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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 Agradecimentos Este trabalho foi elaborado no âmbito da cadeira de Seminário do 5.º ano da Licenciatura em História-Ramo Educacional. Dedicamos as primeiras palavras de agradecimento à Prof. Doutora Inês Amorim, pelas sugestões, pela sua disponibilidade e apoio. Temos ainda um agradecimento à Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, onde encontramos o maior apoio por parte do seu Director o Dr. Manuel Costa, que se mostrou disponível para a publicação deste trabalho, e ainda ao Arquivo Municipal da Póvoa de Varzim. A todos os que nos ajudaram em especial à Alexandrina …. À família pela compreensão e apoio! Nuno Freitas Patrícia Meleiro

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Agradecimentos

Este trabalho foi elaborado no âmbito da cadeira de Seminário do 5.º ano da Licenciatura em

História-Ramo Educacional.

Dedicamos as primeiras palavras de agradecimento à Prof. Doutora Inês Amorim, pelas

sugestões, pela sua disponibilidade e apoio.

Temos ainda um agradecimento à Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, onde encontramos o

maior apoio por parte do seu Director o Dr. Manuel Costa, que se mostrou disponível para a

publicação deste trabalho, e ainda ao Arquivo Municipal da Póvoa de Varzim.

A todos os que nos ajudaram em especial à Alexandrina ….

À família pela compreensão e apoio!

Nuno Freitas

Patrícia Meleiro

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Índice Geral

1. Introdução.................................................................................................................

2. Metodologia..............................................................................................................

3. O Estado das Pescas em Portugal no Século XIX....................................................

4. A Comunidade Piscatória Poveira: O Quadro Económico-Social............................

4.1. A comunidade piscatória poveira do ponto de vista social,

hierárquico e religioso................................................................................

4.2. Mudanças sociais na comunidade piscatória poveira.................................

4.3. A Costa e os Portos e condições geográficas e infra-estruturas de apoio..

4.3.1. Más condições de acostagem e de segurança..........................................

4.3.2. “Duração do Trabalho”.........................................................................

4.3.3. “Pessoal”................................................................................................

4.3.4. Assistência ao poveiro.............................................................................

4.3.5. Material de pesca e de apanha de plantas marinhas................................

4.3.6. “Estabelecimentos diversos”..................................................................

4.3.7. Produção das pescarias............................................................................

4.3.8. “Situação” da comunidade piscatória poveira.........................................

4.4. Das “cousas” e das crises do Mar...............................................................

4.4.1. A “colmeia poveira” e a miséria..............................................................

4.4.2. As crises através da imprensa..................................................................

4.4.3. O abandono da comunidade piscatória poveira por parte do Estado…..

4.4.4. A crise do mercado; fome e miséria........................................................

5. A Emigração: Causas e Destino da Emigração da Póvoa de Varzim em 1896……

5.1. A emigração como resposta à crise...........................................................

5.2. A Emigração na Póvoa de Varzim nos Finais do Século XIX…………..

5.3. A emigração poveira para o Brasil............................................................

5.4. Quantos e quem emigrava.........................................................................

5.5. Origem dos emigrantes..............................................................................

5.6. Sazonalidade da emigração.......................................................................

5.7. Destino dos emigrantes [poveiros para o Brasil].....................................

6. Conclusão................................................................................................................

7. Fontes e Bibliografia...............................................................................................

8. Anexos …………………………………………………………………………...

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Índice de Tabelas

Tabelas: Termos de Reconhecimento de Identidade em 1896 Tabelas: Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes em 1896 Tabelas: Registos de Pedidos de Passaporte em 1896 Tabelas: Termos de Consentimento de Menores em 1896

Índice de Quadros

– Quadro 1: Fontes Utilizadas

– Quadro 2: Avaliação do Tempo de Trabalho da Comunidade Piscatória Poveira

– Quadro 3: Comunidade Piscatória Poveira no Ano de 1889

– Quadro 4: Comunidade Poveira no Ano de 1889

– Quadro 5: Comunidade Poveira no Ano de 1886

– Quadro 6: Material de Pesca

– Quadro 7: Produção das Pescarias

– Quadro 8: Homens que Embarcaram para o Brasil no Ano de 1886 – Estado Civil

– Quadro 9: Estado Civil das Mulheres que Embarcaram para o Brasil em 1896

– Quadro 10: Repartição por Idades

Índice de Gráficos

– Gráfico 1: Estado Civil por Sector Sócio-Profissional e Sexo dos Migrantes para o Brasil no Ano

de 1896

– Gráfico 2: Idades por Sexos dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil

em 1896"

– Gráfico 3: Média e Moda das Idades Referidas dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para

Passaportes para o Brasil em 1896"

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– Gráfico 4: Profissão dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em

1896"

– Gráfico 5: Nível de Instrução dos Indivíduos que “Solicitaram Guias para Passaportes para o

Brasil em 1896”

– Gráfico 6: Moradas dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em

1896"

– Gráfico 7: Repartição pelas Moradas dos Pescadores e Marítimos que "Solicitaram Guias para

Passaportes para o Brasil em 1896"

– Gráfico 8: Solicitação de Guias de Passaportes para o Brasil em 1896

– Gráfico 9: Pescadores e Marítimos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em

1896"

– Gráfico 10: Destinos dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em

1896"

Índice de Imagens

– Imagem: Painel de azulejo

– Imagem: Gravura alusiva à tragédia de 27 de Fevereiro de 1892

– Imagem: Gravura alusiva ao trabalho das mulheres dentro da Comunidade Piscatória

– Imagem: Utensílios de Pesca

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1. Introdução

A história de uma comunidade é feita de pequenas histórias e de grandes feitos.

Assim é a história da nossa terra (Póvoa de Varzim).

Assim é construído este nosso trabalho sobre esta laboriosíssima colmeia…1

Dr. Luís Diamantino de Carvalho Baptista

O título do nosso trabalho de investigação científica, Comunidade Piscatória Poveira –

Mudanças Sociais e Emigração em 1896, insere-se no âmbito de uma História Local,

especificamente uma história da comunidade piscatória poveira, fortemente marcada pela ligação

ao mar e às pescas. Procuramos conhecer quais as mudanças sociais que ocorreram nesta

comunidade que se traduziram num grande surto emigratório no final da década de noventa do

século XIX. A comunidade piscatória da Póvoa foi já alvo de diversos estudos, de Santos Graça,

que tornou-se um marco e criou um tipo social – O Poveiro2, bem como o Cândido Landolt, Folk-

lore Varzino.3

O estudo parte de uma realidade actual, a herança ou a memória, a existência de um

património que vincula a localidade à actividade da pesca. Hoje fala-se em crise e declínio,

linguagem, contudo, que parece estrutural, pois que os contactos casuísticos com recortes de jornal

do passado indicam uma tendencial decadência das pescas, em geral, e da Póvoa de Varzim, em

particular.

Procuramos conhecer que mudanças sociais explicam a emigração da comunidade piscatória

poveira para o Brasil na década de noventa do século XIX.

Formulamos um conjunto de questões às quais procuraremos dar resposta ao longo do

trabalho:

1 – Como se inseria a Comunidade Piscatória Poveira dos Finais do século XIX no quadro

geral da pesca em Portugal?

1 BORGES, Júlio António – Paisagem Poveira. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 2003, p. 5. 2 GRAÇA, António dos Santos – O Poveiro – usos, costumes, tradições e lendas. Póvoa de Varzim: Edição do autor, 1932. 3 LANDOLT, Candido – Folk=Lore Varzino Costumes e Tradições Populares do Século XIX. Póvoa de Varzim: Empreza da Propaganda, 1915.

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2 – Que mudanças sociais ocorreram na Comunidade Piscatória Poveira nos finais do

século XIX, tendo em conta um contexto geral de relevantes alterações económicas e

tecnológicas no sector das pescas?

3 – Quais foram as formas encontradas pela Comunidade Piscatória Poveira para reagir às

mudanças?

4 – Quais os factores explicativos que levaram a Comunidade Piscatória Poveira a emigrar

para o Brasil, nos finais da década de noventa do século XIX?

4.1 – Quem emigrava?

4.2 – De onde emigravam?

4.3 – Quando emigravam?

4.4 – Para onde emigravam?

As respostas exigem um conhecimento da evolução geral das pescas em Portugal, através de:

bibliografia geral; estatísticas, se é que elas têm validade, num período em que se esboçam os

primeiros inquéritos às pescas e se organiza o sector em geral4 (Organização das pescas, Baldaque

da Silva); e documentação concelhia que bate ao ritmo da Vila. Os pescadores, esses, dizem-nos

que não escrevem, mas deixam marcas no seu território – as siglas poveiras.

Interessa, assim, e ainda ler criticamente toda a bibliografia local, direccionando-a para a

nossa questão fundamental.

Este percurso de investigação exige uma selecção de fontes adequadas.

As hipóteses de resposta à nossa questão de fundo foram-se gerando à medida que a

informação recolhida no Estrella Povoense se referia a uma crise na comunidade local – fome e

miséria.

A emigração, o socorro aos pescadores e às suas famílias fazia-se de uma forma vincada,

alertando-nos para a existência de uma situação que exigia soluções nacionais e locais. A partir

deste dado, era imperiosa a análise da estrutura da família piscatória poveira. Segundo Santos

Graça, esta família caracterizava-se por viver completamente isolada das outras classes da vila. Os

casamentos, só os havia entre os da classe. Às raparigas não era dado falar com homens estranhos

à pescaria.5

Tomamos assim contacto com um determinado conjunto de fontes, indispensáveis para a

realização deste trabalho de investigação, como iremos descrever mais à frente.

O ano de 1896 não foi escolhido ao acaso, pois, à medida que fomos recolhendo as fontes,

verificamos que o grande fluxo emigratório ocorre, precisamente, neste ano.

4 SILVA, Baldaque – Organização das Pescas. Lisboa: Imprensa Nacional, 1891. 5 GRAÇA, António dos Santos – O Poveiro – usos, costumes, tradições…, p. 61.

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Neste contexto, colocadas estas questões, quanto ao objecto e objectivos deste trabalho,

algumas explicações se impõem sobre a estrutura do mesmo. A primeira parte deste trabalho

corresponde à caracterização da Comunidade Piscatória Poveira e à análise da emigração. A

segunda parte corresponde aos anexos.

2. Metodologia

Inicialmente, para estudarmos a temática das Pescas em Portugal, consultámos bibliografia

específica e, para além disso, no Fundo Local da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, da Póvoa de

Varzim, o periódico Estrella Povoense6, para o ano de 1896. Deste jornal foram retiradas notícias

para caracterizar o estado das pescas na Póvoa de Varzim, a crise, a miséria e a emigração. Foi

escolhido este periódico para o estudo desta temática por ser o que mais exaustivamente

caracterizava a comunidade piscatória poveira. Exemplo disso foi a campanha energética em

defesa dos pescadores da Póvoa que este jornal travou, condenando nos seus sucessivos artigos o

que se estava a fazer contra os mesmos.

Após a recolha das notícias, efectuámos um resumo destas, agrupando-as por temas,

determinando-se quais as notícias que responderiam à temática da crise das pescarias, e quais as

que responderiam à temática da emigração. Estas foram complementadas com a consulta e leitura

de bibliografia apropriada ao tema.

Para além disso, consultamos o Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no

ano de 1890 e a Collecção de Leis Sobre a Pesca. 26 de Junho de 1890 – Decreto Approvando as

instrucções para o Inquérito sobre o estado, condições e necessidades das industrias da pesca, da

apanha de plantas marinhas e da exploração de salinas. Neste inquérito, mandado elaborar pelo

Ministério da Marinha, é-nos relatado todo o modo de vida da comunidade piscatória poveira, entre

outras, desde as características dos portos à duração do trabalho, como estava organizada a

actividade das pescas, o Pessoal, o Material de pesca e de apanha de plantas marinhas, os

Estabelecimentos diversos, a Produção, a Situação e os Reclamações, entre outros. Este inquérito

fazia-se acompanhar por um conjunto de questões7. Contudo, através da sua análise, concluímos

que os dados relativos à população piscatória poveira, bem como às habitações, ao material de

pesca e à quantidade de pescado e seu valor não correspondiam sempre à realidade, uma vez que o

próprio Inquérito levantava dúvidas sobre os mesmos. Segundo razões apresentadas no próprio

Inquérito pelo segundo oficial arquivista Adriano P. Cibrão, da Alfândega do Porto, a 5 de 6 Para o período estudado foram retiradas 139 notícias referentes às crises nas pescarias e à emigração, do jornal Estrella Povoense, de 1890 a 1903. 7 Verificar as questões sobre o Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890, em anexo, ponto 5.

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Novembro de 1890, num ofício ao Ex.mo Sr. Conselheiro Administrador do círculo Aduaneiro do

Norte, afirma-se que existiam deficiências na estatística, porque nesta deveriam constar a descrição

da quantidade por quilo e por número e os valores das diversas qualidades de peixe e marisco,

aprovadas por decreto de 26 de Junho de 1890.8

No Boletim Cultural da Póvoa de Varzim, que se encontra no Fundo Local da Biblioteca

Municipal Rocha Peixoto, da Póvoa de Varzim, encontramos resposta a várias das questões que

nos surgiram inicialmente, como, por exemplo: que mudanças sociais ocorreram na comunidade

piscatória poveira nos finais do século XIX e quais as causas da emigração na Póvoa de Varzim.

Neste periódico também se aborda a temática d’A Póvoa e as suas crises económicas; num artigo

que era uma compilação de outros artigos do jornal O Comércio da Póvoa de Varzim, no período

compreendido entre 27/03/1926 a 24/02/1927. Estes artigos retratam na imprensa local a questão

da defesa dos interesses da terra. O seu autor, Manuel Silva, pretendia, através da compilação e

publicação destes artigos, dar a conhecer a grave crise que a comunidade piscatória poveira

atravessava.

Para avaliar o peso da emigração da comunidade piscatória poveira, procedemos ao

levantamento, no Arquivo Municipal da Póvoa de Varzim,9 das fontes, as quais passamos a referir:

Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil no ano de 1896 – esta responde-

nos a um conjunto de interrogações, tais como: quem emigra, que idade tinha, o estado civil, a

profissão, para onde emigra, de onde emigra; Registo de pedidos de passaportes no ano de 1896 –

esta diz-nos quem emigra, o estado civil, a profissão, para onde emigra, de onde emigra e o nível

de instrução; Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se

propuseram a embarcar para o Brasil no ano de 1896 esta diz-nos quem emigra, que idade tinha,

o estado civil, a profissão, para onde emigra, de onde emigra – o Livro para se lançarem os

termos de consentimento para os menores que tentaram transportar-se para fora do reino no ano

de 1896 – esta responde-nos às seguintes interrogações: a idade dos menores, para onde emigram,

a possível profissão em que se iriam empregar no Brasil.

Após o cruzamento e análise destas fontes referidas na alínea anterior, apercebemo-nos que

estas veiculavam os procedimentos legais adoptados pelo Estado, para a aquisição do título de

passaporte pelos emigrantes, para poderem deslocar-se para fora do Reino, neste caso, para o Brasil.

8 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890. Lisboa: Imprensa Nacional, 1890. p. 126. 9 Passamos a referir este arquivo pela sigla AMPV.

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Quadro 1 – Fontes Utilizadas

Fontes Utilizadas

– Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890;

– Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil no ano de 1896;

– Registo de pedidos de passaportes no ano de 1896;

– Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a

embarcar para o Brasil no ano de 1896;

– Livro para se lançarem os termos de consentimento para os menores que tentaram

transportar-se para fora do reino no ano de 1896;

– Boletim Cultural da Póvoa de Varzim;

– Estrella Povoense;

– Collecção de Leis Sobre a Pesca (26 de Junho de 1890) – Decreto Approvando as

instrucções para o Inquérito sobre o estado, condições e necessidades das industrias da

pesca, da apanha de plantas marinhas e da exploração de salinas.

Deste modo, importa explicar o cruzamento das fontes de forma a evitar a repetição de dados.

Ao efectuarmos este procedimento deparamo-nos com a repetição contínua do nome dos

requerentes10 com excepção de dois indivíduos. Um dos quais encontra-se nos Requerimentos

solicitando guias para passaporte para o Brasil em 1896 (Fólio n.º 38, requerido no dia 8 de Abril

de 1896, de nome João Monteiro);11 o segundo encontra-se nos Registos de pedidos de passaportes

(N.º de guia 148, requerido no dia 26 de Novembro de 1896, de nome Jacinto Rodrigues da Silva

Campos).12

Para a análise da corrente emigratória no ano de 1896, remetemo-nos ao estudo dos

Requerimentos solicitando guias para passaporte, uma vez que era uma fonte rica em informação.

Analisamos ainda, nos Registos de pedidos de passaportes o nível de instrução dos indivíduos.

Com as fontes estruturámos uma base dados em Excel com os seguintes campos: a idade, a

profissão, o estado civil, o sexo, o nível de instrução, a data de requisição e a origem e destino dos

emigrantes. Estas tabelas reforçam o nosso trabalho de investigação em anexo.

10 Requerentes eram os indivíduos que pretendiam transportar-se para o Brasil. 11 Verificar na tabela em anexo, ponto 2. 12 Verificar na tabela em anexo, ponto 3.

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O tratamento estatístico dos dados permitiu-nos definir que, cruzando-as com o quadro

teórico elaborado previamente; procuramos apresentar as conclusões, ou seja, uma proposta de

interpretação do problema inicialmente posto.

A documentação encontrava-se, em geral, em bom estado de conservação, com excepção de

alguns números do periódico Estrella Povoense, que apresentavam problemas na leitura de

algumas das suas edições, devido à sua deterioração, aquando da sua digitalização. A

documentação do Arquivo Municipal da Póvoa de Varzim obedece a uma ordenação cronológica e

tem numeração própria. No entanto, há documentação que não se encontra paginada, como por

exemplo nos Requerimentos solicitando guias para passaportes no ano de 1896, que se

encontravam em folhas avulsas.13

Este estudo encontra-se dividido em várias partes: na primeira parte traça-se uma

Contextualização, na qual abordamos a questão do Estado das Pescas em Portugal no século XIX;

aqui procuramos mostrar o quanto era complexo o cenário do sector das Pescas em Portugal, “uma

verdadeira malha”14, relatando o caso particular da “laboriosa Colmeia Piscatória” (A

Comunidade Piscatória Poveira).

Para além disso, fizemos um estudo acerca do quadro económico e social em que se inseria

esta comunidade, para uma melhor compreensão da sua especificidade. Damos ainda, relevância ao

final do século XIX, em especial, ao contexto da introdução das artes novas, isto é, o contexto

tecnológico e organizacional das pescas no concelho da Póvoa de Varzim, baseando-nos no

Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e nas Ilhas no ano de 1890.

Para o estudo do item “das cousas e das crises do Mar”, fundamentamo-nos no Boletim

Cultural da Póvoa de Varzim, no seu artigo A Póvoa e as suas crises económicas de Manuel Silva,

relacionando-o com a Póvoa e as suas crises.

Para finalizar o nosso trabalho elaboramos a conclusão, na qual são apresentadas as respostas

às questões anteriormente colocadas.

13 AMPV: n.º 1195. 14 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas e da Aquacultura e as iniciativas de instrução científico-técnica – século XII a inícios do século XX. Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2001, p. 123.

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3. O Estado das Pescas em Portugal no Século XIX

“A praia e os barcos se confundem,

geométrica geografia de luzes e sombras,

densa arquitectura da manhã silenciosa.”15

A arte da pesca foi criada pelos homens incentivados a procurar, mediante todas as formas e

meios, a sua alimentação. Aquela pautou-se por uma lenta evolução dos seus processos e aparelhos,

adaptando-se à exploração das águas e à indústria extractiva, que utilizava o mar como fonte

geradora de riqueza. Tornou-se, ao longo dos tempos, num poderoso elemento de luta, de

concorrência económica e de desenvolvimento de povoações costeiras.16

“Desde as Ordenações Afonsinas até ao Código de 1867, decorrente do direito romano,

verifica-se a tripartição classificativa das águas em públicas do Estado, dos concelhos e particulares.

Podia-se aceder às do Estado e às dos concelhos, porque a sua natureza o justificava. Só se teria

direito a dispor quer das águas públicas, quer das concelhias, por expressa doação régia. O primeiro

senhorio era o rei, porque ao rei pertencia a jurisdição sobre as águas, dispondo-as através de

sucessivas doações, segundo determinadas contrapartidas.”17

No reinado de D. Sancho I, apareceram as primeiras medidas protectoras dos pescadores. As

primeiras pescas protegidas foram as dos rios, só mais tarde é que se reconheceu que as do mar

constituíam riqueza pública que reclamava protecção e benefícios.18

A malha legislativa respeitante ao sector das pescas, produzida durante o período da

monarquia portuguesa, constituiu um frondoso bosque a que os historiadores recorrem, conscientes

da dispersão e variabilidade das diferentes formas de registo, consoante os emissores de

codificação: ora concelhos, ora senhorios laicos e religiosos, ora poder central, raramente os

pescadores, diferentes interlocutores no processo de estruturação de um sector, interessados nos

benefícios da pesca.19 Queremos nós dizer com isto que, no vasto mundo da legislação piscatória,

os pescadores, embora fossem os verdadeiros interlocutores deste processo de estruturação,

raramente emergiam na documentação escrita e, aparentemente, na regulação da pesca.

15 AMORIM, Sandra Araújo de – Vencer o mar, ganhar a terra: construção e ordenamento dos espaços na Póvoa pesqueira e pré-balnear. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 2004, p. 9. 16 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas. In Boletim Cultural da Póvoa de Varzim. Vol. II, n.º 1. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1959, p. 159. 17 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas… p. 127. 18 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas… p. 165. 19 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas… p. 123.

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O papel do Estado em relação à administração das pescas revelava-se contínuo a partir do

momento em que a coroa transfere todo o enquadramento pesqueiro senhorial para a jurisdição dos

poderes civis locais e centrais.20

As medidas tomadas pelo Estado no âmbito do liberalismo económico pretendiam uma

animação das pescarias, estimulando as pescas nas costas portuguesas, ultrapassando a importação

de pescado.21

Sabe-se que só em meados do século XVIII, com a administração do Marquês de Pombal,

começam a surgir as primeiras leis sobre a actividade piscatória com alguma coerência organizativa.

Para a concepção destas leis, evidenciam-se duas etapas:

Na primeira etapa, o monarca como “verdadeiro senhor do reino” cedia um espaço para a

actividade piscatória a quem lhe conviesse, confundindo o poder político com o poder de

propriedade. Embora toda esta actividade tivesse a finalidade de proveito fiscal significativo, para o

reino, o monarca, com as suas concessões de exploração produtiva, fazia com que a actividade não

fosse rentável. Com o reinado de D. José (administração pombalina) a situação modifica, “embora o

Estado tivesse sobre todo o seu território, e por consequência, sobre as águas e a pesca, um

autêntico direito real, ele tende a diferenciar-se do direito privado de propriedade, atendendo à sua

natureza pública. As águas marítimas tornam-se objecto de discussão, tendo em conta os crescentes

interesses das potências europeias em ocupar, explorar e reivindicar os seus espaços.”22 É a partir

dos finais do século XVIII que o interesse pela pesca marítima adquire uma outra grandeza. Há um

processo de redescoberta do litoral, no quadro do crescente papel ordenador do Estado Moderno,

demonstrando este factor uma certa maturidade acerca das questões político-económicas em

Portugal.

“É neste contexto que se inscreve a organização das reais Companhias, entre as quais a

Companhia Geral das Reais Pescarias do Reino do Algarve.23

A fundação da Companhia24 focalizou os interesses da Coroa no maior controlo do sector,

inclusive numa tentativa de recenseamento dos meios de produção.”25

20 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas… p. 123. 21 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas… p. 124. 22 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas… p. 124. 23 Fundada em 1773.01.15 no tempo da administração do Marquês de Pombal, sendo uma das 6 companhias privilegiadas surgidas neste tempo. Empenhada na pesca da sardinha, que era o grande manancial a pescar, para satisfazer o mercado do norte de Portugal, numa altura em que o tradicional atum escasseava. Inês Amorim – A organização dos Serviços de Pescas… p. 136. 24 As companhias recebiam certas prerrogativas e assumiam certas obrigações, eram sociedades abertas ao público em geral, acolhendo quaisquer accionistas, independentes da origem de cada um. Estas configuravam-se como sociedades de capitais. Inês Amorim – A organização dos Serviços de Pescas…, p. 138. 25 AMORIM, Inês - A organização dos Serviços de Pescas…, pp. 136-137.

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É no século XIX, mais propriamente na década de 30, que se inicia a segunda etapa, com a

proclamação da total libertação das águas do sector da jurisdição senhorial, o Estado assume assim

o papel, embora tímido, no desenvolvimento da actividade piscatória.

A partir do século XIX, verifica-se um contexto político de certa forma favorável ao

desenvolvimento de todos os sectores, daí resultando, nos finais da década de 70, a fundação da

Comissão Central de Pescarias.26

A partir da realização do decreto de 1830.11.06, pode dizer-se que se entra numa nova era.

“Trata-se da libertação dos pescadores dos quadros institucionais privados (confrarias, irmandades e

compromissos) e das obrigações de carácter senhorial ou religioso (dízimas, gabelas, caldeiradas,

etc.). Ao mesmo tempo que se declarava a liberdade de associação, liberdade de se ajustar o jornal,

liberdade de escolha da arte de pescaria, exigia-se a matrícula de todos os mestres e companhias

para que se isentassem da tropa de milícias, de linha e ordenanças, procedendo-se, desta forma, a

um levantamento humano, que a todo o tempo seria passível de recrutamento e fiscalidade.”27

Como já referimos atrás, no século XIX há um contexto político favorável à regeneração de

todos os sectores. Sendo assim, procedeu-se não só à determinação das competências em passar

matrículas de barcos de pesca, entre alfândegas e capitães dos portos, como também das tonelagens,

proprietários, arrais, portos ou rios de navegação e pesca, pescadores e condições para a admissão

em cada companhia e isenção do recrutamento militar. Havia também a preocupação de identificar

quem era o pescador e avaliar o seu potencial, porque “nem todos os que trabalham nas pescarias

são pescadores matriculados os mais são adventícios e trabalhadores nos campos, que durante as

temporadas, correm às costas e rios.”28

“A preocupação em elaborar um diagnóstico do sector ressalta da legislação que antecede o

Inquérito sobre o estado, condições e necessidades da indústria da pesca (1890.06.26), base de

vários relatórios produzidos pelas capitanias do litoral, assim como das respostas incluídas no

relatório global Inquérito sobre pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890, publicado

pelo Ministério da Marinha.”29 Este inquérito, relativamente a outros inquéritos que foram

efectuados, “forneceram informações mais extensas e consistentes sobre as pescas”. O inquérito de

1890 é mais completo por ter sido aplicado na base de um questionário elaborado com o propósito

de inquirir a costa portuguesa, as actividades de exploração fluvio-marítima, e as condições de vida

das populações que a elas se entregavam. A sua organização decorreu sob a tutela do Ministério das

Obras Públicas, no Conselho Superior do Comercio e Indústria, ao longo de dezassete sessões, entre 26 Fundada em 1878.08.02, para estabelecer os preceitos e regras a que deviam estar sujeitas as pescas, preparando a assinatura do convénio provisório de reciprocidade no exercício da pesca entre Portugal e Espanha (1878-1885). Inês Amorim – A organização dos Serviços de Pescas…, p. 124. 27 Inês Amorim – A organização dos Serviços de Pescas…, pp. 140-141. 28 Inês Amorim – A organização dos Serviços de Pescas…, p. 142. 29 Inês Amorim – A organização dos Serviços de Pescas…, p. 124.

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9 de Janeiro e 10 de Setembro de 1890. A execução da parte das pescarias foi entregue a uma

equipa conhecedora da costa portuguesa, tendo sido publicado no segundo de cinco volumes os

resultados totais deste sector, numa obra que ficou conhecida como Inquérito Industrial.30

Verifica-se que, a partir dos finais do século XIX, há uma maior eficácia no sector das pescas

que está relacionada não só com os apelos à instrução popular (apelo à investigação relacionada

com relatórios, inquéritos, etc.), como também a existência de uma articulação com os sectores que

lhe ficam a montante (construção naval, construção de velames e de redes) e a jusante (conservação

por secagem, salga e congelação…).

“Um estudo elaborado no seio da Sociedade de Geografia de Lisboa, datado de 1888,

equaciona o estado do sector ao alicerçar um pedido «ao governo de sua Magestade para que

organise um serviço central de pescarias que reúna todos os elementos de administração que digam

respeito à polícia, na creação e desenvolvimento da indústria de pesca.» No âmago deste pedido

estava a consciência de que as pescas eram um dos vértices do triângulo que ligava o comércio e a

navegação, sectores essenciais à resolução das questões económicas e à sobrevivência e «sustento

das classes menos abastadas».”31

Sendo assim, pode-se depreender o porquê do interesse em desenvolver este sector por parte

da Coroa Portuguesa, concebendo assim uma regulamentação da pesca nacional costeira;

internacional longínqua e fluvial.

O decreto de 22 de Outubro de 1852 divide o litoral em departamentos e distritos marítimos,

presididos por Intendentes, no primeiro caso, e por Capitães, no segundo. Contudo, há uma redução

de competências aos pescadores, havendo uma simples matrícula da população marítima das

respectivas circunscrições, nunca se lhes conferindo poderes em matérias de pesca.32

A partir da segunda metade do século XIX, surgem preocupações relacionadas com o

esgotamento de recursos. Esta medida anuncia uma nova fase de organização do sector, a

planificação, tendo como base estudos ao nível científico; os objectivos que presidiram à ordem

dada em 1887.12.29 ao capitão tenente da Marinha, José Alemão de Mendonça Cisneiros e Faria,

para formular e apresentar os preceitos e regras a que devem estar sujeitas as nossas costas

marítimas “e rios navegáveis épocas em que devem ser exercitadas, aparelhos que podem ser

permitidos para esse fim, condições em que devem ser dadas as licenças para os vários ramos de

pesca, garantias recíprocas dos diversos pescadores, penalidades a impor-se-lhes em caso de

infracção […] especialmente na pesca do atum, corvina e serrajão no Algarve…”33

30 MARTINS, Luís – Relatório sobre a situação da pesca da sardinha na Póvoa de Varzim – 1904 – Almirante Vicente Coutinho de Almeida D’ Eça. In Boletim Cultural da Póvoa de Varzim. Vol. XL, Póvoa de Varzim, 2005-2006, P. 44. 31 MARTINS, Luís – Relatório sobre a situação da pesca…, p. 125. 32 MARTINS, Luís – Relatório sobre a situação da pesca…, p. 125. 33 MARTINS, Luís – Relatório sobre a situação da pesca..., p. 144.

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Por outro lado, parece certo que a institucionalização dos serviços das pescas foi acelerada,

pela necessidade de negociar com interlocutores que se impunham, como a Espanha.

Esta questão levanta, assim, uma série de negociações relativas aos convénios de 1878 e de

1885,34 que vêm relatados em sucessivos Livros Brancos demonstradores das questões à volta da

apropriação do espaço económico e territorial frente ao avanço das novas técnicas, nomeadamente

com a chegada dos vapores e a multiplicação dos cercos35 espanhóis.

Sendo assim, verifica-se uma maior necessidade de intervenção e controlo das acções

desenvolvidas, não só no domínio da pesca, como também no da navegação, comércio e fiscalidade.

A partir da década de 70, tende-se para a especialização de vários sectores apoiados em corpos

administrativos próprios.

Para Portugal a abertura das costas espanholas era um óptimo aliciante, mas para a Espanha a

abertura da costa portuguesa era ainda mais lucrativa, pois esta era superior quer em número de

barcos, quer em número de homens.36

Os inquéritos-relatórios acerca da Indústria da pesca, surgidos nas décadas de 80 a 90 do

século XIX, mostram conjuntamente, a investigação, popularização, transmissão e difusão de uma

cultura científica que se traduz no delinear do perfil do pescador (o pescador era aquele que exercia

uma actividade constante, ao longo do ano). Baldaque da Silva, na sua obra Estado Actual das

Pescas em Portugal (1891), dedicou as suas últimas páginas à importância científica das pescas,

enumerando relatórios, inquéritos, catálogos de museus,37 entre outros.

Compreende-se então o discurso polifacetado daqui resultante. Institucional porque obedecia a

uma grelha estatística com objectivos de estimar as potencialidades do sector; vivencial porque o

pescador se tornava objecto de observação em si mesmo, fonte no contexto de uma sensibilidade

crescente às questões sociais. Tornou-se ponto assente, na política económica, que o sector das

pescas era vital para a economia do reino, até por razões que se prendiam com uma conjuntura

internacional de crise pesqueira, que se gerou nos anos de 1880-1887 38, tanto na costa portuguesa

como nas águas longínquas da pesca do bacalhau.

34 Convénio entre Portugal e Espanha, de 1885.10.02, regulando o direito exclusivo da pesca para os nacionais nas águas territoriais de cada um dos estados, proibindo o uso de determinadas artes… Inês Amorim – A organização dos Serviços de Pescas…, p. 145. 35 Aparelho de pesca em que as redes formam círculo para apanhar o peixe. 36 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas…, p. 146. 37 AMORIM, Inês – A organização dos Serviços de Pescas…, p. 149. 38 O desaparecimento da sardinha nas costas bretãs, até então produtoras mundiais de conservas, estimulou o sector em Portugal e Espanha, pressionando as técnicas massivas de pesca. Esta pressão sobre a costa é favorecida pela assinatura do já nomeado convénio de reciprocidade de pescas entre Portugal e Espanha (1878-1885). Os inquéritos de 1889/90 confirmam a pressão dos espanhóis nas costas portuguesas: em Viana do Castelo, invasão de pescadores espanhóis; na Póvoa de Varzim, redes de arrasto em embarcações movidas a vapor, etc. Inês Amorim – A organização dos Serviços de Pescas…, p. 149.

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Havia que conferir a quantidade de embarcações, e pescadores, as técnicas, os valores do

pescado, as características e estado dos mananciais para responder a uma conjuntura internacional

favorável à expansão das pescas portuguesas.

4. A Comunidade Piscatória Poveira:

O Quadro Económico-Social

Depois de efectuarmos uma visão retrospectiva das pescas em Portugal nos séculos XVIII e

XIX, vamos caracterizar especificamente a comunidade piscatória poveira.

Neste capítulo, pretendemos esboçar o perfil económico e social da comunidade piscatória

poveira, ao longo do século XIX.

Surgem diversas formas de caracterizar a comunidade piscatória poveira. Segundo Cândido

Landolt, os pescadores poveiros “são na sua infantil ignorância, os homens mais inocentes deste

mundo.”39 Santos Graça e Fonseca Cardoso, referem-nos como a família piscatória poveira; outros

atestam que os poveiros descendem dos Fenícios; alguns afirmam, ainda, que descendem dos

romanos; e, finalmente, outros vão mais longe remetendo as origens para os Vikings. Historiadores

e etnógrafos referem-se-lhes como verdadeiros lobos do mar40.

A apetência da enseada da Póvoa de Varzim para as pescarias em grande número, foi realçada

pelo noticiarista Veiga Leal41 em 1758, referindo que “há n’esta villa uma das melhores enseadas

d’este Reino.”42

A actividade piscatória da Póvoa de Varzim, pelo número e importância desta indústria, gozou

de imunidades que lhe concederam vários privilégios e regalias de certos monarcas como D. Dinis e

D. Manuel, tais como a isenção de impostos, e ainda a dispensa da vida militar, durante longos

anos.43

“Apesar, porém de não haver marcos que delimitassem esses privilégios o certo é que sobre o

vasto areal que vai desde a Poça da Barca, ao Sul da Póvoa de Varzim, até para lá do Ramalhão, ao 39 LANDOLT, Candido – Folk=Lore Varzino Costumes e Tradições Populares do Século XIX. Póvoa de Varzim: Empreza da Propaganda, 1915, p. 103. 40 AZEVEDO, José de – Histórias do mar da Póvoa. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 2001, p. 295. 41 Tenente Veiga Leal, natural de Paços de Ferreira, militar distinto e notável memorialista, serviu no cargo de Governador na Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição da Póvoa de Varzim, a partir de 13 de Dezembro de 1738. In DINIZ, M. Vieira – O Tenente Veiga Leal em Terroso (Algumas Notas de Família). In Boletim Cultural da Póvoa de Varzim. Vol. X, n.º 2. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1971, p. 306. 42 AMORIM, Manuel – O Litoral Poveiro. In O Litoral em Perspectiva Histórica (séc. XVI-XVIII). Porto: Instituto de História Moderna da Universidade do Porto, Faculdade de Letras do Porto, [2001], p. 29. 43 LANDOLT, Cândido – Folk=Lore Varzino Costumes e Tradições…, p. 25.

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norte, ou seja na extensão de 2 quilometros, o pescador é quem se permitia governar por sua

iniciativa individual e pela sua unidade colectiva, a Irmandade da Nossa Senhora da Assunção, com

sede na capela da Lapa.” 44

Assim, sempre que se debatia alguma questão sobre as pescarias, as gentes da terra diziam o

seguinte: “… Qui é!... Qui é!?... Rebeira é dos piscadores!... Quem manda aqui é a piscaria!... Sem

dúvida, que a Ribeira é onde os pescadores tém os seus barcos e vendem o peixe dos seus

aparelhos; mas daí á posse e mando exclusivo, ou exercer jurisdição sobre o vasto areal: Ribeira,

Praia de Banhos, Praia da Reigoiça e Praia da Salgueira – vai uma grande diferença.”45

Na transição para o século XIX, a vila apresentava-se como um aglomerado populacional.

Atente-se na estreita relação entre dois fenómenos dependentes, concretamente o crescimento

demográfico e o desenvolvimento económico. Funcionando a procura do incremento como um

importante estímulo das actividades da pesca e da salga, aquela era a garantia da subsistência duma

população em crescimento, que procurava no pescado a base do seu sustento.46

A actividade piscatória era de uma extrema importância para a Póvoa de Varzim; segundo o

Tenente Veiga Leal, em 1758, “no reino não ha outro porto de mar que exceda ao d`esta Villa”,

sendo o pescado “abondantissimo” e suficiente para abastecer o Minho, Trás-os-Montes e Beira.

Segundo Aurélio de Oliveira, a presença do pescado galego nos centros piscatórios da costa

Noroeste afirmou-se de modo decisivo no século XVIII, demonstrando que portos como Caminha,

Viana, Fão, Póvoa, Vila do Conde, Matosinhos, Porto, Aveiro, Ovar ou Buarcos-Figueira eram

incapazes de se abastecer a si próprios. No entanto, a situação poveira afastou-se deste contexto nos

finais do século, apresentando uma posição de liderança no conjunto nacional.47

Com o aumento do consumo do pescado fresco, seco ou salgado, que vinha já de tempos

recuados, foi necessário recorrer ao longo do século XIX às importações de peixe proveniente

sobretudo da Galiza. No entanto, com o Marquês de Pombal, criam-se medidas proteccionistas que

visavam estancar a entrada da sardinha galega, que concorria com a produção portuguesa, de modo

a incentivar a pesca local.48

Nos inícios do século XIX, os contratadores de pescado oriundos da Galiza marcaram

presença constante na Póvoa, onde vinham comprar pescado fresco que negociavam nas terras do

interior do reino vizinho e onde se instalavam para participar no negócio da salga de peixe. Esta

44 AZEVEDO, José – O Aparecimento de Novas Artes de Pesca na Póvoa de Varzim. In Actas do Colóquio Santos Graça a obra e a época. Vol. II. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1985, pp. 19-20. 45 AZEVEDO, José – O Aparecimento de Novas Artes de Pesca…, pp. 19-20. 46 AMORIM, Sandra Araújo de – Vencer o mar, ganhar a terra..., p. 91. 47 AMORIM, Sandra Araújo de – Vencer o mar, ganhar a terra..., pp. 96-99. 48 A partir de 1773, a política pombalina lançou um tributo exorbitante sobre os produtos da pesca oriundos de Espanha. Aurélio de Oliveira – Póvoa de Varzim e centros de salga na Costa Noroeste nos fins do Século XVIII. O contributo da técnica francesa. Colóquio «Santos Graça» Etnografia Marítima, Vol. II. Póvoa de Varzim: 1985, pp. 96-99.

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procura por parte dos galegos do centro poveiro como fornecedor do pescado vem comprovar a

grande prosperidade deste nos inícios de oitocentos.

Lacerda Lobo, propondo-se tratar do estado e da decadência da pesca em Portugal, percorreu a

costa minhota, em 1789, e demorou-se algum tempo na Póvoa de Varzim, afim de proceder a

averiguações sobre variados aspectos da indústria piscatória e suas afins, através de observações

directas e ainda de interrogatórios com os marítimos mais entendidos. O seu estudo incidiu

particularmente sobre esta vila da Póvoa de Varzim, ao tempo entreposto de pesca em plena

florescência, por um lado em razão de serem os poveiros os pescadores “mais peritos e praticos, que

existem em toda a nossa costa, desde o Cabo de S. Vicente até Caminha”.49 Constata ainda que “o

estado actual da pescaria da Povoa de Varzim he o mais attendivel da Costa da Província do

Minho: 1.º – os pescadores são os mais peritos e praticos, que existem em toda a nossa costa, desde

o Cabo de S. Vicente até Caminha (os pescadores da Povoa de Varzim andão continuamente no

mar, elles não se contentão com a pescaria feita perto da Costa, vão buscar o peixe a mares, que

ficão dez, e doze legoas desviados da dita Villa.): 2.º – aqui ha hum numero mais consideravel de

Pescadores, embarcações, e apparelhos de pesca, do que em outro qualquer lugar, a quantidade de

pescado hé proporcionada a estes meios”.50

4.1. A comunidade piscatória poveira do ponto de vista social, hierárquico e religioso

Santos Graça na década de 30 do século XX para caracterizar a “família” piscatória poveira51

define como sendo, muito fechada ao relacionamento com estranhos, a quem chamavam “peixes de

coiro”, vivendo isoladamente, “sem misturas”.

Dentro da “família” de pescadores havia vários grupos sociais bem definidos, que se

evidenciavam pelo tipo de barcos que usavam, bem como pelos casamentos realizados de variada

extracção social.

49 LOBO, de Lacerda – As Pescarias da Póvoa de Varzim em 1789. Boletim Cultural da Póvoa de Varzim, Vol. I, Póvoa de Varzim, 1958, p. 239. 50 LOBO, de Lacerda – As Pescarias da Póvoa de Varzim…, pp. 241-242. 51 Poveiro, nasceu em 16 de Agosto de 1882 e faleceu a 7 de Setembro de 1956. Era filho de pescadores, e estudioso da comunidade poveira. Iniciou a sua actividade profissional no “comércio de fazendas” em 1889. Deixou a sua marca na administração municipal (1911-1938). Participou no movimento de jornalismo associativo, filantrópico, cultural e desportivo. Fundou e dirigiu durante largos anos o jornal “O Comércio da Póvoa de Varzim” (1903), colaborando assiduamente nos diários “Primeiro de Janeiro” e a “República”. Dirigente e animador da Associação de Socorros Mútuos “A Povoense” (1902), foi um dos fundadores do “Clube Naval Povoense” (1904), de “A Marítima”, de “Associação de Classe dos Pescadores da Póvoa de Varzim” (1905) e de “A Beneficiente” (1906). Desenvolveu uma importante actividade cultural e cientifica entre 1913-1956, movida pelo propósito de estudar e dar a conhecer a especificidade da “colmeia piscatória povoense”, à qual se encontrava ligado. António dos Santos Graça – O poveiro – usos, costumes, tradições e lendas. Póvoa de Varzim: Edição do autor, 1932, p.1.

