concreto armado e alvenaria estrutural, obteve-se que o custo
com o conjunto alvenaria, supra-estrutura e revestimento é mais baixo na
alvenaria estrutural. Além disso, por apresentar maior produtividade em certas
atividades o custo com mão-de-obra na alvenaria estrutural também é mais
barato. Na soma de todos os itens da obra, o sistema em alvenaria estrutural
apresentou uma redução de 8% para este perfil de obra. Verificou-se também
que este percentual pode ser potencializado em obras de padrão mais baixo,
nas quais a estrutura tem um peso maior no custo final e o inverso ocorrendo
em empreendimentos de alto padrão.
Palavras-Chave: Concreto Armado, Alvenaria Estrutural, Orçamento.
5
ABSTRACT
The Brazilian economy is passing through, on the last years, a great
moment. For that reason, the investments on the construction area have grown,
a lot of new ventures came to light and there still many others to come. For this
reason, on the search for the best possible income from the investment made,
many companies find by selecting the ideal construction system the way to
attend their interests. For that, this study will present the best solution on the
economic point of view for one residential building of average size and medium
standard. By the comparison of the systems: concrete and structural masonry,
the cost with the group masonry, superstructure and revetment is lowest in the
structural masonry system. Beyond that, for presenting the biggest productivity
in some activities the cost with the labor in structural masonry is also cheaper.
By adding all of the items on the construction, the structural masonry presented
a reduction on the cost of 8% for the profile of the building. It was noticed that
this percentage may be potentiated on constructions with lower standards,
because on those cases the structure has more weight on the final cost and the
occurs the inverse in high standards ventures.
Key-words: Concrete, Structural Masonry, Budget
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Catedral Reims (Fonte: PONTES, 2011)........................................15
Figura 2 - Hotel Excalibur (Fonte: LAS VEGAS MIKEY, 2011)......................16
Figura 3 - Elementos básicos da estrutura de concreto armado (Fonte: EDIFIQUE, 2011)................................................................................................17
Figura 4 - Empreendimento Piazza Maggiore (Fonte: Vanguard Home, 2011)...................................................................................................................23
Figura 5 - Planta 3 Dormitórios (Fonte: Vanguard Home, 2011)..................24
Figura 6 - Planta 2 Dormitórios (Fonte: Vanguard Home, 2011)..................24
Figura 7 - Planta 1 Dormitório (Fonte: Vanguard Home, 2011)....................25
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resumo Orçamento Concreto Armado.........................................28
Tabela 2 - Resumo Orçamento Alvenaria Estrutural.....................................29
Tabela 3 - Fundações........................................................................................30
Tabela 4 - Alvenaria...........................................................................................31
Tabela 5 - Supra Estrutura...............................................................................32
Tabela 6 - Revestimentos Internos e Externos..............................................33
Tabela 7 - Conjunto Alvenaria + Supra Estrutura + Revestimentos............33
Tabela 8 - Mão-de-Obra....................................................................................35
Tabela 9 - Outros Itens.....................................................................................35
8
LISTA DE ABREVIATURAS
AE – Alvenaria Estrutural
CA – Concreto Armado
cm – Centímetro
cj – Conjunto
kg – Quilograma
m² – Metro Quadrado
m³ – Metro Cúbico
mm – Milímetro
Mpa – Megapascal
PIB – Produto Interno Bruto
PU – Preço Unitário
Pt – Pontos
Qtde – Quantidade
SM – Structural Masonry
UN - Unidade
vb – Verba
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11
1.1 Importância da Pesquisa .............................................................................. 11
1.2 Objetivos ...................................................................................................... 12
1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 12
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 13
2.1 Alvenaria Estrutural ....................................................................................... 13
2.1.1 Definição ................................................................................................... 13
2.1.2 Histórico ................................................................................................... 13
i. Histórico no Brasil ........................................................................................... 16
2.2 Estrutura em Concreto Armado .................................................................... 17
2.2.1 Definição ................................................................................................... 17
2.3 Revestimentos .............................................................................................. 18
2.3.1 Chapisco ................................................................................................... 18
2.3.2 Emboço ..................................................................................................... 19
2.3.3 Reboco ...................................................................................................... 19
2.3.4 Gesso ........................................................................................................ 19
3 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL DOS SISTEMAS ...................................... 21
3.1 Situação Atual no Brasil ................................................................................ 21
4 METODOLOGIA .............................................................................................. 23
4.1 Apresentação do Projeto Estudado .............................................................. 23
5 ORÇAMENTOS ............................................................................................... 27
5.1 Estrutura em Concreto Armado .................................................................... 28
5.2 Alvenaria Estrutural ....................................................................................... 29
5.3 Comparações Entre os Sistemas ................................................................. 30
5.3.1 Fundação .................................................................................................. 30
5.3.2 Alvenaria ................................................................................................... 31
5.3.3 Supra Estrutura ......................................................................................... 32
5.3.4 Revestimentos .......................................................................................... 32
5.3.5 Conjunto Alvenaria – Supra Estrutura – Revestimentos .......................... 33
5.3.6 Mão-de-Obra ............................................................................................. 34
5.4 Outros Itens .................................................................................................. 35
6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 39
ANEXO A - ORÇAMENTOS .............................................................................. 42
1 INTRODUÇÃO
1.1 Importância da PesquisaA economia brasileira atravessa, nos últimos anos, um ótimo momento.
Encerrou o ano de 2010 com um crescimento no PIB de 7,5% (SARAIVA,
2011) e continuará crescendo esse ano, apesar da Federação Brasileira de
Bancos (FEBRABAN) apontar uma diminuição no ritmo de crescimento,
estimando em 3,9% o aumento do PIB para este ano. (INFOMONEY, 2011).
Este bom desempenho econômico se refletiu nos investimentos no setor
da construção civil. O setor cresceu no ano passado cerca de 11%, segundo o
estudo apresentado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado
de São Paulo (Sinduscon-SP) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). De
acordo com o mesmo estudo, projeta-se que o PIB da construção civil crescerá
algo em torno de 6% em 2011. (PORTAL E-BAND, 2011)
A partir dessas informações, é fácil perceber que novos
empreendimentos surgirão em grande quantidade. Estas obras aparecerão
principalmente nos grandes centros, que apresentam maior demanda e, por
sua vez, maior liquidez dos imóveis.
