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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Gado de Leite Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Juiz de Fora, MG 2009 Editores Glauco Rodrigues Carvalho Alziro Vasconcelos Carneiro Luiz Carlos Takao Yamaguchi Paulo do Carmo Martins Marcos Cicarini Hott Raimundo José Couto dos Reis Filho Malaquias Ancelmo de Oliveira Competitividade da cadeia produtiva do leite em Pernambuco

Competitividade da cadeia produtiva do leite em Pernambuco

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    Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa Gado de Leite

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    Juiz de Fora, MG2009

    Editores

    Glauco Rodrigues CarvalhoAlziro Vasconcelos Carneiro

    Luiz Carlos Takao YamaguchiPaulo do Carmo Martins

    Marcos Cicarini HottRaimundo Jos Couto dos Reis Filho

    Malaquias Ancelmo de Oliveira

    Competitividade da cadeia produtivado leite em Pernambuco

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    Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:Embrapa Gado de Leiterea de Negcios Tecnolgicos ANTRua Eugnio do Nascimento, 610 Bairro Dom Bosco36038-330 Juiz de Fora/MGTelefone: (32)3249-4700Fax: (32)3249-4751e-mail: [email protected] page: http//www.cnpgl.embrapa.br

    Superviso editorial, projeto grfico, editorao eletrnica e tratamento das ilustraes: Angela de Ftima Arajo Oliveira

    Reviso de texto: Newton Lus de AlmeidaCapa: Giulia Drumond (estagiria)Apoio tcnico: Antonia Paes de Carvalho

    1a edio1a impresso (2009): 320 exemplares

    Embrapa 2009

    CIP-Brasil Catalogao-na-publicaoEmbrapa Gado de Leite

    Competitividade da cadeia produtiva do leite em Pernambuco / editores, Glauco Rodrigues Carvalho... [et al.]. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2009.376 p.

    Inclui bibliografia.ISBN 978-85-7835-011-6

    1. Leite e derivados. 2. Desenvolvimento regional. 3. Agronegcio. 4. Pol-ticas pblicas. I. Carvalho, Glauco Rodrigues. II. Carneiro, Alziro Vasconcelos. III. Yamaguchi, Luiz Carlos Takao. IV. Martins, Paulo do Carmo. V. Hott, Mar-cos Cicarini. VI. Reis Filho, Raimundo Jos Couto dos. VII. Oliveira, Malaquias Ancelmo de.

    CDD 637.1

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    Alziro Vasconcelos CarneiroMdico-Veterinrio, D.Sc. Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/[email protected]

    Andr Luis Alves NevesMdico Veterinrio, Mestrado em Zootecnia, Embrapa Semi-ridoBR 428, Km 152, Zona Rural Caixa Postal 23, 56302-970 Petrolina/[email protected]

    Bernardo B. RochaEstudante de Medicina veterinria Estagirio da Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/MG

    Caio Csar Oliveira LimaEstudante de Cincias Econmicas Estagirio da Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/[email protected]

    Glauco Rodrigues CarvalhoEconomista, M.Sc. Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/[email protected]

    Gustavo de Vincenzo ValoneEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Agronegcio, Consultor da Poltica Setorial do Leite da Secretaria da Agricultura Familiar SAF do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio MDA Ed. Palcio do Desenvolvimento, 6o andar Braslia/[email protected]

    Jos Marcilio Arajo Zootecnista, Especialista em Bovinocultura LeiteiraRua Incio Rodrigues Lima, 92 Campo dos Velhos 62011-120 Sobral/[email protected]

    Kennya Beatriz SiqueiraEngenheira de Alimentos, D.Sc. em Economia Aplicada Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/[email protected]

    Editores e Autores(em ordem alfabtica)

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    Luiz Carlos Takao YamaguchiEconomista, D.Sc. Pesquisador aposentado da Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/[email protected]

    Luiz Gustavo Ribeiro PereiraMdico Veterinrio, Doutorado em Nutrio Animal, Embrapa Semi-ridoBR 428, Km 152, Zona Rural Caixa Postal 23, 56302-970 Petrolina/[email protected]

    Malaquias Ancelmo de OliveiraJornalista, Especialista em Comunicao Rural e CooperativismoRua Manoel Joaquim de Almeida, 165, 1o andar Iputinga 50670-370 Recife/[email protected]

    Marcos Cicarini HottEngenheiro Florestal, M.Sc. Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/[email protected]

    Paulo do Carmo MartinsEconomista, D.Sc. Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Economia e AdministraoCampus Universitrio Bairro Martelos 36036-900 Juiz de Fora/[email protected]

    Rafael Dantas dos SantosMdico Veterinrio, Mestrado em Zootecnia, Embrapa Semi-ridoBR 428, Km 152, Zona Rural Caixa Postal 23, 56302-970 Petrolina/[email protected]

    Raimundo Jos Couto dos Reis Filho Zootecnista, Mestre em Produo de RuminantesRua Pinto Madeira, 535, Sala 17 Centro 60150-000 Fortaleza/[email protected]

    Rosangela ZoccalZootecnista, M.Sc. Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/[email protected]

    Vnia Maria de OliveiraMdica-veterinria, D.Sc. Embrapa Gado de LeiteRua Eugnio do Nascimento, 610 Dom Bosco 36038-330 Juiz de Fora/[email protected]

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    Apresentao do Sistema OCB/Sescoop/PE

    A presena do gado bovino na economia rural de Pernambuco tem incio com a colonizao do Nordeste. Nos engenhos de acar, o gado serviu para mover as bulandeiras, esmagar a cana, extrair o doce-mel e servir de alimento s populaes da Zona da Mata; nos sertes, prestou-se para produzir ali-mento, leite, carne e meio de transporte, com os conhecidos carros-de-bois que, hoje, escassearam-se. Ali, tambm, firmou-se a produo de utenslios de couro, assim como a roupa e a festa de uma vida de gado, no ciclo do couro, que perduram at os nossos dias nas vaquejadas nordestinas e no cotidiano das pessoas.

    O gado foi to importante no contexto de Pernambuco e do Nordeste que o atual Rio So Francisco j foi conhecido como o Rio dos Currais, pois fazia o caminho do gado e da colonizao serto adentro.

    Em Pernambuco o gado de leite firmou-se, historicamente, na Regio do Agreste, especificamente no Agreste Meridional, tomando a cidade de Gara-nhuns como referncia, porm, na mesopotmia dos rios Ipanema e Ipojuca, certamente, uma das melhores regies do mundo para criao de gado de leite, ali fez o seu hbitat.

    Outras regies, tambm, marcam a presena do gado de leite em Pernam-buco: Agreste Setentrional, Agreste Central; Mata Norte e Mata Sul, como alternativa tradicional cana-de-acar; e os polos menores dos Municpios de Exu e Bodoc, na Regio do Araripe, e os Municpios de Afrnio e Dor-mentes, no Serto do So Francisco.

    O leite nestas regies tornou-se moeda corrente nas feiras-livres das pequenas cidades, que move o comrcio local e garante a sobrevivncia das famlias rurais, durante todo o ano.

    Um conjunto de fatores concorre para constituir a atividade bem-sucedida do leite nessas regies de Pernambuco: a cultura e o conhecimento da ati-vidade leiteira, por parte da populao; a presena da palma forrageira na alimentao do rebanho; o consumo crescente do produto e seus derivados, o bem de mercado que se tornou o leite; a boa sanidade do rebanho, graas ao clima e ao meio ambiente; enfim, estes e outros fatores confirmam a ati-vidade leiteira como sendo de grande importncia no Estado de Pernambuco.

    Com as mudanas profundas que esto ocorrendo no Estado, como: aquecimento da economia, fortes investimentos no setor de infraestrutura,

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    chegada de grandes empresas para explorar o setor leiteiro, atuao do Pro-grama de Leite do Governo, aes contundentes do Governo do Estado para melhorar a sanidade do rebanho, vacinando contra febre aftosa e da edio da Instruo Normativa n 51, do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abas-tecimento, um novo cenrio para o setor leiteiro no Estado de Pernambuco comea a ser montado. Desta vez, com base na profissionalizao do setor.

    O leite foi, ao longo do tempo, sempre uma moeda de troca em Pernam-buco, quase sempre no mbito mercantil, capitalista. As poucas e pequenas cooperativas estiveram fora do mercado, por pequena capacidade empreende-dora, tambm por processos de gesto e governana pouco profissionalizados.

    A chegada de um empreendimento cooperativo no Estado capitaneado pela Central Mineira de Lacticnios Cemil, bem como o novo cenrio que se consolida em Pernambuco, ponteado por algumas pequenas cooperativas e um exrcito de cooperados e produtores de leite ainda desorganizado, levaram-nos a seguir na direo do conhecimento tcnico do setor leiteiro.

    A iniciativa do Sistema OCB/Sescoop/PE contou com o apoio do Denacoop/Sarc/Mapa Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Decidiu-se por fazer um levantamento de informaes e elaborar um diagnstico do setor.

    Para executar este projeto, buscou-se a competncia e a experincia da Leite e Negcios, do Estado do Cear e a Fundao de Desenvolvimento Regional Funder, que contou com o suporte de tcnicos da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora, Minas Gerais.

    Concludo o trabalho de campo de coleta de informaes, uma tarefa exaustiva, fazendo uso da metodologia da Embrapa; tabulado os dados e feitas as anlises necessrias, resultaram em contedos fabulosos para o rico conhecimento do setor leiteiro no Estado de Pernambuco.

    O Sistema OCB/Sescoop/PE coloca este saber cientfico disposio dos cooperativistas, das entidades e empresas privadas e das organizaes do setor pblico e da sociedade em geral, que possam fazer bom uso para o fortalecimento da cadeia produtiva do leite e, sobretudo, os resultados aus-piciosos recaiam sobre os produtores de leite e sobre os seus filhos. Esta foi a motivao desta publicao e o resultado deste trabalho, que entregamos aos homens e mulheres de boa vontade.

    Malaquias Ancelmo de OliveiraPresidente do Sistema OCB/Sescoop/PE

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    Apresentao Embrapa Gado de Leite

    Durante muito tempo o interior brasileiro era visto como retrgrado, sem expresso de valor. Toda a ateno era voltada para o que ocorria no litoral. Mas esse quadro comeou a alterar quando o Brasil desenvolveu uma tecno-logia agrcola genuna, voltada para as nossas condies ambientais, sociais e econmicas. Isso criou condies para que o Pas se tornasse maior, incorporando reas at ento desprezadas como o cerrado brasileiro. A tec-nologia agrcola possibilitou que este vazio populacional fosse efetivamente incorporado vida brasileira, e hoje toda a Nao v com orgulho e admirao o que ocorre nestas grandes regies.

    Ademais, embora bero da Nao brasileira, o Nordeste passou ao largo do processo de transformao vivido no Brasil. Essa regio foi, at recente-mente, esquecida no processo de modernizao, j que na ltima dcada as empresas e o Governo comearam a descobrir seu potencial. O setor lcteo no Nordeste tem vivenciado transformaes importantes, com atrao de investimentos e expanso da capacidade de processamento. Grandes grupos empresariais esto de olho em sua produo e em seu mercado consumidor, que emerge em ritmo chins. Algumas empresas se instalaram recentemente na regio e outras encontram-se com projetos de investimento em andamento.

    Todo processo de transformao exige que se promova, antecipadamen-te, um processo de autoconhecimento. Para que uma regio se desenvolva, portanto, torna-se necessrio conhecer suas caractersticas em detalhes. Do conhecimento e das reflexes a respeito que deve surgir o planejamento para as transformaes que se busca. O objetivo principal desta pesquisa prover a anlise da competitividade e estudo das potencialidades e defici-ncias encontradas na cadeia produtiva de leite, com vista em prover maior agregao de valor, permitindo desse modo nortear a definio de polticas pblicas pelos Governos, bem como subsidiar a iniciativa privada na definio de estratgias de produo e comercializao de leite e derivados.

