11
Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-A Marina Silva Araújo Universidade Federal de Uberlândia [email protected] Vinícius Borges Moreira Universidade Federal de Uberlândia [email protected] INTRODUÇÃO: Segundo Marques (1994) as formas de relevo compõem o objeto de estudo da geomorfologia, sendo que estes constituem a base da sobre as quais se fixam as comunidades humanas e por onde são desenvolvidos suas atividades. Outros autores também, define-o como sendo a base e o sustento de toda a porção biótica do planeta, a partir deste raciocínio o estudo das questões geomorfológicas se justificam. Os estudo sobre a evolução do relevo bem sendo cada vez mais estudados na ciência geográfica e podem auxiliar em questão de planejamento territorial, ambiental, dentre outros. Partindo do estudos destes componentes da paisagem é possível compreender a dinâmica da paisagem contribuindo pata o desdobramento das interpretações ambientais e suas condições. De modo a auxiliar nessas interpretações da evolução do relevo há algum tempo (não muito bem mesurado) no contexto geográfico o uso dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) que veem auxiliando cada vez mais nos estudos geomorfológicos, geológicos, climáticos, pedológicos, dentre outros. A facilidade de obtenção de dados confiáveis e o cruzamentos dos mesmos nos permite realizar trabalhos complexos de praticamente todo o território brasileiro, inclusive da área aqui estudada.

Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-Acbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1404423432_ARQUIVO_Compartim... · De modo a auxiliar nessas interpretações da evolução

  • Upload
    ngominh

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Compartimentação geomorfológica da folha SF-23-V-A

Marina Silva Araújo

Universidade Federal de Uberlândia

[email protected]

Vinícius Borges Moreira

Universidade Federal de Uberlândia

[email protected]

INTRODUÇÃO:

Segundo Marques (1994) as formas de relevo compõem o objeto de estudo da

geomorfologia, sendo que estes constituem a base da sobre as quais se fixam as

comunidades humanas e por onde são desenvolvidos suas atividades. Outros autores

também, define-o como sendo a base e o sustento de toda a porção biótica do planeta, a

partir deste raciocínio o estudo das questões geomorfológicas se justificam.

Os estudo sobre a evolução do relevo bem sendo cada vez mais estudados na

ciência geográfica e podem auxiliar em questão de planejamento territorial, ambiental,

dentre outros. Partindo do estudos destes componentes da paisagem é possível

compreender a dinâmica da paisagem contribuindo pata o desdobramento das

interpretações ambientais e suas condições.

De modo a auxiliar nessas interpretações da evolução do relevo há algum tempo

(não muito bem mesurado) no contexto geográfico o uso dos Sistemas de Informações

Geográficas (SIG) que veem auxiliando cada vez mais nos estudos geomorfológicos,

geológicos, climáticos, pedológicos, dentre outros. A facilidade de obtenção de dados

confiáveis e o cruzamentos dos mesmos nos permite realizar trabalhos complexos de

praticamente todo o território brasileiro, inclusive da área aqui estudada.

Estas análises são comumente denominadas de análises geomorfométricas e

constituem o estudo quantitativo das formas geomorfológicas. Para seu

desenvolvimento utilizou-se além dos SIGs, bases digitais constituídas em Modelos

Digitais de Elevação (MDE), e constituindo sempre um acervo de dados geológicos

para auxiliar nas interpretações.

O trabalho em questão tem como objetivo realizar a compartimentação do relevo

em táxons segundo os pressupostos de Ross (1992), estruturando a questão das

morfoestruturas e das morfoesculturas. Ressalta-se por tanto de se tratar em uma etapa

inicial de um trabalho ainda em desenvolvimento, região de Franca, utilizando como

recorte de área a folha SF-23-V-A. A escolha desta área de estudo se deu a

complexidade e diversidade da mesma por encontrarem-se em meios a depressões,

planaltos, planícies e serras, como será representado mais adiante neste trabalho. Além

de estar dividida entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, onde o primeiro

constitui um relevo compartimento em poucas estruturas, enquanto minas encontra-se

uma diversidade imensa de estruturas e composições geológicas e geomorfológicas

diferenciadas. A figura 1 demostra o mapa de localização da área em questão estudada.

