Completando SEM MEDO DE ESCREVER

MÓDULO I - PRIMEIROS PASSOS

VOLUME I – ESTIMULANDO A CRIATIVIDADE

BRUNA GIROLDO

O Completando – Sem Medo de Escrever, visa estimular a criatividade e acabar de vez com o

bloqueio na criação literária. Os volumes I e II compõem o módulo I do completando, intitulado:

Primeiros Passos.

Começaremos com o Volume I – Estimulando a Criatividade, para quem precisa ser mais criativo,

perder o medo de escrever, ou até mesmo melhorar sua técnica.

Com exercícios práticos que deverão ser realizados diariamente, um por dia, por um período de

vinte e um dias que, segundo pesquisas, é o tempo mínimo para se adquirir um novo hábito, você perderá

o medo de expor suas ideias e o fará de forma clara, objetiva e por que não de forma INOVADORA.

Bruna Giroldo

O Completando é uma série de cadernos de exercícios sobre os mais diversos temas que serão

lançados gradativamente.

Foi criado em parceria com a escritora Bruna Giroldo do blog Portal da Escrita e o portal Geração

de Talentos com o intuito de estimular e gerar novas possibilidades para todos os que desejarem uma vida

melhor em todas as áreas, incluindo a profissional, pois quem ama o que faz, trabalha melhor, vive melhor

e é, com toda a certeza, mais feliz.

Imagens: Pixabay

É permitido reproduzir este conteúdo apenas para fins não comerciais, parcial ou integralmente,

com os devidos créditos ao autor.

1º DIA

Eu Gosto FEITO EM: ____ /____ / ________

Para escrever bem, é preciso primeiro se livrar de preconceitos e inibições. Não tenha receio em

expor suas ideias e principalmente, não tenha medo de errar. Errar é natural e quem poderá dizer que o

que você escreveu está errado?

Escrever é se expressar, é exteriorizar emoções, sentimentos e sensações que eram apenas seus e que

agora, mesclam-se aos de tantas outras pessoas.

Em nosso primeiro exercício escreva: cinco coisas de que você gosta e cinco coisas de que você não

gosta. Não pense demais, apenas escreva.

Exercício

2º DIA

Eu Sinto FEITO EM: ____ /____ / ________

Você já sabe quais são as coisas de que você gosta e de quais, você não gosta. Mas e suas emoções,

como estão?

Neste exercício, escreva usando apenas uma palavra para cada emoção, coisas que te dão: alegria,

prazer, emoção, euforia, satisfação, tristeza, desprazer, ódio, desagrado e insatisfação.

Exercício

3º DIA

Eu desejo FEITO EM: ____ /____ / ________

Agora, você vai escrever qual é o seu maior desejo, realizável ou não, possível ou não. Não importa

o quão impossível pareça, ou distante de sua realidade. Todos têm sonhos e ser sonhador não é algo ruim, é

maravilhoso!

Exercício

4º DIA

Eu sou FEITO EM: ____ /____ / ________

Você já conhece um pouquinho mais sobre você. Seus gostos, emoções, sonhos... Chegou então, o

momento de se apresentar como verdadeiramente é, sem máscaras e sem medo.

Exercício

5º DIA

Meu Ideal FEITO EM: ____ /____ / ________

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no

jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse -- "ai meu Deus, que história mais engraçada!". E então a contasse para a cozinheira e

telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la

tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente.

Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria -- "mas essa história é mesmo muito engraçada!".

Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que

esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que

esta, apesar de sua má vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o

outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida

de estarem juntos.

Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse -- e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e

tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar

aqueles bêbados e também aqueles pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse -- "por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de

prender ninguém!" . E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea

homenagem à minha história.

E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em

Dublin, a um japonês, em Chicago -- mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que

no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e

tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com

certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história

do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina".

E quando todos me perguntassem -- "mas de onde é que você tirou essa história?" -- eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso

na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma

história...".

E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela

moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.

A crônica acima foi extraída do livro "A traição das elegantes", Editora Sabiá - Rio de Janeiro, 1967, pág. 91.

Baseado no texto de Rubem Braga, Meu ideal seria escrever, escreva qual é o SEU ideal na escrita.

Qual a mensagem que você deseja passar aos outros, ou a você mesmo? Comece com: Meu ideal seria

escrever...