    Em funo da importncia socioeconmica da pecuria leiteira e da situ-ao atual em que se encontra que se faz necessrio implementar aes e projetos que venham a organizar e consolidar esta cadeia produtiva to importante para o Estado de Pernambuco. Para isto ser necessrio promo-ver um processo de reorganizao e definir, de forma clara e objetiva, as estratgias de competitividade a mdio e longo prazos.

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    A anlise estruturada dos fatores de competitividade da cadeia produtiva do leite em Pernambuco servir de referncia para a identificao de um conjunto de aes coordenadas por parte dos setores pblico e privado, ca-pazes de alavancar as potencialidades econmica e social desta cadeia com desdobramentos positivos para os agentes envolvidos e a populao em geral, envolvendo os setores de insumos, produo, processamento e distribuio de produtos e subprodutos lcteos. Dessa forma, espera-se que todos os municpios integrantes das regies produtoras de leite sejam beneficiados com o empreendimento que, alm da perspectiva de gerao de emprego e renda, significar tambm a manuteno do homem no campo.

    A Embrapa Gado de Leite se associou Fundao para o Desenvolvimento Regional Funder, Organizao das Cooperativas Brasileiras - seo Per-nambuco, ao Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo seo Pernambuco, consultoria Leite e Negcios, a rgos do Governo do Estado e da Unio para, juntos, promoverem este detalhado estudo sobre a cadeia produtiva do leite no Estado. Estas instituies reuniram-se por entender que o leite pode e deve ser um dos importantes fatores de transformao do interior de Pernambuco, com reflexos diretos na regio metropolitana. Afinal, leite fator de gerao de renda e emprego. tambm fator de agregao social, pois a atividade com frequncia se d com intensa participao dos membros da famlia.

    A Embrapa Gado de Leite viu na realizao deste estudo a oportunidade de efetivamente conhecer a realidade do interior pernambucano e contribuir para que aconteam inovaes organizacionais, institucionais e tecnolgicas, motivadas pelas concluses que esto sendo apresentadas, vindas do Governo e da sociedade civil. Nossa expectativa que as informaes desta pesquisa auxiliem na melhoria das condies de produo e competitividade da cadeia produtiva do leite, para que produtores e os laticnios se apropriem mais dos benefcios econmicos oriundos desse importante setor da economia. E isso totalmente possvel.

    Duarte VilelaChefe-geral Embrapa Gado de Leite

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    Sumrio

    Captulo 1Produo de leite no mundo, no Brasil e no Nordeste Rosangela Zoccal, Marcos Cicarini Hott, Glauco Rodrigues Carvalho, Raimundo Reis e Caio Csar Oliveira Lima 13

    Parte 1Produo primria de leite em Pernambuco

    Captulo 2Produo primria Paulo do Carmo Martins, Alziro Vasconcelos Carneiro, Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Marcos Cicarini Hott e Glauco Rodrigues Carvalho 29

    Captulo 3Caracterizao dos sistemas referncias na produo de leite da Regio Agreste Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Alziro Vasconcelos Carneiro, Paulo do Carmo Martins, Marcos Cicarini Hott e Jos Marclio Arajo 43

    Captulo 4Desempenho dos sistemas referncias na Regio Agreste Alziro Vasconcelos Car-neiro, Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Paulo do Carmo Martins, Glauco Rodrigues Carvalho e Jos Marclio Arajo 75

    Captulo 5Caracterizao dos sistemas referncias na Zona da Mata Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Alziro Vasconcelos Carneiro, Paulo do Carmo Martins, Marcos Cicarini Hott e Jos Marclio Arajo 103

    Captulo 6Desempenho dos sistemas referncias na Regio Zona da Mata Alziro Vascon-celos Carneiro, Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Paulo do Carmo Martins, Glauco Rodrigues Carvalho e Jos Marclio Arajo 127

    Captulo 7Caracterizao dos sistemas referncias na produo de leite da Regio do Ser-to Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Alziro Vasconcelos Carneiro, Paulo do Carmo Mar-tins, Jos Marclio Arajo e Andr Luis Alves Neves 143

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    Captulo 8Desempenho dos sistemas referncias na Regio do Serto Alziro Vasconcelos Carneiro, Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Paulo do Carmo Martins, Jos Marclio Arajo e Andr Luis Alves Neves 167

    Captulo 9Manejo nutricional de vacas em lactao Andr Luis Alves Neves, Luiz Gustavo Ribeiro Pereira e Rafael Dantas dos Santos 185

    Captulo 10Manejo de ordenha para pequenas propriedades e orientaes bsicas para se obter um leite e derivados prprios para consumo Vnia Maria de Oliveira, Alziro Vasconcelos Carneiro, Bernardo Barbosa Rocha e Andr Luis Alves Neves 205

    Captulo 11Sade animal: riscos e consequncias Vnia Maria de Oliveira, Alziro Vasconcelos Carneiro, Bernardo Barbosa Rocha e Andr Luis Alves Neves 221

    Parte 2Polticas pblicas, gesto territorial e meio ambiente

    Captulo 12A viso dos lderes estaduais do setor Kennya Beatriz Siqueira, Alziro Vasconcelos Carneiro, Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Paulo do Carmo Martins e Glauco Rodrigues Car-valho 241

    Captulo 13Programas sociais em execuo Kennya Beatriz Siqueira, Glauco Rodrigues Carvalho, Marcos Cicarini Hott e Andr Luis Alves Neves 259

    Captulo 14Programas do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio MDA para o setor Gus-tavo de Vincenzo Valone 271

    Captulo 15Gesto territorial e a pecuria de leite Marcos Cicarini Hott, Glauco Rodrigues Carvalho, Alziro Vasconcelos Carneiro, Paulo do Carmo Martins e Luiz Carlos Takao Ya-maguchi 283

    Captulo 16A legislao ambiental e disponibilidade de terras Marcos Cicarini Hott, Glauco Rodrigues Carvalho, Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Alziro Vasconcelos Carneiro e Kennya Beatriz Siqueira 301

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    Parte 3Indstria de laticnios, varejo e o mercado consumidor

    Captulo 17A indstria de laticnios Glauco Rodrigues Carvalho, Jos Marclio Arajo, Marcos Cicarini Hott, Rosangela Zoccal e Caio Csar Oliveira Lima 315

    Captulo 18O comrcio varejista Paulo do Carmo Martins, Glauco Rodrigues Carvalho, Kennya Beatriz Siqueira, Luiz Carlos Takao Yamaguchi e Raimundo Reis 337

    Captulo 19Determinantes do consumo estadual de lcteos Glauco Rodrigues Carvalho, Mar-cos Cicarini Hott, Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Paulo do Carmo Martins e Rosangela Zoccal 349

    Captulo 20Perfil de consumo de lcteos Glauco Rodrigues Carvalho, Marcos Cicarini Hott, Paulo do Carmo Martins e Raimundo Reis 361

    Captulo 21Recomendaes Paulo do Carmo Martins, Alziro Vasconcelos Carneiro, Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Glauco Rodrigues Carvalho e Raimundo Reis 371

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    Captulo 1

    Produo de leite no mundo, no Brasil e no Nordeste

    Rosangela Zoccal, Marcos Cicarini Hott, Glauco Rodrigues Carvalho,Raimundo Reis e Caio Csar Oliveira Lima

    Cenrio mundial

    O crescimento mdio anual do volume de leite de vaca produzido no mundo foi de aproximadamente 0,04% ao ano, no perodo de 1961 a 2007. Nos ltimos sete anos desta srie, esse crescimento foi de 0,2% ao ano, o que proporcionou um volume de 567 bilhes de litros em 2007. A Europa responsvel por 37% da produo mundial, seguida pelas Amricas (28%) e sia (26%), como se observa na Fig. 1a. A produo de leite tem crescido no mundo todo, exceto na Europa onde o volume atual semelhante ao que se produzia em 1970. A partir dos anos 80 a taxa de crescimento da produo de leite foi maior nos pases subdesen-volvidos (0,5%), quando comparado com a mdia mundial (0,1% a.a). Nos ltimos anos o crescimento foi maior na sia e na frica (Fig. 1b).

    Principais produtores mundiaisOs principais produtores mundiais de leite de vaca, em 2007, foram

    os Estados Unidos, com 84 bilhes de litros anuais, e a ndia com 43 bilhes. Nesse pas asitico a maior produo de leite provm de bfalas (59 bilhes), o que o torna o maior produtor mundial de leite, somando a produo das duas espcies. A China ocupa o terceiro lugar, com 36 bilhes de litros, depois a Rssia (32 bilhes) e Alemanha (28 bilhes). O Brasil ocupa a sexta posio no ranking mundial, com 27 bilhes de litros anuais, como se observa na Fig. 2.

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    A produo de leite ocorre no mundo todo, porm existe uma grande concentrao da produo. Somando-se a quantidade de leite produzida nos sete principais pases produtores, obtm-se 48% do leite mundial e agregando os 20 pases mais produtivos, o volume produzido atinge 74% do leite mundial.

    Polnia, Holanda, Austrlia, Canad e Japo praticamente mantiveram a produo de leite nos ltimos 11 anos, enquanto pases da Europa, como Alemanha, Frana, Reino Unido, Ucrnia e Itlia, reduziram a quantidade de leite.

    A China foi o principal destaque das mudanas ocorridas nos ltimos anos no que se refere ao volume de leite produzido em 1997 e 2007, considerando que em 1997 ela ocupava a vigsima posio, com apenas 6,3 bilhes de litros. Em 2000, a China ocupou a 16 posio como pro-dutora mundial, com 8,6 bilhes de litros, e em 2007 o volume alcanou 36 bilhes de litros de leite, ficando entre os trs maiores produtores mundiais. Nesse perodo, ocorreram grandes investimentos no setor, com importao de animais da Nova Zelndia e Austrlia, transferncia de em-bries e melhoria no manejo. No caso da ndia, tambm se pode verificar um importante aumento de produtividade do rebanho, com investimentos em melhoramento gentico.

    Diversos pases importantes na produo de leite perderam participao no mercado, com destaque para a Rssia e Ucrnia. Com o fim da antiga Unio Sovitica, o setor lcteo na Rssia passou por um processo de re-organizao e competio capitalista. Todas as ineficincias anteriormente mascaradas pelo regime comunista apareceram, exigindo do setor privado melhorias de qualidade, investimento em mquinas e equipamentos, qua-lificao de mo-de-obra, entre outros fatores. O reflexo imediato foi a reduo significativa do rebanho e queda da produo de leite. O mesmo movimento ocorreu na Ucrnia, que tambm contribuiu para a perda de participao na oferta global.

    As mudanas geogrficas na produo de leite no mundo so um movimento sem fim, ocasionado pelas grandes diferenas nos sistemas produtivos, no volume produzido e principalmente pelas polticas adotadas nos diversos pases, resultando em mudanas na oferta do produto e no surgimento de novos pases produtores de leite com maior competitividade, possibilidades de incorporao de tecnologias e estratgias definidas de insero no mercado internacional.

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    A heterogeneidade do processo produtivo entre os diferentes pases marcante. Uma forma de avaliar as diferenas existentes entre eles pode ser observada por meio da produtividade animal, que varivel de acordo com as raas, alimentao e manejo. Na Tabela 1 observa-se a variao de produo de leite por vaca ordenhada por ano. Percebe-se que 45% do total de leite no mundo so oriundos de pases que apresentam, em mdia, sistemas de produo com produtividade superior a 5.000 litros/vaca/ano. Israel, Coreia e Estados Unidos apresentam, em mdia, pro-dutividade animal acima de 9.000 litros/vaca ordenhada/ano, ou seja, a produo das vacas, considerando um perodo de lactao de 310 dias, da ordem de 30 litros dirios.

