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Mundialmente, as perdas de produção da cul- tura do milho pela interferência das plantas daninhas são estimadas em aproximadamente 13%. Com base nesse percentual, as perdas de produção de milho causadas por plantas dani- nhas, no Brasil, na safra 2006/2007, podem ter chegado a 6,5 milhões de toneladas. As que- bras podem variar de um ano para outro e de região para região variando de 10% a 85%. competição das plantas daninhas com a cultura varia em eles infestantes e de sua população, cujo maior ou menor cresci- depende de diferentes fatores. Porém, em todos os casos, é um problema que exige atenção, pois pode causar fortes prejuízos aos agricultores o grau de interferência imposto pelas plantas daninhas à cultura do milho é determinado pelas espécies que ocorrem na área, pela dis- tribuição espacial da comunidade infestante e pelo período de convivência entre as plan- tas daninhas, a cultura e o ambiente. A com- petição por nutrientes essenciais é de grande importância, pois estes, na maioria das vezes, são limitados. As principais plantas daninhas presentes na cultura são Bidens pilosa (picão-preto, figura I), Commelina ssp. (trapoeraba, figura 2), Cenchrus echina- tus L. (timbete, figura 3), Ipomoea spp. (corda-de-viola, figura 4), Euphorbia hetero- phylla (leiteiro, figura 5), Brachiaria plan- taginea (marmelada, figura 6) e Digitaria s 16 CORREIO Manejo A eficiência. no controle de plantas daninhas está diretamente relacionada ao sistema inte- grado de práticas agrícolas. O manejo (preven- tivo ou cultural, incluindo controle manual, mecânico ou químico, isoladamente ou em associação) deve ser utilizado com o objetivo de racionalizar o uso dos herbicidas, do ambi- ente e dos custos de produção.

competição das plantas daninhas com a cultura varia em ...€¦ · Modo de Ação Herbicidas chlorimuron-ethyl/ imazaquin/ imazethapyr/ nicosulfuron/ pyrithiobac-Na chlorimuron-ethyl

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  • Mundialmente, as perdas de produção da cul-tura do milho pela interferência das plantasdaninhas são estimadas em aproximadamente13%. Com base nesse percentual, as perdas deprodução de milho causadas por plantas dani-nhas, no Brasil, na safra 2006/2007, podem terchegado a 6,5 milhões de toneladas. As que-bras podem variar de um ano para outro e deregião para região variando de 10% a 85%.

    competição das plantas daninhas com a cultura varia emeles infestantes e de sua população, cujo maior ou menor cresci-

    depende de diferentes fatores. Porém, em todos os casos, é um problema queexige atenção, pois pode causar fortes prejuízos aos agricultores

    o grau de interferência imposto pelas plantasdaninhas à cultura do milho é determinadopelas espécies que ocorrem na área, pela dis-tribuição espacial da comunidade infestantee pelo período de convivência entre as plan-tas daninhas, a cultura e o ambiente. A com-petição por nutrientes essenciais é de grandeimportância, pois estes, na maioria dasvezes, são limitados. As principais plantasdaninhas presentes na cultura são Bidenspilosa (picão-preto, figura I), Commelinassp. (trapoeraba, figura 2), Cenchrus echina-tus L. (timbete, figura 3), Ipomoea spp.(corda-de-viola, figura 4), Euphorbia hetero-phylla (leiteiro, figura 5), Brachiaria plan-taginea (marmelada, figura 6) e Digitarias

    16 CORREIO

    ManejoA eficiência. no controle de plantas daninhasestá diretamente relacionada ao sistema inte-grado de práticas agrícolas. O manejo (preven-tivo ou cultural, incluindo controle manual,mecânico ou químico, isoladamente ou emassociação) deve ser utilizado com o objetivode racionalizar o uso dos herbicidas, do ambi-ente e dos custos de produção.

  • Preventivo - Recomendam-se a limpeza rigo-rosa das máquinas e implementos e o controledas invasoras, impedindo a produção de se-mentes e estruturas de reprodução.

    Cultural - Consiste na utilização das carac-terísticas da cultura e do meio ambiente paraaumentar sua competitividade, favorecendoo crescimento e o desenvolvimento das plan-tas de milho, tais como:

    • Uso de variedades adaptadas às regiões -O uso de cultivares que se desenvolvemmais rapidamente e cobrem o solo demaneira mais intensa, sofrendo menos coma interferência que venha a surgir, controlamelhor as plantas daninhas.