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Durante o século XVIII não existia o conceito de «fidalgos» e «plebe», pela simples razão de

que era bem presente na sociedade piscatória, um arreigado comunitarismo. Sendo assim, qualquer

pescador de recursos médios poderia ser pescador “lanchão”, desde que se associasse com outros

para adquirir uma lancha. Normalmente, as lanchas eram da companha que as tripulava e fazia parte

uma sociedade cooperativa de produção. No século XIX, e em especial a partir do segundo quartel,

verifica-se uma mudança neste hábito, como resultado da influência da presença catalã na Galiza,

mas também por se entrar num período de progresso nunca antes atingido.52

Sendo assim, “os «lanchões», os «fidalgos» da «colmeia», eram os mais abastados, com os

melhores barcos e apetrechos, dos «rasqueiros» que formavam a «burguesia» da comunidade,

dedicando-se à pesca da sardinha. Os «pescadores de linha» constituíam a «plebe», cujo sonho era

terem um dia a oportunidade de se integrarem numa «companha»53 que lhes permitisse subir de

nível social.”54 A divisão entre «fidalgo» e «plebe» não era estática, pois o dono de uma catraia

podia chegar a pescador lanchão se tivesse sorte na pesca, assim como o pescador lanchão podia

ficar sem a lancha num naufrágio e ser obrigado a adquirir uma embarcação de menor porte, ou a

associar-se a outros, o que diminuía os seus proventos. 55

Segundo Óscar Fangueiro pode-se verificar que na árvore genealógica de Santos Graça, os

filhos de um pescador da plebe contraíam casamento com os filhos do pescador lanchão.56

Santos Graça menciona n’O Poveiro 150 ramos familiares, a que atribui 276 alcunhas, ao

referir-se às famílias que pertenciam “à plebe”.

O pescador poveiro é muito devoto da Nossa Senhora da Assunção. A Real Irmandade de

Nossa Senhora da Assunção da Póvoa de Varzim tem a sua origem na Confraria da Senhora da

Lapa, amparo dos homes do Mar, cujos Estatutos foram aprovados, em 12.Set.1761 por sua Exa

Reva o Senhor Arcebispo e Senhor de Braga, Primaz das Hespanhas, etc., D. Gaspar de Bragança, e

a Confraria nasceu da Devoção a N.ª S.ª da Lapa, com imagem na ermida ou capelinha de S. Roque

à Junqueira, da qual há notícia já no ano de 1760.57 Nossa Senhora da Assunção é a padroeira dos

pescadores poveiros; pelo dever e respeito sagrado, estes têm na sua consciência a obrigação de

ajudar a Irmandade da Lapa na realização da festa da padroeira. Nesse dia, uma multidão compacta,

vestida de negro, invade a igreja da Lapa para visitar e prestar culto à Senhora da Assunção. Estes

fiéis devotos induzidos numa autêntica atmosfera religiosa cumprem as suas promessas.58

52 FANGUEIRO, Óscar – A História Poveira e a Obra Etnográfica de Santos Graça. In Santos Graça a obra e a época. Vol. I. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1984, pp. 117-118. 53 Tripulação de navio ou barco de pesca; agremiação de pescadores; companhia. 54 FANGUEIRO, Óscar – A História Poveira…, p. 119. 55 FANGUEIRO, Óscar – A História Poveira…, p. 118. 56 FANGUEIRO, Óscar – A História Poveira…, p. 119. 57 COSTA, Martins – Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: s.e., s.d., p.153. 58 AZEVEDO, José – O Aparecimento de Novas Artes de Pesca…, p. 116.

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Era à Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção que o pescador poveiro recorria quando

se sentia ameaçado. Na comunidade poveira estavam perfeitamente estabelecidas as formas, as leis

e os preceitos que regulavam o amparo e auxílio aos pescadores e familiares desta comunidade

piscatória. Os Estatutos da Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção relatam em pormenor o

amparo e o auxílio que era devido ao companheiro doente, à viúva e ao órfão, e ainda o socorro

prestado no mar, junto da barra, e ao barco em perigo.

Estas obrigações estão bem fundamentadas na tradição, nos usos e costumes do pescador

poveiro, que faz a sua lei; se tal não acontecesse a desconsideração seria assumida por toda a classe

piscatória, “mal iria àquele que deixasse de lhe dar fiel cumprimento, pelo desprezo, pior que a

morte, a que a classe o votaria.”59

Muito religiosos e sinceros eram os poveiros; o seu tom de voz elevado devia-se sobretudo ao

hábito com que falavam de forma a sublevar o barulho do mar, ao tentar falar com os

companheiros. Esta comunidade simples mas zelosa da sua independência continha, no seu seio,

segundo Santos Graça, uma grande percentagem de analfabetos; para colmatar esta deficiência, os

pescadores usavam então as marcas poveiras muito relacionadas com o mundo em que viviam, para

identificarem os seus pertences. Estas eram usadas em especial para marcarem os seus apetrechos,

servindo de marca de propriedade com um certo carácter de brasão de família, passando de geração

em geração.

Este comportamento, ao contrário do que se verificava noutros grupos de trabalho, como nos

relata Júlio António Borges, devia-se ao facto do pai, quando abandonava esta actividade, ser

substituído pelo seu filho mais novo nas tarefas da faina, tomando este conta das redes.

59 GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes, …, p. 17.

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Painel de Azulejo

Fonte: Júlio António Borges – Paisagem Poveira. Póvoa de Varzim: Editora CMPV, 2003.

Na maioria das vezes, desde o baptismo, que os pescadores poveiros substituíam os seus

nomes por alcunhas, com que mais facilmente se identificavam. Orgulhosos da sua terra sempre que

interrogados sobre a sua proveniência, respondiam com convicção, “somos poveirinhos pela graça

de Deus.”60

Santos Graça descreve-os de uma forma simples e clara, como sendo audazes e arrojados. “E é

no mar, o mais ousado pescador da costa, afoitando-se às maiores distâncias, arrostando nos seus

pequeninos e frágeis barcos os maiores temporais, num à vontade que arrepia e assombra.”61

Muito independentes, os pescadores não gostavam de ter problemas com a justiça, evitando

que as autoridades interviessem nas suas questões, “Os desentendimentos eram resolvidos entre eles

se não fosse a bem, era à pedrada ou ao murro. Mais espalhafatosas, eram as zangas entre as

mulheres. Arrepelando-se e berrando, procuravam no seu vocabulário descarado os termos mais

injuriosos com que agrediam a adversária.”62

Cuidadoso da independência da sua comunidade, punha limites à liberdade da juventude mais

atrevida e arrojada. Os arcos do Aqueduto da freguesia de Argivai constituíam como que uma

fronteira que não deveriam ultrapassar. Rapariga que aí fosse encontrada, sozinha ou acompanhada

60 BORGES, Júlio António – Paisagem Poveira. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 2003, p. 131. 61 BORGES, Júlio António – Paisagem Poveira…, p. 131. 62 BORGES, Júlio António – Paisagem Poveira..., pp. 129-130.

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pelo namorado, sofria na reputação os efeitos do seu atrevimento; os rapazes também não podiam

passar para lá dos «arcos».

4.2. Mudanças sociais na comunidade piscatória poveira

Após caracterizarmos a sociedade piscatória Poveira, vamos referir quais as mudanças sociais

e os motivos pelos quais se deram essas mudanças.

“Colmeia piscatória por excelência e reputada estação balnear marítima, o burgo poveiro vive

as ultimas décadas do século XIX sob uma aura de progresso material e de desenvolvimento que

tem no caminho-de-ferro (1875) e na actividade comercial os seus núcleos de referência mais

evidentes. Na inspirada síntese evolutiva da História Local traçada por Manuel Amorim, 1978, o

período que vai de 1836 a 1897 define a Póvoa como «cabeça de um pequeno concelho rural e

estância balnear de grandes dimensões». No entanto a pesca e os pescadores constituíam, em clara e

indisfarçável assimetria, uma ilha de ciclo e crítico desespero”63 De certo modo, tinha-se acentuado

o estado decadente da actividade piscatória, detectado por Lacerda Lobo em 1812 e Adriano Balbi

em 1822. Agravaram-se os abusos do fisco assinalados por Lacerda Lobo e a ausência de

regulamentos adequados ao desenvolvimento da indústria da pesca, segundo a opinião de Adriano

Balbi.64

Sendo assim, o final de século XIX será marcado por uma franca pobreza e miséria, na

pescaria a que aludem constantemente o Periódico Estrella Povoense. “Um assumpto de tal

transcendencia e magnitude para a Povoa para todos nós não póde deixar de ser constantemente

tratado e discutido na imprensa local.” 65

63 LOPES, Manuel – Evocação da tragédia marítima de 27 de Fevereiro de 1892: memória colectiva que o tempo não apagou. Boletim Cultural da Póvoa de Varzim. Vol. XXIX, n.os 1-2. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1992, p. 8. 64 LOPES, Manuel – Evocação da tragédia marítima…, p. 8. 65 Estrella Povoense. Edição n.º 888, 15 de Abril de 1894, p. 1.

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Gravura alusiva à tragédia de 27 de Fevereiro de 1892

Fonte: Júlio António Borges – Paisagem Poveira. Póvoa de Varzim: Editora CMPV, 2003.

Em Outubro de 1891, num desastre onde pereceram quatro pescadores, a imprensa censura a

falta de socorros por parte dos barcos salva vidas e aproveita para referir, junto dos poderes

públicos, a gravidade de uma situação insustentável.66

Data eterna, como que gravada a fogo vivo na memória poveira, é a de 27 de Fevereiro de

1892. Quase sempre referido sem o ano, que bem basta o dia e o mês para reacender a angústia de

uma tragédia que vestiu de longo e pesado luto a colmeia piscatória poveira. Evocação gerada por

múltiplas reminiscências onde o tempo vivido e os testemunhos herdados e transmitidos por

tradição assumem um carácter mítico, que a imaginação e a realidade confrontam e transfiguram.67

A desgraça não só cobriu toda a Póvoa como a Afurada (Porto), lançando na miséria inúmeras

famílias.

Dá-se o início da decadência das pescarias da Póvoa de Varzim devido à tragédia marítima

que abalou o país em 27 de Fevereiro de 1892, em que pereceram 105 pescadores. “A tempestade

surpreendeu as lanchas no mar da cartola a sudoeste de Aveiro. Duas lanchas, a do tio Praga e a do

tio Jéque, caminhavam a par, apenas com uma latina, a caminho do norte. Tinham que seguir como

Deus fosse vivo, porque não havia força humana que as pudesse desviar do seu curso tempestuoso.

Sem um minuto de descanso, os homens esforçavam-se para deitar fora a água, que as vagas

alterosas teimavam em atirar para dentro das embarcações. As companhas afoitavam-se

mutuamente para não esmorecerem. Mas de água e soçobra; a outra tenta, mas não pode acudir-lhe.

66 LOPES, Manuel – Evocação da tragédia marítima…, pp. 9-10. 67 LOPES, Manuel – Evocação da tragédia marítima…, p. 5.

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É o mestre da que naufraga e grita: «Não tentes o socorro, compadre que morreis todos. Deus

te guie e leve a salvamento. Até à eternidade compadre!» O mestre João Praga levantou a mão num

gesto de despedida mas não respondeu. Duas lágrimas rolaram-lhe pela face, mas mais ninguém lhe

ouviu uma palavra. Leme bem firme, todo o dia e toda a noite até ao alvorecer do dia seguinte, em

que entrou em Vila Garcia, na Espanha. Salvou a companha. Dois dias depois chegava à Póvoa, de

comboio. Após a tragédia nunca mais comeu, nunca mais falou. Oito dias depois da sua chegada –

morria! A grande dor de não poder salvar – matou-o!...”68 As más condições da barra da Póvoa, o

estrago causado pelos vapores, nacionais e estrangeiros, usando indiscriminadamente redes de

arrastar pelo fundo nos pesqueiros habituais dos marítimos Poveiros, a forte emigração para o Brasil

e a estagnação absoluta das técnicas de pesca – foram os factores que mergulharam a colmeia

piscatória da Póvoa, que representava ¾ da população local, numa das maiores crises de sempre.69

Segundo Inês Amorim, a simples avaliação dos pescadores na Póvoa é um assunto delicado. O

relatório de 1879, inscrito no Livro Branco das Pescas, refere que “o número de pescadores

matriculados [1878] é 400, porém quatro mil aproximadamente fazem uso desta indústria, sem

cumprir o preceito de matricular-se afim de fugirem ao recrutamento marítimo; as alfândegas

acabavam por permitir tal abuso ao passarem licenças de pesca sem exigirem a apresentação das

matrículas dos barcos”. A questão, contudo, não era apenas a fuga ao controlo fiscal e militar.

Prendia-se com a própria forma contraditória de organização dos serviços de pesca que atribuíam

aos intendentes e capitães dos portos a matrícula da população marítima, mas não lhes conferiam

mais nenhuma função de jurisdição, enquanto competia à Direcção Geral das Alfândegas cobrar o

imposto dos 6% sobre os quinhões do pescado e desta forma aferir o número de pescadores

contribuintes. O relatório de 1890 refere que “o que acontece, especialmente na Povoa, é um

determinado pescador, que pertence hoje a uma embarcação, abandoná-la amanhã por outra que

tenha visto trazer mais abundante pescaria, e, por vezes ainda no dia seguinte, por qualquer

futilidade, passar a guarnecer uma terceira. Succede também que nem sempre a mesma companha

pôde ir ao mar completa, principalmente na quadra do Janeiro em que fazem as enviadas para a

sardinha, e ainda acontece que hoje o pescador que hoje vae ao mar n’uma lancha para a pescada,

vae amanhã numa catria grande para a pesca da sardinha e de outras espécies, no outro dia numa

outra catraia pequena para a lagosta, e ainda no dia seguinte em um cahique para a pesca a linha.”

Sendo assim, com tal mobilidade é perfeitamente impossível o cumprimento da disposição

regulamentar de 1 de Agosto de 1884 que exige a matrícula de companha certa em cada

embarcação.70

68 LOPES, Manuel – Evocação da tragédia marítima…, pp. 8-9. 69 LOPES, Manuel – Evocação da tragédia marítima…, p. 9. 70 AMORIM, Inês – A organização do trabalho da pesca…, pp.125-126.

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Segundo o Inquérito de 1890, mais de 50% da população vive da pesca, directa ou

indirectamente na Póvoa de Varzim. O Relatório especifica as funções que lhe eram próprias no

complemento do trabalho masculino, juntamente com os menores de 12 anos masculinos que não

iam ao mar: eram responsáveis pela beneficiação das redes (fabricá-las na colheita do mexilhão) e

pelo varar das embarcações na praia (Inquérito de 1890, p. 110).71 Encontramos na Póvoa de

Varzim, na forma de organização do trabalho, fundamentalmente uma actividade centrada à volta

da pesca da pescada e da sardinha, com uma taxa de ocupação elevada e com uma divisão

horizontal de funções, dentro da estrutura familiar. As relações, se tinham uma base familiar quando

se organizavam em companhas, podiam desfazer-se quando se mudava de arte ou por razões de

eficiência ou ineficiência deste ou daquele barco ou arte.72

Um outro problema que afectava a comunidade piscatória dizia respeito a não possuir um

porto de abrigo; segundo Manuel Silva, “ainda no decurso desse século 18.º, o povo da vila fez

subir, até junto da Rainha D. Maria I, uma justa e instante petição, para que fossem estudadas as

obras de aperfeiçoamento a que se referia o Governador da Fortaleza de N. S.ª da Conceição da vila

da Póvoa de Varzim [Tenente graduado de infantaria Veiga Leal, que fez a mais pormenorizada

descrição da enseada, à qual, ainda hoje, pouco ou nada há a acrescentar, ainda que tal descrição

date de 1758], e fossem postas em execução para aproveitamento completo de milhares de esforços

dos pescadores, na exploração de uma riqueza considerável – a pesca marítima – então e hoje

avaliada em somas verdadeiramente fabulosas”.73 No entanto, “em 1821 as obras não só estavam

suspensas, mas abandonadas e em inicio de desmantelamento os trabalhos já efectuados, a ponto de,

longe de beneficiarem o movimento da enseada, o prejudicavam manifestamente. Em 2, 10 e 13 de

Dezembro [de 1823] foram abertas praças, para fornecimento de esquadrias da obra, precedendo

editais em diversas freguesias; e, por ter havido concorrente, foi adjudicada ao mestre respectivo,

por meio de escritura pública.”74 Enquanto o “ paredão, dado por feito em 1826, foi prolongado,

tendo sido inaugurados os trabalhos do prolongamento em 1887. Porque essa última fase de tais

obras corresponde a um notável conjunto de esforços, em que entrou a politica local, em

competência de valimento, aí vão outros informes não despiciendos e que devem merecer a atenção

dos que se interessam pelos melhoramentos da terra. Um silêncio de quarenta anos cobriu as

últimas notícias acerca desta obra ligada à vida económica da Póvoa. Tal como foi rematado,

segundo o critério seguido pelos que interferiram na sua construção tão acidentada e tão longa, o

paredão ficou pois ali, desempenhando uma parte mínima da sua importante função de defesa

71 AMORIM, Inês – A organização do trabalho da pesca…, p. 126. 72 AMORIM, Inês – A organização do trabalho da pesca…, p. 129. 73 SILVA, Manuel – Antecedentes Históricos do Porto de abrigo Poveiro. In Boletim Cultural da Póvoa de Varzim. Vol. II, Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1959, p. 238. 74 SILVA, Manuel – Antecedentes Históricos…, pp. 247-248.

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contra a agitação do mar. A classe piscatória não estava satisfeita; e, naturalmente, e como primeira

interessada na obra, não deixava de soltar os seus queixumes por sentir a sua vida sempre ameaçada

ao menor temporal e até com o mar simplesmente agitado. A lista dos naufrágios, à vista de terra, é

de uma eloquência confrangedora. Até às altas regiões do poder, alguma voz, posto que débil,

chegou, interessando-se o Governo por pôr um cobro às instantes e repetidas reclamações dos

poveiros: o paredão estava longe de servir de abrigo à enseada.”75

A pesca na Póvoa era uma perigosa aventura quotidiana, agravada pelo baixo preço do

pescado e sujeita ao jogo dos regateiros.76

Os intermediários inflacionavam os preços, retirando a margem de lucro aos pescadores.

Eram comerciantes que acertavam um preço para o pescado e, depois deste recolhido, pagavam por

uma quantia muito inferior. De nada adiantava regatear com estes homens, pois corriam os

pescadores o risco de ficarem sem comprador, ou serem despedidos uma vez que muitos barcos

eram propriedade daqueles.77

As estruturas e equipamentos de segurança marítima quase não existiam, ou, se existiam, não

funcionavam. Os pescadores só podiam contar com os laços de cooperação e solidariedade da

própria classe, no respeito antiquíssimo pelas velhas leis e preceitos da comunidade, exemplarmente

evidenciados na corajosa acção de socorro dos barcos vigilantes.

Como se não chegasse, a todo este cenário de crise associava-se também a concorrência do

capitalismo com o vapor de arrasto, a traineira, o cerco americano, a armadilha, atirados para o mar

com o pretexto de se conseguir uma pesca mais intensiva e proveitosa, quando significou, apenas,

uma nova modalidade de colocação de capitais, esperançados num melhor rendimento, embora à

custa do sacrifício duma colmeia laboriosíssima, que nunca se temeu do mar para arrancar o peixe

que carecia a gente lusa para o seu sustento.78

Relativamente à tecnologia; o preço das artes-novas estava fora das posses e teres dos

pescadores, passando estes de donos das artes da pesca, a “escravos dos donos daquelas.”79

Deu-se assim a transformação radical e profunda no modo de ser do pescador do norte: “as

suas redes, de caçar peixe, passaram a resguardar as searas dos pardais, vendidas aos lavradores a

troco de seis vinténs, e surgiram as outras, as do capitalista”, já feitas a fio de máquina, substituindo

75 SILVA, Manuel – A última fase do Porto de abrigo Poveiro. In Boletim Cultural da Póvoa de Varzim. Vol. II, Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1959, p. 253. 76 AZEVEDO, José de – Histórias do mar da Póvoa. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 2001 pp. 121-122. 77 BORGES, Júlio António – Paisagem Poveira…, p. 137. 78 BORGES, Júlio António – Paisagem Poveira…, pp. 19-20. 79 GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes, tradições.., p. 184.

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a mão-de-obra especializada e a divisão de tarefas e acabando por isso, com os serões poveiros e

com todos os usos e costumes tradicionais que se relacionavam com a factura da rede-nova.80

Os vapores de arrasto, foram principalmente a grande causa do desaparecimento da magnífica

frota poveira dos lanchões, que chegou a atingir 52 barcos [1906?] ao mar na caça da pescada, com

25 a 30 homens em cada lancha, e que no ano de 1931, se encontrava reduzida a 3!81

As traineiras e os cercos fizeram o resto em relação aos sardinheiros, “miudagem de barcos

que com os seus 400 latinos povoavam e enchiam o mar de alegria, salpicando-o de pontinhos

brancos, semelhando gaivotas [1906?].”82

A infrutífera iniciativa de modernização das artes pesqueiras usadas pelos pescadores locais

foi, mais tarde, apoiada pela Marítima – associação da classe dos pescadores, fundada em 1906.

Apesar da relutância dos pescadores substituírem os tradicionais métodos de trabalho, a sua

mentalidade foi mudando, influenciados pelos colegas que regressaram do Brasil e dos que

trabalhavam em Matosinhos, e tiveram contacto com outras realidades.

Para melhor compreendermos o modo de funcionamento das pescas no concelho da Póvoa de

Varzim, consultamos o Inquérito sobre a Pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890,

realizado pelo Ministério da Marinha, onde temos uma perspectiva geral de todo esta comunidade

piscatória. O presente inquérito pretendia responder a um conjunto de questões previamente

elaboradas, e toca, efectivamente, os indicadores relacionadas com a actividade da pesca em

Portugal: Portos, Duração do Trabalho, Pessoal, Material de Pesca e de Apanha de Plantas

Marinhas, Estabelecimentos Diversos, Produção e Situação.

Foi elaborada legislação para efectuar este inquérito que se denominava de Collecção de Leis

Sobre a Pesca (26 de Junho de 1890) – Decreto Approvando as instrucções para o Inquérito sobre

o estado, condições e necessidades das industrias da pesca, da apanha de plantas marinhas e da

exploração de salinas ode apontava regras para a sua elaboração. O artigo 2.º referia que “em cada

circumscripção haverá um delegado do conselho superior do commercio e industria; […] Estes

delegados serão nomeados pelo governo, sob proposta do referido conselho, podendo a escolha

recair em membros d’este ou em outras pessoas de reconhecida competência. […] No Artigo 4.º

dizia que “por occasião d’estas visitas deverão ouvir e notar as reclamações verbaes que lhes

forem apresentadas por corporações, sociedades ou individuos interessados n’essas industrias, farão

escrever os depoimentos d’aquelles que assim o desejarem e receberam quaesquer notas,

informações ou memorias escriptas que possam servir de subsidio aos trabalhos do inquerito. […] O

Artigo 9.º referia que “Os governadores civis e administradores do concelho; os administradores de

80 GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes, tradições. p. 184. 81 GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes, tradições… p.184. 82 GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes, tradições…, p. 185.

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círculos aduaneiros, chefes de delegação da alfandega, e encarregados dos postos fiscaes; os chefes

de departamentos maritimos, capitães de portos e seus delegados; a guarda fiscal e a esquadrilha de

fiscalisação das alfandegas; darão aos delegados do conselho superior do comercio e industria toda

a coadjuvação e auxilio de que elles carecerem e fornecer-lhes-hão, com a maxima brevidade, sem

dependencia de auctorisação especial, todos os esclarecimentos e informações que elles reclamarem

com respeito aos assumptos sobre que versa o inquerito.”83

Segundo Luís Martins há uma evolução positiva nestes inquéritos quando se compara às

abordagens antecedentes, o que se deveu, à organização mais cuidada e à participação de «homens

ilustrados» na aplicação do método directo. “Estes deslocavam-se aos estabelecimentos, ouviam as

declarações, «arquivando esclarecimentos, recolhendo números, investigando com mais ou menos

minuciosidade… e consignando todos os factos». Neste inquérito, a pesquisa indirecta, entregue ao

«arbítrio dos industriais e dependentes da sua boa ou má vontade, da sua ilustração ou ignorância»,

revelou as lacunas habituais.”84

4.3. A costa e os “portos” – condições geográficas e infra-estruturas de apoio

Segundo o Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890, no

concelho da Póvoa de Varzim em 1890 são diversos os “Portos” de abrigo que, em caso de

necessidade, os pescadores procuravam, a saber: Estela, Aguçadoura, Aver-o-mar e Póvoa de

Varzim. Quando o mau tempo os surpreendia, estando na actividade da pesca a poucas milhas de

distância da costa, tentavam sempre recolher às suas praias.85 O porto da Póvoa de Varzim “dá-lhes

boa entrada, mesmo quando o mar não esteja tranquillo, especialmente no local conhecido pelo

nome de praia das Cachinas, que é considerado como bom varadouro em meia maré.”86

Os pescadores do alto mar, que eram só os que pertenciam à vila da Póvoa de Varzim,

conforme a altura do ano, em que se encontravam, escolhiam abrigo em Vigo, em La Guardia,

Leixões ou Buarcos. Não procuravam Cavalos de Fão, pois estes não lhes conheciam as marcas (

siglas dos poveiros), e de todos os abrigos preferiam o de Leixões.

Na vila da Póvoa encontrava-se uma estação com dois barcos salva-vidas, pertencentes ao

estado, o primeiro encontrando-se lá há cerca de vinte e cinco anos [desde 1865]. 83 Collecção de Leis Sobre a Pesca (26 de Junho de 1890) – Decreto Approvando as instrucções para o Inquérito sobre o estado, condições e necessidades das industrias da pesca, da apanha de plantas marinhas e da exploração de salinas. Lisboa: Imprensa Nacional, 1890, pp. 228-229. 84 MARTINS, Luís – Relatório sobre a situação da pesca da sardinha na Póvoa de Varzim – 1904 – Almirante Vicente Coutinho de Almeida D’ Eça. In Boletim Cultural da Póvoa de Varzim. Vol. XL, Póvoa de Varzim, 2005-2006, pp. 44-45. 85 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890. Lisboa: Imprensa Nacional, 1890, p. 107. 86 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 107.

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O serviço de socorros a náufragos era administrado pela comissão inspectora dos salva-vidas,

cuja sede era na cidade do Porto, dispondo de um subsídio anual de 1000$000 réis, fornecido pela

Associação Comercial do Porto, para custear o serviço na Póvoa e Foz do Douro.

Estes barcos eram entregues a um patrão marítimo muito hábil da localidade, ao qual a

comissão pagava a jorna de 360 réis. Qualquer uma das embarcações carecia de doze remadores e

um “proeiro”, sendo estes pagos pelo cofre da Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção,87

mais conhecida por Nossa Senhora da Lapa. Eram pagos conforme o número de horas de serviço no

mar. Um dos barcos salva-vidas era não só utilizado no socorro a náufragos, como também para

prevenção, sempre que o patrão julgasse conveniente. A Irmandade de Nossa Senhora da Lapa por

vezes adiava o pagamento aos remadores, o que tornava difícil arranjar pessoas para tripular as

embarcações salva-vidas, sendo por vezes necessária a intervenção enérgica da autoridade

marítima.

4.3.1. Más condições de acostagem e segurança

Não existia nenhum porta-amarras88 no concelho da Póvoa de Varzim, “nem tão pouco se faz

n’ele uso de signaes de mau tempo. Encontram-se na villa da Povoa dois pharoes em serviço um

dos quaes collocado na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, branco, fixo e tem um alcance de

aproximadamente quinze milhas, em noites claras; e o outro de içar em mastro collocado na praia

perto da mesma igreja é fixo, verde e tem um alcance não inferior a três milhas.”89 Estes faróis

definiam a direcção da entrada a que os pescadores chamavam a barra e foram adquiridos pela

Irmandade da Lapa.

87 A Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção da Póvoa de Varzim tem a sua origem na Confraria da Senhora da Lapa. Esta era antigamente denominada por Confraria da Senhora da Lapa, Amparo dos Homes do Mar em 1760. Martins da Costa – Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim: s.e., s.d., p. 153. 88 Cabo, corda ou corrente com que se prende barcos ou navios; calabre ou corrente que prende o navio à âncora, à bóia, etc. 89 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 107.

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4.3.2. Duração do trabalho

Quadro 2 – Avaliação do Tempo de Trabalho da Comunidade Piscatória Poveira

Fonte: Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890. In Inês Amorim – A Organização do trabalho da pesca…, p. 128.

O capítulo II do Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890,

refere-se à “Duração do trabalho”. Os pescadores da vila da Póvoa, como se pode verificar no

quadro 2, concorriam durante quase todo o ano à pesca da pescada e de outros peixes que lhes

chegavam às redes, embora estas redes eram particularmente destinadas à pesca da pescada. No

entanto, havia outras espécies, como a azevia, o cação, o chicharro, a melga, o gouraz e papoula, o

gato, e o sant’antonio. A época de maior actividade era a de Fevereiro a Julho, a qual, na quadra de

maior assiduidade na pesca da sardinha, diminuía consideravelmente o número dos pescadores que

concorria à pescada.90 Quanto à pesca da pescada, eram frequentes os casos de se fazerem os

pescadores ao mar entre a meia-noite e o alvorecer, e do regresso se efectuar entre o meio-dia e o

escurecer; pode-se, sem exagero, supor a média diária de dez horas de trabalho que, para muitos, era

repetida dia sim, dia não, em ocasiões normais, e todos os dias quando a pescaria abundava, isto

durante todo o ano, excepto nas ocasiões de mau estado no mar. No entanto, a maior parte dos

pescadores limitava-se a ter tal assiduidade apenas no tempo que não era da “matança” da sardinha,

entre uns e outros só se encontrava um pequeno número que guardavam os dias santos. A média

90 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 108.

Meses

Jane

iro

Feve

reir

o

Mar

ço

Abr

il

Mai

o

Junh

o

Julh

o

Ago

sto

Sete

mbr

o

Out

ubro

Nov

embr

o

Dez

embr

o N.º

horas

/ dia

N.º

dias

/

ano

Homens

Rapazes

maiores

de 12

anos

Pescada 10 240 1253 241

Sardinha 15 150 2000 406

Diversos linhas rascas espinheis tresmalhos linhas 6 150 1173 232

Lagosta 8 90 783 232

Pilado 260

Polvo 3 120

Moluscos 2 150

Plantas

Marinhas

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anual de trabalho dos pescadores ao serviço da pesca poder-se-ia contabilizar em duzentos e

quarenta dias aproximadamente.

“Á sardinha tambem concorrem sempre que ella apparece, e portanto no decurso de todo o

anno, mas a grande assiduidade desenvolve-se de 2 de novembro a 2 de fevereiro, epocha que

denominam janeiro ou da matança da sardinha, e na qual se emprega n’esta classe de pesca o

quíntuplo das embarcações que a exercem no resto do anno.”91

A pesca da sardinha, conhecida como o Janeiro, era a mais importante pelo número de braços

que empregava. Igualmente ocupava os pescadores no mar durante um número de horas

excessivamente variável, como se pode verificar no quadro 2, podia chegar às 15 horas/dia; por ser

exercida, para lá da costa, na larga zona compreendida entre o mar que banha a costa Oeste da

Galiza, e ao sul a praia da Vieira.

A pesca de peixe diverso, com redes especiais e aparelhos de anzol, ocupava aos pescadores

da Póvoa a média de seis horas por dia.

O serviço de pesca feito pelos pescadores-lavradores dos outros portos do concelho era

“menos aturado do que o dos Poveiros, devendo por isto ser diminuída a média indicada, quando se

queira referi-la aos portos collocados ao norte da villa da Povoa.”92

Os pescadores-lavradores da Aguçadoura e de Aver-o-mar, como curiosos que são na

indústria da pesca, não sabiam consertar redes; limitavam-se, assim, os da Aguçadoura a saber

“encascal-as, isto é, tingi-las com infusão de casca de salgueiro; por isto quando as redes do pilado,

únicas que empregam, carecem de beneficiação, encarregam de tal serviço mulheres da villa da

Povoa, mediante o pagamento de determinada quantia.”93 Eram também as mulheres e raparigas

menores de doze anos que fiavam o linho e faziam as redes, sendo os rapazes menores desta idade

aproveitados para o serviço de aparar a cortiça, precisa para o acabamento de tais aprestos.

Em regra, em casa de pescadores necessitava-se do serviço de duas mulheres, uma para a

venda do peixe e outra para começar o tratamento das redes logo que elas são desembarcadas.

91 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 108. 92 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 108. 93 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 109.

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4.3.3. Pessoal Quadro 3 – Comunidade Piscatória Poveira no Ano de 1889

Fonte: Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890. In Inês Amorim – A Organização do trabalho da pesca…, p. 128.

* Inclui 810 habitantes do lugar de Caxinas da vizinha Vila do Conde.

** Segundo os dados do cadastro de 1889.

Sexo Maiores de 16 Entre 12 e 16 anos

Menores de 12 anos

Total de pescadores

Total da população

Masculino 2066 406 828 3300 6185

Feminino 2131 297 608 3036 6792

Total 4197 703 1436 6336* 12977**

A população piscatória da vila da Póvoa de Varzim, no ano de 1890, como se pode verificar

no quadro 3, era constituída, aproximadamente, por 2066 indivíduos do sexo masculino maiores de

16 anos, 406 entre os 12 e 16 anos, 828 menores de 12 anos, 2131 mulheres maiores de 16 anos,

297 entre os 12 e os 16 anos, e 608 raparigas menores de 12 anos. Havia um total de 6336

habitantes, no qual se inclui 810 pescadores dos lugares da Poça da Barca e Caxinas, os quais

pertenciam administrativamente ao Concelho de Vila do Conde, mas que, encontravam-se ligados

aos hábitos e relações do Concelho da Póvoa. “Foram estes dados estatísticos extrahidos do

cadastro dos parochianos da freguezia de Nossa Senhora da Conceição da villa da Povoa, e de

informações prestadas por um velho pescador que, estando agora ao serviço da parochia, foi auxiliar

de grande valia por se achar ao facto das profissões de todos parochianos, e portanto poder

preencher a lacuna que a tal respeito contém o respectivo cadastro.”94

Quadro 4 – Comunidade Poveira no Ano de 1889

N.º de Fogos Indivíduos do

Sexo masculino

Indivíduos do Sexo Feminino

Indivíduos Menores

Indivíduos Maiores Total de Indivíduos

3390 6185 6792 4057 8920 12977

Fonte: Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890. In Inês Amorim – A Organização do trabalho da pesca…, p. 128.

94 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 110.

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33

Quadro 5 – Comunidade Poveira no Ano de 1886

N.º de Fogos Indivíduos do

Sexo masculino

Indivíduos do Sexo Feminino

Indivíduos Menores

Indivíduos Maiores Total de Indivíduos

- 6700 6400 1400 13100 14500

Fonte: Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890. In Inês Amorim – A Organização do trabalho da pesca…p. 128.

Diz o mesmo inquérito, e assim como podemos verificar no quadro 4, que havia na vila da

Póvoa de Varzim, no ano de 1889, 3390 fogos eclesiásticos, 6185 pessoas do sexo masculino, 6792

do sexo feminino, e portanto o total de 12977 indivíduos, dos quais 8920 são maiores e 4057 são

menores. Estes elementos, que, sem dúvida, são aqueles em que se pode depositar maior confiança,

tornam visível o pouco rigor da estatística que se encontra na página “440 do annuario estatístico de

Portugal, 1886, a qual diz ser a classe piscatória da Povoa composta de 6700 homens, 6400

mulheres e 1400 menores, isto é, a somma de 14500 individuos bastante superior ao total da

população da mesma villa em 1889”95, como se pode verificar, de novo, no quadro 5.

Gravura alusiva ao trabalho das mulheres dentro da Comunidade Piscatória Fonte: Júlio António Borges – Paisagem Poveira. Póvoa de Varzim: Editora CMPV, 2003.

95 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 110.

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34

Deve notar-se que as mulheres e os menores de 12 anos não iam ao mar; eram apenas

auxiliares, ainda que importantes na indústria da pesca, cabendo-lhes o serviço da venda do peixe e

beneficiação de redes e o de varar na praia as embarcações logo que voltavam da pesca. Aos

rapazes cumpria ajudar em todos os serviços compatíveis com a sua idade, e especialmente o de

chamar as mulheres para a beira do mar quando se aproximavam as embarcações, o de chamar os

companheiros um pouco antes da hora da partida, entre outros. O universo feminino ligado à família

de pescador representa quase 45% da população total. O relatório especifica as funções que lhe era

próprio no complemento do trabalho masculino, juntamente com os menores de 12 anos masculinos

que não iam ao mar, que consistia na beneficiação das redes (fabricá-las e preservá-las).

As pessoas ocupavam-se da apanha de polvo e moluscos, quando não tinham que fazer no mar

ou não podiam ir exercer a pesca embarcado, isto é, pesca em alto mar. Ocupavam-se assim nesta

classe de pesca, e a colheita de moluscos é também feita por quantidade variável de filhas e

mulheres de pescadores, as quais, ora umas ora outras, concorriam especialmente à apanha do

mexilhão.

Todos os pescadores do concelho trabalhavam a quinhões96 em todas as classes de pesca,

dando-se, como excepção, o caso de uns 8 homens da Aguçadoura servirem na pesca do pilado às

vezes, por salário que era de 500 réis, e na Póvoa o caso de um número variável, mas nunca grande,

de pescadores a trabalhar na pesca da pescada, mediante o salário de 500 reis por viagem. Os

Poveiros não se prestavam habitualmente a tal sistema de remuneração. Só o adoptam por falta de

redes, ou quando não lhes convinha o contrato de redes meeiras,97 ou ainda porque não podiam

trabalhar a quinhões.98

Para a pesca da pescada, os pescadores da vila da Póvoa agrupavam-se em companhas de 15 a

26 indivíduos, sendo o número de companheiros e a tonelagem da embarcação dependente da

quantidade de gente disponível. Habitualmente, no tempo da captura da sardinha, as poucas

companhas que continuavam na pesca da pescada ainda eram reduzidas, porque então faziam o que

chamavam enviadas, isto é, a tripulação normal da lancha é dividida em duas partes ou três partes

iguais, segundo o número de homens de que se compunha, destacando uma ou outra embarcação

para a pesca da sardinha, e continuando as restantes na da pescada em batéis. Aos sábados eram

rendidos os turnos dos que andavam à sardinha.99

96 1 quinhão correspondia a meia rede de sardinha; que era a parte que pertencia aos pescadores. In GRAÇA, António

dos Santos – O poveiro – usos, costumes…, p. 125. 97 Pescador que leva redes a ganho, isto é, aquando do falecimento ou doença de um pescador, os pescadores da sua companha levavam a sua rede ao mar, e desta pescaria retiravam uma percentagem (quinhão) do pescado e davam-no à sua esposa. 98 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, pp. 110-111. 99 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 111.

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Para a pesca da sardinha, os poveiros formavam companhas de 5 a 15 pescadores, conforme a

tonelagem da embarcação de que dispunham. Em geral os donos dos barcos eram os mestres, que

concorriam com duas redes por si e duas pelo barco, concorrendo cada companheiro também com

duas redes, e moços com uma. Sendo a embarcação grande e a tripulação diminuta duplicavam o

número de redes.100

Muitas vezes o dono e mestre ainda possuía outras embarcações que ficavam encalhadas na

praia; então assiste-lhes o direito, “de que em regra usam, de levar mais duas redes por conta de um

dos seus barcos encalhados. Igualmente acontece a miudo qualquer viúva, sem filhos varões e

maiores, pedir para concorrer com um numero de redes igual ao de um companheiro, o que lhe é

permittido.”101

A safra da sardinha começava no mês dos Santos, em Novembro, e acabava sempre na

Senhora da Guia, em Janeiro. Era um costume antiquíssimo, de forma que, desde Fevereiro até

Outubro, tudo ia nos lanchões à “Pescada, à sardinha ou outras” 102 nas lanchas, às rascas, à linha,

e outros sistemas, a pescaria da Póvoa era riquíssima de mares, onde encontravam bancos piscósos

de saborosas e apreciáveis espécies.103

Logo que chegava à praia a sardinha era vendida, a regatões e regateiras, que pagavam ou a

pronto ou a prazo, sendo o produto arrecadado pelo mestre, o qual apenas fazia as contas e a

partilha dos quinhões ao fim de duas ou três semanas. A partilha de quinhões era feita da seguinte

maneira: “1 e um quarto para o mestre, 1 para cada companheiro, meio para cada moço que foi ao

mar, 1 para o barco que serviu, 1 para aquelle que ficou encalhado, um quarto para a irmandade de

Nossa Senhora da Assumpção, e havendo redes de pessoa ausentes, meio para essa pessoa e meio

para beber.”104

Na pesca da sardinha era muito frequente o uso de redes meeiras, ou seja, pertencentes a

mulheres que não tinham homens na família forneciam redes a pescadores que as não tinham.

Assim, aquelas comprometiam-se a dar comida ao pescador quando este saísse para o mar, e a

farda, isto é, o tecido para o fato de pesca ou então 6$000 réis para a compra do tecido. Em

contrapartida, a mulher recebia metade do quinhão que cabia ao pescador que levava as suas redes.

Estas contas eram normalmente feitas no final da “matança” da sardinha.105

No que se refere à captura de peixe diverso com as redes “rascas do limpo”106, as campanhas

variam de 8 a 12 pessoas, consoante as dimensões das embarcações empregadas. “Cada 100 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 112. 101 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas …, p. 112. 102 Pescada passou a ser o nome do mar que anteriormente era chamado mar da Cartola pelos pescadores poveiros, sendo este o mar onde se efectuava a safra da sardinha. 103 LANDOLT, Candido – Folk=Lore Varzino Costumes e Tradições Populares…, p. 108. 104 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 112. 105 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, pp. 112-113. 106 Empregadas principalmente de Fevereiro a Maio para a pesca de peixe diverso, como raias, lagostas, rodovalhos, etc.

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companheiro pesca com 4 redes, moços com 2, quer vão ao mar ou não, barco, que em geral

pertence ao mestre, com 4, e também com 4 algum outro barco que fique varado na praia e pertença

ao mesmo dono. Ordinariamente cada qual colhe a pescaria das suas redes, e o mestre das suas e

d’aquellas que pescam para os barcos, mas, quando o estado do tempo não é bom, passam a pescar

de campanha, arrecadando o mestre o producto da venda do peixe emmalhado em toda a caça. A

partilha é feita, sem praso determinado, em quinhões iguaes assim distibuidos: 1 para o mestre e

para cada companheiro, meio para cada moço, 1 para a embarcação que foi ao mar, e 1 outro para a

que houver ficado encalhada.”107

A pesca da lagosta é feita com as redes de rasca de pedra108 e as companhas são compostas

por quatro a seis indivíduos. Normalmente a lagosta era vendida aos navios franceses fundeados na

costa dos distritos de Viana do Castelo e Braga.

Relativamente ao emprego de “espinhel”109, os pescadores distribuíam-se em grupos de 5 a 8

pessoas, a maioria eram idosos e rapazes com menos de 12 anos.

No que se refere ao emprego de linhas de pesca, eram feitas companhas de três a sete

indivíduos, dividindo o lucro em quinhões iguais, geralmente aos sábados. As linhas de pesca

dividiam-se em dois tipos, as linhas destinadas à captura de peixe graúdo e as linhas destinadas à

captura de peixe miúdo. Com as linhas de peixe graúdo trabalhavam companhas de quatro ou cinco

indivíduos, e com as linhas de peixe miúdo trabalham companhas de dois a quatro indivíduos.

Em relação às condições de habitação da comunidade piscatória, tal como afirmaram os

habitantes das localidades da Póvoa de Varzim, eram poucos os pescadores que não tinham casa

própria. No entanto, as dimensões e as condições sanitárias não eram as melhores, isto devido ao

custo muito alto das mesmas. Na vila da Póvoa de Varzim, a população piscatória residia em casas

de alvenaria, especialmente nas ruas do Ramalhão e Ferreiros, o número deste tipo de casas no ano

de 1890 aproximava-se das 1590.