    Com produtividade logo abaixo, ou seja, entre 7.000 e 8.000 litros/ano, que so equivalentes a 24 litros/dia, em mdia, esto: Arbia Saudi-ta, Sucia, Dinamarca, Canad, Finlndia, Holanda, Japo, Reino Unido e Alemanha. Entretanto, 64% dos pases produzem menos de 2.000 litros/vaca ordenhada/ano e esse grupo responde por 25% da produo mun-dial. A menor mdia por pas de 110 litros/vaca/ano em Burquina Faso.

    De uma forma bastante simples pode-se generalizar da seguinte forma: poucos pases apresentam pecuria de leite desenvolvida, com animais especializados e manejo, principalmente alimentar, adequado. No entanto, muitos pases ainda apresentam uma atividade deficiente, sem raa leitei-ra especializada, pouco uso de tecnologia, manejo alimentar deficiente e baixos ndices zootcnicos. Por exemplo, os Estados Unidos produzem 84 bilhes de litros de leite, com rebanho produtivo de 9 milhes de vacas, e produtividade mdia de 9.200 litros/vaca ordenhada/ano e consumo

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    aproximado de 257 litros/habitante/ano. No outro extremo est Zmbia, com volume de 84 milhes de litros e rebanho produtivo de 280 mil va-cas e produtividade animal ao redor de 300 litros/vaca ordenhada/ano ou menos de um litro de leite por dia.

    Cenrio brasileiro

    A atividade leiteira no Brasil acompanhou o surgimento das cidades. Fruto do processo de urbanizao, as bacias leiteiras se formaram ini-cialmente com o propsito de atender ao mercado de consumidores das cidades. A quantidade de leite produzida e divulgada pelo Censo Agro-pecurio de 1970 foi de 7,1 bilhes de litros, com uma populao de 94 milhes de brasileiros, ou seja, a produo nacional disponibilizava para cada brasileiro aproximadamente 75 litros de leite por ano ou 205 ml/dia.

    Atualmente o volume de leite produzido no Pas vem crescendo a taxas ao redor de 3,5% ao ano, nos ltimos anos. Estima-se que em 2007 a produo tenha alcanado 26,1 bilhes de litros (Fig. 3). Esse volume de leite suficiente para que cada brasileiro tenha disponvel, diariamente, dois copos de leite, aproximadamente 400 ml/habitante. Para atender o consumo recomendado pelo Ministrio da Sade, que de 242 litros por ano ou 663 ml/dia, o volume total da produo de leite deveria ser de 45 bilhes de litros, considerando a populao brasileira composta de 187 milhes de pessoas.

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    Duas caractersticas so marcantes na pecuria de leite nacional. A primeira que a produo ocorre em todo o territrio nacional. Existe informao de produo de leite em 554 microrregies das 558 conside-radas pelo IBGE. A segunda caracterstica marcante que no existe um padro de produo, a heterogeneidade dos sistemas de produo muito grande e ocorre em todas as Unidades da Federao. H propriedades de subsistncia, sem tcnica e produo diria menor que dez litros, at produtores comparveis aos mais competitivos do mundo, usando tecno-logias avanadas e com produo diria superior a 60 mil litros.

    Estima-se que 2,3% das propriedades leiteiras so especializadas e atu-am como empresa rural eficiente. Esses sistemas de produo respondem por aproximadamente 44% do total de leite do Pas. Entretanto, 90% dos produtores so considerados pequenos, com baixo volume de produo dirio, baixa produtividade por animal e pouco uso de tecnologias. Apesar de representarem a maioria dos produtores brasileiros de leite, respondem por apenas 20% da produo total. Existe ainda um grupo intermedirio, formado por 7,7% dos produtores, que respondem por 36% da produo (Stock, 2007).

    No ano de 2007, a Regio Sudeste respondeu por 37,5% da produo nacional (9,8 bilhes de litros), seguida pela Regio Sul com 28,7% (7,5 bilhes), como pode ser observado na Fig. 4. Em termos de crescimento nos ltimos dez anos, destacaram-se as Regies Norte (86%), Sul (70%) e Nordeste (61%). O Centro-Oeste (34%) e o Sudeste (16%) apresentaram crescimento menor, em termos percentuais.

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    Cenrio nordestino e pernambucano

    Na Regio Nordeste, o principal estado produtor a Bahia com 966 milhes de litros anuais, seguido de Pernambuco, com 662 milhes, como se observa na Fig. 5. Durante o perodo de 1998 a 2007, o volume de leite da regio cresceu 61%, passando de 2,1 bilhes para 3,3 bilhes de litros de leite. Entre os Estados do Nordeste, Maranho (144%), Per-nambuco (132%) e Sergipe (113%) foram os que mais aumentaram o volume produzido. O Estado de Alagoas e Piau praticamente mantiveram a produo de leite nesse perodo. Considerando o valor absoluto da quan-tidade de leite produzida, o maior acrescimo foi em Pernambuco, onde a produo de leite aumentou 376 milhes de litros de leite, nos dez anos considerados. O volume produzido a mais no Estado 10% menor que o total produzido no Cear.

    Caractersticas da atividade leiteira em Pernambuco

    Recentemente o IBGE publicou dados do Censo Agropecurio, realizado em 2006. Dentre as informaes disponibilizadas, uma delas se refere ao nmero de estabelecimentos agropecurios por tipo de produo animal, o que permite avaliar o nmero de propriedades que trabalham com leite e a evoluo durante os anos.

    Os estabelecimentos agropecurios rurais em Pernambuco, em 2006, contabilizavam aproximadamente 309 mil propriedades, um aumento de

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    19,5% em relao ao Censo de 1996 (Tabela 2). Nas Figs. 2 e 3 est re-presentado o nmero de estabelecimentos rurais por municpio no Estado, em 1996 e 2006; nota-se uma concentrao em municpio da regio do Agreste Central e Serto do Araripe, em 2006. O aumento do nmero de propriedades se deve principalmente s divises da terra por herana e pelos assentamentos que tm ocorrido em todo o Estado.

    A atividade leiteira, em 1996, ocorria em 28,2% do total de esta-belecimentos agropecurios. Em 2006, houve reduo do nmero de estabelecimentos, que se dedicavam ao leite, chegando a 17,5% das propriedades rurais. Esse fato significa que cerca de 19 mil propriedades deixaram de produzir leite no perodo de 1996 a 2006, ou seja, a cada dia cinco produtores saram do leite. As microrregies onde este fato aconte-ceu com maior intensidade foram principalmente na Regio Metropolitana e na Zona da Mata Norte e Sul (Figs. 6 e 7).

    A produo de leite em Pernambuco, como j mencionado, foi de aproximadamente de 662 milhes de litros. Esse volume representa um incremento de 240 milhes de litros de leite produzidos no perodo de dez anos (Tabela 3), com crescimento mdio anual de 5,3%. Em termos percentuais, o crescimento pernambucano foi maior que a mdia nacional, de 3% ao ano e a do Nordeste, de 3,4%. O incremento de aproximada-mente 22 mil litros de leite por ano reflete uma especializao da atividade leiteira no Estado principalmente considerando a reduo do nmero de propriedades que trabalhavam com leite.

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    As reas de maior concentrao da produo de leite pode ser obser-vada na Fig. 8. Nota-se que em 2007 h concentrao dos municpios mais produtivos na Regio do Agreste. Na Fig. 9, os municpios foram destacados de acordo com as mudanas ocorridas no perodo de 1998 e 2007. Em termos percentuais, as regies que mais cresceram foram as do Serto de Moxot, Pajeu e Itaparica, seguido do Agreste.

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    Outro indicativo da evoluo do leite em Pernambuco a produtividade animal, medida em litros de leite por vaca ordenhada por ano. Nota-se na Fig. 10 que os municpios mais produtivos esto localizados no Agreste e Zona da Mata de Pernambuco. Em 2007, as mesmas regies se desta-cam, em termos de produtividade animal, porm com maior intensidade e abrangncia (Fig. 11). Em termos percentuais, toda a Regio do Agreste e Serto de Moxot, Pajeu e Itaparica tiveram ganhos em produtividade, como se observa na Fig. 12.

    Em Pernambuco, a reduo do nmero de propriedades com atividade leiteira, o aumento do volume produzido e o aumento da produtividade animal refletem a melhoria da produo de leite com ganhos de escala. Em 1996 a produo mdia por propriedade era de 16 litros de leite por dia e em 2007 esse valor subiu para 32 litros de leite. Ainda uma m-dia muito baixa, quando comparada aos ndices que se obtm com uma explorao adequada, tecnicamente vivel e sustentvel.

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    Parte 1

    Produo primria de leite em Pernambuco

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    Captulo 2

    Produo primria

    Paulo do Carmo Martins, Alziro Vasconcelos Carneiro, Luiz Carlos TakaoYamaguchi, Marcos Cicarini Hott e Glauco Rodrigues Carvalho

    Pernambuco ocupa a segunda colocao na produo de leite da Regio Nordeste, sendo superado apenas pelo Estado da Bahia, evidenciando a sua vocao para a explorao da pecuria leiteira bovina. Em sua grande maioria, a pecuria leiteira conduzida por produtores familiares, localiza-dos principalmente na Regio do Agreste. Apesar de a produo de leite apresentar nmeros expressivos, a atividade convive com baixos ndices zootcnicos, apresentando baixa produtividade, em torno de 1.378 litros por vaca/ano (IBGE, 2007), portanto, pouco acima da mdia nacional de 1.237 litros/vaca/ano.

    Caracterizao geral do Estado de Pernambuco

    Pernambuco est localizado no centro-leste da Regio Nordeste do Brasil. As regies do Agreste e Serto correspondem a 88,8% de seu territrio e encontram-se localizadas no chamado Polgono das Secas, que se estende do extremo norte do Estado de Minas Gerais at o Estado de Piau.

    O Serto, localizado no oeste do Estado, caracteriza-se pela escassez de chuvas, devido reteno de parte das precipitaes pluviais no Pla-nalto da Borborema e correntes de ar seco provenientes do sul da frica. A vegetao tpica do Agreste e Serto a caatinga, que representa em torno de 83% da rea estadual. A vegetao litornea so os manguezais e na Regio da Zona da Mata a floresta tropical Atlntica. Os solos no

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    so frteis e as temperaturas encontram-se entre as mais elevadas do Pas. Os ndices de insolao na regio so elevados, e as secas podem durar um longo perodo de tempo, com precipitao mdia anual no superior a 500 milmetros, e em alguns anos as chuvas no chegam a atingir 200 milmetros anuais concentrados num curto perodo de at dez dias.

    Ocupa uma extenso territorial da ordem de 98.938 km, incluindo a superfcie hdrica. Possui 185 municpios distribudos em 18 microrregi-es homogneas que compem as cinco mesorregies homogneas. De acordo com o IBGE, a populao estimada em 2008 era de 8.734.194 habitantes, com uma densidade demogrfica de 80,65 habitantes/km. Os municpios com maior contingente populacional so a capital Recife (1.549.980), Jaboato dos Guararapes (678.346), Olinda (395.850), Pau-lista (315.302), Caruaru (295.558), Petrolina (276.174), Cabo de Santo Agostinho (170.986), Camaragibe (141.973), Guaranhuns (130.154) e Vitria de Santo Anto (125.681). Em 2000, a populao urbana era cerca de 76,5% e a rural 23,5%. Quanto ao IDH (ndice de Desenvolvimento Humano) do Estado de Pernambuco, em 2005 era de 0,718.

