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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE MILTON DAYRELL LUCAS FILHO COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PARA A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HOSPITALAR: PERFIL E DINÂMICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (Projeto Atuar - Eixo Hospitalar) NITERÓI 2016

COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PARA A ASSISTÊNCIA ... Dayrell Lucas... · À minha Mãe e Antônio ... explorar conhecimentos e habilidades percebidos como necessários ... visando ao

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE

MILTON DAYRELL LUCAS FILHO

COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PARA A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HOSPITALAR:

PERFIL E DINÂMICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

(Projeto Atuar - Eixo Hospitalar)

NITERÓI 2016

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MILTON DAYRELL LUCAS FILHO

COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PARA A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HOSPITALAR:

PERFIL E DINÂMICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

(Projeto Atuar - Eixo Hospitalar)

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em

Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial para obtenção do título de Doutor em

Ciências.

Orientadora:

Profa. Dra. Monique Araújo de Brito

Professora Adjunta, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal Fluminense.

Coorientadora:

Profa. Dra. Rachel Magarinos-Torres

Professora Adjunta, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal Fluminense.

Niterói 2016

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MILTON DAYRELL LUCAS FILHO

COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PARA A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HOSPITALAR:

PERFIL E DINÂMICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

(Projeto Atuar - Eixo Hospitalar)

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em

Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal Fluminense como

requisito parcial para obtenção do título de Doutor em

Ciências.

Aprovada em 08 de dezembro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Niterói 2016

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AGRADECIMENTOS

A realização deste projeto só foi possível graças ao apoio, à colaboração e à confiança

das pessoas que ajudaram a torná-lo realidade. Gostaria de registrar meus sinceros

agradecimentos:

Às minhas orientadoras, Dra. Monique Araújo de Brito e Dra. Rachel Magarinos-Torres,

pela paciência e pelo compartilhamento de seus conhecimentos. Tenho certeza de que

sou uma pessoa mais qualificada depois que as conheci. Espero, um dia, ter a chance

de retribuir toda a ajuda recebida.

Aos meus amigos da pós-graduação, pelos bons momentos vividos durante as aulas e

atividades acadêmicas. Foi muito bom compartilhar destes momentos. Em especial,

gostaria de agradecer a Andréa, Thaísa, Alessandra, Patrícia Vollu, Ranieri, Arthur,

Francine, Patrícia Garcia, Caroline e Glauce. Vocês certamente fizeram meus dias de

doutorando mais leves e felizes.

Aos amigos do INCA - HC III/IV sem os quais não teria sido possível cumprir os créditos

em disciplinas. Muito obrigado pela compreensão e trocas inumeráveis de plantões,

essenciais no primeiro momento. Em especial agradeço a Maria Fernanda, Luciana

Trombini, Flávia Barcelos, Andréa Minto, Tokie, Flávia Axelband e Mariana.

Aos amigos do Projeto Atuar, em especial João Carlos - responsável por me apresentar

o projeto; Aline, Érika e Érick - companheiros incansáveis desta pesquisa.

Aos professores, pesquisadores de campo e colaboradores que nos ajudaram a

concretizar esta tarefa, em especial à professora Ludmilla da Silva Viana Jacobson,

pelos cálculos amostrais, aos pesquisadores de campo Amanda Castro Domingues da

Silva, Ana Izabel Bezerra dos Santos, Iacinete Pamplona da Cruz, Juliana Pereira de

Castro, Livian Moreira Maio, Maria Madalena do Prado, Tatiana de Jesus Nascimento

Ferreira, Teresa Palmisciano Bedê e Thayná Victorio Costa Cavalcanti, e à colaboração

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de Pedro Luiz Teixeira, Daniel Batista Lemes e Paulo Eduardo Potyguara Coutinho-

Marques com o formulário eletrônico e o banco de dados.

À minha Mãe e Antônio - minha família e amigos incondicionais, responsáveis pelo

suporte emocional nos momentos em que tudo parecia dar errado.

À Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense e ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde por reconhecer o mérito da

pesquisa e propiciar meios para a sua realização.

À FAPERJ e CAPES pelo financiamento para a execução da pesquisa.

Aos farmacêuticos fluminenses que acreditaram nessa proposta e contribuíram para a

efetivação deste trabalho, respondendo ao questionário.

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RESUMO

A disponibilidade e o uso racional de medicamentos nos hospitais dependem da realização de um conjunto de atividades chamado de assistência farmacêutica. As atividades de assistência farmacêutica têm forte impacto nos resultados da assistência hospitalar e, consequentemente, na qualidade das intervenções clínicas e de segurança do paciente. Apesar disso grande parte das farmácias hospitalares brasileiras apresenta baixo nível de desempenho, independente do hospital onde estão inseridas. Este trabalho objetivou explorar conhecimentos e habilidades percebidos como necessários para o adequado desempenho da assistência farmacêutica hospitalar (AFH), tendo por referência o perfil dos profissionais e a dinâmica no Estado do Rio de Janeiro. O caminho metodológico para o alcance dos objetivos propostos foi organizado em três etapas. A primeira etapa consistiu no reconhecimento do espaço de prática farmacêutica hospitalar fluminense, por meio da investigação das características dos hospitais que compõem esta rede hospitalar, bem como do número de farmacêuticos que atuam nestes hospitais, tomando como base os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. A segunda etapa focou na determinação do perfil dos farmacêuticos que atuam nestes hospitais, por meio da aplicação de questionário eletrônico semiestruturado. A terceira etapa empregou técnicas qualitativas de análise de dados com vistas à identificação de conhecimentos e habilidades que estes profissionais consideram importantes para a sua prática profissional. Os dados revelaram reduzido número de farmacêuticos por hospital, o que ensejou discussão acerca do potencial destes estabelecimentos para a realização das atividades de AFH e estruturação de um indicador de Potencial Humano para a Assistência Farmacêutica Hospitalar (PHAFH). A aplicação do indicador aos hospitais vinculados ao SUS do Rio de Janeiro revelou seis categorias possíveis para esse indicador (ótimo, muito bom, bom, ruim, muito ruim e péssimo PHAFH), com concentração dos hospitais nas categorias de pior resultado. A análise das respostas de 265 farmacêuticos que responderam ao questionário revelou perfil profissional focado na realização de atividades técnicas e administrativas, com reduzida interface com atividades clínicas e de ensino/pesquisa. Do mesmo modo, foi observada baixa integração do farmacêutico com a equipe multiprofissional de saúde do hospital. A correlação entre os conhecimentos, habilidades e atitudes identificados foi utilizada como estratégia para a proposição de competências para a atuação do farmacêutico em âmbito hospitalar. Foram identificadas 12 competências em aspectos gerais, específicos ou humanísticos, importantes para o exercício profissional. Estes resultados apontam para a necessidade de redirecionamento da prática profissional farmacêutica por meio da educação permanente e visando ao desenvolvimento e fortalecimento de competências para a AFH. Espera-se, com este trabalho, ampliar a compreensão da realidade da AFH no Rio de Janeiro e qualificar a formação para este espaço de prática, em benefício da população.

Palavras-chave: Assistência Farmacêutica. Competências Profissionais. Hospitais. Sistema

Único de Saúde. Brasil.

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ABSTRACT

The availability and rational use of medicines in hospitals depend on the realization of a set of activities called pharmaceutical services. The pharmaceutical services activities have a strong impact on the results of hospital care and, consequently, on the quality of clinical and patient safety interventions. Nevertheless most Brazilian hospital pharmacies have a low level of performance, regardless of the hospital where they are inserted. This study aimed to explore knowledge and skills perceived as necessary for the proper performance of hospital pharmaceutical services (HPS) with reference to the profile of the professionals and the dynamics in the state of Rio de Janeiro. The methodology used to reach the objectives was organized in three steps. The first one consisted in the recognition of the area of Rio de Janeiro hospital pharmacy practice through research of the characteristics of hospitals that make up the Rio hospital network, as well as the number of pharmacists who work in these hospitals, based on data from the National Health Establishments Register. The second stage focused on determining the profile of pharmaceuticals that work in these hospitals, by applying a semi-structured questionnaire. The third stage employed qualitative techniques of data analysis to identify the knowledge and skills that these professionals consider important for their professional practice. The data revealed small number of pharmacists per hospital, which stimulated discussion about the potential of these establishments to carry out the activities of HPS and structuring an indicator of Human Potential for the Hospital Pharmaceutical Services (HPHPS). The application of the indicator to the hospitals under the SUS in Rio de Janeiro revealed six possible categories for this indicator (excellent, very good, good, bad, very bad and terrible HPHPS), with a concentration of hospitals in the worst outcome categories. Analysis of 265 pharmaceutical answers to the questionnaire revealed professional profile focused on conducting technical and administrative activities, with reduced interface with clinical activities and teaching or research. Similarly, low integration of the pharmacist with the hospital's multiprofessional health team was observed. The correlation between the knowledge, skills and attitudes identified was used as a strategy for proposing competencies to the pharmaceutical work in hospitals. 12 important competencies for professional practice were identified in general, specific or humanistic aspects. These results point to the need to redirect professional pharmaceutical practice through permanent education and aiming at the development and strengthening of competencies for HPS. It is hoped this work broaden the understanding of the reality of HPS in Rio de Janeiro and to qualify the training for this space of practice, for the benefit of the population.

Keywords: Pharmaceutical Services. Professional Competencies. Hospitals. Unified Health System. Brazil.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

CAPÍTULO 1

Quadro 1 Padrões Mínimos para a Farmácia Hospitalar, p. 30

Quadro 2 Níveis de hierarquia dos estabelecimentos de saúde brasileiros, p. 36

Tabela 1 Perfil dos hospitais fluminenses vinculados ao SUS, p. 41

Figura 1-A Oferta de hospitais vinculados ao SUS no estado do Rio de Janeiro, por município, p.

43

Figura 1-B Oferta de leitos em hospitais vinculados ao SUS no estado do Rio de Janeiro, por município, p. 44

Figura 1-C Oferta de farmacêuticos em hospitais vinculados ao SUS no estado do Rio de Janeiro,

por município, p. 45

Tabela 2 Distribuição dos hospitais do Estado do Rio de Janeiro vinculados ao SUS, segundo o

número de farmacêuticos, porte e nível de hierarquia dos hospitais, p. 50

Figura 2 Agrupamento dos hospitais fluminenses segundo seu Potencial Humano para a

Assistência Farmacêutica Hospitalar (PHAFH), p. 51

Tabela 3 Distribuição dos hospitais fluminenses segundo seu Potencial Humano para a

Assistência Farmacêutica Hospitalar (PHAFH), p. 52

Figura 3 Dispersão dos hospitais no território fluminense, segundo o indicador PHAFH (grupos

com ruim, muito ruim ou péssimo potencial humano para a AFH), p. 53

Figura 4 Dispersão dos hospitais no território fluminense, segundo o indicador PHAFH (grupos

com bom, muito bom ou ótimo potencial humano para a AFH), p. 55

CAPÍTULO 2

Tabela 1 Hospitais, farmacêuticos e população, por região administrativa do Rio de Janeiro, p.

65

Figura 1 Agrupamento das regionais de saúde do Estado do Rio de Janeiro para compor as

três regiões utilizadas na estratificação da amostra, p. 66

Tabela 2 Distribuição da amostra de farmacêuticos, por região, p. 67

Tabela 3 Distribuição da amostra de farmacêuticos, por região e porte do hospital, p. 67

Quadro 1 Estudos selecionados para a construção do instrumento de coleta de dados, p. 69

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Figura 2 Composição resultante da coleta de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, p. 76

Figura 3 Adesão ao formulário eletrônico do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar por região, p. 78

Figura 4 Comparação entre as características dos hospitais onde atuavam os farmacêuticos respondentes e daqueles que compunham a amostra teórica, p. 78

Figura 5 Perfil de farmacêuticos de hospitais fluminenses - sexo, idade e local de nascimento,

p. 79

Figura 6 Perfil de formação de farmacêuticos de hospitais fluminenses, p. 81

Figura 7 Grau de escolaridade de farmacêuticos de hospitais fluminenses, p. 82

Tabela 4 Histórico, escala e carga horária de trabalho, cargo, acesso à internet e tempo de

deslocamento de farmacêuticos de hospitais fluminenses, p. 85

Tabela 5 Vínculos de trabalho e renda de farmacêuticos de hospitais fluminenses, p. 87

Figura 8 Variação da renda total em função do número de vínculos empregatícios de

farmacêuticos de hospitais fluminenses, p. 89

Figura 9 Atividades desenvolvidas pelos farmacêuticos em hospitais fluminenses, p. 93

Tabela 6 Comissões hospitalares citadas e integração de farmacêuticos a essas comissões, p.

98

Figura 10 Desafios enfrentados por farmacêuticos em hospitais fluminenses, p. 100

CAPÍTULO 3

Quadro 1 Modelo para a identificação de conhecimentos e habilidades requeridos para a

Assistência Farmacêutica Hospitalar, p. 112

Figura 1 Representação esquemática da análise de dados qualitativos por meio do

agrupamento das respostas dos entrevistados em nós temáticos, utilizando o

Programa N-Vivo 11®, p. 117

Figura 2 Representação esquemática da análise de cluster por similaridade de palavras, p.

118

Tabela 1 Nós temáticos de conhecimentos, habilidades e atitudes percebidos como

importantes, segundo farmacêuticos de hospitais fluminenses, p. 120

Figura 3 Análise de cluster por similaridade de palavras, utilizando o Programa N-Vivo 11®, p.

122

Tabela 2 Clústeres e Word Cloud utilizados na percepção das competências para o exercício

profissional em Farmácia Hospitalar, p. 123

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEF Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico

AF Assistência Farmacêutica

AFH Assistência Farmacêutica Hospitalar

AHA American Hospital Association Company

APS Atenção Primária em Saúde

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBAF Componente Básico da Assistência Farmacêutica

CEAF Componente Especializado da Assistência Farmacêutica

CEME Central de Medicamentos

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

CES Câmara de Educação Superior

CFF Conselho Federal de Farmácia

CLT Consolidação das Leis de Trabalho

CNE Conselho Nacional de Educação

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CNMAF Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica

CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

CNS Conselho Nacional de Saúde

CRF/RJ Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais

DEF Dicionário de Especialidades Farmacêuticas

EAD Ensino à Distância

FAPERJ Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

FH Farmácia Hospitalar

FIP Federação Internacional de Farmacêuticos

HPS Hospital Pharmaceutical Services

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IST Índice de Segurança Técnico

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

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ONAF Oficina Nacional de Assistência Farmacêutica

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde

PHAFH Potencial Humano para a Assistência Farmacêutica Hospitalar

PNAF Política Nacional de Assistência Farmacêutica

PNM Política Nacional de Medicamentos

PPGCAPS Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde

PT Portaria Técnica

REHUF Programa de Recursos Humanos nos Hospitais Universitários Federais

RENAME Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

RS Rio Grande do Sul

SADT Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico

SAS Secretaria de Atenção à Saúde

SBRAFH Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde

SC Santa Catarina

s.d. sem data

SES/MG Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Minas Gerais

SES/RJ Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio de Janeiro

SES/SC Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Santa Catarina

SIPAC Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos

SUS Sistema Único de Saúde

TCE/MG Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais

UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro

UFF Universidade Federal Fluminense

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO, p. 14

INTRODUÇÃO

Contornos da Assistência Farmacêutica no Brasil, p. 18

OBJETIVOS DA PESQUISA

Objetivo geral, p. 24

Objetivos específicos, p. 24

CAPÍTULO 1 - O ESPAÇO DE PRÁTICA DO FARMACÊUTICO EM HOSPITAIS DO RIO DE JANEIRO

1.1. REFERENCIAL TEÓRICO, p. 25

1.2. METODOLOGIA, p. 32

1.2.1. Cenário da pesquisa, p. 32 1.2.2. Características da pesquisa, p. 33

1.2.3. Fonte dos dados, p. 33

1.2.4. Caracterização da rede hospitalar, p. 35

1.2.5. Estruturação de indicador para avaliar o potencial dos hospitais para as atividades de

AFH, p. 37

1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 41

1.4. CONCLUSÕES, p. 59

CAPÍTULO 2 - O PERFIL DE FARMACÊUTICOS HOSPITALARES DO RIO DE JANEIRO

2.1. REFERENCIAL TEÓRICO, p. 61

2.2. METODOLOGIA, p. 64

2.2.1. Características da pesquisa, p. 64

2.2.2. Plano de amostragem, p. 64

2.2.3. Instrumento de coleta de dados, p. 68

2.2.3.1. Elaboração do instrumento, p. 68

2.2.3.2. Teste preliminar do instrumento, p. 72

2.2.4. Aplicação do questionário, p. 73

2.2.5. Análise das respostas, p. 74

2.2.6. Questões éticas, p. 74

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 75

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2.4. CONCLUSÕES, p. 101

CAPÍTULO 3 - COMPETÊNCIA PARA A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HOSPITALAR

3.1. REFERENCIAL TEÓRICO, p. 103

3.2. METODOLOGIA, p. 114

3.2.1. Características da pesquisa, p. 114

3.2.2. Coleta de dados, p. 115

3.2.3. Análise das respostas, p. 116

3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 119

3.4. CONCLUSÕES, p. 132

CONCLUSÃO GERAL, p. 134

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 136

APÊNDICES

Apêndice 1. Quantitativo de hospitais, leitos e farmacêuticos, por município do RJ, segundo

levantamento do Projeto Atuar – Eixo Hospitalar. Pesquisa Atuar hospitalar, 2013, p. 157

Apêndice 2. Carta convite para compor a amostra de farmacêuticos do Projeto Atuar - Eixo

Hospitalar. Pesquisa Atuar Hospitalar, 2013, p. 160

Apêndice 3. Instrumento utilizado na coleta de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar. Pesquisa

Atuar Hospitalar, 2013, p. 161

Apêndice 4. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar.

Pesquisa Atuar Hospitalar, 2013, p. 169

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho é produto do projeto de pesquisa intitulado Competência Profissional

para a Assistência Farmacêutica no Sistema Único de Saúde ou projeto Atuar, aprovado junto

ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal Fluminense (CAAE 09987812.8.

0000.5243 - Parecer nº 177.074) (MAGARINOS-TORRES et al., 2012).

O Atuar buscou investigar a formação profissional e explorar conhecimentos e

habilidades percebidos como necessários para a prática da assistência farmacêutica em

diferentes espaços de prática profissional. Para tanto, focou no estudo do perfil dos

profissionais e na dinâmica da assistência farmacêutica no Estado do Rio de Janeiro.

Os espaços de prática investigados pelo Atuar incluíram a gestão municipal da

assistência farmacêutica, os polos de dispensação do componente especializado da

assistência farmacêutica (CEAF), a assistência farmacêutica na atenção primária em saúde

(APS) e a assistência farmacêutica nos hospitais. Estes foram reconhecidos como os principais

espaços de prática farmacêutica no Estado do Rio de Janeiro.

A execução do Atuar respeitou o conhecimento prévio das práticas de assistência

farmacêutica em cada um dos quatro espaços de prática selecionados e o referencial que deu

unidade à pesquisa foi o conceito de Assistência Farmacêutica conforme apresentado pela

Política Nacional de Assistência Farmacêutica (BRASIL, 2004).

A pesquisa integrou professores, pesquisadores e alunos de quatro diferentes

instituições: Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Escola Nacional de Saúde Pública

da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP) e Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Ao todo,

29 pessoas participaram do desenho e comando do Atuar, uma proposta de trabalho

interdisciplinar que demandou o exercício interno de articulação de ideias e de

conhecimentos, bem como esforços para a execução operacional e financeira no formato

eleito de articulação interinstitucional.

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Cada uma das instituições participantes ficou à frente da execução de um dos Eixos do

Atuar, definido pelo espaço de prática em estudo. Cada Eixo determinou o seu caminho

metodológico na busca do objeto competência profissional para a assistência farmacêutica,

tendo como objetivos específicos comuns:

(i) descrever o perfil dos profissionais do Rio de Janeiro que realizam atividades

pertinentes à assistência farmacêutica;

(ii) identificar conhecimentos e habilidades percebidos como necessários ao adequado

exercício da assistência farmacêutica;

(iii) explorar a dinâmica da prática da assistência farmacêutica.

O Eixo da Gestão do Atuar ficou sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de

Saúde do Rio de Janeiro e focou na articulação da gestão municipal da assistência

farmacêutica com as redes de atenção à saúde. O estudo se concentrou na rede de atenção

psicossocial, tomada como situação traçadora. Foram definidas duas etapas: caracterização

do perfil dos gestores municipais e mapeamento das competências para atuar junto à rede de

atenção psicossocial. Os dados foram coletados por questionário eletrônico e em grupo focal

(ATUAR, 2014).

O Eixo do Componente Especializado do Atuar ficou sob a responsabilidade da

Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e explorou a prática

da assistência farmacêutica nos polos de dispensação do CEAF. Houve preocupação em

caracterizar os polos e os farmacêuticos que atuam nestes locais, bem como, identificar

competências gerais e específicas para atuação neste espaço (ATUAR, 2014).

O Eixo da Atenção Básica do Atuar, sob a responsabilidade do Núcleo de Assistência

Farmacêutica da Escola Nacional de Saúde Pública - Fundação Oswaldo Cruz, focou na

definição do escopo de ações realizadas pelos serviços farmacêuticos em nível municipal para

então investigar competências percebidas como necessárias para a realização das ações

definidas, o que significou listar, para cada uma das ações, os conhecimento e habilidades

necessários para desempenhá-las adequadamente. Em seguida, foi realizado diagnóstico com

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abordagem transversal dos recursos humanos na assistência farmacêutica da atenção básica

em atuação nos municípios (ATUAR, 2014).

O Eixo Hospitalar do Atuar e a coordenação geral do projeto couberam à Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF). A investigação das práticas nos hospitais

foi norteada pelo referencial da pesquisa qualitativa em saúde. A escolha por este referencial

foi resultado da compreensão do vínculo existente entre competência e observação de

situações reais, valorizando o seu contexto e a complexidade envolvida. O Eixo Hospitalar do

Atuar teve dois momentos: (i) a identificação e o processamento de situações de prática como

construção de referencial - objeto de estudos da pós-graduação em formato de residência; e

(ii) a investigação do perfil, dos conhecimentos e das habilidades percebidos como necessários

ao farmacêutico hospitalar - foco da pesquisa aqui apresentada (ATUAR, 2014).

O texto a seguir situa o conceito de assistência farmacêutica hospitalar no âmbito do

sistema de saúde brasileiro, descreve a opção metodológica adotada e os seus achados em

termos de caracterização da rede de hospitais do Rio de Janeiro, potencial humano para as

atividades de assistência farmacêutica hospitalar, perfil dos farmacêuticos que trabalham

nestes hospitais e conhecimentos, habilidades, atitudes e competências percebidos como

necessários para o adequado desempenho da assistência farmacêutica hospitalar.

Os capítulos foram estruturados de forma a comportar uma revisão de literatura, a

metodologia empregada no estudo, os resultados, as discussões e as conclusões sobre o tema

que está sendo tratado naquele capítulo.

O capítulo 1, por exemplo, apresenta a caracterização da rede de hospitais vinculados

ao SUS no Estado do Rio de Janeiro e avalia a distribuição dos farmacêuticos nestes hospitais,

com base nos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. O reduzido número

de farmacêuticos observado em correlação à diversidade e complexidade das atividades

requeridas para a assistência farmacêutica hospitalar ensejaram discussão acerca da

capacidade destes hospitais para a realização destas atividades.

O capítulo 2 descreve o caminho metodológico, as etapas de desenvolvimento e a

aplicação de questionário aos farmacêuticos de hospitais vinculados ao SUS no Estado do Rio

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de Janeiro, visando à definição do perfil profissional e da dinâmica de trabalho nestes

hospitais.

O capítulo 3 descreve os principais achados em termos de conhecimentos, habilidades,

atitudes que os farmacêuticos perceberam como importantes para a sua prática profissional,

bem como as estratégias utilizadas para a definição de competências para o exercício

profissional farmacêutico no âmbito dos hospitais.

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INTRODUÇÃO

CONTORNOS DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO BRASIL

O termo assistência farmacêutica (AF) significa, no contexto brasileiro, a realização de

um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tendo o

medicamento como insumo. O foco destas ações é o acesso e o uso racional do medicamento

enquanto tecnologia de saúde (BRASIL, 1998, 2004).

A primeira ação efetiva para garantir o acesso da população brasileira aos

medicamentos remonta ao início da década de 70, com a edição do Decreto nº 68.806, de

1971, e criação da Central de Medicamentos (CEME). A CEME era o órgão da Presidência da

República destinado a promover e organizar o fornecimento de medicamentos à população

de menor poder aquisitivo, a preços acessíveis. As ações de AF naquele momento eram

entendidas como a capacidade de fornecimento de medicamentos à população, com estímulo

à sua fabricação em âmbito nacional e, consequentemente, fortalecimento dos laboratórios

oficiais (BRASIL, 1971).

Sob a coordenação da CEME, foi proposta a criação da primeira Relação de

Medicamentos Básicos, que mais tarde originaria a Relação Nacional de Medicamentos

Essenciais (RENAME) e lançado o Programa de Farmácia Básica como forma de estimular e

racionalizar a disponibilidade de medicamentos na atenção básica (BERMUDEZ, 2003).

No final da década de 80 também foi publicada uma série de documentos visando ao

fortalecimento das ações na área de AF. Merecem destaque: Medicamentos Essenciais - Os

Caminhos da Autonomia, que apresentou dados alarmantes sobre o sistema de saúde

brasileiro ao demonstrar que 80% da população era de baixo poder aquisitivo e que apenas

48% tinha acesso aos medicamentos considerados essenciais (BRASIL, 1987a) e Medicamentos

Essenciais - Medidas para Assegurar o Abastecimento Interno, que apresentou propostas para

a universalização do acesso aos medicamentos mediante autonomia tecnológica e ampliação

da participação de empresas nacionais no mercado farmacêutico brasileiro (BRASIL, 1987b).

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Apesar de ter contribuído para o avanço da AF no Brasil, a CEME enfrentou diversos

problemas, dentre os quais baixa adesão à Relação de Medicamentos Básicos, dificuldades

logísticas, escassez de recursos e ocorrência de grandes perdas de medicamentos (GOMES,

2004). A inexistência, até aquele momento, de estudos adequados que revelassem o perfil

epidemiológico das várias regiões do Brasil resultava em excesso de oferta de alguns

medicamentos em algumas regiões, enquanto outros eram distribuídos em quantidades

insuficientes em outras (OLIVEIRA; ASSIS; BARBONI, 2010).

A criação, normatização e implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) trouxeram

profundas modificações para o sistema de saúde brasileiro. A Constituição Federal de 1988

estabeleceu a saúde como um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visassem à redução do risco de doença e de outros agravos,

possibilitando o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e

recuperação da saúde (BRASIL, 1988).

Esta definição conceitual aliada à publicação das Leis nº 8.080/1990 e 8.142/1990,

chamadas de leis orgânicas da saúde, permitiu a instituição formal do SUS, caracterizado por

ações e serviços públicos de saúde organizados em uma rede regionalizada e hierarquizada,

de forma a constituir um sistema único e com diretrizes de descentralização, atendimento

integral e participação da comunidade (BRASIL, 1988, 1990a, 1990b).

A integralidade da assistência, um dos princípios basilares do SUS, deve ser entendida

como um conjunto articulado de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e

coletivos, em todos os níveis de complexidade do sistema. Dentre os diversos aspectos que

perpassam o atendimento integral, destaca-se a assistência terapêutica integral, inclusive

farmacêutica, o que determina que esteja incluído no campo de atuação do SUS o

fornecimento de medicamentos em todos os seus níveis de atenção (BRASIL, 1990a).

A desarticulação observada para a AF até aquele momento, em descompasso com as

mudanças que vinham ocorrendo com a criação do SUS, culminaram com o encerramento das

atividades da CEME, em 1997. As atribuições da agora extinta CEME foram, então, transferidas

ao Ministério da Saúde, a quem coube formular novas diretrizes para a área de medicamentos

no Brasil (KORNIS; BRAGA; ZAIRE, 2008).

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A responsabilidade para com a efetiva implantação da assistência terapêutica integral

levou à elaboração, pelo Ministério da Saúde, de uma política específica para a questão dos

medicamentos, aprovada por meio da Portaria 3.916, em 1998. A Política Nacional de

Medicamentos (PNM) reorientou, dentre outros, o modelo de AF equiparando, em um mesmo

nível de importância, ações antes menos favorecidas (BRASIL, 1998).

Os programas e projetos na área de AF, antes da publicação da PNM, limitavam-se à

aquisição de medicamentos pelo Ministério da Saúde e sua distribuição aos Estados,

caracterizando um modelo centralizado e vertical de assistência, com foco no insumo, sem

abordagem das ações de atenção a ele relacionadas. A PNM conferiu-lhes caráter mais

abrangente, explicitando como fundamental, além do acesso aos medicamentos, a promoção

do uso racional, garantia de sua segurança, eficácia e qualidade no desenvolvimento de

iniciativas que possibilitassem a redução de preços de produtos, viabilizando o acesso da

população àqueles medicamentos considerados essenciais, bem como a descentralização da

gestão e otimização das atividades envolvidas (CONSENDEY, 2000; MAGARINOS-TORRES;

OSÓRIO-DE-CASTRO; PEPE, 2007; CFF, 2010a).

A PNM apresenta como diretriz prioritária para a ampliação do acesso e promoção do

uso racional de medicamentos no Brasil a reorientação da AF, não mais entendida apenas

como a aquisição e distribuição de medicamentos em determinada esfera de governo ou

espaço assistencial, mas como um conjunto de atividades necessárias para apoiar as

demandas de saúde com relação ao acesso aos medicamentos de qualidade e seu uso

racional. Entre elas estão a adoção da relação de medicamentos essenciais, a regulamentação

sanitária de medicamentos, a promoção do uso racional de medicamentos, o

desenvolvimento científico e tecnológico e o estímulo à produção de medicamentos em

âmbito nacional (BRASIL, 1998).

O termo AF, após a PNM, passou a envolver atividades de caráter multidisciplinar e

intersetorial, que situam como objeto de trabalho a organização das ações e serviços

relacionados ao medicamento em suas diversas dimensões, com ênfase na relação com o

paciente e a comunidade, na visão da promoção da saúde (MARIN et al., 2003).

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A partir do ano de 2003 inicia-se um novo processo que reflete o aumento da

importância da AF na assistência à saúde da população, com a criação da Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Insumos Estratégicos no Ministério da Saúde e, vinculado a esta, o Departamento

de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, responsável pela gestão das políticas

farmacêuticas no âmbito federal (OPAS, 2005; LEITE et al., 2016).

Também merecem destaque os debates realizados nesta mesma época durante a 1a

Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, que culminaram com

diversas propostas que levaram o Conselho Nacional de Saúde a aprovar, mediante publicação

da Resolução CNS nº 338, em 2004, a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF)

(BRASIL, 2004; CNM-AF, 2005).

A PNAF é parte integrante da Política Nacional de Saúde e determina que a AF deva ser

entendida como uma política pública importante para a formulação de políticas setoriais,

apresentando como alguns de seus eixos estratégicos a manutenção, a qualificação dos

serviços de AF e a capacitação de recursos humanos, bem como a descentralização das ações

(BRASIL, 2004).

A PNAF define a AF como um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e

recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo

essencial e visando ao acesso e uso racional. Este conjunto de ações envolve a pesquisa, o

desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção,

programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e

serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de

resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (PERINI, 2002; BRASIL,

2004).

Em hospitais, a AF é responsabilidade da farmácia hospitalar (FH). Espera-se que este

espaço, normalmente organizado como setor ou serviço, contribua diretamente para os

resultados da assistência prestada aos pacientes e não apenas nas atividades de provisão de

produtos e serviços. A FH deve desenvolver atividades gerenciais e clínicas condizentes com o

nível de complexidade das atividades desenvolvidas pelo hospital onde se insere,

compreendendo tanto as atividades inicialmente dispostas no ciclo logístico da AF quanto as

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atividades especializadas relacionadas à utilização de medicamentos, ensino e pesquisa

(SBRAFH, 1996; MESSEDER, 2005).

A Assistência Farmacêutica Hospitalar (AFH) é composta por pelo menos duas subáreas

distintas e complementares: a primeira está relacionada à tecnologia de gestão do

medicamento e tem como objetivo proporcionar o acesso ao medicamento, compreendendo

principalmente as atividades do ciclo logístico da AF (seleção, programação, aquisição,

armazenamento, distribuição e dispensação); a segunda relaciona-se à tecnologia do uso do

medicamento, desde a sua prescrição até a utilização e acompanhamento dos resultados

terapêuticos (MARIN et al., 2004; ARAÚJO et al., 2008; NICOLINE, 2010; CORRER; OTUKI;

SOLER, 2011; MARTINS, 2011; SILVA et al., 2013).

A qualidade da FH presente na maioria dos hospitais brasileiros constitui questão

central para garantir a efetividade da AFH e, consequentemente, das intervenções clínicas e

de segurança do paciente (BATES et al., 1997; KOHN, 2001; GOUVÊA; TRAVASSOS, 2010).

Apesar da importância atribuída ao tema, a análise das ações na área de FH realizadas no

Brasil nas últimas décadas demonstra que muito pouco se sabe e se fez de modo a garantir

uma AF de qualidade nos hospitais brasileiros (MESSEDER, 2005).