Exercício

6º DIA

Eu imagino FEITO EM: ____ /____ / ________

A imaginação é uma ferramenta incrível de nossa mente. E tenho uma ótima notícia para você,

todos nós a possuímos, já vem de fábrica.

Usando essa ferramenta poderosa, escreva: como você vê o mundo no ano 2050? Descreva este

futuro da forma que preferir. Pode ser uma página de um diário, uma notícia de jornal ou de qualquer

outra forma que o faça viajar pelo mundo da imaginação.

Exercício

7º DIA

Eu lembro FEITO EM: ____ /____ / ________

De tudo ficou um pouco

Do meu medo. Do teu asco.

Dos gritos gagos. Da rosa

ficou um pouco

Ficou um pouco de luz

captada no chapéu.

Nos olhos do rufião

de ternura ficou um pouco

(muito pouco).

Pouco ficou deste pó

de que teu branco sapato

se cobriu. Ficaram poucas

roupas, poucos véus rotos

pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.

Da ponte bombardeada,

de duas folhas de grama,

do maço- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.

Fica um pouco de teu queixo

no queixo de tua filha.

De teu áspero silêncio

um pouco ficou, um pouco

nos muros zangados,

nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo

no pires de porcelana,

dragão partido, flor branca,

ficou um poucode ruga na vossa testa,

retrato.

Se de tudo fica um pouco,

mas por que não ficaria

um pouco de mim? no trem

que leva ao norte, no barco,

nos anúncios de jornal,

um pouco de mim em Londres,

um pouco de mim algures?

na consoante?

no poço?

Um pouco fica oscilando

na embocadura dos rios

e os peixes não o evitam,

um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.

Não muito: de uma torneira

pinga esta gota absurda,

meio sal e meio álcool,

salta esta perna de rã,

este vidro de relógio

partido em mil esperanças,

este pescoço de cisne,

este segredo infantil...

De tudo ficou um pouco:

de mim; de ti; de Abelardo.

Cabelo na minha manga,

de tudo ficou um pouco;

vento nas orelhas minhas,

simplório arroto, gemido

de víscera inconformada,

e minúsculos artefatos:

campânula, alvéolo, cápsula

de revólver... de aspirina.

De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.

Oh abre os vidros de loção

e abafa

o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,

e sob as ondas ritmadas

e sob as nuvens e os ventos

e sob as pontes e sob os túneis

e sob as labaredas e sob o sarcasmo

e sob a gosma e sob o vômito

e sob o soluço, o cárcere, o esquecido

e sob os espetáculos e sob a morte escarlate

e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes

e sob tu mesmo e sob teus pés já duros

e sob os gonzos da família e da classe,

fica sempre um pouco de tudo.

Às vezes um botão.

Às vezes um rato.

Resíduo de Carlos Drummond de Andrade

Baseado em suas memórias, escreva como elas marcaram sua vida ou como você marcou a vida de

alguém. Pode aumentar um pouco a realidade, na literatura não tem problema.

Exercício

8º DIA

Eu sinto FEITO EM: ____ /____ / ________

Visão, audição, ato, paladar e olfato. Nossos sentidos são essenciais na hora de descrever coisas,

lugares, pessoas... Iremos começar com o paladar e o olfato que são intimamente ligadas.

Escreva palavras que você considera: doces, amargas e perfumadas.

Exercício

9º DIA

Eu sinto FEITO EM: ____ /____ / ________

Vamos tatear! Escolhas alguns objetos em sua casa e descreva-os usando o tato como referência.

Exercício

10º DIA

Eu ouço FEITO EM: ____ /____ / ________

A audição nos permite captar sons. Sons que podem ser melodiosos ou totalmente fora de compasso. Preste

atenção a sons que o cercam e descreva-os dividindo entre sons agradáveis e desagradáveis.

Exercício

11º DIA

Eu vejo FEITO EM: ____ /____ / ________

A visão é um dos elementos principais na descrição. Agora, escreva algumas palavras que para você são:

quentes (representadas pela cor vermelha), frias (representadas pela cor azul) ou nenhuma das duas

(representadas pela cor cinza)

Exercício

12º DIA

Personagem FEITO EM: ____ /____ / ________

A criação de um personagem é complexa e exige tempo e dedicação. Para começar, pense em dois

personagens e descreva as seguintes características físicas deles: nome (ou apelido), idade, sexo, altura,

peso, aspectos gerais (cabelo, pele, olhos...)