Dessa maneira, o mercado de imóveis se torna um excelente produto de
investimento. Sendo assim, como todo bom investimento, o empreendimento
deve apresentar o maior rendimento no menor período de tempo possível.
Por conseguinte, os agentes envolvidos na realização do projeto chegam
a seguinte dúvida: Com qual sistema construtivo atingirei um percentual de
rendimento maior? Em qual deles terei um tempo de retorno de investimento
menor? Algum dos sistemas consegue reunir esses dois aspectos?
Desse modo, uma pesquisa abordando os aspectos técnicos e
principalmente econômicos dos sistemas construtivos se torna vital para o
sucesso de construtoras, incorporadoras e investidores. Por este motivo, esta
pesquisa é importante por buscar apresentar soluções para as perguntas que
surgem no início de todos os empreendimentos.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
O presente trabalho busca apresentar um estudo comparativo entre os
sistemas construtivos de estrutura em concreto armado e alvenaria estrutural,
com foco principalmente em sua diferença de custos, visando buscar a melhor
solução construtiva para uma obra de porte e padrão semelhantes ao do
projeto estudado.
1.2.2 Objetivos Específicos
a) Estudar as definições e aplicações dos sistemas construtivos;
b) Analisar a situação atual dos sistemas no Brasil;
c) Apresentar o empreendimento Piazza Maggiore;
d) Comparar os orçamentos de CA e AE.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Alvenaria Estrutural
Neste capitulo será apresentada sua definição, um breve histórico de
sua utilização, seu uso na atualidade e também seu crescimento no Brasil.
2.1.1 Definição
Alvenaria estrutural é um sistema construtivo que através de peças
industrializadas dimensionadas para seguirem um padrão, são ligadas por
argamassa tornando esse conjunto em uma estrutura sem armaduras. Essas
peças ou blocos podem ser moldados em cerâmica, concreto ou em material
sílico-calcáreo. (KALIL, 2010).
Segundo Coêlho (1998, p.13), do ponto de vista executivo, a alvenaria
estrutural é caracterizada por ser simples e eficiente, uma vez que é facilmente
projetada e dimensionada, sendo, por sua vez, de fácil racionalização.
De acordo com Ramalho e Corrêa (2003, p.15), “o principal conceito
estrutural ligado a utilização da alvenaria estrutural é a transmissão de ações
através de tensões de compressão.” Desse modo, nota-se o motivo pelo qual a
AE desenvolveu-se primeiramente através do empilhamento puro e simples de
unidades, tijolos ou blocos.
Além disso, no momento da criação de um novo projeto em AE é
fundamental que, entre o Arquiteto e o Engenheiro Calculista de Estruturas,
haja um completo entendimento e cooperação, visando a obtenção de uma
estrutura que apresente viabilidade técnica e econômica sem prejuízo das
demais funções: compartimentação, vedação, isolamento termo-acústico,
instalações hidráulicas, elétricas, telefônicas e ter função estética. (KALIL,
2010).
2.1.2 Histórico
Alvenaria estrutural é um dos processos construtivos mais antigos, não
tendo sido sempre conhecido como tal, mas sua prática foi bastante comum.
Com o passar do tempo, a maneira e os materiais utilizados foram mudando,
adaptando-se ao cenário e tecnologia do momento.
Como apontados por Ronaldo Coêlho (1998, p.14) os exemplos são
inúmeros. Além da Torre de Babel, onde foram utilizados tijolos queimados
para a sua execução, por volta do ano de quatrocentos e oitenta A.C., diversas
casas eram edificadas com pedras preparadas em pedreiras.
Marcio Ramalho e Márcio Corrêa, em Projeto de Edifícios de Alvenaria
Estrutural (2003, p.18), também citam variadas construções que ao longo dos
tempos foram executadas com este processo. Como as pirâmides de Gizé, que
datam aproximadamente 2600 anos antes de Cristo. Em ambas as bibliografias
é mencionado com sobressalto a grandiosidade da maior das 3 pirâmides:
Quéops, que possui 147 metros de altura e base com 230 metros.
A catedral de Reims (Figura 1), mencionada por Ramalho e Corrêa
(2003, p.18), construída entre 1211 e 1300 d.C., apresenta vãos superiores aos
realizados anteriormente, o que demonstra que houve um aprimoramento
técnico com o passar dos anos. Para eles, as catedrais góticas podem ser
citadas como grandes exemplos de estruturas de alvenaria com interiores que
conferem sensação de amplitude e grandeza:
Ao adentrar nessas edificações fica claro que, apesar de todas as
limitações que os procedimentos empíricos impunham aos arquitetos
desses edifícios, as técnicas construtivas que foram sendo
redefinidas ao longo de séculos acabara produzindo resultados muito
satisfatórios.
Um símbolo clássico da moderna alvenaria estrutural é o edifício
Monadnock, que foi construído em Chicago, entre 1889 e 1891. Com 16
pavimentos e 65 metros de altura, foi considerada uma obra ousada, como se
explorasse os limites dimensionais possíveis para os edifícios de alvenaria.
Seu dimensionamento foi realizado através de métodos empíricos, por
este motivo, as paredes na base têm 1,80 metros de espessura. Se fossem
utilizados processos e materiais atuais estima-se que essa espessura seria
inferior a 30 centímetros, segundo Ramalho e Corrêa (2003, p.19).
Figura 1 - Catedral Reims (Fonte: PONTES, 2011)
Entretanto, esse problema não ocorreu em 1950 em um edifício de Paul
Haller na Suíça. Com 13 pavimentos e 42 metros de altura, este
empreendimento foi executado em alvenaria estrutural não-armada. A
espessura da parede interna é de 15 centímetros e 37,5 centímetros para a
externa, sendo uma evolução bastante considerável quando comparado ao
prédio de Chicago.
Por fim, outra obra considerada como inovadora nesse método
construtivo é o Hotel Excalibur em Las Vegas, EUA (Figura 2). Segundo
Amrhein (1998), este hotel é o mais alto edifício em alvenaria estrutural da
atualidade. O complexo do hotel é formado por quatro torres principais com 28
pavimentos, cada uma contendo 1008 apartamentos. As paredes estruturais
foram executadas com resistência à compressão especificada na base de
aproximadamente 28 MPa, valor alto e complicado para se atingir na fabricação
dos blocos de concreto. (RAMALHO E CORRÊA, 2003, p.19)
Figura 2 - Hotel Excalibur (Fonte: LAS VEGAS MIKEY, 2011)
i. Histórico no Brasil
A engenharia militar tem sua relevância na história da engenharia no
Brasil, como na construção de fortes e quartéis. Segundo Coêlho (1998, p.14),
essa situação levou construtores de renome, que estavam envolvidos nesses
empreendimentos, a buscar um sistema construtivo mais rápido, econômico e
eficiente.