Araújo e colaboradores (2008) enfatizam que permanece o vínculo do serviço

farmacêutico com o modelo curativo, centrado na consulta médica e no pronto-atendimento,

de tal forma que a farmácia apenas atende a essas demandas, tornando-se quase impraticável

a atividade de orientação aos usuários e outras atividades de cunho mais ativo em prol de

espaços de integração com o usuário e com os demais setores do hospital.

Trabalhos realizados no intuito de avaliar a FH no contexto brasileiro apontaram ser

baixa a sua adequação frente aos indicadores de estrutura e processo. Silva (2010) empregou

62 destes indicadores para verificar a adequação das atividades da FH nos hospitais estaduais

do Rio de Janeiro, estratificados pelo nível de complexidade do hospital. A avaliação

demostrou que apenas um hospital cumpria a contento as atividades de gerenciamento e

programação e a maioria cumpria menos de 50% dos indicadores propostos, independente

do grau de complexidade das atividades desenvolvidas. Os piores resultados foram relatados

para o componente armazenamento de medicamentos. O descumprimento das atividades de

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AF pode reduzir a efetividade do tratamento e acarretar erros com risco potencial para a

saúde dos pacientes, situação preocupante uma vez que as atividades avaliadas eram

descritas como centrais da FH (VIEIRA, 2010; SILVA, 2010).

Estudo de Messeder, Osório-de-Castro e Camacho (2007) demonstrou que nenhum

dos serviços de FH avaliados frente a indicadores de estrutura e processo alcançou o patamar

de bom. Segundo este trabalho estariam classificados na categoria insuficiente 70,6% dos

serviços de hospitais de nível de hierarquia 5; 71,9% dos serviços no nível 6; 61,3% dos serviços

no nível 7 e 55% dos serviços no nível 8, indicando insuficiência dos serviços de FH, em todos

os níveis de complexidade hospitalar. Essa situação é grave se considerarmos que boa parte

dos componentes avaliados estavam classificados na legislação vigente como indispensáveis

ou necessários, atendendo a padrões mínimos de qualidade. O significado sanitário relatado

por este trabalho é de que, nestas condições, os serviços prestados por estes

estabelecimentos podem vir a causar mais riscos do que benefícios à população usuária

(MESSEDER; OSÓRIO-DE-CASTRO; CAMACHO, 2007).

Os dados do estudo intitulado Diagnóstico da Farmácia Hospitalar no Brasil revelam,

ainda, que os serviços de FH não possuem um plano de capacitação profissional e poucos são

os serviços que participam de modo ativo e comprometido de comissões hospitalares e das

demais atividades de ensino e pesquisa (OSÓRIO-DE-CASTRO; CASTILHO, 2004).

Esse quadro aponta para uma questão delicada e que requer investigação detalhada

das práticas desenvolvidas neste espaço de atuação farmacêutica. Para que se obtenham os

resultados esperados é importante que os serviços tenham profissionais em número

suficiente para execução das tarefas e com saberes e capacidade de gerir o medicamento e

executar as distintas atividades do âmbito da AF (MARIN et al., 2003).

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OBJETIVOS DA PESQUISA

OBJETIVO GERAL

Explorar conhecimentos e habilidades percebidos como necessários ao adequado

desempenho da Assistência Farmacêutica Hospitalar (AFH) tendo por referência o perfil dos

profissionais e a dinâmica de trabalho no Estado do Rio de Janeiro.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar a rede hospitalar vinculada ao SUS no Estado do Rio de Janeiro;

Analisar a distribuição dos farmacêuticos por estes hospitais;

Propor um indicador que permita discutir o potencial destes hospitais para executar as

atividades de AFH em função da disponibilidade de farmacêuticos e da complexidade das

atividades desenvolvidas;

Descrever o perfil dos farmacêuticos que atuam nestes hospitais;

Identificar conhecimentos e habilidades percebidos como necessários para o

adequado exercício da AFH.

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CAPÍTULO 1

O ESPAÇO DE PRÁTICA DO FARMACÊUTICO EM HOSPITAIS DO RIO DE JANEIRO

1.1. REFERENCIAL TEÓRICO

O SUS está estruturado como um conjunto de ações e serviços, públicos e privados,

organizados em uma rede regionalizada e hierarquizada, de forma a permitir o atendimento

integral da população. Para tanto, integram a rede de atenção ao SUS estabelecimentos que

prestam serviços em todos os níveis de atenção, desde a atenção básica, entendida como a

porta de entrada ao sistema por compreender os procedimentos de menor densidade

tecnológica e capazes de atender à maior parte dos problemas comuns de saúde da

comunidade, até as ações e procedimentos de média e alta complexidade ambulatorial e

hospitalar (BRASIL, 1988, 1990a; CONASS, 2007).

Apesar disso, devido à falta de funcionamento pleno da atenção básica ou de uma

estrutura mínima de operação, recai sobre os hospitais o peso das questões de saúde não

resolvidas na atenção básica, com consequente sobrecarga do atendimento em nível

hospitalar, fazendo com que problemas de menor complexidade passem a competir com

emergências reais de atenção. Essa situação diminui a capacidade de atendimento hospitalar

das reais demandas de média e de alta complexidade e onera o sistema, uma vez que

procedimentos realizados em serviços mais especializados e de maior complexidade terão

custo proporcionalmente maior (LOBATO, 2000).

A rede de atendimento aos serviços de média e de alta complexidade, notadamente

aqueles em nível hospitalar, consome a maior parte dos recursos alocados na saúde. O grande

percentual de investimentos alocados nestes serviços aliado ao seu importante papel para a

garantia da resolutividade e da integralidade da assistência ao cidadão, faz com que a gestão

destes serviços represente um grande desafio para os gestores de todas as esferas

administrativas do SUS (CONASS, 2007; BRASIL, 2011)

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A atenção hospitalar tem sido, ao longo de décadas, um dos principais temas de debate

acerca da assistência no SUS, o que reforça a necessidade de se implementar políticas

específicas para o setor hospitalar que induzam a uma reestruturação capaz de responder às

efetivas necessidades de saúde da população de forma integrada à rede de serviços de saúde

local e regional, na busca pela maior eficiência. O desafio da eficiência, no que diz respeito à

utilização dos recursos, pode ser alcançado a partir de investimentos em instituições de maior

porte, uma vez que estudos relatam aumento na eficiência dos hospitais à medida que

aumenta o número de leitos (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009).

Segundo a Organização Mundial da Saúde o papel desempenhado pelos hospitais no

sistema de saúde exige que estes possuam um conjunto de características, dentre as quais ser

voltado para manejo de eventos agudos; utilizado exclusivamente nos casos em que haja

possibilidades terapêuticas; com densidade tecnológica compatível com suas funções e com

escala adequada para operar com eficiência e qualidade. Apesar disso, o que se observa na

realidade brasileira é uma rede de estabelecimentos que não atendem à maioria destas

características. A rede hospitalar brasileira é heterogênea do ponto de vista de incorporação

tecnológica e complexidade de serviços, com grande concentração de recursos e de pessoal

em complexos hospitalares de cidades de médio e grande porte, com claro desequilíbrio

regional e favorecimento das regiões Sul e Sudeste do país (OMS, 2000; BRASIL, 2011).

É indiscutível a importância dos hospitais na organização da rede de saúde, seja pelos

serviços ofertados e sua grande concentração nos atendimentos de média e alta

complexidade, seja pelo considerável volume de recursos consumidos por esse nível de

atenção. Apesar disso, os hospitais integrantes do SUS enfrentam desafios próprios, podendo-

se destacar o subfinanciamento, a baixa capacidade gerencial, a ineficiência de escala, dentre

outros (CONASS, 2006).

Na área de Recursos Humanos, a baixa capacidade gerencial está diretamente

relacionada à dificuldade de monitoramento e de avaliação dos resultados individuais e dos

gastos com pessoal (CONASS, 2006). O planejamento dos recursos humanos e a definição de

quantos profissionais são necessários, de que tipo, onde, quando e para quê é uma tarefa

complexa, porém imprescindível à área de saúde (BRASIL, 2003a; LÓPEZ; PÉREZ; VEGA, 2011).

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Em linhas gerais estima-se que até 60% dos recursos aplicados em saúde sejam gastos

com a força de trabalho, o que revela a importância deste tema para o setor. Apesar disso,

poucos sistemas de saúde conseguem se preparar para a demanda de recursos humanos em

saúde ou desenvolver estratégias para garantir o equilíbrio entre a oferta e a demanda por

profissionais (BHATIA; MEREDITH; RIAHI, 2009).

Especificamente no que tange à assistência farmacêutica, não existe uma definição

clara do quantitativo de farmacêuticos ideal para a realização das atividades de AF em âmbito

hospitalar. Apesar disso, há apontamentos de que o fator determinante do dimensionamento

do quadro de funcionários da farmácia hospitalar (FH) seja a complexidade de sua assistência

em termos de manipulação, dispensação e assistência clínica (PICCHIAI, 2009).

A Lei 5.991/1973 foi a primeira a abordar o tema dos recursos humanos em Farmácia

Hospitalar (FH). Ainda que não estabelecesse claramente o número adequado de

profissionais, previu a obrigatoriedade da assistência por técnico responsável inscrito no

Conselho Regional de Farmácia, nas farmácias e drogarias, e determinou que a farmácia

deveria estar dotada de farmacêuticos, técnicos e auxiliares em número suficiente para

exercer suas funções, de acordo com o plano de prioridades assistenciais do estabelecimento

(BRASIL, 1973).

É importante salientar que a Lei 5.991/1973 foi publicada num período de grande

expansão da indústria farmacêutica, marcado pelo aumento na produção de medicamentos

e, nos hospitais, pela redução do papel do farmacêutico. Este profissional, até então

responsável por manipular grande parte dos medicamentos de uso hospitalar, viu suas

funções serem reduzidas à guarda, distribuição e dispensação de medicamentos produzidos

pela indústria (SANTOS et al., 2016).

O farmacêutico passou a ser visto apenas como dispensador de medicamentos e

muitos hospitais passaram a se opor à sua presença e não mais incorporá-lo no quadro de

funcionários. Corroborava esta interpretação o fato da Lei nº 5.991/1973 prever em seu artigo

4º, inciso XIV, a terminologia dispensário de medicamentos como sendo o setor de

fornecimento de medicamentos industrializados, privativo de pequena unidade hospitalar

(NICOLINE; VIEIRA, 2011; BRASIL, 1973).

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Tal situação ficou ainda mais evidente com a publicação da Portaria do Ministério da

Saúde nº 316, em agosto de 1977, que desobrigava os hospitais com menos de 200 leitos de

contratar farmacêuticos para compor seu quadro de funcionários (BRASIL, 1977a). Esta

portaria corroborava uma prática que já havia se tornado comum nas instituições hospitalares

brasileiras e que só foi revogada quase 33 anos depois (BRASIL, 2010).

A necessidade de recursos humanos em quantitativo adequado voltou a ser abordada

em 1997, quando o Conselho Federal de Farmácia publicou a Resolução nº 300, que

regulamentou o exercício profissional farmacêutico em unidades hospitalares, clínicas e casas

de saúde de natureza pública ou privada (CFF, 1997). E novamente em 2010, quando foi

publicada a Portaria GM/MS nº 4.283, que aprovou as diretrizes e estratégias para

organização, fortalecimento e aprimoramento das ações e serviços de farmácia no âmbito dos

hospitais. Ambos os normativos definiram que a farmácia em hospitais deveria contar com

farmacêuticos e auxiliares necessários ao pleno desenvolvimento de suas atividades,

considerando a complexidade do hospital, os serviços ofertados, o grau de informatização e

mecanização, o horário de funcionamento e a segurança para o trabalhador e para os usuários

(BRASIL, 2010; SANTANA et al., 2013).

A Lei nº 13.021, de 2014, que dispõs sobre o exercício e a fiscalização das atividades

farmacêuticas também se ateve a estabelecer, em seu artigo 5º, a obrigatoriedade da

responsabilidade e da assistência técnica de farmacêutico habilitado na forma da lei para o

funcionamento de farmácias de qualquer natureza (BRASIL, 2014).

Embora em termos legais não haja uma definição clara sobre o quantitativo adequado

de farmacêuticos e de outros profissionais para a FH, nos últimos 30 anos diversos autores se

dedicaram a estudar o tema e a propor parâmetros para o dimensionamento de recursos

humanos em FH. A primeira tentativa de que se tem relato remete ao ano de 1987, quando

Gonçalves estabeleceu a necessidade de 1 farmacêutico para cada 200 leitos e de 1 auxiliar

de farmácia e 1 auxiliar de serviços gerais para cada 100 leitos (GONÇALVES, 1987).

O Grupo de Assessoria Hospitalar da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, em

1992, propôs que para o serviço de FH de hospitais gerais com distribuição de medicamentos

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por dose individualizada seriam necessários 1 farmacêutico e 1 escriturário para cada 50

leitos, 1 auxiliar de farmácia para cada 15 leitos, 1 atendente e 1 almoxarife para o setor.

Neste mesmo ano de 1992 o Ministério da Educação publicou o documento intitulado

Modelo de Dimensionamento de Recursos Humanos para Hospitais Universitários em que

apresentou planejamento dos recursos humanos baseado no número de requisições à

farmácia ou de horas de assistência farmacêutica por atividade. Este documento estabelece,

por exemplo, que o atendente de farmácia leva em média 3 horas para atender a uma

requisição de medicamentos contendo 255 apresentações e mais 3 horas em serviços de

recebimento, armazenamento e controle dos medicamentos, devendo o número de

atendentes ser calculado com base neste parâmetro. Para atividades de internação clínica,

cirúrgica, obstétrica, berçário, UTI, tratamento por hemodiálise, por cirurgia de internação,

pronto socorro e atendimento ambulatorial estabeleceu a necessidade de 0,32 horas de

assistência farmacêutica por paciente-dia internado. Segundo este parâmetro um hospital que

atende 400 pacientes por dia, por exemplo, precisaria de até 19 funcionários de farmácia. O

cálculo considera que: 400 pacientes-dia x 0,32 horas de assistência farmacêutica por

paciente-dia internado = 128 horas-dia de pessoal de farmácia. 128 horas-dia / 8 horas

funcionário-dia = 16 funcionários + 3 de Índice de Segurança Técnico (IST) = 19 funcionários

de farmácia. Segundo este mesmo documento, para atendimentos de emergência de pronto

socorro, consulta de ambulatório, hospital de pacientes crônicos, hospital de reabilitação por

período de até 24 horas e atendimento domiciliar são necessários 0,032 horas de assistência

farmacêutica por paciente-dia internado.

A adoção de parâmetros baseados em horas de assistência farmacêutica por atividade

hospitalar também foi proposta por Machline (1996) e pela American Hospital Association

Company - AHA (1999). Estes estudos propuseram a necessidade de 0,30 e 0,32 horas de

assistência farmacêutica por paciente-dia ajustado, respectivamente.

Coelho-Júnior, Maeda (2006) e Picchiai (2009) estabeleceram o quantitativo de

profissionais de acordo com o sistema de distribuição de medicamentos adotado pelo

hospital. Segundo estes autores, para distribuição de medicamentos pelo sistema de dose

unitária são necessários 1 farmacêutico para cada 50 leitos, 1 auxiliar técnico de saúde para

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cada 25 leitos e 3 trabalhadores braçais, por serviço de FH. No sistema convencional de

distribuição de medicamentos, que geralmente mescla a distribuição coletiva e a

individualizada, são necessários 1 farmacêutico para cada 50 leitos, 1 auxiliar técnico de saúde

para cada 30 leitos e 3 trabalhadores braçais, por serviço de FH.

Vale destacar, ainda, o manual de Padrões Mínimos para a Farmácia Hospitalar e

Serviços de Saúde publicado pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de

Saúde (SBRAFH), em 2008 (Quadro 1).

Quadro 1 - Padrões Mínimos para a Farmácia Hospitalar.

Área Recursos Humanos

Atividades básicas de dispensação para pacientes internados e logística de suprimentos

1 farmacêutico para cada 50 leitos 1 auxiliar de farmácia para cada 10 leitos 1 almoxarife para cada 50 leitos

Manipulação de nutrição parenteral 1 farmacêutico para cada 100 leitos 1 auxiliar de farmácia para cada 250 leitos

Manipulação de antineoplásicos 1 farmacêutico para cada 50 leitos 1 auxiliar de farmácia para cada 100 leitos

Manipulação de outras misturas intravenosas

1 farmacêutico para cada 50 leitos 1 auxiliar de farmácia para cada 100 leitos

Manipulação magistral e oficinal 1 farmacêutico para cada 250 leitos a

1 auxiliar de farmácia para cada 250 leitos

Farmácia ambulatorial (gerenciamento, dispensação e controle de estoque)

1 farmacêutico para cada 3000 pacientes atendidos b

1 auxiliar administrativo para cada 3000 pacientes a 1 auxiliar de farmácia para cada 1000 pacientes a

Orientação farmacêutica e home care (paciente ambulatorial)

1 farmacêutico para cada 125 pacientes atendidos a, b

Atividades clínicas (paciente internado)

1 farmacêutico para cada serviço clínico com até 60 leitos a

Fracionamento 1 farmacêutico para cada 250 leitos 1 auxiliar para cada 50 leitos c

Farmácia em centro cirúrgico 1 farmacêutico por turno 1 auxiliar de farmácia para cada 4 salas de cirurgia em funcionamento, por turno

Farmacovigilância 1 farmacêutico para cada 250 leitos a

Informação sobre medicamentos 1 farmacêutico para cada 250 leitos a

Farmacocinética 1 farmacêutico para cada 250 leitos a

Pesquisa Clínica (Ensaios Clínicos) 1 farmacêutico para cada 250 leitos a

a Tempo integral e dedicação exclusiva; b Tempo estimado para a orientação individualizada ao paciente: 20 minutos (estimativa de 24 pacientes/dia/farmacêutico com carga-horária diária de 8h); c Fracionamento principalmente manual. Quando automático, a relação passa para 1 auxiliar para cada 100 leitos. Fonte – Adaptado de SBRAFH, 2008.

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Estudo realizado no âmbito do Programa de Recursos Humanos nos Hospitais

Universitários Federais - REHUF (2010) propôs a classificação das atividades hospitalares em

críticas ou não críticas, cada qual com fórmulas específicas para o cálculo do número de

profissionais necessários. Segundo esta classificação, a FH é uma atividade fim não crítica e,

neste sentido, o número de farmacêuticos e técnicos de farmácia deve considerar o número

de leitos do hospital. As fórmulas de cálculo propostas são RPL = NP/NL e PN = RPL x NL, em

que RPL = relação profissional/leito; NP = número de profissionais (por categoria); NL =

número de leitos e PN = profissionais necessários.

A análise dos vários estudos disponíveis na literatura revela, portanto, não haver um

consenso quanto ao melhor parâmetro para definição do quantitativo ideal de farmacêuticos

e demais profissionais de FH.

A falta de definição quanto ao quantitativo ideal de farmacêuticos gera situações como

a descrita pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE/MG), que avaliou o

desempenho das ações do Estado na gestão da AF e apontou que o farmacêutico não

conseguia realizar o acompanhamento do uso de medicamentos devido às múltiplas

atribuições que precisava assumir na dispensação: atendimento no balcão; controle de

estoques; rastreamento de lotes; capacitação de funcionários; dentre outras. O excesso de

atribuições, a insuficiência de farmacêuticos e a sobrecarga de serviços ocasionavam a falta

de acompanhamento ou o acompanhamento inadequado dos usuários, comprometendo o

fornecimento dos medicamentos e predispondo à ocorrência de erros, prejudicando a adesão

e a continuidade do tratamento e, consequentemente, a saúde dos pacientes. Nesse sentido,

o TCE/MG recomendou à Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) que

adotasse medidas para estruturar os centros de dispensação estaduais levando em

consideração as reais necessidades de recursos humanos, aumentando em número e

capacitando-os, visando ao pleno funcionamento da AF (TCE/MG, 2013).

Situação semelhante foi descrita por Cunha (2012), que avaliou o adequado

dimensionamento da força de trabalho em uma FH da Secretaria de Estado da Saúde de Santa

Catarina (SES/SC). Este estudo concluiu que, embora não houvesse uma legislação abordando

de forma categórica o horário de funcionamento da FH, deveria ser adotado o horário de

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funcionamento do hospital, ou seja, funcionamento ininterrupto (168 horas/semana). Diante

dessa carga horária e dos serviços executados na instituição, estabeleceu que seriam

necessários ao menos 9 farmacêuticos para a cobertura de todo o horário de funcionamento

da FH da SES/SC.

Diante do cenário apresentado e da indefinição quanto ao número ideal de

funcionários para a FH, neste capítulo o foco está no reconhecimento do atual status quo da

AF no que tange à disponibilidade e distribuição dos recursos humanos, com foco no espaço

de prática da AFH no Estado do Rio de Janeiro.

1.2. METODOLOGIA

1.2.1. Cenário da pesquisa

O Estado do Rio de Janeiro está localizado na região Sudeste do Brasil e é composto

por 92 municípios, distribuídos em 8 regiões geográficas de acordo com o Centro de

Informação e Dados do Rio de Janeiro, órgão da Secretaria de Estado de Planejamento: Baía

da Ilha Grande, Centro-Sul, Noroeste, Baixada Litorânea, Norte, Médio Paraíba, Serrana e

Metropolitana. No âmbito da Secretaria de Estado de Saúde utiliza-se praticamente a mesma

divisão geográfica, exceto pela divisão da região Metropolitana em duas (Metropolitana I e

Metropolitana II) devido ao grande contingente populacional, capacidade instalada e acesso

aos serviços de saúde (PDR-RJ, 2013).

O Estado do Rio de Janeiro é considerado uma das menores unidades da Federação

com área total de 43.864,3 km2 e uma população residente de 15.989.929 habitantes,

perfazendo uma densidade demográfica de aproximadamente 364,53 habitantes/km2. Se

considerada apenas a região Metropolitana (regionais de saúde Metropolitana I e II), a

densidade demográfica é de 2.221,8 habitantes/km2, o que aponta para uma distribuição

populacional bastante irregular, com grande concentração populacional nesta região – cerca

de 73,9% da população fluminense (IBGE, 2010).

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O índice de desenvolvimento humano dos municípios (IDH-M) do Estado do Rio de

Janeiro revela que a maioria está na faixa de médio (0,600 < IDH-M < 0,700) a alto (0,700 <

IDH-M < 0,800) desenvolvimento humano. O menor IDH-M observado (0,611) corresponde ao

município de Sumidouro (Região Serrana) e o maior (0,837), corresponde ao município de

Niterói (Região Metropolitana II), único município fluminense a atingir o nível mais alto de

desenvolvimento humano (CADERNOS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE, 2009; IBGE, 2010).

No que tange à oferta de leitos hospitalares pelo SUS, os dados do DATASUS revelam

que no ano de 2012 o Estado do Rio de Janeiro ofertava 1,82 leitos/1.000 habitantes, número

superior ao descrito para a região Sudeste, de 1,55 leitos/1.000 habitantes. Apesar disso, nos

últimos anos, observou-se redução do número de leitos por habitantes haja vista que em 2005

os índices eram de 2,3 leitos/1.000 habitantes para o Rio de Janeiro e de 1,8 leitos/1.000

habitantes para a região Sudeste, indicando uma retração em investimentos públicos na área

de saúde (DATASUS, 2014).

1.2.2. Características da pesquisa

Esta etapa do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar foi desenhada como uma pesquisa com

finalidade exploratória, baseada em dados secundários do Cadastro Nacional de

Estabelecimentos de Saúde (CNES). A classificação como pesquisa exploratória encontra

sentido em pesquisas que visam aprofundar e sistematizar o conhecimento em uma área onde

as informações são escassas, não sendo possível partir de hipóteses e estas, se surgirem,

apenas serão vislumbradas ao final do projeto (TRIVIÑOS, 1987; TOBAR; YALOUR, 2001; GIL,

2002).

1.2.3. Fonte dos dados

Os hospitais que compõem a rede vinculada ao SUS no estado do Rio de Janeiro e os

farmacêuticos que atuam nessas instituições foram identificados a partir dos dados do CNES,

mediante levantamento realizado entre agosto e outubro de 2013, no sítio eletrônico

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http://cnes.datasus.gov.br. O CNES é o principal sistema de informação de abrangência

nacional sobre estabelecimentos de saúde, instituído pelo Ministério da Saúde através da

Portaria MS/SAS nº 376/2000 (BRASIL, 2000).

Foram selecionados para estudo os hospitais vinculados ao SUS, de todas as esferas

administrativas (municipal, estadual ou federal), independente da natureza da organização

(pública ou privada). Para tanto, acessou-se a opção Relatórios > Atendimentos Prestados,

aplicando-se os seguintes filtros: (i) Atendimento Prestado - internação; (ii) Convênio - SUS;

(iii) Esfera administrativa - todos; (iv) Natureza da organização - todos; e (v) Estado - Rio de

Janeiro. Após processamento, obteve-se uma lista com todos os estabelecimentos que se

enquadraram nas características definidas, sendo considerados somente os Hospitais Gerais

e os Hospitais Especializados. Por opção metodológica não foram considerados os hospitais-

dia, pois conforme definições do CNES, os hospitais-dia são caracterizados como unidades

especializadas no atendimento de curta duração com caráter intermediário entre a assistência

ambulatorial e a internação, não configurando assistência hospitalar em seu sentido estrito.

Selecionando uma das opções, Hospital Geral ou Hospital Especializado, obteve-se

uma lista com todos os estabelecimentos naquela categoria. A partir da ficha cadastral de cada

hospital, foram coletadas as seguintes variáveis: nome fantasia, número de registro no CNES,

número de registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), município, telefone de

contato, perfil do estabelecimento, regime de propriedade, esfera administrativa, número de

leitos totais, número de leitos SUS, funcionários que são farmacêuticos, carga horária semanal

de trabalho de cada farmacêutico e data da última atualização dos dados.

O nível de hierarquia dos hospitais foi obtido na opção Relatórios > Níveis de

Hierarquia, aplicando-se os seguintes filtros: (i) Estado - Rio de Janeiro; (ii) Município - todos;

(iii) Competência - outubro de 2013. Selecionando cada uma das opções de nível de hierarquia

que correspondem aos níveis hospitalares (níveis 5, 6, 7 e 8), obteve-se a lista com todos os

estabelecimentos naquela categoria.

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1.2.4. Caracterização da rede hospitalar

Os hospitais fluminenses vinculados ao SUS foram caracterizados quanto ao seu porte,

perfil assistencial, nível de hierarquia, tipo de administração e localização (CAVALLINI; BISSON,

2002; GIOVANELLA, 2012; NETO et al., 2012).

Quanto ao porte, foram classificados como pequenos os hospitais com até 50 leitos;

médios, os hospitais que contêm entre 51 e 150 leitos; e grandes, os hospitais com mais de

151 leitos. Não foi considerada a classificação hospitais com capacidade extra (acima de 500

leitos), uma vez que apenas uma instituição pouco ultrapassou esse quantitativo de leitos

(apresentou 503 leitos) e foi incluída na classificação grande porte (BRASIL, 1977b).

Quanto ao perfil assistencial, os hospitais foram classificados de acordo com as

definições do CNES em gerais ou especializados. Os hospitais gerais foram considerados como

aqueles destinados à prestação de atendimento nas especialidades básicas, por especialistas

e/ou outras especialidades médicas, dispondo de serviço de atendimento diagnóstico e

terapêutico (SADT) de média complexidade, podendo dispor de serviço de

urgência/emergência e/ou ter Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos

(SIPAC). Os hospitais especializados foram considerados como aqueles destinados à prestação

de assistência à saúde em uma única especialidade ou área, podendo ou não dispor de serviço

de urgência/emergência e SADT, tendo ou não SIPAC, mas que geralmente atuam como

referência regional, macrorregional ou estadual (BRASIL, 2003b).

Quanto ao nível de hierarquia dos hospitais, foram consideradas as definições da

Portaria Técnica PT/SAS/MS nº 569, de 2002 (BRASIL, 2002b), que estabelece a classificação

dos estabelecimentos de acordo com a complexidade das atividades desenvolvidas: nível 5 –

menor complexidade; níveis 6 ou 7 – média complexidade; e nível 8 – alta complexidade

(Quadro 2).

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Quadro 2 - Níveis de hierarquia dos estabelecimentos de saúde brasileiros.

Nível Descrição

01 Estabelecimento de Saúde ambulatorial que realiza somente Procedimentos de Atenção

Básica - PAB e ou Procedimentos de Atenção Básica Ampliada definidos pela NOAS.

02 Estabelecimento de Saúde ambulatorial que realiza procedimentos de Média

Complexidade definidos pela NOAS como de 1º nível de referência - M1.

03

Estabelecimento de Saúde ambulatorial que realiza procedimentos de Média

Complexidade definidos pela NOAS como de 2º nível de referência - M2 e /ou de 3º nível

de referência - M3.

04 Estabelecimento de Saúde ambulatorial capacitado a realizar procedimentos de Alta

Complexidade definidos pelo Ministério da Saúde.

05

Estabelecimento de Saúde que realiza, além dos procedimentos previstos nos de níveis de

hierarquia 01 e 02, o primeiro atendimento hospitalar em pediatria e clínica médica,

partos e outros procedimentos hospitalares de menor complexidade em clínica médica,

cirúrgica, pediatria e ginecologia/ obstetrícia.

06

Estabelecimento de Saúde que realiza procedimentos previstos nos de níveis de

hierarquia 02 e 03, além de procedimentos hospitalares de média complexidade. Por

definição enquadram-se neste nível os hospitais especializados.

07

Estabelecimento de Saúde que realiza procedimentos hospitalares de média

complexidade. Realiza procedimentos previstos nos estabelecimentos de níveis de

hierarquia 02 e 03, abrangendo SADT ambulatorial de alta complexidade.

08 Estabelecimento de Saúde que realiza procedimentos de alta complexidade no âmbito

hospitalar e/ou ambulatorial.

Fonte - Adaptado da Portaria Técnica PT/SAS/MS nº 569, de 2002.

Quanto ao tipo de administração (ou regime de propriedade) os hospitais foram

classificados de acordo com as definições do CNES em públicos ou privados. Foram

considerados públicos aqueles com administração direta pelo Ministério da Saúde, Secretaria

Estadual de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde ou outros Órgãos Públicos, bem como os

de administração indireta por Autarquias, Fundações Públicas ou Organização Social Pública.

Foram considerados privados os hospitais com administração por Empresa ou Fundação

Privada e as Entidades Beneficentes sem Fins Lucrativos (CNES, 2013; GIOVANELLA, 2012).

Quanto à localização, os hospitais foram classificados em hospitais da região

metropolitana do Rio de Janeiro e em hospitais de municípios não integrantes da região

metropolitana, considerados como interior do Estado do Rio de Janeiro (IBGE/2010).

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Estes hospitais também foram analisados quanto à sua distribuição pelo território

fluminense. A abordagem espacial possibilita a integração de dados de diferentes fontes e

formatos, permitindo o cruzamento das informações e fornecendo elementos para a

construção e explicações dos fenômenos observados, tornando-se uma poderosa ferramenta

para conexão entre saúde e ambiente (CÂMARA; MEDEIROS, 1998; SANTOS et al., 2004; HINO

et al., 2006). A dispersão espacial dos hospitais, dos leitos destinados ao SUS e dos

farmacêuticos foi avaliada por meio de mapeamento com o auxílio do programa Tabwin® –

versão 3.6, desenvolvido pelo DATASUS e disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

1.2.5. Estruturação de indicador para avaliar o potencial dos hospitais para as atividades de

AFH

A análise do potencial de um hospital para a realização de determinada atividade

pressupõe a identificação das demandas e dos recursos disponíveis nesta instituição,

relacionados à atividade que se quer avaliar. A comparação entre as demandas e os recursos

disponíveis determinará se a instituição tem maior ou menor potencial para a realização

daquela atividade.

Neste sentido, o primeiro passo para a estruturação de um indicador capaz de avaliar o

potencial humano dos hospitais para a realização das atividades de AFH foi a identificação das

demandas da AFH e dos recursos disponíveis. Como demandas foram estabelecidas "as

atividades de AF a serem desenvolvidas naquela instituição" e como recursos, "o quantitativo

de farmacêuticos disponíveis para executar tais atividades.

Para a identificação dos fatores que determinam as atividades de AF a serem

desenvolvidas na instituição foi analisada, como marco teórico de referência, a caracterização

hospitalar proposta por Neto e cols. (2012), segundo a qual os hospitais podem ser

classificados quanto ao seu porte, perfil assistencial, nível de complexidade das atividades

prestadas, papel do estabelecimento na rede de serviços de saúde e regime de propriedade.

Tais características foram confrontadas, ainda, com os achados de pesquisas avaliativas em

AFH (BRASIL, 2002b; OSÓRIO-DE-CASTRO; CASTILHO, 2004; MESSEDER, 2005; MAGARINOS-

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TORRES; OSÓRIO-DE-CASTRO; PEPE, 2007; SILVA et al., 2013) e com as diretrizes da Sociedade

Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde vigentes naquele momento (SBRAFH,

2008).