    O Estado de Pernambuco possui poucos lagos e lagoas, sendo as principais a Lagoa do Ara e a Lagoa Olho Dgua, ambas localizadas na regio Metropolitana de Recife. Em torno do Municpio de Recife encontram-se os Audes do Prata e de Apipucos. Alm destes, o Estado possui um conjunto de reservatrios, sendo o mais importante, em volume, o reservatrio de Jucazinho, localizado na regio do Agreste, prximo ao Municpio de Surubim. Quanto aos rios, os mais importantes so o So Francisco, Capibaribe, Ipojuca, Una, Paje e Jaboato. O rio So Fran-cisco de importncia vital para o interior do Estado de Pernambucano, e atende ao programa de irrigao praticado no Estado a partir dos anos 70, com projetos de irrigao hortifrutcolas implantadas com o apoio da Codevasf. So de grande monta os investimentos realizados no desenvol-vimento de produes voltados para o mercado internacional, sobretudo as frutas como acerola, graviola, goiaba, manga, melo, melancia e uva.

    Quanto a forma de transporte do Estado de Pernambuco, a principal a rodoviria, sendo as mais importantes a BR-101 na costa pernambucana, que liga o norte ao sul do Estado e a BR-232, que liga a capital ao interior do estado, na direo leste-oeste.

    O Estado de Pernambuco possui paisagens variadas, dentre elas destacam-se as serras, planaltos, brejos, serto semi-rido e praias diver-

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    sificadas na costa. O estado possui altitude crescente do litoral ao serto. As plancies litorneas tm baixa altitude de at 200 metros, apresentan-do relevo peneplano (mamelonar), em que alguns pontos do Planalto da Borborema ultrapassam os 1.000 metros de altitude. Na margem oeste da regio Agreste, ocorre a Depresso Sertaneja, uma depresso relativa com altitude mdia de 400 metros que se estende at a margem oriental da Chapada do Araripe.

    Dentre as atividades agrcolas mais relevantes destacam-se as culturas de algodo arbreo, banana, feijo, cana-de-acar, cebola, mandioca, milho, tomate e uva. Na atividade pecuria destacam-se as criaes de bovinos, sunos, caprinos e galinceos. No extrativismo despontam a minerao, com destaque para argila, calcrio, ferro, gipsita, granito, ouro e quartzo.

    O setor primrio da economia pernambucana contou com um total de 308,9 mil estabelecimentos agropecurios no ano 2006, uma rea cultivada de 8,7 milhes de hectares, em que a maioria delas encontra-se inserida na faixa de at 10 hectares, caracterizando-as como de mini e pequenas propriedades. Contou ainda com um efetivo de rebanho de 2,2 milhes de bovinos em 2007. O PIB agropecurio, em 2006, medido pelo valor adicionado foi de R$ 2,5 bilhes. O valor da produo de leite no Estado de Pernambuco foi de R$ 410,5 milhes em 2007, enquanto nas sete regies selecionadas para estudo este valor alcanou a cifra de R$ 398,9 milhes, correspondendo a cerca de 97,2% do valor estadual.

    Quanto ao nmero de estabelecimentos envolvidos na produo leiteira estadual, em 2007, foi de 53 mil unidades, enquanto na regio selecionada este nmero foi de 53,0 mil, que em termos de abrangncia corresponde a 98,3% dos estabelecimentos.

    Regio selecionada para estudo

    Esta pesquisa contemplou sete regies do Estado de Pernambuco, conforme ilustrado na Fig. 1. As sete regies selecionadas so: Agreste Meridional, Agreste Central, Agreste Setentrional, Mata Norte, Mata Sul, Serto do Araripe (Exu/Moxot), Serto do So Francisco (Afrnio/Dormentes).

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    Estas sete regies responderam por cerca de 98% da produo esta-dual de leite, 19,1% da produo do Nordeste e 2,4% do Brasil, que em valores absolutos correspondeu a 635.560 mil litros, em 2007. Por ordem de volume de produo de leite, em 2007, a regio de maior importncia foi o Agreste Meridional que correspondeu a 51% do total produzido pelas sete regies selecionadas, seguido das regies do Agreste Central, Serto do Araripe, Agreste Setentrional, Mata Norte, Serto do So Francisco e Mata Sul, que em valores relativos produziram o equivalente a 21,5%, 15,5%, 6,6%, 2,3%, 1,7% e 1,4%, respectivamente.

    Em termos de vacas ordenhadas, as sete regies detm 95,3% do plantel de vacas ordenhadas no Estado, o que significa em valores abso-lutos a aproximadamente 448,8 mil cabeas, em 2007. Comparado ao Nordeste, o conjunto das regies selecionadas detm 10,4% do total de vacas ordenhadas e 2,1% do total nacional.

    Quanto a produtividade, em 2007, medida em litro de leite/vaca orde-nhada/ano, no conjunto as sete regies obtiveram 1.416 litros, portanto superiores aos obtidos em Pernambuco, Nordeste e Brasil que foram de

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    1.378, 774 e 1.237 litros, respectivamente. Dentre as sete regies sele-cionadas, a que obteve maior produtividade foi a regio Agreste Meridio-nal, ou seja, 1.913 litros, seguido das regies Agreste Central, Agreste Setentrional, Mata Norte, Mata Sul, Araripe e So Francisco, que obtive-ram as produtividades de 1.553, 1.488, 1.201, 908, 809 e 548 litros, respectivamente. Portanto, as produtividades alcanadas pelas regies do Agreste Meridional, Agreste Central e Agreste Setentrional superaram em 35,1%, 9,7% e 5,1% a produtividade mdia das sete regies seleciona-das. Quanto s demais regies, Mata Norte, Mata Sul, Serto do Araripe e Serto de So Francisco, as produtividades alcanadas, em relao mdia da regio selecionada, corresponderam a apenas 84,8%, 64,1%, 57,1% 38,7%, respectivamente. Comparando agora a produtividade obtida pela regio do Agreste Meridional com as obtidas pelas demais regies, quais sejam, Agreste Central, Agreste Setentrional, Mata Norte, Mata Sul, Araripe e So Francisco, verifica-se que esta foi maior, respectivamente, em 23,2%, 28,5%, 59,2%, 110,8%, 136,4%, e 248,9%.

    Procedimentos para coleta e anlise dos dados

    A pesquisa foi realizada utilizando-se da tcnica de painel, que reuniu em torno de 12 a 15 especialistas em produo de leite com profundo conhecimento de cada uma das sete regies selecionadas para estudo e dos sistemas de produo de leite usualmente praticados no Estado de Pernambuco. Com a realizao dos painis tcnicos props-se a carac-terizao e identificao de sistemas referncias ou modais de produo de leite para posterior levantamento de coeficientes tcnicos, em nvel de unidades de produo.

    Neste estudo, entende-se por sistema referncia ou sistema modal aquele que representa um grupo de sistemas de produo de leite que adota o mesmo nvel tecnolgico, ou, tambm, aquele sistema que adotado com maior frequncia pelos produtores de leite. Ainda neste estudo, entende-se por adotar o mesmo nvel tecnolgico o emprego, dentro do grupo de sistemas, os mesmos processos, insumos e servios para produo de leite, independentemente da escala de produo ou do nvel de utilizao de insumos e servios.

    O levantamento dos coeficientes tcnicos, em nvel de unidades de produo, foi realizado com o auxlio do aplicativo SisSeg, desenvolvido

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    em planilha eletrnica da Microsoft Excel. Tais coeficientes so essenciais para gerar informaes que permitem aferir o desempenho tcnico e eco-nmico dos sistemas referncias ou modais caracterizados e identificados.

    O aplicativo SisSeg foi desenvolvido de tal modo a possibilitar o levan-tamento de coeficientes tcnicos no Segmento de Produo e Segmento de Servios que compem o sistema global de produo de leite (Fig. 2).

    O Segmento de Produo foi subdivido em trs setores, o de Produo de Leite propriamente dito, Produo de Fmeas para reposio do plantel

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    de vacas e Produo de Alimentos Volumosos que inclui tanto o fornecido no cocho quanto as pastagens. O Segmento de Servios, por sua vez, foi tambm subdivido em trs setores, o de Trator e Implementos, Irrigao e Reproduo.

    O procedimento adotado para delimitar os setores de produo (leite, fmeas e alimentos) e de servios (trator e implementos, irrigao e re-produo), foi com base na distribuio do ativo imobilizado requerido em cada um dos setores considerados.

    Assim, no Setor de Produo de Leite, a infraestrutura requerida con-siste de benfeitorias e instalaes (estbulo, sala de ordenha, sala de leite, curral de espera etc.), mquinas, motores e equipamentos (ordenhadeira mecnica, tanque de expanso, silo graneleiro, lates de leite, balde de ordenha etc.), e animais de produo (vacas em lactao e vacas secas).

    No Setor de Produo de Fmeas, a infraestrutura requerida cons-tituda de benfeitorias e instalaes (bezerreiros, cocho para volumosos, cocho para sal mineral etc.), mquinas, motores e equipamentos (balana, pulverizador, misturador de rao etc.) e animais em recria (fmeas a partir do nascimento at o incio da vida reprodutiva).

    No Setor de Produo de Alimentos Volumosos, a infraestrutura reque-rida consiste de: terra (ocupada com culturas perenes: pastagem natural e cultivada, capineiras, cana-de-acar, forrageiras para produo de ali-mentos conservados, etc., e culturas anuais: milho e sorgo para produo de silagem, forrageiras de inverno para fornecimento no cocho ou para pastejo, entre outros), benfeitorias e instalaes (cercas interna e externa, silos, sala de mquinas etc.) e mquinas, motores e equipamentos (motor eltrico e/ou diesel, desintegradeira, picadeira de forragem, roadeira, etc.).

    No Setor de Trator e Implementos, a infraestrutura requerida com-posta de benfeitorias e instalaes (galpo de mquinas etc.), e mquinas e implementos de trao mecnica (trator, arado, grade, distribuidor de calcrio, distribuidor de esterco lquido, carreta, plantadeira e adubadeira, pulverizador, cultivador, roadeira, lmina, p carregadeira, guincho etc.).

    No Setor de Irrigao, a infraestrutura requerida composta de ben-feitorias e instalaes (galpo para motor, bomba, etc.), e mquinas e implementos (motor eltrico, motor diesel, motor gasolina, bomba, tubu-laes, aspersores, conexes, registros, etc.).

    Por fim, no Setor de Reproduo, como infra-estrutura requerida so consideradas as benfeitorias e instalaes (baia para reprodutores, etc.),

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    bem como equipamentos (botijo para armazenamento de smen, equipa-mentos de inseminao, etc.) e animais de servios (reprodutor e rufio).

    Alm disso, a infraestrutura de uso compartilhado no Setor de Produ-o de Leite e Setor de Produo de Fmeas consiste de terra (ocupada com benfeitorias e estradas internas), benfeitorias e instalaes (depsito de rao, brete carrapaticida, tronco de conteno, tronco casqueador, coberta ou curral para manejo, cocho para volumosos e sal mineral, be-bedouro, rede hidrulica, rede eltrica, aude etc.), mquinas, motores e equipamentos (conjunto de inseminao artificial, lava-jato, pulverizador costal ou outro para banho carrapaticida, conjunto moinho e/ou misturador de rao etc.).

    A infraestrutura de uso comum no Setor de Produo de Leite, Setor Produo de Fmeas e Setor de Produo de Alimentos Volumosos composta de benfeitorias e instalaes (casa de empregado, escritrio), mquinas, motores e equipamentos (equipamentos de escritrio, compu-tador, impressora, etc.).