Depois disso, o sistema foi aplicado para edifícios residenciais no final
de década de 1960, em São Paulo. Estes foram executados com blocos de
concreto e possuíam apenas quatro pavimentos, de acordo com Ramalho e
Corrêa (2003, p.20). No inicio da década de 1970, também em São Paulo, foi
construído o condomínio Central Parque Lapa com quatro blocos de 12
pavimentos em alvenaria armada de blocos de concreto.
Apenas em 1977 se tem registros de edifícios construídos em alvenaria
não-armada, com nove pavimentos. Para serem executados foram utilizados
blocos sílico-calcáreos, com 24 centímetros de espessura para as paredes
estruturais. “Dessa forma, apesar de sua chegada tardia, o sistema acabou se
firmando como uma alternativa eficiente e econômica para a execução de
edificações residenciais e também industriais.” (RAMALHO E CORRÊA, 2003,
p.20).
2.2 Estrutura em Concreto Armado
2.2.1 Definição
Estrutura de concreto armado ou convencional como também é
conhecida, ainda é a mais empregada no Brasil por conta de sua enorme
popularidade e, por este motivo, da familiaridade que os trabalhadores da
construção civil têm com o sistema.
Esse sistema construtivo utiliza barras de aço (armaduras) inseridas no
concreto moldado “in loco”, em formas de madeira (Figura 3). Com esse
sistema é possível obter estruturas que resistam a qualquer tipo de carga.
Figura 3 - Elementos básicos da estrutura de concreto armado (Fonte: EDIFIQUE, 2011)
Entretanto, para isso acontecer é realizado um cálculo estrutural por
engenheiros e arquitetos especialistas nessa área, que resultam em um projeto
estrutural. Nesse processo são definidas, em função das cargas a que estará
submetido o edifício, entre outras, as dimensões dos pilares, vigas e lajes, e
também as armaduras e a composição do concreto a ser utilizado.
Esse cálculo não invalida os riscos que podem ocorrer decorrentes da
execução empírica ou inadequada de estruturas de concreto armado.
Relevante também no ponto de vista econômico e ambiental é o estudo das
formas de madeira. Deve-se sempre buscar um número ótimo de reutilização
das mesmas sem, no entanto, comprometer a qualidade final da estrutura.
(EDIFIQUE, 2011)
2.3 RevestimentosOs revestimentos possuem inúmeras funções, desde proporcionar um
acabamento adequado à alvenaria, como também garantir resistência
mecânica, a umidade e proteção aos agentes agressivos. Também são
responsáveis por proporcionar maior conforto térmico-acústico (FREITAS Jr.,
2011). Estes fatores que determinam a escolha dos itens que compõe o
revestimento em uma obra.
Além disso, os tipos e a espessura dos revestimentos variam também
devido ao método construtivo empregado. Dentre os tipos de revestimento que
variam por causa deste fator, quatro itens são de grande importância neste
estudo: chapisco, emboço, reboco e gesso.
2.3.1 Chapisco
O chapisco é a primeira camada aplicada nos blocos cerâmicos. Feita
de argamassa, tem como objetivo garantir que o revestimento que venha a
seguir possua uma maior aderência ao substrato, uma vez que possui uma
superfície bastante porosa.
Existem algumas opções de chapisco:
• O chapisco tradicional, aplicado manualmente com traço 1:3 (areia
média ou grossa) sem peneirar;
• O chapisco peneirado, que proporciona um acabamento mais uniforme;
• O industrializado aplicado com desempenadeira dentada;
• E o rolado industrializado.
Os últimos dois citados possibilitam uma camada de revestimento
menos espessa e melhor aderência sobre as estruturas de concreto.
Esta etapa não deve demorar mais de 2,5 horas para começar após a
argamassa estar misturada com água ou mostrar sinais de endurecimento. A
espessura dessa camada deve ser 3 a 5 mm e deve ser fina e uniforme. Após
3 dias pode ser executado o emboço.
2.3.2 Emboço
É a camada posterior ao chapisco. Para sua execução é necessário
montar, com o auxilio do prumo, um quadro com quatro taliscas por vez,
fixadas com uma pequena quantidade de argamassa, para que o emboço fique
nivelado e a parede quase pronta para o acabamento final. Com a régua é
aplicada a massa, regularizada com o auxílio de um sarrafo, e posteriormente é
realizado o acabamento com uma desempenadeira de madeira para minimizar
o consumo do reboco. A espessura desta camada é de cerca de 2,5 cm em
média sobre tijolos cerâmicos comuns (FREITAS Jr., 2011)
2.3.3 Reboco
Aplicada posteriormente ao emboço é a última camada antes da massa
corrida ou gesso. Sendo assim, sua função é a de regularizar qualquer
imperfeição que pode ter ocorrido na execução do emboço, sendo aplicado
com desempenadeira de madeira.
2.3.4 Gesso
O gesso é utilizado na execução de acabamentos internos, recobrindo
paredes e tetos. Aplicado diretamente sobre o bloco cerâmico, bloco de
concreto ou sobre a argamassa. A espessura desta camada depende
diretamente do substrato. Caso o substrato esteja uniforme, a camada será de
aproximadamente 5 mm, podendo chegar a 10 mm. A aplicação manual é mais
comum no Brasil, entretanto também pode ser jateado. Previamente à
aplicação deve ser verificado o nivelamento da parede, umidade do substrato e
possíveis áreas críticas.
Algumas das vantagens da aplicação do gesso como revestimento
interno é o seu custo ser inferior ao de argamassa com massa corrida, além da
alta produtividade e do bom acabamento para pintura.
Por possuir espessura menor do que o revestimento com massa corrida
de argamassa, o acabamento de gesso apresenta algumas desvantagens.
Dentre elas estão a necessidade de uma base bem regular e o fato de possuir
grande susceptibilidade à deformação dos substratos, sendo inclusive mais
frágil a choques.
Para sua aplicação a base deve estar bem limpa, a fim de evitar
problemas futuros com a pintura, como descolamento da camada aplicada
causada por sujeiras como pó.