Figura 1: Mapa de localização Folha SF-23-V-A

A área de estudo em questão é composta parte pelo estado de Minas Gerais

(porção sudoeste) e parte pelo estado de São Paulo (próximo a região de Franca, porção

sul do estado), estando posicionadas sobre diversas grandes Unidades Geologica, dentre

elas, Bacia Sedimentar Cenozóica, Bacia Sedimentar do Paraná, Cráton do São

Francisco e Província Tocantins, sendo que cada uma detas unidades compões

diferenças litológicas e de idade muitas vezes demasiadamente discrepantes. Um

exemplo disso são as coberturas Cenozóicas datas com aproximadamente 1,6 milhões

de anos, coabitando com unidades datadas 3200 milhões de anos como do Cráton do

São Francisco representando rochas do mesoarqueano.

Sustentando unidades menores como as formações, grupos e subgrupos , acima

destas unidades encontram-se a Formação Aquidauana, Grupo Araxá, Formação

Botucatu, Complexo Campos Gerais 2, Coberturas Detríticas, Coberturas Detrito-

Lateríticas Ferruginosas, Depósitos Aluvionares, Formação Itaqueri, Formação Marília,

Subgrupo Paraopeba, Formação Pirambóia, Formação Serra Geral, dentre outros, como

fica exposto da figura 2, segundo dados fornecidos pelo Serviço Geológico do Brasil

(CPRM,2003).

Figura 2: Unidades Geológicas

As altitudes nessa região variam entre 450m a 1489m, sendo composta por

planícies e terraços fluviais, depressões, planaltos, escarpas, planaltos dissecados, dentre

outros. Sua vegetação segundos dados da CPRM e Zoneamento Ecológico Econômico

(ZZE) está localizada basicamente na região do bioma cerrado, variando entre campos

limpos, campos sujos, matas latifoliadas, campo rupestre, dentre outros. Ainda de

acordo com dados do CPRM, seus solos variam entre latossolos, podzólicos, litólicos,

dentre outros.

OBJETIVOS:

Teve-se objetivo principal desta pesquisa realizar diagnóstico inicial do contexto

geomorfológico da carta SF-23-V-A, na região de Franca, através da compartimentação

do relevo. A partir desta caracterização inicial é possível interpretar a evolução

geomorfológica do local, auxilia no entendimento da dinâmica desta paisagem. A partir

disto traçou-se os objetivos específicos elaborar mapas temáticos da área, como mapas

de declividade, mapas hipsométricos, de localização, levantamento pedológico, e por

fim a compartimentação do relevo que nos resulta na caracterização morfoestrutural e

morfoescultural.

METODOLOGIAS:

O artigo está baseado principalmente na metodologia de ROSS (1992) onde as

formas de relevo são classificadas de acordo com táxons. Aqui escolhemos trabalhar

apenas com o os dois primeiros táxons, sendo eles as morfoestruturas e as

morfoesculturas

Para que o trabalho em questões fosse desenvolvido optou-se por sua elaboração

em ambiente digital, onde utilizamos os softwares Arcgis 9.3 e Envi 4.3. Do mesmo

modo foram levantados dados auxiliares para elaboração e interpretação dos mapas,

como por exemplo, dados geológicos e hidrológicos oferecidos pelo CPRM. Foram

usados também Modelos Digitais de Elevação (MDE) oferecidos pela EMBRAPA, no

modelo SRTM, com resolução de 90 metros.

A princípio na etapa de montagem dos dados geológicos, foi necessário recorta-

los para a área de trabalho (uma vez que estes dados foram baixados para todos o estado

de Minas e São Paulo), para esta etapa utilizamos a ferramenta “Clip” do software

Arcgis 9.3, em sequência foram escolhidos as categorias de análise que eram

interessantes para a análise das compartimentações. A partir disto foram elaborados

A partir disto iniciou-se então a etapa de tratamento da imagem SRTM, retirando

todas as informações contidas na mesma de nosso interesse. O primeiro dado retirado

foram as curvas de nível, as quais são necessárias para a realização do comando TIN,

que é composta de uma grade triangular de onde obtemos dados de altimetria e

declividade. Ainda utilizando a imagem SRTM foi gerado o relevo sombreado, que

consiste em uma imagem articulada a partir de o azimute selecionado, onde suas

sombras nos auxiliam em uma visualização mais nítida do relevo. Esta imagem

supracitada foi gerada no software ENVI 4.3 e posteriormente exportada para o

software Arcgis 9.3. Também foram gerados os dados hidrológicos, também extraídos

da imagem SRTM.