    • Densidade de semeadura - Cada culturaapresenta uma densidade ótima (com a qualo rendimento é máximo), que é variávelpara cada situação e depende de trêscondições: cultivar, disponibilidade hídricae disponibilidade de nutrientes.

    • Espaçamento - O arranjo eqüidistante dasplantas de milho, com a redução do espaça-mento entre fileiras, diminui o potencial decrescimento das plantas daninhas, devido àredução da quantidade de luz que penetraatravés da cultura.

    • Época de plantio do milho - A época maisadequada é aquela em que o período de flo-ração coincide com os dias mais longos doano e a etapa de enchimento de grãos, como período de temperaturas mais elevadas ealta disponibilidade de radiação solar,desde que satisfeitas as necessidades deágua da planta. Na região Sul do Brasil, omilho costuma ser plantado de agosto asetembro; e nos estados do Centro-Oeste eSudeste, de outubro a novembro.

    • Uso de cobertura morta - A cobertura ve-getal sobre o solo diminui a emergência deplantas daninhas devido aos efeitos físicose alelopáticos dessas plantas.

    • Alelopatia - São produtos naturais biode-gradáveis e não persistem no solo comopoluentes. A adição da parte aérea da leuce-na (Leucaena leucocephala (Lam.) De Wit)ao solo inibe o desenvolvimento das plantasdaninhas, devido ao efeito físico da cober-tura e à liberação de aleloquimicos. Efeitosimilar produzem as culturas de aveia,sorgo, centeio, nabo-forrageiro e colza.

    • Rotação de culturas - Proporciona menorinfestação de plantas daninhas do que asucessão contínua de culturas, além de per-mitir a rotação de herbicidas na área.

    Capina manualGeralmente, os produtores utilizam duas atrês capinas com enxada nos primeiros 40 a50 dias da lavoura. A partir daí, o crescimen-to da cultura reduz as condições favoráveis à

    ffi Bayer CropScience

    germinação e ao desenvolvimento das plan-tas daninhas.

    Capina mecânicaA capina mecânica, com cultivador traciona-do por animais ou tratores, ainda é usada noBrasil. Deve ser feita nos primeiros 40 a 50dias após a emergência da cultura.

    Controle químicoConsiste na utilização de herbicidas registra-dos no Ministério da Agricultura e Abas-tecimento e nas Secretarias de Agriculturapara a cultura do milho. É necessário conhe-cer a seletividade do herbicida para a culturae, principalmente, sua eficiência. Por seu altocusto inicial, esse controle é indicado paralavouras de portes médio e grande, com altonível tecnológico e produtividade acima de4.000 kg/ha.

    Época de aplicaçãoOs herbicidas são classificados em: pré-plan-tio-incorporado (exigem incorporação aosolo), pré-emergência (aplicados após oplantio da cultura e antes da emergênciadesta e das plantas daninhas), pós-emergên-cia (aplicados após a emergência da cultura eda planta daninha) e dessecantes (usados nomanejo das plantas daninhas no sistema deplantio direto antes do plantio da cultura).

    AtividadeOs herbicidas podem ser classificados comosistêmicos (absorvidos pelas plantas etranslocados em seu interior) ou de contato.

    SeletividadeA seletividade dos herbicidas depende prin-cipalmente do grau de tolerância das plantasa eles. Os seletivos podem ser aplicados nacultura do milho, enquanto os não seletivospodem ocasionar a morte de plantas.

    Plantas daninhas resistentesO aparecimento de plantas daninhas resis-tentes a herbicidas (tabela 1) depende defatores como adaptabilidade ecológica ecapacidade de se proliferar, longevidade edormência das sementes da espécie ou dobiótipo sob seleção, freqüência de utilizaçãode herbicidas com mesmo mecanismo de. ação e sua persistência no solo, bem como aeficácia do herbicida e dos métodos adi-cionais empregados no controle das plantasdaninhas.Para prevenir a resistência, recomenda-se:utilizar a rotação de culturas; promover omanejo adequado dos herbicidas; prevenir adisseminação de sementes por meio do usode equipamentos limpos; limpar os equipa-mentos utilizando bombas d'água ou ar com-primido para remoção das sementes; moni-torar a evolução inicial da resistência; e con-trolar as plantas daninhas suspeitas deresistência antes que produzam sementes.