A aplicação pode ser feita com desempenadeira de PVC ou rolo, em
faixas com movimento vai e vem, sendo que camada seguinte deve ser sempre
perpendicular a anterior.
3 ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL DOS SISTEMAS
3.1 Situação Atual no BrasilSe, por um lado, há alguns anos atrás se definia o preço de um
empreendimento pela soma de seu custo mais o lucro desejado pela
construtora e pelos investidores, por outro lado, atualmente, o preço de uma
obra é definido pelo lucro mais a economia do sistema construtivo (SANTOS,
2011). Ou seja, com um mercado que regula os preços, caso se deseje manter
a rentabilidade do empreendimento, deve-se buscar uma racionalização dos
custos da obra, para quem sabe até maximizar os lucros.
Um dos aspectos que tem maior contribuição na composição dos custos
é a mão-de-obra. Por este motivo, hoje em dia, é uma das grandes
preocupações das empresas. Isso acontece pois o custo com salários e
benefícios cresce a cada ano e também porque, segundo Paulo Bracarense,
Secretário Municipal do Trabalho e Emprego de Curitiba, “corre-se o risco de
sofrer o apagão de mão-de-obra.” (GUIMARÃES FILHO, 2011)
Além da falta de mão-de-obra bruta, também se percebe um déficit ainda
maior com relação aos trabalhadores qualificados. Segundo estudo do
Sinduscon-PR, quase metade dos operários da construção civil trabalham na
informalidade. Muitos desses trabalhadores não têm interesse em se
especializar por que estão satisfeitos com o fato de receberem o seguro-
desemprego e reforçarem o orçamento doméstico com serviços informais
(PORTAL E-BAND, 2011).
Outro motivo para a falta de desejo em especializar-se é o fato de que a
maioria dos cursos oferecidos é à noite ou nos finais de semana, visando não
atrapalhar o horário de trabalho dos operários. No entanto, devido ao cansaço
da rotina diária, somada a outras dificuldades, as salas de aula acabam vazias.
Com isso, a eficiência dos sistemas racionalizados fica comprometida,
uma vez que profissionais desqualificados apresentam uma produtividade
menor, além de uma qualidade mais baixa dos seus serviços.
Mesmo com essas limitações, o mercado de alvenaria estrutural vem
crescendo em grande escala. Segundo o professor e especialista em alvenaria
estrutural, Odilon Pancaro Cavalheiro (2011), a utilização desse sistema
construtivo cresceu estimadamente 600% nos últimos 10 anos.
Com a adoção do sistema pelas grandes empresas, as companhias
pequenas e médias que costumam ser mais resistentes a mudanças, por não
possuírem aporte financeiro em caso de falhas, também passaram a adotar o
sistema.
No livro de Ronaldo Coêlho, por ser uma bibliografia mais antiga, de
1998, ano em que as construtoras em nosso país passaram por verdadeiros
milagres de sobrevivência, diante da recessão que contribuiu para a
desaceleração da economia nacional, o cenário é bastante diferente do atual.
Mesmo com isso Coêlho afirma: “Muitos engenheiros ainda questionam o
processo de construir pequenas edificações com paredes autoportantes, aos
poucos constatando que de fato é uma grande alternativa construtiva.”
Já a bibliografia de 2003 de Ramalho e Corrêa, está situada em um
outro cenário. “Atualmente, no Brasil, o sistema construtivo em alvenaria tem
experimentado um grande impulso.” Devido à estabilização da economia na
época, a concorrência fez com que um número crescente de empresas
passasse a se preocupar mais com os custos, acelerando as pesquisas e a
utilização de novos materiais.
4 METODOLOGIAEste trabalho é um estudo de caso do empreendimento Piazza
Maggiore, que será descrito a seguir.
4.1 Apresentação do Projeto EstudadoA obra Piazza Maggiore (figura 4), localizada no bairro Pilarzinho, foi
escolhida para se realizar o estudo comparativo dos dois métodos por sugestão
do Professor Orientador José de Almendra Freitas Jr.
Figura 4 - Empreendimento Piazza Maggiore (Fonte: Vanguard Home, 2011)
Este estudo refere-se a uma torre de apartamentos do empreendimento
que é composto por três torres de seis andares cada, com oito apartamentos
por andar, em um total de 144 apartamentos, além de um edifício de garagens.
Os apartamentos têm em média 55 m² de área privativa. Com tipos de um, dois
ou três dormitórios com suíte, conforme pode ser visto nas figuras 5 a 7.
Cada uma das torres possui 3.202 m² de área construída e o edifício de
garagens tem 3.401 m², somando uma área total de 13.297 m².
Figura 5 - Planta 3 Dormitórios (Fonte: Vanguard Home, 2011)
Figura 6 - Planta 2 Dormitórios (Fonte: Vanguard Home, 2011)
Figura 7 - Planta 1 Dormitório (Fonte: Vanguard Home, 2011)
A obra, da empresa Vanguard Home, conta com uma completa área de
lazer, com piscina, espaço gourmet, gazebo e outros itens presentes na
demanda dos consumidores atualmente.
A escolha desta obra se justifica pelo fato de ter sido inicialmente
projetada para ser executada em alvenaria estrutural tendo, portanto, suas
torres de apartamentos moduladas nas dimensões necessárias para acomodar
os blocos de concreto.
Quando do momento da execução da obra, acréscimos nos custos da
mão-de-obra especializada em alvenaria estrutural, assim como sua baixa
disponibilidade no mercado, levaram os incorporadores a optarem pela
adaptação do projeto para construção com estrutura em concreto armado com
alvenaria de tijolos cerâmicos.
Sendo assim, este projeto é um exemplo interessante por existirem
projetos construtivos para ambos os sistemas, mantendo exatamente a mesma
arquitetura.
5 ORÇAMENTOSOs orçamentos originais da obra em estrutura de concreto armado foram
realizados pelo Eng. Felipe Smiderle. Os levantamentos da quantidade de
serviço a serem realizados na obra foram feitos através dos estudos do projeto
arquitetônico e de informações passadas pelos responsáveis pelos projetos
complementares.
Para o levantamento da quantidade de insumos, utilizaram-se
composições unitárias de preço. Alguns itens já foram fornecidos, no entanto,
para aqueles que ainda não possuíam projeto, estimativas foram feitas a partir
de índices de consumo com base em outras obras já executadas.
Quando da composição do orçamento deste estudo comparativo, os
valores do orçamento original com estrutura em concreto armado foram
atualizados pela equipe para a data de 11 de novembro de 2011.