RESULTADOS PRELIMINARES:

A primeira analise consistente para a evolução do trabalho foi a interpretação do

contexto geológico resultando no mapa de morfoestruturas, no qual contatou-se as

seguintes morfoestruturas: Bacia Sedimentar Cenozóica, Bacia Sedimentar do Paraná,

Cráton do São Francisco e Província Tocantins. Ressalta-se portanto que segundo

(ROSS, 1992) essas feições representam as maiores formar do relevo estritamente

relacionadas as questões litológicas e estruturais do contexto geológico. Estas

morfoestruturas ficam expostas no figura 3.

Figura : Unidades Morfoestruturais

Em sequência para que fossem compartimentadas as unidades morfoesculturais

foram utilizados os modelos digitais de elevação de onde foram retirados dados

relacionados à análise quantitativa do relevo, como já citado.

Os dados hipsométricos (figura 4) demostram a altimetria local definindo

patamares de relevo da área de estudo, neste contexto os valores mais elevados

encontram-se posicionados na Província Tocantins, na região da Serra da Canastra, e os

pontos mais baixos encontram-se na região que se refere a Bacia Sedimentar do Paraná.

Figura 4: Mapa Hipsométrico em metros.

Já as declividades (figura 5) maiores encontram-se nas regiões escarpadas,

também na Serra da Canastra. Juntamente com estes dados foram analisados e

correlacionada as imagem sombreada que tem como função a diferenciação da sombra e

de rugosidade também associados à perfis topográficos que demostram os padrões

altimétricos.

Figura 5: Mapa de Declividades em graus.

A partir da correlação destes dados foi gerado a compartimentação do contexto

geomorfológico em unidades morfoesculturais. Nesta análise classifica-se as

morfoestruturas em feições menores de acordo com os dados supracitados. O resultado

foi a divisão da Bacia Sedimentar Cenozóica em Coberturas Cimeiras e Planícies e

Terraços Fluviais; a Província Tocantins em Depressão do Rio Grande, Planalto

Dissecado do Alto Araguari e Serra da Canastra; a Bacia Sedimentar do Paraná em

Cuestas Basalticas e Planalto Ocidental Paulista e por fim o Cráton do São Francisco

em Planalto dissecado do Centro-Sul. Estes dados foram especializados na figura 6,

sendo o objetivo inicial deste trabalho.

Figura 6: Unidades Morfoesculturais.

A partir disso obtém-se uma importante ferramenta para futuras análises

geomorfológicas na área. Além de que observou-se que as técnicas de

geoprocessamento empregadas foram de extrema utilidade e relevância, possibilitando

obter informações que nos permitem caracterizar as feições geomorfológicas e

interpretar seu contexto de gênese, dinâmica e evolução.

BIBLIOGRAFIA:

Argento, M. S. F. Mapeamento Geomorfológico. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. da. (Org.).Geomorfologia: Uma Atualização de Bases e Conceitos. 10. ed. Rio de Janeiro: BertrandBrasil, 2011. p. 365-391. Borges, M. E. S. et al. Emprego do processamento digital dos parâmetros morfométricos no mapeamento geomorfológico da bacia do Rio Preto. Espaço &

Geografia, Brasilia, v. 10, n. 2, 401 p. 2007.

CPRM - COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS. 2003. Disponível em: <http://geobank.sa.cprm.gov.br/> Acesso em: 10 mar. 2012. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Brasil

em Relevo. Disponível em: <http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/>. Acesso em: 10 mar. 2012. Florenzano, T. G. Sensoriamento Remoto para Geomorfologia. In: ________. (Org.) Geomorfologia: conceito e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. cap. 2, p. 31-71.________. Cartografia. In: ______.______. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. cap. 4, p. 105-128. INPE – INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/CDSR/>.Acesso em: 15 mai. 2012. PLANO DE MANEJO DA SERRA DA CANASTRA. 2005. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades coservacao /PM _PNSC_Resumo_Executivo.PDF>. Acesso em: 20 mai. 2012. INDICAÇÃO DO ESTÁGIO DA PESQUISA: Em Andamento