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Direito Penal - Parte Geral I Aula 01 Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho

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Direito Penal - Parte Geral I Aula 01

Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho

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Aula 01: Conceito de Direito Penal, infrações penais, interpretação da lei penal, princípios do Direto Penal e classificação dos crimes

Objetivo: informar ao aluno, de uma forma simples e objetiva, mas não incompleta,

o conceito de Direito Penal, mostrando as principais diferenças entre os crimes ou

delitos e as contravenções penais. Nesta aula serão apresentados, também, os

principais princípios atinentes ao Direito Penal, a forma de interpretação da lei penal

e classificação dos crimes, o que é muito importante para a compreensão da parte

geral e, principalmente, da parte especial do direto penal.

Conceito de Direito Penal O Direito Penal é o ramo do Direito Público que se encarrega de regular os

fatos mais perturbadores da vida social, definindo as infrações penais, cominando as

penas e estabelecendo as medidas de segurança aplicáveis aos infratores.

O Direito Penal Objetivo é o conjunto de normas, princípios e regras que se

ocupam da definição das infrações penais (crimes ou delitos e contravenções

penais) e da cominação de suas sanções penais (penas e medidas de segurança).

O Direito Penal Subjetivo trata do direito de punir ou o chamado ius puniendi

estatal, que é reservado ao Estado. Toda que vez que alguém pratica uma infração

penal, nasce para o Estado o dever-poder de punir; isto é, o Estado possui o dever-

poder de exigir que as pessoas se abstenham de praticar uma conduta definida

como infração penal (direito de punir em abstrato) e de exigir do infrator que se

submeta às consequências da infração praticada (direito de punir em concreto).

Infrações Penais As infrações penais, no Brasil, subdividem-se em crimes ou delitos

(sinônimos) e contravenções penais. Tanto os crimes ou delitos quanto as

contravenções penais possuem a mesma estrutura jurídica, ou seja, caracterizam-se

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por serem fatos típicos e antijurídicos, de acordo com a teoria finalista adotada pelo

código penal (entendimento quase que pacífico) desde a reforma em 1984.

A diferença mais importante entre os crimes ou delitos e as contravenções

penais é informada pelo artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal e refere-se à

pena:

Artigo 1º: Considera-se crime a infração penal a que a lei comina

pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer

alternativamente ou cumulativamente com a pena de multa;

contravenção, a infração penal a que lei comina, isoladamente,

penas de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou

cumulativamente.

Temos, assim, as seguintes possibilidades de penas para os crimes ou

delitos:

a) reclusão;

b) reclusão e multa;

c) reclusão ou multa;

d) detenção;

e) detenção e multa;

f) detenção ou multa.

É muito importante observar que a pena de multa nunca é cominada

isoladamente em abstrato ao crime.

Temos para as contravenções penais as seguintes possibilidades de penas:

a) prisão simples;

b) prisão simples e multa;

c) prisão simples ou multa;

d) multa.

A pena de multa, para as contravenções penais, é aplicada isoladamente em

abstrato.

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Interpretação da lei penal A analogia constitui método de integração do ordenamento jurídico. Trata-se

de mecanismo utilizado para suprir lacunas. O método consiste em aplicar, a um

caso não contemplado de modo direto e específico por uma norma jurídica, uma

norma prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não

contemplado.

Em Direto Penal, contudo, somente se admite a analogia in bonam partem, ou

seja, aquela utilizada em benefício do sujeito ativo da infração penal.

A interpretação analógica ocorre quando, após uma sequência casuística,

segue-se uma formulação genérica, a qual deve ser interpretada de acordo com os

casos anteriormente elencados, por exemplo: obter, para si ou para outrem,

vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,

mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento; a expressão “ou

qualquer outro meio fraudulento” é interpretada analogicamente como qualquer meio

fraudulento equivalente aos casos anteriormente mencionados. A interpretação

analógica encontra-se em vários artigos do código penal, artigo 171, artigo 28, II.

A interpretação extensiva ocorre quando o aplicador da norma estende o seu

âmbito para além daquele contido na literalidade do texto. Muitos doutrinadores

entendem que não é possível a utilização da interpretação extensiva no âmbito do

Direito Penal. Para outros doutrinadores, é possível a sua utilização, pois a

interpretação extensiva nada mais é do que a ampliação da norma até o final do seu

próprio âmbito.

Princípios do Direito Penal Os princípios são regras que se encontram na consciência dos povos e são

universalmente aceitas, mesmo que não escritas. Tais regras, de caráter genérico,

orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração. Vamos

tratar aqui de alguns principais que informam o sistema jurídico penal.