Os dados da literatura sugerem que as características do hospital que determinam o

conjunto de atividades de AF que devem ser executadas pela FH são o nível de hierarquia e o

porte do hospital. O nível de hierarquia determina a diversidade e complexidade das

atividades a serem desenvolvidas (BRASIL, 2002b; MESSEDER, 2005) enquanto o porte tem

implicação no volume diário de cada atividade desenvolvida no hospital, estando diretamente

associado ao número de atendimentos realizados (SBRAFH, 2008). Apesar do nível de

hierarquia e do porte do hospital impactarem nas demandas para a AFH, estes dois fatores

sempre foram abordados de forma separada. Neste trabalho foi proposta a abordagem

conjunta destes dois fatores.

A associação entre o nível de hierarquia e o porte do hospital foi utilizada, ainda, como

um balizador do quantitativo de farmacêuticos necessários para executar as atividades de AFH

nos hospitais. Isto porque numa situação ideal, quanto maior o nível de hierarquia e o porte

do hospital, maiores serão as demandas para a AFH e, consequentemente, maior a

necessidade de farmacêuticos para atender às demandas do hospital. Dessa forma, a próxima

etapa consistiu na definição dos recursos humanos necessários para a realização das

atividades de AFH, ou seja, o quantitativo de farmacêuticos disponíveis na instituição para a

execução destas atividades.

É importante destacar que, embora a equipe de FH seja composta de farmacêuticos,

técnicos, auxiliares, profissionais administrativos e de serviços gerais, o farmacêutico foi

escolhido como profissional marcador por ser o líder da equipe e o que tem o maior poder

decisório, determinando as rotinas do setor. Além disso, é o único profissional de nível

superior que atua na farmácia hospitalar que possui cadastro diferenciado no CNES (CBO

223405 - FARMACÊUTICO)1. Os demais profissionais de nível médio ou técnico, quer atuem na

1 Não foram considerados os profissionais cadastrados no CNES sob o código CBO 223415 – FARMACÊUTICO BIOQUÍMICO, pois estes profissionais atuam em laboratório de análises clínicas e não na farmácia hospitalar.

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FH ou em outros setores, não possuem cadastro diferenciado, não sendo possível identificar,

a partir do cadastro no CNES, seu local de atuação dentro do hospital.

A avaliação do quantitativo de farmacêuticos disponíveis na instituição para a

execução das atividades de AF levou em consideração a definição dos artigos 15 da Lei nº

5.991/1973 e 6º da Lei nº 13.021/2014, de que a FH deve ter obrigatoriamente a assistência

de farmacêutico responsável durante todo o horário de funcionamento do estabelecimento

(BRASIL, 1973, 2014). Desta forma, entendeu-se necessário definir o número mínimo de

farmacêuticos para que o serviço de FH contasse com pelo menos um farmacêutico durante

todo o horário de funcionamento do hospital, considerando-se as atividades relacionadas à

dispensação de medicamentos para pacientes internados e logística de suprimentos.

O número mínimo de farmacêuticos necessários para a cobertura de todo o horário de

funcionamento do estabelecimento foi calculado dividindo-se o horário de funcionamento

semanal dos hospitais (168 horas) pelo número de horas semanais de trabalho dos

farmacêuticos cadastradas no CNES - mediana de 25 horas (168/25 = 6,72). A mediana foi

utilizada devido à grande dispersão observada para os dados, sendo uma medida estatística

menos sensível a valores outliers, quando comparada à média.

Também foi considerada a necessidade de pelo menos 1 profissional para a cobertura

de férias e outros afastamentos (6,72 + 1 = 7,72). Desse modo, entendeu-se como necessário,

em média, um número superior a 7 farmacêuticos para a cobertura de todo o horário de

funcionamento do hospital, considerando-se apenas as atividades relacionadas à dispensação

de medicamentos para pacientes internados e logística de suprimentos. A partir deste número

foram estabelecidas quatro faixas de quantitativo de farmacêuticos:

0 farmacêuticos: inexistência de profissional durante o horário de funcionamento da

FH - hospital sem assistência farmacêutica;

1 a 7 farmacêuticos: número insuficiente de profissionais para garantir a cobertura de

todo o horário de funcionamento da FH;

8 a 14 farmacêuticos: número suficiente de profissionais para garantir a cobertura de

todo o horário de funcionamento da FH, em hospitais de menor porte e nível de

hierarquia;

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15 ou mais farmacêuticos: número suficiente de profissionais para garantir a cobertura

de todo o horário de funcionamento da FH.

Estabelecidos os parâmetros de nível de hierarquia e porte como determinantes das

demandas para a AFH e as faixas com quantitativos de farmacêuticos como os recursos

disponíveis para a execução das atividades de AF, o segundo passo na estruturação do

indicador foi a categorização dos hospitais de acordo com estes três parâmetros, utilizando-

se uma tabela de tripla entrada. A comparação entre essas três variáveis foi utilizada como

uma estratégia para predizer o potencial humano para a realização da AFH.

O terceiro passo consistiu no agrupamento destes hospitais segundo o indicador

composto estruturado utilizando-se a escala de avaliação de seis níveis, baseada no Modelo

de Kano (MARTINS et al., 2011; KANO et al., 1984). Como parâmetro, estabeleceu-se que o

potencial humano para a realização das atividades de AFH irá variar em função do equilíbrio

entre as demandas para a AFH (determinadas pelo porte e nível de hierarquia do hospital) e

os recursos humanos disponíveis para a execução das atividades (número de farmacêuticos

no hospital, de acordo com as faixas definidas).

Desta forma, quanto maior o número de farmacêuticos disponíveis em hospitais de

menor nível de hierarquia e porte, maior será o potencial humano para a realização das

atividades de AFH. Do contrário, quanto menor o número de farmacêuticos disponíveis em

hospitais de maior nível de hierarquia e porte, menor será o potencial humano para a

realização das atividades de AFH. A partir desta lógica foram estabelecidas seis categorias de

potencial humano para a AFH: grupo 01 - ótimo; grupo 02 - muito bom; grupo 03 - bom; grupo

04 - ruim; grupo 05 - muito ruim e grupo 06 - péssimo potencial humano para a realização das

atividades de AFH relacionadas à dispensação de medicamentos para pacientes internados e

logística de suprimentos.

Os resultados foram analisados frente aos parâmetros de qualidade para a AFH,

assumindo a atividade de fornecimento de medicamentos para os pacientes hospitalizados

como sendo a que define a FH (MESSEDER; OSÓRIO-DE-CASTRO; CAMACHO, 2007). O

mapeamento dos hospitais, segundo o indicador de potencial para a AFH, foi realizado com o

auxílio do programa Tableau® - versão 9.0. Para tanto, foi necessária a obtenção das

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coordenadas geográficas (latitude e longitude) de cada hospital, o que foi feito a partir do

endereço informado para o hospital no CNES, utilizando-se o Google Maps (https://www.

google.com.br/ maps).

1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados do CNES, referentes ao ano de 2013, revelaram a existência de 294 hospitais

vinculados ao SUS no Estado do Rio de Janeiro, incluindo a rede própria e a rede privada

conveniada ao SUS. Destes, 26 hospitais constaram como desativados, o que permitiu inferir

que a rede hospitalar fluminense vinculada ao SUS, naquele momento, era composta por 268

hospitais ativos e que disponibilizavam ao SUS 26.571 leitos (88,4% dos 30.042 leitos

disponíveis nesse conjunto de hospitais).

A maior parte destes hospitais tem porte médio, com número total de leitos variando

entre 51 e 150 leitos (51,1%), perfil assistencial geral (65,7%), nível de hierarquia 8 (57,1%), é

de gestão pública (54,5%) e está localizado na região metropolitana do estado do Rio de

Janeiro (53,4%) (Tabela 1).

Tabela 1 - Perfil dos hospitais fluminenses vinculados ao SUS.

Característica Nº %

Porte Pequeno 67 25,0 Médio 137 51,1 Grande 64 23,9

Perfil assistencial

Geral 176 65,7 Especializado 92 34,3

Nível de hierarquia

Nível 5 1 0,4 Nível 6 72 26,8 Nível 7 42 15,7 Nível 8 153 57,1

Tipo de administração

Pública 146 54,5 Privada 122 45,5

Localização Região metropolitana do Estado 143 53,4 Interior do Estado 125 46,6

Nota - Cada componente totaliza 268 hospitais e percentual de 100%. Fonte - CNES, 2013.

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A distribuição territorial desses hospitais revelou que há hospitais que ofertam leitos

ao SUS em 87,0% dos municípios fluminenses. Todavia, foram observadas diferenças

acentuadas nesta oferta em razão do município, com variação de 1 a 88 hospitais e de 15 a

11.353 leitos SUS (Figura 1-A, 1-B). Também foram identificados 1.408 farmacêuticos atuando

nos hospitais vinculados ao SUS de 75 municípios. O quantitativo de profissionais variou

enormemente por município, com concentração elevada na região metropolitana. A variação

foi de 1 a 872 farmacêuticos por município (Figura 1-C).

Esses dados indicam tendência de concentração dos hospitais (53,4%), leitos SUS

(61,0%) e de farmacêuticos (79,2%) em municípios que integram a região Metropolitana do

Estado - Rio de Janeiro, São Gonçalo, Niterói, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Duque de Caxias,

Itaboraí, Itaguaí, Magé, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Paracambi, Queimados, São João de

Meriti e Tanguá. A maior concentração de hospitais e leitos foi observada no município do Rio

de Janeiro e pode ser explicada pelo fato deste município ter sido a capital do Brasil,

concentrando grande número de hospitais federais construídos à época e porque, ainda hoje,

73,9% da população fluminense está concentrada no município do Rio de Janeiro e nos

municípios do seu entorno, que compõem a região Metropolitana, gerando grande demanda

por serviços e profissionais de saúde (IBGE, 2010).

A região metropolitana do Estado também é aquela com maior concentração de

hospitais especializados, 73 dos 92 existentes. Esta organização pode ser devida à maior

capacidade instalada de serviços nessa região, com maior nível de especialização, fazendo

com que funcione como referência em serviços especializados para as demais regiões.

Resultado similar foi descrito em estudo realizado com hospitais filantrópicos sem fins

lucrativos, com relato de tendência dos hospitais mais complexos e especializados a se

localizarem nas capitais e grandes cidades (PORTELA et al., 2004).

Não foram identificados hospitais vinculados ao SUS em 12 municípios fluminenses -

Carapebus, Cardoso Moreira, Comendador Levy Gasparin, Guapimirim, Iguaba Grande, Italva,

Japeri, Macuco, Paty dos Alferes, São José de Ubá, Sapucaia e Seropédica (Figura 1-A).

Segundo dados do Censo do IBGE/2010, a população total desses municípios era de

aproximadamente 352.370 habitantes, cerca de 2,2% da população estadual.

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Distribuição dos Hospitais

Figura 1-A - Oferta de hospitais vinculados ao SUS no estado do Rio de Janeiro, por município. (Apêndice 1) Fonte - CNES, 2013.

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Distribuição dos Leitos SUS

Figura 1-B - Oferta de leitos em hospitais vinculados ao SUS no estado do Rio de Janeiro, por município. (Apêndice 1)

Fonte - CNES, 2013.

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Distribuição dos Farmacêuticos

Figura 1-C - Oferta de farmacêuticos em hospitais vinculados ao SUS no estado do Rio de Janeiro, por município. (Apêndice 1) Fonte - CNES, 2013.

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A comparação das Figuras 1-A e 1-C revelou a existência de municípios com hospitais

e sem cadastro de farmacêuticos no CNES, tais como os municípios de Cordeiro, Mendes,

Paracambi e Paraty. Tal situação ensejou investigação detalhada de cada um dos hospitais

fluminenses e confirmou a existência de 26 hospitais (9,7%) sem cadastro de farmacêutico.

Estes hospitais estavam localizados em 14 municípios: Araruama, Cabo Frio, Cordeiro,

Mendes, Nilópolis, Niterói, Paracambi, Paraíba do Sul, Paraty, Porciúncula, Rio de Janeiro, São

Gonçalo, Vassouras e Volta Redonda.

É importante destacar que não se pode afirmar que nesses hospitais, de fato, não

houvesse farmacêuticos trabalhando, mas a inexistência de registro no CNES constituiu um

indicativo da ausência deste profissional no hospital. A ausência de farmacêuticos contraria o

disposto na Lei nº 5.991, de 1973, reiterado na Lei nº 13.021, de 2014, que determina que a

farmácia para atendimento privativo de unidade hospitalar ou qualquer outra equivalente de

assistência médica deve ter obrigatoriamente a assistência de técnico responsável inscrito no

Conselho Regional de Farmácia e que sua presença é obrigatória durante todo o horário de

funcionamento do estabelecimento (BRASIL, 1973, 2014).

Nos 242 estabelecimentos hospitalares que possuíam farmacêuticos cadastrados no

CNES, o número total de farmacêuticos por estabelecimento variou de um a 49. A maior parte

destes, 186 hospitais, tinham no máximo 7 farmacêuticos. Ainda com relação ao número de

farmacêuticos por hospital, 86 tinham apenas um farmacêutico e 42, apenas 2 farmacêuticos

cadastrados. Estes dados corroboram os achados do Conselho Federal de Farmácia (CFF)

que, em parceria com a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde

(SBRAFH), realizou o censo dos farmacêuticos hospitalares brasileiros e apontou uma média

de 0,9 farmacêuticos por hospital privado e de 3,1 farmacêuticos por hospital público (CFF,

2010b).

A Portaria GM/MS nº 4.283, de 2010, estabelece que a farmácia em hospitais deve

contar com farmacêuticos e auxiliares em número suficiente para o pleno desenvolvimento

de suas atividades, considerando a complexidade do hospital, os serviços ofertados, o grau de

informatização e mecanização, o horário de funcionamento e a segurança para trabalhadores

e usuários (BRASIL, 2010). O número mínimo de farmacêuticos recomendado dependerá das

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atividades desenvolvidas, da complexidade do cuidado, do grau de informatização e

mecanização da unidade (SBRAFH, 2008).

De acordo com os Padrões Mínimos para a Farmácia Hospitalar, a unidade de FH, para

proporcionar o desenvolvimento de processos seguros e sem sobrecarga ocupacional, deve

contar com farmacêuticos e auxiliares em número adequado para a realização das suas

atividades, atendendo minimamente à proporção de 1 farmacêutico para cada 50 leitos

hospitalares, se consideradas as atividades de dispensação a pacientes internados e logística

de suprimentos, comuns a praticamente todos os hospitais (SBRAFH, 2008).

A média estadual foi de 2,3 farmacêuticos no SUS para cada 50 leitos hospitalares.

Embora esse dado global sugira que o Estado do Rio de Janeiro esteja dentro da faixa

considerada minimamente ideal pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços

de Saúde, esse valor é, em muito, alavancado pelos hospitais da região Metropolitana que,

como já descrito, concentra a maioria dos profissionais. Dos 10 estabelecimentos com

melhores relações de farmacêuticos por 50 leitos, 9 estão localizados na cidade do Rio de

Janeiro. A média de farmacêuticos no município do Rio de Janeiro é de 1 farmacêutico para

cada 14 leitos hospitalares, seguido do município de Niterói, com média de 1 farmacêutico

para cada 17 leitos.

No interior do Estado a situação é bastante diferente. Foram observados 101 hospitais,

distribuídos em 34 municípios, em que cada farmacêutico se responsabilizava por um número

maior do que 50 leitos. O caso mais extremo observado foi de um hospital com 456 leitos e

apenas um único farmacêutico cadastrado.

A baixa disponibilidade de farmacêuticos na maioria dos hospitais ensejou investigação

do potencial humano destes estabelecimentos para a realização das atividades de AFH. Os

elementos eleitos para compor o indicador foram o nível de hierarquia do hospital, o porte do

hospital e a disponibilidade de farmacêuticos no hospital. O referencial teórico adotado

balizou a escolha, vista a afirmação de que existe correlação entre as atividades

desempenhadas pelo farmacêutico no hospital e o binômio nível de hierarquia e porte

hospitalar no desempenho adequado das atividades da AFH.

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48

O nível de hierarquia identifica a complexidade das atividades desenvolvidas pelo

hospital ao classificá-lo em menor (nível 5), média (níveis 6 ou 7) ou alta complexidade (nível

8) (BRASIL, 2002b) e tem implicação direta na natureza e complexidade das atividades

desenvolvidas pela FH, em função das demandas requeridas para a AFH. Atividades como o

gerenciamento, a seleção, as diferentes etapas da logística (programação, aquisição e

armazenamento), o fornecimento de medicamentos e o fornecimento de informação devem

acontecer em todos os hospitais, independente do nível de hierarquia. Essas atividades são

consideradas estruturantes e visam atender à função precípua da AFH de promover o acesso

a medicamentos de qualidade de maneira tempestiva e fundamentada para o uso adequado.

Outras atividades atinentes à AFH como seguimento farmacoterapêutico, ensino e pesquisa,

embora desejadas em todos os hospitais, são consideradas indispensáveis apenas naqueles

de maior nível de hierarquia (MESSEDER , 2005; MESSEDER; OSÓRIO-DE-CASTRO; CAMACHO,

2007).

O porte do hospital é definido pela sua quantidade de leitos (BRASIL, 1977b). A

quantidade de leitos, por sua vez, define o número diário de atendimentos, o que interfere

diretamente no volume de trabalho da FH e, consequentemente, do farmacêutico. O número

de atendimentos é determinante para a AFH, por exemplo, na atividade de fornecimento de

medicamentos aos pacientes. Quanto maior o número de pacientes atendidos pelo hospital

maior é o tempo requerido para o manejo e para o preparo da distribuição de medicamentos.

Nessa situação são necessários maiores esforços para a gestão dos estoques em atenção aos

indicadores logísticos e a qualidade do processo e do produto para o uso adequado destes

medicamentos (SBRAFH, 2008).

Outra atividade que também é influenciada pelo número de atendimentos realizados

no hospital é a atividade de monitoramento do uso e de eventos adversos. Esse

monitoramento exige que o farmacêutico faça o acompanhamento do prontuário e das

prescrições de cada paciente, com vistas à identificação e a resolução de problemas

relacionados à utilização dos medicamentos (RIBEIRO; COSTA, 2015). Logo, em hospitais de

mesmo nível de hierarquia, mas com portes distintos, é razoável que haja uma demanda maior

de trabalho para os farmacêuticos naqueles hospitais com um número maior de leitos.

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49

O binômio nível de hierarquia e porte do hospital é, portanto, determinante na

natureza e na complexidade das demandas requeridas para a AFH. Neste sentido, o perfil do

hospital deve ser fator decisivo no dimensionamento do quadro de pessoal da FH (PICCHIAI,

2009; MURPHY et al., 2014). A maior disponibilidade de farmacêuticos para execução das

atividades pode se traduzir em maior potencial para a realização das atividades de AFH.

Quanto maior a diversidade e complexidade das atividades farmacêuticas em um mesmo

hospital, o que considera a natureza do hospital e o número esperado de pacientes, maior

deverá ser a disponibilidade de farmacêuticos para executá-las com a devida qualidade

(SBRAFH, 2008; BRASIL, 2010).

As faixas com quantitativos de farmacêuticos adotadas nesse trabalho foram

estabelecidas em acordo à legislação brasileira, que estabelece a obrigatoriedade da presença

de farmacêutico responsável pela FH durante todo o horário de funcionamento do hospital

(BRASIL, 1973, 2014). A importância da presença do farmacêutico na FH durante as atividades

do hospital está fundamentada no papel de destaque atribuído a esse profissional no

comando das atividades de AFH. A qualidade deste trabalho, em última instância, tem

implicação na efetividade e na qualidade da assistência prestada (GOUVÊA; TRAVASSOS, 2010;

TRIPATHI et al., 2015).

Estes três parâmetros (nível de hierarquia do hospital, porte do hospital e número de

farmacêuticos no hospital) foram utilizados para a categorização dos 268 hospitais

fluminenses vinculados ao SUS (Tabela 2).

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50

Tabela 2 - Distribuição dos hospitais do Estado do Rio de Janeiro vinculados ao SUS, segundo

o número de farmacêuticos, porte e nível de hierarquia dos hospitais.

Fonte - CNES, 2013.

A correlação do binômio nível de hierarquia e porte hospitalar com a disponibilidade

de farmacêuticos no hospital compôs o indicador denominado Potencial Humano para a

Assistência Farmacêutica Hospitalar (PHAFH). O indicador de PHAFH se propõe a avaliar o

potencial do hospital para a realização das atividades farmacêuticas, em termos de recursos

humanos farmacêuticos, frente à complexidade das atividades (definida pelo nível de

hierarquia do hospital) e ao número de leitos do estabelecimento (definido pelo porte do

hospital).

Por utilizar dados de fácil acesso, o PHAFH se apresenta como uma alternativa que se

soma aos tradicionais índices utilizados na avaliação da AFH (OSÓRIO-DE-CASTRO; CASTILHO,

2004; MESSEDER, 2005; MAGARINOS-TORRES; OSÓRIO-DE-CASTRO; PEPE, 2007; SILVA et al.,

2013), de modo a superar limitações referentes ao tempo de coleta de dados e de cálculo e,

ainda assim, emitir julgamento de valor que subsidie a compreensão dos gestores e dos

usuários do sistema de saúde a respeito da qualidade da AFH.

Esse indicador foi utilizado como ferramenta para predizer o potencial dos hospitais

fluminenses para a realização das atividades de AF, de acordo com as seis categorias de

NÚMERO DE HOSPITAIS EM CADA FAIXA

Sem

farmacêutico

De 1 - 7

farmacêuticos

De 8 - 14

farmacêuticos

15 ou mais

farmacêuticos

NÍV

EL D

E H

IER

AR

QU

IA

Nível 5 - - - - Pequeno

PO

RTE

Nível 5 1 - - - Médio

Nível 5 - - - - Grande

Nível 6 ou 7 7 31 - 1 Pequeno

Nível 6 ou 7 7 44 3 - Médio

Nível 6 ou 7 4 17 - - Grande

Nível 8 2 22 4 - Pequeno

Nível 8 3 55 13 11 Médio

Nível 8 2 17 8 16 Grande

Total 26 186 28 28

Total Geral = 268 hospitais

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51

resposta propostas: grupo 01 - ótimo; grupo 02 - muito bom; grupo 03 - bom; grupo 04 - ruim;

grupo 05 - muito ruim e grupo 06 - péssimo potencial humano para a realização das atividades

de AFH.

A Figura 2 e a tabela 3, a seguir, apresentam respectivamente o agrupamento proposto

para compor estas seis categorias de potencial humano para a AFH e a descrição das

categorias obtidas considerando-se os dados do Rio de Janeiro, em correlação ao montante

de hospitais alocados em cada categoria.

Fonte - CNES, 2013.

Legenda: Potencial Humano para a Assistência Farmacêutica Hospitalar (PHAFH)

Figura 2 - Agrupamento dos hospitais fluminenses segundo seu Potencial Humano para a Assistência Farmacêutica Hospitalar (PHAFH).

NÚMERO DE HOSPITAIS EM CADA FAIXA

Sem

farmacêutico

De 1 - 7

farmacêuticos

De 8 - 14

farmacêuticos

15 ou mais

farmacêuticos

NÍV

EL D

E H

IER

AR

QU

IA

Nível 5 - - - - Pequeno

PO

RTE

Nível 5 1 - - - Médio

Nível 5 - - - - Grande

Nível 6 ou 7 7 31 - 1 Pequeno

Nível 6 ou 7 7 44 3 - Médio

Nível 6 ou 7 4 17 - - Grande

Nível 8 2 22 4 - Pequeno

Nível 8 3 55 13 11 Médio

Nível 8 2 17 8 16 Grande

Total 26 186 28 28

Total Geral = 268 hospitais

Péssimo Muito ruim Ruim Bom Muito bom Ótimo

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Tabela 3 - Distribuição dos hospitais fluminenses segundo seu Potencial Humano para a Assistência Farmacêutica Hospitalar (PHAFH).

Categorias PHAFH

Definição Composição

(hospitais fluminenses)

Distribuição dos hospitais fluminenses

Número %

Grupo 01 Ótimo potencial humano para

realização das atividades

pertinentes à AFH.

Hospitais com até 50 leitos, nível de

hierarquia 6 ou 7 e com 15 ou mais

farmacêuticos.

1 0,4%

Grupo 02 Muito bom potencial humano

para realização das atividades

pertinentes à AFH.

Hospitais com mais de 50 leitos, nível de

hierarquia 8 e com 15 ou mais

farmacêuticos.

27 10,1%

Grupo 03 Bom potencial humano para realização das atividades pertinentes à AFH.

Hospitais de pequeno ou médio porte, nível de hierarquia 6, 7 ou 8 e com número de farmacêuticos entre 8-14.

20 7,4%

Grupo 04 Ruim potencial humano para realização das atividades pertinentes à AFH.

Hospitais de pequeno, médio ou grande porte, nível de hierarquia 6 ou 7 e com até 7 farmacêuticos.

92 34,3%

Grupo 05 Muito ruim potencial humano para realização das atividades pertinentes à AFH.

Hospitais de pequeno, médio ou grande porte, nível de hierarquia 8 e com até 7 farmacêuticos. Hospitais de grande porte, nível de hierarquia 8 e com número de farmacêuticos entre 8-14.

102 38,1%

Grupo 06 Péssimo potencial humano para realização das atividades pertinentes à AFH.

Hospitais de pequeno, médio ou grande porte, nível de hierarquia 5, 6, 7 ou 8 e sem farmacêutico.

26 9,7%

Legenda: AFH - Assistência Farmacêutica Hospitalar; PHAFH - Potencial Humano para a Assistência Farmacêutica Hospitalar.

A tabulação revelou que 82,1% dos hospitais fluminenses têm péssimo, muito ruim ou

ruim potencial humano para executar as atividades da AF. Destes, 9,7% estão no grupo 06,

com péssimo potencial humano; 38,1% no grupo 05, com muito ruim potencial humano e

34,3% no grupo 04, com ruim potencial humano. Este conjunto é constituído, em sua maioria,

de hospitais do interior do Estado do Rio de Janeiro (52,3%), de perfil geral (65,9%) e gestão

privada (53,6%).

A figura 3 apresenta a dispersão destes hospitais no território fluminense,

demonstrando que esta situação de baixo PHAFH ocorre em todas as regiões do Estado do Rio

de Janeiro.

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Figura 3 - Dispersão dos hospitais no território fluminense, segundo o indicador PHAFH (grupos com ruim, muito ruim ou péssimo potencial humano para a AFH - Grupos 04, 05 e 06 do indicador PHAFH).

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Os hospitais que compõem os grupos com ótimo, muito bom e bom potencial humano

para executar as atividades da AFH correspondem a apenas 17,9% dos hospitais fluminenses.

Destes, somente um hospital está no grupo 01, com ótimo potencial humano; 10,1% estão no

grupo 02, com muito bom potencial humano e 7,4% no grupo 03, com bom potencial humano

para a AFH.

Este conjunto é formado, em sua maioria, de hospitais da região metropolitana do

Estado do Rio de Janeiro (89,6%), de perfil geral (64,6%) e gestão pública (91,7%). A figura 4

apresenta a dispersão destes hospitais no território fluminense.

O farmacêutico é considerado o profissional com melhor capacitação para conduzir as

ações destinadas à melhoria do acesso e promoção do uso racional dos medicamentos, sendo

indispensável para organizar os serviços necessários ao desenvolvimento pleno da AFH,

otimização da terapia medicamentosa e melhora dos desfechos em saúde (AMARA et al.,

2014; KASBEKAR et al., 2014).

As atividades de AFH quando desempenhadas de acordo com o conceito norteador da

AF, de forma integrada à equipe multiprofissional, contribuem decisivamente para a melhoria

da qualidade da atenção à saúde, com efeito positivo no cuidado ao paciente (AMCP, 2014;

SHULMAN et al., 2015). A atuação do farmacêutico junto ao corpo clínico hospitalar está

descrita como o fator de maior impacto na prevenção de erros de medicação e aumento na

segurança do paciente hospitalizado (AL-KHANI; MOHARRAM; ALJADHEY, 2014) e programas

que incluem esse profissional têm melhores resultados no que diz respeito aos desfechos em

saúde, custos e segurança (BRISSEAU et al., 2013; ACHEAMPONG; ANTO, 2015).

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Figura 4 - Dispersão dos hospitais no território fluminense, segundo o indicador PHAFH (grupos com bom, muito bom ou ótimo potencial humano para a AFH - Grupos 01, 02 e 03 do indicador PHAFH).

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A ausência do farmacêutico observada em 26 hospitais fluminenses justifica a sua

categorização no grupo 6, com péssimo PHAFH. Não se pode dizer que nestes hospitais seja

desenvolvido algum tipo de atividade do âmbito da AF. É provável que outros profissionais de

saúde, funcionários administrativos e/ou de nível médio assumam parte das atividades

estruturantes da AFH, sem as quais não seria possível o funcionamento do hospital. Contudo,

as atividades desenvolvidas por outros profissionais, nessas condições, possuem menor

aporte teórico e estão fortemente propensas ao desperdício de recursos em decorrência da

perda de medicamentos ou manejo de eventos adversos por falha de qualidade do produto e

maior exposição dos usuários a riscos por erros de medicação.

Os hospitais categorizados como de ruim ou muito ruim potencial humano para

realização das atividades pertinentes à AFH compõem, respectivamente, os grupos 04 e 05 do

indicador PHAFH e representam a maioria dos hospitais fluminenses. Esses hospitais dispõem

de farmacêuticos em número insuficiente para a cobertura de todo o horário de

funcionamento do hospital (1-7 farmacêuticos) ou insuficiente para atendimento às

demandas da AFH em hospitais de alta complexidade e grande porte (8-14 farmacêuticos).

Embora estejam em situação melhor que os hospitais sem farmacêutico, a reduzida

disponibilidade de farmacêuticos frente ao horário de funcionamento do hospital e ao grande

número e complexidade de demandas da AFH contribui para a sobrecarga de trabalho que,

em última instância, também provoca aumento dos riscos de ocorrência de erros em todos os

processos e atividades da AFH (WALTON et al., 2013).

Pesquisa realizada recentemente na rede pública do estado brasileiro de Sergipe

observou que hospitais com poucos farmacêuticos, em que cada profissional se

responsabilizava por mais de 50 leitos, o nível médio de adequação das atividades de AF era

inferior a 40%. Estavam comprometidos principalmente os componentes da AFH relacionados

com o gerenciamento, o fornecimento de informação sobre medicamentos, a etapa de

armazenamento da logística e a distribuição de medicamentos. Foi observada maior

fragilidade destes hospitais no monitoramento da estabilidade e na conservação dos

medicamentos em estoque. Ademais, foi constatada predominância no uso do sistema

coletivo de distribuição de medicamentos nestes hospitais (SANTANA et al., 2013).

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O sistema de distribuição de medicamentos adotado pelo hospital tem forte correlação

com a ocorrência e com a frequência de ocorrência de eventos adversos associados ao uso de

medicamentos (ROSA; PERINI, 2003). Eventos adversos do tipo erros de medicação são mais

frequentes quando o hospital adota o sistema coletivo de distribuição de medicamentos e

diminuem gradativamente à medida que o serviço de FH se responsabiliza pelo preparo,

organização e pelo envio direcionado de medicamentos, em atenção às necessidades

individuais dos pacientes (ANACLETO et al., 2005; COUNCIL OF EUROPE EXPERT GROUP ON

SAFE MEDICATION PRACTICES, 2007).

O sistema coletivo de distribuição de medicamentos é o mais propenso à ocorrência

de erros porque os medicamentos são distribuídos de modo agregado para abastecer os

estoques das unidades assistenciais. Todavia, este sistema de distribuição de medicamentos

é o que requer o menor número de farmacêuticos e de profissionais de farmácia para executar

a distribuição de medicamentos (LIMA; SILVA; REIS, 2001). Não é de se surpreender, frente

aos resultados obtidos, o fato deste ter sido o sistema de distribuição de medicamentos eleito

por mais da metade dos hospitais brasileiros (OSÓRIO-DE-CASTRO; CASTILHO, 2004). Isto

aconteceu, possivelmente, em decorrência de número insuficiente de farmacêuticos e outros

profissionais de FH nestes hospitais para que fosse adotado outro tipo de sistema de

distribuição de medicamentos.

A implantação de sistema de distribuição de medicamentos mais seguro, organizado e

eficaz é fundamental para minimizar a ocorrência de erros de medicação nas instituições de

saúde (BARBER; RAWLINS; DEAN-FRANKLIN, 2003; KASBEKAR et al., 2014). Dos eventos

adversos relacionados com medicamentos, os erros de medicação têm despertado a atenção

de gestores e pesquisadores devido à sua incidência e potencial para causar danos, com

complicações graves à saúde do paciente e elevado custo ao sistema de saúde (OTERO-LOPEZ;

DOMÍNGUES, 2000; JAMES et al., 2009; PARANAGUÁ et al., 2014; VOLPE et al., 2014; SANTOS

et al., 2015).

A mudança do sistema coletivo de distribuição de medicamentos para o sistema

individualizado de distribuição ou para o sistema de distribuição por dose unitária tem

demonstrado redução nas taxas de erros de medicação. Um estudo pioneiro norte americano,

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realizado ainda na década de 70, demonstrou redução na taxa de erros de medicação da

ordem 13% para 1,9% decorrente da adoção do sistema de distribuição de medicamentos por

dose unitária em substituição ao sistema coletivo de distribuição de medicamentos

anteriormente adotado (HYNNIMAN et al., 1970).