4.3.4. A Assistência ao poveiro

Neste Sub-capítulo, faz-se referência aos pescadores da Póvoa de Varzim como membros da

Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção, com estatutos aprovados em alvará de 21 de

Fevereiro de 1791, época em que substitui a Confraria de Nossa Senhora da Lapa, amparo dos

homens do Mar, fundada em 1761. Segundo o Inquérito as principais disposições do seu

107 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 113. 108 Idênticas às redes rascas do limpo. 109 Empregados especialmente de Maio a Agosto para a pesca de peixe diverso.

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regulamento, que tem por título Estatutos de compromisso da irmandade da corporação dos

pescadores d’esta villa da Povoa de Varzim, baseiam-se basicamente nos deveres e obrigações que

têm os pescadores e a Irmandade. Assim destacamos o capítulo que consideramos de maior

relevância: “Capitulo I – Para ser admitido como irmão é necessário ser actual pescador, de bons

costumes, e maior de 14 annos; ter domicilio na villa e freguezia, ou, ao menos, nos logares

contíguos a ella; ter exercido a pescaria na villa por espaço de 4 annos contínuos, e immediatamente

anteriores á data da acceitação. […]; Capitulo II – Todos os irmãos […] são obrigados a concorrer

com o seu trabalho de ajudarem uns aos outros a levar e trazer ao mar uma rede, que será da

irmandade, e deve trazer cada embarcação que usar a malha, sendo a metade do seu producto e

rendimento annual para o fundo de administração da irmandade, […] É muito recomendado aos

irmãos que tratem com zêlo a referida rede, […] Estando desimpedidos são obrigados a assistir à

festa principal da irmandade, e às mais para que forem convidados pela mesa; […]; Capitulo III –

Haverá 5 irmãos protectores e 15 zeladores, numero que nunca se poderá augmentar, e estará

sempre completo. Um dos irmão protectores será sempre o doutor desembargador corregedor e

provedor da comarca do Porto, ou que o substituir; outro será uma pessoa de qualificada nobreza, e

os tres restantes pessoas da villa, devendo todas reunir as qualidades de prudência e respeito, e

distinctas quer pelo seu estado, quer pela sua capacidade e letras; […] Os irmãos zeladores serão

pessoas da terra, com intelligencia e zelo, abonadas, de bons costumes, prudentes, e, podendo ser,

desoccupadas; […] Saberão bem ler, escrever e contar, e não deveram ter interesses oppostos aos da

irmandade. Capitulo IV – Será despedido e riscado de irmão aquelle que com temerário arrojo se

oppozer a trazer, na embarcação em que andar, a rede da irmandade, ou aconselhar aos mais que

não a tragam, nem para ella trabalhem, e, sendo por tres vezes admoestado que desista da sua

opposição e contumácia, o não fizer. Aquelle que, ainda que traga na sua embarcação a rede da

irmandade, a tratar tão mal que não possa pescar, ou seja costumado a tirar-lhe o peixe sem dar

conta fiel d’elle ou do seu producto, e, sendo pela mesa tres vezes admoestado, não deixar o seu

mau costume. […] Todo aquelle que commeter excesso notável em descrédito da irmandade, e

também aquelle que se verificar que foi admitido como irmão com informações enganosas. Capitulo

XIII – As pessoas a quem esta irmandade há de soccorrer com esmolas, hão de ser pobres e

necessitados d’esta pescaria, principalmente sendo irmãos d’ella, suas mulheres, e viúvas e seus

filhos, ou que concorram para a rede da irmandade, porque estas taes preferirão às mais. […] As

orphãs a quem esta irmandade deve dotar serão filhas de pescadores, principalmente irmãos d’esta

irmandade, ou que tivessem concorrido com o seu trabalho para a rede da irmandade; […]; Capitulo

XIV – A mesa d’esta irmandade será prompta e solicita em proteger o commum da pescaria; e por

isso, por meio de seus irmãos protectores e zeladores, e com os irmãos procuradores, será obrigada

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a defender aos homens do mar irmãos d’esta irmandade, e que concorrem para a rede d’ella,

[…]”110

Segundo os estatutos da Confraria de Nossa Senhora da Lapa, amparo dos homens do Mar,

de 1761 “ só nela podiam ingressar, como Irmãos, Mestres de Lanchas, Bateis ou embarcações, e

seus Companheiros e Marinheiros da Arte da Pescaria […], os seus Irmãos tomavam o

compromisso de para ela concorrer, anualmente, com o produto de ½ Rede ou Salamona, designada

da Senhora, fosse de Lancha, Batel ou outra embarcação.”111

4.3.5. Material de pesca e de apanha de plantas marinhas Quadro 6 – Material de Pesca

Tipo de embarcação Aplicação Compri-

mento

Carga máxima

(Kg) Remos Tripulan-

tes Valor/réis Duração/ano

Número de

embarca-ções

Lanchas do alto abertas

(lancha)

Pesca da pescada 13 12.500 14 15 a 26 300$000 4 52

Lanchas do alto abertas

(batel)

Pesca da pescada/sardin

ha/diverso 10,2 7.500 <12 8 a 16 205$000 4 a 5 99

Catraias grandes

Pesca da sardinha 9,5 6.500 10 7 a 15 130$000 7 a 8 71

Catraias pequenas

Pesca da sardinha/divers

o/ lagosta/pilado

6 2.000 8 4 a 11 50$000 10 203

Barcos ou caiques

Pesca à linha/lagosta 4,1 600 4 a 6 1 a 4 20$000 10 104

Barcos de fundo chato

Pesca à linha/plantas 3,9 700 2 1 a 2 10$000 variável ?

Maceiras Pesca à linha 5$000 4

Fonte: Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano de 1890. In Inês Amorim – A Organização do trabalho da pesca…, p. 128.

110 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, pp. 115-117. 111 COSTA, Martins – Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção…, p.159.

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Utensílios de pesca

Fonte: Júlio António Boges – Paisagem Poveira. Póvoa de Varzim: Editora CMPV, 2003.

O capítulo IV deste Inquérito faz referência ao “Material de pesca e de apanha de plantas

marinhas”, afirmando que este era muito variado, como podemos também constatar pelo quadro

n.º6.

Relativamente às embarcações, existiam na Póvoa de Varzim 8 tipos: as Lanchas do alto

abertas,112 (são de dois tipos, lancha, as maiores, batel, as menores); os Barcos do alto abertos,

estes constituídos pelas Catraias grandes,113 pelas Catraias pequenas,114 pelos Barcos ou

Cahiques,115 pelos Barcos de fundo chato,116 pelas Macieiras117 e pelas Jangadas.118

No que respeita às redes e aprestos, também eram compostos por um número variado, das

quais este Inquérito destaca: as redes do pilado,119 as redes da pescada,120 as redes da sardinha,121

112 São guarnecidas com uma coxia para mastro, seis bancadas para remadores, e uma a ré, a que chamam o caixão do mestre, para este governar. Saem munidas com dois lemes: um maior para a navegação no alto, e outro de menor altura para calarem quando demandam a passagem por entre os cachopos que orlam a praia da Póvoa. 113 Usadas pelos poveiros, principalmente pela exploração da sardinha, com forma igual à das lanchas. 114 São usadas na pesca da sardinha, peixe diverso, lagosta e pilado. 115 Não muito diferentes das lanchas e catraias, são normalmente utilizadas para a pesca à linha, e por vezes para a da lagosta. 116 Usadas na Aguçadoura para a pesca à linha e corte de plantas marinhas, são ali denominados botes. 117 Empregada na vila da Póvoa para a pesca à linha e para o corte do sargaço. 118 São feitas e encontram-se unicamente em Aver-o-mar, e servem para a exploração de plantas marinhas. 119 Dizem os pescadores que a duração destas redes é muito variável; se a época é farta são necessárias duas redes, se pelo contrário a época for fraca apenas é necessária uma rede. 120 São empregadas por campanhas de 15 a 26 pescadores, em longas caças que ficam fundeadas nos mares a noroeste e sudeste da Póvoa até a profundidade de 250 metros e distância máxima de 30 milhas da costa. Este tipo de rede tem uma duração média de oito dias.

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40

as rascas do limpo,122 as rascas da pedra ou da lagosta,123 o tresmalho,124 os espinheis,125 as linhas

de pesca,126 os bicheiros ou bucheiros127 a as foicinhas e foicinhões.128

De acordo com este Inquérito encontravam-se na praia da Aguçadoura 44 barcos do alto

abertos, empregados na Pesca do pilado e exploração de plantas, contudo, apenas cerca de 8 eram

usados com maior assiduidade na pesca de peixe diverso à linha. Também nesta praia se encontram

10 barcos de fundo chato, ou seja, botes utilizados no corte do sargaço.

Em Aver-o-mar existia 95 catraias pequenas, utilizadas na pesca de peixe diverso à linha, na

do pilado e na exploração de plantas. Também nesta praia se encontram 5 barcos pequenos, os

chamados cahiques, usados na captura da faneca e na colheita de plantas.

Conforme uma contagem efectuada directamente junto das embarcações encalhadas na praia,

devido ao mau tempo, chegou-se ao número aproximado de 533 embarcações existentes na Póvoa

de Varzim. Estas embarcações eram constituídas por 52 lanchas, 99 batéis, 71 catraias grandes, 203

catraias pequenas, 104 barcos ou cahiques e 4 maceiras.129

Relativamente às classes de pesca, as embarcações dividiam-se da seguinte forma: “para

pescada 52 lanchas e 60 bateis; para sardinha 39 bateis e todas as catraias tanto grandes como

pequenas; para peixe diverso, com redes especiaes e linhas, 39 bateis, todas as catraias grandes,

cerca de 50 catraias pequenas, e todos os barcos e maceiras; para lagosta perto de 150 catraias

pequenas e 50 barcos; para pilado 60 catraias pequenas; e finalmente para o corte de plantas

marinhas as maceiras e um numero muito variável das outras embarcações, entre as quaes

abundama as catraias pequenas em quantidade que, só com pequena approximação, se póde

computar em 100.”130

121 A caça desta rede pesca a meios fundos ou à altura que o pescador julga andar a sardinha. São redes manobradas por campanhas de 4 a 16 pescadores e normalmente são substituídas para beneficiação de 6 em 6, ou de 8 em 8, dias de pesca, conseguindo assim que tenham uma durabilidade média de 7 anos. 122 Empregadas principalmente de Fevereiro a Maio para a pesca de peixe diverso como o cação, a raia, o rodovalho, entre outros. São usadas por campanhas de 7 a 16 pescadores, em caças que ficam assentes em posição vertical, em fundos de areia, e profundidade não excedente a 100 metros. 123 Estas são usadas por campanhas de 4 a 6 pescadores, em caças que ficam verticalmente assentes em fundos de pedras, e altura de água não superior a 50 metros, sendo geralmente substituídas ao fim de 9 ou 10 dias de trabalho. 124 Redes de três malhas paralelas, sendo as duas faces maiores e de igual tamanho. Destina-se exclusivamente à chamada pesca de peixe branco, como robalos, tainhas, etc. São usadas por campanhas de 2 ou 3 homens, especialmente durante Agosto e Setembro. Duram, em média, 3 ou 4 anos. 125 A pesca do espinhel era feita pelos poveiros de Maio a Agosto, para a pesca de peixe diverso, por campanhas de 5 a 8 pescadores. É uma corda muito comprida, sem grossura determinada, onde o pescador coloca os anzóis mais variados para toda a espécie de peixe, iscando-os de harmonia com o que espera caçar em cada um. 126 São usadas por campanhas de 3 a 5 indivíduos e pescam em profundidade. 127 São usados para a apanha de polvo nas fragas da costa. 128 São usados para o corte de sargaço e são iguais aos utensílios do mesmo nome empregados no serviço da lavoura. 129 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 123. 130 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 123.

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41

Conclui-se que, de acordo com o Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no

ano de 1890, para o concelho da Póvoa de Varzim, existiam na totalidade 687 embarcações no ano

de 1889.

4.3.6. “Estabelecimentos diversos”

Segundo o Inquérito “não há viveiros de especie alguma no concelho. Existem na villa da

Póvoa de Varzim 41 armazéns para a salga de sardinha e extracção de oleo, o maior dos quaes

occupa uma superfície de 450 metros quadrados, e o menor de 20 metros quadrados. A área

occupada por todos é de, approximadamente, 4:309 metros quandrados. Emprega cada armazem

permanente um numero de creadas que é de 6, em média, nas occasiões normaes, mas nas epochas

de grande fartura de sardinha admittem auxiliares, cujo numero por armazém varia entre 10 e

30.”131

Quadro 7 – Produção das Pescarias

Fonte: Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas …, p. 124.

Ano de 1889 Praia da Aguçadoura Praia de Aver-o-Mar Praia da Póvoa de Varzim

Quantidade de Pescado

39 quilos de peixe diverso

12.179 quilos de peixe diverso

9.891.400 quilos de peixe diverso

Valor do pescado 1$980 réis 608$980 réis 49.457$040 réis

Ainda relativamente a este capítulo “Estabelecimentos diversos”, na Póvoa de Varzim, no que

se refere aos resultados da exploração da indústria da pesca, concluiu o inquérito que durante a

época da safra da sardinha o preço desta diminui e, em contrapartida, nos meses em que esta

escasseia, o preço aumenta beneficiando os pescadores.132

131 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 124. 132 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, pp. 124-125.

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42

4.3.7. “Produção” das pescarias

Segundo os dados estatísticos referidos no capítulo VI, do Inquérito relativos à “Produção”,

durante o ano de 1889 e como podemos verificar no quadro n.º 7 foi na praia da Póvoa de Varzim

que houve mais captura de peixe, sendo os os valores apurados de 9.891.400 quilos de peixe

diverso, no valor de 49.457$040 réis, 39.135 milheiros de sardinha, no valor de 39.135$940 réis e

3.429.993 quilos de marisco, no valor de 10.289$780 réis. Existe uma chamada de atenção para a

quantidade de sardinha desembarcada, no porto de Aver-o-Mar, visto que os pescadores desta

localidade não se empregavam na pesca deste tipo de pescado, mas sim os pescadores da Vila da

Póvoa.

O modelo oficial número 8, referido no artigo 7.º das instruções de 10 Junho de 1884 da

antiga direcção geral das alfândegas, indicam apenas um imposto cobrado e o valor que sobre esse

imposto recaía, em relação somente ao marisco, à sardinha e a peixe não especificado.

Afirma o inquiridor com efeito, que, com os dados que dispõe, somente pôde organizar a nota

do pescado relativamente ao marisco, à sardinha e ao peixe não especificado, colhido no ano de

1899. Nos diferentes postos fiscais da dependência directa desta alfândega, foram realizados os

mapas existentes na repartição de contabilidade, correspondentes aos postos fiscais do imposto

cobrado. E acrescenta, desta forma, a quantidade do pescado correspondente aos valores declarados,

que foi calculada em face de informações obtidas junto de diversas pessoas, à razão de 3$000 réis

por 1000 quilos de marisco; 1$000 por milheiro de sardinha e 5$000 réis por 1000 quilos de peixe

diverso estes sim os preços de mercado nos locais de desembarque das pescarias.133

O inquiridor conclui dizendo “que não concordo com as rasões apontadas, discordância

baseada no conhecimento que, no decurso da commissão, adquiri dos diversos processos de

escripturação fiscal. Julgo que, embora fosse trabalho árduo e moroso, seria possível obter o

numero de pescadas, e ainda de peixes de algumas outras espécies, apresentadas a despacho pelos

pescadores da Povoa no anno de 1889, porquanto, sendo ordinariamente cobrado em especie o

imposto n’aquella praia, o livro a que nos postos chamam livro de leilão, de certo mencionaria por

espécies e unidades o peixe dizimado, dando portanto a simples multiplicação d’estas por vinte o

total da pescaria colhida. Creio também que, embora com mais árduo e demorado trabalho, seria

possível obter numero muito aproximado da sardinha capturada, por processo quanto possível

rigoroso, o qual consistiria no exame minucioso das cadernetas, designadas officialmente por

133 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, pp. 124-125.

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cadernetas das praças, nas quaes esta dia a dia lançada a quantidade de pescado que cada praça

dizimou, sendo também presumível que essas cadernetas sejam, quando findas, archivadas…”134

4.3.8. “Situação” da comunidade piscatória poveira

Relativamente à “Situação” o Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas no ano

de 1890 expõe um conjunto de considerações sobre a indústria da pesca no concelho da Póvoa de

Varzim, especialmente acerca das pescas costeiras e de alto mar, afirmando que a situação dos

pescadores poveiros não era de infortúnio, como se afigurava. E, indubitavelmente, esta melhoraria

mesmo sem ser necessária a intervenção de qualquer providência legislativa, se os principais

interessados atendessem sobretudo a medidas de boa administração doméstica, a que, como todos

os seus colegas, são refractários; e se, consequentemente, lograssem chegar à convicção de quanto

lhes seriam úteis os resultados da adopção do princípio associativo aumentando assim desta forma a

independência das regateiras135 e dos regatões. Estes, como intermediários entre o produtor e o

consumidor, eram os que mais beneficiavam e lucravam com esta actividade, sem que nela

arriscassem as suas vidas.136 “A situação dos pescadores Poveiros, conquanto não seja desafogada,

como também não é a de muitos outros pequenos industriaes do paiz, não merece comtudo ser

descripta com as tristes cores com que geralmente para ella se chama a attenção.”137

Concluindo este capítulo, diz-se ainda no Inquérito que seria mais produtivo para os

pescadores desta Comunidade empregarem melhor o seu tempo no tratamento das redes e aprestos

piscatórios, em vez de andarem vagueando pelas vendas, deixando assim, mais tempo disponível

para as suas mulheres se poderem dedicar a outras actividades onde fossem remuneradas, de forma

a ajudar o casal.

Segundo o autor deste relatório os pescadores poveiros não têm razões para se lamentarem.

Não podem dizer que o Estado não se importa com eles, nem mesmo afirmar que não possuem um

bom porto. Em relação à praia, esta não tem as melhores condições; no entanto, não é das piores e

possui em construção um porto de abrigo, o qual, mesmo considerado menos bom, será com certeza

um grande benefício. A Póvoa de Varzim é um caso particular devido à mobilidade dos pescadores

poveiros, pois estes, por qualquer futilidade, mudam de companha e vão guarnecer uma outra

embarcação.

134 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, pp. 124-125. 135 Vendedoras de peixe. 136 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 127. 137 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 127.

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O inquérito refere que os pescadores desta localidade da Póvoa de Varzim, “têem a facilidade

de conseguir, não sei como, que nunca qualquer dos membros de tão grande família vá engrossar as

fileiras do exercito ou da armada!”138

Afirma que os pescadores poveiros tinham como apoio a infra-estrutura do porto artificial de

Leixões, inegavelmente um bom abrigo para as embarcações em caso de mau tempo e servido por

um bom conjunto de redes de comunicação, que garantiam o escoamento certo para o produto da

pescaria., em especial no acesso ao mercado da cidade do Porto.

Menciona ainda que os pescadores poveiros dispõem, na praia da Póvoa de Varzim, de uma

estação salva-vidas, e que não poderá ser considerado exagero pedir à classe piscatória um

sacrifício, para que esta renove os seus usos e costumes por forma a auxiliar o Estado no seu

esforço para a prosperidade, devendo também alertar esta comunidade para as vantagens da

transformação da Irmandade da Nossa Senhora da Assunção num verdadeiro monte pio e com todos

os benefícios associados, permitindo o progresso e melhoramento da arte das pescas.

Este Inquérito descreve ainda que esta comunidade era caracterizada por uma grande

desconfiança por todos os que a ela eram estranhos; tal facto devia-se a um episódio “sabendo-se

que, há annos, tentaram a fundação de um monte pio, que chegaram a ter um fundo de alguns

contos de réis tirado do producto de pesca, e que por fim foram victimas da sua boa fé porque,

segundo agora affirmam bastantes membros dos mais respeitaveis da classe, foram defradaudos

totalmente por indivíduos estranhos a ella, aos quaes haviam confiado a gerencia dos fundos e

organisação do monte pio. Note-se ainda que, os paes citam a miúdo este frisante exemplo de

probidade aos filhos, e portanto facilmente se comprehenderá a grandeza da resistência a

vencer.”139

Acerca desta temática das pescas na Póvoa de Varzim, cabe ainda referir a necessidade de

alterar as disposições do artigo 204.º do regulamento geral das capitanias, aprovado por decreto de

1 de Agosto de 1894, o qual exigia a matrícula das companhas, em cada embarcação de pesca. O

relatório refere que só se deveriam produzir leis que pudessem ser acatadas, e que este regulamento

era impraticável em todos os portos, e em especial na Póvoa de Varzim, resultando isto numa

grande falta de respeito e cumprimento da lei.

Sendo assim, o único sistema de matrícula aconselhado era o individual, pois, mediante o

pagamento de uma pequena quantia, garantia ao pescador o direito de exercer a sua profissão em

todas as águas que as leis em vigor permitissem, durante o prazo de um ano, bem como o registo

obrigatório das embarcações durante um certo prazo, o mesmo sendo efectuado pelo seu

138Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 127. 139Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 127.

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proprietário, mediante “o pagamento de emolumento de pequena importancia, mas proporcional á

tonelagem da embarcação.”140

Finalmente “teria esta providencia a vantagem de ser pratica, a de fornecer os elementos

precisos para a estatística fácil e rigorosa, e por fim a de augmentar a receita publica sem gravame

sensível para a classe piscatoria, pois que, por pequenas que fossem as quantias pagas por cada

pescador e por cada embarcação, o seu total excederia, sem duvida, bastante a somma das verbas de

337 reis que, pela legislação em vigor, pagam porque não admittam mais do que um só

tripulante.”141

Na conclusão deste Inquérito vêm referenciadas “as disposições relativas á exploração da

industria de pesca e colheita de plantas marinhas que se encontram no regulamento da polícia

interior da villa da Povoa de Varzim em vigor desde 29 de Agosto de 1840.”142 Segundo estas

disposições, “É prohibido sob pena de 1$000 réis… derreter cebo ou fígados de peixe dentro d’esta

villa e seus arrabaldes. § 1.º D’esta disposição ficam exceptuados os intestinos da sardinha. § 2.º É

permittido derreter sebo e fazer graxa ao norte das ultimas casas do Ramalhão, quando soprar vento

sul; e ao sul das ultimas casas da Poça da Barca, quando soprar vento norte. No título 6 destas

disposições referia ainda que era “prohibido sob pena de 1$000 réis: – 1.º comprar ou vender por

dúzia, que não seja de doze. – 2.º …”143

O Inquérito menciona, ainda, um conjunto de reclamações efectuadas junto do Rei D.

Carlos, apresentadas pelo juiz da Irmandade, Matheus Fereira Moreira, pertencente à mesa

administrativa da Real Irmandade de Nossa Senhora da Assunção da vila da Póvoa de Varzim. Esta,

como representante da classe piscatória, manifesta-se contra o uso de redes de arrasto utilizadas por

outros pescadores da costa, e em especial os das embarcações a vapor, isto é, contra a introdução

das “artes novas” na actividade piscatória. Realçando os incalculáveis prejuízos para a arte

piscatória, a utilização destas redes “alem de matar toda a creação do peixe, dispersa e faz

desapparecer para muito longe todo o outro peixe que arrastam ou tarrafas não pode receber para si,

por isso que sendo esses apparelhos compostos de redes de grande dimensões, abrangem no mar,

mal póde approximar-se qualquer barco de pesca, sentindo-se em taes circumferencias a falta de

pescarias por muito tempo.”144

Aponta o Inquérito, igualmente que, a continuar este modo de pesca, colocaria em perigo a

actividade da pesca: “póde contar-se com a completa ruína da pescaria, e tanto, senhor, que já são

sensiveis os effeitos. O pescador tem sentido a diminuição nos seus lucros e se assim caminhar

140 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 128. 141 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 128. 142 nquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 128. 143 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 128. 144 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 130.

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muitos d’elles ver-se-hão na dura necessidade de não terem com que se alimentar e suas pobres

familias, chegando ao extremo de abandonarem a sua profissão. Nestas circumstancias urge prover

de remédio a tantos males, esperando esta irmandade que Vossa Majestade, tomando na maior

consideração e expendido, povidenciará para que os vapores não se approximem da costa e deixem

de usar das redes de arrastar.”145

Uma outra reivindicação, da mesa da irmandade da Nossa Senhora da Assunção, determina

que se coloque em funcionamento os faróis do Estado, já ali construídos.

Concluindo, no concelho da Póvoa de Varzim, até Dezembro de 1892, não havia controlo

oficial dos homens que procuravam no mar a sua sobrevivência. Os barcos tinham numeração do

departamento Marítimo do Norte “Porto” e os tripulantes e arrais eram conhecidos por altura do

embarque nas companhas ou no desembarque destas, tornando muitas vezes difícil a identificação

dos homens que compunham estas companhas, em caso de naufrágio ou de acidente. Como

comprovam as estatísticas da época era difícil, mas “não impossível” saber o número e o nome dos

homens do mar. A Marinha começou então a fazer a inscrição marítima de todos os pescadores,

passando-lhes a fornecer uma cédula que fornecia os elementos de identificação dos mesmos, bem

como faz a prova das suas habilitações profissionais. Desta forma, cada porto podendo exercer um

controlo através da sua Capitania ou Delegação Marítima. Como prova da sua aptidão profissional,

bom comportamento e identidade, bastava a apresentação de duas testemunhas idóneas ligadas à

classe. O Regulamento exigia, porém, para a identificação dos “maiores”, a ressalva militar ou

baixa de serviço.146

Segundo José de Azevedo, na obra Histórias do mar da Póvoa “as primeiras cédulas

«inscrições obrigatórias a partir de 1 de Dezembro de 1892» da Póvoa datam de 14 de Abril de

1893. Nesse dia o livro da Delegação Poveira regista 51 pescadores inscritos! Um número

considerável se atender à complexidade desses primeiros registos…”147 Segundo o inquiridor do

Inquérito “o único systema que reputo essencialmente pratico, não só para a Póvoa de Varzim,

como para todos os outros portos de pesca d’esta circumscripção, é o de matricula individual que

mediante o pagamento de um pequeno emolumento, garanta ao pescador o direito de exercer a sua

profissão, ou curiosidade, pelos processos admitidos e em todas as aguas em as leis vigentes o

permittem, durante o praso de um anno; bem assim o do registo de todas as embarcações para a

pesca, obrigado a praso limitado, e feito pelo seu proprietario, mediante pagamento de emolumento

de pequena importancia, mas proporcional á tonelagem da embarcação.

145 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 130. 146 AZEVEDO, José de – Histórias do mar da Póvoa…, p. 293. 147 AZEVEDO, José de – Histórias do mar da Póvoa…, p. 294.

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Teria esta providencia a vantagem de ser pratica, a de fornecer os elementos precisos para a

estatística, fácil e rigorosa, e por fim a de augmentar a receita publica sem gravame sensivel para a

classe piscatoria, pois que, por pequenas que fossem as quantias pagas, por cada pescador e por

cada embarcação, o seu total excederia, bastante a somma das verbas de 337 réis que, pela

legislação em vigor pagam por matricula as embarcações empregadas na pesca, quer sejam grandes

barcos a vapor, quer pequenos cascos que não admittam mais de um só tripulante.”148

4.4. Das “cousas” e das crises do Mar

Entre o Estado e ele (o pescador poveiro), a seguinte Distribuição

de serviços: o Estado recebe; ele paga. Paga e pesca.

Ramalho Ortigão149

4.4.1. A “colmeia poveira” e a miséria

Para se estudar devidamente o problema das crises económicas é necessário associar os

factores económicos e sociais aos mares da Póvoa.

No final do século XIX, toda esta laboriosa colmeia de pescadores costeiros sentiu-se

ameaçada, face a uma crise económica gravíssima, talvez fatal, em parte devido ao isolamento

conservado pelos seus usos e costumes, “por herança nasce, vive e morre pescador.”150

Escreve Lacerda Lobo que, no final do século XVIII, a Póvoa de Varzim viu a gente da

pescaria animar-se com a abertura da rede comercial da venda de sardinha para Trás-os-Montes e

Douro. Tal facto atraiu muitas pessoas a aplicarem os seus capitais na faina da pesca. A pacata vila

foi crescendo no plano económico e urbanístico, na medida em que os “chão de areia”,151 situados

perto da actual Rua dos Ferreiros e dos Fieiros, começaram a ser ocupados pelas habitações dos

pescadores. O século seguinte (século XIX) trouxe tempos de crise: “quem não se safava em Janeiro

«época forte da pesca da sardinha» tinha de pedir o ano inteiro. Quando a pesca da sardinha não

compensava, os pescadores dedicavam-se à pesca da raia, da lagosta e à apanha do «pilado» que

vendiam aos lavradores para fertilizarem os campos.”152

148 Inquérito sobre a pesca em Portugal Continental e Ilhas…, p. 128. 149 Citado por PEIXOTO, Rocha – Museu Municipal do Porto. Ensino. Política. Ensaios diversos. Economia. Vol. II. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1972, p. 385. 150 GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes, tradições…, p. 16. 151 Praia da Póvoa de Varzim. 152 BORGES, Júlio António – Paisagem Poveira…, p. 139.

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A falta de comunicações terrestres com o resto do país, causava na indústria à Póvoa de

Varzim limitação relativamente aos concelhos limítrofes, visto que a linha-férrea do Porto à Póvoa

de Varzim, foi inaugurada apenas em 1875. A partir desta data, a Póvoa passou a estar em contacto

com as regiões do interior, desenvolvendo assim o comércio das pescarias.

Outro factor que contribuiu para a miséria da classe piscatória poveira terá sido os abusos

praticados pelo fisco, estes já referenciados por Lacerda Lobo na sua obra Memória sobre a

decadência das pescarias em Portugal: “Nos tempos presentes creio ainda continuam as suas

queixas dos pescadores contra alguns oficiais de justiça. Eu ouvi no ano de 1789 na Póvoa de

Varzim, e em Viana… não duvido, que os procedimentos relativos aos pescadores, praticados por

alguns daqueles que se ocupam na administração pública, sejam feitos de boa fé; mas em todos os

tempos tem mostrado a experiência, que muitos deles tem concorrido para a decadência da pescaria.

A grande decadência da pescaria não é somente efeito das violências praticadas por alguns dos

oficiais de justiça…, mas também das extorsões feitas pelos ditos rendeiros, pedindo mais do que

era costume.”153 Este trabalho reporta-se às viagens de Lacerda Lobo realizadas pelo litoral

português onde procurava identificar o estado do sector, tendo em vista a implementação de

reformas no mesmo, que seriam levadas a cabo pela Administração do Reino - visto que o sector

das pescas começou a adquirir vital importância para a economia do país, até por razões que se

prendiam com uma conjuntura internacional de crise pesqueira.154

As reformas levadas a cabo pela Administração do Reino “são os meios mais eficases de

aniquilar as pescarias da nossa Costa, e com ellas huma parte dos Vassalos de S.A.R, que mais

proveito podem causar ao Estado.”155 É neste contexto que surge o Inquérito sobre o estado,

condições e necessidades da indústria de pesca (26/06/1890), que esteve na base de vários

relatórios elaborados por capitanias, do relatório global Inquérito sobre a pesca, assim como da

obra de maior destaque de Baldaque da Silva, o Estado actual das pescas em Portugal. Estes

inquéritos denotam em simultâneo uma atitude de investigação, popularização e transmissão de uma

atitude científica que se traduzem no delinear do perfil do pescador, que era aquele que exercia uma

actividade constante ao longo do ano: “pescador é pescador e não tem necessidade de ser outra

coisa, tão pouco é obrigado a emigrar ou a assoldar-se forçadamente.” De acordo com Baldaque da

Silva, no norte só o poveiro era caracterizado como tal, porque praticava uma faina persistente.156

Neste registo sobre a decadência das pescas, Lacerda Lobo aponta como principal factor a

exploração selvagem do trabalho dos pescadores. As medidas legislativas datadas de meados do 153 LOBO, Constantino Botelho de Lacerda – Memória sobre a decadência das Pescarias de Portugal. In Memórias da Academia Real das Ciências, Vol. IV, Lisboa: Banco de Portugal, 1991. p. 278. 154 AMORIM, Inês – A organização do trabalho da pesca…, p. 117. 155 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas. In Boletim Cultural da Póvoa de Varzim. Vol. II, n.º 1. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1959.p. 186. 156 AMORIM, Inês – A organização do trabalho da pesca…, p. 118.

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século XVIII, de restrição ou acolhimento à mobilidade, são o sintoma comprovativo de que a

decadente estrutura do sector das pescas considerava, na generalidade, o pescador improdutivo,

porque na maior parte do litoral o seu trabalho reduzia-se, quase exclusivamente, à pesca sazonal da

sardinha. Na sua opinião, os únicos merecedores a serem designados por pescadores eram os da

costa norte do Porto e os da Póvoa de Varzim, pois não só pescam junto à costa, como igualmente

ao largo (chamada pesca do alto). Nesta apreciação, encontra-se implícita a ideia do que devia ser o

trabalho da pesca uma actividade contínua. O pescador só será visto como factor de produção, e o

seu trabalho como elemento de tributação, a partir de 1843, quando se lançaram 6% dos quinhões

de pesca. Este objectivo inseria-se num contexto político-económico de meados do século XIX, que

era favorável a um processo de atenção redobrada a todos os sectores, entre os quais o das pescas. O

Estado preocupa-se em abastecer de forma contínua um mercado consumidor que tinha tendência a

crescer, e ao mesmo tempo impunha uma vigilante exploração fiscal. O Estado procurava clarificar

quem era legitimamente pescador e avaliava o seu potencial, porque “nem todos os que trabalham

nas pescarias são pescadores matriculados, os mais são adventícios e trabalhadores nos campos, que

durante as temporadas, correm às costas e rios.”157

157AMORIM, Inês – A organização do trabalho da pesca…, pp. 116-117.

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Segundo Lacerda Lobo, este mal já vinha de tempos remotos, como o demonstram as

reclamações apresentadas nas Cortes de Santarém (1369) e Elvas (1399), repetidas também nas

Cortes de Santarém (1434) e de Lisboa (1456), entre outras.158

Regista-se ainda que, na Póvoa de Varzim, os abusos chegavam à criação de verdadeiros

monopólios, sem respeito pelos legítimos direitos dos pescadores. A estes agentes da autoridade

juntavam-se os dos soldados e oficiais de guarnição nas praias, e a uns e outros as prescrições

eclesiásticas proibitivas da pesca nos Domingos e dias santificados. Ouviu-se então “os pescadores

queixarem-se de que a Câmara punia com multa de 6000 réis todo o pescador que naqueles dias

[nos Domingos e dias Santificados] fosse ao mar; e de que os rendeiros haviam estendido os

direitos fiscais às ganhadias exigindo até décima de estrumes. Outra queixa era contar a iníqua

incidência do imposto, quando o número de peixes era inferior a dez, chegando-se até à revoltante

exigência de uma pescada, se acaso o pescador apenas tinha colhido duas!”159

A estas causas, que Lacerda Lobo apelida de morais, no seu estudo de 1789, juntava-se a falta,

o mau estado e defeito dos aparelhos de pesca. E particularmente as redes de arrastar são dadas

como outro dos motivos da decadência das pescarias. Estas vieram agravar ainda mais o estado das

pescas; “o que não levou séculos a destruir é agora aniquilado.”160

O mau estado da barra da Póvoa é uma outra questão levantada por Lacerda Lobo, assim

como, “os impedimentos fysicos, que embaraçam o progresso da pescaria, […] de que se segue

hum grave incommodo aos pescadores, os quaes para lavarem as suas redes vindas do mar, vão

muitas vezes procurar fontes, ou regatos a sítios, que lhes ficão mais de huma legua de distancia:

como acontece em Fam, e Povoa de Varzim.”161

A introdução destas novas técnicas, ou seja, do célebres arrastos ou arrastões, nos finais do

século XVIII, exigiam novos aparelhos e processos de extracção, conduzindo desta forma à

destruição do pescado que se encontrava em fase de crescimento, bem como à devastação do fundo

marinho, habitat privilegiado da desova e do crescimento do peixe, levando, assim, à desertificação

do fundo marinho.

Lacerda Lobo refere que estes abusos constantes levaram à criação de verdadeiros monopólios

desrespeitando assim os direitos legítimos dos pescadores.

Saliente-se que, segundo Manuel Silva as causas apontadas para a decadência das pescarias na

Póvoa de Varzim, nos finais do século XVIII, eram sempre as mesmas de sempre, a ausência de

peixe. Esta realidade é comentada pelos marítimos, que fundamentam estas depredações como 158 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 186. 159 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 186. 160 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 187. 161 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 187.

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causadas pela pesca a vapor. Simplesmente, toda esta perseverança é muitas das vezes frustrada

pela falta de abrigo, dado que a enseada da vila da Póvoa de Varzim não oferece condições nem

para o embarque nem para o desembarque. 162

As artes novas ou a pesca com redes e aparelhos modernos, lançados de bordo de

embarcações a vapor, o Chalut, o gangui, o cerco à americana e a armação valenciana, além de

outros mais, vieram para Portugal, das costas francesas e espanholas, fixando-se em especial a Sul

do Douro. Os novos processos também incluíam em si o arrasto, a que os nossos pescadores

alcunharam de arrastão. O arrasto praticado pelos vapores era altamente nefasto, porque era

lançado ao fundo e varria tudo à sua passagem, quer fosse peixe adulto, ou peixe em estado de

criação. Tudo vinha à superfície numa amálgama confusa; frequentemente atirava-se ao mar parte

do produto desta devastação; desta forma toneladas de pescado ficavam impróprias para consumo.

Este facto revoltava toda a comunidade piscatória que exercia as artes velhas. A pesca por barcos a

vapor e aparelhos de arrasto e até por cercos constitui a industrialização deste sector, formando-se

empresas e sociedades para a exploração do mesmo. Os pescadores poveiros ficaram numa posição

manifestamente inferior perante estas artes novas. Segundo Manuel Silva, ”foi, pois, com alarme,

por esse tempo de 90 e tantos [século XVIII], que na Póvoa se viu o afã que houve nas concessões

das licenças e na constituição das empresas e sociedades para se explorar as águas marítimas pelas

artes novas: e, com revolta, foi que se soube das devastações que esses aparelhos praticavam.”163

Uma campanha enérgica, em defesa dos pescadores da Póvoa, se travou no Estrella

Povoense, que publicou sucessivos artigos condenando o que se estava a fazer. Alguns desses

artigos foram elaborados por dedicados povoenses, onde estava “Mariano de Carvalho que no

Diário Popular, estava, com o seu grande talento de jornalista, ao lado dos industriais da pesca e

dos novos processos. Não se intimidou o modesto semanário provinciano e esgotou todas as

munições nesse combate nobilíssimo em prol da classe piscatória poveira.”164

Acresce que a crise que vai asfixiando a indústria extractiva das pescarias, nos finais do século

XVIII, gera outras crises secundárias e com ela correlativas, tais como na carpintaria de ribeira,

calafetagem, cordoaria, fabrico e venda de pano e fio de velas e redes, bem como em vários aprestos

de embarcações (comércio.165

162 GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes, tradições…, p. 14. 163 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises …, p. 193. 164 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises…, pp. 193-194. 165 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises…, p. 195.

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“Quem dá aos pobres empresta a Deus.”

4.4.2. As crises através da imprensa

Como já referimos atrás, a classe piscatória poveira foi assolada por um período de miséria,

fome e também por um certo abandono por parte do próprio Estado português.

Para melhor fundamentarmos esta questão socorremo-nos do periódico Estrella Povoense,

um “semanário independente”, mas depois a favor do partido regenerador e, por fim um baluarte

invencível da causa da Igreja e da Póvoa.166 Ainda a respeito deste jornal escreveu Viriato Barbosa:

“Era, sem receio de desmentido, o jornal melhor redigido e o que, conseguindo alcançar mais longa

vida, foi testemunha e acompanhou, durante 35 anos ou mais longa vida, em todas as fases, o

desenvolvimento material da Póvoa. Desde 17 (aliás 18) de Fevereiro de 1877 até os nossos mais

chegados tempos [1937], a Estrella Povoense foi bem o astro radioso, que conduziu os homens

públicos da nossa terra ao templo onde se oficiavam os interesses da Póvoa.”167

4.4.3. O abandono da comunidade piscatória poveira por parte do Estado

A primeira notícia que encontramos acerca da temática do abandono por parte do governo,

surge em meados de 1890, e diz que “todos conhecem perfeitamente as perniciosíssimas

consequências que à pobre mas honrada classe piscatoria acarretam as negregadas redes d’arrastar

ou tarrafas, que levam uma immensa vantagem ás redes ordinárias e que trazem enormíssimo

estrago, destruindo toda a creação. Temos muitas vezes fallado contra esse mal terrível, havendo

muitas vezes reclamado do governo energéticas providencias.”168

Há uma outra notícia que tem por título Acabemos com isto! Os poveiros precisavam de

obras na enseada, no entanto, verificaram, que segundo a planta desta obra, que em vez de serem

beneficiados iriam ser prejudicados. “Já ouvimos, a alguém dizer que n’esta questão dos pescadores

anda de permeio a politica, algumas pessoas nos teem asseverado coisas espantosas, impossiveis.”

E em relação às obras o jornal acrescenta: “será verdadeira a assercção dos pescadores? Não

sabemos, não temos competencia para emitir opinião a este respeito. Dizem os contrarios que os

pescadores não teem razão no que asseveram, que as obras projectadas vão beneficiar a barra e de

forma alguma a prejudicam.” Conclui com a seguinte afirmação: “queremos as obras, desejamos 166 A Póvoa de Varzim. Porto: se, 1937, p. 257. 167 A Póvoa de Varzim. Porto: se, 1937, p.257. 168 Estrella Povoense. N.º 732, 2 de Março de 1890, p. 1.

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ardentemente que se melhore a barra, mas queremos, com toda a urgencia que se conheça qual o

valor da duvida suscitada.”169

Mais uma vez, surge uma notícia que relata o abandono por parte do poder político da

comunidade piscatória poveira, e descreve o seguinte: “o Sr. Alberto Pimentel [Deputado pelo

círculo da Póvoa de Varzim] combate valentemente, fundando-se em provas altamente

convenientes, a indiferença com que os poderes públicos olham para esses muitos milhares de

pescadores, justamente dignos de melhor consideração”. Prova também o quanto é prejudicial a

pesca por meio de barcos a vapor com redes de arrasto.

Por fim, o jornal declara que “oxalá o Sr. Alberto Pimentel obtenha do governo o que tanto

deseja, de tanto bem para a honrada e trabalhadora classe piscatoria.”170

Mais uma vez, o tema do esquecimento do governo, anda na ordem do dia. O Estrella

Povoense afirma que há uma classe que, contribuindo onerosamente para o Estado, é votada ao

mais completo esquecimento e ao mais triste e injusto abandono.

Esta classe que assim sofre, que assim é esquecida e abandonada, é a piscatória, a

numerosíssima e honrada classe dos pescadores. Acrescenta ainda que “gente alguma mais digna

das atenções e cuidados de todos, do que esses míseros pescadores, que passam a vida em um

labotar constante, cheio de incertezas, sobressaltos e perigos, e que se vergam à lei humildemente,

respeitosamente, e que se curvam a todas as imposições, a todas as reclamações do fisco. Eram

dignos, em verdade de melhor sorte os honrados pescadores! Os governos uma vez ao menos,

deviam lançar sobre eles olhares compassivos, deviam atender aos seus instantes pedidos

fundamentados na razão e na justiça. Deviam, uma vez ao menos, julgar da desgraça, que os cerca,

e da fome que os mata.” 171

Reclama ainda se “poder-se-ão deixar ao abandono tantas milhares de pessoas que têm toda

a justa atenção dos poderes constituídos? Poder-se-ão deixar morrer de fome tantos milhares de

pessoas dignas de toda a simpatia pelo seu amor ao trabalho? Pelo seu respeito à ordem, pela sua

incondicional submissão à autoridade? Haja compaixão para os pobres pescadores que jazem no

“olvido mais completo: olhe-se para a triste condição em que se encontram e para a miséria horrível

que os assalteia.” 172

Pede para que se olhe para os males sem conta, males enormes que essa infeliz gente

acarreta, “a pescados barcos a vapor, com as negregadas redes de arrasto. É certo e sabido de todos

que a pesca dos barcos a vapor não só destrói quase toda a creação, como também danifica

extraordinariamente as outras redes. Haja em vista os brados de veementíssimo protesto que se tem 169 Estrella Povoense. N.º 735, 12 de Abril de 1891, p. 1. 170 Estrella Povoense. N.º 737, 26 de Abril de 1891, p. 1 171 Estrella Povoense. N.º 748, 12 de Julho de 1891, p. 1. 172 Estrella Povoense. N.º 748, 12 de Julho de 1891, p. 1.