    Uma vez delimitados os setores que compem os segmentos de pro-duo e servios do sistema global de produo de leite, em termos de ativo imobilizado, os coeficientes tcnicos com os respectivos preos, que geram as despesas operacionais, so apropriados para cada um dos setores considerados e existentes nos sistemas referncias ou modais caracterizados e identificados.

    Evoluo da produo de leite, vacas ordenhadas e produtividade nas regies selecionadas

    A produo anual de leite no Estado de Pernambuco foi de 648,7 mi-lhes de litros no ano de 2007, portanto, cerca de 208% superior quando comparada produo obtida em 1995, que foi de 210,7 milhes de litros. Neste mesmo perodo, a produo anual de leite das sete regies selecionadas, de acordo com o IBGE (2007), foi de 635,6 milhes de litros em 2007 e de 204,6 milhes em 1995, exibindo um crescimento da ordem de 211% em relao a 1995. Mensurado em termos de volume de produo, a abrangncia das regies selecionadas representou 97% da produo estadual em 1995 contra 98% em 2007, indicando estabilidade na participao destas regies no mbito da produo estadual de leite

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    nos ltimos 13 anos. Quanto ao tamanho do plantel de vacas ordenhadas no Estado de Pernambuco era de aproximadamente de 470,9 mil cabeas em 2007 e de 275,5 mil cabeas em 1995, portanto, 70,92% maior em 2007. Nas sete regies selecionadas, em 2007 o nmero de vacas orde-nhadas foi de 448,8 mil cabeas e em 1995 de 267 mil cabeas, sendo 68% maior em 2007.

    Em nmero de vacas ordenhadas, observa-se que em 1995, as sete regies detinham 97% do plantel, ao passo que em 2007, detinham 95%. Quanto produtividade, expressa em litros de leite/vaca ordenhada/ano, no Estado de Pernambuco, em 2007, foi da ordem de 1.378 litros e em 1995 de 765, sendo superior em 80% em 2007. Nas sete regies sele-cionadas, esta produtividade foi de 1.416 litros em 2007 e de 766 litros em 1995, sendo maior em 85% em 2007. Portanto, pode-se inferir que ocorreram ganhos de produtividade.

    Em termos de taxa geomtrica de crescimento, no perodo de 1995 a 2007, a produo de leite no Estado de Pernambuco exibiu um incremento anual de 7%, enquanto o nmero de vacas ordenhadas teve um crescimen-to de 3,3% e a produtividade, medida em litros de leite/vaca ordenhada/ano de 3,7%. Isto significa que o crescimento da produo de leite no Estado de Pernambuco, nos 13 anos considerados na anlise, decorreu, tanto do crescimento numrico do rebanho leiteiro (vacas ordenhadas), quanto de ganhos reais de produtividade.

    Observa-se que o crescimento mdio anual da produo de leite no Es-tado de Pernambuco foi maior que o alcanado pela Regio Nordeste como um todo, de 4% ao ano, com o plantel de vacas ordenhadas crescendo a uma taxa anual de 1,8% e a produtividade em 2,2% ao ano. Esta taxa de crescimento da produo de leite obtida no Estado de Pernambuco foi tambm levemente superior ao observado nas sete regies selecionadas para estudo, que, tomada no conjunto, mostrou um crescimento de 6,9%, em que o nmero de vacas ordenhadas cresceu a uma taxa mdia anual de 3,1% e a produtividade a uma taxa de 3,8% ao ano.

    As Figs. 3 e 4 mostram as produes anuais de leite das regies sele-cionadas em valores absolutos e relativos para os anos de 1995 e 2007, respectivamente. Constata-se que houve mudana na participao das regies selecionadas na produo total de leite. No perodo 1995-2007, somente a regio do Agreste Meridional apresentou crescimento signifi-cativo, cuja participao passou de 32% em 1995 para 51% em 2007,

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    um incremento de 399% em termos de volume produzido, em 13 anos. As demais regies estudadas tiveram queda relativa de participao, embora em termos absolutos todas tenham apresentado crescimento do volume produzido.

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    As Figs. 5 e 6 indicam o nmero de vacas ordenhadas nas regies selecionadas em valores absolutos e relativos para os anos de 1995 e 2007, respectivamente. Verifica-se que houve significativa alterao na participao das regies selecionadas em relao ao nmero total de vacas ordenhadas nestas regies, de 1995 a 2007. Os dados apresentados nas figuras indicam que apenas a regio selecionada do Agreste Meridional mostrou um crescimento no efetivo de vacas ordenhadas, passando da participao de 26,4% em 1995 para 37,8% em 2007, que em valores absolutos significaram um acrscimo de 99,0 mil cabeas em 2007. De outro modo, este crescimento foi da ordem de 140,4%, em 13 anos.

    A exemplo do que ocorreu com a produo de leite, as demais regies selecionadas, Agreste Central, Agreste Setentrional, Mata Norte, Mata Sul, Serto do Araripe e Serto do So Francisco, apresentaram participa-es relativas menores em relao ao nmero total de vacas ordenhadas. Entretanto, em valores absolutos, com exceo da regio selecionada Mata Norte, que teve reduzido o nmero de vacas ordenhadas em 4,0 mil cabeas (-2,5%), as demais regies selecionadas exibiram incremento no perodo de 1995 a 2007.

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    A Fig. 7 ilustra as produtividades mdias obtidas nos anos de 1995 e 2007, expressas em litros de leite por vaca ordenhada por ano, para cada uma das sete regies selecionadas para estudo, das sete regies em conjunto e do Estado de Pernambuco como um todo.

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    Houve significativo ganho de produtividade no perodo de 1995 a 2007, em quase todas as regies selecionadas. Comparando a produtividade alcanada de 1995 com a de 2007, nota-se que houve um considervel ganho na regio do Agreste Meridional, que foi de 107,7%, superando os ganhos obtidos pelo conjunto das regies selecionadas que foi de 84,7%. Em Pernambuco como um todo foi de 80,1%. Com exceo da regio do Serto de So Francisco, que teve a produtividade reduzida em 1,9% no perodo analisado, as demais regies selecionadas para estudo obtiveram acrscimos.

    Bibliografia consultada

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Disponvel em: . Acesso: 5 jun. 2009.

    ___ Sistema IBGE de Recuperao Automtica. Disponvel em:

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    Captulo 3

    Caracterizao dos sistemas referncias naproduo de leite da Regio Agreste

    Luiz Carlos Takao Yamaguchi, Alziro Vasconcelos Carneiro,Paulo do Carmo Martins, Marcos Cicarini Hott e Jos Marclio Arajo

    Regio Agreste

    A Regio Agreste do Estado de Pernambuco formada pelas regies Agreste Meridional, Agreste Central e Agreste Setentrional, ocupando uma rea aproximada de 24.400 km2, que corresponde a 24,7% do ter-ritrio pernambucano (Fig. 1). Conta com contingente populacional que representa 25% da populao estadual, o que equivale a 1,8 milho de habitantes. Est localizada entre as regies Mata e Serto, portanto, trata-se de uma regio intermediria. O Agreste possui ndices pluviomtricos maiores que os do Serto, com mdia anual entre 800 e 1.000 milmetros, embora esteja sujeita a secas peridicas. Possui solos rasos, j erodidos e depauperados e presta-se para o cultivo de cereais.

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    Tem como principais atividades agrcolas o cultivo de milho, feijo e mandioca, e atividades pecurias de leite e carne bovina. Esta regio constitui a principal bacia leiteira do Estado, e produziu em torno de 516,4 milhes de litros de leite, correspondendo a 78% da produo estadual em 2007. Neste ano, o nmero de vacas ordenhadas foi de 293,1 mil cabeas, o que representou 61% do rebanho de vacas ordenhadas no Estado. A produtividade, medida em litros/vaca ordenhada/ano, foi de 1.760 litros de leite. Ademais, o nmero de estabelecimentos agropecu-rios envolvidos nesta atividade foi de 31.200 unidades, ou 10% do total estadual de estabelecimentos, em 2006.

    Agreste Meridional

    O Agreste Meridional ocupa uma rea de 10.828 km2 constituda de 26 municpios, quais sejam: guas Belas, Angelim, Bom Conselho, Brejo, Buque, Caets, Calados, Canhotinho, Capoeiras, Correntes, Garanhuns, Iati, Itaiba, Jucati, Jupi, Jurema, Lagoa do Ouro, Lajedo, Palmerina, Pa-ranatana, Pedra, Salo, So Joo, Terezinha, Tupanatinga e Venturosa.

    Segundo o Censo Demogrfico do IBGE, em 2000, a populao do Agreste Meridional era de 594.900 habitantes, o que equivalia a 7,5% da populao do Estado, em que 310.000 habitantes residiam na zona urbana e 284.900 habitantes na zona rural. O municpio mais populoso Garanhuns, com 117.700 habitantes, seguido por Buque, com 44.200 habitantes.

    Diante de um clima diferenciado, por exemplo, em Garanhuns a tem-peratura cai a 12 graus centgrados no perodo de inverno. A regio conta com uma maior variedade de culturas agrcolas, alm de impulsionar o turismo local.

    O IDH (ndice de Desenvolvimento Humano) do Agreste Meridional de 0,598, inferior ao de Pernambuco que de 0,705. Entre os maiores ndices observados esto os municpios de Garanhuns (0,692), Venturosa (0,633) e Lajedo (0,625). No que diz respeito educao, a Regio do Agreste Meridional detm a maior taxa de analfabetismo (41%), dentre as regies do Estado de Pernambuco.

    Como o Agreste Meridional se diferencia das demais regies do Estado pelo clima e relevo, permite a diversidade de cultivo agrcola e da floricul-tura, alm do turismo, constituindo-se em atividades econmicas dinmi-

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    cas e absorvedoras da mo-de-obra regional. A regio, conhecida como a principal bacia leiteira do Estado, tem na pecuria leiteira sua principal base de sustentao econmica, com produo de leite e derivados de forma artesanal e industrial. A regio vive um momento de otimismo e ex-pectativa de crescimento com a entrada de novos investimentos privados.

    Em 2007, produziu cerca de 327 milhes de litros de leite que repre-sentou 49% da produo estadual. Neste mesmo ano, o nmero de vacas ordenhadas foi de 169.600 cabeas que corresponde a 35% do rebanho estadual. A produtividade, expressa em litros/vaca ordenhada/ano, foi de 1.930 litros de leite. Ao passo que o nmero de estabelecimentos agro-pecurios envolvidos nesta atividade foi de 18.000 unidades, ou seja, aproximadamente 6% do total de estabelecimentos do Estado, em 2006.

    Agreste Central

    O Agreste Central ocupa uma rea territorial de 10.117 km2 e forma-do de 26 municpios, conforme se segue: Agrestina, Alagoinha, Altinho, Barra de Guabiraba, Belo Jardim, Bezerros, Bonito, Brejo da Madre Deus, Cachoeirinha, Camocim de So Flix, Caruaru, Cupira, Gravat, Ibirajuba, Jataba, Lagoa dos Gatos, Panelas, Pesqueira, Poro, Riacho das Almas, Sair, Sanhar, So Bento do Una, So Caetano, So Joaquim do Monte e Tacaimb.

    De acordo com o Censo Demogrfico do IBGE, em 2000, a populao da regio Agreste Central era de 881.400 habitantes, o que representava 12% da populao de Pernambuco. Destes, 596.700 habitantes moravam na zona urbana e 284.700 habitantes na zona rural. O municpio mais populoso da regio Caruaru, com 253.600 habitantes, que equivalia a mais do triplo do segundo municpio mais populoso, Belo Jardim, com 68.700 habitantes.