No sistema de distribuição por dose unitária o medicamento é enviado para a

enfermaria em embalagem unitarizada, na dose e na concentração determinadas pela

prescrição médica, pronto para ser administrado e com indicação precisa do paciente

(FREITAS, 2005). Este sistema de distribuição reduz as atividades com medicamentos nas

unidades assistenciais e facilita a rastreabilidade quando da ocorrência de eventos adversos,

sejam estes erros de medicação ou reação adversa (CAMUZI, 2002; ARAÚJO; SABATES, 2010).

A implantação do sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária,

contudo, implica funcionamento integral da FH - 24 horas/dia - com profissionais em

quantitativo adequado e devidamente treinados, além de equipamentos e ambientes

específicos para a unitarização das doses (CAMUZI, 2002). Os hospitais que compõem os

grupos com ótimo, muito bom e bom potencial humano para executar as atividades da AFH,

e que seriam os melhores candidatos à implantação de um sistema de distribuição de

medicamentos por dose unitária, correspondem a apenas 17,9% dos hospitais fluminenses.

A reduzida capacidade para executar as atividades de AF observada em 82,1% dos

hospitais fluminenses configura um fator limitante para a implantação de um sistema de

distribuição de medicamentos por dose unitária. Em alguns destes hospitais, notadamente

aqueles que não possuem ou que possuem até 7 farmacêuticos, mesmo a implantação de um

sistema individualizado de distribuição de medicamentos, onde os medicamentos são

fornecidos em função da demanda individual dos pacientes internados, mas não seguem para

a enfermaria prontos para serem administrados, é pouco provável.

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1.4. CONCLUSÕES

Os resultados desta etapa da pesquisa indicam tendência de concentração dos

hospitais, leitos SUS e farmacêuticos nos municípios que compõem a região metropolitana do

Estado do Rio de Janeiro. Também foi observado predomínio de hospitais com baixo

quantitativo de farmacêuticos, o que ensejou a proposição de um indicador composto para o

reconhecimento do potencial humano dos hospitais para executar as atividades da AF,

denominado Potencial Humano para a Assistência Farmacêutica Hospitalar - PHAFH.

O indicador proposto considerou o número de farmacêuticos disponíveis em

contraposição à diversidade e à complexidade das atividades da AF em âmbito hospitalar,

definidas pelo binômio nível de hierarquia e porte do hospital. A análise conjunta destas três

variáveis, considerando-se os hospitais fluminenses vinculados ao SUS, permitiu definir 6

categorias de resultado para o indicador estruturado. Ademais, observou-se concentração

destes hospitais nos grupos com ruim, muito ruim ou péssimo potencial humano para a

execução das atividades pertinentes à AFH. Este resultado aponta para a situação crítica da

AF nos hospitais do Rio de Janeiro.

O baixo potencial humano para as atividades de AFH pode ajudar a explicar a adoção

de sistemas de distribuição de medicamentos inadequados à complexidade do hospital,

predispondo os pacientes a maiores riscos no que diz respeito à ocorrência de erros de

medicação.

Os dados coletados no CNES suportaram o escalonamento definido como resultado do

indicador estruturado. O CNES é a fonte oficial de dados das instituições de saúde no Brasil e

os hospitais brasileiros são obrigados a se cadastrar e a informar os seus dados, contudo, não

é possível atestar a qualidade das informações fornecidas, em especial, em termos da

frequência de atualização destes dados. Também é importante considerar que a elaboração

do indicador para reconhecimento do potencial humano do hospital para executar as

atividades da AFH não considerou a qualificação profissional do farmacêutico e/ou sua

disposição pessoal para a realização do trabalho, tampouco foram considerados aspectos

relacionados com a infraestrutura do hospital e com as condições de trabalho para o

farmacêutico no hospital.

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Não é possível afirmar que hospitais com melhor PHAFH, de fato, executem essas

atividades com a qualidade esperada. A aplicação do indicador PHAFH em outros contextos

pode revelar se essa situação ocorre em outros estados e regiões administrativas do Brasil,

sendo uma importante estratégia para o reconhecimento do potencial dos hospitais para

executar as atividades da AFH e fonte de informação para o manejo e avanço da AF no país.

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CAPÍTULO 2

O PERFIL DE FARMACÊUTICOS HOSPITALARES DO RIO DE JANEIRO

2.1. REFERENCIAL TEÓRICO

A exigência de qualificação e atualização profissional permanente torna-se cada vez

maior na era da informação em que vivemos, na qual as barreiras do conhecimento deixam

de existir, dia após dia, com a inclusão digital. Nesse cenário, qualquer que seja a formação do

trabalhador ou sua área de atuação, o mercado de trabalho exige a constante busca por

atualização e de aprimoramento das competências profissionais (ANTUNES, 2008).

Essa tendência também é observada na área da saúde, em que a qualidade dos serviços

prestados tem estreito vínculo com a formação do profissional, seu desempenho e a gestão

dos recursos humanos na instituição (COTTA et al., 2006). Isso explica, pelo menos em parte,

o motivo de as instituições de saúde exigirem cada vez mais de seus colaboradores um perfil

profissional em constante desenvolvimento para acompanhar as inovações tecnológicas, com

potencial para resolução de problemas, capacidade de negociação e atitudes proativas

(MARTINS et al., 2006).

A discussão dos recursos humanos em saúde ocupa posição estratégica no âmbito da

implementação das políticas nacionais de saúde (OPAS/OMS, 2002). Tanto a Política Nacional

de Medicamentos (PNM), de 1998, quanto a Política Nacional de Assistência Farmacêutica

(PNAF), de 2004, já frisavam a importância da capacitação e desenvolvimento dos recursos

humanos envolvidos nos diferentes espaços de prática da assistência farmacêutica visando à

concretização da reorientação da assistência farmacêutica no Brasil (BRASIL, 1998, 2004).

Estudos comprovam que as atividades de assistência farmacêutica, se desempenhadas

de forma integrada à equipe multiprofissional, contribuem decisivamente para a melhoria da

qualidade da atenção à saúde (GOMES et al., 2010; CORRER; OTUKI; SOLER, 2011). Neste

sentido, a profissão farmacêutica passa por um período de profunda transformação, com

mudança do foco antes exclusivamente centrado no medicamento para a necessidade de

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maior integração com as equipes multiprofissionais de saúde e provisão de serviços

orientados ao paciente, num processo frequentemente referido como de reprofissionalização

do farmacêutico (MARIN et al., 2003; SILVA; VIEIRA, 2004; PEREIRA; FREITAS, 2008).

O farmacêutico é o profissional de melhor capacitação para conduzir as ações

destinadas à melhoria do acesso e promoção do uso racional dos medicamentos, sendo

indispensável para organizar os serviços de apoio necessários ao desenvolvimento pleno da

assistência farmacêutica (OMS, 1988; ARAÚJO et al., 2008).

Neste sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana

de Saúde (OPAS) têm apoiado o desenvolvimento de atividades visando ao fortalecimento do

papel do farmacêutico dentro dos serviços de saúde. Esta medida tem como objetivo melhorar

a qualidade do atendimento terapêutico farmacológico, minimizar os erros de medicação,

bem como definir a função do farmacêutico na promoção e na aplicação da política

farmacêutica nacional, como uma das estratégias para garantir a saúde integral da população

(WHO, 1994; KHANDOOBHAI; WEBER, 2014).

Contudo, uma questão que se coloca frequentemente refere-se a como fazer

mudanças visando à qualificação das ações de assistência farmacêutica se não se conhece o

farmacêutico, não se sabe o que pensa, quais são suas características pessoais e profissionais,

sua relação com o espaço de trabalho e, principalmente, quais problemas ou dificuldades

enfrenta em sua prática profissional (SOUZA, 2012).

Estudos sugerem que conhecer as características pessoais, humanas e de formação do

profissional é uma estratégia para, a partir destes dados, embasar a discussão e elaborar

medidas que permitam melhorar o seu desempenho nas atividades laborais (COTTA et al.,

2006). O reconhecimento do perfil profissional permite identificar estratégias e redirecionar

o processo de trabalho deste profissional, aprimorando suas competências na perspectiva da

promoção da saúde (MELLO et al., 2012).

Segundo o Conselho Federal de Farmácia e a Sociedade Brasileira de Farmácia

Hospitalar e Serviços de Saúde, saber quantos são e onde estão os profissionais de farmácia

hospitalar é um importante passo para o planejamento de ações técnicas e políticas voltadas

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para o fortalecimento e reconhecimento da atuação do farmacêutico (CFF, 2010a). Conhecer

o perfil dos profissionais pode permitir aos gestores traçar planos para aumentar a qualidade

de seus recursos humanos, o que teria reflexo no aumento da qualidade dos serviços. Nesse

sentido, as análises sobre o perfil de profissionais de saúde assumem papel de destaque, pois

geram subsídios que apontam aos órgãos de saúde, às instituições de ensino e aos órgãos de

classe a necessidade de planejamento de ações educativas (BADARÓ, GUILHEM, 2011; PAIVA

et al., 2011).

Apesar da importância atribuída ao tema, após a realização de pesquisa bibliográfica,

não foram encontrados estudos que tenham avaliado o perfil de farmacêuticos hospitalares

no Brasil. Os poucos estudos descrevendo o perfil de farmacêuticos referem-se a outros

espaços de prática farmacêutica e, em alguns casos, são bastante restritos quanto ao número

de variáveis analisadas.

Entre os estudos identificados podem-se citar um realizado em Brasília, que avaliou o

perfil de farmacêuticos de drogarias através de questionário estruturado (SOUZA; LIMA, 2009)

e outro realizado nos 24 municípios que compõem o Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul

(RS), que abrangeu as farmácias municipais das Secretarias Municipais de Saúde do SUS,

realizado por meio de questionário semiestruturado (SEEGER, 2008).

Também foram encontrados registros de estudo envolvendo 90 farmácias privadas do

município de Florianópolis/SC, por meio da aplicação de questionário estruturado

(FRANCESCHET; FARIAS, 2005) e de outro realizado em 258 farmácias comunitárias de

dispensação, manipulação ou homeopáticas do Estado de Santa Catarina, empregando

questionário estruturado autoaplicável (FRANÇA-FILHO et al., 2008).

O estudo mais recente, dentre aqueles identificados, foi realizado pelo Conselho

Federal de Farmácia (CFF), que entrevistou pouco mais de 10% dos farmacêuticos de todo o

Brasil (19.896 profissionais, de uma população total de aproximadamente 180 mil

farmacêuticos), por meio de questionário eletrônico com preenchimento espontâneo. Dos

entrevistados pelo CFF, cerca de 12% eram farmacêuticos hospitalares (CFF, 2015).

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64

A constatação de que há poucos registros a respeito da temática no Brasil, nenhum

deles focado no profissional de farmácia hospitalar, aliada à necessidade de reflexão sobre o

perfil profissional que atenda aos valores desse novo momento da profissão farmacêutica

justificaram a realização de pesquisa sobre o perfil do farmacêutico que atua em ambiente

hospitalar para que, com base na realidade constatada, possam ser discutidas perspectivas

quanto à sua reprofissionalização.

2.2. METODOLOGIA

2.2.1. Características da pesquisa

Esta etapa do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar foi desenhada como um estudo seccional

classificado como inquérito ou survey, em que se buscou descrever a população em estudo. A

pesquisa descritiva é aquela que busca expor as características de determinada população,

dentro de uma realidade específica, sem interferência do pesquisador e usando técnicas

padronizadas para a coleta e análise de dados. Também pode ser considerada de campo por

levantamento amostral, tendo em vista os meios empregados para a obtenção das

informações (a aplicação de questionário), o fato de ter sido realizada no ambiente em que o

fenômeno ocorre e que dispõe dos elementos que podem auxiliar no seu entendimento (a

farmácia hospitalar), além da preocupação com a obtenção de dados que fossem

representativos da população estudada (os farmacêuticos de hospitais fluminenses vinculados

ao SUS) (TRIVIÑOS, 1987; TOBAR; YALOUR, 2001; GIL, 2002).

2.2.2. Plano de amostragem

O plano de amostragem foi estabelecido com base nos 268 hospitais e 1.408

farmacêuticos registrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) para o

estado do Rio de Janeiro, conforme levantamento realizado entre agosto e outubro de 2013.

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65

A Tabela 1 a seguir apresenta, em número e em percentual, o quantitativo de hospitais,

de farmacêuticos e a população residente em cada região administrativa do Estado do Rio de

Janeiro.

Tabela 1 – Hospitais, farmacêuticos e população, por região administrativa do Rio de Janeiro.

Região

Administrativa

Hospitais Farmacêuticos População

Nº % Nº % Nº %

Metropolitana I 111 41,4 981 69,7 9.873.610 61,8

Metropolitana II 32 11,9 134 9,5 1.940.391 12,1

Baixada Litorânea 21 7,8 55 3,9 679.493 4,2

Noroeste 19 7,1 42 3,0 330.093 2,1

Norte 16 6,0 81 5,8 836.915 5,2

Serrana 24 9,0 40 2,8 911.383 5,8

Baía da Ilha Grande 4 1,5 14 1,0 243.500 1,5

Centro-Sul 15 5,6 19 1,3 319.351 2,0

Médio Paraíba 26 9,7 42 3,0 855.193 5,3

Total 268 100,0 1.408 100,0 15.989.929 100,0

Fonte - CNES, 2013; IBGE, 2010.

O tamanho da amostra considerou um nível de confiança de 95%, margem de erro

máxima absoluta de 5% e proporção esperada de 50%. Prevendo as recusas e a desatualização

da base do CNES, ao valor previamente calculado acrescentou-se uma margem de 26%

(COCHRAN, 1977). A partir destes parâmetros, o tamanho teórico da amostra foi definido

como 524 farmacêuticos.

A amostra foi estratificada para reduzir o efeito de conglomeração. Foram adotados

como parâmetros de estratificação a região onde o hospital estava localizado e o porte deste

hospital. A estratificação teve o objetivo de garantir que fossem entrevistados farmacêuticos

de todas as regiões do Estado e pertencentes a hospitais de diferentes portes e, portanto, com

diferentes realidades, visando à maior representatividade da população em estudo.

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66

A estratificação em função da região onde o hospital está localizado levou em

consideração as nove regionais de saúde do Estado. Essas regionais foram agrupadas, para

fins desta pesquisa, em três regiões geográficas (Figura 1):

Região metropolitana: regiões de saúde Metropolitana I e Metropolitana II;

Região norte: regiões de saúde Baixada Litorânea, Noroeste, Norte e Serrana;

Região sul: regiões de saúde Baía da Ilha Grande, Centro-Sul e Médio Paraíba.

Figura 1 - Agrupamento das regionais de saúde do Estado do Rio de Janeiro para compor as três regiões utilizadas na estratificação da amostra. Legenda: A. Divisão administrativa do Estado do Rio de Janeiro em nove regiões de saúde: Baixada Litorânea, Baía da Ilha Grande, Centro-Sul, Médio Paraíba, Metropolitana I, Metropolitana II, Noroeste, Norte e Serrana. B. Divisão do Estado do Rio de Janeiro em três regiões para a pesquisa do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar: Norte, Metropolitana e Sul.

A Tabela 2, a seguir, apresenta o resultado da estratificação em função da região em

que os hospitais estavam localizados e a proporção de farmacêuticos em cada um dos três

estratos amostrais resultantes.

A B

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67

Tabela 2 - Distribuição da amostra de farmacêuticos, por região.

Região Nº total de

farmacêuticos Amostra

Metropolitana 1.115 413 Norte 218 82 Sul 75 29

Total 1.408 524

Fonte - CNES, 2013.

Cada um dos três estratos amostrais por região foi estratificado, ainda, em função do

porte dos hospitais - pequeno, médio ou grande (BRASIL, 1977b), o que resultou em 9 estratos

amostrais.

A tabela 3, a seguir, revela a distribuição resultante das duas estratificações adotadas,

por regiões e por porte, de modo a compor a amostra de 524 farmacêuticos.

Tabela 3 - Distribuição da amostra de farmacêuticos, por região e porte do hospital.

Porte Região Nº total de

farmacêuticos Amostra

Pequeno Metropolitana 105 39 Norte 36 14 Sul 31 12

Médio Metropolitana 512 190 Norte 135 50 Sul 31 12

Grande Metropolitana 498 184 Norte 47 18 Sul 13 5

Total 1.408 524

Fonte - CNES, 2013.

A seleção dos farmacêuticos dentro de cada estrato seguiu os princípios da

amostragem por conglomerados, considerando o hospital como o conglomerado. A seleção

dos hospitais foi feita por equiprobabilidade, utilizando o algoritmo de Hájek (1960), que

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68

consistiu em associar um número aleatório, uniformemente distribuído no intervalo (0,1) a

cada unidade e selecionar as que receberam os menores números aleatórios (BARBETTA,

2006). Dessa forma, uma vez sorteado o hospital, procedia-se ao convite para todos os

farmacêuticos cadastrados no CNES como vinculados a este hospital.

2.2.3. Instrumento de coleta de dados

2.2.3.1. Elaboração do instrumento

O instrumento eleito para a coleta dos dados foi o questionário. Para tanto, foi

realizada busca na literatura científica de outros estudos que investigaram o perfil de

profissionais de saúde ou áreas correlatas e utilizaram questionários/entrevistas para a coleta

de dados.

As bases de dados utilizadas para a pesquisa foram Scielo, Bireme e Pubmed/Medline,

utilizando-se como palavras-chave perfil profissional, prática profissional e recursos humanos

nos idiomas português, espanhol e inglês. Foram selecionados 14 estudos, a partir dos quais

foram identificadas as principais variáveis utilizadas para a elaboração do instrumento de

coleta de dados (Quadro 1).

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Quadro 1 - Estudos selecionados para a construção do instrumento de coleta de dados.

AUTOR, ANO GRUPO INVESTIGADO

ABRANGÊNCIA DESENHO DA PESQUISA

VARIÁVEIS ANALISADAS

SILVA, 2001

Químicos

Local (Empresa)

Pesquisa quanti-qualitativa com questionário semiestruturado.

Local de graduação, características do currículo, cargo que ocupa, caráter da atividade que desenvolve, grau de liberdade de ação no trabalho, utilização dos conhecimentos adquiridos durante o curso de graduação no exercício profissional, tipo de treinamento recebido na empresa, forma e conteúdo do treinamento, contribuição do treinamento para o desempenho profissional, visão do próprio trabalho, relacionamento interpessoal, relação entre estrutura da empresa, satisfação no trabalho e o exercício profissional, e lugar do trabalho na vida do profissional.

ANTUNES, 2003

Profissionais de educação física

Municipal

Pesquisa exploratória com questionário semiestruturado

Experiência profissional (registro em carteira, faixa etária, tempo de atuação na área), qualificação profissional (escolaridade, capacitação profissional, disciplinas cursadas), atualização profissional (orientação de outro profissional, leitura de periódicos/livros, estágios, participação em eventos, autoavaliação por capacitação e satisfação salarial).

ZOBOLI; FORTES, 2004

Médicos e enfermeiros

Municipal

Pesquisa qualitativa com entrevista semiestruturada presencial

Problemas éticos vivenciados em ambiente de trabalho.

COTTA et al., 2006

Equipes de saúde da família

Municipal

Pesquisa qualitativa com entrevista presencial e questionário semiestruturado

Forma de contratação (concurso público, indicação, outros), jornada de trabalho, escolaridade, formação profissional, treinamentos, remuneração e cargo hierárquico, atividades desenvolvidas, dificuldades enfrentadas, relacionamento entre profissionais e com a comunidade.

MARTINS et al., 2006

Enfermeiros

Local (Hospital)

Pesquisa qualiquantitativa com análise de cadastros profissionais

Sexo, tempo de graduação, formação acadêmica, tempo de trabalho e relação com o trabalho, produção científica, participação em eventos científicos, interesse em aperfeiçoamento, treinamentos e desenvolvimento de competências necessárias, vínculo empregatício, número de empregos e satisfação profissional.

(Continua na próxima página)

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Quadro 1 - Estudos selecionados para a construção do instrumento de coleta de dados.

AUTOR, ANO GRUPO INVESTIGADO

ABRANGÊNCIA DESENHO DA PESQUISA

VARIÁVEIS ANALISADAS

RODRIGUES; PERES; WAISSMANN, 2007

Nutricionistas

Municipal

Pesquisa quanti-qualitativa com questionário estruturado (enviado por correio ou online) e entrevista semiestruturada presencial e gravada

Área de atuação, atividades exercidas, vínculos empregatícios, jornada diária de trabalho, faixa salarial, titulação, segundo vínculo, item em que se permitia ao egresso escolher uma área que gostaria de atuar. As questões foram organizadas em três categorias analíticas - condições de trabalho e emprego; formação acadêmica ou itinerário de formação do profissional e satisfação relacionada ao atual vínculo.

AKUTSU, 2008

Nutricionistas

Nacional

Pesquisa exploratória transversal com questionário

Local de residência, sexo, estado civil, idade, instituição onde estudou (pública ou privada), pós-graduação, local de trabalho (público ou privado), número de empregos e atuação em mais de uma área.

FRANÇA-FILHO et al., 2008

Farmacêuticos (farmácias comunitárias)

Estadual

Pesquisa quantiqualitativa com questionário estruturado autoaplicável

Sexo, idade, ensino superior público ou privado, cursos de pós-graduação realizados, vínculo com a farmácia, tempo de formado, conhecimento de língua estrangeira e de informática, tipo de farmácia, área destinada à venda de artigos de conveniência, ser independente ou pertencer a rede e indicadores de estrutura.

NOZAWA et al., 2008

Fisioterapeutas

Nacional

Pesquisa quantitativa com questionário enviado via correio seguido de contato telefônico

Características da instituição (dados demográficos, tipo e tamanho da instituição, áreas de atuação dentro da instituição, categoria de pacientes por unidade, número de leitos e horário de atendimento); perfil do fisioterapeuta que atua nas UTI´s (formação profissional, vínculo empregatício, estrutura administrativa em que está inserido, jornada de trabalho, existência de programas de treinamento e educação continuada); tipo de técnicas utilizadas, incluindo nível de decisão sobre o paciente em relação à ventilação mecânica invasiva e não invasiva, e procedimentos que o fisioterapeuta decide dentro da UTI.

DIAS; SILVA, 2010

Enfermeiros

Local (Centro de Atenção Psicossocial)

Pesquisa qualitativa com entrevista semiestruturada presencial

Sexo, idade, tempo de graduado, renda mensal, jornada de trabalho, experiência profissional prévia na área, porque escolheu essa área para trabalhar, atividades desenvolvidas, adequação das atividades à formação do enfermeiro, satisfação profissional.

(Continua na próxima página)

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Quadro 1 - Estudos selecionados para a construção do instrumento de coleta de dados.

AUTOR, ANO GRUPO INVESTIGADO

ABRANGÊNCIA DESENHO DA PESQUISA

VARIÁVEIS ANALISADAS

LINCH; GUIDO; FANTIN, 2010

Enfermeiros

Estadual

Pesquisa quantitativa com questionário enviado via correio ou entregue pessoalmente

Idade, sexo, estado civil, pós-graduação, cargo, tempo de formado e de trabalho em unidade de dinâmica, turno de trabalho, percepção e satisfação quanto ao trabalho e profissão.

BADARÓ; GUILHEM, 2011

Fisioterapeutas

Municipal

Pesquisa qualiquantitativa com entrevista presencial e questionário semiestruturado

Perfil sócio-demográfico (sexo e idade), período da graduação, outro curso de graduação, renda mensal, características do local de trabalho, atividade docente, número de empregos, outra atividade profissional, vínculo empregatício, área de atuação profissional, público alvo, participação em associações de classe e titulação.

LACERDA; BARBOSA; CUNHA, 2011

Médicos Estadual Pesquisa qualitativa com questionário semiestruturado

Gênero, faixa etária, renda mensal, número de postos de trabalho, tempo de atuação na área, local de trabalho (público ou privado), satisfação profissional, formação e titulação, participação em eventos científicos e uso da internet.

PAIVA et al., 2011

Enfermeiros Local (Universidade)

Pesquisa documental descritiva e exploratória

Variáveis demográficas (sexo e procedência), de formação (ano da graduação, de ingresso nos cursos e da titulação), de atuação profissional (atuação docente, tipo de instituição de atuação e do vínculo anterior à formação, atividades exercida antes e após a formação).

As variáveis identificadas nos estudos foram avaliadas pela equipe do Projeto Atuar -

Eixo Hospitalar quanto à pertinência de sua inclusão ou não no questionário. Buscou-se

compor um questionário que abrangesse o maior número possível de variáveis, permitindo

traçar um perfil profissional amplo, mas que não fosse demasiadamente longo a ponto de

desestimular a participação dos entrevistados.

Foram selecionadas para compor o questionário do Atuar variáveis relacionadas às

características sócio-demográficas dos profissionais (sexo, idade, local de nascimento), à

formação e capacitação profissional (natureza da instituição onde estudou, tempo de

formado, titulação, cursos, leitura de livros ou artigos científicos, realização de estágio durante

a graduação e participação em eventos científicos) e ao ambiente de trabalho (experiência

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prévia na área, local de trabalho, número de empregos, área em que atua, vínculo

empregatício, jornada de trabalho, turno de trabalho, remuneração e cargo hierárquico).

O questionário semiestruturado resultante contou com 30 questões relacionadas ao

perfil profissional farmacêutico em ambiente hospitalar (Apêndice 3).

2.2.3.2. Teste preliminar do instrumento

Estudos demonstram que, independentemente da escala de avaliação utilizada, é

importante aplicar o questionário a uma pequena amostra e depois entrevistar os

respondentes. Essa verificação tem o objetivo de identificar eventuais dificuldades de

resposta, falhas, incorreções, eliminar ambiguidades e verificar se o enunciado, a escala e os

itens do instrumento foram compreendidos pelos respondentes (PASQUALI, 1997; BRUNO-

FARIA; BRANDÃO, 2003; BRANDÃO; BAHRY, 2005; FRANCESCHET; FARIAS, 2005; CFF, 2015).

O questionário foi submetido a teste mediante aplicação a oito farmacêuticos de

quatro diferentes hospitais do Rio de Janeiro. Os profissionais foram escolhidos por

conveniência, de modo a contemplar diferentes perfis (homens/mulheres, jovens/idosos,

com/sem habilidade no manuseio de ferramentas de informática), que foram posteriormente

entrevistados.

Este momento permitiu explorar: o tempo necessário para que o profissional pudesse

responder ao questionário, de modo a permitir a resposta no ambiente de trabalho, sem

comprometer a sua rotina na instituição; a acessibilidade do questionário; a adequação dos

enunciados e das escalas adotadas; e as dificuldades, falhas ou ambiguidades observadas

durante o preenchimento. As mudanças sugeridas foram analisadas e, quando pertinentes,

feitas as devidas adequações, com o objetivo de fortalecer o instrumento.

Importante destacar que as respostas destes 8 profissionais não foram consideradas

na tabulação dos resultados.

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73

2.2.4. Aplicação do questionário

Os farmacêuticos sorteados para compor a amostra, respeitando o cálculo amostral de

524 farmacêuticos, distribuídos em nove estratos amostrais, e seguindo-se a ordem dos

hospitais que compunham os conglomerados, foram convidados um a um a participar da

pesquisa (Apêndice 2) e a preencher o questionário semiestruturado desenvolvido.

Optou-se pela aplicação eletrônica do questionário devido às vantagens deste método:

não necessidade de um digitador para transcrever as respostas, menor custo material e com

deslocamento dos pesquisadores, maior comodidade para o respondente e menor risco de

enviesamento das respostas por aplicador de questionário.

O convite dos farmacêuticos para participar da pesquisa foi realizado por chamada

telefônica para o hospital. As ligações foram realizadas a partir do Laboratório de Informática

da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense e esta etapa contou com a

participação de 12 pesquisadores de campo devidamente treinados. O treinamento por

simulação realística envolveu a padronização das falas e das técnicas de abordagem dos

farmacêuticos. Os pesquisadores de campo iniciavam a conversa telefônica informando ao

farmacêutico dos objetivos do projeto. Caso este concordasse em participar, era enviado por

e-mail um link de acesso e senha individual para visualização do questionário e do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 4).

Após o primeiro contanto telefônico, caso o profissional não respondesse o

questionário num prazo de 15 dias, era feito novo contato telefônico ou enviado novo e-mail,

convidando-o a responder. Os profissionais que não aceitaram participar não foram

substituídos e a negativa de participação foi considerada como um resultado da pesquisa.

O questionário eletrônico ficou disponível para ser respondido durante 4 meses (de 26

de novembro de 2013 a 26 de março de 2014) no sítio eletrônico www.atuar.uff.br.

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2.2.5. Análise das respostas

As respostas às questões objetivas foram analisadas por técnica estatística descritiva e

os resultados foram apresentados de forma agrupada, em percentuais, tabelas e gráficos, de

modo a preservar o sigilo dos participantes.

Para a análise de questões abertas foi utilizada a técnica de word cloud ou nuvem de

palavras, com o apoio da ferramenta WordleTM®, disponível no sítio eletrônico

http://www.wordle.net. Esta técnica permite a fácil identificação dos pontos focais das

respostas e facilita a compreensão dos dados qualitativos, uma vez que as palavras ou

expressões mais frequentes aparecem em tamanho maior, destacadas na apresentação

(MCNAUGHT; LAM, 2010; MATOS, 2013).

Para a análise do grau de integração dos farmacêuticos às comissões hospitalares foi

utilizada escala de valores, em que 1 significava a menor integração e 5 a maior integração

(LIKERT, 1932). O resultado foi expresso por símbolos, em função dos valores de integração

atribuídos pelos profissionais a cada comissão, conforme a seguinte escala:

Baixo nível de integração: a maioria dos profissionais assinalou os valores 1 e 2.

Indiferente: a maioria dos profissionais assinalou o valor 3; ou 50% assinalaram

os valores 1 e 2 e outros 50% assinalaram os valores 4 e 5.

Alto nível de integração: a maioria dos profissionais assinalou os valores 4 e 5.

2.2.6. Questões éticas

Todas as etapas da pesquisa foram desenvolvidas em conformidade com as exigências

da Resolução nº 196, do Conselho Nacional de Saúde, de 10 de outubro de 1996, vigente à

época da submissão do projeto e que estabelecia as diretrizes e normas regulamentadoras de

pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996). O projeto foi aprovado junto ao Comitê

de Ética e Pesquisa da Universidade Federal Fluminense (CAAE 09987812.8.0000.5243 -

parecer nº 177.074) e executado em conformidade ao compromisso ético assumido.

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2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fim de totalizar os 524 farmacêuticos que compunham os nove estratos amostrais

foram inicialmente sorteados 120 hospitais. Destes, 28 hospitais precisaram ser substituídos

pelos seguintes motivos:

5 hospitais - estavam desativados ou fechados para reforma;

3 hospitais - não contavam com assistência de farmacêutico;

2 hospitais - estavam com o setor de farmácia temporariamente inativo

(recebiam medicamentos de outros hospitais);

4 hospitais - todos os farmacêuticos já haviam sido contatados para participar da

pesquisa representando outro hospital;

14 hospitais - não foi possível realizar contato telefônico através do número

informado no CNES ou de outros localizados na internet.

A substituição dos hospitais respeitou os mesmos critérios metodológicos

estabelecidos para amostragem. Desta forma, do total de 268 hospitais fluminenses

vinculados ao SUS, 148 (55,2%) foram de algum modo incluídos no contexto do Projeto Atuar

- Eixo Hospitalar para que seus farmacêuticos pudessem participar da pesquisa.

A metodologia de conglomerados para inclusão dos farmacêuticos na amostra, a partir

do sorteio aleatório dos hospitais dentro de cada estrato, fez com que fosse incluído um

número de farmacêuticos superior ao valor inicialmente calculado, pois uma vez sorteado o

hospital, todos os farmacêuticos daquela instituição foram convidados para participar da

pesquisa. Dessa forma, embora o número teórico estabelecido tenha sido de 524, foram

realmente incluídos na pesquisa 577 farmacêuticos (41% dos 1.408 farmacêuticos cadastrados

no CNES).

Durante o período em que o questionário eletrônico esteve disponível para

preenchimento, buscou-se exaustivamente contato com estes farmacêuticos. A fim de

minimizar as perdas por não adesão, foram realizadas tantas ligações quantas necessárias e

em horários variados (diurno e noturno, dias úteis e finais de semana). Também foram

adotadas estratégias de sensibilização dos profissionais como a divulgação de matéria sobre

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o projeto em jornal de grande circulação no Estado do Rio de Janeiro; a criação de uma

comunidade na página da rede social Facebook® e divulgação entre os farmacêuticos

hospitalares; a realização de fóruns para a troca de experiências e palestras com

pesquisadores da área de farmácia hospitalar; a realização de visitas in loco nos hospitais em

que se observou baixa adesão; e até mesmo o contato direto com o secretário de saúde do

município, nos casos em que houve resistência da direção do hospital em autorizar a

participação dos farmacêuticos na pesquisa.