Na execução do orçamento do projeto em alvenaria estrutural,
utilizaram-se os mesmos valores para itens que não variam de um sistema
para o outro. Entretanto, para aqueles itens em que há diferenciação, foram
utilizados índices de consumo passados pelo Eng. Marcio Conte, projetista
estrutural de alvenaria estrutural e especialista neste tipo de tecnologia.
Os orçamentos de ambos os sistema encontram-se resumidos nas
Tabelas 1 e 2, enquanto os valores detalhados para cada item discriminado
pode ser encontrado no Anexo A.
5.1 Estrutura em Concreto ArmadoTabela 1 - Resumo Orçamento Concreto Armado
Preço (R$) %1. SERVIÇOS PRELIMINARES E GERAIS
1.1 SERVIÇOS PRELIMINARES1.1.2 DESPESAS INICIAIS 535,50 0,02
1.2 SERVIÇOS GERAIS1.2.3 CONSUMOS 7.619,40 0,21 1.2.4 LIMPEZA DA OBRA 7.327,62 0,21
2. INFRA ESTRUTURA E OBRAS COMPLEMENTARES2.1 TRABALHOS EM TERRA 748,24 0,02 2.2 FUNDAÇÕES E OUTROS SERVIÇOS 137.867,28 3,88
3. SUPRA ESTRUTURA3.1 CONCRETO ARMADO 291.439,07 8,21
4. PAREDES E PAINÉIS4.1 ALVENARIA 159.597,55 4,49 4.2 ESQUADRIAS METÁLICAS
4.2.1 ALUMÍNIO 124.928,52 3,52 4.2.2 FERRO 24.404,60 0,69
4.3 ESQUADRIAS DE MADEIRA 71.270,40 2,01 4.4 FERRAGENS 11.841,60 0,33 4.5 VIDROS 29.480,86 0,83 4.7 DIVERSOS 48.049,91 1,35
5. COBERTURAS E PROTEÇÕES5.1 COBERTURAS 39.931,87 1,12 5.2 PROTEÇÕES 23.685,18 0,67
6. REVESTIMENTOS, ELEMENTOS DECORATIVOS E PINTURA6.1 REVESTIMENTOS INTERNOS 38.474,76 1,08 6.2 REVESTIMENTOS CERÂMICOS 34.765,73 0,98 6.3 REVESTIMENTOS EXTERNOS 63.307,64 1,78 6.4 FORROS 9.728,16 0,27 6.5 PINTURA 90.243,86 2,54
7. PAVIMENTAÇÕES7.2 PISO CERÂMICO 18.063,39 0,51 7.4 CIMENTADO 57.981,26 1,63 7.6 RODAPÉS, SOLEIRAS E PEITORIS
7.6.2 SOLEIRAS 9.913,50 0,28 7.6.3 PEITORIS 8.690,44 0,24
8. INSTALAÇÕES E APARELHOS8.1 ELÉTRICAS E TELEFÔNICAS 58.438,35 1,65 8.2 HIDROSANITÁRIA E GÁS
8.2.1 ÁGUA 37.884,41 1,07 8.2.2 ESGOTO E ÁGUAS PLUVIAIS 79.464,93 2,24 8.2.3 GÁS 10.281,60 0,29
8.3 INSTALAÇÕES MECÂNICAS 29.525,20 0,83 8.4 ELEVADORES 153.000,00 4,31 8.5 APARELHOS
8.5.1 LOUÇAS INCLUSIVE METAIS 87.327,19 2,46 9. COMPLEMENTAÇÃO DA OBRA
9.1 CALAFATE E LIMPEZA GERAL 5.989,01 0,17 9.2 MÃO DE OBRA 1.780.002,07 50,12
CUSTO DA OBRA 1.109,01 /m² 3.551.809,08 100,00 CUSTO MATERIAL 49,75% 1.767.174,17 CUSTO MÃO DE OBRA 50,25% 1.784.634,91
ITEM
5.2 Alvenaria EstruturalTabela 2 - Resumo Orçamento Alvenaria Estrutural
Preço (R$) %1. SERVIÇOS PRELIMINARES E GERAIS
1.1 SERVIÇOS PRELIMINARES1.1.2 DESPESAS INICIAIS 535,50 0,02
1.2 SERVIÇOS GERAIS1.2.3 CONSUMOS 7.619,40 0,23 1.2.4 LIMPEZA DA OBRA 7.327,62 0,22
2. INFRA ESTRUTURA E OBRAS COMPLEMENTARES2.1 TRABALHOS EM TERRA 748,24 0,02 2.2 FUNDAÇÕES E OUTROS SERVIÇOS 123.934,37 3,79
3. SUPRA ESTRUTURA3.1 CONCRETO ARMADO 188.245,46 5,76
4. PAREDES E PAINÉIS4.1 ALVENARIA 221.280,92 6,77 4.2 ESQUADRIAS METÁLICAS
4.2.1 ALUMÍNIO 124.928,52 3,82 4.2.2 FERRO 24.404,60 0,75
4.3 ESQUADRIAS DE MADEIRA 71.270,40 2,18 4.4 FERRAGENS 11.841,60 0,36 4.5 VIDROS 29.480,86 0,90 4.7 DIVERSOS 48.049,91 1,47
5. COBERTURAS E PROTEÇÕES5.1 COBERTURAS 39.931,87 1,22 5.2 PROTEÇÕES 23.685,18 0,72
6. REVESTIMENTOS, ELEMENTOS DECORATIVOS E PINTURA6.1 REVESTIMENTOS INTERNOS 15.389,90 0,47 6.2 REVESTIMENTOS CERÂMICOS 34.765,73 1,06 6.3 REVESTIMENTOS EXTERNOS 63.307,64 1,94 6.4 FORROS 9.728,16 0,30 6.5 PINTURA 90.243,86 2,76
7. PAVIMENTAÇÕES7.2 PISO CERÂMICO 18.063,39 0,55 7.4 CIMENTADO 57.981,26 1,77 7.6 RODAPÉS, SOLEIRAS E PEITORIS
7.6.2 SOLEIRAS 9.913,50 0,30 7.6.3 PEITORIS 8.690,44 0,27
8. INSTALAÇÕES E APARELHOS8.1 ELÉTRICAS E TELEFÔNICAS 58.438,35 1,79 8.2 HIDROSANITÁRIA E GÁS
8.2.1 ÁGUA 37.884,41 1,16 8.2.2 ESGOTO E ÁGUAS PLUVIAIS 79.464,93 2,43 8.2.3 GÁS 10.281,60 0,31
8.3 INSTALAÇÕES MECÂNICAS 29.525,20 0,90 8.4 ELEVADORES 153.000,00 4,68 8.5 APARELHOS
8.5.1 LOUÇAS INCLUSIVE METAIS 87.327,19 2,67 9. COMPLEMENTAÇÃO DA OBRA
9.1 CALAFATE E LIMPEZA GERAL 5.989,01 0,18 9.2 MÃO DE OBRA 1.574.197,85 48,18
CUSTO DA OBRA 1.020,23 /m² 3.267.476,87 100,00 CUSTO MATERIAL 51,68% 1.688.646,18 CUSTO MÃO DE OBRA 48,32% 1.578.830,69
ITEM
5.3 Comparações Entre os Sistemas
5.3.1 Fundação
O custo com as fundações para este orçamento foi estimado com base
em índices provenientes do conhecimento adquirido dos engenheiros
consultados, já que não havia projeto de fundações à época do levantamento
dos insumos.