    O ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Agreste Central de 0,634, portanto abaixo do verificado em Pernambuco que de 0,705. Entre os maiores ndices verificados esto os Municpios de Caruaru (0,713), Gravat (0,654) e Cachoeirinha (0,641).

    A economia da Regio Agreste Central est vinculada ao Polo de Con-feces do Estado de Pernambuco, notadamente vesturio e txteis, em que o Municpio de Caruaru um dos principais centros. As principais cadeias produtivas da regio so txteis e confeces, logstica, indstria

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    extrativista. Turismo, comrcio e servios constituem tambm atividade econmica desta regio.

    A prtica da agricultura basicamente a mesma das demais regies semi-ridas, em que so exploradas as culturas tradicionais como milho, feijo, mandioca, algodo e palma. Nas reas de vrzeas, que constituem a exceo, o clima semirido e vegetao de caatingas permitem desenvolver a explorao da horticultura, floricultura, fruticultura e cafeicultura. Alm disso, est presente na regio a explorao das atividades de pecuria de leite, pecuria de corte e avicultura.

    Com relao pecuria leiteira, esta regio tem importncia expressiva no contexto estadual. Em 2007, produziu aproximadamente 147,5 milhes de litros de leite, o que corresponde a cerca de 22% da produo do Esta-do. O nmero de vacas ordenhadas em 2007 foi de 95.400 cabeas, ou seja, 35% do rebanho de vacas ordenhadas no Estado. A produtividade, dada em litros/vaca ordenhada/ano, foi de 1.550 litros de leite. Enquanto o nmero de estabelecimentos agropecurios envolvidos nesta atividade foi de 8.100 unidades, em torno de 3% dos estabelecimentos do Estado, no ano de 2006.

    Agreste Setentrional

    O Agreste Setentrional tem uma rea de 3.545 km2 e composta de 19 municpios, a saber: Bom Jardim, Casinhas, Cumaru, Feira Nova, Frei Miguelino, Joo Alfredo, Limoeiro, Machados, Orob, Passira, Salgadinho, Santa Cruz do Capibaribe, Santa Maria do Cambuc, So Vicente Ferrer, Surubim, Taquaritinga do Norte, Toritama, Vertente do Lrio e Vertentes. Seus limites so: Estado da Paraba (Norte), Agreste Central (Sul), Mata Norte (Leste) e Estado da Paraba (Oeste).

    Os dados do Censo Demogrfico do IBGE indicavam que, em 2000, a regio Agreste Setentrional tinha uma populao de 433.800 habitantes, o que correspondia a 6% da populao pernambucana, das quais 255.600 habitantes eram da zona urbana e 208.200 da zona rural. Os municpios mais populosos so Santa Cruz do Capibaribe com 59.000 habitantes e Limoeiro com 56.300 habitantes.

    O IDH do Agreste Setentrional de 0,636, portanto inferior ao obser-vado em Pernambuco que de 0,705. Entre os maiores ndices observa-dos esto Santa Cruz do Capibaribe (0,698), Limoeiro e Taquaritinga do

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    Norte (0,688).

    A economia da Regio Agreste Setentrional tem como atividade prin-cipal a produo de confeces e artefatos de tecido. Esta atividade, de grande relevncia para a economia da regio, representa 73% de toda produo estadual. Constituem tambm atividades econmicas relevantes da regio a produo de mveis e o turismo.

    O Agreste Setentrional possui um clima semirido, com temperatura mdia em torno de 25 C e solos com textura do tipo argilosa. A vegetao caracterstica a arbreo-arbustiva, com algumas formaes xerfitas. A prtica da agricultura basicamente a mesma das demais regies semiri-das, em que so exploradas as culturas tradicionais de subsistncia, como milho, feijo, mandioca e algodo. O clima semirido permite desenvolver a explorao da fruticultura, horticultura e cana-de-acar. A atividade pecuria praticada de maneira extensiva, em que explorada a pecuria mista, de leite e de carne.

    A pecuria leiteira pouco expressiva quando comparada a das regies Agreste Meridional e Central, embora seja expressiva quando se compara s demais regies do Estado. Em 2007, produziu em torno de 42 milhes de litros de leite que, em valores relativos, significa 6% da produo per-nambucana. O nmero de vacas ordenhadas foi de 28.100 cabeas em 2007, representando 6% do rebanho estadual de vacas ordenhadas. A produtividade em litros/vaca ordenhada/ano foi de 1.550 litros de leite. O nmero de estabelecimentos agropecurios envolvidos nesta atividade foi de 5.100 unidades, portanto prximo de 2% dos estabelecimentos do Estado, em 2006.

    Caracterizao da atividade leiteira

    A produo anual de leite nas sete regies selecionadas, de acordo com o IBGE (2007), foi de 635,6 milhes de litros em 2007 e de 204,6 milhes em 1995, exibindo um crescimento de 211% em relao a 1995.

    A produo anual de leite da regio Agreste pernambucana foi de 503 milhes de litros em 2007 e de 137 milhes em 1995, exibindo um cres-cimento de 268% ou 366 milhes de litros em relao a 1995. Em termos de volume de produo, a abrangncia da regio Agreste representou 67%

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    da produo do conjunto das sete regies deste estudo em 1995 contra 79% em 2007, indicando um aumento significativo na participao da regio no contexto da produo, decorridos 13 anos.

    Analisando o tamanho do rebanho de vacas ordenhadas, nas sete regi-es selecionadas tomadas no conjunto, era de aproximadamente 448.800 cabeas em 2007 e de 267.000 cabeas em 1995, portanto, 68% maior em 2007. Em 2007, na regio do Agreste o nmero de vacas ordenhadas foi de 285.700 cabeas e em 1995 de 150.200 cabeas, sendo 90%, o que corresponde a 135.500 cabeas a mais no ano de 2007. Observando a abrangncia da regio Agreste, mensurado em termos de nmero de vacas ordenhadas, verificou-se que em 1995 esta regio detinha 56% do rebanho, ao passo que em 2007 detinha 64%, indicando um pequeno acrscimo na participao da regio no mbito das sete regies selecio-nadas, em 13 anos.

    A produtividade expressa em litros de leite/vaca ordenhada/ano, no conjunto das sete regies selecionadas, foi de 1.416 litros em 2007 e de 766 litros em 1995, portanto, sendo 85% maior em 2007. No entanto, na regio do Agreste, a produtividade alcanada foi de 1.760 litros em 2007 e de 1.361 litros em 1995, sendo superior em 29% em 2007.

    O crescimento da produo de leite nas trs regies do Agreste pernam-bucano, no perodo de 1995 a 2007, em termos de taxa geomtrica de crescimento, foi de 7,8% ao ano. Considerando o rebanho de vacas orde-nhadas e a produtividade, medida em litros de leite/vaca ordenhada/ano, a taxa geomtrica de crescimento foi 4,8% e 3,1%, ao ano, respectivamente.

    Considerando apenas a regio Agreste Meridional, observa-se que a taxa mdia anual de crescimento da produo de leite foi de 10%, en-quanto o rebanho de vacas ordenhadas teve um crescimento mdio anual de 7% e a produtividade, em litros/vaca ordenhada/ano, de 3% ao ano. A regio Agreste Central exibiu um crescimento anual da produo de leite de 5,1%, com o plantel de vacas ordenhadas crescendo a uma taxa mdia anual de 2,7% e a produtividade crescendo com uma taxa mdia de 2,4% ao ano. Na regio Agreste Setentrional, a taxa mdia anual de crescimento da produo de leite foi bastante reduzido, de apenas 0,5%, e o rebanho de vacas ordenhadas cresceu a uma taxa anual de 0,1% e a produtividade em torno de 0,4% ao ano.

    Diferentemente do que foi verificado na regio Nordeste, no Estado de Pernambuco e nas sete regies selecionadas para estudo, na Regio do

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    Agreste pernambucano tomada no conjunto, Agreste Meridional e Agreste Central, o crescimento da produo de leite ocorreu mais em funo do crescimento numrico do rebanho do que de ganhos de produtividade, o que contrasta com a regio do Agreste Setentrional, cujo aumento da produo ocorreu basicamente devido ao crescimento da produtividade, com adoo de novas tecnologias no processo de produo leiteira.

    Nas Figs. 2 e 3 mostram-se as produes anuais de leite da regio Agreste do Estado de Pernambuco, expressos em valores absolutos e relativos, para os anos de 1995 e 2007, respectivamente. Verifica-se que houve mudana significativa na produo de leite das regies Agreste Meridional, Central e Setentrional, com taxas de crescimento de 399%, 158% e 125%, respectivamente.

    Analisando as participaes das regies Agreste Meridional, Central e Setentrional, na produo total de leite da regio Agreste, observa-se que foram de 48%, 39% e 14% em 1995 e de 65%, 27% e 8% em 2007, respectivamente. Entre 1995 e 2007, somente a regio Agreste Meridional aumentou sua participao no volume total da produo da regio Agreste, significando um incremento de 259,5 milhes de litros de leite, em valores absolutos. As regies Agreste Central e Setentrional, embora tenham aumentado a produo, entre 1995 e 2007, respectiva-mente, tiveram suas participaes reduzidas em relao ao volume total da regio Agreste.

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    As Figs. 4 e 5 mostram o nmero de vacas ordenhadas nas regies selecionadas em valores absolutos e relativos para os anos de 1995 e 2007, respectivamente.

    Pelos grficos apresentados pode-se constatar que houve significativas alteraes nas participaes das regies do Agreste Meridional, Central e Setentrional em relao ao nmero total de vacas ordenhadas na regio

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    Agreste como um todo. No perodo entre 1995 e 2007, houve um cresci-mento no efetivo de vacas ordenhadas, em torno de 141%, 53% e 27%.

    Em relao participao das regies Agreste Meridional, Central e Setentrional, no total do nmero de vacas ordenhadas na regio Agreste como um todo, observa-se que foram de 47%, 38% e 15% em 1995 e de 59%, 31% e 10% em 2007, respectivamente. Verifica-se que somente a regio do Agreste Meridional aumentou a participao do nmero de vacas ordenhadas no total da regio Agreste, um aumento de 99.100 cabeas, em valores absolutos. As regies Agreste Central e Setentrional, embora tenham aumentado o seu rebanho de vacas ordenhadas em 30.400 e 6.000 cabeas, respectivamente, tiveram suas participaes reduzidas em relao ao nmero total de vacas ordenhadas considerando a regio Agreste como um todo.

    Na Fig. 6 so ilustradas as produtividades mdias obtidas nos anos de 1995 e 2006, medidas em litros de leite por vaca ordenhada por ano, para cada uma das regies do Agreste, para as trs regies tomadas no conjunto e das sete regies selecionadas para estudo.

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    Observa-se que houve significativo ganho de produtividade no perodo analisado, tanto em termos individuais, como no conjunto das regies que compem o Agreste pernambucano. O mesmo ocorreu no conjunto das sete regies selecionadas para estudo. Comparando as produtividades alcanadas em 1995 e em 2007, nota-se que houve um considervel ga-nho nas regies do Agreste Meridional, Central e Setentrional, que foram de 108%, 69% e 76%, respectivamente. Tambm registraram ganhos considerveis as trs regies do Agreste tomadas no conjunto, ou seja, em torno de 94% e as sete regies selecionadas para estudo no Estado de Pernambuco, tomadas no conjunto, que foi de 85%.

    Caracterizao de sistemas referncias de produo de leite

    Neste estudo, o segmento primrio teve como foco a identificao e a caracterizao de sistemas referncias caractersticos da regio Agres-te pernambucana. Foram selecionadas trs regies, Agreste Meridional, Central e Setentrional, sendo os Municpios de Garanhuns, Caruaru e Surubim eleitos como representativos destas regies. Em cada municpio foi realizado um workshop com a participao de tcnicos com profundo conhecimento em produo de leite e em sistemas de produo usual-mente praticados na regio.