Apesar dos esforços empreendidos 50 profissionais não foram localizados por motivo

de afastamento do serviço (férias, licenças médicas ou outros afastamentos) ou por não terem

sido localizados no hospital em nenhuma das tentativas realizadas. Outros 23 farmacêuticos

foram excluídos, após o contato inicial, por não atuarem na farmácia hospitalar - informaram

exercer suas atividades no laboratório de análises clínicas ou em setores administrativos do

hospital, embora cadastrados no CNES como farmacêuticos hospitalares. Dos 504

farmacêuticos efetivamente convidados, participaram do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar,

respondendo ao questionário eletrônico, 265 farmacêuticos (52,6%) (Figura 2).

Figura 2 - Composição resultante da coleta de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

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As perdas por não localização do farmacêutico responsável técnico pela farmácia ou

com as negativas dos profissionais em participar da pesquisa são frequentes em estudos

envolvendo entrevistas e metodologia semelhante. Franceschet e Farias (2005), em estudo

realizado nas farmácias privadas do município de Florianópolis/SC, relataram não ter

localizado o farmacêutico em 24,5% dos casos, mesmo após várias tentativas. Neste mesmo

estudo, dentre os profissionais que foram localizados, outros 25,0% não aceitaram participar

alegando principalmente falta de tempo. França Filho et al. (2008), em estudo do perfil de

profissionais de farmácias comunitárias de dispensação, manipulação ou homeopáticas do

Estado de Santa Catarina, relatou não ter encontrado o farmacêutico em 11,6% dos

estabelecimentos. O inquérito nacional realizado pelo CFF (2015) conseguiu a adesão de

pouco mais de 10% dos farmacêuticos elegíveis à pesquisa.

Uma vez que o número de respondentes definido no cálculo amostral não foi

alcançado, não foi possível a extrapolação dos resultados para a população de farmacêuticos

que trabalham em hospitais vinculados ao SUS no Rio de Janeiro, haja vista que os

respondentes estão propensos ao chamado viés de participação, em que participam com mais

frequência os indivíduos mais interessados. Neste sentido, podem ter ocorrido perdas

diferenciadas em que aqueles que responderam podem ter características diferenciadas

daqueles que não responderam (LOPES et al., 1999).

Portanto, todas as conclusões deste trabalho aplicam-se tão somente à amostra em

estudo. Apesar disso, deve-se destacar que os 265 respondentes, além de bem distribuídos

pelas regiões definidas para o estudo, representando mais de 50% da amostra em cada estrato

regional (Figura 3), atuavam em hospitais com características semelhantes àquelas dos

hospitais previamente selecionados para compor a amostra no que tange ao porte destes

hospitais e características de perfil assistencial, nível de hierarquia e administração do hospital

(Figura 4).

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Figura 3 - Adesão ao formulário eletrônico do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar por região. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

Figura 4 - Comparação entre as características dos hospitais onde atuavam os farmacêuticos respondentes e daqueles que compunham a amostra teórica. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

A análise do perfil dos 265 farmacêuticos hospitalares que responderam ao

questionário revelou predominância de profissionais do sexo feminino (n = 173, 65,3%). A

72%

28%

13%

45%41%

9%5%

86%

78%

21%

68%

32%

15%

52%

33%

11%

4%

85%

76%

24%

0%

50%

100%

Ger

al

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Nív

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o

Pri

vad

o

PERFIL PORTE NÍVEL DE HIERARQUIA ADMINISTRAÇÃO

Amostra teórica Respondentes

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79

idade média dos participantes foi de 38 anos, contudo foi observada diferença na distribuição

do perfil etário entre os sexos, predominando a faixa etária de 31-40 anos entre os homens e

de 21-30 anos entre as mulheres. Além disso, foi observado que grande parte destes

profissionais tem origem no próprio Estado do Rio de Janeiro (n = 226, 85,3%) e, dentre os não

fluminenses, predominam os oriundos de outros Estados da região sudeste do Brasil (Figura

5).

Figura 5 - Perfil de farmacêuticos de hospitais fluminenses - sexo, idade e local de nascimento. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

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A predominância feminina em populações farmacêuticas é frequentemente relatada

em estudos abordando outros espaços de prática profissional. Foram encontrados relatos de

percentuais de mulheres da ordem de 61,0% (SOUZA, 2012), 63,3% (FRANCESCHET; FARIAS,

2005), 67,5% (CFF, 2015), 68,0% (FRANÇA-FILHO et al., 2008), 75,0% (SEEGER, 2008) e 77,0%

(SOUZA; LIMA, 2009). A feminilização da profissão farmacêutica é fenômeno conhecido e

descrito na literatura (MATOS; TOASSI; OLIVEIRA, 2013).

A predominância de farmacêuticos em idade jovem também foi relatada em outros

estudos. Souza e Lima (2009) observaram que 70% dos profissionais avaliados tinham entre

20-30 anos. Franceschet e Farias (2005) relataram idade média de 31,9 anos, com 70% dos

farmacêuticos com menos de 38 anos. Este resultado é similar àqueles observados pelo

Conselho Federal de Farmácia (CFF, 2015) com predominância da faixa etária entre de 29-38

anos; e por França-Filho et al. (2008), que observou idade média de 31 anos entre os

farmacêuticos. O único estudo que verificou diferença na faixa etária em função do sexo teve

resultado inverso ao observado nesta pesquisa, com predominância de homens mais jovens,

na faixa etária de 22-26 anos, e de mulheres com idade um pouco maior, na faixa etária de

31-35 anos (SEEGER, 2008).

Quanto à formação, grande parte dos farmacêuticos que atuam em hospitais

fluminenses se graduou em universidades do próprio Estado do Rio de Janeiro (n = 248,

93,6%). Também se observou predomínio de egressos de universidades públicas (n = 164,

61,9%) e com histórico de estágio em farmácia hospitalar durante a graduação (n = 236,

89,1%), sobretudo naqueles oriundos de universidades privadas, o que denota experiência

prévia na área durante a graduação. Estes farmacêuticos tinham, em sua maioria, menos de

10 anos de formados, sendo o menor valor descrito de 1 ano e o maior, de 40 anos (Figura 6).

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Figura 6 - Perfil de formação de farmacêuticos de hospitais fluminenses. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

A predominância de farmacêuticos egressos de universidades públicas ou privadas

parece depender da população em estudo e da região considerada. Entre os estudos que

descreveram predominância de egressos de instituições privadas pode-se citar Souza e Lima

(2009), com percentuais de 69,0%, similar aos 67,9% descritos pelo Conselho Federal de

Farmácia (2015). Estes resultados, possivelmente decorrem das políticas de financiamento do

ensino superior do governo federal nos últimos anos (BRASIL, 2001) e da grande oferta de

cursos privados em algumas regiões do país. Conforme dados da Comissão Assessora de

Educação Farmacêutica, a iniciativa privada é responsável por 87,0% do total de cursos de

Farmácia no Brasil (BRASIL, 2015).

Entre os estudos que demonstraram predominância de farmacêuticos formados em

universidades públicas podem-se citar Seeger (2008) com percentual de 62,5%, França-Filho

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et al. (2008) com percentuais de 51,8%, Souza (2012), com percentual de 63,0%, Franceschet

e Farias (2005) com pelo menos 80% dos entrevistados afirmando ter estudado em

universidades públicas. Estes autores atribuem o grande percentual de egressos de

instituições públicas à proximidade dos locais estudados com importantes universidades

federais brasileiras, como as Universidades Federais de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul

e do Rio Grande do Norte.

Nestes mesmos estudos também foi descrito o tempo de formado predominante entre

os profissionais, que ficou entre 1-28 anos (SEEGER, 2008), 7,2 ± 7,0 anos (FRANÇA FILHO et

al., 2008), 1-5 anos (SOUZA, 2012) e de 5-14 anos para 41,7% dos entrevistados pelo CFF (CFF,

2015).

A avaliação do grau de escolaridade dos farmacêuticos fluminenses participantes desta

pesquisa revelou que 197 deles (74,3%) possuem algum curso de pós-graduação, com

predomínio daqueles com curso de especialização (Figura 7).

Figura 7 - Grau de escolaridade de farmacêuticos de hospitais fluminenses. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

A alta frequência de profissionais com curso de pós-graduação observada entre os

farmacêuticos hospitalares fluminenses difere dos resultados de estudos com populações

distintas de farmacêuticos, o que sugere que a busca por qualificação por meio da pós-

68; 26%

161; 61%

35; 13%

1; 0%

Graduação Especialização Mestrado Doutorado

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graduação é mais frequente entre aqueles. Na literatura, foram encontrados relatos de

percentuais de profissionais com pós-graduação da ordem de 30,0% com especialização

(SOUZA; LIMA, 2009), 7,8% com especialização e 2,2% com mestrado (FRANCESCHET; FARIAS,

2005), 32,0% com algum tipo de pós-graduação (FRANÇA-FILHO et al., 2008), 54,0% com pós-

graduação (SOUZA, 2012) e 55,1% com algum tipo de pós-graduação, sendo 44,5% com

especialização, 8,1% com mestrado e 2,5% com doutorado (CFF, 2015).

Quando questionados quanto à busca por qualificação, boa parte dos farmacêuticos

relatou ter procurado por cursos de capacitação para melhorar o desempenho de suas

funções profissionais. A busca por cursos nos últimos 2 anos foi relatada por 66,0% dos

entrevistados, dos quais 95,3% atribuíram algum grau de contribuição do curso à sua prática

profissional. A média foi de 2,6 cursos por farmacêutico (mínimo de 1 curso e máximo de 30

cursos). Outra forma de atualização e capacitação profissional considerada foi a leitura de

livros e/ou de artigos científicos. Neste critério cerca de 73,0% dos entrevistados afirmaram

ter lido pelo menos um material desse tipo no último mês.

Estudo do perfil de farmacêuticos de drogarias de Brasília mostrou que apenas 31,0%

dos entrevistados participavam de atividades de atualização profissional através de

congressos, simpósios e outros eventos na área de saúde. O autor ressalva, contudo, que boa

parte dos entrevistados era recém-formada e talvez ainda não tivesse tido tempo de participar

de cursos e eventos, o que pode ter contribuído para os baixos percentuais observados

(SOUZA; LIMA, 2009).

Seeger (2008), ao avaliar as farmácias municipais das Secretarias Municipais de Saúde

do Vale do Rio Pardo/RS, relatou que 100% dos entrevistados afirmaram se atualizar por meio

de internet, 87,5% através de cursos, 75% por meio de revistas e 62,5% por meio de

congressos (62,5%). O estudo realizado em farmácias privadas do município de

Florianópolis/SC revelou que 8,9% dos entrevistados não participavam de eventos, 18,9%

participavam com uma frequência menor que 1 vez/ano, 30,0% participavam 1 vez/ano e

42,2% participavam mais de 2 vezes/ano (FRANCESCHET; FARIAS, 2005).

No estudo realizado pelo Conselho Federal de Farmácia (2015), 57,0% dos profissionais

afirmaram não participar de congressos, mas 67,5% participaram de cursos de atualização.

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Entre os que relataram participação em congressos predominaram aqueles que atuam como

docentes de nível superior e estudantes de pós-graduação. Entre os que participaram de

cursos de atualização, predominaram os profissionais da área de Vigilância Sanitária, Farmácia

Hospitalar e Gestão pública.

Os profissionais ouvidos nesta pesquisa Atuar possuíam tempo mínimo de atuação em

farmácia hospitalar de um ano e tempo máximo de 38 anos, com média de 9,5 ± 8,1 anos na

função. Também foi observado predomínio de profissionais com escala de trabalho como

plantonista (55,8%) e cumprindo carga horária entre 20 e 39 horas semanais (64,2%), embora

uma parcela significativa dos entrevistados tenha afirmado cumprir carga horária de 40 horas

semanais (Tabela 4).

É importante destacar que no âmbito dos hospitais da Secretaria Municipal de Saúde

do Rio de janeiro e da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro são comumente

adotadas escalas de trabalho de 24 h semanais para o farmacêutico. Uma vez que este

conjunto de hospitais perfaz uma parcela importante dos hospitais fluminenses vinculados ao

SUS, este fato pode explicar a carga horária de trabalho descrita com maior frequência,

diferentemente daquela observada na maioria dos hospitais brasileiros, com carga horária

semanal de 40 h.

Os participantes declararam ocupar o cargo de chefia na farmácia hospitalar em

apenas 26,4% dos casos (Tabela 4).

A maioria dos entrevistados têm acesso à internet na farmácia e o tempo médio gasto

com deslocamento até o local de trabalho foi de 53 ± 39 minutos, com tempo mínimo de 5

minutos e máximo de 3 horas. Em geral, 72,5% dos entrevistados gastam menos de uma hora

no deslocamento até o trabalho (Tabela 4).

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Tabela 4 - Histórico, escala e carga horária de trabalho, cargo, acesso à internet e tempo de

deslocamento de farmacêuticos de hospitais fluminenses.

COMPONENTES Nº %

Tempo de atuação como farmacêutico hospitalar De 1 - 10 anos 171 64,5 De 11 - 20 anos 64 24,1 De 21 - 30 anos 24 9,1 De 31 - 40 anos 5 1,9 Não informado 1 0,4

Escala de trabalho Plantonista 148 55,8 Diarista 116 43,8 Não informado 1 0,4

Carga horária semanal de trabalho Menos de 10 horas 3 1,1 10 - 19 horas 4 1,5 20 - 39 horas 170 64,2 40 horas 86 32,4 Não informado 2 0,8

Ocupa cargo de chefia na farmácia hospitalar Sim 70 26,4 Não 193 72,8 Não informado 2 0,8

Acesso a internet no local de trabalho Sim 238 89,8 Não 26 9,8 Não informado 1 0,4

Tempo de deslocamento até o trabalho Até 1 hora 192 72,5 Mais de 1 hora e menos de 2 horas 64 24,2 Mais de 2 horas e menos de 3 horas 9 3,3 Não informado - -

Nota - Cada componente totaliza 265 farmacêuticos e percentual de 100%. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

Estudo realizado pelo Conselho Federal de Farmácia (2015), com farmacêuticos de

todo o Brasil revelou resultado similar ao encontrado nesta pesquisa no que tange ao tempo

de atuação profissional, uma vez que 72,5% dos entrevistados tinham até 10 anos de

experiência profissional. De modo análogo, Franceschet e Farias (2005), relataram que 73,3%

dos farmacêuticos que atuavam em farmácias privadas do município de Florianópolis/SC

tinham no máximo 4 anos de experiência profissional. Neste mesmo estudo, as jornadas de

trabalho predominantes foram entre 6-8h/dia (48,9%) e 9-12h/dia (42,3%). Souza (2012)

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descreveu jornadas de trabalho para os farmacêuticos de drogarias de Natal,

predominantemente entre 8-12h/dia.

Quanto ao uso da internet, França-Filho et al. (2008) revelou que 78,1% dos

farmacêuticos das farmácias comunitárias de Santa Catarina tinham acesso à internet no seu

local de trabalho. Apesar da maioria dos estabelecimentos farmacêuticos, em diferentes

espaços de atuação, terem acesso a essa ferramenta de pesquisa, o estudo realizado nas

farmácias privadas do município de Florianópolis/SC revelou que apenas 3,6% dos

farmacêuticos utilizavam a internet como fonte de pesquisa para situações cotidianas da

farmácia e que 95,6% preferiam utilizar o Dicionário de Especialidades Farmacêuticas - DEF

(FRANCESCHET; FARIAS, 2005). A utilização do DEF também foi descrita por 60,9% dos

entrevistados pelo Conselho Federal de Farmácia (2015), que também evidenciou grande uso

do Guia de Remédios, relatado por 47,6% dos entrevistados.

A análise do número de vínculos empregatícios nesta pesquisa revelou que 32,1% dos

farmacêuticos possuíam como único emprego aquele no hospital onde foram contatados para

a pesquisa, enquanto outros 66,4% relataram possuir outros empregos. Quando questionados

quando à natureza do segundo ou do terceiro emprego, 97 farmacêuticos (36,6% dos

entrevistados) informaram que tais vínculos eram em áreas não relacionadas à farmácia

hospitalar, 70 (26,4%) informaram que 2 dos vínculos eram em farmácias hospitalares, 6

(2,3%) relataram 3 vínculos em farmácia hospitalar e outros 3 (1,1%) não responderam. O

vínculo empregatício mais comumente observado foi o de servidor público (42,3%), seguido

do regime da CLT (37,0%) (Tabela 5).

Conforme apontado por Santos (1999) e Mendonça et al. (2010), a falta de recursos

financeiros e humanos na área da saúde ao longo dos anos abriram espaço para a adoção de

diversas formas de contratação e fixação dos profissionais da saúde, fazendo com que os

vínculos trabalhistas no SUS contemplem uma combinação de diversas estratégias de

emprego para atender às necessidades da sociedade.

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Tabela 5 - Vínculos de trabalho e renda de farmacêuticos de hospitais fluminenses.

COMPONENTES Nº %

Vínculo empregatício no hospital Servidor público 112 42,3 CLT 98 37,0 Contrato temporário em serviço público 36 13,5 Outros 18 6,8 Não informado 1 0,4

Número de vínculos empregatícios Único vínculo como farmacêutico hospitalar 85 32,1 Possui 2 vínculos empregatícios 146 55,1

2 vínculos em farmácia hospitalar 60 22,6 1 vínculo em farmácia hospitalar e 1 vínculo em outra área 85 32,1 Natureza dos 2 vínculos não informada 1 0,4

Possui 3 vínculos empregatícios 30 11,3 3 vínculos em farmácia hospitalar 6 2,3 1 vínculo em farmácia hospitalar e 2 vínculos em outra área 12 4,5 2 vínculos em farmácia hospitalar e 1 vínculo em outra área 10 3,7 Natureza dos 3 vínculos não informada 2 0,8

Não informado 4 1,5

Faixa de vencimentos no hospital Até 3 salários mínimos 58 21,9 Acima de 3 e até 5 salários mínimos 130 49,1 Acima de 5 e até 7 salários mínimos 37 14,0 Acima de 7 e até 9 salários mínimos 17 6,4 Acima de 9 salários mínimos 14 5,3 Não informado 9 3,3

Faixa de vencimentos totais (considerando todos os vínculos) Até 3 salários mínimos 23 8,7 Acima de 3 e até 5 salários mínimos 75 28,3 Acima de 5 e até 7 salários mínimos 51 19,2 Acima de 7 e até 9 salários mínimos 44 16,6 Acima de 9 salários mínimos 66 24,9 Não informado 6 2,3

Nota - Cada componente totaliza 265 farmacêuticos e percentual de 100%. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

Para Martins, Carvalho e Murofuse (2014), a forma com que os trabalhadores estão

vinculados ao SUS está diretamente relacionada com a organização e estruturação dos

serviços de saúde. Os vínculos de trabalho protegidos, tais como o estatutário e o celetista,

proporcionam estabilidade e direitos aos trabalhadores, permitindo que os serviços possam

planejar, executar e avaliar ações de médio a longo prazo, devendo ser priorizados no âmbito

do SUS. Já os vínculos considerados precários, os quais não garantem aos trabalhadores todos

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os direitos trabalhistas e previdenciários, provocam consequências aos trabalhadores, à

comunidade e ao próprio sistema de saúde.

Taveira (2010) relata que os vínculos precários estão relacionados à maior

suscetibilidade do trabalhador da área de saúde à instabilidade política e variações dos

municípios, que possuem formas diferenciadas de fixação destes profissionais, gerando alta

rotatividade. A insegurança gerada por contratação temporária está relacionada à procura de

múltiplos empregos.

Os proventos desses profissionais também foram investigados. Uma vez que uma

parcela significativa dos farmacêuticos possuía outros empregos além daquele na farmácia do

hospital em que foram entrevistados, foram considerados os vencimentos somente naquele

hospital e os vencimentos totais, somando-se todas as fontes de proventos. De um modo

geral, observou-se que 71,0% dos farmacêuticos recebiam no máximo 5 salários mínimos pelo

trabalho no hospital (cerca de até R$ 3.400,00 em valores vigentes à época da pesquisa - ano

base 2014) (Tabela 5).

A análise de todos os vencimentos dos profissionais revela que, na faixa de

vencimentos de até 5 salários mínimos (cerca de R$ 3.400,00 em valores vigentes à época),

predominam os profissionais com apenas 1 emprego, 68,2% versus 22,6% dos que possuem 2

empregos e 20% dos que possuem 3 empregos. Esta situação se inverte quando se consideram

as faixas de renda superiores a 7 salários mínimos (acima de R$ 4.760,00 em valores vigentes

à época). Neste grupo estão contidos apenas 14,1% dos que têm um único emprego em

farmácia hospitalar e, respectivamente, 52,7% e 70% daqueles com 2 ou com 3 ou mais

empregos. Estes resultados sugerem a busca por complementação de renda através de outros

empregos, possivelmente devido à insatisfação com os salários pagos pela atuação como

farmacêutico hospitalar (Figura 8).

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Figura 8 - Variação da renda total em função do número de vínculos empregatícios de farmacêuticos de hospitais fluminenses. Legenda: Observa-se variação da renda dos farmacêuticos em função do número de empregos que estes possuem. Entre os profissionais com apenas 1 emprego predominam aqueles que recebem até 5 salários mínimos (68,2%). Entre os que possuem 2 ou 3 ou mais empregos, respectivamente, 52,7% e 70,0% recebem acima de 7 salários mínimos. Estes dados sugerem busca de complementação de renda por meio de outros empregos. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

A título de comparação, de acordo com a Lei Estadual nº 6.402, de 2013, o piso salarial

farmacêutico no Estado do Rio de Janeiro à época da pesquisa estava definido em R$ 2.047,58

(BRASIL, 2013). Em consulta recente, realizada no site do CRF-RJ, foi encontrada a informação

de que este valor foi corrigido em março de 2016 e o piso salarial farmacêutico fixado em R$

2.684,99 (CRF-RJ, 2016). Frente aos resultados observados nesta pesquisa é possível afirmar

que uma parcela significativa dos entrevistados recebia salários próximos ao piso da categoria

pelo trabalho como farmacêutico hospitalar.

Segundo o Conselho Federal de Farmácia, um dos aspectos que pode explicar a baixa

remuneração recebida pelos farmacêuticos é o atual panorama do mercado de trabalho

farmacêutico, em que a oferta de farmacêuticos é maior que a procura, devido ao grande

número de cursos de graduação em Farmácia com autorização para funcionamento (492

cursos), 45,7% deles concentrados na Região Sudeste do Brasil (BRASIL, 2015; CFF, 2015).

Essa tendência de baixa remuneração também já foi descrita para farmacêuticos que

atuavam em farmácias privadas do município de Florianópolis/SC, onde 54,4% recebiam, em

23,5%

1,4%

44,7%

21,2%

20,0%

15,3%

24,0%

10,0%

8,2%

20,5%

23,3%

5,9%

32,2%

46,7%

2,4%

0,7%

0% 25% 50% 75% 100%

1 emprego

2 empregos

3 ou maisempregos

até 3 salários mínimos

3-5 salários mínimos

5-7 salários mínimos

7-9 salários mínimos

acima de 9 salários mínimos

Não informou

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2005, entre R$ 701,00 e R$ 1.300,00 e 27,8% recebiam entre R$ 1.301,00 e R$ 2.000,00

(FRANCESCHET; FARIAS, 2005).

Dados mais recentes do Conselho Federal de Farmácia (2015) dão conta de que 39,9%

dos farmacêuticos brasileiros recebem entre R$ 2.001,00 e R$ 3.000,00 e outros 19,6%

recebem entre R$ 3.001,00 e R$ 4.000,00. A maior possibilidade de ascensão salarial entre

aqueles que atuam em farmácias e/ou distribuidoras de medicamentos foi relatada para as

farmácias magistrais e hospitalares. Especificamente para os que atuam em farmácia

hospitalar, 37,9% recebem entre R$ 2.001,00 e R$ 3.000,00 e 20,4% recebem entre R$

3.001,00 e R$ 4.000,00. Os maiores salários da área farmacêutica foram descritos para os

profissionais que atuam em Docência de Nível Superior, Vigilância Sanitária, na Indústria

Farmacêutica e na Gestão Pública ou Privada.

O estudo do CFF (2015) também encontrou correlação entre os maiores salários (acima

de R$ 5.001,00) e o fato de serem profissionais do sexo masculino e residentes nas regiões

Norte e Centro-Oeste do Brasil. A mesma associação foi revelada para aqueles que estudaram

em escolas públicas, com maiores chances de obterem salários acima de R$ 5.001,00 (27,0%

dos que estudaram em instituições públicas versus 8,3% daqueles oriundos de instituições

privadas).

Quando questionados sobre o nível geral de satisfação, 72,1% dos farmacêuticos desta

pesquisa posicionaram-se como satisfeitos com a prática profissional no ambiente hospitalar,

enquanto 23,0% afirmaram estar insatisfeitos.

Estudo realizado em farmácias municipais das Secretarias Municipais de Saúde do Vale

do Rio Pardo/RS também avaliou o grau de satisfação de farmacêuticos e encontrou graus de

satisfação, numa escala de 0 a 10, da ordem de 6 em relação ao piso salarial, 7,8 em relação à

profissão farmacêutica e 7,7 em relação ao trabalho no SUS (SEEGER, 2008). Souza (2012)

avaliou os farmacêuticos de drogarias de Natal e observou que 74,0% dos entrevistados se

diziam insatisfeitos ou muito insatisfeitos com o seu salário.

França-Filho et al. (2008), ao estudar o perfil de satisfação de farmacêuticos de

farmácias comunitárias de dispensação, manipulação ou homeopáticas em Santa Catarina,

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encontrou maior percentual de profissionais satisfeitos entre aqueles que realizavam

atividades de cunho clínico, como o acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes,

quando comparado àqueles que não exerciam esse tipo de atividade. Neste estudo, numa

escala de 1 a 5, a média geral de satisfação dos entrevistados ficou em 3,4 ± 0,8.

O estudo nacional do Conselho Federal de Farmácia (2015) revelou que as maiores

causas de insatisfação dos farmacêuticos relacionam-se à baixa remuneração e carga horária

de trabalho excessiva. Apesar disso, o maior incentivo apontado pelos farmacêuticos para

continuar na profissão é a vocação e a possibilidade de atender às necessidades da sociedade,

a despeito da falta de reconhecimento pelos serviços prestados e do atendimento apenas

parcial de suas expectativas.

Cardozo et al. (2015) aponta que a justa remuneração salarial, a oferta de educação

permanente, a jornada de trabalho compatível e os recursos materiais adequados no

ambiente de trabalho são condições fundamentais para preservar o bem-estar físico e

psíquico dos profissionais e consequentemente favorecer o seu melhor desempenho.

Os resultados de satisfação ou insatisfação profissional nesta pesquisa merecem ser

refletidos também em razão da escolha por esta área da profissão frente às atividades

desenvolvidas pelos farmacêuticos em seu ambiente de trabalho, bem como frente à

participação e integração com os demais setores assistenciais do hospital.

Em relação à razão da escolha por esta área da profissão, a maioria dos farmacêuticos

afirmou que o interesse na área hospitalar teve origem na disciplina de Farmácia Hospitalar

da graduação, opção citada nas respostas de 55,0% dos entrevistados; seguida da afirmação

de que não foi uma escolha, mas uma oportunidade de emprego - citada por 43,8% dos

entrevistados. As demais situações elencadas apareceram com frequência menor -

expectativa de maiores salários (9,8%), maior possibilidade de trabalhar próximo à sua

residência (8,3%) e maior oportunidade de empregos (7,5%). A soma dos percentuais

ultrapassa o valor de 100% por se tratar de frequência de citação nas respostas e cada

profissional poder indicar mais de um motivo para justificar sua escolha pela área hospitalar.

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A disciplina de Farmácia Hospitalar, apontada como o principal motivador da escolha

pela área hospitalar, foi incluída pela primeira vez no currículo de Graduação em Farmácia

pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 1975. Desde então vários outros avanços

ocorreram, dentre os quais se podem citar a criação dos primeiros cursos de pós-graduação

latu sensu em Farmácia Hospitalar, nas Universidades Federais do Rio Grande do Norte e do

Rio de Janeiro, em 1980; a realização do I Seminário sobre Farmácia Hospitalar, organizado

pelo Ministério da Educação e Cultura, em Brasília, em 1982, e os outros que se suscederam

a este; o fortalecimento do movimento da farmácia hospitalar por meio da realização do I

Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, em 1990; a criação da Sociedade Brasileira de

Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde, em 1995; a criação do 1º curso de Especialização em

Farmácia Hospitalar nos moldes de residência, na Universidade Federal Fluminense, em 1998;

dentre outros (BARBOSA, s.d.; CAPUCHO, 2011).

O resultado observado nesse estudo reforça a importância da manutenção da

disciplina de farmácia hospitalar nos currículos das universidades brasileiras e a necessidade

de ampliação das oportunidades de estágio nessa área, dado o seu importante papel na

preparação e direcionamento de profissionais para este espaço de atuação farmacêutica.

A tabulação das atividades exercidas pelos entrevistados revelou que grande parte dos

profissionais tem funções múltiplas no âmbito da farmácia hospitalar em que atuam. A média

de atividades que os profissionais desenvolvem foi de 5,6 ± 2,8 atividades (menor valor = 1;

maior valor = 15). Tal resultado aponta para uma questão frequentemente citada em

pesquisas envolvendo farmacêuticos, a sobrecarga de trabalho e o reduzido número de

profissionais para executar as atividades inerentes à assistência farmacêutica, o que resulta

em acúmulo de funções e, em muitos casos, compromete a qualidade dos serviços prestados

(FRANCESCHET; FARIAS, 2005; CFF, 2015).

A avaliação da frequência de citação das atividades farmacêuticas revelou que os

participantes da pesquisa se dedicam principalmente às atividades de armazenamento

(79,8%), avaliação de prescrições médicas (79,5%), distribuição de medicamentos para as

unidades assistenciais (70,0%), dispensação de medicamentos para pacientes ambulatoriais

(53,2%), gestão do serviço de farmácia hospitalar (45,6%), aquisição de medicamentos

(43,7%), seleção de medicamentos (43,3%) e programação de medicamentos (36,5%). A soma

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93

dos percentuais ultrapassa o valor de 100% por se tratar de frequência de citação nas

respostas e cada profissional poder indicar mais de uma atividade (Figura 9).

Figura 9 - Atividades desenvolvidas pelos farmacêuticos em hospitais fluminenses*. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor). * Os percentuais referem-se à frequência de citação e, uma vez que o mesmo respondente poderia assinalar vários itens, a soma das respostas não perfaz o percentual de 100%.

Os achados revelam que as atividades a que os farmacêuticos se dedicam com mais

frequência são aquelas que compõem o chamado Ciclo Logístico da Assistência Farmacêutica

(gestão, seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação). Estas

atividades são essenciais para o funcionamento da farmácia hospitalar, contudo, estão

focadas quase que exclusivamente na gestão técnica e garantia de acesso ao medicamento,

com pouca interação com os demais profissionais da equipe de saúde ou com o usuário.

0,8%

1,1%

11,0%

13,3%

13,7%

15,2%

27,4%

28,1%

31,2%

36,5%

43,3%

43,7%

45,6%

53,2%

70,0%

79,5%

79,8%

0% 20% 40% 60% 80%

Manipulação de nutrição parenteral

Visita domiciliar/Assistência domiciliar

Manipulação de medicamentos estéreis

Seguimento farmacoterapêutico de pacientes ambulatoriais

Pesquisa (incluindo estudos de utilização de medicamentos)

Manipulação de medicamentos não-estéreis

Farmacovigilância

Seguimento farmacoterapêutico de pacientes hospitalizados

Ensino (acompanhamento de alunos em estágio)

Programação de medicamentos

Seleção de medicamentos

Aquisição de medicamentos

Gestão do serviço de farmácia hospitalar

Dispensação de medicamentos para pacientes ambulatoriais

Distribuição de medicamentos para as unidades assistenciais

Avaliação de prescrições médicas

Armazenamento

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94

O tecnicismo vigente no Brasil ao longo de décadas orientou a formação de

profissionais com conhecimentos técnicos para atuar no mercado industrial farmacêutico.

Neste sentido, o processo formacional foi, durante muito tempo, orientado pela necessidade

de se ter domínio e estar preparado para executar funções farmacêuticas específicas,

desconsiderando-se outros aspectos humanísticos e sociais da saúde (ARAÚJO; PRADO, 2008).

Os achados desta pesquisa corroboram as indicações de estudos que revelam que, em

muitos casos, o papel desempenhado pelo farmacêutico nas atividades de assistência

farmacêutica ainda permanece restrito aos processos de gestão de estoques e logística de

medicamentos, com pouca ou nenhuma interação com outros profissionais de saúde e com

os usuários do sistema. Este panorama parece difícil de ser revertido, uma vez que estes

profissionais foram formados neste modelo e já existe um fluxo de trabalho estabelecido com

esta lógica nas unidades de saúde (ARAÚJO et al., 2008; OLIVEIRA; ASSIS; BARBONI, 2010).

Correr et al. (2004) constataram que as atividades mais frequentemente

desempenhadas pelos farmacêuticos eram a dispensação, o controle e o registro de

medicamentos, o treinamento de auxiliares e o gerenciamento. Para Schommer et al. (2002)

a dispensação de medicamentos e suas atividades correlatas continuam a ser a principal

atribuição do farmacêutico. Seeger (2008) relatou que as atividades das quais os

farmacêuticos mais participam são aquisição, dispensação, controle de estoque e dos

medicamentos da Portaria nº 344/1998.