Por apresentar uma distribuição de cargas diferente da estrutura em
concreto armado, o edifício em alvenaria estrutural, apresenta uma pequena
redução no consumo de concreto e uma diminuição significativa na quantidade
de aço.
Os custos desta etapa representam pouco menos de 4% do custo desta
obra. Na comparação entre os dois sistemas estruturais, a diferença é de cerca
de 10% a menos na alvenaria estrutural, conforme mostra a tabela 3.
Tabela 3 - Fundações
FUNDAÇÕES CONCRETO ARMADO ALVENARIA ESTRUTURAL
UN Qtde P.U Total (R$) UN Qtde P.U Total (R$)
Fundações profundas Vb 1,00 71196 71.196,00 Vb 1,00 71196 71.196,00
Concreto estrutural m³ 107,76 214,20 23.082,19 m³ 100,00 214,2
0 21.420,00
Forma plana em chapa compensada resinada estrutural
m² 1.374,00 9,64 13.245,37 m² 1374,00 9,64 13.245,37
Armadura de aço para concreto CA-50 kg 6.939,4 2,67 18.528,20 kg 6.000,0 2,67 16.020,00
Armadura de aço para concreto CA-60 kg 3.736,6 2,67 9.976,72 kg
Controle tecnológico do concreto m³ 106,76 19,23 2.052,99 m³ 106,76 19,23 2.052,99
TOTAL 138.081,48 123.934,37
DIFERENÇA PERCENTUAL 10.25%
DIFERENÇA CUSTO R$ 14.147,11
5.3.2 Alvenaria
Inicialmente, o levantamento dos materiais a serem utilizados para as
paredes de alvenaria estrutural foi feito baseando-se no projeto de paginação
(modulação) do edifício. Com isso se obteve a quantidade em unidades de
cada tipo de bloco de concreto e também o volume de argamassa de
assentamento.
No entanto, como foi usada a medida em metros quadrados de parede –
contemplando os tijolos e a argamassa – na composição do custo do sistema
em concreto armado, optou-se por empregar o mesmo conceito para a
alvenaria estrutural.
Neste item, o custo do sistema em alvenaria estrutural é maior, já que o
custo dos blocos de concreto é bastante superior ao dos tijolos cerâmicos.
Desse modo, como mostrado na tabela 4, a diferença no valor total desse item
chega próximo a 28% a menos no sistema em concreto armado.
Tabela 4 - Alvenaria
ALVENARIACONCRETO ARMADO ALVENARIA ESTRUTURAL
UN Qtde P.U Total (R$) UN Qtde P.U Total (R$)Alvenaria de blocos cerâmicos furados com espessura de 10cm, e argamassa de cal, cimento e areia
m² 221,2 17,49 3.876,13 -
Alvenaria de blocos cerâmicos furados com espessura de 15cm, e argamassa de cal, cimento e areia
m² 7.222,70 21,56 155.721,41 -
Alvenaria estrutural com blocos de concreto com espessura de 15 cm, com argamassa de cal, cimento e areia
m² - m² 7.444,32 29,72 221.245,19
TOTAL 159.597,55 221.245,19DIFERENÇA PERCENTUAL 27,86%
DIFERENÇA CUSTO (R$) 61.647,64
5.3.3 Supra Estrutura
Como na alvenaria estrutural a estrutura é composta pelas elevações
armadas de blocos de concreto, seu custo acaba sendo menor do que no outro
sistema. Há diminuição no consumo de todos os insumos que compõem este
item, incluindo concreto, graute, formas e aço.
O levantamento das quantidades para os dois tipos de estrutura foi
baseado em índices de consumo a partir de obras anteriores.
Este item, demonstrado na tabela 5, chega a equivaler a 8,21% do custo
total da obra no sistema armado, demonstrando uma grande participação no
valor final do edifício. Já para a obra em alvenaria estrutural, a contribuição da
estrutura é de 5,76%. A diferença de custo entre eles chega a ser 35,4% menor
nas paredes estruturais.
Tabela 5 - Supra Estrutura
SUPRA ESTRUTURA
CONCRETO ARMADO ALVENARIA ESTRUTURAL
UN Qtde P.U Total (R$) UN Qtde P.U Total (R$)Concreto estrutural m³ 448,37 239,7 107.474,29 m³ 320,1 239,7 76.728,45
Graute m³ - m³ 96,06 279,1 26.808,42Forma plana em chapa compensada resinada estrutural
m² 5.770,5 9,64 55.622,06 m² 2.561,6 9,64 24.691,26
Armadura de aço para concreto CA-50
kg 29.144 2,67 77.884,56 kg 20.172 2,67 53.907,65
Armadura de aço para concreto CA-60
kg 15.692 2,67 41.937,84 kg -
Controle tecnológico do concreto
m3 448,37 19,23 8.620,81 m3 320,10 19,23 6.154,56
TOTAL 291.539,56 188.290,35DIFERENÇA PERCENTUAL 35,42%
DIFERENÇA CUSTO 103.249,21
5.3.4 Revestimentos
Em concreto armado a necessidade do revestimento para obter um bom
acabamento é muito maior do que na alvenaria estrutural, onde os blocos
possuem uma maior padronização e não necessitam de grandes espessuras
de emboço ou de reboco tanto para deixar a elevação com uma boa aparência,
como para base de aplicação do revestimento final.
