COMPETÊNCIA DECLARATIVA DOS TRIBUNAIS COMUNS. NOÇÕES GERAIS

COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA DECLARATIVA DOS DECLARATIVA DOS

TRIBUNAIS COMUNSTRIBUNAIS COMUNS

NOÇÕES GERAISNOÇÕES GERAIS

COMPETÊNCIACOMPETÊNCIA

NoçãoNoção: medida de jurisdição de : medida de jurisdição de um tribunalum tribunal

Para que servePara que serve: saber em que : saber em que tribunal deve ser proposta tribunal deve ser proposta determinada acçãodeterminada acção

COMPETÊNCIACOMPETÊNCIA

Duas LOFTJS em vigor:Duas LOFTJS em vigor:- Nova – Lei n.º 52/2008, de 28 de Nova – Lei n.º 52/2008, de 28 de Agosto Agosto (comarcas piloto de(comarcas piloto de Alentejo Litoral, Baixo Alentejo Litoral, Baixo Vouga e Grande Lisboa-Noroeste)Vouga e Grande Lisboa-Noroeste)

- Antiga – Lei n.º 3/99, de 13 de Antiga – Lei n.º 3/99, de 13 de JaneiroJaneiro

Perpetuatio foriPerpetuatio fori

Artigo 24.º LOFTJn (22.º LOFTJa)Artigo 24.º LOFTJn (22.º LOFTJa)

A competência é aferida segundo A competência é aferida segundo determinados elementos tal como determinados elementos tal como se apresentem no momento da se apresentem no momento da propositura da acção.propositura da acção.

São irrelevantes quaisquer São irrelevantes quaisquer alterações de facto (n.º1) ou de alterações de facto (n.º1) ou de direito (n.º2).direito (n.º2).

Perpetuatio foriPerpetuatio fori

Artigo 24.º n.º 2 LOFTJnArtigo 24.º n.º 2 LOFTJn

Excepções:Excepções:- Supressão do tribunalSupressão do tribunal- Atribuição ao tribunal de Atribuição ao tribunal de

competência para aquela acção – competência para aquela acção – sanação da incompetênciasanação da incompetência

ClassificaçõesClassificações

Quanto ao âmbito:Quanto ao âmbito:– Interna – artigo 62.ºInterna – artigo 62.º– Internacional – artigo 61.ºInternacional – artigo 61.º

Quanto à origem:Quanto à origem:– LegalLegal– Convencional – artigos 99.º e 100.ºConvencional – artigos 99.º e 100.º

Valor da decisão sobre Valor da decisão sobre competênciacompetência

Adquire força de caso julgado formalAdquire força de caso julgado formal Mas não vincula restantes tribunaisMas não vincula restantes tribunais

Conflitos de jurisdição e de Conflitos de jurisdição e de competência negativos e positivos – competência negativos e positivos – artigo 115.ºartigo 115.º

COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA INTERNACIONALINTERNACIONAL

Competência Competência internacionalinternacional

Sempre que a acção contém algum Sempre que a acção contém algum elemento de conexão com uma elemento de conexão com uma ordem jurídica estrangeira, é ordem jurídica estrangeira, é necessário analisar se os tribunais necessário analisar se os tribunais portugueses são competentes.portugueses são competentes.

Para que os tribunais portugueses Para que os tribunais portugueses sejam competentes é necessária sejam competentes é necessária uma conexão relevante.uma conexão relevante.


Regulamento 44/2001 - Regulamento 44/2001 - relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial (anterior Convenção de Bruxelas)

Normas que definem a competência dos tribunais dos estados comunitários

Harmonização de normas de competência internacional

Regulamento 44/2001Regulamento 44/2001

Lei especial perante as normas Lei especial perante as normas reguladoras da competência reguladoras da competência internacional – (artigos 65.º, 65.º-internacional – (artigos 65.º, 65.º-A, 99.º)A, 99.º)

Regulamento prevalece sobre a Regulamento prevalece sobre a regulamentação nacional.regulamentação nacional.

Campo de aplicação Campo de aplicação materialmaterial Matéria civil e comercialMatéria civil e comercial Com exclusão – artigo 1.º:Com exclusão – artigo 1.º:

– Estado e capacidade das pessoas Estado e capacidade das pessoas singulares, os regimes matrimoniais, singulares, os regimes matrimoniais, os testamentos e as sucessões;os testamentos e as sucessões;

– Falências, concordatas e processos Falências, concordatas e processos análogos;análogos;

– Segurança social;Segurança social;– Arbitragem.Arbitragem.

Critério do domicílio do réu artigo 65.º n.º1)

Artigo 65.º-A e Reg. 44/2001

Âmbito subjectivoÂmbito subjectivo

Regulamento aplica-se sempre Regulamento aplica-se sempre que o demandado tenha que o demandado tenha domicílio ou sede num dos domicílio ou sede num dos Estados-Membros.Estados-Membros.

Irrelevância da nacionalidade do Irrelevância da nacionalidade do demandado.demandado.