Esses resultados demonstram o atrelamento da atuação farmacêutica às áreas de

natureza administrativa e técnicas, com pouca atuação na área clínica e no contato com o

paciente e com outros profissionais de saúde, evidenciando o quão distante está a realidade

vivenciada pelos profissionais daquilo que é preconizado como papel esperado do

farmacêutico no sistema de saúde (WHO, 1994; BRASIL, 1998, 2004; OMS, 1988; OPAS/OMS,

2002).

Conforme apontado por Barreto e Souza (2013), a superação do abismo existente

entre o saber e o fazer no âmbito das políticas e sistemas de saúde, públicos ou privados,

permanece como um desafio contemporâneo endereçado a governos e sociedades. Este autor

defende que para o desenvolvimento de políticas e ações de saúde de modo efetivo, que

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95

otimizem os recursos disponíveis e produzam resultados amplos e favoráveis, é necessária a

criação de uma ponte entre o saber e o fazer, que permita a tradução do conhecimento

científico-acadêmico (o saber), de modo a permitir sua apropriação pelos tomadores de

decisão que atuam na prática da atenção à saúde (o fazer).

A ideia de superação das barreiras para a produção colaborativa, participativa,

orientada à ação e voltada para a coprodução do saber entre pesquisadores e tomadores de

decisão, embora essencial, ainda constitui desafio na área de saúde, sobretudo pelas

diferenças de perspectivas, linguagens, percepções de tempo e objetivos. Apesar disso, esse

parece ser o único caminho capaz de propiciar a melhora do sistema de saúde (CHOI et al.,

2005).

Entre as atividades mais frequentes nesta pesquisa, a avaliação das prescrições

médicas e a dispensação de medicamentos são aquelas que possibilitam o maior contato do

farmacêutico com outros profissionais e com o usuário. Contudo, deve-se ressalvar que não

foi avaliado o entendimento dos entrevistados quanto à abrangência destas atividades. Neste

sentido, não é possível afirmar se de fato referem-se a atividades com cunho mais clínico,

voltado para a interação interpessoal e prestação de informações sobre medicamentos ou se

correspondem a mera triagem de quantidades de medicamentos em prescrição médica e

entrega dos medicamentos ao usuário, sem maior interação interpessoal.

A atuação clínica do farmacêutico hospitalar vem sendo discutida desde meados da

década de 1970, quando surgiram as primeiras discussões acerca da farmácia clínica e do

papel do farmacêutico em relação ao paciente (HEPLER; STRAND, 1990). O papel do

farmacêutico no sistema de atenção à saúde também é assunto frequente nas recomendações

da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 1988, a OMS recomendou que a atuação do

farmacêutico deveria ser dirigida à aplicação dos conhecimentos científicos adquiridos sobre

o uso apropriado dos medicamentos e prevenção aos riscos de seu uso indiscriminado (OMS,

1988). Em 1993, recomendou que fossem priorizados aspectos relacionados à atenção

farmacêutica, tornando-os essenciais para a prática profissional (OMS, 1993). Em 1997, traçou

o novo perfil profissional para o chamado farmacêutico sete estrelas, em que aponta para a

necessidade de um profissional prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde,

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96

capaz de tomar decisões, comunicador, líder, gerente, atualizado permanentemente,

educador e pesquisador (WHO, 1997).

Os estudos revelam que, em linhas gerais, os componentes mais amplos da atividade

prática do farmacêutico devem estar focados na educação em saúde (incluindo promoção do

uso racional de medicamentos); orientação farmacêutica; dispensação; entrevista

farmacêutica; seguimento/acompanhamento farmacoterapêutico; registro sistemático das

atividades, mensuração e avaliação dos resultados (IVAMA et al. 2002).

Apesar disso, o que os resultados desta pesquisa demonstram é que as atividades com

cunho clínico e, portanto, mais voltadas para o paciente são desenvolvidas em menor

proporção. A título de exemplificação, foram descritos percentuais de 28,1% para o

seguimento farmacoterapêutico de pacientes internados e de 13,3% para o seguimento

farmacoterapêutico de pacientes ambulatoriais. Do mesmo modo, foram citadas em menor

proporção atividades de ensino e acompanhamento de alunos em estágio (31,2%),

farmacovigilância (27,4%) e pesquisa (13,7%).

A tendência de foco das atividades farmacêuticas em questões técnico-administrativas

também é relatada em outros espaços de prática farmacêutica. Estudo realizado em farmácias

privadas do município de Florianópolis/SC evidenciou que o acompanhamento

farmacoterapêutico com fichas de pacientes crônicos era feito com apenas 15,5% dos

pacientes. Mesmo entre os pacientes acompanhados, a maior parte das informações

prestadas referia-se à indicação do medicamento, com poucas orientações acerca de

interações medicamentosas, contraindicações ou reações adversas aos medicamentos

(FRANCESCHET; FARIAS, 2005).

Outro aspecto considerado nesta pesquisa diz respeito à verificação da participação

dos profissionais em comissões hospitalares. Os resultados revelaram que 61,1% dos

farmacêuticos entrevistados não participavam de nenhuma comissão hospitalar.

A participação foi menor entre aqueles que se declararam plantonistas (77,7%

afirmaram não participar de nenhuma comissão hospitalar) quando comparado àqueles que

se declararam diaristas (39,7% afirmaram não participar de nenhuma comissão hospitalar), o

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97

que pode ajudar a explicar os baixos índices de participação observados, uma vez que a

maioria dos profissionais atua em regime de plantão.

Esse resultado corrobora a afirmação de que, embora todas as pesquisas voltadas para

a análise da atuação do farmacêutico apontem sistematicamente a necessidade de maior

integração com a equipe de saúde e provisão de serviços orientados ao paciente, sua

participação na equipe multiprofissional ainda não é uma realidade no Brasil (SILVA; VIEIRA,

2004).

Os farmacêuticos que participavam de comissões hospitalares relacionaram 20

diferentes comissões, sendo as mais citadas a Comissão de Farmácia e Terapêutica (citada por

23,8% dos entrevistados), a Comissão de Infecção Hospitalar (22,3%) e a Comissão de

Prevenção de Riscos e Controle de Resíduos (9,4%), para as quais foram relatados elevados

níveis de integração (Tabela 6).

Foram relacionados baixos níveis de integração nas comissões de Terapia Nutricional

e de Formulários e Documentos (Tabela 6).

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Tabela 6 – Comissões hospitalares citadas e integração de farmacêuticos a essas comissões.

Frequência de citação de comissões hospitalares * % Nível médio de

Integração

Comissão de Farmácia e Terapêutica ..................................................... 23,8

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar ........................................ 22,3 Comissão de Prevenção de Riscos e Controle de Resíduos .................... 9,4 Comissão de Padronização de Materiais Médicos .................................. 7,5 Comissão de Terapia Nutricional ............................................................ 5,7 Comissão de Ensino e Pesquisa .............................................................. 4,2 Comissão de Segurança do Paciente ...................................................... 3,4 Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas .................................. 2,6 Comissão de Revisão de Prontuário ....................................................... 2,6 Comissão de Biossegurança .................................................................... 2,3 Comissão de Esterilização e Reprocessamento de Artigos Médicos ...... 0,8 Comissão de Acreditação Hospitalar ...................................................... 0,8 Comissão de Formulários e Documentos ............................................... 0,4 Comissão de HIV ..................................................................................... 0,4 Comissão de Assuntos Transfusionais .................................................... 0,4 Comissão de Medicamentos Potencialmente Perigosos ........................ 0,4 Comissão de Baixa de Materiais ............................................................. 0,4 Comissão de Faturamento Hospitalar .................................................... 0,4 Comissão de Auditorias .......................................................................... 0,4 Comissão de Ética ................................................................................... 0,4

Baixo nível de integração Indiferente Alto nível de integração

* Os percentuais referem-se à frequência de citação e, uma vez que o mesmo respondente poderia assinalar vários itens, a soma das respostas não perfaz o percentual de 100%. Este número representa o número de participantes que afirmaram participar da comissão em relação ao total de entrevistados na pesquisa. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

Estes achados merecem ser refletidos frente àqueles recentemente descritos pelo

Conselho Federal de Farmácia, que contou com a participação de farmacêuticos de todo o

Brasil. No trabalho do CFF foram apontadas com grande frequência questões relacionadas ao

desejo do farmacêutico de ser reconhecido como membro da equipe de saúde e de ser

valorizado por sua importância no cuidado à saúde da população, conforme trechos a seguir

transcritos (CFF, 2015):

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“... anseio pelo dia em que seremos mais valorizados e realmente reconhecidos pela

importância de nossa profissão...”;

“... espero que a profissão seja cada vez mais valorizada e que o farmacêutico possa

participar cada vez mais na equipe multidisciplinar de saúde...”;

“... compreensão da importância e valorização do farmacêutico por todos os serviços

de saúde no país, não só de médicos e enfermeiros vive o sistema de saúde...”;

“... ajudar as pessoas, afinal somos o profissional da saúde mais acessível à

população...”;

“... acho o papel do farmacêutico fundamental na vida das pessoas...”;

“... acreditar que a profissão farmacêutica sempre trouxe melhorias para a sociedade

e para a saúde pública em geral e que avançaremos ainda mais...”.

Chama a atenção, frente ao manifesto desejo de maior reconhecimento e participação

nas decisões da equipe de saúde relatado em outros estudos, um número tão expressivo de

profissionais desta pesquisa não participar de comissões hospitalares. A importância do

farmacêutico como membro da equipe multiprofissional das comissões hospitalares é fato

notório e amplamente difundido na literatura científica, destacando-se a sua participação nas

comissões de Controle de Infecção Hospitalar e de Farmácia e Terapêutica, onde exerce papel

fundamental na seleção de medicamentos, elaboração de guias terapêuticos,

farmacovigilância e controle/monitoramento da utilização de medicamentos, dentre outros

(MENDES, 2008; OLIVEIRA et al., 2015).

Apesar da importância do tema o que se constatou foi que as comissões de Farmácia

e Terapêutica e de Controle de Infecções Hospitalares, ainda que tenham sido as mais citadas,

foram relatadas por apenas 23,8% e 22,3% dos entrevistados, respectivamente. Situação

similar já havia sido descrita por Osório-de-Castro e Castilho (2004), que apontaram que a

participação dos farmacêuticos em comissões hospitalares bem como a sua presença nas

enfermarias ocorria aquém do desejado na maior parte dos hospitais brasileiros.

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100

Apesar disso, a maioria dos farmacêuticos considerou que tem um relacionamento

bom ou muito bom, tanto com os demais farmacêuticos do hospital (78,9%), quanto com os

profissionais de outras categorias da área de saúde (77,0%).

Os maiores desafios enfrentados na execução das atividades inerentes à assistência

farmacêutica em âmbito hospitalar, quando empregada questão com respostas estruturadas,

na opinião dos participantes da pesquisa, estavam relacionados à infraestrutura, organização

e rotinas do próprio hospital (Figura 10).

Os entrevistados também foram solicitados a informar, em outra questão, dois

entraves frequentemente enfrentados na farmácia do hospital em que estão inseridos e que

interferem diretamente na qualidade de suas atividades, sendo-lhes permitido se expressar

livremente. De todas as palavras citadas pelos farmacêuticos, a mais frequente foi falta,

seguida de profissionais e medicamentos (Figura 10).

Desafios na prática profissional %

A infraestrutura, organização e rotinas do hospital 48,3

Relação com a equipe de saúde deste hospital 25,6

A infraestrutura, organização e rotinas da farmácia hospitalar 18,9

Relação com os pacientes/usuários do serviço 5,7

Não informado 1,5

Total 100,0

Figura 10 - Desafios enfrentados por farmacêuticos em hospitais fluminenses. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

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Estes resultados, em termos de desafios para o farmacêutico, apontam para um

problema recorrente no sistema de saúde brasileiro, qual seja a escassez de recursos e o

desabastecimento de medicamentos em ambiente hospitalar, em parte, devido à própria

desorganização e problemas relacionados à rotina dos hospitais. Ademais, aponta para a

insuficiência dos recursos humanos em farmácia hospitalar, amplamente discutida no capítulo

1 desta pesquisa e que apontou baixo quantitativo de profissionais frente à diversidade e

complexidade das demandas da assistência farmacêutica, com consequente sobrecarga dos

profissionais.

2.4. CONCLUSÕES

Esta etapa da pesquisa permitiu traçar o perfil de farmacêuticos que atuam em

hospitais vinculados ao SUS no Estado do Rio de Janeiro e compreender, ainda que em parte,

a dinâmica de trabalho destes profissionais na farmácia hospitalar.

Na amostra estudada, verificou-se predominância de farmacêuticos do sexo feminino,

jovens e com menos de 10 anos de formados. Os entrevistados são majoritariamente oriundos

do próprio Estado do Rio de Janeiro e egressos de universidades públicas, com histórico de

estágio em farmácia hospitalar durante a graduação. A maioria deles atribui à disciplina de

farmácia hospitalar o principal motivador para a escolha desta área de atuação, o que

corrobora sua importância na grade curricular do curso de Farmácia.

O grau de escolaridade dos farmacêuticos entrevistados foi superior àquele descrito

em outros estudos, com elevado percentual de profissionais com algum curso de pós-

graduação, sobretudo a especialização. Estes farmacêuticos também relataram busca por

qualificação profissional e atualização por meio de cursos e leitura de livros ou artigos

científicos relacionados à sua área de atuação. Apesar disso, uma parcela significativa destes

afirma não ter participado de cursos visando à sua capacitação ou qualificação profissional.

No que tange ao trabalho como farmacêutico hospitalar, a maioria atua na área há

menos de 10 anos, em escala de plantão e tem carga horária semanal inferior a 40 horas

semanais. A baixa remuneração auferida com os serviços prestados como farmacêutico

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hospitalar parece estar relacionada à procura por outros empregos para complementação de

renda.

Observou-se predomínio de profissionais que realizam múltiplas atividades no âmbito

da assistência farmacêutica hospitalar. As atividades desenvolvidas estão voltadas

principalmente para a garantia de acesso ao medicamento (seleção, programação, aquisição,

armazenamento, distribuição e dispensação), com pouca interface com atividades clínicas e

de ensino/pesquisa. Apesar disso, um número significativo de profissionais descreve a

avaliação de prescrições médicas como uma de suas atividades rotineiras, o que pode

representar um passo importante na direção do desenvolvimento de um perfil profissional

mais clínico.

A participação em comissões hospitalares também é pouco frequente, sendo as

comissões mais citadas a de Farmácia e Terapêutica e a de Controle de Infecções Hospitalares.

Este resultado aponta para o descolamento entre a teoria e a prática no âmbito da farmácia

hospitalar brasileira. Tal conclusão decorre do fato de todas as pesquisas apontarem

sistematicamente para a necessidade de integração do farmacêutico à equipe

multiprofissional em saúde e foco em atividades clínicas direcionadas ao paciente, a despeito

dos resultados desta pesquisa revelarem um perfil profissional focado em questões técnicas

e administrativas.

Os maiores desafios enfrentados na execução das atividades inerentes à assistência

farmacêutica estão relacionados à infraestrutura, organização e rotinas do próprio hospital,

de tal modo que os maiores entraves que interferem diretamente na qualidade de suas

atividades são a falta de profissionais e de medicamentos. A sobrecarga de trabalho,

insatisfação com os salários auferidos como farmacêutico hospitalar e o distanciamento do

usuário/equipe de saúde podem ajudar a explicar os baixos índices de adequação frente a

indicadores de estrutura e processo, descritos para a farmácia hospitalar fluminense. Apesar

disso, mais de 70% dos farmacêuticos se dizem satisfeitos com a prática profissional em

ambiente hospitalar.

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103

CAPÍTULO 3

COMPETÊNCIA PARA A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HOSPITALAR

3.1. REFERENCIAL TEÓRICO

A produção do cuidado tem desafiado a organização dos serviços de saúde, pois coloca

questões que vão além da competência técnico-científica em que se baseia o modelo a partir

do qual as ações de saúde historicamente têm se estruturado (MACHADO; PINHEIRO;

GUIZARDI, 2004). As deficiências provenientes da formação profissional representam um

grande desafio para a reorientação da assistência farmacêutica no Brasil e foram apontadas

como um problema a ser enfrentado tanto na Oficina Nacional de Atenção Farmacêutica, em

2001, quanto no Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar, em 2011,

e no Congresso Brasileiro de Educação Farmacêutica, em 2015. Nestes eventos ficou claro o

predomínio do perfil profissional excessivamente tecnicista e desconectado das políticas de

saúde (ONAF, 2001; SBRAFH, 2011; COBEF, 2015).

A reformulação do modelo de assistência farmacêutica vigente passa pela

reorientação da prática profissional farmacêutica. Neste sentido, a capacitação dos

farmacêuticos para o exercício profissional deve ser considerada fator determinante da

qualidade da assistência farmacêutica. A transição para o modelo de atuação focado na

prestação de cuidados continuados e de serviços orientados para o paciente representa uma

grande oportunidade de redirecionamento da prática e de inserção do farmacêutico na equipe

multiprofissional de saúde (FIP, 2014).

Essa transição, contudo, deve ser acompanhada pela formação de recursos humanos

qualificados. A reprofissionalização do farmacêutico também exige que as instituições de

ensino superior adotem novas práticas e ampliem as possibilidades de ensino através da

valorização da troca de experiências e vivências profissionais (CHAUD; GREMIÃO; FREITAS,

2004; ÉBOLI, 2009; CRUZ; SILVA, 2011). Para tanto, é necessário o fortalecimento de sistemas

de educação de qualidade e baseados em competências, capazes de dotar os farmacêuticos

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de competências científicas e clínicas centradas no paciente e ajustadas às necessidades da

comunidade (FIP, 2014).

É neste contexto que, nos últimos anos, observa-se o surgimento de pesquisas com

foco na identificação de conhecimentos, habilidades, atitudes e competências percebidas

como necessárias à atuação profissional em saúde. Diferentes categorias profissionais foram

objeto de estudos com este perfil, dentre as quais podemos destacar enfermeiros (PARANT;

PINGITORE; LA-ROSE, 2014), médicos (BELIVEAU; NISHIMURA; O GARA, 2014), farmacêuticos

(CRADER, 2014) e a própria equipe interdisciplinar (SAUPE et al., 2005; SANTOS; TORRES,

2012).

Conhecimento é o termo comumente utilizado para expressar todo o aprendizado

adquirido na graduação, pós-graduação, cursos extracurriculares e de atualização profissional,

bem como o conhecimento oriundo da prática profissional e de experiências pessoais

(BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001; RABAGLIO, 2001; LOPES, 2007).

O conhecimento é composto por um conjunto de elementos que se integram para

propiciar ao indivíduo condições de realizar suas atividades e pode ser compreendido como

um elemento preponderante nas relações sociais da pessoa, capaz de instrumentalizá-la no

seu desenvolvimento profissional e pessoal. Pode ser dividido em duas categorias: (i)

conhecimento explícito (abstrato) - conhecimento objetivo e racional, adquirido

principalmente através da informação, via de regra pela educação formal e (ii) conhecimento

tácito (experimental) - conhecimento pessoal incorporado pela experiência e que envolve

fatores intangíveis como crenças pessoais e sistema de valores (SOUZA, 2001).

As habilidades podem ser entendidas como a capacidade de transformar o

conhecimento teórico em prática, a fim de executar, de forma produtiva, uma tarefa (LOPES,

2007; CECCON, 2012). A habilidade implica em saber como fazer e é adquirida através do

treinamento e da experiência adquirida (SOUZA, 2001).

As atitudes são o querer fazer, a motivação que impulsiona o profissional a colocar

seus conhecimentos e habilidades em prática (RABAGLIO, 2001; CARLETTO; FRANCISCO;

KOVALESKI, 2005; BRAND; TOLFO; PEREIRA, 2008). Tão importante quanto dotar os

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105

profissionais de conhecimentos e habilidades para o exercício profissional é estimulá-los a

colocar esses conhecimentos e habilidades em prol do serviço, e que aprendam a reconhecer

e a valorizar a contribuição de todos os membros da equipe multiprofissional (DUTRA et al.,

2001).

Essas três dimensões, conhecimentos, habilidades e atitudes, independentes em

princípio, convergem para compor o que se entende por competência profissional. Diversas

definições para competência profissional podem ser encontradas na literatura, porém, devido

ao caráter polissêmico do termo competência, o primeiro desafio consiste exatamente em

defini-lo.

A Federação Internacional de Farmacêuticos, por exemplo, define competência como

conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que um indivíduo desenvolve por

meio da educação, formação e experiência de trabalho (FIP, 2012).

Fleury e Fleury (2001) propõem a competência como um saber agir responsável e

reconhecido, que implica mobilizar, integrar conhecimentos, recursos e habilidades que

agreguem, ao mesmo tempo, valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.

Para Zarifian (2001) a competência é a inteligência prática para situações que se

apoiam sobre os conhecimentos adquiridos e os transformam com tanto mais eficácia quanto

maior a complexidade das situações. Este mesmo autor destaca, ainda, que as competências

não são estáticas e devem ser construídas no cotidiano e de forma compartilhada. Neste

sentido, as competências só se manifestam a partir de ações, na atividade prática diária e após

um processo de ensino e aprendizagem permanente e baseado em relacionamentos

interpessoais (RIOS, 1993; ZABALLA; ARNAU, 2008).

Para a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em parceria com a Organização

Mundial de Saúde (OMS), competência é o conjunto de características (conhecimentos,

habilidades e atitudes) dos indivíduos que se manifestam quando estes executam uma tarefa

ou realizam um trabalho, estando relacionada com o desempenho exitoso da atividade,

laboral ou não (OPAS/OMS, 2008).

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Miller (1990), ao definir a avaliação de competência clínica, estabeleceu um modelo

conceitual hierárquico de quatro níveis, representado por uma pirâmide. A base da pirâmide

é formada pelo conhecimento (o saber), seguida do segundo nível onde estão contempladas

as habilidades para aplicar esse conhecimento em um determinado contexto (o saber como,

a competência). No terceiro nível está localizado o desempenho (o mostrar como), que refelte

a habilidade de agir corretamente numa situação simulada. Por fim, no último nível está a

ação (o fazer), que se refere à prática em situações clínicas reais.

Rethans et al. (2002) propuseram um refinamento do modelo da pirâmide de Miller,

que considera a competência como pré-requisito para o desempenho, uma vez que este é

influenciado por outros fatores, além da competência, tais como o tempo, o cansaço, o humor

do profissional e/ou do usuário do serviço, o relacionamento entre o profissional com o

usuário do serviço e com outros profissionais da saúde, dentre outros.

Independente da definição adotada, o conceito de competência implica na articulação

dos vários saberes para a resolução de problemas e enfrentamento das situações de

imprevisibilidade, bem como a mobilização da inteligência para fazer, face aos desafios do

trabalho (ARAÚJO; PRADO, 2008). Neste sentido, pode-se dizer que a competência expressa

o que o profissional deve saber e ser capaz de fazer para exercer sua prática com sucesso, em

diferentes contextos, possibilitando o desenvolvimento de profissionalismo, referenciado em

padrões de qualidade (EAD-FIOCRUZ, 2005).

O desenvolvimento de competências apresenta-se, portanto, como uma nova

perspectiva para a formação dos profissionais de saúde, não só por incentivar a reflexão

crítica, mas por ser capaz de responder às exigências impostas pelo atual cenário de mudanças

sociais e favorecer o desenvolvimento da cidadania (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

A competência profissional abrange tanto competências genéricas e humanísticas,

quanto específicas para definir o perfil profissional adequado para o desempenho das funções

em seu ambiente de trabalho. As competências genéricas são aquelas comuns e

compartilhadas entre os membros da equipe de saúde e permitem que os profissionais se

adaptem a novas condições, se mantenham atualizados e superem os problemas que devem

enfrentar na prática profissional. Podem-se citar como exemplo a comunicação, o manejo da

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informação, a gestão dos recursos, dentre outros. As competências humanísticas referem-se

ao conjunto de valores éticos de que o profissional deve ser dotado para o uso e a aplicação

dos conhecimentos adquiridos, estando relacionadas à ética no exercício profissional. As

competências específicas são típicas das funções a serem realizadas por uma unidade

organizativa, dependentes de conhecimentos e habilidades técnicos específicos e inerentes a

cada profissão (OPAS/OMS, 2008).

Para a reorientação da assistência farmacêutica, portanto, é necessário que o

farmacêutico tenha competências em aspectos gerais, técnico-científicos e humanísticos que

permitam resgatar o seu papel junto à população (DUTRA et al., 2000; 2001; BRANDÃO;

GUIMARÃES, 2001; CARBONE; BRANDÃO; LEITE, 2005).

A identificação das competências necessárias para o desempenho das atividades de

assistência farmacêutica foi abordada em documento publicado pela Organização Mundial de

Saúde que definiu o perfil do farmacêutico sete estrelas. Neste documento são destacadas

sete competências esperadas do farmacêutico para o exercício das atividades de assistência

farmacêutica: ser prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde; ser capaz de

tomar decisões; comunicador; líder; gerente; atualizado permanentemente e educador.

Posteriormente este rol de competências foi atualizado para incluir como oitava competência

- ser pesquisador (WHO, 1997; OMS, 2006).

A OPAS, em parceria com a OMS, também publicou, em 2012, o documento

denominado Competencias del farmacéutico para desarrollar los servicios farmacéuticos

baseados en Atención Primaria de Salud y las Buenas Prácticas en Farmacia. Neste trabalho

são apresentadas competências específicas para a formação do profissional farmacêutico e

recomendado que, na implementação deste modelo, cada país faça as adequações

necessárias à sua realidade. As competências específicas ao exercício da assistência

farmacêutica foram agrupadas em cinco eixos: competências para lidar com políticas públicas;

competências para a organização e gestão da assistência farmacêutica; competências voltadas

para lidar com o paciente, a família e a comunidade; competências para a investigação e

gestão do conhecimento e competências para o desempenho profissional (OPAS/OMS, 2002).

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Para a Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP), as principais competências que

o farmacêutico deve possuir podem ser organizadas em quatro dimensões: (i) foco na

população - competências para promoção da saúde, informação sobre medicamentos e

aconselhamento do uso de medicamentos; (ii) foco no paciente - competências para consulta

e diagnóstico farmacêutico, garantia de acesso, dispensação e acompanhamento do uso de

medicamentos; (iii) organização e gerenciamento - competências para lidar com questões

orçamentárias, seleção e aquisição de medicamentos, gerenciamento e promoção de

melhoras no ambiente de trabalho, dentre outras; (iv) profissional/pessoal - habilidades de

comunicação, prática profissional baseada em preceitos legais, regulatórios e éticos,

promoção da pesquisa no local de trabalho, entre outras (FIP, 2012).

No Reino Unido, o Grupo de Avaliação e Desenvolvimento de Competências destaca

como competências importantes para a assistência farmacêutica: (i) competências para a

aquisição de medicamentos; (ii) para a provisão de serviços e de medicamentos à população;

(iii) para a seleção de medicamentos; (iv) para o acompanhamento do usuário de

medicamentos; (v) para a consulta farmacêutica; (vi) para o treinamento da equipe, dentre

outras (CODEG, 2007).

A Nova Zelândia, por sua vez, organiza sua grade de competências farmacêuticas em

torno de sete grandes áreas: (i) prática de farmácia de modo profissional e culturalmente

competente; (ii) contribuição para o uso racional dos medicamentos; (iii) fornecimento de

cuidados de saúde primários; (iv) aplicação das competências de gestão e organização; (v)

investigação e fornecimento de informações; (vi) dispensação de medicamentos e (vii)

preparo de produtos farmacêuticos (PCNZ, 2011).

No Brasil também se observa, nos últimos anos, um maior esforço governamental para

melhorar as ações na área de recursos humanos e de qualificação profissional para o SUS

(NICOLINE, 2010). Entre as diversas ações merece destaque a edição de programas e

legislações voltadas para o tema, tais como a configuração da Rede Observatório de Recursos

Humanos em Saúde, em 1999 (REDE OBSERVATÓRIO, 1999); a publicação da Norma

Operacional Básica de Recursos Humanos para o SUS, em 2003 (BRASIL, 2003a); do Pacto pela

Saúde e do Programa de Qualificação e Estruturação da Gestão do Trabalho e da Educação no

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SUS, em 2006 (BRASIL, 2006) e da Política Nacional de Educação Permanente, em 2007

(BRASIL, 2007).

Especificamente no âmbito farmacêutico, um marco brasileiro importante foi a

publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de graduação em

Farmácia, através da Resolução CNE/CES nº 2/2002, que definem os princípios, fundamentos,

condições e procedimentos da formação de farmacêuticos para a transformação da realidade

em benefício da sociedade. Nessa resolução ficou definido que a formação do farmacêutico

deve ter como objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício de

competências e habilidades gerais e específicas, devendo contemplar as necessidades sociais

da saúde, da atenção integral e do trabalho em equipe, com ênfase no SUS (BRASIL, 2002a).

Entre os conhecimentos necessários ao farmacêutico, elencados na Resolução

CNE/CES nº 2/2002, merecem destaque: manejo de evidências científicas; aprender a

aprender; análise de exames laboratoriais; interações medicamento-medicamento e

medicamento-alimento; interpretação e avaliação de prescrições médicas; dispensação de

medicamentos e correlatos; garantia da qualidade de medicamentos e processos; atenção

farmacêutica; legislação sanitária, farmacologia-farmacodinâmica; emprego terapêutico de

medicamentos, determinantes socioculturais, dentre outros (BRASIL, 2002a).

A mesma Resolução também apresenta as principais habilidades requeridas do

farmacêutico, podendo-se destacar: ser capaz de pensar criticamente a partir e para o

coletivo, ajustado à realidade da comunidade e do serviço; ser capaz de tomar decisões

visando ao uso apropriado de medicamentos; saber interagir com outros profissionais de

saúde e com o público em geral; ter aptidão para assumir posição de liderança; tomar

iniciativa; saber aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática; saber

buscar informações e utilizá-las na prática cotidiana; saber trabalhar em grupo, dentre outras

(BRASIL, 2002a).

Apesar das DCN configurarem um marco para a educação farmacêutica no Brasil e de

alguns avanços decorrentes do seu estabelecimento já terem ocorrido, muitos desafios se

colocam para a formação de profissionais com este perfil. Leite et al. (2008) apontam para as

dificuldades de se inserirem os farmacêuticos em equipes multiprofissionais e de se

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sensibilizarem os docentes para um maior comprometimento com as mudanças necessárias

na formação profissional. A ênfase nas disciplinas, como norteadoras do processo de

reorganização dos currículos, em detrimento das competências e das estratégias de ensino e

aprendizagem é considerada como um obstáculo para a implementação das DCN, uma vez

que estas são um meio para a formação de competências e não a finalidade do processo de

formação (IVAMA; MELCHIOR; CASTRO, 2003).

Essa situação levou o Conselho Federal de Farmácia (CFF) em parceria com a

Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico (ABEF) a promover, ao longo do ano de 2015,

diversos encontros com profissionais e acadêmicos, para delineamento do perfil desejado

para o egresso farmacêutico. As discussões culminaram com a construção de um documento

que foi apresentado ao Conselho Nacional de Educação visando à atualização das atuais DCN

do curso de graduação em Farmácia. A proposta aponta para a necessidade de reorientação

da formação profissional para que seja orientada por competências e que permita ao

profissional a articulação dos conhecimentos, habilidades e atitudes em torno de três eixos

temáticos: cuidado em saúde, tecnologia e inovação em saúde, e gestão em saúde (CFF/ABEF,

2016).

Quanto à formação orientada por competências e com foco no espaço de prática

hospitalar, merece destaque a publicação do livro Farmacêutico hospitalar - conhecimentos,

habilidades e atitudes (CARVALHO; CAPUCHO; BISSON, 2014). Nesse trabalho, embora sejam

abordadas diferentes atividades da farmácia hospitalar, os dados parecem convergir para os

mesmos conhecimentos, habilidades e atitudes necessários à realização das atividades, o que

sugere que as competências são exigidas para o exercício profissional farmacêutico,

independente das particularidades de cada atividade. Em uma visão geral, parece haver

consenso dos especialistas quanto à necessidade de desenvolvimento e aprimoramento

contínuo das competências gerenciais, de comunicação interpessoal e de liderança. Estes

mesmos autores também discutem a importância de que o farmacêutico hospitalar entenda

como funciona e se organiza o hospital para além dos limites da farmácia, na perspectiva do

trabalho em equipe e da multidisciplinaridade, e a importância de sua participação em

comissões hospitalares como uma ferramenta estratégica para o acompanhamento e

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melhoria dos processos de cuidado em saúde, bem como para o bom relacionamento do

farmacêutico com os pacientes, demais profissionais de saúde e gestores.

Também é importante destacar os trabalhos desenvolvidos por estudantes do

Programa de Pós-graduação em Farmácia Hospitalar aos Moldes de Residência, da

Universidade Federal Fluminense, pertencentes à primeira fase do Projeto Atuar - Eixo

Hospitalar. Estes autores buscaram identificar, em hospitais da região metropolitana do Rio

de Janeiro, conhecimentos e habilidades demandados para o desempenho das atividades de

assistência farmacêutica hospitalar. O caminho traçado para o alcance desse objetivo foi

estruturado em três etapas: a observação participante, a construção de situações de prática

e o processamento dessas situações (OLIVEIRA-JÚNIOR, 2013; SANTANA, 2013; SANTOS,

2013) (Quadro 1).