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levantado em Esposende, Viana e em outros pontos do país. E os pescadores desta vila já

protestaram também contra o emprego das redes de arrasto que lhes têm causado enormes prejuízos.

Falavam só aos pobres pescadores que a odiosa pesca com os barcos a vapor, além de lhes causar

danos gravíssimos, ainda lhes inutiliza as redes, sendo este o seu único ganha-pão e haveres.” 173

Conclui a notícia com a seguinte mensagem: “Attenda a isto o governo. Ouça as queixas

vivissimas de muitos milhares de pessoas, que se vêem a braços com a fome. Attenda ao projecto

do illustre deputado por este circulo, o senhor Alberto Pimentel, que ha pugnado valentemente em

pró dos interesses da classe piscatoria. Não se pedem ao governo sacrifícios do thesouro; pede-se-

lhe unicamente justiça para a infeliz classe piscatoria que tem por si as sympathias de todo o

paiz.”174

Há uma notícia que refere que, “o pescador, apesar de continuamente se abalançar á rudeza e

perigos da sua tarefa, morre á mingua de pão, e isto porque os governos força ainda não tiveram

para desprezar os loucos intentos de uma companhia de ricos capitalistas, que, com as redes

d’arrasto, não só lhe vae levando o peixe graudo, mas destruindo e arruinando os bancos de creação

da nossa costa.”175

Outra notícia do Estrella Povoense, retirada do jornal lisbonense O Século diz que “o que

ahi se diz é d’uma realidade dura e que faz tristeza. Se além ha 300 familias luctando com os

horrores, da fome aqui o seu numero é incomparavelmente superior. Se ali tema havido desleixo por

parte dos governantes, aqui, esse desleixo atinge quasi as raias do inverosímil”.

O Século diz ainda que «D’entre as classes mais soffredoras, mais esquecidas dos poderes

públicos e mais desapiedadamente feridas pela adversidade, ressalta, triste evidencia!

A numerosissima colónia piscatoria. A toda a hora a morte espreita-a; a todo o momento a

miseria se lhe assenta ao lar: e nas raras vezes em que a fortuna lhe sorri, quando a pesca é mais

abundante, o fisco, inexorável e sôfrego, arranca-lhe uma parte valiosa do seu trabalho.»176

173 Estrella Povoense. N.º 748, 12 de Julho de 1891, p. 1 174 Estrella Povoense. N.º 748, 12 de Julho de 1891, p. 1 175 Estrella Povoense. N.º 1025, 24 de Maio de 1896, p. 1. 176 Estrella Povoense. N.º 999, 24 de Novembro de 1895, p. 2

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4.4.4. A crise do mercado; fome e miséria

Um outro problema que veio agravar a situação da classe piscatória poveira foi a crise

monetária; esta crise verificou-se em meados da década de 90 do século XIX, devido às crises

económicas, como já verificamos atrás, e afectou todo o país.

É neste contexto que surge uma notícia referindo que “a crise monetaria, que se há alastrado

por todo o paiz, sente-se agora intensamente n’esta populosa villa e, principalmente, em a nossa

importante classe piscatoria. O numerario que existia em nosso mercado desappareceu ou retrahiu-

se. Os commerciantes de pescado estão completamente faltos de metal.”177

Há relatos que se referem à penúria, crise e fome na pescaria e dizem que “estudando nós as

causas da penura de pescado na nossa praia, chegamos á conclusão que ella é devida única

exlusivamente á destruição da espécie, servindo de agentes systema de pesca por meio de vapores

chamados do arrasto.” O jornal acrescenta ainda que “já estavamos acostumados a ver por vezes a

classe piscatoria atravessar crises cruciantes, mas pouco depois sorria para ella novos dias felizes. Já

estávamos acostumados a ver cerrados fechar-lhes as portas do oceano e assim obrigal-os a

mendigar pelas «casas do senhor» o pão quotidiano para si e para seus filhinhos. Todos ouvimos as

lamentações que a cada instante nos fazem esses laboriosos homens do mar e todos procuramos de

algum modo dulcificar-lhes as suas angustias e afugentar o espectro sinistro da desgraça que

rudemente os ameaça.”

O jornal deixa a seguinte mensagem: “É o principal dever do altruísmo. Porem não devemos

tratar só de lhes matar a fome de hoje. A missão da imprensa tem mais obrigações a cumprir, tem

que investigar os seus factores, apontal-os á opinião publica e empenhar-se n’uma santa cruzada

para o seu completo aniquilamento.”178

Mais uma vez deparamo-nos com uma notícia relacionada com a fome que assolava a classe

piscatória poveira. Esta surge-nos no ano de 1894, no dia 15 de Abril, em tempo de eleições, e

declarava que “ao assumpto da mais palpitante actualidade, ao thema obrigado de todas as

conversações, a fome na pescaria. Um assumpto de tal transcendencia e magnitude para a Povoa,

para todos nós não póde deixar de ser constantemente tratado e discutido na imprensa local.”

Acrescenta que “realmente causa dó e compaixão ver esses valentes homens do mar, que

moirejam incessantemente na sua rude faina, não ter o negro pão para si e para seus filhinhos,

quando estes lh’o pedem em choros afflictivos.”

Diz ainda que “empenhamo-nos com todas as nossas débeis forças em acabar com esse

deploravel privilegio que se tornara feudo de grandes argentarios. Mas não é a imprensa que deve

177 Estrella Povoense. N.º 748, 19 de Julho de 1891, p. 1. 178 Estrella Povoense. N.º 887, 8 de Abril de 1894, p. 1.

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tomar a prioridade de tal iniciativa. Isso pertence ás corporações locaes, Associação Comercial e

Real Irmandade da Assumpção.”179

“A fome e a miséria flagellam atrozmente a nossa pescaria. A crise que ora perpassa é

excepcional unica.”180

Há um artigo assinado pelo Sr. Ramalho Ortigão que transmite o seguinte: “mais uma vez,

que não será a ultima, nos chegam da Povoa noticias da lacinante miseria em que se vê a colónia

dos seus cinco mil pescadores, afora as três mil pessoas ainda que, da pescaria, obtém todos os

recursos da vida.”

Adita ainda que “a extorsão inqualificavel, por injusta de que é alvo o pescador poveiro,

ignorando, rude e bisonho, que é torpemente roubado pelo país em que vive.”181

Ainda no ano de 1894 há notícia de que “echoara profundamente na lama portugueza,

sempre aberta á desgraça á compaixão e a piedade pela extrema penúria a que chegara actualmente

a infeliz classe piscatoria poveira. Echoara, sim; e por isso a rainha das virtudes, a caridade,

apparecera formosa e radiante […]. Relata ainda que de todos os pontos do paiz se elevaram justas

lamentações e queixas contra as causas que motivaram a fome na Povoa. Grande parte dos jornaes

mais importantes de Portugal deu notícia da nossa calamidade, commentando-a com palavras que

nós jamais olvidaremos.”182 Acrescenta ainda que “o apello justíssimo que d’aqui fizeramos

pedindo compaixão e justiça para os nossos pescadores fora escutado tristemente e religiosamente

cumprido em parte”, pois “o pescado continua a faltar e a pescaria continua a ter fome…”183

Há editoriais de 1894 que se referem aos arrastões, dizendo que “passaram os derradeiros

echos da fome Poveira, passaram os derradeiros gemidos da miséria sem lenitivo, dos filhos sem

pão; passou o perigo e o principal fautor de tantas desgraças ainda continua no seu labutar vandalico

sem o menor estorvo ou impedimento. E a quem devemos lançar a culpa de tudo isto? […] Somos

nós os culpados do estabelecimento das companhias de vapores de arrasto, que tanto mal causam ás

pescarias. As suas consequências fataes temol-as sentido e sentil-as-hemos n’um porvir mais ou

menos breve.”184

O Estrella Povoense culpa os arrastões pela fome que assolava a comunidade piscatória

poveira, pois estes levavam toda a pescaria “matando a criação”, o que por sua vez faria com que o

peixe escasseasse.

No final do ano de 1895, antes do Natal, o jornal pede responsabilidades e deixa a seguinte

mensagem de misericórdia para a “laboriosa e desprotegida classe piscatoria que vem atrevessando 179 Estrella Povoense. N.º 888, 15 de Abril de 1894, p. 1. 180 Estrella Povoense. N.º 889, 22 de Abril de 1894, p. 1. 181 Estrella Povoense. N.º 891, 6 de Maio de 1894, p. 1. 182 Estrella Povoense. N.º 893, 20 de Maio de 1894, p. 1. 183 Estrella Povoense. N.º 893, 20 de Maio de 1894, p. 1. 184 Estrella Povoense. N.º 897, 17 de Junho de 1894, p. 1.

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uma crise de fome, que ninguem desconhece já. A Caridade matar a fome enxugar as lágrimas,

aquecer os regelados e cobri-lhes a nudez são os exercícios predilectos d’esta filha do Céo. Esmola

para o Natal dos infelizes pescadores.”185

Ainda a propósito do pedido feito pelo jornal para a comunidade piscatória poveira, há

notícia de que “pelas contas publicadas vê-se que foram 217 os pobres contemplados com a esmola

de 200 reis. Uma gotta d’agua, apenas, bem o sabemos na aridez de um deserto, se attendermos á

crise de fome, que atravessa a nossa numerosissima classe piscatoria; bem sabemos nós que não é

pela esmola, que se porá termo á miséria d’esta desprotegida classe, mas é ella,

inquestionavelmente, o meio de a alliviar.”186

Um outro problema que fez parte do quotidiano da comunidade piscatória poveira foi o

endividamento, pois, como sabemos, com a crise os pescadores eram obrigados a pedir dinheiro

para subsidiar a sua actividade. Para isso por vezes recorriam aos empréstimos dos agiotas. Cada

vez mais se fazia sentir a falta de numerário; os pescadores recusavam-se a receber notas. Muitos

não sabiam ler e por isso temiam que os enganassem com o valor do papel. “De que nos servem as

notas, dizem, se com ellas não podemos fazer as nossas pequenas partições e transacções? E ou

vendem o peixe por preços relativamente diminutos ou mesmo não o vendem ou ainda vão procurar

outras praias onde haja quem lhes pague em metal. Os agiotas n’esta villa, continuam no seu

negocio odioso. Tudo açambarcava ouro, prata e cobre. O numerário desapparece todo no vórtice da

agiotagem. Disseram-nos que os agiotas acabaram de mandar para o Porto alguns caixotes cheios de

moedas de prata.”187

Surgem-nos então relatos relacionadas com este problema, que vinha acentuar já a imensa

miséria, pobreza e fome a que estava subjugada esta comunidade. Há uma notícia que afirmava o

seguinte: “accresce ainda est’outra circunstancia muito para notar: a grande maioria dos nossos

pescadores, que é a pobreza d’esta terra, já estava muito endividada dos annos anteriores e, por isso,

“o seu janeiro” ou a safra da sardinha, resgatadas as redes e as roupas do prégo prestamista, pouco

lhes deixou com que soccorrer aos encargos da familia.”188

Uma outra refere que “a fome entrou já em muitas casas dos pescadores. O commercio, a

industria, a propriedade, ressentir-se-hão consideravelmente com a desgraça de uma classe tão

numerosa. Elles, que, na sua arriscada faina, quando buscam o parco sustento para as suas pobres

familias, não temem as ondas alterosas que os envolvem e arrastam, n’uma constante ameaça e

n’um perigo imminente, veem-se agora forçados á inacção, n’uma perspectiva desoladora da fome,

185 Estrella Povoense. N.º 1002, 15 de Dezembro de 1895, p. 1. 186 Estrella Povoense. N.º 1007, 19 de Janeiro de 1896, pp. 1-2. 187 Estrella Povoense N.º 749, 19 de Julho de 1891, pp. 1-2. 188 Estrella Povoense. N.º 1127, 8 de Maio de 1898, p. 1.

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sem poderem lucrar sequer no grangeio d’um pedaço de negro pão.”189 “É n’esta epocha do anno,

que ora começa e se prolonga até todo o fevereiro, que os nossos pescadores pagam a quem devem

e grangeiam o sustento de suas familias e fazem o seu “pé de meia” para o resto do anno.”190

Surgem-nos também informações que mencionam que o grande problema desta comunidade

era a resistência à inovação por diferentes razões. Como sabemos, muitos destes pescadores eram

analfabetos, não conseguiam integrar as novas técnicas e também não se queriam actualizar (por

vezes também não tinham possibilidades para o fazer), como descreve bem a notícia que se segue:

“que é preciso, primeiro que tudo, é ministrar à classe piscatória alguns rudimentares

conhecimentos de economia e arrancal-a d’esse estacionamento anachronico e prejudicialíssimo. O

pescador d’hoje vive, quasi, como o pescador de há um século.”191

Acerca da forma como os pescadores deveriam gerir o seu pescado, o jornal ia dando

algumas sugestões, apontando “a creação de depósitos de peixe vivo de estabelecimentos de salga e

conserva de pescado por conta do próprio pescador, constituem uma d’estas questões de economia,

cuja vantagem salta aos olhos dos menos entendidos.”192

Perante a falta de medidas tomadas pelos pescadores em relação à pescaria, à introdução das

novas tecnologias na pesca e ao pescador não se actualizar, o Estrella Povoense faz o seguinte

comentário: “assim, em virtude d’uma evolução profunda nas condições económicas da pesca, o

pescador vê que a sua arte se torna, dia a dia, mais acerba e escabrosa, effectuando o seu labor sem

gosto, sem esperança e, o que é pior, sem resultado! E à, medida que o centro das operações se for

deslocando para o mar alto, exigindo novo material e d’um outro preço mais elevado, então o

desanimo será completo! E ahi temos: o pescador a morrer de fome, porque não ganha; as classes

trabalhadoras em míseras circunstancias de alimentação, pois lhes falha o alimento de maior

barateza e que mais grato lhes é ao paladar; e o commercio local paralysado, attenta a penúria da

classe, que mais proventos lhe podia proporcionar.”193

“À imprensa, ao commercio e a todos, occorre mais que nunca, para a sua salvação, o

encetar uma propaganda fervorosa das modernas praticas de pesca. Um prejuízo de 56 contos não é

para desprezar.”194

189 Estrella Povoense. N.º 1202, 22 de Outubro de 1899, p. 1. 190 Estrella Povoense. N.º 1203, 29 de Outubro de 1899, pp. 1-2. 191 Estrella Povoense. N.º 1284, 26 de Maio de 1901, p. 1. 192 Estrella Povoense. N.º 1285, 2 de Junho de 1901, p. 1. 193 Estrella Povoense. N.º 1416, 6 de Dezembro de 1903, p. 1. 194 Estrella Povoense. N.º 1415, 29 de Novembro de 1903, p. 1.

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5. A Emigração:

Causas e Destino da Emigração da Póvoa de Varzim em 1896

“Um português que é só português não é português”

Fernando Pessoa

5.1. A emigração como resposta à crise

“Os homens movem-se e essa mobilidade transforma-se por vezes em emigração, isto é,

assume destinos além-fronteiras, configurando transferências massivas de população. Assim

aconteceu no Portugal oitocentista, particularmente nas áreas mais densas, as terras do Norte e nas

Ilhas dos Açores e Madeira, com destino primordial para o Brasil. Porque se emigra (va)?”195

Ainda que a partida activa de gentes do Norte de Portugal para o Brasil fazia-se, desde os

inícios do século XVIII, raramente desenvolvera acções específicas de povoamento.

Para além do “mito de enriquecimento fácil, apoiado pelo exemplo dos brasileiros196

abastados que regressavam ao país de origem, bem como a existência de uma rede bem articulada

de engajadores, encarregados de aliciar imigrantes para as terras incultas do interior,”197 “houve

vários factores que levaram a esta emigração, nomeadamente, as crises agrícolas sucessivas:

primeiro a praga das vinhas, depois a concorrência ultramarina nos cereais e na carne de bovinos, à

medida que revolucionavam os transportes e as condições de conservação. Nestas conjunturas, só

com a sábia gestão se superava o limiar de sobrevivência. Dada a escassez de mercado, emergia a

necessidade de distribuir os diversos filhos, para um destino emigratório, e o destino mais provável

era o Brasil, pois este apresentava-se com uma economia em fase de crescimento. O Brasil era,

então, o destino procurado de toda essa juventude, essencialmente para a cidade do Rio de Janeiro

(e em menor escala outras cidades comerciais).

195 ALVES, Jorge Fernandes – Portugal e Brasil – Encontros, Desencontros, Reencontros. In Actas dos Cursos Internacionais de Verão de Cascais (3 a 15 de Julho de 2000). Vol. III. Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 2001, p. 113. 196 “O brasileiro típico é o ex-emigrante retornado com bens normalmente avultados e adquiridos em actividades comerciais nos centros urbanos das terras de Vera Cruz. Instala-se na sua terra natal ou na Cidade do Porto, na tranquilidade burguesa dos seus teres e haveres” – Joel Serrão – Notas sobre emigração e mudança social no Portugal Contemporâneo. In Análise Social. Vol. XXI. Lisboa: s.e., 1985, pp. 995-1004. 197 GARCIA, José Luís – A Emigração Portuguesa – Uma Breve Introdução. s.l.: Edição Ministério dos Negócios Estrangeiros – Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, 1998, p. 22.

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São mais tarde estes brasileiros que ajudam a dar novas configurações ao urbanismo das vilas

minhotas oitocentistas então promovidas a sedes e concelho (Fafe, Famalicão, Santo Tirso, Póvoa

de Varzim são exemplos, a par de determinadas urbanizações do Porto).”198

As intensas partidas de emigrantes para o Brasil desde os séculos XV e XVI constituíam o

principal motivo de preocupação governamental, em virtude do despovoamento do reino, o que

conduziu à aplicação de medidas legislativas que aplicavam restrições ao movimento emigratório.

Segundo a Lei de 20 de Maio de 1720 a emigração ilegal era violentamente punida através da perda

de cargos e da própria nacionalidade. Desde 1870 esta política sofreu uma inversão, inaugurando-se

assim, um período de emigração liberal199; “é certo que o Estado nunca se desinteressou da

emigração e manteve sobre ela um controlo administrativo; mas, em contraste com os períodos

precedentes e seguinte, havia nessa época uma legislação aberta, sem estabelecimento de quotas

nem restrições absolutas.”200 Contudo, convém referir que isto não significa que tenha havido uma

política de liberalização da emigração; houve, com efeito, “uma tolerância da emigração legal e

não-legal que visou manter o fluxo emigratório a um nível razoável, de modo a contrariar o

aumento do excedente demográfico.”201

No entanto, existiam três preocupações essenciais que parecem estar subjacentes a esta nova

orientação das políticas de emigração no período entre 1877 a 1930: manter a corrente de divisas

provenientes do Brasil, ao mesmo tempo que se procura desviar para África uma parte do

contingente emigratório, imprescindível ao estabelecimento da administração portuguesa,

conciliando estas duas preocupações com as necessidades de mão-de-obra da burguesia agrária e

industrial. Todavia, as medidas de incentivo à emigração para o continente africano não foram de

todo bem sucedidas em resultado do constante apoio do Brasil à emigração, mesmo não legal.

Assim, a emigração para a África nunca ultrapassou a corrente emigratória para o Brasil,

permanecendo sempre uma corrente minoritária.202

O Brasil, como destino, tinha, para além das facilidades decorrentes da língua comum, uma

política de imigração favorável devido à falta de mão-de-obra resultante do fim da escravatura

negra de África, proporcionando passagens a preços mais reduzidos e garantindo a integração dos

imigrantes em postos de trabalho, ainda que, muitas vezes, em condições de quase escravatura.203

198 ALVES, Jorge Fernandes – Portugal e Brasil – Encontros, Desencontros…, pp. 118-126. 199 GARCIA, José Luís – A Emigração Portuguesa…, p. 23. 200 GARCIA, José Luís – A Emigração Portuguesa…, p. 24. 201 GARCIA, José Luís – A Emigração Portuguesa…, p. 25. 202 GARCIA, José Luís – A EmigraçãoPortuguesa…, p. 25. 203 ALVES, Jorge Fernandes – Os “Brasileiros” da Emigração. Vila Nova de Famalicão: Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, 1998, p. 53.

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Para um melhor entendimento do ciclo emigratório para o Brasil, impõe-se também a

identificação das principais zonas de origem dos emigrantes portugueses204 para esse destino, assim

como as características etárias e profissionais mais relevantes destes emigrantes.

Tradicionalmente, os emigrantes portugueses preferiam o comércio que, nas primeiras

décadas do século XIX, continuou a ser dominado por eles.205 Porém, apesar desta continuar a ser,

em algumas regiões brasileiras, a actividade em que mais se empregavam, na segunda metade do

século XIX, as carências de mão-de-obra agrícola canalizaram para a agricultura uma parcela cada

vez mais relevante daqueles que abandonavam o solo pátrio, sonhando com a fortuna cada vez mais

difícil de obter.

Através da correspondência diplomática e consular, analisavam esta questão os representantes

dos portugueses no Brasil, apontavam como motivações dos nossos emigrantes a falta de meios de

subsistência decorrente da falta de trabalho e do elevado preço dos cereais; a facilidade de no Brasil

obterem trabalho sendo este bem remunerado; a comunhão do idioma e a similitude de costumes

entre portugueses e brasileiros; a actividade dos proprietários dos navios que tenderiam a facilitar o

pagamento das passagens e a existência no Brasil de parentes conterrâneos dos candidatos à

emigração.

Por sua vez, analisando em 1872 esta problemática, atribui-se ao serviço militar o maior peso

no conjunto das determinantes da saída dos portugueses. Estando no primeiro escalão das

motivações para o abandono do país, não deixava, no entanto, de incluir “a penúria por falta de

trabalho, ou por trabalho mal remunerado”. Em segundo lugar fala-se em “ambição da riqueza”. Na

mesma época alertava-se para o papel preponderante dos “alliciadores assalariados” e dos

proprietários dos navios, no fomento da emigração.

Em 1874, o agente consular de Pernambuco apontava o desejo da “acquisição rápida de

riqueza” e a necessidade de “fugir à prestação do serviço militar, com sendo as principais causas da

saída dos portugueses.206

Um papel sem dúvida importante para o incentivo dos portugueses a emigrar, terá sido o papel

dos aliciadores. A sua actividade está na verdade inserida na política brasileira de captação de mão-

de-obra europeia, de que é sintoma evidente o surgimento de várias associações de promoção da

emigração, entre as quais salientamos a Associação Central de Colonização criada pelo decreto de

204 No nosso caso limitamo-nos apenas a considerar as freguesias da Póvoa de Varzim. 205 Geralmente todos os estrangeiros chegados ao Brasil, preferiam as actividades artesanais ou o negócio. Muito poucos eram rurais, apesar de serem estes emigrantes os preferidos. SERRÃO, Joel – Temas Oitocentistas I. Lisboa: Livros Horizonte, 1980, p. 177 206 CRUZ, Maria Antonieta – Agruras dos emigrantes portugueses no Brasil – Contribuição para o estudo da emigração portuguesa na segunda metade do século XIX. Separata da Revista de História. Vol. II. Porto: Centro de História da Universidade do Porto, 1987, pp. 13-14.

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1855,207 cujo fim, explicitado nos seus estatutos, era o de “importação de imigrantes morigerados

agricultores e industriosos, que espontânea ou subsidiadamente” quisessem partir do Império.208

Variando para mais ou menos, de acordo com a situação económica e social do país e com as

condições oferecidas, manter-se-á, no entanto, em níveis que permitem considerá-la uma “sangria

populacional”, apesar de ser difícil a sua rigorosa quantificação. Para isto concorrerá a introdução

tardia das estatísticas demográficas nos países da América, acrescendo ainda o facto de grande

número dos que aportavam a terras de Vera Cruz o fazerem clandestinamente e a circunstância de

Portugal só muito tarde ter procedido à anotação regular do movimento de passageiros. Refira-se, a

propósito, que o Porto, distrito que maior número de portugueses viu sair para o Brasil, apenas em

1866 introduziu este registo.209

Na realidade, a emigração portuguesa estava envolvida numa teia muito complexa, em que

intervinham o governo brasileiro, os governos federais, as associações de colonização, os grandes

proprietários brasileiros, os proprietários e capitães de navios, servidos por uma grande e eficaz rede

de engajadores. Esta trabalhava em todo o território nacional, predominantemente no Litoral, e

depois de 1870 também no interior dada a melhoria das comunicações, decorrente da introdução

dos caminhos-de-ferro.

“A existência de sociedades, cuja actividade consistia no fomento da emigração para terras de

Vera Cruz, patenteia, um «negócio» altamente lucrativo para os seus mentores e quase sempre

desastroso para quem se deixava aliciar. Anote-se antes de mais, que as poucas e precárias

estatísticas que possuímos apontam para uma dramática e contrastante situação cultural dos

portugueses de meados de oitocentos. O índice de alfabetização era muito baixo e essa situação veio

a revelar-se, sem dúvida, muito importante no êxito dos engajadores. De realçar ainda, que uma alta

percentagem dos emigrantes era constituída por menores engajados, às vezes sem autorização dos

pais tutores ou curadores.”210 Era também neste contexto “que o chefe de família entregava os mais

jovens do seu agregado nas mãos da rede de engajadores que os levariam até ao Brasil, onde

anteviam um risonho futuro de riqueza.”211

207 Decreto do Imperador do Brasil, n.º 1584 – 2 de Abril de 1855 – Biblioteca do Rio de Janeiro – 366. CRUZ, Maria Antonieta – Agruras dos emigrantes portugueses no Brasil…, p. 15. 208 CRUZ, Maria Antonieta – Agruras dos emigrantes portugueses no Brasil…, p. 15. 209 CRUZ, Maria Antonieta – Agruras dos emigrantes portugueses no Brasil…, p.15. 210 CRUZ, Maria Antonieta – Agruras dos emigrantes portugueses no Brasil…, pp. 18-19. 211 ALVES, Jorge Fernandes – Os “Brasileiros” da Emigração…, p. 53.

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5.2. A emigração na Póvoa de Varzim nos finais do século XIX

O artigo de Flávio Gonçalves, Os pescadores poveiros em Angola e Moçambique, do Boletim

Cultural da Póvoa de Varzim, referia que, na última década do século XIX, havia cerca de 1600

famílias na comunidade piscatória poveira, que se reduziram consideravelmente devido a esta

emigração para o Brasil.212 O pescador poveiro, não podendo exercer o seu mister, “decidia emigrar

para o Brasil ou delibera fixar-se em vários portos da Galiza. Pela importância daquele centro

trabalhador se avalia esta calamidade, inesperada em gente, há séculos, ali se fixa, e ao mesmo

tempo, a latitude da desgraça que a punge. Nem a caridade despertada agora lhe pode acudir por

muito tempo, nem a homens válidos é regular que, de quando em quando, o país surja com a

esmola. O país deve-lhes: primeiro, o pequeno porto de abrigo, segundo, o estudo e resolução do

problema.”213

Sendo assim, para o poveiro só restava uma solução para poder sobreviver – a emigração.

“A expansão do pescador poveiro através da costa portuguesa, que se devia ter intensificado

com o desenvolvimento da pesca no século XVIII, há-de constituir um dia importante matéria de

estudo dos nossos historiadores e economistas. Além da documentação escrita, oculta e dispersa nos

arquivos, poderá derramar alguma luz sobre o assunto o inquérito à distribuição, no nosso litoral, do

barco usado pelos poveiros. Ora sabemos que tal tipo de embarcação, conservado ainda hoje [século

XX] de Viana do Castelo à Afurada, e em Buarcos e Gala (Figueira da Foz), foi conhecido na

segunda metade do século XIX desde Âncora à margem esquerda do Douro, como também de Vigo

a La Guardia (na Galiza) e na foz do Mondego, na Nazaré, Cascais, Sesimbra e Setúbal.”214

Em Manaus os Poveiros chegaram a encarregar-se do transporte de passageiros entre as docas

e os navios ancorados no porto. Ferreira de Castro, em 1930, no romance A Selva, fala desses

homens “requeimados pelo sol”, que nos seus barcos animavam, naquela cidade, a corrente do

Amazonas: “no cais, lá estavam os escaleres dos Poveiros, com um pouco de água a estremecer no

fundo encharcadinhos de sol.”215

Manuel da Silva, no seu artigo A Póvoa e as suas crises económicas, refere, em artigo que O

Progresso publicou, que a indústria da pesca na Póvoa de Varzim debilitava-se a olhos vistos. “A

inauguração da linha-férrea do Porto à Póvoa, em 1875, abriu uma derivante às pescarias aqui

colhidas, levando-as mais longe, mais rapidamente e em melhores condições de consumo. Poucos

212 GONÇALVES, Flávio – Os pescadores Poveiros em Angola e Moçambique. In Boletim Cultural da Póvoa de Varzim, Vol. VI, n.º 2. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, 1967, p. 285. 213 PEIXOTO, Rocha – Museu Municipal do Porto…, p. 388. 214 PEIXOTO, Rocha – Museu Municipal do Porto…, p. 285. 215 CASTRO, Ferreira de – A selva. 7.ª Edição, Lisboa: s.e., 1940, p. 59.

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anos mais tarde, outra linha-férrea da Póvoa a Famalicão, desenvolveu mais o tráfico das pescarias,

fazendo-as penetrar, com aquelas vantagens, no interior do Minho e Trás-os-Montes e indo até às

Beiras. Evidentemente, o período verdadeiro e realmente próspero da praia da Póvoa andou pelos

anos 1880 a 1890 e tantos.”216

Foi “em 1892 se deu a crise financeira do Estado que acarretou um abalo em toda a economia

nacional, embora isso tivesse sido um simples tremor de terra, em comparação do violento sismo

que, nos dias de hoje, ameaça subverter-nos, desde então a decadência manifestou-se, alastrou,

persistiu e converteu-se num mal crónico que não passou a atenuar-se, sequer com paliativos.”217

Más condições topográficas ou hidrográficas da enseada, aparelhagem da pesca e

embarcações primitivas, desapego do pessoal à profissão e facilidade em procurar meios de vida

longe da terra, levaram a que o poveiro emigrasse.

“O porto de Leixões, embutido na vila de Matosinhos, a relativamente pequena distância da

Póvoa, foi um golpe tremendo, agravado ainda pelo horrendo naufrágio de 27 de Fevereiro de 1892,

um golpe tremendo na posição ocupada pela nossa praia.”218

Depois, e embora de há muito houvesse emigração para o Brasil, mas episódica, os primeiros

grupos de pescadores que tentaram a pesca na grande baía de Guanabara foram de tal forma

compensados nos esforços, incómodos, saudades da terra e da família, que, sem uma hesitação,

largaram daqui e formaram, no Rio de Janeiro, o mais forte e mais próspero núcleo de poveiros em

terras do Brasil, deixando em segundo plano Manaus, Porto Alegre, entre outros.219

“A emigração para o Brasil é já de facto normal, etnográfico, nas funções populacionais da

Póvoa, não havendo forças capazes de a desviar ou eliminar, até porque o poveiro é indispensável

no Rio de Janeiro, porque lá os naturais nem possuem o valor profissional, o valor pessoal do nosso

pescador, nem querem abandonar outros modos de vida mais cómodos e lucrativos”. 220

As causas primordiais da decadência da indústria da pesca, como as crises de outra qualquer

ordem, descambam sempre na emigração, e nisto, lógica e inelutavelmente, nessas causas

primordiais, inclui-se o choque da concorrência das artes – novas por volta do ano de 1896. Esse

choque repercutiu-se aqui, uma vez que veio agravar ainda mais o estado da classe e indústria

piscatória.221

Segundo Manuel Silva, no artigo A Póvoa e as suas crises económicas, “lavrou-se uma

escritura de sociedade com trezentos pescadores inscritos, apresentou-se esse documento a registo

no Tribunal do Comércio, prepararam-se os livros da escrita, com a autenticação daquele Tribunal: 216 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 191. 217 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 192. 218 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 192. 219 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas. .., p. 192. 220 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas. .., p. 192. 221 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 192.

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fez-se um contrato de fornecimento do fio para redes: fabricaram-se as redes…. E tudo foi visto

com uma gélida indiferença pelo pescador poveiro. Caducou a concessão, com alegria dos

empresários atingidos pela concorrência da cooperativa; os povoenses, cujos nomes todos sabem e

que intervieram no caso, viram, com dolorosa surpresa, que estavam todos isolados! Liquidaram a

mal afortunada empresa, e o pescador resolveu por si a questão: emigrou às centenas para o Brasil;

emigrou às centenas para Matosinhos. A confusão da derrota. Aqueles que partem para o Brasil

ainda vão ocorrendo regularmente às exigências da vida; os que seguem para Matosinhos suportam

lá a existência precária e apertada que tinham aqui.”222

Estas são as conclusões a que terá chegado Manuel da Silva e para finalizar a contextualização

desta problemática da emigração na Póvoa de Varzim, deixamos esta afirmação de Flávio

Gonçalves, que caracteriza bastante bem o dia-a-dia do pescador poveiro Brasileiro:223 que

“presentemente [1930] os marítimos Poveiros localizados em Niterói, nos arredores do Rio de

Janeiro, pescam em canoas e em barcos motorizados, e vivem num bairro próprio, a que chamam

Nova Póvoa.”224

5.3. A emigração poveira para o Brasil

A imprensa das várias tendências políticas irá valer-se do discurso migratório para

desencadear conflitos de cunho político, exigindo do governo leis de protecção para os emigrantes,

bem como apoio e atendimento para questões relativas às áreas de fixação no Brasil. O problema

interno da sociedade portuguesa continuava insolúvel, e a emigração tornava-se uma indústria,

repetindo as palavras de Oliveira Martins, que trazia dividendos para o reino. As exportações de

produtos agrícolas para o Brasil cresceu, bem como as remessas de divisas, fomentadas pelos rios

de ouro, provenientes do Brasil, a partir da última década do século XIX.

Por fim, parece-nos, também, de considerar que, mais do que elemento de propaganda, a

imprensa foi campo de batalha de ideias opostas sobre o tema da emigração. Cada linha de

pensamento usou falas, nos seus periódicos, para combater e estimular a ideia de emigrar.225

222 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 195. 223 Tome-se a palavra abalizada de Alexandre Herculano, em carta datada de Dezembro de 1873 e dirigida ao conselheiro José Bento da Silva: a denominação de brasileiro adquiriu para nós uma significação singular e desconhecida para o resto do mundo. Em Portugal, a primeira ideia talvez que suscite este vocábulo é a de um indivíduo cujas características principais e quase exclusivas são viver com maior ou menor largueza, e não ter nascido no Brasil; ser um homem que saiu de Portugal na puerícia ou na mocidade mais ou menos pobre e que, anos depois, voltou mais ou menos rico. TRINDADE, Maria Beatriz Rocha e CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza – Olhares Lusos e Brasileiros. S. Paulo: Usina do Livro, 2003, p. 133. 224 GONÇALVES, Flávio – Os pescadores Poveiros em Angola e Moçambique…, pp. 285-286. 225 TRINDADE, Maria Beatriz Rocha, CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza – Olhares Lusos e Brasileiros…, p. 43.

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Como não poderia fugir à regra, os periódicos da Póvoa de Varzim também tecem os seus

comentários em relação à problemática emigratória, que estava tão patente neste concelho nos finais

do século XIX. Com a consulta do periódico Estrella Povoense, podemos comprovar qual a

reflexão da imprensa da Póvoa de Varzim, acerca da emigração. A primeira notícia que

encontramos intitulava-se de Questão Grave, Adensam-se as difficuldades, Emigração forçada e

menciona as dificuldades que a classe piscatória vinha enfrentando devido ao “seu desmedido e

tacanho espírito rotineiro. O caso das peças é, de per si, mais que sufficiente para plena

demonstração d’este facto. Annos e annos levaram os nossos pescadores a miral-as e remiral-as; e

apezar de tão amiude observarem os seus beneficos resultados, indifferentes, lá proseguiam na faina

com a ronceira sardinheira.”226

Assim, enquanto que na Póvoa de Varzim continuavam com a sua pesca rudimentar, em

Matosinhos adoptavam-se as novas inovações da pesca, e prometiam aos pescadores poveiros

vantajosos contratos, optando estes por se deslocarem para Matosinhos.227

Em suma, “aqui temos a Povoa, a primeira em industria de pesca e gente, sem uma unica

fabrica de conservas, sem peixe para comer, durante uma boa parte do anno, e, por ultimo, já com

uma larga emigração forçada dos seus valentes pescadores para uma localidade que, ainda hontem,

nada era, levando-lhe, com o suor do rosto, a riqueza que o nosso desmazelo, a nossa incúria, ou

antes a nossa ignorancia, nem soube nem quis aproveitar.”228

O editorial A Colonisação no Brasil que refere que a emigração portuguesa, juntamente com a

italiana e a alemã, constituíram a maior comunidade de emigrantes nos finais do século XIX, no

Brasil.

Assim, segundo o Estrella Povoense, emigraram para o Brasil no ano de 1888, 13.714

portugueses. Contudo ainda, segundo o periódico, os portugueses, para além de emigrarem para o

Brasil, também emigravam para África, mas em número muito reduzido, então, “póde bem

affirmar-se que Portugal não tem emigração senão para o Brazil. Possue, é certo, dominios

vastissimos na Africa; tem alli territorios de uma fertilidade assombrosa; encontra-se alli productos

largaamente procurados e apreciados; todavia, nunca se tratou de constituir alli grandes centros de

civilisação; e o resultado foi nunca se terem dirigido para essas terras opulentas as correntes da

emigração portugueza.”229

Faz-se referência, ainda, que as autoridades deveriam tomar medidas em relação à corrente

emigratória, nomeadamente proceder a regulamentação, dado que existia emigração por fraude, ou

226 Estrella Povoense. N.º 1418, 30 de Dezembro de 1903, p. 1. 227 Estrella Povoense. N.º 1418, 30 de Dezembro de 1903, p. 1. 228 Estrella Povoense. N.º 1418, 30 de Dezembro de 1903, p. 1. 229 Estrella Povoense. N.º 37, 2 de Novembro de 1890, p. 1.

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seja emigração por contratos ilusórios; e, por último, deveriam diminuir-se os impostos para

combater a emigração.230

Assim, “era muitissimo acertado que as authoridades de todos os concelhos, sem excepção,

impedissem esse trafico de carne branca, que d’aqui por algum tempo, deve vir a ser causa d’um

enfraquecimento moral, económico deste tão bello torrão. Seja permittida a emigração, seja

regulada, mas seja rigorosamente castigada a fraude com que se procura augmental-a.”231

Na notícia A emigração para o Brazil faz-se a seguinte interrogação: “e o que acontece ao

emigrante, qual o proveito que ele tira do abandono da sua pátria?”232 E responde do seguinte

modo: “os emigrantes encorajados por promessas falsas, julgam que o Brasil lhes trará fortuna, ou

seja, “os emigrantes contratados por engajadores, e aguilhoados por uma ambição perniciosa, por

promessas exageradas, julgam que o Brazil lhes ha-de proporcionar riquezas, ouro, muito ouro, e

que assim se hão de tornar muito felizes…”233

Fazem ainda referência ao despovoamento do país, principalmente do Norte, e as medidas

para evitar este despovoamento.

Expõe o caso da classe piscatória que, desfavorecida pelas redes de arrasto e, como

consequência, pela falta de pescado e pela obrigatoriedade de cumprir o serviço militar, opta por

emigrar, alguma da qual de forma clandestina.234

230 Estrella Povoense N.º 46, 4 de Janeiro de 1891, p. 1. 231 Estrella Povoense. N.º 46, 4 de Janeiro de 1891, p. 1. 232 Estrella Povoense. N.º 846, 4 de Junho de 1895, p. 1. 233 Estrella Povoense. N.º 846, 4 de Junho de 1895, p. 1. 234 Estrella Povoense. N.º 1040, 6 de Setembro de 1896, p. 1.

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68

5.4. Quantos e quem emigrava

Se, qualitativamente, a imprensa focava a agudez da emigração poveira, os números são-nos

dados quantitativamente através dos “Requerimento Solicitando Guias para Passaportes para o

Brasil”, no ano de 1896.

Quadro 8: Homens que Embarcaram para o Brasil no ano de 1896 – Estado Civil

Fonte: AMPV: Requerimento Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil em 1896, n.º 1197.

Casado % Desconhecidos % Solteiro % Viúvo % Total

72 45,8 45 28,7 37 23,6 3 1,9 157

Estado Civil por Sector Sócio-Profissional e Sexo dos Migrantes para o Brasil no Ano de 1896

05

101520253035404550

Marítimo Pescador Outras profissões,desconhecidos e

menores

Mulher

Valo

res

abso

luto

s

Casado Desconhecido Solteiro Viúvo

Fonte: AMPV: Requerimento Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197.

Como podemos verificar no quadro 8 e no gráfico 1, no ano de 1896, no concelho da Póvoa

de Varzim, quem mais emigrou foi o homem casado, contrariamente a outros estudos já realizados;

Gráfico 1

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69

verifica-se que noutras localidades do país, na mesma época, emigravam maioritariamente os

solteiros.235

A emigração em que os solteiros predominam pode associar-se aos mecanismos de exclusão

dos mesmos. As estratégias de distribuição social, quando a emigração é a via adoptada no

momento de saída da casa paterna, ocorrem num momento mais ou menos consensual, geralmente

num processo desencadeado pelos ascendentes. O significado passa a ser outro se o homem casado

ou a família em conjunto se vêem obrigados a emigrar, abandonando as terras ou outro tipo de

património por venda ou penhora. No que respeita aos viúvos, tudo depende da fase etária, dos

eventuais desenvolvimentos de descendência, da possibilidade de fazer vida e reagrupar-se a filhos

já emigrantes, para efeitos de protecção na fase final da vida. O seu peso é quase insignificante no

total da emigração, retirando qualquer influência decisiva no ano em análise.236

Verificamos que 45,8% dos indivíduos do sexo masculino que emigram são casados,

seguindo-se os solteiros com 23,6% do total da emigração para o Brasil. Observamos, também, que

em 28,7% dos indivíduos do sexo masculino que emigram para o Brasil, não está referenciado o seu

estado civil.237

Focando apenas os pescadores e marítimos representavam 70,2%238 do total dos indivíduos

casados e 22,5%239 do total dos solteiros, o que contrasta com os restantes sectores sócio-

profissionais uma vez que, apenas 25,7%240 dos indivíduos de outros sectores são casados e

67,5%241 são solteiros. Constatamos, portanto, que emigram maioritariamente mais pescadores e

marítimos casados do que dos outros sectores sócio-profissionais, como a Agro-Pecuária, com

5,4%242, os Trabalhadores Oficinais, com 4,8%243; Comércio com 6,6%244 e Outras Profissões

(Carteiro, Criada, Trabalhador) com 4,8%245. Nestes sectores sócio-profissionais, emigravam

maioritariamente os ainda solteiros.

235 CRUZ, Maria Antonieta – Agruras dos emigrantes portugueses no Brasil…, p. 46. 236 ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto oitocentista. Vol. I, Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1993, pp. 248-249. 237 Verificar quadro 9. 238 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.4. 239 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.4. 240 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.4. 241 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.4. 242 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.3. 243 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.3. 244 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.3. 245 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.3.