    Fig. 1 - Picão-preto

    Fig. 2 - Trapoeraba

    Fig. 3 - Timbete

    Fig. 4 - Corda-de- viola

    Fig. 5 - Leiteiro

    Fig. 6 - Capim-marmelada

    Fig. 7 - Capim-colchão

    CORREIO 17

  • Métodos de aplicaçãode herbicidasA eficiência de aplicação de qualquer herbici-da depende da sua uniformidade. Problemascomuns nas aplicações ocorrem devido a: defi-ciência na calibragem do pulverizador (46%);mistura inadequada dos produtos (5%); com-binação dos dois fatores anteriores (12%). Amaioria das aplicações de herbicidas é feitacom tratores, embora a aplicação via água deirrigação tenha aumentado nos últimos anos.

    Controle de plantas daninhasem pré-plantioOs principais herbicidas utilizados para estefim são: glifosato, glifosato potássico;2,4D, paraquat e glufosinato de amônio. Osprodutos à base de glifosato são recomen-dados principalmente para áreas infestadascom plantas daninhas perenes, por sersistêmico. O glifosto potássico é seme-lhante ao glifosato, apresentando o mesmomodo de ação, porém, por causa do radicaltrimetilsulfônio, penetra mais rapidamentenas folhas das plantas daninhas, tornando-se boa opção no período chuvoso. O 2,4-Dajuda no controle de folhas largas, princi-palmente trapoeraba, tolerante a glifosato eglifosato potássico. Já o paraquat tem açãode contato, não servindo para o controle deplantas daninhas perenes, pois é um disrup-tor da membrana celular, de ação muito rá-pida. Sua aplicação pode ser feita na vésperado plantio e a adição de um surfactante nãoiônico no tanque é recomendada. Final-mente, o glufosinato de amônio também de

    contato, classe IV, tem ação mais gradual queo paraquat.

    Controle de plantas daninhasem pré-emergência

    Os herbicidas de pré-emergência, ao con-trário do que se pensa, não afetam a germi-nação das sementes, controlando as plantasdaninhas após a sua germinação, durante operíodo de sua ação no solo. Os herbicidasaplicados devem apresentar poder residualsuficiente para manter as plantas daninhascontroladas até o [mal do período crítico decompetição. A análise desses herbicidas per-mite observar que alguns, como atrazine,cyanazine e 2,4-D, são eficientes no controlede latifoliadas anuais e exercem pouca açãosobre as gramíneas. Por outro lado, s-metola-clor, alaclor, acetoclor, dimetenamid, isoxa-flutole, trifluralin e pendimetalin apresentamação mais acentuada sobre gramíneas anuais.Plantas daninhas perenes, como a tiririca e agrama-seda, são tolerantes aos herbicidas depré-emergência.No sistema de semeadura direta, a presença depalha na superficie do solo pode afetar o com-portamento de herbicidas aplicados em pré-emergência, sobre a palha, ficando expostos àradiação solar, às altas temperaturas e àadsorção nos resíduos vegetais. O atrazineapresenta boas perspectivas de uso em pré-emergência sobre palhadas, pois é facilmentelixiviado para o solo com chuvas que ocorramlogo após a aplicação. O acetoclor apresentamaior eficiência que s-metolaclor no controlede gramineas quando aplicado sobre a palha nosistema de semeadura direta e sem chuva após

    a aplicação, porque aquele é mais estável nes-tas condições. Porém, s-metolaclor, por apre-sentar estrutura química mais estável e maioradsorção aos colóides orgânicos e minerais dosolo, é mais eficiente do que acetoclor e alaclor,quando a chuva remove os herbicidas da palhalevando-os até o solo, onde s-metolaclor é dis-sipado mais lentamente, resultando em maiorpersistência e controle das plantas daninhas.