Três princípios Três princípios fundamentaisfundamentais

1.º Réu com domicílio ou sede 1.º Réu com domicílio ou sede num Estado-Membro deve ser num Estado-Membro deve ser demandado nesse Estado – demandado nesse Estado – artigo 2.º n.º1.artigo 2.º n.º1.


2.º Só pode ser demandada noutro 2.º Só pode ser demandada noutro quando se aplicar algum dos quando se aplicar algum dos critérios do Regulamento – artigo critérios do Regulamento – artigo 3.º n.º1.3.º n.º1.

O autor pode optar pelo Estado em O autor pode optar pelo Estado em que demanda o réu.que demanda o réu.

3.º Se o réu não tiver domicílio num 3.º Se o réu não tiver domicílio num Estado-Membro, rege o direito Estado-Membro, rege o direito interno – artigo 4.º n.º1.interno – artigo 4.º n.º1.

Excepto no caso das competências Excepto no caso das competências exclusivas previstas no artigo exclusivas previstas no artigo 22.º.22.º.


Competências Competências exclusivasexclusivas

Irrelevância do domicílio:Irrelevância do domicílio: Direitos reais sobre imóveis e Direitos reais sobre imóveis e

arrendamento – Estado da situação do arrendamento – Estado da situação do bem;bem;

Sociedades – Estado da sede;Sociedades – Estado da sede; Registos públicos – Estado dos registos;Registos públicos – Estado dos registos; Marcas e direitos análogos – Estado do Marcas e direitos análogos – Estado do

registo;registo; Questões declarativas das execuções – Questões declarativas das execuções –

Estado competente para a execução.Estado competente para a execução.

Competências Competências especiais Artigo 5.ºespeciais Artigo 5.º

1. Matéria contratual – N.º1:1. Matéria contratual – N.º1:

Tribunal do lugar do cumprimento Tribunal do lugar do cumprimento da obrigação:da obrigação:

Compra e venda – lugar da Compra e venda – lugar da entrega dos bens;entrega dos bens;

Prestação de serviços – lugar da Prestação de serviços – lugar da prestação do serviço.prestação do serviço.

Competências Competências especiaisespeciaisArtigo 5.ºArtigo 5.º

2. Obrigação alimentar – N.º2:2. Obrigação alimentar – N.º2:

Tribunal do lugar onde o credor tem o Tribunal do lugar onde o credor tem o seu domicílio.seu domicílio.

3. Matéria extracontratual – N.º3:3. Matéria extracontratual – N.º3:

Tribunal onde ocorreu o facto danoso.Tribunal onde ocorreu o facto danoso.

4. Exploração de surcursal – N.º5:4. Exploração de surcursal – N.º5:

Tribunal da situação do Tribunal da situação do estabelecimentoestabelecimento

Competências Competências especiaisespeciais

Artigos 9.º e 15.ºArtigos 9.º e 15.º5. Em matéria de seguros – art. 9.º:5. Em matéria de seguros – art. 9.º:

Tribunal do domicílio do tomador Tribunal do domicílio do tomador de seguro.de seguro.

6. Em matéria de relações de 6. Em matéria de relações de consumo – art. 15.º:consumo – art. 15.º:

Tribunal do domicílio do Tribunal do domicílio do consumidor.consumidor.

Pluralidade subjectivaPluralidade subjectiva

Havendo vários réus, como se Havendo vários réus, como se determina a competência?determina a competência?

Artigo 6.º n.º1 do Regulamento:Artigo 6.º n.º1 do Regulamento:

Autor pode escolher domicílio de Autor pode escolher domicílio de qualquer dos réus.qualquer dos réus.


Não se aplicando o Regulamento Não se aplicando o Regulamento 44/2001, por não ter o 44/2001, por não ter o demandado domicílio em nenhum demandado domicílio em nenhum Estado-Membro, a competência Estado-Membro, a competência internacional dos tribunais internacional dos tribunais portugueses é determinada pelo portugueses é determinada pelo nosso direito interno.nosso direito interno.

Competência Competência internacional – Direito internacional – Direito internointernoArt. 65.º n.º1 - São dois os Art. 65.º n.º1 - São dois os

critérios de atribuição da critérios de atribuição da competência:competência:

Coincidência – b)Coincidência – b) Necessidade – d)Necessidade – d)

Cada um deles tem carácter Cada um deles tem carácter autónomoautónomo

Critério da Critério da coincidênciacoincidência

Artigo 65.º n.º1 b)Artigo 65.º n.º1 b) A acção pode ser proposta em A acção pode ser proposta em

Portugal quando os tribunais Portugal quando os tribunais portugueses sejam portugueses sejam territorialmente competentes territorialmente competentes para a apreciação da causa.para a apreciação da causa.

Coincidência com as regras de Coincidência com as regras de competência territorial aplicáveis competência territorial aplicáveis ao caso concreto.ao caso concreto.

Critério da Critério da coincidênciacoincidência Não são elegíveis critérios gerais Não são elegíveis critérios gerais

– artigo 85.º.– artigo 85.º.

Aplicam-se só os critérios Aplicam-se só os critérios especiais.especiais.