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70

Quadro 9: Estado Civil das Mulheres que Embarcaram para o Brasil em 1896

Fonte: AMPV: Requerimento Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197.

Casada % Desconhecidos % Solteira % Total

3 33,3 2 22,2 4 44,4 9

Para a emigração feminina, analisando a mesma fonte, e como se pode constatar no gráfico 1,

em relação ao estado civil, há um comportamento diferente da emigração masculina. Assim, 44,4%

da emigração feminina é solteira. Em relação às mulheres casadas, temos 33,3% da emigração

feminina total, que normalmente iam juntar-se aos maridos. Saliente-se, ainda, que em 22,2% dos

casos o estado civil das mulheres é desconhecido. Deste modo, as mulheres solteiras emigravam

maioritariamente.246

Na relação de género e estado civil na emigração, podemos verificar, com a análise dos

quadros 8 e 9, que no ano de 1896, no concelho da Póvoa de Varzim, (e noutras localidades do país,

como se pode verificar, nos Brasileiros da emigração,247 de Jorge Alves e noutros estudos

idênticos), o homem era o protagonista directo da emigração. À mulher casada cabia um papel dito

de retaguarda, competindo-lhe gerir a empresa familiar, a educação dos filhos, as lides domésticas,

e raramente emigrava; quando o fazia, ou era através de uma carta de chamada do marido ou

embarcava com este.248

As mulheres, devido à estrutura familiar, não tinham laços de independência que lhes

permitissem libertá-las da família e levá-las a lançar-se na emigração. Os casos que aparecem nas

fontes como mulheres solteiras são menores ou jovens do sexo feminino que acompanham o

agregado familiar para o Brasil.249 A emigração feminina no ano de 1896 é de 9 mulheres, enquanto

que a dos homens é de 157. Só temos o registo de duas famílias de quatro pessoas que embarcam

para o Brasil, isto é, num total de 166 pessoas, só dois indivíduos é que vão acompanhadas de

esposa e filhos.

246 Verificar quadro 10. 247 ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto…, p. 55. 248 TRINDADE, Maria Beatriz Rocha, CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza – Olhares…, pp. 61-62. 249 ALVES, Jorge Fernandes – Os “Brasileiros” da Emigração…, p. 56.

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71

Idades por Sexos dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em 1896"

0

10

20

30

40

50

600-

4

4-9

9-14

15-1

920

-24

25-2

9

30-3

435

-39

40-4

4

45-4

950

-54

55-5

9

60-6

4

>65

Desc

onhe

cida

Idades

Valo

res

abso

luto

s

Homens Mulheres

Fonte: AMPV: Requerimento Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896 n.º 1197.

A idade do emigrante era uma das características marcantes, é um factor decisivo que,

conjugado com outras variáveis, tais como o ensino e/ou a aprendizagem profissional, pode

determinar os níveis de sucesso, ser preponderante no mercado de trabalho e na inserção social do

país de acolhimento.250 Os trajectos migratórios a desenvolver e as expectativas a perseguir estão

muito condicionados pela idade, sendo muito diferente a emigração de um jovem solteiro da de um

adulto casado. Os jovens estavam mais decididos a correr riscos e a suportar aprendizagens. Os

casados eram normalmente mais cautelosos, pois tinham outras obrigações e necessidades

prementes de ganhar dinheiro. Na emigração para o Brasil, a inserção e a ascensão social estavam

muitas vezes dependentes da idade.251 Tomando por base as percentagens dos grupos etários

emigrados verificamos que os menores,252 nos Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes,

representam 15,7%253 do total da emigração em 1896.

Embora fossem os pais a solicitar a documentação necessária, esta emigração de menores

fazia-se maioritariamente sem acompanhamento de familiares, isto é, emigravam sozinhos. A

250 ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto…, p. 254. 251 ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto…, p. 254. 252 É considerado menor todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão. In ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto…, p. 257. 253 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.2.3.

Gráfico 2

Page 72: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

72

emigração de menores era mais frequente entre os 9 e os 14254 anos. Com menos frequência, temos

a emigração entre a faixa etária dos 15 aos 19 anos, como podemos observar no gráfico 2. Justifica-

se este baixo número de emigrantes devido à questão do recenseamento militar e à imposição legal

e intransigente de o cumprir. Quem pretendesse emigrar tinha de provar, no seu processo de

emigração, que tinha o serviço militar cumprido e as respectivas taxas pagas.255 Saliente-se que,

segundo Jorge Alves na obra Os Brasileiros, quando se verificavam alterações na lei de

recrutamento militar, fixando limites para a imposição de fianças ao recrutamento, fazia com que

idade modal baixasse de imediato para a idade abaixo do limite mínimo. Pela lei de 1877, de facto,

era obrigatório a todos os menores de 22 anos uma fiança.256 “O poveiro tem um profundo horror à

vida militar. Não havia forma, noutros tempos, de se conseguir que um só, voluntáriamente, se

apresentasse para servir o rei. Quem quisesse que o servisse; o Poveiro, não! Daí os assaltos, de vez

em quando, ao bairro, para agarrar os refractários. Mas em menos de dez minutos não havia um

rapaz em idade militar no bairro – porque de casa em casa, pelo quintal, era passada a nova de

«moiro na costa.»”257 Quadro 10 – Repartição por Idades dos Emigrantes para o Brasil

Fonte: AMPV: Requerimento Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197.

Idades

0-4

4-9 9-14

15-19

20-24

25-29

30-34

35-39

40-44

45-49

50-54

55-59

60-64

>65

Total

Homens - 1

16

5

9

11

18

18

11

5

6

1

1 -

157

Mulheres - - - 1

1

1 - - - - - - - -

9

Verificamos que nos Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes, a idade que

apresenta maior frequência, na emigração masculina para o Brasil, é a de os 25 e os 39 anos, com

28,2%258 do total da emigração. É também de salientar que 56 das idades apresentadas são

254 Verificar na tabela em anexo, ponto 4.4. 255 ALVES, Jorge Fernandes – Os “Brasileiros” da Emigração…, p. 56. 256ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração …, p. 257. 257 GRAÇA, António dos Santos – GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes…, pp. 46-47. 258 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.6.

Page 73: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

73

desconhecidas.259 Em relação aos pescadores e marítimos, a idade mais frequente com que

emigravam era dos 30 aos 44260 anos.

Em conclusão, poder-se-á verificar que a emigração, sugerida pela estatística dos

Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes em 1896, prevalece nas faixas etárias dos 30

aos 39261 anos, revelando que os poveiros, quando emigravam, já não eram jovens. O que vem

comprovar que estes foram obrigados a emigrar devido às dificuldades económicas, as quais já

foram referidas anteriormente. O mesmo pode comprovar-se com as notícias descritas nos artigos

relacionados com a emigração no periódico Estrella Povoense.262

Média e Moda das Idades Referidas dos indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em 1896"

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Janeiro

Março

Maio

Julho

Setembro

Novembro

Mes

es

Idades

Média Moda

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197.

Conforme se observa em pormenor no gráfico 3, a evolução etária demonstra que o

comportamento modal, isto é a idade de maior frequência estatística, ocorre no mês de Janeiro e

Outubro. No gráfico 3 podemos ainda verificar que a média aritmética da distribuição estatística das

idades de emigração no mês de Outubro é de 26,9 anos; seguidamente surge o mês de Abril, com 27

anos, onde a média aritmética de idades dos emigrantes é de 31,7%.

259 Optamos por classificá-los como desconhecidos por falta de informação documental. 260 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.6. 261 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.7. 262 Estrella Povoense. N.º 1418, 30 de Dezembro de 1903, p. 1.

Gráfico 3

Page 74: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

74

Podemos ainda apurar a partir dos dados do gráfico 3 que, no mês de Agosto e Novembro,

surge um comportamento modal onde a idade de maior frequência é de 11 e 13 anos.

Com efeito, verificamos que a moda, quando se afasta destes números 11 e 13 anos,

normalmente avança para idades entre os 27 e os 37 anos, onde se apresentam os meses de Abril e

Outubro.

Saliente-se que segundo, Jorge Alves, na obra Os Brasileiros, quando se verificavam

alterações na lei de recrutamento, a idade modal baixava de imediato, para a idade abaixo do limite

mínimo.263

Profissão dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em 1896"

05

1015202530354045

Pesc

ador

Pedr

eiro

Cria

da

Sear

eiro

Lavr

ador

Mar

ítim

o

Cai

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eiro

Neg

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Car

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Alfa

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Jorn

alei

ro

Indi

fere

ncia

do

Valo

res

abso

luto

s

Profissões

Fonte: Requerimento Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, AMPV n.º 1197.

“Num país predominantemente agrícola, o desenho da tessitura social no que concerne à

emigração para o Brasil, não diverge do todo nacional uma vez que é da camada da população que

acusa raízes telúricas que sai a grande mancha de indivíduos.”264 Este é o cenário que se verificava

a nível nacional; no entanto, o concelho da Póvoa de Varzim vem contradizer esta afirmação, como

podemos verificar no gráfico. Através das fontes analisadas verificamos que os pescadores são a

profissão mais frequente, com 43 dos Requerimentos Solicitando Guias para Passaporte, que

263 ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto…, p. 257. 264 TRINDADE, Maria Beatriz Rocha, CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza – Olhares Lusos…, p. 57.

Gráfico 4

Page 75: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

75

representam 25,9%265 só do total da emigração, a que se juntam os marítimos com 14,5%.266 Com

uma percentagem quase insignificante, vem o sector agro-pecuário com 5,4%267 do total das

profissões.

Os menores, nesta fonte, representam 15,7%,268 não sendo referenciada qualquer profissão.

Nível de Instrução dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em 1896"

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Marítimo Pescador Outras profissões Mulheres Menores

Valo

res

abso

luto

s

Sabe escrever Não escreve

Fonte: AMPV: Registo Pedidos para Passaportes, em 1896, n.º 1166.

“Antigamente entendiam os camponezes – e entendiam muito bem – que antes de enviarem um

filho para o Brazil era do seu imprescindível dever manda-lo ensinar a ler, a escrever e contar, mas

este bom costume obliterou-se com o aparecimento dos engajadores, porque estes não querem saber

de aptidões, nem de sexos ou idades, basta-lhes o número de cabeças.”269A metodologia que

requeremos neste momento, vai permitir criar uma divisão tipológica entre os que sabem escrever e

os que não escrevem, que permite fazer a destrinça por sector profissional e sexo. Desta forma,

concluímos que os marítimos e pescadores, o número dos que não sabem escrever é superior ao

número dos que sabem escrever, ou seja, os pescadores e marítimos 75,7%270 os que não sabem

265 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.3. 266 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.3. 267 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.3. 268 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.3. 269 ALVES, Jorge Fernandes – Ler, Escrever e Contar na Emigração Oitocentista. Separata da Revista de História das Ideias. Vol. XX .Coimbra: Faculdade de Letras de Coimbra, 1999, p. 289. 270 Verificar na tabela em anexo, ponto 3.5.

Gráfico 5

Page 76: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

76

escrever e 22,3%271 os que sabem escrever do total dos emigrantes. Deste modo, entre os sectores

sócio-profissionais, os pescadores e marítimos são os apresentam maior número de indivíduos que

não sabem escrever. Constatamos que os indivíduos que sabem escrever entre as outras profissões

são 42,4%272 na totalidade, e 15,7%273 não sabem escrever. Quanto aos menores, a percentagem dos

que escrevem é maior que a dos que não escrevem.

Merece ser destacado o facto de encontrarmos os mais qualificados nas faixas etárias mais

jovens, uma vez que quanto mais novos são os emigrantes, melhor é a sua preparação na arte de ler

e escrever, cuja miragem do Brasil leva muitas famílias a instruírem, desde tenra idade, com

determinadas habilitações, os filhos que eram destinados a seguirem para o Brasil.

5.5. Origem dos emigrantes

Moradas dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em 1896"

0

5

10

15

20

25

30

35

40

"Póv

oa d

e Va

rzim

"

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Rua

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Val

adim

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Lapa

Moradas

Freguesias e Ruas do Concelho da Póvoa de Varzim

Valo

res

abso

luto

s

Fonte: AMPV: Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197.

271 Verificar na tabela em anexo, ponto 3.5. 272 Verificar na tabela em anexo, ponto 3.5. 273 Verificar na tabela em anexo, ponto 3.5.

Gráfico 6

Page 77: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

77

Como podemos verificar no gráfico 6 de acordo com os dados estatísticos obtidos através da

análise das fontes, neste caso dos Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes, é possível

verificar que a área de onde migraram mais indivíduos, relativamente à Póvoa de Varzim, foram

precisamente as freguesias de Beiriz e Navais274, e com a percentagem mais reduzida destacam-se

as freguesias de Laúndos e Terroso.275 A rua de onde saíram mais migrantes foi a Rua dos

Ferreiros.

Moradas dos Pescadores e Marítimos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em 1896"

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

"Póv

oa d

e Va

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Freg

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Freg

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Rua

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Forta

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Lapa

Rua

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Rua

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Paul

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Rua

do

Ram

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S. P

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Rua

do

Serr

a

Rua

do

Serv

a

Rua

Ten

ente

Val

adim

Trav

essa

da

Lapa

Freguesias e Ruas do concelho da Póvoa de Varzim

Valo

res

abso

luto

s

Moradas

Fonte: AMPV: Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197.

No que respeita aos pescadores e marítimos, verificamos que o local onde se verificou mais

emigração foi dentro da freguesia da Póvoa de Varzim, pricipalmente da Rua dos Ferreiros, com

22,3%,276 e da Rua da Areia com 10,4%.277 Isto porque estas áreas pertencem a um conjunto de

ruas, que constituíam o centro da colónia piscatória, os chamados “chãos de areia” junto ao mar,

onde estes edificavam as suas habitações. Já escrevia o Tenente Veiga Leal na segunda metade do

século XVIII, “A rua dos ferreiros foi chamada de rua central, como que sendo a divisória entre os

274 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.2.1. 275 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.2.1. 276 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.2.2. 277 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.2.2.

Gráfico 7

Page 78: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

78

bairros de terra e do mar, e ainda Estrada Velha, por ser o único caminho de saída para Vila do

Conde e Porto. Onde se acantonava a classe piscatória.”278

5.6. Sazonalidade da emigração

Solicitação de Guias para Passaportes para o Brasil em 1896

0

5

10

15

20

25

30

Jane

iro

Feverei

roMarç

oAbri

lMaio

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Agosto

Setembro

Outubro

Novem

bro

Dezem

bro

Valo

res

abso

luto

s

Fonte: AMPV: Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197.

Na Póvoa de Varzim destacam-se dois meses no ano de 1896 com grande número de

Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, nomeadamente, o mês de Março

com 26 indivíduos e o mês de Outubro com 25. Os meses com menor frequência são Fevereiro,

Janeiro e Maio. Com estes elementos pressupomos que tal situação poderia advir de grande parte da

comunidade nesta época estar empenhada na “safra da sardinha” e na “caça da pescada”, que eram

as principais actividades piscatórias.279

278 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas..., p. 181. 279 GRAÇA, António dos Santos – GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes…, p. 139.

Gráfico 8

Page 79: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

79

Pescadores e Marítimos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em 1896"

0

2

4

6

8

10

12

Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Valo

res

abso

luto

s

Fonte: AMPV: Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197.

Relativamente aos pescadores e marítimos requereram mais Guias para Passaportes para o

Brasil, nos meses em que a pesca é pouco abundante. Particularmente nos meses de Março a Julho,

onde se constata 47,9% do número de requerimentos solicitando guias para passaportes, a que se

deve a diminuição da actividade piscatória. Actividade esta que tinha o seu auge na época da pesca

da sardinha, especialmente de Outubro a Fevereiro, à qual se dedicavam cerca de dois mil

indivíduos, vulgarmente chamada pelo “O Janeiro”. “Todos fazem esta pesca, com pequena

excepção de alguns fanequeiros, os que não têm redes, pedem-nas a ganho, são mieiros, dos

resultados desta pesca, depende o bem ou o mal estar da colmeia, porque dela espera a liquidação

das suas dívidas durante o ano ou a compra de roupas, redes e utensílios necessários ao seu labor, a

uma boa safra de sardinha chama o Poveiro um Janeiro rico.”280

280 GRAÇA, António dos Santos – GRAÇA, António dos Santos – O poveiro – usos, costumes…, p. 139.

Gráfico 9

Page 80: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

80

5.7. Destino dos emigrantes [poveiros para o Brasil]

Destinos dos Indivíduos que "Solicitaram Guias para Passaportes para o Brasil em 1896"

0

5

10

15

20

25

Marítimo Pescador Outras Profissões Menores *

Destinos

Valo

res

abso

luto

s

Baia "Brasil" Manaus MaranhãoMinas Gerais Pará Paraná PernambucoPorto- Alegre Rio Janeiro Rio Grande do Sul S. PauloS. Catarina Victoria Destino Desconhecido

Fonte: AMPV: Requerimentos Solicitando Guias para Passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197.

Como nos demonstra o gráfico 10, Rio de Janeiro e Manaus eram os destinos regionais

preferenciais da maioria dos emigrantes poveiros. Para o Rio de Janeiro contamos 85 indivíduos

num total de 166, ou seja, 51,2%281 do total dos indivíduos que solicitaram guias para passaportes

no ano de 1896.

Os pescadores e marítimos emigravam preferencialmente para o Rio de Janeiro. Manaus e Rio

Grande do Sul seguem-se na lista das preferências da classe piscatória.

Quanto aos menores e desconhecidos,282 também emigram maioritariamente para o Rio de Janeiro,

com 12,9%283 os primeiros e 24,7%284 os segundos do total de indivíduos que emigram para este

destino regional.

Nos finais do século XIX os portugueses embarcavam para o Rio de Janeiro de veleiro numa

viagem que durava entre 40-42 dias; os preços das passagens oscilavam entre os 30 e os 40$00, às

vezes menos, na casa dos 20$00, conforme o lugar, a época e a situação do mercado.285

281 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.5. 282 Optamos por classificá-los como desconhecidos por falta de informação documental. 283 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.5. 284 Verificar na tabela em anexo, ponto 2.5.

Gráfico 10

Page 81: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

81

Como podemos verificar, o destino mais preferido dos emigrantes poveiros era o Rio de

Janeiro, mas temos que ter em conta alguns factores para este fenómeno, pois determinadas zonas

portuárias transformam-se em plataformas de rotação, recebendo passageiros que depois se escoam

para zonas interiores e /ou afastadas, facto esse que também aconteceu com os emigrantes

portugueses no Brasil, país onde, de resto, a mobilidade interior era muito grande. A redistribuição

era cada vez mais facilitada, quer pela intensa navegação de cabotagem que o Governo brasileiro

também subsidiava, quer pela já extensa rede rodoviária.286

Para além do destino Rio de Janeiro, temos o Pará, Rio Grande do Sul e Manaus; segundo

Jorge Alves, nos finais do século XIX, estes destinos surgem como concorrência ao Rio de Janeiro

em face das reorientações internas da economia brasileira, das vicissitudes sociais, da elasticidade

dos respectivos mercados de trabalho, bem como da agressividade das políticas de atracção de mão-

de-obra. Vale a pena individualizar Manaus, o porto de entrada para a floresta da Amazónia, onde,

por essa altura, se iniciava a epopeia de descoberta da borracha, para onde se vão dirigir tantos

portugueses do Norte de Portugal.287

Pois, como afirma Manuel Silva no seu artigo A Póvoa e as suas crises económicas, embora

houvesse emigração para o Brasil desde os inícios do século XIX, resumia-se a um simples

“episódio, os primeiros grupos de pescadores que tentaram a pesca na grande baía de Guanabara

foram de tal forma compensados nos esforços, incómodos, saudades da terra e da família, que, sem

uma hesitação, largaram daqui e formaram no Rio um mais forte e mais próspero núcleo de

poveiros em terras do Brasil, deixando em segundo plano os de Manaus, Porto-Alegre e outros.”288

6. Conclusão

Depois de termos realizado o estudo da componente legal da emigração poveira para o Brasil,

unicamente no ano de 1896, concluímos que este movimento emigratório foi muito significativo na

região, com saídas de membros das famílias das freguesias locais para o Brasil, com especial

preferência para a cidade do Rio de Janeiro.

285 ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto…, p. 238. 286 ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto…, p. 242. 287 ALVES, Jorge Fernandes – Os Brasileiros – Emigração e retorno no Porto…, p. 244. 288 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 192.

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

82

A emigração para o Brasil nos finais do século XIX é já um facto normal, etnográfico, na

Póvoa, não havendo forças capazes de a desviar ou eliminar, até porque o poveiro é indispensável

no Rio de Janeiro.289

Neste contexto, ao procurar fundamentar a emigração para o Brasil, encontramos um conjunto

de razões já apontadas anteriormente. Assim, a emigração não surge como fruto da rotina, mas sim

supõe uma decisão apoiada na instabilidade, resultante da crise, que originou o desaparecimento de

parte da comunidade piscatória. Portanto, esta assiste ao seu aniquilamento e procura como solução

a emigração para o Brasil.

Ao longo da análise procurámos responder a todas as questões inicialmente colocadas. Nesta

linha, centrámos, primeiramente, a análise sobre o estado civil, onde chegamos à conclusão que

emigravam maioritariamente indivíduos casados, de todos os sectores sócio-profissionais.

Em relação à idade dos emigrantes, concluímos que os menores emigravam normalmente

sozinhos entre os 9 e os 14 anos. A idade normal com que emigravam os pescadores e marítimos

era entre os 30 e os 44 anos. As mulheres, por sua vez, emigravam mais entre os 15 e os 29 anos,

geralmente acompanhadas por familiares. Nota-se, portanto, um maior incremento da totalidade da

emigração, no grupo etário dos 25 aos 39 anos. Verificamos ainda, que a moda da idade destes

indivíduos situava-se entre os 27 e os 37 anos. É de realçar, ainda, que a emigração masculina era

superior à feminina.

No que respeita ao sector sócio-profissional, constatamos que os pescadores e marítimos são

os que mais emigram, quando comparados com outras profissões, menores e mulheres.

Quanto ao nível de instrução, verificamos que o número dos que não sabem ler no sector das

pescas é superior às restantes profissões. O mesmo acontece em relação às mulheres. Contudo, os

menores, tal como os outros sectores sócio-profissionais, apresentavam maior número de

alfabetizados.

289 SILVA, Manuel – A Póvoa e as suas crises económicas…, p. 192.

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

83

Concluímos, ainda, que a melhor época para emigrar dependia de vários factores,

nomeadamente o emprego no país que os recebe e também a profissão. No caso dos pescadores e

marítimos, estes emigravam mais na época em que a actividade piscatória era menos abundante.

Por último, analisamos os destinos regionais brasileiros escolhidos por estes emigrantes.

Assim, chegamos à conclusão de que tanto os pescadores e marítimos como, os indivíduos dos

restantes sectores profissionais emigravam preferencialmente para o Rio de Janeiro.

No início do século XIX, a comunidade piscatória poveira atravessava um período favorável,

no que respeitava à actividade piscatória. No entanto, no final do século XIX, a situação inverteu-

se, entrando assim num período atribulado.

O culminar da decadência das pescas deu-se aquando da tragédia marítima de 27 de Fevereiro

de 1892, na qual pereceram 105 pescadores. Entre os outros factores que se prendem com o declínio

das pescas, destacavam-se os abusos do fisco; as más condições da barra da Póvoa, que não

garantiam o mínimo de protecção e segurança; o estrago causado pelos vapores, nacionais e

estrangeiros, usando indiscriminadamente redes de arrastar pelo fundo, nos pesqueiros habituais dos

marítimos poveiros; o choque da concorrência das artes novas, por parte dos pescadores de

Leixões/Matosinhos às quais o pescador poveiro não se adaptou; a estagnação absoluta das técnicas

e dos barcos de pesca; e, como se não bastasse, a classe piscatória debatia-se ainda com um imenso

isolamento evitando toda a espécie de conhecimento e novas formas de vida. Todos estes factores

desencadearam uma das maiores crises pela qual a comunidade piscatória poveira jamais havia

enfrentado.

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

84

Fontes manuscritas

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transportarem-se para fora do reino. n.os 1167, 1168, 1169, 1170, 1171, 1172, 1173, 1174,

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AMPV: Requerimentos solicitando guias para passaportes 1896-1903, Arquivo Municipal da

Póvoa de Varzim, n.º 1196, ano de 1897.

AMPV: Requerimentos solicitando guias para passaportes 1896-1903, Arquivo Municipal da

Póvoa de Varzim, n.º 1197, ano de 1898.

Requerimentos solicitando guias para passaportes 1896-1903. Arquivo Municipal da Póvoa de

Varzim, AMPV: n.º 1198, ano de 1899.

AMPV: Requerimentos solicitando guias para passaportes 1896-1903, Arquivo Municipal da

Póvoa de Varzimn.º 1199, ano de 1900.

AMPV: Requerimentos solicitando guias para passaportes 1896-1903, Arquivo Municipal da

Póvoa de Varzim, n.º 1200, ano de 1901.

AMPV: Requerimentos solicitando guias para passaportes 1896-1903, Arquivo Municipal da

Póvoa de Varzim, n.º 1201, ano de 1902.

AMPV: Requerimentos solicitando guias para passaportes 1896-1903, Arquivo Municipal da

Póvoa de Varzim, n.º 1202, ano de 1903.

AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a

embarcar para o Brasil, n.º 1161, ano de 1889-1892.

AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a

embarcar para o Brasil. n.º 1162, ano de 1892-1895.

AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a

embarcar para o Brasil, n.º 1163, ano de 1895.

Page 85: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

85

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234

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

89

Anexos

…………………………….

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

101

1. Termos de reconhecimento de identidade em 1896

Cota: AMPV n.º 1163 “Este livro tem de servir para no mesmo se lavrarem todos os termos de reconhecimento de identidade de pessoas, não só dos indivíduos que se transportarem para países estrangeiros, como também de todos aquelles a quem se exigir em geral o reconhecimento de identidade. Leva o final o competente termo de encerramento. Administração do concelho da Póvoa de Varzim, 1.º de Julho de 1895. O administrador António Vicente Leal Sampaio” N.º de guias

Fólio Data Nome Data de

Nascimento Idad

e Naturali-dade Filiação Morada Estado

Civil Profissão 1.ª

Testemu-nha

Ocupação 2.ª Testemunha

Ocupa-ção Destino

68 33v 02/01/1896 Nicolau da

Ressureição 08/04/1855 40

Freguezia de Aldreu, concelho Barcellos

Josefa Areias

Rua da Fortaleza, Póvoa de Varzim

Casado Cocheiro Francisco Manoel Trocado

Negociante António de Souza Alfaiate Rio de

Janeiro

69 34 04/01/1896 João Martins Moreira 19/03/1849 46

-------------

Bento Martins Moreira e de Marianna roza

Rua do Paulet,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador Manoel

Luiz Postiga

Pescador João ferreira Moreira Pescador Rio de

Janeiro

70 34v 08/01/1896

João Gonçalves da Silva

11/10/1851 44 Beiriz

Jozé Gonçalves da silva e de Anna Luiza Marcellina

Terrozo Casado Pedreiro Joaquim de Souza Moreira

Carpinteiro Manoel Jozé da Costa e

Silva

Continuo da

Câmara

Minas…

71 35 08/01/1896 Maria Roza ---------------- 20 -------------

Manoel Francisco Cadilhe e de Anna Roza

Póvoa de Varzim Solteira Criada de

servir

Adelino Pereira Baptista

Negociante Manoel Jozé da Costa e

Silva

Continuo da

Câmara

Rio de Janeiro

72 35v 29/01/1896

Jozé Martins, sua mulher Florinda Roza Gomes e seus filhos Maria e Manoel

----------------

24 3 17meses

------------- Joaquim Jozé Martins e de Maria Roza

Lugar da Aguçadoura, Navaes

Casado Seareiro Manoel Lopes

Ribeiro Lavrador

António Gonçalves

Cascão

Negociante

Minas geraes

73 36 04/02/1896 Joaquim Jozé Figueiredo ---------------- 33 -------------

Manoel Jozé de Figueiredo e de Maria Joaquina

Lugar da Aguçadoura, Navaes

Casado Seareiro João

Gomes Guimarães

Empregado Publico

Manoel Jozé da Costa e

Silva

Empregado Publico

Minas Geraes

74 36v 08/02/1896

Joaquim Martins do Eirado e Silva

29/12/1870 25 -------------

António Martins do Eirado e Silva e de Maria Josefa de Jezus

Lugar de Fraião, Beiriz

Solteiro Lavrador

Doutor Jozé

António de Castro

Alves

Secretario da Câmara

António Jozé Fernandes

trovão Junior

Amanuense d

Câmara Manáos

75 37 10/02/1896 Manoel ---------------- 41 ------------- Thomaz Rua Solteiro Carpinteiro e Francisco Negociante Jozé António Cerieiro? Rio de

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

102

Martins Areias

Martins Areias e de Anna Roza

d’Areia, Póvoa de Varzim

hoje marítimo

Manoel Trocado

dos Santos Janeiro

76 37v 27/02/1896 João dos

Santos ---------------- 32 -------------

Vicente dos Santos e de Roza Margarida

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Casado Marítimo

António Pereira Rajão Vigo

Negociante António

Gonçalves Linhares

Negociante

Rio de Janeiro

77 38 27/02/1896 Manoel Gonçalves de Castro

10/05/1868 27 -------------

Domingos Gonçalves de Castro e de Roza Maria

Rua da Junqueira, Póvoa de Varzim

Casado Marítimo

António Pereira Rajão Vigo

Negociante António

Gonçalves Linhares

Negociante

Rio de Janeiro

78 38v 02/03/1896

António Pereira de Campos

---------------- 51 ------------- João Pereira de Campos e de Anna Thereza

Rua do Carvalhido, Póvoa de

Varzim

Casado Marítimo

João Baptista Gomes Ribeiro

Zelador municipal

Jozé Gomes Morim Junior

Official da

Câmara

Rio de Janeiro

79 39 05/03/1896 João Francisco Nunes

---------------- 34 -------------

António Francisco Nunes e de Roza Francisca Marques

Rua do Almada

(ilha miroma), Póvoa de Varzim

Casado Trabalhador

Francisco Alves Vieira Junior

Pharmaceutico

Lino Jozé Pereira de Campos

Negociante

Rio Grande do Sul

80 39v 06/03/1896

Manoel Rodrigues Espogeiro e sua mulher Roza Pereira e suas filhas Rita Pereira Marques e Maria Beatriz

04/10/1877 13/07/1885

50 44 18 10

------------- Rodrigo Espojeiro e de Maria Gomes

Passeio Alegre,

Póvoa de Varzim

Casado Trabalhador

Manoel Francisco dos Santos

Graça

Pescador Manoel Jozé da Costa e

Silva

Official da

Câmara

Rio Grande do Sul

81 40 07/03/1896 Jozé 27/01/1883 ---- -------------

Manoel Francisco dos santos Graça e de victorianna Roza

Rua do Norte,

Póvoa de Varzim

Solteiro Menor

Jozé Gomes Casaes

Negociante António

Pereira Rajão Vigo

Negociante

Rio de Janeiro

82 40v 07/03/1896 Joaquim 01/02/1884 12 -------------

João Pires e de Anna da Conceição

Rua do Norte,

Póvoa de Varzim

Solteiro Menor

Jozé Gomes Casaes

Negociante António

Pereira Rajão Vigo

Negociante

Rio de Janeiro

83 41 07/03/1896 António 26/04/1882 13 -------------

Vicente Filippe de Carvalho e de Maria d’Affonseca

Passeio Alegre,

Póvoa de Varzim

Solteiro Menor

Jozé Gomes Casaes

Negociante António

Pereira Rajão Vigo

Negociante

Rio de Janeiro

84 41v 07/03/1896

Francisco Gonçalves Maiato

28/11/1861 34 -------------

Custódio Gonçalves Maiato e de Roza Margarida

Passeio Alegre,

Póvoa De Varzim

Casado Marítimo Jozé

Gomes Casaes

Negociante António

Pereira Rajão Vigo

Negociante

Rio de Janeiro

85 42 10/03/1896 Manoel ---------------- 20 ------------- Joaquim Rua do Solteiro Pescador Jozé Negociante Manoel Jozé Cabo Rio de

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

103

Moreira Assumpção

Moreira e de Roza Benta

Carvalhido, Póvoa de

Varzim

Moreira Assumpçã

o

de Oliveira reformado Janeiro

86 42v 10/03/1896

Joaquim António Ferreira

---------------- 53 -------------

Manoel António Ferreira e de Antónia Gomes

Passeio alegre,

Póvoa de Varzim

Casado Marítimo

Manoel jozé da Costa e Silva

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

87 43 10/03/1896 Jozé Martins da Nova 17/11/1871 24 -------------

Manoel Martins da Nóva e de Roza Maria

Beco das Hortas,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador Francisco da Costa Marques

Negociante António

Pereira Rajão Vigo

Negociante

Rio de Janeiro

88 43v 11/03/1896 Manoel da

Costa Vianna 20/09/1864 31 -------------

Manoel da Costa Viannna e de Roza Maria

Rua da Areia,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador

Manoel Jozé da Costa e Silva

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

89 44 11/03/1896 Francisco Gomes dos Santos

---------------- 59 -------------

Francisco Martins dos Santos e de Narciza Roza de Oliveira

Rua da Areia,

Póvoa de Varzim

Casado Marítimo

António Pereira Rajão Vigo

Negociante Jozé Gomes Casaes

Negociante

Rio de Janeiro

90 44 11/03/1896 Manoel Gomes Arteiro

---------------- 30 ------------- António Gomes Arteiro e de Narciza Roza

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Casado Marítimo

António Pereira Rajão Vigo

Negociante Jozé Gomes Casaes

Negociante

Rio de Janeiro

91 44v 12/03/1896

João Felgueiras Gonçalves Regufe

13/03/1871 25 -------------

Manoel Felgueiras Gonçalves Regufe e de Custódia Roza

Rua da Cordoaria, Póvoa de Varzim

Casado Trabalhador

João Pedro

Ferreira de Souza

Amanuense da Câmara

Leopoldino da Costa

Fernandes

Amanuense da

Câmara

Minas…

92 45 12/03/1896 Manoel da Silva Fangueiro

05/04/1865 30 Póvoa de Varzim

Jozé Fangueiro e de Roza de Jezus

Rua do Visconde, Póvoa de Varzim

Casado Trabalhador

João Pedro

Ferreira de Souza

Empregado da Câmara

Leopoldino da Costa

Fernandes

Empregado da

Câmara

Minas Geraes

93 45v 14/03/1896

Manoel Martins Bouça Nóva

17/11/1877 18 -------------

Mathias Martins Bouça Nóva e de Joaquina Custódia

Lugar de Averomar, Amorim

Solteiro Caixeiro e mancebo

Joaquim Jozé

Gomes de Carvalho

Negociante Lino Jozé Pereira de Campos

Negociante Manáos

94 46 16/03/1896 Domingos Dias ---------------- 22 -------------

Manoel Dias e de Maria José dos Santos

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Solteiro Trabalhador

João Pedro

Ferreira de Souza

Amanuense da Câmara

Joaquim Jozé Gomes de Carvalho

Negociante

Rio Grande do Sul

95 46v 16/03/1896

António da Costa Marques

---------------- 25 ------------- Manoel da Costa Marques e de Anna Rosa

Rua do Carvalhido, Póvoa de

Varzim

Casado Trabalhador

João Pedro

Ferreira de Souza

Amanuense da Câmara

Joaquim Jozé Gomes de Carvalho

Negociante

Rio Grande do Sul

96 47 18/03/1896 Arnaldo 02/10/1882 13 Freguezia

de Moreira,

João Jozé dos Santos e de Rufina Adriana

Lugar de Gestrins, Balasar

Menor ------------ António Gomes Junior

Official de diligencias do juízo de

Manoel Jozé da Costa e

Silva

Continuo da

Câmara

Rio de Janeiro

Page 94: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

104

concelho da Maia

Pereira dos santos

direito desta

comarca

97 47v 18/03/1896

David Francisco da Silva e filho Jozé

29/11/1884

38

11

-------------

David Francisco da Silva Exposto da róda de Braga

Lugar de Cima da

Feira, Rates

Casado

Menor

Trabalhador João Jozé dos Santos --------------

Manoel Jozé da Costa e

Silva

Contínuo da

Câmara

Rio de Janeiro

98 48 20/03/1896 Joaquim Pereira da Silva

13/05/1866 30 -------------

António Pereira da Silva e de Roza dos Santos

Rua do Carvalhido, Póvoa de

Varzim

Casado Pescador

João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Júnior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

99 48v 30/03/1896

Manoel Rodrigues Maio, filho António

---------------- 35 11 -------------

Manoel Rodrigues Maio e de Roza Areias

Rua do Norte,

Póvoa de Varzim

Casado Menor Pescador

João Pedro

Ferreira de Souza

Amanuense da Câmara

Leopoldino da Costa

Fernandes

Amanuense da

Câmara

Maranhão

100 49v 06/04/1896

António Francisco Nunes

13/08/1868 27 -------------

Manoel Francisco Nunes e de Roza Moreira

Rua do Norte,

Póvoa e Varzim

Casado Pescador

Manoel Joze da Costa e Silva

Empregado da Câmara

João Baptista gomes ribeiro

Empregado da

Cãmara

Maranhão

101 50 06/04/1896 João Caetano Feiteira 15/10/1856 39 -------------

Manoel Caetano Feiteira e de Anna Victorina

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Casado Pescador

Manoel Joze da Costa e Silva

Empregado da Câmara

João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

102 50v 07/04/1896

António Gonçalves de Castro

12/04/1864 22 -------------

Jozé Gonçalves de Castro e de Maria Roza Jacob

Rua do Fieiro,

Póvoa de Varzim

Solteiro Pescador Manoel Gomes Moreira

Carpinteiro Jozé Gomes Morim Junior

Official da

Câmara

Rio Grande do Sul

103 50v 07/04/1896 Gabriel Jozé

Machado ---------------- 58 ------------- Manoel Jozé Machado e de Anna Joaquina

Lugar de Real,

Laúndos Solteiro Trabalhador

Jozé Pereira

dos Santos

Professor publico da freguesia

de Laundos

Justino Gomes de Sá

Negociante

Rio de Janeiro

104 51 08/04/1896 João Lourenço 05/11/1874 21 -------------

Luiz Lourenço e de Maria Margarida

Rua d’Areia, Póvoa de Varzim

Casado Pescador Francisco Manoel Trocado

Negociante João Pedro Ferreira de

Souza

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

105 51v 08/04/1896

António Francisco Marques

21/04/1874 22 -------------

Francisco António Marques e de Victorianna Francisca

Rua do Norte,

Póvoa de Varzim

Solteiro Pescador

João Pedro

Ferreira de Souza

Empregado da Câmara

Leopoldino da Costa

Fernandes

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

106 52 08/04/1896 João Martins Areias 30/05/1874 21 -------------

Francisco Martins Areias e de Maria Roza da Fonseca

Rua da Boa-Vista, Póvoa de Varzim

Solteiro Pescador

João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

107 52v 10/04/1896

Thomaz Carneiro Flores

19/12/1868 27 ------------- Manoel Carneiro Flores e de Maria da

Rua dos Ferreiros, Póvoa de

Casado Pescador António Pereira Rajão

Negociante Jozé Gomes Casaes

Negociante

Rio Grande Do Sul

Page 95: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

105

Conceição Varzim Vigo

108 53 10/04/1896 João Francisco dos Santos

---------------- 43 -------------

Thomaz Francisco dos Santos e de Maria Roza

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Casado Marítimo

António Pereira Rajão Vigo

Negociante Jozé Gomes Casaes

Negociante

Rio Grande do Sul

109 53v 14/04/1896

António Martins Areias Novo

31/01/1869 27 ------------- Jozé Martins Areias novo e de Roza Maria

Rua da Lapa,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador

João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

110 54 14/04/1896 Manoel Pereira da Silva

---------------- 30 -------------

António Pereira da Silva e de Anna Roza de Jezus

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Casado Pescador

João Baptista gomes Ribeiro

Empregado da Câmara

Apolinário Martins dos

Santos

Professor ajudante do ensino publico

Rio Grande Do Sul

111 54v 15/04/1896

Jacintho Gonçalves de Castro

09/03/1875 31 -------------

Domingos Gonçalves de Castro e de Roza Maria

Rua de Carlos

Alberto, Póvoa de Varzim

Casado Pescador

António Leite

Machado Leitão

Bibliothecario

Manoel Jozé da Costa e

Silva

Contínuo da

Câmara

Rio de Janeiro

112 55 21/04/1896 Leopoldino da Costa Jorge

09/09/1860 35 ------------- Domingos da Costa Jorge e de Maria Rosa

Rua d’Areia, Póvoa de Varzim

Casado Pescador

João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

113 55v 21/04/1896 Joaquim da

Costa Jorge 04/01/1856 40 ------------- Domingos da Costa Jorge e de Maria Rosa

Rua d’Areia, Póvoa de Varzim

Casado Pescador

João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Júnior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

114 56 21/04/1896 Thomaz da Silva Fangueiro

04/03/1861 35 -------------

António da Silva Fangueiro e de Maria Roza

Rua d’Areia, Póvoa de Varzim

Casado Pescador

João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

115 56v 24/04/1896 Gaspar

Moreira Rega 24/11/1865 30 ------------- Miguel Moreira Rega e de Anna Roza

Rua da Areia,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador

João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

116 57 27/04/1896 Bernardo Milhazes 14/12/1860 35 ------------- Luiz Milhazes

e de Anna Roza

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Casado Pescador Francisco Manoel Trocado

Negociante Francisco Martins Moreira

Maritimo Rio de Janeiro

117 57 27/04/1896

Jozé Francisco de Castro Lazera

27/04/1862 34 -------------

João Francisco de Castro Lazera e de Anna Roza

Rua da Areia,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador

António Pereira Rajão Vigo

Negociante João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

118 57v 28/04/1896

Jozé Domingues da Silva

23/12/1859 36 -------------

Domingos da Silva Lamella e de Margarida Roza

Lugar do Outeiro, Balazar

Solteiro Lavrador Manoel da

Costa Boucinhas

Lavrador Jozé

Domingues de Azevedo

Lavrador Rio de Janeiro

119 58v 04/05/1896

Jozé Fernandes da Silva

31/08/1856 39 ------------- Manoel Fernandes da Silva e de

Rua da Areia,

Póvoa de Casado Pescador

João Baptista Gomes

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio Grande do Sul

Page 96: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

106

Camilla Roza Varzim Ribeiro

120 58v 05/05/1896

Mathias Caetano Feiteira

13/05/1865 30 ------------- Caetano Jozé Feiteira e de Anna Roza

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Casado Pescador

João Pedro

Ferreira de Souza

Empregado da Câmara

Jozé Gomes Morim Junior

Official da

Câmara

Rio Grande do Sul

121 59 06/05/1896 António Gomes Gabina

02/05/1860 36 -------------

Jozé António Gomes Gabina e de Maria Roza

Rua da Lapa,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador Abrahão Moreira

dos Santos Carpinteiro João Baptista

Gomes Ribeiro

Empregado da

Câmara

Rio Grande do Sul

122 59v 06/05/1896

Augusto Gomes Magdalena

31 ------------- Manoel Gomes Magdalena e de Maria Roza

Rua das Hortas,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador

António Pereira Rajão Vigo

Negociante Jozé Gomes Casaes

Negociante

Rio Grande do Sul

123 60 19/05/1896 Francisco 23/10/1882 13 -------------

Rodrigo Fernandes Troina e de Roza Martins Moreira

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Solteiro Menor ------------

Jozé Gomes Casaes

Negociante António

Pereira Rajão Vigo

Negociante

Rio Grande do Sul

124 60v 22/05/1896

António Lopes da Costa

26/04/1855 41 -------------

Francisco Lopes da Costa, o Serrão, e de Maria de Jezus

Rua do Paulet,

Póvoa de Varzim

Casado Marítimo Diogo

Martins da Matta

Barbeiro Domingos Fernandes Cadilhe

Vendeiro Rio de Janeiro

143 61 22/05/1896 Jozé Moreira de Castro 16/12/1866 29 -------------

António Moreira de Castro e de Jozefa Roza

Rua dos Ferreiros, Póvoa de Varzim

Casado Pescador Domingos Fernandes Cadilhe

Vendeiro Jozé Gomes Morim Junior

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

144 61v 22/05/1896

Jozé Gonçalves Pêdra

19/10/1868 27 -------------

António Gonçalves Pêdra e de Roza Dias

Rua do Norte,

Póvoa de Varzim

Casado Pescador Domingos Ferandes Cadilhe

Vendeiro António Pereira

Marques Pescador Rio de

Janeiro

145 62 23/05/1896 Francisco Gonçalves de Castro

08/08/1855 40 -------------

Manoel Gonçalves de Castro e de Roza Maqrues

Travessa da Lapa, Póvoa de Varzim

Casado Pescador

António Pereira Rajão Vigo

Negociante João Baptista Gomes ribeiro

--------------

Rio de Janeiro

146 62v 02/06/1896 Joaquim Jozé

Moreira ---------------- 28 ------------- António Jozé Moreira e de Josefa Ferreira