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a) Princípio da anterioridade: para que haja infração e seja imposta a devida

sanção é preciso que o fato tenha sido cometido depois de a lei entrar em

vigor.

b) Princípio da irretroatividade da lei penal. A lei posterior mais severa é

irretroativa.

c) Princípio da fragmentariedade. O Direito Penal não protege todos os bens

jurídicos de violações: só os mais importantes. E, dentre estes, não os tutela

de todas as lesões: intervém somente nos casos de maior gravidade,

protegendo um fragmento dos interesses jurídicos.

d) Princípio da intervenção mínima. A criação de tipos delituosos deve obedecer

à imprescindibilidade, somente deve intervir o Estado, por intermédio do

Direito Penal, quando outros ramos do Direito não conseguirem prevenir a

conduta ilícita.

e) Princípio da culpabilidade. A pena só pode ser imposta a quem, agindo com

dolo ou culpa, e merecendo juízo de reprovação, cometeu um fato típico e

antijurídico.

f) Princípio do estado de inocência. Geralmente denominado “princípio da

presunção de inocência”. Ninguém será considerado culpado até o trânsito

em julgado de sentença penal condenatória. Deste princípio decorre a

exigência de que a pena não seja executada enquanto não transitar em

julgado a sentença penal condenatória.

g) Princípio do ne bis in idem. Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo

fato. Ninguém pode sofrer duas penas pelo mesmo crime.

Classificação dos crimes

a) Crime instantâneo: é aquele em que a consumação se dá em um só

instante, sem continuidade temporal, por exemplo: crime de furto, artigo 155

do Código Penal.

b) Crime permanente: é aquele em que o momento consumativo se prolonga

no tempo por vontade do agente, por exemplo: crime de sequestro, artigo

148 do Código Penal.

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c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele em que a

consumação ocorre instantaneamente, mas os seus efeitos são sentidos de

modo duradouro, por exemplo: o crime de homicídio, artigo 121 do Código

Penal.

d) Crime comissivo: é o crime pratico por uma ação. O sujeito realiza a ação

descrita no tipo penal.

e) Crime omissivo: nesse tipo de crime, a norma violada tem natureza

mandamental, ou seja, a norma ordena que o sujeito haja de uma maneira

específica, punindo criminalmente aquele que não o fizer. Exemplo: crime de

omissão de socorro, artigo 135 do Código Penal. Os crimes omissivos

subdividem-se em: crime omissivo próprio que ocorre com a simples

abstenção, independente de um resultado posterior, por exemplo: Artigo 135

do Código Penal; crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão, que

ocorre quando o agente, por uma omissão inicial, dá causa a um resultado

posterior, que ele tinha o dever jurídico de evitar. Na verdade, são crimes

comissivos (como, por exemplo, homicídio, furto), praticados por meio de

uma inatividade, quando tinha o dever de agir (artigo 13, parágrafo 2º, do

Código Penal).

f) Crime material ou de resultado: é aquele em que o tipo penal descreve uma

conduta e um resultado e exige ambos para efeitos de consumação. É o

caso do homicídio.

g) Crime formal, de intenção ou de consumação antecipada: é aquele cujo

tipo penal descreve uma conduta e um resultado, embora, para efeito de

consumação, não seja necessário que ambos de produzam, sendo suficiente

a conduta, dirigida ao resultado. Exemplo: o crime de extorsão mediante

sequestro, artigo 159 do Código Penal.

h) Crime de mera conduta: é aquele em relação ao qual a lei descreve apenas

uma conduta e, portanto, consuma-se no exato momento em que o ato é

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praticado, por exemplo: o crime de violação de domicílio, artigo 150 do

Código Penal.

i) Crime de dano: é aquele que pressupõe uma efetiva lesão ao bem jurídico

tutelado.

j) Crime de perigo abstrato: o tipo penal descreve uma conduta e presume

que o agente, ao realizá-la, expõe o bem jurídico a risco. Trata-se de

presunção absoluta.

k) Crime de perigo concreto: nesse crime há que se provar que pessoa certa e

determinada foi exposta a uma situação de risco em face da conduta do

sujeito. A situação de perigo não é presumida.

l) Crime comum: é o crime que pode ser praticado por qualquer pessoa.

m) Crime próprio: é o crime que só pode ser praticado por determinada

categoria de pessoas, por exigir o tipo penal certa qualidade ou característica

do sujeito ativo.

n) Crime de mão própria: é aquele cuja conduta descrita no tipo penal só pode

ser executada por uma única pessoa.

o) Crime de ação múltipla ou conteúdo variado: é aquele que o tipo penal

descreve várias condutas separadas pela conjunção alternativa “ou”.

p) Crime de ação livre: é o crime que pode ser praticado por qualquer meio de

execução.

q) Crime de ação vinculada: é o crime que o tipo penal descreve o meio de

execução de forma pormenorizada.

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r) Crime habitual: é aquele que para existir necessita de uma reiteração de

atos. A prática de um ato isolado é atípica.

REFERÊNCIAS CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume I: parte geral (arts. 1º a 120). 12ª

edição de acordo com a Lei nº 11.466/2007. São Paulo: Saraiva, 2008.

ESTEFAM, André. Direito Penal, volume I. São Paulo: Saraiva, 2010.

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal, Parte Geral. 16ª edição. São

Paulo: Saraiva, 2010.

GRECO, Rogério. Curso de direito penal. 10ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.