    Com o uso da tcnica de painel de especialistas, foram identificados e caracterizados trs sistemas referncias ou modais de produo de lei-te em cada regio, e posteriormente feito levantamento de coeficientes

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    tcnicos, no mbito de unidades de produo. Um sistema referncia ou sistema modal aquele que representa um grupo de sistemas de produo de leite que adota o mesmo nvel tecnolgico, ou tambm aquele sistema que adotado com mais frequncia pelos produtores de leite da regio. Entende-se por adotar o mesmo nvel tecnolgico o emprego, dentro do grupo de sistemas, dos mesmos processos, insumos e servios para pro-duo de leite, independentemente da escala de produo ou do nvel de utilizao de insumos e servios.

    Doravante os sistemas referncia caracterizados e identificados sero denominados por A, B e C, cujas descries sero apresentadas, a seguir, para cada uma das trs regies do Agreste pernambucano.

    Agreste Meridional

    Os indicadores de representatividade regional dos sistemas referncias caracterizados e identificados no Municpio de Garanhuns, que represen-tam a regio Agreste Meridional neste estudo, so mostrados na Tabela 1. Conforme se observa, em termos de nmeros de produtores, a maior representatividade coube ao Sistema B, enquanto o maior volume dirio de produo de leite e o nmero de vacas ordenhadas so caractersticas do Sistema C. A produtividade, medida em litros de leite/vaca ordenhada/dia, tambm superior no Sistema C, sendo maior em 1,5 vez, se comparado ao Sistema B, e 2,5 vezes ao Sistema A.

    Informaes sobre grau de instruo dos produtores de leite, sistema de administrao, sistema de controle adotado, destino dos bezerros machos e emprego de mo-de-obra so apresentados na Tabela 2.

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    O Sistema A caracteriza-se por: (a) o grau de escolaridade dos proprie-trios ensino fundamental incompleto; (b) a administrao da propriedade conduzida pelo proprietrio com participao de membros da famlia; (c) a mo-de-obra toda familiar; (d) no so realizadas anotaes contbeis nem zootcnicas; e (e) a recria dos bezerros machos feita at completa-rem um ano de idade, quando so vendidos para engorda ou para corte.

    O Sistema B caracteriza-se por: (a) o grau de escolaridade dos proprie-trios ensino fundamental incompleto; (b) a administrao da propriedade conduzida pelo proprietrio; (c) a mo-de-obra composta por membros da famlia e por trabalhadores temporrios, principalmente na poca de plantio e colheita; (d) no so feitas anotaes contbeis nem zootcnicas; e (e) a recria dos bezerros machos feita at desmama que ocorre, em geral, aos nove meses, quando so vendidos para engorda ou para corte.

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    O Sistema C caracteriza-se por: (a) o grau de escolaridade dos pro-prietrios ensino mdio; (b) a administrao da propriedade conduzida pelo proprietrio; (c) a mo de obra assalariada composta por empre-gados permanentes e por trabalhadores temporrios, principalmente na poca de plantio e colheita e na poca seca quando os animais recebem trato no cocho; (d) embora em pequena escala alguns produtores fazem anotaes contbil e zootcnica, s vezes com o uso de computadores; e (e) os bezerros machos no so recriados, sendo descartados ao nascer.

    O esquema de alimentao do rebanho e as prticas de manejo e cui-dados com as pastagens so apresentados na Tabela 3.

    No Sistema A, a alimentao do rebanho leiteiro consiste no forneci-mento de concentrado durante seis meses no perodo da seca, no sendo frequente o fornecimento de minerais para o rebanho leiteiro. Como alimen-tao volumosa suplementar fornecida apenas a palma na estao seca do ano. Os produtores deste Sistema no adotam nenhuma das prticas recomendadas de manejo e preservao das pastagens.

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    Os produtores do Sistema B utilizam, na alimentao do rebanho leiteiro, concentrado durante o ano todo e sal mineral somente na poca seca. No perodo da seca utilizam como fonte de alimentao volumosa a palma e a mandioca. Quanto aos cuidados com a preservao das pastagens, adotam somente a prtica da roada.

    No Sistema C, os produtores fornecem concentrado para o rebanho lei-teiro de acordo com a produo e durante o ano todo. Tambm deixam sal mineral disposio do rebanho durante o ano todo. Como suplementao volumosa fornecem silagem de milho, durante cinco meses, geralmente no perodo do vero. No perodo seco do ano, alm da Palma, fornecem capim picado e mandioca, por aproximadamente oito meses. Quanto ao manejo e cuidados com a pastagem, adotam a adubao qumica e org-nica e realizam a roada.

    As prticas sanitrias adotadas esto descritas na Tabela 4. Os produ-tores do Sistema A adotam somente a vacinao contra febre aftosa, que obrigatria na regio. Adotam a vermifugao e medidas de controle de carrapatos, se houver infestao intensa. No realizam, rotineiramente, exames de brucelose e de tuberculose. Alm disso, no adotam nenhuma prtica visando preservao da qualidade do leite.

    Quanto aos produtores do Sistema B, adotam como controle sanitrio do rebanho as vacinaes contra febre aftosa e brucelose, alm da pr-

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    tica de vermifugao quando necessrio e combate a carrapatos. No realizam exames de brucelose e tuberculose nem adotam nenhuma prtica que visam melhoria da qualidade do leite.

    As propriedades caracterizadas como Sistema C adotam regularmente as vacinaes contra febre aftosa, raiva, brucelose e manqueira, seguin-do calendrio preconizado pelos rgos tcnicos que atuam na regio. Tambm adotam as prticas de vermifugao, combate a carrapatos e procedimentos que visam melhorar a qualidade do leite. Realizam, anual-mente, exames de brucelose e tuberculose.

    O sistema de reproduo e a predominncia racial dos reprodutores e das vacas leiteiras utilizadas nos sistemas referncias so apresentados nas Tabelas 5, 6 e 7.

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    Observa-se que o sistema de reproduo adotado pela grande maioria dos produtores do Sistema A o de monta natural direta (sem controle) com emprego de reprodutor girolando, em rebanhos de vacas mestias, em geral, sem raa definida. J no sistema B o modelo adotado pela grande maioria dos produtores o da monta natural no-controlada com uso de reprodutor mestio, seguido da monta semicontrolada com emprego de reprodutor girolando em rebanhos de vacas girolandas, uma vez que a tecnologia de inseminao artificial ainda no constitui prtica usual entre os adotantes deste Sistema.

    No Sistema C, adotado como sistema de reproduo a monta semi-controlada, pois a tecnologia da inseminao artificial empregada ainda por um pequeno nmero de produtores, em torno de 30%. Na monta semicontrolada so utilizados reprodutores da raa Holandesa ou Gir, geralmente animais puros e registrados. O rebanho de vacas leiteiras constitudo, na sua maioria, de girolandas 7/8 HxZ.

    Com relao ordenha (Tabela 8), os produtores do Sistema A reali-zam ordenha manual, feita uma vez ao dia e armazenam o leite em tan-que de resfriamento coletivo. Os produtores do Sistema B, por sua vez, empregam tambm sistema de ordenha manual realizada duas vezes ao dia e utilizam tanque de resfriamento, que pode ser prprio ou coletivo, para conservao do leite produzido. No Sistema C, em torno de 50% dos produtores de leite, adotam o sistema de ordenha mecanizada e, em geral, realizam duas ordenhas dirias. Possuem tanque de resfriamento prprio para armazenamento e conservao do leite produzido.

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    Quanto aos indicadores de desempenho zootcnico, apresentados na Tabela 9, verifica-se que idade ao primeiro parto e a durao da lactao no Sistema A, maior que a observada nos sistemas B e C. Com relao produo total de leite por lactao, esta foi tambm superior no Sis-tema C, sendo aproximadamente maior em 3,6 ao do Sistema A e 1,7 vez ao do Sistema B.

    Agreste Central

    Os indicadores de representatividade regional dos sistemas referncias caracterizados e identificados no Municpio de Caruaru, que representam a regio Agreste Central, so mostrados na Tabela 10. Conforme se ob-serva, em termos de nmeros de produtores, a maior representatividade coube ao Sistema A, enquanto o maior volume dirio de produo de leite e o nmero de vacas ordenhadas so caractersticas do Sistema C. A produtividade, medida em litros de leite/vaca ordenhada/dia, tambm superior no Sistema C, sendo maior em 2,5 vezes, quando se compara ao Sistema B e 5 vezes ao Sistema A.

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    Informaes sobre grau de instruo dos produtores de leite, sistema de administrao, sistema de controle adotado, destino dos bezerros machos e emprego de mo-de-obra so apresentados na Tabela 11.

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    No Sistema A, os proprietrios tm ensino fundamental incompleto, adotam sistema de administrao proprietrio-famlia e utilizam mo-de-obra familiar. No adotam nenhum tipo de sistema de controle, contbil e leiteiro e no possuem informatizao. Recriam os machos at a idade de um ano, com o objetivo de venda aps este perodo.

    No Sistema B, os proprietrios tm ensino fundamental completo ou ensino mdio, na proporo de 50%. Adotam o sistema de administra-o proprietrio-famlia e empregam mo-de-obra familiar e temporria, em torno de 70% dos produtores. Entretanto, no adotam nenhum tipo de controle, contbil e leiteiro, nem adotam a informatizao. Recriam os machos at desmama, que ocorre em torno de sete meses, com finalidade de venda.

    No Sistema C, os proprietrios possuem ensino mdio ou superior na proporo de 50%. A administrao do empreendimento realizada por administrador contratado por 80% dos produtores, e o restante (20%) adota o sistema de administrao proprietrio-famlia. A mo-de-obra em-pregada , na maioria, assalariada e em algumas pocas do ano utilizam tambm mo-de-obra temporria. A grande maioria dos produtores adota sistema de controle contbil, enquanto em torno de 50% realizam controle leiteiro e utilizam a informtica para estas tarefas. Quanto aos machos, estes so descartados ao nascer pela grande maioria dos produtores.

    O esquema de alimentao do rebanho e as prticas de manejo e cui-dados com as pastagens so apresentados na Tabela 12.

    A alimentao do rebanho leiteiro, no Sistema A, consiste no for-necimento de concentrado durante sete meses no perodo da seca. Os produtores deste Sistema no adotam a mineralizao, com exceo do sal comum que fornecido durante o ano. Como alimentao volumosa fornecida apenas a palma na estao seca do ano. Algumas poucas propriedades ainda fazem uso do esterco de galinha. Quanto ao manejo e cuidados com a manuteno e preservao das pastagens, os produtores deste Sistema no adotam nenhuma das prticas recomendadas.

    No Sistema B, os produtores fornecem concentrado somente na po-ca da seca, em geral por sete meses, e sal mineral durante o ano todo. Como suplementao volumosa fornece capim picado e palma no perodo da seca. Com relao aos cuidados com manuteno e preservao das pastagens, apenas um pequeno nmero de produtores adota adubao orgnica.

  • 62

    No Sistema C, os produtores fornecem, durante todo o ano, alimenta-o suplementar concentrada e sal mineral, para todo o rebanho leiteiro. Como suplementao volumosa, em torno de 80% dos produtores fornece silagem de milho no perodo do vero. Fornece ainda como alimentao volumosa o bagao de cana e capim picado. Quanto ao manejo e cuida-dos com a pastagem, a maioria dos produtores adota apenas a aplicao de calcrio.