Logar dos Fieis de Deos,

Póvoa de Varzim

Solteiro Trabalhador de campo

Lino Jozé Pereira de Campos

Negociante Manoel António Gallante

Negociante Victória

147 63 03/06/1896 Manoel Alves Campos

09/02/1874 22

Freguezia de

Palmeira, Esposende

Felizarda Alves

Rua de S. Pedro,

Póvoa de Varzim

Casado Trabalhador de campo

Jozé Avelino

Fernandes Costa

Negociante Moysés

Nazaret de Souza Guerra

Negociante Victória

148 63v 06/06/1896 Manoel 26/01/1886 10 -------------

Eduardo Gonçalves de Castro e de Felicidade Roza

Rua da Areia,

Póvoa de Varzim

Solteiro ------------

Zacharias Paulo

Laranjeiro Negociante João Baptista

Gomes Ribeiro

Empregado da

Câmara

Rio de Janeiro

Page 97: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

107

149 64 09/06/1896 Albino Lopes de Oliveira 06/12/1859 36 Beiriz

António Lopes de Oliveira e de Maria Luiza

Beiriz Casado Pedreiro João

Gomes Guimarães

Empregado da Câmara

Manoel Jozé da Costa e

Silva

Empregado da

Câmara Bahia

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163

Page 98: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

108

1.1. Reparição pela data de requisição 1.1.1. Número total

Ano 1896 Dias

Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. %

1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 1 12,5 - - 1 3,7 - - - - 1 25,0 - - - - - - - - - - - - 3 - - - - - - - - - - 1 25,0 - - - - - - - - - - - - 4 1 12,5 1 20,0 - - - - 1 11,1 - - - - - - - - - - - - - - 5 - - - - 1 3,7 - - 1 11,1 - - - - - - - - - - - - - - 6 - - - - 4 14,8 2 10,5 2 22,2 1 25,0 - - - - - - - - - - - - 7 - - - - 4 14,8 2 10,5 - - - - - - - - - - - - - - - - 8 2 25 1 20,0 - - 3 16 - - - - - - - - - - - - - - - - 9 - - - - - - - - - - 1 25,0 - - - - - - - - - - - -

10 - - 1 20,0 3 11,1 2 10,5 - - - - - - - - - - - - - - - - 11 - - - - 3 11,1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 12 - - - - 2 7,4 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - 1 3,7 2 10,5 - - - - - - - - - - - - - - - - 15 - - - - - - 1 5,3 - - - - - - - - - - - - - - - - 16 - - - - 2 7,4 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18 - - - - 3 11,1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - 1 11,1 - - - - - - - - - - - - - - 20 - - - - 1 3,7 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 21 - - - - - - 3 16 - - - - - - - - - - - - - - - - 22 - - - - - - - - 3 33,3 - - - - - - - - - - - - - - 23 - - - - - - - - 1 11,1 - - - - - - - - - - - - - - 24 - - - - - - 1 5,3 - - - - - - - - - - - - - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 26 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 27 - - 2 40,0 - - 2 10,5 - - - - - - - - - - - - - - - - 28 - - - - - - 1 5,3 - - - - - - - - - - - - - - - - 29 4 50 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 30 - - - - 2 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

*Des. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Total 8 100 5 100 27 100 19 100 9 100 4 100 - - - - - - - - - - - -

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163. * Desconhecido

Page 99: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

109

1.1.2. Pescadores e marítimos

Ano 1896 Dias

Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. %

1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - 1 10,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 3 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 4 1 100 - - - - - - 1 12,5 - - - - - - - - - - - - - - 5 - - - - - - - - 1 12,5 - - - - - - - - - - - - - - 6 - - - - - - 2 11,8 2 25,0 - - - - - - - - - - - - - - 7 - - - - 1 10,0 1 5,9 - - - - - - - - - - - - - - - - 8 - - - - - - 3 17,6 - - - - - - - - - - - - - - - - 9 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

10 - - 1 33,3 3 30,0 2 11,8 - - - - - - - - - - - - - - - - 11 - - - - 3 30,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 12 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - - - 2 11,8 - - - - - - - - - - - - - - - - 15 - - - - - - 1 5,9 - - - - - - - - - - - - - - - - 16 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 20 - - - - 1 10,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 21 - - - - - - 3 17,6 - - - - - - - - - - - - - - - - 22 - - - - - - - - 3 37,5 - - - - - - - - - - - - - - 23 - - - - - - - - 1 12,5 - - - - - - - - - - - - - - 24 - - - - - - 1 5,9 - - - - - - - - - - - - - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 26 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 27 - - 2 66,7 - - 2 11,8 - - - - - - - - - - - - - - - - 28 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 29 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 30 - - - - 1 10,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

*Des. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Total 1 100 3 100 10 100 17 100 8 100 - - - - - - - - - - - - - -

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163. * Desconhecido

Page 100: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

110

1.3. Outras profissões, desconhecidos e menores

Ano 1896 Dias

Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. %

1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 1 14,3 - - - - - - - - 1 25,0 - - - - - - - - - - - - 3 - - - - - - - - - - 1 25,0 - - - - - - - - - - - - 4 - - 1 50,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 5 - - - - 1 5,9 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 6 - - - - 4 23,5 - - - - 1 25,0 - - - - - - - - - - - - 7 - - - - 3 17,6 1 50,0 - - - - - - - - - - - - - - - - 8 2 28,6 1 50,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 9 - - - - - - - - - 1 25,0 - - - - - - - - - - - - 10 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 11 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 12 - - - - 2 11,8 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - 1 5,9 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 15 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 16 - - - - 2 11,8 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18 - - - - 3 17,6 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - 1 100 - - - - - - - - - - - - - - 20 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 21 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 23 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 24 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 26 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 27 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 28 - - - - - - 1 50,0 - - - - - - - - - - - - - - - - 29 4 57,1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 30 - - - - 1 5,9 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

*Des. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Total 7 100 2 100 17 100 2 100 1 100 4 100 - - - - - - - - - - - -

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163. * Desconhecido

Page 101: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

111

1.2. Repartição pela morada 1.2.1. Número total

Ano 1896 Concelho Póvoa de Varzim Freguesias

Número de Ocorrências %

“Póvoa de Varzim” 1 1,4 Freguesia de Amorim - - Freguesia de Amorim Lugar de Aver-o-mar 1 1,4 Freguesia de Balasar - - Freguesia de Balasar Lugar de Gestrins 1 1,4 Freguesia de Balasar Lugar de Outeiro 1 1,4 Freguesia de Beiriz 1 1,4 Freguesia de Beiriz Lugar de Fraião 1 1,4 Freguesia de Laúndos - - Freguesia de Laúndos Lugar de Real 1 1,4 Freguesia de Navais 1 1,4 Freguesia de Navais Lugar da Aguçadoura 5 6,8 Freguesia de Rates - - Freguesia Rates Lugar de Cima da Feira 2 2,7 Freguesia de Terroso 1 1,4 Beco das Hortas 1 1,4 Rua das Hortas 1 1,4 Lugar dos Fieis de Deos 1 1,4 Passeio Alegre 7 9,6 Rua do Almada 1 1,4 Rua d’areia 10 13,8 Rua da Boa Vista 1 1,4 Rua da Junqueira 1 1,4 Rua de Carlos Alberto 1 1,4 Rua do Carvalhido 4 5,5 Rua da Cordoaria 1 1,4 Rua dos Ferreiros 11 15,0 Rua da Fortaleza 1 1,4 Rua do Fieiro 1 1,4 Rua da Lapa 2 2,7 Travessa da Lapa 1 1,4 Rua do Norte 7 9,6 Rua do Paulet 2 2,8 Rua de S.Pedro 1 1,4 Rua do Visconde 1 1,4 Travessa da Lapa 1 1,4

Desconhecida - - Total 72 100

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163.

Page 102: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

112

1.2.2. Pescadores e marítimos

Ano 1896 Concelho Póvoa de Varzim Freguesias

Número de Ocorrências %

“Póvoa de Varzim” - - Freguesia de Amorim - - Freguesia de Amorim Lugar de Aver-o-mar - - Freguesia de Balasar - - Freguesia de Balasar Lugar de Gestrins - - Freguesia de Balasar Lugar de Outeiro - - Freguesia de Beiriz - - Freguesia de Beiriz Lugar de Fraião - - Freguesia de Laúndos - - Freguesia de Laúndos Lugar de Real - - Freguesia de Navais - - Freguesia de Navais Lugar da Aguçadoura - - Freguesia de Rates - - Freguesia Rates Lugar de Cima da Feira - - Freguesia de Terroso - - Beco das Hortas 1 2,6 Rua Hortas 1 2,6 Lugar dos Fieis de Deos - - Passeio Alegre 2 5,1 Rua do Almada - - Rua d’areia 10 25,6 Rua da Boa Vista 1 2,6 Rua da Junqueira 1 2,6 Rua de Carlos Alberto 1 2,6 Rua do Carvalhido 3 7,7 Rua da Cordoaria - - Rua dos Ferreiros 9 23,0 Rua da Fortaleza - - Rua do Fieiro 1 2,6 Rua da Lapa 2 5,1 Travessa da Lapa - - Rua do Norte 4 10,3 Rua do Paulet 2 5,1 Rua de S.Pedro - - Rua do Visconde - - Travessa da Lapa 1 2,6

Desconhecida - Total 39 100

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163.

Page 103: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

113

1.2.3. Outras profissões, menores * e desconhecidos

Ano 1896 Concelho Póvoa de Varzim Freguesias

Número de Ocorrências %

Freguesia da Póvoa de Varzim 1 3,0 Freguesia de Amorim - - Freguesia de Amorim Lugar de Aver-o-mar 1 3,0 Freguesia de Balasar - - Freguesia de Balasar Lugar de Gestrins 1 3,0 Freguesia de Balasar Lugar de Outeiro 1 3,0 Freguesia de Beiriz 1 3,0 Freguesia de Beiriz Lugar de Fraião 1 3,0 Freguesia de Laúndos - - Freguesia de Laúndos Lugar de Real 1 3,0 Freguesia de Navais - - Freguesia de Navais Lugar da Aguçadoura 5 15,2 Freguesia de Rates - - Freguesia Rates Lugar de Cima da Feira 2 6,1 Freguesia de Terroso 1 3,0 Beco das Hortas - - Rua Hortas - - Lugar dos Fieis de Deos 1 3,0 Passeio Alegre 5 15,2 Rua do Almada 1 3,0 Rua d’areia 1 3,0 Rua da Boa Vista - - Rua da Junqueira - - Rua de Carlos Alberto - - Rua do Carvalhido 1 3,0 Rua da Cordoaria 1 3,0 Rua dos Ferreiros 2 6,1 Rua da Fortaleza 1 3,0 Rua do Fieiro - - Rua da Lapa - - Travessa da Lapa - - Rua do Norte 3 9,0 Rua do Paulet - Rua de S.Pedro 1 3,0 Rua do Visconde 1 3,0 Travessa da Lapa - -

Desconhecida - - Total 33 100

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163. * Menor é todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão.

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

114

1.3. Repartição pelo sector sócio-profissional

Ano 1896 Repartição sócio-profissional Número % Agro-pecuária 6 8,3

Lavrador 2 2,8 Seareiro 2 2,8 Trabalhador de campo 2 2,8

Trabalhadores oficinais 2 2,8 Pedreiro 2 2,8 Pesca 39 54,2

Marítimo 10 13,9 Pescador 29 40,2 Comércio 1 1,4 Caixeiro e mancebo 1 1,4 Transportes 1 1,4 Cocheiro 1 1,4 Outras profissões 9 12,5

Criada de servir 1 1,4 Trabalhador 8 11,1 Desconhecido 4 5,5 Menor 10 13,9 Total 72 100

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163. * Menor é todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão.

1.4. Repartição pelo estado civil

Ano Casado % Desconhecido % Solteiro % Viúvo % Total % Marítimos 9 19,1 - - 1 4,0 - - 10 13,9 Pescadores 25 53,2 - - 4 16,0 - - 29 40,3

Outras profissões,

desconhecidos e menores*

11 23,4 - - 16 64,0 - - 27

37,5

Mulheres 2 4,3 - - 4 16,0 - - 6 8,3 Total 47 100 - - 25 100 - - 72 100

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163. * Menor é todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão.

Page 105: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

115

1.5. Repartição pelo destino

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163. * Menor é todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão.

1.6. Repartição pela idade

Ano 1896 Pescadores e marítimos Outras profissões e desconhecidos Idade

Homens % Mulheres % Homens % Mulheres % Total %

0-4 - - - - 1 3,7 1 16,7 2 2,7 5-9 - - - - - - - - - -

10-14 - - - - 7 25,9 1 16,7 8 11,1 15-19 - - - - 1 3,7 1 16,7 2 2,7 20-24 6 15,4 - - 3 11,1 1 16,7 10 13,9 25-29 6 15,4 - - 4 14,8 - - 10 13,9 30-34 11 28,2 - - 3 11,1 - - 14 19,4 35-39 7 17,9 - - 3 11,1 - - 10 13,9 40-44 5 12,8 - - 2 7,4 1 16,7 8 11,1 45-49 1 2,6 - - - - - - 1 1,4 50-54 2 5,1 - - 1 3,7 - - 3 4,7 55-59 1 2,6 - - 1 3,7 - - 2 2,7 60-64 - - - - - - - - - - >65 - - - - - - - - - -

Desconhecida - - - - 1 3,7 1 16,7 2 2,7 Total 39 100 - - 27 100 6 100 72 100

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarca para o Brasil, n.º1163.

Brasil Destinos Regionais

Ano 1896

Bai

a

%

Man

aus

%

Mar

anhã

o

%

Min

as

Ger

ais

%

Rio

Jan

eiro

%

Rio

Gra

nde

do

Sul

%

Vic

tori

a

% T

otal

%

Marítimo - - - - - - - - 9 20,4 1 6,7 - - 10 13,9 Pescador - - - - 2 66,6 - - 21 47,7 6 40,0 - - 29 40,3 Outras profissões 1 100 2 100 - 5 100 5 11,4 5 33,3 2 100 20 27,8

Menores * - - - - 1 33,3 - - 3 6,8 2 13,3 - - 6 8,3 Desconhecidos - - - - - - - - 6 13,6 1 6,7 - - 7 9,7 Total 1 100 2 100 3 100 5 100 44 100 15 100 2 100 72 100

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

116

1.7. Média e Moda

Meses Média Moda Janeiro 24,4 - Fevereiro 31,6 - Março 28,5 13 Abril 32,3 35 Maio 31,7 - Junho 24 - Julho - - Agosto - - Setembro - - Outubro - - Novembro - - Dezembro - - Desconhecidos 2 -

Fonte: AMPV: Registo dos termos de reconhecimento de identidade dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1163.

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

117

2. Requerimentos solicitando guias para passaportes em 1896 Cota: AMPV n.º1195

N.º de guias

Data de

requisição

Nome

Idad

e

Naturalidade

Filiação

Morada

Estado civil

Profissão

Testemunhas

Ocupação

Destino

Observações

1

02/01/1896 Nicolau da Ressurreição 40 --------------

Josefa Areias Maria (outro

nome era ilegível) (outro nome era

ilegível)

Rua da Fortaleza Povoa de Varzim

Casado -------------- Francisco Manuel

Turcato e António de Sousa

-------------- Rio de Janeiro Brasil

Deferido 01/02/1896

2 04/01/1896 João Martins

Moreira 46 -------------- ----------- Rua Paulet Casado Pescador Manuel Luíz Postiga e João Ferreira Moreira -------------- Rio de Janeiro

Brasil Deferido

01/02/1896

3

08/01/1896 João Gonçalves da Silva 44 --------------

José Gonçalves da Silva e de Anna Luiza Marcellina

Terroso Casado Pedreiro Joaquim de Sousa Moreira e José da

Costa Silva -------------- Brasil Deferido

01/02/1896

4

07/01/1986 Maria (outro nome era ilegível) 20 --------------

Manuel Francisco Cadilhe ,

(segundo nome ilegível)

-------------- Solteira Criada -------------- -------------- Rio de Janeiro

Brasil

Deferido 01/02/1896

5 29/01/1986

Jozé Martins com sua mulher e filhos menores, Maria e

Manoel

---- -------------- Joaquim José Martins e de Maria Rosa

Navaes Casado Seaeiro Lopes Ribeiro e

António Gonçalvez Cascão

-------------- Minas Geraes

Deferido 01/02/1896

6 04/02/1896 Joaquim José de

Figueiredo 33 -------------- Manuel José de Figueiredo e de Maria Joaquina

Navaes ---------- Seaeiro João gomes Guimarães

e Manoel José da Costa e Silva

Empregados públicos

Minas Geraes

Deferido 10/02/1896

7 01/02/1896 Joaquim Martins do

Eirado e Silva 25 -------------- António martins e de Maria Josefa

de Jesus Beiriz Solteiro Lavrador -------------- -------------- Brasil Deferido

10/02/1896

8 10/02/1896 Manuel Martins Areias 41 -------------

Thomaz Martins Areias, Anna

Roza

Póvoa de Varzim Solteiro Carpinteiro e

hoje maritimo

Francisco Manoel Trocado e Jozé

António dos Santos -------------- Rio de Janeiro

Brasil Deferido

26/02/1896

27/02/1896 João dos Santos 32 ------------- Vicente dos Rua dos Casado Marítimo António Perreira Rajão -------------- Rio de Janeiro Deferido

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

118

9 Santos e de Roza Margarida

Ferreiros Vigo e António Gonçalves Linhares

Brasil 27/02/1896

10 27/02/1896 Manoel Gonçalves

de Castro 27 -----------

Domingos Gonçalves de Castro e Roza

Maria

Rua da Junqueira Casado Marítimo

António Pereira rajão Vigo e António

Gonçalves Linhares -------------- Rio de Janeiro

Brasil Deferido

27/02/1896

11 02/03/1896 António Pereira

Campos 51 ----------- João Pereira Campos e de Anna Thereza

Rua do Carvalhido Casado Marítimo

João Baptista Gomes Ribeiro e José Gomes

Morim Junior -------------- Rio de Janeiro Deferido

02 /03/1896

12

07/03/1896 Jozé Graça 13 -------------- Manoel Francisco dos Santos Graça

Rua do Norte ---------- -------------- José Gomes Casais e

António Pereira Rajão Negociante Rio de Janeiro Deferido 07/03/1896

13

07/03/1896 Joaquim 12 -------------- João Pires e Anna

da Conceição Rua do Norte

---------- -------------- José Gomes Casais e António Pereira Rajão Negociante Rio de Janeiro Deferido

07/03/1896

14

07/03/1896 António ---- -------------- Vicente Filippe Carvalho

Passeio Alegre

Póvoa de Varzim

---------- -------------- José Gomes Casais e António Pereira Rajão Negociante Rio de Janeiro Deferido

07/03/1896

15

05/03/1896 João Francisco Nunes 34 --------------

António Francisco Nunes e de Francisca

Marques

Rua do Almada

Póvoa de Varzim

Casado Trabalhador

Francisco Alves Vieira Júnior e Lino José dos

Campos

Pharmaceutico Negociante Rio Grande do Sul Deferido

07/03/1896

16 06/03/1896

Manoel Rodrigues e sua mulher Rosa

Pereira e filhos Rita e Maria Beatriz

50 -------------- --------------

Passeio Alegre

Póvoa de Varzim

Casado --------------

Manoel Francisco dos Santos Graça e

Manoel Jorge da Costa e Silva

-------------- Rio Grande do Sul Deferido 06/03/1896

17

07/03/1896 Francisco Gonçalves Maiato 34 -------------

Custódio Gonçalves

Maiato e de Roza Margarida

Passeio Alegre

Casado Marítimo

José Gomes Casaes, António Pereira Rajão

Vigo -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido

07/03/1896

18 10/03/1896 Joze António

Ferreira 53 -------------

Manoel António Ferreira

e de Antónia Gomes

Passeio Alegre Casado Marítimo

Manoel Jozé da Costa e Silva e de Jozé Gomes

Morim Júnior -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido

10/03/1896

19 10/03/1896 Jozé Martins da

Nova --- ----------- Manoel Martins Nova e de Roza

Maria -------------- Casado Pescador

Francisco da Costa Matos e António

Pereira Rajão Vigo -------------- Rio de Janeiro Deferido a

10/03/1896

20 10/03/ 1896 Manuel Moreira

Assumpção 20 ------------ Joaquim Moreira, e de Roza Benta

Rua do Carvalhido Solteiro Pescador

José Moreira Assumpção e Manoel

Jozé de Oliveira -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido

10/05/1896

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

119

21 11/03/1896 Francisco Gomes

dos Santos 59 ------------- -----------

Rua d’Areia Póvoa de Varzim

Casado Marítimo António Perreira Rajão

Vigo e José Gomes Casaes

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido 11/03/1896

22 11/03/1896 Manoel da Costa

Vianna 31 ------------ Manoel da Costa

Vianna e de Roza Maria

Rua d’Areia Póvoa de Varzim

Casado Pescador Manuel Jozé da Costa e

Silva e José Gomes Morim Júnior

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido 11/03/1896

23 11/03/1896 Manoel Gomes

Arteiro 30 ------------ António Gomes

Arteiro e de Narciza Roza

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Casado Marítimo António Pereira Rajão

Vigo e José Gomes Casaes

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido 11/03/1896

24 12/03/1896 João Felgueiras

Gonçalves Regufe --- -------------

Manuel Felgueiras Gonçalves

Regufe e de Custódia Roza

----------- Solteiro -----------

João Pedro Ferreira da Serva e Leopoldino da

Costa Fernandes -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 12/03/1896

25

12/03/1896 Manoel da Silva

Fangueiro ---- -------------- José Fangueiro e Rosa de Jesus -------------- -----------

--- -------------- João Pedro Ferreira e Sousa e Lepoldino da

Costa -------------- Rio de Janeiro Deferido

12/03/1896

26

26/03/1896 Manoel Martins

Bouça Nova 18 -------------- Mathias Martins Bouça Nova

Amorim

-------------- -------------- -------------- -------------- Manaos Deferido

26/03/1896

27

16/03/1896 António Costa

Marques 25 -------------- Manoel Costa Marques e de Anna Rosa

Rua do Carvalhido Póvoa de Varzim

Casado Trabalhador João Pedro Ferreira de Sousa e Joaquim José Gomes de Carvalho

-------------- Rio Grande do Sul

Deferido 11/03/1896

28

16/03/1896 Domingos Dias 22 --------------

Manoel Dias e Maria José dos

Santos

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Solteiro Trabalhador João Pedro Ferreira de Sousa e Joaquim José Gomes de Carvalho

-------------- Rio Grande do Sul

Deferido 11/03/1896

29

18/03/1896 Arnaldo 13 -------------- João Jozé dos

Santos -------------- Solteiro -------------- António Gomes Júnior e Manoel José da Costa -------------- Rio de Janeiro Deferido

18/03/1896

30

18/03/1896

José e seu pai David Francisco da

Silva

11

38 -------------- David Francisco

da Silva Rates

Solteiro Casado

Trabalhador

João José dos Santos e Manoel José da Costa e

Silva -------------- Rio de Janeiro Deferido

18/03/1896

31 20/03/1896 Joaquim Pereira da

Silva ---- -------------- -------------- -------------- ---------- -------------- João Gomes Baptista Ribeiro e José Gomes

Moreira -------------- Rio de Janeiro Deferido

18/04/1896

32

30/03/1896 Manuel Rodrigues Maio 35 --------------

José de Rodrigues Maio e de Roza

Areias

Rua do Norte Póvoa de Varzim

Casado Pescador

João Pedro Ferreira de Sousa, Leopoldino da

Costa Fernandes

-------------- Cidade do Maranhão

Deferido 30/03/1896

Deseja transportar-se com seu filho António de 10 anos de idade,

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

120

para a cidade do Maranhão

33 06/04/1896 João Caetano

Feiteira 39 ------------- Manoel Caetano

Feiteira e de Anna Vitorina

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Casado Pescador Manoel José da Costa e

Silva e João Baptista Gomes Ribeiro

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 06/04/1896

34 06/04/1896 António Francisco

Nunes 27 -------------- Manoel Francisco Nunes e de Roza

Moreira

Rua do Norte Póvoa de Varzim

Casado Pescador Manoel José da Costa e

Silva e João Baptista Gomes Ribeiro

-------------- Cidade do Maranhão

Deferido a 06/04/1896

[35] 07/04/1896 António Gonçalves

de Castro 22 -------------- Jozé Gonçalves de Castro e de

Maria Roza Jacob

Rua do Fieiro Póvoa de Varzim

Solteiro Pescador Manoel Gomes

Moreira e José gomes Morim Júnior

-------------- Cidade do Rio Grande do Sul

Deferido a 07/04/1896

36 08/04/1896

António Francisco Marques

---- --------------

Francisco António Marques

e de Vitoriana Francisca

-------------- ---------- -------------- João Pedro Ferreira e Sousa e Lepoldino da

Costa -------------- Rio de Janeiro Deferido a

18/04/1896

37

08/04/1896 João Lourenço ---- --------------

Luíz Lourenço e de Maria

Margarida -------------- ---------- --------------

Francisco Manuel Turcato e João Pedro

Ferreira de Sousa Negociantes Rio de Janeiro Deferido

18/04/1896

38

08/04/1896 João Monteiro ---- --------------

Francisco Martins e de Maria Rosa

Affonseca -------------- ---------- --------------

Filippe Martins Áreas e João Baptista Gomes

Ribeiro -------------- Rio de Janeiro Deferido

18/04/1896

39 10/04/1896 João Francisco dos

Santos 43 --------------

Thomaz Francisco dos

Santos e de Maria Roza

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Casado Marítimo António Pereira Rajão

Vigo e José Gomes Casaes

-------------- Cidade do Rio Grande do Sul

Deferido a 10/04/1896

40 10/04/1896 Thomaz Carneiro

Flores 27 -------------- Manoel Carneiro Flores e de Maria

da Conceição

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Casado Pescador António Pereira Rajão

Vigo e José Gomes Casaes

-------------- Cidade do Rio Grande do Sul

Deferido a 10/04/1896

41 14/04/1896 Manoel Pereira da

Silva 30 --------------

António Pereira da Silva e de

Anna Roza de Jezus

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Casado Pescador João Baptista Gomes Ribeiro e Apolinário Martins dos Santos

-------------- Cidade do Rio Grande do Sul

Deferido a 14/04/1896

42 14/04/1896 António Martins

Areias Novo 27 -------------- Jozé Martins

Areias Novo e Roza Maria

Rua da Lapa Póvoa de Varzim

Casado Pescador João Baptista Gomes Ribeiro e Jozé Gomes

Morim Júnior -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Diferido a 14/04/1896

43 15/04/1896 Jacintho Gonçalves

de Castro 31 --------------

Domingos Gonçalves de Castro e Roza

Maria

Rua de Carlos Alberto

Póvoa de Varzim

Casado Pescador

António Leite Machado Leitão e

Manoel Jozé da Costa e Silva

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 15/04/1896

Page 111: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

121

44 21/04/1896 Joaquim da Costa

Jorge ---- -------------- Domingos da

Costa Jorge e de Maria Rosa

-------------- ---------- -------------- João Baptista Gomes Ribeiro e João Gomes

Mourim -------------- Rio de Janeiro Deferido

21/04/1896

45

21/04/1896 Lepoldino Costa Jorge ---- --------------

Domingos da Costa Jorge e de

Maria Rosa -------------- ---------- --------------

João Baptista Gomes Ribeiro e José Gomes

Morim Junior -------------- Rio de Janeiro Deferido

21/04/1896

46

21/04/1896 Thomaz da Silva

Fangueiro ---- -------------- António da Silva

fangueiro e de Maria Roza

-------------- ---------- -------------- João Baptista Gomes Ribeiro e José Gomes

Morim Junior -------------- Rio de Janeiro Deferido

21/04/1896

47

-------------- Gaspar Moreira

Rego ---- -------------- Miguel Moreira

Rego e de António Roza

-------------- ---------- -------------- João Baptista Gomes Ribeiro e José Gomes

Morim Junior -------------- Rio de Janeiro Deferido

24/04/1896

48 27/04/1896 Bernardo Milhazes 35 -------------- Luiz Milhazes e

Anna Roza

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Casado Pescador Francisco Manoel Frias

e Francisco Martins Moreira

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 27/04/1896

49

27/04/1896 Jose Francisco

Castro Lazera ---- -------------- Jose Francisco

Castro Lavra e de Anna Rosa

-------------- ---------- -------------- António Pereira Rajão Vigo e João Baptista

Santos Pereira -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 27/04/1896

50

28/04/1896 Jose Domingues da

Silva 36 -------------- Domingos

Lamella e de Margarida Rosa

Balasar Solteiro Lavrador

Manoel da Costa e António Jose

Domingues de Azevedo

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 28/04/1896

51 04/05/1896 Jozé Fernandes da

Silva 39 --------------

Manoel Fernandes da

Silva e Camilla Roza

Rua d’Areia Póvoa de Varzim

Casado Pescador João Baptista Gomes Ribeiro e Jozé Gomes

Morim Júnior -------------- Cidade do Rio

Grande do Sul Deferido a 04/05/1896

52 06/05/1896 António Gomes

Gabina 36 -------------- Jozé António

Gomes Gabina e Maria Roza

Rua da Lapa Póvoa de Varzim

Casado Pescador Abrahão Moreira dos Santos e João Baptista

Gomes Ribeiro -------------- Cidade do Rio

Grande do Sul Deferido a 06/05/1896

53 06/05/1896 Augusto Gomes

Magdalena 31 -------------- Manoel Gomes

Magdalena e Maria Roza

Rua das Hortas Póvoa

de Varzim

Casado Pescador António Pereira Rajão

Vigo e José Gomes Casaes

-------------- Cidade do Rio Grande do Sul

Deferido a 06/05/1896

54 06/05/1896 Mathias Caetano

Feiteira 30 -------------- Caetano Jozé

Feiteira e Anna Roza

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Casado Pescador João Pedro ferreira de Souza e José Gomes

Morim Júnior -------------- Cidade do Rio

Grande do Sul Deferido a 05/05/1896

55

Hiato Documental -------------- ---- -------------- -------------- -------------- ---------- -------------- -------------- -------------- -------------- --------------

56 22/05/1896 António Lopes da

Costa 41 -------------- Francisco Lopes da Costa e Serrão

e de Maria de

Rua Do Paulet Póvoa

de Casado Marítimo

Diogo Martins da Motta e Domingos Fernandes Cadilhe

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 22/05/1896

Page 112: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

122

Jezus Varzim

57 22/05/1896 João Gonçalves

Pêdra 27 -------------- António

Gonçalves Pedra e Roza Dias

Rua do Norte Povoa de Varzim

Casado Pescador Domingos Fernandes

Cadilhe e António Pereira Marques

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 22/05/1896

58 22/05/1896 Jozé Moreira de

Castro 29 -------------- António Moreira

de Castro e Jozefa Roza

Rua dos Ferreiros Póvoa de Varzim

Casado Pescador Domingos Fernandes Cadilhe e José Gomes

Morim Júnior -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 22/05/1896

59 23/05/1896

Francisco Gonçalves de

Castro 40 --------------

Manoel Gonçalves de Castro e Roza

Marques

Travessa da Lapa Póvoa de Varzim

Casado Pescador António Pereira Rajão Vigo e João Baptista

Gomes Ribeiro -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 05/05/1896

60

02/06/1896 Joaquim Jose Moreira 28 --------------

António José Moreira e de

Joseffa Ferreira

Povoa de Varzim Solteiro Trabalhador

Lino José Perreira e Manoel natonio

Galante -------------- Victoria Deferido

02/06/1896

61

03/06/1896 Manoel Alves

Campos 22 -------------- Fernando Alves

Rua de São Pedro Povoa de Varzim

Casado Trabalhador José Avelino Fernandes da Costa -------------- -------------- Deferido

03/06/1896

62

06/06/1896 Manoel 10 --------------

Eduardo Gonçalves de Castro e de

Felicidade Roza

Rua da Areia Povoa de Varzim

---------- ---------- Paulo laranjeira e João

Baptista Gomes Ribeiro

-------------- Rio de Janeiro Deferido 06/06/1896

63

09/06/1896 Albino Lopes Oliveira 36 -------------- António Lopes de

Oliveira Beiriz ---------- -------------- João Gomes Guimarães e Manoel Jose da Costa

e Silva -------------- Bahia Deferido

09/06/1896

64

15/06/1896 António Gomes Pereira Baptista ---- --------------

João Pereira Baptista e de Rita

Gomes

Largo São Roque Povoa

de Varzim Solteiro Caixeiro

António José Fernandes e João Pedro

Ferreira -------------- Rio de Janeiro Deferido

15/06/1896

65

19/06/1896 João 13 -------------- Manoel Francisco Nogueira Júnior -------------- ---------- --------------

António josé Fernandes Trovão Junior e João

Pedro Ferreira de Sousa

-------------- Rio de Janeiro Deferido 19/06/1896

66

20/06/1896 Jozé Martins Areias 38 Povoa de Varzim

Thomaz Martins Areias e Anna

Roza

Póvoa de Varzim Casado Pescador

António Pereira Rajão Vigo e Jozé Gomes

Casaes -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 20/06/1896

67 -------------- Francisco Rodrigues Christello

Povoa de Varzim

Francisco Rodrigues

Christello e de Maria Diaz

-------------- --------- -------------- Francisco Manoel

Trocado e Francisco da Costa Marque

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 27/06/1896

68 30/06/1896 António Francisco

Trocado 38 -------------- Francisco Trocado e Anna

Póvoa de Varzim Solteiro Pescador Gaspar António Gomes

Netto e João Baptista -------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 30/06/1896

Page 113: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

123

Roza Gomes Ribeiro

69 01/07/1896 João António

Ferreira 49 Póvoa de Varzim

Manoel António Ferreira e

Antónia Gomes

Póvoa de Varzim Casado Marítimo

Gaspar António Gomes Netto e Manoel Jozé de

Oliveira -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido sem data

70 01/07/1896 António Martins

Areias --- Póvoa de Varzim

António Martins Areias e Roza

Maria

Póvoa de Varzim Viúvo Pescador

Manoel Jozé da Costa e Silva e Jozé Gomes

Morim Junior -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Diferido sem data

71 02/07/1896 António Francisco

Luiz de Castro 38 Póvoa de Varzim

Manoel Francisco Luiz de Castro e

Maria Roza

Póvoa de Varzim Casado Pescador

Gaspar António Gomes Netto e Manoel Jozé de

Oliveira -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido sem data

72 03/07/1896 Jozé Francisco

Trocado --- -------------- ------------- Rua das Hortas Solteiro Pescador

Augusto Souza Ribeiro Forte e Jozé Gomes

Morim Junior -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 22/07/1896

73

04/07/1896 Manoel Jose Araujo ---- -------------- -------------- Beiriz Casado Pedreiro

António Gonçalves Fontes e Lino José Pereira de Campos

-------------- Bahia Diferido a 22/07/1896

74

-------------- Thomaz Francisco

Neves ---- -------------- João Farncisco

Neves e de Margarida Roza

-------------- ---------- -------------- João dos Santos Vieira

e Francisco Nunes Carvalho

-------------- Rio de Janeiro Deferido 02/07/1896

75

-------------- Francisco Dourado ---- --------------

João Francisco Dourado e de

Anna Francisca -------------- ---------- -------------- António Gomes Júnior

e José Gomes Moreira -------------- Rio de Janeiro Deferido a 22/07/1896

76 08/07/1896 João Martins Areias --- --------------

António Martins areias e Maria

Victoria

Rua dos Ferreiros Casado Marítimo

Gaspar António Gomes Netto e Manoel Jozé de

Oliveira -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 22/07/1896

77 08/07/1896 Jozé Lopes Regufe --- --------------

António Lopes Regufe e

Margarida roza Giesteira

Rua dos Ferreiros Solteiro Marítimo

Gaspar António Gomes Netto e Manoel Jozé de

Oliveira -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 22/07/1896

78

04/07/1896 Alfredo Gonçalves Fontes 14 --------------

António josé Gonçalves Fontes

e de Maria Joseffa

Beiriz Solteiro -------------- Miguel António

almeida e António Gonçalves Cascão

-------------- Rio de Janeiro Deferido 22/07/1896

79

04/07/1896 Manoel António Martins 17 --------------

Manoel Antonio Martins e de Luiza Rosa

Beiriz Solteiro -------------- Miguel António

Almeida e António Gonçalves Cascão

-------------- Rio de Janeiro Deferido 22/07/1896

80 04/07/1896 Joaquim Fernandes

Casa Nova 47 --------------

João Fernandes Casa nova e

Antónia Francisca

Rua do Ramalhão Casado Marítimo

Manoel Jozé da Costa e Silva e Jozé Gomes

Morim Junior -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 22/07/1896

81 15/07/1896 Manoel André

Bicho 42 Póvoa de Varzim

Francisco André Bicho e Maria

Izabel

Póvoa de Varzim Casado Marítimo

António Bernardino da Silva e Gaspar António

Gomes Netto -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 22/07/1896

82 20/07/1896 Manoel da Silva

Marques --- -------------- Manoel da Silva Marques e Maria

Roza

Rua dos Faraes Casado Pescador

António Pereira Rajão Vigo e José Gomes

Casaes -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a 22/07/1896

83 30/07/1896 Luiz Jozé de

Pentieiros 51 Póvoa de Varzim

João José de Pentieiros e Roza

Póvoa de Varzim Casado Pescador Gaspar António Gomes

Netto e Manoel Jozé de -------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 07/08/1896

Page 114: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

124

Maria Oliveira

84

06/08/1896 José Martins de Oliveira ---- -------------- António Martins

e de Maria Roza Beiriz Casado Vendeiro Luiz Gomes Loureiro e Justino Gomes de Sá -------------- Pernambuco Deferido a

07/08/1896

85

12/08/1896 Maria Roza 15 -------------- --------------

Rua da Fortaleza Povoa de varzim

--------- -------------- João Pedro Ferreira e

Lepoldino Costa Fernandes

-------------- Rio de Janeiro --------------

86

14/08/1896 Francisco Rodrigues Maio ---- --------------

José Rodrigues Maio e de Felecidade

Rodrigues Maio

Rua da Assumpção Povoa de Varzim

Casado -------------- António Pereira Rajão

e manoel Soares Moreira

-------------- Rio Janeiro --------------

87

19/08/1896 Thomaz Rodrigues Maio 31 --------------

José Rodrigues Maio e de Felecidade

Rodrigues Maio

Rua dos Ferreiros Povoa de Varzim

---------- -------------- -------------- -------------- Manaos --------------

88 19/08/1896 Jozé Rodrigues

Dionizio 38 --------------

António Rodrigues

Dionízio e Jozefa ?