Critério da Critério da necessidadenecessidade

Artigo 65.º d)Artigo 65.º d) Direito invocado apenas se pode Direito invocado apenas se pode

efectivar por meio de acção efectivar por meio de acção proposta em Portugalproposta em Portugal

Ou constituir para o autor Ou constituir para o autor dificuldade apreciável a sua dificuldade apreciável a sua propositura no estrangeiropropositura no estrangeiro

Desde que entre a ordem jurídica Desde que entre a ordem jurídica nacional e o objecto do litígio haja nacional e o objecto do litígio haja algum elemento ponderoso de algum elemento ponderoso de conexão, pessoal ou real.conexão, pessoal ou real.


Artigo 65.º d)Artigo 65.º d) Impossibilidade jurídica por Impossibilidade jurídica por

inexistência de tribunal competente inexistência de tribunal competente para dirimir o litígio:para dirimir o litígio:– Conflitos negativos;Conflitos negativos;– Não reconhecimento, em abstracto, do Não reconhecimento, em abstracto, do

direito pelo tribunal competentedireito pelo tribunal competente Impossibilidade de facto:Impossibilidade de facto:

– Guerra;Guerra;– Ausência de relações diplomáticas.Ausência de relações diplomáticas.


Artigo 65.º d)Artigo 65.º d)Ponderoso elemento de conexão Ponderoso elemento de conexão

entre ordem jurídica nacional e entre ordem jurídica nacional e objecto do litígio:objecto do litígio:

Fim: evitar altruísmo judiciário.Fim: evitar altruísmo judiciário. Elementos de conexão Elementos de conexão

considerados ponderosos: considerados ponderosos: nacionalidade, situação dos nacionalidade, situação dos bens em causa.bens em causa.

Competência exclusivaCompetência exclusiva

Reserva de jurisdição.Reserva de jurisdição. Normas que visam evitar que um Normas que visam evitar que um

tribunal estrangeiro tenha tribunal estrangeiro tenha competência para apreciar uma competência para apreciar uma determinada situação jurídica.determinada situação jurídica.

Nenhuma decisão proferida numa Nenhuma decisão proferida numa jurisdição estrangeira preenche jurisdição estrangeira preenche as condições para ser eficaz na as condições para ser eficaz na ordem jurídica portuguesa – cfr. ordem jurídica portuguesa – cfr. 1096.º c).1096.º c).

Competência exclusivaCompetência exclusivaArtigo 65.º-AArtigo 65.º-A

Casos previstos em Casos previstos em instrumentos de Direito instrumentos de Direito Intenacional – a)Intenacional – a)

Execuções sobre bens imóveis Execuções sobre bens imóveis existentes em Portugal – b)existentes em Portugal – b)


Direitos reais e pessoais de Direitos reais e pessoais de gozo sobre imóveis – c): gozo sobre imóveis – c): exclusão dos direitos reais de exclusão dos direitos reais de garantia?garantia?

Acções de insolvência relativas Acções de insolvência relativas a pessoas com domicílio ou a pessoas com domicílio ou sede em Portugal – d)sede em Portugal – d)


Acções de apreciação da Acções de apreciação da validade do acto constitutivo validade do acto constitutivo ou dissolução de pessoas que ou dissolução de pessoas que tenham sede em Portugal – e)tenham sede em Portugal – e)

Registos públicos – f)Registos públicos – f)

Artigo 65.º-A e Reg. Artigo 65.º-A e Reg. 44/200144/2001

Competência exclusiva do artigo Competência exclusiva do artigo 65.º-A só tem aplicação nos casos 65.º-A só tem aplicação nos casos que não puderem ser abrangidos que não puderem ser abrangidos pelo artigo 22.º do Reg. 44/2001.pelo artigo 22.º do Reg. 44/2001.

É que esta competência é É que esta competência é independenteindependente do domicílio do réu. do domicílio do réu.

Artigo 65.º-A e Reg. Artigo 65.º-A e Reg. 44/200144/2001

Assim, o art. 65.º-A só é aplicável Assim, o art. 65.º-A só é aplicável quando o objecto da acção for quando o objecto da acção for algum daqueles que estão algum daqueles que estão excluídos do âmbito material excluídos do âmbito material dessas convenções.dessas convenções.

Cfr. Cfr. Campo de Campo de aplicaçãoaplicação material material do Reg. do Reg. 44/2001.44/2001.

Logo, artigo 65.º-A c) não tem Logo, artigo 65.º-A c) não tem qualquer âmbito de aplicação.qualquer âmbito de aplicação.

Pluralidade subjectivaPluralidade subjectiva

Na competência internacional:Na competência internacional: Regulamento 44/2001 - Artigo Regulamento 44/2001 - Artigo

6.º n.º1: Autor pode escolher 6.º n.º1: Autor pode escolher domicílio de qualquer dos réus.domicílio de qualquer dos réus.

Direito interno: artigo 87.º n.º1 Direito interno: artigo 87.º n.º1 faz funcionar o princípio da faz funcionar o princípio da coincidência.coincidência.

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