Exercício

13º DIA

Personagem FEITO EM: ____ /____ / ________

Agora, vamos detalhar ainda mais seus personagens. Escreva três traços psicológicos mais marcantes em

seus personagens do exercício anterior e um breve resumo de como as pessoas veem cada um deles.

Exercício

14º DIA

Personagem FEITO EM: ____ /____ / ________

Ainda falando de personagens, escreva coisas de que eles gostam e coisas de que não gostam.

Depois, escolha uma qualidade e um defeito para cada um.

Atenção! Crie personagens reais, que atuem de forma que seres humanos comuns atuariam. Muitas

vezes o mocinho tem atitudes repulsivas e o bandido, atitudes de bondade.

Exercício

15º DIA

Cenário FEITO EM: ____ /____ / ________

Onde seu personagem vive ou para onde ele vai? Ou ainda, onde ele está agora? Descreva um cenário no

qual estes dois personagens estejam inseridos. Use e abuse dos detalhes a partir dos sentidos que você

estimulou nos exercícios anteriores.

Exercício

16º DIA

Motivo FEITO EM: ____ /____ / ________

O que está acontecendo com seus personagens no cenário que você descreveu? O que os levou até ali e o

que estão fazendo. Determine o porquê de sua história nesse momento.

Exercício

17º DIA

Quando FEITO EM: ____ /____ / ________

Em que momento sua história está acontecendo ou será contada. Os personagens estão lidando com algo

do passado, do presente ou do futuro? É uma lembrança ou imaginação?

Exercício

18º DIA

Diálogo FEITO EM: ____ /____ / ________

Discurso direto – o narrador interrompe a narrativa para que o personagem fale.

– Ana?! Quanto tempo!

Discurso indireto – o narrador reproduz com suas próprias palavras o que o personagem diz.

Roberta notou ao olhar para a porta do restaurante que se abria vagarosamente, que Ana, sua amiga de longa data,

entrava com o mesmo ar triunfante que tivera em toda a sua vida. Espantando-se e alegrando-se em seguida, dirigiu-se

em direção à amiga afirmando que há muito tempo não se viam.

Discurso indireto livre – mescla os dois discursos anteriores, utilizando as duas formas.

Agora escreva sobre o que eles estão conversando e como o diálogo será apresentado, utilizando as

informações acima.

Exercício

19º DIA

Narração FEITO EM: ____ /____ / ________

A narração pode ser feita em primeira ou terceira pessoa. Em primeira pessoa, o narrador participa dos

fatos acontecidos com ele (o narrador é a personagem principal) ou não (o narrador é personagem

secundária). Em terceira pessoa, o narrador pode ser observador (narra o que observa sem maiores

detalhes), ou pode ser onisciente (que tudo sabe; inclusive os pensamentos dos personagens).

Qual o tipo de narração você irá utilizar? Se tiver dúvidas, pesquise livros que utilizem as duas formas e

perceba a diferença entre elas. Quanto mais você ler, mais fácil será escrever.

Exercício

20º DIA

Crie FEITO EM: ____ /____ / ________

Complete a frase e crie a partir daí sua história.

Era uma vez um(a) (personagem) que todos os dias (mundo comum). Um dia

(chamado para a aventura). Mas (recusa do chamado). Quando menos esperava

(encontro com o mentor físico ou não). Por isso (conflito). E também (ação). Até

que finalmente (conclusão).

Exercício

21º DIA

Dica FEITO EM: ____ /____ / ________

Apenas uma dica:

Ter uma boa noção de gramática ajuda muito o aspirante a escritor. Você não precisa ser um especialista no

assunto, mas algumas regrinhas básicas podem e devem estar bem registradas em sua mente para evitar

erros grosseiros que, quando lidos por um editor ou até mesmo por seus leitores, abalem sua credibilidade.

Portanto, leia muito, estude e treine mais ainda.

Escrever é hábito. Todos têm ideias e todos podem colocá-las em evidência usando a escrita. Não tenha

medo de errar, nem de parecer ridículo. Suas palavras são suas, nem todos irão gostar, mas sempre terá

aqueles que terão suas vidas tocadas de alguma forma com elas. E se for só você, ainda assim está tudo

bem, escreva primeiramente para você mesmo, o resto, é consequência.

Baseado nesta dica, escreva uma frase que inspire outras pessoas e desafie-se a publicá-la em algum meio,

qualquer que seja, para que outras pessoas também recebam sua dose de encorajamento.

Exercício