Rua do Fieiro Casado Marítimo ---------------- -------------- Cidade de Manaos Deferido a 10/02/1897

89 19/08/1896 António Francisco

Marques 54 --------------

Eugénio Francisco

Marques e Maria Roza

Rua d’Areia Casado Pescador ---------------- -------------- Cidade de Manaos Deferido a 10/02/1897

90

19/08/1896 António Milhazes 43 -------------- Luiz Milhazes e

Anna Roza Rua d’Areia Casado Pescador ---------------- -------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido a 10/02/1897

91

20/08/1896 Moisés Rodrigues

de Costa 11 -------------- Francisco

Rodrigues de Costa

Rua do Serra Povoa de Varzim

---------- -------------- Francisco Luiz Trocato e José Pereira Rego -------------- Porto-Alegre --------------

92

22/08/1896 Manoel Joze da

Silva Casaleiro 14 -------------- Manoel da Silva Jorge e Amélia Maria Mattos

Rua da Assumpção Povoa de Varzim

Casado -------------- António Pereira Rajão e João Pedro Ferreira

de Sousa -------------- Rio Janeiro --------------

93 25/08/1896 Joaquim da Costa

Lino 31 -------------- Manoel da Costa

Lino e Maria Roza

Póvoa de Varzim Casado Pescador

Gaspar António Gomes Netto e Jozé Gomes

Morim Junior -------------- Cidade do Rio

Grande do Sul Deferido sem data

94 26/08/1896 Manoel d’Agonia --- -------------- ------------- Póvoa de

Varzim Casado Pescador Gaspar António Gomes

Netto e Jozé Gomes Morim Junior

-------------- Cidade de Manaos Deferido sem data

95

22/08/1896 Albino Lopes

Ferreira 19 -------------- Manoel Lopes Ferreira -------------- ---------- --------------

Pedro Machado Pereira e Miguel António

Almeida -------------- Pernambuco --------------

96

29/08/1896 Joaquim 11 -------------- João Gonzalves

Castro

Rua do Serra Povoa de Varzim

---------- -------------- António José

Fernandes e Lepoldino da Costa Fernandes

-------------- Porto-Alegre --------------

97 01/09/1896 João ---- -------------- António José de

Faria Povoa Varzim ---------- Maritimo Ventura dos Santos e Manoel José da Costa -------------- Porto-Alegre Deferido sem data

Page 115: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

125

Silva

98

02/09/1896 João ---- -------------- Manoel Gomes Ferreira Povoa Varzim ---------- Carteiro

Ventura dos santos e manoel Jose da Costa

Silva -------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

99

02/09/1896 Affonso Lopes de

Oliveira 20 -------------- Bernardino Lopes de Oliveira e de Benardina Roza

Povoa de Varzim Solteiro Alfaite

António José Fernandes Trovão

Júnior e João Pedro Fernandes de Sousa

-------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

100

03/09/1896 Amandio 13 -------------- António

Francisco de Castro Lazera

Rua da Assunpção Povoa de Varzim

---------- -------------- João Costa e Silva e José Amorim -------------- Porto-Alegre Deferido sem data

101

05/09/1896 Thimoteo Francisco

Castro ---- -------------- Vicente Francisco Castro e de Rosa

de Jesus

Povoa de Varzim ---------- --------------

Júlio de Rodrigues Cepeda Chaves e Lepoldino Costa

Fernandes

-------------- Porto-Alegre Deferido sem data

102

05/09/1896 Manoel Francisco

Castro ---- -------------- -------------- -------------- ---------- -------------- -------------- -------------- -------------- Deferido sem data

103

05/09/1896 Antonio ---- -------------- Manoel Francisco

dos Castro Povoa de Varzim ---------- --------------

Manoel António Perreira e José Luiz de

Sousa -------------- Porto-Alegre Deferido sem data

104

08/09/1896 Joze ---- -------------- Eduardo

Francisco de Castro

Povoa de Varzim ---------- --------------

Francisco Fernandes da Silva e António Pereira

Rajão Vigo -------------- Porto-Alegre Deferido sem data

105 05/09/1896 Zacharias Francisco

de Castro 42 -------------- ------------- Rua do Paulet Viúvo Pescador Manoel António

Ferreira e Jozé Luiz de Souza Ribeiro Forte

-------------- Cidade do Rio de Janeiro Diferido sem data

106

08/09/1896 Vicente ---- -------------- Jose Rodrigues Campos -------------- ---------- --------------

Francisco Fernandes da Silva e António Pereira

Rajão Vigo -------------- Porto-Alegre Diferido sem data

107 08/09/1896 Francisco Thomaz Bicho 21 -------------- Thomaz Bicho e

Sofia Roza

Rua do Tenente Valadim

Solteiro Pescador António Pereira Rajão

vigo e Francisco Manoel Trocado

-------------- Cidade do Rio de Janeiro Deferido sem data

108

10/09/1896 António de José Mesquita ---- --------------

José natonio Mesquita e de Maria Roza da

Conceição

Argivai Solteiro Pedreiro João Carlos Gomes

Pereira e Manoel Lopes Santos

-------------- -------------- Deferido sem data

109

11/09/1896 Manoel Gonçalves Moreira Junior 23 --------------

Manoel Gonçalves Pereira e de

Maria Gomes

Navaes Solteiro Seareiro Miguel da Costa

Villaça e Joaquim Dias Azevedo

-------------- -------------- Deferido sem data

110 10/09/1896 António Ferreira

Gaspar 46 -------------- Manoel Ferreira Gaspar e Anna

Póvoa de Varzim Casado Marítimo Jozé Lopes Pereira e

António Jozé -------------- Cidade do Rio de Janeiro Deferido sem data

Page 116: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

126

Roza Fernandes Trovão Junior

111 10/09/1896 Jozé Pereira da

Silva 42 -------------- João Pereira da Silva e Antónia

Gomes

Póvoa de Varzim Casado Marítimo

Jozé Lopes Pereira e António Jozé

Fernandes Trovão Junior

-------------- Cidade do Rio de Janeiro Deferido sem data

112

11/09/1896 Manoel Francisco da Silva ---- --------------

Dionísio Francisco e de

Anna Margarida Argivai Casado ---------- Ventura Lopes Anjo e

de António Martins -------------- -------------- Deferido

113 12/09/1896 Vicente --- -------------- João Fernandes

Troiina Rua das Hortas Casado Pescador

Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves e

António Jozé Fernandes Trovão

Junior

-------------- Porto -Alegre

Deferido sem data deseja transportar o filho Vicente de

13 anos

114

12/09/1896 Joaquim Francisco da Silva ---- --------------

Dionísio Francisco e de

Margarida Roza Argivai ---------- ----------

Manoel Francisco de Campos e de Joaquim

Martins -------------- Rio de Janeiro Diferido sem data

115

21/09/1896 Francisco Luiz Povoas 35 -------------- Matheus Luiz e

de Maria Roza Povoa de Varzim Solteiro Negociante

Roza Martins Motta e Manoel José Costa e

Silva -------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

116

24/09/1896 Joaquim Gonçalves Lima ---- --------------

Manoel Gonçalves Lima e de Catarina Maria

Pereira

Beiriz Casado ---------- Pedro José Martins

Gonçalves e de João Ferreira de Sousa

-------------- S. Paulo Deferido sem data

117 25/09/1896 João Martins Moreira 28 --------------

João Martins Moreira e Maria

de Jezus

Rua dos Ferreiros Casado Pescador

António Pereira Rajão Vigo e Francisco

Fernandes da Silva -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido a

25/12?/1896

118

26/09/1896 Manoel António de Mesquita 33 --------------

José antónio Mesquita e de Maria Roza

Argivai Casado Pedreiro Manoel Lopes dos

santos e José da Costa e Silva

-------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

119

29/09/1896 Manoel José

Loureiro ---- -------------- -------------- Povoa de Varzim ---------- Negociante

João Pedro Fereira de Sousa e Lepoldino da

Costa Fernandes -------------- Pernambuco Deferido sem data

120

29/09/1896 Jacinto ---- -------------- Ludovina Roza

Marques Povoa de Varzim ---------- ----------

João Pedro ferreira de Sousa e de Lepoldino

Costa Fernandes -------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

121

29/09/1896 Augusto da Silva

Lima ---- -------------- -------------- Amorim Solteiro Alfaiate João Fernandes da Cunha e Lino José Pereira de Campos

-------------- Pernambuco Deferido sem data

122 03/10/1896 António Gomes

Gabriel 36 -------------- Luiz Gabriel e bernardina Roza

Póvoa de Varzim Casado Marítimo

Francisco Manoel Trocado e Jozé Gomes

Morim Júnior -------------- Cidade de Manaos Deferido sem data

123 05/10/1896 Abrahão Pereira

Marques 30 Póvoa de Varzim

João Pereira Marques e

Calçada e de

Póvoa de Varzim Casado Pescador

Francisco Manoel Trocado e Jozé Gomes

Morim Júnior -------------- Cidade de Manaos Deferido sem data

Page 117: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

127

Constantina Josefa de Mattos

124

08/10/1896 Rogério Fernandes da Fonseca 37 --------------

António Fernandes da Fonseca e de

margarida Roza de Silva Martins

Rates Casado ---------- Manoel José da Costa e Silva e Custodio José

de Faria -------------- Rio de janeiro Deferido sem data

125

12/10/1896 Albino António Lopes 25 -------------- -------------- Estella Solteiro --------------

Manoel Fernandes de Faria e Joaquim

Fernandes de Faria -------------- Manaos Deferido sem data

126

20/10/1896 João Lopes Alves

da Silva 37 -------------- -------------- Balasar Solteiro Negociante Domingos Lopes Alves

da Silva e domingos Gomes da Silva

-------------- Paraná Deferido sem data

127

20/10/1896 Joze Domingos da

Silva ---- -------------- -------------- Balasar Solteiro Lavrador Domingos Lopes e Domingos Soares -------------- Rio Janeiro Deferido sem data

128

22/10/1896 Luiz da Silva

Sencadas 23 -------------- Marcellino da Silva e Maria

Jose Navaes Casado Pedreiro Manoel Gonçalves

Cascão -------------- S.Paulo Diferido sem data

129

22/10/1896 João Gomes

Moreira 18 -------------- Manoel Moreira Amorim

Povoa de Varzim ---------- -------------- -------------- -------------- Porto-Alegre Deferido sem data

130

24/10/1896 Jose Gomes

Travessas ---- -------------- José Gomes

Travessas e de Maria Roza

Amorim Solteiro Lavrador Mathias Martins

Bouças e manoel José Morreira

-------------- S. Paulo Deferido sem data

131 24/10/1896 Francisco Gomes

Travessas 20 -------------- Jozé Gomes

Travessas e Maria Roza

Amorim Solteiro Pescador Mathias Martins Bouça

Nova e Manoel José Moreira

-------------- Cidade de S. Paulo Deferido sem data

132 24/10/1896 António Gomes

Marafona --- --------------

Jozé Gomes Marafona e

Jozefa Roza do Sacramento

Rua dos Ferreiros Casado Pescador

António Gomes Júnior e António Lázaro da

Silva -------------- Cidade do Rio de

Janeiro Deferido sem data

133

27/10/1896 António Gonçalves

da Costa 34 -------------- -------------- Estella Solteiro Negociante José Lopes Pereira e antónio Gonçalves

Cascão -------------- Porto-Alegre Deferido sem data

134

27/10/1896 José Domingues da

Silva 31 -------------- José Domingues

da Silva e de Maria Joseffa

Balasar Solteiro Caixeiro Manoel José da Costa e Lino José Perreira de

Campos -------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

135

29/10/1896 Venceslau Ventura

da Conceição ---- --------------

António Boaventura e de

Augusta Ermelinda Sampaio

Laundos Solteiro Caixeiro António Gonçalves Linhares e de José

Lopes Pereira -------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

136

30/10/1896 Bernardo 13 -------------- Ezaquiel Joaquim

Correia Povoa de Varzim ---------- -------------- António da Silva e José

Gomes Amorim -------------- Rio Janeiro Deferido sem data

137 30/10/1896 Maria Joaquina da

Conceição ---- -------------- -------------- Amorim Casada -------------- Artur Teixeira Dias e José Alves da Silva

Empregados do Município S. Paulo Deferido sem data

Page 118: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

128

138

31/10/1896 Manoel carvalho Pereira 19 -------------- João Carvalho e

Maria Luiza Beiriz Solteiro Negociante Gaspar António Gomes e Lino José Pereira -------------- Bahia Deferido sem data

139 06/11/1896 Joze Francisco

Fangueiro ---- -------------- António

Francisco Fangueiro

Rua da Serva ---------- Pescador Jozé da Silva Rocha e

Jozé Moreira Assumpção

-------------- Cidade do Rio de Janeiro

Deferido sem data, deseja mandar o

seu filho Josué de 13 anos

incompletos para o Brasil

140

06/11/1896 Edolinda 13 --------------

Joaquim Gonçalves

Coelho Estella ---------- --------------

António Gonçalves Cascão e António José

Pinheiro -------------- Manaos Deferido sem data

141

10/11/1896 Albino 13 -------------- António José da Costa Filho

Povoa de Varzim ---------- Jornaleiro Manoel José da Costa e

António Ferreira -------------- Pernambuco Deferido sem data

142

11/11/1896 Carlos da Silva Rocha ---- -------------- --------------

Rua do \Serra Povoa de Varzim

---------- -------------- João Baptista Gomes e

Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves

Zeladores Municipais Rio de Janeiro Deferido sem data

143

11/11/1896 Gaspar Pinheiro Barbosa ---- --------------

Pedro Pinheiro Barbosa e de

Maria Roza da Conceição

Povoa de Varzim ---------- --------------

Ose da Silva Rocha e João baptista Gomes

Ribeiro -------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

144

12/11/1896 António 12 -------------- Manoel

Gonçalves Manco e Anna Jesus

Povoa de Varzim ---------- --------------

João Francisco Nogueira e José da

Silva Ferreira -------------- Rio Grande do Sul Deferido sem data

145

14/11/1896 Francisco Lopes Quintella 49 -------------- --------------

Rua dos Anjos Povoa de Varzim

Casado Negociante António José Trovão Júnior e João Pedro Ferreira de Sousa

-------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

146

16/11/1896 José de Figueiredo 36 -------------- Manoel José Figueiredo e

Maria Joaquina ---------- Casado Seareiro

Joaquim José Gomes e Francisco Fernandes

Silva -------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

147

19/11/1896 António Carlos da Silva 31 Póvoa de

Varzim

Manoel Carlos da Silva e Maria

Roza Rua d’Areia Solteiro Marítimo Jozé Ribeiro Pontes e

Manoel Correia Novo -------------- Cidade do Rio de Janeiro Deferido sem data

148

Hiato documental -------------- ---- -------------- -------------- -------------- ---------- -------------- -------------- -------------- -------------- --------------

149 27/11/1896 António da Silva Sencadas 35 Póvoa de

Varzim

Jozé da Silva Sencadas e Josefa

Roza

Póvoa De Varzim Casado Pescador

Francisco Luiz Trocado Júnior e

Francisco da Costa Marques

-------------- Cidade de Manaos Deferido sem data

28/11/1896 Francisco 11 -------------- Anna Rita Passeio alegre Solteiro -------------- António pereira -------------- Pará Deferido sem data

Page 119: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ____________________________________________________________________________________________________

129

150

Rodrigues Povoa de Varzim

Marques Rajão e António Rajão Vigo

151 30/11/1896 Francisco Ribeiro

Pontes --- -------------- João Ribeiro

Pontes e Roza Maria

Póvoa de Varzim Casado Marítimo

Manoel Jozé Martins e Francisco Manoel

Trocado -------------- Cidade de Manaos Deferido sem data

152 30/11/1896 Manoel Francisco

Marques --- -------------- Maria Roza Rua dos Ferreiros Casado Pescador

António Pereira Rajão Vigo e António da

Serva -------------- Cidade de Manaos Deferido sem data

153

03/12/1896 Joaquim Correia

Novo Calafate 13 --------------

Luiza Rosa de Jesus e Joze

Correia Novo

---------- Solteiro ---------- Zacharias Paulo Laranjeira e José Pinheiro Pontes

-------------- Manaos Deferido sem data

154 02/12/1896 João da Silva

Sencadas 41 -------------- ------------- Rua do Ramalhão Casado Pescador

Manoel jozé Dias de Souza Júnior e Manoel

António Ferreira -------------- Cidade de Manaos Deferido sem data

155 03/12/1896 Manoel Correia Novo ---- --------------

Jozé Correia Novo e Luiza Roza de Jesus

Rua d’Areia Solteiro Marítimo Manoel António

Ferreira e António da Serva

-------------- Cidade de Manaos Deferido sem data

156 03/12/1896 Manoel Francisco de Castro ---- --------------

João Francisco de Castro e Anna

Roza

Póvoa de Varzim Viúvo Marítimo

Manoel António Ferreira e António da

Serva -------------- Cidade de Manaos Diferido sem data

157 19/12/1896 Marcellino Jozé Craveiro 33 --------------

Cypriano jozé Craveiro e Damianna

Ribeiro

Rua dos Ferreiros Casado Pescador

António Pereira Rajão Vigo e Jozé Gomes

Casaes -------------- Cidade do Rio

Grande do Sul Deferido sem data

158

22/12/1896 José Fernandes

Loureito ---- -------------- Manoel José Loureiro e de

Anna Dias -------------- ---------- -------------- -------------- -------------- Rio de Janeiro Deferido sem data

159

28/12/1896 João Francisco da

Silva Areias ---- -------------- Manoel Francisco

da Silva e de Maria dos Passos

-------------- Casado Negociante --------------

António Perreira

Marques e Gaspar António

Gomes

Santa Catarina Deferido sem data

160

29/12/1896 Joze Gomes 53 -------------- Pedro Gomes e

de Maria Ferreira Póvoa de Varzim Casado Pedreiro --------------

Manoel José de Oliveira e José

Moreira de Assumpção

Minas Geraes Deferido sem data

161

30/12/1896 Albino 9 --------------

António Joaquim do Monte e Anna

de Oliveira

Povoa de Varzim Solteiro -------------- --------------

Manoel José Oliveira e

Manoel José da Costa

Santa Catarina Deferido sem data

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896; Maço n.º1195. *Regista-se um hiato documental de tempo do fólio n.º54 para o fólio n.º56, e do fólio n.º146 para o fólio n.º 148.

Page 120: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

130

2.1. Repartição pela data de requisição 2.1.1. Número total

Ano 1896 Dias

Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. %

1 - - 1 20,0 - - - - - - - - 2 13,3 - - 1 4,0 - - - - - - 2 1 12,5 - - 1 3,8 - - - - 1 11,1 1 6,7 - - 2 8,0 - - - - 1 11,1 3 - - - - - - - - - - 1 11,1 1 6,7 - - 1 4,0 1 5,9 - - 3 33,3 4 1 12,5 1 20,0 - - - - 1 12,5 - - 4 26,7 - - - - - - - - - - 5 - - - - 1 3,8 - - - - - - - - - - 4 16,0 1 5,9 - - - - 6 - - - - 4 15,4 2 11,1 3 37,5 1 11,1 - - 1 7,7 - - - - 2 15,4 - - 7 1 12,5 - - 4 15,4 1 5,6 - - - - 2 13,3 - - - - - - - - - - 8 1 12,5 - - - - 3 16,6 - - - - - - - - 3 12,0 1 5,9 - - - - 9 - - - - - - - - - - 1 11,1 - - - - - - - - - - - - 10 - - 1 20,0 3 11,5 2 11,1 - - - - - - - - 3 12,0 - - 1 7,7 - - 11 - - - - 3 11,5 - - - - - - - - - - 2 8,0 - - 2 15,4 - - 12 - - - - 2 7,7 - - - - - - - - 1 7,7 2 8,0 1 5,9 1 7,7 - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - - - 2 11,1 - - - - - - 1 7,7 - - - - 1 7,7 - - 15 - - - - - - 1 5,6 - - 1 11,1 1 6,7 - - - - - - - - - - 16 - - - - 2 7,7 - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18 - - - - 3 11,5 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - - - - 1 11,1 - - 4 30,8 - - - - 1 7,7 1 11,1 20 - - - - 1 3,8 - - - - 1 11,1 1 6,7 1 7,7 - - 2 11,8 - - - - 21 - - - - - - 3 16,6 - - - - - - - - 1 4,0 - - - - - - 22 - - - - - - - - 3 37,5 - - - - 2 15,4 - - 2 11,8 - - 1 11,1 23 - - - - - - - - 1 12,5 - - - - - - - - - - - - - - 24 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 4,0 3 17,7 - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 1 4,0 - - - - - - 26 - - - - 1 3,8 - - - - - - - - 1 7,7 1 4,0 - - - - - - 27 - - 2 40,0 - - 2 11,1 - - - - - - - - - - 2 11,8 1 7,7 - - 28 - - - - - - 1 5,6 - - - - - - - - - - - - 1 7,7 1 11,1 29 4 50,0 - - - - - - - - - - - - 1 7,7 3 12,0 1 5,9 - - 1 11,1 30 - - - - 1 3,8 - - - - 1 11,1 1 6,7 - - - - - - 2 15,4 1 11,1 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 11,8 - - - -

*Des. - - - - - - 1 5,6 - - 1 11,1 2 13,3 - - - - 1 5,9 - - - - Total 8 100 5 100 26 100 18 100 8 100 9 100 15 100 13 100 25 100 17 100 13 100 9 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197.

* Desconhecido

Page 121: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

131

2.1.2. Pescadores e marítimos

Ano 1896 Dias Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. %

1 - - - - - - - - - - - - 2 20,0 - - - - - - - - - - 2 - - - - 2 20,0 - - - - - - 1 10,0 - - - - - - - - 1 25,0 3 - - - - - - - - - - - - 1 10,0 - - - - 1 25,0 - - 2 50,0 4 1 100 - - - - - - 1 12,5 - - 1 10,0 - - - - - - - - - - 5 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 16,7 1 25,0 - - - - 6 - - - - - - 2 22,2 3 37,5 - - - - - - - - - - 1 20,0 - - 7 - - - - 1 10,0 1 11,1 - - - - - - - - - - - - - - - - 8 - - - - - - - - - - - - 2 20,0 - - 1 16,7 - - - - - - 9 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 10 - - 1 33,3 3 30,0 2 22,2 - - - - - - - - 2 33,3 - - - - - - 11 - - - - 3 30,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 12 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 16,7 - - - - - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - - - 2 22,2 - - - - - - - - - - - - - - - - 15 - - - - - - 1 11,1 - - - - 1 10,0 - - - - - - - - - - 16 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - - - - - - - - 3 60,0 - - - - 1 20,0 1 25,0 20 - - - - - - - - - - 1 50,0 1 10,0 - - - - - - - - - - 21 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22 - - - - - - - - 3 37,5 - - - - - - - - - - - - - - 23 - - - - - - - - 1 12,5 - - - - - - - - - - - - - - 24 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 50,0 - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - 1 20,0 1 16,7 - - - - - - 26 - - - - - - - - - - - - - - 1 20,0 - - - - - - - - 27 - - 2 66,7 - - 1 11,1 - - - - - - - - - - - - 1 20,0 - - 28 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 29 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 30 - - - - 1 10,0 - - - - 1 50,0 1 10,0 - - - - - - 2 40,0 - - 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

*Des. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Total 1 100 3 100 10 100 9 100 8 100 2 100 10 100 5 100 6 100 4 100 5 100 4 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197. * Desconhecido

Page 122: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

132

2.1.3. Outras profissões, desconhecidos e menores290

Ano 1896 Dias Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. % 1 - - 1 50,0 - - - - - - - - - - - - 1 5,3 - - - - - - 2 1 14,3 - - - - - - - - 1 14,3 - - - - 2 10,5 - - - - - - 3 - - - - - - - - - - 1 14,3 - - - - 1 5,3 - - - - 1 20,0 4 - - 1 50,0 - - - - - - - - 3 60,0 - - - - - - - - - - 5 - - - - 1 5,9 - - - - - - - - - - 3 15,8 - - - - - - 6 - - - - 4 23,5 - - - - 1 14,3 - - 1 12,5 - - - - 1 12,5 - - 7 1 14,3 - - 3 17,6 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 8 1 14,3 - - - - 3 33,3 - - - - - - - - 2 10,5 1 7,7 - - - - 9 - - - - - - - - - - 1 14,3 - - - - - - - - - - - - 10 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,3 - - 1 12,5 - - 11 - - - - - - - - - - - - - - - - 2 10,5 - - 2 25,0 - - 12 - - - - 2 11,8 - - - - - - - - 1 12,5 1 5,3 1 7,7 1 12,5 - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - - - - - - - - - - - 1 12,5 - - - - 1 12,5 - - 15 - - - - - - - - - - 1 14,3 - - - - - - - - - - - - 16 - - - - 2 11,8 - - - - - - - - - - - - - - 1 12,5 - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18 - - - - 3 17,6 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - - - - 1 14,3 - - 1 12,5 - - - - - - - - 20 - - - - 1 5,9 - - - - - - - - 1 12,5 - - 2 15,4 - - - - 21 - - - - - - 3 33,3 - - - - - - - - 1 5,3 - - - - - - 22 - - - - - - - - - - - - - - 2 25 - - 2 15,4 - - 1 20,0 23 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 24 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,3 1 7,7 - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 26 - - - - 1 5,9 - - - - - - - - - - 1 5,3 - - - - - - 27 - - - - - - 1 11,1 - - - - - - - - - - 2 15,4 - - - - 28 - - - - - - 1 11,1 - - - - - - - - - - - - 1 12,5 1 20,0 29 4 57,1 - - - - - - - - - - - - 1 12,5 3 15,8 1 7,7 - - 1 20,0 30 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 20,0 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 15,4 - - - -

*Des. - - - - - - 1 11,1 - - 1 14,3 2 40,0 - - - - 1 7,7 - - - - Total 7 100 2 100 17 100 9 100 - - 7 100 5 100 8 100 19 100 13 100 8 100 5 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197. * Desconhecido

290 Menor é todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão.

Page 123: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

133

2.2. Repartição pela morada 2.2.1. Número total

Ano 1896 Concelho Póvoa de Varzim Freguesias

Número de Ocorrências %

“Póvoa de Varzim” 34 20,4 Freguesia de Amorim 5 3,0 Freguesia de Argivai 4 2,4 Freguesia de Balasar 4 2,4 Freguesia de Beiriz 8 4,8 Freguesia de Estela 3 1,8 Freguesia de Laúndos 1 0,6 Freguesia de Navais 7 4,2 Freguesia de Rates 3 1,8 Freguesia de Terroso 1 0,6 Largo de S. Roque 1 0,6 Passeio Alegre 8 4,8 Rua d’areia 8 4,8 Rua do Almada 1 0,6 Rua dos Anjos 1 0,6 Rua da Assunção 3 1,8 Rua de Carlos Alberto 1 0,6 Rua do Carvalhido 3 1,8 Rua dos Faraes 1 0,6 Rua dos Ferreiros 17 10,2 Rua do Fieiro 2 1,2 Rua da Fortaleza 2 1,2 Rua das Hortas 4 2,4 Rua da Junqueira 1 0,6 Rua da Lapa 2 1,2 Rua do Norte 5 3,0 Rua do Paulet 3 1,8 Rua do Ramalhão 2 1,2 Rua de S. Pedro 1 0,6 Rua do Serra 3 1,8 Rua do Serva 1 0,6 Rua Tenente Valadim 1 0,6 Travessa da Lapa 1 0,6

Desconhecidos 24 14,5 Total 166 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197.

Page 124: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

134

2.2.2. Pescadores e marítimos

Ano 1896 Concelho Póvoa de Varzim Freguesias

Número de Ocorrências %

“Póvoa de Varzim” 18 26,9 Freguesia Amorim 1 1,5 Freguesia Argivai - - Freguesia Balasar - - Freguesia Beiriz - - Freguesia de Estela - - Freguesia de Laúndos - - Freguesia de Navais - - Freguesia de Rates - - Freguesia de Terroso - - Largo de S. Roque - - Passeio Alegre 2 3,0 Rua d’areia 7 10,4 Rua do Almada - - Rua dos Anjos - - Rua da Assunção - - Rua de Carlos Alberto 1 1,5 Rua do Carvalhido 2 3,0 Rua dos Faraes 1 1,5 Rua dos Ferreiros 15 22,3 Rua do Fieiro 2 3,0 Rua da Fortaleza - - Rua das Hortas 3 4,5 Rua da Junqueira 1 1,5 Rua da Lapa 2 3,0 Rua do Norte 3 4,5 Rua do Paulet 3 4,5 Rua do Ramalhão 2 3,0 Rua de S. Pedro - - Rua do Serra - - Rua do Serva 1 1,5 Rua Tenente Valadim 1 1,5 Travessa da Lapa 1 1,5

Desconhecidos 1 1,5 Total 67 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197.

Page 125: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

135

2.2.3. Outras profissões, menores * e desconhecidos

Ano 1896

Concelho Póvoa de Varzim Freguesias

Número de Ocorrências %

“Póvoa de Varzim” 18 18,2 Freguesia de Amorim 4 4,0 Freguesia de Argivai 3 3,0 Freguesia de Balasar 4 4,0 Freguesia de Beiriz 8 8,0 Freguesia de Estela 3 3,0 Freguesia de Laúndos 1 1,0 Freguesia de Navais 7 7,0 Freguesia de Rates 3 3,0 Freguesia de Terroso 1 1,0 Largo de S. Roque 1 1,0 Passeio Alegre 6 6,1 Rua d’areia 1 1,0 Rua do Almada 1 1,0 Rua dos Anjos 1 1,0 Rua da Assunção 3 3,0 Rua de Carlos Alberto - - Rua do Carvalhido 1 1,0 Rua dos Faraes - - Rua dos Ferreiros 2 2,0 Rua do Fieiro - - Rua da Fortaleza 2 2,0 Rua das Hortas - - Rua da Junqueira - - Rua da Lapa - - Rua do Norte 2 2,0 Rua do Paulet - - Rua do Ramalhão - - Rua de S. Pedro 1 1,0 Rua do Serra 3 3,0 Rua do Serva - - Rua Tenente Valadim - - Travessa da Lapa - -

Desconhecidos 23 23,2 Total 99 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197. * Menor é todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão.

Page 126: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

136

2.3. Repartição pelo sector sócio-profissional

Ano 1896 Repartição sócio-profissional Número %

Agro-pecuária 9 5,4 Jornaleiro 1 0,6 Lavrador 4 2,4 Seareiro 4 2,4

Trabalhadores oficinais 8 4,8 Alfaiate 2 1,2 Pedreiro 6 3,6

Pesca 67 40,4 Marítimo 24 14,5 Pescador 43 25,9

Comércio 11 6,6 Caixeiro 3 1,8 Negociante 7 4,2 Vendeiro 1 0,6

Outras profissões 8 4,8 Carteiro 1 0,6 Criada 1 0,6 Trabalhador 6 3,6

Desconhecido 37 22,3 Menor* 26 15,7 Total 166 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197. * Menor é todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão.

2.4. Estado civil

Ano 1896 Casado % Desconhecido % Solteiro % Viúvo % Total % Marítimo 18 24,3 - - 3 7,5 1 33,3 22 13,2 Pescador 34 45,9 2 4,1 6 15,0 2 66,7 44 26,6 Outras

profissões, desconhecidos

e menores

19 25,7 45 91,8 27 67,5 - - 91 54,8

Mulher 3 4,1 2 4,1 4 10,0 - - 9 5,4 Total 74 100 49 100 40 100 3 100 166 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197.

Page 127: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

137

2.5. Repartição pelo destino

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197.

* Menor é todo aquele com idade igual ou inferior a 21 anos, sem profissão.

Brasil – Destinos Regionais

Ano 1896

Bai

a

%

Bra

sil

%

Man

aus

%

Mar

anhã

o

%

Min

as G

erai

s

%

Pará

%

Para

%

Pern

ambu

co

%

Porto

-Ale

gre

%

Rio

Jane

iro

%

Rio

Gra

nde

do

Sul

%

S. P

aulo

%

S. C

atar

ina

%

Vic

toria

%

Des

conh

ecid

os

%

Tota

l

%

Marít-

imo

- - - - 5

31,3 - - -

- - - - - - - - - 17 20,0 1 5,0 1 20,0 - - - - - - 24 14,5

Pesca-dor

-

- - - 6 37,5 2

100 - - - - - - - - 2 16,7 23

27,0 10 50,0 - - - - - - - - 43 25,9

Outras profis-

sões

2

66,7 2 100 -

- - - 3

50,0 - - 1 100 4 80,0 1 8,3 13

15,3 3 15,0 2 40,0 1 50,0 1 100 3 60,0 36 21,7

Menor-

es *

- - - - 3

18,8 - - 2

33,3 1 100 - - 1 20,0 4 33,3 11

12,9 3 15,0 - - 1 50,0 - - - - 26 15,7

Descon-hecidos

1

33,3 - - 2

12,5 - - 1

16,7 - - - - - - 5 41,7 21 24,7 3 15,0 2 40,0 - - - - 2 40,0 37 22,3

Total

3

100 2 100 16

100 2 100 6

100 1 100 1

100 5 100 12

100 85 100 20

100 5 100 2

100 1 100 5

100 166 100

Page 128: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

138

2.6. Repartição pela idade

Ano 1896

Pescadores e marítimos Outras profissões e desconhecidos Idade Homens % Mulheres % Homens % Mulheres % Total %

0-4 - - - - - - - - - - 5-9 - - - - 1 1,1 - - 1 0,6

10-14 - - - - 16 17,6 1 11,1 17 10,2 15-19 - - - - 5 5,5 1 11,1 6 3,6 20-24 4 6,1 - - 5 5,5 1 11,1 10 6,0 25-29 7 10,6 - - 4 4,4 - - 11 6,6 30-34 12 18,2 - - 6 6,6 - - 18 10,8 35-39 11 16,7 - - 7 7,7 - - 18 10,8 40-44 9 13,6 - - 2 2,2 - - 11 6,6 45-49 4 6,1 - - 1 1,1 - - 5 3,0 50-54 4 6,1 - - 2 2,2 - - 6 3,6 55-59 1 1,5 - - - - - - 1 0,6 60-64 - - - - - - - - - - >65 - - - - - - - - - -

Desconhecida 14 21,2 - - 42 46,2 6 66,7 62 37,3 Total 66 100 - - 91 100 9 100 166 100

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º 1197. 2.7. Média e Moda da idade

Meses Média Moda Janeiro 37,5 - Fevereiro 31,6 - Março 30,5 - Abril 31,7 27 Maio 34,1 - Junho 26,4 - Julho 36,8 - Agosto 26,7 11 Setembro 30,3 - Outubro 26,9 37 Novembro 25 13 Dezembro 29,8 - Desconhecidos 62 -

Fonte: AMPV: Requerimento solicitando guias para passaportes para o Brasil, em 1896, n.º1197.

Page 129: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

139

3. Registo de pedidos de passaporte em 1896

Cota: AMPV n.º1164-1166

“Este livro hade servir para se notar as guias passadas n’esta administração aos indivíduos que desejarem munir-se de passaporte, na capital de districto para se transportarem para o estrangeiro. Administração do concelho da Póvoa de Varzim, 12 de Janeiro de 1890. O administrador José Narcizo Marques Coelho"

N.º de guias

Data de aquisição Nome Estado civil Profissão Residência Destino Observações

1 02/01/1896 Nicolau da Ressurreição Casado Cocheiro Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 2 04/01/1896 João Martins Moreira Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 3 08/01/1896 João Gonçalves da Silva Casado Pedreiro Terrozo Minas Geraes Sabe Escrever 4 08/01/1896 Maria Roza Solteira Criada de Servir Póvoa Rio de Janeiro Não Escreve

5 29/01/1896 Jozé Martins, sua mulher Florinda Roza Gomes e dous filhos Casado Seareiro Navaes Minas Geraes O marido sabe escrever

A mulher não escreve 6 04/02/1896 Joaquim Jozé de Figueiredo Casado Seareiro Navaes Minas Geraes Sabe Escrever 7 08/02/1896 Joaquim Martins do Eirado e Silva Solteiro Lavrador Beiriz Manaós Sabe Escrever 8 11/02/1896 Manoel Martins Areias Solteiro Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 9 28/02/1896 João dos Santos Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 10 28/02/1896 Manoel Gonçalves de Castro Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 11 02/03/1896 António Pereira Campos Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve

12 07/03/1896 Jozé Graça, menor, filho de Manoel Francisco dos Santos Graça ---------- ---------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever

13 07/03/1896 Joaquim, filho de João Pires e de Anna da Conceição ---------- ---------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 14 09/03/1896 António, filho de Vicente Filippe de Carvalho ---------- ---------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 15 09/03/1896 João Francisco Nunes Casado Trabalhador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Sabe Escrever

16 09/03/1896 Manoel Rodrigues Espojeiro, sua mulher e filhas Rita e Maria Beatriz Casado Trabalhador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Todos sabem escrever

17 09/03/1896 Francisco Gonçalves Maiato Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 18 10/03/1896 Joaquim António Ferreira Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 19 10/03/1896 Jozé Martins da Nova Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 20 10/03/1896 Manoel Moreira da Assumpção Solteiro Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 21 11/03/1896 Francisco Gomes dos Santos Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 22 11/03/1896 Manoel da Costa Vianna Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 23 11/03/1896 Manoel Gomes Arteiro Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 24 14/03/1896 João Felgueiras Gonçalves Regufe Casado Trabalhador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 25 14/03/1896 Manoel da Silva Fangueiro Casado Trabalhador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 26 14/03/1896 Manoel Martins Bouça Nova Solteiro Caixeiro Amorim Manaós Sabe Escrever 27 16/03/1896 António da Costa Marques Casado Trabalhador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Sabe Escrever 28 16/03/1896 Domingos Dias Solteiro Trabalhador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Não Escreve

29 18/03/1896 Arnaldo, filho de João jozé dos Santos e de Delfina Adriana Pereira dos Santos ---------- ---------- Balazar Rio de Janeiro Sabe Escrever

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

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30 18/03/1896 David Francisco da Silva e seu filho Jozé, menor Casado Trabalhador Rates Rio de Janeiro O pai sabe escrever O filho não escreve

31 18/03/1896 Joaquim Pereira da Silva Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve

32 30/03/1896 Manoel Rodrigues Maio e seu filho António, menor Casado Pescador Póvoa de Varzim Maranhão O pai não escreve O filho sabe escrever

33 07/04/1896 João Caetano Feiteira Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 34 07/04/1896 António Francisco Nunes Casado Pescador Póvoa de Varzim Maranhão Não Escreve 35 07/04/1896 Gabriel Jozé Machado Solteiro Trabalhador Laundos Rio de Janeiro Sabe Escrever 36 08/04/1896 António Francisco Marques Solteiro Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 37 08/04/1896 João Lourenço Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 38 08/04/1896 João Martins Areias Solteiro Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 39 10/04/1896 João Francisco dos Santos Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Não Escreve 40 10/04/1896 Thomaz Carneiro Flores Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Sabe Escrever 41 14/04/1896 Manoel Pereira da Silva Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Sabe Escrever 42 15/04/1896 António Martins Areias Novo Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 43 15/04/1896 Jacintho Gonçalves de Castro Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 44 22/04/1896 Joaquim da Costa Jorge Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 45 22/04/1896 Leopoldino da Costa Jorge Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 46 22/04/1896 Thomaz da Silva Fangueiro Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 47 24/04/1896 Gaspar Moreira Rega Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 48 27/04/1896 Bernardo Milhazes Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 49 27/04/1896 Jozé Francisco de Castro Lazera Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 50 28/04/1896 Jozé Domingues da Silva Solteiro Lavrador Balazar Rio de Janeiro Sabe Escrever 51 04/05/1896 Jozé Fernandes da Silva Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Não Escreve 52 06/05/1896 António Gomes Gabina Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Não Escreve 53 06/05/1896 Augusto Gomes Magdalena Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Não Escreve 54 06/05/1896 Mathias Caetano Feiteira Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Não Escreve

55 19/05/1896 Francisco, filho de Rodrigo Fernandes Troina e de Roza Martins Moreira ---------- ----------- Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Sabe Escrever

56 22/05/1896 António Lopes da Costa Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 57 22/05/1896 João Gonçalves Pedra Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 58 22/05/1896 Jozé Moreira de Castro Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de janeiro Não Escreve 59 23/05/1896 Francisco Gonçalves de Castro Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 60 02/06/1896 Joaquim Jozé Moreira Solteiro Trabalhador de campo Póvoa de Varzim Victoria Sabe Escrever 61 03/06/1896 Manoel Alves Campos Casado Trabalhador de campo Póvoa de Varzim Victoria Sabe Escrever

62 06/06/1896 Manoel, filho de Eduardo Gonçalves de Castro e de Felicidade Roza --------- ---------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever

63 09/06/1896 Albino Lopes de Oliveira Casado Pedreiro Beiriz Bahia Não Escreve 64 15/06/1896 Arthur Gomes Pereira Baptista Solteiro Caixeiro Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 65 19/06/1896 João, filho de Manoel Francisco Nogueira Júnior ---------- ---------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 66 20/06/1896 Jozé Martins Areias Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 67 27/06/1896 Francisco Rodrigues Cristello Solteiro Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 68 30/06/1896 António Francisco Trocado Solteiro Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 69 01/07/1896 João António Ferreira Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 70 01/07/1896 António Martins Areias Viúvo Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 71 02/07/1896 António Francisco Luiz de Castro Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 72 04/07/1896 Jozé Francisco Trocado Solteiro Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

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73 04/07/1896 Manoel Jozé de Araújo Casado Pedreiro Beiriz Bahia Sabe Escrever 74 04/07/1896 Thomaz Francisco Neves Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 75 08/07/1896 Francisco Dourado Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 76 08/07/1896 João Martins Areias Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 77 08/07/1896 Jozé Lopes Regufe Solteiro Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve

78 09/07/1896 Alfredo Gonçalves Fontes, filho de António Gonçalves Fontes Solteiro ---------- Beiriz Rio de Janeiro Sabe Escrever

79 09/07/1896 Manoel António Martins, filho de outro Manoel António Martins, fallecido e de Anna Luíza Ferreira Solteiro ---------- Beiriz Rio de Janeiro Sabe Escrever

80 11/07/1896 Joaquim Fernandes Casa Nova Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 81 15/07/1896 Manoel André Bicho Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 82 20/07/1896 Manoel da Silva Marques Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 83 30/07/1896 Luiz Jozé de Pentieiros Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 84 06/08/1896 Jozé Martins de Oliveira Casado Vendeiro Beiriz Pernambuco Sabe Escrever

85 12/08/1896 Maria Roza, filha de Manoel Pereira Rajão, fallecido, e de Maria Roza Solteira ---------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve

86 14/08/1896 Francisco Rodrigues Maio Casado Carpinteiro Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 87 19/08/1896 Thomaz Rodrigues Maio Solteiro Carpinteiro Póvoa de Varzim Manaós Sabe Escrever 88 19/08/1896 Jozé Rodrigues Dionízio Casado Marítimo Póvoa de Varzim Manaós Não Escreve 89 19/08/1896 António Francisco Marques Casado Pescador Póvoa de Varzim Manaós Não Escreve 90 19/08/1896 António Milhazes Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve

91 20/08/1896 Moysés Rodrigues da Costa, filho de Francisco Rodrigues da Costa ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto-Alegre Sabe Escrever

92 22/08/1896 Manoel Jozé da Silva Cazaleiro, filho de Manoel da Silva Jorge? e Amélia Maria Martins de Mattos ---------- ---------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever

93 25/08/1896 Joaquim da Costa Lino Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Não Escreve 94 26/08/1896 Manoel d’Agonia Casado Pescador Póvoa de Varzim Manaós Não Escreve

95 29/08/1896 Joaquim, filho de João Gonçalves de Castro e Roza Leite ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto-Alegre Sabe Escrever

96 28/08/1896 Albino Lopes Ferreira, filho de Manoel Lopes Ferreira ---------- ---------- Terrozo Pernambuco Sabe Escrever 97 01/09/1896 João, filho de António Jozé de Faria ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto-Alegre Sabe Escrever 98 02/09/1896 João, filho de Manoel Gomes Ferreira ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto- Alegre Sabe Escrever 99 02/09/1896 Affonso Lopes de Oliveira Solteiro Alfaiate Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever

100 03/09/1896 Amândio, filho de António Francisco de Castro Lazera ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto- Alegre Sabe Escrever 101 05/09/1896 Timotheo Francisco de Castro Solteiro Negociante Póvoa de Varzim Porto- Alegre Sabe Escrever 102 05/09/1896 Manoel Francisco de Castro Solteiro Alfaiate Póvoa de Varzim Porto- Alegre Sabe Escrever

103 05/09/1896 António, filho de Manoel Francisco de Castro e de Anna de Jezus ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto- Alegre Sabe Escrever

104 05/09/1896 Jozé, filho de Eduardo Francisco de Castro, fallecido, e de Roza Maria de Jezus ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto- Alegre Sabe Escrever

105 05/09/1896 Zacharias Francisco de Castro Viúvo Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve

106 08/09/1896 Vicente, filho de Jozé Rodrigues Campos e de Roza do Sacramento ----------- ---------- Póvoa de Varzim Porto-Alegre Sabe Escrever

107 08/09/1896 Francisco Thomaz Bicho Solteiro Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve

108 10/09/1896 António Jozé de Mesquita, filho de Jozé António de Mesquita, natural da freguesia de Brufe?, concelho de Famalicão

Solteiro Pedreiro Argivai Rio de Janeiro

Não escreve. Os documentos foram

remettidos para o Governo Civil de Braga

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

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109 10/09/1896 Manoel Gonçalves Moreira Jorge? Solteiro Seareiro Navaes Rio de Janeiro Sabe Escrever 110 10/09/1896 António Ferreira Gaspar Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 111 10/09/1896 Jozé Pereira da Silva Casado Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 112 11/09/1896 Manoel Francisco da Silva Casado Pedreiro Argivai Rio de Janeiro Não Escreve

113 12/09/1896 Vicente, filho de João Fernandes Troina e Maria Moreira da Silva ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto-Alegre Sabe Escrever

114 12/09/1896 Joaquim Francisco da Silva Casado Pedreiro Argivai Rio de Janeiro Não Escreve 115 21/09/1896 Francisco Luiz Povoas Solteiro Negociante Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 116 24/09/1896 Joaquim Gonçalves Lima Casado Pedreiro Beiriz S. Paulo Sabe Escrever 117 25/09/1896 João Martins Moreira Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 118 26/09/1896 Manoel António de Mesquita Casado Pedreiro Argivai Rio de Janeiro Não Escreve 119 29/09/1896 Manoel Jozé Loureiro Casado Negociante Póvoa de Varzim Pernambuco Sabe Escrever 120 29/09/1896 Jacintho, filho natural de Ludovina Roza Marques ---------- ---------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 121 29/09/1896 Augusto da Silva Lima Solteiro Alfaiate Amorim Pernambuco Sabe Escrever 122 05/10/1896 António Gomes Gabriel Casado Marítimo Póvoa de Varzim Manaós Não Escreve 123 05/10/1896 Abrahão Pereira Marques Casado Pescador Póvoa de Varzim Manaós Sabe Escrever

124 08/10/1896 Rogério Fernandes da Fonseca e o filho António, menor Casado Seareiro Rates Rio de Janeiro O pai sabe escrever O filho sabe escrever

125 12/10/1896 Albino António Lopes, filho de Maria Francisca ---------- ---------- Estella Manaós Não Escreve 126 20/10/1896 João Lopes Alves da Silva Solteiro Negociante Balazar Pará Sabe Escrever 127 20/10/1896 Jozé Domingues da Silva Solteiro Lavrador Balazar Rio de Janeiro Sabe Escrever 128 22/10/1896 Luiz da Silva Sencadas Casado Pedreiro Navaes S. Paulo Não Escreve 129 23/10/1896 João Gomes Moreira, filho de Manoel Gomes Moreira Solteiro Cordoeiro Póvoa de Varzim Porto- Alegre Sabe Escrever 130 24/10/1896 Jozé Gomes Travessas Solteiro Lavrador Amorim S. Paulo Sabe Escrever 131 24/10/1896 Francisco Gomes Travessas Solteiro Pescador Amorim S. Paulo Não Escreve 132 24/10/1896 António Gomes Marafona Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 133 27/10/1896 António Gonçalves da Costa Solteiro Negociante Estella Porto- Alegre Sabe Escrever 134 30/10/1896 Jozé Domingues da Silva Solteiro Caixeiro Balazar Rio de Janeiro Sabe Escrever 135 30/10/1896 Venceslau Ventura da Conceição Solteiro Caixeiro Laundos Rio de Janeiro Sabe Escrever

136 30/10/1896 Bernardo, filho de Ezequiel Joaquim Correia e Jozefa Roza ---------- ----------- Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever

137 31/10/1896 Maria Joaquina da Conceição Casada ----------- Amorim S. Paulo Não Escreve 138 05/11/1896 Manoel Carvalho Pereira Solteiro Negociante Beiriz Bahia Sabe Escrever

139 06/11/1896 Jozé Francisco Fangueiro, filho de António Francisco Fangueiro ---------- ---------- Póvoa de Varzim Rio De Janeiro Sabe Escrever

140 06/11/1896 Edolinda, filha de Joaquim Gonçalves Coelho ---------- ---------- Estella Manaós Não Escreve 141 10/11/1896 Albino, filho de António Jozé da Costa ---------- ---------- Póvoa de Varzim Pernambuco Sabe Escrever 142 11/11/1896 Carlos da Silva Rocha Solteiro Marmorista Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 143 11/11/1896 Gaspar Pinheiro Barboza Solteiro Carpinteiro Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever

144 12/11/1896 António, filho de Manoel Gonçalves Manco, fallecido, e de Anna de Jezus ---------- ---------- Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Sabe Escrever

145 14/11/1896 Francisco Lopes Quintella e sua mulher Antónia Roza Fernandes ---------- ---------- Póvoa de Varzim Porto-Alegre Sabe Escrever

146 17/11/1896 Jozé de Figueiredo Casado Seareiro Amorim Rio de Janeiro Sabe Escrever 147 19/11/1896 António Carlos da Silva Solteiro Marítimo Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Não Escreve 148 26/11/1896 Jacintho Rodrigues da Silva Campos Solteiro Negociante Balazar Maranhão Sabe Escrever 149 28/11/1896 António da Silva Sencadas e seu filho Josué Casado Pescador Póvoa de Varzim Manaós Sabem escrever

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150 28/11/1896 Francisco Rodrigues Maio, filho de António Rodrigues Maio ---------- ---------- Póvoa de Varzim Pará Sabe Escrever

151 30/11/1896 Francisco Ribeiro Pontes Casado Marítimo Póvoa de Varzim Manaós Não Escreve 152 30/11/1896 Manoel Francisco Marques Casado Pescador Póvoa de Varzim Manaós Sabe Escrever

153 03/12/1896 Joaquim Correia Novo Calafate, filho de Jozé Correia Novo, fallecido, e de Luiza Roza de Jezus ---------- ----------- Póvoa de Varzim Manaós Sabe Escrever

154 03/12/1896 João Da Silva Sencadas Casado Pescador Póvoa de Varzim Manaós Sabe Escrever 155 03/12/1896 Manoel Correia novo Solteiro Marítimo Póvoa de Varzim Manaós Sabe Escrever 156 03/12/1896 Manoel Francisco de Castro Viúvo Marítimo Póvoa de Varzim Manaós Não Escreve 157 19/12/1896 Marcellino Jozé Craveiro Casado Pescador Póvoa de Varzim Rio Grande do Sul Sabe Escrever 158 22/12/1896 Jozé Fernandes Loureiro Solteiro Banheiro Póvoa de Varzim Rio de Janeiro Sabe Escrever 159 29/12/1896 João Francisco da Silva Areias Casado Negociante Póvoa de Varzim Santa Catharina Sabe Escrever 160 29/12/1896 Jozé Gomes Casado Pedreiro Póvoa de Varzim Minas Geraes Não Escreve

161 30/12/1896 Albino, filho de António Joaquim do Monte e de Anna de Oliveira ---------- ---------- Póvoa de Varzim Santa Catharina Sabe Escrever

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaportes em 1896 dos indivíduos que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1164-1166.