Para a comparação dos custos, somaram-se os valores dos
revestimentos internos e externos, exceto os revestimentos cerâmicos, que são
iguais para os dois sistemas. Pelo fato de apresentar uma camada com
espessura menor, a AE apresenta um custo total de revestimentos quase 23%
mais barato que o CA, como aponta a tabela 6.
Tabela 6 - Revestimentos Internos e Externos
REVESTIMENTOS INTERNOS E EXTERNOS
CONCRETO ARMADO ALVENARIA ESTRUTURAL
UN Qtde P.U Total (R$) UN Qtde P.U Total (R$)Chapisco m² 2.115,19 0,96 2.030,58 m² 2.115,19 0,96 2.030,58
Emboço m² 2.115,19 6,17 13.050,72 m² 2.115,19 6,17 13.050,72
Aplicação de gesso em alvenaria m² 10.541,0 3,65 38.491,63 m² 10.541,0 1,46 15.389,90Grafiato m² 2.115,19 22,80 48.226,33 m² 2.115,19 22,80 48.226,33TOTAL 101.799,26 78.697,54DIFERENÇA PERCENTUAL 22,69%DIFERENÇA CUSTO 23.101,72
5.3.5 Conjunto Alvenaria – Supra Estrutura – Revestimentos
Tendo em vista que, no sistema de paredes estruturadas, a alvenaria
tem papel importante na sustentação da edificação, aumentando o seu custo e
diminuindo o da estrutura e dos revestimentos, a comparação do conjunto
Alvenaria – Supra Estrutura – Revestimentos torna-se necessária para
balancear essas informações.
Na soma dos três itens, que representam cerca de 15% do valor total da
obra em ambos sistemas, a vantagem fica para a alvenaria estrutural que
apresenta um custo 11,69% mais barato, conforme tabela 7:
Tabela 7 - Conjunto Alvenaria + Supra Estrutura + Revestimentos
ALVENARIA + SUPRA ESTRUTURA +
REVESTIMENTOS
CONCRETO ARMADO ALVENARIA ESTRUTURAL
Total Total
ALVENARIA R$ 159.597,55 R$ 221.280,92 SUPRA ESTRUTURA R$ 291.439,07 R$ 188.245,46 REVESTIMENTOS R$ 101.799,26 R$ 78.697,54 TOTAL R$ 552.835,87 R$ 488.223,92 DIFERENÇA PERCENTUAL 11,69%DIFERENÇA CUSTO R$ 64.611,95
5.3.6 Mão-de-Obra
Este item é o custo mais significativo de todo o orçamento, equivalendo
a praticamente metade do valor total da obra. Sendo assim, qualquer
diminuição terá um grande impacto no custo final do edifício.
Para a determinação do custo equivalente da mão-de-obra por metro
quadrado, somou-se o custo dos trabalhadores em cada item da obra mais os
encargos sociais, para que depois o valor fosse dividido pela área construída, a
fim de se obter o custo por metro quadrado. Isso foi realizado para os dois
sistemas estruturais, resultando em um valor de mão-de-obra de civil
aproximadamente 15% menor.
Somando com os custos dos outros trabalhadores, temos que o valor da
MO é próximo de 12% a menos na alvenaria estrutural, o que em termos
monetários, pra obra em questão, equivale a pouco mais de R$ 200 mil de
economia, como pode ser visto na tabela 8.
Tabela 8 - Mão-de-Obra
MÃO-DE-OBRACONCRETO ARMADO ALVENARIA ESTRUTURAL
UN Qtde P.U Total (R$) UN Qtde P.U Total (R$)Mão de obra (civil - exceto pintura) m² 3.202,6 446,90 1.431.277,69 m² 3.202,6 382,64 1.225.459,96
Mão de obra pintura (interna) m² 8.627,5 10,40 89.714,13 m² 8.627,5 10,40 89.714,13
Mão de obra pintura (externa) m² 2.115,1 13,52 28.588,91 m² 2.115,1 13,52 28.588,91
Mão de obra Instalações Elétricas
m² 3.202,6 38,15 122.182,24 m² 3.202,6 38,15 122.182,24
Mão de obra Instalações Hidráulicas
m² 3.202,6 33,79 108.218,56 m² 3.202,6 33,79 108.218,56
TOTAL 1.779.981,53 1.574.163,80DIFERENÇA PERCENTUAL 11.56%
DIFERENÇA CUSTO 205.817,73
5.4 Outros ItensOs demais itens abordados não variam de acordo com a escolha do
sistema construtivo. Sendo assim, não possuem variação no custo, apenas no
percentual com relação ao valor total do empreendimento, como pode ser visto
na tabela 9. O levantamento de dados ocorreu seguindo o projeto arquitetônico
da obra.
Tabela 9 - Outros Itens
OUTROS ITENSCONCRETO ARMADO/
ALVENARIA ESTRUTURAL
UN Qtde P.U Total (R$)ESQUADRIAS ALUMÍNIO Contra-marco janelas em geral m² 218,88 33,46 7.323,72Contra-marco portas-janelas em geral m² 207,48 33,46 6.942,28Contra-marco venezianas m² 27,84 33,46 931,53Esquadrias em geral (janelas) m² 218,88 233,07 51.014,36Esquadrias em geral (porta-janela) m² 207,48 233,07 48.357,36Esquadrias em geral (venezianas) m² 27,84 372,10 10.359,26ESQUADRIAS MADEIRA Porta em madeira, de abrir, 60 x 210cm un 72,00 296,96 21.381,12Porta em madeira, de abrir, 70 x 210cm un 118,00 296,96 35.041,28Porta em madeira, de abrir, 80 x 210cm un 50,00 296,96 14.848,00PINTURA Aplicação de massa corrida m² 8.627,52 4,15 35.804,21
Aplicação de tinta acrílica m² 8.627,52 6,31 54.439,65HIDROSANITÁRIA E GÁS ÁGUA Tubulação para água fria pt 360,00 94,12 33.883,20Barrilete para prédios un 1,00 4.001,21 4.001,21ESGOTO E ÁGUAS PLUVIAIS Tubulação para esgoto pt 360,00 149,33 53.758,80Descida de águas pluviais m 102,60 60,05 6.161,13Rede do térreo m 250,00 78,18 19.545,00GÁS Pontos de gás em geral pt 48,00 214,20 10.281,60ELEVADORES Elevador conforme memorial cj 2,00 76.500,00 153.000,00LOUÇAS INCLUSIVE METAIS Vaso sanitário com caixa acoplada un 72,00 349,66 25.175,52Tampo para vaso sanitário un 72,00 96,65 6.958,80Lavatório de embutir un 72,00 24,43 1.758,96Tampo de granito (apenas nos banheiros) m² 55,08 254,18 14.000,23Torneira para lavatório un 72,00 164,27 11.827,44Torneira para tanque un 72,00 36,62 2.636,64Tanque de louça un 72,00 346,80 24.969,60TOTAL 654.400,90PORCENTAGEM CONCRETO ARMADO 18,4%PORCENTAGEM ALVENARIA ESTRUTURAL 20,0%
6 CONCLUSÃOApós a análise dos orçamentos dos dois sistemas construtivos, obteve-
se como resultado uma diferença de 8,01%, o que representa um total de
R$284.332,21, em favor da execução em alvenaria estrutural. Esta diferença
com certeza será muito importante na tomada de decisão de um investimento
em uma obra.