    O manejo sanitrio dos rebanhos est descrito na Tabela 13. Os produ-tores do Sistema A vacinam os animais contra febre aftosa e brucelose, que so obrigatrias na regio, raiva e manqueira. Adotam a vermifugao, duas vezes ao ano, e medidas de controle de carrapatos, trs vezes ao ano. No realizam, rotineiramente, exames de brucelose e de tuberculo-se. Alm disso, no adotam nenhuma prtica visando preservao da qualidade do leite.

  • 63

    Como controle sanitrio do rebanho os produtores do Sistema B adotam as vacinaes contra febre aftosa, raiva, brucelose e manqueira. Fazem combate a carrapatos e vermifugao quatro vezes ao ano. No realizam exames de brucelose, nem de tuberculose rotineiramente. No entanto, adotam algumas aes que levam melhoria da qualidade do leite.

    Os produtores do Sistema C vacinam os animais contra febre aftosa, raiva, brucelose e manqueira, e adotam prticas de combate a carrapa-tos e de vermifugao. Realizam exames de brucelose e tuberculose, anualmente, e adotam prticas que visam melhorar a qualidade do leite.

    O sistema de reproduo e a predominncia racial dos reprodutores e das vacas leiteiras utilizadas nos sistemas referncias so apresentados nas Tabelas 14, 15 e 16.

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    Observa-se que o sistema de reproduo adotado pela grande maioria dos produtores do Sistema A a monta natural direta (sem controle) com emprego de reprodutor mestio azebuado, em rebanhos de vacas mestias sem raa definida. Os produtores do Sistema B tambm adotam como sistema de reproduo a monta natural direta, a exemplo do Sistema A. Contudo, o reprodutor utilizado so o girolando e o Holands 3/4 HxZ em vacas girolandas. Os produtores do Sistema C adotam a monta se-micontrolada ou inseminao artificial, na proporo de 50%. Na monta semicontrolada so utilizados reprodutores da raa Holandesa por 80% dos produtores e Gir pelo restante. O padro racial das vacas varia de girolando (70%) a holandesas (30%).

    Com relao ordenha (Tabela 17), os produtores do Sistema A re-alizam ordenha manual, feita uma vez ao dia, e no empregam nenhum tipo de resfriamento para conservao do leite produzido. Os produtores

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    do Sistema B, de modo similar aos produtores do Sistema A, adotam ordenha manual realizada uma vez ao dia, e no adotam nenhum tipo de resfriamento para conservao do leite. No Sistema C, em torno de 50% dos produtores de leite adotam o sistema de ordenha mecanizada e, em geral, realizam duas ordenhas dirias. Em torno de 70% dos produtores deste Sistema possuem tanque de resfriamento prprio para armazena-mento e conservao do leite produzido.

    Quanto aos indicadores de desempenho zootcnico, apresentados na Tabela 18, verifica-se que idade ao primeiro parto, intervalo entre partos e a durao da lactao no Sistema A, tm porcentagem maior que a observada nos sistemas B e C. Com relao produo total de leite por lactao, esta foi tambm superior no Sistema C, sendo superior em 5,4 vezes ao do Sistema A e 2,1 vezes ao do Sistema B.

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    Agreste Setentrional

    Os indicadores de representatividade regional dos sistemas referncias caracterizados e identificados no Municpio de Surubim, que representam a regio Agreste Setentrional neste estudo, so mostrados na Tabela 19. Conforme se observa, em termos de nmeros de produtores, a maior representatividade coube ao Sistema A, enquanto o maior volume dirio de produo de leite e o nmero de vacas ordenhadas so caractersticas do Sistema C. A produtividade, medida em litros de leite/vaca ordenhada/dia, tambm superior no Sistema C, sendo maior em 1,4 vez comparado ao Sistema B e 2,5 vezes ao Sistema A.

    Na Tabela 20 so apresentados os indicadores grau de instruo, siste-ma de administrao, sistemas de controle, destino dos machos (bezerros) e emprego de mo-de-obra.

    Em geral, os proprietrios do Sistema A no terminaram o ensino fun-damental. O sistema de administrao realizado pelo proprietrio com ajuda da famlia e a mo-de-obra toda familiar. No adotam nenhum tipo de sistema de controle, seja contbil ou leiteiro. Tambm no possuem informatizao. Quanto aos machos, fazem a recria at sete meses quando ocorre o desmame e em seguida a venda.

    No sistema B, os proprietrios possuem ensino mdio incompleto, adotam sistema de administrao proprietrio-famlia e empregam mo-de-obra familiar e temporria em algumas pocas do ano. Contudo, no adotam controle contbil nem possuem a informatizao. Um pequeno nmero de produtores deste sistema adota o controle leiteiro. Os bezerros machos so recriados at desmama que ocorre por volta de oito meses, sendo vendidos aps este perodo.

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    Os proprietrios do Sistema C possuem ensino mdio e em torno de 80% das propriedades a administrao realizada por administrador con-tratado. A mo-de-obra assalariada. A grande maioria dos produtores adota o controle leiteiro e realiza controle contbil. A informatizao est presente em 50% das propriedades. Os bezerros machos so descartados ao nascer, salvo um reduzido nmero que recriado para reproduo.

    O esquema de alimentao do rebanho e as prticas de manejo e cui-dados com as pastagens so apresentados na Tabela 21.

    A alimentao do rebanho leiteiro, no Sistema A, consiste no forne-cimento de concentrado somente para as vacas durante sete meses no perodo da seca. Apenas 20% dos produtores deste Sistema adotam a mineralizao do rebanho leiteiro. Como fonte de alimentao volumosa suplementar, a grande maioria dos produtores fornece capim picado. Alm

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    disso, comum fornecer silagem de capim e palma picada no perodo seco do ano. Quanto ao manejo e manuteno das pastagens, os produtores deste Sistema no adotam nenhum tipo das prticas usuais recomendadas.

    Os produtores do Sistema B utilizam concentrados na alimentao do rebanho durante a poca da seca, em geral por sete meses, e sal mine-ral durante o ano todo. Como suplementao volumosa os produtores fornecem silagem de capim, capim picado e palma no perodo da seca, e em alguns casos casca de mandioca. Com relao aos cuidados com manuteno e preservao das pastagens, no adotada nenhuma das recomendaes pelos produtores do Sistema B.

    Os produtores do Sistema C fornecem concentrado e sal mineral para as vacas durante o ano todo. Como suplementao volumosa os pro-dutores deste Sistema fornecem silagem de milho, porm, um pequeno nmero de produtores prefere a silagem de capim. Alm disso, comum fornecer capim picado, palma na seca e casca de mandioca. Com relao ao manejo e cuidados com as pastagens, em geral, os produtores deste Sistema no adotam nenhuma das prticas recomendadas. Em raros casos, os produtores aplicam calcrio nestas reas.

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    O manejo sanitrio dos rebanhos est descrito na Tabela 4. Os pro-dutores do Sistema A realizam vacinaes contra febre aftosa, raiva, brucelose e manqueira, alm de vermifugaes duas vezes ao ano e combate a carrapatos trs vezes ao ano. No entanto, no realizam exames de brucelose e tuberculose nem adotam medidas que visam melhoria da qualidade do leite.

    Os produtores do Sistema B efetuam vacinaes contra febre aftosa, raiva, brucelose e manqueira, realizam vermifugaes quatro vezes ao ano e combate a carrapatos. No comum a realizao anual de exames de brucelose nem de tuberculose no rebanho leiteiro. No entanto, adota medidas bsicas visando melhoria da qualidade do leite.

    Os produtores do Sistema C realizam vacinaes contra febre aftosa, raiva, brucelose e manqueira, e adotam prticas de combate a carrapatos e de vermifugao. Em geral, realizam exames de brucelose e tubercu-lose anualmente, e adotam aes que visam melhoria da qualidade do leite produzido.

    O sistema de reproduo e a predominncia racial dos reprodutores e das vacas leiteiras utilizadas nos sistemas referncias so apresentados nas Tabelas 23, 24 e 25.

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    O sistema de reproduo adotado pelos produtores do Sistema A a monta natural direta (sem controle) com utilizao de reprodutor giro-lando, em rebanhos de vacas mestias sem raa definida e girolandas. No Sistema B, os produtores adotam tambm a monta natural, porm empregam reprodutores PC das raas Gir e Holandesa em vacas girolan-das. No Sistema C adotam a monta natural direta e a semicontrolada. Utilizam reprodutores das raas Gir e Holandesa (na maioria PO) em vacas girolandas e holandesas.

    Com relao ordenha (Tabela 26), os produtores do Sistema A re-alizam ordenha manual, feita duas vez ao dia, e no empregam nenhum tipo de resfriamento para conservao do leite produzido, uma vez que o leite vendido no curral logo aps a ordenha. Os produtores do Sistema B, por sua vez, empregam tambm sistema de ordenha manual realizada duas vezes ao dia e tambm no adotam resfriamento para conservao do leite produzido. No Sistema C os produtores de leite adotam o sistema de ordenha mecanizada e realizam duas ordenhas dirias. Utilizam tanque de resfriamento prprio ou coletivo para armazenamento e conservao do leite produzido.

    Quanto aos indicadores de desempenho zootcnico, apresentados na Tabela 27, verifica-se que a durao da lactao e a produo total de leite na lactao, no Sistema A, tem porcentagem maior que a observada nos sistemas B e C. Com relao ao intervalo entre partos, este foi infe-rior no Sistema C, em consequncia da preocupao e prticas adotadas pelos produtores deste sistema, principalmente em relao a alimentao e manejo reprodutivo do rebanho

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    Bibliografia consultada

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Disponvel em: . Acesso: 5 jun. 2009.

    ___ Sistema IBGE de Recuperao Automtica. Disponvel em:

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    Givaldo de S. Carvalho Sebrae Jos de Anchieta Martins VieiraJos Marclio Arajo Leite e NegciosJos Ricardo de Oliveira Bom GostoMaria MagalyMoshe Dayan Sebrae Malaquias Ancelmo de Oliveira Sescoop-PECarlos Duarte Prorural Stoni Costa Vicente Gomes CalheirosWandemberg Rocha Freitas ZootecnistaWendel de Arajo Lima

    Relao dos participantes no Workshop realizado em Caruaru (Agreste Central)

    Alziro V. Carneiro Embrapa Gado de LeiteAnselmo Alves PereiraAntonio Miguel de Andrade JuniorCludia Cardona Silva Sescoop-PEDanilio Alves de Moraes BNBFbio Csar IPAFlvio de Lira LeiteGaldino Jos M. Silva JniorHerclio Pereira da SilvaIvanildo GuerraJoo Alfredo Beltro V. de MeloJos Bione de A. NetoJos Geraldo Valewtias BNBJos Marclio Arajo Leite e NegciosJos Reinaldo MadeiroLeirson S. B. Vasconcelos IPALuiz Carlos Takao Yamaguchi Embrapa Gado de LeiteMaria Patrcia MonteiroSrgio Neves de Macedo Coopsal

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    Relao dos participantes no Workshop realizado em Surubim (Agreste Setentrional)

    Aldo de Farias LealAlexandre Vieira de MeloAlziro V. Carneiro Embrapa Gado de LeiteArlindo Alexandre Gomes da SilvaDimas da Costa Marques FilhoEdson Nogueira de SFernando Farias GuerraJos Alancardek AlvesJos Correia Filho SindicatoJos Coutinho da LimaJos da Silva ReisJos Gilhan SilvaJos Josele da Silva IPAJos Marclio Arajo Leite e NegciosLcio Luiz CardosoLuiz Carlos Takao Yamaguchi Embrapa Gado de LeiteSancho Neto Queiroz de ArrudaSeverino dos Ramos Monteiro

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    Captulo 4

    Desempenho dos sistemas referncias na Regio Agreste

    Alziro Vascon