Na etapa da observação participante os estudantes foram inseridos ao longo de um

ano na rotina do setor de farmácia de hospitais fluminenses, de modo a participar do dia-a-

dia da assistência farmacêutica hospitalar e registrar em diário de campo informações que

representassem um incidente crítico (desafio para o setor) ou situações exitosas que exigiram

a mobilização adequada e oportuna de capacidades existentes (OLIVEIRA-JÚNIOR, 2013;

SANTANA, 2013; SANTOS, 2013).

A etapa seguinte consistiu na construção das situações de prática a partir das

anotações do diário de campo. As situações de prática foram entendidas como relatos que

expunham diferentes contextos relacionados com a prática diária da assistência farmacêutica

hospitalar e foram construídas de modo a valorizar a natureza complexa da realidade e

estabelecer conexão com o conteúdo das disciplinas lecionadas nos cursos de Graduação em

Farmácia, com a Portaria nº 4.283/2010 e com o Modelo Lógico para a Farmácia Hospitalar no

Brasil (MÉSSEDER, OSÓRIO-DE-CASTRO, CAMACHO, 2007).

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Quadro 1 - Modelo para a identificação de conhecimentos e habilidades requeridos para a Assistência Farmacêutica Hospitalar.

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE CONSTRUÇÃO DE SITUAÇÕES DE PRÁTICA PROCESSAMENTO DAS SITUAÇÕES DE PRÁTICA

Relato de uma experiência ou vivência da prática que represente um incidente crítico para a Assistência Farmacêutica Hospitalar (AFH). Entende-se por incidente crítico situações que apresentem desafios ou conquistas para a AFH. Local onde acontece: () hospital geral () hospital especializado em ________ () serviço de farmácia () enfermaria () ambulatório () atendimento domiciliar () outro: ________________________

Momento em que acontece: () durante o dia () durante a noite () no final de semana () durante a semana Relato do caso: Título: ____________________________

Texto: ____________________________

Explicação e elaboração da questão central: __ Questão central ou questões de análise (o que deve ser aprendido para enfrentar esta situação?): _____ É uma situação pertinente a AFH? () sim () não Dimensões presentes na situação - Portaria nº 4283/2010: Gestão; Gerenciamento de tecnologias: distribuição, dispensação e controle de medicamentos e de outros produtos para a saúde; Manipulação (magistral e oficinal; preparo de doses unitárias e unitarização de doses de medicamentos; manipulação de nutrição parenteral e manipulação de antineoplásicos e radiofármacos); Cuidado ao paciente; Informação sobre medicamentos e outras tecnologias em saúde; Infraestrutura física, tecnológica e gestão da informação; Recursos humanos; Ensino, pesquisa e educação permanente em saúde Dimensões presentes na situação (Modelo lógico para a Farmácia Hospitalar no Brasil): Gerenciamento; Seleção de Medicamentos; Programação; Aquisição; Armazenamento; Distribuição; Informação; Seguimento farmacoterapêutico; Farmacotécnica; Ensino e pesquisa.

Necessidades de aprendizagem - Resolução CNE/CES 2/02: Conhecimentos requeridos: Princípios de ética e bioética (especificar); Manejo de evidências científicas; Domínio de língua estrangeira (especificar); Manejo da tecnologia de informação (especificar); Aprender a aprender; Métodos e técnicas de investigação (especificar); Análise de exames laboratoriais; Interações medicamento-medicamento e alimento-medicamento; Farmacoepidemiologia (especificar); Dispensação e administração de nutrição parenteral; Interpretar e avaliar prescrições médicas; Dispensação de medicamentos e correlatos (especificar); Política de medicamentos; Garantia da qualidade de medicamentos e processos; Atenção farmacêutica (especificar); Operações matemáticas (especificar); Operações estatísticas (especificar); Legislação sanitária (especificar); Legislação profissional (especificar); Farmacodinâmica (especificar); Emprego terapêutico (especificar); Diagnóstico clínico (semiologia); Determinantes socioculturais; Sistema Único de Saúde (especificar); Outros. Habilidades requeridas: Ser capaz de pensar criticamente a partir e para o coletivo, ajustado a realidade da comunida-de e do serviço; Ser capaz tomar decisões visando o uso apropriado; Saber interagir com outros profissionais de saúde; Saber interagir com o público em geral; Aptidão para a assumir posição de liderança; Tomar iniciativa no momento da orientação; Saber aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática; Saber buscar informação e utilizá-la na prática cotidiana; Saber trabalhar em grupo; Outros.

Fonte - Adaptado de OLIVEIRA-JÚNIOR, 2013; SANTANA, 2013; SANTOS, 2013.

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A última etapa foi o processamento, em que cada situação de prática foi analisada

através de instrumento de análise especificamente desenvolvido para tal, tendo como base a

Resolução CNE/CES nº 2/2002. As oficinas de processamento contaram com a participação de

professores universitários, pós-graduandos, farmacêuticos e especialistas em farmácia

hospitalar, de diferentes instituições da região metropolitana do Rio de Janeiro. A análise

buscou identificar os conhecimentos e habilidades demandados frente ao desempenho

requerido na situação, de modo condizente aos preceitos da assistência farmacêutica

hospitalar (OLIVEIRA-JÚNIOR, 2013; SANTANA, 2013; SANTOS, 2013).

Os principais conhecimentos requeridos para a atuação do farmacêutico hospitalar,

considerando-se as diferentes atividades realizadas no âmbito da farmácia hospitalar, em

diferentes contextos profissionais, segundo estes trabalhos, foram relacionados ao SUS, à

dispensação de medicamentos e correlatos, e aos determinantes socioculturais. Entre as

habilidades apontadas destacaram-se: ser capaz de tomar decisões visando ao uso apropriado

de medicamentos; saber interagir com outros profissionais de saúde e com o público; saber

tomar iniciativa; saber aprender continuamente, tanto na sua formação quanto na sua prática;

e saber buscar informações e utilizá-las na prática cotidiana (OLIVEIRA-JR, 2013; SANTANA,

2013; SANTOS, 2013).

Estes dados revelam que apenas uma base sólida de conhecimentos técnicos

específicos não é mais suficiente para definir o perfil adequado do profissional. Outros fatores

se mostram igualmente importantes, o que inclui as competências que desenvolvem

simultaneamente a assimilação de conhecimentos, a integração de habilidades e a escolha de

atitudes relevantes para um contexto organizacional e obtenção de alto desempenho, em

uma perspectiva de mobilização desses recursos, sob condições específicas no ambiente de

trabalho (RUAS, 2001; BORK, 2003).

Neste momento, a formação do novo perfil profissional farmacêutico, tão debatida nos

últimos anos, deve ser encarada como um desafio para identificar competências,

conhecimentos, habilidades e atitudes necessários e específicos para cada espaço de atuação,

como apontam as DCN do curso de graduação em Farmácia (LEITE et al., 2008; CNEF, 2009).

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Para além da necessidade de se orientar os currículos pelas competências, os dados

apontam para a importância de se identificar necessidades e oportunidades de educação

permanente para o desenvolvimento e fortalecimento das competências propostas para o

profissional farmacêutico (OPAS/OMS, 2008; CPEF, 2012). Faz-se necessário que as estratégias

para o desenvolvimento de competências para a assistência farmacêutica estejam integradas

em competências nacionais visando ao desenvolvimento, treinamento e educação

permanente dos recursos humanos farmacêuticos (UK-FPH, 2012).

Conforme aponta Ceccim (2005), a educação permanente em saúde deve ser

entendida como uma prática de ensino-aprendizagem e como uma política de educação em

saúde: (i) como prática de ensino-aprendizagem, deve se apoiar no conceito de ensino

problematizador e de aprendizagem significativa (interessada nas experiências anteriores e

nas vivências pessoais dos indivíduos, desafiante do desejar aprender mais), em processo de

ensino-aprendizagem embasado na produção de conhecimentos que respondam a perguntas

que pertencem ao universo de experiências e vivências de quem aprende e que gerem novas

perguntas sobre o ser e o atuar no mundo; (ii) como política de educação em saúde, envolve

a contribuição do ensino à construção do SUS e da saúde coletiva, com suas características e

peculiaridades brasileiras, de modo a inovar na proposição de articulações entre o ensino, o

trabalho e a cidadania (CECCIM, 2005).

3.2. METODOLOGIA

3.2.1. Características da pesquisa

Esta etapa do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar teve caráter exploratório e foi norteada

pelo referencial de pesquisa qualitativa. Como premissa, assumiu-se que a investigação de

competências profissionais precisa estar pautada no campo de prática específico, numa

atitude de valorização da realidade e das experiências profissionais, reconhecendo sua

complexidade e seu caráter multidisciplinar para, a partir dele, enunciar conhecimentos e

habilidades que atendam às novas demandas apresentadas pelo atual conceito de Assistência

Farmacêutica (BRASIL, 1998, 2002a, 2004; LIMA, 2005; EAD-FIOCRUZ, 2005).

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3.2.2. Coleta de dados

Os dados utilizados nesta etapa da pesquisa foram provenientes das respostas dos 265

farmacêuticos que preencheram o questionário eletrônico semiestruturado. Este

questionário contava, além de questões relacionadas ao perfil profissional, com 5 questões

relacionadas a conhecimentos e habilidades percebidos como importantes e/ou necessários

ao exercício profissional em farmácia hospitalar.

Nesta etapa da pesquisa foi priorizada a utilização de questões discursivas na

investigação dos conhecimentos e habilidades para a atuação em farmácia hospitalar. Esta

opção metodológica foi baseada nas vantagens da utilização deste tipo de pergunta, tais

como: (i) permitem ao respondente expressar-se livremente, com suas próprias palavras, sem

qualquer cerceamento ou limite de palavras, o que traz estímulo à cooperação; (ii) permitem

a cobertura de pontos de vista que vão além das questões fechadas, com espectro delimitado

de possibilidades de respostas, sendo, por isso mesmo, muito úteis em trabalhos

exploratórios; (iii) evitam que alguma possibilidade de resposta deixe de ser relacionada no

rol de alternativas; (iv) proporcionam comentários, explicações e esclarecimentos

significativos para a interpretação das respostas; e (v) têm menor poder de influenciar os

respondentes quando comparadas àquelas com alternativas previamente estabelecidas

(MATTAR, 1994).

As questões foram estruturadas a partir de estudos prévios do nosso grupo de

trabalho, no âmbito do Projeto Atuar (OLIVEIRA-JÚNIOR, 2013; SANTANA, 2013; SANTOS,

2013). Nestes estudos, apesar de terem sido investigados diferentes espaços de atuação do

farmacêutico dentro da farmácia hospitalar, observou-se consenso entre os participantes de

que, em todas as atividades farmacêuticas consideradas, era desejável que o profissional

tivesse conhecimentos relacionados ao Sistema Único de Saúde, à dispensação de

medicamentos e correlatos, e aos determinantes socioculturais, o que norteou as questões

visando ao aprofundamento sobre estes itens.

No que tange às habilidades identificadas como importantes para a assistência

farmacêutica hospitalar, segundo estes estudos prévios de nosso grupo de trabalho,

mostraram-se dispersas, sem uma tendência clara, contrariamente ao observado para os

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conhecimentos. Neste sentido, optou-se pela elaboração de uma pergunta estruturada

contendo as principais habilidades anteriormente identificadas para que os entrevistados

pudessem atribuir importância às habilidades descritas e uma questão não estruturada,

visando à investigação de habilidades gerais para o exercício profissional farmacêutico.

Optou-se, num primeiro momento, por não investigar atitudes, por se entender que o

conceito de atitude envolve questões relacionadas à motivação profissional e ao contexto em

que as situações ocorrem, transcendendo à mera descrição obtida por meio de questionário

ou entrevista (MAGARINOS-TORRES et al., 2012).

3.2.3. Análise das respostas

As respostas foram analisadas com o auxílio do Programa N-Vivo 11®. Este software

suporta métodos qualitativos de pesquisa e permite, dentre outros, a análise de dados não

estruturados. A opção pela utilização de software para análise dos dados foi baseada nos

benefícios proporcionados por este tipo de ferramenta: (i) permite o registro de todas as

etapas executadas durante o processo de análise; (ii) viabiliza pesquisas qualitativas com

grande volume de dados e que seriam impraticáveis sem o apoio de ferramentas

especializadas; e (iii) organiza os achados de forma a aproximar o pesquisador dos seus dados

(RETTIE et al., 2008).

Inicialmente procedeu-se à leitura flutuante dos dados de modo a identificar os temas

mais recorrentes nas respostas. Estes temas foram identificados como "nós temáticos". A

identificação de nós temáticos no Programa N-Vivo 11® é uma ferramenta dinâmica e pode

ser revista a qualquer momento, sendo facultada a criação de novos nós temáticos, exclusão

daqueles previamente definidos ou mesmo a fusão de dois ou mais nós temáticos, quando

estes tratarem de temas muito semelhantes ou o grupo de respostas de um nó temático

estiver contido em outro (LAGE, 2011). Os nós temáticos foram criados de modo a contemplar

os conhecimentos ou as habilidades percebidos como necessários à atuação do farmacêutico

em farmácia hospitalar.

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Conforme anteriormente descrito, num primeiro momento definiu-se não ser

propósito deste trabalho investigar atitudes, tanto que não foram incluídas perguntas

relacionadas a atitudes no questionário. Contudo, durante a etapa de análise e identificação

dos nós temáticos, perceberam-se recorrentes as citações a atitudes que os farmacêuticos

deveriam adotar para exercer a sua prática profissional pautada em parâmetros de excelência.

Neste sentido, optou-se por incluir tais citações ao escopo do projeto, embora reconhecendo

que os dados referentes a atitudes aqui apresentados carecem de uma análise mais detalhada,

com metodologia que vá além da simples citação em entrevista.

Os nós temáticos, portanto, foram redefinidos e passaram a contemplar, além dos

conhecimentos ou das habilidades anteriormente previstos, as atitudes percebidas como

necessárias para a atuação do farmacêutico em farmácia hospitalar.

A codificação das respostas nos nós temáticos utilizando o Programa N-Vivo 11®, assim

como a própria etapa de criação dos nós temáticos, é uma etapa dinâmica e que permite

ajustes e redirecionamento da análise a qualquer tempo. A estratificação dos dados em nós

temáticos permite que as informações em grande número e dispersas sejam apresentadas de

forma organizada e tabuladas por temas, facilitando a análise (LAGE, 2011). Isto posto, a cada

nó temático definido foram associadas as respostas ou trechos das respostas dos

entrevistados (Figura 1).

Figura 1 - Representação esquemática da análise de dados qualitativos por meio do agrupamento das respostas dos entrevistados em nós temáticos, utilizando o Programa N-Vivo 11®. (Elaborado pelo autor)

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A identificação de competências percebidas como necessárias ao farmacêutico

hospitalar foi feita a partir da correlação dos diferentes nós temáticos de conhecimentos,

habilidades ou atitudes. Esta etapa foi baseada no entendimento de competência como o

conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes profissionais que se manifestam durante

a execução de uma tarefa, estando relacionados com o desempenho exitoso da atividade

(OPAS/OMS, 2008).

Para tanto, foi utilizada a ferramenta de análise de cluster por similaridade de palavras,

disponível no Programa N-Vivo 11® (DUARTE; SILVA, 2014). Esta ferramenta estabelece o grau

de correlação entre os diferentes nós temáticos de conhecimentos, habilidades e atitudes. Os

nós temáticos com maior similaridade de palavras e de expressões foram agrupados em

categorias chamadas de clústeres e constituíram a base para a determinação de competências

percebidas como necessárias para a assistência farmacêutica hospitalar (Figura 2).

(A) (B)

Figura 2 - Representação esquemática da análise de cluster por similaridade de palavras. Legenda: (A) Modelo esquemático de correlação das respostas dos diferentes nós temáticos; (B) Representação gráfica do mesmo cluster de nós temáticos disponibilizada pelo Programa N-Vivo 11®. Neste exemplo observa-se maior similaridade entre os nós temáticos 1 e 3, e destes com o nó temático 2. (Elaborado pelo autor)

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O conjunto de respostas alocadas em cada cluster foi avaliado, ainda, pela técnica de

word cloud ou tag cloud ou nuvem de palavras. Os gráficos de word cloud foram criados com

o apoio da ferramenta WordleTM®, disponível no sítio eletrônico http://www.wordle.net.

Para a construção destes gráficos foi necessário revisar os dados, de modo a corrigir

erros gramaticais e, em alguns casos, realizar ajustes textuais. Os ajustes textuais foram

utilizados quando diferentes expressões referiam-se à mesma situação. Como exemplo, pode-

se citar o caso da expressão "interação medicamentosa", que foi encontrada nas respostas

como "interações medicamentosas", "interações entre medicamentos", "interação dos

medicamentos", "interação de medicamentos", "interação de um medicamento com outro

medicamento" e "interação medicamento-medicamento", sendo necessária a padronização.

A técnica de word cloud permite a visualização gráfica das palavras ou expressões mais

citadas naquele conjunto de respostas, de modo que as palavras ou expressões mais

frequentes apareçam em tamanho maior, destacadas na apresentação. Isto permite a fácil

identificação dos pontos focais das respostas de diferentes atores, dentro de um mesmo

cluster, facilitando o tratamento de grande volume de dados qualitativos (MCNAUGHT; LAM,

2010; MATOS, 2013).

3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise das respostas dos 265 farmacêuticos que participaram da pesquisa e que

atuam em hospitais vinculados ao SUS no Estado do Rio de Janeiro permitiu a identificação de

um total de 29 nós temáticos - 14 deles relacionados a conhecimentos, 10 relacionados a

habilidades e 5 relacionados a atitudes esperadas do farmacêutico hospitalar.

A Tabela 1, a seguir, apresenta os nós temáticos de conhecimentos, habilidades e

atitudes identificados, bem como a frequência de sua citação nas respostas.

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Tabela 1 – Nós temáticos de conhecimentos, habilidades e atitudes percebidos como importantes, segundo farmacêuticos de hospitais fluminenses.

Nós temáticos identificados Nº de citações nas respostas

Conhecimentos

Conhecimentos relacionados ao SUS

- Princípios e diretrizes do SUS 164

- Atividades farmacêuticas no âmbito do SUS 146

- Rename, medicamentos disponibilizados no SUS e seu financiamento 65

- Legislação 43

Conhecimentos relacionados à dispensação de medicamentos e correlatos

- Ciclo da assistência farmacêutica 163

- Informações sobre medicamentos 121

- Avaliação de prescrições médicas 100

- Atenção farmacêutica e seguimento farmacoterapêutico 36

- Medicamentos sujeitos a algum tipo de controle 35

Conhecimentos relacionados aos determinantes socioculturais

- Fatores econômicos e condições de vida 72

- Escolaridade e acesso à informação 68

- Perfil epidemiológico e etário 46

- Etnia, cultura e crenças 37

- Estilo de vida e hábitos sociais 29

Habilidades

- Ter conhecimentos técnicos e saber aplicá-los na prática 106

- Saber interagir com outros profissionais e trabalhar em equipe

multiprofissional

74

- Capacidade de comunicação 36

- Capacidade gerencial 28

- Assumir posição de liderança 26

- Capacidade de tomar decisões 20

- Ser pesquisador e estar sempre atualizado 18

- Capacidade de organização 17

- Ter criatividade 14

- Ser educador e saber ensinar 12

Atitudes

- Tomar a iniciativa, proatividade 27

- Agir com humanidade 20

- Ter responsabilidade e comprometimento 19

- Ser paciente, mediador de conflitos 16

- Agir com ética 11

Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

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Os achados em termos de conhecimentos, habilidades e atitudes desta pesquisa são

condizentes com os relatados em estudo realizado com 450 profissionais, em sua maioria

médicos, enfermeiros e farmacêuticos ocupantes de cargo de coordenação, de 18 instituições

de saúde públicas ou privadas da região de Fortaleza, Natal e Recife. Neste trabalho foram

apontados como conhecimentos importantes para a atuação profissional o planejamento

estratégico e operacional, seguido de conhecimentos sobre o setor saúde e psicologia

organizacional, gestão de pessoas, conhecimentos técnicos específicos, processo de tomada

de decisão e gestão. As habilidades mais importantes foram liderança, organização,

comunicação, saber ouvir, planejamento e decisão. Com relação às atitudes, o destaque foi

para a atitude ética no exercício profissional, ou seja, o respeito absoluto pelo outro,

honestidade e justiça nas decisões e coerência entre o discurso e a prática, seguidos de

compromisso, flexibilidade, determinação, responsabilidade e postura de aprendiz e

educador (BRITO; BRAGA, 2010).

Nascimento (2008), em um estudo que avaliou a formação dos profissionais em

programa de residência multiprofissional em saúde da família evidenciou a necessidade, além

dos conhecimentos técnicos específicos adquiridos na formação dos profissionais, de

conhecimentos sobre as políticas públicas de saúde, território, perfil epidemiológico da

população e rede de cuidados. Dentre as habilidades requeridas, foram listadas a necessidade

de ter habilidades técnicas específicas, habilidade para abordar o paciente, acolher, ouvir,

comunicar-se e trabalhar em equipe.

A articulação dos saberes por meio de uma interação comunicativa e horizontal é um

requisito indispensável no cotidiano do trabalho em equipe, com vistas à interdisciplinaridade.

Flexibilidade, pró-atividade, resiliência, respeito, vínculo e comprometimento são atitudes

fundamentais aos profissionais, face às dificuldades vivenciadas na implantação de um novo

modelo de cuidado em saúde. Para o trabalho em saúde, o foco da formação deve ser o

usuário e o processo de cuidado (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

A análise dos nós temáticos de conhecimentos, habilidades e atitudes identificados

nesta pesquisa, por similaridade de palavras e de expressões, levou à definição de 12 clústeres

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122

ou agrupamentos com maior similaridade de conteúdo e que, portanto, tratavam de temas

relacionados (Figura 3).

Figura 3 - Análise de cluster por similaridade de palavras, utilizando o Programa N-Vivo 11®. Legenda: Os resultados apontam a existência de 12 clústeres de conhecimentos, habilidades e atitudes, com composição variando entre 1 e 6 nós temáticos por cluster. Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

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Os clústeres identificados foram avaliados, ainda, por técnica de word cloud para

visualização dos pontos focais em cada agrupamento de respostas (BLETZER, 2015; CHI et al.,

2015). Estes dados foram utilizados para a delimitação das competências percebidas como

necessárias ao farmacêutico para a atuação em farmácia hospitalar (Tabela 2).

Tabela 2 - Clústeres e Word Cloud utilizados na percepção de competências para o exercício profissional em farmácia hospitalar.

Clústeres Word Cloud Competências profissionais

- Ter criatividade.

Ser inovador, criativo e se adaptar às situações que se apresentam no cotidiano da farmácia hospitalar.

- Legislação. - Rename, medicamentos disponibilizados no SUS e seu financiamento. - Medicamentos sujeitos a algum tipo de controle. - Ciclo da assistência farmacêutica. - Atividades farmacêuticas no âmbito do SUS. - Ter conhecimentos técnicos e saber aplicá-los na prática.

Ter conhecimentos técnicos sobre medicamentos e atividades farmacêuticas e saber aplicá-los no cotidiano da farmácia hospitalar.

- Capacidade de comunicação. - Saber interagir com outros profissionais e trabalhar em equipe multiprofissional.

Ter habilidades de comunicação oral e escrita e saber interagir e se relacionar com outros profissionais, em equipe multiprofissional.

- Tomar a iniciativa, proatividade. - Capacidade de tomar decisões. - Capacidade gerencial.

Ser gestor, ter atitude proativa e capacidade decisória frente aos desafios da prática profissional.

- Princípios e diretrizes do SUS. - Ser paciente, mediador de conflitos. - Agir com ética. - Agir com humanidade.

Ter conhecimento dos princípios e diretrizes do SUS e agir de forma humanizada, pautada na moralidade e na ética profissional.

(continua na próxima página)

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Tabela 2 - Clústeres e Word Cloud utilizados na percepção de competências para o exercício profissional em farmácia hospitalar (continuação).

Clústeres Word Cloud Competências profissionais

- Atenção farmacêutica e seguimento farmacoterapêutico.

Praticar a atenção farmacêutica e orientar os pacientes quanto ao uso racional de medicamentos.

- Etnia, cultura e crenças. - Escolaridade e acesso à informação. - Perfil epidemiológico e etário. - Estilo de vida e hábitos sociais. - Fatores econômicos e condições de vida.

Atuar de modo ajustado à realidade da população usuária do serviço de saúde.

- Avaliação de prescrições médicas. - Informações sobre medicamentos.

Ter capacidade para realizar a análise farmacêutica das prescrições médicas e prestar informações sobre medicamentos.

- Ser educador e saber ensinar. - Ser pesquisador e estar sempre atualizado.

Ser pesquisador, educador e permanentemente atualizado.

- Ter responsabilidade e comprometimento.

Ter responsabilidade e comprometimento com o trabalho, com a equipe e com os usuários do SUS.

- Assumir posição de liderança.

Ser capaz de assumir posição de liderança frente à equipe multiprofissional de saúde.

- Capacidade de organização.

Ser organizado e ter capacidade de estruturação das atividades farmacêuticas hospitalares.

Fonte - Banco de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar, 2014 (Elaborado pelo autor).

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Estes achados corroboram os apontamentos de que o farmacêutico hospitalar deve

ser dotado de competências em aspectos técnicos, gerais e humanísticos (WHO, 1997; OMS,

2006).

As competências técnicas citadas com maior frequêncian nesta pesquisa referiram-se

à necessidade de que o profissional tenha conhecimentos sobre medicamentos e sobre as

atividades realizadas no âmbito da assistência farmacêutica e saiba como aplicá-los na prática

cotidiana; que tenha capacidade para realizar a análise farmacêutica das prescrições médicas,

de forma a verificar as doses prescritas e identificar e/ou prevenir erros ou interações

medicamentosas; e capacidade para praticar a atenção farmacêutica/seguimento

farmacoterapêutico dos pacientes, prestando orientações sobre a forma correta de utilização

dos medicamentos, de acordo com os preceitos de racionalidade do uso.

Conforme destacado por Soares e colaboradores (2016), na análise da prescrição

médica compete ao farmacêutico certificar-se de que a prescrição esteja livre de erros legais

e que estejam sendo respeitados os parâmetros básicos de indicação, posologia e

contraindicações dos medicamentos. Ademais, nos casos em que forem percebidas falhas que

compromentam o atendimento, deve o farmacêutico contactar o prescritor e discutir as

possibilidades para resolução do problema, visando à garantia de segurança do tratamento e

à obtenção de melhores resultados terapêuticos.

Souza et al. (2013) destaca que o farmacêutico é o profissional da equipe de saúde que

detém grande parte das informações relacionadas a medicamentos e sua utilização, sendo

essencial para esclarecimento dos usuários e da equipe de saúde, de modo a contribuir na

otimização da farmacoterapia. O acompanhamento farmacoterapêutico tem o potencial de

diminuir os custos no hospital contribuindo para o uso racional de medicamentos, por meio

da implantação de planos de cuidados que visam a prevenção, identificação e resolução de

problemas relacionados a farmacoterapia, evitando os efeitos adversos, aumentando a

efetividade e eficiência de tratamentos farmacológicos e promovendo um melhor prognóstico

da doença (MAGARINOS-TORRES; OSÓRIO-DE-CASTRO; PEPE, 2007).

Estes dados reforçam a importância do farmacêutico junto à equipe multiprofissional

de saúde e justificam a afirmação de ser este o profissional com melhor capacitação para

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prestar esclarecimentos sobre medicamentos, tanto aos usuários quanto à equipe de saúde.

Estudos indicam que a intervenção farmacêutica por meio de orientação sobre o uso correto

de medicamentos, educação sanitária, elaboração de perfil farmacoterapêutico dos pacientes

e atuação junto aos profissionais prescritores para a prevenção e resolução de problemas

ligados a interações medicamentosas e reações adversas gera redução da morbidade e

melhora a adesão ao tratamento (GOMES; REIS, 2001; STORPIRTIS et al., 2008).

Neste sentido, dotar o farmacêutico de competências para a realização destas

intervenções contribui para a redução dos erros envolvendo medicamentos, melhora dos

resultados clínicos de pacientes e redução dos custos do tratamento (CERULLI, 2001;

ROMANO-LIEBER et al., 2002; TRILLER et al., 2003; LYRA et al., 2007).

Entre as competências gerais esperadas do farmacêutico hospitalar, percebidas pelos

entrevistados desta pesquisa, podem-se destacar aquelas relacionadas à necessidade de se

ter responsabilidade e comprometimento com o trabalho, com a equipe e com os usuários do

SUS; ser gestor, ter atitude proativa e capacidade para tomar decisões frente aos desafios da

prática profissional; ser organizado e ter capacidade de estruturação das atividades em

âmbito hospitalar; ser inovador, criativo e se adaptar às situações que se apresentam no

cotidiano da farmácia hospitalar; ser capaz de assumir posição de liderança frente à equipe

multiprofissional de saúde; ter habilidades de comunicação oral e escrita e saber interagir com

outros profissionais em equipe multiprofissional; e ser pesquisador, educador e

permanentemente atualizado.

Estes achados são corroborados por outros trabalhos que avaliaram as competências

necessárias para a atuação de profissionais de saúde. As competências genéricas descritas

com maior frequência como importantes para a prática profissional em saúde foram:

flexibilidade, criatividade, adaptabilidade, organização, comprometimento, proatividade,

gerenciamento de recursos humanos e/ou materiais, tomada de decisão, trabalho em equipe

e relacionamento interpessoal, liderança, comunicação e educação permanente (PINHEIRO;

BURINI, 2006; COREN, 2008; FURUKAWA; CUNHA, 2010; NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010;

CAMELO, 2012).

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Ruas, Dutra e Fleury (2008) relataram características profissionais semelhantes ao

descreverem os atributos esperados dos gestores em saúde. Na concepção destes autores, o

gestor deve ter capacidade para atuar com emissão/recepção de informações; ter capacidade

para desaprender e reaprendender periodicamente; ter abertura para novas idéias e

perspectivas (capacidade de “ouvir”, “ver” e “perceber”); ter iniciativa, coragem, flexibilidade

e tolerância; ter habilidades para comandar pessoas e estimulá-las a enfrentar desafios; e

aprender a familiarizar-se com as diferenças e os conflitos culturais.

Leite e colaboradores (2016) destaca que ser gestor do sistema de saúde ou gerente

de uma organização não transforma o indivíduo em um líder, até porque, na acepção da

palavra, liderança relaciona-se à capacidade de influenciar pessoas, transcendendo aos limites

do cargo, funções ou formalismos institucionais. Para esta autora, a capacidade de um líder é

aferida pelo seu potencial para influenciar pessoas, numa determinada situação, em direção

a objetivos comuns, o que exige, dentre outras coisas, habilidades de comunicação

interpessoal.

A carência de habilidades de comunicação é considerada uma das principais barreiras

que o farmacêutico encontra no desenvolvimento pleno dos serviços de atenção

farmacêutica. Neste sentido, a habilidade de comunicação deve ser considerada como uma

das dimensões da competência clínica profissional e devem ser encaminhadas para a

realização de mudanças no conhecimento e no comportamento do paciente. Há evidências

de que uma boa relação farmacêutico-paciente favorece o uso correto de medicamentos,

aumenta a adesão ao tratamento e reduz o risco de resultados negativos, além de aumentar

a satisfação do usuário com o atendimento prestado (SUÁREZ; MARTÍN, 2013).

Nesta pesquisa também foi descrito como importante que o farmacêutico hospitalar

tenha competências em aspectos humanísticos, dentre as quais se destacam: a promoção da

saúde pautada nos princípios constitucionais do SUS (igualdade, universalidade,

integralidade), de forma a garantir o acolhimento do usuário e prestar atendimento baseado

em princípios da humanização, moralidade e ética profissional; e a atuação de modo ajustado

à realidade da população e seus condicionantes sociais, epidemiológicos, culturais e

econômicos.

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Soares e colaboradores (2016) destacam que muitos profissionais de saúde

reconhecem que é necessário ter uma compreensão do conceito de cultura e de como ela

afeta a percepção dos indivíduos em relação à tomada de decisões em saúde. Apesar disso,

destaca que para a maioria dos profissionais a cultura é vista como um obstáculo à

racionalidade médica, como se fosse estanque e fixa. Este autor propõe, ao contrário, que a

cultura seja considerada como um aspecto dinâmico dos grupos humanos, que resulta da

capacidade de organizar o mundo por meio de percepções e símbolos, de modo a permitir a

compreensão da realidade. Neste sentido, deve ser considerada não como um obstáculo a ser

superado por meio de programas de educação em saúde, mas como parte do sistema,

juntamente com outros determinantes sociais e econômicos que afetam a forma como os

indivíduos se relacionam com o sistema de saúde (SOARES et al., 2016).