Atualmente, taxas de atratividade de investimento estão cada vez mais
justas, sendo assim, qualquer redução de custo ajuda no aumento da taxa de
retorno. Desse modo, utilizando-se de um critério puramente econômico o
sistema a ser escolhido para uma obra deste padrão e porte é a alvenaria
estrutural.
No entanto, apesar de ter um grande peso na definição do sistema a ser
utilizado, o critério econômico não é o único a ser levado em consideração.
Outros fatores também devem ser considerados, como: oferta de mão de obra
qualificada, relacionamento com fornecedores, disponibilidade de materiais
próximos ao local da obra, entre outros.
Nos dias de hoje, principalmente nos dois últimos anos, com o
crescimento do mercado imobiliário e surgimento de diversos
empreendimentos, vive-se um momento de grande falta de mão-de-obra
especializada na construção civil. Além disso, a produção de blocos de
concreto na região de Curitiba não está conseguindo atender à alta demanda, o
que vem gerando aumento de prazos de entrega e atrasos.
Dessa maneira, os demais critérios de avaliação da viabilidade da obra
ganham importância como fator de decisão, uma vez que estes itens podem
encarecer o custo final do sistema e alterar o resultado esperado.
Outro fator a ser levado em consideração na escolha do tipo de estrutura
é o padrão da obra. Através da análise do orçamento, é possível afirmar que
em obras de padrão mais baixo, nos quais os custos com acabamentos e
esquadrias são menores, o percentual de economia da alvenaria estrutural em
relação ao concreto armado será ainda maior do que o encontrado para o
edifício Piazza Maggiore. Isso se deve ao aumento da percentagem de
contribuição da supra-estrutura e da alvenaria no custo total da obra, o que
gera um acréscimo na diferença percentual entre os sistemas.
Já em uma obra de alto padrão, no qual a estrutura tem um peso menor
no custo final, a diferença de custo não será tão grande a ponto de ser decisiva
na escolha. Além disso, obras de padrão maior costumam exigir mais
flexibilidade devido à personalização dos apartamentos, o que torna a estrutura
em concreto armado mais atraente para este tipo de obra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALHEIRO, Odilon Pancaro. Alvenaria estrutural no foco da
construção civil. ANICER. Disponível em:
<http://www.anicer.com.br/index.asp?
pg=institucional_direita.asp&secao=10&id=78&revista=2WA004509087E
WRTXLZ873BDG28>. Acesso em: 2/7/2011.
COÊLHO, RONALDO S. A. Alvenaria Estrutural. São Luís:
Universidade Estadual do Maranhão, 1998.
EDIFIQUE. Estrutura de Concreto Armado. Disponível em:
<www.edifique.arq.br/estconcr.htm>. Acesso em: 2/7/2011.
FREITAS Jr. José de Almendra. Notas de aula da disciplina Construção Civil II. Curitiba: UFPR, 2011.
GUIMARÃES FILHO, Carlos. Paraná quer evitar apagão de mão-de-
obra. Gazeta do Povo. Curitiba: 21/06/2011. Disponível em:
<http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?
tl=1&id=1139324&tit=PR-quer-evitar-apagao-de-mao-de-obra>. Acesso
em: 2/7/2011.
INFOMONEY. Bancos reduzem projeção de avanço para 3,9%, segundo
Febraban. MSN Dinheiro. São Paulo, 22/6/2011. Disponível em:
<http://dinheiro.br.msn.com/mercado/bancos-reduzem-proje%C3%A7%
C3%A3o-de-avan%C3%A7o-do-pib-em-2011-para-39percent-segundo-
febraban>. Acesso em: 2/7/2011.
LAS VEGAS MIKEY. Las Vegas History – Excalibur Hotel & Casino.
Disponível em: <www.lasvegasmikey.com/excal.htm>. Acesso em
2/7/2011.
KALIL, Sílvia Baptista. Alvenaria Estrutural. - Curso de Graduação. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
PUC-RS, 2010.
PONTES, Cíntia. A Arte Medieval – Arte Gótica (Arquitetura). Disponível em: <http://umolharsobreomundodasartes.blogspot.com/
2010/10/arte-medieval-arte-gotica.html> . Acesso em: 2/7/2011.
PORTAL E-BAND. Trabalhadores da construção civil preferem ficar na informalidade. Curitiba, 3/5/2011. Disponível em:
<http://www.band.com.br/noticias/economia/noticia/?id=100000427411>.
Acesso em: 2/7/2011.
RAMALHO, MÁRCIO A.; e CÔRREA, MÁRCIO, R. S. Projetos de edifícios de alvenaria estrutural. São Paulo: Editora Pini Ltda., 2003.
SANTOS, Marcus Daniel. Potencial construtivo do sistema alvenaria estrutural, Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2011.
SARAIVA, Alessandra; e CIARELLI, Monica. Economia brasileira cresce
7,5% em 2010, maior avanço em 24 anos. O Estado de São Paulo. São
Paulo, 3/3/2011. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/
noticias/economia%20geral,economia-brasileira-cresce-75-em-2010-
maior-avanco-em-24-anos,57374,0.htm>. Acesso em: 2/7/2011.
VANGUARD HOME. Piazza Maggiore. Disponível em:
<http://www.vanguardhome.com.br/regional/curitiba/empreendimentos.a
sp#[page]http://www.vanguardhome.com.br//regional/ajaxmodelos.asp?
emp=227>. Acesso em 20/6/2011.