    Controle de plantas daninhasem pós-emergência precoce e inicialA aplicação pode ser iniciada na pré-emergência, passar pela pós-emergência pre-coce, atingir a pós-emergência inicial e ter-minar na pós-emergência tardia.• Pós-emergência precoce: vai desde aemergência até o estádio de duas folhas abertas.As plantas daninhas ainda são muito pequenase as gramineas ainda não perfilharam.• Pós-emergência inicial: vai do estádio detrês folhas abertas até a abertura completa daquinta folha do milho. As gramíneas anuaisapresentam de um a dois pertilhos e as folhaslargas, de quatro a seis folhas. Nesta fase dapós-emergência, as perdas culturais não sãosignificativas, podendo chegar a 10%.• Pós-emergência tardia: caracterizada porperdas culturais mais evidentes (10 a 35%).Neste estádio, a cultura do milho já apresen-ta a sexta folha completamente aberta; asgramíneas anuais, de três a quatro perfi lhos;e plantas daninhas, como o leiteiro, de seis aoito folhas. A aplicação de herbicidas residu-ais nesta época prolonga o efeito sobre asplantas daninhas de folhas largas e outras tar-dias que prejudicam a colheita mecanizada.

    Espécie(Nome científico)

    Nome Comum

    Tabela 1 - Plantas daninhas resistentes a herbicidas no BrasilHerbicidasModo de Ação

    chlorimuron-ethyl/ imazaquin/ imazethapyr/ nicosulfuron/ pyrithiobac-Nachlorimuron-ethyl/ imazethapyr/ nicosulfuronbutroxydim/ diclofop-methyl/ fenoxaprop-p-ethyl/ fluazifop-p-butyl/haloxyfop-methyl/ propaquizafop/ quizalofop-p-ethyl! sethoxydimglyphosateglyphosatecyclosulfamuron/ pyrazosulfuron-ethyl.cyhalofop-butyl/ fenoxaprop-p-ethyl/ fluazifop-p-butyl/ haloxyfop-methyl/propaquizafop/ sethoxydimquincloracquincloracbutroxydim/ diclofop-methyl/ fenoxaprop-p-ethyl/ fluazifop-p-butyl/haloxytop-methyl/ propaquizafop/ quizalofop-p-ethyl/ sethoxydimacifluorfen-Na/ cloransulam-methyl/ diclosulam/ flumetsulam/ flumiclorac-pentyl/fomesafen/ imazethapyr/ lactofen/ metsulfuron-methyl/ nicosulfuron / glyphosate

    Euphorbia heterophy/la leiteiro ALS e EPSPs chlorimuron/ imazethapyr/ glyphosateFimbristy/is mi/iacea cuminho ALS pyrazosulfuron-ethylLo/ium mulfiflorum azevém EPSPs glyphosateParthenium hysterophorus losna-branca ALS chlorimuron-ethyl/ cloransulam-methyl/Raphanus sativus nabiça ALS chlorimuron-ethyl/ cloransulam-methyl/ imazethapyr/ metsulfuron-methyl/ nicosulfuronSagittaria montevidensis sagitária ALS bispyribac-Na/ cyclosulfamuron/ ethoxysulfuron/ metsulfuron-methyl/ pyrazosulfuron-ethyl.

    Fonte: International Survey of Herbicide Resistant Weeds. http://www.weedscience.org/in.asp

    Bidens pilosaBidens subalternansBrachiaria plantaginea

    picão-pretopicão-pretocapim-marmelada

    Coniza bonariensisConiza canadensisCyperus difformisDigitaria ci/iaris

    buvabuvatiriricacapim-colchão

    Echinochloa crus-galliEchinochloa crus-pavonisEleusine indica

    capim-arrozcapim-arrozcapim-pé-de-moleque

    Euphorbia heterophy/la leiteiro

    ALSALSACCase

    EPSPsEPSPsALSACCase

    AUXAUXACCase

    ALS e PRO

    ACCase- Herbicidas inibidores da enzima acetil-coenzima-A Carboxilase EPSPs- Herbicidas inibidores da enzima enol-piruvil-shiquimato-fosfato sintaseALS- Herbicidas inibidores da enzima acetolato sintase PRO- Protox - Herbicidas inibidores da enzima protoporfirinogenio oxidaseAUX- Auxina - Herbicidas hormonais - mimetizadores da auxina