O conjunto das competências técnicas, gerais e humanísticas identificadas nesta

pesquisa mostrou-se bem alinhado às definições da Organização Mundial de Saúde (OMS) e

da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP) que, ao definirem o conceito de

farmacêutico sete estrelas, apontaram como competências necessárias ao exercício

profissional (WHO, 1997; OMS, 2006):

1. ser prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde;

2. ser capaz de tomar decisões;

3. ser comunicador;

4. ser líder;

5. ser gerente;

6. estar atualizado permanentemente;

7. ser educador e pesquisador.

Também se observou alinhamento com as competências descritas pela OPAS (2012),

que no documento denominado Competencias del farmacéutico para desarrollar los servicios

farmacéuticos baseados en Atención Primaria de Salud y las Buenas Prácticas en Farmacia

definiu como competências importantes ao exercício profissional farmacêutico:

1. Ter competências para lidar com políticas públicas: desenvolver e implementar

políticas públicas e programas; definir e atualizar regulamentações, diretrizes

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e/ou protocolos em saúde; contribuir para a proteção da saúde e segurança da

população e do ambiente;

2. Ter competências para a organização e gestão da assistência farmacêutica:

planejar, gerir e avaliar os serviços farmacêuticos de forma integrada às redes

de atenção em saúde e ao sistema de saúde; realizar a seleção, aquisição e

suprimento de medicamentos e de outros insumos essenciais; desenvolver e

implementar sistemas de gestão da qualidade dos produtos e serviços; garantir

a disponibilidade e o uso racional dos medicamentos e insumos essenciais em

situações de mitigação ou prevenção de desastres e emergências sanitárias;

realizar preparações magistrais ou oficinais e o fracionamento de

medicamentos; e realizar o descarte adequado de medicamentos;

3. Ter competências voltadas para lidar com o paciente, a família e a comunidade:

promover a saúde e avaliar a situação de saúde; dispensar medicamentos e

insumos; documentar as informações do paciente; realizar o aconselhamento

do paciente em atenção a sintomas menores e referenciamento de outros

serviços; promover o uso racional de medicamentos; realizar a gestão da

terapia e o seguimento farmacoterapêutico; participar e realizar a

farmacovigilância;

4. Ter competências para a investigação e gestão do conhecimento: promover e

participar de investigações em saúde; gerir e prover informações sobre

medicamentos.

5. Ter competências para o desempenho profissional: cumprir com a legislação

vigente (incluindo aspectos éticos e bioéticos); promover a educação

permanente dos recursos humanos (dos serviços de farmácia e da equipe de

saúde) e promover o desenvolvimento profissional contínuo.

Os achados desta pesquisa também estão alinhados com as Diretrizes Curriculares

Nacionais para o curso de graduação em Farmácia, que definiram as principais competências

e habilidades gerais para o exercício profissional farmacêutico, dentre as quais: a atenção à

saúde (os farmacêuticos devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção,

proteção e reabilitação da saúde tanto em nível individual quanto coletivo); capacidade para

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a tomada de decisões; habilidades de comunicação; postura de liderança no trabalho em

equipe multiprofissional; administração e gerenciamento (capacidade para tomar iniciativas,

fazer o gerenciamento e administração tanto da força de trabalho, dos recursos físicos e

materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores,

gestores, empregadores ou lideranças na equipe de saúde); e educação permanente

(aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática) (Brasil, 2002a).

As competências percebidas como importantes para a atuação do farmacêutico

hospitalar merecem ser refletidas, ainda, frente ao perfil dos profissionais que participaram

da pesquisa, uma vez que, em alguns casos, foi observada dicotomia entre o saber e o fazer

nas atividades de assistência farmacêutica hospitalar. Conforme apontado por Barreto e Souza

(2013), a superação do abismo existente entre o saber e o fazer no âmbito dos sistemas de

saúde, públicos ou privados, permanece como um desafio (BARRETO; SOUZA, 2013).

Na opinião dos entrevistados, por exemplo, é importante que o farmacêutico

hospitalar tenha conhecimentos técnicos sobre o SUS, legislação farmacêutica, atividades

farmacêuticas e medicamentos, e que saiba aplicá-los na sua prática cotidiana, além de estar

permanentemente atualizado. Apesar disso, quando questionados sobre a busca por

qualificação profissional 34,0% disseram não ter participado de cursos de atualização nos

últimos dois anos e 27,2% não leu nenhum livro ou artigo científico relacionado à sua prática

profissional no último mês. A baixa procura por cursos de capacitação e atualização pode ser

reflexo da sobrecarga de trabalho (múltiplas atividades desenvolvidas e múltiplos empregos)

e baixa remuneração a que esses profissionais estão submetidos. Estes dois fatores também

podem ter implicação no comprometimento com o trabalho, com a equipe e com os usuários

do SUS, atitude percebida como importante para a atuação do farmacêutico.

Embora os entrevistados considerem importante que o profissional seja dotado de

conhecimentos a capacidade para praticar a atenção farmacêutica, na prática, somente 28,1%

realizavam o seguimento farmacoterapêutico de pacientes internados e 13,3% o seguimento

de pacientes ambulatoriais. Os achados desta pesquisa revelaram que as atividades a que os

farmacêuticos se dedicavam com mais frequência são atividades de gestão, seleção,

programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação de medicamentos,

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focadas na gestão técnica e garantia de acesso ao medicamento, com pouca interação com os

demais profissionais da equipe de saúde ou com o usuário.

Do mesmo modo, embora os profissionais entrevistados atribuam importância à

habilidade de ser pesquisador e estar sempre atualizado, e ser educador e saber ensinar, foi

baixo o relato de envolvimento com essas atividades, respectivamente 32,1% e 13,7%.

Também se verificou ser baixa a participação dos profissionais em comissões

hospitalares, com 61,1% dos entrevistados afirmando não participar de nenhuma comissão e,

dentre os que participavam, 33,3% se disseram pouco integrados às comissões. Esse resultado

merece ser refletido frente à necessidade de habilidade do farmacêutico para interagir com

outros profissionais e trabalhar em equipe multiprofissional, assim como a necessidade do

desenvolvimento de habilidades de comunicação e postura de liderança, percebida nesta

pesquisa. Este dado revela que embora a maioria dos profissionais reconheça a importância

destas habilidades e todas as pesquisas voltadas para a análise da atuação do farmacêutico

apontem sistematicamente a necessidade de maior integração com a equipe de saúde e

provisão de serviços orientados ao paciente, sua participação na equipe multiprofissional

ainda não é uma realidade no Brasil.

Estes achados apontam para a necessidade de reorientação da prática profissional

farmacêutica por meio da capacitação e desenvolvimento de competências. O

desenvolvimento de competências apresenta-se como uma nova perspectiva para a formação

dos profissionais de saúde, não só por incentivar a reflexão crítica, mas por ser capaz de

responder às exigências impostas pelo atual cenário de mudanças sociais e favorecer o

desenvolvimento da cidadania (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).

A mudança se alcança a partir de um processo crítico do próprio trabalho, integrando

as demandas objetivas com as experiências que se processam na prática. Entretanto, trabalhar

nessa direção não é simples porque envolve atuar em contextos complexos e, partindo

efetivamente da prática e dos próprios atores, trabalhar os problemas e a maneira de

percebê-los, de modo a produzir mudanças nos contextos que muitas vezes favorecem a

manutenção de padrões. O ideal de profissional que queremos pode ser atingido se

reconhecermos as necessidades e o poder criativo de cada um, ouvir o que cada um tem a

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dizer e refletir sobre a prática profissional cheia de valores e de significados que, muitas vezes,

se perderam pelo caminho (BATISTA; GONÇALVES, 2011).

As observações desta pesquisa corroboram a necessidade de redirecionamento da

prática profissional farmacêutica e de valorização da troca de experiências entre os diferentes

saberes teóricos e práticos, das diferentes categorias de profissionais que atuam no SUS, nas

múltiplas abordagens do cuidado em saúde. A produção de conhecimentos deve se dar no

cotidiano das instituições de saúde, a partir da realidade vivida pelos atores, tendo os

problemas enfrentados no dia-a-dia do trabalho e as experiências desses atores como base

de interrogação e mudança (CECCIM, 2005).

Num mundo em que a produção e disponibilização dos conhecimentos, habilidades,

atitudes e competências exigidas dos trabalhadores se modificam rapidamente, é

indispensável aprender a aprender, num processo de busca permanente por capacitação e

desenvolvimento profissional. O desenvolvimento profissional contínuo viabiliza

conhecimentos, habilidades e atitudes atualizados e voltados para a prática do trabalho eficaz,

de forma a anteder as necessidades e promover a melhora contínua da saúde da população

(UK-FPH, 2012).

3.4. CONCLUSÕES

Esta etapa da pesquisa buscou identificar competências percebidas como necessárias

para a atuação do farmacêutico em ambiente hospitalar através da correlação entre os

diferentes grupos de conhecimentos, habilidades e atitudes identificados pelos participantes

da pesquisa. Os resultados apontam para a necessidade de mudança do perfil profissional

vigente, de modo a contemplar, além de competências técnicas, aquelas relacionadas a

aspectos gerais e humanísticos da profissão.

Foram identificadas 12 competências para a atuação em farmácia hospitalar. Entre as

competências técnicas pode-se destacar a necessidade de conhecimentos sobre

medicamentos, atividades farmacêuticas em âmbito hospitalar, com destaque para a análise

de prescrições médicas, de se realizar a atenção farmacêutica e a orientação da equipe

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multiprofissional e dos usuários quanto ao uso de medicamentos. Entre as competências

gerais percebidas como necessárias ao farmacêutico hospitalar destacam-se aquelas

relacionadas ao comprometimento com o trabalho, atitude proativa, capacidade de gestão,

organização, criatividade, postura de liderança, habilidades de comunicação e atualização

permanente. As competências humanísticas identificadas referem-se à necessidade de

atuação pautada em princípios éticos, de modo ajustado à realidade da população e seus

condicionantes sociais, epidemiológicos, culturais e econômicos.

Os resultados apontam para a necessidade de desenvolvimento e fortalecimento das

competências propostas por meio da educação permanente e da valorização da troca de

experiências profissionais e da realidade vivenciada neste espaço de prática, como estratégia

para a definição do perfil ideal para o farmacêutico hospitalar.

A construção deste perfil de competências, a partir do campo de prática profissional e

dos farmacêuticos hospitalares fluminenses, representa uma oportunidade de se repensar e

de se rediscutir a formação destes profissionais, visando ao redirecionamento da prática

profissional farmacêutica. Espera-se, com estes resultados fornecer subsídios para discussões

ampliadas e de maior profundidade, que levem à definição das competências desejáveis ao

farmacêutico hospitalar.

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CONCLUSÃO GERAL

Os resultados desta pesquisa indicam tendência de forte concentração dos hospitais,

leitos SUS e farmacêuticos nos municípios que compõem a região metropolitana do Estado do

Rio de Janeiro. A avaliação destes hospitais, através do indicador de potencial humano para a

assistência farmacêutica hospitalar, revelou concentração nos grupos com ruim, muito ruim

ou péssimo potencial humano para execução das atividades pertinentes à AFH, o que aponta

para a situação crítica da AF nos hospitais do Rio de Janeiro.

O perfil dos farmacêuticos que atuam nestes hospitais é predominantemente formado

por mulheres, jovens, com menos de 10 anos de formados, egressos de universidades

públicas, com histórico de estágio em farmácia hospitalar durante a graduação. Estes

farmacêuticos, em sua maioria, possuem pós-graduação e buscam por qualificação ou

atualização através da participação em cursos e leitura de livros ou artigos científicos

relacionados à sua área de atuação.

No que tange à atuação como farmacêutico hospitalar, a maioria atua na área há

menos de 10 anos, em escala de plantão e tem carga horária semanal inferior a 40 horas

semanais. A baixa remuneração auferida parece estar relacionada à procura por outros

empregos para complementação de renda. Foram observados indícios de sobrecarga de

trabalho (grande número de atividades por profissional) e a execução de atividades voltadas

principalmente para a garantia de acesso ao medicamento, focadas em questões técnicas e

administrativas, com pouca interface com atividades clínicas e de ensino/pesquisa. Do mesmo

modo, é baixa a participação em comissões multiprofissionais hospitalares.

Os maiores desafios enfrentados na execução das atividades inerentes à assistência

farmacêutica estão relacionados à infraestrutura, organização e rotinas do próprio hospital,

de tal modo que os maiores entraves que interferem diretamente na qualidade de suas

atividades são a falta de profissionais e de medicamentos. Apesar de todas as questões

apontadas, mais de 70% se dizem satisfeitos com a prática profissional em ambiente

hospitalar.

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A investigação das competências para o exercício profissional, mediante correlação

entre os diferentes grupos de conhecimentos, habilidades e atitudes percebidos pelos

entrevistados, permitiu a identificação de 12 competências para atuação em farmácia

hospitalar. Foi identificada a necessidade de dotar os farmacêuticos de competências em

aspectos técnicos, gerais e humanísticos. As competências técnicas contemplaram a

necessidade de se ter e aplicar, junto à equipe multiprofissional de saúde e aos usuários, os

conhecimentos sobre medicamentos e atividades farmacêuticas em âmbito hospitalar. As

competências gerais contemplaram a necessidade de liderança, capacidade de comunicação,

organização e gestão, comprometimento, proatividade, criatividade e atualização

permanente. As competências humanísticas referiram-se à necessidade de atuação pautada

em princípios éticos, de modo ajustado à realidade da população e seus condicionantes

sociais, epidemiológicos, culturais e econômicos.

Estes resultados apontam para a necessidade de redirecionamento da prática

profissional farmacêutica e de mudanças no perfil profissional vigente, de modo a contemplar,

além de competências técnicas, aquelas relacionadas a aspectos genéricos e humanísticos da

profissão, que permitam a atuação clínica do farmacêutico junto à equipe multiprofissional,

no cuidado ao paciente. O caminho proposto para a mudança do cenário observado passa

pela educação permanente visando ao desenvolvimento e fortalecimento das competências

propostas para a assistência farmacêutica hospitalar.

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APÊNDICES

Apêndice 1.

Quantitativo de hospitais, leitos e farmacêuticos, por município do RJ, segundo levantamento

do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar. Pesquisa Atuar Hospitalar, 2013.

Código do IBGE/Nome do Município Hospitais Leitos totais Leitos SUS Farmacêuticos

330010 Angra dos Reis 2 213 174 12

330015 Aperibé 1 37 37 2

330020 Araruama 4 178 163 8

330022 Areal 1 43 43 2

330023 Armação dos Búzios 1 46 46 1

330025 Arraial do Cabo 1 76 76 6

330030 Barra do Piraí 3 238 202 4

330040 Barra Mansa 2 322 266 2

330045 Belford Roxo 3 292 292 13

330050 Bom Jardim 1 65 60 2

330060 Bom Jesus do Itabapoana 2 351 310 4

330070 Cabo Frio 6 415 306 3

330080 Cachoeiras de Macacu 1 103 103 3

330090 Cambuci 1 55 45 2

330100 Campos dos Goytacazes 9 1542 1267 61

330110 Cantagalo 1 78 66 1

330093 Carapebus 0 0 0 0

330115 Cardoso Moreira 0 0 0 0

330120 Carmo 1 37 34 2

330130 Casimiro de Abreu 2 104 103 10

330095 Comendador Levy Gasparian 0 0 0 0

330140 Conceiçãoo de Macabu 1 54 54 1

330150 Cordeiro 1 66 56 0

330160 Duas Barras 1 16 16 1

330170 Duque de Caxias 6 672 642 34

330180 Engenheiro Paulo de Frontin 1 50 39 1

330185 Guapimirim 0 0 0 0

330187 Iguaba Grande 0 0 0 0

330190 Itaboraí 3 304 296 18

330200 Itaguaí 1 90 90 10

330205 Italva 0 0 0 0

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Código do IBGE/Nome do Município Hospitais Leitos totais Leitos SUS Farmacêuticos

330210 Itaocara 2 82 58 2

330220 Itaperuna 4 443 295 16

330225 Itatiaia 1 33 33 3

330227 Japeri 0 0 0 0

330230 Laje do Muriaé 1 51 51 3

330240 Macaé 2 289 235 11

330245 Macuco 0 0 0 0

330250 Magé 2 186 186 3

330260 Mangaratiba 1 62 62 2

330270 Maricá 2 146 144 6

330280 Mendes 1 63 38 0

330285 Mesquita 1 70 70 6

330290 Miguel Pereira 1 102 74 1

330300 Miracema 2 72 43 3

330310 Natividade 1 51 45 4

330320 Nilópolis 2 92 92 5

330330 Niterói 14 1467 1173 89

330340 Nova Friburgo 5 612 460 9

330350 Nova Iguaçu 3 523 476 31

330360 Paracambi 3 330 309 0

330370 Paraíba do Sul 2 128 114 4

330380 Paraty 1 36 36 0

330385 Paty do Alferes 0 0 0 0

330390 Petrópolis 6 1314 1022 10

330395 Pinheiral 1 41 41 1

330400 Piraí 1 57 42 2

330410 Porciúcula 1 56 50 0

330411 Porto Real 1 46 46 4

330412 Quatis 2 241 232 2

330414 Queimados 2 296 245 2

330415 Quissamã 1 74 74 5

330420 Resende 3 183 152 9

330430 Rio Bonito 1 99 76 6

330440 Rio Claro 1 28 28 2

330450 Rio das Flores 1 15 15 1

330452 Rio das Ostras 1 106 106 10

330455 Rio de Janeiro 88 12034 11353 872

330460 Santa Maria Madalena 1 79 50 2

330470 Santo Antônio de Pádua 3 195 152 4

330480 São Fidélis 1 111 102 1

330475 São Francisco de Itabapoana 1 43 43 1

330490 São Gonçalo 13 1725 1513 23

330500 São João da Barra 1 42 40 1

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Código do IBGE/Nome do Município Hospitais Leitos totais Leitos SUS Farmacêuticos

330510 São João de Meriti 3 292 292 5

330513 São José de Ubá 0 0 0 0

330515 São José do Vale do Rio Preto 1 56 54 1

330520 São Pedro da Aldeia 1 37 33 1

330530 São Sebastião do Alto 1 48 39 3

330540 Sapucaia 0 0 0 0

330550 Saquarema 1 60 60 1

330555 Seropédica 0 0 0 0

330560 Silva Jardim 1 38 38 3

330570 Sumidouro 1 28 28 1

330575 Tanguá 1 212 160 1

330580 Teresópolis 3 354 302 7

330590 Trajano de Moraes 1 38 31 1

330600 Três Rios 3 314 265 5

330610 Valença 4 267 249 5

330615 Varre-Sai 1 39 39 2

330620 Vassouras 3 534 470 6

330630 Volta Redonda 6 655 349 7

Total 268 30.042 26.571 1.408

Fonte: CNES, 2013

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Apêndice 2.

Carta convite para compor a amostra de farmacêuticos do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar.

Pesquisa Atuar Hospitalar, 2013.

Convite

Prezado,

Você foi sorteado para participar do componente hospitalar de uma pesquisa sobre assistência farmacêutica

no Estado do Rio de Janeiro – Pesquisa Atuar.

O Atuar objetiva explorar conhecimentos e habilidades necessários para a assistência farmacêutica

hospitalar, tendo por referência o perfil dos profissionais e a dinâmica dos espaços de prática no Estado do

Rio de Janeiro.

O planejamento e a execução estão a cargo da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense,

da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal

Fluminense e do Núcleo de assistência farmacêutica da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca,

da Fiocruz. A pesquisa tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

Buscamos, neste instante, conhecer mais sobre você e sobre sua prática profissional.

Muito obrigado pela sua atenção,

Rachel Magarinos-Torres (Coordenação)

Profa Adjunta da Faculdade de Farmácia

Universidade Federal Fluminense

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Apêndice 3.

Instrumento utilizado na coleta de dados do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar. Pesquisa Atuar

Hospitalar, 2013.

Composição do Questionário Eletrônico

GE 1. Há quanto tempo você trabalha como farmacêutico em um Serviço de Farmácia Hospitalar? (Inclua

na contagem o tempo de estágio, de residência e de outros vínculos empregatícios. Aproxime a sua resposta

para o primeiro número inteiro. Por exemplo, se você trabalha há menos de 1 ano preencha a lacuna a seguir

com o número 1; se você trabalha há 1 ano e 4 meses, preencha com 2). ___________ anos

GE 2. Qual a sua idade? (Aproxime a sua resposta para o primeiro número inteiro que represente a sua

idade atual em anos). ______ anos

GE 3. Onde você nasceu? __________________.

GE 4. Seu sexo:

Feminino Masculino

GE 6. Por que você optou por trabalhar em farmácia hospitalar? (Assinale quantas das alternativas a

seguir julgar necessário para responder a questão)

Maior oferta de emprego.

Maior possibilidade de trabalhar próximo à sua residência.

Expectativa de maiores salários.

Maior interesse por disciplinas vinculadas a esta área durante a graduação.

Não foi uma opção, surgiu uma oportunidade de emprego.

GE 8. Em que ano você concluiu a sua graduação?

(Informe com quatro dígitos) _________

GE 9. Você concluiu a sua graduação no Estado do Rio de Janeiro?

Sim Não

GE 10. Qual a natureza da universidade em que você concluiu a sua graduação?

Pública Privada

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GE 11. Você fez algum estágio em farmácia hospitalar durante o curso de graduação?

Sim Não

GE 12. Qual a sua maior titulação?

Graduação

Especialização vinculada à instituição de ensino superior com carga horária mínima de 360 h

Mestrado Profissional

Mestrado

Doutorado

GE 13. Você realizou algum curso de atualização nos últimos dois anos? (Considere para a sua resposta

curso teórico ou prático de carga horária total superior a 8 h e que não esteja pré-definido como stricto sensu)

Sim. Quantos? ___ . Você diria que, no geral, houve contribuição destes cursos para a sua prática

profissional? Sim Não

Não.

GE 14. Quantos textos científicos (livros ou artigos) relacionados à sua prática você leu no último mês?

Nenhum 1 2 3 4 ou mais

GE 15. Quantos empregos você possui? (Inclua na contagem para a resposta todos os empregos que você

possui, estejam estes vinculados com a farmácia hospitalar ou não)

1 2 3 mais de 3.

Quantos destes como farmacêutico de Farmácia Hospitalar?

1 2 todos

GE 16. Considerando todos os seus vínculos empregatícios, qual a sua faixa de renda bruta mensal

(salário base + gratificações)?

(Considere o somatório de todos os seus salários e o salário mínimo como aproximadamente R$ 680,00).

até 3 salários mínimos

entre 3 e 5 salários mínimos

entre 5 e 7 salários mínimos

entre 7 e 9 salários mínimos

acima de 9 salários mínimos

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CH 1. Conhecimento é o saber teórico sobre determinado assunto. Diversos tipos de conhecimento são

requeridos do farmacêutico no seu exercício profissional. Descreva dois conhecimentos sobre o Sistema

Único de Saúde que você considera importantes para o desenvolvimento das atividades rotineiras da

farmácia hospitalar.

________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

CH 2. Agora descreva dois conhecimentos do âmbito da Dispensação de Medicamentos e Correlatos que

você considera importantes para o desenvolvimento das atividades rotineiras da farmácia hospitalar.

1) ________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

CH 3. Por fim, descreva dois conhecimentos do âmbito dos Determinantes Socioculturais que você

considera importantes para o desenvolvimento das atividades rotineiras da farmácia hospitalar.

Determinantes sociais da saúde “são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos

e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na

população.” (Buss & Filho, 2007).

1) ________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

CH 4. Habilidade é o saber como fazer, a capacidade de empregar o conhecimento para resolver

problemas e criar novas ideias; fazer o uso produtivo do conhecimento. Esta questão trata das habilidades

requeridas no cotidiano da farmácia hospitalar. Diversas habilidades são requeridas do farmacêutico no

seu exercício profissional na farmácia hospitalar. Descreva duas habilidades que você considera mais

importantes para o desenvolvimento das atividades rotineiras da farmácia hospitalar.

1) ________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

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CH 5. Agora, por favor, observe a lista de habilidades enunciadas a seguir e julgue-as individualmente

quanto à sua importância para o trabalho diário na farmácia hospitalar. (Considere que 1 significa menor

importância e 5 maior importância).

Ser capaz de tomar decisões visando ao uso apropriado de

medicamentos ................................................................................

1 2 3 4 5

Saber interagir com outros profissionais de saúde e com o público

.........................................................................................................

1 2 3 4 5

Saber tomar iniciativa .................................................................... 1 2 3 4 5

Saber aprender continuamente, tanto na sua formação quanto na

sua prática ......................................................................................

1 2 3 4 5

Saber buscar informações e utilizá-las na prática cotidiana .......... 1 2 3 4 5

AS PRÓXIMAS QUESTÕES REFEREM-SE A VOCÊ NO SEU LOCAL DE TRABALHO

Responda as questões a seguir com base no hospital sorteado e integrante da amostra desta pesquisa, ainda que

você trabalhe em outros hospitais. A composição estatística do Atuar Hospitalar se valeu de amostra por

conglomerado e teve o hospital como primeira unidade.

FT 1. Qual o seu tipo de vínculo empregatício neste hospital?

Servidor Público Contrato temporário em serviço público

CLT Outro. Qual? _______________________________________

FT 2. Qual a sua escala de trabalho?

Diarista Plantonista

FT 3. Qual a sua carga horária de trabalho?

40 horas semanais

Entre 20 e 39 horas semanais

Entre 10 e 19 horas semanais

Menos de 10 horas semanais

FT 4. Você é o chefe (ou coordenador) desse serviço de farmácia hospitalar?

Sim Não

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FT 5. Qual a sua faixa salarial bruta (salário base + gratificações) neste hospital?

(Considere o valor do salário mínimo como aproximadamente R$ 680,00).

até 3 salários mínimos

entre 3 e 5 salários mínimos

entre 5 e 7 salários mínimos

entre 7 e 9 salários mínimos

acima de 9 salários mínimos

FT 6. Qual o tempo de deslocamento da sua residência para este hospital?

(Considere o meio de transporte que você utiliza rotineiramente e o tempo médio de casa para o trabalho no

deslocamento para início da jornada de trabalho. Faça a correlação para minutos).

_________ minutos

FT 7. Qual o modelo de distribuição de medicamentos utilizado no atendimento da maioria das clínicas

deste hospital?

Coletivo Individualizado Dose Unitária

FT 10. O cotidiano da farmácia hospitalar requer interação com colegas farmacêuticos e técnicos do

serviço de farmácia hospitalar, com profissionais das diferentes categorias que trabalham no hospital e

com os pacientes. Além disto, estamos submetidos à infraestrutura, organização e rotinas do hospital e da

farmácia hospitalar. Qual destes, você considera ser o maior desafio na execução do seu trabalho?

Relação com os pacientes/usuários do serviço.

Relação com a equipe de saúde deste hospital.

A infraestrutura, organização e rotinas do hospital.

A infraestrutura, organização e rotinas da farmácia hospitalar.

FT 11. Cite dois entraves ou desafios frequentemente enfrentados por você em sua prática profissional na

farmácia hospitalar deste hospital?

________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

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FT 12. A assistência farmacêutica Hospitalar envolve um grupo de atividades direcionadas para o uso

racional de medicamentos em hospitais. Assinale, dentre as atividades listadas a seguir, aquelas de que

você realiza neste hospital. (Marque quantas alternativas forem necessárias).

Gestão do serviço de farmácia hospitalar Manipulação de nutrição parenteral

Seleção de medicamentos Ensino (acompanhamento de alunos em estágio)

Programação de medicamentos Visita domiciliar/Assistência domiciliar

Aquisição de medicamentos Farmacovigilância

Armazenamento Pesquisa (incluindo estudos de utilização de

Avaliação de prescrições médicas medicamentos)

Distribuição de medicamentos para as unidades assistenciais

Dispensação de medicamentos para pacientes ambulatoriais

Seguimento farmacoterapêutico de pacientes hospitalizados

Seguimento farmacoterapêutico de pacientes ambulatoriais

Manipulação de medicamentos não-estéreis

Manipulação de medicamentos estéreis

FT 13. Assinale em quais das comissões hospitalares listadas a seguir você participa?

(Entenda o termo participa como integra, seja você membro oficialmente designado ou não)

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

Comissão de Farmácia e Terapêutica

Comissão de Prevenção de Riscos e Controle de Resíduos

Comissão de Terapia Nutricional

Comissão de Biossegurança

Comissão de Esterilização e Reprocessamento de Artigos Médicos

Comissão de Padronização de Materiais Médicos

Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas

Comissão de Revisão de Prontuário

Comissão de Ensino e Pesquisa

Outra. Qual? ____________________. Não participo de nenhuma comissão

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FT 14. Quanto você se sente integrado nas comissões em que você participa? (Pontue o grau de participação

com números de 1 a 5, em que 1 significa menor integração e 5 maior integração. Atente que a questão trata

do grau de integração nas comissões que você participa. Não é necessário assinalar nenhum número nas

alternativas que enunciam comissões que você não participa.)

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar ...................................... 1 2 3 4 5

Comissão de Farmácia e Terapêutica .................................................... 1 2 3 4 5

Comissão de Prevenção de Riscos e Controle de Resíduos .................. 1 2 3 4 5

Comissão de Terapia Nutricional .......................................................... 1 2 3 4 5

Comissão de Biossegurança .................................................................. 1 2 3 4 5

Comissão de Esterilização e Reprocessamento de Artigos Médicos ... 1 2 3 4 5

Comissão de Padronização de Materiais Médicos ................................ 1 2 3 4 5

Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas ................................. 1 2 3 4 5

Comissão de Revisão de Prontuário ......................................................

Comissão de Ensino e Pesquisa .............................................................

1 2 3 4 5

1 2 3 4 5

Outra ___________________________________________________ 1 2 3 4 5

FT 15. Você tem acesso à internet no seu local de trabalho?

Sim

Não

FT 16. Para você, a sua relação profissional com os outros farmacêuticos do setor de farmácia deste

hospital pode ser classificada como:

Não se aplica (sou o único farmacêutico da instituição)

Muito boa

Boa

Regular

Ruim

Muito ruim

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FT 17. E com relação aos profissionais de outras categorias que trabalham com você neste hospital? Você

diria que a sua relação com eles é:

Muito boa

Boa

Regular

Ruim

Muito ruim

FT 18. Qual o seu nível de satisfação com o trabalho que você exerce neste hospital?

Totalmente satisfeito

Parcialmente satisfeito

Indiferente

Parcialmente insatisfeito

Totalmente insatisfeito

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Apêndice 4.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Projeto Atuar - Eixo Hospitalar. Pesquisa Atuar

Hospitalar, 2013.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

A concordância com este termo firma a sua participação na Pesquisa Atuar – Eixo Hospitalar.

O Atuar objetiva explorar conhecimentos e habilidades necessários para o adequado desempenho da prática

da assistência farmacêutica (AF) em diferentes espaços de atuação, tendo por referência o perfil dos profissionais

e a dinâmica da AF no Estado do Rio de Janeiro. Os objetivos específicos incluem - descrever o perfil dos

profissionais que realizam atividades pertinentes a AF no Estado do Rio de Janeiro (i) na gestão municipal, (ii)

nos polos de dispensação do Componente Especializado da assistência farmacêutica (CEAF), (iii) em hospitais e

(iv) na Atenção Primária à Saúde (APS); mensurar o nível de conhecimento de farmacêuticos, médicos e

enfermeiros inseridos em hospitais públicos localizados no Estado do Rio de Janeiro com relação à medicamentos

potencialmente perigosos; identificar conhecimentos e habilidades necessárias ao adequado exercício da gestão

municipal da AF, das atividades definidas para os polos de dispensação do CEAF, da assistência farmacêutica

Hospitalar e dos serviços farmacêuticos ao nível da APS e explorar a dinâmica da prática da AF na gestão

municipal, nos polos de dispensação do CEAF, na assistência farmacêutica Hospitalar e nos serviços farmacêuticos

ao nível da APS.

A sua participação consiste em responder a questões fechadas e abertas sobre você e sobre a sua prática

profissional. A participação é voluntária e anônima. As respostas, em nenhum momento, serão correlacionadas ao

respondente. Os resultados serão tabulados e divulgados de modo agrupado. Você tem o direito e a possibilidade

de não responder questões que considere constrangedoras. Esclarecemos que não há benefício direto e individual

para o participante da pesquisa. Somente ao final do estudo poderemos concluir pela presença de algum benefício,

sendo esse de caráter coletivo e oriundo dos resultados da pesquisa.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense - CAAE

09987812.8.0000.5243. Os dados coletados serão utilizados exclusivamente para esta pesquisa sendo armazenados

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em arquivos digitais que ficarão sobre a guarda do coordenador geral da pesquisa por dois anos. Caso você queira

desistir de sua participação, mesmo após o aceite e envio do questionário, seus direitos serão preservados. Solicite

a retirada de suas respostas pelo e-mail do projeto – [email protected].

Concordo em participar da Pesquisa Atuar Hospitalar nos termos acima descritos.

Qualquer dúvida, favor entrar em contato com - Profa Dra Rachel Magarinos-Torres (Coordenação)

e-mail - [email protected]. Telefones - (21) 2629-9572 ou (21) 8588-2992

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal Fluminense. Rua Marquês do Paraná 303, 4° andar. Hospital

Universitário Antônio Pedro. Niterói. Rio de Janeiro. Telefones - (21) 2629-9189 ou (21) 7621-2867