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3.1. Repartição pela data de requisição 3.1.1. Número total

Ano 1896 Dias Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. % 1 - - - - - - - - - - - - 2 13,3 - - 1 4,0 - - - - - - 2 1 12,5 - - 1 3,7 - - - - 1 11,1 1 6,7 - - 2 8,0 - - - - - - 3 - - - - - - - - - - 1 11,1 - - - - 1 4,0 - - - - 4 44,4 4 1 12,5 1 20,0 - - - - 1 11,1 - - 3 20,0 - - - - - - - - - - 5 - - - - - - - - - - - - - - - - 5 20,0 2 11,8 1 5,9 - - 6 - - - - - - - - 3 33,3 1 11,1 - - 1 7,7 - - - - 2 11,8 - - 7 - - - - 2 7,4 3 16,7 - - - - - - - - - - - - - - - - 8 2 25,0 1 20,0 - - 3 16,7 - - - - 3 20,0 - - 2 8,0 2 11,8 - - - - 9 - - - - 7 25,9 - - - - 1 11,1 2 13,3 - - - - - - - - - - 10 - - - - 3 11,1 2 11,1 - - - - - - - - 4 16,0 - - 1 5,9 - - 11 - - 1 20,0 3 11,1 - - - - - - 1 6,7 - - 1 4,0 - - 2 11,8 - - 12 - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 2 8,0 1 5,9 1 5,9 - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - 3 11,1 1 5,6 - - - - - - 1 7,7 - - - - 2 11,8 - - 15 - - - - - - 2 11,1 - - 1 11,1 1 6,7 - - - - - - - - - - 16 - - - - 2 7,4 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,9 - - 18 - - - - 4 14,8 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - - 1 11,1 1 11,1 - - 4 30,8 - - - - 1 5,9 1 11,1 20 - - - - - - - - - - 1 11,1 1 6,7 1 7,7 - - 2 11,8 - - - - 21 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 4,0 - - - - - - 22 - - - - - - 3 16,7 3 33,3 - - - - 1 7,7 - - 1 5,9 - - 1 11,1 23 - - - - - - - - 1 11,1 - - - - - - - - 1 5,9 - - - - 24 - - - - - - 1 5,6 - - - - - - - - 1 4,0 3 17,6 - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 1 4,0 - - - - - - 26 - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 1 4,0 - - 1 5,9 - - 27 - - - - - - 2 11,1 - - 1 11,1 - - - - - - 1 5,9 - - - - 28 - - 2 40,0 - - 1 5,6 - - - - - - 1 7,7 - - - - 3 17,6 - - 29 4 50,0 - - - - - - - - - - - - 1 7,7 3 12,0 - - - - 2 22,2 30 - - - - 2 7,4 - - - - 1 11,1 1 6,7 - - - - 3 17,6 2 11,8 1 11,1 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,9 - - - - *Des. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Total 8 100 5 100 27 100 18 100 9 100 9 100 15 100 13 100 25 100 17 100 17 100 9 100

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166. * Desconhecido

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

145

3.1.2. Pescadores e marítimos

Ano 1896 Dias Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. % 1 - - - - - - - - - - - - 2 16,7 - - - - - - - - - - 2 - - - - 1 10,0 - - - - - - 1 8,3 - - - - - - - - - - 3 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 3 75,0 4 1 100 - - - - - - 1 12,5 - - 2 16,7 - - - - - - - - - - 5 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 20,0 2 50,0 - - - - 6 - - - - - - - - 3 37,5 - - - - - - - - - - - - - - 7 - - - - - - 2 12,5 - - - - - - - - - - - - - - - - 8 - - - - - - 3 18,8 - - - - 3 25 - - 1 20,0 - - - - - - 9 - - - - 1 10,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 10 - - - - 3 30,0 2 12,5 - - - - - - - - 2 40,0 - - - - - - 11 - - 1 33,3 3 30,0 - - - - - - 1 8,3 - - - - - - - - - - 12 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - - - 1 6,3 - - - - - - - - - - - - - - - - 15 - - - - - - 2 12,5 - - - - 1 8,3 - - - - - - - - - - 16 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18 - - - - 1 10,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - - - - - - - - 3 60,0 - - - - 1 25,0 1 25,0 20 - - - - - - - - - - 1 33,3 1 8,3 - - - - - - - - - - 21 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22 - - - - - - 3 18,8 3 37,5 - - - - - - - - - - - - - - 23 - - - - - - - - 1 12,5 - - - - - - - - - - - - - - 24 - - - - - - 1 6,3 - - - - - - - - - - 2 50,0 - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - 1 20,0 1 20,0 - - - - - - 26 - - - - - - - - - - - - - - 1 20,0 - - - - - - - - 27 - - - - - - 2 12,5 - - 1 33,3 - - - - - - - - - - - - 28 - - 2 66,7 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 25,0 - - 29 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 30 - - - - 1 10,0 - - - - 1 33,3 1 8,3 - - - - - - 2 50,0 - - 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - *Des. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Total 1 100 3 100 10 100 16 100 8 100 3 100 12 100 5 100 5 100 4 100 4 100 4 100

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166. * Desconhecido

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

146

3.1.3. Outras profissões, desconhecidos e menores

Ano 1896 Dias Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. % 1 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,0 - - - - - - 2 1 14,3 - - - - - - - - 1 16,7 - - - - 2 10,0 - - - - - - 3 - - - - - - - - - - 1 16,7 - - - - 1 5,0 - - - - 1 20,0 4 - - 1 50,0 - - - - - - - - 1 33,3 - - - - - - - - - - 5 - - - - - - - - - - - - - - - - 4 20,0 - - 1 7,7 - - 6 - - - - - - - - - - 1 16,7 - - 1 12,5 - - - - 2 15,4 - - 7 - - - - 2 11,8 1 50,0 - - - - - - - - - - - - - - - - 8 2 28,6 1 50,0 - - - - - - - - - - - - 1 5,0 2 15,4 - - - - 9 - - - - 6 35,3 - - - - 1 16,7 2 66,7 - - - - - - - - - - 10 - - - - - - - - - - - - - - - - 2 10,0 - - 1 7,7 - - 11 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,0 - - 2 15,4 - - 12 - - - - - - - - - - - - - - 1 12,5 2 10,0 1 7,7 1 7,7 - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - 3 17,6 - - - - - - - - 1 12,5 - - - - 2 15,4 - - 15 - - - - - - - - - - 1 16,7 - - - - - - - - - - - - 16 - - - - 2 11,8 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 - - 18 - - - - 3 17,6 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - - 1 100 1 16,7 - - 1 12,5 - - - - - - - - 20 - - - - - - - - - - - - - - 1 12,5 - - 2 15,4 - - - - 21 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,0 - - - - - - 22 - - - - - - - - - - - - - - 1 12,5 - - 1 7,7 - - 1 20,0 23 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 - - - - 24 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,0 1 7,7 - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 26 - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5,0 - - 1 7,7 - - 27 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 - - - - 28 - - - - - - 1 50,0 - - - - - - 1 12,5 - - - - 2 15,4 - - 29 4 57,1 - - - - - - - - - - - - 1 12,5 3 15,0 - - - - 2 40,0 30 - - - - 1 5,9 - - - - - - - - - - - - 3 23,1 - - 1 20,0 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 7,7 - - - - *Des. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Total 7 100 2 100 17 100 2 100 1 100 6 100 3 100 8 100 20 100 13 100 13 100 5 100

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166. * Desconhecido

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

147

Repartição pela morada 3.2.1. Número total

Ano 1896 Concelho Póvoa de Varzim Freguesias Número de Ocorrências %

Amorim 6 3,5 Argivai 4 2,3 Balasar 6 3,5 Beiriz 8 4,7 Estela 3 1,7 Laúndos 2 1,2 Navais 7 4,1 “Póvoa de Varzim” 130 75,6 Rates 4 2,3

Terroso 2 1,2 Total 172 100

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166.

3.2.2. Pescadores e marítimos

Ano 1896 Concelho Póvoa de Varzim Freguesias Número de Ocorrências %

Amorim 1 1,3 Argivai - - Balasar - - Beiriz - - Estela - - Laúndos - - Navais - - “Póvoa de Varzim” 74 98,7 Rates - -

Terroso - - Total 75 100

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166.

Page 138: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

148

3.2.3. Outras profissões, menores e desconhecidos

Ano 1896 Concelho Póvoa de Varzim Freguesias Número de Ocorrências %

Amorim 5 5,2 Argivai 4 4,1 Balasar 6 6,2 Beiriz 8 8,2 Estela 3 3,1 Laúndos 2 2,1 Navais 7 7,2 “Póvoa de Varzim” 56 57,7 Rates 4 4,1

Terroso 2 2,1 Total 97 100

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166.

Page 139: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

149

3.3. Repartição pelo sector sócio-profissional

Ano 1896

Repartição sócio-profissional Número % Agro-pecuária 11 6,4

Lavrador 4 2,3 Seareiro 5 2,9 Trabalhador de campo 2 1,2

Trabalhadores oficinais 18 10,5 Alfaiate 3 1,7 Carpinteiro 3 1,7 Cordoeiro 1 0,6 Marmorista 1 0,6

Pedreiro 10 5,8 Pesca 75 43,6

Marítimo 24 14,0 Pescador 51 29,7 Comércio 13 7,6

Caixeiro 4 2,3 Negociante 8 4,7 Vendeiro 1 0,6

Transportes 1 0,6 Cocheiro 1 0,6 Outras profissões 10 5,8

Banheiro 1 0,6 Criada de servir 1 0,6 Trabalhador 8 4,7

Desconhecido 40 23,3 Menor 4 2,3 Total 172 100

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166.

Page 140: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

150

3.4. Repartição pelo estado civil

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166.

3.5. Repartição pelo nível de instrução

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166.

Ano 1896 Instrução Sabe escrever % Não escreve % Desconhecido %

Total %

Marítimo 7 7,1 19 27,1 - - 26 15,1 Pescador 15 15,2 34 48,6 - - 49 28,5 Outras profissões 42 42,4 11 15,7 - - 53 30,8 Mulheres 3 3,0 4 5,7 - - 7 4,1 Menores 3 3,0 1 1,4 - - 4 2,3 Desconhecido 29 29,3 1 1,4 3 100 33 19,2 Total 99 100 70 100 3 100 172 100

Ano 1896 Casado % Desconhecido % Solteiro % Viúvo % Total % Marítimo 19 21,3 - - 4 8,5 1 33,3 24 14,0 Pescador 41 46,1 - - 8 17,0 2 66,7 51 29,7 Outras profissões e menores

25 28,1 30 90,9 33 70,2 - - 88 51,2

Mulheres 4 4,5 3 9,1 2 4,3 - - 9 5,2 Total 89 100 33 100 47 100 3 100 172 100

Page 141: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

151

3.6. Repartição pelo destino

Fonte: AMPV: Registo de pedidos de passaporte em 1896, n.º 1166.

* Desconhecido

Brasil Destinos Regionais

Ano 1896

Bai

a

%

Man

aus

%

Mar

anhã

o

%

Min

as G

erai

s

%

Para

%

Pern

anbu

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%

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o A

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e

%

Rio

de

Jane

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%

Rio

Gra

nde

do

Sul

%

Sant

a C

atar

ina

%

São

Paul

o

%

Vic

tori

a

% T

otal

%

Marítimo - - 5 27,8 - - - - - - - - - - 18 19,8 1 5,6 - - - - - - 24 14,0

Pescador - - 6 33,3 2 50,0 - - - - - - - - 34 37,4 8 44,4 - - 1 20,0 - - 51 29,7

Outras profissões 3 100 3 16,7 1 25,0 4 57,1 1 50,0 3 60,0 4 26,7 24 26,4 4 22,2 1 50,0 3 60,0 2 100 53 30,8

*Des. - - 4 22,2 1 25,0 3 42,9 1 50,0 2 40,0 11 73,3 15 16,5 5 27,8 1 50,0 1 20,0 - - 44 25,5

Total 3 100 18 100 4 100 7 100 2 100 5 100 15 100 91 100 18 100 2 100 5 100 2 100 172 100

Page 142: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

152

4. Termos de consentimento de menores em 1896 Cota: AMPV n.º1175-1177 “Tem de servir este livro para n’elle se lavrarem os termos de consentimento de menores que se propuseram embarcar para o Brasil. Administração do Concelho da Póvoa de Varzim, 22 de Outubro de 1892. O Administrador, Amâncio R. Pinheiro da Costa [?]”

Requerente Requerido Testemunhas N.º

de guias

N.º F.

Data aquisição Nome Prof. Residência Nome Id. Data

nasc. 1.ª Test. Ocup. 2.ª Test. Ocup. Destino Obs.

52 23 07-03-1896 Manoel Francisco dos Santos Graça Pescador Rua do Norte P.V. Joze (filho) 13 27-01-

1883 Joze Gomes Casaes Negociante Antonio Pereira

Rajão Vigo Negociante Brasil – Rio Janeiro Commercio

53 23v 07-03-1896 João Pires Pescador Rua do Norte P.V. Joaquim (filho) 12 01-02-

1884 Joze Gomes Casaes Negociante Antonio Pereira

Rajão Vigo Negociante Brasil – Rio Janeiro Commercio

54 24 07-03-1896 Vicente Filippe de Carvalho Pescador Passeio Alegre

P.V. Antonio (filho) 13 26-04-

1882 Antonio Pereira Marques -- Joze Gomes

Morim Junior Empregado da camara

Brasil – Rio Janeiro Commercio

55 24v 10-03-1896 Joaquim Moreira Pescador Rua do Carvalhido P.V.

Manoel Moreira Assumpção (filho)

20 -- Manoel Joze de Oliveira

Cabo reformado

Gaspar Antonio Gomes Netta

Escripturario da

repartição da fazenda

Brasil – Rio Janeiro Pescador

56 24v 14-03-1896 Mathias Martins Bouça Nova Lavrador Freg. Amorim

P.V. Manoel (filho) 18 17-11-

1877

Joaquim Joze Gomes de Carvalho

Negociante Lino Jose Pereira de Campos Negociante Brasil -

Manaós Commercio

57 25 18-03-1896 João Joze dos Santos -- Freg. Balazar P.V. Arnaldo

(filho) 13 02-10-1882

Atonio Gomes Junior

Official do Juiz do direito

Manoel Joze da Costa e Silva

Empregado da camara

Brasil – Rio Janeiro Commercio

58 25v 19-05-1896

Roza Martins Moreira e Rodrigo Fernandes Troina, ausente no Brasil

-- Rua dos Ferreiros P.V.

Francisco (filho) 13 23-10-

1882 Antonio Pereira Rajão Vigo Negociante Joze Gomes

Casaes Negociante Brasil – Rio Grande do

Sul --

59 26 06-06-1896 Felicidade Roza – marido ausente no Brasil

-- Rua d’Areia P.V. Manoel (filho) 10 26-01-

1886 João Baptista Gomes Ribeiro

Empregado da camara

Joze Gomes Morim Junior

Empregado da camara

Brasil – Rio Janeiro --

Fonte: AMPV: Termo de consentimento de menores em 1896 que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1175-1177.

Page 143: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

153

4.1. Repartição da data de requisição

Ano 1896 Dias Jan. % Fev. % Mar. % Abr. % Mai. % Jun. % Jul. % Ago. % Set. % Out. % Nov. % Dez. % 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 3 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 4 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 5 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 6 - - - - - - - - - - 1 100 - - - - - - - - - - - - 7 - - - - 3 50,0 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 8 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 9 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 10 - - - - 1 16,6 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 11 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 12 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 - - - - 1 16,6 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 15 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 16 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 17 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 18 - - - - 1 16,6 - - - - - - - - - - - - - - - - - - 19 - - - - - - - - 1 100 - - - - - - - - - - - - - - 20 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 21 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 23 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 24 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 25 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 26 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 27 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 28 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 29 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 30 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 31 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

*Des. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Total - - - - 6 100 - - 1 100 1 100 - - - - - - - - - - - -

Fonte: AMPV: Termo de consentimento de menores em 1896 que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1175-1177. * Desconhecido.

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Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

154

4.2. Provável profissão a exercer no Brasil pelos menores

Ano 1896 Repartição sócio-professional Número %

Comercio 5 62,5 Comerciante 5 62,5 Pesca 1 12,5 Pescador 1 12,5 Desconhecido 2 25,0

Total 8 100

Fonte: AMPV: Termo de consentimento de menores em 1896 que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1175-1177. 4.3. Repartição pelo destino

Fonte: AMPV: Termo de consentimento de menores em 1896 que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1175-1177.

Brasil Destinos Regionais

Ano Rio Janeiro % Manaus % Rio

Grande do Sul

% Total %

1896 6 75 1 12,5 1 12,5 8 100

Page 145: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

155

4.4. Média e Moda

Fonte: AMPV: Termo de consentimento de menores em 1896 que se propuseram a embarcar para o Brasil, n.º1175-1177.

Meses Média Moda Janeiro - - Fevereiro - - Março 14,8 13 Abril - - Maio - - Junho - - Julho - - Agosto - - Setembro - - Outubro - - Novembro - - Dezembro - - Desconhecido - -

Page 146: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

156

Fichas de Leitura do Periódico Estrella Povoense de 1890 a 1903

Sobre a Temática das Crises nas Pescarias e Emigração no Concelho da Póvoa de Varzim

Page 147: Completo comunidadepiscatoria 23 07 2007

Comunidade Piscatória Poveira – Mudanças Sociais e Emigração em 1896 ______________________________________________________________________________________________

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Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário Absolutamente Independente

Direcção – Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição - 2 Data – Domingo, 2 de Março de 1890 Página - 1 Título da Notícia –“As redes d’ arrasto” Excerto da Notícia –“A comissão de pescarias, encarregada de dar o parecer sobre a representação feita pelos pescadores da costa do Algarve contra o uso de vapores, já deu esse parecer, o qual é favorável á pretenção dos pescadores.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário Absolutamente Independente Direcção – ? Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição - 9 Data – Domingo, 20 de Abril de 1890 Página - 1 Título da Notícia – “As redes d’ Arrastar” Excerto da Notícia – “As redes d’arrastar, ou tarrafas, são inquestionavelmente as que teem feito com que o peixe desappareça, com que os nossos pescadores vão uma e outra vez ao mar sem que aufiram producto do seu arriscado trabalho.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário Absolutamente Independente Direcção – ? Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição - 15 Data – 01 de Junho de 1890 Página - 3 Título da Notícia – “Tempo e Pesca” Excerto da Notícia – “nunca houve fome que não houvesse fartura.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário Absolutamente Independente Direcção – ? Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Data – 21 de Dezembro de 1890 Página - 2 Título da Notícia – “Naufragio” Excerto da Notícia – “Na madrugada de domingo próximo passado, naufragou ao Sul da Barra d’esta villa o barco de pesca do arraes Francisco José Dourado d’esta villa. A tripulação foi salva por outros barcos de pesca que se achavam próximo ao sinistro, e o barco a todos os seus apresies, também foram salvos por um rebocador que veio expressamente do Porto para esse fim.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves

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Administrador - Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição - 732 Data – 22 de Março de 1890 Página – 1 Título da Notícia – “Um Grande Bem” Excerto da Notícia – “Todos conhecem perfeitamente as perniciosíssimas consequências que à pobre mas honrada classe piscatoria acarretam as negregadas redes d’arrasto, que levam uma imensa vantagem immensa ás redes ordinárias e que tazem enormíssimo estrago, destruindo toda a creação. Temos muitas vezes fallado contra esse mal terrível, havendo muitas vezes reclamado do governo energéticas providencias.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, dr. David Alves Administrador - Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição - 735 Data – 12 de Abril de 1891 Página – 1 Título da Notícia –“Acabemos com isto!” Excerto da Notícia – “Julgaram muitos dos nossos pescadores que as obras da enseada, levando a direcção que teem na planta aprovada, em logar de beneficiarem a barra a prejudicão muito. Julgaram assim, levantaram essa duvida, duvida que se há avolumado immenso e que tem sobresaltado e sobresalta devéras uma grande parte da nossa classe piscatoria.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 737 Data – 26 de Abril de 1891 Página – 1 Título da Notícia – “A questão das pescarias” Excerto da Notícia – “N’esse folheto mostra o Sr. Alberto Pimentel claramente, evidentemente, a importância da classe piscatoria d’esta villa, e combate valentemente, fundando-se em provas altamente convenientes, a indiferença com que os poderes públicos olham para esses muito milhares de pescadores, justamente dignos de melhor consideração.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares

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Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 748 Data – 12 de Julho de 1891 Página – 1 Título da Notícia – “Ao Abandono” Excerto da Notícia – “Ha uma classe que, contribuindo onerosamente para o estado, é votada ao mais completo esquecimento, ao mais triste e injusto abandono. Esta classe, que assim soffre, que assim é esquecida e abandonada, é a piscatória, é a numerosissima e honrada classe dos pescadores.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 748 Data – 19 de Julho de 1891 Página – 1 Título da Notícia –“Factos e comentários – Crise monetária – A classe piscatoria – Os commerciantes de pescado – Representações – Providencias.” Excerto da Notícia – “A crise monetaria, que se há alastrado por todo o paiz, sente-se agora intensamente n’esta populosa villa e, principalmente, em a nossa importante classe piscatoria. O numerário que existia em nosso mercado desappareceu ou retrahiu-se.(…) Os commerciantes de pescado estão completamente faltos de metal.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 751 Data – 26 de Julho de 1891 Página – 2 Título da Notícia – “Regulamento da pesca a vapor ” Excerto da Notícia – “Foi já entregue ao ministro da marinha pela respectiva commissão o regulamento da pesca a vapor. Se for approvado, ficará a pesca feita por vapores nacionaes ou estrangeiros, prohibida dentro das aguas territoriaes «Primeiro de Janeiro»” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal

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Página – 2 Título da Notícia – “A ‘ Caridade” Excerto da Notícia – “O sentimento que mais soergue e eleva a consciencia humana, n’un exixte doce e celeste para além da esphera limitada da sua natureza (…) Um povo sem caridade é como uma rosa sem perfume, ou como um deserto sem oásis, ou como uma arvore sem fructo. Sem caridade nao há povo nenhum perfeito e virtuoso.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A. M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 789 Data – 10 de Abril de 1892 Página – 1 Título da Notícia – “A catastrophe maritima” Excerto da Notícia – “Continuamos a publicar algumas notas ainda referentes á medonha catastrophe de 27 de Fevereiro.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 791 Data – 24 de Abril de 1892 Página – 1 Título da Notícia – “ O fundo de socorros a náufragos e o pharol” Excerto da Notícia – “Logo apoz a medonha catastrophe que encheu de lucto a Povoa inteira, apresentou o sr. Ministro da marinha a proposta de um fundo de socorro a náufragos, cujas bases já são conhecidas do publico.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 798 Data – 12 de Junho de 1892 Página – 2

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Título da Notícia – “ Distribuição de esmolas” Excerto da Notícia – “Abaixo publicamos a relação circunstanciada da distribuição de esmolas que acaba de ser feita n’esta villa, pelos nossos presados amigos Sr. Joaquim Luiz de Sousa, de Villa de Conde (…) Relação das esmolas distribuídas às viúvas e órfãos da catastrophe de 27 de Fevereiro, em 8 de Junho de 1892 (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 799 Data – 19 de Junho de 1892 Página – 1 Título da Notícia – “A catastrophe da Povoa” Excerto da Notícia – “sob a presidência de sua magestade a Rainha D. Amélia, reuniu ante-hontem a commissão de soccorros às victimas do temporal do norte, que em Fevereiro ultimo tão grande numero de victimas (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 799 Data – 19 de Junho de 1892 Página – 1 Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 800 Data – 26 de Junho de 1892 Página – 1 Título da Notícia – “ Soccorros a naufragos” Excerto da Notícia – “a illuminação de differentes pontos da nossa costa, e com varias obras emprehendidas para, facilitar o regresso a ancoradouro seguro das embarcações de pescadores que, como se sabe, constituem uma classe numerosa e uma industria muito importante na economia nacional. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias

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Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 802 Data – 10 de Junho de 1892 Página – 1 Título da Notícia – “ Soccorros a náufragos II continuação do n.º 800” Excerto da Notícia – “O regulamento cria um instituto de soccorro a náufragos abrangendo na área das suas funções e attribuições todo o território de Portugal. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 809 Data – 28 de Agosto de 1892 Página – 2 Título da Notícia – “A tragedia do Norte 27 de Fevereiro de 1892” Excerto da Notícia – “A arrojada e destemida classe piscatoria povoense, esses verdadeiros leões do mar, que tantas vezes arrostam heroicamente com o mar embravecido (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 819 Data – 6 de Novembro de 1892 Página – 1 Título da Notícia – “ soccorros ás famílias dos pescadores” Excerto da Notícia – “Ao termos da noticia da Catastrophe succedida na noite e dia 27 de Fevereiro d’este anno, que enlutou grande parte das famílias dos activos e infelizes pescadores da Povoa de Varzim (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 824 Data – 18 de Dezembro de 1892

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Página – 3 Título da Notícia – “ Commissao de Soccorros a naufragos ” Excerto da Notícia – “A commissao de soccorros ás victimas sobreviventes da catastrophe de 27 de Fevereiro, installada n’esta villa, reuniu em numero de dous membros (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 828 Data – 15 de Janeiro de 1893 Página – 2 Título da Notícia – “ O pescador Povoense ” Excerto da Notícia – “Por cada uma embarcação perdida nas luctas com as ondas é um desespero pêra todos os presenceiam estas scenas, é um marrejar de lágrimas de pães, filhos e esposas. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 850 Data – 29 de Janeiro de 1893 Página – 2 Título da Notícia – “Povoa de Varzim Comissão de soccorros às victimas sobreviventes à catastrophe de 27 de Fevereiro de 1892” Excerto da Notícia – “A commissão reservou a quantia de 800$000 reis para com ella fazer immediata acquisição d’algum material de soccorros a náufragos attenta a sua urgente necessidade e a regular renumeração que intende terem já famílias victimizadas. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 832 Data – 19 de Janeiro de 1893 Página – 6 Título da Notícia – “ Commemoração Luctuosa de 27 de Fevereiro de 1892”

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Excerto da Notícia – “Montes alterosos de espuma por vezes escondem às vistas desvairadas de quem se estorce em terra, o pai, o filho o esposo, o irmão.” Página – 7 Título da Notícia – “Um Mar de lagrimas” Excerto da Notícia – “Faz um anno. Data de horrores, corações varados de lanças, almas n’uma espiral de abismos.” Página – 8 Título da Notícia – “27 de Fevereiro de 1892” Excerto da Notícia – “Foi no dia 27 de Fevereiro de 1892, dia que jamais se riscará da memoria de todos os povoenses, que teve logar essa horrorosa catastrophe. (…)” Página – 9 Título da Notícia – “Os Naufragos ” Excerto da Notícia – “A mim um frio horror Os membros me sacode, e o sangue pára nas vêas, pelo modo congelado. As mães, que o som terribil escutaram, Aos peitos os filhinhos apertaram.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 87 Data – 8 de Abril de 1894 Página – 1 Título da Notícia – “A Mizeria na Pescaria” Excerto da Notícia – “Estudando nós as causas da penura de pescado na nossa praia, chegamos á conclusão que ella é devida única exlusivamente á destruição da espécie, servindo de agentes systema de pesca por meio de vapores chamados do arrasto (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior Proprietários – Fiúza da Silva e Cepeda Chaves Collaboradores – Dr. Domingos Amorim, Dr. David Alves Administrador – Júlio Rodrigues de Cepeda Chaves, B. Martins José Avelino, José Augusto Carneiro Editor – João Maria de Sousa, José Alves Vieira e M. Dias Periodicidade – Semanal Preço assinatura – Por anno 1$200 reis; Avulsos 30 reis; Estampilhado 1$500 reis; Brazil 3$00 reis Nº Edição – 888 Data – 15 de Abril de 1894 Página – 1 Título da Notícia – “A Mizeria na Pescaria” Excerto da Notícia – “ao thema obrigado de todas as conversações, a fome na pescaria. Um assumpto de tal transcendencia e magnitude para a Povoa, para todos nós não póde deixar de ser constantemente tratado e discutido na imprensa local.” Título do Jornal – Estrella Povoense – semanário semanal Direcção: Director e redactor principal – A. dos Santos Soares Redactores – A.M. Fiúza da Silva e A. Silveira Junior

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Subtítulo – “Providencias” Excerto da Notícia – “Passa no dia 27 do corrente mez o quarto anniversario d’essa enorme catastrophe, que pôz de lagrimas e de luto não só esta villa mas o paiz inteiro. (...) Sobre o triste acontecimento, que determinou a creação do Instituto, quatro annos já passaram, e ainda esta villa está á espera que a contemplem com o que, justamente ella exige. (...) Dos dois barcos salva-vidas, que possuimos, um está completamente inutilisado e o outro, por deficiente, pouco póde aproveitar á nossa numerosissima classe piscatoria. (...) Não deveria merecer mais alguma consideração a classe piscatória? (...)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição -1017 Data – 29 de Março de 1896 Página – 1 Título da Notícia – “Questão vital” Excerto da Notícia – “É que se trata de uma reacção provocada pela fome; de uma petição que tem a fundamental-a o sacratissimo direito que todos teem á vida! (...) D’aqui a crescente miseria que desapiedadamente tortura a classe piscatoria; d’aqui – a fome – a que tantas vezes tem sido balsamo a caridade publica, e como consequencia d’isto, como tritissimo recurso, a egualmente crescemte e já assustadora emigração. (...)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno –3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1018 Data – 5 de Abril de 1896 Página – 2 Título da Notícia – “Redes d’arrasto” Excerto da Notícia – “Esta rede, que é prohibida pelos regulamentos da pesca, é de malha muito estreita, tendo corpo de panno.” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar

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Nº Edição – 1019 Data – 12 de Abril de 1896 Página – 3 Título da Notícia – “Redes d’arrasto” Excerto da Notícia – “Mais uma vez deliberou a camara que se representasse aos poderes publicos contra o pernicioso emprego das redes d’arrasto que tanto damno estão causando á industria da pesca e conseguintemente contribuido para a miseria da classe piscatoria.” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1020 Data – 19 de Abril de 1896 Página – 1 Título da Notícia – “Redes d’arrasto” Excerto da Notícia – “Eis o assumpto para que estão voltadas as attenções da classe piscatoria do paiz, justissimamente preocupada com os graves prejuizos que á sua laboriosa industria está causando tão nocivo systema de pesca. (...)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1022 Data – 5 de Maio de 1896 Página – 2 Título da Notícia – “Os arrastos” Subtítulo – “Reclamação justa – Comissão a Lisboa – Opinião da imprensa – Telegramma” Excerto da Notícia – “Esta tristissima situação é e tem sido motivada pela pesca a vapor por meio de redes d’arrasto, cujo emprego se póde referir a escassez crescente de peixe na nossa costa. Protestar e pedir immediatas providencias contra o uso d’aquellas redes – tal foi o humanitario fim que, terça-feira, levou á capital alguns cavalheiros désta villa.” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis

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Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1025 Data – 24 de Maio de 1896 Página – 1 Título da Notícia – “Pelos pescadores” Excerto da Notícia – “O pescador, apesar de continuamente se abalançar á rudeza e perigos da sua tarefa, morre á mingua de pão, e isto porque os governos força ainda não tiveram para desprezar os loucos intentos de uma companhia de ricos capitalistas, que, com as redes d’arrasto, não só lhe vae levando o peixe graudo, mas destruindo e arruinando os bancos de creação da nossa costa. (...)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno –3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1025 Data – 24 de Maio de 1896 Página – 2 Título da Notícia – “Os arrastões” Excerto da Notícia – “Quanto á fiscalização por meio de um vapor de guerra, parece-nos que d’ella algum beneficio redundará em favor da causa dos pescadores; infelizmente, para nós, para a nossa pescaria, afigura-se-nos insufficiente a área que vae ser respeitada. (...)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno –3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1037 Data – 16 de Agosto de 1896 Página – 1 e 2 Título da Notícia – “A classe piscatoria” Excerto da Notícia – “É verdade que a carestia da pesca e a pobreza do mar não dão algumas vezes aos pescadores, aliás sufficientemente activos, a satisfação ás necessidades alimenticias e á exigencias da decencia pessoal, comtudo qual melhor seria que, entre as intemperies da vida e as desgraças do meio, que a miseria das familias e na afflicção dos individuos, se conhecesse e apreciasse a resignação christã e a paciencia dos inconsolaveis... (...)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno –3000 reis

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Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1040 Data – 6 de Setembro de 1896 Página – 1 Título da Notícia – “Emigração” Excerto da Notícia – “ Despovoa-se o paiz! Centros d’actividade, outr’ora importantes, regiões ferocissimas que já fizeram a felicidade de muita gente, provincias do Norte, sobretudo, que já primaram pela sua riqueza e produção vão sendo abandonadas pelas classes trabalhadoras, que, não podendo aqui ganhar o seu sustento, vão-n’o procurar em terras longes, aggravando ainda mais o mal que nos mina e já agora parece incuravel.” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1080 Data – 13 de junho de 1897 Página – 3 Título da Notícia – “Emigração Clandestina” Excerto da Notícia – “Chegaram hontem, de tarde, a esta villa, dous agentes policiaes, que nos dizem vir em diligencia que prende com emigração clandestina. Foi hontem detido, para averiguação, um official da administração do concelho, e corre que no mysterioso caso estão envolvidos alguns individuos d’esta villa.” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1127 Data – 8 de Maio de 1898 Página – 1 Título da Notícia – “Os nossos pescadores – Fome – Vapores de arrasto” Excerto da Noticia – “Accresce ainda est’outra circunstancia muito para notar: a grande maioria dos nossos pescadores – que é a pobreza d’esta terra – já estava muito endividada dos annos anteriores e, porisso, “o seu janeiro” ou a safra da sardinha, resgatadas as redes e as roupas do prégo prestamista, pouco lhes deixou com que occorrer aos encargos da familia. (...)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis

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Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1202 Data – 22 de Outubro de 1899 Página – 1 Título da Notícia – “Muito Grave” Subtítulo – “A situação dos pescadores” Excerto da Notícia – “A fome entrou já em muitas casas dos pescadores (...) O commercio, a industria, a propriedade, ressentir-se-hão consideravelmente com a desgraça de uma classe tã numerosa. Elles, que, na sua arriscada faina, quando buscam o parco sustento para as suas pobres familias, não temem as ondas alterosas que os envolvem e arrastam, n’uma constante ameaça e n’um perigo imminente, - veem-se agora forçados á inacção, n’uma perspectiva desoladora da fome, sem poderem lucrar sequer no grangeio d’um pedaço de negro pão. (...)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1204 Data – 5 de Novembro de 1899 Página – 1 Título da Notícia – “Pelos pescadores” Excerto da Notícia – “Impossibilitados os pescadores de irem ao mar por causa das rigorosas medidas decretadas pelo actual governo progressista, fechando-lhes o porto d’abrigo de Leixões, viam-se ameaçados horrorosamente pela fome, a braços já com uma crise temerosa, que sensivelmente se reflectia em todas as demais classes que vivem em quasi só da industria da pesca.” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1220 Data – 4 de Março de 1900 Página – 2 Título da Notícia – “A miséria na classe piscatória” Excerto da Notícia – “A falta de pescado é cada vez mais accentuada, devida, certamente, aos moderno apparelhos de pesca, que destroem toda a creação de peixe. Essas armações estão a augmentar de dia para dia, sem que o governo dê as menores providencias. (…)”

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Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1228 Data – 29 de Abril de 1900 Página – 2 Título da Notícia – “A crise da classe piscatória” Excerto da Notícia – “O governo, porém, não quer saber de desgraças; e, apesar das innumeras representações da câmara d’esta villa e sobretudo e especialmente da real irmandade da Lapa, o que se vê é irem augmentando os arrastões e as tarrafas e outras armações destruidoras da creação do peixe! (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1240 Data – 22 de Julho de 1900 Página – 1 Título da Notícia – “A questão da pesca” Subtítulo – “Providencias – Protestos – Representações” Excerto da Notícia – “É ver como os pescadores emigram, em bandos numerosos. É um despovoamento elevado e constante. E, se a maior parte d’essa infeliz gente tivesse com que custear a passagem para além-mar, certamente abandonaria de prompto a sua pátria, pois que n’ella não ganha um pedaço de pãp para as suas mulheres e seus filhos. (…) Organisada a manifestação, pôz-se em marcha, precedida pelo alcaide e os deputados ás cortes (…) Foram assim até á capitania de Marinha, dirigindo-se uma commissão ao Sr. Commandante para supplicar-lhe que transmitisse ao governo o desejo daquelles milhares de homens; e para rogar-lhe que communicasse aos poderes do estado a supplica de tantos milhares de famílias que assim procuram evitar a perda do pão quotidiano, ganho á custa de perigos e arriscados trabalhos. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1243 Data – 2 de Agosto de 1900 Página – 1 Título da Notícia – “A questão da pesca”

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Excerto da Notícia – “Esta situação angustiosa tem-se ultimamente aggravado mais e mais, obrigando os homens válidos a emigrarem para o Brazil e as mulheres e creanças a recorrerem á caridade publica para não morrerem de fome. A causa d’este estado lamentável deve procurar-se nos nocivos systemas de pesca, que despovoam o nosso mar. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno –3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição -1269 Data – 10 de Fevereiro de 1901 Página – 1 Título da Notícia – “A Povoa e as suas pescarias” Excerto da Notícia – “Referimo-nos em artigo anterior à urgente e inadiável necessidade de se estabelecer uma escola marítima, em que, a par d’essa instrução rudimentar – ler, escrever e contabilidade – se prodigalise o ensino de quanto se refira à industria da pesca, quer no respeitante ao seu material e aprestos, quer no que seja relativo aos differentes systemas como a pesca deve ser effectuada, para que d’ella se aufiram os melhores proventos e interesses. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno – 3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1291 Data – 14 de Julho de 1901 Página – 2 Título da Notícia – “Grande Perigo” Subtítulo – “Os arrastos – A necessidade das reclamações” Excerto da Notícia – “Julgava-se que os chamados vapores d’arrasto, principalmente os empregados no mar do norte do paiz, já tinham desapparecido… Mas, pelo visto, essa praga, altamente destruidora, revive e promette acarretar os maiores prejuízos a uma classe pobre, mas honrada e digna de toda a protecção. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno –3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1401

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Data – 23 de Agosto de 1903 Página – 2 Título da Notícia – “As pescarias” Excerto da Notícia – “Armações, cercos americanos e arrastos a vapor, por um lado; e ganha pães, bugigangas e pequenos arrastos, pelo outro, produzem o mesmo effeito de, aos poucos, destruírem as espécies de peixes da nossa costa, outr’ora tão fértil. É necessário que, de uma vez por todas, se convençam os interessados que a questão das pescarias é uma questão seriíssima e da qual depende o futuro d’esta terra. (…)” Título do Jornal – Estrella Povoense Direcção: ? Periodicidade – Semanal Assinagturas – Póvoa de varzim: anno – 1200 reis; semestre – 600 reis Províncias: anno – 1500 reis; semestre – 750 reis Brazil: anno –3000 reis Publicações – Communicados. 60 reis a linha Annuncios: na segunda página, linha, 40 reis; na terceira ou quarta páginas, linha, 30 reis Annuncios litterarios gratis, enviando um exemplar Nº Edição – 1418 Data – 20 de Dezembro de 1903 Página – 1 Título da Notícia – “Questão grave” Subtítulo – “Adensam-se as difficuldades – Emigração forçada” Excerto da Notícia – “E, todavia, nenhuma questão mais importante do que essa – a emigração forçada dos seus homens do mar – interessa mais aos seus destinos; por quanto, a nossa autonomia, a nossa prosperidade estão substancialmente dependentes d’elles. (…) Hoje, são 100 pescadores, a quem a fome e a rotina arrastam para Mattosinhos, seduzidos pela miragem de vantajosos contractos. Amanhã, quantos irão?”