    18 CORREIO ffi Bayer CropScience

  • A exemplo dos herbicidas pré-emergentes, osprodutos recomendados para a pós-emergênciaprecoce e inicial possuem ação residual variadae, além de controlar as plantas daninhasemergidas, controlam também as que aindairão nascer no período de ação do herbicida.Os melhores resultados de pulverização empós-emergência precoce e inicial têm sidoobtidos por produtores que pulverizam nasprimeiras horas do dia, com vazão na faixade 100 a 250 Ilha.Com relação às sulfonilureias, a aplicaçãoexige um intervalo de sete dias para a utiliza-ção de inseticidas organofosforados. O ideal,nesse caso, é o uso de inseticidas fisiológicosou à base de piretroídes, manejando as pragasda cultura sem interferir na ação do herbicida.As sulfoniluréias (nicosulfuron e foransulfuron+ iodosulfuron) inibem a acetolactato sintase(ALS), impedem a síntese de aminoácidosessenciais, como valina, leucina e isoleucina eseu sintoma tipico de fitotoxicidade é a desco-loração da porção mediana da lâmina das fo-lhas centrais da planta). A seletividade da cul-tura do milho a sulfoniluréias deve-se à suacapacidade de metabolizar o produto em com-postos não ativos. Cultivares tolerantes pare-cem metabolizar sulfoniluréias mais rapida-mente. A existência de tolerância diferencial dehíbridos de milho a sulfoniluréias restringe autilização de nicosulfuron a determinadas cul-tivares que tolerem o produto.O carfentrazone pode ser utilizado para o con-trole de dicotiledôneas em pós-emergência.Os sintomas de fitotoxicidade podem serobservados poucas horas após a aplicação,sendo a morte da planta constatada em uma

    semana. A seletividade detectada nas plantasdevido à aplicação de carfentrazone-ethyldeve-se ao metabolismo de detoxificação docomposto químico. Cultivares de milho docee normal apresentam boa seletividade a esseingrediente ativo.O mesotrione é seletivo e apresenta baixatoxicidade, com pequeno risco para osmamíferos, pássaros, ambiente e espéciesaquáticas. Deve ser aplicado em pós-emergência para o controle de folhas largasanuais e gramíneas.

    Novo herbicidaDo grupo químico das triquetonas, encontra-se em fase de registro no Brasil, o herbicidatembotrione (Soberan). Seu modo de açãoconsiste na inibição da biossíntese decarotenóides através da interferência naatividade da enzima HPPD (4-idroxife-nilpiruvato-dioxigenase) nos cloroplastos.Os sintomas fitotóxicos observados incluembranqueamento das plantas sensíveis comnecrose e morte dos tecidos vegetais em umaa duas semanas. O milho é tolerante às tri-quetonas devido a sua capacidade de metabo-lizar rapidamente o herbicida, produzindometabólitos sem atividade tóxica. A absorçãodo herbicida ocorre tanto nas raízes quantonas folhas e ramos.

    Controle para beneficiar a colheitaCom o advento das aplicações seqüenciais,em que as doses dos herbicidas são diminuí-das, o tratamento nas entrelinhas do milhotoma-se cada vez mais importante, comple-mentando a aplicação feita na pré-emergência

    ou nas fases da pós-emergência. O objetivoprincipal é melhorar as condições de colheita.Os herbicidas são aplicados de forma que ojato do pulverizador atinja somente as folhasbaixeiras e não as superiores, o que exige queas plantas de milho estejam no estádio acimade quatro pares de folhas, com altura mínimade 40 a 50 em. Os herbicidas mais cornu-mente utilizados nesse tipo de tratamento sãoos à base de paraquat e glufosinato deamônio, que têm ação de contato e não apre-sentam efeito residual. Cuidados devem sertomados com a aplicação de herbicidassistêmicos não seletivos, evitando o contatodo produto com a planta de milho. A pulve-rização dirigi da pode ser feita com um pul-verizador costal, dirigida às manchas demaior infestação ou, em casos de grandeslavouras, com um pulverizador de barra tra-torizado. Neste caso, recomenda-se o uso debarra especial com pingentes de mola, quepermitam baixar os bicos e dirigir o jato àbase das plantas, ou com protetores, para evi-tar a aplicação nas plantas do milho. Se omilho estiver muito alto, a barra do pulveri-zador pode quebrar a cana da planta.

    Operações de pós-colheitaPara que na safra seguinte a população deplantas daninhas não aumente, o produtordeverá controlá-Ias antes da reprodução, uti-lizando os herbicidas para o manejo de plan-tio direto ou algum meio mecânico pararoçar a parte aérea.

    Autoria: Décio Karam, Engenheiro Agrônomo(CREA 117496/0) e Michelle Barbeiro da Cruz,Bióloga, pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo.